LUZ ESPÍRITA
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O repórter do outro mundo - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

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O repórter do outro mundo - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto - Página 4 Empty Re: O repórter do outro mundo - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 10:58 am

- Foi o que pensei. Voltei não só para poder conhecê-lo pessoalmente, mas também porque senti a necessidade de reflectir sobre o que estou fazendo da minha vida agora. Talvez eu esteja me iludindo, acreditando que posso ajudar as pessoas que amo.
- De tanto querer que elas sejam felizes, muitas vezes acreditamos que nosso amor e boa vontade sejam suficientes para isso. Nós nos esquecemos que cada um age com a própria cabeça e possui outras prioridades que são diferentes das nossas.
- Estou nessa encruzilhada. Tudo o que sabia fazer, fiz para ajudar a Maria e meus dois filhos que renasceram outra vez como filhos dela.
- Você foi corajoso, tentando enfrentar uma situação dessas. Afinal, ela agora está casada com outro.
- No começo foi difícil aceitar a união dela com Ariel. A custo venci o ciúmes que sentia quando os via trocando beijos. Eu sabia que nossos dois filhos precisavam voltar com ela, por esse motivo me esforcei para superar essa minha fraqueza, porquanto desejava sinceramente ajudá-los a vencer os desafios dessa nova vida e enquanto eu não me elevasse o suficiente, não eliminasse esse ponto fraco, não obteria permissão para aproximar-me deles.- Avalio seu esforço.
- Pois foi. Fiz o que pude. Até que consegui permissão. O que eu sabia sobre Ariel, o homem que assumiria o novo lar deles, deixava-me apreensivo. Não tive acesso à ficha dele, mas alguns amigos que o haviam conhecido na última encarnação, descreveram-no como um homem vaidoso, violento e de pavio curto.
- Você ficou preocupado.
- Como não ficar? Logo Maria, sempre tão pacata, ingénua, passiva. Isso seria terrível para ela. Depois, nossos dois filhos que deveriam nascer nesse lar eram iguais a ela, delicados. Não me conformei e procurei meu superior, pedi-lhe que interferisse e não permitisse que isso acontecesse.
- E ele interferiu?- Não. Recebeu-me com carinho, ouviu-me com atenção, mas disse que não era possível fazer nada. Eu tentei mostrar-lhe o quanto seria penoso para Maria conviver com aquele marido, que esse casamento iria torná-la revoltada e agressiva.
- E ele respondeu que era isso justamente o que a vida queria fazer.
Joaquim olhou-me sério:
- Como é que você sabe?
- Claro. Ela tem a ilusão de que fazendo tudo para agradar os outros e esquecendo suas próprias necessidades, vai ser amada, respeitada. Isso não é verdade. Com essa atitude ela só atraiu sofrimento e desilusão.
- Pois foi. Ela tornou-se amarga, deprimida. Meu superior tentou convencer-me de que a convivência de Maria e nossos dois filhos com Ariel, iria despertar neles a própria dignidade. No início seria a revolta, depois a reacção de defesa, e por fim a convicção de que cada um precisa cuidar de si mesmo, trabalhando primeiro pelo próprio progresso e bem-estar, para depois, se desejar e puder, ajudar aos demais.
- Eu sei como é. A vida provoca, cria situações desafiadoras, muitas vezes opostas, a fim de forçar nosso comodismo e empurrar-nos para o amadurecimento.
- Naquele tempo eu não sabia disso. Mas hoje, depois do que passei nos últimos dias, concordo plenamente. A situação familiar de Maria é a pior possível. Ontem tive consciência de que minha permanência ao lado deles é inútil e que não vou conseguir nada do que gostaria. Senti-me impotente. Não reconheci em Maria aquela mulher pacata de outros tempos.
- Ela mudou?
- Se mudou? Nem parece a mesma pessoa. Eu já havia presenciado algumas brigas dela com Ariel. Maria sempre chorava muito, eu tentava consolá-la, doando-lhe energias boas. Ariel é um homem perverso, intolerante. Por qualquer coisa parte para a agressão física. Ontem, por ela ter descoberto que ele a está traindo, ele irritou-se e partiu para a agressão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 10:59 am

Então, o rosto dela se transformou. Em vez de chorar, Maria apanhou um vaso de louça e o atirou sobre a cabeça dele. Apanhado de surpresa, ele ficou tonto e perdeu o equilíbrio. Ela pegou um pedaço de pau e caiu sobre ele, batendo com tanta força que eu perdi o rumo. Tentei acalmá-la, mas confesso que eu mesmo estava pasmo e precisando de ajuda. Foi horrível.
- Você não esperava essa reacção, mas ela foi natural. As pessoas têm um limite. Ela reagiu assim porque ele passou dos limites que ela poderia suportar.
- Pois foi. Ela gritava dizendo para ele nunca mais levantar a mão para ela.
Se ele fizesse de novo ela o mataria. Fiquei apavorado. Maria não era disso.
- O que aconteceu depois?
- Apesar de atordoado com aquelas energias ruins, não fui embora temendo a reacção dele. Ele olhou-a com raiva, levantou-se e fechou-se no banheiro.
Preocupado, fui atrás. Ele lavou o rosto que começava a inchar, examinou os lábios, em que havia um pequeno corte. Apanhou, no armário, o vidro de água oxigenada e passou nos lábios, fazendo uma careta porque certamente ardeu.
Notei que ele não estava furioso como eu pensava. Examinou os sinais da agressão. A pele estava vermelha, e ele procurou dissimulá-la, passando um pouco de pó-de-arroz por cima. Depois, penteou os cabelos e saiu. Eu o acompanhei. Maria estava na cozinha e eu senti o cheiro de café. Ele passou pela cozinha, mas não entrou, foi até a porta da rua e saiu, batendo-a com força. Você acredita que ele não fez nada contra ela?.
- Acredito. Pela primeira vez Maria o tratou de igual para igual e ele entendeu isso.
- Eu, porém, fiquei arrasado. Não sei lidar com uma situação dessas. Maria não é mais aquela mulher que eu conheci e amei.
- Pelo contrário. Agora é que ela está começando a fazer alguma coisa por si mesma. Esse foi o primeiro passo para ela começar a mudar.
- Eu prefiro a Maria que ela era, dócil, pacata. Agora, está violenta demais. Desse jeito não poderá vir para cá quando desencarnar.
- Eu penso que a reacção dela foi positiva. De repente, ela se deu conta de que precisava reagir. Havia chegado ao limite da sua tolerância e sua raiva explodiu.
- Fiquei descontrolado. O que será dela daqui para frente? Eu desejo continuar ajudando, mas receio não ter estrutura para assistir a outra cena dessas.
- Talvez depois disso Ariel controle-se um pouco mais.
- Será?
- Claro. Ela reagiu de uma forma que ele entende. Daqui para frente pensará melhor antes de levantar a mão para bater nela.
- Você acha mesmo?\
- É o mais provável. Maria mostrou-lhe que ele passou dos limites e que eia não está mais disposta a suportar esse tratamento. Ele passará a respeitá-la mais.- Quer dizer que no fim tudo isso vai resultar em algo melhor?
- Pelo que sei da vida, é o que vai acontecer. Por que seria colocado um espírito como ele ao lado de Maria, senão para que ela reagisse e aprendesse a restaurar a dignidade?
- Joaquim ficou pensativo durante alguns segundos, depois me disse:
- Acho que você está certo. Eu fiquei tão assustado com o facto, descontrolei-me e não consegui raciocinar melhor.
- Ela agora deve estar aliviada, sentindo-se mais forte, mais capaz. Quando você voltar lá, perceberá que ela está mudada, mais lúcida, mais forte, mais mulher.
- Isso me faz pensar que talvez eu não tenha sido o marido ideal para ela.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 10:59 am

Sempre a tratei com doçura, carinho, encobria as coisas ruins para que ela não sofresse. Quando nossos filhos agiam errado, eu fazia tudo para que ela não soubesse. Quando ela desencarnou, não quis ouvir o enfermeiro que foi buscá-la. Preferiu ficar ao lado dos nossos filhos e, então, descobriu os problemas que eu fizera de tudo para encobrir.
- Você desejou poupá-la, porém a vida não poupa ninguém, porque quer que a pessoa aprenda a lidar com seus desafios.
- Tivemos quatro filhos. Dois eram mais equilibrados, não deram trabalho.
No entanto, o mais velho não gostava de trabalhar, tornou-se profissional de carteado, mas roubava no jogo. O mais novo, não gostava de estudar nem trabalhar, acabou se tornando gigolô. Fiz de tudo para que eles se tornassem pessoas de bem. Conversei, implorei, ameacei, mas de nada valeu. Além do que descobriram que eu faria qualquer coisa para que Maria não soubesse e usavam isso para me chantagear.
- Não deve ter sido nada fácil.
- Não foi mesmo. Mas enquanto Maria viveu não soube de nada.
- Só descobriu depois que morreu.
- Foi. Ficou com raiva de mim por haver ocultado a verdade, Culpando-me porque achava que se tivesse descoberto tudo, teria conseguido recuperá-los.- As pessoas não mudam porque nós queremos.
- Claro. Hoje eu sei. Ninguém muda ninguém. Essa é uma ilusão que sempre nos custa muito caro. Mas Maria ainda não sabia disso. Nos primeiros tempos, quando eu ia visitá-la, não queria me ver. Mas com o tempo ela melhorou e descobriu a verdade.
- O tempo é um santo remédio.
- Mas o amigo veio visitar nossa cidade e eu estou incomodando-o com meus problemas. Desculpe, é que fiquei descontrolado. Isso me entristece. Eu acreditava que já havia conquistado mais equilíbrio emocional, porém estava enganado.
- Conquistar o equilíbrio emocional é uma necessidade de todos nós.
Conforta-nos saber que um dia, Deus sabe quando, ainda conseguiremos.
- Será que nas esferas superiores eles já conseguiram?
- Acreditamos que sim. Mas como para nós ainda há vários níveis a conquistar, não sabemos a partir de qual estão os que já conseguiram.
- Mas diga-me, como tem sido sua estada em Alverne?
- Muito boa. Estou apreciando cada minuto. Infelizmente, só tenho mais uma semana.
- Por que não fica um pouco mais?
- Não posso. Assumi um trabalho e há uma equipe a minha espera.
Joaquim sentou-se pensativo e notei que continuava triste. Perguntei:
- Diante dos últimos acontecimentos, o que pensa fazer?
- Não sei. Desde que desencarnei tenho pensado só em ajudar a família.
Mas tudo o que fiz até agora deu em nada. Estou desanimado.
- Talvez seja o momento de pensar em você.
- De tanto me preocupar com eles esqueci de mim. Já nem sei do que gosto, o que quero. Condicionei minha felicidade à felicidade deles e não sei o que fazer.
- Quando não sabemos o que fazer, é melhor não fazer nada, deixar a vida trabalhar.
- Assusta-me essa falta de rumo, parece que estou num vazio sem tamanho.
- Aceitar as coisas como são, ajuda muito.
- Mas não é fácil. Desde que regressei, fiz um projecto e nele investi todas as minhas energias. A consciência do meu fracasso me deixa frustrado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 10:59 am

- Para que um projecto de equilíbrio familiar dê bons resultados, é necessário que todos os envolvidos estejam conscientes dele e desejem colaborar.
Joaquim olhou-me admirado, permaneceu calado durante alguns segundos, depois respondeu:
- Você acaba de diagnosticar a causa do meu fracasso. Eu achei que poderia fazê-los mudar, mas não consegui. Cada um estava envolvido em seus próprios interesses e não desejava sair.
- -As pessoas só mudam quando querem. Reconhecer essa verdade já é um progresso.- Mas dói e deixa um sabor amargo.
- Não se deixe levar pelo desânimo. Nossa responsabilidade com os filhos cessa quando eles se tornam adultos. A partir daí, precisam aprender a andar com as próprias pernas. Você não entendeu isso, continuou apegado, querendo resolver os problemas deles. Essa preocupação tornou-se um fardo e a vida o aliviou dele. Mas, em vez de sentir-se leve, tentar retomar sua vida pessoal, reencontrar a alegria de viver, seguir adiante, livre, podendo escolher novos caminhos, você está triste, frustrado, querendo recolocar nos ombros o fardo perdido.
Joaquim olhou-me surpreendido, como se eu tivesse dito alguma coisa impossível.
- É isso mesmo, meu amigo. Se nós não podemos mudar os outros, precisamos aceitar que a vida tem seus próprios meios, e com mais sabedoria e eficiência fará isso a seu tempo. Mas por outro lado, somos livres para fazer o que quisermos, cuidar da nossa felicidade, porque essa conquista depende somente de nós. Já pensou nas coisas boas que poderá fazer de agora em diante?
Os olhos dele brilharam, comovidos. Abraçou-me, dizendo:
- Obrigado por me abrir os olhos. Vou deixar de lado minha pretensão de querer consertar as pessoas. É uma ilusão. Talvez eu possa retomar alguns projectos pessoais que abandonei há muitos anos.
- Vamos falar sobre eles.
- Sentamo-nos na sala e continuamos conversando. Falando sobre seus antigos objectivos, Joaquim, aos poucos foi se entusiasmando e pudemos trocar experiências interessantes.
- Foi então que pude conhecer a riqueza de seu espírito, sua sabedoria. À conversa estava boa e o tempo foi passando depressa. O dia já estava amanhecendo quando concordamos em ir dormir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 11:00 am

- 19 -
Minha última semana em Alverne foi muito proveitosa e o tempo passou depressa. Joaquim levou-me a muitos lugares interessantes.
Ele era bem relacionado com pessoas de outros sectores de actividades, algumas fora dos limites, sob a direcção de Octaviano.
Difícil seria descrever para vocês tudo o que vi por lá, mais por falta de termos comparativos do que pela situação em si.
Mas posso dizer que todas as experiências que presenciei em Alverne são, tanto quanto as que existem na cidade astral onde eu vivo, direccionadas à conscientização do espírito, diante da sua responsabilidade para com seu próprio progresso, levando-se em consideração o fato de que ele um dia deverá voltar a reencarnar na Terra.
Na minha última noite naquela cidade, Octaviano programou uma reunião de despedida em sua casa.
Antes de sairmos para a reunião, Joaquim aproximou-se e disse:
- É uma pena que você precise ir. Sua presença aqui tem sido gratificante para mim. Suas palavras ajudaram-me a enxergar a verdade e superar minha frustração. Além do que eu ainda teria muitas coisas interessantes para lhe mostrar.
- Esta estada tem sido maravilhosa. Nunca esquecerei o que aprendi aqui.
Mas espero que possamos nos visitar outras vezes. Eu também gostaria de apresentá-lo a meus amigos. Quando quiser ir até lá, terei grande prazer de hospedá-lo em minha casa.
- Octaviano já esteve de passagem em sua cidade. Eu não. Até então, você sabe, eu estava cego, só conseguia ver as necessidades dos meus. Quando penso nisso, sinto-me envergonhado. Não me conformo por ter perdido tanto tempo inutilmente.
- Nada é inútil quando aprendemos alguma coisa. E você aprendeu muito.
Depois, fez o que seu coração pedia.
- Tem razão. Cada dia que passa, tenho me sentido mais leve, olhando a vida com mais entusiasmo. Parece que estou adolescendo.
- -Você está retomando sua alegria. Isso é muito bom.
- De facto. Acho até que nesta semana rejuvenesci.
- Bem que notei, toda a mudança interior se reflecte no físico. Você está mesmo muito bem.
- Ainda ontem estive no Círculo Literário e interessei-me por um grupo de danças brasileiras. As inscrições estavam abertas e eu me inscrevi.
- No dia em que estive lá eles estavam dançando xotes, uma dança antiga.
- Ontem havia lá uma moça cantando umas valsas tão lindas que me comoveu.
- A música ou a moça?
Os olhos dele brilharam marotos ao responder:
- As duas.
- Foi o que pensei. Uma linda canção cantada por uma linda mulher sempre conquistam.
- Isso não quer dizer que eu esteja interessado nela.
- Mas sim que você está começando a procurar outros interesses, o que é bom e saudável. Afinal, agora você está livre dos compromissos antigos.
Ele ficou um pouco pensativo, depois respondeu:
- Eu ainda amo a Maria.
- Você ama a Maria que pensava que ela fosse. Será que vai continuar a amá-la do jeito que ela se tornou agora?
- Essa é uma desconhecida. Não é a minha Maria.
- Depois das experiências que ela está vivendo agora, nunca mais será como antes. Certamente, porém, será mais autêntica, mais de acordo com o seu verdadeiro temperamento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 9:00 pm

- Não posso aceitar que ela tenha mudado tanto.
- Você também mudou. Resta saber se depois disso vocês ainda sentirão vontade de ficar juntos.
- Pensando nisso fico meio sem chão. Parece que falta alguma coisa.
- Cada um de nós vive seu próprio processo de evolução. Em nosso caminho cruzamos com muitas pessoas, mas é preciso não esquecer de que ninguém é de ninguém e que o apego é uma ilusão que nos faz sofrer. É preciso entender o momento de deixar ir ou de estar junto. Confesso que isso não é muito fácil e eu tenho me esforçado para conseguir.
- Sei que você está certo. Ontem, nó Círculo Literário, vendo aquela mulher linda, olhando-me com olhos comovidos, cantando aquela canção de amor, senti por ela uma terna atracção e uma vontade de conhecê-la melhor. Fui me inscrever, mas logo em seguida uma culpa muito forte me acometeu. Pareceu-me estar traindo o amor de Maria. Então eu fugi e não fui conversar com ela.
- Você ainda está apegado a Maria, mas já sente vontade de procurar outros amores. É um bom sinal.
- Você acha?
- Pense nisso. Liberte-se desse apego. Por certo, o amor que sente por Maria continuará existindo e você continuará torcendo para que ela seja feliz.
Mas ao mesmo tempo, Cuidará também de conquistar a sua felicidade. Em nossa caminhada através dos séculos, poderemos ter muitos amores e manifestá-los sempre que a vida nos colocar ao lado dos que amamos. O amor é um sentimento natural e o fato de amarmos uma não quer dizer que estamos traindo a outra. Tudo depende de como você vive esse amor.
- Muitas vezes penso que ainda conservo várias das crenças terrenas.
- É hora de olhar seus sentimentos pela óptica espiritual. Somos livres para amar.
- De facto, aqui temos ouvido falar muito do amor sem limites, mas que respeita e se satisfaz com o próprio sentimento. Eu nunca entendi bem o que isso significa. Agora, parece que estou começando a entender.
- Outros factores interferem nessa compreensão. A maneira como você se vê, o grau de autoconhecimento conquistado, a libertação de toda a maldade que estabelece a pureza, ajudam muito nessa conquista.
- Reconheço que precisarei de um esforço constante para chegar a isso.
- Eu tenho tentado. Em que pese algumas recaídas naturais, tenho melhorado. O principal é continuar tentando. Estou certo de que vai valer a pena. Você já imaginou, poder viver sentindo o tempo todo o calor do amor no coração? Nunca sentir um pensamento ruim, esquecer todas as tragédias do mundo que nos incomodam e ter calma para ajudar no que for possível a construção do bem?
Os olhos de Joaquim brilharam emotivos, quando ele respondeu:
- De agora em diante vou me esforçar muito para melhorar meu mundo interior. Quero cuidar de mim, fazer alguma coisa que me torne uma pessoa melhor.
- Esse é-o objectivo maior da nossa vida. Ao nos tornarmos melhores estamos de fato melhorando o mundo.
Joaquim levantou-se e abraçou-me contente.
- Foi uma bênção ter o amigo aqui em casa. Nunca esquecerei estes momentos de reflexão e amizade.
- Espero que eles se repitam. Quando puder, vá passar algum tempo em minha casa. Gostaria de apresentar-lhe alguns amigos.
- Irei assim que puder. Está na hora de irmos. Octaviano nos espera.- Estou pronto.
Em seguida, saímos e pouco depois chegamos à casa de Octaviano. Ela estava iluminada, as janelas abertas e as pessoas vestidas com apuro, fazendo-me recordar uma reunião da melhor sociedade do Rio de Janeiro nos tempos da minha juventude.
Fomos recebidos com carinho. Doroteia abraçou-me afectuosamente:
- Pena que você vai embora. Não poderia ficar mais um pouco? Gostaria que fosse passar uma tarde lá em minha casa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 9:00 pm

- Eu gostaria de ir, mas não posso. Meu tempo disponível terminou. Há vários compromissos me esperando.
- Nesse caso, vamos nos sentar e conversar um pouco.
Acompanhei-a até um canto da sala e nos sentamos lado a lado no sofá.
- Noto que está preocupada.
- Tenho que tomar uma decisão importante e ainda não sei o que fazer.
Gostaria de ouvir sua opinião.
- Do que se trata?
- Não tenho passado bem nos últimos tempos. Algumas lembranças do passado me incomodam, sem que eu possa impedir, provocando muitos conflitos, culpas, indisposições, mal-estar.
- Quando os assuntos mal resolvidos do passado nos procuram com insistência é porque chegou o momento de encará-los de frente e tentar resolvê-los de uma vez.
- Já me disseram isso, mas penso que ainda não estou totalmente pronta.
- Será? A vida nunca se engana. Se ela trouxe esses fatos de volta, é porque você tem toda a chance de vencê-los.
- Você acha?
- Estou certo disso. A vida não joga para perder.
Ela suspirou fundo, olhou-me nos olhos como querendo encontrar neles a coragem que precisava, e respondeu:
- Meus médicos dizem que está na hora de eu reencarnar. Mas tenho medo.
Não me sinto preparada para enfrentar o esquecimento, a vida na carne com todos os desafios que isso representa.
- Sei que isso sempre atemoriza. Mas por outro lado, o esquecimento que você teme, seria uma pausa em que você vai poder aprender coisas novas, que poderão facilitar seu crescimento espiritual. Segundo sei, há a possibilidade de você receber Janice como filha novamente, acabando de vez com os desentendimentos que ficaram entre vocês.- Eu gostaria muito. Mas tenho receio de fracassar.
- Hoje você está mais amadurecida que naquele tempo. Estou certo de que terá condições de entender-se muito bem com ela e desfazer as ilusões do passado.
- Você acha isso mesmo? Não está falando só para me dar coragem?
- Não está sentindo minha sinceridade?
- Desculpe-me. Por um momento esqueci de que não estamos nas convenções sociais do mundo. Sinto que está dizendo o que pensa. Mas eu queria muito que você dissesse o contrário.
- Para dividir a responsabilidade. Mas, embora eu tenha expressado o que sinto, a escolha sempre será sua.
Ela ficou calada por alguns instantes, depois disse:
- Se eu resolver reencarnar gostaria de poder contar com sua ajuda.
- Pode contar com ela. Mas não pense que vou passar a mão na sua cabeça.
Vou mais é fazê-la sentir o quanto ê forte e capaz.
- De que forma pensa fazer isso?
- Ainda não sei. Mas até lá encontrarei alguma maneira criativa. Pode esperar.
- Você leva na brincadeira, mas é sério.
- Estou falando sério.
- Isso me conforta muito. Obrigada por ter me ouvido. Os convidados vieram para vê-lo e eu o estou monopolizando. Desculpe-me, mas eu precisava falar.
- Não se preocupe com isso. Há tempo para tudo.
Eu levantei-me e Octaviano aproximou-se com um casal que desejava me conhecer.
As horas passaram rapidamente, os convidados foram se despedindo e ficamos apenas Joaquim, Engrácia e Octaviano.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 9:00 pm

- Está na hora de ir. - Disse Octaviano.
Abracei Joaquim, agradeci a hospitalidade, as atenções de Engrácia e saí com Octaviano, que me levaria ao lugar em que eu deveria embarcar de volta à minha cidade.
Chegamos ao local de embarque, uma estrada deserta, paramos e eu indaguei:
- É aqui?
- Sim. Devem estar chegando.
- Pensei que fosse embarcar na mesma estação de quando chegamos.- Não. São situações diferentes. Você agora vai em um comboio cujos passageiros vão reencarnar. A experiência nos ensinou que é melhor não misturar as duas coisas. Devo dizer-lhe que tive muito prazer em recebê-lo e gostaria que viesse mais vezes. Deixou muitos amigos aqui.
- Foi uma viagem inesquecível. Se depender de mim, virei sim. Espero vocês lá, e quero ter o prazer de hospedá-los em minha casa.
- Obrigado.
- Dois faróis apareceram e nos abraçamos em despedida. O veículo estacionou diante de nós, a porta abriu e uma voz pediu:
- Entre e sente-se. Vamos partir.
Obedeci, acomodando-me na poltrona vazia que havia. As luzes se apagaram e partimos.
Esse veículo era igual ao que eu chegara a Alverne, mas as pessoas não estavam dormindo como naquela noite. Estavam sérias, pensativas, caladas.
Percebi que algumas sentiam medo.
A meu lado estava sentada uma senhora, fisionomia simpática, sorriso fácil que me disse:
- Seja bem-vindo.
Agradeci, mas o sentimento de medo apareceu mais forte. Notando a boa vontade dela, indaguei baixinho:
- Estou sentindo uma energia de medo. O que está havendo?
- Se você fosse reencarnar esta noite como se sentiria?
Senti o medo aumentar.
- Não brinque comigo. Ainda não é minha hora.
- Eu sei. Nem a minha. Estou acompanhando uma filha que está voltando.
Aliás, apenas três aqui não vão agora. Os outros estão indo para uma organização perto da crosta para iniciar a preparação.
- Estão com medo.
- Quem não estaria? Obtive permissão para acompanhar minha filha porque ela precisa muito aproveitar essa oportunidade. Esteve muito doente, sofre algumas crises de memória e temos receio de que ela se desvie do rumo ao desembarcar.
É raro que se permita acompanhar algum parente nessa circunstância.
- Não foi fácil mesmo. Mas eu me comprometi a ficar nessa organização, prestando serviço voluntário durante certo tempo.
Concordei. Eu sabia que nossos maiores nunca recusam uma colaboração.
Mas antes de aceitar, avaliam se a pessoa está apta a fazer o que pretende. Recostei-me e procurei relaxar. Apesar de haver adorado a estada em Alverne, estava contente por voltar e reencontrar meus amigos para retomar nossos projectos com energias renovadas.
Um soluço rompeu o silêncio e eu abri os olhos. Vinha de duas poltronas atrás e era de uma mulher. Senti que ela estava angustiada.
Concentrei meu pensamento nela e tentei perceber o que a angustiava.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 9:01 pm

Então, comecei a ouvir o que ela estava pensando.
- “Eu não devia ter aceito ir agora. Não estou pronta. O que acontecerá se ele não me perdoar? Como conviver e aceitar ordens de quem me odeia?”
Tentei entrar em contacto telepático com ela:
- “Calma. Não tenha medo. Tudo vai dar certo”.
Ela me ouviu e perguntou ansiosa:
- “Quem é você? O que quer?”
- “Estou sentado duas poltronas à sua frente. Senti sua angústia e desejo ajudá-la.”
- “Todos aqui estão com medo. Você não?”
- “Eu não vou reencarnar, por enquanto.”
- “Por esse motivo é que está calmo. Você deve ser alguém de prestígio.
Não pode ajudar-me a desistir dessa viagem?”
- “Não tenho nenhum prestígio. Você é que poderia ter discutido isso com seus protectores.”
- “Eu concordei porque naquele momento me pareceu o melhor a fazer, mas agora que está chegando a hora, noto que ainda não estou pronta.”
- “Esse receio é muito natural. O esquecimento do passado, os desafios que terá de vencer, as tentações do mundo, tudo atemoriza.”
- “Comigo é pior. Além de tudo isso, devo ter como pai um homem que me odeia, ao qual eu fiz muito mal em outros tempos.”
- “Será uma óptima oportunidade para acabarem com as desavenças passadas. Depois, vocês dois terão esquecido o passado, o que tornará menos difícil esse relacionamento.”
- “Não nos lembraremos, porém todos os factos desagradáveis que vivemos juntos estarão em nosso inconsciente nos influenciando.”
- “Mas haverá um elemento novo que vai ajudá-los. Os laços da paternidade estarão também com vocês, facilitando os reajustes necessários ao entendimento.”
- “Eu não havia pensado nisso. Mas há casos em que esses laços não são suficientemente fortes para destruir o ódio existente.”- “Serão, se você deixar de culpar-se.”
- “Eu não consigo fazer isso. Fiz muito mal, estou arrependida, mas o arrependimento aumenta a consciência do meu erro.”
- “Naquela época você não conseguiu fazer melhor, mas se fosse hoje, você agiria diferente.”
- “Estou certa disso. O tempo passou, eu sofri, reflecti, melhorei. Mas não consegui ainda me livrar da culpa.”
- “Não seja tão severa consigo mesma. A vida está lhe dando uma oportunidade de agir melhor porque confia no seu progresso. Você pode vencer essa parada. Caso contrário, sua reencarnação não teria sido autorizada.”
Ela ficou em silêncio durante alguns segundos, depois disse:
- “Tem razão. Hoje estou muito melhor do que naqueles tempos. Quando chegar o momento, vou agir de maneira diferente”.
- “Assim é que se fala. Eu lhe desejo boa sorte.”
- “Obrigada pela ajuda. Estou me sentindo bem melhor. Deus o abençoe.”
- “A você também.”
Respirei aliviado, não só por ter conseguido confortá-la como por não estar a caminho da reencarnação.
Quando penso nisso, ainda sinto um friozinho na barriga e alguns arrepios.
É que apesar de tanta ajuda dos espíritos superiores, a vida na carne ainda é uma perigosa aventura.
O dia estava amanhecendo quando o veículo parou, a porta abriu, e uma voz disse:
- Posto 2.
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O repórter do outro mundo - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto - Página 4 Empty Re: O repórter do outro mundo - Silveira Sampaio/Zibia Gasparetto

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 9:01 pm

Era o lugar em que eu deveria descer. Despedi-me da senhora que estava ao meu lado, desejando-lhe muito sucesso e desci.
Notei que estava no mesmo local em que havia embarcado quando fui, só que devido à claridade o lugar parecia menos deserto.
Concentrei meu pensamento em minha casa e comecei a volitar.
Eu estava emocionado, olhando aquelas paisagens amigas e pensando que se é bom viajar, é também muito bom poder voltar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 9:01 pm

- 20 -
Em minha casa encontrei tudo muito bem cuidado, havia flores, e percebi logo o carinho com que os amigos arrumaram tudo para me alegrar.
Apesar de não haver dormido durante a viagem, eu me sentia disposto e ansioso para rever os amigos, saber as novidades, e falar sobre minha estada em Alverne.
Antes que eu me dispusesse a sair, Jaime apareceu. Nós nos abraçamos com satisfação. Depois ele perguntou:
- Então, como foi a viagem, gostou?
- Maravilhosa. Fiz muitos amigos, aprendi bastante e espero poder voltar lá outra vez.
Ele sorriu alegre:
- É uma cidade muito agradável.
- É mais do que isso, é estimulante ao crescimento de nosso mundo interior.
- Isso mesmo. Esse é o ponto forte de Alverne. Muitas pessoas quando deixam o mundo físico, onde a vida é mais densa, precisam de mais tempo para enfrentar as mudanças do mundo astral.
- Tudo naquela cidade fez-me lembrar do Rio de Janeiro dos anos 40.
- Lá, a maioria dos moradores viveram no Brasil ou em - Portugal.
- Por sinal, a casa em que fiquei foi construída por um português. Nós nos tornamos amigos.
- O que mais você gostou?
- Da maneira simples que eles têm de viver, divertir-se, sempre valorizando a sensibilidade.
- Utilizam as artes como elemento para isso.
- É mais ou menos o que estamos projectando fazer com nossos amigos que vivem na carne. Por causa da rejeição do modernismo, imaginava que eles fossem radicais. Estava enganado. Eles aceitam o modernismo, mas se recusam ao exagero. O que me fez pensar que talvez, nós aqui, estejamos sendo mais radicais que eles.
Jaime riu com gosto e respondeu:
- Estou vendo que você aprendeu mesmo o que precisava aprender.
Senti-me incomodado e perguntei:- Você acha que eu sou radical?
- Eu não diria isso. Você é ansioso e está sempre querendo saber o que há mais à frente.
- Reconheço essa minha maneira de ser, mas não creio que seja um mal.
Penso que a curiosidade nos ajuda a descobrir coisas novas.
- Não é um mal, só que às vezes o impede de ver o que está diante dos olhos.
Fiquei pensativo por alguns instantes, depois disse:
- Vou ficar atento para não perder nada do agora e continuar a pesquisar o futuro. Penso que posso fazer as duas coisas.
Ele riu satisfeito:
- Quanto mais o conheço, mais o aprecio. Seus amigos estão a sua espera hoje à tarde no salão do clube.
- Estarei lá no horário de costume.
Depois que ele se foi, sentei-me diante de minha máquina inteligente, apertei alguns botões e fui revendo alguns projectos que nosso grupo já implantou na Terra com a ajuda de alguns companheiros encarnados.
Fiquei feliz em verificar que eles estão indo muito bem. No Teatro Vida e Consciência, na sala que leva o meu nome, o Luiz Gasparetto sensibiliza milhares de pessoas, utilizando a arte de maneira convincente e linda.
Comoveu-me o fato de ele formar a Companhia das Luzes, com pessoas comuns, despertando-as para a arte e para a vida, fazendo-as participar da festa espiritual.
Esse já é um trabalho cujo projecto nasceu em nosso grupo astral e vendo-o realizado é para nós como um prémio, mostrando-nos que tudo é possível quando nos dedicamos com amor e trabalhamos a favor da vida.
Foi pensando nisso que fui ao encontro de meus companheiros no lugar de costume.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 01, 2024 9:01 pm

Nosso encontro foi uma alegria a mais. Depois dos abraços e da troca de carinho, sentamo-nos. Cada um dos amigos, ao qual eu delegara algumas tarefas antes de viajar, foi falando sobre o que acontecera durante minha ausência.
Tudo estava indo muito bem, eles haviam acompanhado os acontecimentos na Terra. Depois, conversamos sobre os projectos complementares que seriam implantados quando as coisas chegassem ao ponto certo.
Há anos, quando recém-chegado em nossa cidade, penalizado com a quantidade de sofrimentos inúteis que as pessoas criam para si mesmas na Terra, comecei a imaginar uma forma de utilizar a arte e meus conhecimentos nessa área para lhes mostrar que podem mudar isso, aprendendo a escolher melhor suas atitudes.
Claro que não fiz isso sozinho. Alguns especialistas do comportamento logo se uniram a mim, e juntos começamos a trabalhar.
Embora a intenção inicial tenha sido ajudar as pessoas, devo confessar que aprendi muito, não só com os amigos que vieram cooperar, como com os encarnados, cujos casos e providências que nossos companheiros tomavam, calaram fundo em meu espírito.
Foi tudo isso que eu disse naquela tarde aos meus amigos que, de olhos húmidos e sentimentos fraternos, ouviam-me, depois de contar minhas aventuras em Alverne.
Eu sentia minha alma cantar de alegria, olhando os últimos raios de sol que beijavam as janelas do nosso salão. Não contive o entusiasmo diante de tanta beleza, tanta bondade da vida que nos abraça, ofertando-nos sempre o melhor, e finalizei:
- Foi bom eu ter me ausentado, ter conhecido pessoas que pensavam de forma diferente da minha, porque assim aprendi mais uma vez que a bondade divina funciona em todos os lugares do Universo. Neste momento, sinto que nossos projectos vão crescer a cada dia em realizações que beneficiarão a muitos, mas principalmente a nós próprios, alargando nossas consciências, tornando-nos mais lúcidos, fazendo-nos amadurecer.
Quero agradecer aos amigos, tanto daqui quanto aos encarnados com quem dividimos os méritos do trabalho, e dizer que esses laços de amizade vão continuar, diminuindo a distância que nos separa, até que possamos todos comemorar a Nova Era, quando toda a humanidade terrestre, libertando-se dos próprios grilhões, escolher um caminho melhor e poder ser mais feliz.
Calei-me emocionado. Uma chuva de pequenas luzes coloridas descia do alto sobre nossas cabeças, enquanto um perfume delicioso enchia o ar, uma brisa leve nos tocava e um calor muito agradável envolvia nossos corações, como a nos afirmar que nosso sonho um dia será realidade.
Ficamos assim durante alguns minutos. Depois, quando as pequenas luzes apagaram, fomos saindo em silêncio para guardar a magia daqueles instantes.
Por agora, despeço-me de vocês. Pretendo retomar as actividades o quanto antes. Há muito ainda por fazer. Mas prometo que assim que tiver novidades voltarei para contá-las.

Um abraço do amigo,
Silveira Sampaio

§.§.§- Ave sem Ninho
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