LUZ ESPÍRITA
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Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:22 pm

Saudade
Sentir saudade! Mergulhar nela tanto pode ser agradável como fazer brotar um sentimento de perda e de insatisfação.
Sou um saudoso. Não que viva cultuando o passado, nem que sinta falta de alguma coisa. Mas gosto de recordar momentos preciosos que falaram muito a meus mais caros sentimentos e reviver aquelas alegrias. Não é a saudade da falta, nem vontade de voltar ao passado, mas é o prazer de sentir de novo as emoções de momentos felizes.
É perceber o bem que recebemos da vida. É a confirmação de que o amor divino é pródigo em nos fazer felizes. É um misto de prazer e gratidão, é a alegria de viver.
Saudade para mim é isso. Para vocês não? Tenho observado o que as pessoas fazem com os próprios sentimentos e percebido o quanto têm usado mal essa palavra.
Claro que ninguém sente saudade das coisas desagradáveis. O desejo de sentir de novo, de voltar ao que passou, vem do prazer que esses momentos nos proporcionaram. Isso seria o lógico, o natural, mas não é o que ocorre.
Por causa das nossa ilusões.
Não acreditam? Pensam que são as pessoas mais “realistas” do mundo?
Será mesmo?
Parece-me ver alguns dizerem que “afinal um pouco de ilusão é a forma de adoçar a dura realidade do dia-a-dia”. Você também pensa assim?
Valorizar a ilusão é o mesmo que preferir a infelicidade, a frustração, a cegueira espiritual. O medo da realidade que julgamos ruim nos faz criar e desenvolver sonhos para o futuro que nos tomam incapacitados para perceber e apreciar todo o bem, todas as coisas boas que nos acontecem no dia-a-dia.
Você tem muitos sonhos nos quais, por fim, alcança a felicidade completa?
Posso entender. Eu também já fui assim. Essa ilusão que nos impede de desfrutar os bons momentos do presente desenvolve também um sentimento de frustração que se mistura à nossa saudade. Faz com que, ao voltarmos os olhos para o passado, nos sintamos logrados, decepcionados. E nessa situação nos culpamos, nos acusamos disto ou daquilo, criticando nosso comportamento, pensando que se tivéssemos agido desta ou daquela forma teríamos conquistado nosso sonho.— Se eu pudesse voltar atrás, agiria diferente! — costumamos dizer.
Quer maior ilusão do que esta? Nós agimos como podíamos ter agido na época. Sempre pensamos fazer o melhor. Se deu errado, foi porque estávamos equivocados. Se a mesma situação ocorresse hoje, tentaríamos outra coisa, mas nada garante que chegaríamos ao ponto desejado. E preciso várias tentativas para aprender como fazer as coisas de forma adequada.
Quando cultivamos uma ilusão, o tempo pode ser usado para alimentá-la ainda mais. Recordar uma situação vivenciada anos atrás pode ser motivo para uma fantasia maior, onde as condições sejam ainda mais distorcidas e modificadas, de acordo com nossa necessidade de mantê-la.
É claro que um dia a verdade aparecerá e arrancará de nós esses enganos. E quanto maior nossa resistência, mais dura será nossa realidade. Largar os sonhos, as ilusões, cultivados durante anos e anos, sempre será trabalhoso.
Reconhecer que nossos sonhos nunca se realizarão é sem dúvida penoso.
Mesmo porque não acreditamos que a realidade seja melhor do que eles.
Contudo, eu afirmo que a verdade é nosso maior bem e além de nos libertar nos permite usufruir a felicidade maior que tanto procuramos.
É muito comum as pessoas chegarem aqui nesta dimensão, depois da morte do corpo, tão envolvidas pelos sonhos que cultivaram no mundo que sequer puderam apreciar as coisas boas que vivenciaram na Terra. Quase sempre estão revoltadas, insatisfeitas, saudosas de coisas que nunca aconteceram, mas que elas gostariam que tivessem acontecido, carregando esse sentimento de perda, como se houvessem desperdiçado a vida, amarguradas e desgastadas, infelizes e queixosas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:22 pm

Quando melhoram um pouco e se lhes são mostradas quantas bênçãos receberam durante aquela vida na Terra, elas se admiram, descobrem que sua infelicidade não passava de uma criação de suas ilusões.
Esse tem sido o círculo vicioso de nossas reacções. Culpar a saudade por nossos desacertos é enganar-se ainda mais. A saudade é um sentimento altamente gratificante e sempre nos dará uma resposta positiva.
Recordar-se de momentos bons, de pessoas que amamos, de alegrias que usufruímos, nos alimenta e supre. Nos toma felizes e realizados.
Mas isso só acontece quando nos lembramos de momentos em que participamos com a alma, valorizando sentimentos e energias verdadeiras.
Se ao recordar seu passado você não sente essa felicidade, se, ao contrário, sente-se frustrado, infeliz, insatisfeito, tente descobrir quais as ilusões que você tem cultivado. É comum descobrirmos que, além de nós, culpamos os outros por não haverem se comportado como nós gostaríamos.
A ilusão de manipular a vida, as coisas, as pessoas, tem nos acompanhado durante muitos anos. Pode ser que este seja seu caso.
Agora, se sua saudade for gostosa, agradável, se ao recordar fatos de seu passado você sente um calor de prazer pelo corpo, uma sensação de alegria e de bem-estar, então sim, você realmente tem saudade e deve cultivar de vez em quando esse sentimento, na certeza de que o que é bom e dá prazer merece nossa atenção.
A felicidade é feita desses momentos. E ser feliz é nosso maior desejo. O bom disso é que essa é a tónica da realidade. Não é uma ilusão, como alguns pensam, mas é simplesmente o que é, nem mais nem menos. É a perene conquista da estabilidade, da paz.
Deu para entender?
Eu já estou tentando seguir esse caminho. Você vem comigo?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:22 pm

O trauma
Desde que os psicólogos inventaram essa palavra, virou sinónimo de modernidade e as pessoas adoram usá-la.
Pudera, ela veio dar um cunho intelectual, um ar de maturidade e conhecimento dos problemas humanos de tal sorte que todos pretendem explicar com ela as causas das mais complexas atitudes de cada um. E se o trauma explica muitas das atitudes dos adultos, os da infância então são os mais utilizados. Eles passaram a fazer parte do dia-a-dia das pessoas, que com ele justificam as mais variadas atitudes.
— Ele bebe porque tem um trauma de infância. Foi rejeitado pela mãe antes do nascimento.
Ou então:
— Ela odeia o pai porque não lhe deu a atenção suficiente e ela ficou com trauma.
E as explicações se multiplicam, procurando colocar o trauma como causa principal de todas as fraquezas do homem. E quando a pessoa não tem nenhum, ou não se lembra de nada que possa ser encaixado nessa justificativa mas tem problemas de comportamento, a procura vai mais fundo, com psicólogos, analistas e até psiquiatras, na tentativa de encontrar onde está o trauma para, derrotando-o, conseguir que a pessoa se equilibre.
Tenho pensado muito no assunto, porque sempre me interessei pelos problemas humanos e, naturalmente, compreender como a vida estabeleceu esse processo pode nos ajudar a viver melhor. Eu já disse a vocês que estou interessado em ser feliz? Pois é, esse é meu objectivo agora. Não é isso o que todos desejamos o tempo todo? Se é assim, por que perder tempo com outras coisas?
Tenho notado também que para tudo há uma chave. Algo que nos permite accionar um processo e conseguir um resultado positivo. E em cada problema com que eu me defronto, eu procuro logo encontrá-la para solucioná-lo.
Aí vocês vão perguntar:
— O trauma não seria a chave de nossos problemas emocionais? Não seria o fio da meada para o desenrolar de nosso processo de melhoria?
Não. Sinto responder que não. Sinto porque encontrar a chave, mover o processo de mudança, realmente é importante. Todavia, o trauma não é essa chave.
Como? Então um sofrimento profundo, uma dor que nos marcou muito, uma agressão, uma violência, uma crueldade que nos fizeram, ou até o que não nos fizeram, o que nos negaram, como o amor, a atenção, etc., não podem provocar problemas de comportamento e desencadear dificuldades de relacionamento com a sociedade e com as pessoas?
Algumas vezes podem.
Mas vocês já repararam que isso vai depender da reacção de cada um? A vida mostra constantemente isso.
Em uma família em que os pais são negligentes, ignorantes e até cruéis, os vários filhos não reagem da mesma forma. É comum alguns atravessarem essa fase sem grandes problemas, outros até encontrarem uma maneira de tirar proveito, desenvolvendo mais sua força interior e só um ou outro ficou com “trauma”.
E o que dizer daqueles que têm pais relativamente equilibrados (dentro do conceito terreno), tiveram todas as atenções e carinhos, e, no entanto, se revelam complexados e de relacionamento difícil?
Pelo que tenho observado nesses anos em que tenho estudado dentro da óptica espiritual, nós é que reagimos ao meio ambiente e às pessoas que atraímos em nosso caminho, de acordo com a óptica que temos do mundo e das coisas.
Ê nossa forma de ver o que acreditamos e julgamos verdadeiro que provoca as reacções dessa ou daquela experiência em nossa vida.
É claro que o meio ambiente e as pessoas com as quais somos chamados a viver nos bombardeiam energeticamente com seus pontos de vista e isso, dependendo do que permitimos, do que aceitamos, por certo nos influenciará desta ou daquela forma. Mas não será por causa disso que os atraímos em nossas vidas?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:22 pm

A carência material do meio não será para aprendermos a valorizar os bens que possuímos? A indiferença, a falta de atenção e de amor dos outros para connosco não nos chamará para nossa necessidade de amar? A solidão não nos ajudará a desenvolver a própria força, nos amadurecendo?
As negativas das pessoas em nos ajudar a resolver os problemas que nos afligem não será uma forma de desenvolvermos nossa inteligência e nossos potenciais, crescendo em criatividade e sabedoria?
Pensando em tudo isso, observando como as pessoas vivem e reagem, sinto dizer que o trauma, assim como é conhecido no mundo, não passa de um só conceito: mimo.
Vocês acham que não? Que aquela pessoa realmente teve motivos para embebedar-se até cair, e aquela outra para ser uma vítima da sociedade e da maldade do mundo? É? Vocês pensam mesmo assim?
Pena. Porque eu, quando descobri tudo isso, procurei meus “traumas” e, depois de identificá-los, consegui claramente perceber o quanto eu ainda me sentia “coitado” e uma “vítima da maldade alheia”. O quanto usava isso como desculpa, diante de meu próprio juiz interior, para justificar o permanecer sem fazer nada, nenhum gesto para sair disso.
Claro, se a culpa é dos outros, eles é que deverão me salvar. Eu não precisarei fazer nada. Posso continuar gostosamente como estou, esperando que os outros me alisem a cabeça e façam tudo em meu favor.
Dá para entender? O que é isso senão mimo? O que é um trauma senão um capricho não satisfeito, uma ilusão não alimentada, uma forma distorcida de ver os factos?
Claro que uma experiência difícil, uma dor real, um acontecimento trágico, se não for superado pode deixar uma impressão dolorosa que precisa ser digerida e nesses casos um bom terapeuta pode ajudar muito. Mas se ele for mesmo bom, ao invés de procurar traumas irá logo diagnosticar as causas verdadeiras do processo,
muito mais profundas porque estão acomodadas nas crenças que a pessoa colocou no subconsciente e que precisarão ser revistas.
Se você acha que tem um “trauma”, não será interessante tentar perceber o que se esconde atrás dele? Se fizer isso, eu garanto que descobrirá coisas muito interessantes sobre você mesmo. E, o que é mais importante, conseguirá encurtar muito seu processo de equilíbrio emocional.
Embora de vez em quando eu ainda tenha algumas recaídas, o que os experts do assunto já me informaram que é natural nesse processo, eu estou tentando e descobrindo coisas do arco-da-velha sobre mim mesmo.
Mas sabem de uma coisa? Olhando bem, bem mesmo, encontrei muitas coisas boas dentro de mim. Melhores do que eu ousava esperar. E isso me deu muita alegria e muita vontade de seguir em frente.
Por isso, não seja rigoroso com você mesmo. Não tenha medo de se ver.
Você não é nada do que teme ser. Aquela vozinha que sussurra em você dizendo que você é incapaz, maldoso, falso e até cruel é só um desafio para ver se você reage. A hora em que você deixar de acreditar nela e procurar conhecer-se verdadeiramente, perceberá quantos lados positivos você temeu, que posso notar isso, me aproximando de você, sentindo as vibrações de sua alma, sei que quando você perceber o que já tem de melhor terá encontrado a chave de seu amadurecimento para seu equilíbrio espiritual.
Não acha que vale a pena tentar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:22 pm

O arquipélago
Assim como a água não se mistura ao óleo, as pessoas também separam-se entre si. Claro, as afinidades atraem e, quando isso se dá, o relacionamento é prazeroso, leve, agradável, nutritivo. Mas os extremos também se tocam e o ódio, a repulsa unem tanto quanto o amor. E aí a convivência toma-se desagradável, penosa e pesada. E se uma é mantida com alegria e prazer, a outra é evitada.
Tudo bem. Nós as evitamos. Porém, há casos em que não conseguimos nos livrar delas. Quanto mais as evitamos, mais elas aparecem em nosso dia-a-dia; quanto mais queremos ver a pessoa pelas costas, mais nos encontramos com ela. E quando elas fazem parte da mesma família, nos laços apertados dos parentes próximos?
Ah! mas alguns reagem. Saem de casa, separam-se, vão para longe.
Para as mulheres, muitas vezes a solução aparece em um casamento apressado. Desejando uma mudança, uma libertação, optam por uma saída que pode ser enganosa e conduzir a um problema maior. Com isso, nem sempre conseguem safar-se. Ao cabo de certo tempo, eis que aquelas pessoas indesejáveis aparecem novamente no caminho, de tal sorte dependentes de nossos recursos que, pura não nos sentirmos culpados, acabamos por aceitá-las em nosso convívio.
Sim, aquela sogra intratável, aquele pai arrogante, aquela mãe insuportável, até aquele primo que já nos causou muitos aborrecimentos e do qual queremos distância, seja qual for o caso que esteja nos acontecendo, pode adoecer, sofrer uma perda, um acidente, e acabar sob nossa responsabilidade, dentro de nossa própria casa.
E aí? Você tem um caso desses? O que faria se isso lhe acontecesse?
Manteria sua posição e recusaria o auxílio? Se negaria a aceitar essa convivência?
Confesso que é uma situação difícil, porquanto nós temos o direito de preservar nosso bem-estar e ninguém teria condições de negar isso. Mas, e nossos sentimentos, como ficariam? Se aceitarmos, teremos que vencer a repulsa e conviver com alguém que não se afina connosco, que pensa diferente, que pratica ou praticou actos que desaprovamos.
Por outro lado, quando isso acontece, a vida prepara tudo de tal sorte que a necessidade do outro é verdadeira e nós aparecemos como única possibilidade de auxílio.
Nessa altura você estará pensando que eu tenho algo contra você. Não é nada disso. Ao contrário. Sinto vontade de compreender. Em todos esses anos estudando o comportamento, tenho acompanhado casos assim que são muito frequentes. Muito mais frequentes do que você poderia imaginar.
Sabem o que tenho observado? Quando as pessoas resolvem aceitar a incumbência e prestar o auxílio necessário, enfrentando a situação com coragem e determinação, as coisas começam a se modificar. A convivência e o propósito de ajuda acabam por transformar a natureza daquele relacionamento e quem ajuda acaba por perceber os lados positivos do outro enquanto o que é ajudado, mais facilmente, pela confiança e pela gratidão, tendo experimentado as agruras do desvalimento, da dependência, acaba por exigir menos e humanizar-se mais.
No fim, embora ainda não exista uma afinidade, a convivência pode tornar-se natural e o ressentimento, a implicância e o julgamento são esquecidos. Em alguns casos, tenho visto até o nascimento de uma amizade verdadeira e sincera. Porque à medida que os padecimentos do que é dependente se agravam, a compaixão do outro é maior. E nesse ciclo de troca energética, tudo pode acontecer.
Você vai dizer que não deseja esquecer. Que isso não acontecerá com você.
Que nada o obrigará a recolher em sua casa ou ajudar as pessoas de que você não gosta. Tem todo o direito de pensar assim. Você é livre para escolher.
Contudo, eu, se fosse você, pensaria melhor antes de decidir. Por que será que a vida faria uma coisa dessas? Por que o colocaria em tal situação? Será apenas para vê-lo penitenciar-se?
Eu acredito que não. Lembre-se de que a vida faz tudo por nossa felicidade. Ela sempre escolhe o melhor caminho, o mais curto para alcançarmos todo o bem que desejamos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:16 pm

Não seria melhor você perguntar o que ela pretende ensinar com isso? Eu, que já sei a resposta, posso até adiantar: ela trabalha pela harmonia universal e por seu equilíbrio interior. Até que ponto ele está sendo prejudicado pelo julgamento, pela irritação, pela condenação e pela falta de compreensão?
Não conviver por falta de afinidade é natural e não representa um problema; mas a crítica, a desaprovação, a raiva, a implicância são energias negativas que prejudicam e retardam o equilíbrio.
Depois, eu sei que ela pretende algo mais. Ela deseja que você descubra que em cada pessoa, por mais problemática que ela seja, existe uma alma, essência divina onde estão guardadas todas as potencialidades. Enquanto a pessoa aprende a expressá-la e isso demanda tempo, você pode desenvolver a compaixão e a paciência e principalmente o respeito pela vida, onde cada ser é divino.
Agora, se você teimar, continuar pretendendo ser uma ilha solitária no oceano, cercado semente pelas águas calmas, talvez a vida o faça mergulhar bem fundo no mar da reencarnação, para que no fim você venha a perceber que a separação é uma ilusão, porquanto lá no fundo todas as ilhas se ligam em um só torrão e não existe separação.
Não será melhor repensar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:16 pm

O carma
Meu amigo Evaristo chegou ao plano astral revoltado e nervoso. A vida fora injusta com ele. Justamente quando ele mais desejava ficar, no momento mesmo em que ele conseguira descobrir tantas coisas importantes para seu progresso espiritual, quando iniciara projectos de vulto para a comunidade, utilizando-se dos conhecimentos alcançados, ele inesperadamente fora arrebatado da Terra, morrera.
A morte, para ele que acreditava na continuidade da vida, não fora o mais terrível. Ele a enfrentou muito bem, o que o incomodava era o momento. Não fora oportuno. Decididamente a vida errara com ele. Escolhera mal a hora.
Inconformado, queria de todas as formas permanecer na Terra, e embora sabendo que não poderia retomar o corpo físico, pretendia continuar a realizar seus projectos tão entusiasticamente iniciados e que, por certo, ajudariam muita gente.
Não obteve autorização. Isso o desconcertou ainda mais. Ele não queria tentar realizar o que pretendia sem obter a devida permissão. Era muito disciplinado e não desejava ser irreverente.
Desde então, Evaristo passou a tentar obter o que queria de todas as formas que podia. Se alguém o visitava, ele logo expunha seus pontos de vista e solicitava a opinião, bem como o auxílio a sua causa. Se era convocado a alguma actividade, ele se negava, alegando absoluta falta de tempo, uma vez que precisava estar disponível para a realização de seus projectos.
Conhecendo nossa amizade, Jaime um dia veio procurar-me:
— É sobre Evaristo. Talvez você possa nos ajudar. Ele lhe tem muito afecto e acata suas opiniões.
— Estive lá outro dia — respondi. — Não consegui nada. Ele está determinado. De nada valeram minhas ponderações. Ele se nega a ouvir. Diz que foi vítima de um engano e que o mínimo que pode obter agora, já que é impossível voltar atrás, é a oportunidade de finalizar o que começou.
— O que você pensa disso?
— Claro que não houve engano algum. Isso nunca aconteceu e duvido que aconteça. Mas confesso que não sei o que está havendo. Ele tem uma brilhante folha de serviços prestados ao bem comum. É equilibrado e trabalhador. Nesta encarnação, aprendeu ainda mais e, na verdade, seria até justo que ele obtivesse o que pretende. Poderia realmente prestar grandes serviços aos objectivos do bem. Se por algum motivo que eu desconheço ele foi forçado a voltar agora, pelo menos poderiam deixá-lo trabalhar e realizar o que deseja.
Todos nós temos tido essa oportunidade. Eu mesmo quis escrever para a Terra e não só obtive permissão com fui auxiliado a conseguir isso.
Jaime sorriu levemente, dizendo com certa malícia:
— Vocês não conseguiram nada com ele porque no fundo, no fundo, pensam como ele. Acreditam que tenha havido algum engano.
— Eu não diria isso... — ajuntei indeciso. Eu sabia que a vida nunca se enganaria. Ela é Deus em acção, e Deus, nunca erra.
— Nesse caso, posso contar com sua ajuda?
— Se eu puder fazer alguma coisa...
— Poderá quando souber o que está acontecendo. Evaristo realmente tem progredido nas últimas encarnações e prestado inúmeros serviços à comunidade. Sua participação decisiva e correta em muitos momentos tem-nos permitido a realização de conquistas colectivas de vulto.
No entanto, ao lado de tudo isso, há nele um sentimento muito forte de liderança. Ele acredita que só ele poderia fazer esse projecto. Ultimamente, nós fomos percebendo que ele estava enveredando por um engano.
— Engano? Como assim?
— Você sabe que a evolução individual é sempre mais forte do que a colectiva. Isto é, a vida coloca em primeiro lugar nossas necessidades como pessoa. Se ela tiver que escolher entre nossas necessidades pessoais ou os benefícios da colectividade, ela trabalhará as nossas primeiro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:16 pm

— Eu tenho notado isso. O bem colectivo não é o mais importante?
— Ela sabe que o colectivo é a soma de todos e que melhorar cada um sempre vai melhorar o resultado final.
Sorri encantado. Não é que eu nunca havia pensado nisso? Jaime continuou:
— Evaristo inverteu essa ordem. Em seu entusiasmo, não percebeu que estava subestimando os outros, colocando-se em superioridade, acreditando-se mais capacitado e mais preparado para os projectos da espiritualidade.
— Ele estava bem preparado.
— Estava. Mas esse pensamento que insidiosamente ele alimentou era preocupante e revelador. Nossos maiores decidiram estudar o caso. Para isso, consultaram sua ficha e perceberam que esse era um traço muito marcante de sua personalidade. Tudo começou em uma vida passada quando Evaristo foi rei. Aprendeu a realizar projectos colectivos e se entusiasmou. Nas vidas subsequentes, buscou de alguma forma trabalhar pelos outros, e conseguiu.
Contudo, não gostava de delegar os poderes. Sempre encontrava um jeito de fazer ele mesmo as coisas mais importantes. Se por um lado ele era bom no que fazia e conseguia êxito, por outro não conseguia superar essa necessidade e caminhar adiante.
— Por isso ele fez tanto pelos outros — ajuntei pensativo.
— Sim. Não foi propriamente por amor, mas para manter sua condição de liderança. Como você sabe, Evaristo é muito querido de todos nós. De uma forma ou de outra, cada um deve-lhe algum obséquio, um favor num momento de dificuldade.
— É verdade. A mim ele fez mais de um.
— Pois é isso. Nossos instrutores decidiram ajudá-lo mais directamente a acabar com esse carma.
— Isso já era um carma?
— Claro. O que é o carma senão uma crença teimosamente renovada? Por isso morreu tão de repente. Se ele continuasse assim, chegaria o momento em que não haveria ajuda possível. Ele teria que reencarnar despojado de toda a iniciativa para aprender a valorizar as potencialidades alheias.
— Apesar de todo o bem que ele já fez em favor dos outros?
— Sim. O bem que fazemos aos outros nos granjeia muitos amigos que nos ajudam sempre que podem, mas, como você sabe, a mudança interior é o que determina nosso destino. Ela é poder de cada um. Por isso nos empenhamos a que Evaristo compreenda e aceite o que lhe estamos propondo. Do jeito como ele está, não nos restará outro recurso senão que o carma se cumpra.
— E nesse caso?
— Ele reencarnará, e quando tiver começado a realizar seus projectos, sofrerá uma contenção física que o colocará na dependência de outras pessoas. Assim, acabará por aprender que as pessoas podem seguir por diferentes caminhos, mas que todas têm condições de fazer o que pretendem.
— Isso será muito penoso.
— Pela gratidão que lhe temos, todos queremos evitar isso. Mas o que fazer se ele não quiser entender?
Saí dali pensativo. Dando tratos à bola para descobrir uma maneira de convencer Evaristo. Fui procurá-lo na manhã seguinte. Depois de abraçá-lo, disse sério:
— Acabo de saber que você logo vai reencarnar.
— Eu?! Quem disse?— Meu amigo Jaime.
— Nesse caso, vou realizar meus projectos. Ainda bem que eles resolveram desfazer o engano.
Meneei a cabeça:
— Se eu fosse você, não ficava feliz com isso.
— Por quê? É o que eu mais desejo na vida.
— Gostaria que você me ouvisse. Acabei de saber que não houve nenhum engano. Seu desencarne foi a maior ajuda.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:16 pm

Evaristo ergueu a cabeça dizendo com dignidade:
— Não é verdade. Minha vida estava sendo muito útil.
— Para os outros sim, mas e para você?
— Eu estava praticando o bem, logo...
Vendo que ele não entendia decidi ser mais duro:
— Você, além de cego, é muito pretensioso! Nunca vi tanta pretensão.
Assustado, ele abriu os olhos e me fixou. Eu continuei:
— Só você pode fazer o que pretende? O que o faz pensar que os outros não sejam capazes de realizá-lo igual ou melhor do que você?
— Por que está me dizendo isso? — balbuciou ele por fim.
— Porque durante muitas encarnações você tem agido assim e criou um carma doloroso que todos nós, seus amigos, estamos querendo evitar. Mas como só você pode conseguir isso, estou fazendo uma última tentativa. O que você prefere? Aceitar o que a vida lhe deu com coragem e humildade, reconhecer que ela sempre esteve certa, ou mergulhar de novo na carne para, a duras penas, aprender por fim a mesma coisa?
Eu disse isso com tanta convicção, com tanta vontade que ele acordasse!
Havia tanta certeza em meu coração e tanto carinho que ele não resistiu. Por seu olhar passou um lampejo de emoção. Lágrimas rolaram por suas faces e eu em silêncio esperei. Depois de alguns instantes, ele abraçou-me com força.
Embora não tivesse coragem de dizer nada, eu senti que ele havia finalmente entendido.
Saí dali de bem com a vida, alegre e feliz. Como é bom gostar das pessoas!
Como tudo se toma mais fácil quando aceitamos a verdade e nos dispomos a cooperar! Isso fez-me pensar. Se eu estivesse com um problema como esse, gostaria muito que meus amigos fizessem o mesmo. Vocês não pensam como eu?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:17 pm

A constância
Ser constante é uma qualidade, mas pode também ser um empecilho ao progresso se for teimosia. Notando a dificuldade que as pessoas têm de andar para a frente, venho pensando muito nesse assunto, tentando descobrir a diferença entre uma coisa e outra.
Ser constante é ser firme, acreditar em alguma coisa e agir dentro desse conceito, sem medo ou preocupação, sentindo que ela é verdadeira. Ah! A intuição! Quando bem desenvolvida, não há nada que a substitua. A pessoa sabe que é para fazer isto ou aquilo, ir por um lado ou por outro. E, nesse caso, fica determinada. Nada que os outros digam ou façam pode demovê-la de seus propósitos. Mesmo que os fatos pareçam contrários e que o esperado resultado demore, não importa, ela continua firme e serena até o momento em que finalmente alcança o que pretendia.
Que maravilha! Essa é a perseverança dos que acreditam no bem, mesmo diante dos fatos dolorosos dos problemas humanos. Dos sábios que imperturbáveis não perdem a serenidade, sejam quais forem os acontecimentos a seu redor. Dos cientistas que procuram novos processos de conhecimento que possam melhorar o padrão de vida no mundo. Dos artistas, amantes da beleza, muitos deles incompreendidos por sua geração, que atravessam a vida passando por inúmeras dificuldades, insistindo em distribuir seus talentos.
Todos eles sentem, sabem, que a vida é muito mais do que nossos olhos podem perceber. Confiam em sua capacidade. Têm certeza de que podem chegar aonde querem, de que são capazes. E a natureza, que sempre dá àquele que tem, um. dia os fará chegar aonde pretendem.
Já o teimoso, ao contrário. Ele obstrui a intuição. Julga-se imperfeito e cheio de defeitos. Dessa forma, como confiar em si mesmo? Desconfia de toda e qualquer facilidade, por isso pensa que tudo deve ser conseguido com muito esforço. Para se poupar de erros e sofrimentos, ele procura ilustrar-se, intelectualizar-se. Através dos livros e das ideias das pessoas de projecção social, ele constrói suas crenças e passa a viver de acordo com elas. Desta forma, sente-se seguro, alicerçado e em boa companhia.
Claro que ele tem medo de sair dessa posição. Ele não confia em si, só decide com a maioria. Só aceita uma ideia depois que a ciência oficial a acatou, que os intelectuais reconheceram e a sociedade adoptou. Costumam dizer:
— Eu sou positivo e realista! Só aceito o que é verdadeiro!
Isso é o que eu chamo de errar pela cabeça alheia! Se a sociedade estivesse sempre agindo adequadamente, a situação das pessoas seria bem outra! Não haveria tantas ilusões, tantos enganos, tantas voltas para se chegar ao mesmo lugar.
É esse estado de coisas que precisa ser observado. A sociedade está doente há muito tempo. A ilusão da teimosia começa nela. Qualquer pessoa que deseje trabalhar a favor do bem tem que enfrentar inevitavelmente o meio social, a descrença, a desconfiança, a dificuldade.
Não é uma atitude prudente, para proteger-se dos abusos que aparecem de vez em quando. Se fosse isso, o bem estaria em primeiro lugar até prova em contrário, haveria o interesse de estudar o assunto, experimentar, sem preconceito ou radicalismo. Mas não é o que se vê.
Quanto mais intelectual, mais radical. Alguns se acreditam tão sábios, tão importantes, tão acima da maioria, que não aceitam nada que não passe pelas regras que estabeleceram. A prova de que eles estão iludidos é que os grandes homens da história só conseguiram realizar seus feitos tendo saído do convencional.
O bom senso, a prudência, manda estudar as coisas com isenção, experimentá-las para saber como funcionam. Só assim se pode ter uma visão mais verdadeira de uma ideia ou facto. E, percebendo essa veracidade, mudar suas crenças, aceitar o novo, já que ele é melhor.
Estudando as dificuldades que todos temos para mudar, cheguei à conclusão de que, alguns mais outros menos, ainda carregamos dentro de nós, arraigada, essa forma de ver o mundo. O fanatismo, a teimosia, o radicalismo, a discussão para confirmar nossas crenças, torcendo os fatos para que eles se adaptem a elas, o prazer de sermos sempre “certos”, tudo vem do quanto estamos valorizando as ideias convencionais, em detrimento dos verdadeiros valores de nossa alma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:17 pm

Aí vocês vão perguntar:
— Quer dizer que a sociedade está sempre errada? Não há nada nela que possamos aceitar?
Esse é o radicalismo maior. Se não podemos aceitar que ela seja parcial, estudar, experimentar, dar a cada coisa o valor que nos parece ter de verdade, não estaremos sendo extremistas? Claro que há valores convencionados, suficientemente provados, que merecem acatamento e respeito. Não é desses que eu falo, mas dos que todos “acham” sem haver vivenciado, das teorias muito bem boladas dentro do jogo da lógica humana e que são verdadeiras armadilhas da ilusão. Das que, por conterem alguma parcela de realidade, encobrem as fantasias do autor. Quantas delas existem pelo mundo infelicitando os que nelas crêem?
E essa história do “Está escrito, é”, “Li em um artigo no jornal” ou “Estava no livro do fulano de tal” não quer dizer que seja verdadeiro.
A citação dos autores, dos livros, costuma sempre adoçar a boca das pessoas que gostam de mostrar erudição. E a verdade, quem se preocupa em buscá-la?
Para encontrá-la é preciso mais do que procurar nas ideias alheias. E preciso entrar dentro de si mesmo e buscar a alma. É ela que guarda a perfeição divina em sua essência. Nossa alma sabe tudo, tem tudo, faz tudo. Nós é que ainda não desenvolvemos suficientemente nossa consciência para poder vê-la em toda a sua plenitude.
Mas, ainda assim, quando prestamos atenção, quando procuramos ouvi-la, ela sempre responde a nossas indagações. Quem sabe disso aprende a confiar em si mesmo. Valoriza a intuição, percebe a riqueza, a sabedoria, que ela guarda. É um potencial imenso, um poder ilimitado, uma capacidade infinita!
Puxa! Vocês não sabiam que eram tão poderosos assim. Isso eu garanto. E faço isso não por teimosia, ou por alguém importam te me haver dito, ou por haver lido em algum lugar, mas porque eu já tentei. Experimentei, dei corda à minha intuição e sabem o que aconteceu? Foi maravilhoso! Não é que ela me inspirou mesmo? E eu fiz. Deu tudo certo.
Claro que agora eu sei como resolver meus assuntos e tomar minhas decisões. Não que eu já esteja muito apto e tudo esteja muito claro em minha cabeça. Tenho percebido que ainda guardo mui' tas “regras” convencionadas, vícios intelectuais de quando estava vivendo no mundo, mas faço o que posso para conseguir sair deles.
Como? Quando preciso resolver qualquer assunto e alguém me apresenta ideias diferentes das que conheço, por mais loucas ou estranhas que elas sejam, eu nunca as recuso nem procuro encontrar em minha mente uma explicação para ela. Sem formar nenhum conceito, sem emitir nenhum julgamento, me recolho e tento descobrir o que minha alma diz.
Como eu faço isso? Perguntando a ela, claro. E ela sempre responde. É só aguardar um pouco sem pensar em nada e logo a resposta vai ocorrer. Sim ou não. Quando perceber o que ela diz, é só seguir por aí. Afinal, estou cansado de errar pela cabeça dos outros. Você não? Quando eu erro por minha própria escolha, sempre aprendo alguma coisa nova. Mas quando eu erro pela cabeça alheia, me fica uma sensação desagradável de frustração, de haver sido enganado, caído em uma armadilha, de haver “bobeado”.
Quer coisa mais triste do que isso? Você não pensa como eu?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:17 pm

O concerto
Não há nada mais lindo e que fale mais a nossos sentimentos do que um bom concerto. Uma orquestra filarmónica ao vivo, executando melodias inesquecíveis que marcaram nossa estadia na Terra, e que por serem belíssimas continuam sendo cultivadas aqui, no mundo onde estou agora, despertam em nosso interior momentos de sublime saudade e encantamento, sem falar das que são compostas aqui e que têm o dom de nos enlevar ainda mais.
Quando eu estava na Terra, embora gostasse da alegria ruidosa das revistas musicais, sabia apreciar uma boa filarmónica e um bom autor. Melodias existem que têm o condão de falar à nossa alma, transportando-nos ao espiritual.
Aqui, na cidade onde eu vivo, temos regularmente concertos que fariam inveja ao mais exigente expert do assunto, e o espectáculo tanto pode ser ao ar livre como em nossos teatros, que são belíssimos e possuem capacidade para grande número de pessoas.
Aqui, o teatro em todas as suas variações é largamente utilizado para o entretenimento, mas neles há sempre o objectivo da educação e do refinamento.
— Hum! Eles devem ser maçantes!
Alguns vão dizer isso porque na Terra os projectos educativos costumam ser enfadonhos. Eu garanto que aqui isso não acontece. A arte, a beleza, o prazer de um bom espectáculo são considerados de maior importância na educação espiritual de todos.
Você sabia que nós temos escolas que desenvolvem o senso do belo? Pois é. Ficou provado que apreciar a beleza em todas as suas manifestações contribui para a elevação espiritual. Agora você vai dizer que eles estão incentivando a vaidade. Pelos conceitos humanos, a beleza física, por exemplo, pode vir a ser causa de muitos problemas, porquanto incentiva a vaidade. Isso porque a sociedade elegeu determinadas formas e classificou como belas e isso dividiu as pessoas. A beleza passou a ser privilégio de alguns, que se encaixam nessa classificação. Quanto aos outros, os diferentes, são todos feios. Essa diferença convencional é que favorece a ilusão de ser melhor e assanha a vaidade.
Aqui, em nossos cursos de percepção do belo, aprendemos a ver a beleza em tudo e em todos. Para isso não vamos colocar uma lente cor-de-rosa e fingir que tudo é bonito. Mas vamos tentar descobrir o que cada um tem de belo. A natureza é amante da beleza. Podemos constatar isso olhando todas as manifestações da vida.
Já não podemos dizer o mesmo a respeito do homem. Por não haver ainda desenvolvido esse senso, nem sempre o que ele constrói tem beleza. Basta olhar certos aspectos da sociedade para perceber isso. Eis por que aqui se trabalha muito para o desenvolvimento desse conhecimento, que é colocado como fundamental para a espiritualização do ser.
Nos mundos superiores, tudo é deliciosamente belo, em seus mínimos detalhes. É riqueza e beleza.
A fartura, a beleza, trazem a harmonia. Foi visitando um desses planos, onde nos é permitido ir de vez em quando para estímulo e desenvolvimento, que comecei realmente a entender por que a beleza é fundamental.
Não a beleza convencional, mas a beleza real, as linhas harmoniosas que fazem o equilíbrio, os traços essenciais que preservam e criam espaços comunitários auto-suficientes e prósperos. É curioso perceber lá que a beleza guarda a sabedoria da utilidade, e a disciplina facilita a vida, alegre e ordenada. Nesses lugares, não existe tristeza. é contagiante.
Confesso que ao chegar lá, como um moleque endiabrado que pela primeira vez frequenta a alta sociedade, tratei de prestar muita atenção ao que dizia ou fazia, com medo de cometer uma gafe e causar algum transtorno. Fiquei mudo.
Mas meu coração cantava de alegria e eu pensava:
— Este é o lugar com o qual tenho sonhado toda a minha vida!
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:17 pm

Que maravilha! Seja o que for que eu olhasse, pessoas, coisas, lugares, tudo era lindo. Era um mundo encantado onde eu adoraria viver para sempre e carregar para lá todas as pessoas. Ah! Se vocês pudessem estar lá, pelo menos durante alguns minutos!
Você sabia que cultivar a beleza, acreditar nela, percebê-la, acaba por mudar sua aparência física e atrair para você o que é bom?
— Eu sou feio, meus traços são grosseiros. Nasci assim, com este rosto, e não vou mudar só por cultivar o belo. Ao contrário. Perceber o belo aumenta minha feiura.
Você pensa assim? Você sempre se compara com os outros? Saiba que a comparação é um hábito doloroso. Você tem alguns modelos, que considera perfeitos e, lógico, muito diferentes de você. Claro que vai perder sempre.
Não é disso que eu falo. Você não precisa comparar-se com nada nem com ninguém. A natureza trabalha com o belo. Nós fomos feitos pela natureza. É fácil compreender por que temos beleza. Sim. Todas as pessoas têm beleza. A alma é a essência divina dentro de cada um. Nosso trabalho é perceber onde ela está. Cultivando-a, ela aparecerá e dessa forma transformará nossa vida.
A beleza não está nos traços do rosto mas na luz que cada um tem. Há pessoas consideradas feias pelos padrões sociais, mas encantadoras pelo charme, pela classe, pela lucidez. Aprendendo a enxergar o belo, desenvolvemos o respeito pelas coisas e, consequentemente, o capricho, o gosto, o prazer passarão a fazer parte de nossas vidas.
Saber apreciar uma flor em um vaso, um adorno gracioso, um gesto de delicadeza, além de lhe dar prazer, vai atrair para você a harmonia e a elevação espirituais.
Assim como a doença, a dor, a miséria, a violência, a depressão, a revolta são frutos da incapacidade de perceber a beleza e a abundância da vida, educar-se para sentir, desenvolver a arte em todas as suas manifestações leva fatalmente ao oposto, atraindo a saúde, a abundância, a harmonia e a felicidade, sem precisar passar pelos difíceis caminhos do sofrimento.
Quando eu afirmo que evoluir sem dor é possível, e que estou aprendendo isso, é mesmo verdade. Já pensaram que beleza? Estar em um belo teatro, assistir a um maravilhoso concerto, com uma orquestra filarmónica ao vivo, um público atento, educado, e, ainda por cima, evoluindo prazerosamente?
Não mais dores, sofrimentos, lutas, mas apenas arte, beleza, harmonia, luz.
Notando a diferença entre esse lindo lugar e o que vai pelo mundo, fiquei pensando: não seria esse o remédio que está faltando na Terra?
A pobreza tem sido responsabilizada pela violência e pelo triste espectáculo das crianças que vivem na rua, exploradas por marginais, abandonadas pela sociedade. Não creio que essa seja a verdadeira causa. Sempre houve pobres no mundo e por que só agora as coisas chegaram a esse ponto?
Não será a falta do senso de beleza? Você pode até se admirar e não concordar comigo, mas quer coisa mais feia e desarmónica do que uma favela? Alguns intelectuais, poetas e pintores podem até achá-la romântica, porque nunca viveram nela, mas eu não penso assim. É um lugar feio, malcheiroso, sem conforto, sem perspectiva nem beleza. O que vêem todos os dias seus moradores? Já pensou como ela se modificaria se eles desenvolvessem a percepção do belo e da ordem?
Pois é. Pensem nisso, que é muito mais sério e importante do que a maioria das pessoas acham. Pelo exposto, é preciso valorizar a arte no mundo e desenvolver o senso do belo. Cultivar a beleza é contribuir para o desenvolvimento do espírito. Só um espírito desenvolvido tem condições de ser feliz.
Hoje sinto-me alegre por haver mostrado isso a vocês. Afinal, se cada um procurasse tomar tudo mais bonito, talvez nós até pudéssemos melhorar o padrão de vida na Terra. E não pense que nós não podemos fazer nada.
Podemos sim. Melhorando nosso espaço e nossa vida, estaremos melhorando o mundo. Já pensaram nisso?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:18 pm

O fundamental
As pessoas têm muita curiosidade sobre a vida no mundo astral. É uma curiosidade misto de dúvida, a vontade de crer de um lado e o receio de embarcar em uma ilusão do outro. Apesar disso, diante de um bom vidente, um tarólogo, numerólogo, cartomante, etc., quem resiste a fazer uma perguntinha?
Na verdade, ao longo do tempo tem se falado muito de vida após a morte, e o assunto tomou-se comum, citado com naturalidade. Se alguns já aceitam essa realidade, outros só começam a pensar nela quando morre alguém conhecido ou um ente muito querido. Nessa hora, surge o questionamento. É a vontade de manter a qualquer preço a chama da esperança e de não sofrer a dor do “nunca mais”.
No fundo, no fundo, dá para perceber que aquele que nunca se interessou por esse tema, embora se diga descrente, guarda dentro de si a certeza da eternidade. Porque ela está lá, no inconsciente, em forma de experiência já vivenciada muitas vezes.
Por que então não assumimos logo essa certeza? Por que quando estamos no mundo temos tanta dificuldade em aceitar que a vida continua depois da morte e estamos sempre querendo “provas”?
Tenho pensado muito nisso, assistindo ao desespero dos que perderam pessoas queridas. A onda de violência que assola o mundo, onde tantos morrem de forma trágica, sofrem doenças terríveis ou vivem na miséria, crucifica na dor e até na revolta os descrentes, mas ao mesmo tempo os empurra a que pensem e repensem no significado da vida e da morte, procurando novos caminhos.
Muitos apelos desesperados nos chegam, os pedidos de socorro, de ajuda, se multiplicam sem que possamos fazer muito. Se como eu disse há muita curiosidade sobre a vida astral, há muita fantasia e pouco estudo produtivo. As pessoas recorrem aos médiuns ou aos espíritos como quem vai a uma cartomante, entre a dúvida e a curiosidade, tentando que eles lhes provem alguma coisa para poderem acreditar. Que lhes dêem uma muleta para pendurar-se.
Acham que estou sendo duro? Mas é a verdade. Raros são os que nos buscam interessados em aprender e progredir. Pretendem favores, desejam cultivar facilidades, querem “usar” os espíritos. Acham que nós nos prestaríamos a isso? Claro que não. Não obtendo o que pretendiam, muitos revelam sua revolta, voltando-se contra nós, negando nossa existência, pensando com isso nos desafiar a que mostremos nosso poder.
Que pobreza! A descrença desvitaliza a alma, limita sua capacidade de percepção, aumenta o desconforto. Quanto a nós, embora lamentemos, continuaremos a ser como somos, sem que isso nos afecte em nada.
Condicionar a fé é empobrecê-la, limitá-la. Querer que a espiritualidade entre nas estreitas regras do mundo, para poder manipulá-la, é até ingenuidade.
Estou escrevendo isso porque, apesar de tudo, eu gostaria que as pessoas entendessem como as coisas funcionam, não só na Terra mas também aqui, no astral. Embora algumas condições sejam diferentes, tudo é energia e essas diferenças só existem no volume de condensação.
As leis universais funcionam igualmente em todo lugar e aprender como isso acontece pode facilitar nossa vida e nos poupar muito sofrimento.
Eu não disse que estou aprendendo a evoluir sem dor? Pois é. É sobre isso mesmo que estou falando. Então o problema de sofrimento humano é de educação? Claro que é. E, falando de educação, não estou falando de ilustração, nem de ser bem comportado, o que na Terra significaria obedecer às regras sociais. Não é nada disso. Eu estou falando de conhecimento. De observar, de experimentar e saber como cada coisa funciona. No que dá certo, há um resultado que nos agrada e nos causa bem-estar, nos indicando por onde deveremos ir. Quanto ao que deu errado, é só não repetir e pronto. Eu estou falando de felicidade.
Aí vocês vão dizer:
— Quem pode falar em felicidade quando perdeu um ente querido?
Quando você já programou a desgraça em sua vida, o que pode esperar? Eu estou falando da profilaxia. De evitar que as coisas cheguem ao que não desejamos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 12:18 pm

— Você pretende dizer que poderia evitar as tragédias do mundo?
Eu afirmo que isso é possível! Dito assim parece utopia, mas eu sei que tanto é possível que um dia isso acontecerá de verdade. O que eu gostaria, muito mesmo, era de evitar o volume espantoso de dor e sofrimento, o tempo enorme que as pessoas consomem para conseguir um resultado que poderiam obter em menos tempo e sem dor.
A fórmula é fácil. Hoje já se sabe que o subconsciente é como um computador. Nossos pensamentos, atitudes e crenças o programam. Ele não tem nenhum senso de avaliação, só a função de materializar nossas criações mentais. Por essa razão cada um é totalmente responsável pela vida que tem.
Quando muda suas crenças, a mudança vai se reflectir em sua vida. Percebem que imenso poder cada pessoa tem? Dá para descobrir por que, apesar de querermos ajudar a uma pessoa, dificilmente o conseguimos? Ela só vai mudar quando quiser fazer isso. Quando achar que é bom para ela.
Quem não gostaria de ser feliz? Quem não sonha em viver na abundância, com saúde e alegria? Quem não gostaria de banir a dor para sempre? Até o marginal mais empedernido, o revoltado mais violento, o verdugo mais cruel, responderiam que sim a essas perguntas.
É isso o que todos querem, só que eles ignoram como chegar a esse resultado. Seguem por caminhos equivocados, iludidos, plantando violência e colhendo dor. A educação com a qual tenho sonhado é a de poder levar a realidade astral a todas as pessoas sofredoras, iludidas. Ela é muito diferente daquilo que a maioria pensa.
O mundo astral, a vida espiritual não são meras suposições de alguns visionários. As leis universais, embora não estejam escritas, funcionam o tempo todo, perfeitas, seguras e reais. É por isso que não desisto e continuo escrevendo para vocês.
Podem imaginar como seria o mundo se todos programassem seu computador mental para o bem? Se todos só acreditassem na saúde, na bondade, na abundância, na espiritualidade? Mundos assim já existem no astral, e eu até já estive em um. Que maravilha! Tudo fácil, bom, bonito e agradável. Só progresso e luz.
Estou entusiasmado. Sabem por quê? Porque sei que o mundo terreno já está maduro para essa conquista. Foi o que disseram nossos mentores espirituais.
Que tal estudarmos o assunto e fazermos um movimento de reeducação do subconsciente? Todos os centros espíritas estão sendo convidados a desenvolver esse trabalho. Enquanto procuramos atender os desencarnados, os médiuns da Terra deverão atender a educação das pessoas, no desenvolvimento interior.
Não é uma maravilha? Vamos estudar o assunto, arregaçar as mangas e trabalhar. Todos podemos, basta querer. Não concordam comigo?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:45 pm

O auto-controlo
Depois de uma palestra sobre a necessidade de controlar o pensamento, meu amigo Nestor estava inconformado. Eu já disse a vocês que, aqui, todos nós, os fantasmas desencarnados, estamos nos preparando para a reencarnação. Mesmo não sabendo quando mergulharemos novamente no oceano tempestuoso do mundo terreno, nós nos preocupamos em aprender, porquanto uma reencarnação será sempre uma sabatina sobre o que realmente já assimilamos. Uma avaliação para verificar se já estamos preparados para seguir adiante. Quando retomamos de uma reencarnação é que sentimos como nos saímos. Nessa hora, o quadro de nossas conquistas aparece claro e definido.
Se nas escolas do mundo há o professor que vai avaliar nosso desempenho, nos apoiando e estimulando a prosseguir, aqui somos nós mesmos que devemos avaliar, escolher o próximo passo. Nos oferecem as possibilidades, representadas por nossas necessidades, e somos nós que decidimos como faremos isso. Imaginaram que responsabilidade? Se sair errado, nem sequer poderemos dividir a culpa com os outros.
Por isso os cursos de auto-conhecimento são tão conceituados por aqui e muito frequentados. Os especialistas do comportamento são sempre muito procurados e a terapia é uma constante. É fascinante aprender como fazer as coisas. Encontrar o caminho adequado é a chave para a evolução sem dor. Claro. A dor é sempre uma resposta desagradável, e mostra que não escolhemos o caminho mais fácil. Apesar de ela nos fortalecer, preferiríamos evitá-la. Quando encontramos a chave essencial e aprendemos como fazer, tudo dá certo. Aliás, eu já disse a vocês que o sofrimento não é a única forma de evolução. Existem outras, menos trabalhosas. Basta aprender como fazer isso.
Perceberam por que todo mundo por aqui vem frequentando os cursos de auto-ajuda? Isso mesmo. Se vocês estivessem aqui, não fariam o mesmo?
Apesar de que sempre é tempo de começar, e é isso que estou tentando lhes dizer desde que comecei a escrever para vocês. Se desejarem fazer isso, seus guias espirituais com satisfação procurarão fazer “chegar a suas mãos” todas as informações que precisarem. Experimentem e verão. Eu até acho que ficarão muito felizes porquanto com isso se pouparão de muito trabalho. Já pensou como eles se esforçam para tentar “protegê-los”? Os pais ficam felizes quando seus filhos crescem e não precisam mais vigiá-los vinte e quatro horas por dia a fim de evitar que se machuquem.
Pois é. Você acha que está crescido e não dá mais trabalho a seu guia espiritual? Se isso fosse verdade, você seria uma pessoa feliz, com muita saúde, dinheiro e amor. É esse seu caso? Se for, parabéns. Porém, se sua vida está um caos e nada dá certo, pode imaginar o trabalho de seu protector? Você pode até achar que sua vida está assim justamente porque ele não está aí fazendo seu papel, mas eu garanto que está enganado. Ele está, sim. Triste, cansado, desanimado, tentando aconselhá-lo, sem conseguir ser ouvido. Já pensou a alegria dele se você começar a crescer? A assumir a responsabilidade por sua vida? A tentar conhecer como conseguiu transformá-la no que é? Que ideias e crenças você cultiva que o impulsionam a agir de forma tão inadequada?
Eu não estou aqui para criticar ninguém e longe de mim a ideia de julgá-lo.
Desejo apenas que compreenda que se sua vida está ruim, se você está colhendo sofrimentos, se a dor é sempre sua companheira, algo deve estar errado. Nós não fomos criados para o sofrimento. Deus nos deu um destino bom. Tanto que alguns que já descobriram isso vivem melhor. Eu queria que percebesse que se mudar sua forma de ver, as ideias e conceitos que estão gerando seu comportamento, sua vida mudará. Não acredita? Experimente e verá.
Por isso estamos nos esforçando para crescer um pouco mais. Para desenvolver nossa consciência e o consenso de realidade a fim de agirmos com mais eficiência. Sabemos que, se fizermos isso, derrotaremos de vez o sofrimento. Já pensaram que maravilha? Viver muitos anos na Terra com saúde e bem-estar, em uma sociedade harmoniosa, conviver com pessoas educadas, saudáveis e felizes como nós, desenvolver a beleza, cultivar as artes, compreender a natureza...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:46 pm

Acham que estou sonhando? Que esse mundo nunca será assim? Cuidado, porque com essa crença está contribuindo para que tudo continue como está, principalmente em sua vida. Eu afirmo que é possível.
Nestor sabe de tudo isso e concorda. Ele já tem data marcada para começar os preparativos para sua reencarnação. Vendo-o agitado ao sairmos da palestra perguntei:
— Não gostou da palestra de hoje?
Ele meneou a cabeça interdito:
— Não é bem assim como eles dizem. Ontem fui a um terapeuta que me disse que preciso liberar meus sentimentos, para que minha alma possa expandir-se. Que eu ando bloqueando o que sinto. Hoje, ouvi justamente o contrário. Se não aprendermos a controlar nossos pensamentos, jamais encontraremos o equilíbrio. Não lhe parece um contra-senso?
Pegou-me desprevenido.
— Nosso professor goza de alto conceito com nossos maiores. Possui vasto conhecimento. Tem certeza de que entendeu o que ele disse?
— Claro. Você não?
— Entendi e penso que ele está certo. Já reparou como divagamos constantemente? Sem falar das energias que captamos do ambiente. Entendo que seja necessário estarmos atentos afim de não nos tomarmos robôs das ideias dos outros.
— Quer dizer que concorda? Nós precisamos mesmo aprender a controlar as ideias?
— Concordo.
— Então não é para liberar os sentimentos, como disse o terapeuta. E sim para controlá-los.
Finalmente entendi o que ele queria dizer. Sorri com tranquilidade e respondi.
— Você está falando de duas coisas diferentes. Não é para controlar o que você sente. É para liberar seus sentimentos, sua alma. Fazendo isso estará alimentando a intuição, deixando sua essência espiritual vir à tona. Agora, os pensamentos não brotam da alma, mas da cabeça, do raciocínio, da cabeça dos outros, e circulam à nossa volta e os captamos com facilidade. A diferença está no escolher. Quando optar, nunca vá pelo racional, pelo que vai pela sua cabeça. Ela é quem precisa de controlo. Na dúvida, deixe sempre falar o coração.
Nestor sorriu confiante.
— Não havia pensado nisso. Não é que ambos têm razão?
Tudo sempre tem dois lados. Sempre será preciso contemplar os dois e discernir. Não é verdade?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:46 pm

A recriminação
Minha amiga Helena estava inconformada. Esperara durante dois anos pela oportunidade da reencarnação e agora, quando se julgava preparada, com todas as chances de uma nova vida de sucesso, não obteve permissão. Por causa disso mergulhou em funda depressão.
Havíamos frequentado um curso juntos e nos tomamos grandes amigos. Eu a admirava. Arguta, inteligente, esforçada, optimista, granjeou desde logo minha amizade. Costumávamos conversar sobre nossas vidas, nossos sonhos para o futuro. Eu sabia que ela esperava muito dessa próxima reencarnação e que essa impossibilidade jogava por terra seus sonhos mais caros.
Em sua última encarnação na Terra, amara profundamente e fora correspondida. Casaram-se e tiveram três filhos. Classe média alta, vida social intensa, tudo parecia ir muito bem. Até que Helena começou a ser assediada por um amigo do marido, que se dizia apaixonado. A princípio Helena não lhe deu ouvidos. Como ele insistisse, com o tempo ela ficou envaidecida e começou a prestar atenção nele. Aos poucos foi se envolvendo e acabou por sentir uma louca paixão por ele. Era como uma sede que, quanto mais saciada, mais aumentava.
Helena perdeu a alegria, a discrição, o bom senso, estabelecendo uma tragédia de dolorosas consequências: seu marido deu três tiros no falso amigo e, tendo sido absolvido no julgamento, separou-se dela, tirando-lhe os filhos, que ficaram sobre a tutela dos avós paternos. Quando tudo se consumou, a paixão de Helena havia acabado e ela, desesperada, cheia de remorsos, mergulhou na culpa, perdendo o ânimo de seguir adiante. Reconheceu o quanto amava o marido e os filhos e não se conformava em ter agido tão levianamente.
Por causa disso, fechou seus sentimentos ao amor e durante muitos anos foi incapaz de amar. Teve duas encarnações na Terra, durante as quais se puniu com a virgindade. Com o tempo, no astral, houve o reencontro com a antiga família. Osvaldo, seu ex-marido, havia se tomado desconfiado e arredio.
Nunca mais confiara em outra mulher. A antiga ferida ainda doía e o amor que sentira por Helena ainda estava lá, sofrido, amargurado. Começaram a encontrar-se, e as queixas e explicações de parte a parte foram lavando as feridas, e um dia reconheceram que, apesar de tudo, ainda se amavam. Passaram a viver juntos, e os antigos filhos os visitavam. Depois de tantos anos, finalmente as coisas haviam se arranjado e eles se sentiam felizes outra vez.
Apesar disso, eles sabiam que um dia teriam que reencarnar novamente e sonhavam continuar juntos. Claro que a situação seria diferente. Muitas coisas haviam se modificado. Não teriam os mesmos filhos, uma vez que durante aqueles anos haviam assumido outros compromissos. Mas queriam ficar juntos. Amavam-se e não conseguiriam viver com outras pessoas.
Para conseguir o que pretendiam, pediram uma reunião com nossos maiores.
Feita a solicitação, o assistente espiritual encarregado mostrou-se favorável ao pedido:
— Vejo que estão bem agora. Acredito que consigam o que pretendem. Há muito esperávamos por essa decisão e temos tudo preparado. Osvaldo reencarnará dentro de algumas semanas e você Helena, dois anos depois.
— Dois anos? Por que não poderei reencarnar ao mesmo tempo que ele?
Quanto mais demorar, mais viveremos separados. Gostaria de abreviar esse tempo.
— Impossível. Precisamos de sua cooperação durante esse tempo. Em tudo isso não os ouvi mencionar Renato.
— O que passou, passou — disse Osvaldo. — Quero esquecer.
— Eu também — disse Helena. — Desejo que ele esteja feliz e encontre também a felicidade. Nós já o perdoamos.
— Não é o suficiente. Vocês ligaram-se uns aos outros e, se reencarnarem juntos, ele fatalmente será atraído.
— Como assim? — disse Osvaldo assustado.
— Nascerá como filho de vocês.
— Não é possível! — disse Helena. —Não compreende que jamais nos entenderíamos? Que por causa dele destruímos nossas vidas e nos atormentamos até agora?
— Você não perdoou?
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Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto - Página 4 Empty Re: Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:46 pm

— Perdoei. Mas, depois do que aconteceu, não gostaria de conviver com ele de novo. Nunca mais nos encontramos. Nem sei como ele está agora.
— Melhor. Antes julgava-se injustiçado. Queria encontrá-la a todo custo. Só acalmava um pouco quando reencarnado. Mas, mesmo durante o sono, andava à sua procura. Deu-nos muito trabalho contê-lo.
— Não posso concordar em recebê-lo em nossa casa. Depois de tudo... — considerou Osvaldo transtornado.— Nesse caso, não conseguirão ficar juntos na próxima encarnação. Pensem bem e percebam que só o amor filial poderá apagar o desentendimento entre vocês.
A partir daí, eles foram se acostumando com a ideia. Osvaldo precisava reencarnar e seu tempo estava vencendo. Ninguém poderia anular a força das coisas. Resolveram concordar. Foi feita uma reunião entre os três. Apesar da repulsa que sentia por Osvaldo, Renato concordou, uma vez que ficar ao lado de Helena era tudo quanto ele desejava. Osvaldo reencarnou e Helena ficou, à espera do próximo reencarne.
Foi durante esse tempo que nos conhecemos e ela sempre falava de suas esperanças e sonhos. A recusa inesperada a surpreendera. Fui visitá-la. Notei logo sua tristeza. Sentados na varanda florida de sua casa, tentei levantar-lhe o ânimo:
— Não fique triste. Nossos maiores sempre agem pelo melhor.
— Não me conformo. Depois de tantos anos de espera! Osvaldo está lá. Foi na certeza de que eu o encontraria. Como ficaremos?
— Não será mera questão de tempo?
Ela sacudiu a cabeça:
— Não. Eles foram categóricos. Não vou reencarnar por agora. Eles haviam concordado. Teriam nos enganado para que Osvaldo concordasse?
— Você não está bem! Sabe que eles falam a verdade mesmo que seja dolorosa. Devem ter um motivo justo.
— Não têm. Você sabe de minha rejeição por Renato. Durante esses dois anos, seguindo orientação deles, tenho tentado conviver amigavelmente com ele. Não tem sido fácil. Ele continua fixado em mim. Acredita que me ama e se desespera quando tento convencê-lo de que nosso afecto deve ser só filial. Há momentos em que preferia ficar longe dele. Mas corajosamente, pensando em nosso futuro, enfrento a situação. Tenho contado os dias que faltavam para que esses dois anos de sofrimento acabassem. Agora, sinto que foi tudo em vão. A partir de hoje, me recuso a ver Renato. Ele que se arranje. Não faço mais nada. Estou cansada.
Durante algum tempo, tentei erguer-lhe o ânimo sem conseguir nada. Saí entristecido e fui conversar com meu amigo Jaime para saber se havia algo
que eu pudesse fazer. Finalizei:
— Helena é corajosa e dedicada. Gostaria de poder fazer alguma coisa em seu favor.
— Não pode.— Por que ela não obteve permissão para reencarnar?
— Porque ainda não está preparada.
— Não? Depois de tanto esforço?
— É verdade. São os segredos do coração. Apesar do que ela diz, ainda se perturba muito com a presença de Renato. Seu coração balança entre ele e Osvaldo, e se a cabeça racionaliza e escolhe o ex-marido, o coração pende muito por Renato.
— Mas ele será seu filho. Esse sentimento não se modificará através dessa experiência?
— E verdade. Isso tem chance de ocorrer. Não é o que a impede de reencarnar. Por tudo que ela já fez, pelo progresso que alcançou, Helena faz jus a uma vida melhor. Ela poderia reencarnar para desenvolver outras necessidades de seu espírito e deixar esse caso para mais tarde, quando já houvesse superado todo o ressentimento e a recriminação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:47 pm

— Recriminação?
— Sim. Apesar do que parece, ela ainda não venceu a recriminação e vive constantemente se cobrando pelo passado e a Osvaldo por haver tirado a vida de Renato. Se ela renascer sem vencer esse problema, tendo que suportar a vida entre os dois, fará disso um inferno.
— Mas essa não é uma necessidade dela? Um dia não terá que vencer isso?
— Sim. Mas tudo será mais fácil quando ela vencer a culpa. Porque, apesar de tudo, ela continua lá, atrapalhando tudo.
Balancei a cabeça pensativo. Por que multiplicamos tanto o peso de nossos enganos, cultivando a culpa? Até quando ela nos derrotará?
Saí pensativo. Apesar de tudo, vou tentar ajudá-la. Sei que, passada essa crise, ela vai reagir. Afinal, o tempo cura todas as feridas e amigo é para essas coisas. Você não acha?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:47 pm

Curioso resgate
Em meio à escuridão da noite nós caminhávamos em silêncio. Nossa missão era resgatar três pessoas que deixaram a terra inesperadamente.
Não que nossas fichas não sejam organizadas. Ao contrário, temos registros minuciosos mencionando todas as probabilidades dos casos, com datas precisas e tempo determinado para acontecer.
Mas, para minha surpresa, havíamos sido convocados por um chamado inesperado.
Como? Nossos arquivos não estavam tão bem-feitos quanto pensávamos?
Havia possibilidade de acontecimentos não cogitados por nossos maiores?
Enquanto eu, Jaime e Ernesto nos dirigíamos ao local indicado, pensávamos a mesma coisa, mas ninguém se sentia encorajado a manifestar-se.
É que estávamos tão habituados a confiar na organização encarregada de cuidar das reencarnações e controlar todos os dados que preferíamos não emitir opiniões precipitadas.
Chegando em um bairro da periferia de S. Paulo, procuramos o endereço. Não nos foi difícil encontrá-lo, uma vez que o local estava tumultuado e havia muitas pessoas, apesar do adiantado da hora. Carros da polícia, jornalistas à cata de matéria, curiosos.
Na calçada, um corpo coberto por jornais que a polícia cercara proibindo que tocassem.
Dentro de casa, duas mulheres chorando inconformadas, assustadas, ainda em estado de choque.
Olhamo-nos indecisos. Estávamos ali para buscar três pessoas e havia apenas um morto. Apressamo-nos a conferir o endereço. Era aquele mesmo.
Teria havido um engano?
Jaime nos tranquilizou:
— Esperemos o que vai acontecer.
— O espírito que habitava esse corpo já foi retirado? — tornei admirado.
— Já.
— Nesse caso...
Jaime me interrompeu:
— O momento é de expectativa. Vamos aguardar.
Fiz o possível para dominar a curiosidade. Reconheço que há momentos em que sinto dificuldade para controlá-la.
Aquele caso parecia-me algo comum nos dias de hoje. Um homem fora assassinado por marginais ao chegar em casa.
— Vamos entrar — disse Jaime.
Ele entrou e o acompanhamos. Abraçadas uma à outra, as duas choravam.
— Bem que eu pedi a ele que não saísse hoje. Mas sabe como ele era, quando queria uma coisa não desistia. Eu estava com um pressentimento ruim.
— Ele nunca nos quis ouvir. Desde criança, como mãe eu tentei aconselhá-lo, mas qual, sempre fez o que lhe deu na telha. O resultado está aí.
— E agora, o que será de nós sem ele?
Elas continuavam se lastimando sem perceber nossa presença. Um policial entrou dizendo:
— Sinto muito, mas vocês precisam nos acompanhar até a delegacia para prestar declarações.
— Nós já contamos tudo que sabemos — disse a mais velha.
— A polícia técnica já acabou e recolhemos o corpo. Não conseguimos nenhuma testemunha. Não havia ninguém na rua quando aconteceu. Vocês são os únicos parentes, precisam ir connosco até a delegacia.
Depois de alguma resistência, as duas concordaram. Elas saíram e nós ficamos.
— Vamos evitar pensamentos dispersivos e nos mantermos ligados com a luz — pediu Jaime. — Vamos arejar um pouco este ambiente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:47 pm

Obedeci.
De facto, a atmosfera daquela casa era pesada e desagradável.
Durante certo tempo nos ocupamos em envolver aquele ambiente de luz.
Em certo momento entrou na casa um homem e reconheci. Era o dono da casa. Trazia ainda na cabeça a marca da pancada que o abatera e no peito a ferida da faca que o vitimara. Porém não demonstrava estar sofrendo nem ter conhecimento de sua situação.
Entrou pé-ante-pé como se não quisesse fazer ruído, olhando de um lado e de outro para certificar-se de que não estava sendo visto.
Claro que não estava nos vendo.
Ah! o prazer de ser invisível! Se vocês pudessem saber como isso é emocionante! Por outro lado fico pensando se não haverá junto a nós também pessoas que não podemos ver, a nos observar constantemente. Esse pensamento me incomoda um pouco, mesmo sabendo que aqui no astral não dá para ocultar nada de ninguém. Ele entrou, foi até a cozinha e remexeu no gás do fogão. Não sei como ele conseguiu isso, uma vez que não dispunha mais de um corpo de carne para actuar. Mas ele fez. Na hora não percebi bem o quê. Depois, dirigiu-se ao quarto e postou-se atrás da veneziana à espera.
Poucos minutos depois ouvimos um ruído. Alguém estava tentando entrar na casa forçando a janela. Esperamos.
Nosso homem escondeu-se atrás da porta do quarto que estava aberta.
— Entre, Paulo. Tudo limpo. Vamos lá. Depressa! — disse um depois de abrir a veneziana e saltar para dentro do quarto.
Logo outro vulto saltou para dentro e fechou a janela.
— Não vamos acender a luz, trouxe a lanterna?
— Trouxe. Vamos procurar. Tem que estar em algum lugar.
Os dois começaram a revirar tudo.
— Precisamos acabar antes que elas voltem.
Depois de muito procurar, arrastaram a cama e perceberam alguns tijolos soltos na parede. Imediatamente os tiraram, encontrando um envelope grande e grosso.
— Deve ser esse!
Enquanto um segurava a lanterna, o outro abria o envelope. Sorriram satisfeitos. Enquanto eles davam a busca o espírito do morto saíra sorrateiramente de trás da porta, esgueirando-se para a cozinha, e continuou mexendo no fogão. O que estaria fazendo?
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Jaime disse rápido:
— Vamos sair deste lugar já e esperar do outro lado da rua. Depressa!
Puxou-nos pelo braço e imediatamente nos afastamos do local. Foi no momento exacto. Ouvimos um estrondo ensurdecedor e a pequena casa foi pelos ares.
Gritos, correrias, confusão, corpo de bombeiros tentando impedir que o fogo que sucedera à explosão destruísse as casas ao redor.
Eu ainda não me refizera do susto quando vi o espírito do dono da casa trazendo pelo braço os espíritos dos outros dois que haviam invadido sua casa. Eles estavam em estado de choque, sem entender ainda o que havia lhes acontecido.
Nosso homem dizia satisfeito:
— Vocês quiseram me passar a perna, mas eu sou mais esperto. Quando vocês iam eu já ia voltando. Só porque vocês são ricos, estudados, cheios de poder, pensam que podem mandar em todo mundo e fazer o que querem? — ele ria irónico. — Pois comigo não. Agora vocês vão ver com quantos paus se faz uma canoa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:47 pm

Jaime olhou-nos sério e disse:
— É agora. Vamos intervir.
Aproximamo-nos dele, que nos olhou assustado.
— Viemos buscá-lo, José.
— Quem são vocês? O que querem?
— Vimos tudo que você fez. Tem que vir connosco.
— São da polícia? — indagou ele assustado.
— Não. Queremos ajudá-lo.
— Não creio. Vocês não podem me prender. Eles mereciam o que lhes aconteceu.
— Vimos quando você preparou o Botijão de gás e fez a casa explodir — tomou Jaime calmamente.
— Como pode ser? Não havia ninguém lá!
— Vamos embora. Eles também virão.
— Não é justo. Eles me assassinaram! — gritou ele.
Não é que ele sabia que estava morto e que fora assassinado? Ao que Jaime respondeu imperturbável:
— Não foram eles que o mataram.
— Eles mandaram aquele infeliz me matar. Sei que foram eles. Não queriam que eu mostrasse as fotos da irmã deles que andava com um homem casado.
— O que você não sabe é que eles nada tiveram a ver com o crime. Você foi morto mesmo por um marginal que o queria roubar. Eles souberam do crime e resolveram entrar em sua casa para procurar as fotos com medo de que a polícia as encontrasse e fizesse publicidade sobre o caso.
— Quer dizer que não foram eles?
— Não. Você se precipitou e acabou deixando sua mãe e sua mulher sem casa para morar.
Então, como se tivesse dado acordo de si, ele começou a chorar e a lamentar-se. Nós havíamos cuidado dos outros dois, aplicando-lhes energias de relaxamento, fazendo-os adormecer, e não nos foi difícil levá-los para o lugar onde deveriam ficar.
Mil perguntas surgiam em minha mente sem encontrar resposta. Quando voltamos, Jaime olhou-me sorrindo:
— Os fatos de hoje deram voltas à sua cabeça. O que você quer perguntar? — Tudo. O que aconteceu de verdade? Por que nosso pessoal não previu aqueles fatos? Como um espírito tão primitivo como aquele conseguiu fazer aquele gás explodir? A protecção dos outros dois não funcionou?
— Eu sabia que você estava curioso. Neco vivia de expedientes, explorando a credulidade e os problemas alheios. Casualmente descobriu o envolvimento de uma moça da sociedade com um político famoso. Fez as fotos, arranjou provas e tentou chantagear a família. Procurou os dois irmãos da moça, que concordaram em dar o dinheiro para que os pais não soubessem de nada. Neco bebeu um pouco e se abriu mais do que deveria com outro marginal, chegando a dizer quando deveria receber o dinheiro.
— Ele estava com o dinheiro quando foi morto? — indaguei.
— Não. Era para ser nesse dia, mas eles não conseguiram arranjar a quantia e pediram mais alguns dias. Isso o assassino não sabia. Pensou que ele estivesse com o dinheiro e fez o assalto. Porém não conseguiu o dinheiro. Os dois irmãos, quando ouviram a notícia pelo rádio, com medo resolveram procurar as fotos e as encontraram. Foram surpreendidos pela astúcia de Neco, que lhes armou a cilada, provocando a morte.— Estou admirado. E a protecção deles? Por que permitiu que eles fossem
atingidos? Eles não eram gente de bem? Afinal eles estavam sendo vítimas de Neco e não tiveram culpa de sua morte.
— A defesa deles não funcionou por causa da vida que eles levavam.
Acreditavam que eram donos do poder e que o dinheiro podia lhes comprar tudo. Assim, faziam o que lhes dava na telha sem respeitar o direito dos outros. Invadiam o espaço alheio sem nenhuma consideração. Foi fácil portanto para Neco invadir o espaço deles.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:48 pm

— Se não fosse ele, poderia ter sido outro.
— Isso mesmo. Eles eram assassináveis. Entendeu agora?
— Entendi. Apesar de tudo, a moça e o político foram poupados. Ninguém vai descobrir nada. Sua reputação nesse episódio permanecerá intocada. Ele teria protecção especial?
Jaime sorriu ao responder:
— Apesar de não controlar seus impulsos amorosos e manter relações extraconjugais, ele realiza um bom trabalho no campo social, contribuindo para o progresso do país. Depois, sua esposa é mulher muito respeitada em nossos meios por sua bondade e lucidez. Na verdade, ela nunca será atingida pelo mal, já que sabe viver sempre no bem.
— Por que esses acontecimentos não estavam previstos em nossas fichas? Jaime olhou-me e havia um brilho malicioso em seus olhos quando disse:
— Nossos fichários podem não estar completos por necessidade de sigilo mas pode ter certeza de que tudo está sob controlo.
Saí dali pensando. Não é que tudo estava certo? Qualquer acontecimento, por mais extraordinário que possa nos parecer, tem uma causa justa, um fim determinado pela sabedoria da vida, que sabe manejar tudo com maestria.
Sabendo disso, não seria uma boa ideia aprender a confiar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 06, 2024 8:48 pm

Diferentes paisagens
Em campo aberto eu caminhava leve, olhando maravilhado o céu azul e sem nuvens, aspirando gostosamente o aroma delicado das flores do campo, que aqui e ali enfeitavam o verde do mato que se estendia ao redor de mim.
O sol brilhava e eu sentia na pele o calor de seus raios, o que me proporcionava gostosa sensação de bem-estar. Não fora a delicadeza rarefeita da brisa que me envolvia, o brilho delicado que notava nas flores, cujo perfume provocava em mim sensações profundas e prazerosas, eu acreditaria estar ainda vivendo na Terra. Mas não. Essa paisagem, muito parecida com as que visualizava no mundo, está localizada em uma cidade de outra dimensão. Apesar de semelhante, ela difere das da Terra porque é muito mais actuante, mais viva. Aí, embora as paisagens sejam lindíssimas, permanecem indiferentes a nosso contacto. Sua beleza para os encarnados é mais visual. Sua captação vai depender da sensibilidade de cada um. Só os que já desenvolveram certo senso se detêm para admirá-las e raros conseguem registar suas energias subtis.
Aqui não. A brisa que circula é leve e transmite agradável sensação de bem-estar, de alegria e disposição. O brilho cintilante das cores, mesmo as mais suaves, transmite energia, vigor, motivação. Os perfumes penetram em nossa alma, despertando nela emoções gratificantes, como se uma mão delicada e suave estivesse tangendo magicamente as cordas de nossos sentimentos, elevando-os.
Por isso, estar neste lugar privilegiado é uma bênção maravilhosa e eu gostaria que vocês pudessem estar aqui comigo, usufruindo essa dádiva. Neste momento, sinto uma vontade enorme de contar toda a alegria que me banha o espírito, todo o prazer de viver que estou sentindo agora.
Vocês que me conhecem, que têm acompanhado minha trajectória, mesmo depois de morto, sabem que a alegria tem sido minha amiga predilecta. Sempre acreditei que ela era a chave para todas as conquistas de nosso espírito. Hoje, depois de tanto tempo, de tantas andanças, posso dizer que estava absolutamente certo.
Foi ela quem me ajudou a vencer as dificuldades de um temperamento emocional e impetuoso cuja sensibilidade exacerbada muitas vezes me colocou em dificuldades, levando-me a dramatizar demais. Contudo, mesmo quando no auge de meus momentos dramáticos, eu me esforçava para encontrar a alegria, observando os fatos com humor e me negando a conservar por muito tempo a tristeza ou a depressão. Foi isso que me ajudou.
Acham que é difícil? Pode parecer, mas eu fiz. É que apesar de estar vivenciando problemas, e de dramatizá-los, meu lado crítico, bem-humorado, não deixava de funcionar. Era engraçado. Mesmo na maior tristeza, eu observava o lado engraçado e acabava por minimizar minha dor. Vocês já notaram como mesmo as situações mais dramáticas podem ser transformadas em comédia?
É dessa verve irreverente que os grandes humoristas se servem para criar suas anedotas. É que o povo gosta de rir da desgraça alheia. Como eu já disse uma vez, o cego, o surdo, o velório, a viuvez, o bêbado, o gago, o adultério são excelentes temas para o teatro de humor. Sempre dão resultado. As pessoas se identificam porque têm sempre um parente, um amigo, um conhecido que se encaixa nesses modelos.
Os personagens de minhas peças de teatro eram inspirados nas dificuldades de cada um, o que os tomava muito humanos e fáceis de serem entendidos. O melhor humor é aquele que mostra o óbvio, que todos conhecem mas ninguém tem coragem de apontar. Aí vocês podem dizer que eu era maledicente e não deveria estar agora usufruindo esse lugar delicioso onde estou passeando agora.
E se eu lhes dissesse que os conceitos do bem e do mal que ainda vigoram na Terra estão fora de moda aqui no astral e muito ultrapassados? Pois é. Para os que andam aí vigiando todo mundo, com o dedo em riste pregando o “certo ou errado”, sinto dizer que vão se arrepender quando voltarem para cá.
Para os “donos da verdade”, principalmente os que falam em nome da religião, a decepção será maior. Os critérios aqui são outros. As regras estabelecidas pelos homens são retrógradas e nada significam. Ou melhor, elas quando levadas a sério dificultam e limitam as pessoas, tornando-as julgamentosas e preconceituosas, impedindo-as de perceber os valores verdadeiros da alma.
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