LUZ ESPÍRITA
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Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:18 pm

O clandestino
Acho interessante a maneira como algumas pessoas reagem ao tomarem contacto com os fenómenos da vida.
A reencarnação, a sobrevivência do espírito após a morte e as inevitáveis perguntas sobre o que acontece no “depois” intrigam e fascinam. Quando na Terra, quem não tem essa curiosidade? Sem falar dos descrentes, porque há muito já deixei de perder tempo com eles, na certeza de que tudo acontece no momento certo. Prefiro observar os que acreditam ou pelo menos estão na iminência de perceber essa realidade.
É tão belo o despertar da consciência no desenvolvimento de uma percepção mais clara, que eu adoro trabalhar nesse sector. Para mim, é como um parto bem-sucedido. Eu me lembro que, quando estava no mundo e podia presenciar esse milagre, ficava maravilhado todas as vezes. E quando me graduei e precisei optar pela especialização, fiquei meio balançado entre a obstetrícia e a pediatria, e como precisava decidir, optei por esta última com pena. Porém, me pareceu que a criança, tão delicada e indefesa, necessitava de um apoio maior.
Mas o milagre da vida é tão fantástico que mesmo agora, na realidade onde me encontro, ou talvez até por isso, continua me comovendo e adoçando meu coração. É como se eu nesses momentos liberasse a parte melhor e mais bela de meus sentimentos.
Ver uma pessoa desenvolver a consciência, despertar para a realidade cósmica, começar a perceber novos horizontes, outras realidades mais belas e mais gratificantes, melhorar o senso do belo, perceber a subtileza dos sentimentos nobres e delicados, a genialidade da criação, é como renascer para a vida.
É o milagre de uma nova experiência em nível mais alto e muito mais feliz.
É atirar para longe como veste inútil a lista de sofrimentos que a ignorância atrai e promove, para em troca descobrir a alegria, a bondade, o amor, a espiritualidade, a eternidade.
Acham que estou sendo lírico? Claro que sim. Como não estar, no momento mesmo em que, entusiasmado e satisfeito, observo tantas pessoas maduras para essas conquistas?
Hoje tomou-se mais fácil para nós, os “fantasmas”, a comunicação com a Terra. Afinal eu sempre acreditei que se tivéssemos o apoio dos meios de comunicação tudo se tomaria mais fácil.
Na era da electrónica, da televisão, da informática, de todos os recursos modernos de locomoção, dos satélites e tudo o mais, por que não utilizarmos esses meios?
De início não foi nada fácil.
Apesar da insistência de grandes autoridades de nosso plano, os homens que dispunham desses recursos, esquecidos do que haviam combinado quando estavam aqui, não queriam nem ouvir falar em nós, como se isso os desacreditasse diante da opinião pública.
Contudo, não desanimamos. Usamos todos os recursos da persuasão. E, afinal, conseguimos algumas vitórias. Eu digo conseguimos porque tenho participado tentando envolver e interessar vários conhecidos meus — desse meio e que ainda estão na carne — a colaborar.
É verdade que as tentativas ainda são tímidas, mas elas aumentarão, porquanto muito mais do que nosso limitado poder de persuasão é a própria vontade popular, mola-mestra. dos interesses deles.
Os ibopes, as pesquisas tão em moda no mundo têm uma força imensa nos projectos deles. E isso agora já vai ficando claro, porquanto o momento mágico chegou. Há muita gente madura para compreender esses fenómenos e eu diria mesmo que a sensibilidade das pessoas está à flor da pele e não vai dar mais para conter o processo.
É grande o número de sensitivos no mundo, e isso é condição natural do estágio em que a civilização terrena está.
E vocês perguntarão:
— E a dor? E as misérias do mundo actual? Não indicam um retrocesso?
Claro que não. O que é a dor senão um alerta da necessidade da mudança?
Como a criança que ficou calmamente no ventre materno durante nove meses de gestação e que na hora de nascer quer se soltar, abrir os caminhos para viver, assim a alma que não deseja mais permanecer como está, sente a necessidade da mudança, quer ver a luz. Procura novos caminhos e essa atitude provoca atritos e dor naqueles que desejam perpetuar as coisas e estacionam na ignorância.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:19 pm

Chegará o momento em que na Terra não haverá mais lugar para eles. No entanto, a dor é muito eficiente como meio de sensibilização.
Esse recurso do qual a vida se serve para vencer a resistência e a teimosia de alguns é utilizado em último caso, quando foram esgotadas todas as formas de provas viáveis e quando as pessoas já estão preparadas e poderiam fazer melhor e não fazem, puramente por medo ou até por seguirem mais a “lógica” da cabeça e menos os sentimentos do coração.
Sabendo disso, vocês não acham que a dor e todas as coisas terríveis que assolam a humanidade actual sejam prenúncio de mudança? Um recurso para acordar os retardatários que teimam em ignorar certas coisas e preferem aceitar e manter valores ultrapassados, que não servem mais para eles?
Pois é. Pensem nisso antes de julgar o que vai pelo mundo. Mas, por outro lado, aqueles que estão acordando devagar imaginam coisas e as tomam como verdadeiras.
Sobre nossa vida no astral, sobre nossos costumes e até sobre a reencarnação. Devo convir que a criatividade humana é inacreditável. Tenho ouvido coisas fantásticas que assustariam um fantasma que fosse mais inexperiente do que eu.
Conforta saber que muitos procuram informações a respeito, com bom senso e disposição.
Onde a confusão é maior, envolvendo até pessoas bem-intencionadas e grupos de estudos interessados, é sobre julgamento. Tinha que ser. Afinal cada um, sempre que escolhe, acciona seus conjuntos de valores e nesse caso a vivência e a noção de realidade de cada um é o que conta.
Nessa de julgamento todos já embarcamos. Uns mais, outros menos, mas como temos muito medo do desconhecido queremos logo classificar, aferir, julgar.
Nesse esforço vamos muito além do discernimento puro e simples, que seria o mais adequado. Entramos no julgamento, colocando rótulos nas coisas e nas pessoas, e eles é que, uma vez automatizados em nosso subconsciente, são responsáveis por nossa resistência ou teimosia.
Nesse conceito, tudo quanto fazemos passa pelo julgamento. Disso resultou o carma, palavra tão discutida e sobre a qual se cometem tantos enganos.
As pessoas confundem esse processo com aplicação de justiça, muito natural para os que são julgamentosos e muito fatalista para os que não o são.
Afinal a verdade é outra. Vocês acreditariam se eu lhes dissesse que seu destino está em suas mãos? Que você tem o poder para criá-lo e mudá-lo quando quiser?
A evolução é mestra e transforma tudo. Quando você se torna mais consciente, percebe isso e descobre que todo poder em relação a sua vida está em suas mãos. Não acreditam? Parece mais fácil culpar Deus, a vida, a sociedade, o governo, seja lá quem for, por seus dissabores? Claro. Se você admitir que você é o responsável por sua vida, por seu destino e que tudo quanto lhe acontece foi criado por você, terá que reagir, tomar providências, fazer alguma coisa, e nesse caso eu pergunto: será que você quer? Será que não prefere continuar culpando os outros para não ter que mudar?
Esses questionamentos são comuns naqueles que estão maduros para abrir os olhos à realidade. Assim sendo, carma é o destino que criamos para nós e vai continuar da mesma forma se não mudarmos nossas atitudes. Tirando a causa, o efeito desaparece.
Tenho visto que algumas pessoas gostam de complicar, dramatizar, colocar-se como vítimas de um destino cruel. Nesse caso, quem poderá impedir que as tragédias ocorram em suas vidas?
Alguns até dirão que elas sofrem porque estão “pagando” suas culpas. Pode haver pensamento mais ilusório do que esse? Além de julgar Deus como vingativo e cruel, que “cobra” a dor com a dor, atrai para a pessoa sofrimentos evitáveis.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:19 pm

Afirmam eles que depois de “purgar” suas faltas eles serão felizes na eternidade.
O que eu tenho visto é que quando, depois de muito sofrimento na Terra, o espírito chega aqui, vem em péssimo estado, com o corpo astral necessitando socorro, em difíceis condições.
Então a dor não purifica? Não eleva? Não. A dor serve para quebrar a resistência, acordar, diluir ilusões, abrir caminho, destruir a couraça de rótulos e fantasias que a pessoa criou. Depois disso, só depois é que, dependendo da reacção de cada um, é que se pode ajudar.
A dor é o remédio que ajuda a amadurecer, abrindo a muralha de nossos preconceitos. Cuidado com a crença de que a dor redime, porquanto se você não mudar sua forma de discernir, mantendo essa atitude, ela voltará mais forte e mais activa.
A vida é mais simples do que se pensa. Eu diria até que ela é tão sábia que chega a surpreender. E acaba com a confusão das pessoas sobre reencarnação, carma, julgamento, etc.
A propósito, quando mencionamos vidas passadas, não temos obrigatoriamente que “encaixar” em nosso passado todas as pessoas da família.
Como?! Então não estamos juntos para ressarcir o passado? Aquela mãe implicante não me matou na outra encarnação? Aquele parente relapso e desequilibrado que me causa prejuízos não é alguém a quem eu prejudiquei em outra vida e preciso tolerar?
Em alguns casos, até pode ser, porém há muitas possibilidades de não ser. Ele pode ter sido atraído por você, por uma atitude sua, e ter ingressado em sua vida agora.
Acha que não? Que não há clandestinos em sua família? Que necessariamente todos os seus são ligados a você por laços de vidas passadas?
Tanto pode ser como não. No entanto, o que eu gostaria mesmo que você soubesse é que todos, isso mesmo, todos os que convivem com você, familiares, amigos ou não, pessoas, situações nas quais você está envolvido, foram atraídos por sua energia, por suas crenças e atitudes.
- Como?! E os do passado? Não nos comprometemos uns com os outros?
Claro, mas não só a atracção como a manutenção do relacionamento ou das situações só permanecem e vão existir enquanto você mantiver a crença que os provocou.
O dia em que você descobrir como você criou e atraiu certas coisas em sua vida e mudar a atitude, elas se modificarão. Deu para entender? Percebeu como você é poderoso? Como você é forte?
E como eu gosto de você e desejo que caminhe depressa, arrisco uma sugestão: não queira assumir os problemas alheios nem com intenção de ajudar. Se puder prestar um favor, faça-o, faça-o e esqueça em seguida, porque nessa de salvador do mundo você poderá sem dúvida atrair vários clandestinos no barco da existência, com os quais estará comprometido e com os quais não desejaria compactuar.
Afinal, ser o responsável por nosso destino já dá o que pensar. Cuidar de si mesmo é um trabalho muito importante. Não concordam comigo?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:19 pm

Inversão
Nas possantes asas do pensamento eu caminhava velozmente. Quem não o faria? Pensar é fácil, imaginar é tão bom, principalmente quando sonhamos alcançar o que valorizamos.
É aí que as coisas ficam confusas de vez em quando. Por que nos iludimos com facilidade, fantasiamos acontecimentos e situações que nem sempre concorrem para nossa felicidade?
Afinal, no fim de tudo, o que conta mesmo é a felicidade. Seja qual for nossa posição, não é o que todos procuramos? E se não a encontramos como pretendemos, é porque partimos de uma visão distorcida da realidade.
Aliás, digo isso não para criticar mas apenas para notar que a lucidez, a percepção da realidade são factores importantes para alcançarmos nossos propósitos.
Ser feliz é o que importa e se às vezes negamos que esse seja nosso maior objectivo, para não parecermos egoístas mostrando interesse pelo sucesso, saúde, bem-estar, esse facto torna-se claro como determinante de todas as nossas atitudes na vida.
Pena que ainda sintamos medo de assumir essa verdade e nos perdemos em rodeios desnecessários gastando tempo e suor, dando voltas para no fim chegar ao mesmo lugar, por um caminho mais longo e complicado.
Mas isso é conquista e experiência de cada um e não é de se lamentar, porque tudo na vida corre sempre certo e pelo melhor. Não concordam comigo? Acham que estou sendo optimista em excesso?
Afirmo que não. Ser optimista na Terra é sempre insuficiente diante do quadro negativo e ilusório criado pelos homens e pela sociedade. Aí vocês vão dizer que eu digo isso porque estou bem, afortunadamente dispondo de recursos de inteligência e cultura, ajuda espiritual, etc., etc., o que não ocorre com a maioria dos terrestres.
E não faltará por certo aquele que colocará uma lista imensa de dados, mencionando hospitais, crianças, tragédias, limites, crueldades, ódios, guerras, ambições e toda sorte de problemas que assolam o mundo.
Esquecem-se de que fui médico na Terra? Que perambulei por hospitais e tive contacto com a dor, não só quando vivia na carne mas também agora tentando prestar serviços àqueles que precisam? E olhe que eu faço isso porque ser útil, cooperar com o progresso, com o bem-estar de todos é muito bom e agradável. Traz alegria ao coração perceber que as crianças crescem, que os espíritos progridem e aprendem a cada dia, tomando-se mais capazes e felizes.
É uma utopia? Não penso assim. Sabem por quê? Porque sei que o progresso é lei da vida e nada é mais verdadeiro e efectivo do que ele.
Por isso, não acredito em dramas, nem em tragédias, embora lamente que pessoas ainda as alimentem e reproduzam.
Sentir o prazer de ajudar, cooperar, progredir, é altamente motivador. Pena que quando estamos no mundo nos deixemos fascinar pelo que parece e não pelo que é. Entramos na mente social, metemos os pés pelas mãos, para acabarmos desiludidos e tristes, acabrunhados e desmotivados, descrentes e indiferentes aos sofrimentos e necessidades dos outros.
Aí vocês vão dizer:
— Mas não foi você mesmo quem disse que as tragédias são ilusórias?
O que eu disse é que as pessoas podem escolher outro caminho e aprender de outra forma, não precisando necessariamente de tanta dor e tanto esforço para tornarem-se mais conscientes. Só isso.
Olhe que eu falo porque nestes anos todos aqui, onde tenho procurado cooperar e prestar serviços à comunidade (sinto prazer nisso), entrei em contacto directo com pessoas que na Terra têm o mesmo desejo e se dispõem a ajudar os outros. Seja prestando serviços voluntários em obras filantrópicas, seja cooperando profissionalmente para o mesmo fim.
Engraçado é que na Terra as pessoas costumam separar a ajuda. Acreditam que a verdadeira ajuda, a mais nobre, seja o trabalho voluntário não remunerado. Isso é conceito muito materialista e terreno. É limitar a cooperação e a fraternidade ao desejo de uns poucos e muitos deles inexperientes nas actividades de auxílio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:19 pm

A fraternidade, a cooperação, a ajuda efectiva vai muito além disso. Envolve todas as coisas.
Os espíritos superiores não condicionam sua cooperação aos pobres e acanhados critérios da sociedade terrena. Vão muito além. Eles valorizam tudo que pode contribuir para o progresso do espírito e esse conceito inclui tudo que acontece no mundo.
Não separa pessoas pelo rótulo religioso nem pelo dinheiro que elas possam movimentar. Aliás, ao contrário do que a maioria pensa aí, o dinheiro, o poder político, o conhecimento, o potencial de um líder, a capacidade de fazer e criar coisas, desde que favoreçam o desenvolvimento do ser humano, são altamente cotados com nossos superiores.
Estão surpresos? Um milionário, um empresário, um banqueiro, poderão “entrar no reino de Deus”? Se eles corresponderem a esse objectivo, claro que sim. Não conseguirá esse aval o rico que ainda não aprendeu a fazer o dinheiro circular e apenas o enterrou na inutilidade. Mas até esse conceito, aqui, perde o carácter que a ele se dá na sociedade terrena, porque o usurário, mesma iludido, consegue apenas atrair experiências que o ensinem a enxergar a função nobre do dinheiro.
Aí vocês dirão:
-— E as pessoas que ele prejudicou, que ele explorou?
O empresário que fez o mesmo com seus empregados não estaria no mesmo caso? Tanto um como o outro, segundo as leis universais, prejudicaram apenas a si mesmos, gerando experiências desagradáveis para o futuro. Quanto às pessoas que se deixaram lesar por eles, atraíram essa experiência para si, porque permitiram, aceitaram esse domínio.
E atrás desse processo sempre há a falta de vontade, o desejo de viver pendurado nos outros, no pai, no patrão, no governo, na família, etc. E, nesse caso, o melhor para eles é experimentar essa situação até que percebam que possuem poder e força para escolher e fazer o que quiserem de suas vidas.
A vida na Terra nada mais é do que um treino onde nos matriculamos por certo tempo, para desenvolvermos nosso potencial de espírito eterno.
Por isso há tantas e diversificadas experiências no mundo. E nesse laboratório o importante é desenvolver a consciência. E para isso há que estar atento, sentir, buscar.
A sociedade criou regras para disciplinar a comunidade. Porém os homens estabeleceram valores muito distanciados da realidade. Eu diria, mesmo, completamente invertidos daquilo que são. Quem se dispõe a ajudar o outro deseja fazer por ele, e esse engano tem levado muita gente bem-intencionada ao fracasso.
Prestar serviços voluntários em uma igreja, em um hospital, em um centro espírita, é nobre e valioso. Porém, por mais que a pessoa se dedique desinteressadamente “sem recompensa”, ela fica feliz em perceber que sua intervenção foi bem-sucedida. Isso é natural e alimenta a motivação. Mas nada mais triste do que manter um orfanato por trinta anos para depois chegar à conclusão de que não preparou bem as crianças para enfrentar a vida em sociedade e quando elas saíram, despreparadas, tomaram-se presa fácil para a dor e o desequilíbrio.
Por isso, como a mãe ou o pai que prejudicam os filhos com superprotecção, enfraquecendo-os e tornando-os frágeis para viver em uma sociedade competitiva, a ajuda também vai muito além do donativo, seja de que espécie for.
E embora ele seja útil, em alguns casos revela apenas falta de confiança no potencial de quem recebe, diminuindo suas chances de desenvolvimento, simplesmente confirmando e atestando uma incapacidade na qual a pessoa acredita e que foi a causa de ela estar carente.
Perceberam como vemos aqui? Por isso, na Terra todos os empreendimentos, os grupos, sejam de que espécie forem, são medidos e auxiliados (não com os critérios terrenos) a que cresçam e se fortaleçam.
A princípio esse assunto me espantou. Como?! Era importante socorrer uma indústria tanto quanto os lamentos dos que estavam em um hospital? Não concordei. Quando cheguei aqui pensava que salvar os que sofrem fosse o mais importante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:19 pm

Foi meu amigo Jaime quem me esclareceu:
— Temos muitos cooperadores nos hospitais da Terra. Ninguém está esquecido, porém o trabalho lá não é muito grande. Está bem distribuído.
Enquanto em outras áreas há maior necessidade.
— Como assim? — disse, escandalizado. — O que pode ser mais importante do que suavizar a dor?
Ele sorriu de minha euforia e respondeu:
— Você está confundindo as coisas. Seu critério ainda é terreno. Quando a dor está trabalhando nas pessoas, não podemos fazer muito. Ela só aparece após haver esgotado todos os outros recursos.
E por isso é preciso deixá-la seguir seu curso. É parte do processo que a pessoa precisa. Por isso, embora lamentemos, não podemos impedi-la de agir.
É o remédio para o caso. Não há muito a fazer a não ser esperar. Já nos grupos sociais da Terra, o trabalho é outro. Há desenvolvimento, experiências, treinamento, relacionamento, aprendizagem.
— Em uma empresa? Em uma loja?
— Claro. Lá existe competição, hierarquia, motivação ao crescimento. Em todos os lugares, o que realmente importa é o potencial humano. Ele pode desenvolver ou acabar com um empreendimento.
— Isso é verdade. Mas é um jogo de interesses materialistas.
— E o que é o dinheiro senão um estímulo ao desenvolvimento? O que é uma organização senão um desafio a que as pessoas testem seus conhecimentos e sua força?
— Tudo isso então...
— E apenas um veículo para o desenvolvimento do espírito.
— Olhando dessa forma...
— É só o que há. Apenas isso.
— Nesse caso, há muitos cooperadores de nosso plano prestando serviços nesses lugares!
— Por certo. As pessoas apaixonam-se por sectores da sociedade e criam novas formas de progresso. Quando vêm para cá, continuam com essa preferência e prestam serviços nesses sectores.
— Pena que alguns desses líderes na Terra não saibam disso.
— Os verdadeiros líderes, até sabem. Há muitos deles cujas fortunas são no mundo veículos de desenvolvimento nas artes, nas belezas espirituais que melhoram o ambiente e alimentam a alma.
— Os que fazem os museus e investem grandes somas em centros de pesquisas...
— Que sem meios nunca existiriam.
Depois desse dia tenho observado. Não é que ele tinha razão? Por isso, agora, tenho visto as coisas de forma diferente. Percebi que a cooperação, a dignidade, a integridade vão muito além das aparências. E que nem tudo que parece é.
Ajudar parece fácil e nós podemos até achar que estamos fazendo isso, mas será que é?
Será que estamos contribuindo para o desenvolvimento das pessoas ou estamos apenas confirmando a ilusão da carência, da incapacidade e da burrice?
Cada um agora pare para pensar. Quanto a mim, tendo aprendido o que aprendi, concluí que prevenir é melhor do que remediar.
Isto é, confiar que cada um pode fazer por si, que é bom o bastante, que tem capacidade, e dar apoio a que eles façam é melhor do que assumir o posto de salvador do mundo, herói super-caridoso e querer fazer por ele. Garanto que agindo assim evitaremos muitos dissabores.
Vamos experimentar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:20 pm

Costurando impressões
Apalermados, indiferentes, idiotas, todos nos sentimos algumas vezes, no momento mesmo em que a vida, matreira e sempre versátil, nos surpreende, derrubando nossas expectativas ou previsões, em sua estratégia fascinante e muito bem achada.
Arrancados inesperadamente do mundo interior que criamos e alimentamos durante largo tempo, parece-nos a princípio que o chão nos falta sob os pés e que difícil se toma seguir adiante.
Afundamos no caos, mergulhamos na queixa e na revolta, impressionados com nossa dificuldade em avaliar com clareza a nova proposta a que somos compelidos a experienciar.
Ah! Essa nossa dificuldade! Que bom se pudéssemos ser menos teimosos e tivéssemos mais disposição e interesse pelo menos de esperar a poeira assentar para depois avaliar os fatos.
Eu disse que a estratégia da vida é sempre muito bem achada, o que é verdade. Observada tempos depois, com isenção de ânimo, mais equilibrados e conscientes, podemos perceber isso. Eu diria mesmo que ela é mágica, obedecendo à divina sabedoria, e tem um plano a nosso respeito, tão bem urdido e perfeito que me encanta.
Não que eu já tenha perfeito conhecimento de como é esse processo, mas por minha experiência dá para perceber que esse plano existe e é tão completo que prevê tudo e todas as delicadas minúcias de nossas possibilidades.
Não é incrível? Um plano tão completo que nada, nem nenhuma circunstância, por mais inesperada que seja, possa frustrar. Às vezes fico pensando e me pergunto: como pode ser isso? Milhões de pessoas tão diferentes umas das outras, em situações culturais, emocionais, experienciais, tão especiais, já que não existem duas pessoas iguais, e ela sempre funciona maravilhosamente bem, sem nunca errar, movendo os acontecimentos e as pessoas de tal forma que tudo se encaixa em tudo e se completa, para o melhor no campo da evolução.
E aí você vai perguntar como eu sei disso. Será que a vida é mesmo assim perfeita? Eu afirmo que sim. Não contando minhas experiências pessoais na constatação pura e simples de como ela me conduziu, de como ela me estimulou, como ela me ajudou a crescer e a perceber as coisas, coloco aqui minha experiência com as pessoas em meu trabalho de socorro e de cooperação.
Não há nada que me estimule mais, que me empolgue mais do que acompanhar um caso. É que quando não estamos envolvidos emocionalmente, quando não é nosso problema que está em foco, nos sentimos mais serenos para perceber as coisas.
Dessa forma, ao tomarmos conhecimento dos problemas de cada um dos envolvidos, tentando estabelecer um projecto de auxílio, nos esforçamos para prever reacções e acontecimentos, pretendendo facilitar a que as coisas caminhem desta ou daquela forma.
Nesse trabalho, todos somos supervisionados por pessoas mais sábias do que nós próprios, as quais consultamos e das quais buscamos opiniões.
Nosso projectos de auxílio são sempre muito bem preparados, estudados e bem montados. E como não podia deixar de ser, em razão de nossas limitações, há algumas regras que nunca podemos ignorar.
São padrões éticos de respeito à liberdade de cada um, porquanto aqui a maneira de auxiliar é estabelecida segundo o que já conhecemos sobre as leis universais que, em alguns aspectos, diferem muito das que andam sendo estabelecidas no mundo.
E sabem o que acontece? Nós estudamos tudo, planeamos tudo, chegamos
até, em alguns casos, a prever o que acontecerá, conhecendo a reacção habitual daquelas pessoas, até onde elas conseguem chegar, etc., tudo muito bem e, de repente, zás! Somos surpreendidos por fatos muito diferentes do que prevíramos, algumas vezes trágicos, outras mais amenos, mas todos provocando radicais mudanças na situação, nas pessoas, que nenhum de nós havíamos conseguido prever.
Estão admirados? Quando falei que ficamos apalermados, perdemos o rumo, não me referi apenas aos que vivem encarnados no mundo. Nós também, fantasmas interessados em aprender e ajudar, nos sentimos assim e de pronto sequer conseguimos sair do estupor e nossa criatividade parece haver desaparecido.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:20 pm

Nessas horas, se os homens da Terra, frustrados, inseguros, recorrem a seus santos ou guias espirituais, nós aqui procuramos nossos instrutores julgando que todos os nossos conceitos estavam errados e insuficientes.
Por que será que a primeira coisa em que pensamos é que estamos errados?
Parece até perseguição. Acreditamos logo que o problema seja nosso, de avaliação ou de conhecimento. A ilusão de nos julgarmos menos, de sermos fracos e imperfeitos, continua forte dentro de nós. E quase sempre necessitamos da ajuda da dor e da carência para percebermos nossa força e todo o bem que já possuímos.
Depois de ouvir nossos instrutores, que nos convidam a serenar os ânimos e a observar melhor, acabamos por descobrir que tudo só poderia ter sido daquela forma, que diante dos resultados sempre positivos obtidos, os factos, ainda que dolorosos, trágicos ou não, foram concludentes e necessários.
Não é só isso. Algum tempo depois, quando o caso evoluiu para melhor, ao estudarmos como as coisas aconteceram, podemos perceber claramente a magia da vida, sua sabedoria, sua força positiva.
A constatação desse fato deveria ser suficiente para nos fazer confiar mais e acreditarmos na bondade divina. E esse raciocínio não serve só para nós aqui no astral, mas para vocês também, porque, guardadas as devidas proporções, todos fazemos parte da família universal e, ao que parece, nos assemelhamos muito.
Nossos problemas, nossas dúvidas, nosso comportamento são semelhantes.
Em razão do exposto, não seria adequado confiar mais? A vida é criativa e sábia. Tem por objectivo nos tomar conscientes de que fomos criados para a alegria, a beleza, a felicidade, e trabalha constantemente para nos ensinar como perceber tudo isso e usufruirmos do bem que a bondade de Deus nos destinou.
Nesse caso, o que nos impede de conquistarmos tudo isso? Qual a dificuldade que obstrui nosso caminho a tal ponto que a vida, sempre tão sábia e bondosa, precisa nos sacudir com a dor e a carência para que venhamos a largar nossas ilusões e a enxergar a realidade?
De onde virá nossa predisposição para o negativo, para o mal, pensando primeiro no pior antes de perceber e esperar o melhor?
Será das religiões, que sempre pregaram o temor a Deus, o homem cheio de pecados e imperfeito? Será porque ainda hoje se cultiva o mal como força infernal, sem perceber que acreditar na imperfeição do homem é diminuir a grandeza da perfeição de Deus?
Pensando como a vida é surpreendente e age de forma inesperada, vocês não acham que a confiança poderia nos ajudar muito num momento desses?
Pelo menos nos daria serenidade e paciência, impedindo-nos de afundar na negação e na revolta, que além de inúteis ainda nos fazem perder muito tempo.
Na hora em que você for surpreendido por um fato novo, desagradável ou não, assustador, inesperado, confie. Pense que a vida trabalha pelo melhor.
Que faz tudo certo. Convença-se disso. Não pense em conseguir soluções
imediatas ou em fugir daquilo o mais rápido possível. É dessa forma que, agarrados a nossas velhas ideias, bloqueamos todos os benefícios que a vida está nos oferecendo e acabamos por necessitar que ela ainda nos ajude mais, utilizando outros estímulos mais fortes, sempre chocantes para nós.
A confiança, a tentativa de compreender, a aceitação de um fato do qual não podemos evitar ou fugir facilitam nossa percepção de coisas que até então não conseguíamos notar. E se além da confiança ainda juntarmos atentamente a vontade de perceber o que a vida pretendeu nos ensinar com aquele facto, por certo descobriremos coisas importantes e reveladoras a nosso respeito.
Enfrentar o inevitável, olhar para o real com coragem e confiança abre nossa percepção e nos toma mais conscientes. E não é esse o objectivo da vida? Eu, que sou interessado em cooperar e aprender, estou procurando agir assim.
Não acham que estou fazendo bem? É que, como eu já disse antes, estou resolvido a banir o sofrimento de minha vida. Vocês pensam que estou sendo optimista? Que nunca conseguirei? Sei que a felicidade existe e posso desde já obtê-la. Vocês me julgariam pedante se eu lhes dissesse que me sinto gloriosamente feliz?
É verdade. E você também pode. Porque essa é a determinação de Deus. E se ele decidiu isso, quem é você para duvidar?
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Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto - Página 3 Empty Re: Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:20 pm

O aliado
Acabei de voltar de uma viagem maravilhosa! Fui convidado a conhecer um lugar onde as pessoas vivem felizes e alegres. Por uma dessas dádivas da bondade divina, excursionei para esse lugar encantado, onde a beleza é natural e constante e o bem resplandece em tudo e em todos.
Alegria, generosidade, fraternidade, bondade, compaixão, honestidade, amor, confiança, existe em todos os seus habitantes como conquista inalienável e absoluta.
Senti-me como se estivesse no paraíso. Não um paraíso à maneira que o homem da Terra imagina, onde a ociosidade e a megalomania estabeleçam as regras, mas um lugar delicioso, cheio de vida, prosperidade, acção, trabalho, alegria e amor. Uma colmeia de luz, espargindo bem-estar e harmonia para o universo inteiro.
Acham que estou exagerando? Nada disso. Eu adoraria que vocês pudessem pelo menos passar uma vista de olhos, ainda que rápida, de como se vive lá.
Durante uma semana, eu nutri minha alma, e ao retomar à minha cidade vim cheio de bondade, planos de trabalho e renovação interior.
Contudo, se ir para lá foi extremamente bom, a volta à dimensão onde me encontro foi conflituante. Reencontrar antigos padrões, olhar novamente meus limites e reconhecer o quanto preciso mudar para conquistar aqueles valores foi um trabalho árduo, porém, seguro de que esse trabalho é meu, de que só eu posso fazê-lo, decidi com alegria e disposição continuar me esforçando.
Claro que eu percebi que me oferecendo essa viagem, meus instrutores queriam que eu soubesse aonde posso chegar.
Era como se me dissessem: “Veja. Eles conseguiram evoluir sem sofrimento. Eles já aprenderam. Você também pode. Continue em seus propósitos”.
E eu, que percebi isso, estou contente porque sei que um dia serei como eles. Que bom! Que beleza! Como eu gostaria que nosso querido mundo pudesse viver assim! Dizer adeus a toda dor, toda crueldade, todo mal, toda tragédia.
E se voltar à minha cidade astral fez-me perceber o quanto nós aqui precisamos trabalhar para alcançar toda a felicidade que almejamos, o contraste com o que vai pelo mundo foi extremamente chocante. Claro que, habituado aos problemas na Terra, eu não deveria ter me chocado tanto. Mas confesso que o contraste foi tão brutal que me entristeceu.
Saber que o paraíso existe, que a felicidade é verdadeira, que está ao alcance de todos nós e ver que no mundo a maioria ignora isso, opta pela dor, espera por ela como inevitável, se defende agredindo, desrespeita tudo e todos de forma dura e constante, fere fundo nossos ideais do bem e do amor divinos.
Pensando nisso, circulei pelo mundo tentando estudar o comportamento humano, e notei como os maus manipulam os ingénuos, a malícia é assessorada por entidades perversas e cruéis. Pude ver que hordas de espíritos desencarnados envolvem pessoas, subordinando-as às suas tendências infelizes e más.
Estudando essas influências na Terra, frequentando lugares onde a violência e a maldade imperam, fiquei seriamente preocupado. Não é que o diabo existia mesmo? Quem senão ele chefiaria tantas falanges, provocando guerras, destruição, crimes, desavenças, infelicidade e dor?
Sim, porque eu notei que esses espíritos que os homens chamam de entidades das trevas têm um propósito, têm um chefe, agem dentro de planos e disciplinas maquiavélicos e eficientes em provocar o que eles pretendem.
Assim, eles interferem nos acontecimentos políticos, nas catástrofes, manipulam e agem de acordo com seus interesses de domínio e poder, interessados em manter a ignorância humana, procurando de todas as formas impedir que a humanidade aprenda e perceba os valores do bem e da espiritualidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 8:21 pm

Quem teria tanto poder senão o diabo? Não é que ele existe mesmo? Fiquei pensando, pensando. Quem seria esse ser poderoso que ousava combater Deus? Quem teria essa ousadia e tanta força a ponto de conseguir tantas vantagens no mundo? Sim, porque, se você observar, a maldade fere fundo a ponto de questionarmos por que o bem não aparece.
Mas acreditar no diabo não seria questionar o poder de Deus? Não seria colocá-lo tão poderoso quanto ele?
Esse assunto deu voltas à minha cabeça e acabei indo procurar meu amigo Jaime, com quem tenho condições de conversar e cuja sabedoria sempre me encanta.
Coloquei meus argumentos com seriedade. Afinal o assunto era mesmo sério. E finalizei:
—Tenho observado que há muitos espíritos encarnados e outros mais aqui no astral com a missão de esclarecer os homens e torná-los conscientes dos verdadeiros valores da alma. Sabendo que cada pessoa pode conquistar a felicidade, que pode deixar de lado o sofrimento, aprender a viver com o bem, que cada um tem dentro de si todo o poder para seguir esse caminho, por que há tantas dificuldades? Por que Deus permite que esses espíritos circulem pelo mundo, encarnados ou não, e trabalhem contra nossos propósitos, dificultando nossa missão, até nos perseguindo no mundo e levando a melhor muitas vezes?
Por que eles têm tanta força? Nosso trabalho de esclarecimento não seria melhor se eles fossem afastados? Sem essa poderosa influência, nosso trabalho não seria mais eficiente?
Jaime sorriu e havia um brilho de malícia em seus olhos quando disse:
— Hoje você descobriu que o diabo existe.
— Não brinque comigo. Tenho pensado seriamente nisso. Gostaria que na Terra as pessoas descobrissem a verdade. Vivessem melhor. Elas podem!
— Tem razão. Elas podem. E você pode ver que, mesmo lá, há muitas pessoas que já descobriram isso. Essas são mais felizes e o diabo não exerce nenhum poder sobre elas.
— Então ele existe e realmente tem poder?
— Claro.
Balancei a cabeça negativamente.
— Não entendo — disse. — Ainda acho que sem ele as coisas poderiam ser melhores. Por que Deus não o impede?
Os olhos de Jaime tinham um brilho indefinível quando ele respondeu:
— Por que afastaria seu maior aliado?
— Aliado?
— Sim. Não percebeu que ele trabalha para Deus? Como abre os olhos dos ingénuos, quebra as muralhas da resistência humana de seguir adiante, desenvolve a sensibilidade dos indiferentes, torna a alma capaz de descobrir a própria força e realça a força do bem? Sem ele, como nós saberíamos o que é o amor? Sem as trevas, como perceber a luz?
Abri a boca e fechei-a de novo sem encontrar palavras para responder. Ele finalizou:
— E, depois, que espírito de luz e de bondade teria força para realizar esse trabalho? Seria ir contra sua natureza.
Não é que ele tinha razão? O diabo era mesmo um grande aliado. E confesso que meu respeito por ele cresceu muito. Sabem o que eu penso? Que combatê-lo não é uma boa. Não que se deva favorecê-lo. Afinal, fazer o mal, perturbar os outros, impedir o bem, não é tarefa nossa. Ao contrário. Para nós, é gratificante fazer o bem, disseminar a luz, confortar e esclarecer pessoas, vê-las perceber os verdadeiros valores da vida, despertar para a felicidade.
Mas sabem o que eu percebi? Que quando ele aplainou as arestas, passou antes, fica muito mais fácil você plantar o bem.
Não é que é mesmo verdade? O diabo nosso aliado! Quem diria! Vocês não acham que Deus é fenomenal? Pode haver alegria maior? Afinal, tudo está certo como está.
Agora, cá para nós, se conseguirmos driblá-lo, agir sem que ele precise passar em nossas vidas, não seria genial? E para conseguir isso, é melhor nos distanciarmos da maldade, da malícia, do egoísmo. Assim, ele nunca terá nenhum acesso em nossas vidas.
Não pensam como eu?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:31 pm

Resgatando débitos
Quando eu estava vivendo na Terra, muitas vezes, diante de certas tragédias ou sofrimentos, ouvi a frase dita com ar de sabedoria por algumas pessoas:
“Ele está sofrendo, resgatando débitos de vidas passadas”. Naquele tempo, embora eu não concordasse com isso, reconhecia que de alguma forma havia uma força maior comandando o processo, cuja “justiça” me parecia tão injusta como a dos homens.
A justiça divina, pensava eu, não deveria ser parcial. Só poderia ser completa e amorosa. E, aqui para nós, não me parecia bom ver as pessoas sofrerem sem que pudéssemos aliviar-lhes as penas. Não que eu fosse herege.
Isso não. Sempre acreditei em Deus, mas entender como ele distribuía suas graças e castigos era para mim um mistério.
Já a reencarnação era algo a que eu não era de todo indiferente. Contudo, aceitar mesmo, crer, nisso eu relutava. Parecia lógico porém ao mesmo tempo muito fantástico. Eu passava por cima dessa possibilidade, como se estivesse assistindo a um filme que tanto poderia ser extraído de uma história real como não.
No faz-de-conta tão discutível em que eu por vezes mergulhava, tentava imaginar como seria morrer, tomar a nascer, num círculo fantástico de vidas e de ligações e parentescos com os outros que acabava sempre dando voltas à minha cabeça.
Claro que eu não demonstrava isso. Gostava de parecer seguro e equilibrado. Mas esbarrava sempre na dor e no sofrimento, sem aceitar que a bondade divina se utilizasse deles para cobrar os erros de cada um.
Convivendo com religiosos de várias igrejas nos hospitais do mundo, muitas vezes estivemos juntos ao lado dos enfermos mais sofridos. E quando se tratava de crianças, então, eu me sentia impotente para reverter o quadro e, no fundo, no fundo, via brotar dentro de mim certa revolta, um inconformismo que não aceitava a argumentação deles, diante da dor e do sofrimento do paciente e de sua família:
— É preciso conformar-se. Aceitar a vontade de Deus! Ele escreve direito por linhas tortas!
E isso se me afigurava mais uma forma de disfarçar a própria incapacidade, uma tentativa de explicar o inexplicável, como uma pílula anestesiante, uma maneira de empurrar o momento difícil, conseguir aguentar, dando um tempo a que tudo se amainasse.
Vocês pensarão que eu era materialista e descrente. Não era nada disso. Contudo, era difícil para mim assistir à dor alheia e conservar a alegria de viver. Talvez esse tenha sido um dos motivos que me fez deixar a medicina e optar pelo teatro, numa tentativa inequívoca de levar alegria e entretenimento às pessoas em um mundo triste e cruel, onde todos um dia acabaríamos na cova escura da morte.
Estão surpreendidos? Mas é verdade. E se eu não possuía capacidade de perceber a vida como ela realmente é, não tinha estrutura para conviver com a dor e levar vida normal.
Em que pesem as boas intenções dos religiosos no mundo, raros são aqueles que realmente têm condições de cooperar numa hora dessas. A ajuda no mundo ainda está mal compreendida. A dor e o sofrimento, muito menos.
Ah! Se vocês soubessem! Se pudessem compreender a vida como ela é, tudo seria diferente. Como? O sofrimento, a dor, não representam a “dura realidade”? Não estão aí os hospitais, os presídios, a miséria, a fome, o crime, os vícios, infelicitando as criaturas humanas?
Infelizmente eles estão aí, sim, e representam o mito da fantasia dos homens.
Um mito tão aceito como real, tão administrado como obrigatório, que a grande maioria das pessoas o tem como fatal em suas vidas.
Eu também pensava assim quando vivia aí, e ao chegar aqui, se fiquei aliviado sentindo-me vivo e bem-disposto, meu questionamento quanto aos sofrimentos no mundo aumentou.
Claro que o Espiritismo que aprendi a aceitar quando cheguei aqui me deu a chave para compreender muitas coisas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:31 pm

A mediunidade, a sobrevivência, a reencarnação. As dúvidas que eu cultivava quando vivi na Terra por certo desapareceram e eu pude finalmente constatar e estudar o processo da evolução, da reencarnação e aprendi muito sobre eles.
Frequentando os centros espíritas do mundo (onde mais um fantasma como eu poderia ir?) é claro que procurei cooperar. Se por um lado desejava obter oportunidade para escrever para a Terra, deveria retribuir.
A troca de bens é recurso muito utilizado por aqui, com grande proveito para todos.
Assim, fiz o melhor que pude. Como aprendiz, frequentei trabalhos de socorro, muitas vezes prestando serviço em hospitais da Terra ou assistindo companheiros que regressavam sofridos e desajustados. E tal qual quando estava no mundo, me incomodava ouvir as frases de alguns companheiros encarnados na tentativa abençoada do consolo:
— Paciência. Coragem. Ele está resgatando suas dívidas. Está se libertando. O sofrimento enobrece.
Confesso que algumas vezes tentei impedi-los. Mas eles estão tão iludidos que nem percebem o quanto estão sendo incoerentes traçando um perfil distorcido da bondade divina que jamais se transformaria em um banco cobrador das duplicatas atrasadas das dívidas de cada um.
Pensando assim, inconformado com a aceitação imposta, que o medo pode transformar até em covardia e profunda depressão, dediquei-me a estudar profundamente esse assunto.
Após ter frequentado cursos, aprendido, experimentado, descobri que tudo poderia ser diferente no mundo. Que o homem já tem amadurecimento para sair desse processo. É preciso rever conceitos, como eu fiz. Aprender sem receio de esmiuçar as coisas divinas. Aquilo que consideram intocável e sagrado pode apenas ser uma distorção da realidade, imposta pela crença intelectualizada da maioria.
Descobri ainda que aceitar a dor e o sofrimento como fatal certamente nos tornará presa fácil do negativismo, nos enfraquecerá ainda mais e, diminuindo nossa resistência, agravará nossos padecimentos.
Cheguei à conclusão de que Deus não julga ninguém e muito menos nos cobra nada. O erro é uma condição da aprendizagem que ele mesmo criou.
Assim sendo, é uma decorrência natural do processo. Por isso, não castiga ninguém, ao contrário, estabeleceu leis justas e bondosas que apesar de nossos enganos nos conduzem à conquista da felicidade.
Você não acredita? Sua vida está terrível e nada dá certo? Sua saúde vai mal e você não sabe como melhorar?
Nesse caso será bom parar e tentar perceber em que você acredita. Quais são seus pensamentos habituais. É fora de dúvida que eles não estão sendo adequados ao que você gostaria. Não estão produzindo bons resultados em sua vida.
Não seja resistente. Não procure fora de você as causas do que lhe acontece. Isso é uma ilusão. Você é o único responsável por sua vida.
Enquanto continuar mantendo os mesmos pensamentos, as mesmas crenças na dor como sendo a “realidade” do mundo, ela estará presente em sua vida.
Parece simples demais? Mas eu garanto que é verdade. Dei muitas voltas para chegar a essa conclusão, e hoje troquei de lugar. Embora lamente muito o sofrimento humano, não sinto mais prazer em consolar ninguém com palavras que na maioria dos casos não ajudam muito, ou com filosofias conformistas e desmotivantes.
Ao contrário. Agora, escolhi a profilaxia. Prevenir é melhor do que remediar. Vocês não acham?
Procuro esclarecer as pessoas quanto ao funcionamento da vida. Ensiná-las a descobrir o próprio poder. A utilizar a própria força. Chega de covardia, de frases de efeito. De conformismo e de impotência!
Alegre-se! Você pode melhorar sua vida! Você pode curar suas doenças, resolver as pendências familiares, melhorar sua situação financeira, cultivar mais a alegria, mais paz, mais prazer de viver e, principalmente, saber que a realidade mesmo é bem outra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:31 pm

Que Deus sempre foi amoroso, que somos eternos e o bem é só o que conta.
Acham que estou delirando? Que o faz-de-conta deu voltas à minha cabeça?
Pois se enganam. Nunca falei tão sério em toda a minha vida. Nunca fui tão realista e verdadeiro.
Como fazer tudo isso? É fácil: aprendendo a limpar sua mente, a afastar todo o negativismo que acumulou durante a vida inteira, não se deixando envolver pela miragem do sofrimento que existe ao redor, acreditar que você não precisa dele para aprender porque agora está atento, e por certo sua intuição lhe mostrará o que pode fazer para construir uma vida melhor.
Duvida do que afirmo? É um direito seu, mas eu garanto que, se experimentar pelo menos um pouquinho, descobrirá entusiasmado o caminho a seguir.
Está disposto? Vamos começar? Eu até posso tentar ajudar. Não acha que isso poderia facilitar um pouco as coisas?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:31 pm

A verdadeira causa
Tratei de me apressar. Dispunha de pouco tempo para chegar até o hospital onde um velho amigo meu, dos tempos em que eu militava na Terra, se preparava para regressar.
Regressar aqui significa morrer aí, e como nessa viagem nem sempre queremos embarcar, podem acontecer muitos imprevistos. É um costume nosso aqui, sempre que possível, dar-lhe as boas-vindas quando eles estão conscientes ou pelo menos energias restauradoras, quando adormecidos.
No limiar entre as duas dimensões, trazendo ainda os contingentes materiais do mundo físico, com suas condições naturais, nos sentimos como se estivéssemos no final de uma estrada, sem possibilidade de volta, havendo a necessidade de seguirmos em frente, tendo um precipício nos separando da segurança da estrada nova, precisando dar um salto e conseguir galgar o outro lado, e ficamos com receio de cair no vácuo.
Podem perceber a sensação? Isso acontece muito. Tendo que ir, querendo ficar, ou até querendo ir mas com medo de não conseguir.
Isso sem falar dos afectos e apegos a que nos dedicamos durante a vida no mundo. Analisando essa dificuldade nossa, cheguei à conclusão de que deixar os entes queridos, embora seja difícil, não é o factor mais importante.
Antigamente eu acreditava que não havia coisa pior para quem parte do que a separação daqueles a quem amamos. Hoje, penso de forma diferente.
Descobri que embora esse factor exista e a saudade nos incomode, nosso espírito aventureiro sempre fala mais alto.
Você pensa que não? Acha que na hora extrema o mais difícil para você será deixar os que ama? Não é isso o que realmente acontece. Porque a curiosidade, o desejo de conhecer, a aventura do novo, são mais fascinantes do que parecem.
Reconhecer o corpo astral, com. suas características especiais, sua plasticidade, expressividade, magnetismo, energia, cor, tudo é impressionante.
Começar a enxergar a vida de outra forma, mais viva, mais colorida, mais cheia de movimento, deslumbra e atrai.
As diferentes possibilidades aqui, a vida, a sociedade, tudo, tudo, além dos acanhados limites dos cinco sentidos que tínhamos na Terra, abre as portas de nossa fantasia e acende o desejo de ver mais, saber mais, descobrir mais. Tendo atravessado o pórtico estreito da morte, tomando consciência de que continuamos vivos, o prazer da aventura, a grandiosidade do novo nos estimulam a seguir adiante e com certa facilidade seguimos para a frente, fascinados com o que vemos.
Duvidam? Acreditam que os que partem gastam horas e horas chorando a dor da separação e continuam presos aos familiares, muitos permanecendo dentro do antigo lar?
É verdade que muitos recém-desencarnados realmente permanecem junto aos familiares ou mesmo frequentando os mesmos lugares, presos ao passado.
Confesso que isso me despertou a curiosidade. Quando estamos no mundo, se motivados, costumamos deixar a família e cuidar de nossos interesses.
Claro que o amor por eles continua, mas quem deixará por exemplo de fazer uma viagem a Europa só porque ama seus familiares e não deseja separar-se deles? Quem, tendo encontrado o amor, deixaria de casar-se para ficar junto aos pais?
Se muitos espíritos permanecem presos ao mundo carnal depois de mortos, mesmo alegando o amor aos entes queridos, teria que haver outros motivos.
Sabem o que descobri? Que não é o amor que os detém, que os impede de saltar a distância entre os dois mundos e usufruir as maravilhas da viagem.
Claro que não. O amor nunca atrapalhou ninguém, ao contrário. Ele sempre ajuda. Agora, os medos, a insegurança, isso sim. Costumam nos impedir de seguir adiante em qualquer tempo, onde estivermos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:32 pm

Esses sentimentos dificultam nossos passos e infelicitam nossas vidas. E no fundo, no fundo, o que há por detrás da insegurança? A falta de confiança na vida e em Deus.
Acham que estou exagerando? Que você tem fé o bastante? É mesmo? Nesse caso você poderia deixar o mundo tranquilamente , chegar aqui satisfeito e alegre, sem nenhuma pena e sem precisar da ajuda de ninguém. Estaria tão sereno que talvez até pudesse desembaraçar-se dos laços carnais, conservando a total lucidez. Não seria bom?
— Eu tenho fé, mas sinto medo porque não sei o que vai me acontecer.
Tenho ouvido muito essa frase, mas ela de fato é uma contradição. Quem sabe, quem tem certeza de que tudo está certo no mundo, que a vida cuida de tudo fazendo o melhor, saberia que nada de ruim vai acontecer. E se nada de ruim vai acontecer, logo não há por que temer. É entregar-se no momento preciso, confiante.
No entanto, isso raramente acontece. O mais comum é o viajante perder o rumo, destrambelhar-se e até dar trabalho àqueles que tentam ajudá-lo nesse delicado mister.
Uma mão amiga para segurar na hora de saltar para o outro lado pode facilitar muito o processo. Apressei-me. Meu amigo Vicente era muito afoito e eu temia que ele não cooperasse. Eu sabia que ele era supersticioso, andava cercado de amuletos e regras que seguia exemplarmente.
Em se tratando de religião, embora fosse adepto do catolicismo, prestava reverência a todas as outras. Não deixava nenhuma de fora. Não questionava nenhuma delas. Para ele, questionar era levantar suspeitas, era duvidar, e isso ele não faria nunca. Se estivesse errado e se aquela religião fosse a melhor, ele estaria errado diante de Deus.
Assim sendo, se alguém lhe dissesse para rezar o terço, ele o fazia religiosamente; se lhe pedisse para acender uma vela, de qualquer cor, defumar a casa, tomar um banho de defesa, ele cumpria.
— É preciso respeitar — dizia. — Nunca se sabe como Deus decidiu provar sua fé.
A maioria das pessoas o tinham como um homem de fé, mas eu sabia que esses hábitos expressavam justamente o contrário. A superstição, a falta de convicção, a ideia da punição mostravam sua insegurança. O medo impedindo de perceber com clareza as Leis da Vida. Por outro lado, era pessoa bondosa e eu lhe queria muito bem. Desejava estar lá para dar-lhe confiança e, se possível, ajudá-lo a pular para o nosso lado.
Cheguei ao hospital e já encontrei a seu lado um amigo dedicado.
Aproximei-me.
O quadro era natural dentro do processo. Preso ao leito por uma trombose, percebia-se a infecção tomando conta e o corpo já em avançado estado de decomposição. Ele estava semiconsciente, oscilando entre o sono e a lucidez; misturando já as imagens dos dois planos, indicando breve desligamento.
Ao lado do leito sentada em uma cadeira, a filha mais nova velava, entre a preocupação e a ansiedade. A esposa exausta pelas noites de vigília jazia adormecida na outra cama.
— Como está ele?— indaguei a Ambrósio, o amigo de nosso plano que lá estava.
— Poderia estar melhor se se entregasse mais.
— Tive medo de não chegar a tempo. Disseram-me que ele já deveria ter vindo.
— E verdade. No entanto, agarra-se teimosamente ao corpo. — Isso vai fazê-lo sofrer mais do que precisaria. Há quanto tempo está nesse estado?
— Alguns dias. Gostaria de poder ajudá-lo.
Tentei perceber o que se passava com ele. Senti seus pensamentos descontrolados:
— Meu Deus! Acho que estou morrendo! Será que é o fim? Não. Não posso ir... O melhor é ficar aqui, junto com os meus. Sinto medo. Estou tonto, angustiado, eu quero ficar. Não vou mesmo. Se ao menos eu pudesse lembrar daquela oração! O padre, eu não quero que ele venha. O padre só vai quando é hora de morrer! Eu não quero ver o padre. E se me enterrarem vivo? E se eu não morrer e eles me enterrarem? Que horror! Vou abrir os olhos, eles precisam saber que eu ainda estou vivo!
Vicente fez tremendo esforço para abrir os olhos, mas estava difícil.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:32 pm

Suspirou fundo e a filha, assustada, correu para acordar a mãe e logo as duas cercaram o leito na tentativa de perceber alguma mudança em seu estado.
— Ele está se atormentando sem parar — disse Ambrósio penalizado.
A enfermeira entrou, chamada pelas duas mulheres assustadas. Tomou o pulso do doente e mediu a pressão arterial, ajeitou o soro, que gotejava lentamente.
— E então? — indagou a esposa aflita. — Como está ele?
— Na mesma, D. Antónia. Não reage.
— Ele suspirou dolorosamente — disse a filha angustiada. — Estará sentindo dor?
— Pode ser. Vou aplicar a injecção mais cedo hoje. Assim ele vai dormir melhor.
— Agora é o momento — disse eu a Ambrósio. — Vamos lá ajudá-la.
Ele compreendeu e juntos seguimos a enfermeira. Rapidamente, examinei os calmantes que havia e na hora em que ela foi apanhar a ampola, optei por um mais forte e ela, sob nossa influência, apanhou justamente a ampola que eu queria, tendo visualizado nela o nome do medicamento que estava prescrito.
Eu sabia que aquela dosagem nos ajudaria a desembaraçá-lo, apagando-lhe a resistência. Depois da injecção, Vicente acalmou-se e seu espírito cedeu, adormecendo. Então eu me aproximei e disse-lhe com carinho que confiasse, ele estava protegido, que a vida cuida de tudo e nós não o deixaríamos só.
Assim, a equipe que esperava para levá-lo chegou e pôde tranquilamente retirá-lo, levando-o para um local adequado, onde ele despertaria em melhores condições. Saí do hospital reflectindo o que nós fazemos com nossa vida. Interferimos em nossos processos naturais, tentando impedi-los de prosseguir, como se isso bastasse para nos oferecer a segurança que desejamos.
Nos agarramos nas coisas, nas pessoas, no corpo, no tempo, na ilusão de nos protegermos do futuro. E, fazendo isso, bloqueamos as bênçãos que poderemos receber, a alegria que podemos usufruir, o progresso que necessitamos alcançar.
O medo é falta de fé. A insegurança também. Confiar na vida é a chave para a conquista de nossa paz. É o abrir as portas para o novo, é acreditar nas possibilidades de realizar uma viagem maravilhosa, cheia de novas descobertas e de momentos gratificantes.
Assim sendo, não seria melhor pensarmos nisso desde já? Não seria mais prático tentar e descobrir a magia da vida ao invés de coleccionarmos os medos e lembranças do passado? Eu, que sou esperto e desejo viver melhor, já comecei. Vocês não pensam como eu?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:32 pm

A felicidade
Desde que eu me conheço por gente, tenho me movimentado sempre para algum lugar. Pensando bem, eu sempre estou indo, esperando, procurando, desenvolvendo a paciência e acreditando um dia encontrar finalmente a felicidade.
Agindo assim, claro que ela sempre tem ficado para depois. Nunca a coloco no lugar onde estou vivendo, nunca me dou o direito de perceber que ela para existir precisa ser real, objectiva e isso requer apenas um tempo: o agora.
Não me dei conta de que estava retardando de forma indefinida o momento que eu sempre quis.
Hoje estou disposto a ser diferente. A mudar e a ser não só mais objectivo como mais eficiente.
Se eu sou o autor de meu destino, se eu tenho o poder de criá-lo, se minha vida segue o programa que eu mesmo fiz com minhas crenças e atitudes, ficar esperando, deixar para amanhã, permanecer aguardando algo de fora é inútil e ilusório. Está na cara que minha felicidade nunca chegará.
Não acham que eu estava sendo infantil? Pois é, eu estava mesmo. E você, como está agindo? Ainda está esperando o amanhã, ainda está fazendo coisas na expectativa de ganhar seu prémio? O que fazer quando descobrir que ele não virá, não dessa forma? Como encarar a própria frustração?
Pensando nisso fiquei com a cabeça quente. Porque por mais que eu tentasse encontrar uma forma de permanecer agindo agora, fugir das ilusões do futuro, deixar de esperar que algo chegue, havia sempre uma vozinha insolente, um lado meu gaiato e forte que duvidava que fosse conseguir. Parecia-me que deixar as velhas opções e escolher novas formas não me oferecia a segurança que eu pretendia.
— Por certo. A fórmula é a mesma. Sempre que uma emoção indesejada o acometer, não lute contra ela, nem a impeça de manifestar-se. Simplesmente encare-a, identificando-a rapidamente e em seguida enfoque um pensamento diferente, algo bom que lhe traga sensação agradável.
— Apenas isso? Tão simples assim?
— Isso mesmo. Você agora pode começar a experimentar.
— Isso vai me ajudar a permanecer com os pés no chão. Abandonar as ilusões será um grande passo.— Se você escolher pensamentos adequados que o levem a isso. Lembre-se disso. Gostaria que se lembrasse de que a vida age sempre no melhor e que todos os caminhos estão certos
— Nesse caso, quando eu escolher mal ela agirá por mim. Isso me dá muita tranquilidade. Saí de lá pensando, pensando. Sabem o que percebi? Que no fundo, no fundo, seria melhor eu não interferir. Corro menos risco de errar. É verdade que ela vai me ajudar a fazer melhor, mas, pelo que eu conheço, o preço sempre será a colheita dos resultados a que fiz jus. Por isso, por que não deixá-la agir, procurando interferir o menos possível, sem querer manipular nada nem ninguém, simplesmente deixando que as coisas aconteçam para participar, viver, fazer o que souber na hora?
Pensando assim senti um enorme alívio. Eu não precisava fazer nada, ir a nenhum lugar, realizar nenhum esforço especial para ser feliz. A única coisa que me competia fazer era sintonizar com a felicidade, pensar nela, acreditar nela e confiar.
Aliás, não foi isso mesmo que todos os profetas ensinaram? A fé não remove montanhas? Diante disso, não sentem vontade de me acompanhar? De experimentar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:32 pm

O prémio
Não existe nada mais fascinante do que um prémio. Para a maioria das pessoas, ganhar um prémio é mais importante do que qualquer coisa.
Representa ser o melhor, o mais adequado, o mais inteligente, o mais mais de qualquer mais que você pensar.
É a recompensa do esforço de cada um, a resposta social de que estamos sendo adequados, valorizados, compreendidos, vistos com respeito e com admiração. É como se todos dissessem:
— Veja como ele sabe fazer as coisas! Como ele é bom!
Por causa disso é que a premiação tornou-se um hábito social, e até profissional, tendo em vista o sucesso alcançado.
É o melhor disto, o melhor daquilo, o primeiro nesta ou naquela área, e nessa disputa todas as pessoas brigam para conquistar um lugar de destaque.
Ser o primeiro vale todos os esforços e sacrifícios.
Você já pensou que ilusão? Pois é, ilusão, só ilusão, porque se você observar bem perceberá que sempre vai existir alguém que sabe mais, que é melhor do que você neste ou naquele aspecto. Claro. Nem poderia ser diferente. Não é a humanidade heterogénea? Não faz parte da aprendizagem a mixagem de diferentes níveis de evolução para que haja mais aproveitamento?
Isso é tão verdadeiro que eu me pergunto por que nós ainda continuamos a manter a ilusão de que precisamos constantemente ser valorizados pelos outros para que possamos nos sentir úteis.
Por causa dessa necessidade é que temos sido usados pelos mais “espertos” com tanta eficácia. Na verdade, o jogo de interesses rege nosso relacionamento com as pessoas, onde cada um tenta aproveitar-se daquilo que consegue “arrancar” do outro.
Se observarmos bem, há sempre um interesse qualquer em cultivar esse ou aquele relacionamento. E se ele não nos oferecer nenhuma vantagem, nós certamente não nos interessaremos em mantê-lo, em cultivá-lo. Parece-me ver o protesto de alguns diante do que eu estou afirmando:
— Como?! Não existe sinceridade, amizade, fraternidade? Esses belos sentimentos seriam apenas fruto da ilusão humana?
Vocês já observaram a criança quando começa a frequentar a escola? Nos primeiros dias tenta manipular os colegas da mesma forma que faz com os pais ou com a família. Cedo percebe que não consegue o mesmo resultado. Então, tenta conseguir isso de outra forma. Vai cedendo mas ao mesmo tempo oferecendo alguma coisa em troca. E aos poucos vai se adaptando, estabelecendo novas regras de convivência. Quando crescemos, continuamos fazendo o mesmo. A ideia ainda é a mesma. Se o outro deixar, nós o usaremos despudoradamente e sem nenhum remorso, achando até bom conseguir o que precisamos.
Aí vocês vão dizer que estou sendo cínico demais. Não penso assim porquanto num relacionamento há sempre uma divisão de responsabilidade. A qualidade que ele virá a ter, quem vai manipular quem, ou quem vai usar quem, vai depender de ambas as partes. Mas que há uma competição constante, isso há, e vocês, se observarem bem, concordarão comigo.
Então, dirão os mais afoitos, estamos sendo sempre vítimas ou verdugos?
Não existirá outra forma de se relacionar com os outros?
Claro que há, mas para isso torna-se necessário perceber quais são as ilusões que cultivamos que nos empurram a essa espécie de jogo em que, no fim, acabaremos frustrados e insatisfeitos.
Claro que a frustração sempre será fruto de uma ilusão, cultivada e alimentada. A verdade, nesses casos, dói e incomoda. Mas ao mesmo tempo reeduca e nos posiciona no lugar certo.
Mas um prémio, quem recusaria? Desde cedo os pais nos oferecem essa oportunidade, nos premiando sempre que obedecemos, que fazemos o que eles querem. Não será essa uma forma de conseguirmos recompensa? A recompensa não será uma motivação a nosso esforço?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:33 pm

Fiquei pensando, pensando. Se ninguém oferecesse nada, nenhum prémio, nenhuma recompensa, se não víssemos nenhuma vantagem, nós nos esforçaríamos para progredir? Quer dizer então que os fins justificam os meios? O velho padre Juventino de meus tempos de Liceu teria razão? Para educar era preciso premiar e castigar?
Mas, por outro lado, o vício de só fazer as coisas quando houver alguma recompensa, um prémio, ou uma vantagem, não nos colocaria a mercê do julgamento dos outros e a seu arbítrio?
Confesso que por mais que tentasse não conseguia encontrar uma resposta que me satisfizesse. A ideia do crime e castigo feria fundo minha crença na bondade de Deus. O castigo não seria uma forma de vingança?
Decidido a compreender, resolvi aproveitar meu tempo disponível para estudar melhor essa questão. Conversando com um de nossos amigos que militam nessa área, ele me permitiu que o acompanhasse a um centro que estuda esse tema há muito tempo e já dispõe de pesquisas interessantes.
Foi com prazer que percorri aqueles compartimentos, cheios de aparelhos e luzes, gráficos, números e símbolos.
Em frente a um gráfico multicolorido nós paramos. Humberto apontou para um ponto luminoso dizendo:
— Veja. Este é um cérebro humano, aqui se registam as reacções da lógica e do pensamento. Aqui mais embaixo, essa luz maior, é a sede dos sentimentos, claro reflectindo a essência, a alma. Essas ramificações são os caminhos que os sentimentos percorrem e por onde se expressam. Conforme o nível de evolução, esse painel muda. Agora ele não está conectado-com nenhuma pessoa, por isso, como pode ver, as cores são puras e límpidas. As ondas que circulam são harmoniosas e calmas.
Eu estava deslumbrado.
— Como são feitas as pesquisas?
— Vou mostrar-lhe. Accionando esse comando, escolho um número de registo de uma pessoa ligada a nosso centro.
— Encarnada na Terra?
— Sim. É lá que podemos encontrar mais evidentes as reacções que desejamos estudar.
— Veja — continuou ele. — Já accionei o processo e estamos ligados com uma pesquisa que foi feita com uma pessoa na Terra.
Curioso, observei que tudo se transformara. As cores modificavam-se e as energias acumulavam-se em várias áreas. Humberto explicou:
— Veja. Note como a alma está sufocada. Ela está a ponto de explodir e essa energia espalha-se por todo o corpo astral e carnal.
— Interessante — observei —, por que essa energia não vai para o cérebro?
— Porque ele está bloqueado. Veja, o subconsciente está cheio de ideias e crenças que não têm conexão com o que a alma sente.
— A cabeça pode pensar sem que a alma participe?
— Claro. A lógica é fruto das crenças aprendidas. Daquilo em que a pessoa acreditou, que alguém disse, que ela leu, que os pais ensinaram.
— Nesse caso, dá para perceber que nem sempre elas são verdadeiras.— As vezes, diante de necessidades temporárias da alma, podem até ter ajudado, mas certamente, quando a pessoa amadurecer, por certo terão que ser modificadas.
— Posso sentir que isso é doloroso.— Dependendo do caso, pode ser. A alma, quando não é ouvida, bombardeia o corpo astral, que por sua vez bombardeia o corpo físico e acaba sempre provocando uma mudança. Uma doença, um acidente, algo que permita a energia sair e aliviar a pressão. Infelizmente, a resistência em deixar velhas crenças agrava esse problema. Veja este caso, a pessoa é muito submissa e está sendo usada pelos outros.
— Que horror! Fico arrepiado só em pensar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 12:33 pm

— Não precisa alarmar-se. Essa é uma situação natural no mundo. As pessoas se influenciam mutuamente, e têm suas prioridades. Esta é a de uma mulher dominada pelo marido. Ele manda e desmanda, ela obedece sem questionar. Faz tudo que ele quer.
— Nesse caso, ela corre o risco de adoecer brevemente. Pelo que estou vendo aqui, os vasos sanguíneos não vão aguentar a pressão, parece que vai explodir. Por que ela não reage?
— Vejamos. Olhe agora, ela tem ilusões que alimenta com prazer e por isso escolheu fazer só o que ele quer.
— Mas isso não o fará amá-la mais, ao contrário, ele por certo não a respeitará. Ninguém pode respeitar uma pessoa tão apagada e passiva.
— Mas ela ama as ilusões. Veja. Ela acredita que, agindo assim, mantém o relacionamento, e o prioritário para ela é manter a fama de mulher boa, dedicada, boa mãe, perfeita e bondosa. É a forma que ela acredita ser perfeita.
Para isso não é preciso suportar tudo? O aplauso do mundo representa para ela o maior prémio, e você sabe como o prémio é importante.
Não me conformei:
— Mas isso é uma tremenda ilusão i Um dia ela vai perceber que não viveu.
Apenas esperou por alguma coisa que não existia. Acabará por perder a própria identidade, e quando chegar a hora de estar só consigo mesma, ela sentirá que não sabe mais como é, do que gosta, do que sabe, etc. É uma anulação completa do eu!
— O que fazer? As pessoas usam umas às outras, deixam-se usar, movidas pelas ilusões que acariciam e alimentam. Se conseguissem perceber isso, se livrariam de muitas dores.
— Por certo. Nesse caso, apesar das aparências, ninguém é vítima de ninguém.
— Isso mesmo. Como pode ver, o que existe atrás desse aparente jogo de interesses que movem os relacionamentos entre as pessoas é apenas o desejo de alimentarem suas ilusões. Seus sonhos de grandeza e de superioridade. Só por isso que um prémio faz tanto sucesso no mundo.
Não é que ele tinha razão? O que pode nos alimentar as ilusões mais do que um prémio? O que nos é mais grato do que os sonhos, onde nos tomamos personagens vencedores e felizes, maravilhosos e perfeitos?
Pensando nisso, comecei a prestar atenção para perceber quais as ilusões que me motivam. Você também? Na verdade o que eu quero é perceber o que minha essência deseja expressar, quero que ela seja livre para derramar seus sentimentos, que tenho a certeza serão muito melhores do que minhas ilusões.
Não são eles uma manifestação da alma, que no fundo é a essência de Deus?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:20 pm

Comparação
Em que pesem minhas novas condições de vida aqui nesta dimensão, é muito difícil ainda separar o tempo que vivi no mundo do que estou vivenciando agora.
Tudo é tão contínuo, tão sequencial que às vezes me parece estar ainda encarnado.
Estão admirados? Pensam que exagero? Qual nada. Tudo continua. As dúvidas, os medos, as alegrias, os afectos, tudo, tudo mesmo. Pensando bem, não poderia ser diferente, uma vez que nós somos os mesmos.
Então, ao morrer não nos transformamos em fantasmas transparentes e serenos, insensíveis à dor e às sensações que experimentamos no mundo? Não nos encontramos com nenhum anjo, ou santo, ou ainda ser superior que nos cobra os erros e os acertos e nos julga, sentenciando-nos ao purgatório, ao céu ou ao inferno?
Não. Não existe nada disso.
E recordando as histórias que nos contam quando somos crianças, penso que elas tenham sido inventadas para conter nossas travessuras, ou até com o pensamento louvável de nos educar e evitar que venhamos a nos tomar perniciosos à sociedade. Pena que elas sejam tão ineficientes e, o que é pior, até nos prejudiquem, em alguns casos despertando nosso senso de defesa e consequentemente nossa agressividade, e, em outros, empurrando-nos ao medo e bloqueando nossa acção.
Fico admirado ao notar que, apesar do imenso progresso da humanidade e da rapidez com que se estuda hoje em dia, esses critérios ainda sejam utilizados. Não sei se por comodismo ou por imaginar que o papel exija este ou aquele comportamento, é que tanto os pais quanto os mestres se repetem nesse método com incrível tenacidade.
Será que ainda não perceberam que não está funcionando? Será que ainda não descobriram que quando algo não está dando certo é preciso mudar?
Tentar outros meios?
O interessante é que a psicologia moderna tem salientado muito esse assunto. Até com destaque, os psicólogos não se cansam de apontar como causa de nossos enganos e sofrimentos os ensinamentos que colhemos na infância e tanto os pais como os professores são amplamente criticados. No entanto, pude observar que isso só acontece intelectualmente porquanto eles mesmos, em casa, em sua vida particular, continuam agindo da mesma forma que seus pais fizeram.
Não é de admirar? Pois é, são coisas de nossa maneira de ser. Mas viver aqui não nos torna diferentes do que fomos. Claro que fisicamente estamos em uma situação diferente. E é isso o que torna interessante a nova situação.
Aqui, as coisas ocorrem com maior rapidez. O tempo é sentido de forma diferente. As emoções são mais profundas. As situações podem se modificar velozmente. Eu diria mesmo que este mundo onde eu vivo agora é mais ágil, mais maleável, por isso mesmo, incrível para quem consegue perceber.
Eu disse isso porque, na verdade, cada um é o que é por dentro. É o espírito, no estágio em que está, no nível que lhe é próprio e dentro das variáveis que ele pode accionar como entender. Há uma faixa de tempo que a vida concede para cada um fazer seu trabalho.
Estão admirados? A vida não mima ninguém. Ela é prática e utilitária. Usa tudo em benefício de todos e nunca fará o trabalho que você já pode fazer. É tão esperta que se você trabalhou bem, progrediu, desenvolveu sua lucidez, por mais sábio que você esteja, ela sempre colocará em sua frente um novo desafio para que seu progresso continue ilimitado.
Não foi isso que ela sempre fez? A Terra não tinha tudo desde o começo da civilização, e até hoje os homens descobrem seus segredos a cada dia? Ela espera que os ousados façam, os fortes mantenham e que os criativos descubram.
E os fracos, os medrosos, os preguiçosos? Esses, findo o tempo que lhes era reservado, ela empurra com força, e aí acontece a tragédia, a dor, tudo. Para evitar isso é preciso ousar, tomar-se forte e desenvolver a criatividade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:21 pm

Há quem pense que morrer, viver em outro mundo, seja algo vago e etéreo.
Puro engano. Posso afirmar que a vida aqui é tão objectiva quanto na Terra, só que, como eu já disse, muito mais ágil.
Porém, como nós somos o que somos, aqui continuamos a ser os mesmos. A mudança ocorre mais no exterior. Logo aprendemos a lidar com a nova situação e passamos a viver igual na Terra. As indecisões, os medos, os afectos, as aparências, tudo, tudo mesmo, segue igual.
Não acreditam? Mas é verdade. Só que tudo fica mais rápido. Os “espertos” da Terra vivem por aqui querendo enganar os outros e levar alguma vantagem.
— Como?! — dirão alguns. — No outro mundo também existe isso? Existe. Existe porque há também os que se deixam enganar com facilidade.
Os ingénuos continuam ingénuos mesmo depois da morte. E é claro que serão facilmente enganados. Há os fortes dominando os fracos, os que chantageiam envolvendo os medrosos, os que seduzem, os que desejam aparentar serem melhores do que realmente são.
Estão decepcionados? A morte não nos levará ao mundo perfeito, cheio de bondade e luz? Aí depende de cada um. Em seu caso, como nos demais, depende apenas de você. De como você está agora.
E o paraíso? E os planos de luz e de felicidade eterna, onde estão? Eles estão onde sempre estiveram e nós estamos onde nos colocamos, ou melhor, onde já conseguimos chegar.
É por isso que eu disse que às vezes me esqueço de que não estou encarnado na Terra. É tudo tão semelhante! As pessoas, as situações, e até as casas. Eu sinto saudade de viver aí, só porque existem pessoas e lugares que me são caros e onde eu gostaria de voltar.
Contudo, há uma coisa que me assusta um pouco. É o esquecimento do passado e a lentidão com que realizamos nossos desejos na Terra. Nesse caso, o corpo de carne representaria uma prisão. Talvez seja por isso que devamos esquecer tudo. Para podermos aceitar o breque da vida no corpo e aprendermos a disciplinar nossos sentimentos.
Mas uma coisa é certa: a conquista de nossa maturidade se realiza ininterruptamente, estejamos aqui ou aí, e é isso que precisamos observar.
Nossa lucidez, nosso progresso não dependem do local onde a vida nos coloca para viver, mas de como aproveitamos as oportunidades que nos são oferecidas. De como escolhemos renovar nossas ideias, de nossa maleabilidade aceitando as coisas novas e de nosso optimismo para enxergar a vida como ela é. Percebendo que tudo sempre esteve certo porque Deus nunca erra e que confiar no futuro, na bondade e no amor representa nossa melhor chance.
Eu agora estou pensando assim, e posso garantir que me sinto muito bem.
Seja onde for, estarei atento para não perder nada, nenhuma oportunidade.
Sabem o que descobri? Assim como na Terra no início da civilização já havia tudo que o homem precisava para desenvolver-se, também dentro de cada um de nós há a essência espiritual, presença de Deus, do Bem Maior, com tudo que precisamos para desfrutar de uma vida plena de felicidade e alegria. Não importa em que mundo você está agora, mas onde você coloca seu poder de escolha. Se preferir continuar na incredulidade e no negativismo, continuará na dor e no sofrimento, e vai demorar para desenvolver a própria lucidez. Porém, se mudar para o bem, confiar em sua luz, na força de Deus em você, poderá desfrutar, onde estiver, uma vida muito melhor.
Eu creio nisso. Você não? Em todo caso, não acha que seria bom começar a procurar? Quem poderá saber os tesouros de bondade e de amor, de carinho e de dignidade que você descobrirá dentro de si? E quando os encontrar, aceite essa descoberta com naturalidade. Reverenciando nossa grandeza de alma não estaremos reverenciando Deus?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:21 pm

Dramatização
Tendo descoberto que nós temos a possibilidade de aprender sem sofrer, de evoluir sem dor, eu ultimamente venho me dedicando a estudar o comportamento a fim de aprender como eu posso fazer isso.
Claro, estou cansado de sofrer, de chorar, e confesso que quando eu pensava ser esse o único caminho que se nos oferecia para crescer, não me entusiasmava muito caminhar para a frente, com medo de pagar caro pelo progresso conquistado.
Talvez seja essa a causa de nossa contumaz resistência ao novo, às mudanças, a tudo que ainda não seja conhecido e que não podemos controlar.
A crença de que tudo tem um preço e que esse preço certamente será de muita dor e sacrifício nos tem contido, dificultando nosso progresso.
Nosso sentimento de defesa é tão forte que tentamos nos agarrar ao que nos parece sólido e confortável, bloqueando nossa criatividade, cortando nossas iniciativas. E é claro que, como uma compensação natural, nos damos ao luxo de criar ilusões de onde pretendemos retirar os elementos de satisfação interior, para com isso ludibriar nossos legítimos anseios de crescer e de nos sentirmos realizados.
Essa distorção nos tem infelicitado durante muitos anos. Agarrados ao materialismo, por julgarmos que seja mais objectivo e seguro, invertemos os valores da alma e procuramos obstruir nossa percepção natural e intuitiva, preferindo mergulhar inteiramente nos problemas do mundo, mantendo uma espécie de indiferença quanto ao que virá depois da morte, que nos parece distante e inoportuna.
Mas eu, que tenho penetrado na intimidade de muitos corações dos que vivem na Terra, tenho percebido que, à medida que os anos passam e a idade avança, o medo do futuro, do amanhã, do desconhecido aumenta, e há até os que, para não ter que olhar de frente para essa realidade, mergulham na inconsciência.
— Está caducando! — dizem alguns. — Está esclerosado — dizem outros. E eu diria: — Está com medo! Pretende continuar fugindo para não aceitar a mudança, para não ter que olhar de frente para o desconhecido.
Essa alienação é constante e, infelizmente, por mais que nós, os que vivemos no outro mundo, tenhamos tentado esclarecer esse ponto, ainda não somos integralmente ouvidos. Mesmo entre os que dizem crer na continuidade da vida após a morte, há muitos que ainda se apegam ao materialismo e se agarram à casa, às pessoas, ao dinheiro, até à religião, na tentativa de prevenir-se, de defender-se do amanhã.
Entram de corpo e alma nesse jogo, embotam a percepção, mergulham fundo na ilusão, criam um padrão energético de defesa, de tal sorte mantido, alimentado, que é preciso haver uma actuação violenta da vida para rompê-lo.
Essa, meus amigos, é a causa da dor. Já pensaram que tristeza? Depois de passar por anos e anos de sofrimentos e tragédias no mundo, pensando que pelo menos você é um sério candidato a uma vaga no céu (claro, toda ilusão sempre oferece uma compensação), você descobre que tudo isso foi só para quebrar sua resistência, vencer sua obstinação, sua defesa, destruir os obstáculos que você mesmo colocou à sua volta.
Então a dor não depura? Ela não nos dignifica e engrandece quando a suportamos com coragem e paciência? Claro que o suportar com paciência coisas que não podemos evitar — e a dor quando vem é uma delas — por certo nos fará compreender o quanto somos fortes, o quanto aguentamos, e até o quanto Deus nos ajuda a passar pelo momento difícil, mas é só isso. Depurar mesmo, nos tomar melhores do que somos, nem pensar.
Agora, destruir nossa ilusões, deitar por terra nosso materialismo, destruir tudo e afastar as pessoas às quais nos agarrávamos, isso ela faz. E o faz para que possamos enxergar a realidade, modificando nossas ideias, abrindo lugar para que tenhamos uma nova visão. Para que tomemos consciência de nossa própria alma e de nossas verdadeiras necessidades.
Ah! Se o homem na Terra pudesse entender que ele pode viver melhor! Se ele soubesse que as coisas não são da forma como ele pensa, tudo se modificaria. Sim, porque o pensamento é fonte criadora, quando mantido e alimentado ele se materializa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:21 pm

É por isso que eu tenho vindo escrever, é por isso que eu falo desses assuntos. Vocês acreditariam se eu dissesse que a violência que anda pelo mundo nos dias de hoje é fruto da necessidade de defesa? Pois é. A agressividade sempre é uma forma de defesa.
Estudando os dramas e tragédias do cotidiano, visitando hospitais e presídios, ouvindo e registrando problemas e sentimentos, medos e modos de olhar as coisas, percebi claramente isso.
As pessoas se agarram a suas ilusões e as defendem com unhas c dentes.
Dependendo do nível e do padrão de consciência que possuem, agridem de uma forma ou de outra, viabilizando o estado actual da civilização no planeta.
Uns matam, fazem guerra, justiça com as próprias mãos; outros criticam, destroem, pela imprensa ou não; outros, ainda, desunem as famílias, criticam a sociedade, jogam uma classe social contra a outra.
Há ainda aqueles que acreditam que pela religião e pelo temor ao castigo de Deus poderão influenciar as pessoas, acabar com a crueldade e com a violência no mundo.
Que ilusão! Sinto dizer, mas todos estão iludidos. Quanto mais medo, mais insegurança e mais defesa; quanto mais defesa, mais violência, mais crueldade e mais sofrimento.
O animal ferido, acuado e com medo torna-se muito mais perigoso. Sem falar nos profissionais da dramatização. Já ouviram falar neles? Estão espalhados por toda parte, até por aqui onde eu vivo. São maravilhosos em imaginar todas as possibilidades futuras de uma pessoa, claro, sempre com muita emoção e muito sofrimento. Para prevenir-se e evitar que aconteça.
Isso é muito comum e todos nós já fizemos isso algum dia. Talvez para tentar burlar o sofrimento, chorando muito antes, para, de alguma forma, comover a vida ou até Deus e encurtar o processo. As crianças não começam a gritar antes de algumas palmadas para tentar diminuir o número delas?
Ou até quem sabe para alimentar o prazer de ser herói e sofrer mais do que qualquer outra pessoa. Nisso também nós não queremos perder. Nessa competição de ser o mais sofredor, de ter a maior dor, sempre queremos ser os primeiros.
Por causa disso é que as pessoas sentem um prazer enorme em contar suas penas, suas doenças, seus dramas, sua tragédia.
Tudo continua sendo defesa. É para dizer à vida que já sofreu mais do que todos e que já chega. Toda reclamação, toda gritaria, é sempre defesa.
Você já percebeu isso? Já tentou descobrir por que você se defende tanto?
Quanto a mim, venho pensando muito nisso. Sim, porque comigo acontece o contrário. Eu não empaco, eu quero ir depressa, me livrar logo dos problemas e principalmente dos que me incomodam. E a dor, o sofrimento incomodam muito.
Por isso, quando descubro algo, procuro pôr logo em prática. Mas se a resistência obstrui, a pressa também ilude e ambas nos conduzem à fantasia.
Tentar praticar o que aprendi é bom e não é o que atrapalha. Mas a maneira como eu faço isso é que ainda não me permite obter tudo quanto eu desejo.
Sabem o que eu descobri? Que para evitar olhar melhor minha realidade interior, eu criei uma ilusão: a de que eu precisava contar ao mundo minhas descobertas e que assim acabaria com a necessidade de defesa das pessoas, e como consequência a violência desapareceria do mundo.
Já pensaram que pretensão? Claro que eu pude diagnosticar a causa dos problemas humanos, mas daí a pretender que todos aprendam isso comigo vai uma considerável distância.
Observando melhor minhas necessidades e condições, cheguei à conclusão de que se eu aplicasse minhas ideias comigo mesmo e pudesse me libertar de grande parte de meus problemas, seria o ideal. Porque compreendi que o mundo inteiro poderia aprender, melhorar, acabar com a violência, ser mais feliz, que isso seria um bem, me granjearia muitos amigos, porém não me faria ser mais consciente ou melhor. O trabalho de meu desenvolvimento é meu mesmo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 05, 2024 9:21 pm

E por isso que eu desconfio de todos os planos grandiosos de salvação da humanidade. Quando embarcamos nessa, o que se esconde atrás? O que não desejamos perceber em nós, do que estamos fugindo?
Vocês vão dizer que o ideal de ajuda à humanidade é sagrado. Que o dever para com o próximo é fundamental. Tudo bem, concordo, quando você tem condições reais para conseguir isso. Você acha que tem? Eu não. Hoje, eu me contento em prestar atenção, em aprender a ler as necessidades de minha alma e através dela compreender a grandiosidade do que é espiritual, eterno e verdadeiro. Vivenciar isso é para mim o mais importante.
Agora, sonhar é bom e não custa nada. Já pensaram em um mundo onde todas as pessoas vivam felizes? Onde elas confiam na vida, sabem que Deus nunca erra nem nunca esteve omisso? Que faz tudo certo e cada coisa em sua hora e lugar? Que não há necessidade de defender-se de nada porque não existe perigo no mundo? Que há fartura na natureza e há riqueza suficiente para todos? Quem não gostaria de viver em um mundo desses? Que quem dramatiza diz à vida que gosta do drama e quem acredita na violência acaba topando com ela?
Você sabia que o que você planta colhe? Essa sentença é muito velha, mas muito verdadeira.
Sabendo disso, não seria melhor você passar uma vista de olhos sobre seus pensamentos habituais e verificar em quais você põe sua força de fé? É muito provável que um dia eles se materializem em sua vida. Não seria bom se eles fossem positivos e alegres?
Eu estou tentando fazer isso e confesso que me dei muito bem. Porque descobrir que alimentamos um pensamento ou uma crença desagradável é sempre oportuno, uma vez que temos o poder de modificá-los. É só querer. E substituí-los por outros mais condizentes com o que desejamos materializar para nós no futuro.
Não acham que estou sendo esperto? Que estou me prevenindo? E aí vocês vão dizer que isso também é uma defesa. Que se eu acreditasse mesmo na perfeição da vida, não precisaria disso. Era só deixar fluir. E eu respondo que eu não disse que a defesa verdadeira é um mal.
Quando você conseguir enxergar sua verdade, aquilo que precisa para ser feliz, você pode evitar coisas que você já sabe que não lhe seriam mais adequadas. Isso é defesa? Pode ser, mas é mais inteligência, lucidez, conhecimento, maturidade.
Não acham que estou progredindo?
Ave sem Ninho
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Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto - Página 3 Empty Re: Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

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