LUZ ESPÍRITA
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Lições para ontem, hoje e amanhã - Astolfo O. de Oliveira Filho

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 10:31 am

16 – A vacina contra a penúria é o trabalho
Por que o Espiritismo não atua junto à política humana para solucionar os problemas dos menos favorecidos? Esta foi uma das perguntas dirigidas ao médium Francisco Cândido Xavier na célebre entrevista por ele concedida no programa Pinga Fogo com Chico Xavier, em 28 de julho de 1971, pela Rede Tupi de Televisão.
A resposta do saudoso médium foi um modelo de concisão. O Espiritismo jamais pregou o conformismo. Não é essa a consequência de se crer no planeamento das existências, um dos ingredientes que compõem o processo da reencarnação.
Chico Xavier explicou que as leis divinas são magnânimas e que a causa das desigualdades e das injustiças é, antes, decorrência da imperfeição dos homens ávidos de poderes e riquezas, que edificam sobre a miséria alheia seus castelos de areia, tão frágeis e tão transitórios como o próprio corpo carnal. “A vacina contra a ignorância – enfatizou o médium – é a instrução, e a vacina contra a penúria é o trabalho.” A reforma do organismo social não virá por decreto, mas será o resultado de uma profunda modificação do ser humano através da educação.
Corria, como foi dito, o ano de 1971. Vinte anos depois, em setembro de 1991, a Lituânia, a Estónia e a Letónia se aproveitaram do momento difícil pelo qual a União Soviética passava e declararam sua independência; esses países haviam sido anexados após a Segunda Guerra Mundial. Em 1º de dezembro do mesmo ano, a Ucrânia proclamou sua independência por meio de um plebiscito que contou com o apoio de 90% da população. Uma semana depois, os presidentes das repúblicas da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia criaram, na cidade de Brest (Bielorrússia), a Comunidade de Estados Independentes (CEI), decretando o fim da União Soviética. No dia 21 de dezembro, 11 das 15 repúblicas soviéticas, em Alma Ata, capital do Cazaquistão, endossaram a CEI, decretando o fim da União Soviética. Gorbatchev governou sem apoio durante mais quatro dias e, em 25 de dezembro de 1991, renunciou e declarou que a União Soviética deixaria de existir oficialmente em 31 de dezembro de 1991. Ruía, então, sem que nenhuma guerra o obrigasse, o chamado paraíso comunista, uma prova concreta de que paraíso se constrói, não se decreta.
*
É preciso compreender que as religiões conhecidas focalizam de maneira diferente a finalidade da vida na Terra. Ora, se se entender que o homem está destinado a uma obra duradoura, que é seu aprimoramento moral e intelectual, como nos ensina o Espiritismo, forçoso concluir que outra deve ser a motivação dos actos de nossa vida.
Em vez de lutar por aumentar o saldo da poupança, o indivíduo buscará ampliar seus conhecimentos...
Ao invés de dissipar suas forças nos vícios e nos excessos de vária ordem, o homem tudo fará por equilibrar mente e corpo, aproveitando cada minuto da existência para atingir o objectivo que o trouxe ao cenário do mundo...
Em vez de sonhar com a mansão luxuosa, a criatura tentará edificar uma vida moral sadia que colabore com o bem-estar não apenas de sua família, mas também de seus semelhantes...
Admita ou não o leitor, tais seriam as consequências da mudança do pensamento humano acerca do mundo e da vida, porque – se acreditássemos nisso – todos nós poderíamos compreender o que Jesus quis dizer com estas palavras: “Não ajunteis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os corroem, onde os ladrões os desenterram e roubam; mas formai tesouros no céu, onde nem a ferrugem nem os vermes os corroem; porque onde está vosso tesouro aí também está o vosso coração. Procurai, pois, primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo”.
(Evangelho segundo Mateus, 6:19 a 34.)
Nesse sentido é o ensinamento espírita. A existência terrena é transitória. A felicidade que sonhamos não é uma construção exterior, mas uma obra interna, intimista, que produz mudanças em nosso campo mental e modifica nossa conduta perante o mundo.
O cristão autêntico recebe as injunções e as vicissitudes da vida com superior resignação, e compreende que, seja qual for seu quinhão na presente existência, ser-lhe-ão tomadas contas severas, na exacta proporção dos talentos recebidos, como o evangelista Mateus registrou na conhecida Parábola dos Talentos contada por Jesus.
Não há motivos por que nos revoltarmos contra o quinhão do vizinho. A parte que recebemos é precisamente aquela que solicitamos e de que carecemos para a experiência deste momento.
Sendo fiéis no pouco, é certo que teremos outras oportunidades em futuras existências.
Este entendimento nada tem que ver com conformismo nocivo ou esdrúxulo, mas trata-se tão somente da compreensão legítima dos mecanismos da vida, a mesma que nos leva a aceitar, sem queixa, a perda de um filho, a enfermidade pertinaz ou os insucessos nos negócios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 10:32 am

17 – Afinal, quem somos?
A sociedade terrena encontra-se mergulhada numa situação muito difícil. Não nos referimos aqui tão somente às mortes e aos efeitos económicos nefastos decorrentes da pandemia da Covid-19, que se apresenta como um factor agravante de algo que já não estava bem.
Com efeito, mesmo antes da pandemia os órgãos de comunicação nos mostravam multidões morrendo à míngua em diversos países do planeta, milhares de famílias vitimadas por flagelos naturais inúmeros, crianças sem lar e sem abrigo, jovens partindo do mundo após um aborto malsucedido, políticos flagrados com o dinheiro da corrupção, números crescentes de violência contra crianças e mulheres, bem como a eterna e insolúvel luta entre traficantes e polícia... e por aí afora.
Se acrescentarmos a isso as tribulações pessoais, veremos mais: o drama dos milhões que se encontram desempregados, os jovens que buscam nas drogas ou no suicídio a solução para os seus dilemas e a falência moral da sociedade contemporânea, que engendra o crime, a violência, a corrupção e o desespero, até mesmo em um país rico como o nosso, onde a população, em sua imensa maioria, se intitula adepta dos ensinamentos de Jesus.
Afinal, quem somos?
Como Allan Kardec escreveu certa vez, se a Humanidade fosse considerada somente pelo ângulo da vida no planeta Terra, poder-se-ia concluir que a espécie humana triste coisa é. Seria como se analisássemos a população de uma grande cidade levando-se em conta somente os enfermos de um hospital ou os detentos de uma penitenciária. Ocorre que a população de uma cidade não se resume aos que vivem nos referidos locais, mas é, sim, a soma de todos os elementos que a compõem: os enfermos, os criminosos, as pessoas sadias, os pobres, os ricos, os idosos, os jovens e as crianças.
Da mesma maneira que em uma penitenciária não se encontra toda a população de uma cidade, a Humanidade não se acha inteiramente na Terra.
Os Espíritos do Senhor não pertencem exclusivamente ao nosso orbe. Existem muitas moradas na casa do Pai, conforme Jesus fez questão de revelar. E todas elas são necessárias para que alcancemos a meta a que estamos destinados, ou seja, a perfeição relativa que é possível ao ser humano atingir.
No planeta em que vivemos ocorre o que muitos chamam de estranho paradoxo. O avanço científico extraordinário dos últimos cem anos coincidiu com a eclosão de duas guerras mundiais e com o estado de alerta permanente dos povos que temeram por muito tempo, com razão, o advento de uma terceira grande guerra, que certamente seria a última.
A contradição apontada por alguns é, porém, falsa, porque o planeta sempre esteve envolto em guerras, que têm, infelizmente, marcado a história dos povos.
Como o progresso científico verificado no globo não foi acompanhado de um equivalente progresso moral, tem-se a impressão de que se verifica na Terra um processo de involução ou retrocesso, quando o que ocorre é, efectivamente, uma revolução, derivada dos séculos de tortura, perseguições, exploração e morte. E a finalidade dessa revolução é limpar o terreno para as futuras gerações comprometidas com a paz e a justiça social. Nesse sentido, devemos ter sempre em mente estas palavras de Jesus: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”. (Cf. Mateus 5:5.)
Nunca será demais repetir que a morte e a reencarnação estabelecem um sistema de trocas entre o plano material e o plano espiritual. A morte leva daqui, todos os dias, as gerações acumpliciadas com a velha ordem. A reencarnação traz de novo à cena os seres que, havendo por aqui passado inúmeras vezes, retornam com novas ideias e ânimo redobrado no sentido de estabelecer o reino de Deus na Terra.
É necessário, contudo, que as ideias materialistas, fortalecidas pelo materialismo dos que se intitulam cristãos, não concorram para o efeito contrário, que seria a destruição em vez da preservação desta morada acolhedora que dá o alimento e o amparo a todos os que a buscam com espírito de tolerância, trabalho e solidariedade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 10:32 am

O estado de fome e penúria em que vivem muitos povos é um fenómeno antes moral que económico, visto que ninguém ignora que os recursos aplicados na arte da guerra são mais que suficientes para erradicar a miséria e implantar as escolas de que o mundo carece.
Obviamente, não devemos chegar ao ponto de somente mirar as coisas do céu, porque em tudo o meio termo é sinónimo de bom senso. Mas não deixemos que a visão estreita da vida, esse materialismo desenfreado que nos consome, aniquile as possibilidades imensas que se encontram à nossa disposição para o nosso crescimento no rumo do infinito, o qual nos aguarda a todos, queiramos ou não, seja qual for a concepção que tenhamos da vida, a cor da nossa pele ou a crença que ostentamos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 10:32 am

18 – A importância do lar quando o assunto são as drogas
É conhecida do leitor a conclusão de uma pesquisa realizada anos atrás pela Universidade do Texas (Estados Unidos), segundo a qual a prática de uma religião tende a afastar o jovem das drogas e das actividades que põem sua saúde em risco, uma vez que a fé religiosa aumenta a auto-estima e ajuda a prevenir doenças de fundo emocional.
Abonados por três centros de pesquisa – a Universidade do País Basco (Espanha), a Universidade de Los Andes (Colômbia) e a Fundação Oswaldo Cruz (Brasil) –, estudos posteriores à referida pesquisa vieram mostrar que o dependente químico não se forma na rua e que a tendência para o uso da droga começa a desenvolver-se em casa, mas – em compensação – uma boa educação pode preveni-la.
A inovação desses estudos foi não ter examinado a questão das drogas somente pelo ângulo do jovem que se torna dependente. Buscou-se também saber o que pensam os jovens que não consomem entorpecentes e o que faz com que eles, apesar de tantos apelos, não se sintam atraídos pelas drogas.
A resposta encontrada, tanto no Brasil, como na Colômbia ou na Espanha, foi uma só: nos lares onde existem diálogo, afecto e aconchego os filhos não sentem necessidade de buscar refúgio nas drogas.
Estimular os princípios espirituais, em contraposição aos valores materiais, é um dos recursos propostos pelos especialistas para a prevenção desse mal. A pessoa que tenha da vida uma noção mais clara não terá – salvo numa situação de extremo desequilíbrio – motivo para afogar nas drogas as suas dificuldades, uma vez que saberá que as vicissitudes existem para serem vencidas e não para abater-nos.
Diálogo aberto com os filhos, afecto, carinho, presença constante, ambiente familiar atraente e aconchegante e bons exemplos – eis o que os estudos recomendam.
Com respeito ao álcool e ao cigarro, embora se trate de drogas lícitas e de uso geral, é bom que os pais evitem consumi-las, se não quiserem que os filhos façam o mesmo. Além disso, as regras da convivência familiar devem ser claras, de tal modo que, quando os pais estabelecerem alguma proibição, ninguém alimente dúvidas sobre suas razões.
A importância de observações como estas é muito grande, sobretudo porque, provenientes de centros de estudos desvinculados de qualquer religião, confirmam os que as religiões cristãs têm buscado ensinar e muitas vezes não conseguem.
A existência terrena é um estágio evolutivo, ensina o Espiritismo. Esse estágio é recheado de provas, vicissitudes e desafios. Mas até as crianças sabem que não se vencem as dificuldades fugindo
delas e que, em face disso, não existe alternativa: é preciso enfrentá-las e vencê-las.
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19 – A mão que agride é a mesma que acaricia
Examinando a ideia bastante frequente de que educar os filhos é tarefa muito difícil, conhecido psicólogo fez, algum tempo atrás, oportunas advertências a respeito da importância do carinho e do amor na tarefa de educação dos filhos e na construção de um lar que permita à criança tornar-se um adulto capaz de agir e viver dignamente.
Lembrando que, ante a teimosia e as travessuras dos filhos, muitos pais se descontrolam e partem para a agressividade, o psicólogo citado alerta que educar crianças é, entre outras coisas, transformar impulsos selvagens em capacidade de afecto. “Quando o sangue ferve, recomenda ele, o melhor é sair de cena e pedir ao parceiro mais sóbrio que assuma o comando da situação.”
Essa tese tem sido proposta por terapeutas diversos com apoio em pesquisas que comprovam que em criança não se deve bater nem com uma flor. O pai que procura domesticar e não educar pensa que seu método é eficaz, mas as consequências futuras mostrar-lhe-ão o contrário, quando descobrir que os problemas advindos de sua atitude são maiores do que a causa que deu motivo ao castigo, seja ele físico ou moral.
Essa postura dos psicólogos modernos não difere, na essência, do que nos ensina há mais de 160 anos o Espiritismo.
Dentro de uma perspectiva espírita, adverte J. Herculano Pires, a educação não consiste apenas na integração das novas gerações na sociedade e na cultura do seu tempo, mas é também o processo de desenvolvimento das potencialidades do ser em sua actual existência, com vistas ao seu futuro transcendente.
Toda pessoa traz consigo, em cada passagem pelo orbe, os resultados do seu desenvolvimento anterior em existências precedentes, os quais começam a revelar-se desde os primeiros anos de vida em suas tendências e no conjunto das manifestações do seu temperamento.
Cabe aos pais e aos educadores observar esses sinais e orientar o seu ajustamento, corrigindo as deficiências e os exageros na medida do possível.
A criança não é um indivíduo novo, mas um ser reencarnado, alguém que voltou à existência terrena depois de inúmeras passagens por aqui, trazendo, portanto, um vasto acervo de experiências negativas e positivas em sua mente de profundidade.
Ela precisa, então, de alguém que a ampare e oriente, que a proteja e eduque. No entanto, ninguém educará pessoa alguma a não ser pelo amor, porque, repetindo aqui palavras de Herculano, só o amor educa, só a ternura faz as almas crescerem no bem.
A mão que agride é a mesma que embala, que cuida, que acaricia, mas, em sã consciência, jamais deveria ser instrumento de agressão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:40 pm

20 – Depois de um problema, aguarde outros
Diz um ditado popular que depois da tempestade vem a bonança, e é esta esperança que dá ânimo aos que se debatem nas dificuldades e tropeços da vida.
André Luiz (autor espiritual), em seu livro Sinal Verde, psicografado por Francisco Cândido Xavier, propõe pensamento bem diverso: “Depois de um problema, aguardar outros”, ideia que tem pelo menos o mérito de ser mais consentânea com a realidade das coisas.
De facto, a vida é uma sucessão de dificuldades.
Nem bem superamos um obstáculo ou uma vicissitude, e lá vem outra. Isso significa que, conquanto jamais devamos perder as esperanças, não podemos pensar que a existência será, a partir de amanhã, um mar de rosas, porque essa qualidade dificilmente é a marca das experiências que o homem enfrenta no mundo em que vivemos.
As razões são desfiladas nas linhas que se seguem.
O leitor conhece, por certo, este outro ditado:
“Há males que vêm para bem”. Pois nós podemos dizer, com fundamento nos ensinamentos espíritas, que todos os males, ou pelo menos a maioria, vêm para bem, mostrando aí uma faceta diferente de algo que efectivamente perturba a criatura humana.
Ocorre que muitos dos chamados males só o são na aparência. Se mudarmos o ponto de vista pelo qual se encare determinado problema, outra ordem de ideias se apresenta e o indivíduo pode ver que o bem frutifica onde menos se espera.
Assim é que determinada situação receberá análises diametralmente opostas de um materialista e de um espiritista.
“A ideia clara e precisa que se faz da vida futura – escreveu Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. II, item 5 – dá uma fé inabalável no futuro, e essa fé tem consequências imensas sobre a moralização dos homens.”
A existência corpórea, para aquele que se coloca na vida espiritual, não é mais que uma passagem, uma estação ligeira num país ingrato.
As tribulações que enfrenta são incidentes que ele recebe com paciência, porque sabe que serão transitórias e seguidas de um estado mais feliz. A morte nada lhe apresenta de apavorante, porque significa não a ruptura dos laços sociais, mas a libertação dos grilhões que o prendem ao vale de lágrimas que são os planetas como o nosso.
Claro que, assim pensando, as inquietações serão recebidas com maior resignação e isso dá uma tranquilidade e uma calma de espírito que atenua todas as amarguras.
É, pois, nesse sentido que assiste inteira razão a André Luiz. Depois de um problema, aguarde outros – porque aquilo que chamamos problema é, geralmente, a solução – e é também isso que dá à frase “a maioria dos males vem para bem” um valor inquestionável, porquanto se os chamados males impulsionam o homem para o progresso, força é convir, disso resulta um bem e não um mal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:40 pm

21 – As amarguras da vida numa perspectiva espírita
Há entre as pessoas quem não aceite a chamada lei de causa e efeito e atribua as amarguras da vida à obra do acaso.
Ocorre que pensar assim equivale a descrer de que existe Deus e admitir que estamos todos imersos em algo que não apresenta a mínima sabedoria ou qualquer coisa parecida com o que entendemos seja a misericórdia, visto que o mundo nos apresenta a cada momento situações desesperadoras, que fariam secar nossa fé se não pudessem receber uma explicação racional à luz dos ensinamentos do Cristo.
Vejamos o exemplo seguinte.
O rapaz nasceu na zona rural, filho de pequeno sitiante. Não conheceu na infância e na juventude as agruras da vida. Mas, uma vez casado, viu o pai obrigado a dispor de sua terra, em decorrência de safras que não vingaram e dos juros bancários escorchantes, e, como num passe de mágica, todos de sua família passaram a ser lavradores autónomos, na condição de assalariados.
Algum tempo depois, ei-lo numa fazenda de cana-de-açúcar. A existência difícil era compensada por um lar onde cinco filhos pequenos lhe traziam a alegria de viver. Foi então que, num momento fatídico e inesperado, ligeiro descuido na lavoura fê-lo perder o braço direito e, por conseguinte, seu instrumento de trabalho, como servidor braçal que era.
Não é preciso dizer que seu empregador nem tomou conhecimento do fato, e o humilde servidor da roça teve de abandonar a fazenda, buscando numa cidade maior uma oportunidade de sobreviver e manter a família, embora sem emprego e sem ninguém a quem recorrer.
O leitor sabe qual tem sido o destino dessas pessoas. Claro que, no caso acima, que é um facto que realmente ocorreu, o casal e os cinco filhos foram parar na periferia de uma grande cidade, mais precisamente em uma das favelas que a cercam, e foram pessoas bondosas daquele recanto que, condoídas com aquele quadro inusitado, proporcionaram-lhe a edificação de um barraco singelo, feito com restos de madeira, plástico e papelão, onde a família passou a morar, dando início a mais uma fase – uma fase de novas dificuldades – em sua curta existência na Terra.
Foi desse modo que algumas pessoas ligadas à assistência social espírita o conheceram. O rapaz dedicava-se agora a catar papéis e a limpar terrenos e quintais, com o que reunia alguns parcos recursos, claramente insuficientes, para alimentar e vestir a si e aos filhos.
Rememoremos o caso.
Primeiro, perdeu a propriedade rural, que simbolizava a solidez e a segurança de seus pais e dele próprio. Em seguida, perdeu parte de seu próprio corpo e, com ele, o emprego. Agora, iniciava uma vida nova, aceitando com paciência e resignação vicissitudes duras que ele, com certeza, ignora por que bateram em sua porta, mas que lhe produzirão benefícios incalculáveis e duradouros, considerando-se a transitoriedade desses percalços em face da grandeza da vida espiritual, que é pra sempre e eterna.
As vicissitudes da vida – ensina o Espiritismo – têm duas fontes distintas. Umas têm sua causa na existência actual, outras fora dela. Em qualquer caso, têm sempre uma finalidade justa e importante. “Nada no mundo se faz sem um objectivo inteligente e cada coisa tem sua razão de ser”, ensinam os imortais.
Pensar o contrário é admitir o acaso ou, o que é bem pior, equivale a imaginar que Deus não passa de um pai caprichoso que se engrandece com o sofrimento dos filhos, enquanto outros desfrutam a vida, aparentemente na maior ventura.
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22 – O aprimoramento da alma demanda tempo
O burilamento da alma é trabalho de largo tempo. Como diz Abel Gomes (autor espiritual) em mensagem constante do livro Falando à Terra, obra psicografada pelo médium Chico Xavier, nem todos se retiram da Terra e ingressam na pátria espiritual na posição de heróis. “A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes.”
Na Terra, diz Abel, notamos em toda parte homens e mulheres de boa vontade inequívoca na aceitação das verdades divinas, os quais, no entanto, não conseguem aplicá-las, de pronto ou de todo, à própria vida.
Vemos companheiros que já conseguem livrar-se dos laços asfixiantes da cobiça, na zona do dinheiro, vivendo em louvável desprendimento das posses materiais. Contudo, muitos deles ainda se prendem à sexualidade, incapazes de quebrar os aguilhões que os ferretoam nesse domínio.
Outros, aquietados em perfeita serenidade, extinguiram, na profundeza anímica, os últimos resquícios das ardentes paixões carnais, mas apegam-se a míseros vinténs, convertendo a vida num culto lastimável e exclusivo ao ouro que o chão reclamará.
Muitos ensinam o bem, com vigor e beleza nas palavras, todavia adoptam atitudes e actos que os desabonam, não obstante as intenções respeitáveis que os animam, demonstrando incapacidade no reger os próprios pensamentos e desintegrando com o verbo impulsivo as boas obras que executam com as mãos.
Não raros praticam o bem, mas simplesmente para com aqueles a quem se inclinam pela simpatia, negando-se a ajudar quantos lhes não penetram os círculos do agrado pessoal.
Inúmeras pessoas se reconfortam com o ensino religioso de santificação em seu campo interior, contudo o renegam na esfera de acção objectiva.
Manoel Philomeno de Miranda refere-se a isso no cap. 24 de seu livro Painéis da Obsessão, obra psicografada pelo médium Divaldo Franco.
Segundo ele, no retorno do Espírito à existência corporal, quando alguém se candidata a uma acção meritória, nunca deve esperar dos outros os exemplos de virtudes, nem as lições de elevação, mas examinar suas próprias disposições para verificar o que tem e o que pode, em nome de Jesus, oferecer.
A simples candidatura ao bem não torna bom o indivíduo, tanto quanto a incursão no compromisso da fé não faz ninguém, de imediato, renovado.
Merecem respeito, portanto, não somente os triunfadores, quanto aqueles que persistem e agem sem descanso, mesmo quando não colimam prontamente os resultados felizes.
Nas experiências de elevação, entre outros impedimentos que surgem, a rotina é teste grave a ser superado. Enquanto há novidades no trabalho, há motivações e entusiasmos para realizá-lo. Depois, à medida que se fazem repetitivas, as acções tendem a cansar, diminuindo o ardor do candidato à operosidade e levando-o à saturação e à desistência.
Nesses momentos de cansaço, surgem as tentações do repouso exagerado, da acomodação, do tempo excessivo sem utilização correta, abrindo-se campo à censura indevida, que medra em forma de maledicência e espalha azedume e reproche, destruindo as leiras onde a esperança semeia o amor e a ternura.
Muitas Obras do bem não resistem a esse período, quando as intenções superiores cedem lugar ao enfado e à comodidade, que propiciam a invasão das forças destrutivas e a penetração dos vigilantes adversários da luz.
Somente a humildade, que dá a dimensão da pequenez e fraqueza humana ante a grandiosidade da vida, faculta uma visão legítima que leva o indivíduo a recorrer à Divindade pela prece ungida de amor, antídoto eficaz para os distúrbios obsessivos.
A prece liberta a mente viciada dos seus clichés perniciosos e a abre para a captação das energias inspiradoras, que fomentam o entusiasmo pelo bem e a conquista da paz através do amor.
Entretanto, a fim de que se revista de força desalienante, necessita do combustível da fé, sem a qual não passa de palavras destituídas de compromisso emocional entre aquele que as enuncia e o Senhor a quem são dirigidas.
Mãe de inúmeras virtudes, a humildade é também essencial no esforço que levará a alma ao aprimoramento moral a que somos destinados, conquanto tenhamos em mente que se trata de uma longa jornada a desdobrar-se ao longo de muitos e muitos séculos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:41 pm

23 – A educação e seu papel na construção de um mundo melhor
Cairbar Schutel levava para sua casa os enfermos sem tecto que chegavam a Matão (SP) e deles cuidava com o amor e a dedicação que já se tornaram conhecidos dos espíritas. Quando, porém, percebia que a pessoa não teria condições de se recuperar da enfermidade, ele a preparava para essa transição que tanta gente teme e que conhecemos com o nome de morte.
A existência de um Pai justo e misericordioso, a continuidade da vida, a imortalidade da alma, as vidas sucessivas, as condições de vida no plano espiritual, eis temas que certamente o notável apóstolo explanava ante os olhos atentos e esperançosos dos seus tutelados, preparando-os para essa etapa nova que tem início com a morte do corpo.
O Codificador do Espiritismo referiu-se certa vez a esse assunto quando explicou por que devemos falar de Espiritismo aos mais velhos. E disse que a finalidade de tal conversa era exactamente fazer o que Cairbar faria mais tarde, e tão bem, na pequenina cidade de Matão.
No mesmo texto, Kardec explicou também por que devemos falar de Espiritismo aos mais novos, afirmando que o objectivo de se tratar do assunto com as crianças é prepará-las para a vida e fornecer-lhes subsídios importantes para que consigam cumprir na Crosta o que foi planejado no plano espiritual.
A lembrança deste assunto veio-nos à mente ao relermos um texto que nossa amiga Cláudia Werdine escreveu oportunamente a propósito de um encontro que teve com os jovens espíritas da Holanda.
Assistimos hoje, não apenas na Europa, mas certamente no mundo todo, a uma juventude aparvalhada, cuja desorientação decorre de uma série de factores, dentre os quais a questão da educação tem de ser posta em primeiro lugar.
A vida, conforme bela imagem usada por Emmanuel, pode ser comparada a uma longa jornada.
O que chamamos de juventude equivaleria à saída de um barco, que vai enfrentar todas as intempéries e vicissitudes inerentes a uma demorada viagem. A velhice corresponderia à chegada do barco ao porto.
E a infância? A infância, conforme palavras usadas por Emmanuel, é a fase da preparação, em que marinheiros experientes cuidarão para que, quando chegar o momento, os infantes tenham condições de conduzir o barco até o seu destino.
Falta, evidentemente, aos pais do mundo em que vivemos um conhecimento mais profundo acerca destas coisas.
É preciso que eles entendam que nossos filhos são velhos conhecidos que voltam ao cenário terrestre para dar continuidade a projectos inacabados, reparando os equívocos cometidos, consertando as bobagens praticadas e buscando edificar um mundo novo em que a felicidade de uns não dependa da desgraça dos outros.
Seria importante também que eles soubessem por que nascemos, por que vivemos, qual o objectivo de nossa estada aqui, uma vez que, cientes disso, poderiam realizar com mais eficácia e talento o papel que lhes compete, como educadores que são daqueles que Deus lhes confiou na presente existência.
Santo Agostinho (autor espiritual), dirigindo-se aos homens da Terra, pediu certa vez que compreendêssemos que, quando produzimos um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir, e que é preciso pôr todo o nosso amor em aproximar de Deus essa alma. Essa a missão que nos está confiada e cuja recompensa receberemos, se fielmente a cumprirmos.
Lembremo-nos – aduziu o mesmo Espírito – de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?
Se por culpa nossa ele se conservou atrasado, teremos como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de nós dependia que fosse ditoso. Então, nós mesmos, assediados de remorsos, pediremos que nos seja concedido reparar a nossa falta, rogando ao Pai, para nós e para ele, uma nova encarnação em que o cerquemos de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, nos retribuirá com o seu amor. (Cf. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:41 pm

24 – Os inestimáveis efeitos da dor
Definida por Leon Denis como lei de equilíbrio e educação, tanto a dor física quanto a dor moral têm por objectivo alçar o ser humano a um novo grau evolutivo.
Pessoas há, como sabemos, que não despertam para as realidades superiores da vida a não ser pela dor, e os exemplos disso são numerosos. Em outros casos, a dor constitui uma espécie de atalho, de chamamento, de estímulo a uma mudança.
Levada ao Espiritismo em decorrência de uma pausa para tratamento de saúde, a professora Ana Maria Brito Leal Previato declarou oportunamente, em entrevista à revista O Consolador: “Posso dizer, sem medo de errar, que procurei a Doutrina Espírita levada pela dor, bendita dor que iluminou o meu caminho”.
Além da dor, o fenómeno espírita tem sido também factor importante na conversão das pessoas. Muitos médiuns e estudiosos conhecidos do Espiritismo nele ingressaram por força de um ou de outra. O exemplo de Benedita Fernandes é, nesse sentido, extraordinário, como o são igualmente os casos de conversão de Jésus Gonçalves, Cairbar Schutel e tantos outros.
Em nossa região, três deles merecem registro.
Mencioná-los-emos aqui, ocultando propositadamente os nomes das pessoas envolvidas.
Determinada mulher, ao assistir na igreja ao casamento de uma amiga, sentiu-se desfalecer justamente na hora em que os noivos se beijaram.
No dia seguinte, ela já estava internada num dos hospitais psiquiátricos de sua cidade. O processo obsessivo ganhou vulto, o tratamento afigurava-se à família muito difícil, até que amigos a conduziram a uma Casa Espírita, onde a mulher se equilibrou e o processo chegou ao fim, ganhando o movimento espírita da cidade uma nova médium e trabalhadora incansável que muito fez pela causa do Evangelho no local em que vive.
Certo professor e escritor de sucesso, dotado de recursos intelectuais invejáveis, tinha dificuldade de aceitar Deus como ensinado pelas religiões tradicionais e vivia, em face disso, apartado de qualquer religião e das preocupações atinentes aos trabalhadores da seara cristã. Certa tarde, após o almoço, o sogro – que havia falecido anos atrás – lhe aparece. O fenómeno repete-se nos dias seguintes, e com tal nitidez, que morreu ali o materialista para dar lugar a um novo espiritista, que inscreve nos livros que publica as noções espíritas acerca do Criador e suas leis.
Pais de dois filhos moços, o casal sucumbiu à perda do caçula de 15 anos, encontrado morto em condições misteriosas que indicavam, pelo menos na aparência, a ideia do suicídio. Levados a um psiquiatra, este os encaminhou a uma Casa Espírita, advindo da frequência às reuniões e dos estudos espíritas um equilíbrio diferente, uma paz desconhecida e, por incrível que possa parecer, a eclosão da faculdade mediúnica na mãe dos rapazes. Graças a essa faculdade, ela passou a sentir a presença do filho, tornando-se em seguida instrumento dele, como médium psicógrafa que é, para auxílio a tantas pessoas que passaram, em período recente, por prova semelhante.
Quando o Iraque se viu livre do ditador que o dominava até ser deposto, os médiuns apareceram e puseram, como se diz popularmente, “suas mangas de fora”. Conforme o relato da grande imprensa, alguns se especializaram na arte de descobrir o paradeiro de pessoas desaparecidas, enquanto outros passaram a se dedicar às curas. E isso – coisa extraordinária – em um país muçulmano, livre portanto das influências cristãs, comprovando que nada se pode fazer contra os fatos, porque os fenómenos fazem parte das leis de Deus, não são fruto de ensinamento nem pertencem a essa ou àquela denominação religiosa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:41 pm

25 – O amor cobre a multidão dos pecados
De vez em quando reaparece em nosso meio uma velha questão acerca da chamada pena de talião. Ela continua existindo ou foi revogada por Jesus?
A pena de talião, que outros chamam de lei de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, apropriadamente chamada retaliação. Essa lei é frequentemente expressa pela máxima “olho por olho, dente por dente”.
Trata-se de uma das mais antigas leis existentes em nosso mundo, cuja origem encontramos no Código de Hamurabi, em 1780 a.C., na Babilónia. Moisés, algum tempo depois, a consagrou em Israel.
Conforme se lê na questão 764 de O Livro dos Espíritos, a pena de talião, tal como era aplicada na antiguidade, não mais vigora. O que vigora no mundo é, em verdade, a justiça divina e é, obviamente, Deus quem a aplica.
Conhecida na doutrina espírita como lei de causa e efeito, ela aparece no Evangelho resumida numa frase que Jesus disse ao apóstolo Pedro:
“Pedro, guarda a espada, porque todo aquele que matar com a espada perecerá sob a espada”.
O rigor de tal pena pode, contudo, ser suavizado por uma outra lei que se tornou conhecida graças a Pedro, apóstolo: “O amor cobre a multidão dos pecados”, frase que integra a 1ª Epístola de Pedro, cap. 4, versículo 8, o que significa que muitas pessoas podem alterar o mapa de sua vida amando, ajudando, fazendo o bem, uma ideia que Divaldo Franco resumiu numa frase bem conhecida: “O bem que fazemos anula o mal que fizemos”.
O tema foi examinado por Allan Kardec no texto intitulado “Código Penal da Vida Futura”, que faz parte do cap. VII da 1ª Parte do livro O Céu e o Inferno.
Segundo o Codificador, quando o assunto é a regeneração de quem lesou o próximo, o arrependimento, embora seja o primeiro passo, não basta. É preciso ajuntar ao arrependimento a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, pois, as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.
O arrependimento, afirma Kardec, suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação, mas somente a reparação pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa. Não fosse assim, o perdão seria uma graça, não uma anulação.
Quando Pedro escreveu a epístola a que nos reportamos, ele certamente se referia à expiação, que pode ser perfeitamente amenizada e até excluída pela prática do bem e da caridade, que são a expressão maior do amor.
Na literatura espírita encontramos diversos exemplos disso. Muitas vezes a pessoa deveria perder um braço inteiro, em face de um delito cometido no passado, e perde apenas um dedo. No tocante à reparação, isso, porém, não se dá.
Lembremos o que Kardec escreveu a respeito:
“A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito.
Nem todas as faltas acarretam prejuízo directo e efectivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se foi orgulhoso, amável se foi austero, caridoso se foi egoísta, benigno se foi perverso, laborioso se foi ocioso, útil se foi inútil, frugal se foi intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados”. (O Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. VII.)
O importante, no entanto, é que tudo isso pode ser feito não necessariamente debaixo de um grande sofrimento, em face do abrandamento lembrado em boa hora pelo apóstolo Pedro, sintetizado na frase: “O amor cobre a multidão dos pecados”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:41 pm

26 – A seara é grande, mas poucos os trabalhadores
Diferentemente de outros movimentos, no Espiritismo não há sacerdócio nem funções remuneradas. O dever de trabalhar e de participar compete a todos os que se dizem espíritas, desde o simples fechar de uma porta até a direcção da instituição mais importante.
Verifica-se, no entanto, uma carência generalizada de trabalhadores na seara espírita, fato que impede que muitos trabalhos sejam desenvolvidos ou que se realizem com a eficácia desejada.
Participar de um trabalho em favor do próximo ou da comunidade deveria ser um propósito comum de todas as pessoas, pelo bem que proporciona sobretudo àquele que o realiza, uma vez que o trabalho é uma das alavancas do progresso individual e colectivo.
Contrariamente ao que alguns filósofos escreveram, o trabalho nada tem a ver com castigo ou punição divina. Se o fosse, não haveria razão alguma para Jesus ter dito: “Meu Pai trabalha até hoje, e eu também” (João, 5:17).
A Doutrina Espírita mostra-nos que o trabalho é lei da Natureza e é por causa disso que o homem deve o seu sustento e a sua segurança ao trabalho que desenvolve.
Vejamos numa breve síntese o que o Espiritismo nos ensina a respeito do trabalho e sua importância em nossa vida:
– “O homem quintessência o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos.” (O Livro dos Espíritos, Prolegómenos.)
– Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais? “Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho.” (L.E., questão 675)
– “Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua actividade.”
(L.E., 676)
– “Tudo em a Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Daí vem que do trabalho não lhes resulta progresso, ao passo que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo.” (L.E., 677)
– Achar-se-á isento da lei do trabalho o homem que possua bens suficientes para lhe assegurarem a existência? “Do trabalho material, talvez; não, porém, da obrigação de tornar-se útil, conforme aos meios de que disponha, nem de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o que também é trabalho. Aquele a quem Deus facultou a posse de bens suficientes a lhe garantirem a existência não está, é certo, constrangido a alimentar-se com o suor do seu rosto, mas tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos seus semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona o adiantamento que lhe foi feito.” (L.E., 679)
– “Os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem.
Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem pelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a Deus.
Sofrer alguém voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos do Cristo.” (L.E., 726)
– “A moral sem as acções é o mesmo que a semente sem o trabalho. De que vos serve a semente, se não a fazeis dar frutos que vos alimentem?” (L.E., 905)
Em face do acima exposto, seria de grande utilidade examinar o que temos feito das horas, lembrando-nos da séria advertência que Abel Gomes nos fez em mensagem constante do livro “Falando à Terra”, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier:
“À maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas. Guardamos, cada dia, a colheita dos recursos e das emoções que estamos realmente plantando. Não existe infelicidade, senão aquela que decretamos para nós mesmos.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:42 pm

27 – A programação dos que retornam ao mundo
Como já dissemos várias vezes, divulgar os ensinamentos espíritas constitui, efectivamente, uma tarefa importante e mesmo prioritária, pelos benefícios que o conhecimento da doutrina espírita traz às pessoas que com ela tomam contacto.
Uma nova visão da morte e da vida, eis um factor importante que pode ter consequências directas no modo como as pessoas se comportam neste curto período que passamos no mundo e que vai do berço ao túmulo.
Por que vivemos?
Qual o objectivo de nossa passagem por aqui?
Por que uns morrem tão cedo e outros passam anos presos a um leito?
Que espera de nós o Criador da vida e das coisas?
Dos assuntos tratados pelo Espiritismo, um em especial deveria ser objecto com maior frequência de nossas conversas e palestras. Referimo-nos à chamada programação reencarnatória.
A duração de uma existência corporal, a profissão a ser exercida, a família, os ascendentes, os descendentes, as provas de natureza material, as provas morais, eis tópicos que formam, como sabemos, a programação de uma pessoa que retorna ao cenário do mundo, um fato que não deveria causar surpresa alguma, uma vez que em nossas relações cotidianas o planeamento há muito passou a ocupar um lugar importante.
Decidimos, por exemplo, passar um período de férias no litoral paulista. Onde ficaremos?
Utilizaremos um imóvel alugado ou emprestado?
Em que dia partiremos? Quanto tempo estaremos fora? Iremos de ônibus ou de carro? Quando se dará nossa volta? Os recursos financeiros serão suficientes? Na cidade para onde vamos há agência bancária?
Todas as perguntas apresentadas e as respectivas respostas compõem um rol que nada mais é do que um singelo plano de férias. E observe o leitor que se trata de uma simples viagem que durará certamente menos de 30 dias!
A reencarnação, ou seja, o retorno de alguém a uma existência corpórea, é, ao contrário disso, uma longa viagem cujo objectivo não é, como no exemplo mencionado, curtir férias. Trata-se de algo mais profundo, com metas psicológicas e objectivos complexos, que envolvem um grupo grande de pessoas, cujos destinos estão, por assim dizer, entrelaçados.
É a isso que chamamos programação reencarnatória, que, evidentemente, como todo plano, pode sofrer modificações de percurso, como é mostrado num dos casos relatados na obra de André Luiz.
Segundo esse autor, uma família bem simples, casal e quatro filhos, passou, de repente, a enfrentar uma dura provação com o falecimento por suicídio do chefe da casa. Como os suicídios não fazem parte de nenhuma programação, a evasão daquele pai causou uma dificuldade inesperada para a esposa e as crianças, o que tornou necessária para aquelas pessoas a revisão do programa, ou seja, uma reprogramação, em que é notória a participação dos protectores espirituais que velam pelas famílias, como a Igreja sempre ensinou com suas referências aos chamados anjos de guarda.
À vista da programação reencarnatória de uma pessoa, fica fácil, então, responder às questões acima postas: Qual o objectivo de nossa passagem por aqui? Por que uns morrem tão cedo e outros passam anos presos a um leito? Que espera de nós o Criador da vida e das coisas?
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:42 pm

28 – A caridade e seu ingrediente fundamental
Em entrevista que concedeu, algum tempo atrás, a Marcel Gonçalves, nosso estimado amigo Hugo Gonçalves, exemplo de bondade e de dedicação à causa espírita, esclareceu com notável precisão, à luz da Doutrina Espírita, o que significa a palavra caridade e como devemos exercitá-la. [A entrevista pode ser lida clicando-se neste link: http://www.oconsolador.com.br/ano3/111/entrevista.html]
A palavra caridade integra, como se sabe, uma frase de Kardec que acabou, com o passar dos tempos, sendo elevada a autêntico lema do Espiritismo: “Fora da caridade não há salvação”.
Para os que associam o vocábulo caridade à esmola ou à simples beneficência, tal lema se afigura despropositado e mesmo absurdo. Ocorre que caridade não se resume a isso, visto que sua conceituação é muito mais ampla e vai além, muito além, do ato de dar alguma coisa a alguém.
Numa conhecida questão d´O Livro dos Espíritos, os Instrutores da espiritualidade ensinaram que, segundo o entendimento de Jesus, caridade significa benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
O ato de ajudar alguém insere-se, assim, na chamada beneficência, que seria uma das feições do exercício da caridade, denominada por alguns como sendo caridade material.
Como a caridade deve ser exercitada?
Respondendo a esta questão, Hugo Gonçalves diz que ela deve ser exercitada com amor, pois sem o amor a caridade é falsa e não pode, por conseguinte, ser assim considerada. Quando, ao contrário, há no seu exercício o sentimento do amor, a caridade é pura, é legítima, é, enfim, caridade propriamente dita.
Aliando as palavras do confrade ao ensino dos Espíritos, podemos, então, deduzir que – se o sentimento de amor é indispensável à caridade – só poderemos classificar como actos de caridade a benevolência, quando pura, a indulgência, quando sincera, e o perdão, quando incondicional.
É precisamente com esse sentido que se deve entender a frase de Kardec: “Fora da caridade não há salvação”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 26, 2023 8:42 pm

29 – A infância e seu propósito
O tema educação espírita da criança, que no meio espírita tem sido geralmente chamado de evangelização infantil, vem ganhando nos últimos tempos um destaque expressivo, embora muito abaixo de sua verdadeira importância.
Lemos em O Livro dos Espíritos que a infância existe em todos os globos. “Em toda parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em toda parte, tão obtusa como no vosso mundo.”
(L.E., 183.)
As questões 383 e 385 da principal obra espírita explicam por que existe a infância e qual é o seu propósito:
– “Encarnando, com o objectivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.”
(L.E., 383.)
– “As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhes possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência.”
(L.E., 385.)
Vê-se, então, com clareza que a infância nada mais é do que uma fase de adaptação necessária ao Espírito que retorna à existência corpórea.
Recém-saído do mundo espiritual, onde gozava de maior liberdade e dispunha de maiores recursos, o Espírito se vê, durante essa fase, em dificuldades para exprimir plenamente seus pensamentos e manifestar suas sensações.
Nesse período de sua vida, em que se vê limitado em sua liberdade, a infância é para ele uma demonstração da misericórdia de Deus, que lhe propicia uma dupla vantagem.
Primeira vantagem: ele ganha o tempo indispensável para se preparar para as futuras e difíceis tarefas da nova existência corpórea.
Segunda: revestido da simplicidade e da inocência comuns a todas as crianças, desperta nos pais e no núcleo a que pertence simpatia, interesse e boa vontade, o que facilitará o desempenho de suas tarefas no mundo.
Evidentemente, ao desenvolver-se, a criança apresentará, nos anos que se seguirem, as tendências e os defeitos morais inerentes ao seu real adiantamento espiritual, mas este poderá ser sensivelmente modificado pela influência recebida desde o berço dos pais e das pessoas incumbidas de educá-la.
É exactamente aí, nesse ensinamento, que reside a importância da chamada educação ou evangelização da criança, realizada na intimidade do lar e reforçada por seus professores e educadores, assunto a que Emmanuel se reportou no cap. 151 de seu livro Caminho, Verdade e Vida, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Nessa obra, Emmanuel assevera que a juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um barco para viagem importante. A infância é a preparação, a velhice será a chegada ao porto. “Todas as fases – adverte o estimado instrutor espiritual – requisitam as lições dos marinheiros experientes, aprendendo-se a organizar e a terminar a viagem com êxito desejável.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 27, 2023 9:45 am

30 – A crença, a fé e a transformação
Para muitas pessoas é a falta de conhecimento do Espiritismo que tem ocasionado as dificuldades e os desencontros que deparamos com frequência em nosso meio. Falta de conhecimento advém, obviamente, da falta de estudo doutrinário, seja o realizado individualmente no recesso do lar, seja o realizado colectivamente nas reuniões espíritas.
Com relação à necessidade do estudo é conhecida esta lição do Espírito de Verdade publicada no capítulo VI, item 5, d´O Evangelho segundo o Espiritismo:
“Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro.
Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades. Espíritas!
amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.
No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: ‘Irmãos! nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade’.”
Em outra obra – O Livro dos Médiuns, itens 31 e 32 – o Codificador chegou até mesmo a sugerir-nos um método de estudo, aduzindo que o melhor método do ensino espírita é dirigi-lo à razão antes de dirigi-lo à vista.
“O estudo preliminar da teoria – explicou Kardec – tem uma outra vantagem, que é a de mostrar imediatamente a grandeza do objectivo e do alcance desta ciência; aquele que começa por ver uma mesa girar ou bater é mais levado à zombaria, porque dificilmente se persuade de que de uma mesa possa sair uma doutrina regeneradora da Humanidade.
Começar pela teoria nos permite passar todos os fenómenos em revista, explicá-los, compreender-lhes a possibilidade, as condições sob as quais podem produzir-se e os obstáculos que poderão ser encontrados. Qualquer que seja a ordem sob a qual eles aparecem depois, nada terão que possa surpreender, poupando-se a quem quer trabalhar uma série de desenganos.”
É evidente que apenas conhecer não basta; é preciso aplicar o que estamos aprendendo. Essa é a razão pela qual o Espiritismo não transforma de imediato os adeptos mais fervorosos, como nos mostra o caso Xumene relatado no capítulo VII da 2ª Parte do livro O Céu e o Inferno.
Reportando-se ao Espírito de Xumene que acabara de se manifestar na sessão, o Guia espiritual recomendou à médium que tivesse coragem e perseverança. Xumene daria trabalho, mas o triunfo no final lhe pertenceria. “Não há culpados que se não possam regenerar por meio da persuasão e do exemplo – disse-lhe o instrutor espiritual –, visto como os Espíritos, por mais perversos, acabam por corrigir-se com o tempo.”
Finalizando a mensagem, o mentor esclareceu:
“Mesmo a contragosto, as ideias sugeridas a esses Espíritos fazem-nos reflectir. São como sementes que, cedo ou tarde, tivessem de frutificar. Não se arrebenta a pedra com a primeira marretada. Isto que te digo pode aplicar-se também aos encarnados e tu deves compreender a razão por que o Espiritismo não torna imediatamente perfeitos nem mesmo os mais crentes adeptos. A crença é o primeiro passo: vem em seguida a fé e a transformação por sua vez; mas, além disso, força é que muitos venham revigorar-se no mundo espiritual”.
O escritor inglês Harry Boddington, que estudou a mediunidade por cinquenta anos, diz-nos em um de seus livros que existem muitos médiuns que têm desenvolvido suas faculdades sem a mínima compreensão de suas responsabilidades e das implicações de seu trabalho, os quais somente depois de cometerem uma quantidade de erros facilmente evitáveis, e pondo em perigo a saúde, começam a estudar o assunto.
Aplicando essas observações ao conjunto das pessoas, não apenas aos que trabalham na área da mediunidade, podemos dizer que muitos de nós nos encontramos na primeira fase – a crença –, sem ter nem ao menos chegado à segunda fase – a fé –, o que indica que o terceiro e derradeiro passo – a transformação – se encontra ainda muito distante, o que explica as dificuldades e os desencontros que temos deparado no meio espírita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 27, 2023 9:45 am

31 – A morte numa perspectiva espírita
A morte dos entes queridos continua sendo um dos momentos mais difíceis e dolorosos na vida das pessoas.
O sentimento de perda, em situações assim, é um facto frequente, muito embora os cristãos entendam, de um modo geral, que a vida continua e que, em essência, a morte não existe tal qual muitos a supõem.
Quando ocorreu décadas atrás, na capital de São Paulo, o incêndio do edifício Joelma, em que morreram dezenas de pessoas, umas vitimadas pelo fogo, outras pela asfixia causada pela fumaça e um certo número por haverem pulado do edifício numa tentativa desesperada de fugir à morte, o médium Francisco Cândido Xavier serviu de intermediário à revelação de uma informação ao mesmo tempo curiosa e consoladora.
Os imortais disseram então, pelas mãos do saudoso médium, que naquelas horas difíceis dois eram os cenários.
O primeiro, do lado de cá, era constituído de muito sofrimento, de desespero, de gritos, de desesperança. A acção dos bombeiros, a movimentação dos repórteres, a busca de notícias por parte dos familiares dos que trabalhavam naquele prédio, tudo isso contribuía para dar ao episódio um carácter de tragédia, típico de situações como aquela.
O outro cenário, invisível aos nossos olhos, apresentava-se inteiramente diferente. Espíritos amigos dos que ali pereceram recebiam com festa os que retornavam naquele momento à chamada vida espiritual. Cânticos de alegria, abraços calorosos e aplausos, eis o tom de um cenário que mostrava como se dá a recepção espiritual àqueles que cumprem até o fim seu dever no plano corpóreo.
Comentando o tema morte, Kardec fez, em determinado momento, uma analogia entre esse fato e a libertação de um prisioneiro que acaba de cumprir uma longa pena.
Imaginemos, escreveu o Codificador, a situação do colega de cela que vê partir o amigo. É claro que ele sentirá saudade do companheiro, mas, em sã consciência, jamais lamentará a libertação do amigo que, atendidas as exigências da Justiça, ganha agora a liberdade.
A morte é isso. Ela é uma espécie de conquista da liberdade, a retomada de actividades que já eram executadas pela pessoa antes da existência ora finda e que agora podem ter continuidade.
Depois de peregrinar por muitos anos na crosta do planeta, limitado por um corpo material que restringe, como sabemos, as possibilidades perceptivas da alma, o indivíduo tem o direito, enfim, de reencontrar os amigos que o aguardam e dar sequência a um projecto cuja meta é a perfeição, assunto a que Jesus se referiu tantas vezes.
Com efeito, os cristãos que conhecem o Evangelho hão de lembrar-se, por certo, destas palavras de que o Novo Testamento nos dá conta: “Vós sois deuses”, mostrando que tudo o que os grandes missionários fazem poderemos, um dia, também fazer.
Diante do esquife, lembremo-nos, pois, da informação trazida pelo saudoso médium e estejamos certos de que a morte só atinge o corpo material, mas nada ocasiona ao Espírito.
Morte é mudança de domicílio e de tarefas.
Não há motivo real para lamentá-la, mesmo porque, exceptuados os casos de suicídio voluntário ou involuntário, ninguém retorna à vida espiritual antes da hora. Pelo menos é isso que centenas de mensagens enviadas pelos próprios Espíritos têm dito a respeito do assunto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 27, 2023 9:45 am

32 – O Evangelho no Lar e seus frutos
O compromisso do Espiritismo com a divulgação do Evangelho nasceu desde logo com a codificação levada a efeito por Allan Kardec, que publicou em 1864 O Evangelho segundo o Espiritismo, obra que Herculano Pires considerava “de cabeceira”, de leitura diária obrigatória, de leitura preparatória das reuniões doutrinárias, além de livro que deveria ser estudado com maior profundidade para melhor compreensão da Doutrina.
No prefácio que escreveu em 1973 para a edição do mencionado livro pela Editora Três, Herculano disse que poucos meses antes de a obra ser publicada os Espíritos amigos de Kardec lhe disseram, relativamente ao livro então em gestação: “Esse livro de doutrina terá influência considerável, porque explana questões de interesse capital. Não somente o mundo religioso encontrará nele as máximas de que necessita, como as nações, em sua vida prática, dele haurirão instruções excelentes”. E logo em seguida: “Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes e já podemos ver-lhe a cúpula a desenhar-se no horizonte”.
Herculano Pires, com a clareza que lhe era peculiar, aduziu então o seguinte comentário:
“Estas comunicações, cuja leitura completa pode ser feita em Obras Póstumas, revelam-nos a importância fundamental de O Evangelho segundo o Espiritismo na codificação kardequiana.
Enquanto O Livro dos Espíritos nos apresenta a Filosofia Espírita em sua inteireza e O Livro dos Médiuns a Ciência Espírita em seu desenvolvimento, este livro nos oferece a base e o roteiro da Religião Espírita” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Editora Três, pp. 29 e 30).
Kardec fez a apresentação da obra na parte I da Introdução que ele redigiu especialmente para a ocasião.
Escreveu então o Codificador do Espiritismo:
“Esta obra é para uso de todos; cada qual pode dela tirar os meios de conformar sua conduta à moral do Cristo. Os espíritas nela encontrarão, além disso, as aplicações que lhes concernem mais especialmente”. E acrescentou: “Graças às comunicações estabelecidas, de agora em diante, de maneira permanente, entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica, ensinada a todas as nações pelos próprios Espíritos, não mais será letra morta, porque cada qual a compreenderá e será incessantemente solicitado a pô-la em prática, pelos conselhos de seus guias espirituais. As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho” (Introdução, parte I).
*
Vez por outra o Movimento Espírita incentiva, por meio de campanhas específicas, a realização do chamado Evangelho no Lar, uma prática cuja importância poucos, no meio espírita, ignoram.
De fato, muitas têm sido as mensagens enviadas pelos instrutores espirituais dando-nos conta da relevância dessa prática. A oração, a leitura do Evangelho e a reflexão madura em torno dos ensinamentos de Jesus modificam a atmosfera psíquica em que vivemos e atraem para junto de nós inspirações positivas dos nossos amigos espirituais. Com isso, o aprimoramento moral, em que pese o nosso imenso atraso, é grandemente facilitado. Ódios, antagonismos, divergências de entendimento vão aos poucos cedendo lugar a uma melhor compreensão do que é a vida e quais os nossos objectivos ao nos reencarnarmos no mundo em que nos encontramos.
Se tal providência se generaliza, é possível imaginar os benefícios daí advindos, uma vez que a evangelização da criatura humana concorre para que as famílias se tornem mais harmoniosas e a sociedade, em decorrência disso, mais fraterna.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 27, 2023 9:46 am

33 – A criminalidade numa perspectiva espírita
Segundo John Laub, criminologista americano e professor do Departamento de Criminologia e Justiça Criminal da Universidade de Maryland, ex-presidente da Sociedade Americana de Criminologia e director do Instituto Nacional de Justiça dos Estados Unidos entre 2010 e 2013, são várias as teorias que tentam explicar por que os criminosos desistem do crime.
Um dos factores da mudança – afirma Laub – é o casamento com alguém a que o indivíduo se sinta fortemente ligado. Outros factores seriam a identificação com o trabalho, a educação e a religião. Contudo o factor mais importante é o casamento, do qual, segundo ele, resultam diversas consequências positivas, e não apenas com respeito à criminalidade.
A delinquência, entende o citado especialista, não se encontra concentrada nas famílias pobres.
Ela está presente em todas as classes sociais.
Sejam ricos ou pobres, os adolescentes se envolvem em crimes, especialmente os menos graves, como o uso de drogas.
Não há como discordar do ilustre professor, que poderia até ter lembrado que os grandes assaltos, especialmente os realizados contra os cofres públicos, têm sido praticados por pessoas que passaram pela Universidade e nenhuma relação têm com a pobreza ou com as privações económicas. O que políticos e autoridades públicas dos mais diferentes níveis têm feito em nosso país, nesse tema chamado corrupção, supera em muito o que os sequestradores e os assaltantes de bancos amealharam por aqui em toda a nossa história.
A razão por que criminalidade e delinquência não constituem apanágio dos pobres é explicada com clareza pela Doutrina Espírita.
Como sabemos, os Espíritos reencarnam nos mais diferentes lugares e situações, no interesse de sua ascensão na escala evolutiva.
Pobreza e riqueza não constituem punição nem privilégio. São provas, cuja finalidade é experimentar o indivíduo de maneiras diferentes, de acordo com suas necessidades evolutivas.
A riqueza e o poder, tanto quanto as dificuldades e a penúria, são provas muito difíceis, porque, enquanto a penúria provoca as queixas contra a Providência, a riqueza incita a todos os excessos e é, por isso, numa perspectiva espiritual, prova mais perigosa do que a própria miséria.
(Cf. O Livro dos Espíritos, questões 814, 815 e 925.)
O que muitos certamente ignoram é que as provas que suportamos em nossa existência corporal fazem parte da chamada programação reencarnatória, tema que Kardec esmiúça com a clareza habitual no item 872 da obra acima mencionada.
A delinquência, num e noutro caso, deriva das qualidades do indivíduo. Se for um Espírito forte e consciente do seu dever, ele saberá resistir a todas as inclinações e influências negativas que receber; caso contrário, poderá sucumbir, o que explica por que nem todos os que vivem num meio violento e miserável buscam o caminho da criminalidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 27, 2023 9:46 am

34 – As crianças e seus amigos invisíveis
Tema central do filme O Amigo Oculto, estrelado por Robert De Niro, as crianças realmente se entretêm com amigos imaginários?
Segundo diversos psicólogos, a resposta é sim, e o percentual dos casos apurados em todo o mundo revela que o fato é mais comum do que se pensa, ou seja, não é uma ou outra criança que diz conversar com amigos que ninguém vê. O seu número seria muito grande.
A questão que se impõe é, portanto, outra: – Os amigos supostamente imaginários são fruto da imaginação infantil ou seres reais que os adultos não vêem, mas as crianças vêem e com elas conversam, como fazem com seus amiguinhos encarnados?
A vidência mediúnica, que Allan Kardec estudou em minúcias nos itens 100 e 190 de O Livro dos Médiuns, é assunto pacífico no campo da fenomenologia espírita.
Essa faculdade, que depende da organização física do médium, permite a este ver os Espíritos em estado de vigília, ou seja, estando o sensitivo perfeitamente acordado. Como os fenómenos mediúnicos não ocorrem à revelia das autoridades espirituais superiores, é claro que há Espíritos que se deixam ver e há outros que não são vistos, o que não significa que estejamos sós, porquanto os desencarnados habitualmente nos rodeiam.
A propósito de um estudo feito pelo Dr. H. Bouley sobre a evolução da raiva nos cães, que experimentam nas intermitências dos acessos uma espécie de delírio, Kardec examinou o fenómeno das visões de seres desencarnados que ocorre com as criancinhas e com certos animais, sobretudo o cão e o cavalo, concluindo que, no tocante às crianças, a vidência mediúnica parece ser frequente e mesmo geral. (Leia sobre o assunto a Revista Espírita de 1865, pp. 260 a 264.)
A existência da mediunidade de vidência, informam os Espíritos, foi a primeira de todas as faculdades dadas ao homem para se corresponder com o mundo invisível. Em todos os tempos e em todos os povos, as crenças religiosas se estabeleceram sobre revelações de visionários ou médiuns videntes. A Revista Espírita de 1866, págs. 120 a 123, trata do assunto.
Um caso de vidência numa criança de quatro anos, verificado em Caen (França), levou Kardec a reconhecer que a mediunidade de vidência não apenas parecia, mas era, efectivamente, muito comum nas crianças, e isso, segundo o Codificador, não deixava de ser providencial. “Ao sair da vida espiritual, explicou Kardec, os guias da criança acabam de a conduzir ao porto de desembarque para o mundo terreno, como vêm buscá-la em seu retorno. A elas se mostram nos primeiros tempos, para que não haja transição muito brusca; depois se apagam pouco a pouco, à medida que a criança cresce e pode agir em virtude de seu livre arbítrio.”
(Cf. Revista Espírita de 1866, pp. 286 e 287.)
Ninguém, pois, se assuste quando vir que seu filho anda a conversar com “amigos” que ele diz ver e que, no entanto, não vemos.
Até os sete anos de idade, o Espírito da criança encontra-se em fase de adaptação para a nova existência e ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica, facto que lhe permite emancipar-se e, eventualmente, ver vultos desencarnados que lhe fazem companhia, o que nos permite deduzir que os amigos imaginários das nossas crianças só o são na aparência. Eles não são imaginários, mas tão somente invisíveis.
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35 – A feição consoladora do Espiritismo
Atribui-se à conhecida confreira Guiomar Albanesi, que dirigiu por muitos anos o Centro Espírita Perseverança, da Capital paulista, o pensamento de que, de todas as aflições que acometem as pessoas que buscam a Casa espírita, o que mais perturba a criatura humana não é a dor em si, mas o desconhecimento dos motivos pelos quais se sofre.
Muitos que chegam ao Espiritismo são motivados a buscá-lo pela dor, pelo sofrimento, pelas aflições, que muitas vezes parecem insuportáveis até que se lhes conhece a génese, a origem, um dado importante para que a resignação acompanhe os momentos difíceis.
Encontra-se aí, como bem sabemos, o carácter consolador do Espiritismo, que foi apresentado a Kardec, pelos Espíritos superiores que orientaram a codificação, como a confirmação da promessa feita por Jesus sobre o Consolador que o Pai enviaria em seu nome para dar continuidade à tarefa iniciada com o Evangelho.
É essa feição confortadora que encanta e prende as pessoas que tomam contacto com a Doutrina Espírita.
Doutrinadas por adversários gratuitos do Espiritismo, quando entram numa Casa espírita verificam que nada do que ouviram de seus detractores corresponde à verdade. As palestras, os conselhos, as orientações são todas revestidas da proposta de que é preciso transformar-se e praticar o bem, certos de que no Evangelho encontraremos sempre o rumo para sermos efectivamente felizes.
Foi precisamente isso que se deu com Andréa Salgado, a professora carioca que, aos 33 anos de idade, teve as pernas decepadas alguns anos atrás, quando uma lancha colidiu com o banana boat em que ela passeava numa das praias do litoral fluminense.
Andréa, que surpreendeu a todos por sua força de vontade e o optimismo com que enfrentou a situação, viu o rumo de sua existência alterar-se por completo, mas nem por isso perdeu a serenidade e o entusiasmo diante da vida.
Em entrevista concedida posteriormente à revista VEJA, o repórter perguntou-lhe o que ela fazia para espantar a tristeza e Andréa respondeu:
“Eu sempre gostei muito de viver. Sou alegre, espontânea e guerreira, sempre fui. O acidente me deixou com algumas limitações. Mas estou aprendendo a conviver com elas e aceitando bem.
Gosto de ler, cuidar dos meus filhos, da minha casa. Isso me distrai. Tenho lido muitos livros kardecistas, livros com mensagens de optimismo.
Sou católica, mas depois do acidente encontrei muitas respostas no Espiritismo". "Aprendi que nada acontece por acaso.”
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36 – A brevidade da vida em face da pluralidade das existências
Algum tempo atrás, numa roda de amigos, alguém, reportando-se ao falecimento repentino de um colega, extravasou seu inconformismo e sua incompreensão com relação à morte, manifestando a ideia – mais comum do que se pensa – de que a morte não raro ceifa os indivíduos exactamente quando estes chegam a um período da vida em que se encontram mais maduros, mais experientes e mais preparados.
O sentimento de perda em momentos assim, quando nos despedimos dos entes queridos, é compreensível e obviamente aceitável. O homem que não entende a vida não pode, evidentemente, entender a morte e, por não compreendê-la, acaba emitindo pensamentos como o exposto, em que se patenteiam claramente dúvidas quanto à justiça e à sabedoria de Deus.
A mesma incompreensão no tocante à vida podemos encontrar no pensamento de pessoas de destaque na cultura do mundo, como o saudoso historiador francês Jacques Barzun (1907-2012), um dos fundadores da disciplina de história cultural e autor de uma obra notável, “Da Alvorada à Decadência”, publicada em nosso país pela Editora Campus.
Jacques Barzun dizia que gostaria de ter vivido no século XIX, a partir de 1830, um período que se autonomeou Era do Progresso e que foi, sem contestação, um tempo de grande inventividade em toda a Europa e de luta contra os resquícios da monarquia e do velho sistema de classes.
A doutrina da reencarnação, defendida por pensadores brilhantes como Pitágoras, Sócrates e Platão e cultuada por boa parte das religiões orientais, traria a um e a outro o esclarecimento necessário à solução de suas dúvidas, que, no fundo, se radicam no mesmo ponto.
Se o companheiro londrinense entende que deveríamos viver no corpo muito mais do que normalmente vivemos, o professor gostaria de haver nascido e vivido em outra época.
Tranquilizem-se, porém.
Ensina o Espiritismo que ambos os desejos são ou serão satisfeitos pelo Criador, pois tanto Jacques Barzun viveu ou pode ter vivido na Era do Progresso, quanto o colega que partiu volverá ao corpo em nova experiência reencarnatória, mais experiente e, portanto, mais preparado para enfrentar os futuros desafios.
E a sabedoria do Criador é tão grande e previdente, que o falecido, em vez de carregar um fardo pesado e incómodo por séculos sem conta, poderá dispor de um corpo novo e reviver por inúmeras vezes a época da meninice e o período da juventude, fases essas que as pessoas mais velhas geralmente recordam com saudade.
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37 – Ser um homem de bem é a nossa meta
A doutrina espírita é muito clara quando nos mostra qual é o objectivo da passagem dos Espíritos pela experiência encarnatória.
A encarnação é essencial ao progresso espiritual do mundo e daqueles que nele habitam, pelas oportunidades que oferece, pelos desafios que apresenta, pelas dificuldades que coloca no caminho de seres como nós, destinados à perfeição.
A reencarnação, ou seja, a volta do Espírito a uma nova encarnação, nada mais é que a sequência desse processo, visto que uma única existência na carne seria, como ninguém ignora, insuficiente para que a meta que anelamos seja afinal alcançada. Tornar-se um homem de bem é essa meta.
Que é um homem de bem?
O homem de bem é, conforme palavras de Allan Kardec, aquele que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.
Tem fé em Deus e no futuro.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma.
Retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Seu primeiro impulso é pensar nos outros, antes de pensar em si.
É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de nenhuma espécie, porque vê em todos os homens irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que não pensam como ele.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência.
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa os bens que lhe são concedidos, mas deles não abusa, porque sabe que constituem eles um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo na satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus.
Aí estão algumas das virtudes que caracterizam o homem de bem. Certamente que existem outras, mas – como observou Kardec – quem possui as que foram mencionadas está no caminho que leva às demais.
*
Em face do que acima dissemos, apresenta-se uma questão intrigante: Por que muitos espíritas não conseguem aplicar a si mesmos lições tão claras, como a que foi exposta?
No cap. XVII, item 4, d´O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec esboçou uma resposta para essa questão.
Segundo ele, o motivo disso é que em muitos espíritas ainda são muito tenazes os laços da matéria para permitir que o Espírito se desprenda das coisas da Terra. A névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, de onde decorre a dificuldade de romper com seus pendores e com seus hábitos, não percebendo que possa existir alguma coisa melhor do que aquilo de que são dotados.
Têm eles a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas.
Em resumo: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações.
Espíritas ainda imperfeitos, alguns ficam a meio caminho ou se afastam de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem ou guardam suas simpatias apenas para os que lhes compartilham as fraquezas e prevenções.
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38 – O racismo e a discriminação são inaceitáveis
Logo que divulgada a morte de George Floyd, um cidadão americano de cor negra, asfixiado até a morte por um policial, no dia 25 de maio de 2020, na cidade de Minneapolis, protestos e manifestações de repúdio ao racismo e à violência policial tomaram as ruas das principais cidades dos Estados Unidos e também da Europa. Com apoio da imensa maioria do povo norte-americano, as manifestações, que prosseguiram por vários dias, pediam uma única coisa: justiça! E que todas as pessoas fossem tratadas de igual forma, independentemente de sua condição social ou económica, de sua etnia ou da cor de sua pele. Como espíritas que somos, não há como não apoiar tais anseios, porquanto o racismo, a injustiça e todas as formas de discriminação são inadmissíveis, especialmente quando o povo que lhes fecha os olhos se diz seguidor do Cristianismo.
“Gravitar para a unidade divina, eis o objectivo final da Humanidade” – eis o ensinamento contido na questão 1.009 d´O Livro dos Espíritos, que acrescenta: “Para atingi-la, três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a Ciência, e três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça”.
O lamentável episódio ocorrido em Minneapolis – muitos analistas o disseram – pode ser um divisor de águas, e é exactamente isso que esperamos, porque a marcha do progresso da Humanidade é algo que ninguém pode sustar, como o leitor pode conferir à vista do contido nas questões 781 a 783 d´O Livro dos Espíritos:
781. Tem o homem o poder de paralisar a marcha do progresso?
“Não, mas tem, às vezes, o de embaraçá-la.”
a) Que se deve pensar dos que tentam deter a marcha do progresso e fazer que a Humanidade retrograde?
“Pobres seres, que Deus castigará! Serão levados de roldão pela torrente que procuram deter.”
[Nota de Allan Kardec: Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja acção pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más. Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las. Assim será, até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a justiça divina, que quer que todos participem do bem e não a vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco.]
782. Não há homens que de boa-fé obstam ao progresso, acreditando favorecê-lo, porque, do ponto de vista em que se colocam, o vêem onde ele não existe?
“Assemelham-se a pequeninas pedras que, colocadas debaixo da roda de uma grande viatura, não a impedem de avançar.”
783. Segue sempre marcha progressiva e lenta o aperfeiçoamento da Humanidade?
“Há o progresso regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém, um povo não progride tão depressa quanto devera, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um abalo físico ou moral que o transforma.”
[Nota de Allan Kardec: O homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações.
Nessas comoções, o homem quase nunca percebe senão a desordem e a confusão momentâneas que o ferem nos seus interesses materiais. Aquele, porém, que eleva o pensamento acima da sua própria personalidade, admira os desígnios da Providência, que do mal faz sair o bem. São a procela, a tempestade que saneiam a atmosfera, depois de a terem agitado violentamente.]
Os ensinamentos acima servem de estímulo e esperança de que – assim como se deu quando a Humanidade aboliu a escravatura, extinguiu o lamentável regime do apartheid que imperou na África do Sul e revogou as leis de discriminação racial que vigoraram por longo tempo nos Estados Unidos – tudo é possível àquele que crê e sabe que nosso mundo não está e jamais esteve à deriva.
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39 – A Terra não é, como alguns pensam, uma nave sem rumo
Perguntaram a um conhecido cronista brasileiro, por ocasião de um debate com estudantes, o que, no seu modo de ver, estaria faltando para que o homem, a história, o mundo, enfim, tivessem um sentido.
O cronista, um indivíduo admirável que, todavia, não comunga das ideias espíritas, disse então que falta à história e ao mundo uma edição final, a mesma edição que é feita no cinema, nos espectáculos e nos textos publicados pelos jornais.
O mundo, a história e o homem não passam – para ele – de um making of, uma sucessão atabalhoada de cenas, frases, emoções que necessitam de uma montagem posterior.
Com efeito, observou o intelectual, o que se vê no mundo são guerras e massacres idiotas, cidades erguidas e destruídas, homens matando uns aos outros, crianças morrendo de fome, doenças que surgem e doentes que se vão.
Que sentido pode ter tudo isso? Quando virá um editor final para dar sentido a tudo?
A pergunta formulada pelos estudantes é dessas questões que têm intrigado e continuarão a intrigar gerações de pessoas. E não existe, obviamente, uma resposta fácil para ela, porque as filosofias e as religiões conhecidas não têm discutido, como deviam, o problema.
A Terra, já o disse certa vez Emmanuel, que foi o mentor espiritual da obra de Chico Xavier, é uma casa em reforma.
O mundo em que vivemos é um planeta ainda bastante atrasado e as pessoas que nele nascem necessitam, por isso, de passar por provas, expiações e reparações, nessa caminhada que levará a todos, passo a passo, à perfeição possível.
Se repudiamos a ideia da reencarnação, é claro que a visão do mundo e da humanidade será tão caótica quanto aparentemente o é o estado de coisas descrito pelo cronista.
A Terra não está, no entanto, como muitos pensam, à deriva. Este planeta é uma nave extraordinária que tem no seu comando um condutor preparado, o ser mais evoluído que o mundo já viu e seu nome é Jesus. Eis o editor final que, no papel que lhe cabe, tem evidentemente de seguir certas regras estabelecidas pelo Criador, ou seja, as leis que regem o Universo e suas criaturas.
A toda acção corresponde uma reacção; quem matar pela espada morrerá sob a espada; quem com ferro fere com ferro será ferido; a semeadura é livre, contudo a colheita é obrigatória; a cada um segundo as suas obras...
Estas regras tão conhecidas, estatuídas por Deus, é que dirigem com sabedoria o roteiro, as locações, as alternativas da vida, que parecem tão confusas e improvisadas, mas que obedecem a uma programação meticulosa e a uma ordem que não podem ser compreendidas pelas doutrinas materialistas e por seus partidários.
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