LUZ ESPÍRITA
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Ave Luz - Shaolin/João Nunes Maia

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 09, 2022 7:01 pm

39 — Verdade
Judas Tadeu nunca se esquecera de visitar Cesareia de Filipe, antiga cidade que fica no sopé das montanhas de Hérmon, beirando as nascentes do Rio Jordão.
Essa metrópole, que buscara seu nome na condescendência de Tibério César e que reverenciava Filipe, o Tetrarca, valorizava muito a região e fortalecia os lagos políticos.
Chegou a ser um grande centro, onde o comércio de Roma se fazia esplender por toda a Palestina.
Depois que o Imperador desapareceu dos cenários dos césares, a mesma cidade recebeu novo baptismo, mudando seu nome de Cesareia de Filipe para Nerónias, dada a sucessão de Tibério por Nero.
Hoje, tem o simples nome de Banias, para esquecer um passado que sujara as águas do Jordão por muito tempo.
Nos dias atuais, é uma simples e tranquila aldeia, onde se vêem os restos de uma antiga civilização.
O tempo passa e passam também os homens...
Judas Tadeu buscava de vez em quando a cidade de Cesareia de Filipe, ao norte da Galileia, e ali ficava meditando, de forma que sua consciência parecia buscar no próprio tempo algo que sentia, pois a alma é, na realidade, um viajor incomparável.
E a mesma consciência nunca se esquece de escrever, por métodos desconhecidos dos sábios, a história universal, capacitando a cada criatura os meios de, quando lhe aprouver, consultar-se nas coisas que se referem às suas vidas pregressas.
As ruínas de uma civilização não são propriamente a destruição de tudo, aos olhos de quem enxerga.
As sensibilidades aguçadas são como uma espécie de verdadeira biblioteca, porque nelas estão registrados todos os fatos, que nos levam ao caminho de muitos dramas.
A ciência do futuro irá provar essas verdades que, por enquanto, ficam qualificadas nos contos que a ilusão produz.
Tadeu era um pouco comedido.
No entanto, as coisas do passado o fascinavam.
Gostava de ficar meditando sobre objectos amigos, sentindo a presença deles e se alegrava só em tocar coisas que o tempo enfumaçara.
Tadeu já era discípulo de Jesus nessa visita a Cesareia de Filipe.
Certa noite, dormira em uma ruína antiga que lhe trazia recordações indeléveis.
Ao sair voando para o infinito nos braços de Morfeu, adentra um casarão onde os personagens lhe lembravam um passado de grande glória, de feitos incomparáveis.
Isso desfilava à sua frente como nos dias presentes se processa nos bem dotados documentários cinematográficos.
Via, com certa emoção, o desfile de carruagens de guerra da antiga Assíria; as famosas lutas de egípcios e judeus; as glórias do Baixo e Alto Egipto; de Mênfis; os grandes feitos sacerdotais da Caldeia; o Império Babilónico; a expressão formidável de Alexandre; as visitas consecutivas de grandes personagens da política; o aprumo de Cartago, da Grécia e de Roma; no cenário da filosofia e na disciplina religiosa como a índia e a China se faziam presentes com valores inenarráveis.
Judas Tadeu sentiu-se no céu.
Era isso que pedira a Deus.
Mas, de vez em quando, lembrava-se de Jesus na sua mais pura simplicidade e a sua consciência verdadeira acicatava sua vigilância para que ele compreendesse o perigo da vaidade, que sempre foge das coisas concretas.
Nisso surge um personagem com ares e falas estranhas que traziam desconfiança para uma alma que já havia respirado a elevada atmosfera de conceitos e vivência, como ocorrera com Tadeu quando pela vontade dos céus, tornara-se discípulo do Cristo.
O personagem vai chegando como um príncipe e logo se identifica, dizendo:
— Caro jovem! Diante de ti se encontra, para a tua felicidade e para recordações incomparáveis no futuro, o Conde Bel-Pre-Man, que te concedeu essa entrevista por dotes de que te soubemos possuidor.
Tu poderás te tornar representante da nossa alta linhagem junto aos homens, desenvolvendo em meio a eles a nossa filosofia, que nada tem a ver com as fraquezas de conceitos de velhos e ultrapassados filósofos, famintos e desprezados, que correm, por vezes, todas as terras do oriente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 09, 2022 7:01 pm

Judas ficou um pouco impressionado com a fala do Conde, mas conservou-se calado, por não saber de quem se tratava.
O Conde voltou a falar:
— Quero te propor uma aliança e, quando tiver certeza da tua fidelidade, não terás dificuldade para nada no reino dos homens.
Dar-te-ei tudo, pela representação do mais puro génio que se faz conhecer, por bondade, à tua frente, com poderes ilimitados.
Gostas do passado e essa faculdade te faz remover, com facilidade, até as selvagens forças da natureza, cujo embrião precisamos mover para o mundo, sacudindo seus alicerces e colocando, nas posições estratégicas, o nosso povo, a nossa gente.
Quando Tadeu começava a vislumbrar nos pensamentos a presença de Jesus, o Conde notava isso e fazia o discípulo esquecer da ideia, por transmissões mentais que o mago negro dominava com facilidade.
Judas Tadeu, na sua simplicidade, pergunta, com humildade:
— Que queres que eu faça, senhor, em benefício dos homens?
O mago, sagaz e faceiro, deixando transparecer a bipolaridade sensual, deixava desenhar, pelos gestos, o que lhe passava pela mente.
Sorri gostosamente, achando-se no completo domínio da situação:
— O que eu quero?
Eu quero muita coisa... eu quero muita coisa...
Nós vamos por etapas, extraindo do passado as que nos oferecem os maiores prazeres e seleccionando no presente as que possam nos dar um gozo extraordinário.
Ainda teremos sequências dessas coisas, no futuro, que se encaixam em nossas mãos.
Não esqueças que sou um génio de mil cabeças, de incontáveis mãos e de muitas asas.
Isso me favorece pensar em qualquer ambiente, trabalhar em qualquer situação e voar, estando presente em variados ambientes, se necessário.
O discípulo, meio engasgado com a situação, começou a ficar enredado com a presença do Conde das trevas.
Pede licença para pensar no caso e lembra-se logo dos seus compromissos com o Cristo:
— Eu já trabalho com um Mestre.
E com Ele as coisas parecem diferentes.
Lá se fala no amor, na caridade e no perdão.
O Conde adiantou-se, cortando o assunto:
— Esqueçamos isso.
Por enquanto, vamos ao que nos interessa.
E fez com que Tadeu esquecesse por um momento o que começara a falar.
Nessa influência, parece que Tadeu estava meio preso.
O discípulo do Nazareno sente uma forte dor no pé, põe a mão por impulso instintivo e grita:
— Meu Jesus!
Acorda assustado e gemendo.
Acontece que um bêbado inveterado, passando por ali, muito brincalhão, vê Tadeu dormindo e acerta-lhe uma bastonada no tornozelo e escapole, dando gargalhadas intermináveis.
Tadeu, livrando-se do pesadelo, mesmo sentindo dores no pé, dá graças a Deus por ter acordado e procura o caminho de casa, ou seja, de Betsaida, enquanto aparecia forte em sua mente quase toda a conversa que tivera com o Conde negro, que estava por lhe instruir para que fosse seu agente, ou um deles, no meio dos homens.
À noite, Tadeu se encontrava no salão, onde todos os companheiros se encontravam a postos.
Tomé proferiu a prece de abertura do pequeno concilio.
Tadeu, ainda com o pé inchado, não hesitou em perguntar:
— Jesus, queria que o Senhor me explicasse qual a posição da Verdade frente aos Teus discípulos e qual a função dessa mesma Verdade para as nossas consciências individuais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 09, 2022 7:01 pm

E, ainda mais, qual o trabalho da Verdade perante a humanidade inteira.
O Mestre, na fulgência do Seu ser, movimenta o verbo admirável:
— Tadeu! A Verdade, na sua expressão maior, é Deus.
Podemos compará-la ao sol que nos aquece e sustenta a vida na terra e em muitos mundos.
Se chegássemos mais perto Dele, por certo que a nossa vida se perturbaria, perdendo a harmonia que nos é indispensável ao bem-estar.
Quem pode negar que existam muitos obstáculos, do sol à Terra, para que a sua luz não chegue aqui como sai de lá?
Pois na verdade te digo que quando a luz do sol banha a vida humana, os reinos animal e vegetal já passaram por muitos processos, a fim de que a brandura seja a sua peculiaridade e para que possa beneficiar com mais profundidade.
Assim é também o Sol espiritual e, muito mais que o astro que contemplamos todos os dias, seus raios são as Verdades que vêm até a humanidade, de mente a mente, abrandando as realidades no sentido de fazer o melhor em prol de todas as criaturas.
A ciência espiritual é tão engenhosa e tão perfeita, que distribui Verdades tanto quanto existem consciências.
Ela funciona do ponto mínimo ao máximo.
E por isso e para isso que ensinamos, muitas vezes, por meio de parábolas, envolvendo as Verdades sob roupagens que possam garantir a todos a viagem para o futuro.
A vós outros que connosco vos saciais neste banquete espiritual, tais parábolas têm sabor mais apropriado e podem saciar algumas das vossas necessidades.
Quanto mais nos alimentamos da Verdade, mais responsabilidade teremos, mais testemunhos teremos que dar.
Àquele a quem foi dado, mais lhe será pedido.
A Verdade, na sua posição de luz, não depende dos homens para clarear.
Ela, por si mesma, se faz conhecer.
Entrementes, os homens se aproximam dela e se propõem a estendê-la por toda parte, não como caridade para a própria Verdade, mas para benefício próprio, atingindo, no mesmo instante, os outros homens.
Judas Tadeu acompanhava Jesus mentalmente em todos os tópicos de sua prosa e não deixava a distracção perder os conceitos.
O Nazareno alcançava o maior objectivo que o discípulo esperava.
A dissertação continuou:
— Tadeu! Já notaste, nos antigos escritos sagrados, a descrição da mulher de Ló, virando estátua de sal quando tenta olhar para trás, para as ruínas de Sodoma e Gomorra?
É certo que podemos admirar os feitos antigos, quando eles impulsionam o progresso e fazem da humanidade um empuxo divino na escala das belezas imortais.
Porém, é perda de precioso tempo viver de novo esse passado.
É parar no próprio tempo e se petrificar como a mulher de Ló, às portas da grande catástrofe.
O hoje te espera inflamado, dando-te oportunidades nunca antes oferecidas.
Aquele que segue sem interrupção está sempre à frente dos que olham para trás.
E na verdade te digo que sempre, nas sombras do passado, escondem-se víboras que projectam, nos que se demoram em suas contemplações, a peçonha, o prazer por acontecimentos que já se foram, propondo-nos que tomemos parte nos dramas em que o clima aromático e o sangue, o ódio, a vingança, a destruição.
Se não atentamos aos nossos deveres, caímos em novas tentações, e o esquecimento cresce de maneira a ficarmos de passos lentos na subida que o progresso nos mostra, convidando-nos em todas as direcções da felicidade.
Quando nos deparamos com determinadas ruínas em forma de livros que o tempo escreveu, abençoemos suas lições e sigamos avante em busca de novas e mais vivas experiências, deixando, assim, a nossa cota de cooperação para outras gerações que irão nos suceder.
As gerações são como ondas da vida, umas se sucedendo às outras, ao infinito, e, entre si, intercambiando experiências, incentivando vidas em sequências intermináveis.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 09, 2022 7:02 pm

Se gostas da Verdade, começa a vivê-la na feição que podes suportar, pois a cada um pertence um quinhão dessa realidade.
Assim como existem muitos raios do mesmo sol...
Jesus serenou Sua fala, dando tempo para que os apóstolos pudessem alcançar o perfume das Suas intenções e a força da Sua sabedoria.
Judas Tadeu espera, ansioso, mais alguma coisa que lhe tocasse na alma, mais directamente sobre o sonho que tivera.
Quis falar, não sentiu coragem; mas se esquecera que pensar fortemente, para Jesus, era falar em uma dimensão que não tinha segredos para Ele.
O Mestre voltou aos seus conceitos:
— Os agentes das trevas estão impacientes, nos planos mais ligados à Terra.
Eles se aproveitam de quaisquer esquecimentos que a vaidade e o orgulho fazem aparecer.
Aproximam-se dos homens, espreitando caminhos que lhes abram o coração, na imprudência, na ambição, na maledicência.
Chegam a perturbar até o repouso das almas e suas intenções avançam até sobre os que Deus abençoou com maior maturidade.
Vós, que formais comigo um todo do Evangelho não podeis perder tempo em busca de facilidades, sonhos irrealizáveis, ganhos ilícitos, superioridades passageiras.
Toda a nossa segurança está em Deus e na nossa consciência, quando ela se desperta para as feições do amor verdadeiro.
As glórias do passado, nas lides humanas, tornaram-se pó que o progresso transforma em outras histórias.
E o espírito, na sua consciência imortal, é um viajante que não regride nem pode parar mesmo que queira, pois a lei universal não o permite.
A Verdade para vós é a mesma da humanidade e de cada um em particular.
O que existe de diferente é que, para cada momento, ela veste uma roupagem de acordo com as necessidades, como os próprios homens da lei que, para cada tipo de cerimónia, usam vestes diferentes.
O que deveis fazer, dormindo ou acordados, é usar a razão, em plena consonância com os sentimentos, para que o bom senso possa falar com toda a certeza o que deveis aceitar, o que não deveis crer e o que não merece confiança; o que deveis provar é o que podeis comer, já que, na maior disposição de acertar, Deus estará ao vosso lado, ajudando, pelos meios da inspiração, a seleccionardes os vossos próprios caminhos.
E não vos esqueçais de usar a oração como uma das maiores vigilâncias, que logo as tentações se desfarão, os céus e as estrelas aparecerão novamente, vos convidando aos espectáculos das belezas da criação.
E já que falamos em oração, é muito seguro que não vos esqueçais de, quando vos entregardes ao repouso, dirigirdes uma súplica a Deus, nos moldes em que a caridade se associa com o amor.
Esse gesto, ao dormir, por certo nos desvia das sombras que nos espreitam o dia todo.
Tadeu estava envergonhado porque, apesar de ser dado à oração, sempre que se recolhia ao leito, naquele dia, em Cesareia de Filipe, esquecera-se disso, envolvido profundamente em recordações do passado.
Tinha uma certa indisposição para orar quando o sono chegava ao seu carro imantado de ilusões.
Tadeu duvidava, até certo ponto, da eficácia da prece.
João exultou com a recomendação do Mestre, por ser convicto da força da súplica no descanso do corpo, como em todos os problemas.
Jesus vai saindo.
Lembra-se de contar os discípulos.
Somavam apenas onze...
Tadeu faltava, procurando se esconder em meio à multidão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 09, 2022 7:02 pm

40 — Universalidade
Simão O Zelote é o mesmo Simão, o cananita, que aspirava por muita liberdade.
Queria ser livre e tornar seu país também livre, já que carregava o peso da águia romana.
Simão, o Zelote, alimentava ideias grandiosas.
Chegava a pensar na universalidade dos homens e das coisas.
Tinha mente avançada em relação à época em que vivia e não consentia em ser escravo de raça nenhuma.
Não gostava de partidos porque, como o nome indica, deve viver à parte.
Havia abraçado o partido de Judas, o galileu, porque seu programa pregava e dava esperança à socialização de valores e à universalidade dos seres humanos.
Havia direito e deveres para todos, mas, mesmo assim, quando os companheiros começaram a querer obter vantagens pessoais, escapuliu das fileiras, por não ser esse o seu ideal, por não ser essa a sua ardência do coração.
Havia criado seu próprio slogan que consistia em “unificar os bons valores para universalizar os homens”.
Começou a andar sozinho.
Os companheiros que, por vezes arranjava, tinham ideias estreitas e o egoísmo gritante logo se mostrava em suas acções.
Não tinham empenho na solidariedade sem que o comércio entrasse em cogitação. Isso maltratava o velho soldado da justiça.
Zelote, certo dia, resolve andar, mesmo sem rumo, ao invés de ficar na Galileia remoendo ideias e mastigando pensamentos irrealizáveis.
Parte sem destino, anda pra aqui e pra lá, distrai-se com pessoas estranhas e sempre leva vantagem, pela cultura assimilada em muitas escolas e em companhia de personagens que conhecera no arrojo da política.
Gostava de saber sobre a história do mundo e das pessoas e não tinha preguiça de perguntar e responder.
Chegou a Belém de Judá, gostou da aldeia e ali se instalou, conversando com pessoas já ambientadas na comunidade.
Chegou à casa onde Maria se instalara com Jesus, nome já bem comentado nos arredores, como futuro profeta.
Conversa com a mãe do Nazareno e indaga sobre o seu nascimento, que se constituíra em uma espécie de mistério.
Maria confirma como se deu o fenómeno da vinda de Jesus, o anunciado do anjo, a intenção de José, seu marido etc.
Simão, meditando, pediu licença para ficar mais um pouco, não havendo objecção.
Daí a pouco entram na casa dois rapazes de fina disposição física, cujas identidades se faziam visíveis, conversando animadamente sobre as leis, de modo a interessar ao Zelote.
Ao avistarem Simão, deram-se a conhecer como sendo os dois primos:
Jesus e João Batista.
Maria passa a servir algo que lhes restituísse as forças físicas e o cananita serviu-se do alimento no meio deles, já familiarizado com os assuntos, ocasião em que colocou em pauta seus ideais de uma paz única, o que fascinou os dois rapazes.
Simão se dirige a João, que parecia mais dado à conversa:
— Moço, o que achas da política romana, que oprime os sofredores, mesmo que estes não pertençam à sua raça?
Dos políticos que lutam somente para beneficiar certo grupo de pessoas, não logrando êxito por não procurarem a consolidação da verdadeira justiça?
Por que não encontramos pessoas que se unifiquem em uma só ideia, para que ela cresça e seja o bem de todas as criaturas?
Jesus, de lado, perpassou os olhos límpidos e ternos pelo antigo revoltoso e cai no silêncio.
João, notando o impulso daquele coração para a liberdade de todas as criaturas e para o bem comum, sem que sua inteligência encontrasse apoio nas ideias humanas, responde, com soberania:
— Meu senhor!
Essa luta é antiga; já vem desde o início do mundo.
Desde a criação dos seres humanos que o bem esforça-se para tomar corpo na vastidão do mal que ainda domina a humanidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:37 am

Mas nós cremos que o tempo, sendo força do Pai Celestial, como sopro da natureza, passa, após difíceis processos, a dominar esse mal e a transformá-lo em disposições valiosas que a ignorância procura esperdiçar.
As tuas intenções são valiosas e, pelo que dizes, estamos quase em coerência contigo, mas nunca é bom que arranquemos frutos verdes para estômagos delicados.
Nós temos ideais elevados, mas isto não é o bastante.
Precisamos saber onde e quando lutar por eles. Nós temos forças suficientes.
No entanto, temos de descobrir quando e onde executar nossos programas da vida e do espírito.
Nós temos conhecimentos acima da humanidade.
Todavia, em muitos casos, haveremos de conversar da mesma forma que ela, para não confundir seus raciocínios, até que chegue a hora de deixarmos o Sol da verdade brilhar nos corações que anseiam pela libertação.
Quanto às velhas raposas, irão cair nas suas próprias armadilhas.
O antigo discípulo de Judas, o galileu, estava boquiaberto ao tomar uma lição daquela e ao escutar coisas tão reais, aparentemente impossíveis de serem ditas por um rapaz de tamanha simplicidade.
João Batista, sem dar tempo para o diálogo, fala, inspirado:
— Meu senhor, não percas tempo com revoltas nem com transformações fora de momento.
Volta para tua terra e, lá, espera.
Espera, mas nunca de braços cruzados.
Espera lutando contigo mesmo, enriquecendo as possibilidades que sabemos possuíres.
A hora da guerra chegou, mas da guerra interna.
A de fora, entrega a Deus, que sabe como convidar-te para a liberação da humanidade.
João calou-se, voltando à sua habitual humildade.
Jesus contou algumas histórias que conhecia sobre outras nações do mundo e como a presença de Deus, em todas elas, se revela sempre.
A força da dicção, no falar, impressionara, de modo extraordinário, a Simão.
No outro dia, o Zelote partiu com destino à Galileia, com o coração e a inteligência cheios de esperança e fé.
Encontrara o que queria; a diferença é que queria para logo, de qualquer modo, se fosse possível, até pela violência, o que não era aconselhado pelos dois missionários da vida, que Deus colocara na Terra.
Quando Jesus Cristo encontrou Simão Zelote e o chamou para o Seu apostolado, logo ele reconhecera o Senhor e lembrara-se muito das palavras de João Batista, sedento, de corpo e alma, para a realização do seu grande ideal.
Em Betsaida, o cananita escuta a prece da noite, feita por André, irmão de Pedro, pedindo ao Pai Celestial a justiça e a paz para todas as criaturas da Terra.
Levanta-se sem acanhamento o ex-político da Galileia e fala, com veemência, a Jesus:
— Mestre, o que queres dizer, no sentido maior, com o nome de Universalidade e como deveremos entender essa ideia diante de nossos irmãos da Terra?
O Mestre, com proeminência, fala, enternecido:
— Simão! Que Deus te abençoe, meu filho!
Que as tuas ideias sejam livres em todas as direcções, para se juntarem com outras da mesma cordialidade, unificando-se em um todo de luz, para que iluminem com maior profusão.
Jesus, lembrando-se da primeira vez em que se encontrara com Simão, o cananita, na casa de Maria, Sua mãe, em companhia de João Batista, agradou-se em recordar.
E a ternura se expressou em Seu olhar e aqueceu Seu verbo, que explicou o Seu maior ideal:
— Simão! Todas as leis de Deus são universais.
Quando o egoísmo se revela em uma pessoa ou em uma comunidade, é porque foram esquecidos os preceitos da divindade.
O que falamos, pensamos e fazemos deve estar relacionado com o todo, com o interesse colectivo, porque se cada um de nós é uma peça na engrenagem total, a desarmonia de um faz com que todos sofram as consequências.
Cada pessoa é, por assim dizer, a continuação da outra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:37 am

Nos ditames da lei, trabalha para que a tua liberação se dê em primeiro plano, mas não te esqueças de promover, desde que preparado, a liberação dos outros, entendendo o momento exacto da vontade de Deus.
Nós estamos aqui em perfeita unidade com o Senhor do Universo e a Ele entregamos nossa vida, sem pensar nas consequências, desde que sejamos accionados por Ele.
Toda ideia de luz atrai uma força compatível.
Toda intenção das trevas escurece as realizações.
Se queres ser cidadão universal, o que também é o nosso ideal, ajuda a todos, sem distinção, e não cobres de ninguém o bem que fizeste.
Perdoa todas as ofensas, sem que a lembrança do mal atinja a vaidade e o orgulho.
Faz da caridade um dever que aprimora todas as tuas faculdades de servir e nunca procures saber se o beneficiado está à altura de receber a tua assistência.
Ama sem pensar que alguém é obrigado a te devolver amor em troca.
E espera em Deus, que ele te dará o que mereces, sem imposição da tua parte.
O Mestre silencia e Simão fica embevecido com a filosofia divina exposta por Jesus, que continua, com suavidade:
— Meu filho, é do nosso agrado que sejas cidadão universal, para que as ideias de luz tomem corpo na tua mente e se tornem sóis de amor.
Termina com um sorriso incandescente de ternura e sai em busca do ar fresco da madrugada.
Pedro e Tiago o acompanham mais de perto, sorrindo também...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:37 am

41 — Benfeitor
Mais uma vez vamos falar de João Evangelista, o que, de certa forma, nos dá muito prazer, pelo grande alcance de amor que essa alma conseguiu.
É de se notar, em todos os seus feitos, o interesse em amar acima de tudo, tornando-se um benfeitor grandioso.
João tinha anseio de conhecer a vida e os factos referentes as grandes almas.
Sua preocupação o levara à procura da vida dos grandes vultos da humanidade.
Desta feita, iremos mostrar João alinhando ideias e descobrindo os meios de se encontrar com os feitos de um dos maiores espíritos que já desceram à Terra, na India.
Seu nome era Siddhartha Sakyas-Muni Gautami ou, simplesmente, Buda, que nasceu no quinto século antes de Cristo - e viveu oitenta anos.
Pela história que conhecera da boca dos mestres, a vida e a obra desse missionário impressionara bastante a João, que nunca se esquecera de meditar sobre sua personalidade inconfundível.
A atracção era tanta que, se Buda estivesse em sua época na Terra, talvez o tivesse atraído como discípulo.
Buda tinha um ideal que o próprio destino lhe traçara: a perfeição.
Adorava pensar e viver rectamente: pensamentos retos, disciplina recta, alegria recta, amor recto, piedade recta, moral recta, e assim por diante.
O discípulo amado, mesmo antes de conhecer Jesus como Mestre, festejava com alegria as ideias dos benfeitores da humanidade.
Jerusalém estava em festa e João não se esquecera de compartilhar com sua mãe, Salomé.
Assistira a todas as pregações dos doutores da lei antiga e, ao conversar com sua mãe acerca do que ouvira dos mestres da palavra, parecia que existia um vazio em seu coração, faltava algo com que ainda não atinava.
Foi aconselhado a orar, pois somente os céus poderiam dar-lhe uma solução.
Os seus pensamentos pareciam atingir alturas que não existiam no reino da Terra.
Pretendeu fazer pedido directamente a Deus para que lhe fosse dada uma solução, encontrando alguém que pudesse nutrir seu coração e sua inteligência de coisas novas referentes à filosofia religiosa, pois a existente já estava, para ele, carcomida pelo tempo e se desfazendo frente ao progresso.
Não tinha coragem de declarar esses seus interesses.
Somente sentia, intimamente, e almejava conversar com alguém que pudesse dar-lhe água nova para que sua sede se abrandasse.
Uma tarde, parte para os arrabaldes de Jerusalém, sem que sua mãe soubesse.
Recosta-se embaixo de uma grande oliveira, cuja sombra convidava à meditação e ao repouso, e ali ora com fervor.
Não sabe quanto tempo durou sua prece, porque o tempo, frente à felicidade do coração, desaparece.
Começa a escutar um leve sussurro, os galhos da árvore secular acenam em todas as direcções e a suave brisa lhe traz um agradável clima de paz.
Tem a impressão de que é cercado por entidades de cujos lábios brotam um hino encantador e passa a ouvir a música e a letra, que acompanha com alegria.
Sentia que de si saía algo que não podia compreender.
No entanto, entregava-se com amor, pelo que desse e viesse.
Era uma experiência que valia qualquer sacrifício.
Nisto os sons ficam mais audíveis e João começa a ver, na realidade, um coro de entidades angélicas em torno dele.
No centro dessas entidades, surge como que um sol, como se fosse da manhã ou da tarde.
Luzes espargiam-se em todas as direcções, cor de ouro velho que se desfazia em raios de um amarelo encantador, e esse sol se transforma em uma criatura:
Buda — aquele mesmo da tribo dos Sakyas — a lhe dizer:
— A paz seja convosco!
O filho de Zebedeu senta-se à moda dos orientais, instintivamente, e olha para os olhos do Gautami, que pareciam duas estrelas.
De sua boca saíam chamas azuis celestes, intercambiando com um verde claro que partia dos seus lindos dentes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:38 am

E o príncipe da verdade lhe fala, com condescendência, desta forma:
— João, por que te interessas tanto pelos grandes que passaram, a ponto de te fanatizares pelas ideias de te encontrares com eles?
Nem sempre é bom ter essa exigência.
Corres o perigo de seres envolvido pelas trevas que a intolerância propõe.
Para que tenhas notícias novas de uma nova doutrina, de conceitos renovados pela força do progresso, basta procurar mesmo dentre os homens, desde quando não te aflijas em demasia na busca.
A paciência é obra segura, assim a natureza nos informa.
Na verdade, removemos muito entulho da mente humana, entregamos aos nossos seguidores ferramentas correspondentes para o trabalho de iluminação das criaturas, e a eles ficou entregue a ampliação do avanço doutrinário.
São centenas e milhares, a caminho de milhões de almas, que deverão arcar com as responsabilidades de pregar a verdade pelo próprio exemplo, viver os conceitos, para depois falar aos outros.
Isso requer muita luta, muita fibra, para não dizer, a vida cheia de renúncias.
Nós, quando falamos dos céus, apontamos para cima.
E, na verdade, Ele está em cima e, para chegar até Ele, existe uma enorme escada, com intermináveis degraus nos convidando a subir, e cada um que alcançamos é uma conquista que vale o ouro de reformas e realizações.
Buda olha com mansidão para o filho de Salomé e se desfaz nesta conversa:
— Olha, meu filho, não te perturbes tanto com a vida de Buda.
Outra vida muito mais importante, um Mestre muito mais grandioso já se encontra no meio das criaturas, o verdadeiro Príncipe da Paz, que me enviou quando estive movendo um corpo na face da Terra.
E tu serás um dos chamados para Sua divina companhia.
Não percas tempo, prepara-te agora nos mais elevados pensamentos e na melhor vivência do amor, esforça-te na perfeição dos dons que a vida te fez conhecer e procura, no trabalho recto, a tua paz; na benevolência recta, o teu caminho; na justiça recta, o teu ambiente e no amor recto, o teu alimento.
Espera em Deus que o teu dia chegará, como sendo o dia de luz para o teu coração e para a felicidade dos teus.
João se derramava em lágrimas e ainda escutava, mesmo ao longe, a suavidade da música que os anjos entoavam.
Buda torna-se novamente um sol, dizendo a João:
— A paz seja contigo!
Aquele espírito, que se tornara novamente um sol espiritual, parecia entrar nos horizontes da consciência de João.
O filho de Zebedeu sentira que havia dormido, mas na verdade não dormira, e na sua retina passa-se novamente todo o ocorrido, fazendo o moço tornar a sentir as mais puras emoções, que antes não conhecera.
*
Betsaida estava movimentada, alcançando um movimento de gente registrado em poucas festas de datas memoráveis.
João brincava com as crianças nos leitos das ruas e as atraía pelas histórias que contava, visando a alegria dos homens em formação.
Tornava-se uma criança para atraí-las.
Chegando à tarde, Pedro já procurava a igreja dos pescadores com André, sendo logo acompanhados por João.
No amplo salão, levanta-se Judas Tadeu, sentindo na alma o chamado, e ora com prazer.
Em seguida, João, sorridente, busca Jesus com o olhar sereno e pergunta-lhe:
— Mestre, gostaria que nos informasses, do modo que tu compreendes, o que significa a palavra e o conceito de Benfeitor?
Jesus estica sua visão magnânima até João, abençoa o discípulo pela feição agradável e confere o que pensa aos ouvidos dos discípulos:
— Benfeitor, meu filho, é aquele que faz o bem e Benfeitor verdadeiro é aquele que somente faz o bem pelo bem, constantemente.
Não queiras particularizar benefícios em canto algum, nem procures mostrar aos outros que tais e quais são donos de maior sabedoria.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:38 am

O saber total está em Deus, a verdade absoluta está em Deus, e o amor, na sua pureza incomparável, somente Deus o possui.
O que nos anima a todos na disseminação da Boa Nova é a força do Pai Celestial em tudo o que vemos, tocamos e sentimos e, ainda mais, são milhares de Benfeitores que o senhor colocou na Terra, se assim podemos dizer, como estrelas no céu.
Em cada parte, brilha uma alma a sustentar o Bem, que vive eternamente.
Se queres, meu filho, saber o significado de Benfeitor, é este: aquele que entregou a vida para que a atmosfera do amor pudesse se espalhar pela terra toda.
É o espírito que tem o prazer de multiplicar os valores do coração e que disciplina a inteligência, buscando, nessa força da mente, meios que a lógica induz ao verdadeiro aperfeiçoamento espiritual.
É o homem que se dedica ao Bem, não deixando as menores particularidades na sua execução, compreendendo que o Todo Poderoso dá a mesma assistência desde a ínfima parte criada nos mundos que circulam na criação.
A maior expressão física que podes ver de Deus é o Sol, que parece um de seus olhos a nos aquecer, e é bom que percebamos a sua magnanimidade em aquecer planícies, montanhas e mares, insectos e animais de maior porte, sementes no seio da terra e frondosas árvores, enriquecendo as águas com seus raios, dando vida a todos os tipos de peixes desde o quase invisível às enormes baleias.
O Sol é um dos maiores Benfeitores que a vida conhece, por indução de Deus.
Ele faz parte da sequência do amor universal.
Se meditas sobre essas coisas que a caridade nos alerta e a razão nos propõe, encontrarás outras fontes de benefícios que vêm da parte do Senhor do Universo, por bondade daquela luz imortal.
João parecia delirar de felicidade.
Judas estava impaciente, querendo abranger os preceitos assinalados por Jesus de uma só vez.
Pedro parava aqui e ali, meditando, e, de vez em quando, puxava o manto de André e lhe falava ao pé do ouvido acerca dos comentários do Mestre.
Bartolomeu pensava em anotar muitos ensinamentos da noite ao sair da reunião.
Tiago agitava-se intimamente e visualizava o Cristo em uma tribuna, falando a milhares de criaturas.
Os outros discípulos mantinham conversações em voz baixa, aproveitando o intervalo da conversa do Benfeitor Maior.
O Nazareno volta a falar com sobriedade:
— João! Meus filhos! Vós que fostes chamados para nova feição da verdade, não estais somente me ouvindo, sem que o exemplo esclareça.
Todos que comigo se saciam nesses banquetes que o Pai Celestial nos oferta, sentirão nas próprias existências a verdade que vos falo. Não preciso mais dizer que sou aquele que os profetas e adivinhos anunciaram, porque estais sabendo disso pelos dons que possuís e pelos processos de intercâmbio do céu com a Terra.
Os Benfeitores do mundo espiritual estão encarregados de me anunciar e de trabalhar comigo para que a Terra, com o tempo, se torne um Céu.
Eles têm prazer nisso, são os semeadores na grande vinha do mundo, almas iluminadas pela verdade que conheceram.
Eu, em nome do Senhor, os envio para onde se faça necessário, para que a luz nasça como facto comum de cada dia; e eles são obedientes ao meu comando.
A força maior que nos intercala e nos faz entender é o amor, que concebemos ser a mais perfeita presença de Deus.
Nova pausa se faz, embora mais curta.
E Jesus prossegue:
— João! Podes analisar os grandes seres que vivem e que viveram no seio da humanidade e tirar, de cada um deles, a luz de que foram e de que são portadores.
Se queres ser um dos Benfeitores de todos os povos, como não experimentar?
Não podes é esquecer que, para tanto, sempre é preciso nos entregarmos ao Bem sem restrições, de forma que a caridade não pare para seleccionar a quem beneficiar e de forma que o amor se universalize.
Em muitos casos, nos é pedida até a própria vida do corpo, para nos afirmarmos no esquema divino como Benfeitores da humanidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:38 am

Se estivermos dispostos a tudo sem reclamar de nada; se tivermos coragem a ponto de vencer o medo nas noites das perseguições que sempre se sucedem aos dias de esperança; se o perdão sair dos lábios com facilidade, tanto quanto pelo esquecimento; se em todas as provações do aprendizado pudermos manter a serenidade como emblema de confiança em Deus, aí sim, começaremos a ser Benfeitores a caminho da confirmação pelo amor.
A voz do Mestre tomou uma tonalidade musical e os discípulos passaram a escutar uma melodia celestial nesta vibração divina:
— João! Podes ser um Benfeitor da alegria, estimulando essa virtude pelo olhar, pelos pensamentos, pela palavra, que os anjos te ajudarão nesse exercício.
Podes ser um Benfeitor da serenidade, pensando e falando nessa condição superior de que a nobreza espiritual é portadora, nesse trabalho intenso de querer transmitir aos outros.
Mãos invisíveis se fazem mais visíveis, para que os beneficiados alcancem mais benefícios.
Se queres ser um Benfeitor da caridade, começa a examinar as tuas ideias, seleccioná-las, para que o teu verbo seja complacente com todas as criaturas e que a tua fala nunca esqueça o ritmo da instrução, envolvendo-se na esperança e aliando-se à verdade que não fere e se baseia na fé, que alimenta a vida. Sê, meu filho, Benfeitor, pelo prazer de amar indistintamente.
E para que atinjas tais pontos, não esperes que outros venham pegar em tuas mãos como se fosses cego.
Sabes muito bem por onde começar e, se isso ainda não aconteceu, começa hoje mesmo, pelos meios mais próximos ao teu coração.
Todos sorriram intimamente, com excepção de dois, que se achavam tristes, por não alcançar o que Jesus dissera.
João, naquele resto de noite, não dormira mais, pelo prazer de ficar acordado e pensar em tudo o que ouvira dos lábios e do coração do Mestre.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:38 am

42 — Trabalho
Natanael era um jovem de qualidades nobres.
Desde criança, a sua personalidade era marcada por tendências políticas, aperfeiçoando-se, mais tarde, de modo a se encontrar com a verdade pelos canais divinos de Jesus Cristo.
Natanael é o mesmo Bartolomeu.
Tinha um carinho especial por uma grande personalidade que nascera na China, na cidade de Lu, no século VI a.C.
Seu nome era Kung-Fu-Tsé ou, como é popularmente conhecido, Confúcio.
Era vinculado à política de seu país e homem eminentemente popular.
O seu lema era a superioridade sem orgulho e a justiça sem maldade.
Foi aluno de outro astro da filosofia oriental, que admirou até os últimos dias da sua vida na Terra: o Mestre Lao-Tsé.
Natanael desejou, por muito tempo, conhecer mais de perto a vida de Confúcio nos mais pequeninos detalhes que pudessem chegar aos seus sentidos.
E tanto pensava que, um belo dia, em demanda para o Egipto, encontra na cidade de Mênfis um monge que se encontrava em viagem de pesquisas e estudos para o seu mosteiro na Indochina.
Tal homem, que se fizera discípulo de Confúcio, vendo Bartolomeu nas ruínas de um casarão, admirando as antigas construções, bate de leve em seu ombro, toque que se reflectiu no campo espiritual do prometido discípulo de Cristo.
Este, meio confuso, vira-se depressa e depara com grandes olhos mansos fitando-o com profunda naturalidade, dando ensejo a ampla conversação.
Quando Bartolomeu descobre que se tratava de um discípulo de Confúcio, quase emudece de emoção.
Beijou as mãos do monge, demonstrando sua gratidão e respeito à sua superioridade de conhecimentos, sua ternura pelas pessoas e pelas coisas, ficando um e outro à vontade, tornando-se, daquela hora em diante, dois grandes amigos pela afinidade espiritual.
Natanael pergunta ao monge onde estava instalado e quais os motivos da sua vinda àquelas paragens.
Depois de tudo conversado, decidiram ficar juntos, o que muito agradou a Natanael.
E, em uma estalagem, vamos encontrar Natanael e Sir-Ca-Yt na mais descontraída conversa acerca do grande mestre político-religioso, dotado da mais pura filosofia chinesa.
E a madrugada chega sem que eles possam perceber...
Quando a conversação assumia o ponto mais emocional para Bartolomeu, o monge cruza as pernas, põe as mãos no rosto, faz uma reverência, fecha os olhos e cumprimenta Bartolomeu, na mais intensa cordialidade.
O futuro discípulo do Cristo retribui a reverência e espera, meio confuso, o fenómeno se expressar.
De tanto falar, com amor, no Sr. Kung, ele, por misericórdia dos céus, toma as faculdades do monge e fala, transbordante de alegria ao companheiro marcado pelo destino para fazer parte, em futuro próximo, do colégio apostolar de Jesus.
Natanael, alterado na sua compreensão, mas já entendendo o transe do companheiro, diz, com propriedade:
— Com quem tenho a honra de falar, em nome de Deus?
O monge levanta a cabeça suavemente, sorrindo complacente ao amigo que quer ouvir e fala, com sabedoria:
— Eu? Eu?
Quando na passagem pela carne humana, o meu nome era Kung-Fu-Tsé, mais familiarmente, Confúcio.
Bartolomeu sentiu uma tal emoção que o coração parecia um potro desgovernado e xucro, sem obediência ao domador.
De joelhos, procura responder, beijando-lhe as mãos:
— Graças a Deus! Graças a Deus!
Fala, Mestre, que serei todo ouvidos e talvez o meu prazer se confundirá com o meu raciocínio.
Mas fala sem detença!
Confúcio, incorporado no monge Sir-Ca-Yt, abre os olhos e pede a Natanael para ficar à vontade, pois eram dois irmãos em franca conversa.
Parecia chover lá fora e dentro da pequena estalagem também havia outra chuva, em dimensão diferente.
Fluidos flutuavam no ambiente, luzes e cores bordavam o quarto e alguém que se escondia em outra faixa não se esquecera do perfume que imantava o ambiente, sensibilizando as faculdades dos homens em intercâmbio com a luz espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:38 am

Confúcio alinha sua conversação com uma tonalidade melódica:
— Meu filho!
Que o Grande Ser, o Arquitecto Universal te abençoe e ilumine.
Eu quero te falar, ao contrário do que pensas, que não me arrependi de ser político.
As linhas partidárias são escolas que nos levam a alimentar ideias de justiça social, de benefício colectivo.
Fazendo-se líder de defesa do povo, o verdadeiro político vê, no seu próximo, as suas próprias necessidades.
Não obstante, os homens de mau carácter distorcem os objectivos dessa fraternidade.
A política é uma filosofia de Trabalho cujo ideal — de que eu participo com a maior convicção é de servir a verdade, participando do progresso.
Porém, nem todos os homens foram chamados para governar.
O destino marcou-me, dando-me recursos na ajuda dos enviados para dirigir povos, e tive a felicidade de ser útil na instrução das criaturas, com imenso prazer.
Encontrei em minha época governadores despidos quase totalmente de justiça e apeguei-me a ela.
Encontrei reis que desconheciam o valor do Trabalho e fiz deste uma filosofia.
Encontrei dirigentes, em muitas nações, com carência de desprendimento e me fiz desprendido de tudo o que possuía, para que eles visualizassem tais exemplos do amor.
Tive a felicidade de encontrar um mestre que, depois, passou a me guiar no mundo invisível e eu pronuncio o seu nome com respeito e gratidão:
Lao-Tsé, espírito qualificado entre os anjos de Deus.
Meu filho, eu aspirava veementemente por uma era de plena fraternidade, onde o carneiro pudesse andar com o tigre; onde o cão se desse bem com o gato; onde o batráquio não tivesse medo da cobra; onde o lobo respeitasse as ovelhas; onde o caçador desse liberdade aos pássaros; onde os peixes pequenos não temessem os grandes; onde os homens não se matassem mutuamente; onde as mulheres não se escravizassem pelo apego; onde os lares fossem todos alguma coisa do céu; onde os governos não corrompessem as leis; onde os governados respeitassem os direitos da nação; onde o rico não oprimisse o pobre, nem este ofendesse o rico; onde não houvesse cadeias nem necessidade de policiais; onde ninguém tivesse vergonha de partir o pão de sua mesa, por não existir ninguém com fome.
Onde eu fosse tu, tu fosses eu, na mesma sequência do amor que a universalidade estruturou; onde a mãe não se interessasse somente pelo seu filho.
Onde um é por todos e todos por um, pela justiça do Todo Compassivo.
Esfrega as mãos para que o ouvinte meditasse, dando tempo a Bartolomeu para respirar com profundidade no ambiente enriquecido pela luz espiritual, e prossegue, com entusiasmo:
— Natanael! Eu aspirava um mundo desse mas, na verdade, esse mundo vai existir.
Só temos é que esperar. Para tanto, já desceu o Príncipe da Luz, a que todos obedecemos.
Nós fazemos parte de uma legião de espíritos a Seu comando.
Ele é anunciado por todos os profetas, mesmo antes de Moisés.
Na Assíria, na Caldeia, na Babilónia, na Grécia, na China e na India, os clarins já tocaram há milhares de anos, anunciando Sua vinda à Terra.
E eis que Ele chegou, em nome de Deus.
O Messias prometido, é o Cristo que haveria de vir.
Todos os mestres, sem excepção, se curvam diante d’Ele para receber a graça da Sua presença e da Sua atenção.
Ele é, verdadeiramente, a Luz do mundo.
E tu terás a felicidade de seres chamado por Ele.
Acompanha-O ao primeiro balbuciar da Sua fala e participarás do reino de Deus, dentro e fora de ti.
Ele, pela própria presença, vai consolidar as mensagens que todos trouxemos à Terra em variadas épocas, pela Sua aquiescência e pelo Seu amor.
Ele vai ensinar aos homens, mais pelo exemplo, a gostar do trabalho, tanto quanto se alegram nos feriados; a gostar de ajudar, tanto quanto de ser ajudados; a gostar tanto da virtude quanto da beleza; a fazer a caridade, tanto quanto lutar para ser rico; a perdoar, tanto quanto ser perdoado; a ensinar aos outros uma profissão, tanto quanto procurar aprender a trabalhar; a amar a Deus e ao próximo, tanto quanto gostar de ser amado; a se esforçar pela perfeição, tanto quanto procurar viver perfeito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:39 am

Para, sorrindo, leva de leve a mão à cabeça de Natanael, e fala, com bondade:
— Meu filho! Não percas tempo no tempo que se aproxima.
Vai e segue aquele que é, foi e será sempre o nosso Mestre, depois de Deus.
E a paz seja contigo!
Confúcio parte e os dois homens se levantam, abraçando-se e chorando demoradamente, agradecendo a Deus pelos efeitos do seu amor.
Bartolomeu guardou aquele segredo mas, ao ser chamado pelo Cristo, levado por Filipe, voltou à sua mente toda aquela cena agradável na estalagem de Mênfis e lembrou-se de todas as palavras de Confúcio a respeito do Mestre dos mestres.
A lua começara a brilhar cedo em Betsaida.
Bartolomeu aproxima-se do casarão, onde todos os discípulos, menos ele, estavam esperando pelos trabalhos executados por Jesus.
No grande salão, Filipe levanta-se e ora, serenamente.
Ao término da prece, Natanael toma a palavra e pergunta a Jesus:
— Mestre! Que podes nos dizer acerca do Trabalho?
O Nazareno, acomodando-se com elegância no topo de cedro, responde com humildade:
— Natanael! O Trabalho foi a primeira preocupação do Criador.
Ele nunca para no Seu labor infinito e nós, que somos Seus cooperadores, não podemos esmorecer.
É justo observarmos que a vida é Trabalho.
Tudo se move para a garantia da beleza e sustentação da harmonia.
Quem esquece de laborar não participa do progresso e, aí, os efeitos da evolução fugirão do seu convívio.
Não existe ninguém inútil na criação de Deus.
A sabedoria do Senhor deu a todos modos e jeitos de participarem do Trabalho, numa divisão infinita.
O homem meio esmorecido deve observar as formigas, as abelhas, os pássaros, os peixes e até as árvores no seu inquietante labor.
Se até nós desfrutamos do Trabalho de muitos animais é justo que trabalhemos com vigor e alegria.
Por um fenómeno que ainda não podes conhecer, a natureza ambiente se alimenta do que pensamos e do que somos.
Não penses que o Trabalho consiste somente em construir uma casa ou arar a terra.
Não. Toda realização é um Trabalho, desde os primeiros pensamentos para formar as ideias até as mais arrojadas concretizações.
No entanto, não deves esquecer de aprender a trabalhar na frequência do amor e da harmonia.
Falar é um trabalho e saber falar um labor divino.
Instruir é um Trabalho grandioso e instruir bem é parte do dever em que a presença de Deus é mais visível e palpável.
Ouvir é também um Trabalho e saber ouvir, seleccionando o que deve ser guardado no coração, é exercício que encanta a consciência e traz tranquilidade à alma.
Todos somos trabalhadores de Deus e o que Ele espera de nós é que cumpramos os nossos deveres.
O Mestre faz uma pausa.
Sente o pensamento operante de todos e prossegue, serenamente:
— Quantos de vós tivestes ouvido de mim sobre o que vim fazer no reino da Terra?
Muitos; e isso é maior responsabilidade para todos nós.
Viemos implantar na Terra, nos corações de todas as criaturas, o Trabalho verdadeiro, aquele que nunca esquece o amor.
É bom que assim aconteça para que não duvideis daquilo que viemos fazer em nome do Criador de todas as coisas.
Bartolomeu ficou em suspenso, lembrando-se incessantemente do encontro com o monge no Egipto.
E os outros discípulos ficaram com as orelhas queimando, querendo descobrir os segredos de Natanael, que saiu apressadamente, sem se despedir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:39 am

43 — Confiar
Pedro gostava muito de Nazaré, cidadezinha pequena mas muito bem situada, construções de pedra calcária em que a ordem impunha admiração e respeito.
E Pedro admirava os nazarenos com seus cabelos longos, muitos deles amantes da filosofia.
Nazaré ficava na Baixa Galileia, mais para o norte da planície de Esdraelom.
Suas plantações de figueiras e oliveiras embelezavam mais a aldeia, arrematada com os ciprestes.
E o que mais encantava na cidade de Nazaré era a Fonte da Virgem, de onde saía a água para toda a comunidade dos nazarenos.
Quem fosse a Nazaré e não chegasse à Fonte da Virgem, não tinha ido a Nazaré.
Era a atracção do turismo, onde se formavam grupos e mais grupos de homens e mulheres em conversações intermináveis.
Era uma beleza natural.
Simão Pedro Bar Jonas já a conhecera há muito.
Entrementes, quem se cansa da beleza?
Voltava lá sempre que podia, já que era pescador de profissão e por prazer.
As águas lhe faziam muito bem.
Traziam seus sentimentos às praias da mente, beneficiando sua razão.
Eis porque vamos encontrar Pedro em Nazaré, na famosa Fonte da Virgem, contemplando as belezas naturais que a mão do homem igualmente retocou.
Depois de muitas conversações com nazarenos que o conheceram como veterano pescador do Mar da Galileia, recolhe-se a um banco de pedra que a natureza cinzelara, senta-se e começa a pensar.
“Porque motivo aquela fonte foi logo aparecer ali, quem a impulsionou para tal e como aquela água saíra ali com a medida certa de beneficiar aquela população, encantando os visitantes?”
Eis o descortino de Pedro, o pescador.
Daí a pouco, surge um nazarenozinho de uns quatro anos diante do pescador da Galileia, encosta-se em suas pernas e o chama de “vovô”.
Pedro sai da meditação e sorri para a criança, que corresponde com alegria.
O menino pula nas pernas de Pedro e fala com sua voz encantadora:
— Vovô! Eu posso pendurar-me em suas barbas?
Pedro, meio esquisito, ficou um pouco sem responder, enquanto o menino esperava sua decisão.
Passado um pouco, ele sorri para a criança e diz:
— Pode, meu filho, pode.
Por que não?
O garotinho avança com as suas mãozinhas e se pendura nas barbas longas do homem de Betsaida.
Depois agarra-se em seu volumoso pescoço, beijando-o de contentamento.
Pedro ficou encantado com a criança, pelo seu desembaraço, olha dos lados e não vê o acompanhante do garoto.
Esquece o detalhe e começa a responder às perguntas do menino, desta forma:
— Quem te deu essas barbas?
— Foi Deus, meu filho!
— Onde mora esse Deus, vovô?
— Nos céus.
— Onde ficam os céus?
— Lá em cima — Pedro aponta para o alto.
— Você já foi lá, vovô?
Pedro, sem querer mentir, fica calado.
Depois, responde:
— Não, meu filho.
— Como você sabe que fica lá em cima?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:39 am

Pedro nada responde.
— Vovô, você fala.
Quem te ensinou a falar?
Pedro, já preocupado:
— Foi meu pai.
— E quem é seu pai?
— Um homem, lá na cidade de Betsaida.
— E seu pai fala?
— Sim.
— E quem foi que ensinou a ele?
Pedro meditou um pouco e disse:
— Há... há... — Foi Deus.
— E quem é Deus?
Pedro começou a mostrar a fonte ao menino, distrair a criança com outras coisas, porque estava sem jeito para explicar àquele menino as coisas que ele perguntava.
E a criança, viva e alegre, fala com Pedro sorrindo, no maior encanto da beleza infantil:
— Vovô, fecha os olhos!
Pedro demorou-se um pouco e a criança insiste:
— Fecha os olhos, vovô, os olhos!
Pedro já sorrindo também, fecha os olhos e, levantando a criança com ar de brincadeira, fala:
— E quando é que eu vou abri-los?
O menino responde:
— Agora, vovô!
Pedro, com espanto, abre os olhos e, com as mãos para cima, estava segurando seu cajado.
O menino havia sumido das suas calejadas mãos.
Procura aqui e ali, nada...
O menino havia sumido mesmo.
Pedro balança a cabeça, tenta negar o ocorrido, no entanto, vê que não era possível, ele tinha realmente conversado com uma criança e ainda tinha em mente as suas perguntas. Levanta-se, olha demoradamente para as águas límpidas e belas, olha para os céus e fala consigo mesmo:
“Há muito mistério que os homens ignoram”.
E começa a conversar com novos amigos que vão chegando.
O apóstolo, ao chegar à igreja dos pescadores, encontra Filipe à porta, indo os dois proceder à limpeza do salão.
Mateus queria sentir o prazer de orar aquela noite e quando pensava nisto, depara com o olhar de Jesus, entendendo que devia iniciar a prece. Após a súplica, Simão Pedro levanta-se serenamente e pergunta ao Nazareno:
— Senhor, poderia explicar-nos o que se pode entender pela palavra Confiar?
Não só a palavra, mas a prática dessa experiência que, às vezes, me confunde.
Quando e onde confiar?
O Mestre, na sua postura elegante, ajeita o belo manto de linho aos ombros, desliza prazerosamente seu olhar em todos os assistentes e responde, com nobreza:
— A confiança, Pedro, não é material comprável nos mercados da Terra, nem tampouco aquisição dos labores do mundo.
É semente plantada por Deus na consciência das criaturas que pode, pelas mãos do tempo e o esforço de cada dia, ser despertada em cada um, tornando seu crescimento, por assim dizer, infinito nos corações.
Por que não Confiar em ludo?
Com medo de perder alguma coisa?
Perder o que, se nada se perde na imensidão criativa do Criador?
Se alguém te fala algo que o teu coração não pode aceitar, para recusares não é necessário desconfiar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:39 am

Somente não aceitas e basta.
Alimentar a desconfiança, Pedro, é pender-se para o negativo que traz ao coração a dúvida, o medo, falsificando os alicerces de todos os teus ideais.
Esforça-te para que tenhas confiança em tudo e em todos os lances da vida, que essa mesma vida te responderá com a fé, com a certeza, e isso te trará a alegria duradoura e a paz necessária para viveres.
Assim como teces o pano de fio a fio, para que a roupa te cubra o corpo, os pensamentos são fios invisíveis, porém reais, que tecemos todos os dias em sequências permanentes para que formem os nossos mais sagrados ideais, resguardando o nosso corpo espiritual.
Assim poderemos sustentar as nossas vidas, cobrindo-nos com o manto da dignidade.
Se começas a duvidar de tudo o que ouves, como vai ficar a tua mente?
Certamente que ficará negativa e tu serás um negativo andante.
Enquanto, Pedro, não souberes copiar a natureza na sua sábia vivência, debaterás entre as escórias das indecisões até aprenderes com ela as lições ministradas por Deus.
Podes, vamos repetir, rejeitar, sem, com isso, duvidar.
Começa quando a oportunidade apresentar condições e verás que não é tão difícil esse trabalho que a sinceridade pode realizar.
Jesus dá um intervalo e olha mansamente para todos os seus companheiros.
Pedro esfregava as mãos, dando vazão aos pensamentos que jorravam da mente como fonte inestancável.
O Mestre novamente expressa seu modo de entender a confiança e o confiar, na mais pura intimidade:
— Pedro! Acima da confiança nos outros, da confiança no que ouve, da confiança nos destinos da humanidade, é bem melhor que confies muito, mas muito em ti mesmo.
Duvidas da tua capacidade, duvidas do que podes realizar?
Duvidas dos teus sentidos, duvidas das coisas invisíveis?
Se fores por esses caminhos das dúvidas, acabarás duvidando de Deus, Nosso Pai que está nos Céus.
Procura fazer em teu coração um alicerce de confiança, aquela que te assegura nas suas próprias convicções.
Duvidas até do modo pelo qual deves confiar e qual a hora da confiança.
Confiança não tem hora; ela deve ser permanente como a vigilância.
Mas vigiar não é desconfiar, e ter os sentidos ligados à razão que examina os factos e nos dá a direcção daquilo que devemos fazer e o que deve ser rejeitado, sem que a desconfiança tome os sentidos e entorpeça a fé.
Tudo o que fizeres, fá-lo com confiança, acreditando nas suas boas realizações.
Se por ventura algo falhar, como é de costume nas lides humanas, não esmoreças com o ocorrido, e não te lembres da dúvida.
Avança ocupando a mente e o coração em outras atitudes cada vez mais dignas.
Ponderar naquilo que te convida é seleccionar trabalho e não dar vazão às desconfianças que poderão se enraizar na tua cabeça e crescer como semente maligna, dando muito trabalho para ser arrancada.
Aquele que não duvidar em seu coração, já começa a dar mostras de que está entendendo a vida e atendendo ao chamado de Deus por nosso intermédio.
Começa a ser discípulo da verdade, em verdade.
Confiar em si mesmo é um passo avançado no mundo interior.
Compete a cada um começar esse trabalho e eis que as nossas conversações estão cheias de exemplos e a nossa vida completa de execução desses convívios com a lei de Deus.
Na verdade, Pedro, a nossa mente pode produzir fenómenos Indescritíveis à luz da filosofia actual, pelos pesquisadores que se interessam pelos factos.
Porém, diante das coisas divinas que se processam por intermédio dos mesmos homens, ela está bem longe, qual o ocidente do oriente, qual a Terra das estrelas — e é por isso que aconselhamos a oração.
Ela sensibiliza todos os dons que possuis e te dá uma certeza da procedência dos factos acontecidos nos teus caminhos, no intercâmbio dos céus com a Terra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:39 am

Somente quem está nessa função entende os processos, pois a linguagem, na sua pobreza diante da realidade, não consegue dar melhores explicações daquilo que não se vê, com aquilo que é visto.
Já pensaste o que pode acontecer a um homem em dúvida?
É o mesmo que um barco solto ao léu das águas de um rio ou nas ondas furiosas do mar.
O Nazareno firmou a atenção no apóstolo e seus olhos brilhavam qual as estrelas nos céus.
Com firmeza, terminou sua exposição:
— Simão Pedro Bar Jonas!
Nós não devemos nos preocupar em demasia com as coisas de adultos, se ainda não entendemos as ideias das crianças.
Sejamos comedidos mesmo na alimentação espiritual, pois para tudo deve-se ter uma medida e um tempo.
Se levares ao fogo uma massa sem a devida fermentação, o pão irá se atrofiar e não servirá bem ao paladar.
Continua as tuas interrogações e pesquisas, mas não te esqueças de abrir caminho com a sequência da prática, a teoria sem a confirmação são nuvens anunciando chuvas, mas completamente secas.
É bom que não te esqueças disso: não devemos duvidar das pessoas, porque não gostamos delas.
Em muitos casos, o ponto de dúvida está em nós.
Desmerecer o que há de bom nos semelhantes somente porque não possuímos as mesmas qualidades é carência de sinceridade e falta mesmo de justiça.
Pedro ficou preocupado naquela noite.
Jesus batera justamente no ponto fraco do discípulo.
Este saiu pensativo, mas orando em seu coração generoso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:40 am

44 — Ajudar
Filipe deixava extravasar do seu coração os mais puros sentimentos de fraternidade.
Tanto que, quando descobria algo que lhe fazia bem, queria imediatamente levar seus companheiros para desfrutar das mesmas alegrias que seu coração generoso recebera.
Como pescador, compreendia a natureza e amava-a na sua grandiosa exuberância, gostava de conversar sobre os fenómenos de todos os reinos da Terra.
Certo dia, encontrou um comerciante de quinquilharias, ao descer de uma embarcação no Mar da Galileia, que o fascinou pelo jeito de conversar.
Ajuda a carregar seus fardos para uma estalagem e não para de perguntar sobre sua vida, seus feitos e seu destino.
O homem, vivido pelas mais longas andanças na Terra, olha para Filipe e o convida para voltar mais tarde àquele mesmo local, onde os dois pudessem conversar com mais intimidade.
Filipe, naquele dia, com pouco trabalho, ficou pensando sobre o que poderia ser interessante para a conversação e o que ele, Filipe, poderia perguntar ao comerciante, num diálogo fértil.
Enfim, sentia grande atracção por aquele personagem.
À noite se encontrava na estalagem onde foi muito bem recebido pelo cavalheiro, que o convidou ao quarto onde estava recolhido, para que ficassem à vontade.
O comerciante, afeito a boa fala, foi logo falando:
— Meu rapaz, sei que deves gostar de histórias. Sou bom para contá-las e na minha terra natal, a Pérsia, há muitas delas que fascinam e instruem.
Meu nome é um pouco complicado, mas tenho um apelido que podes usar:
Pontão, porque estou sempre na ponta de todos os negócios; tenho, graças aos céus, dons especiais para transacções comerciais.
Por notar que és religioso, tenho para ti a história de um mestre que veio salvar o mundo.
Ele nasceu lá na Pérsia e seu nascimento foi um mistério.
Sua vida foi cheia de fenómenos que enriquecem a fé e seu nome é Zaratustra ou simplesmente Zoroastro.
Eu, particularmente, tenho muito respeito por ele.
Quando estou em dificuldade, apelo para o seu coração e logo sou ajudado, não sei como; só sei que tudo para mim corre bem, graças a ele, alma iluminada.
Por lá, o senhor Zoroastro foi discípulo do grande profeta hebreu Jeremias, que soube preparar seu tutelado.
Zoroastro pregava um Deus único, mas dividido em sete forças ou virtudes que são:
a luz eterna, a sabedoria omnisciente, a rectidão, o poder, a piedade, a benevolência e a vida eterna.
Esse Deus fazia questão de que seu filho Zoroastro aprendesse e dominasse essas forças para libertar os homens da ignorância, que o espírito do mal estava espalhando em toda a face da Terra.
Era, por assim dizer, uma luz que viera para guiar todas as criaturas.
O evangelho que ele escrevera primeiramente foi uma fábula, meu filho, onde foram gastos doze mil couros de vaca.
Esses originais foram destruídos pelo espírito do mal, que por meio das guerras, veio queimar quase tudo.
A mão de Deus, porém, salvou algumas preciosidades desses escritos, que hoje se tornaram um livro sagrado.
Devemos essa catástrofe à Alexandre, que invadiu Persépolis ateando fogo na maior riqueza que a Pérsia teve a felicidade de conquistar pelas mãos daquele anjo que o Senhor dos Céus fez missionário.
— Vê só, meu filho, o primeiro mandamento que ele deixou para todos nós: “Pensar com justiça”.
Isso não é uma maravilha divina?
O segundo é “Falar com justiça”.
Não é uma dupla formidável para quem quer se instruir?
E o terceiro mandamento é “viver com justiça”, o que é o mais difícil.
E há outra máxima dele que não esqueço:
“Não faças aos outros o que não é bom para ti mesmo”.
Eu tenho meditado muito sobre isso e, às vezes, saio dessas regras.
Tu sabes, sou negociante e preciso viver, mas quero que fique claro para ti, eu tenho me esforçado para merecer a graça desse homem de Deus ou desse anjo de Deus, que deve estar no reino de luz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 9:40 am

Por fim, o comerciante da Pérsia narrou para Filipe uma longa história, empolgando o rapaz, que dizia para si mesmo:
“Como existem coisas belas no mundo, que a gente desconhece”, continuando, quase em prece:
“Permita Deus que eu, um simples humano, tenha esses contactos com pessoas de outras plagas e que eu possa transmitir essas experiências”.
O Pontão, finalizando, abraça Filipe, que ouvira tudo completamente calado, aproveitando a oportunidade para dar alguns presentes ao moço de Betsaida.
Despediram-se, prometendo que quando se encontrassem de novo, o comerciante contaria novas histórias sobre seu torrão natal.
Filipe saiu acenando e, apesar do esforço, deixou as lágrimas correrem livremente, pois algo de divino, mesmo saído da boca de um comerciante tocara-lhe o coração.
A gente perde o sono tanto com notícias ruins como com grandes felicidades.
E foi o que aconteceu com Filipe.
O sono não chegou.
Altas horas da madrugada ele, mesmo arriscando-se a algum perigo, entra na barca sozinho e, como era muito cauteloso, vai remando às margens do Lago da Galileia.
A lua derramava uma claridade fria no lençol de águas mansas.
Ondas pequeninas sussurravam baixinho.
Do lado oposto à vastidão das águas, a superfície era tranquila e o filho de Betsaida vê nas águas a sua própria fisionomia que, por vezes, se deformava pela brandura dos ventos, dando puxos e repuxos.
Vê os céus, as estrelas, a lua, sem que seus olhos precisassem olhar para cima, no reflexo do espelho líquido.
De repente, ora a Deus, como se ele estivesse dentro do lago famoso e nota que seu rosto não era mais o seu.
Vê um homem de porte formoso, olhos firmes, cabelos grandes e barbas respeitáveis, fisionomia serena, a lhe dizer:
— Trago-te a paz e a paz quero que tenhas!
Filipe olha assustado para trás, para os lados e não vê ninguém, mas a voz continua:
— Filipe! Não perturbes o coração, não intentes ver-me de outra forma, pois não o conseguirás, somente podes me ouvir.
E acho bom que me ouças, quero te falar sobre algo importante para ti.
Não queiras descobrir como me ouves nem os meios que usamos porque, por enquanto, é improfícua a tua busca.
É mais razoável que simplesmente me ouças e é muito bom, maravilhoso mesmo, que o tempo não passe em vão.
Filipe aquiesceu sem nada responder, apenas balançando a cabeça, pensando:
“Sim! Sim! Sim!
Fala, em nome de Deus, fala que escutarei com todo zelo.
Eu quero mesmo é aprender contigo”.
As águas, no local, tornaram-se repentinamente mansas.
Filipe, com os olhos fitados no personagem cuja figura aparecia dentro das águas, mal piscava.
Zaratustra move os lábios, dizendo:
— Filipe! Aquela história do comerciante foi para alertar- te e despertar-te para algo do passado dentro da tua consciência, ensejando que lembrasses de mim.
Viveste, à minha época, como um dos mais ligados ao meu coração e, agora, venho te falar com urgência acerca do que vais fazer, pois os céus te preparam para uma grande missão: a de acompanhar o Mestre dos mestres, que ora estagia na Terra para a felicidade dos homens.
Esse Mestre é a estrela que há de brilhar em todos os corações.
Sou também Seu discípulo e nisso tenho a maior de todas as alegrias.
Nós somos um acúmulo de almas que trabalhamos com Ele, para que Seu Evangelho se estenda em toda a Terra e atinja a todas as criaturas do mundo.
Aceita o Seu chamado, pois serás, dentre muitos, um dos escolhidos para segui-Lo.
Conhecê-Lo-as pelos prodígios nunca antes operados por seres humanos.
Vai, com Sua magnânima fé e com Seu incomensurável amor, levantar caídos, curar cegos, ressuscitar mortos, dar movimentos a paralíticos, restituir a saúde de pessoas julgadas incuráveis e, ainda mais, trazer, para todas as criaturas, a esperança de que ninguém morre, de que a vida continua em todas as direcções do infinito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 7:03 pm

O retrato foi se desfazendo... e Filipe ainda ouve as últimas palavras de Zoroastro:
— Espera, que a tua hora está prestes a chegar!
Filipe tentou fazer perguntas, mas a aparição não deu tempo, sorriu e desapareceu... dizendo, já ao longe.
— Deixo-te a paz...
Se antes o companheiro de Pedro e André havia perdido o sono, eis que agora é que não veio mesmo.
A felicidade transbordou o cálice do seu coração e o velho barco deslizou pela superfície do lago até que o sol mostrou seus primeiros raios.
Filipe parecia ter vindo do céu, mas como continuava a viver na Terra, desceu do barco, dando com os colegas que o chamaram para a pesca.
Perguntaram-lhe porque estava ali tão cedo e ele despistou com habilidade, distraindo a curiosidade dos amigos.
Começaram a contar casos e a sorrirem, todos juntos.
Encontramos na presente mensagem, a razão pela qual, quando Jesus chamava os Seus discípulos, eles largavam tudo o que possuíam, todos os deveres e acompanhavam o Mestre.
Todos eles já esperavam por essa hora.
Já haviam sido avisados por muitos meios de que a vida e Deus dispõem e, ainda mais, o poder de Jesus e os compromissos por eles assinados no mundo da verdade.
À noite, na igreja dos pescadores, todos se regozijavam como sempre, pois cada reunião trazia muitos conhecimentos, firmando em cada um a convicção dos seus desempenhos e abrindo novas claridades para o futuro.
Pedro, percebendo o olhar de Jesus, levanta-se e abre os trabalhos orando ardentemente.
Filipe, cordial e manso, dispõe-se a saber algo do que guardara na mente:
— Mestre, o que poderemos entender, e quais os melhores processos a adoptar para Ajudar às criaturas?
O Mestre de Nazaré, meigo e compassivo, responde ao discípulo, com manifesto amor:
— Filipe! Para que possamos Ajudar os outros com mais segurança, faz-se indispensável compreender os processos da ajuda e o que significa Ajudar.
Às vezes, a boa vontade sozinha não basta.
Para que possamos nos tornar benfeitores de alguém é preciso que nos aprimoremos nos serviços da caridade.
Não que a exigência acompanhe as atitudes de beneficência, mas que a espontaneidade não seja corrompida com certas imprudências inspiradas pela vaidade.
Podes usar inúmeros meios de ajudar às criaturas nas suas dificuldades, mas nunca passar de determinados limites, marcados pelo dever de cada um, para que a ajuda não se torne em frieza de atitudes próprias.
Esse aprendizado somente se aperfeiçoa com o tempo e a prática permanente.
Certamente, não poderemos desprezar os conceitos que a filosofia da palavra vem nos trazer, pois ela é como o primeiro chamado que as almas ouvem.
A teoria é como se fosse o primeiro preparo para o plantio, por isso indispensável, mas a realização é muito mais significativa.
Uma e outra devem andar de mãos dadas, como a inteligência e o sentimento.
Se um age separado do outro, o ideal se esfria e as realizações se tornam pobres.
Ajudar é muito bom, Filipe.
Todavia, saber ajudar é bem melhor.
A nossa obra na Terra consiste nisso:
Ajudar sem excepção, compreender sem exigências e amar na extensão universal da vida.
Todos vós tendes sido ajudados por meios inesperados, sem entender puramente o sistema empregado na ajuda.
Isso é Deus falando pelos seus inesgotáveis recursos àqueles que estão preparados para ouvi-Lo.
Antes que eu vos chamasse, todos vós já me conhecíeis pelos poderes do Senhor.
Mesmo usando outras criaturas, Deus não desconhece ninguém, todos são Seus filhos do coração.
O rebanho é muito grande e o Pai me entregou o trabalho de zelar por ele e instruí-lo, sem deixar faltar a melhor parte: o amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 7:03 pm

Quando o Todo Poderoso quer, Ele fala connosco pelas pedras que achais sem vida, pelas árvores que não dispõem de boca nem de mente pensante ou pelos animais que não foram agraciados pela razão.
E se bem digo, digo isso:
Ele poderá falar até pelas águas, para que a verdade se estabeleça e a fé marque nos sentimentos a esperança daquilo que deveria vir na época predita pelos céus.
Eis uma ajuda divina para os homens da Terra.
Nós estamos aqui é para aprender como Ajudar melhor aos sofredores, como servir com mais eficiência aos ignorantes e como ser mais úteis aos que pós ofendem por desconhecerem a verdade.
Mesmo os escolhidos ainda mesclam, na ajuda, sentimentos próprios que não condizem com a fraternidade legítima, mas estão a caminho dela.
Sempre que damos a mão a uma pessoa, exigimos que nos ouça; sempre que vestimos um nu, interrogamos sobre sua vida para violentar com conselhos que às vezes desobedecemos; sempre que acolhemos um estropiado, a exigência nossa é que ele force sua educação, a mesma educação que desprezamos na hora dos testemunhos.
O tempo passa vagarosamente durante a pausa, e Filipe medita muito.
O silêncio parecia falar também, porque quem se dispõe a aprender por amor, ouve, como diz o Mestre, vozes de todos os lados, por todos os meios da natureza.
Jesus dá prosseguimento, com sabedoria:
— Filipe, espero que tu e teus companheiros não intenteis Ajudar alimentando sentimentos inferiores.
Não poderemos generalizar essa conversa.
No entanto, apreciamos muito a disciplina, lembrando-nos imediatamente que ela serve certinho para tal e qual pessoa que conhecemos.
E ainda pior, que asseguramos esse meio como se fosse uma ajuda àquela criatura.
Não obstante, quando somos louvados por simples dever, não nos lembramos de transferir esses elogios para as pessoas que realmente os merecem.
Podeis começar a Ajudar a vós mesmos, refreando todos os impulsos que desrespeitam as leis de Deus.
Nós somos verdadeiramente uma harpa divina, onde os sons somente saem com harmonia se as cordas estiverem bem afinadas.
Quantos de vós não ouvistes lições maravilhosas por lábios a que não davam certo valor?
Pois é Deus mostrando que está em todos e em tudo, olhando-nos e ajudando-nos constantemente.
Façamos o mesmo e tornemo-nos dignos de sermos filhos da verdade, compreendendo os meios de Ajudar, de como servir melhor, que as bênçãos dos céus não faltarão aos bons trabalhadores, que se conservarem fiéis aos seus compromissos.
Que Deus nos abençoe, a todos!
Filipe estava cheio de paz...
Aquela noite, tinha certeza de que iria dormir, porque serenara a sua mente pela presença da luz mais intensa em seu coração.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 7:03 pm

45 — Desprendimento
Judas Iscariotes gostava, de certo modo, da grandeza.
E nesse penhor, que se sucedia todos os meses e anos, admirava o rei Salomão pelo seu talento, sua fortuna e seu poder.
Achava esse rei o máximo que um ser humano poderia atingir.
Salomão era, de facto, o personagem mais admirado em todo o mundo no seu tempo e Judas se fascinava quando pensava nele ou ouvia sua história.
Salomão subiu ao trono com vinte anos e governou quarenta.
Foi o último filho de Davi e sua mãe chamava-se Bate-Seba.
Nasceu em Jerusalém e era considerado como homem pacífico por natureza.
Pela significação de seu nome, seu destino era florido de todas as nuances que a felicidade poderia soprar na face da Terra e era isso que Judas Iscariotes idealizava.
Salomão reinou quase mil anos a.C..
Era poeta por natureza, conhecia profundamente a botânica, sobre a qual escreveu tratados de muita profundidade.
Coleccionou animais e plantas de todas as espécies em seu palácio e era portador de sabedoria incomparável, aliada a um discernimento incomum.
Judas Iscariotes era muito amigo de um sacerdote que também admirava Salomão.
O nome desse religioso era Paliotila-Sem-Ju, mais conhecido por Ju.
Judas gostava de conversar com o sacerdote sobre assuntos referentes ao rei mais imponente que a Terra conheceu em sua época. Um dia Ju chama Judas e fala-lhe ao pé do ouvido:
— Judas, eu quero te revelar uma coisa, meu filho, de que tu irás gostar imensamente.
— O que é? — perguntou Judas ansioso.
Ju puxa-o para um canto do templo onde estavam e balbucia:
— Olha, Judas, fiquei conhecendo uma pitonisa do Baixo Egipto que é uma maravilha!
Sabes quem fala por ela?
Para um pouquinho para que Judas pense.
— Não, não sei! Quem é?
— Meu filho, é o rei Salomão, eu assisti!
Mas que sabedoria, mas que encanto a sua palavra!
A moça é realmente divina em seus dons de falar com os mortos!
É bom que vejas!
É bom que vejas!
— Mas como posso ver?
Ju atende com presteza:
— Ela vem aqui em Jerusalém nos próximos meses e talvez fique em nossa casa.
Ela se tornou muito amiga minha, porém precisas de muito tacto no caso, por causa dos príncipes dos sacerdotes.
Eles não podem desconfiar das nossas intenções, ainda mais com a tua participação, entendeu?
— Sim, sim!
Compreendo... Continua, Ju.
— Vamos dar um jeito, somos muito íntimos um do outro, fui eu que dei conhecimento dela aqui nas sinagogas e o interesse é geral no seio das igrejas.
Todavia, o segredo está sendo a maior intenção de todos.
A pitonisa era uma linda egípcia na flor dos seus dezassete anos.
Esplendia em seu sorriso suave encantamento e seu olhar magnetizava todas as criaturas.
Tinha a palavra também cativante.
Seu nome era Flor de Lótus ou Florinda-Flor.
Ficava em casa especial, muito vigiada, mas podia sair acompanhada de certas aias, treinadas especialmente pelos sacerdotes de lá, para que o cerco não fosse rompido por pessoas indesejáveis.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 7:03 pm

Além disso, pela sua vestimenta, até os populares dariam cobertura a ela, caso fosse atacada por marginais.
E, além disso tudo, era contemplada com o acompanhamento em que mais confiava: o espiritual.
Ju conversou com ela acerca de Judas — que já a admirava mesmo sem conhecê-la — explicando que o rapaz era ardoroso admirador do astro que se manifestava através dela: Salomão.
Flor teve pressa em conhecer Judas e combinou tudo com Ju. Seria na sua casa, iria com as aias.
O sacerdote preparou tudo, ornou o ambiente de flores e arranjou até música, dentro do gosto do rei.
No dia aprazado se fizeram as apresentações, com Judas se sentindo o homem mais feliz da Terra, por conhecer aquela beldade, podendo falar ainda com o rei mais venerado de Jerusalém, mesmo depois de séculos após sua morte.
Flor, que já parecia estar tomada por alguma força, adequadamente vestida, desliza pelo centro da sala com vários lápis coloridos.
Desenha um grande círculo no piso e fica no meio dele.
Rabisca outros emblemas e uma estrela onde apoia seus pés, esticando seus braços para cima, ao som da música.
Faz uma oração em aramaico e, em minutos, vai se transformando, como por encanto, saudando todos os presentes e senta-se em uma cadeira toda ornamentada para aquela cerimónia.
Conversou com aqueles que já o conheciam através de Flor e deparou-se com Judas — nessa hora um pouco melancólico — falando, serenamente:
— Meu filho, queres me conhecer?
— Sim, senhor! É o meu maior prazer!
— Pois, na verdade, eu digo que te conheço há muito tempo.
Por vezes, sigo teus passos para ajudar-te nos espinhosos caminhos do teu mundo íntimo.
Querias o desconhecido e eu queria falar com quem muito já falei.
Pois bem, a roda gira sem parar e os seus raios mudam de posição na frequência dos movimentos.
Assim somos nós em relação às nossas vidas.
Assim como ninguém morre, igualmente ninguém para no posto em que se encontra.
Basta dizer que até o que falamos hoje é diferente do que falamos ontem e do que vamos dizer amanhã.
Mas somos os mesmos na estrutura com a qual fomos feitos pelo Todo Poderoso.
Se crês em Deus, crê também em mim e no que eu vou te dizer, para teu próprio bem: trabalha, Judas, por dentro da tua consciência, limpa os entulhos que jogaste nos vales da tua mente, por preguiça de queima, porque cada vez que deixares passar o tempo, a podridão aumenta e te toma o corpo todo.
És meditativo até a melancolia.
Nunca levantas pela manhã com alegria de viver.
Achas a vida um fardo de mau agouro e nunca estás satisfeito com as tuas companhias.
Quando te alegras um pouquinho é com coisas abstractas que fogem à realidade.
Começa a trabalhar no teu coração, modifica teus sentimentos.
Se as forças não te protegem, não esmoreças, que alcançarás o que queres, porque a ajuda dos céus jamais faltará aos homens de boa vontade.
O sacrifício que te serve actualmente é esse, o sacrifício das paixões.
Nos traços da minha existência terrena, fiz coisas que não deveria ter feito como um rei político-religioso, mas alcancei muita glória que me deu plena satisfação.
Eu trabalhei pela alegria, mas alegria com justiça.
Estudei e fiz justiça.
Até quando fui condenado pelos sacerdotes, o meu lema era a justiça.
Essa moça pela qual falo contigo foi uma das vítimas da minha vaidade, mas eu a acompanho hoje nessa sua tarefa de redenção, dando-lhe meu apoio em toda a difusão da verdade.
O que é meu é meu, e o que pertence aos outros eu estou entregando pelos processos da caridade, no silêncio das faculdades, dons abençoados por Deus.
Judas, eu estava esperando esta hora de te perdoar.
Mesmo que não te lembres, não importa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 10, 2022 7:04 pm

Eu falo mais para dentro de ti do que para fora.
O tempo haverá de ensinar-te esse processo de conversação.
Se te alegras conversar comigo, a mim alegra muito mais falar contigo, de coração para coração.
Ninguém pode se esconder do outro, porque as leis não o permitem.
Sempre estamos nos encontrando, nos caminhos da vida.
Iscariotes chorava sem interrupção.
Os presentes não atinavam com o ocorrido, achando que era a emoção que tomava conta do amigo de Ju.
A sala parecia uma festa.
O Espírito Salomão, sorridente, continua a falar com Judas, mudando um pouco na sua dialéctica imperturbável:
— Meu filho, está para chegar a tua hora de decisão.
Serás amparado por um profeta e até eu queria estar em teu lugar para ouvi-lo.
Quando fui rei em Jerusalém e meus feitos brilharam no mundo inteiro, um velho adivinho já tinha me dito da vinda de um Messias para salvar a humanidade, esclarecendo ser da raiz de Davi, meu pai.
Quase não dei crédito, mas sua profecia era certa.
Digo-te que está para chegar a hora de seres chamado para o reino da misericórdia e do amor.
Serás tentado por todos os meios para desfazer os trabalhos desse Mestre, mas nunca conseguirás, nem que tivesses a força de todos os homens, porque Ele está sendo enviado por Deus.
Mas na verdade te digo que mesmo não suportando a fidelidade, não serás desamparado, e terás novas oportunidades até que, por ti mesmo, te ajustes com a consciência para que ela libere os teus feitos e para que tenhas paz e venhas trabalhar connosco neste reino em que me encontro para a eternidade e que nos une pelo amor, pela justiça e pela sabedoria.
Judas quis entrar no círculo para beijar os pés da pitonisa revestida de Salomão, mas foi aconselhado a não fazê-lo.
Alguém que assistia puxou-o com rapidez, fazendo-o assentar-se novamente no banco.
Salomão, sorrindo, saúda os presentes, desejando-lhes muita prosperidade e paz, saúde e trabalho.
Despede-se de um por um, e novamente fala a Judas:
— Nunca queiras ser o que eu fui; essas intenções são irrealizáveis e perderás o tempo em ilusões que não se concretizam.
Deves ser tu mesmo diante do Todo Poderoso e te movimentes naquilo que podes ser. Um profeta novo já se encontra na Terra, mas na verdade Ele é mais velho do que este planeta, porque assistiu seu nascimento e deverá assistir a sua morte.
Esse sim é o maior de todos em todas as programações da vida.
Nós somos os Seus agentes e eu um dos menores.
Tenho prazer em servi-Lo e a maior alegria em amá-Lo.
Sê feliz e não esmoreças na tua jornada, que o Deus de misericórdia nunca se esquecerá de ti, onde estiveres.
E a pitonisa vai balançando as mãos como se estivesse se despedindo — e estava mesmo, — dando adeus aos que ficavam...
Vamos encontrar Judas Iscariotes na igreja dos pescadores, onde assiste Tiago de Alfeu fazer uma prece profunda a Deus, de impressionar os corações sensíveis.
Nisso depara com o olhar magnânimo de Jesus e entende que deveria perguntar algo naquela noite, e assim o faz, com desembaraço:
—Mestre! O que podes nos dizer sobre o Desprendimento?
O Cristo, sentado no cepo, como de costume, apruma as vistas e perpassa os olhos suavemente em todos os seus discípulos, dizendo:
— A paz seja com todos!
Em seguida fala com sabedoria:
— Judas! Desprendimento, no tocante aos bens terrenos, é uma arte de difícil assimilação.
Não devemos nos esquecer das grandes necessidades que temos dos valores materiais e do quanto eles nos servem na jornada terrena.
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Ave Luz - Shaolin/João Nunes Maia - Página 6 Empty Re: Ave Luz - Shaolin/João Nunes Maia

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