LUZ ESPÍRITA
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20 LIÇÕES SOBRE MEDIUNIDADE - Astolfo O. de Oliveira Filho

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 19, 2023 8:21 pm

Compreende-se então que os Espíritos superiores baixam o seu teor vibratório, aproximando-o do nosso, envolvendo-se com os fluidos grosseiros de nosso ambiente e tornando-se assim mais acessíveis. O médium em transe, por sua vez, se eleva mediante o preparo antecipado e o disciplinamento dos recursos mediúnicos, podendo dar-se, por conseguinte, a interação entre os dois psiquismos – o do desencarnado e o do médium – criando-se a condição essencial à comunicação, que é a sintonia.
De igual modo, o contrário pode também acontecer. Médiuns com boa capacidade vibratória poderão baixar suas vibrações para servirem de instrumento a entidades inferiores, a fim de que estas sejam esclarecidas e orientadas.
Concluída a tarefa, o médium retornará ao seu padrão vibratório normal, não lhe ficando sensações desagradáveis próprias do Espírito comunicante, mas sim o bem-estar de ter cumprido o seu dever cristão.

66 Os números mencionados, relativos às percepções sonoras e visuais do ser humano, foram extraídos do cap. X da obra “Estudando a Mediunidade”, de Martins Peralva, embora reconheçamos que não existe consenso entre os especialistas quanto à exatidão de ambas as escalas.
67 “Estudando a Mediunidade”, de Martins Peralva, cap. X, p. 57.
68 Ibidem, cap. X, p. 62.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 19, 2023 8:22 pm

11 - Desenvolvimento da reunião mediúnica
SUMÁRIO: Manifestações do mentor espiritual. Comunicações mediúnicas simultâneas. Limites nas comunicações recebidas. Manifestações de enfermos espirituais. Consequências das dúvidas alimentadas pelos componentes do grupo durante a reunião. Objetivo do esclarecimento aos desencarnados.

Manifestações do mentor espiritual – Após a oração inicial, é conveniente aguardar a manifestação do mentor espiritual do grupo antes que ocorram as demais comunicações. A razão é óbvia: existem situações e problemas apenas visíveis ao dirigente espiritual e pode haver necessidade de que, dirigindo-se ao grupo, ele transmita orientações e esclarecimentos relacionados com o assunto. André Luiz diz que esse entendimento, no início da sessão, "é indispensável à harmonização dos agentes e fatores de serviço, ainda mesmo que o mentor se utilize do medianeiro tão-só para uma simples oração". (69)
Terminada a manifestação inicial do mentor espiritual, o dirigente do grupo poderá propor-lhe perguntas que sejam oportunas e pertinentes à boa condução da reunião, tais como: alguém que deseja acesso à reunião, a localização mais adequada para as visitas que venham a ocorrer, a ministração de socorro a esse ou àquele companheiro, o pedido de cooperação em casos imprevistos e assuntos semelhantes.
Em determinadas ocasiões, o dirigente do grupo poderá recorrer à intervenção do mentor espiritual para que este, por intermédio do médium responsável, auxilie no esclarecimento de entidades que se mostrem em condições de quase absoluto empedernimento ou desequilíbrio, com vistas a evitar desarmonia maior.
No final da reunião, concluídas todas as tarefas, o dirigente perguntará ao médium indicado se o mentor espiritual ou algum outro instrutor desencarnado deseja transmitir alguma mensagem. Se o orientador espiritual não deseja manifestar-se, o médium avisará o dirigente, para que ele profira a prece final e encerre a reunião.
Comunicações simultâneas – Os médiuns psicofônicos, mesmo se pressionados por entidades em aflição, cujas dores lhes percutem nas fibras mais íntimas, educar-se-ão adequadamente para apenas darem passividade quando o clima da reunião lhes permita o concurso.
É desaconselhável se verifique o esclarecimento simultâneo a mais de duas entidades carecentes de auxílio (70), para que a ordem seja assegurada. Ainda quando o sensitivo seja inconsciente – faculdades assinaladas por avançado sonambulismo – ele pode e deve exercitar o auto-domínio, mediante a observação e o estudo. (71)
Em se tratando de enfermos espirituais e Espíritos outros necessitados de ajuda, cada médium somente deve admitir duas passividades por reunião, evitando com isso maior dispêndio de energia.
Ele evitará também a recepção de comunicações sucessivas ou encadeadas, que são inconvenientes sob vários aspectos. (72) Contudo, embora tenha cumprido seu papel como médium psicofônico na reunião, ele não pode alhear-se da equipe, ciente de que dentro dela assemelha-se a um órgão no corpo, necessário ao equilíbrio do conjunto.
Manifestações de enfermos espirituais – As manifestações de enfermos espirituais devem ir, nas reuniões de desobsessão, até o limite de 90 minutos, na totalidade delas, para que a reunião perdure no máximo duas horas, excluída a leitura inicial. (73)
Ensina André Luiz que o Espírito desencarnado em condição de desequilíbrio e sofrimento utiliza o médium com as deficiências e angústias de que é portador, exigindo assim a conjugação de bondade e segurança, humildade e vigilância no companheiro que lhe dirige a palavra. Em vista disso, é preciso que vejamos no visitante um doente, para quem cada frase precisa ser medicamento e bálsamo. Evidente que não é possível concordar com todas as exigências que faça, mas não é justo reclamar-lhe entendimento normal de que talvez se ache ainda longe de possuir. Cada Espírito sofredor é qual se fosse um familiar querido. Se o tratarmos assim, acertaremos a porta íntima através da qual lhe falaremos ao coração. (74)
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 19, 2023 8:22 pm

No curso da reunião, os esclarecedores não devem constranger os médiuns psicofônicos a receberem os desencarnados presentes, com ordens e sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade, fator essencial ao êxito do intercâmbio.
Os Espíritos sofredores poderão exprimir-se pelos médiuns psicofônicos, tanto quanto possível, em matéria de desinibição ou desabafo, desde que a integridade dos médiuns e a dignidade do recinto sejam respeitadas.
Os médiuns e componentes do grupo sustentarão o máximo cuidado para não prejudicarem as atividades espirituais que lhes competem, evitando alimentar dúvidas e atitudes suspeitosas, inconciliáveis com a obra de caridade que se dispõem a prestar. André Luiz
diz que tais atitudes "muitas vezes põem a perder excelentes serviços de desobsessão, por favorecerem a intromissão de Inteligências perversas".(75)
Diz-nos André Luiz que "o esclarecimento aos desencarnados sofredores é semelhante à psicoterapia e que a reunião é tratamento em grupo, cabendo-lhes, quando e quanto possível, a aplicação dos métodos evangélicos".(76) A parte essencial no entendimento, esclarece André, é atingir o centro de interesse do Espírito preso a ideias fixas, para que se lhe descongestione o campo mental. Assim, todo e qualquer discurso ou divagação são incabíveis e desnecessários.
"Desobsessão não se realiza sem a luz do raciocínio, mas não atinge os fins a que se propõe sem as fontes profundas do sentimento."(77)
Há médiuns psicofônicos para quem os Instrutores espirituais designam determinados tipos de manifestantes que lhes correspondam às tendências, caracteres, formação moral e cultural, especializando-lhes as possibilidades mediúnicas. Não confundir isso com animismo ou mistificações inconscientes.
Se o Espírito provoca elementos do grupo, citando-os de forma nominal, o dirigente tomará as providências necessárias para que sejam evitadas conversações marginais, sem nenhum interesse para o esclarecimento.

69 "Desobsessão", cap. 30.
70 As comunicações simultâneas, longe de constituir um problema, apresentam duas vantagens importantes. A primeira é duplicar o número de comunicações na reunião. Além disso, se forem dispostos convenientemente na sala de reuniões, os médiuns psicofônicos terão sua tarefa facilitada. Digamos que os médiuns A e B são colocados numa das pontas da mesa, ao lado do primeiro esclarecedor, situando-se os médiuns C e D na ponta oposta, ao lado do segundo esclarecedor. Quando o médium A dá passividade, o B permanece calado e coopera mentalmente no esclarecimento. Encerrada a comunicação, o médium B dá passividade e o médium A se retrai, verificando-se o mesmo processo na outra ponta, com o revezamento entre os médiuns C e D.
71 "Desobsessão", cap. 39.
72 “Desobsessão”, cap. 40.
73 Ibidem, cap. 57.
74 Ibid., cap. 32
75 "Desobsessão", cap. 34.
76 Ibidem, cap. 34.
77 Ibid., cap. 36.58
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 19, 2023 8:23 pm

12 - Comportamento dos médiuns na reunião
SUMÁRIO: Cooperação mental. Atitude dos médiuns e do doutrinador para com os comunicantes. Problemas imprevistos. Embaraços eventuais a que não se pode dar atenção. Educação mediúnica. Atitudes inconvenientes que é preciso evitar. Ministração de passe magnético nos componentes da equipe.

Cooperação mental – No momento do esclarecimento oferecido ao sofredor desencarnado, todos devem manter harmoniosa união de pensamentos que sirvam de apoio às afirmativas do esclarecedor, sem ideias de crítica, censura, ironia ou escândalo. A posição de quem esclarece e dos componentes do grupo deve ser semelhante à de quem socorre um familiar querido, para que o comunicante encontre apoio real no socorro que lhe é ministrado.
Sem o concurso mental da equipe inteira, o serviço enfrentará perturbações inevitáveis. Assim, cabe ao dirigente apelar aos companheiros para que deem sua cooperação mental, ativando o ânimo dos que se encontrem na reunião desatentos ou entorpecidos.
Atitude dos médiuns – O médium e o esclarecedor não podem esquecer que o Espírito perturbado se encontra, para eles, na situação de um doente ante o enfermeiro. O médium é o enfermeiro convocado a controlar o doente, quanto lhe seja possível, impedindo a este manifestações tumultuárias e palavras obscenas.
O médium deve entender que ele não se acha dentro da reunião na condição de um fantoche, manobrado integralmente ao sabor dos Espíritos, mas sim na posição de intérprete e enfermeiro, capaz de auxiliar, até certo ponto, na contenção e reeducação dos Espíritos rebeldes que recalcitram no mal.
Ainda quando seja absolutamente sonâmbulo – o chamado médium inconsciente –, semi-desligado de seus implementos físicos dispõe o médium de recursos para governar os sentidos corpóreos de que o Espírito comunicante se utiliza, capacitando-se, por isso, com o auxílio dos instrutores espirituais, a controlar devidamente as manifestações. Assevera André Luiz: "Não se diga que isso é impossível.
Desobsessão é obra de reequilíbrio, refazimento, nunca de agitação e teatralidade". (78)
O mesmo instrutor lembra que, nesse sentido, há médium de incorporação normal e médium de incorporação ainda obsidiado. Neste caso, ele necessita de socorro espiritual, por meio de esclarecimento, emparelhando-se com as entidades perturbadas carecentes de auxílio.
André reconhece, porém, que há situações em que o médium psicofônico não pode governar todos os impulsos destrambelhados da entidade desencarnada, como nem sempre o enfermeiro consegue impedir todas as extravagâncias da pessoa acamada; contudo, mesmo nessas ocasiões especiais, o médium integrado em suas responsabilidades “dispõe de recursos para cooperar no socorro espiritual em andamento, reduzindo as inconveniências ao mínimo".(79)

Problemas imprevistos – O grupo deve contar com imprevistos.
Existem aqueles de natureza externa a que não se pode dar atenção, quais sejam: chamamentos inoportunos de pessoas incapacitadas para compreender a gravidade do trabalho socorrista que a desobsessão desenvolve; batidas à porta já fechada por irmãos do grupo, retardatários ainda não afeitos à disciplina; ruídos festivos da vizinhança e barulhos produzidos por animais, viaturas etc.
Podem ocorrer, porém, embaraços no campo interno da reunião, dentre os quais se destacam a luz apagada de chofre ou o mal-estar súbito de alguém. Nesses casos, o dirigente tomará providências imediatas para que os problemas sejam corretamente atendidos.
Como ocorre em qualquer lugar, na desobsessão o mal-estar é suscetível de sobrevir num médium ou num dos colaboradores em ação, principalmente no que tange a uma crise orgânica imprevista.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 19, 2023 8:23 pm

Verificado o incidente, a pessoa necessitada de assistência permanecerá fora do círculo em atividade, recolhendo o amparo espiritual do ambiente, quando o mal-estar não recomende o seu recolhimento imediato em casa ou em estabelecimento especializado.
Educação mediúnica – O médium deve evitar, quando se ache sob a influência ou presença dos desencarnados em desequilíbrio, as posições de desmazelo, controlando as expressões verbais e frustrando a produção de gritos, a derrubada de móveis e objetos e a enunciação de palavras torpes.
Sempre é útil lembrar que o recinto da desobsessão é comparável à intimidade de um hospital e que o médium psicofônico não se encontra à revelia das manifestações menos felizes que venham a ocorrer. Os benfeitores espirituais estão a postos, na reunião, sustentando a harmonia da casa, e resguardarão as forças de todos os médiuns para que se desincumbam com dignidade das obrigações que lhes assistem.
Atitude absolutamente desaconselhável é a de permitir que comunicantes enfermos ensaiem qualquer impulso de agressão. Constitui dever inadiável impedir que os Espíritos doentes subvertam a ordem com pancadas e ruídos, que os médiuns psicofônicos conseguem facilmente frustrar.
Os médiuns psicofônicos devem evitar a todo o custo, em qualquer período da reunião, vergar a cabeça sobre os braços. Tal atitude favorece o sono, desarticula a cooperação mental e propicia ensejo a fácil hipnose por parte dos enfermos desencarnados.
André Luiz recomenda expressamente que, no momento das radiações, sejam ministrados passes magnéticos a todos os compo nentes do grupo de desobsessão, sejam médiuns ou não. A razão é óbvia: o serviço de desobsessão pede energias de todos os presentes e os instrutores espirituais estão prontos a repor os dispêndios de força havidos. Fora desse caso, os médiuns passistas atenderão aos companheiros necessitados de auxílio tão-somente nos casos de exceção, de modo a não favorecerem caprichos e indisciplinas. (80)

78 “Desobsessão”, cap. 43.
79 Ibidem, cap. 43.
80 “Desobsessão”, cap. 52.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:22 am

13 - Identificação dos Espíritos comunicantes
SUMÁRIO: A questão da identidade. Como identificar o Espírito comunicante. A necessidade de examinar atentamente as comunicações recebidas.
Verificação da identidade pelas sensações. O uso da vidência na identificação dos comunicantes. A identificação do Espírito pelo conteúdo da comunicação.

A questão da identidade – No tocante à identificação dos Espíritos que se comunicam nas reuniões de desobsessão e atendimento a sofredores, o que deve interessar é o problema da entidade em si, o seu esclarecimento, a sua consolação. Não há, obviamente, nenhuma necessidade que levantemos seus dados biográficos.
Vivendo problemas angustiantes e estando confusos quanto à noção de tempo e de espaço, a que estavam condicionados na Terra, muitos deles nem sabem realmente quem são. Quando, porém, espontaneamente dão informações sobre a sua personalidade, seria interessante, para efeito de estudo, procurar confirmá-las, se houver essa possibilidade.
O médium iniciante não deve preocupar-se se não possui a mínima intuição a respeito da identidade do Espírito comunicante. Só o tempo e o treinamento lhe darão a capacidade de identificar perfeitamente as entidades que por ele se manifestam. Não devemos perder tempo fazendo inquirições aos Espíritos apenas para satisfazer uma curiosidade. É falta de caridade obrigá-los a revelar-se quando preferem permanecer no anonimato.
Quando se trata de uma entidade que procura dar orientações, o nome que usa é secundário e pouco deve influir na aceitação ou não da mensagem. O conteúdo será sempre o elemento primordial. Se se trata de uma personagem conhecida e famosa, mais cuidado ainda deveremos ter, porque, se ela espontaneamente dita seu nome, deve fornecer dados que lhe sirvam de identificação.
Quando se dá a comunicação por meio de um médium seguro, com possibilidade de filtrar bem as características do Espírito, pode haver um impacto na opinião geral e no seio de seus familiares, que poderão confirmar se a mensagem é de seu parente desencarnado.
Foi o que ocorreu com Humberto de Campos, que deu sobejas provas de sua identidade, levando sua esposa a mover um processo contra a Federação Espírita Brasileira e o médium Chico Xavier, o qual ficou conhecido como "O caso Humberto de Campos". Como resultado do processo é que Humberto de Campos passou a utilizar, a partir de então, o pseudônimo Irmão X na assinatura das obras por ele escritas por intermédio de Chico Xavier. (81)
Como identificar o Espírito comunicante – Kardec dedicou o cap. XXIV, 2a parte, itens 255 a 268 d' O Livro dos Médiuns, ao trato da identidade dos Espíritos.
Eis um resumo do que o Codificador escreveu sobre o assunto:
a) depois da obsessão, a questão da identidade dos Espíritos é uma das maiores dificuldades do Espiritismo prático;
b) muitos Espíritos superiores que se podem comunicar não possuem um nome para nós;
c) a identidade se torna mais fácil quando se trata de Espíritos contemporâneos;
d) as provas da identidade surgem naturalmente;
e) a semelhança da caligrafia e da assinatura é uma prova relativa;
f) a melhor prova de identidade está na linguagem e nas circunstâncias, mas não na forma da linguagem e sim no seu conteúdo, pois jamais a ignorância imitará o verdadeiro saber e jamais o vício imitará a verdadeira virtude: sempre em algum lugar aparecerá o sinal da impostura;
g) a identidade dos Espíritos pode ser considerada uma questão acessória, mas a distinção entre bons e maus Espíritos não o é;
h) julgamos os Espíritos pelo conteúdo de sua linguagem: tudo o que, na sua linguagem, revela falta de bondade ou benevolência não pode vir de um bom Espírito;
i) inteligência não é sinal certo de superioridade, porque a inteligência e a moral nem sempre caminham juntas;
j) os sinais dos Espíritos elevados são a superioridade de suas ideias e de sua linguagem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:22 am

Kardec recomenda-nos que devemos submeter todas as comunicações a uma análise escrupulosa, examinando atentamente o pensamento e as expressões e rejeitando, sem hesitar, tudo o que peca contra a lógica e o bom senso, tudo o que desminta o caráter do Espírito que se pretende passar por uma entidade elevada. Afirma o Codificador: "Repetimos que este meio é o único, porém é infalível, porque não existe uma comunicação má que possa resistir a uma crítica rigorosa". (82)
Na mesma obra, o Codificador arrola 26 princípios fundamentais para se reconhecer a qualidade dos Espíritos comunicantes, princípios esses que médiuns e dirigentes de grupos mediúnicos deveriam ter sempre presentes em seus estudos. (83)
Como dissemos anteriormente, nem sempre é importante identificar os Espíritos que se comunicam nas sessões. Quando estamos em uma reunião de desobsessão ou de esclarecimento a desencarnados, quase sempre não há necessidade de levantar-se a identidade do Espírito sofredor, que, na maioria das vezes, encontra-se em estado de grande perturbação espiritual. Por isso, é reprovável em tais casos a prática de se pedir a eles o nome, tanto quanto outros pormenores para a sua identificação.
As entidades espirituais que habitualmente se comunicam conosco acabam por tornar-se conhecidas e queridas, a ponto de serem consideradas membros da equipe. Quando se manifestam, são reconhecidas pelo seu modo de falar, pelo estilo e pelo conteúdo da mensagem. Se se comunicam por outros médiuns, podem sofrer a influência do clima mental do intermediário. A interferência do médium na comunicação é muito grande. A filtragem mediúnica pode processar-se, dependendo do médium, com maior ou menor autenticidade, tendo em vista a diversidade de aptidões e recursos que os médiuns apresentam.
Verificação da identidade pelas sensações – De um modo geral podemos distinguir, graças à sensibilidade mediúnica, o grau de evolução das entidades desencarnadas, que nos passam sensações agradáveis ou desagradáveis, conforme já estudado anteriormente.
Kardec ensina: "Muitos médiuns reconhecem os bons e os maus Espíritos pela impressão agradável ou penosa que experimentam à sua aproximação". E transcreve, sobre isso, a seguinte instrução dos Espíritos: "Quando o Espírito é feliz, seu estado é tranquilo, leve, calmo; quando é infeliz, é agitado, febril, e esta agitação passa naturalmente para o sistema nervoso do médium". (84)
Se a visita do Espírito ao grupo se repete, isso nos dá condições de, com o tempo e a prática, identificá-lo pelas sensações que causa à sua aproximação.
Identificação pela vidência – Outro recurso de identificação dos Espíritos é a vidência, mas ela é de uso bastante restrito e delicado, porque cada médium vidente vê de acordo com a sua própria capacidade de exteriorização perispiritual e sintonia vibratória.
Pode ocorrer que dois bons e autênticos videntes, em um mesmo local e ambiente, percebam situações diferentes. Assim, um não poderá confirmar o que o outro registra.
A vidência é, sem dúvida, um recurso valioso na identificação dos desencarnados, mas depende muito do médium, de sua segurança e equilíbrio. Não podemos, portanto, basear-nos tão-somente nesse recurso para concluir quanto à identidade do desencarnado.
O médium vidente pode e deve participar das sessões mediúnicas, mas sua função não pode ser a de repórter do Além, como se ele tivesse a obrigação de nos estar informando, constantemente, a respeito do que se passa no mundo espiritual. A informação do vidente é, pois, relativa e deve ser verificada, analisada e comparada com outros fatores auxiliares e importantes na identificação dos Espíritos, como o conteúdo da mensagem, as sensações causadas nos médiuns, a oportunidade da presença do Espírito indicado etc.
Identificação pelo conteúdo da mensagem – Os Espíritos sempre revelam a sua condição espiritual pelo que dizem e como dizem, descontando-se aí as influências do médium de que se utilizam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:22 am

As entidades elevadas são simples e objetivas. (85) A beleza do estilo sempre ornamenta ideias vigorosas e esclarecedoras. Não se preocupam em tomar nomes importantes. Os Espíritos atrasados, principalmente os que gostam de mistificar, usam e abusam do processo de enganar, por meio de comunicações cheias de palavras difíceis, amontoadas em frases brilhantes, mas de sentido vazio e às vezes contraditório.
Devemos compreender que uma ou outra entidade de nome conhecido na Terra poderá identificar-se, mas para isso não basta o seu nome, é preciso que o Espírito dê elementos probantes de que é a personagem designada. Se isso lhe for difícil, ele será o primeiro a buscar o anonimato ou o uso de um pseudônimo qualquer.

81 “Testemunhos de Chico Xavier”, de Suely Caldas Schubert, págs. 42 e 356.
82 “O Livro dos Médiuns”, cap. XXIV, item 266.
83 Ibidem, cap. XXIV, item 267.
84 “O Livro dos Médiuns”, cap. XXIV, item 268, pergunta 28.
85 Ainda quando se manifestam como “pretos-velhos” ou “índios”, com a linguagem e os trejeitos característicos, os Espíritos realmente elevados transmitem lições magníficas, posto que singelas. Veja a respeito o caso Emerenciana em “Loucura e Obsessão”, cap. 8 e seguintes, obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:23 am

14 - A questão da mistificação e suas causas
SUMÁRIO: Conceito de mistificação nas manifestações espíritas. Por que é permitida a mistificação nas sessões espíritas. Diferença entre mistificação e animismo. Ação dos mentores nos casos de mistificação. Meios de evitar a mistificação.

Conceito de mistificação – Mistificação é engano, logro, burla, abuso da credulidade de alguém. A prática espírita não está livre da mistificação, porquanto aprendemos, com o estudo da escala espírita, que existem Espíritos levianos, "ignorantes, maliciosos, irrefletidos e zombeteiros", que se metem em tudo e a tudo respondem sem se importarem com a verdade. "Gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias, de intrigar, de induzir maldosamente em erro, por meio de mistificações e de espertezas." (86)
Tais Espíritos podem estar desencarnados ou encarnados, o que quer dizer que a mistificação pode ser proveniente do médium, o que é, porém, muito raro no meio espírita sério.
Kardec ensina que a mistificação é fácil de evitar. Basta, para isso, não exigir do Espiritismo senão o que ele pode e deve dar, que é a melhoria moral da Humanidade. "Se vocês não se afastarem daí, não serão jamais enganados", afirma o Espírito de Verdade, que no mesmo passo esclarece: "Os Espíritos vêm instruí-los e guiá-los no caminho do bem e não no caminho das honras e da fortuna, ou para servirem suas mesquinhas paixões. Se não lhes pedissem jamais nada de fútil ou fora de suas atribuições, não dariam oportunidade alguma aos Espíritos enganadores; donde vocês devem concluir que quem é mistificado tem apenas o que merece". (87)
Na mesma obra e no mesmo item, o Espírito de Verdade diz que "Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem do Espiritismo um objeto de divertimento". (88)
Emmanuel diz que a mistificação experimentada por um médium traz sempre uma finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor-próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo, razão pela qual não ocorre à revelia dos seus mentores mais elevados, que, somente assim, o conduzem à vigilância precisa e às realizações da humildade e da prudência no seu mundo subjetivo. (89)
Quem renuncia ao Espiritismo por causa de um simples desapontamento, como a ocorrência de uma mistificação, prova que não o compreende e que não o toma em sua parte séria. (90) Esses indivíduos mostram, agindo assim, que jamais foram espíritas convictos; são, em verdade, quais crianças que o vento leva à primeira dificuldade.
Kardec, comentando o assunto, ensina que um dos meios mais frequentes que os Espíritos usam, para lograr-nos, é estimular a nossa cupidez e o nosso interesse por fortunas ou facilidades materiais. Devemos, também, ficar alerta quanto às predições de data certa e evitar qualquer providência prescrita ou sugerida pelos Espíritos quando o objetivo não for evidentemente racional. Não nos deixemos deslumbrar pelos nomes que tomam os Espíritos para darem uma aparência de verdade a suas palavras e desconfiemos "de teorias e sistemas científicos arriscados" e “de tudo o que se afastar do objetivo moral das manifestações". (91)
Não devemos confundir mistificação com animismo. O animismo é fenómeno produzido pela própria alma do médium, que nem sempre tem consciência do que ocorre. (92)
A mistificação pressupõe mentira, engodo, trapaça, e pode ocorrer, como vimos, com o conhecimento dos mentores espirituais, como se deu na própria Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas quando um Espírito enganador usou o nome de São Luís, dirigente espiritual da Sociedade, estando este presente. (93) É que nada ocorre por acaso. Afirma Divaldo P. Franco que o melhor médium é aquele que, simpatizando somente com os bons Espíritos, raramente é enganado. “As falsas comunicações, que de tempos a tempos ele recebe, são avisos para que não se considere infalível e não se ensoberbeça.” (94)
Meios de evitar a mistificação – Além do que já foi dito, Allan Kardec nos fornece seguras orientações a respeito desse assunto no item 268 d' O Livro dos Médiuns, do qual extraímos os seguintes apontamentos:
a) entre os Espíritos, poucos há que têm um nome conhecido na Terra; por isso é que, na maioria das vezes, eles nenhum nome declinam;
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b) como os homens, quase sempre, querem saber o nome do comunicante, para os satisfazer o Espírito elevado pode tomar o de alguém que é reverenciado na Terra. Não quer isso dizer que se trata, nesse caso, de uma mistificação ou uma fraude. Seria sim, se o fizesse para nos enganar, mas, quando é para o bem, Deus permite que assim procedam os Espíritos da mesma categoria, porque há entre eles solidariedade e analogia de pensamentos. Ocorre ainda que muitas vezes o Espírito evocado não pode vir, e ele envia então um mandatário, que o representará na reunião;
c) quando Espíritos de baixo padrão moral adotam nomes respeitáveis para nos induzirem ao erro, não é com a permissão dos Espíritos indevidamente nomeados que eles procedem. Os enganadores serão punidos por essa falta. Fique certo, todavia, que, se não fôssemos imperfeitos, não teríamos em torno de nós senão bons Espíritos. Se somos enganados, só de nós mesmos nos devemos queixar;
d) existem pessoas pelas quais os Espíritos superiores se interessam e, quando eles julgam conveniente, as preservam dos ataques da mentira. Contra essas pessoas os enganadores nada podem. Os bons Espíritos se interessam pelos que usam criteriosamente da faculdade de discernir e trabalham seriamente por melhorar-se. Dão a esses suas preferências e os secundam;
e) os Espíritos superiores nenhum outro sinal têm, para se fazerem reconhecer, além da superioridade das suas ideias e da sua linguagem. Os sinais materiais podem ser facilmente imitados. Já os Espíritos inferiores se traem de tantos modos, que seria preciso ser cego para deixar-se iludir. Os Espíritos só enganam os que se deixam enganar;
f) há pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enfática, que apreciam mais as palavras do que as ideias e que, muitas vezes, tomam ideias falsas e vulgares como sublimes. Como podem essas pessoas, que não estão aptas a julgar as obras dos homens, julgar as dos Espíritos?;
g) quando as pessoas são bastante modestas para reconhecerem a sua incapacidade, não se fiam apenas em si; quando, por orgulho, se julgam mais capazes do que o são, trazem consigo a pena da vaidade tola que alimentam. Os mistificadores sabem perfeitamente a quem se dirigem. Há pessoas simples e pouco instruídas mais difíceis de enganar do que outras, que têm finura e saber. Lisonjeando-lhes as paixões, fazem eles do homem o que querem.

86 “O Livro dos Espíritos”, questão no 103.
87 “O Livro dos Médiuns”, cap. XXVII, item 303, 1a pergunta.
88 Ibidem, cap. XXVII, item 303, 2a pergunta.
89 “O Consolador”, questão no 401.
90 “O Livro dos Médiuns”, cap. XXVII, item 303, 2a pergunta.
91 “O Livro dos Médiuns”, cap. XXVII, “Observação” de Kardec posta depois da 2ª pergunta do item 303.
92 Leia, acerca do tema animismo, o livro “Médium: Quem é, quem não é”, de Demétrio Pável Bastos, cap. XX e XXI.
93 “Revista Espírita”, ano de 1860, pág. 172.
94 “Moldando o Terceiro Milênio”, cap. 7, pág. 62.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:23 am

15 - A obsessão e suas modalidades
SUMÁRIO: Escolhos da prática mediúnica. Conceito de obsessão. Suspensão da faculdade mediúnica. Como reconhecer a obsessão. Variedades de obsessão. A obsessão simples. Fascinação. Subjugação. Importância do magnetismo no tratamento da subjugação.

Os escolhos da prática mediúnica – A obsessão é um dos maiores escolhos da prática da mediunidade. Quem o diz é o próprio Codificador do Espiritismo, que assim a conceitua: “Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo”. (95)
A obsessão apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.
“Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas”, ensina Kardec. (96)
Todos nós estamos sujeitos à obsessão e, evidentemente, o médium não escapa à regra geral. Compete-nos, no entanto, resistir à influência negativa daqueles que se voltaram para o mal. (97)
A presença do obsessor nem sempre é notada, mas sua ação se revela pelos resultados de sua influência sobre a mente da criatura que ele obsidia. Por um fenômeno telepático, o obsessor pode, mesmo a distância, acionar os mecanismos que deseja, como procede um operador de rádio.
Claro que, para isso ocorrer, obsessor e médium devem estar vinculados pelo passado ou encontrar-se numa mesma faixa vibratória, que os identifica. Devido a isso cresce a importância da renovação espiritual do médium como fator preponderante na solução do problema. Não existindo outro meio mais efetivo, o médium pode ter suspensa a sua faculdade mediúnica, para que, pelo menos em parte, fique protegido da ação perniciosa dos obsessores e se evite seja causa de ilusão e desencaminhamento de pessoas que chegam ao Centro em busca de consolo e orientação.
A suspensão da faculdade mediúnica deve, assim, ser considerada um sinal benéfico e um ato de caridade por parte dos mentores espirituais. Dependendo da recuperação moral do médium e de sua disposição em cumprir adequadamente sua tarefa, a suspensão poderá ser temporária ou definitiva.
A respeito do assunto ensina Emmanuel: "Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno de confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos". (98)
Como reconhecer a obsessão – Quando examina este assunto, Emmanuel assevera que a "obsessão é sempre uma prova, nunca um acontecimento eventual" e que a cura depende fundamentalmente da colaboração do encarnado, "visto requisitar os valores do seu sentimento e da sua boa-vontade, sem o que a cura psíquica se torna inexequível". (99)
No caso específico da obsessão em médiuns, Allan Kardec ensina: "Reconhece-se a obsessão pelas seguintes características:
1ª – Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mau grado, pela escrita, pela audição, pela tiptologia etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;
2ª – Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe;
3ª – Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;
4ª – Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam;
5ª – Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:23 am

6ª – Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;
7ª – Necessidade incessante e inoportuna de escrever;
8ª – Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado;
9ª – Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa ou o objeto". (100)

Formas de obsessão – A obsessão apresenta três variedades ou formas bem definidas: (101)
1ª. Obsessão simples: a entidade desencarnada de índole má procura, por meio de sua persistência e tenacidade, intrometer-se na vida do obsidiado, dando-lhe as mais estranhas sugestões que, na maior parte das vezes, contrariam sua forma habitual de proceder e pensar. O indivíduo percebe com facilidade que está sob uma influência estranha, desde que faça autoanálise criteriosa. E, mantendo a vigilância e uma conduta cristã, não oferecerá ao obsessor campo mental favorável às suas investidas. Uma vida em clima de elevação, a boa leitura, a prece, o convívio com pessoas sérias e honestas, em ambientes em que se pratica o bem, eis o preservativo contra a obsessão simples;

2ª. Fascinação: esta é a forma de obsessão mais difícil de ser tratada com êxito, porque geralmente o fascinado se nega a receber orientação e tratamento, visto que não percebe o problema e até acha que os outros é que se encontram obsidiados. Na fascinação, o obsessor age, a princípio, discretamente e depois vai tomando lugar pouco a pouco, até dominar inteiramente o obsidiado, formando então uma espécie de simbiose psíquica. Valendo-se de nomes de Espíritos de escol, o obsessor induz o médium a julgar-se orientado por uma entidade espiritual de grande envergadura moral. Crê em tudo que o Espírito lhe diz. Magoa-se, irrita-se e se afasta ante qualquer crítica feita sobre o conteúdo das comunicações que recebe. O melindre e a vaidade acabam tornando-o presa fácil dos obsessores, o que dificulta o tratamento;

3ª. [b]Subjugação:/b] quando o obsidiado se encontra sob o domínio completo de uma entidade desencarnada, diz-se que ele está subjugado. O diagnóstico dessa forma de obsessão é fácil, mas a cura exigirá a melhoria moral do médium e o arrependimento do Espírito, por meio do esclarecimento e da doutrinação a ele dirigidos por quem tenha superioridade moral. Em casos assim, ensina Kardec, a ação magnética é também fundamental, para desfazer-se o "manto fluídico" que envolve o obsidiado. Na subjugação, o que ocorre é a supremacia da vontade, que domina por completo a vontade do médium. Nesse estado, este realizará coisas que jamais faria, porque obedece a uma vontade que lhe é estranha, não à sua própria vontade.

95 “A Gênese”, cap. XIV, item 45.
96 Ibidem, cap. XIV, item 45.
97 Os chamados “encostos” não se enquadram, tecnicamente falando, no conceito de obsessão. Cairbar Schutel refere-se a isso em seu livro “A Vida no Outro Mundo”, pág. 89.
98 "O Consolador", questão no 389.
99 “O Consolador”, questões nos 393 e 394.
100 "O Livro dos Médiuns", cap. XXIII, item 243.
101 Ibidem, cap. XXIII, itens 238 a 240.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:24 am

16 - O tratamento espírita da obsessão
SUMÁRIO: Espiritismo e desobsessão. Importância da participação do obsidiado na sua própria cura. A renovação moral como a principal terapêutica nos casos de obsessão. Raízes espirituais do processo obsessivo. Recursos utilizados no tratamento da obsessão.

Espiritismo e desobsessão – Assevera Emmanuel: "O tratamento das obsessões (...) não é trabalho excêntrico, em nossos círculos de fé renovadora. Constitui simplesmente a continuidade do esforço de salvação aos transviados de todos os matizes, começado nas luminosas mãos de Jesus". (102)
Amélia Rodrigues comenta, em conhecida obra psicografada por Divaldo P. Franco, o curioso episódio evangélico em que Jesus explica a seus discípulos por que não conseguiram eles "expulsar o espírito imundo". Explicou-lhes o Mestre: "Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum". "Diante, pois, deles, possessos (103) e possessores – só a oração do amor infatigável e o jejum das paixões conseguem mitigar a sede em que se entredevoram, entregando-os aos trabalhadores da Obra de Nosso Pai, que, em toda parte, estão cooperando com o Amor, incessantemente." (104)
E o Nazareno concluiu: "Se amardes ao revés de detestardes, se desejardes socorrer e não apenas os expulsardes, tudo fareis, pois que tudo quanto eu faço podeis fazê-lo, e muito mais, se o quiserdes..." (105)
O Espiritismo, dando continuidade à obra de Jesus, como Consolador prometido que é, reaviva as lições do Evangelho e nos fornece todos os recursos indispensáveis ao tratamento das obsessões, esclarecendo-nos sobre as causas desse processo e mostrando quanto é importante a participação do enfermo para o êxito do trabalho, como ensina Manoel Philomeno de Miranda: "No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o agente da própria cura". (106)
Em apoio a essa ideia, Yvonne A. Pereira também diz que se o obsidiado “não procurar renovar-se diariamente, num trabalho perseverante de autodomínio ou autoeducação, progredindo em moral e edificação espiritual, jamais deixará de se sentir obsidiado, ainda que o seu primitivo obsessor se regenere". "Sua renovação moral, portanto, será a principal terapêutica, nos casos em que ele possa agir", conclui a notável médium brasileira. (107)
Tratamento da obsessão – Como vimos, o tratamento da obsessão, de uma forma geral, não dispensa a participação do obsidiado ou de pessoas a ele ligadas.
Como o processo tem sempre raízes espirituais, um dos primeiros cuidados será no sentido de que haja um entendimento sobre o que está ocorrendo, para que as medidas certas sejam tomadas. (108)
O tratamento mediúnico do caso deve ser feito por um grupo de médiuns, nunca por um só, isoladamente, e o local para isso deve ser o Centro Espírita, ou outro local especializado, como os hospitais psiquiátricos de orientação espírita.
A prática de leituras sadias, instrutivas, moralizantes; a frequência a reuniões de esclarecimento doutrinário; o tratamento por meio de passes; a realização de preces e de meditação sobre assuntos de interesse espiritual – eis os recursos necessários a serem movimentados pelo paciente e pelas pessoas a ele ligadas.
O ambiente do lar do obsidiado deve receber uma atenção especial. Os familiares devem fazer tudo o que estiver a seu alcance para torná-lo favorável à recuperação. O culto do Evangelho no lar é uma prática indispensável, porque propicia ao recinto doméstico o enriquecimento de elementos fluídicos e a sintonia das almas em torno dos ensinamentos de Jesus.
É preciso compreender que, conforme as causas determinantes do processo obsessivo, as melhoras podem se dar em mais ou menos tempo. A paciência constitui, por causa disso, elemento importante no tratamento. Algumas vezes, não notando sinais externos de melhora, devido à pressa, muitos o abandonam, caindo na descrença, ou procuram outros recursos que julgam ser mais rápidos. A perseverança é, pois, necessária para seguir pacientemente com o tratamento, na certeza de que a Bondade Divina atende a todos de conformidade com o merecimento de cada um.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:24 am

Além do passe e do esclarecimento do obsidiado, um dos recursos do combate à obsessão é a chamada sessão de desobsessão.
Um grupo mediúnico bem orientado, sob a direção de um dirigente que possua autoridade moral para dirigir-se aos Espíritos obsessores, conhecedor do assunto e com facilidade para a doutrinação, age procurando orientar, ensinar, esclarecer o obsessor quanto aos males que está praticando e às consequências que isso poderá trazer à sua própria felicidade futura. (109)
Reconhecendo que a vítima de hoje foi o verdugo de ontem e que a lei do perdão liberta o que perdoa, mas não livra o algoz do pagamento de suas dívidas, compreendemos que a Lei de Deus é sábia e justa, e é isso que se passará, com bondade, ao desencarnado.
Enquanto se processam as reuniões de esclarecimento do obsessor, o obsidiado – que a elas evidentemente não comparecerá – deverá ser esclarecido quanto à necessidade de modificação dos seus padrões de comportamento, mormente no que diz respeito à sua vida moral, para que não venha a cair em novo processo obsessivo. (110)
Apenas a persistência no bem possibilita que neutralizemos a influência dos maus Espíritos, como lembra Manoel Philomeno de Miranda, reiterando advertências feitas em outras obras de sua lavra:
“Só a radical mudança de comportamento do obsidiado resolve, em definitivo, o problema da obsessão”. (111)

Recursos utilizados no tratamento – De uma forma esquemática, estes são os recursos a que devemos recorrer para o tratamento espírita da obsessão:
1. Conscientização do paciente. Uma vez diagnosticado o problema obsessivo, é imperioso mostrar ao paciente a importância de sua participação no tratamento;

2. Prece. Ensinar à pessoa obsidiada a relevância do cultivo da prece, que, como ensina Kardec, "é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor" (112);

3. Reforma íntima. Deixar bem claro para o paciente que lhe é indispensável destruir em si mesmo a causa que atrai os maus Espíritos e fazer tudo o que seja capaz de atrair a presença dos bons Espíritos (113);

4. Renovação das ideias. Deve o paciente dar novo rumo aos pensamentos, arejando as ideias com a boa leitura, ouvindo palestras edificantes e conversando com pessoas que pensem e ajam no bem;

5. Acção no bem. Esclarecer que o labor da caridade, em nome de Jesus, é fator primordial na melhoria interior de qualquer pessoa;

6. Orientação à família. Mostrar aos familiares do paciente que o problema da obsessão não é assunto que apenas diz respeito a ele, porquanto o grupo familiar possui vínculos profundos que os entrelaçam, sendo preciso, pois, paciência e perseverança de todos;

7. Culto do Evangelho no lar. Explicar a excelência da prática do culto evangélico no lar para o favorecimento do entendimento e da fraternidade dentro de casa, entre encarnados e desencarnados;

8. Fluidoterapia. Encarecer a necessidade dos passes magnéticos e da água magnetizada para a recuperação e o equilíbrio orgânico do paciente;
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 10:25 am

9. Esclarecimento ou doutrinação do agente causador da obsessão. Uma tarefa que incumbe à Casa Espírita, por meio de reuniões específicas – as chamadas sessões de desobsessão – das quais o paciente não precisa nem deve participar. (114)

102 "Pão Nosso", cap. 175.
103 O fenômeno da possessão, inicialmente rejeitado por Kardec, é minuciosamente examinado pelo Codificador em “A Gênese”, cap. XIV, itens 47 a 49. Se na obsessão há sempre a ação de um Espírito malfeitor, na possessão – ensina Kardec – pode tratar-se de um bom Espírito que queira falar. Quando o agente da possessão é mau, o fenômeno se assemelha à subjugação. Veja também sobre o assunto a “Revista Espírita”, ano de 1863, págs. 373 e seguintes.
104 “Primícias do Reino”, cap. 11, págs. 119 e 120.
105 Ibidem, cap. 11, pág. 121.
106 "Grilhões Partidos", Prolusão, pág. 22.
107 "Recordações da Mediunidade", cap. 10, pág. 211.
108 Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XXVIII, na “Observação” posta ao final do item 84, Kardec ensina que a obsessão prolongada pode provocar desordens patológicas, exigindo por vezes um tratamento simultâneo ou consecutivo, seja magnético, seja médico, para o restabelecimento do organismo. Mesmo depois, quando já esteja afastada a causa, resta ainda combater seus efeitos.
109 Veja, a respeito da importância da doutrinação nos processos obsessivos, os casos relatados por Kardec na “Revista Espírita”, ano de 1864, págs. 168 a 177 e págs. 225 a 231, e ano de 1866, págs. 38 a 42.
110 Com relação à impropriedade da participação de médiuns obsidiados nas reuniões mediúnicas realizadas por seus grupos, leia as advertências de Kardec em “O Livro dos Médiuns”, cap. XXIII, item 242, e cap. XXIX, itens 329, 330, 337, 339 e 340.
111 “Painéis da Obsessão”, pág. 9.
112 "A Gênese", cap. XIV, item 46.
113 Segundo “O Livro dos Médiuns”, cap. XX, item 227, as qualidades que atraem os bons Espíritos são a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor ao próximo e o desprendimento das coisas materiais.
114 “Diretrizes de Segurança”, questão no 97. Veja também, sobre o assunto, “Recordações da Mediunidade”, cap. 10, pág. 211.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:28 pm

17 - A doutrinação e seus métodos
SUMÁRIO: Necessidade de doutrinação. Objetivos da doutrinação. Métodos a serem utilizados. Regras a observar na doutrinação. A quem incumbe a tarefa de doutrinação. Que é necessário para se doutrinar um Espírito. Hábitos inconvenientes que devem ser evitados na doutrinação.

Necessidade de doutrinação – Alguns espíritas, diz Herculano Pires (115), pretendem suprimir a doutrinação, alegando que esta é realizada com mais eficiência pelos bons Espíritos no plano espiritual. Essa é uma prova de ignorância generalizada da Doutrina no próprio meio espírita, pois nela tudo se define em termos de relação e evolução. Os Espíritos sofredores permanecem apegados à matéria e à vida terrena, razão pela qual os Protetores Espirituais têm dificuldade de comunicar-se com eles. O seu envolvimento com os fluidos e as emanações ectoplásmicas próprias da sessão mediúnica lhes é, portanto, necessário, o que evidencia que a reunião mediúnica e a doutrinação humana dos desencarnados são uma necessidade. (116)
A morte não tem o poder de transformar ninguém. Cada Espírito, ao desencarnar, leva consigo suas virtudes e defeitos, continuando na vida espiritual a ser o que era quando ligado ao corpo, com seus vícios e condicionamentos materiais, dos quais se liberta pouco a pouco. Além disso, confundido pelas lições recebidas das religiões tradicionais, o Espírito não encontra no Além aquilo que esperava:
nem céu, nem inferno, muito menos o repouso até o juízo final. Ao contrário, ele aí encontra a dura realidade espiritual, fundamentada na existência da lei de causa e efeito, onde cada qual se mostra como é, sem disfarces, falsas aparências ou o verniz social.
Sua condição espiritual determina sua aura psíquica e seu peso específico, frutos ambos da elevação maior ou menor de seus pensamentos, sentimentos e atos. Quanto mais elevados estes forem, mais rarefeito será seu perispírito, de modo que cada habitante do mundo espiritual se coloca em seu merecido e devido lugar, sem privilégios de qualquer espécie.
Os que se encontram em posição de perturbação por falta de esclarecimento adequado, ou por renitência no mal, necessitam ser orientados, para que, em se modificando mentalmente, melhorem sua condição espiritual. Como muitas vezes estão ainda cheios de condicionamentos materiais, tais Espíritos repelem a ação mais direta dos orientadores desencarnados, razão pela qual requerem um contato com os encarnados, naturalmente mais afeitos aos fluidos densos da matéria. É o que ocorre nas sessões mediúnicas.
Os orientadores desencarnados lhes falam, mas não conseguem atingi-los. Em contato, porém, com um médium, pelo fato de terem vibrações assemelhadas, há a possibilidade de entendimento. Surge, então, a doutrinação, que objetiva modificar sua forma de pensar e de agir, buscando sua melhora.
Ensinando-lhes o caminho do bem e do perdão, despertando-os para a necessidade de renovação espiritual, ajudamo-los a descobrir o Evangelho de Jesus para a sua libertação integral. (117) É por isso que a doutrinação dos Espíritos desencarnados é de grande importância para apressar o progresso dos companheiros que estagiam no mundo espiritual, trazendo benéficos resultados para o mundo corpóreo. (118)

Objectivos da doutrinação – Diz-nos Edgard Armond (119) que as sessões de doutrinação de Espíritos objetivam esclarecer entidades desencarnadas a respeito de sua própria situação espiritual, orientando-as no sentido do seu despertamento no plano invisível e o seu subsequente equilíbrio e progresso espirituais.
Para facilitar o seu despertamento ou o seu esclarecimento, Espíritos jungidos ao habitat terrestre por força da lei de afinidade são trazidos às sessões de doutrinação e aí ligados momentaneamente a médiuns de incorporação, com o que, no contato com os fluidos benéficos da corrente aí formada, acrescidos dos ensinamentos recebidos do doutrinador encarnado, logram quase sempre despertar e retomar o caminho do aperfeiçoamento espiritual.
Doutrinar Espíritos não é, porém, tarefa fácil, pois exige conhecimentos doutrinários bastante desenvolvidos e senso psicológico para que o doutrinador possa captar com rapidez a verdadeira feição moral do caso que defronta e, em consequência, encaminhar a doutrinação no devido rumo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:28 pm

É necessário ainda ao doutrinador possuir paciência e bondade, humildade e tolerância, porque somente com auxílio dessas virtudes poderá enfrentar os casos mais difíceis em que se manifestam Espíritos maldosos, zombeteiros ou empedernidos.

Segundo observa André Luiz (120), a pessoa envolvida nessa tarefa não pode esquecer que a Espiritualidade Superior confia nela e dela aguarda o cultivo de determinados atributos como os que se seguem:
a) direção e discernimento;
b) bondade e energia;
c) autoridade fundamentada no exemplo;
d) hábito de estudo e oração;
e) dignidade e respeito para com todos;
f) afeição sem privilégios;
g) brandura e firmeza;
h) sinceridade e entendimento;
i) conversação construtiva.
A doutrinação, informa Herculano Pires (121), existe em todos os planos, mas o trabalho mais rude e pesado é o que se processa em nosso mundo. Orgulhoso e inútil, e até mesmo prejudicial, será o doutrinador que se julgar capaz de doutrinar por si mesmo. Sua eficiência depende sempre de sua humildade, que lhe permite compreender a necessidade de ser auxiliado pelos bons Espíritos. O doutrinador que não compreende esse princípio precisa de doutrinação e esclarecimento, para alijar do seu espírito a vaidade e a pretensão.
Só pode realmente doutrinar Espíritos quem tiver amor e humildade.
Dito isso, Herculano Pires observa, na mesma obra já citada, que é importante não confundir humildade com atitudes piegas, com melosidade. Muitas vezes a doutrinação exige atitudes enérgicas, não ofensivas nem agressivas, mas firmes e imperiosas. É o momento em que o doutrinador trata o obsessor com autoridade moral, a única autoridade que podemos ter sobre os Espíritos inferiores, que sentem a nossa autoridade e se submetem a ela, em virtude da força moral de que dispusermos. Essa autoridade, no entanto, só conseguimos adquirir por meio de uma vivência digna no mundo, sendo sempre corretos em nossas intenções e em nossos atos, em todos os sentidos, porquanto as nossas falhas morais não combatidas, não controladas, diminuem nossa autoridade sobre os obsessores.
Métodos a serem utilizados – Na tarefa de doutrinação dos Espíritos que se comunicam nas sessões mediúnicas não existe regra fixa, pois cada caso é único. Como a doutrinação não objetiva somente Espíritos sofredores, mas igualmente Espíritos ignorantes que ainda permanecem em esferas de embrutecimento, e Espíritos maldosos que se devotam ao mal conscientemente, bem variado deve ser o modo de doutrinar uns e outros.
Há, entretanto, determinadas regras que não podem deixar de ser aplicadas nessa tarefa:
a) receber com atenção e interesse as comunicações;
b) ouvi-las com paciência e imbuído da melhor intenção de ajudar;
c) envolver o comunicante em um clima de vibrações fraternais, dando oportunidade para que ele fale;
d) estabelecer em tempo oportuno um diálogo amigo e esclarecedor;
e) evitar acusações e desafios desnecessários;
f) confortar e amparar por meio do esclarecimento;
g) não discutir com exaltação tentando impor seu ponto de vista;
h) não receber a todos como se fossem embusteiros e agentes do mal;
i) ser preciso e enérgico na hora necessária, sem ser cruel e agressivo;
j) evitar o tom de discurso e também as longas preleções;
l) ser claro, objetivo, honesto, amigo, fraterno, buscando dar ao comunicante aquilo que gostaria de receber se no lugar dele estivesse.
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20 LIÇÕES SOBRE MEDIUNIDADE - Astolfo O. de Oliveira Filho - Página 2 Empty Re: 20 LIÇÕES SOBRE MEDIUNIDADE - Astolfo O. de Oliveira Filho

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:28 pm

André Luiz (122) atribui o serviço de doutrinação à equipe de médiuns esclarecedores, a quem ele sugere a observância da seguinte postura para o bom cumprimento de sua tarefa:
a) guardar atenção no campo intuitivo, a fim de registar com segurança as sugestões e os pensamentos dos benfeitores espirituais que comandam as reuniões;
b) tocar no corpo do médium em transe somente quando necessário;
c) cultivar o tato psicológico, evitando atitudes ou palavras violentas, mas fugindo da doçura sistemática que anestesia a mente sem renová-la, na convicção de que é preciso aliar raciocínio e sentimento, compaixão e lógica, a fim de que a aplicação do socorro verbalista alcance o máximo rendimento;
d) estudar os casos de obsessão surgidos na equipe mediúnica, que devam ser tratados na órbita da psiquiatria, para que a assistência médica seja tomada na medida aconselhável;
e) impedir a presença de crianças nas tarefas da desobsessão.
André Luiz (123) recomenda, ainda, a dirigentes e esclarecedores e a todos os que participam das reuniões mediúnicas, que tenham sempre em mente os 13 seguintes princípios:
1º. Desobsessão não se realiza sem a luz do raciocínio, mas não atinge os fins a que se propõe, sem as fontes profundas do sentimento.

2º. Esclarecimento aos desencarnados sofredores se assemelha à psicoterapia e a reunião é tratamento em grupo, na qual, sempre que possível, deverão ser aplicados os métodos evangélicos.

3º. A parte essencial ao entendimento é atingir o centro de interesse do Espírito preso a ideias fixas, para que se lhes descongestione o campo mental, sendo de todo impróprio, por causa disso, qualquer discurso ou divagação desnecessária.

4º. Os manifestantes desencarnados, seja qual for sua conduta na reunião, são, na realidade, Espíritos carecedores de compreensão e tratamento adequados, a exigir paciência, entendimento, socorro e devotamento fraternais.

5º. Cada Espírito sofredor deve ser recebido como se fosse um familiar nosso extremamente querido; agindo assim, acertaremos com a porta íntima através da qual lhe falaremos ao coração.

6º. Pelo que ouça do manifestante, o esclarecedor deduzirá qual o sexo a que o Espírito comunicante tenha pertencido na precedente existência, para que a conversação elucidativa se efetue na linha psicológica ideal.

7º. Os problemas de animismo ou de mistificação inconsciente que porventura surjam no grupo devem ser analisados sem espírito de censura ou de escândalo, cabendo ao dirigente fazer todo o possível para esclarecer com paciência e caridade os médiuns e os desencarnados envolvidos nesses processos.

8º. É preciso anular qualquer intento de discussão ou desafio com os Espíritos comunicantes, dando mesmo razão, algumas vezes, aos manifestantes infelizes e obsessores.

9º. Nem sempre a desobsessão real consiste em desfazer o processo obsessivo de imediato, porquanto em diversos casos a separação de obsidiado e obsessor deve ser praticada lentamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:29 pm

10º. Quando necessário, o esclarecedor poderá praticar a hipnose construtiva no ânimo dos Espíritos sofredores, quer usando a sonoterapia para entregá-los à direção e ao tratamento dos instrutores espirituais presentes, com a projeção de quadros mentais proveitosos ao esclarecimento, quer sugerindo a produção e ministração de medicamentos ou recursos de contenção em favor dos manifestantes que se mostrem menos acessíveis à enfermagem do grupo.

11º. Não se deve constranger os médiuns psicofônicos a receberem os desencarnados presentes, atentos ao preceito da espontaneidade, fator essencial ao êxito do intercâmbio.

12º. O esclarecimento não deve se alongar em demasia, perdurando a palestra educativa em torno de dez minutos, ressalvadas as situações excepcionais.

13º. Se o manifestante perturbado se fixar no braseiro da revolta ou na sombra da queixa, indiferente ou recalcitrante, o esclarecedor deve solicitar a cooperação dos benfeitores espirituais presentes para que o necessitado rebelde seja confiado à assistência espiritual especializada. Nesse caso, a hipnose benéfica poderá ser utilizada para que o magnetismo balsamizante asserene o companheiro perturbado e o afastamento dele seja efetivado.
Reportando-se aos casos em que os Espíritos comunicantes se mostram demasiado renitentes, a ponto de perturbar os trabalhos, sugere Herculano Pires (124) que aí o melhor a fazer é chamar o médium a si mesmo, fazendo-o desligar-se do Espírito perturbador. O episódio servirá ainda para reforçar a autoconfiança do médium, demonstrando-lhe que pode interromper por sua vontade as comunicações perturbadoras. O Espírito geralmente voltará em outras sessões, mas então já tocado pelo efeito da doutrinação e desiludido de sua pretensão de dominar o ambiente.
Hermínio C. Miranda (125) afirma que, no início, os Espíritos em estado de perturbação não estão em condições psicológicas adequadas à pregação doutrinária. Necessitam, então, de primeiros socorros, de quem os ouça com paciência e tolerância. “A doutrinação virá no momento oportuno, e, antes que o doutrinador possa dedicarse a este aspecto específico, ele deve estar preparado para discutir o problema pessoal do espírito, a fim de obter dele a informação de que necessita”, esclarece Hermínio.
Divaldo P. Franco (126) concorda: “Não podemos ter a presunção de fazer o que a Divindade tem paciência no realizar. Essa questão de esclarecer o Espírito no primeiro encontro é um ato de invigilância e, às vezes, de leviandade, porque é muito fácil dizer a alguém que está em perturbação: Você já morreu! É muito difícil escutar-se esta frase e recebê-la serenamente". E acrescenta: “A nossa tarefa não é a de dizer verdades, mas a de consolar, porque dizer simplesmente que o comunicante já desencarnou os Guias também poderiam fazê-lo. Deve-se entrar em contato com a Entidade, participar de sua dor, consolá-la, e, na oportunidade que se faça lógica e própria, esclarecer-lhe que já ocorreu o fenômeno da morte...”. (127)
A tarefa assemelha-se, assim, ao chamado atendimento fraterno que as Casas espíritas dispensam aos encarnados que as buscam, no qual é mais importante ouvir do que falar, ideia essa defendida pela conhecida médium e escritora Suely Caldas Schubert. (128)
A propósito do assunto, J. Raul Teixeira (129) sugere: “O doutrinador dispensará, sempre, os discursos durante a doutrinação, entendendo-se aqui discurso não como a linha ideológica utilizada, mas sim a falação interminável, que não dá ensejo à outra parte de se exprimir, de se explicar. Muitas vezes, na ânsia de ver as Entidades esclarecidas e renovadas, o doutrinador se perde numa excessiva e cansativa cantilena, de todo improdutiva e exasperante”. “O diálogo com os desencarnados deverá ser sóbrio e consistente, ponderado e clarificador, permitindo boa assimilação por parte do Espírito e excelente treino lógico para o doutrinador.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:29 pm

Para Roque Jacintho (130) a paciência inscreve-se como uma das virtudes maiores de todos os que se dedicam à tarefa de doutrinação das entidades desencarnadas. “A paciência, diz ele, é filha do amorsábio.” Por isso é que, envolvendo os nossos semelhantes com as vibrações de nosso amor, poderemos ouvi-los dissertar longamente sobre seus problemas, sem nos atirarmos à empreitada de demolilos ou censurá-los, pois sabemos que eles se levantarão um dia.
A ironia jamais nos açulará à ação de revide nem a ímpetos de agressão, porque acolheremos a nossa humilhação como degraus da escada evolutiva.
Saber ouvir será tão importante quanto falar.
Saber calar será tão urgente quanto redarguir.
Saber pacificar será tão importante quanto reagir.
Saber compreender será tão importante quanto ser compreendido. (131)
Concluindo, podemos afirmar que – seja qual for o método adotado – é preciso, para doutrinar, conhecer a Doutrina Espírita e ter uma conduta que seja a mais cristã possível, cientes todos nós de que Jesus opera por meio das pessoas que se dedicam ao bem, como Emmanuel observa na lição que se segue:
"Que os doutrinadores sinceros se rejubilem, não por submeterem criaturas desencarnadas, em desespero, convictos de que em tais circunstâncias o bem é ministrado, não propriamente por eles, em sua feição humana, mas por emissários de Jesus, caridosos e solícitos, que os utilizam à maneira de canais para a misericórdia divina; que esse regozijo nasça da oportunidade de servir ao bem, de consciência sintonizada com o Mestre Divino, entre as certezas doces da fé, solidamente guardada no coração". (132)
Hábitos inconvenientes que devemos evitar – Diversos autores têm chamado a atenção para os hábitos, os vícios e as práticas que precisam ser erradicados das sessões mediúnicas.
Edgard Armond (133) considera absolutamente inconvenientes as atitudes seguintes:
a) exigir o nome do Espírito comunicante;
b) crer cegamente no que diz o Espírito;
c) o misticismo exagerado;
d) a verborragia e o falatório inútil, que são próprios de Espíritos mistificadores e irresponsáveis;
e) a agitação por parte dos médiuns que batem mãos e pés, bufam, gemem, gritam, contorcem-se durante a sessão;
f) as preces lidas;
g) estabelecer ordem para os médiuns darem passividade;
h) conferir hegemonia a determinado médium;
i) abertura e fechamento da sessão pelos guias;
j) o uso de roupas e vestimentas especiais.
Emílio Manso Vieira (134) chama-nos a atenção para uma outra prática igualmente condenável, que é o afastamento dos Espíritos obsessores por meio da violência. Os dirigentes que assim procedem confundem energia serena, fruto da autoridade moral, com processos violentos de forças vibratórias. André Luiz nos mostra em
“Libertação”, cap. XIV, qual a maneira correta de agir nesses casos, reabilitando o obsidiado e conquistando o obsessor por meio de elucidações amoráveis e atitudes dignificantes.
Roque Jacintho (135) reporta-se a determinadas informações ou perguntas que alguns doutrinadores apresentam equivocadamente aos comunicantes, tais como:
“Você já morreu e não pode sentir dores.”
“Ingresse nas escolas daí para aprender.”
“Você está sofrendo muito?”
“Por que você não abandona aquela casa?”
“Você está doente. Procure um hospital.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:29 pm

“Por que você não perdoa?”
Há doutrinadores, adverte Roque Jacintho (136), que entendem que acordar de súbito o Espírito comunicante para a realidade seja um benefício e, por isso, costumam informá-los, abruptamente, que já estão mortos. O resultado dessa atitude é, amiúde, a loucura que se instala nos infelizes que desconheciam a própria morte. Evitemos, portanto, ferir diretamente a questão da morte com os Espíritos que não sabem que já desencarnaram. Ofereçamos-lhes orientação, conduzindo os entendimentos dentro do âmbito de suas necessidades pessoais e, pouco a pouco, eles mesmos compreenderão o fenômeno pelo qual passaram.
Herculano Pires (137), em apoio a essa ideia, observa que, se o doutrinador disser cruamente a esses Espíritos que eles já morreram, mais assustados e confusos ficarão. Devemos, pois, tratar o Espírito comunicante como se ele estivesse doente e não desencarnado. Mudando a sua situação mental e emocional, em poucos instantes ele mesmo perceberá que já passou pelo transe da morte e que se encontra amparado por familiares e amigos que procuram ajudá-lo.

115 “Obsessão, o Passe, a Doutrinação”, págs. 65 e 66.
116 O caso Valentine Laurent relatado por Kardec na “Revista Espírita”, ano de 1865, págs. 4 a 19, comprova que nos processos de subjugação o magnetismo é por si só impotente para a reversão do mal, se a causa não tiver sido afastada, mostrando dessa forma a importância da doutrinação, assunto que o Codificador trata também em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XXVIII, no item 81 e na “Observação” ao final do item 84.
117 Allan Kardec ensina, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XXVIII, item 81, que é possível, por meio de instruções habilmente dirigidas, despertar o arrependimento e o desejo do bem nos Espíritos endurecidos e perversos.
118 A lição extraída do caso Xumene, relatado por Kardec em “O Céu e o Inferno”, 2a Parte, cap. VII, mostra-nos que devemos ter paciência na tarefa de regeneração dos Espíritos endurecidos, porquanto, como sabemos, o Espiritismo não torna perfeitos nem mesmo os seus mais crentes adeptos. “A crença é o primeiro passo; vem em seguida a fé e a transformação por sua vez”, adverte o Guia espiritual mencionado por Kardec na lição referida.
119 “Trabalhos Práticos de Espiritismo”, cap. IV, págs. 59 e seguintes.
120 “Desobsessão”, cap. 13.
121 “Obsessão, o Passe, a Doutrinação”, págs. 66 e 67.
122 "Desobsessão", cap. 24.
123 Ibidem, cap. 32 a 37.
124 “Obsessão, o Passe, a Doutrinação”, págs. 85 e 86.
125 "Diálogo com as Sombras", cap. II, págs. 68 e 69.
126 “Diretrizes de Segurança”, questão no 62.
127 Ibidem, questão no 62.
128 Esse pensamento de Suely Caldas Schubert foi expresso em Seminário sobre Mediunidade por ela ministrado em 7 de outubro de 2000 no Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina (PR).
129 “Diretrizes de Segurança”, questão no 63.
130 “Doutrinação”, cap. 7, págs. 43 a 45.
131 Ibidem, cap. 7, págs. 43 a 45.
132 "Caminho, Verdade e Vida", cap. CXLV.
133 “Trabalhos Práticos de Espiritismo”, cap. V, p. 138 e segs.
134 “Dirigentes de Sessões e Práticas Espíritas”, cap. XIX.
135 “Doutrinação”, cap. 2 e 32.
136 Idem, cap. 27.
137 “Obsessão, o Passe, a Doutrinação”, pág. 77.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:30 pm

18 - Abordagem a adotar na doutrinação
SUMÁRIO: Importância do conhecimento da escala espírita e o conselho de Sócrates. Tipos de Espíritos comunicantes. Abordagem a ser adotada em cada caso. Os benefícios da doutrinação. Importância do ambiente formado pelo grupo para o esclarecimento adequado dos Espíritos.

Tipos de Espíritos comunicantes – O doutrinador deve ler e reler, com atenção e persistência, a escala espírita constante de “O Livro dos Espíritos” a partir da questão no 100, para bem se informar dos tipos de Espíritos com que se vai defrontar nas sessões. Essa recomendação feita por Herculano Pires (138) tem por fundamento o ensinamento transmitido pelo Espírito de Sócrates, constante do cap. XVI de “O Livro dos Médiuns”.
Segundo Sócrates, a escala espírita e o quadro sinótico das diferentes espécies de médiuns – a que se refere o capítulo XVI de “O Livro dos Médiuns” – devem estar constantemente sob os olhos de todos os que se ocupam das manifestações, porque um e outra resumem todos os princípios da Doutrina Espírita e contribuirão, mais do que supomos, para trazer o Espiritismo ao seu verdadeiro caminho. (139)
Suely Caldas Schubert (140) organizou, com base na sua longa experiência na prática da mediunidade, uma lista de 17 diferentes tipos de Espíritos, tal como se apresentam nas reuniões mediúnicas, à qual acrescentou uma série de sugestões concernentes ao tratamento adequado a cada caso.

Eis a lista e as recomendações propostas pela confreira mineira, salientando-se que nas cinco primeiras situações os comunicantes devem receber também o socorro do passe:
1. Espíritos que não conseguem falar. Quatro podem ser as causas da mudez: problemas mentais que interferem no centro da fala, ódio, reflexo de doenças havidas antes da desencarnação e desejo de não deixar transparecer o que pensam. O passe e a prece ajudam muito os que, tendo tido problema de mudez quando encarnados, pensam que continuam mudos. Não se recomenda, em nenhuma das circunstâncias citadas, forçá-los a falar;

2. Suicidas. Como eles sofrem muito, cabe ao doutrinador socorrê-los, aliviando-lhes os sofrimentos por meio do passe. Precisam mais de consolo que de doutrinação;

3. Alcoólatras e toxicômanos. Nenhum resultado produz falarlhes sobre a inconveniência dos vícios. Devemos falar-lhes sobre Jesus e o Evangelho, e, em caso de delírios, o passe é o meio de aliviá-los;

4. Espíritos dementados. Como não têm consciência de coisa alguma, devem ser socorridos com passes;

5. Sofredores. Deve-se aliviá-los com a prece e o passe. A maioria adormece e é levada pelos trabalhadores espirituais;

6. Espíritos que desconhecem a própria situação. É muito comum o Espírito ignorar que já desencarnou, mas há indivíduos que não têm condições de serem informados sobre a própria morte. A explicação deve ser feita com tato, dosando-se a verdade conforme o caso. Devemos antes infundir-lhes a confiança em Deus, a ideia de que a vida se processa em vários estágios, que ninguém morre – a prova mais evidente é ele estar ali falando – e que a vida verdadeira é a vida espiritual;
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7. Espíritos que desejam tomar o tempo da reunião. Valem-se de vários artifícios para alongar a conversa e têm resposta para tudo.
Não se deve debater com eles, mas sim levá-los a pensar em si mesmos. De um modo geral, costumam voltar outras vezes;

8. Irônicos. A ironia de que se utilizam torna difícil o diálogo. Procuram ferir o doutrinador e os membros do grupo com comentários e críticas mordazes. Não se deve ficar melindrado com isso, porque é exatamente o que desejam. Aceitando com humildade suas reprimendas, sem procurar defender-se, o esclarecedor fará com que fiquem desarmados. Conscientizá-los do verdadeiro estado em que se encontram, da solidão e da tristeza em que vivem, afastados dos seus afetos mais caros, eis o caminho a seguir no diálogo;

9. Desafiantes. O doutrinador deve encaminhar o diálogo atento a alguma observação que o comunicante faça e que possa servir de base a atingir-lhe o ponto sensível;

10. Descrentes. Dizem-se frios, céticos, ateus. O doutrinador tem, porém, um argumento favorável ao mostrar-lhes que, apesar do que pensam, continuam vivos e se comunicam por intermédio de um médium. Pode-se dizer-lhes ainda que essa indiferença resulta dos sofrimentos por que passam, mas que isso não os levará a nada de bom, e sim a maiores dissabores e a uma solidão insuportável. Não se deve tentar provar que Deus existe, mas, em primeiro lugar, tentar despertá-los para a realidade da vida. Depois, o doutrinador dirá, com bastante tato, que somente o Pai pode oferecer-lhes o remédio e a cura para seus males;

11. Amedrontados. É necessário infundir-lhes confiança, mostrando que naquele recinto eles estão a salvo de qualquer ataque, desde que também se coloquem sob a proteção de Jesus;

12. Vingativos. A vingança e o ódio perturbam os Espíritos vingativos, por isso é preciso levá-los a refletir sobre si mesmos, para que verifiquem o estado em que se encontram e o mal que o ódio e a vingança produzem nos indivíduos que odeiam e desejam vingança.
O doutrinador, tendo sempre em mente a orientação dada por Allan Kardec no cap. 28, item 81, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, deve enfatizar que a força que eles tentam demonstrar se dilui ante o poder do amor que dimana de Jesus;

13. Espíritos que auxiliam os obsessores. Deve-se dizer-lhes que ninguém é chefe de ninguém e que o nosso único chefe é Jesus. O esclarecedor mostrará também o mal que estão praticando e do qual advirão sérias consequências para eles mesmos;

14. Obsessores inimigos do Espiritismo. Deve-se evitar comentários sobre religião, porquanto geralmente nossos adversários são ligados a outros credos religiosos. O diálogo deve ser em torno dos ensinamentos de Jesus, comparando-se o que o Mestre ensinou e as atitudes dos que se dizem seus legítimos seguidores;

15. Galhofeiros e zombeteiros. É preciso ter muita paciência com tais entidades, mantendo-se elevado o teor dos pensamentos. O diálogo buscará torná-los conscientes da inutilidade de sua atitude, mostrando-lhes que o riso encobre, comumente, o medo, a solidão e o desassossego;
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:30 pm

16. Espíritos ligados a terreiro e magia. Muitas vezes estão vinculados a algum nome ou caso que esteja sendo tratado pelo grupo. O esclarecedor irá observar a característica apresentada, fazendo a abordagem correspondente;

17. Mistificadores. Há mistificadores que se comunicam aparentando ser um sofredor, um necessitado, com a finalidade de desviar o ritmo das tarefas e de ocupar o tempo. O médium experiente e o
grupo bem afinizado os identificarão, mas é preciso para isso vigilância e discernimento. As vibrações do Espírito permitem ao médium captar sua real intenção. No momento da avaliação, após a reunião, o médium deve declarar o que sentiu e qual era o verdadeiro objetivo do comunicante.

Às sugestões de Suely Caldas Schubert acrescentamos algumas recomendações feitas por Edgard Armond (141) em sua obra:
I. Espíritos portadores de moléstias. Deve-se dizer-lhes que tais enfermidades são simples reflexos perispirituais de perturbações do corpo físico e que, para eliminá-las, basta que o sofredor as varra de sua mente pela vontade, use da prece para readquirir suas forças e se disponha a qualquer trabalho construtivo a bem do próximo;

II. Espíritos inconscientes, em período de readaptação ao novo meio. O recurso em tais casos são as preces e as vibrações fluídicas realizadas no ato pelos auxiliares do trabalho, verificando-se que muitas vezes o contato do sofredor com a corrente basta para o seu despertamento;

III. Suicidas. A doutrinação deve visar, quando for possível, ao esclarecimento sobre o equívoco que é o suicídio, enfatizando-se que o corpo é o santuário do Espírito encarnado e elemento de imenso valor para a realização das provas necessárias à redenção espiritual neste plano, principalmente o resgate de dívidas pretéritas;

IV. Portadores de perturbações psíquicas como tristeza, desânimo, manias, fobias etc. Devem ser instruídos sobre o valor das atividades construtivas e da necessidade do seu despertamento para as lutas do porvir.

Resultados da doutrinação – Os benefícios da desobsessão são incalculáveis. André Luiz (142) assevera: "Erraríamos frontalmente se julgássemos que a desobsessão apenas auxilia os desencarnados que ainda pervagam nas sombras da mente. Semelhantes atividades beneficiam a eles, a nós, bem assim os que nos partilham a experiência cotidiana, seja em casa ou fora do reduto doméstico e, ainda, os próprios lugares espaciais em que se desenvolve a nossa influência".
O referido autor espiritual mostra-nos, então, que a desobsessão areja os caminhos mentais e nos imuniza contra os perigos da alienação, estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e em torno de nós. Refere ele na mesma obra: “Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, empeços obscuros, insucessos, além de obtermos com o seu apoio espiritual mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão". (143)
Os resultados da doutrinação dependem do ambiente formado pelos pensamentos do dirigente e dos participantes, da condição moral que o dirigente apresente para orientar os Espíritos e da própria condição espiritual da entidade, que pode aceitar ou não os conselhos e esclarecimentos que recebe. O resultado dependerá também dos métodos utilizados, que devem ser aplicados de acordo com a circunstância e a necessidade do momento.
Ensina Herculano Pires (144): “A doutrinação espírita equilibrada, amorosa, modifica a nós mesmos e aos outros, abre as mentes para a percepção da realidade-real que nos escapa, quando nos apegamos à ilusão das nossas pretensões individuais, geralmente mesquinhas”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 20, 2023 7:31 pm

Visto que o objetivo da doutrinação dos Espíritos é o esclarecimento da entidade comunicante quanto ao seu estado transitório de perturbação, as causas de seus sofrimentos e a forma pela qual poderá encontrar a solução para seus problemas, o esclarecedor e todos os membros do grupo mediúnico são chamados a vibrar amorosamente em favor do Espírito comunicante, demonstrando solidariedade com o seu sofrimento e emitindo pensamentos de auxílio e apoio moral.
Depois de esclarecido e de haver aceito o novo caminho que se lhe abre, ele apresentará, sem dúvida, mudanças no seu modo de agir. Se empedernido, mostrar-se-á tocado e sensível aos ensinamentos cristãos, buscando nova forma de encarar a vida; se revoltado, mostrar-se-á submisso à Lei suprema, que não é injusta com ninguém; se odioso, observará as consequências em si mesmo de sua semeadura infeliz e procurará dominar seus maus sentimentos; se desesperado, notará agora novas possibilidades de alcançar a paz mediante o trabalho e a fé ativa.
A doutrinação abre, assim, para os desencarnados um novo panorama de vida, onde novas atividades se descortinam, com possibilidades de trabalho, felicidade e progresso.

138 “Obsessão, o Passe, a Doutrinação”, pág. 72.
139 “O Livro dos Médiuns”, cap. XVI, item 197.
140 “Obsessão/Desobsessão”, Terceira Parte, cap. 12.
141 “Trabalhos Práticos de Espiritismo”, cap. IV, págs. 65 e 66.
142 “Desobsessão”, cap. 64.
143 “Desobsessão”, cap. 64.
144 “Obsessão, o Passe, a Doutrinação”, pág. 71.
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