Estudos Avançados Espíritas
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Aplicada ao homem, essa forma radical de interpretação genética adquiriu enorme força na forma da “sociobiologia” ou “darwinismo social”.
Foram lançados então os fundamentos para o desenvolvimento de um doutrina dentro das disciplinas consideradas científicas, que seria capaz de explicar completamente o indivíduo.
A base de tal proposta seria a lei de perpetuação de um determinado gene como determinante de uma certa característica – seja morfológica ou comportamental mas principalmente esta última quando trouxesse vantagens claramente desejáveis a toda espécie.
A perpetuação do gene favoreceria directamente a perpetuação da própria espécie.
Como corolário desse princípio (que é válido para os caracteres morfológicos), seria possível alterar o comportamento dos indivíduos pela manipulação genética.
Em seus fundamentos, a sociobiologia admite explicitamente que os genes contêm todo o código que descreve o indivíduo, mesmo em sua mais íntima psicologia, a saber:
sobre como ele se posiciona diante de determinadas circunstâncias, de suas tendências inatas (inteligência, afectividade, relacionamento social), de seus gostos pessoais etc.
É bastante óbvio ao leitor que tal doutrina está em franco desacordo com o Espiritismo.
Reduzido a sua última expressão, para os sociobiólogos, o homem seria apenas um repositório para a sobrevivência dos genes que carregariam para a eternidade nossos sentimentos e modos de ser.
A sociobiologia está por detrás de uma ampla gama de debates recentes em torno das questões éticas relacionadas à genética.
Tomemos também como exemplo, o ápice de algumas extrapolações que estão na raiz da sociobiologia tal como a doutrina da eugenia fundada por Francis Galton.
Segundo ela seria possível ao Estado gerar uma elite genética pelo controle rigoroso da reprodução humana favorecendo a perpetuação dos indivíduos desejáveis (na verdade caracteres de comportamento desejáveis) e eliminando os indesejáveis.
Sabemos que alguns Estados totalitários do século XX chegaram a flertar com a eugenia como programa de desenvolvimento social com trágicas consequências.
Nosso objectivo aqui é chamar a atenção para os fundamentos que diferenciam a posição espírita das especulações advindas principalmente da genética.
O principal fundamento que colide directamente com essas recentes propostas é a noção de livre-arbítrio, facilmente reconhecida mesmo entre outras doutrinas espiritualistas.
Não será difícil ao leitor nesse ponto reconhecer de imediato que as duas disciplinas enunciadas no título desse texto depõem contra essa noção.
Além disso, esses fundamentos se somam a observações mais acuradas a partir de pesquisas biológicas recentes que atingem seriamente o darwinismo social como uma ciência.
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Aplicada ao homem, essa forma radical de interpretação genética adquiriu enorme força na forma da “sociobiologia” ou “darwinismo social”.
Foram lançados então os fundamentos para o desenvolvimento de um doutrina dentro das disciplinas consideradas científicas, que seria capaz de explicar completamente o indivíduo.
A base de tal proposta seria a lei de perpetuação de um determinado gene como determinante de uma certa característica – seja morfológica ou comportamental mas principalmente esta última quando trouxesse vantagens claramente desejáveis a toda espécie.
A perpetuação do gene favoreceria directamente a perpetuação da própria espécie.
Como corolário desse princípio (que é válido para os caracteres morfológicos), seria possível alterar o comportamento dos indivíduos pela manipulação genética.
Em seus fundamentos, a sociobiologia admite explicitamente que os genes contêm todo o código que descreve o indivíduo, mesmo em sua mais íntima psicologia, a saber:
sobre como ele se posiciona diante de determinadas circunstâncias, de suas tendências inatas (inteligência, afectividade, relacionamento social), de seus gostos pessoais etc.
É bastante óbvio ao leitor que tal doutrina está em franco desacordo com o Espiritismo.
Reduzido a sua última expressão, para os sociobiólogos, o homem seria apenas um repositório para a sobrevivência dos genes que carregariam para a eternidade nossos sentimentos e modos de ser.
A sociobiologia está por detrás de uma ampla gama de debates recentes em torno das questões éticas relacionadas à genética.
Tomemos também como exemplo, o ápice de algumas extrapolações que estão na raiz da sociobiologia tal como a doutrina da eugenia fundada por Francis Galton.
Segundo ela seria possível ao Estado gerar uma elite genética pelo controle rigoroso da reprodução humana favorecendo a perpetuação dos indivíduos desejáveis (na verdade caracteres de comportamento desejáveis) e eliminando os indesejáveis.
Sabemos que alguns Estados totalitários do século XX chegaram a flertar com a eugenia como programa de desenvolvimento social com trágicas consequências.
Nosso objectivo aqui é chamar a atenção para os fundamentos que diferenciam a posição espírita das especulações advindas principalmente da genética.
O principal fundamento que colide directamente com essas recentes propostas é a noção de livre-arbítrio, facilmente reconhecida mesmo entre outras doutrinas espiritualistas.
Não será difícil ao leitor nesse ponto reconhecer de imediato que as duas disciplinas enunciadas no título desse texto depõem contra essa noção.
Além disso, esses fundamentos se somam a observações mais acuradas a partir de pesquisas biológicas recentes que atingem seriamente o darwinismo social como uma ciência.
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Ave sem Ninho- Mensagens : 126677
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Para conhecimento dessas críticas, o leitor deve consultar “Os herdeiros de Darwin” por Marcel Blanc (1).
2. Um paralelo
Chamamos mais uma vez a atenção ao facto de que não estamos a criticar a genética como ciência bem estabelecida, mas sim muitas interpretações nascidas de extrapolações de estudos genéticos.
Assim, a “genética” do título deste texto refere-se propriamente a tais interpretações que, como vimos, tomaram a forma seja da sociobiologia ou da eugenia.
Para motivar nosso estudo, vamos construir um paralelo que se apresenta à mente moderna diante das propostas de descrição da personalidade humana pelos estudos genéticos.
Tal paralelo é bastante motivador dentro do contexto da história e filosofia da ciência, pois revela aspectos correlatos entre diferentes doutrinas científicas aparentemente distantes entre si no tempo.
O que de facto pode haver em comum entre tais propostas e as velhas proposições astrológicas?
No passado, o estudo da posição e movimento dos corpos celestes, a seu turno, desempenhou um papel fundamental na predisposição e destino de tudo o que ocorria na Terra.
Em seus estudos, os astrólogos descobriram fenómenos celestes de grande importância.
Aprenderam como antecipar em anos os eclipses solares a lunares e contribuíram para o desenvolvimento dos calendários, aumentando assim a riqueza de suas sociedades pela introdução de um rigoroso controle de tempo na agricultura.
Não se tem dúvida de que a astronomia (considerada uma das mães da filosofia natural e, portanto, de toda ciência moderna) nasceu a partir de antigos estudos de natureza astrológica.
Vejamos agora o caso da genética que se inicia com os estudos de Mendel no século XIX.
Constituindo um dos campos mais avançados de pesquisa na actualidade (no que diz respeito à aplicação de técnicas de pesquisa empírica e a julgar pelas enormes fortunas que os governos têm gasto em seu desenvolvimento), a genética tem sido responsável por uma enorme variedade de contribuições práticas em biologia, medicina, veterinária, agricultura etc.
Em seus estudos os geneticistas têm desvendado o mecanismo oculto dos genes, tornando possível a cura de muitas doenças e a produção de substâncias que melhoram consideravelmente o desempenho fisiológico de muitos seres vivos.
Ao mesmo tempo, a genética projecta sistemas biológicos nunca imaginados anteriormente.
Digamos que, de uma perspectiva histórica, as modernas descobertas práticas da genética não devem em nada àquelas derivadas da astrologia.
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Para conhecimento dessas críticas, o leitor deve consultar “Os herdeiros de Darwin” por Marcel Blanc (1).
2. Um paralelo
Chamamos mais uma vez a atenção ao facto de que não estamos a criticar a genética como ciência bem estabelecida, mas sim muitas interpretações nascidas de extrapolações de estudos genéticos.
Assim, a “genética” do título deste texto refere-se propriamente a tais interpretações que, como vimos, tomaram a forma seja da sociobiologia ou da eugenia.
Para motivar nosso estudo, vamos construir um paralelo que se apresenta à mente moderna diante das propostas de descrição da personalidade humana pelos estudos genéticos.
Tal paralelo é bastante motivador dentro do contexto da história e filosofia da ciência, pois revela aspectos correlatos entre diferentes doutrinas científicas aparentemente distantes entre si no tempo.
O que de facto pode haver em comum entre tais propostas e as velhas proposições astrológicas?
No passado, o estudo da posição e movimento dos corpos celestes, a seu turno, desempenhou um papel fundamental na predisposição e destino de tudo o que ocorria na Terra.
Em seus estudos, os astrólogos descobriram fenómenos celestes de grande importância.
Aprenderam como antecipar em anos os eclipses solares a lunares e contribuíram para o desenvolvimento dos calendários, aumentando assim a riqueza de suas sociedades pela introdução de um rigoroso controle de tempo na agricultura.
Não se tem dúvida de que a astronomia (considerada uma das mães da filosofia natural e, portanto, de toda ciência moderna) nasceu a partir de antigos estudos de natureza astrológica.
Vejamos agora o caso da genética que se inicia com os estudos de Mendel no século XIX.
Constituindo um dos campos mais avançados de pesquisa na actualidade (no que diz respeito à aplicação de técnicas de pesquisa empírica e a julgar pelas enormes fortunas que os governos têm gasto em seu desenvolvimento), a genética tem sido responsável por uma enorme variedade de contribuições práticas em biologia, medicina, veterinária, agricultura etc.
Em seus estudos os geneticistas têm desvendado o mecanismo oculto dos genes, tornando possível a cura de muitas doenças e a produção de substâncias que melhoram consideravelmente o desempenho fisiológico de muitos seres vivos.
Ao mesmo tempo, a genética projecta sistemas biológicos nunca imaginados anteriormente.
Digamos que, de uma perspectiva histórica, as modernas descobertas práticas da genética não devem em nada àquelas derivadas da astrologia.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Entretanto, a astrologia não foi praticada apenas de olho em possíveis aplicações práticas.
Seu objectivo primordial era a revelação de factos desconhecidos, o futuro das pessoas.
Seu princípio básico [3] era o de que uma pessoa nasce sob o signo de uma determinada “estrela”.
Especificamente, o futuro de um indivíduo estaria de certa forma ligado à posição dos planetas no zodíaco [4].
Essa idéia assume de uma forma explícita que a individualidade do ser humano (suas tendências, sentimentos etc) está fixado pelos planetas no momento de seu nascimento.
Implicitamente isso representa uma limitação ao livre-arbítrio do homem, já que este não está tão livre no momento da tomada de decisões, ou seja, alguma coisa, além de si próprio intervém tornando possível uma escolha em detrimento de outra.
Ainda que se possa dizer no contexto moderno que os astros não influenciam directamente uma determinada decisão particular, eles certamente fazem parte da imagem final do ser humano por terem moldado suas predisposições.
Fundamentalmente isso contrasta abertamente com a tese espiritualista do ser que tem todos seu comportamento resultante de propriedades de sua essência última, o seu Espírito.
Substituamos agora “posição dos planetas” por “arranjos especiais dos genes” e teremos quase que a mesma coisa nas modernas interpretações do papel dos genes no comportamento humano.
A predisposição celeste foi apenas substituída pela molecular, possivelmente quanto-mecânica em natureza [5], ainda que por meio de obscuras interrelações.
Assim, tanto de acordo com a velha astrologia como por algumas interpretações da natureza humana nos estudos da moderna genética, no que diz respeito à individualidade humana e quanto ela pode ser fixada em seu destino, fomos inexoravelmente pré-programados desde a hora de nosso nascimento.
A comparação se estende até no momento de se evitar este ou aquele comportamento:
enquanto a astrologia pode sugerir a programação baseada na hora do nascimento – segundo a posição dos planetas no céu – na impossibilidade de se alterar essa posição, as extrapolações baseadas na genética sugerem a modificação no conteúdo hereditário das células mães em um esforço para alterar o comportamento.
Ambas doutrinas também conferem ao ambiente um papel modelador importante, podendo alterar consideravelmente o script pré-programado.
Em um referencial histórico mais amplo as semelhanças são igualmente compreensíveis.
No passado, a astrologia inseria-se no contexto de doutrinas religiosas politeístas.
Tendo a ciência tomado o lugar da religião na sociedade moderna, é natural que as perspectivas genéticas modernas do ser humano tomassem o lugar das velhas doutrinas astrológicas que tinham igualmente algo a dizer sobre o destino e a razão de agir dos indivíduos.
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Entretanto, a astrologia não foi praticada apenas de olho em possíveis aplicações práticas.
Seu objectivo primordial era a revelação de factos desconhecidos, o futuro das pessoas.
Seu princípio básico [3] era o de que uma pessoa nasce sob o signo de uma determinada “estrela”.
Especificamente, o futuro de um indivíduo estaria de certa forma ligado à posição dos planetas no zodíaco [4].
Essa idéia assume de uma forma explícita que a individualidade do ser humano (suas tendências, sentimentos etc) está fixado pelos planetas no momento de seu nascimento.
Implicitamente isso representa uma limitação ao livre-arbítrio do homem, já que este não está tão livre no momento da tomada de decisões, ou seja, alguma coisa, além de si próprio intervém tornando possível uma escolha em detrimento de outra.
Ainda que se possa dizer no contexto moderno que os astros não influenciam directamente uma determinada decisão particular, eles certamente fazem parte da imagem final do ser humano por terem moldado suas predisposições.
Fundamentalmente isso contrasta abertamente com a tese espiritualista do ser que tem todos seu comportamento resultante de propriedades de sua essência última, o seu Espírito.
Substituamos agora “posição dos planetas” por “arranjos especiais dos genes” e teremos quase que a mesma coisa nas modernas interpretações do papel dos genes no comportamento humano.
A predisposição celeste foi apenas substituída pela molecular, possivelmente quanto-mecânica em natureza [5], ainda que por meio de obscuras interrelações.
Assim, tanto de acordo com a velha astrologia como por algumas interpretações da natureza humana nos estudos da moderna genética, no que diz respeito à individualidade humana e quanto ela pode ser fixada em seu destino, fomos inexoravelmente pré-programados desde a hora de nosso nascimento.
A comparação se estende até no momento de se evitar este ou aquele comportamento:
enquanto a astrologia pode sugerir a programação baseada na hora do nascimento – segundo a posição dos planetas no céu – na impossibilidade de se alterar essa posição, as extrapolações baseadas na genética sugerem a modificação no conteúdo hereditário das células mães em um esforço para alterar o comportamento.
Ambas doutrinas também conferem ao ambiente um papel modelador importante, podendo alterar consideravelmente o script pré-programado.
Em um referencial histórico mais amplo as semelhanças são igualmente compreensíveis.
No passado, a astrologia inseria-se no contexto de doutrinas religiosas politeístas.
Tendo a ciência tomado o lugar da religião na sociedade moderna, é natural que as perspectivas genéticas modernas do ser humano tomassem o lugar das velhas doutrinas astrológicas que tinham igualmente algo a dizer sobre o destino e a razão de agir dos indivíduos.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Não se pode porém confundir uma diferença:
a de que, enquanto a astrologia tinha como objectivo fundamental prever o futuro – tanto no que dizia respeito a acontecimentos terrenos e seus principais actores, os seres humanos, a sociobiologia que discutimos aqui é uma extrapolação de conclusões específicas e restritas de um ramo da biologia, a genética, cujo principal objectivo é compreender melhor o mecanismo temporais de geração, perpetuação e morfologia dos seres vivos.
Um quadro geral comparando essas duas visões pode ser visto abaixo.
Origem histórica / Extrapolações de estudos em genética aplicada / Tradições antigas. Crença no destino traçado pelos deuses.
Fundamentos / A personalidade é função de sua bagagem genética. / A personalidade é função do signo astrológico.
Mecanismos / Genes e herança. O ambiente tem papel importante. / Posição dos planetas no momento do nascimento. O ambiente tem papel importante.
Prescrição correctiva / A personalidade pode ser programada geneticamente pela alteração nas células mães. / A personalidade pode ser programada pelo instante do nascimento.
Consequências / O destino da criatura é moldado independentemente dela. / O destino da criatura é moldado independentemente dela.
3. A visão espírita
Não é consolador e belo poder dizer:
sou uma inteligência e uma vontade livre;
a mim mesmo me fiz, inconscientemente, através das idades;
edifiquei lentamente minha individualidade e liberdade, e agora conheço a grandeza e a força que há em mim.
Leon Denis (Ref. 2, página 219)
Algumas idéias expostas acima como parte integrante do darwinismo social aplicada à natureza humana parecem fortemente limitar uma das mais misteriosas propriedades do ser humano: o livre-arbítrio.
Podemos descrever o livre-arbítrio como a capacidade do ser decidir entre duas alternativas ou entre um conjunto de opções por uma introspecção interna.
O livre arbítrio prende-se logicamente a razão de ser da personalidade humana, diz-se que a criatura humana age de acordo com suas pendências pessoais, e toma a decisão segundo seus interesses e inclinações quando o livre-arbítrio tem papel preponderante.
Para nós, Espíritos encarnados, estamos absolutamente convencidos de que nada externo a nós influencia tal escolha, não estamos “pré-programados” ou somos controlados “remotamente” para decidir entre isso e aquilo.
Do ponto de vista espírita, assim, as semelhanças entre as extrapolações genéticas e a astrologia também têm sua razão de ser.
Elas provêm de uma compreensão parcial da natureza humana.
Os Espíritos foram bastante claros quanto à inexistência de scripts pré-programados determinando a personalidade humana.
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Não se pode porém confundir uma diferença:
a de que, enquanto a astrologia tinha como objectivo fundamental prever o futuro – tanto no que dizia respeito a acontecimentos terrenos e seus principais actores, os seres humanos, a sociobiologia que discutimos aqui é uma extrapolação de conclusões específicas e restritas de um ramo da biologia, a genética, cujo principal objectivo é compreender melhor o mecanismo temporais de geração, perpetuação e morfologia dos seres vivos.
Um quadro geral comparando essas duas visões pode ser visto abaixo.
Origem histórica / Extrapolações de estudos em genética aplicada / Tradições antigas. Crença no destino traçado pelos deuses.
Fundamentos / A personalidade é função de sua bagagem genética. / A personalidade é função do signo astrológico.
Mecanismos / Genes e herança. O ambiente tem papel importante. / Posição dos planetas no momento do nascimento. O ambiente tem papel importante.
Prescrição correctiva / A personalidade pode ser programada geneticamente pela alteração nas células mães. / A personalidade pode ser programada pelo instante do nascimento.
Consequências / O destino da criatura é moldado independentemente dela. / O destino da criatura é moldado independentemente dela.
3. A visão espírita
Não é consolador e belo poder dizer:
sou uma inteligência e uma vontade livre;
a mim mesmo me fiz, inconscientemente, através das idades;
edifiquei lentamente minha individualidade e liberdade, e agora conheço a grandeza e a força que há em mim.
Leon Denis (Ref. 2, página 219)
Algumas idéias expostas acima como parte integrante do darwinismo social aplicada à natureza humana parecem fortemente limitar uma das mais misteriosas propriedades do ser humano: o livre-arbítrio.
Podemos descrever o livre-arbítrio como a capacidade do ser decidir entre duas alternativas ou entre um conjunto de opções por uma introspecção interna.
O livre arbítrio prende-se logicamente a razão de ser da personalidade humana, diz-se que a criatura humana age de acordo com suas pendências pessoais, e toma a decisão segundo seus interesses e inclinações quando o livre-arbítrio tem papel preponderante.
Para nós, Espíritos encarnados, estamos absolutamente convencidos de que nada externo a nós influencia tal escolha, não estamos “pré-programados” ou somos controlados “remotamente” para decidir entre isso e aquilo.
Do ponto de vista espírita, assim, as semelhanças entre as extrapolações genéticas e a astrologia também têm sua razão de ser.
Elas provêm de uma compreensão parcial da natureza humana.
Os Espíritos foram bastante claros quanto à inexistência de scripts pré-programados determinando a personalidade humana.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Na Parte 2 do Capítulo 1 de “O Livro dos Espíritos” (3), Kardec dirige-se aos Espíritos nos termos:
121. Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros do mal?
“Não têm eles o livre-arbítrio?
Deus não os criou maus;
criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanto para o mal.
Os que são maus, assim se tornam por vontade própria.”
A resposta dada contém em si um princípio.
Os Espíritos são dotados de uma capacidade própria (como no caso da inteligência), o de julgarem as coisas livremente.
Compreende-se que se não fosse assim, Deus certamente seria o responsável pela escolha “errada” e portanto todo o mal que parece se originar dessa escolha.
Em outras palavras, sem o livre-arbítrio os Espíritos não passariam de meros autômatas previamente programados.
A resposta, como de costume, parece não ter sido suficiente a Kardec.
Ele volta ao ponto da escolha entre as duas opções possíveis com a questão 122.
122. Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal?
Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?
“O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo.
Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito.
A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude de sua livre vontade.
É o que contém a grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original;
uns cederam à tentação, outros resistiram.”
“As influências a que cede em virtude de sua livre vontade” constituem todas as influências externas ao Espírito que actuam durante sua vida espiritual e que lhe são impostas a fim de que consiga progredir.
A decisão de qual caminho tomar diante de tais influências pertence somente ao Espírito, durante sua jornada evolutiva.
Por tais factores externos compreendemos não somente os inumeráveis factos que o Espírito encontra na encarnação[6] (prazeres fictícios, pessoas as quais ele tem afecto ou não, circunstâncias felizes ou de desgraça), mas também todas as condições especiais criadas pelo corpo físico no período da reencarnação.
Assim, o papel da hereditariedade não é definir o comportamento humano (com exclusão do livre-arbítrio que seria função dessa programação), mas sim libertar ou limitar as capacidades já adquiridas pelo Espírito por meio de arranjos especiais ou vínculos físicos no corpo material, entendido como uma ferramenta de trabalho desse Espírito.
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Na Parte 2 do Capítulo 1 de “O Livro dos Espíritos” (3), Kardec dirige-se aos Espíritos nos termos:
121. Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros do mal?
“Não têm eles o livre-arbítrio?
Deus não os criou maus;
criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanto para o mal.
Os que são maus, assim se tornam por vontade própria.”
A resposta dada contém em si um princípio.
Os Espíritos são dotados de uma capacidade própria (como no caso da inteligência), o de julgarem as coisas livremente.
Compreende-se que se não fosse assim, Deus certamente seria o responsável pela escolha “errada” e portanto todo o mal que parece se originar dessa escolha.
Em outras palavras, sem o livre-arbítrio os Espíritos não passariam de meros autômatas previamente programados.
A resposta, como de costume, parece não ter sido suficiente a Kardec.
Ele volta ao ponto da escolha entre as duas opções possíveis com a questão 122.
122. Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal?
Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?
“O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo.
Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito.
A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude de sua livre vontade.
É o que contém a grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original;
uns cederam à tentação, outros resistiram.”
“As influências a que cede em virtude de sua livre vontade” constituem todas as influências externas ao Espírito que actuam durante sua vida espiritual e que lhe são impostas a fim de que consiga progredir.
A decisão de qual caminho tomar diante de tais influências pertence somente ao Espírito, durante sua jornada evolutiva.
Por tais factores externos compreendemos não somente os inumeráveis factos que o Espírito encontra na encarnação[6] (prazeres fictícios, pessoas as quais ele tem afecto ou não, circunstâncias felizes ou de desgraça), mas também todas as condições especiais criadas pelo corpo físico no período da reencarnação.
Assim, o papel da hereditariedade não é definir o comportamento humano (com exclusão do livre-arbítrio que seria função dessa programação), mas sim libertar ou limitar as capacidades já adquiridas pelo Espírito por meio de arranjos especiais ou vínculos físicos no corpo material, entendido como uma ferramenta de trabalho desse Espírito.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Considerações mais específicas ao assunto que aqui tratamos são tecidas nas questões 845 e 846.
Destacamos a primeira:
845. Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?
"As predisposições instintivas são as do Espírito antes de reencarnar.
Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-lo à prática de atos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições.
Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir.
Lembrai-vos de que querer é poder. (361)”
No final da resposta, há uma referência directa à questão 361 onde os Espíritos reafirmam que as qualidades morais que caracterizam a índole ser humano têm origem em seu Espírito.
Poder-se-ia argumentar que as predisposições instintivas fossem determinadas geneticamente ou, no caso da astrologia, pela posição dos astros no firmamento.
A Doutrina Espírita abertamente faz a asserção de que as predisposições instintivas são património do Espírito, a bagagem ou herança espiritual criada e carregada por ele mesmo através dos séculos.
Isso porque a lei moral que regula a distribuição eqüitativa da justiça só é um conceito válido se o Espírito for o único responsável por seu sucesso ou fracasso.
Tal é o conteúdo de perfectibilidade da lei assentando sobre um princípio que se liga directamente à origem do Espírito e a sua mais íntima natureza.
Essa conclusão magistralmente integrada ao conteúdo de princípios da Doutrina Espírita é a única capaz de explicar o ser humano ou de ao menos trazer a sensação consoladora de que não somos joguetes da sorte.
Para os abusos de interpretação oriundos da genética ou da astrologia, o ser humano é uma criatura incompleta, inconsistente em si mesmo porque para vir a ser necessita do jogo aleatório seja das disposições genéticas ou da posição dos astros.
Entretanto, já comentamos sobre a influência da matéria.
Esta é naturalmente função do grau de adiantamento do Espírito, tanto intelectual como moral.
Essa influência foi inúmeras vezes reafirmada pelos Espíritos, podendo ser encontrada em diversas respostas do “Livro dos Espíritos”.
Nos estágios iniciais de evolução é natural que os Espíritos estejam fortemente sujeitos aos ditames da matéria.
A matéria não determina a decisão do Espírito, mas actua vigorosamente como vínculos que o incitam a uma ou outra direcção.
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Considerações mais específicas ao assunto que aqui tratamos são tecidas nas questões 845 e 846.
Destacamos a primeira:
845. Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?
"As predisposições instintivas são as do Espírito antes de reencarnar.
Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-lo à prática de atos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições.
Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir.
Lembrai-vos de que querer é poder. (361)”
No final da resposta, há uma referência directa à questão 361 onde os Espíritos reafirmam que as qualidades morais que caracterizam a índole ser humano têm origem em seu Espírito.
Poder-se-ia argumentar que as predisposições instintivas fossem determinadas geneticamente ou, no caso da astrologia, pela posição dos astros no firmamento.
A Doutrina Espírita abertamente faz a asserção de que as predisposições instintivas são património do Espírito, a bagagem ou herança espiritual criada e carregada por ele mesmo através dos séculos.
Isso porque a lei moral que regula a distribuição eqüitativa da justiça só é um conceito válido se o Espírito for o único responsável por seu sucesso ou fracasso.
Tal é o conteúdo de perfectibilidade da lei assentando sobre um princípio que se liga directamente à origem do Espírito e a sua mais íntima natureza.
Essa conclusão magistralmente integrada ao conteúdo de princípios da Doutrina Espírita é a única capaz de explicar o ser humano ou de ao menos trazer a sensação consoladora de que não somos joguetes da sorte.
Para os abusos de interpretação oriundos da genética ou da astrologia, o ser humano é uma criatura incompleta, inconsistente em si mesmo porque para vir a ser necessita do jogo aleatório seja das disposições genéticas ou da posição dos astros.
Entretanto, já comentamos sobre a influência da matéria.
Esta é naturalmente função do grau de adiantamento do Espírito, tanto intelectual como moral.
Essa influência foi inúmeras vezes reafirmada pelos Espíritos, podendo ser encontrada em diversas respostas do “Livro dos Espíritos”.
Nos estágios iniciais de evolução é natural que os Espíritos estejam fortemente sujeitos aos ditames da matéria.
A matéria não determina a decisão do Espírito, mas actua vigorosamente como vínculos que o incitam a uma ou outra direcção.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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À medida que o Espírito evolui, os laços materiais tornam-se mais fracos, liberando-o cada vez mais para decisões independentes ou para a manifestação de capacidades em desacordo com os arranjos materiais ou leis naturais.
Alguns exemplos práticos dessa liberdade relativa da matéria podem ser encontradas mesmo em nossa sociedade:
I – A liberdade de escolha de seres humanos em ter ou não filhos.
Como se sabe, a reprodução é uma lei natural através da qual os genes são transmitidos a futuras gerações de uma certa espécie por meio de um processo que é o próprio núcleo da evolução natural.
Se não há reprodução dentro da espécie, esta inexoravelmente morre, tanto fisicamente como para a Natureza como um todo, já que seu conteúdo hereditário deixa de existir.
Os seres humanos, que são Espíritos encarnados, podem surpreendentemente “refutar” essa lei biológica e decidir por não se reproduzir.
Se admitirmos que os animais e os humanos guardam origem e natureza comuns (são seres encarnados em diferentes graus da escala evolutiva), tal escolha bizarra só pode ser compreendida dentro da relativa liberdade espiritual adquirida pelo Espírito com essa evolução.
Naturalmente devemos diferenciar aqui a decisão de não se reproduzir tomada como uma opção de vida onde o sexo ainda é ingrediente corrente daquela inerente ao próprio Espírito na abstinência sexual a que se dedica, as vezes durante toda a vida, por ter atingido uma relativa independência das necessidades sexuais.
No caso desse seres, cuja quantidade em nossa sociedade é muito maior do que se pensa, existe uma clara libertação de uma lei que continua a valer para o imenso contingente de encarnados.
II – Os inumeráveis e não ortodoxos comportamentos sexuais humanos.
Entendemos que homossexualismo, bisexualismo e transsexualismo são fenómenos que surgem naturalmente, no sentido exposto acima, da liberdade adquirida pelo Espírito dos laços e leis materiais ou da força de seus instintos internos – originados em sua própria natureza espiritual – que refutam a escolha biológica herdada.
Muitas teorias têm sido desenvolvidas para explicar tais comportamentos, partindo-se de diferentes hipóteses.
Algumas delas tendem a enfatizar a “bagagem hereditária”, enquanto que outras o ambiente.
Nenhuma explicação adequada e convergente tem sido encontrada.
O ponto crucial parece ser a falta de uma imagem coerente do ser humano, que pode ser plenamente encontrada através da aplicação dos princípios espíritas.
De facto, a reencarnação é o ponto de partida para se compreender muitos desses fenómenos, sendo o transsexualismo apenas um dos exemplos notáveis.
As aparentes similaridades entre a astrologia e a genética (tanto quanto podemos inferir do conhecimento comum dessas disciplinas) estão conclusivamente estabelecidas sobre uma visão parcial da natureza humana.
Continua...
À medida que o Espírito evolui, os laços materiais tornam-se mais fracos, liberando-o cada vez mais para decisões independentes ou para a manifestação de capacidades em desacordo com os arranjos materiais ou leis naturais.
Alguns exemplos práticos dessa liberdade relativa da matéria podem ser encontradas mesmo em nossa sociedade:
I – A liberdade de escolha de seres humanos em ter ou não filhos.
Como se sabe, a reprodução é uma lei natural através da qual os genes são transmitidos a futuras gerações de uma certa espécie por meio de um processo que é o próprio núcleo da evolução natural.
Se não há reprodução dentro da espécie, esta inexoravelmente morre, tanto fisicamente como para a Natureza como um todo, já que seu conteúdo hereditário deixa de existir.
Os seres humanos, que são Espíritos encarnados, podem surpreendentemente “refutar” essa lei biológica e decidir por não se reproduzir.
Se admitirmos que os animais e os humanos guardam origem e natureza comuns (são seres encarnados em diferentes graus da escala evolutiva), tal escolha bizarra só pode ser compreendida dentro da relativa liberdade espiritual adquirida pelo Espírito com essa evolução.
Naturalmente devemos diferenciar aqui a decisão de não se reproduzir tomada como uma opção de vida onde o sexo ainda é ingrediente corrente daquela inerente ao próprio Espírito na abstinência sexual a que se dedica, as vezes durante toda a vida, por ter atingido uma relativa independência das necessidades sexuais.
No caso desse seres, cuja quantidade em nossa sociedade é muito maior do que se pensa, existe uma clara libertação de uma lei que continua a valer para o imenso contingente de encarnados.
II – Os inumeráveis e não ortodoxos comportamentos sexuais humanos.
Entendemos que homossexualismo, bisexualismo e transsexualismo são fenómenos que surgem naturalmente, no sentido exposto acima, da liberdade adquirida pelo Espírito dos laços e leis materiais ou da força de seus instintos internos – originados em sua própria natureza espiritual – que refutam a escolha biológica herdada.
Muitas teorias têm sido desenvolvidas para explicar tais comportamentos, partindo-se de diferentes hipóteses.
Algumas delas tendem a enfatizar a “bagagem hereditária”, enquanto que outras o ambiente.
Nenhuma explicação adequada e convergente tem sido encontrada.
O ponto crucial parece ser a falta de uma imagem coerente do ser humano, que pode ser plenamente encontrada através da aplicação dos princípios espíritas.
De facto, a reencarnação é o ponto de partida para se compreender muitos desses fenómenos, sendo o transsexualismo apenas um dos exemplos notáveis.
As aparentes similaridades entre a astrologia e a genética (tanto quanto podemos inferir do conhecimento comum dessas disciplinas) estão conclusivamente estabelecidas sobre uma visão parcial da natureza humana.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
Continua...
Embora sejam consideradas muito diferentemente pela sociedade moderna, tanto uma como a outra limitam, de certa forma, o livre-arbítrio humano, que sofre a interferência de factores externos no momento do nascimento.
Os Espíritos, entretanto, deixaram claro que não existe uma programação de comportamento, antes, o Espírito é livre para tomar as decisões que julgar conveniente.
Para isso, o Espírito utiliza os recursos materiais colocados a sua disposição, sendo ele o responsável pela escolha correta ou errada, se caiu sob esse ou aquele arrastamento.
À medida que o Espírito progride, torna-se menos vulnerável à influência material, porque já demonstrou em si mesmo que está livre.
Há ainda a questão da escolha dos factores materiais, que são mais ou menos estabelecidos no momento da reencarnação.
Para a Doutrina Espírita, mesmo nesse instante, não existe propriamente uma “imposição externa”, mormente se o Espírito já desfruta de um certo nível evolutivo.
No início de sua jornada, é razoável admitir que o Plano Maior se responsabilize pelo estabelecimento dos recursos materiais apropriados ao ser ainda em estágio embrionário, nascido “simples e ignorante”.
Assim sendo, podemos dizer que a origem de todas as disposições externas durante a existência material do Espírito está fundamentalmente estabelecida nele mesmo.
Acrescentamos além disso que, mesmo se houver espaço para o livre-arbítrio dentro de certas doutrinas não espíritas (como é o caso da astrologia e do darwinismo social ou sociobiologia) este sofre injustamente com a acção de factores externos que não têm nenhuma relação, ainda que indirectamente, com o próprio Espírito.
De certa forma, isso responde a possíveis questionamentos da astrologia e da genética aplicada ao comportamento quanto a minhas colocações anteriores sobre o livre-arbítrio nos seres e sua não determinação absoluta (determinismo comportamental fraco) pelos mecanismos externos propostos por essas disciplinas.
Em resumo, para o Espiritismo, o Espírito é o artífice do seu destino – através da simbiose entre acção e reacção ligadas aos seus actos – enquanto que para outras disciplinas o destino é alterado por mecanismos alheios à vontade do ser.
Para completar, lembramos que no caso das religiões cristãs mais antigas – seja o Catolicismo ou Protestantismo – a alma é criada por Deus no instante do nascimento.
Como ela não existe anteriormente a esse evento, todas as suas predisposições naturais só podem ter origem naquele que as criou.
Assim, Deus é o grande responsável por seu destino.
Nesse caso extremado de determinismo comportamental, que valor pode ter o livre-arbítrio?
Agradecimentos
Gostaria de agradecer ao Andrei Melnikov por importantes discussões na conclusão deste texto.
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Embora sejam consideradas muito diferentemente pela sociedade moderna, tanto uma como a outra limitam, de certa forma, o livre-arbítrio humano, que sofre a interferência de factores externos no momento do nascimento.
Os Espíritos, entretanto, deixaram claro que não existe uma programação de comportamento, antes, o Espírito é livre para tomar as decisões que julgar conveniente.
Para isso, o Espírito utiliza os recursos materiais colocados a sua disposição, sendo ele o responsável pela escolha correta ou errada, se caiu sob esse ou aquele arrastamento.
À medida que o Espírito progride, torna-se menos vulnerável à influência material, porque já demonstrou em si mesmo que está livre.
Há ainda a questão da escolha dos factores materiais, que são mais ou menos estabelecidos no momento da reencarnação.
Para a Doutrina Espírita, mesmo nesse instante, não existe propriamente uma “imposição externa”, mormente se o Espírito já desfruta de um certo nível evolutivo.
No início de sua jornada, é razoável admitir que o Plano Maior se responsabilize pelo estabelecimento dos recursos materiais apropriados ao ser ainda em estágio embrionário, nascido “simples e ignorante”.
Assim sendo, podemos dizer que a origem de todas as disposições externas durante a existência material do Espírito está fundamentalmente estabelecida nele mesmo.
Acrescentamos além disso que, mesmo se houver espaço para o livre-arbítrio dentro de certas doutrinas não espíritas (como é o caso da astrologia e do darwinismo social ou sociobiologia) este sofre injustamente com a acção de factores externos que não têm nenhuma relação, ainda que indirectamente, com o próprio Espírito.
De certa forma, isso responde a possíveis questionamentos da astrologia e da genética aplicada ao comportamento quanto a minhas colocações anteriores sobre o livre-arbítrio nos seres e sua não determinação absoluta (determinismo comportamental fraco) pelos mecanismos externos propostos por essas disciplinas.
Em resumo, para o Espiritismo, o Espírito é o artífice do seu destino – através da simbiose entre acção e reacção ligadas aos seus actos – enquanto que para outras disciplinas o destino é alterado por mecanismos alheios à vontade do ser.
Para completar, lembramos que no caso das religiões cristãs mais antigas – seja o Catolicismo ou Protestantismo – a alma é criada por Deus no instante do nascimento.
Como ela não existe anteriormente a esse evento, todas as suas predisposições naturais só podem ter origem naquele que as criou.
Assim, Deus é o grande responsável por seu destino.
Nesse caso extremado de determinismo comportamental, que valor pode ter o livre-arbítrio?
Agradecimentos
Gostaria de agradecer ao Andrei Melnikov por importantes discussões na conclusão deste texto.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Referências
(1) Marcel Blanc. “Os herdeiros de Darwin”. 1 Ed. pela Editora Página Aberta (1994).
(2) Leon Denis. “O problema do ser, do destino e da dor”. 16a Ed. pela Federação Espírita Brasileira.
(3) Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”. Tradução de Guillon Ribeiro, 71a Ed. pela Federação Espírita Brasileira (Rio de Janeiro).
Notas do GEAE
[1] Este texto é uma versão estendida em português do texto “What do astrology and genetics have in common?”, publicado no boletim electrónico “The Spiritist Messenger”, N 13 do GEAE.
[2] Considere o leitor o aparecimento de recentes especulações envolvendo conceitos de mecânica quântica e física estatística de sistemas fora do equilíbrio.
[3] Talvez fundamentado em antiquíssimas tradições religiosas.
[4] O zodíaco é a região da esfera celeste por onde passa o sol em seu movimento relativo ao longo do ano.
Contém as chamadas 12 “constelações zodiacais”.
Do ponto de vista da astronomia moderna estas seriam na verdade 13, o “Ofíuco” ou serpentário não é considerado na tradição astrológica ocidental.
[5] Note ainda o leitor que, tanto quanto se pode compreender dos fundamentos da genética, essa determinação obedece a leis “cegas” sendo obras do acaso.
[6] Não podemos nos esquecer ainda das influências espirituais, já que os Espíritos influenciam-se uns aos outros incessantemente.
A respeito disso ver as sub-questões complementares a 122.
(Publicado no Boletim GEAE Número 448 de 28 de janeiro de 2003)
§.§.§- O-canto-da-ave
Referências
(1) Marcel Blanc. “Os herdeiros de Darwin”. 1 Ed. pela Editora Página Aberta (1994).
(2) Leon Denis. “O problema do ser, do destino e da dor”. 16a Ed. pela Federação Espírita Brasileira.
(3) Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”. Tradução de Guillon Ribeiro, 71a Ed. pela Federação Espírita Brasileira (Rio de Janeiro).
Notas do GEAE
[1] Este texto é uma versão estendida em português do texto “What do astrology and genetics have in common?”, publicado no boletim electrónico “The Spiritist Messenger”, N 13 do GEAE.
[2] Considere o leitor o aparecimento de recentes especulações envolvendo conceitos de mecânica quântica e física estatística de sistemas fora do equilíbrio.
[3] Talvez fundamentado em antiquíssimas tradições religiosas.
[4] O zodíaco é a região da esfera celeste por onde passa o sol em seu movimento relativo ao longo do ano.
Contém as chamadas 12 “constelações zodiacais”.
Do ponto de vista da astronomia moderna estas seriam na verdade 13, o “Ofíuco” ou serpentário não é considerado na tradição astrológica ocidental.
[5] Note ainda o leitor que, tanto quanto se pode compreender dos fundamentos da genética, essa determinação obedece a leis “cegas” sendo obras do acaso.
[6] Não podemos nos esquecer ainda das influências espirituais, já que os Espíritos influenciam-se uns aos outros incessantemente.
A respeito disso ver as sub-questões complementares a 122.
(Publicado no Boletim GEAE Número 448 de 28 de janeiro de 2003)
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Responsabilidade
Rejane Spiegelberg Planer
(Este artigo que a Rejane nos enviou, foi originalmente escrito para a "Revista Internacional de Espiritismo" e publicado na edição de dezembro de 2002 com o título "Evolução e Responsabilidade Espírita")
Durante nossa evolução sobre a terra, nós seres humanos, vimos desenvolvendo aos poucos nossas capacidades intelectuais e espirituais.
Passamos do ‘ser totalmente instintivo’, que lutava animalescamente por sua sobrevivência num mundo hostil, para um ‘ser mais sensível’, que busca criar melhores condições de sobrevivência para si mesmo e sua prole.
Nesta evolução passamos pela idade do fogo, da pedra, do ferro, chegamos ao que chamamos de período civilizado.
Enquanto ser gregário, agrupamo-nos socialmente para vivermos em comunidades, em cidades.
Grandes civilizações desenvolveram-se, atingiram o apogeu e decaíram.
Crescemos intelectualmente e espiritualmente, uns mais rapidamente, outros tantos lentamente, cada um de nós em um ritmo próprio.
Alguns povos especializaram-se no desenvolvimento do intelecto, outros nos valores espirituais.
Em muitas destas fases, o primitivismo predominou através de guerras, do domínio dos fortes sobre os mais fracos, tanto física como psicologicamente.
Há 2000 mil anos, Jesus trouxe à terra o amor pelas criaturas, ensinando a todos nós que somente através do amor, o homem atingirá seu apogeu evolutivo.
No entanto, recebemos estes ensinos divinos e mal percebemos a sua grandeza.
Mesmo na época de Jesus, muitos de nós não conseguimos perceber estes ensinos, além da sua utilidade prática, momentânea, de cura de nossos males físicos ou emocionais.
Como diz Amélia Rodrigues através da mediunidade de Divaldo Franco, “Jesus aparece-lhes e abre-lhes um elenco de novas possibilidades, oferecendo-lhes recursos incomuns, oportunidades antes jamais imaginadas e causa uma rápida mudança de conduta.
...A mensagem dEle, de renovação e de libertação interior, no entanto passava quase despercebida...”[1]
No entanto, a mudança ocorre.
A semente do amor estava plantada.
Assim, apesar de momentos históricos negros, a arte e a cultura ressurgem para nos mostrar a beleza do mundo e sensibilizar o nosso espírito primitivo para as coisas mais elevadas.
Deixamos de apenas lutar pela sobrevivência.
Agora ainda trabalhamos para viver, mas apreciamos algumas comodidades e, alguns de nós já desenvolveram o espírito crítico:
político, científico e artístico, alguns de nós o ético-moral-religioso.
Continua...
(Este artigo que a Rejane nos enviou, foi originalmente escrito para a "Revista Internacional de Espiritismo" e publicado na edição de dezembro de 2002 com o título "Evolução e Responsabilidade Espírita")
Durante nossa evolução sobre a terra, nós seres humanos, vimos desenvolvendo aos poucos nossas capacidades intelectuais e espirituais.
Passamos do ‘ser totalmente instintivo’, que lutava animalescamente por sua sobrevivência num mundo hostil, para um ‘ser mais sensível’, que busca criar melhores condições de sobrevivência para si mesmo e sua prole.
Nesta evolução passamos pela idade do fogo, da pedra, do ferro, chegamos ao que chamamos de período civilizado.
Enquanto ser gregário, agrupamo-nos socialmente para vivermos em comunidades, em cidades.
Grandes civilizações desenvolveram-se, atingiram o apogeu e decaíram.
Crescemos intelectualmente e espiritualmente, uns mais rapidamente, outros tantos lentamente, cada um de nós em um ritmo próprio.
Alguns povos especializaram-se no desenvolvimento do intelecto, outros nos valores espirituais.
Em muitas destas fases, o primitivismo predominou através de guerras, do domínio dos fortes sobre os mais fracos, tanto física como psicologicamente.
Há 2000 mil anos, Jesus trouxe à terra o amor pelas criaturas, ensinando a todos nós que somente através do amor, o homem atingirá seu apogeu evolutivo.
No entanto, recebemos estes ensinos divinos e mal percebemos a sua grandeza.
Mesmo na época de Jesus, muitos de nós não conseguimos perceber estes ensinos, além da sua utilidade prática, momentânea, de cura de nossos males físicos ou emocionais.
Como diz Amélia Rodrigues através da mediunidade de Divaldo Franco, “Jesus aparece-lhes e abre-lhes um elenco de novas possibilidades, oferecendo-lhes recursos incomuns, oportunidades antes jamais imaginadas e causa uma rápida mudança de conduta.
...A mensagem dEle, de renovação e de libertação interior, no entanto passava quase despercebida...”[1]
No entanto, a mudança ocorre.
A semente do amor estava plantada.
Assim, apesar de momentos históricos negros, a arte e a cultura ressurgem para nos mostrar a beleza do mundo e sensibilizar o nosso espírito primitivo para as coisas mais elevadas.
Deixamos de apenas lutar pela sobrevivência.
Agora ainda trabalhamos para viver, mas apreciamos algumas comodidades e, alguns de nós já desenvolveram o espírito crítico:
político, científico e artístico, alguns de nós o ético-moral-religioso.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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As guerras e revoluções continuaram e continuam, mas de tempos em tempos, espíritos mais elevados renascem entre nós para iluminar todos os campos da nossa cultura.
Nestas ocasiões o saber aprimora-se, e o conhecimento científico utilizado positivamente proporciona-nos cada dia mais comodidades.
No final do século 19, os espíritos oferecem-nos a sua doutrina através de Allan Kardec.
No mundo ocidental vivíamos a revolução industrial.
Desenvolvíamos cada vez mais o conhecimento científico e a nossa indústria sofreu forte impulso e desenvolveu-se.
Estávamos também aptos a adquirirmos mais conhecimentos sobre a vida espiritual.
E a verdade da vida espiritual surgiu através de manifestações em várias partes do mundo.
Allan Kardec iniciou o trabalho de codificação da doutrina dos espíritos e esta também espalhou-se pelo mundo.
O século 20, século das grandes descobertas científicas, de Einstein, Madame Curie, e outros tantos nomes que contribuíram para o desenvolvimento da nossa ciência em todos os seus ramos, também nos traz uma outra revolução - a da comunicação.
Já não vivemos isolados numa região, mas somos co-participante no dia a dia da vida planetária.
Acompanhamos os acontecimentos no planeta e co-participamos, observando, criticando.
E este virá a ser um dos factores importantes no nosso processo evolutivo como ser humano.
Participar para entender.
Compreender para poder nos modificar interiormente e mudar também o mundo a nossa volta.
Facilidade de locomoção terrestre, marítima e aérea ajuda o redescobrimento de culturas milenares como a da Índia, Japão e da China.
A medicina tradicional que faz transplantes do coração, micro-cirurgias via computador, também é desafiada pelas praticas milenares destas culturas.
A medicina alternativa propaga-se e começa a surgir a medicina vibracional.
Nós queremos ser co-participantes em todas áreas de nosso desenvolvimento!
Estamos portanto, em meio a uma revolução na nossa história de seres humanos.
De um lado o materialismo oriundo da revolução industrial e científica.
De outro, a busca de conhecimento espiritual e do auto-descobrimento, a busca da força interior.
Já não lutamos contra as feras para sobreviver.
Mas lutamos connosco mesmo, num esforço supremo para nos conhecermos e libertarmos-nos dos grilhões de ferro a que nos atamos ao longo dos séculos.
Continua...
As guerras e revoluções continuaram e continuam, mas de tempos em tempos, espíritos mais elevados renascem entre nós para iluminar todos os campos da nossa cultura.
Nestas ocasiões o saber aprimora-se, e o conhecimento científico utilizado positivamente proporciona-nos cada dia mais comodidades.
No final do século 19, os espíritos oferecem-nos a sua doutrina através de Allan Kardec.
No mundo ocidental vivíamos a revolução industrial.
Desenvolvíamos cada vez mais o conhecimento científico e a nossa indústria sofreu forte impulso e desenvolveu-se.
Estávamos também aptos a adquirirmos mais conhecimentos sobre a vida espiritual.
E a verdade da vida espiritual surgiu através de manifestações em várias partes do mundo.
Allan Kardec iniciou o trabalho de codificação da doutrina dos espíritos e esta também espalhou-se pelo mundo.
O século 20, século das grandes descobertas científicas, de Einstein, Madame Curie, e outros tantos nomes que contribuíram para o desenvolvimento da nossa ciência em todos os seus ramos, também nos traz uma outra revolução - a da comunicação.
Já não vivemos isolados numa região, mas somos co-participante no dia a dia da vida planetária.
Acompanhamos os acontecimentos no planeta e co-participamos, observando, criticando.
E este virá a ser um dos factores importantes no nosso processo evolutivo como ser humano.
Participar para entender.
Compreender para poder nos modificar interiormente e mudar também o mundo a nossa volta.
Facilidade de locomoção terrestre, marítima e aérea ajuda o redescobrimento de culturas milenares como a da Índia, Japão e da China.
A medicina tradicional que faz transplantes do coração, micro-cirurgias via computador, também é desafiada pelas praticas milenares destas culturas.
A medicina alternativa propaga-se e começa a surgir a medicina vibracional.
Nós queremos ser co-participantes em todas áreas de nosso desenvolvimento!
Estamos portanto, em meio a uma revolução na nossa história de seres humanos.
De um lado o materialismo oriundo da revolução industrial e científica.
De outro, a busca de conhecimento espiritual e do auto-descobrimento, a busca da força interior.
Já não lutamos contra as feras para sobreviver.
Mas lutamos connosco mesmo, num esforço supremo para nos conhecermos e libertarmos-nos dos grilhões de ferro a que nos atamos ao longo dos séculos.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Hoje temos o conhecimento científico e espiritual à mão.
Os espíritos trouxeram a vida espírita à luz do nosso conhecimento.
E não somente através do Espiritismo, pois em todas as religiões os fenómenos mediúnicos estão presentes.
É o mundo espiritual ajudando o mundo terreno a progredir, ajudando a nos libertarmos através do conhecimento, ajudando-nos a galgar degraus evolutivos mais rapidamente.
Temos portanto, tempo para pensar e capacidade para analisar.
Temos a nossa disposição o conhecimento científico e o conhecimento mundano.
E nós espíritas temos a disposição os ensinamentos morais e espirituais lançados por Jesus e novamente analisados a luz do Espiritismo.
Ganhamos muito nestes milénios de nossa evolução de homens e mulheres primitivos à civilizados.
Ganhamos bem estar social, vivemos mais.
Temos à nossa disposição na prateleira do super-mercado a alimentação para o corpo, entretemo-nos com o rádio, a televisão, o vídeo.
Podemos nos comunicar com o mundo pelo telefone e até pelo computador.
Temos ainda à nossa disposição alimento para alma, nos centros espíritas, nos livros espíritas, no evangelho.
E o que o fazemos?
Repetimos automaticamente como se a palavra, o conhecimento trazido pelos espíritos não fosse para nós mesmos, mas para outros.
Propagandizamos nosso conhecimento, mas não o aplicamos a nós mesmos.
Esquecemos que Jesus advertiu:
“Pedir-se-á muito aquele que muito recebeu, e prestará contas aquele a quem foram confiadas muitas coisas.
(Lucas 12:47-48)”.
Onde esta a nossa responsabilidade de espíritas?
Adquirimos muito conhecimento.
É nos dado conhecer as diferentes facetas dos ensinamentos de Jesus, explicados pelos espíritos através de Allan Kardec, Chico Xavier, Divaldo Franco, Raul Teixeira e tantos outros que nos apresentam as leis divinas, a moral cristã e a vida espiritual em seus livros psicografados ou não.
Temos ainda a oportunidade, de discutir e analisar estas verdades nas reuniões e palestras nos centros espíritas diariamente.
E o que fazemos com este conhecimento?
Engavetamos no armário da sala, na cristaleira fechada a sete chaves, onde todos vêem mas ninguém toca?
Ou vivemos o que já conhecemos no nosso dia a dia, dando aos outros o que já adquirimos?
Continua...
Hoje temos o conhecimento científico e espiritual à mão.
Os espíritos trouxeram a vida espírita à luz do nosso conhecimento.
E não somente através do Espiritismo, pois em todas as religiões os fenómenos mediúnicos estão presentes.
É o mundo espiritual ajudando o mundo terreno a progredir, ajudando a nos libertarmos através do conhecimento, ajudando-nos a galgar degraus evolutivos mais rapidamente.
Temos portanto, tempo para pensar e capacidade para analisar.
Temos a nossa disposição o conhecimento científico e o conhecimento mundano.
E nós espíritas temos a disposição os ensinamentos morais e espirituais lançados por Jesus e novamente analisados a luz do Espiritismo.
Ganhamos muito nestes milénios de nossa evolução de homens e mulheres primitivos à civilizados.
Ganhamos bem estar social, vivemos mais.
Temos à nossa disposição na prateleira do super-mercado a alimentação para o corpo, entretemo-nos com o rádio, a televisão, o vídeo.
Podemos nos comunicar com o mundo pelo telefone e até pelo computador.
Temos ainda à nossa disposição alimento para alma, nos centros espíritas, nos livros espíritas, no evangelho.
E o que o fazemos?
Repetimos automaticamente como se a palavra, o conhecimento trazido pelos espíritos não fosse para nós mesmos, mas para outros.
Propagandizamos nosso conhecimento, mas não o aplicamos a nós mesmos.
Esquecemos que Jesus advertiu:
“Pedir-se-á muito aquele que muito recebeu, e prestará contas aquele a quem foram confiadas muitas coisas.
(Lucas 12:47-48)”.
Onde esta a nossa responsabilidade de espíritas?
Adquirimos muito conhecimento.
É nos dado conhecer as diferentes facetas dos ensinamentos de Jesus, explicados pelos espíritos através de Allan Kardec, Chico Xavier, Divaldo Franco, Raul Teixeira e tantos outros que nos apresentam as leis divinas, a moral cristã e a vida espiritual em seus livros psicografados ou não.
Temos ainda a oportunidade, de discutir e analisar estas verdades nas reuniões e palestras nos centros espíritas diariamente.
E o que fazemos com este conhecimento?
Engavetamos no armário da sala, na cristaleira fechada a sete chaves, onde todos vêem mas ninguém toca?
Ou vivemos o que já conhecemos no nosso dia a dia, dando aos outros o que já adquirimos?
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Viver o Espiritismo, é viver o Cristianismo, é colocar em prática o que aprendemos com Jesus!
É se preocupar com os conselhos dos espíritos em cada comunicação, em cada palestra que assistimos ou que proferimos, para entender onde ele se aplica na nossa vida, e então praticá-lo.
Praticá-lo na nossa casa, no nosso trabalho, na nossa comunidade, na cidade, no país em que vivemos.
O conhecimento que adquirimos é sempre nosso, nunca é para o outro.
E por isto Jesus adverte-nos:
“Por que vedes o arqueiro no olho do vosso irmão, vós que não vedes uma trave no vosso?
(Mateus 7:3)”.
Muitas vezes recebemos o conhecimento, e o colocamos como exemplo para alguém que esta ao nosso lado, esquecendo de analisar o nosso próprio comportamento à vista deste ensinamento.
Que ilusão!
É a ilusão dos fariseus, que se achando sábios esqueceram de praticar, para somente tagarelar!
Seremos nós como os antigos fariseus?
Estaremos somente repetindo as palavras sem a preocupação de colocá-las em prática na nossa vida?
Seremos nós como aqueles homens que viveram com Jesus e não O conheceram?
Já não somos cegos. Recebemos muito conhecimento. Temos portanto o dever e a responsabilidade de espalhar esta luz, não através das palavras que proferimos, mas das acções que praticamos!
Comunicar é a palavra do momento!
No entanto, comunicar somente não basta, é preciso dar o exemplo!
[1] Rodrigues, Amélia (Espírito), …Até o fim dos tempos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, Salvador, BA, Livraria Alvorada Editora, 2000.
(Publicado no Boletim GEAE Número 451 de 11 de março de 2003)
§.§.§- O-canto-da-ave
Viver o Espiritismo, é viver o Cristianismo, é colocar em prática o que aprendemos com Jesus!
É se preocupar com os conselhos dos espíritos em cada comunicação, em cada palestra que assistimos ou que proferimos, para entender onde ele se aplica na nossa vida, e então praticá-lo.
Praticá-lo na nossa casa, no nosso trabalho, na nossa comunidade, na cidade, no país em que vivemos.
O conhecimento que adquirimos é sempre nosso, nunca é para o outro.
E por isto Jesus adverte-nos:
“Por que vedes o arqueiro no olho do vosso irmão, vós que não vedes uma trave no vosso?
(Mateus 7:3)”.
Muitas vezes recebemos o conhecimento, e o colocamos como exemplo para alguém que esta ao nosso lado, esquecendo de analisar o nosso próprio comportamento à vista deste ensinamento.
Que ilusão!
É a ilusão dos fariseus, que se achando sábios esqueceram de praticar, para somente tagarelar!
Seremos nós como os antigos fariseus?
Estaremos somente repetindo as palavras sem a preocupação de colocá-las em prática na nossa vida?
Seremos nós como aqueles homens que viveram com Jesus e não O conheceram?
Já não somos cegos. Recebemos muito conhecimento. Temos portanto o dever e a responsabilidade de espalhar esta luz, não através das palavras que proferimos, mas das acções que praticamos!
Comunicar é a palavra do momento!
No entanto, comunicar somente não basta, é preciso dar o exemplo!
[1] Rodrigues, Amélia (Espírito), …Até o fim dos tempos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, Salvador, BA, Livraria Alvorada Editora, 2000.
(Publicado no Boletim GEAE Número 451 de 11 de março de 2003)
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Somos Camaleões?
José Lucas
Esta pergunta pode parecer despropositada, já que o reino animal não se mistura com o hominal, daí não podermos pertencer à família desses simpáticos bichinhos que dão pelo nome de camaleões.
Como se sabe, eles têm a característica de facilmente mudarem de cor, de acordo com o meio ambiente em que estão inseridos, para melhor assim se defenderem através da camuflagem.
No entanto poderemos indagar:
será que somos como os camaleões?
Será que nós mudamos facilmente de opinião, de postura, conforme o meio em que estamos inseridos?
Esta questão veio à minha mente, dada a época natalícia em que estamos inseridos.
Vi ontem, 7 de Dezembro de 1998, uma notícia na televisão que realçava o espírito generoso das pessoas, que colaboraram muito bem com uma iniciativa do banco alimentar contar a fome, que apoia os sem abrigo.
Comentava comigo, a minha esposa, que as pessoas nesta época tornam-se mais generosas, menos egoístas e fiquei cá a pensar com os meus botões:
«Quem nos dera que fosse sempre Natal, só por esse facto».
Daí surgiu a tal questão:
«Será que não somos como os camaleões?»
Passamos o resto do ano envoltos num egoísmo feroz, tentando a todo o custo o nosso e só nosso bem-estar, sem nos importarmos com o próximo, com as suas necessidades, suas dificuldades existenciais.
Porque é que somos fraternos numa época do ano e nas outras esquecemos a fraternidade entre os homens, única solução para resolver as assimetrias sociais, as lutas e entre-choques da massa social, como Jesus de Nazaré nos ensinou?
Quando chega o Natal as pessoas modificam-se, ficam mais amistosas, anda uma atmosfera mais calma e amiga no ar, as pessoas sorriem, desejam-se mutuamente «Bom Natal e feliz ano novo» e confraternizam mais umas com as outras.
Isto faz-nos pensar:
porquê este comportamento ainda tão dissemelhante dos seres humanos?
Porque é que somos fraternos numa época do ano e nas outras esquecemos a fraternidade entre os homens, única solução para resolver as assimetrias sociais, as lutas e entre-choques da massa social, como Jesus de Nazaré nos ensinou?
Temos de concluir que ao que tudo indica somos ainda pouco coerentes, pois dizemo-nos cristãos, frequentamos os nosso cultos ou associações, mas no dia-a-dia continuamos a comportamo-nos como não cristãos e até como anti-cristãos.
Seria de ponderar se não vivemos como os camaleões, agindo de determinada maneira sempre que a sociedade assim nos impele, voltando logo à nossa estrutura mental ainda arraigada de profundo egoísmo.
Sugerimos a leitura do «Evangelho Segundo o Espiritismo», de Allan Kardec, uma preciosidade que nos auxilia a compreender melhor a mensagem de Jesus, e assim a compreender melhor a nossa existência na Terra, o porquê da mesma, respondendo às questões:
quem sou eu, de onde venho, para onde vou, que faço aqui neste planeta, porque sofro mais ou menos que os outros, entre outras questões existenciais que transportamos na alma.
Se não conseguir resistir ao consumismo natalício, aqui fica uma excelente proposta de prenda de natal:
o livro «O Evangelho segundo o Espiritismo», de Allan Kardec, ou qualquer dos outros quatro livros deste autor.
(Publicado no Boletim GEAE Número 322 de 8 de dezembro de 1998)
§.§.§- O-canto-da-ave
Esta pergunta pode parecer despropositada, já que o reino animal não se mistura com o hominal, daí não podermos pertencer à família desses simpáticos bichinhos que dão pelo nome de camaleões.
Como se sabe, eles têm a característica de facilmente mudarem de cor, de acordo com o meio ambiente em que estão inseridos, para melhor assim se defenderem através da camuflagem.
No entanto poderemos indagar:
será que somos como os camaleões?
Será que nós mudamos facilmente de opinião, de postura, conforme o meio em que estamos inseridos?
Esta questão veio à minha mente, dada a época natalícia em que estamos inseridos.
Vi ontem, 7 de Dezembro de 1998, uma notícia na televisão que realçava o espírito generoso das pessoas, que colaboraram muito bem com uma iniciativa do banco alimentar contar a fome, que apoia os sem abrigo.
Comentava comigo, a minha esposa, que as pessoas nesta época tornam-se mais generosas, menos egoístas e fiquei cá a pensar com os meus botões:
«Quem nos dera que fosse sempre Natal, só por esse facto».
Daí surgiu a tal questão:
«Será que não somos como os camaleões?»
Passamos o resto do ano envoltos num egoísmo feroz, tentando a todo o custo o nosso e só nosso bem-estar, sem nos importarmos com o próximo, com as suas necessidades, suas dificuldades existenciais.
Porque é que somos fraternos numa época do ano e nas outras esquecemos a fraternidade entre os homens, única solução para resolver as assimetrias sociais, as lutas e entre-choques da massa social, como Jesus de Nazaré nos ensinou?
Quando chega o Natal as pessoas modificam-se, ficam mais amistosas, anda uma atmosfera mais calma e amiga no ar, as pessoas sorriem, desejam-se mutuamente «Bom Natal e feliz ano novo» e confraternizam mais umas com as outras.
Isto faz-nos pensar:
porquê este comportamento ainda tão dissemelhante dos seres humanos?
Porque é que somos fraternos numa época do ano e nas outras esquecemos a fraternidade entre os homens, única solução para resolver as assimetrias sociais, as lutas e entre-choques da massa social, como Jesus de Nazaré nos ensinou?
Temos de concluir que ao que tudo indica somos ainda pouco coerentes, pois dizemo-nos cristãos, frequentamos os nosso cultos ou associações, mas no dia-a-dia continuamos a comportamo-nos como não cristãos e até como anti-cristãos.
Seria de ponderar se não vivemos como os camaleões, agindo de determinada maneira sempre que a sociedade assim nos impele, voltando logo à nossa estrutura mental ainda arraigada de profundo egoísmo.
Sugerimos a leitura do «Evangelho Segundo o Espiritismo», de Allan Kardec, uma preciosidade que nos auxilia a compreender melhor a mensagem de Jesus, e assim a compreender melhor a nossa existência na Terra, o porquê da mesma, respondendo às questões:
quem sou eu, de onde venho, para onde vou, que faço aqui neste planeta, porque sofro mais ou menos que os outros, entre outras questões existenciais que transportamos na alma.
Se não conseguir resistir ao consumismo natalício, aqui fica uma excelente proposta de prenda de natal:
o livro «O Evangelho segundo o Espiritismo», de Allan Kardec, ou qualquer dos outros quatro livros deste autor.
(Publicado no Boletim GEAE Número 322 de 8 de dezembro de 1998)
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Um estranho recanto do Universo
Carlos Alberto Iglesia Bernardo
Um extra-terrestre que descesse em uma de nossas cidades no Natal, provavelmente se questionaria sobre a identidade do velhinho simpático, de roupas vermelhas, que parece omnipresente em todas as manifestações festivas desta época.
Nosso extra-terrestre talvez se espantasse com a extrema valorização dos festejos, centrados em guloseimas e presentes fora do alcance da maioria dos habitantes do planeta.
Com grande certeza perceberia os lampejos de uma compaixão pelos mais desfavorecidos, quase que apagada entre o anseio de parecer mais feliz, usando o poder de compra e a capacidade financeira de reunir um grande número de amigos.
Mas acredito que dificilmente ele perceberia que nesta compaixão se encontra a verdadeira razão da data festiva.
A comemoração, que rememora o nascimento de um homem extraordinário - que mudou os rumos da civilização ensinando o amor ao próximo como lei básica da criação - tão desvirtuada está de suas finalidades que o nome dele é pouco citado e muito menos são enfatizados seus ensinamentos.
Um ou outro presépio, nos lembram dele e que ele nasceu tão pobre que seu primeiro berço foi uma manjedoura em um estábulo.
Se teve presentes trazidos por viajantes do oriente distante, teve também, em tenra idade, que fugir do ódio de um tirano ensandecido, tornando-se refugiado, como milhões de outras crianças pobres em nossos dias.
Por toda sua vida o vemos exaltando os bens do coração e do espírito, ensinando a solidariedade e o desapego.
Mesmo no momento mais poético de sua pregação, quando sobre o monte se dirigiu a multidão, são as bem-aventuranças aos pobres de espírito, aos sofredores e aos famintos de justiça que marcam para sempre sua mensagem.
Continua...
Um extra-terrestre que descesse em uma de nossas cidades no Natal, provavelmente se questionaria sobre a identidade do velhinho simpático, de roupas vermelhas, que parece omnipresente em todas as manifestações festivas desta época.
Nosso extra-terrestre talvez se espantasse com a extrema valorização dos festejos, centrados em guloseimas e presentes fora do alcance da maioria dos habitantes do planeta.
Com grande certeza perceberia os lampejos de uma compaixão pelos mais desfavorecidos, quase que apagada entre o anseio de parecer mais feliz, usando o poder de compra e a capacidade financeira de reunir um grande número de amigos.
Mas acredito que dificilmente ele perceberia que nesta compaixão se encontra a verdadeira razão da data festiva.
A comemoração, que rememora o nascimento de um homem extraordinário - que mudou os rumos da civilização ensinando o amor ao próximo como lei básica da criação - tão desvirtuada está de suas finalidades que o nome dele é pouco citado e muito menos são enfatizados seus ensinamentos.
Um ou outro presépio, nos lembram dele e que ele nasceu tão pobre que seu primeiro berço foi uma manjedoura em um estábulo.
Se teve presentes trazidos por viajantes do oriente distante, teve também, em tenra idade, que fugir do ódio de um tirano ensandecido, tornando-se refugiado, como milhões de outras crianças pobres em nossos dias.
Por toda sua vida o vemos exaltando os bens do coração e do espírito, ensinando a solidariedade e o desapego.
Mesmo no momento mais poético de sua pregação, quando sobre o monte se dirigiu a multidão, são as bem-aventuranças aos pobres de espírito, aos sofredores e aos famintos de justiça que marcam para sempre sua mensagem.
Continua...
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Re: Estudos Avançados Espíritas
Continua...
Nunca mais nenhuma instituição humana poderia ignorar os desvalidos e os pequeninos de toda a sorte, para os quais o Reino dos Céus se abriu.
No "Pai Nosso", uma nova relação entre o homem e Deus inaugura-se, não mais o criador possessivo e ciumento, não mais o senhor dos exércitos a exigir sacrifícios, não mais o juiz severo, nem mesmo o carrasco impiedoso, mas sim o Pai amoroso e sábio.
Mesmo nesta prece, proferida diante dos injustiçados do mundo ensinando-os como se dirigir ao Pai eterno, os pedidos feitos a Causa Primaria de todas as coisas são singelos.
Jesus não enumera riquezas imensuráveis, nem prazeres mundanos, nem mesmo honrarias ou distinções, pede apenas o pão nosso de cada dia e o perdão de nossas dividas.
È assim que nosso hipotético extra-terrestre, nada ouvindo destas coisas, reportaria no seu planeta de origem, que visitou estranho recanto do Universo, onde seus habitantes adoram um velhinho simpático que distribui presentes e se veste com pesadas roupas de inverno, enquanto batalham furiosamente para buscar uma felicidade transitória que mal dura a abertura das embalagens.
Estranho recanto do Universo onde se canta em glória ao rei menino e se esquece que esse menino cresceu e respondendo a seus perseguidores disse que "meu reino ainda não é deste mundo".
Deus permita que a Boa Nova de Jesus de Nazaré, tão esquecida em nosso mundo, jamais se perca de todo.
Que no progresso do ser e da humanidade, finalmente venhamos a compreendê-la verdadeiramente e, como crianças que deixam as ilusões da infância e descobrem que o Papai Noel não existe, um dia cheguemos a ver no Natal não o pobre peru ou a árvore repleta de presentes, mas a lembrança de que o Reino de Deus está dentro de nós e que só seremos verdadeiramente felizes ao encontrá-lo.
"Glória a Deus nas alturas,
Paz na Terra,
Boa Vontade para com os homens".
Feliz Natal,
(Publicado no Boletim GEAE Número 447 de 24 de dezembro de 2002)
§.§.§- O-canto-da-ave
Nunca mais nenhuma instituição humana poderia ignorar os desvalidos e os pequeninos de toda a sorte, para os quais o Reino dos Céus se abriu.
No "Pai Nosso", uma nova relação entre o homem e Deus inaugura-se, não mais o criador possessivo e ciumento, não mais o senhor dos exércitos a exigir sacrifícios, não mais o juiz severo, nem mesmo o carrasco impiedoso, mas sim o Pai amoroso e sábio.
Mesmo nesta prece, proferida diante dos injustiçados do mundo ensinando-os como se dirigir ao Pai eterno, os pedidos feitos a Causa Primaria de todas as coisas são singelos.
Jesus não enumera riquezas imensuráveis, nem prazeres mundanos, nem mesmo honrarias ou distinções, pede apenas o pão nosso de cada dia e o perdão de nossas dividas.
È assim que nosso hipotético extra-terrestre, nada ouvindo destas coisas, reportaria no seu planeta de origem, que visitou estranho recanto do Universo, onde seus habitantes adoram um velhinho simpático que distribui presentes e se veste com pesadas roupas de inverno, enquanto batalham furiosamente para buscar uma felicidade transitória que mal dura a abertura das embalagens.
Estranho recanto do Universo onde se canta em glória ao rei menino e se esquece que esse menino cresceu e respondendo a seus perseguidores disse que "meu reino ainda não é deste mundo".
Deus permita que a Boa Nova de Jesus de Nazaré, tão esquecida em nosso mundo, jamais se perca de todo.
Que no progresso do ser e da humanidade, finalmente venhamos a compreendê-la verdadeiramente e, como crianças que deixam as ilusões da infância e descobrem que o Papai Noel não existe, um dia cheguemos a ver no Natal não o pobre peru ou a árvore repleta de presentes, mas a lembrança de que o Reino de Deus está dentro de nós e que só seremos verdadeiramente felizes ao encontrá-lo.
"Glória a Deus nas alturas,
Paz na Terra,
Boa Vontade para com os homens".
Feliz Natal,
(Publicado no Boletim GEAE Número 447 de 24 de dezembro de 2002)
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Um Estudo Comparativo Sobre a Psicografia
Jáder Sampaio
Parte I
Introdução*
Quase 140 anos se passaram após a publicação de "O Livro dos Espíritos" e o movimento espírita ainda tem a psicografia como um dos principais canais de comunicação com o mundo espiritual.
Fenómeno diferente da pneumatografia, ou escrita directa, onde as palavras surgem espontaneamente grafadas em um meio recipiente, papel, lousa, paredes ou outros lugares, a psicografia tem por mediação o psiquismo do médium, o que torna este fenómeno complexo e exige dos interessados na sua compreensão um esforço de análise das características da mesma.
Três linhas de estudo destacaram-se na literatura espírita.
A primeira discute a existência do fenómeno mediúnico e busca na psicografia uma base empírica para assegurar a tese da imortalidade e comunicabilidade das pessoas após a morte.
Nela se tenta refutar hipóteses alternativas à mediunidade de maneiras diversas.
A segunda, decorrente da primeira, tenta entender as diferenças do fenómeno psicográfico entre os médiuns e propor mecanismos diversos que o explicariam, bem como características que o distinguiriam de fenómenos anímicos (como a imaginação activa, por exemplo), fraudes e outras alternativas cabíveis e existentes.
A terceira abordagem, de orientação mais biologicista, conjugaria as alterações neurofisiológicas perceptíveis e tentaria compreender o funcionamento cerebral durante o fenómeno da psicografia.
Nosso objectivo com este artigo é agrupar em um mesmo texto ideias que se acham dispersas pela extensa literatura espírita sobre este tema e discuti-las, preservando suas origens.
A psicografia na obra de Kardec
Na introdução de "O livro dos espíritos" Kardec apresenta sumariamente a evolução dos fenómenos mediúnicos na prática quotidiana dos grupos espiritualistas da América e da França.
Essencialmente, as comunicações se davam por meio de batidas ("raps") que eram produzidas por espíritos em resposta a perguntas feitas pelos participantes, que logo providenciaram letras e passaram a apontá-las a fim de obter algum tipo de comunicação verbal com seus interlocutores.
Posteriormente, com o advento do movimento de mesas, foi tentado a adaptação de lápis a mesas leves, depois minúsculas e depois foi sugerido aos participantes que amarrassem um lápis em uma cesta e colocassem os dedos sobre a borda, o que a fez mover-se (assim como as mesas) sob a influência dos médiuns.
Temos, finalmente, os experimentos com o lápis na mão do médium que Kardec afirma "escrever por um impulso involuntário e quase febril" (1979, p. 21).
Continua...
Parte I
Introdução*
Quase 140 anos se passaram após a publicação de "O Livro dos Espíritos" e o movimento espírita ainda tem a psicografia como um dos principais canais de comunicação com o mundo espiritual.
Fenómeno diferente da pneumatografia, ou escrita directa, onde as palavras surgem espontaneamente grafadas em um meio recipiente, papel, lousa, paredes ou outros lugares, a psicografia tem por mediação o psiquismo do médium, o que torna este fenómeno complexo e exige dos interessados na sua compreensão um esforço de análise das características da mesma.
Três linhas de estudo destacaram-se na literatura espírita.
A primeira discute a existência do fenómeno mediúnico e busca na psicografia uma base empírica para assegurar a tese da imortalidade e comunicabilidade das pessoas após a morte.
Nela se tenta refutar hipóteses alternativas à mediunidade de maneiras diversas.
A segunda, decorrente da primeira, tenta entender as diferenças do fenómeno psicográfico entre os médiuns e propor mecanismos diversos que o explicariam, bem como características que o distinguiriam de fenómenos anímicos (como a imaginação activa, por exemplo), fraudes e outras alternativas cabíveis e existentes.
A terceira abordagem, de orientação mais biologicista, conjugaria as alterações neurofisiológicas perceptíveis e tentaria compreender o funcionamento cerebral durante o fenómeno da psicografia.
Nosso objectivo com este artigo é agrupar em um mesmo texto ideias que se acham dispersas pela extensa literatura espírita sobre este tema e discuti-las, preservando suas origens.
A psicografia na obra de Kardec
Na introdução de "O livro dos espíritos" Kardec apresenta sumariamente a evolução dos fenómenos mediúnicos na prática quotidiana dos grupos espiritualistas da América e da França.
Essencialmente, as comunicações se davam por meio de batidas ("raps") que eram produzidas por espíritos em resposta a perguntas feitas pelos participantes, que logo providenciaram letras e passaram a apontá-las a fim de obter algum tipo de comunicação verbal com seus interlocutores.
Posteriormente, com o advento do movimento de mesas, foi tentado a adaptação de lápis a mesas leves, depois minúsculas e depois foi sugerido aos participantes que amarrassem um lápis em uma cesta e colocassem os dedos sobre a borda, o que a fez mover-se (assim como as mesas) sob a influência dos médiuns.
Temos, finalmente, os experimentos com o lápis na mão do médium que Kardec afirma "escrever por um impulso involuntário e quase febril" (1979, p. 21).
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Em "O livro dos médiuns", Kardec descreveu detidamente diversos aparelhos utilizados como instrumentos psicográficos (capítulo 13) e classificou a estas práticas de "Psicografia Indirecta", contrapondo-as à "Psicografia Directa ou Manual".
Desde então, o codificador está atento às características peculiares deste fenómeno, tais como a mudança de caligrafia, as respostas fora do campo de conhecimento dos médiuns, os pensamentos que revelam uma inteligência superior, as páginas escritas em idiomas desconhecidos pelos intermediários e as respostas a perguntas mentais, dirigidas ao espírito comunicante sem o acesso do médium pelos cinco sentidos.
Os resultados da psicografia são diferenciados, o que fez com que Kardec observasse as variações deste fenómeno.
Quanto ao processo de realização do fenómeno, Kardec distinguiu dois tipos extremos:
a mediunidade mecânica e a intuitiva.
O psicógrafo mecânico é identificado pelo movimento involuntário da mão e a ausência de consciência do conteúdo da mensagem.
A psicografia intuitiva é o seu inverso, isto é, o espírito transmite suas ideias ao médium que as regista voluntariamente.
O tipo mais comum, segundo o autor, é um tipo intermediário, onde ao mesmo tempo o médium sente seu braço em movimento e lhe advém os pensamentos que estão sendo grafados.
Este tipo é chamado de psicografia semi-mecânica.
A mediunidade intuitiva ainda teria uma variedade que o codificador denominou médiuns inspirados.
Aqui a participação dos espíritos é tão subtil que o inspirado tem dificuldade de distinguir o que é pensamento deles e o que é produto da sua própria mente.
Nesta variedade encontrar-se-iam muitos artistas e "homens de génio" que seriam médiuns sem o saber, dada a dificuldade de identificar a participação dos espíritos desencarnados em seu trabalho.
Sem analisar os mecanismos subjacentes, Kardec ainda apresenta outras tipologias de médiuns psicógrafos focalizadas no resultado de seu trabalho:
os polígrafos, que têm sua letra alterada na comunicação, podendo apresentar a caligrafia que o comunicante possuía em vida (situação rara, segundo o codificador);
os poliglotas, que possuem a faculdade de escrever em línguas desconhecidas por eles e os iletrados, que escrevem a despeito de serem analfabetos.
(KARDEC, 1978. p. 226)
Ao discutir o papel do médium nas comunicações mediúnicas Kardec debate com um espírito (São Luís? Erasto? Timóteo? Ou será o próprio Kardec?) que lhe assegura o papel de intérprete que o psicógrafo sempre desempenha, seja intuitivo ou mecânico.
Com isto ele admite que os médiuns podem "alterar as respostas dos espíritos e assimilá-las às suas próprias ideias e a seus pendores"
(1978, p. 261).
Estudos que mostram evidências sobre a existência da comunicação com os mortos através da psicografia:
Bozzano, Perandréa e Severino
Continua...
Em "O livro dos médiuns", Kardec descreveu detidamente diversos aparelhos utilizados como instrumentos psicográficos (capítulo 13) e classificou a estas práticas de "Psicografia Indirecta", contrapondo-as à "Psicografia Directa ou Manual".
Desde então, o codificador está atento às características peculiares deste fenómeno, tais como a mudança de caligrafia, as respostas fora do campo de conhecimento dos médiuns, os pensamentos que revelam uma inteligência superior, as páginas escritas em idiomas desconhecidos pelos intermediários e as respostas a perguntas mentais, dirigidas ao espírito comunicante sem o acesso do médium pelos cinco sentidos.
Os resultados da psicografia são diferenciados, o que fez com que Kardec observasse as variações deste fenómeno.
Quanto ao processo de realização do fenómeno, Kardec distinguiu dois tipos extremos:
a mediunidade mecânica e a intuitiva.
O psicógrafo mecânico é identificado pelo movimento involuntário da mão e a ausência de consciência do conteúdo da mensagem.
A psicografia intuitiva é o seu inverso, isto é, o espírito transmite suas ideias ao médium que as regista voluntariamente.
O tipo mais comum, segundo o autor, é um tipo intermediário, onde ao mesmo tempo o médium sente seu braço em movimento e lhe advém os pensamentos que estão sendo grafados.
Este tipo é chamado de psicografia semi-mecânica.
A mediunidade intuitiva ainda teria uma variedade que o codificador denominou médiuns inspirados.
Aqui a participação dos espíritos é tão subtil que o inspirado tem dificuldade de distinguir o que é pensamento deles e o que é produto da sua própria mente.
Nesta variedade encontrar-se-iam muitos artistas e "homens de génio" que seriam médiuns sem o saber, dada a dificuldade de identificar a participação dos espíritos desencarnados em seu trabalho.
Sem analisar os mecanismos subjacentes, Kardec ainda apresenta outras tipologias de médiuns psicógrafos focalizadas no resultado de seu trabalho:
os polígrafos, que têm sua letra alterada na comunicação, podendo apresentar a caligrafia que o comunicante possuía em vida (situação rara, segundo o codificador);
os poliglotas, que possuem a faculdade de escrever em línguas desconhecidas por eles e os iletrados, que escrevem a despeito de serem analfabetos.
(KARDEC, 1978. p. 226)
Ao discutir o papel do médium nas comunicações mediúnicas Kardec debate com um espírito (São Luís? Erasto? Timóteo? Ou será o próprio Kardec?) que lhe assegura o papel de intérprete que o psicógrafo sempre desempenha, seja intuitivo ou mecânico.
Com isto ele admite que os médiuns podem "alterar as respostas dos espíritos e assimilá-las às suas próprias ideias e a seus pendores"
(1978, p. 261).
Estudos que mostram evidências sobre a existência da comunicação com os mortos através da psicografia:
Bozzano, Perandréa e Severino
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Bozzano escreveu cerca de 120 páginas, onde analisa casos de xenoglossia, obtidos através do automatismo escrevente, publicado em meados da década de 1930.
Diferentemente da metodologia adoptada por Severino, o metapsiquista italiano realiza estudos de casos, discutindo individualmente os resultados obtidos e discutindo teses associadas aos casos.
Basicamente, são discutidas cinco teses alternativas à tese espiritualista, que vão sendo postas de lado com a análise das características da casuística do pesquisador.
Entre os casos analisados sintetizamos sumariamente alguns:
* O espírito Imperátor dita a Staiton Moses trechos de livros antigos dos doutores da Igreja. (1910)
* Nas sessões da casa de Victor Hugo o Sr. Pinson faz perguntas em inglês para o irmão, desaparecido há doze anos que trata de coisas de família. (1854)
* A Sra. B. psicografa em caracteres hieráticos (conhecidos apenas por alguns especialistas no mundo todo, à época em que o fenómeno ocorreu) coisas que se passam no paquete em que está viajando. (1922)
* A Srta. Bedette (nome fictício), hipnotizada por Henri Sausse, redige uma mensagem atribuída a um Grão Vigário, em latim de convento antigo, segundo especialistas. (1911)
* A médium inglesa Estelle Roberts psicografa uma mensagem em holandês vulgar identificada pelos senhores De Jonge, holandeses presentes à reunião, que se convenceram ter originado de um filho/irmão já falecido.
Destaca-se o facto de estar escrito com os erros que o holandês comum comete quando fala, ou seja, em linguagem falada. (1931)
* A Sra. Curran psicografa o poema Telka, de autoria de um espírito que se denomina Patience Worth, em língua anglo-saxónica do século XVII, repleto de dizeres e locuções dialetais da época, contendo cerca de 70.000 palavras e escrito (270 páginas) e escrito em apenas 35 horas.
A qualidade do trabalho, juntamente com os aspectos linguísticos impressiona doutores das universidades britânicas que fornecem pareceres favoráveis à autenticidade da língua.
* Van Reuter e sua mãe dialogam com um padre que os responde em Russo, idioma que absolutamente desconheciam.
A grafia das palavras se dá nos caracteres da língua mãe (inglês), imitando a sonoridade do russo.
Embora eles conhecessem o inglês, o alemão, o francês, o espanhol, o italiano e um pouco de sueco e latim, obtiveram mensagens em húngaro, norueguês, polonês, holandês, lituano, irlandês, persa, árabe e turco, além do russo já citado. (1926)
Com base nestes relatos e em outros casos, melhor descritos em sua obra, Bozzano descarta as seguintes hipóteses explicativas:
1. Criptomnésia:
que tenta explicar os fenómenos mediúnicos com a ideia do subconsciente.
Continua...
Bozzano escreveu cerca de 120 páginas, onde analisa casos de xenoglossia, obtidos através do automatismo escrevente, publicado em meados da década de 1930.
Diferentemente da metodologia adoptada por Severino, o metapsiquista italiano realiza estudos de casos, discutindo individualmente os resultados obtidos e discutindo teses associadas aos casos.
Basicamente, são discutidas cinco teses alternativas à tese espiritualista, que vão sendo postas de lado com a análise das características da casuística do pesquisador.
Entre os casos analisados sintetizamos sumariamente alguns:
* O espírito Imperátor dita a Staiton Moses trechos de livros antigos dos doutores da Igreja. (1910)
* Nas sessões da casa de Victor Hugo o Sr. Pinson faz perguntas em inglês para o irmão, desaparecido há doze anos que trata de coisas de família. (1854)
* A Sra. B. psicografa em caracteres hieráticos (conhecidos apenas por alguns especialistas no mundo todo, à época em que o fenómeno ocorreu) coisas que se passam no paquete em que está viajando. (1922)
* A Srta. Bedette (nome fictício), hipnotizada por Henri Sausse, redige uma mensagem atribuída a um Grão Vigário, em latim de convento antigo, segundo especialistas. (1911)
* A médium inglesa Estelle Roberts psicografa uma mensagem em holandês vulgar identificada pelos senhores De Jonge, holandeses presentes à reunião, que se convenceram ter originado de um filho/irmão já falecido.
Destaca-se o facto de estar escrito com os erros que o holandês comum comete quando fala, ou seja, em linguagem falada. (1931)
* A Sra. Curran psicografa o poema Telka, de autoria de um espírito que se denomina Patience Worth, em língua anglo-saxónica do século XVII, repleto de dizeres e locuções dialetais da época, contendo cerca de 70.000 palavras e escrito (270 páginas) e escrito em apenas 35 horas.
A qualidade do trabalho, juntamente com os aspectos linguísticos impressiona doutores das universidades britânicas que fornecem pareceres favoráveis à autenticidade da língua.
* Van Reuter e sua mãe dialogam com um padre que os responde em Russo, idioma que absolutamente desconheciam.
A grafia das palavras se dá nos caracteres da língua mãe (inglês), imitando a sonoridade do russo.
Embora eles conhecessem o inglês, o alemão, o francês, o espanhol, o italiano e um pouco de sueco e latim, obtiveram mensagens em húngaro, norueguês, polonês, holandês, lituano, irlandês, persa, árabe e turco, além do russo já citado. (1926)
Com base nestes relatos e em outros casos, melhor descritos em sua obra, Bozzano descarta as seguintes hipóteses explicativas:
1. Criptomnésia:
que tenta explicar os fenómenos mediúnicos com a ideia do subconsciente.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
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Para esta hipótese, durante o fenómeno emergiriam conhecimentos adquiridos e depois esquecidos e conhecimentos adquiridos inconscientemente (tese esta bastante estranha aos psicólogos até os dias de hoje, seria necessário demonstrar que isto é possível).
Esta explicação é insuficiente para os detalhes do caso da Sra. B. ou da mensagem de Estelle Roberts.
2. Telemnésia ou clarividência telepática:
que tenta explicar os fenômenos através da incursão do médium no subconsciente (!!) dos presentes e dos ausentes (!!!).
Esta hipótese também se mostra insuficiente para explicar fenómenos como o poema de Patience Worth e muito menos qualquer situação que exija raciocínio associado ao conhecimento para aplicação em situações que estão se desenrolando no momento (como no caso da Sra. B.).
3. Telestesia:
que toma a forma de leitura à distância de livros fechados e que Bozzano admite existir e estar suficientemente comprovada, mas que não explica os casos onde as frases retiradas de livros foram empregadas para responder a questões propostas no momento.
A hipótese, por demais mecânica, será sempre insuficiente para explicar situações onde se haja a manifestação de raciocínio e de uma personalidade distinta da do médium.
4. Memória ancestral:
que entende que os conhecimentos apresentados nos fenómenos são fruto da herança genética do sensitivo.
Bozzano entende que esta hipótese não explicaria o fenómeno da Sra. B., que precisaria ter herdado conhecimentos de um improvável ancestral que tivesse morado no oriente a cerca de 5.000 anos, ou de outros casos onde se relata o conhecimento de uma dúzia de línguas diversas, escritas correctamente através de um médium, especialmente de línguas extintas.
5. Reservatório cósmico das memórias individuais:
que é uma hipótese desenvolvida por William James e que não explica os casos onde o conteúdo da mensagem não trata apenas de ocorrências passadas, mas de uma “actividade inteligente desenvolvida na actualidade e em correspondência com situações do momento”
(BOZZANO, 1980. p. 204).
6. Consciência cósmica:
que é uma hipótese de Hartmann que afirma estarem os sensitivos em contacto directo com Deus, o que faz com que Bozzano argumente não poder comprovar ou descartar através de casos este tipo de proposição explicativa.
Ele tece algumas considerações, como achar estranho que a divindade se fizesse passar por espíritos, enganando os homens, ou que se fizesse agente de uma mistificação feita por um homem para com os demais.
Tendo, pois, nos fenómenos de xenoglossia o seu “corvo branco”, Bozzano se põe francamente favorável à tese espiritualista, que propõe serem certos fenómenos produzidos pelos espíritos dos mortos.
Continua...
Para esta hipótese, durante o fenómeno emergiriam conhecimentos adquiridos e depois esquecidos e conhecimentos adquiridos inconscientemente (tese esta bastante estranha aos psicólogos até os dias de hoje, seria necessário demonstrar que isto é possível).
Esta explicação é insuficiente para os detalhes do caso da Sra. B. ou da mensagem de Estelle Roberts.
2. Telemnésia ou clarividência telepática:
que tenta explicar os fenômenos através da incursão do médium no subconsciente (!!) dos presentes e dos ausentes (!!!).
Esta hipótese também se mostra insuficiente para explicar fenómenos como o poema de Patience Worth e muito menos qualquer situação que exija raciocínio associado ao conhecimento para aplicação em situações que estão se desenrolando no momento (como no caso da Sra. B.).
3. Telestesia:
que toma a forma de leitura à distância de livros fechados e que Bozzano admite existir e estar suficientemente comprovada, mas que não explica os casos onde as frases retiradas de livros foram empregadas para responder a questões propostas no momento.
A hipótese, por demais mecânica, será sempre insuficiente para explicar situações onde se haja a manifestação de raciocínio e de uma personalidade distinta da do médium.
4. Memória ancestral:
que entende que os conhecimentos apresentados nos fenómenos são fruto da herança genética do sensitivo.
Bozzano entende que esta hipótese não explicaria o fenómeno da Sra. B., que precisaria ter herdado conhecimentos de um improvável ancestral que tivesse morado no oriente a cerca de 5.000 anos, ou de outros casos onde se relata o conhecimento de uma dúzia de línguas diversas, escritas correctamente através de um médium, especialmente de línguas extintas.
5. Reservatório cósmico das memórias individuais:
que é uma hipótese desenvolvida por William James e que não explica os casos onde o conteúdo da mensagem não trata apenas de ocorrências passadas, mas de uma “actividade inteligente desenvolvida na actualidade e em correspondência com situações do momento”
(BOZZANO, 1980. p. 204).
6. Consciência cósmica:
que é uma hipótese de Hartmann que afirma estarem os sensitivos em contacto directo com Deus, o que faz com que Bozzano argumente não poder comprovar ou descartar através de casos este tipo de proposição explicativa.
Ele tece algumas considerações, como achar estranho que a divindade se fizesse passar por espíritos, enganando os homens, ou que se fizesse agente de uma mistificação feita por um homem para com os demais.
Tendo, pois, nos fenómenos de xenoglossia o seu “corvo branco”, Bozzano se põe francamente favorável à tese espiritualista, que propõe serem certos fenómenos produzidos pelos espíritos dos mortos.
Continua...
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Re: Estudos Avançados Espíritas
Continua...
Em outras obras Ernesto Bozzano retomaria esta questão, mas para o estudo da psicografia, esta se faz suficiente para expressar o tipo de preocupações que o envolve e as conclusões a que chega.
O Dr Carlos Augusto Perandréa publicou um trabalho onde realizava exames grafotécnicos em uma mensagem psicografada em idioma italiano por Francisco Cândido Xavier.
O presente técnico é perito com mais de 25 anos de experiência, advogado, professor de datiloscopia e grafoscopia, entre outras disciplinas, e publicou livros sobre o assunto, não podendo, em hipótese alguma, ser qualificado como um leigo bem intencionado.
Entre as técnicas disponíveis, o pesquisador preferiu a análise da génese gráfica, utilizou peças da escrita comum do médium e do espírito comunicante quando encarnado e realizou superposição por transparência para fins de comparação.
Considerando a singularidade do fenómeno psicográfico, o autor se serviu de trabalhos que tratam de escrita com "mão guiada", "mão forçada" e "mão auxiliada" realizadas para tirar dúvidas quanto a autoria de testamentos que foram redigidos com auxílio alheio.
O espírito comunicante se identificou como "Ilda Mascaro Saullo", falecida em Roma, na Itália, em 20 de dezembro de 1977.
Suas conclusões são claras e intrigantes.
Transcrevemo-las abaixo:
"A mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em 22 de julho de 1978, atribuída a Ilda Mascaro Saullo, contém, conforme demonstração fotográfica (figs. 13 a 18), em "número" e em "qualidade", consideráveis e irrefutáveis características de génese gráfica suficientes para a revelação e identificação de Ilda Mascaro Saullo como autora da mensagem questionada.
Em menor número, constam, também, elementos de génese gráfica, que coincidem com os existentes na escrita-padrão de Francisco Cândido Xavier."
(PERANDRÉA, 1991. p. 56)
O Sr. Paulo Rossi Severino (1991), auxiliado por membros da Associação Médico Espírita do Estado de São Paulo, realizou uma pesquisa com quarenta e cinco mensagens de parentes falecidos, recebidas por Franscisco Cândido Xavier.
Basicamente, ele realizou entrevistas com parentes das pessoas que assinaram as mensagens, onde faz uma identificação mais minuciosa do espírito comunicante, das condições em que a mensagem foi recebida, de possíveis erros encontrados na mesma e das informações que o médium não dispunha, entre outras.
Embora não se ache descrito na metodologia do trabalho, ele parece ter obtido as assinaturas dos espíritos, enquanto vivos, para compará-las com as obtidas por Francisco Cândido Xavier.
Pouco mais da metade dos informantes de Paulo Severino não professam a religião espírita e apenas 20 % dos espíritos comunicantes eram espíritas enquanto encarnados.
Em 93,3% dos casos, o médium não conheceu o informante antes do óbito.
Em 93,3% das mensagens encontram-se relatos de factos pessoais, sendo que em 71,1% há o relato de mais de três casos por mensagem.
Continua...
Em outras obras Ernesto Bozzano retomaria esta questão, mas para o estudo da psicografia, esta se faz suficiente para expressar o tipo de preocupações que o envolve e as conclusões a que chega.
O Dr Carlos Augusto Perandréa publicou um trabalho onde realizava exames grafotécnicos em uma mensagem psicografada em idioma italiano por Francisco Cândido Xavier.
O presente técnico é perito com mais de 25 anos de experiência, advogado, professor de datiloscopia e grafoscopia, entre outras disciplinas, e publicou livros sobre o assunto, não podendo, em hipótese alguma, ser qualificado como um leigo bem intencionado.
Entre as técnicas disponíveis, o pesquisador preferiu a análise da génese gráfica, utilizou peças da escrita comum do médium e do espírito comunicante quando encarnado e realizou superposição por transparência para fins de comparação.
Considerando a singularidade do fenómeno psicográfico, o autor se serviu de trabalhos que tratam de escrita com "mão guiada", "mão forçada" e "mão auxiliada" realizadas para tirar dúvidas quanto a autoria de testamentos que foram redigidos com auxílio alheio.
O espírito comunicante se identificou como "Ilda Mascaro Saullo", falecida em Roma, na Itália, em 20 de dezembro de 1977.
Suas conclusões são claras e intrigantes.
Transcrevemo-las abaixo:
"A mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em 22 de julho de 1978, atribuída a Ilda Mascaro Saullo, contém, conforme demonstração fotográfica (figs. 13 a 18), em "número" e em "qualidade", consideráveis e irrefutáveis características de génese gráfica suficientes para a revelação e identificação de Ilda Mascaro Saullo como autora da mensagem questionada.
Em menor número, constam, também, elementos de génese gráfica, que coincidem com os existentes na escrita-padrão de Francisco Cândido Xavier."
(PERANDRÉA, 1991. p. 56)
O Sr. Paulo Rossi Severino (1991), auxiliado por membros da Associação Médico Espírita do Estado de São Paulo, realizou uma pesquisa com quarenta e cinco mensagens de parentes falecidos, recebidas por Franscisco Cândido Xavier.
Basicamente, ele realizou entrevistas com parentes das pessoas que assinaram as mensagens, onde faz uma identificação mais minuciosa do espírito comunicante, das condições em que a mensagem foi recebida, de possíveis erros encontrados na mesma e das informações que o médium não dispunha, entre outras.
Embora não se ache descrito na metodologia do trabalho, ele parece ter obtido as assinaturas dos espíritos, enquanto vivos, para compará-las com as obtidas por Francisco Cândido Xavier.
Pouco mais da metade dos informantes de Paulo Severino não professam a religião espírita e apenas 20 % dos espíritos comunicantes eram espíritas enquanto encarnados.
Em 93,3% dos casos, o médium não conheceu o informante antes do óbito.
Em 93,3% das mensagens encontram-se relatos de factos pessoais, sendo que em 71,1% há o relato de mais de três casos por mensagem.
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Re: Estudos Avançados Espíritas
Continua...
Em 55,6% das, mensagens se encontram palavras peculiares e em 60% se encontram frases peculiares do "falecido".
O estilo peculiar do comunicante é reconhecido pelos familiares em 57,8% das mensagens e mais de 6 factos comprovados são descritos na comunicação em 62,2% das mesmas.
Não se encontram erros relatados em nenhuma das mensagens pesquisadas.
E uma última característica que transcrevemos do trabalho citado se encontra registada na figura 1:
(Continua no próximo Boletim)
(*) (Trabalho apresentado no Grupo de Estudos da Associação Espírita Célia Xavier em Março de 1996.)
Fontes Bibliográficas
* ANDRÉ LUIZ. Missionários da luz. Rio de Janeiro: FEB, 1980. [Psicografado por Francisco Cândido Xavier]
* ______ Nos domínios da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1979. [Psicografado por Francisco Cândido Xavier]
* ______ Mecanismos da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1977. [Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira]
* ARMOND, Edgard. Mediunidade. São Paulo: Aliança, 1982.
* BOZZANO, Ernesto. Xenoglossia. Rio de Janeiro: FEB, 1980.
* CERVIÑO, Jayme. Além do inconsciente. Rio de Janeiro: FEB, 1979.
* ERNY, Alfred. O psiquismo experimental. Rio de Janeiro: FEB, 1982.
* KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1978.
* _____ O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1978.
* MACHADO, Ângelo B. M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
* MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos carismas (vol. 2). Niterói-RJ.: Arte e Cultura, 1991.
* MOSES, W. Staiton. Ensinos espiritualistas. Rio de Janeiro: FEB, 1981.
* PERANDRÉA, Carlos Augusto. A psicografia à luz da grafoscopia. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1991.
* SEVERINO, Paulo Rossi. A vida triunfa. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1992.
(Publicado no Boletim GEAE Número 449 de 11 de fevereiro de 2003)
§.§.§- O-canto-da-ave
Em 55,6% das, mensagens se encontram palavras peculiares e em 60% se encontram frases peculiares do "falecido".
O estilo peculiar do comunicante é reconhecido pelos familiares em 57,8% das mensagens e mais de 6 factos comprovados são descritos na comunicação em 62,2% das mesmas.
Não se encontram erros relatados em nenhuma das mensagens pesquisadas.
E uma última característica que transcrevemos do trabalho citado se encontra registada na figura 1:
(Continua no próximo Boletim)
(*) (Trabalho apresentado no Grupo de Estudos da Associação Espírita Célia Xavier em Março de 1996.)
Fontes Bibliográficas
* ANDRÉ LUIZ. Missionários da luz. Rio de Janeiro: FEB, 1980. [Psicografado por Francisco Cândido Xavier]
* ______ Nos domínios da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1979. [Psicografado por Francisco Cândido Xavier]
* ______ Mecanismos da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1977. [Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira]
* ARMOND, Edgard. Mediunidade. São Paulo: Aliança, 1982.
* BOZZANO, Ernesto. Xenoglossia. Rio de Janeiro: FEB, 1980.
* CERVIÑO, Jayme. Além do inconsciente. Rio de Janeiro: FEB, 1979.
* ERNY, Alfred. O psiquismo experimental. Rio de Janeiro: FEB, 1982.
* KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1978.
* _____ O livro dos médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1978.
* MACHADO, Ângelo B. M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
* MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos carismas (vol. 2). Niterói-RJ.: Arte e Cultura, 1991.
* MOSES, W. Staiton. Ensinos espiritualistas. Rio de Janeiro: FEB, 1981.
* PERANDRÉA, Carlos Augusto. A psicografia à luz da grafoscopia. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1991.
* SEVERINO, Paulo Rossi. A vida triunfa. São Paulo: Editora Jornalística Fé, 1992.
(Publicado no Boletim GEAE Número 449 de 11 de fevereiro de 2003)
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Um Estudo Comparativo Sobre a Psicografia
Jáder Sampaio
Parte II
(Continuação Boletim anterior)
Psicografia e escrita automática:
a faculdade de Staiton Moses
Os espíritas de países de língua inglesa geralmente utilizam diferentemente os termos relacionados à escrita mediúnica.
A palavra psicografia designa os fenómenos de escrita directa, que Kardec denominava como pneumatografia.
Para os médiuns escreventes, os anglo-saxões denominam sua faculdade como escrita automática.
(ERNY, 1982. p. 42)
Um dos médiuns ingleses que nos legou uma descrição do desenvolvimento da sua mediunidade foi Staiton Moses.
A psicografia (no sentido kardequiano) iniciou-se em março de 1873.
Inicialmente sua escrita era miúda, irregular e lenta, de tal forma que tinha que vigiar a mão para que o ditado não acabasse incoerente ou com garatujas.
Como possuísse psicografia mecânica, com o passar do tempo pode prescindir destes cuidados.
No livro traduzido para o português (MOSES, 1981) ele apresenta alguns expedientes que ele adoptava, como psicografar em um determinado caderno que lhe facilitaria esta actividade (tese da impregnação pela aura psíquica), que consideramos desnecessários e improváveis nos dias de hoje.
Uma de suas preocupações era de preservar o carácter sério e os objectivos de instrução e esclarecimento através de suas faculdades, o que certamente o preservou de expor-se a espíritos levianos (encarnados e desencarnados).
As primeiras comunicações obtidas por ele tinham por comunicante um espírito que se identificava como Doctor, e que tinha o papel de instrutor do médium.
Posteriormente vieram outros, mas uma peculiaridade do trabalho de Staiton Moses era a presença continuada de um espírito que se identificava como Rector, que psicografava através dele com muita facilidade, e que muitas vezes trabalhava como uma espécie de secretário de outros espíritos, isto é, escrevia o que lhe diziam.
Um dos espíritos que se servia de Rector é o espírito Imperator, que ditou quase todas as mensagens que compõem o livro “Ensinos Espiritualistas”.
Com o desenvolvimento de suas faculdades, Moses chegou a distrair-se intencionalmente durante as comunicações para certificar-se de que estas não provinham de si mesmo.
“De facto, as comunicações tomaram logo um carácter sobre o qual não podia eu ter dúvidas, pois que as opiniões emitidas eram contrárias ao meu modo de pensar.
Distraía-me propositadamente durante o tempo em que a escrita se produzia, e cheguei a abstrair-me na leitura de um livro e a seguir um raciocínio cerrado, enquanto a minha mão escrevia com constante regularidade.
Continua...
Parte II
(Continuação Boletim anterior)
Psicografia e escrita automática:
a faculdade de Staiton Moses
Os espíritas de países de língua inglesa geralmente utilizam diferentemente os termos relacionados à escrita mediúnica.
A palavra psicografia designa os fenómenos de escrita directa, que Kardec denominava como pneumatografia.
Para os médiuns escreventes, os anglo-saxões denominam sua faculdade como escrita automática.
(ERNY, 1982. p. 42)
Um dos médiuns ingleses que nos legou uma descrição do desenvolvimento da sua mediunidade foi Staiton Moses.
A psicografia (no sentido kardequiano) iniciou-se em março de 1873.
Inicialmente sua escrita era miúda, irregular e lenta, de tal forma que tinha que vigiar a mão para que o ditado não acabasse incoerente ou com garatujas.
Como possuísse psicografia mecânica, com o passar do tempo pode prescindir destes cuidados.
No livro traduzido para o português (MOSES, 1981) ele apresenta alguns expedientes que ele adoptava, como psicografar em um determinado caderno que lhe facilitaria esta actividade (tese da impregnação pela aura psíquica), que consideramos desnecessários e improváveis nos dias de hoje.
Uma de suas preocupações era de preservar o carácter sério e os objectivos de instrução e esclarecimento através de suas faculdades, o que certamente o preservou de expor-se a espíritos levianos (encarnados e desencarnados).
As primeiras comunicações obtidas por ele tinham por comunicante um espírito que se identificava como Doctor, e que tinha o papel de instrutor do médium.
Posteriormente vieram outros, mas uma peculiaridade do trabalho de Staiton Moses era a presença continuada de um espírito que se identificava como Rector, que psicografava através dele com muita facilidade, e que muitas vezes trabalhava como uma espécie de secretário de outros espíritos, isto é, escrevia o que lhe diziam.
Um dos espíritos que se servia de Rector é o espírito Imperator, que ditou quase todas as mensagens que compõem o livro “Ensinos Espiritualistas”.
Com o desenvolvimento de suas faculdades, Moses chegou a distrair-se intencionalmente durante as comunicações para certificar-se de que estas não provinham de si mesmo.
“De facto, as comunicações tomaram logo um carácter sobre o qual não podia eu ter dúvidas, pois que as opiniões emitidas eram contrárias ao meu modo de pensar.
Distraía-me propositadamente durante o tempo em que a escrita se produzia, e cheguei a abstrair-me na leitura de um livro e a seguir um raciocínio cerrado, enquanto a minha mão escrevia com constante regularidade.
Continua...
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Re: Estudos Avançados Espíritas
Continua...
As comunicações assim dadas enchiam inúmeras páginas, sem haver correcção nem faltas de composição, revelando muitas vezes um estilo belo e vigoroso.”
(MOSES, 1981. p. 27)
Ainda nos dias de hoje alguns autores propõem que os médiuns psicógrafos em desenvolvimento façam este tipo de exercício, psicografando ao mesmo tempo em que ocupam a mente com conteúdos diversos, como é o caso de Armond (1986).
Mecanismos da psicografia
Encontramos dois momentos nos livros do espírito André Luiz onde este se detém a tecer considerações mais detalhadas sobre a psicografia.
Em “Missionários da Luz”, no capítulo “o psicógrafo”, o autor espiritual descreve a sua percepção de uma sessão de psicografia.
Um dos pontos bem destacados pelo autor espiritual é o desenvolvimento da ideia de que o médium não é um ser passivo, um mero aparelho, mas um espírito, tendo por consequência, participação activa no fenómeno da psicografia.
Ele se detém na preparação do ambiente e do médium, descrevendo minuciosamente as intervenções que os espíritos fazem no sistema nervoso dos intermediários entre “dois mundos”.
Posteriormente, o autor se detém na glândula pineal, descrevendo o seu papel nas comunicações mediúnicas de uma forma geral.
Ela, entre outras funções, participaria no processo de “recepção e emissão das ondas peculiares à esfera espiritual”, que se intensificaria no exercício mediúnico.
Outra descrição curiosa diz respeito à actuação dos espíritos no cérebro do médium.
André Luiz descreve o espírito comunicante “vasculhando” o centro da memória do psicógrafo, minutos antes da comunicação, em busca de elementos que lhe facilitem a expressão das ideias.
Outra descrição curiosa diz respeito à actuação de um terceiro espírito junto às “fibras inibidoras do lobo frontal”, o que reduziria a influência do médium no fenómeno.
Uma explicação importante que este espírito desenvolve no seu trabalho, lança luzes ao mecanismo das comunicações mediúnicas em geral, e da psicografia em especial.
O processo de “apossar-se do braço” do médium se dá com intermediação do cérebro do mesmo e não directamente sobre o braço.
No livro citado acima, ele regista uma “mudança de coloração da zona motora do cérebro” durante a comunicação através da psicografia, causada, portanto, em decorrência da actuação do comunicante.
As áreas motoras do córtex cerebral são parte das grandes vias eferentes, ou seja, os impulsos nervosos seguem delas em direcção aos órgãos efectuadores (e não o contrário), sendo responsável pelos movimentos voluntários (sistema piramidal) ou por movimentos automáticos, regulação de tónus e postura (sistema extrapiramidal).
Continua...
As comunicações assim dadas enchiam inúmeras páginas, sem haver correcção nem faltas de composição, revelando muitas vezes um estilo belo e vigoroso.”
(MOSES, 1981. p. 27)
Ainda nos dias de hoje alguns autores propõem que os médiuns psicógrafos em desenvolvimento façam este tipo de exercício, psicografando ao mesmo tempo em que ocupam a mente com conteúdos diversos, como é o caso de Armond (1986).
Mecanismos da psicografia
Encontramos dois momentos nos livros do espírito André Luiz onde este se detém a tecer considerações mais detalhadas sobre a psicografia.
Em “Missionários da Luz”, no capítulo “o psicógrafo”, o autor espiritual descreve a sua percepção de uma sessão de psicografia.
Um dos pontos bem destacados pelo autor espiritual é o desenvolvimento da ideia de que o médium não é um ser passivo, um mero aparelho, mas um espírito, tendo por consequência, participação activa no fenómeno da psicografia.
Ele se detém na preparação do ambiente e do médium, descrevendo minuciosamente as intervenções que os espíritos fazem no sistema nervoso dos intermediários entre “dois mundos”.
Posteriormente, o autor se detém na glândula pineal, descrevendo o seu papel nas comunicações mediúnicas de uma forma geral.
Ela, entre outras funções, participaria no processo de “recepção e emissão das ondas peculiares à esfera espiritual”, que se intensificaria no exercício mediúnico.
Outra descrição curiosa diz respeito à actuação dos espíritos no cérebro do médium.
André Luiz descreve o espírito comunicante “vasculhando” o centro da memória do psicógrafo, minutos antes da comunicação, em busca de elementos que lhe facilitem a expressão das ideias.
Outra descrição curiosa diz respeito à actuação de um terceiro espírito junto às “fibras inibidoras do lobo frontal”, o que reduziria a influência do médium no fenómeno.
Uma explicação importante que este espírito desenvolve no seu trabalho, lança luzes ao mecanismo das comunicações mediúnicas em geral, e da psicografia em especial.
O processo de “apossar-se do braço” do médium se dá com intermediação do cérebro do mesmo e não directamente sobre o braço.
No livro citado acima, ele regista uma “mudança de coloração da zona motora do cérebro” durante a comunicação através da psicografia, causada, portanto, em decorrência da actuação do comunicante.
As áreas motoras do córtex cerebral são parte das grandes vias eferentes, ou seja, os impulsos nervosos seguem delas em direcção aos órgãos efectuadores (e não o contrário), sendo responsável pelos movimentos voluntários (sistema piramidal) ou por movimentos automáticos, regulação de tónus e postura (sistema extrapiramidal).
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Re: Estudos Avançados Espíritas
Continua...
Ao leitor que desejar mais informações sobre o assunto, sugerimos a leitura de MACHADO (1983).
Em um outro livro (ANDRÉ LUIZ, 1977), o autor espiritual retoma a discussão dos mecanismos da psicografia, deixando ainda mais clara esta sua afirmação.
“Com base no magnetismo enobrecido, os instrutores desencarnados influenciam os mecanismos do cérebro para a formação de certos fenómenos, como acontece aos musicistas que tangem as cordas do piano na produção da melodia.
E assim como as ondas sonoras se associam na música, as ondas mentais se conjugam na expressão. (...)
Nessa base, identificamos a psicografia, desde a estritamente mecânica até a intuitiva, a incorporação em graus diversos de inconsciência, as inspirações e premonições.”
(ANDRÉ LUIZ, 1977. p. 133-134 - os grifos são nossos)
Outro autor que trata sobre o mesmo assunto é o neurologista (e espírita) Jayme Cerviño.
Ele se detém na distinção entre a psicografia mecânica e a intuitiva, como se pode observar no parágrafo abaixo:
“Na psicografia e na psicofonia, os centros e as vias motoras que constituem a base material da linguagem escrita ou falada expressam, de modo automático, a mensagem, parapsíquica.
Os médiuns psicógrafos ou escreventes são, desde Allan Kardec, classificados em intuitivos, “mecânicos” ou automáticos e “semi-mecânicos” ou semi-automáticos.
A primeira categoria, válida para fins meramente didáticos, é criticável em termos de ciência.”
(CERVINO, 1979. p.129)
Cerviño entende que a diferença entre os tipos de psicografia é devido à área cerebral afectada pelo espírito durante a comunicação.
A intuição envolveria as regiões pré-frontais ou pólo-frontais do córtex, sem a participação dos centros verbo-motores.
Já a psicografia motora relacionar-se-ia com os centros gráficos da palavra, região cortical que atuaria dissociadamente das demais, durante o transe.
Este autor entende que os psicógrafos intuitivos são criticáveis em termos de ciência, porque nas comunicações ordinárias ficar-se-ia em dúvida se o conteúdo da mensagem é dele próprio ou de um espírito desencarnado.
Assim como outros autores, ele considera que a palavra psicografia deveria ser empregada quando é visível a participação automática dos centros e vias motoras, ou seja, no caso das psicografias mecânica e semi-mecânica de Kardec.
Não consideramos tal procedimento necessário, mas concordamos que para efeito de compreensão, dada a diferença entre os fenómenos, a classificação deva ser sempre feita por completo (psicografia intuitiva, psicografia mecânica ou psicografia semi-mecânica).
Continua...
Ao leitor que desejar mais informações sobre o assunto, sugerimos a leitura de MACHADO (1983).
Em um outro livro (ANDRÉ LUIZ, 1977), o autor espiritual retoma a discussão dos mecanismos da psicografia, deixando ainda mais clara esta sua afirmação.
“Com base no magnetismo enobrecido, os instrutores desencarnados influenciam os mecanismos do cérebro para a formação de certos fenómenos, como acontece aos musicistas que tangem as cordas do piano na produção da melodia.
E assim como as ondas sonoras se associam na música, as ondas mentais se conjugam na expressão. (...)
Nessa base, identificamos a psicografia, desde a estritamente mecânica até a intuitiva, a incorporação em graus diversos de inconsciência, as inspirações e premonições.”
(ANDRÉ LUIZ, 1977. p. 133-134 - os grifos são nossos)
Outro autor que trata sobre o mesmo assunto é o neurologista (e espírita) Jayme Cerviño.
Ele se detém na distinção entre a psicografia mecânica e a intuitiva, como se pode observar no parágrafo abaixo:
“Na psicografia e na psicofonia, os centros e as vias motoras que constituem a base material da linguagem escrita ou falada expressam, de modo automático, a mensagem, parapsíquica.
Os médiuns psicógrafos ou escreventes são, desde Allan Kardec, classificados em intuitivos, “mecânicos” ou automáticos e “semi-mecânicos” ou semi-automáticos.
A primeira categoria, válida para fins meramente didáticos, é criticável em termos de ciência.”
(CERVINO, 1979. p.129)
Cerviño entende que a diferença entre os tipos de psicografia é devido à área cerebral afectada pelo espírito durante a comunicação.
A intuição envolveria as regiões pré-frontais ou pólo-frontais do córtex, sem a participação dos centros verbo-motores.
Já a psicografia motora relacionar-se-ia com os centros gráficos da palavra, região cortical que atuaria dissociadamente das demais, durante o transe.
Este autor entende que os psicógrafos intuitivos são criticáveis em termos de ciência, porque nas comunicações ordinárias ficar-se-ia em dúvida se o conteúdo da mensagem é dele próprio ou de um espírito desencarnado.
Assim como outros autores, ele considera que a palavra psicografia deveria ser empregada quando é visível a participação automática dos centros e vias motoras, ou seja, no caso das psicografias mecânica e semi-mecânica de Kardec.
Não consideramos tal procedimento necessário, mas concordamos que para efeito de compreensão, dada a diferença entre os fenómenos, a classificação deva ser sempre feita por completo (psicografia intuitiva, psicografia mecânica ou psicografia semi-mecânica).
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