LUZ ESPÍRITA
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Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 10:53 am

Vocês vão dizer que como a alma é dona do corpo, quando ele desenvolve certo automatismo é porque ela deseja isso, uma vez que o corpo é só matéria que o espírito manipula.
Está certo, mas eu diria que o alerta é para a consciência. É para ela que a alma, o espírito, deseja mandar a mensagem. Sim, porque a alma, o espírito, engloba a essência divina, da mesma forma que a semente tem tudo para tomar-se uma árvore. Só que para amadurecer, crescer, como a árvore precisa da terra, da água, etc., a alma precisa das experiências com as formas, com o corpo, para tomar-se consciente.
O desenvolvimento da consciência é o grau da evolução da maturidade. O corpo é o instrumento de nossa alma, da essência que vive em nós, para tornar-mos mais conscientes a cada dia e mais lúcidos.
Por isso ele é revelador. Reflecte sempre as necessidades e as conquistas de cada um.
Dentro desse conceito, os cacoetes são muito reveladores. Aqueles bem
exagerados que provocam o riso aparecem para acabar com o orgulho, quebrar preconceitos e barreiras. Aparecem também com a crença de que a pessoa é uma “vítima” e não pode fazer nada para sair disso.
Carência afectiva é outro factor. Chamar a atenção, ainda que a pessoa não perceba isso, é uma forma de desejar apoio.
Mas o principal mesmo é a mensagem que a alma está enviando ao eu consciente, muitas vezes gritando suas necessidades de compreensão e de afecto, que a pessoa procura fora, nos outros, e que só ela tem e pode se dar.
Afinal, seu interior, o que vai lá em seu coração, só você pode perceber.
E se você observar seus cacoetes, que até podem expressar beleza, bondade, alegria, felicidade, perceberá a pessoa bonita que você é. Aquele sorriso doce quando você olha as pessoas que ama, aquela lágrima que não chegou a cair mas pôs mais brilho em seus olhos quando se emocionou, aquele ar juvenil tão seu que o acompanhará quantos anos viver, aquele gesto especial quando presenteou alguém com prazer, são aspectos iluminados de sua alma que se reflectem em sua maneira de ser.
E são só seus, tão seus que, quando você partir, será através deles que as pessoas que o amam recordarão você. Por eles é que os artistas nunca morrem e são sempre lembrados.
Não sente que está na hora de olhar para você e perceber, pelos sinais de seu corpo, o que sua alma quer dizer?
Hoje estou saudoso e inspirado. É muito bom crescer, aprender. Não sentem que tenho razão?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 10:53 am

Impressão
Um impresso impressiona. Claro. Sempre será alguma coisa gravada em letras de forma, como que sendo algo já estabelecido e certo, que quase sempre tem efeito.
É por isso que, desde que o homem inventou a impressão, ela tem sido usada com tanto sucesso.
Pena que nem sempre a impressão seja verdadeira, isto é, pena que, fora as aparências, ela venha sendo tão mal-usada, manipulada ou monopolizada por pessoas sem nada de verdadeiro para dizer.
Eu fico pensando: como seria bom se os critérios fossem outros e não se imprimisse tanta inutilidade. Observando quantas tolices são impressas, muitas vezes em papel de primeira, muito bem apresentadas, fico pensando como perdemos tempo quando vivemos no mundo. Quantas voltas damos para alcançarmos nossos objectivos.
Antigamente, eu não me conformava quando lia certos artigos ou livros, diante de tanta burrice institucionalizada. Claro, porque segundo a crença geral, via de regra, imprimir é quase institucionalizar.
Já repararam o número de pessoas que dizem “Eu li” como se isso bastasse para dizer “É”? A maioria nem sequer questiona o que estava escrito, aceitando logo como realidade absoluta.
É disso que certos políticos se valem para destruir um adversário temível.
“Está no jornal” ou “Li em um livro” basta, principalmente se for para criticar.
Aí, então, a coisa vai soprada ao sabor do vento da maledicência.
Se essas coisas acontecem na Terra, por aqui tudo é diferente. No começo, inconformado com o mau uso de uma das maiores conquistas do homem, que é a imprensa — que, observando agora do mundo onde eu vivo, mostrou-me a subtileza dos oportunistas, anulando as mais belas oportunidades das pessoas, os boateiros da crueldade empanando reputações, falseando verdades a soldo dos interesses pessoais —, tentei pôr ordem na casa, isto é, engajar-me num trabalho moralizador que os impedisse de obstruir o progresso.
No entanto, fui forçado a perceber que as coisas são como são e não como nós gostaríamos que fossem. Os critérios por aqui são outros.
Quando na Terra, nossos amigos espirituais mais adiantados em sabedoria nos permitem “brincar” com os acontecimentos. Estão surpreendidos? Os espíritos sábios não estão conduzindo nossos destinos na posição de juízes, lutando para que estejamos sempre agindo certo? Não, não estão mesmo.
Isso, a princípio, deixou-me chocado. Por que não? Na Terra sempre me ensinaram que nossos anjos da guarda, os santos, os espíritos iluminados, estavam sempre circunspectos e solenes, a nos vigiar para ajudar-nos a vencer as tentações e sermos melhores a cada dia. Sofriam com nossos erros, como uma mãe amorosa sofre pelos filhos. E não é que aqui a realidade é bem outra?
Quando me disseram que aqui ninguém corre, sua ou sofre para impedir uma pessoa na Terra de cometer um erro, não aceitei.
Como? Saber que alguém fará algo errado, que sofrerá por isso e não tentar impedir?
Pois é. Nossos maiores não fazem nada. Não movem uma palha para isso. É que eles dizem que o erro educa mais do que qualquer coisa. Errar ensina, portanto eles com paciência esperam que a pessoa, que vinha sendo orientada de maneira mais suave e não conseguiu aprender, dessa vez consiga.
Demorou certo tempo para eu perceber o quanto eles estavam certos. Errar é um golpe duro em nossa vaidade e abre a consciência aos fatos reais, amadurece. Acabei até por compreender por que eles permanecem serenos, mesmo diante dos grandes dramas do sofrimento humano na face do mundo.
Confundindo sensibilidade com equilíbrio, cheguei a julgá-los sem bondade. Para mim, naquele tempo, vestindo ainda certo pieguismo natural da Terra, esperava encontrá-los preocupados e aflitos com a miséria, a dor, as doenças, as guerras, as hecatombes, que nos mortificam quando estamos na carne.
No entanto, eles estavam serenos, alegres, cheios de luz, como se nada os afectasse, Não era falta de sentimento?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 10:53 am

Bastava dar uma voltinha nos umbrais da Terra, na crosta, para sentir a angústia, a dor, o sofrimento. Como estar sereno, feliz, apesar disso?
Claro que não me calei. Falar, perguntar sempre foi meu costume. Protestei.
Onde estavam os que combatiam o mal, os defensores do bem? Os preocupados em libertar a humanidade? Era a eles que eu pretendia me juntar para tomar-me um soldado do esforço de redenção.
Engajei-me em alguns movimentos que me pareceram bons, mas confesso que dentro de pouco tempo senti-me tão mal a ponto de ter que ser socorrido, sem haver conseguido ajudar a ninguém. Mais humilde, depois de ter recebido socorro justamente daqueles que me pareciam mais insensíveis, resolvi observar melhor.
Foi assim que fui aprendendo a sair do exagero a que me habituara para perceber um pouco da realidade. Como não deixo escapar uma boa chance, perguntei certa vez a nosso orientador, espírito jovial e bondoso, sempre alegre, de quem recebera precioso socorro, o que me preocupava:
— Gostaria de ter a mesma serenidade que vocês têm. Como conseguem esse equilíbrio?
— É fácil. União com Deus o tempo todo.
— Seria o ideal. Como fazer isso?
— A certeza de que ele está agindo sempre e dispondo de tudo de maneira certa.
— Não me dando por achado, continuei:
— Sempre me disseram que devemos colaborar com ele. De que forma?
— Sabendo que está agindo. Não obstruindo sua acção.
Não me contive:
— Isso eu sei. Mas e o sofrimento humano? Ajudar as pessoas não é colaborar com Deus?
Meu instrutor não se alterou, disse simplesmente:
— Depende. Há que saber o que será mais adequado. O que ajudará de verdade.
— Aliviar a dor, o sofrimento, não é sempre um bem?
— Deus fará isso sem nossa participação, se isso for o melhor.
— Como assim?
— Você conserva as impressões da Terra ainda muito presentes. Quando libertar-se delas perceberá que a vida no mundo é apenas uma fase de treinamento em que os espíritos brincam com as emoções, descobrindo como funcionam, dessa forma desenvolvendo valores verdadeiros do espírito eterno.
Cada um só passa pelo caminho que escolheu com suas atitudes, e a vida vai reagindo, como mestra incomparável que é.
Um pouco decepcionado tomei:
— Quer dizer que tudo não passa de um treino?
— Um treino produtivo. Eu diria, até, uma brincadeira.
Fiquei chocado.
— Uma brincadeira?
— Claro. Afinal, o que fica da vida na Terra ao voltar aqui são as experiências, com as impressões boas ou não. Com o tempo, as ruins se desvanecerão, só ficarão as boas. Afinal, quem acredita na permanência do mal?
Compreendi. Não é que ele tinha razão? A situação na Terra é passageira.
Não é que tudo estava certo no mundo? Como treinar bondade sem o assédio do mal? Como desenvolver nossa vontade sem as tentações? Como vencer a crosta de nossa resistência às mudanças do progresso sem o concurso da dor?
Como lidar com as emoções sem viver uma, duas, tantas existências, vestindo um corpo de carne, treinando situações diversas, aprendendo a desenvolver nossa força interior?
Não é que eles estavam certos? Tudo não passa mesmo de uma brincadeira.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 10:53 am

Um faz-de-conta, como numa peça de teatro, onde os atores se repetem em diferentes papéis até o domínio completo de sua arte.
É por isso que agora, diante de tantas baboseiras escritas e publicadas, posso manter a serenidade e até me permitir certa curiosidade: como a verdade os alcançará?
Que beleza! Não preciso correr atrás de nada, nem provar nada a ninguém.
A verdade é tão divina que agirá por si mesma sem que eu precise fazer nada.
Não é um alívio?
Claro que posso continuar sereno, apesar de as pessoas se impressionarem com as letras de forma. Afinal, quem se ilude com elas um dia reconhecerá, decepcionado e aflito, o quanto foi imprudente.
Não é uma descoberta deliciosa? Viver valorizando a vida, percebendo sua luz, sentindo o brando calor da felicidade, não é genial?
Todos podemos ser assim. Vamos tentar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 10:54 am

Talento
Há quem diga que os artistas são pessoas muito especiais, diferentes das outras, seja pela originalidade de suas ideias, sempre fora do convencional, seja porque eles são confundidos com os personagens que interpretam ou com o género de actividade artística que resolvem desempenhar.
Desacreditados por alguns pseudo juízes do comportamento mais formal, endeusados por outros, todos eles muito mais ao gosto da fantasia, da imaginação do que da realidade.
Essa confusão chega a tal ponto que algumas vezes o próprio interessado acredita no que os outros dizem e acaba por confundir a própria cabeça, mergulhando tanto no faz-de-conta a ponto de perder os critérios da realidade.
O que fazer?
Quem já aprendeu a safar-se, tanto das críticas destrutivas e inconsistentes quanto da bajulação, sabe atravessar a cortina da fama serenamente.
Agora, quem é marinheiro de primeira viagem terá mesmo que naufragar nesse mar encapelado a fim de aprender.
Contudo, eu que já vi e passei por algumas experiências nesse mundo, sei que no fim tudo irá para os devidos lugares. Afinal, quem não aprecia o sucesso? Quem poderá esquecer esse fogo interior que arde no mais recôndito da alma e deseja expressar-se de alguma forma?
A energia do talento é tão forte que ninguém consegue sufocá-la por muito tempo. Ela irrompe soberana e consegue agitar multidões.
Aquele que a possui em grande dose é logo notado pelas pessoas e torna-se seguido por elas, que desejam beber um pouco dessa fonte.
Sim. Quem tem essa força interior jamais passará despercebido no mundo.
Que energia é essa que tem tal poder? Que energia é essa que atrai pessoas podendo passar-lhes suas sensações?
É claro que alguns a possuem em maior dose, mas por pouco que tenha dela, essa pessoa será sempre simpática e bem-vista por todos.
Às vezes, fico pensando: a arte, o talento, é como um néctar que, uma vez experimentado, jamais será esquecido. É uma experiência tão marcante, produz tal sensação na alma que seu possuidor abandona tudo para senti-la de novo, para expressá-la.
Quantos, mesmo não tendo o sucesso prontamente, venceram as maiores dificuldades para perseverar em sua arte? Muitos pintores hoje famosos, escritores, músicos, poetas, apesar de não serem compreendidos por sua geração, permaneceram fiéis até o fim.
Pensando nisso, sinto um grande respeito por eles. Mas, ao mesmo tempo, recordando minha passagem pelo mundo, me pergunto: Será que, se minhas tentativas não tivessem sido um sucesso, eu teria continuado? Será que a chama que arde dentro de mim seria tão forte a esse ponto? Será que tenho talento mesmo ou meu trabalho não passou de um treino, uma brincadeira agradável de estudar o comportamento humano?
Vocês podem achar que sou pretensioso, mas a emoção do teatro cheio, dos aplausos repetidos, da alegria nos rostos na plateia, nunca poderei esquecer.
Não sei se o que me move é a força do talento, nem em que nível o possuo, ou é o calor humano, é o amor à nossa gente sempre tão generosa e alegre.
Ah! as perguntas que tenho feito na ânsia de compreender! Tenho comigo a certeza de que nosso progresso, nossa maturidade, nossa evolução estão centrados na compreensão.
Compreender significa perceber, avaliar, conhecer, saber, enxergar. Por isso, me perco em observações e questionamentos que possam abrir-me as ideias e ajudar-me a entender.
Quem é menos compreendido do que um artista? Cada pessoa nos vê através das próprias fantasias. Isso não é fascinante?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 7:57 pm

Claro. Essa ausência de formalidade, a diversidade misteriosa que possuímos nos toma livres para expressar o que quisermos. Certo. Não dizem que somos loucos? Quem senão os loucos possuem a liberdade de dizer o que sentem?
No artista, no génio, a excentricidade, o ser diferente da maioria, é natural.
Um artista! Que se espera dele senão que seja especial?
É por isso que quando decidi escrever, seja por possuir algum talento ardendo dentro de mim ou pelo desejo do calor humano da Terra que tanto amo, alguns caminhos foram-me oferecidos.
É claro que agora, fantasma no mundo, foi preciso sujeitar-me ao possível.
Claro que perambulei pelas coxias dos teatros, tentando inspirar conhecidos e amigos, para transmitir minhas notícias. Confesso que cheguei, diversas vezes, a assustar pessoas ao tentar abraçá-las, falar-lhes sobre meus projectos. Que fazer?
Alguns sentiam minha presença, chegaram a ver-me de relance, mas ficaram tão assustados que bloquearam completamente nossas possibilidades. Recordo-me que relutei em procurar um médium. Sabem por quê? Porque sempre tive medo das religiões. O que os homens fizeram com a ideia de Deus é tão perigoso que sinceramente eu não gostaria de me envolver.
Sabem que o fanatismo representa terrível escravidão? Pois é. Julgar-se dono da verdade absoluta, fechar a porta à experiência e aos fatos, separar pessoas, rotulando-as desta ou daquela religião, tem sido causa de grandes tragédias no mundo. Eu não gostaria de utilizar-me disso.
Sabem o que decidi? Continuar a ser artista. Mesmo me utilizando desse correio da mediunidade, contar como as coisas são, como nós as vemos aqui, sem divisão ou preconceitos. Onde os livros perderam a validade e só vale o que eu consigo experienciar. O resto, não desminto nem afirmo, fica guardado na fila da experiência, quando for minha hora. E deu certo, porquanto tenho podido expressar minhas ideias com certa liberdade.
Sabem como consegui? É que eu, que sou muito vivo, encontrei um médium que não me cerceou muito. É claro que procurei de todas as formas ajudá-la a abrir mais as ideias. Acham que fiz bem? Eu também. Melhoramos juntos.
Afinal, não estamos ambos interessados em progredir?
E embora ainda os mais formais estranhem minha maneira livre de dizer, sempre desculparão dizendo: “Ele é curioso, original, era um artista”. E eu fico feliz, porque, afinal, ser artista é manipular a energia divina e com ela atrair, unir as pessoas entre si e aprender a sentir a harmonia universal com Deus.
Não acham que tenho razão?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 7:57 pm

Reincidência
Há quem critique e até se arvore em juiz das coisas e das pessoas sem se preocupar em avaliar atitudes alheias, fatos ou acontecimentos com a relatividade dos humanos pontos de vista.
Claro. Cada um se acredita honesto, verdadeiro e eu até concordo que haja sinceridade nessa crença. Afinal, quem prosseguiria em qualquer ato se percebesse estar enganado? Quem desejaria errar? Ninguém, por certo.
O que vale para qualquer de nós é acreditar que estejamos agindo pelo melhor e ainda, quando tomamos uma decisão velhaca, quando damos vazão a nossas “espertezas” em prejuízo das pessoas, acreditamos que as “vantagens” auferidas sejam para nós o melhor, o mais eficiente ou produtivo.
Ai, vocês por certo estarão protestando. Como? Eu nunca seria capaz de uma velhacaria. Aliás, esse termo pode estar até em desuso na linguagem moderna, onde ele foi substituído por outros como “vantagem em tudo”, “jeitinho”, acomodação, etc., mas o significado ainda é o mesmo e continua na crista da onda.
Acham que exagero? Nada disso. Se o ladrão não acreditasse piamente que o melhor para ele é roubar ao invés de trabalhar, desistiria da profissão.
Na verdade, nossa falta de experiência empurra-nos para uma dificuldade de percepção, um verdadeiro desvio da realidade, oferecendo-nos uma visão distorcida, parcializada.
Como se colocássemos óculos especiais que só nos deixassem enxergar modificadas as coisas que nos rodeiam.
Você acha que não somos ingénuos? Pensa que o homem inteligente, às vezes até ilustrado, não se classifica como ignorante? Pois eu penso que por mais ilustrado e inteligente que alguém seja, sempre haverá muitas coisas que ele ignora. E olhe que não falo de erudição ou ciência, falo do comportamento do dia-a-dia e até das pequenas coisas da vida.
O mundo está repleto de pessoas inteligentes e ilustradas, até com dinheiro e poder, que ainda não aprenderam a ser felizes. Tão inteligentes, tão sábias para certas coisas e tão ignorantes e despreparadas em outras.
Isso não quer dizer que estejamos condenados ao fracasso, nem que um dia não estaremos felizes. Ao contrário. A sabedoria da vida é tão grande que em todos os instantes nos instrui e esclarece de todas as formas. Pena que nos demoremos a perceber suas lições e por isso, além de perdermos muito tempo, sofrermos mais, retardamos nossa felicidade.
Nossa mania de julgar a priori, sem entender a precariedade humana de nossas condições naturais, normais, porém transitórias, nos coloca como donos da verdade e brigamos por ideias, desejamos impingir nossas convicções como se elas fossem lei, sem pensar que talvez amanhã já as tenhamos modificado.
Não é uma loucura? Mas é verdade. A cada minuto somos submetidos a um verdadeiro bombardeio de fatos, pensamentos, pontos de vista os mais diferenciados, e à medida que abrimos nossa consciência, experienciando, pensando, reagindo, reciclando, vamos percebendo ângulos e facetas inesperados e tão autênticos que nosso raciocínio abre-se para novas ideias e conceitos.
Isso é vida. E diante dela podemos sentir que basta alguns minutos, em determinadas circunstâncias, para romper bloqueios de anos e anos de uma ideia considerada “verdade absoluta” em nossa mente.
É verdade que factos como esse levaram anos amadurecendo dentro de nós para a glória daquele instante.
Todavia, isso vem se repetindo de tal sorte que seria bom colocarmos neles nossa atenção.
Afinal, estamos cansados de tantos volteios, tantas idas e vindas na Terra e no astral, nesse ciclo doloroso de nossos enganos e ilusões, sempre percorrendo os mesmos caminhos na assimilação morosa de nosso crescimento.
Principalmente agora, sabendo que está em nossas mãos a conquista da felicidade que sempre sonhamos para o amanhã.
Você duvida? Ainda pensa que sejamos vítimas indefesas de um mundo cruel? Talvez nem tão indefesos, mas certamente pecadores e culpados o bastante para comermos o pão que o diabo amassou durante muitos anos?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 7:57 pm

Você ainda carrega e alimenta dentro de você não só a ilusão de ser o dono da verdade mas também um juiz duro e severo que baseado em valores relativos e transitórios costumeiramente se torna a palmatória do mundo e, o que é pior, seu vigilante inexorável vinte e quatro horas por dia?
Não é bem assim? Acha que não? Julga-se pessoa equilibrada, correta, honesta e virtuosa? Será isso mesmo o que pensa a seu respeito?
Convém parar um momento, olhar com atenção.
A experiência tem me mostrado que quanto maior o rigor em nosso julgamento, quanto mais intransigentes e severos formos, maior é nosso medo de “escorregar”.
Claro. Se realmente estivéssemos convictos de que somos amadurecidos, menos precisaríamos estar vigilantes. A vigilância sempre pressupõe receio, insegurança.
Percebi que as pessoas intransigentes, críticas, radicais, alardeando poder, sempre são as mais vulneráveis. Incomodam-se com o comportamento alheio porquê dessa forma pretendem alcançar a própria segurança.
Ledo engano!
Nesse mundo mutável, porém eterno, as coisas nem sempre são como nos parecem.
Acreditariam que a segurança está em abrir a porta? As barricadas podem nos parecer defesa, mas elas sempre precisam de força para cair e provocam a guerra. Entender sempre será melhor do que brigar.
Depois, a ilusão sempre provoca dor. Querer colocar regras estáticas em coisas mutáveis nunca dará certo! Quantas vezes fomos forçados a reformular conceitos? O triste é perceber quanto tempo consumimos agarrados a uma miragem.
O que nos dá uma noção mais clara da verdade? É não tentar explicá-la com a cabeça. O que é verdadeiro não precisa de palavras, a gente sente.
Aí, você vai dizer que estou sendo sentimental. Pode até ser, porém eu garanto que quando o sentimento é autêntico as coisas ficam claras em nossa cabeça. Tudo fica mais fácil e acabamos por entender que a felicidade pode ser nossa desde agora, se o quisermos.
Não se acredita capaz de vivenciá-la? Não será por causa da severidade de seu “juiz” interior? Não será ele que está lhe dizendo agora que você não merece ser feliz?
Cuidado! Você pode continuar dando-lhe crédito. E aí continuará protelando algum tempo mais sua maturidade. Nunca ouviu dizer que, no fim, todos conquistaremos o paraíso?
Está tudo certo, só que eu preciso esclarecer que esse “no fim” significa o tempo que só você decide quando. Quando você perceber que Deus é tão bom, mas tão bom, que deixou tudo à sua escolha, compreenderá o que afirmo.
Ele não julga nunca. Apenas espera que você cresça e aprenda a ser feliz.
Para crescer, só é preciso querer, não colocar barreiras, abrir espaço, libertando-se das pretensas verdades e do julgamento social.
Liberte-se de seu “juiz” e deixe sua alma livre para sentir e se expressar. O mundo é seguro e Deus cuida de tudo com amor.
Você merece ser feliz, pode, é só cultivar a alegria, o bem e a paz. Não acha que com isso já seria bem-sucedido? Estou torcendo por você.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 7:58 pm

Decisões
Tomar decisões! Esse é o pedaço em que todos nós nos perdemos no dia-a-dia.
Pudera! Nossa cabeça nos parece um ninho de ideias desordenadas, de pensamentos tumultuados e sem coordenação. Será que dentro desse contexto conseguiremos entender bem a realidade dos fatos e seguir uma linha razoável de raciocínio?
Certamente não! Ah! Pensar! Quem consegue controlar a cabeça? Quem consegue olhar para as múltiplas ondas que passam em nossos pensamentos, sem se envolver emocionalmente?
Conhecendo telepatia, sabendo que estamos todos dentro da mente universal e que por isso nos influenciamos mutuamente, como separar as coisas? Como perceber o que realmente é ideia minha e o que eu captei de outra pessoa?
Difícil, não? Pensando nisso ultimamente, consultei gente especializada, aqui no mundo onde eu vivo, e a princípio duas coisas se me apareceram claras: identificação e controle. Identificação pondo atenção para perceber quando os pensamentos estão agitados, e controle para brecar sempre que necessário.
Conseguindo isso, por certo já estaremos realizando muito em favor de nossa paz interior. Quem já não passou por momentos difíceis tentando segurar a avalanche de pensamentos desagradáveis, sem obter resultado?
Passei por isso várias vezes, tanto aí no mundo como aqui onde vocês até podem achar que eu estivesse livre dessas coisas.
Ledo engano. Que fantasma pode segurar o pensamento? Principalmente quando baixamos a guarda interior e recaímos no inconformismo ou na falta de confiança na vida.
Há quem pense que pelo fato de estarmos no astral, de já conhecermos a verdade sobre a vida após a morte, estejamos cheios de luz, alegria interior e livres dos problemas da Terra. Se fosse assim, nem sequer precisaríamos voltar a reencarnar no mundo para aprender.
Na verdade, estar aqui ou aí não muda nossos hábitos. O que muda é só o estado, nada mais. E por isso que em qualquer momento aprender vale a pena.
Não importa a idade física quando vivemos na Terra, nem o tempo que ainda vamos permanecer por aqui. Aprender significa ampliar nossa consciência. Acrescentar, desenvolver, adquirir, conquistar. Tudo quanto fizermos nesse sentido será para sempre.
Às vezes, em determinados momentos, a vida apaga de nossa memória certas lembranças, temporariamente, mas elas permanecem guardadas em nosso subconsciente e oportunamente nos recordaremos delas.
Ainda nesse caso, será que mesmo guardadas e esquecidas elas não nos influenciam alterando nossas atitudes e comportamentos? Penso que sim.
Afinal elas estão lá, nós as incorporamos em nossas vidas.
Mas o bom senso, o que nós realmente precisamos para mudar nossas vidas e sermos mais serenos e felizes, será perceber e conseguir brecar os pensamentos inúteis, negativos que nos inundam a mente.
Sempre que iniciamos esse processo, desejamos detectar de onde veio o pensamento que não queremos cultivar. Será por telepatia? Haverá um agente do qual o captamos ou será oriundo de nosso inconsciente? Confesso que essa pergunta fascinou-me longo tempo sem grande progresso para meu entendimento.
Até que um amigo espiritual daqui onde eu vivo perguntou:
— O que será melhor saber: de onde ele vem ou como modifica-lo?
Pensando bem, sempre que eu estava nessa situação o que eu queria mesmo era libertar-me da energia desagradável que vem junto com um pensamento de baixo teor energético. O que eu queria era voltar a me sentir bem, alegre e feliz. Por isso respondi:
— Melhor modificá-lo, vencê-lo.
— Para isso há que identificá-lo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 7:58 pm

— Como?! Você disse...
—Não de onde ele vem mas como eu o captei, como abri minha sintonia para que ele conseguisse expressar-se. Sem isso, ele jamais me molestaria.
— Pode explicar melhor?
— Claro. Sempre que você perceber que seus pensamentos estão agitados, é preciso parar, fazer silêncio interior, frear. Essa será a primeira providência.
Depois, quando estiver mais calmo, tentar recordar que atitude sua facilitou seu ingresso no negativismo. As vezes, é sua ansiedade em fazer muitas coisas ao mesmo tempo, quebrando a divina ordem do universo, ou a sintonia com fatos ou lembranças desagradáveis do passado, ou mesmo os medos quando você subestima sua capacidade, quando valoriza mais o poder dos outros do que o seu próprio. Cito essas, mas existem outras que cada um encontrará por si mesmo.— Até agora, você falou só de nós, mas, e quando existe um agente causador? E a obsessão? E o carma?
— Não importa de onde ele venha nem quem o manipule. Ele só o atinge se você permitir.
Protestei imediatamente.
— Isso não! Ninguém permitiria a infelicidade nem o que é desagradável! Já vi casos de perseguição e de vingança, terríveis. Sempre dão grande trabalho às equipes de auxílio.
— É verdade! Porém esses casos precisam de permissão de nossos maiores para serem auxiliados.
— Isso é verdade! Nem sempre obtemos sucesso como gostaríamos.
— Claro. A ordem Divina sempre será preservada. Ela exige que cada coisa seja feita no momento preciso, quando determinado teor de energia é alcançado. Sem isso, nada feito.
— Então o segredo está aí: o teor da energia!
— Exactamente. Já pensou como seria nossa vida, tanto aqui como no mundo se captássemos todas as influências que estão ao redor?
Compreendi finalmente. Todos nos comunicamos na mente universal, porém cada um tem sua própria faixa de onda, onde se sintoniza automaticamente com as influências equivalentes. Claro que temos algumas especificações na área, isto é, o grau máximo que conseguimos alcançar na actual fase de evolução e o mínimo que podemos suportar, já que para o negativo todos viemos de larga experiência.
É por isso que identificar como sintonizamos com a agitação, o negativismo, o momento desagradável, a doença, etc., incluindo a obsessão de agentes desencarnados ou não, será a melhor forma de nos libertarmos. Aprendendo como entramos, fácil será sair: basta melhorar nossa sintonia, pensando melhor, de maneira mais positiva e mais adequada, e logo estaremos livres das influências ruins.
Parece difícil? Certamente continuará sendo para você se continuar a julgar-se incapaz e despreparado para vencer na vida. Na verdade, todos somos iguais em oportunidades. As leis universais funcionam eternamente, beneficiando todos igualmente. Ninguém é vítima a não ser de si mesmo.
Ninguém é prejudicado a não ser por si mesmo, ninguém fecha a porta à felicidade ou abre ao sofrimento a não ser por si mesmo.
Até aí eu vou, posso entender que somos responsáveis por nosso destino.
Mas, e as decisões? Como tomá-las? Como escolher o melhor sem as influências dos pensamentos alheios ou sem me ligar com os fracassos passados?
Pensei, pensei e indaguei: será que conseguir conter a agitação mental, perceber como eu me sintonizo com coisas penosas e desagradáveis já não seria um bom começo? Se eu conseguir isso, não estarei em condições de discernir melhor? Acho que sim.
E se depois de tudo eu juntasse a confiança na Organização Divina, a certeza de que apesar de tudo eu posso errar sem culpa, aceitar os remédios necessários à cura e aprender as lições a que fizer jus, tudo será mais fácil.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 7:59 pm

Ao invés de ficar atormentado ao ter que decidir, saber que o erro faz parte da aprendizagem não facilitará as coisas? Afinal, todos somos donos de nossos pensamentos e podemos mudá-los quando quisermos. Não representa esse um enorme poder? Já pensou nisso? Percebeu o quanto você é poderoso?
Essa maravilha sempre me impressiona. Apesar de tardo que você faz com você, dos enganos e tudo o mais, a vida está oferecendo sempre o que há de melhor! Nisso ela não transige!
No momento em que você acorda, em que percebe o próprio poder e começa a usá-lo, tudo se transforma para melhor. Tudo muda, até o comportamento dos outros com você!
Não acredita? Ê pena, porque fazendo isso você protela sua felicidade. Não sente que seria mais vantajoso experimentar? Eu já comecei. E olhe que faz tempo. Pelo menos descobri que funciona mesmo.
Já pensaram que beleza? Eu posso criar minha felicidade! Eu posso afastar de mim a dor, o sofrimento, a infelicidade.
Só em pensar nisso eu me sinto como um semideus, forte, capaz. O que é bom mesmo é sentir que eu posso. Que eu sou digno! Que Deus sempre me considerou como tal ainda mesmo quando eu não sabia.
Como é bom conhecer a verdade! Como é bom saber estas coisas! Vocês não pensam como eu?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 8:03 pm

A armadilha
Procurando temas para minhas histórias, caminhei largo tempo por entre as alamedas floridas do parque, percorrendo com olhos ágeis e espertos o que havia ao redor. Tinha que ser um tema actual, interessante, que fizesse as pessoas pensar.
Claro. Pensar e compreender. Pode haver coisa mais difícil do que essa?
Geralmente vivemos enquadrados em crenças tão arraigadas que dentro delas nos tomamos qual autómatos, como que manipulados por um controle remoto, que no final das contas colocamos dentro de nosso subconsciente.
Você acha que não? Acredita-se livre e de posse de todo o seu arbítrio? Se isso fosse verdade, não teríamos tanta dificuldade em entender as coisas.
Afinal, todos somos dotados de inteligência e a burrice só sobrevive por causa do que estou afirmando. Sim, porque só quem está robotizado, inserido dentro de padrões estáticos de comportamento, acaba procedendo assim. Isto é, teimando, recusando-se a perceber as coisas como são, cultivando ilusões que por largo tempo só lhe têm trazido infelicidade.
O que fazer? Pensar. Aprender a pensar. Você acha que sabe? Você acha que pensa? Será? Não estará apenas racionalizando padrões inadequados, reflectindo pensamentos captados dos outros nos quais acreditou, sem conotação com a realidade?
Parece complicado? Não é, não. É até muito simples. O que você um dia pensou, verdade ou não, da forma como você acreditou que fosse, ficou registrado em seu subconsciente como uma coisa real, tornou-se um padrão seu. Uma vez feito isso, você passou a agir de acordo com ele sem questionar mais sua veracidade. A crença, quando aceita, determina uma série imensa de pensamentos decorrentes que apenas a reflectem. Pensar pode significar apenas isso, um reflexo do passado, nada mais.
Quando vejo pessoas radicais, sem o chamado jogo de cintura que facilita muito nosso relacionamento com os outros, percebo logo que elas não pensam.
Não que sua cabeça esteja livre, o que até seria um alívio, mas elas estão apenas rememorando antigos pensamentos, reagindo a eles, certas de que estão “decidindo” tudo de forma adequada. Claro, adequada aos padrões que um dia, lá no passado, ela acreditou que fossem verdadeiros.
Nesse ponto, tenho me perguntado se encher a cabeça de regras e conceitos, nem sempre baseados na realidade, testados devidamente no dia-a-dia, não acaba por dificultar nosso progresso. Sim, porque pelo que tenho observado aqui onde eu vivo agora, os intelectuais, os literatos, os ilustrados são os que mais demoram a aceitar as coisas como são. Permanecem largo tempo envolvidos pelas formas-pensamentos que criaram, imbuídos de que conhecem a verdade, fechados às novas ideias de tal forma que quase sempre precisam de um choque traumático, desses que a vida é mestra em aplicar quando nos demoramos demais para seguir adiante, para acordar.
Mas eu não disse ainda o que é pensar. Pensar é olhar as coisas além daquilo que nos parecem ser, colocando indagações, buscando outras respostas além das que já possuímos, na certeza de que ainda nos faltam elementos para conhecer toda a verdade. E, o que é mais importante, testar novas ideias, novas possibilidades, procurando descobrir como elas funcionam, experimentando-as, vivenciando-as..
Ah! A experiência! Pode haver algo mais didáctico do que ela? Claro que sempre haverá o risco de não conseguirmos perceber seu total significado.
Afinal, somos relativos e esse relativismo sempre modifica nossas necessidades. E é através delas, as experiências, que tudo nos acontece. São nossas necessidades que determinam esse ou aquele tipo de acontecimento em nossa vida.
Vai daí que compreender esse mecanismo facilita o entendimento. Quem deseja progredir, por certo deve aprender a pensar. Todos os grandes mestres, em todos os tempos, disseram isso. O difícil é fazer a diferença. É sair dos reflexos e padrões já estabelecidos e aventurar-se a novas impressões.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 8:04 pm

Escolhi um banco sob frondosa árvore e sentei-me prazeroso. Ao redor, pessoas caminhavam normalmente, algumas conversando agradavelmente, outras caladas, mas nada observei que pudesse dar-me o que desejava.
— Dá licença?
Olhei o garoto alegre e despreocupado que sem esperar resposta sentara-se a meu lado. Não o vira chegar. Fixei-o indiferente. Não me parecia diferente dos muitos adolescentes que conhecera a vida inteira no mundo. Forte, rosto corado, olhos alegres e muito vivos, cabelos castanhos e ondulados. Sorriu para mim e, apesar de eu não ser muito tolerante a invasão, sorri também.
Ao contrário do que eu esperava, ele permaneceu calado. Aventurei:
— Está aborrecido?
— De forma alguma.
Olhei-o com o rabo do olho. Se não aparentava aborrecimento, também não demonstrava entusiasmo.
— Você é sempre assim, tão calado?
— Por que teria que falar se não há nada para dizer? — tornou ele com naturalidade.
Senti-me um pouco ridículo.
— Esse moleque está se divertindo às minhas custas — pensei. — Sei como são esses adolescentes. Mesmo aqui conservam o espírito de gozação.
Preparei-me para responder com uma repreensão. Afinal, educação, respeito aos mais velhos, ensina-se em qualquer lugar, mesmo no astral. Ele, porém, não disse nada. Calmo, sereno, muito à vontade, parecia não se preocupar com minha presença.
Continuei em guarda. Eu sabia como eles eram matreiros. Eu mesmo, quando era moleque no mundo, divertira-me muito perturbando os outros.
Eu sabia que eles nunca ficavam quietos sem estarem mal intencionados.
Mas se ele pensava que ia apanhar-me desprevenido, estava enganado.
Decidi contra-atacar. Já que não havia encontrado inspiração, e por certo agora, com ele ali, ela não apareceria, poderia pelo menos exercitar-me um pouco. Claro. Duelar com a juventude sempre nos adestra e actualiza. Penso até que por causa disso mesmo é que eles sempre estão à nossa volta no mundo.
Você acredita que ao vir para cá se livra deles? Puro engano. Não sei se porque eles precisam continuar a experiência mesmo depois de “mortos” ou se nós aqui é que necessitamos deles. O fato é que eles estão por aqui.
Irreverentes, indisciplinados, alegres, ousados, gozadores, tal qual aí na Terra.
Estão decepcionados? Acreditavam que quem “morre” criança ou na adolescência, aterriza aqui adulto e amadurecido? Eu diria que alguns até têm esse poder. No entanto, com outros isso não ocorre. Claro que o desenvolvimento aqui não acontece como no mundo. O tempo pode ser mais longo ou mais curto, conforme o caso. Para mim, só os mais amadurecidos possuem o poder mágico de “morrer” como crianças e acordar adultos. Por isso, ser criança, no astral, era sinónimo de imaturidade. E dos imaturos poder-se-ia esperar tudo.
Aventurei:
— É melhor ir para casa. Está ficando tarde. Não é bom andar só por aqui.
Ele sorriu e respondeu calmo:
— Não há perigo. Fique tranquilo.
Sem me dar por achado, acrescentei:
— Está aqui há muito tempo?
— Sim.
Como ele não tivesse satisfeito minha curiosidade, continuei:
— Quanto?
Sem parecer molestado, ele respondeu:
— Mais de vinte anos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 8:06 pm

— Vinte anos?
Não consegui esconder meu espanto. Claro que o caso dele deveria ser muito grave, porquanto, na pior das hipóteses, dez anos seriam mais do que suficientes para reintegrar e desenvolver qualquer um, conduzindo-o à fase adulta.
Senti-me paternal. Afinal, eu era pessoa experimentada. Vivera muitos anos no mundo, usufruía agora de confortável posição em nossa cidade, conseguindo estudar problemas do comportamento humano e escrevendo para a Terra, desejoso de passar minhas experiências para todos. Por que não ajudar aquele menino?
Assumi ar conselheiral e disse bem-humorado:
— Qual é seu problema, meu filho? Por que se demora tanto nessa fase de sua vida? — Não lhe dei tempo para responder e prossegui muito seguro de mim: — Seja o que for, você pode mudar isso. Aceitar seu crescimento sem medo. O mundo é lugar seguro, pode crer. Deus está no leme de tudo. Nada de mal vai acontecer, eu asseguro.
Foi no auge de minha ênfase verbal que, diante de meus olhos atónitos, ele se transformou em um homem maduro e calmo que me respondeu sorridente e alegre:
— Não se incomode comigo. Sabe, sempre que desejo relaxar, refazer minhas forças, mentalizo minha adolescência. É minha maneira de renovar as energias, recordar as emoções daqueles tempos, ligar-me com uma certa ingenuidade, uma pureza, cheia de luz e de alegria. Desculpe se o importunei, pareceu-me tão só, olhava para todos os lados e pensei em devolver-lhe um pouco de alegria.
Sorri desarmado.
Abraçamo-nos com sinceridade e ele se foi. Então, só então, percebi o que nos acontecera. Nós realmente não nos tínhamos encontrado. Enquanto eu reflectia formas-pensamentos aos quais dera crédito no passado, ele também o fizera.
Quantas vezes em nossa vida isso acontece? Quantas vezes, ao encontrarmos pessoas, ao invés de as vermos nós apenas reflectimos coisas que estão em nossa mente sem nenhuma ligação com a realidade?
Confesso que fiquei preocupado. Pensando em passar para vocês novos conceitos que tenho aprendido por aqui, percebi que, embora já os tenha racional e intelectualmente aceito, ainda não os assimilei verdadeiramente.
Conforta-me pensar que saber disso já é de grande utilidade. De agora em diante, vou estar mais atento às ideias preconcebidas.
Elas são sempre uma armadilha. Uma armadilha muito disfarçada para nos manter bloqueados e incapacitados de perceber.
De agora em diante eu vou abrir minha mente. Nunca mais pensar nada de ninguém. Principalmente avaliar o comportamento alheio.
Não acham que, se eu fizer isso, nunca mais vou ficar desapontado? Estou certo que sim.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 03, 2024 8:06 pm

O seu poder
A luminosidade da alma se reflecte através do sentimento. Conseguir expressar o sentimento da alma é reflectir a lucidez divina. E fazer brilhar sua luz.
É importante discernir. É importante aprender a não bloquear essa expressão da energia superior que todos temos. Bloquear a essência é permitir que conceitos mundanos, sociais, não verdadeiros, programem nossas acções e sejam colocados entre a essência e a acção.
Agir obedecendo ao mundo, aos conceitos e regras feitos pelos homens, é comandar de forma mentirosa nosso destino, é materializar como realidade ilusões impossíveis, equivocadas, cujos resultados sempre serão inadequados e muito distantes de nossos desejos.
Esses conceitos foram temas de uma conferência a que assisti aqui, cuja forte impressão ainda está muito viva dentro de mim.
Ela se realizou no vasto saguão de aprazível Centro Educacional, dedicado a orientar os que já estão conscientes de suas necessidades e terão próxima reencarnação.
Éramos mais de cem pessoas, de várias nacionalidades. Como? No astral há fronteiras de nacionalidade? Por certo. Aqui eu não diria propriamente nacionalidade, mas faixa cultural. Cada país, aqui, representa uma faixa cultural do planeta, cujos valores e crenças específicos favorecem o desenvolvimento deste ou daquele comportamento.
O certo é que naquele saguão eu percebi várias faixas culturais e inclusive o lado oriental, o que era novo para mim. Mas, segundo fui informado, agora, na Terra, é hora da mixagem, isto é, da união dessas culturas, que por caminhos diferentes e opostos chegaram ao mesmo ponto.
A vida é muito sábia e está juntando Oriente e Ocidente para que, havendo essa mixagem, um aproveite o que há de verdadeiro na cultura do outro.
A sabedoria, a verdade, sempre será a soma do conhecimento através da peneira da experiência.
Por isso, lá estávamos nós, naquele saguão, sendo preparados para escolher o curso (aqui curso é treinamento) que seria o mais indicado para nós.
Sabem de uma coisa? Eu adoraria poder descrever, mostrar a vocês o que foi isso. Foi muito mais do que uma conversa ou palestra, na qual o professor falou pouco e as coisas aconteceram ali, diante de nossos olhos.
Um laboratório? Talvez.
Há aqui um aparelho mágico que à medida que você conta uma história ou monta uma, verdadeira ou não, consegue fixá-la, materializá-la numa espécie de tela viva, de tal sorte que ela nos parece estar se desenrolando ali, à nossa frente, naquele momento, com as pessoas que você imaginou.
Entenderam?
Funciona assim:
Eu vou diante dela, da máquina, e penso em uma história. Claro que nesse ato entram minhas prioridades de desenvolvimento. Não se pode bisbilhotar apenas por curiosidade. O sistema é tão valorizado que só é permitida sua utilização por aqueles que realmente estejam interessados e preparados para auferirem benefícios.
Nessa altura, o experimentador já sabe em qual assunto tem maior dificuldade de automatizar e imagina que uma situação específica o favorecerá na reencarnação. Então, ali, ele cria mentalmente tal situação e a máquina, com esses dados, não só materializará visual e energeticamente o que foi pensado como irá além, mostrando as opções e os resultados.
É inebriante. É fantástico! É uma mágica tão grandiosa que não encontro palavras para descrever. O que sei é que o professor falou sobre o tema que abordei inicialmente, que representa a base para entender o objectivo a perseguir e a maneira como nos desviamos dele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:13 am

Foi uma experiência inesquecível! Colocar ideias nesse inusitado computador, vivenciar essa experiência foi como se eu tivesse o poder imenso de criar o destino, como se eu fosse o dono de minha vida. A sensação de poder, de domínio, foi forte e inesquecível.
A consciência do próprio poder, de manipular sua própria vida, é tão real que eu confesso: pela primeira vez me senti como Deus. Guardando o devido respeito ao Criador, foi como me senti.
Ao mesmo tempo, percebendo como os acontecimentos se desenrolam, como a vida trabalha, descobri que no fim, seja pelo Oriente ou seja pelo Ocidente, acabamos sempre nos juntando no mesmo lugar. Que maravilha!
Sabe o que a máquina faz quando assustados pelos resultados notamos que estávamos enganados em nossas prioridades? Ela apenas apaga tudo e na tela aparece a seguinte frase: VAMOS TENTAR OUTRA VEZ?
Já pensaram que bom? Apagar tudo, tentar de novo, de outra forma, começar outra vez, sem problemas nem culpas, simplesmente tentando aprender algo melhor?
A essa altura vocês devem estar pensando que eu já esteja me preparando para reencarnar. Não é bem assim. O que é a vida aqui senão uma tomada de consciência de nossas necessidades e uma preparação para uma vida melhor?
No momento estou tentando aprender. Eu que sempre fui meio piegas, que embotei muito minha essência confundindo emoções com sentimentos; exigências mundanas com caminhos de crescimento espiritual; formalismo, carácter, com valores reais; enfim, que me perdi emocionalmente em vários momentos cruciais de definição de minha vida, desejo aprender bem a diferenciar o que é essencial, verdadeiro, espiritual, das acomodações e obrigações ilusórias do mundo. Estou me esforçando.
Afinal, gosto de aproveitar as oportunidades que me são oferecidas. Não é isso que nos toma ricos? E eu desejo ser rico em segurança, confiança na vida, na bondade e no amor!
Não acham que para eu saber tudo isso ainda vai demorar? Porque mesmo experienciando aqui, na segurança e no apoio e na compreensão que estou usufruindo nesta dimensão, eu precisarei de toda a minha força na Terra, quando estiver esquecido do passado, vivendo sob a pressão do meio social.
Finda a experiência, coloquei essa dúvida para o professor:
— Aqui eu me senti seguro. Gostaria de sentir essa segurança lá na Terra, reencarnado. Quantas vezes, dentro do corpo, desejei um sinal, um aviso espiritual, alguma coisa em que me apegar para tomar certas decisões e não encontrei nada. Ah! Se lá nós pudéssemos ter uma maquininha como esta, seria ideal! Mas como não é possível, o que fazer num caso desses? Como saber o que é essencial?
O professor fez-me um sinal a que eu me aproximasse. Cheguei diante da tela mágica e esperei. Iria ele mostrar-me a fórmula?
— Descreva sua sensação quando estava aqui. Qual foi sua experiência?
Não contive o entusiasmo:
— Senti-me seguro. Como se eu fosse Deus! Naquela hora, eu era o dono do poder. Era o criador de minha vida!
Ele sorriu:
— Esse poder é realmente seu! Nessa hora sua essência estava se manifestando. Você conseguiu obter o que essa experiência pode dar: a consciência do próprio poder. Porque é isso que você sempre faz. Ê o habitual. Lembre-se disso. O poder é sempre seu. Você é sempre um sucesso em criar seu destino.— Mas, e quando eu fracasso? E quando as coisas dão errado?
— Na realidade, você não fracassou. Você realizou e jogou seu poder de forma inadequada e não gostou dos resultados. Mas se pensar bem, você sempre foi sucesso, mesmo porque não existe fracasso. Existe só o que causa prazer ou dor. Como você percebeu na experiência de hoje, depende de como você usa seu poder, de como você escolhe fazer as coisas.
— Quer dizer que eu já tenho esse poder?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:13 am

— Sempre teve. Por isso, quando estiver lá na Terra e se sentir inseguro, é sinal de que você colocou seu poder no mundo, nas outras pessoas, nas coisas.
Você voluntariamente abdicou desse poder e a essa altura você se achará muito “racional”, “lógico”. Sua cabeça estará mandando em você e dentro dela estão todas as regras e valores dos outros nos quais você acreditou. Para tomar seu poder de volta, para liberar a essência e se sentir como Deus, basta parar a cabeça, os pensamentos e sentir o que vai no coração.
Foi então que percebi que enquanto o condicionamento do mundo trabalha em nossa cabeça, o sentimento divino em essência está no coração. Calar a cabeça e deixar falar o coração é a fórmula mágica que nos liga ao espiritual e a Deus.
Não acham que aproveitei bem o curso? Isso foi tão forte para mim, tão verdadeiro, que estou certo que mesmo reencarnado na Terra irei me lembrar.
Quanto a vocês que já estão aí, por que não experimentar?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:13 am

Retemperando
Às vezes é preciso retemperar as coisas. Por quê? Será que elas foram temperadas desde o começo e com o tempo foram se tomando insossas? Ou será que de tanto degustar perdemos a nuance, nos habituamos ao gosto e acabamos por nos tomarmos indiferentes a ele?
Pois é, a rotina continua a pregar essa peça. E o pior é que nós mergulhamos nela confortavelmente, prazerosamente, e eu diria até com alívio, porque ela nos oferece uma imagem de segurança.
Que ilusão! Nada é mais perigoso e inseguro do que a rotina. Fazer igual acaba por saturar. A mesma comida, ingerida todos os dias, perde o sabor, torna-se insossa.
Vai daí que com toda a nossa “sabedoria” e o desejo de felicidade, mergulhamos conscientes e prazerosos na repetição enganosa de actos e atitudes.
De onde vem nosso medo de mudar, de buscar o novo, de experimentar outras situações? Será a preguiça de crescer, de fazer esforço para adaptar-se?
Ou será a busca da estabilidade, do equilíbrio que nos projecta justamente no oposto? Será que a vida gosta desses contrastes, conhecendo nossa maneira de aprender, e age assim para nos defender de nossos enganos?
Não sei. Ainda não encontrei resposta clara. O que sei, por experiência própria, é que nada é mais ilusório do que nossa estabilidade. Para nós, o estável é o parado, o que permanece imutável. No entanto, ao que tudo indica, nada é estático no universo. Tudo é movimento, tudo é acção.
De onde será que tiramos esse conceito de que o imutável é o que está parado? Às vezes fico pensando, pensando: será pelo fato de que nossos olhos de carne são tão lentos que não percebem o movimento dos corpos sólidos na Terra? Ou será que mesmo com o aparecimento do microscópio, no fundo, no fundo, nós não acreditamos no que vemos?
Sim, porque há o tato. Tactear coisas nos dá a sensação de imobilidade.
Segurando um livro nas mãos, sentindo-o, quem pensaria no movimento de seus microrganismos e na coesão de sua estrutura?
Vocês acham que estou sendo muito formal? Bem, nossos conceitos de ciência, aprendidos em nossa juventude no mundo, ainda atuam, dando-nos condições de análise comparativa, mesmo aqui, onde os olhos já são outros e os conceitos, muito modificados.
Nossa crença entre estabilidade e falta de movimento talvez venha de nossa incapacidade de perceber e diferenciar a verdadeira estabilidade do que não tem movimento.
É claro que eu poderia dizer que nada jamais está parado, ainda que não estejamos percebendo, e aí vocês vão dizer que ela sempre existiu e jamais mudou ou então não seria eternidade.
Será? Será que ela se movimenta mesmo ou tudo está parado e nós é que nos movimentamos, nos tomando conscientes, e vamos aprendendo a ver?
Isso tem ocupado meus pensamentos, não para enlouquecer minha cabeça, claro, mas na vontade de poder situar-me na vida. De poder melhorar meu equilíbrio, porque, afinal, o que eu quero mesmo é minha estabilidade emocional, é minha harmonia interior.
Tenho aprendido que, quando percebemos os factos claramente, sofremos menos. E para ser sincero mesmo, o que eu desejo é ser feliz. Você, não?
Afinal, as coisas são o que são, como são, e nós não temos o poder de modificá-las. Mas temos todo o poder de escolher nosso caminho diante delas e experimentar. É verdade que isso nos assusta um pouco e aí vem a vontade do imutável. Mas como conhecer a vida sem viver? Como aprender a lidar com as pessoas sem se relacionar com elas? Como sentir amor sem experimentar emoções e cultivar sentimentos?
Nesses casos é preciso sempre viver. Não se pode conhecer sem experimentar. E como aprendemos pela saturação, isto é, pela repetição, acreditamos estar seguros quando formamos certas crenças. Talvez seja por isso que tenhamos associado estabilidade com o imutável. O eterno oferece a sensação de segurança. Vocês não acham?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:13 am

Enquanto o novo nos coloca logo na defensiva, nossa força vem à tona e nos preparamos com dogmas ou frases como “Estou preparado caso aconteça o pior”, “Devo prevenir-me no caso de dar errado”, “As pessoas são perigosas até prova em contrário”.
É aí que a coisa pega. E se eu dissesse que o novo não existe? Que tudo no universo é velho? Que tudo existe desde sempre?
É, eu estou confundindo sua cabeça. Mas não tenho intenção. Sabem em que eu acredito? Que no final das contas, tudo segue tão certo, da melhor forma, que cada um de nós consegue andar dentro de seu próprio ritmo, com seu próprio passo, crescer conforme pode, porque essa é, até certo ponto, opção nossa. Mas eu, que já sei que posso evoluir sem sofrimento, escolhi esse caminho.
E sabem o que encontrei? Que o maior problema é o medo do desconhecido, como se a vida não tivesse rumo, fosse desmiolada e se divertisse em nos pregar peças.
Você não pensa assim? Não mesmo? Então, por que é que você recorre a seus padrinhos espirituais (sempre muito afamados no mundo), como protectores, nas igrejas ou nos centros espíritas ou até em suas orações?
Não que orar seja ruim. Ao contrário, nos dá forças, nos harmoniza com as energias superiores, nos ajuda muito. Mas tenho notado que a maioria recorre à oração como seres apavorados e inseguros, mergulhando no sagrado, acreditando piamente que os anjos ou os espíritos superiores sintam-se realizados vendo-os a seus pés, contritos e humilhados (humilhar-se diante do sagrado é altamente prestigioso, dá ideia de pessoa humilde — e o humilde vai para o céu), solicitando favores, para no dia seguinte ou até antes disso, cometer os mesmos enganos, cultivar as mesmas ilusões, demonstrando exactamente sua falta de fé em Deus, ou na vida, alimentando o medo e a insegurança.
Sabem de uma coisa? Foi observando as atitudes de alguns espíritos superiores que têm visitado nossa comunidade que eu percebi. Eles são muito serenos e por mais que nós estejamos cheios de problemas, tumultuados, eles não perdem a calma. Por quê? Porque “sabem” que podem confiar na vida.
Eles não tentam conduzir ou manipular as coisas nem as pessoas.
Simplesmente acreditam que a vida tem seu próprio processo e que a eles, caso se disponham a ajudar, compete apenas compreender e facilitar esse processo.
E sabem que eles sempre conseguem o que pretendem?
Quanto a mim, o jeito melhor será tentar pelo menos compreender como as coisas acontecem. Sei que o imutável se mantém através do movimento. Logo, ficar parado é contra a segurança. Aprendi que seguro mesmo é pôr atenção ao que vai dentro mim, ao que sinto, para não cair na rotina e na estagnação, para que a vida não precise me arrancar de lá de forma dura e irresistível.
Acham que sou esperto? Sou mesmo. Quando se trata de salvar minha pele, sou ágil e atento. Não acham que a inteligência nos foi dada para isso? Desta forma, estando atento, não me permito mais desconfiar da vida.
Como dizer que confia em Deus duvidando dele? Afinal, confiando eu me dou a chance de viver melhor, em paz, sem medo nem insegurança. Por isso descobri o que era insosso em mim. Agora, sem rotina, aprendendo a aceitar o novo, tudo se modifica favoravelmente. Acontecem coisas inesperadas e agradáveis. E se por acaso vem algo que não agrada, eu posso perceber como me sair melhor da próxima vez.
Esse retemperar das coisas da vida renova o sabor de viver e nos faz fortes o bastante, e, o que é mais importante, nos faz viver melhor e mais felizes.
Não concordam comigo?
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Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto - Página 2 Empty Re: Pare de sofrer - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:14 am

Ajuizando
Envergando a toga pomposa e negra eu me sentia o próprio Deus! O dono do destino.
Era como se ao dar a sentença eu determinasse como seria a vida daquelas pessoas dali por diante.
Era uma sensação de auto-suficiência, de poder, de supremacia, tão forte que me fez sentir muito importante. Tão importante que todos os detalhes de apreciação dos fatos passaram a ser secundários para mim.
Era tão bom, eu me senti tão à vontade no comando, no julgamento, que nem sequer considerei estar ali pela primeira vez. Mas eu estava.
Quando na Terra, nunca fui juiz de nada. Não que os outros não tenham tentado colocar-me nesse papel, mas eu safava-me deles por acreditar não ter nenhuma vocação.
Mas agora, no uso desse poder, percebi como estivera enganado. A volúpia de decidir a vida dos outros, de achar que poderia saber o que seria melhor para eles, deu voltas à minha cabeça. Pudera! Sabem o que eu descobri? Que minha falsa isenção, meu velho hábito de não querer dar palpites na vida alheia não se originava de uma lucidez interior, da crença em meus limites naturais, mas da indiferença pura e simples do que viesse a acontecer com eles.
Reconhecer isso foi difícil, confesso. Deixar o papel de homem íntegro, bom, humanitário (humanitário no mundo é aquele que se penaliza, que sofre, sua com o sofrimento dos outros) e eu não sentia nada disso.
É realmente penoso. Vocês estarão pensando que eu agora optei por ingressar na magistratura. Engano. Eu até nem feria tido essa ideia, não fora por sugestão de meu mestre de teatro.
Estão surpreendidos? Fantasma fazendo escola dramática? Só que o nome aqui não é esse. Arte dramática é o nome na Terra, onde aliás as pessoas adoram dramatizar, com arte ou sem ela. Aqui, chamamos de Arte de Viver. O que quer dizer, aprender a viver bem, sem dores ou sofrimentos. Eu não disse que havia escolhido esse caminho? Pois é. Agora, estou tentando aprender a viver melhor, sem dor, sem medo, sem luta.
Como?! Quem é que pode viver sem lutar? Como vencer na vida sem a luta?
Eu afirmo que nosso desejo de lutar contra acaba inevitavelmente por reforçar exactamente o que desejamos evitar. Nunca observaram isso? É verdade.
Quanto mais força eu ponho em lutar contra, mas estou demonstrando minha insegurança. Quando eu acredito em algo, eu sei que é verdade, não preciso lutar.
Mas o curso que estou fazendo é óptimo. É como no teatro. Há um script, com personagens, situação, tudo. Estudamos nossos papéis e vamos ao ensaio.
Confesso que me senti como um peixe dentro d’água. Há quanto tempo eu não representava? Mas se nos teatros da Terra nós fazíamos encenação vestindo o personagem, estudando-o, interiorizando-o e tentando dar-lhe vida fictícia o mais real possível, aqui tudo acontece de forma bem diferente.
O personagem é que veste nossa personalidade e aparecemos tal qual somos. Era como se eu fosse reencarnado na Terra, houvesse estudado leis e estivesse realmente efectuando um julgamento. Dá para sentir a diferença?
Não é o personagem que nós escolhemos fazer, ou que o texto pede, ou ainda que o autor determinou. Não. É você. Como juiz. Sentindo emoções reais, seus sentimentos, tudo. Não é um faz de conta, como nos teatros da Terra, muito embora eu saiba por experiência própria que nossos sentimentos, nossas emoções participam também, mas é algo muito mais forte e real.
E se juntar ali várias pessoas, todas dentro do mesmo processo, você perceberá o que pode acontecer. Não é como um psicodrama, no momento tão utilizado pela psicologia terrena, é muito mais.
Há algo que ainda não sei explicar, um toque mágico dentro daquela sala cheia de energias e instrumentos especiais que nos sensibilizam, atenuando nossas ilusões, permitindo a afluência de nossa realidade interior. Não como uma catarse fragmentada e esporádica, mas como um estado especial de consciência em que nos permitimos deixar as máscaras às quais nos habituamos e, ao invés de representar um papel, libertamo-nos deles.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:14 am

Deu para entender?
É mais fácil para mim pensar que aquele juiz vaidoso, cheio de si, indiferente ao sofrimento alheio, seja apenas um papel que estou representando do que admitir que quando eu deixo de lado aquilo que eu penso ser, os bloqueios e os enganos, eu sou exactamente assim. Nem mais, nem menos.
Talvez seja por isso, para suavizar um pouco nosso choque com a realidade, que eles usam o teatro. Mas eu, diante do que senti ao participar, desconfiei da verdade. Foi tão forte a sensação brotando dentro de mim que não tenho como me enganar. Fiquei decepcionado. Eu não era tão humanitário quanto pensava. Não sentia tanta piedade pela dor alheia como desejava. Eu não era tão bom quanto almejava ser.
Vendo meu ar sério e um pouco frustrado, meu amigo Jaime aproximou-se:
— E então? — indagou — Como foi sua primeira aula?
Balancei a cabeça indeciso.
— Pensei estar melhor. Não sei se estou preparado para esse curso. Ele sorriu e disse com certa malícia:
— Vai fugir?
— Eu?! Não— respondi meio sem jeito. — Não é bem isso. Eu pensei que já estivesse preparado para aprender a arte de viver sem sofrer, e sinceramente creio que ainda não estou.
— Por que acha isso?
— Porque descobri coisas nada lisonjeiras sobre mim mesmo. Assim sendo, não posso pleitear a felicidade sem dor.
— Quer dizer que ainda deseja continuar se castigando?
— Eu?!
— Sim. Não pensa que já vem fazendo isso tempo demais?
— É que eu não sou tão bom quanto eu pensava. Não é que eu goste, sinta prazer em ver pessoas sofrerem, mas eu não sofro por isso. Não consigo sofrer com elas. Sou indiferente. Descobri que vinha fazendo papel de homem bom, fingindo sofrer com eles, sem sentir realmente. O que eu queria mesmo é que os outros me achassem óptimo.
— Por uma primeira aula sinto que você aproveitou muito. Perceber nossos verdadeiros sentimentos abre as portas de nossa lucidez, favorece o conhecimento, a sabedoria. É por isso que neste curso nós cuidadosamente utilizamos recursos especiais que por certo afastam as formas-pensamentos que você criou a seu redor. Coisas que você estabeleceu como sua protecção temporária, para que possa, longe dessas influências, experienciar seus verdadeiros sentimentos. Conhecer-se é sem dúvida importante elemento de progresso. Perceberá que fingir um sentimento de piedade só por convenção social não ajudará em nada. Só fortalecerá sua ilusão, sua vaidade. E, um dia, quando menos esperar, notará que dentro de você há sentimentos de amor ao próximo, verdadeiros e profundos, que lhe mostrarão como envolver as pessoas com ele, dando-lhes não só o que elas realmente precisam naquela hora, mas da maneira como você pode.
Senti-me comovido. Não consegui falar. Ê que, de repente, eu senti um calor no peito, percebi um sentimento generoso e forte de amor, de alegria, de prazer, que me emudeceu. Tive vontade de abraçar as pessoas, cantar, dançar, sorrir. Não é que eu era capaz de amar?
Apertei as mãos de Jaime com força e prometi a mim mesmo que, fosse o que fosse que eu descobrisse sobre mim, eu iria continuar. Afinal, a verdade é sempre melhor e mais útil do que a ilusão. Vocês não pensam como eu?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:14 am

O repolho
Vocês já olharam bem para um repolho? Redondo, pesado, sem espaço a ser preenchido, enrugado, apertado, indigesto, e quando você tenta cozinhá-lo para tomá-lo digerível exala mau cheiro?
Alguns defensores ardorosos da ecologia estarão pensando: o que você tem contra o repolho? Ele pode até ser gostoso. Aliás, muita gente os aprecia. E olhe que há boa variedade deles, roxo, verde-escuro, verde-claro.
Eu não tenho absolutamente nada contra ele, partindo do princípio de que Deus é versátil e há gosto para tudo. Porém, olhando bem para ele, tomando um entre as mãos, não é tal qual descrevi?
Por que a implicância de pensar que eu esteja criticando a natureza, falando mal dele e esteja contra só por ter dito a verdade?
Pois é. A verdade, só a verdade é o que é, sem maldade ou intenções ocultas. Mas, e a malícia? E o julgamento? E aquele convencionalismo tão presente que sem falar nele todos o expressam?
— Não. Ele odeia repolho! Ele disse que é pesado, indigesto, malcheiroso.
Logo, ele o odeia!
E se eu disser que o aprecio, que cozido com arroz fica gostoso e sinto água na boca só em falar nisso?
— Como?! Você não acabou de falar mal dele?
Será que pelo fato de eu apreciar o repolho cozido com arroz ele perdeu suas reais características? Ele, cru, deixou de ser pesado, com folhas enrugadas, apertadas entre si e indigesto?
Claro que não. A constatação de uma realidade jamais pode ser um mal.
O que é detestável é a atitude hipócrita de encobrir as coisas, tentar adoçá-las, de dourar a pílula para parecer o que não é.
O ruim é nosso julgamento, colocando adjectivos na verdade, pretendendo com eles criar o que não existe. As vezes isso é tão forte em nós que acabamos por nos tomar incrivelmente maliciosos e excessivamente hipócritas.
Estou sendo rude? Pode até ser.
Mas o que é malícia senão hipocrisia? O que é julgamento senão um faz-de-conta?
Na Terra nos habituamos aos faz-de-conta.
Afinal, começar uma nova vida é quase isso. É fazer de conta que somos uma nova pessoa. É vestir o velho personagem com outra roupagem e experimentar outros' papéis.
Mas, como o repolho, nós — apesar do faz-de-conta e da hipocrisia — sempre continuaremos a ser iguais, a conservar as mesmas características que tivemos.
Isso seria desanimador, porque apesar do esforço em nos acertarmos no novo papel, ainda seríamos iguais em essência. E, na verdade, temos atravessado reencarnações e reencarnações substituindo roupagens e papéis, sem mudança substancial.
— Como? Então tenho sofrido em vão? Não estou me purificando pela dor?
Não é ela que me ajuda a evoluir?
Eu diria até que sim.
A dor é mesmo um chute em nosso comodismo, mas não é só ela que conta.
No fim mesmo, para ser exacto e objectivo, o que nos empurra de fato, o que nos faz caminhar realmente é nosso consentimento, nossa adesão, nosso dizer sim à vida.
Acham que estou louco? Que me enganei? Posso provar o contrário.
Você pode atravessar décadas e décadas nessa de pensar que a dor purifica, sem avançar um milímetro em sua evolução. Como você faz isso? Fácil.
Para que a dor possa purificá-lo, é preciso que você carregue a culpa, seja lá do que for. Logo, acreditar nisso é sentir-se pecador, errado, culpado. E enquanto você pensar assim, sua força está acovardada. Você não tem nenhum poder. Você é uma pessoa fraca, vítima do destino.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:14 am

A vítima não tem maturidade, o inseguro não tem força. O que precisa purificar-se é o incapaz, o errado, o malvado.
Tenho observado e aprendido aqui que a maturidade não é nada disso. O adulto, o homem maduro, o sábio, coloca sua força a serviço de seu próprio progresso. Ele sabe que o erro garante a aprendizagem e não se sente culpado por isso. Logo, não necessita purificar-se de nada.
Aqueles que não percebem isso gastarão larga cota de tempo, vestirão personalidades diversas em múltiplas encarnações, sempre vivenciando a dor, até que um dia descubram sua inutilidade. Aí ela desaparecerá, e então realmente o progresso foi verdadeiro, aconteceu.
Acham que estou sendo optimista? Que eu exagero? Pelo contrário. Diante do que sei e estou aprendendo aqui, eu diria que estou sendo até muito discreto.
Bem que eu gostaria de dizer tudo, mas qual o quê, nem pensar. Nesse caso, o excesso de remédio poderia matar o doente. Se vocês duvidam até do pouco que estou contando, como ir além? É claro que eu pretendo conseguir mais. Não sou conformado, sempre desejo ir adiante e diminuir um pouco a distância entre o real e o irreal.
Se eu dissesse que esses valores estão invertidos no mundo, vocês acreditariam?
Sabem que o que vocês aí colocam como sendo o real, físico, palpável e seguro é exactamente o irreal, o passageiro, o transitório, o que “parece” ser?
Pois é. E o que está distante de vocês, o mundo energético, a movimentação dos elementos, as outras dimensões em contacto com a Terra, o corpo astral, a troca de experiências sensoriais, que vocês consideram como irreal, é o que existe, é o efectivo, o estável, o verdadeiro.
É muito louco isso?
Parece, mas não é. Porque mesmo um simples repolho pode ser muito mais do que parece na realidade da Terra. Mesmo sendo para vocês pesado, indigesto, apertado, enrugado, redondo, etc., ele, em suas fibras, tem capacidade energética de expulsar do corpo humano determinados tipos de amebas astrais e tonifica o movimento peristáltico, e isso só para falar na área corporal terrena.
Agora os ecologistas vão dizer que estou me redimindo, falando bem dele quando estou apenas relatando um fato, algo real e definido.
Claro que há o lado bom. Afinal, na vida só existe o bem. Assim sendo, quem se atreverá a acreditar no mal? É por isso que perceber como é, o que é, sem adjectivos ou conclusões apressadas, sempre será estar com os pés no chão. E quem está plantado com a verdade está garantido contra as desilusões e as decepções.
Vocês não pensam como eu?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:15 am

O show
Embarafustando pela sala um tanto afoito, nem sequer percebi que estava retomando um velho comportamento que tinha no mundo. Só quando diversas pessoas voltaram-se para me olhar foi que, qual menino travesso surpreendido em falta, perdi o jeito, indo postar-me discretamente, o que não era de meu feitio, a um canto no fundo da sala.
É que a emoção e o entusiasmo foram tamanhos que a euforia tomou conta de mim. Pudera. Não era sempre que eu tinha oportunidade de presenciar um espectáculo como aquele.
Embora muitos aqui pretendam copiar nossos instrutores dos planos superiores, sempre serenos e equilibrados, eu ainda não consigo.
Quando vibro com alguma notícia ou sinto alguma emoção forte, não posso conter-me. Permito-me desfrutá-las no encantamento do novato que se deslumbra e gosto de expressar o que me vai na alma, e isso, por vezes, atrai a atenção dos outros.
O que fazer? Tenho aprendido muito, porém ainda não penso que seja bom dominar a emoção a ponto de sufocar o entusiasmo. Sinto que se eu fizer isso perderei o prazer de viver.
Pensando assim foi que eu disse que muitas pessoas por aqui copiam a serenidade de nossos instrutores e eu percebo que acabam se tomando indiferentes ao invés de serenos, empobrecidos ao invés de felizes.
Não que nossos instrutores sejam tudo isso. Ao contrário. Eles são muito activos, entusiasmados e seguros. Possuem a segurança da experiência e do conhecimento, a certeza da fé. Têm consciência. Sabem. A serenidade deles vem dessas conquistas. É natural.
E apesar de compreender que eles estão mais adiantados, que são mais conscientes do que nós, há muito descobri que ainda não somos como eles. A princípio, também desejei imitar-lhes as atitudes. Cedo compreendi que quando forçava uma atitude contensiva, obrigando-me a conter e sufocar minhas emoções, acabava por cortar toda motivação e alegria.
Claro que há muito tenho estado atento para perceber o teor das emoções que sinto e não deixo por menos. Quando elas são desagradáveis, ao invés de expulsá-las drasticamente procuro olhá-las na intenção de discernir os factos que as determinaram, sem julgamento. Isso tem contribuído para eu perceber como entro nesses estados depressivos e posso ir me livrando deles.
Acham que sou condescendente comigo mesmo? Se eu, que posso saber o que me vai no coração, não fizer isso, quem não tendo essa possibilidade conseguirá fazê-lo? Dentro de nosso relativismo, como ser radical sem ser injusto? Já notou o quanto você exige de si mesmo?
Eu também fazia isso. Era um juiz severo e exigente cobrando de mim atitudes que eu ainda não sabia como fazer.
O resultado era viver sempre frustrado e me achando sem capacidade.
Haverá causa mais desmotivante do que essa, de julgar-se inábil, incapaz e menos do que se é?
É o orgulho que exige que nós façamos mais do que aquilo que já sabemos fazer, acenando com modelos de superioridade e perfeição.
Sabem de uma coisa? Desde que humildemente resolvi não ser mais do que sou, descobri que em muitos aspectos eu já sou bastante bom. Já sei fazer. Já posso dizer e fazer.
Isso é gratificante e me dá a certeza de que as outras coisas, aquelas que eu gostaria de saber mas ainda não tenho habilidade, virão naturalmente com o tempo, desde que eu continue activo e atento fazendo o que já posso.
Não é formidável? Foi por isso que eu, apesar da euforia um tanto exagerada e do embaraço dos primeiros momentos, saí do cantinho onde me recolhera e fui tomar assento na primeira fila.
Apesar de lotado o salão, a primeira fila estava vazia. Olhei bem e, como não estava reservada, tomei assento. Acham que fui atrevido? Que desejava chamar a atenção? Nada disso. O que eu queria era ver de perto, não perder nada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 04, 2024 11:15 am

Agora, depois que eu descobri o quanto a vaidade me limita, mudei a atitude. Fiz o que sentia. Respeitei meus sentimentos de fã entusiasmado.
E foi bom, porque outros companheiros que queriam, porém não ousavam, tomaram assento logo depois, com olhos brilhantes de entusiasmo.
Naquela tarde eu havia voltado de uma excursão de trabalho e logo ao chegar em casa ligara meu aparelho receptor para ver as novidades. Então, vira a grande notícia. De passagem por nossa cidade, Isadora Duncan daria uma sessão no grande salão de arte.
Seria a única apresentação e os interessados poderiam dirigir-se à administração para conseguir um lugar.
Senti-me eufórico. A grande Isadora, a quem eu em minha juventude vira em Paris e me arrebatara com sua arte maravilhosa! Essa eu não poderia perder.
Apressei-me, porquanto a tarde findava e estava quase na hora.
Preparei-me rapidamente e fui pessoalmente à administração. Foi difícil, devido ao grande número de pessoas, e quando finalmente consegui estava na hora de começar. Como não ficar eufórico? Como não recordar a juventude, a viagem, o espectáculo, a família, o entusiasmo passado, enfim, tudo que essa presença representava em minha vida?
Passei os olhos pelo salão lotado, já agora sem um lugar vago. Havia expectativa e curiosidade. As pesadas cortinas verde-musgo do palco estavam cerradas e eu me perguntava como seria o espectáculo.
A sala escureceu, o silêncio se fez. A pesada cortina desapareceu e em meio à escuridão do palco surgiu uma névoa prateada que foi crescendo e aos poucos tomando uma forma de mulher. Lentamente, seu rosto, seus braços e seus pés foram emergindo daquela névoa prateada que se transformara em delicado e diáfano vestido, apareceram translúcidos e coloridos como uma estátua de biscuit. Foi deslumbrante, e o público aplaudiu freneticamente, explodindo num entusiasmo inenarrável.
Formas coloridas de pessoas com seus instrumentos dançavam no ar, nesse palco fenomenal, executando a mais linda melodia que meus ouvidos já ouviram.
Quando ela, deslizando, aproximou-se da plateia curvando-se em saudação graciosa, as longas e lindas mãos estendidas, eu delirei. Aquilo não era real. A beleza era tanta que senti vontade de rezar.
Ela começou a dançar e dela emanavam luzes coloridas enquanto seu corpo tomava lindas e expressivas formas, desaparecendo e reaparecendo, expressando sentimentos de luz e beleza tão elevados que energias coloridas e luminosas nos atingiam e emocionavam sensibilizando-nos a alma.
E eu fiquei ali, mudo, enquanto durou aquele espectáculo inesquecível, esquecido de tudo, deixando as lágrimas correrem livremente pelo meu rosto, numa felicidade intraduzível.
Quando terminou e ela curvando-se acenou adeus, da plateia silenciosa e extasiada saiu uma energia de um rosa brilhante misturada ao lilás suave, que a abraçou com carinho. E eu, que estava na primeira fila, pude ver que nos olhos dela, brilhantes de emoção, duas lágrimas rolaram qual pérolas de gratidão e de amor.
E eu compreendi que a serenidade dos iluminados como ela não exclui o sentimento e que expressá-lo pode ser o elo de união entre as criaturas. Diante de tanta grandeza, beleza, amor, como não agradecer? Como experimentar tantas e elevadas emoções sem reverenciar a vida, a felicidade de viver?
Eu continuo pensando que a arte é a manifestação mais pura e real da espiritualidade.
Não pensam como eu?
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