LUZ ESPÍRITA
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O QUE É O ESPIRITISMO - Allan Kardec

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 15, 2011 10:36 am

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Quando a mesa se levanta do solo e permanece no ar, sem ponto de apoio, não é com força braçal que o Espírito a suspende, e sim pela acção de uma atmosfera fluídica com que ele a envolve e penetra — fluidos que neutralizam o efeito da gravitação, como o faz o ar com os balões e papagaios.

Esse fluido, penetrando a mesa dá-lhe momentaneamente maior leveza específica.
Quando a mesa descansa no solo, acha-se em caso análogo ao da campânula pneumática em que se fez o vácuo.

São simples comparações estas, para mostrar a analogia dos efeitos e nunca uma absoluta semelhança das causas.

Quando a mesa persegue alguém, não é o Espírito que corre, porque ele pode ficar tranquilamente em seu lugar, e somente lhe dar, por uma corrente fluídica, o impulso preciso para que ela se mova, segundo a sua vontade.

Nas pancadas que se fazem ouvir na mesa, ou em outra parte qualquer, não é o Espírito quem bate com a mão ou com algum objecto;
ele lança, sobre o ponto donde parte o ruído, um jacto de fluido que produz o efeito de um choque eléctrico e modifica os sons, como se pode modificar os que são produzidos pelo ar.

Assim, facilmente se compreende a possibilidade de o Espírito erguer no ar uma pessoa, como levantar um móvel qualquer, transportar um objecto de um para outro lugar, ou atirá-lo a qualquer parte.

É uma só a lei que regula tais fenómenos.

32. Pelo pouco que dissemos, pode-se ver que as manifestações espíritas, de qualquer natureza, nada têm de maravilhoso e sobrenatural;
são fenómenos que se produzem em virtude da lei que rege as relações do mundo visível com o invisível, lei tão natural quanto as da electricidade, da gravitação, etc.

O Espiritismo é a ciência que nos faz conhecer essa lei, como a mecânica nos ensina as do movimento, a óptica as da luz, etc.

Pertencendo à Natureza, as manifestações espíritas se deram em todos os tempos;
a lei que as dirige, uma vez conhecida, vem explicar-nos grande número de problemas, julgados sem solução;
ela é a chave de uma multidão de fenómenos explorados e amplificados pela superstição.

33. Afastado o prisma maravilhoso, nada mais apresentam esses factos que repugne à razão, pois que assim passam a ocupar o seu lugar no meio dos outros fenómenos naturais.

Nos tempos de ignorância, eram reputados sobrenaturais todos os efeitos cuja causa não se conhecia;
as descobertas da Ciência, porém, sucessivamente foram restringindo o círculo do maravilhoso, que o conhecimento da nova lei veio aniquilar.

Aqueles, pois, que acusam o Espiritismo de ressuscitar o maravilhoso, provam, só por isso, que falam do que não conhecem.

34. As manifestações dos Espíritos são de duas naturezas:
efeitos físicos e comunicações inteligentes.

Os primeiros são os fenómenos materiais ostensivos, tais como os movimentos, ruídos, transportes de objectos, etc.;
os outros consistem na troca regular de pensamentos por meio de sinais, da palavra e, principalmente, da escrita.

35. As comunicações que recebemos dos Espíritos podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou frívolas, consoante a natureza dos que se manifestam.

Os que dão provas de sabedoria e erudição, são Espíritos adiantados no caminho do progresso;
os que se mostram ignorantes e maus, são os ainda atrasados, mas que com o tempo hão de progredir.

Os Espíritos só podem responder sobre aquilo que sabem, segundo o seu estado de adiantamento, e ainda dentro dos limites do que lhes é permitido dizer nos, porque há coisas que eles não devem revelar, por não ser ainda dado ao homem tudo conhecer.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 15, 2011 10:37 am

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36. Da diversidade de qualidades e aptidões dos Espíritos, resulta que não basta dirigirmo-nos a um Espírito qualquer para obtermos uma resposta segura a qualquer questão;
porque, acerca de muitas coisas, ele não nos pode dar mais que a sua opinião pessoal, a qual pode ser justa ou errónea.

Se ele é prudente, não deixará de confessar sua ignorância sobre o que não conhece;
se é frívolo ou mentiroso, responderá de qualquer forma, sem se importar com a verdade;
se é orgulhoso, apresentará suas ideias como verdades absolutas.

É por isso que S. João, o Evangelista, diz:
“Não creiais em todos os Espíritos, mas examinai se eles são de Deus.”

A experiência demonstra a sabedoria desse conselho.
Há imprudência e leviandade em aceitar sem exame tudo o que vem dos Espíritos.

É de necessidade que bem conheçamos o carácter daqueles que estão em relação connosco.

(O Livro dos Médiuns, nº 267.)

37. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica e isenta de contradições; nela se respira a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral;
ela é concisa e despida de redundâncias.

Na dos Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vácuo das ideias é quase sempre preenchido pela abundância de palavras.
Todo pensamento evidentemente falso, toda máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda manifestação de malevolência, de presunção ou arrogância, são sinais incontestáveis da inferioridade dos Espíritos.

38. Os Espíritos inferiores são, mais ou menos, ignorantes;
seu horizonte moral é limitado, perspicácia restrita; eles não têm das coisas senão uma ideia muitas vezes falsa e incompleta, e, além disso, conservam-se ainda sob o império dos prejuízos terrestres, que eles tomam, às vezes, por verdades;
por isso, são incapazes de resolver certas questões.

E podem induzir-nos em erro, voluntária ou involuntariamente, sobre aquilo que nem eles mesmos compreendem.

39. Os Espíritos inferiores não são todos, por isso, essencialmente maus;
alguns há que são apenas ignorantes e levianos;
outros pilhéricos, espirituosos e divertidos, sabendo manejar a sátira fina e mordaz.

Ao lado desses encontram-se, no mundo espiritual, como na Terra, todos os géneros de perversidade e todos os graus de superioridade intelectual e moral.

40. Os Espíritos superiores não se ocupam senão de comunicações inteligentes que nos instruam;
as manifestações físicas ou puramente materiais são, mais especialmente, obra dos Espíritos inferiores, vulgarmente designados sob o nome de Espíritos batedores, como, entre nós, as provas de grande força são executadas por saltimbancos e não por sábios.

41. Devemos sempre estar calmos e concentrados, quando entrarmos em comunicação com os Espíritos;
nunca se deve perder de vista que eles são as almas dos homens e que é inconveniente fazer do seu trabalho um passatempo ou pretexto de divertimentos.
Se lhes respeitamos os despojos mortais, maior respeito ainda nos devem merecer como Espíritos.

As reuniões frívolas, sem objectivo sério, faltam a um dever;
os que as compõem esquecem-se de que, de um momento para outro, podem entrar no mundo dos Espíritos, e não ficarão satisfeitos se os tratarem com pouca atenção.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 15, 2011 10:37 am

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42. Outro ponto igualmente essencial a considerar é que os Espíritos são livres e só se comunicam quando querem, com quem lhes convém e quando as suas ocupações lho permitem;

não estão às ordens e à mercê dos caprichos de quem quer que seja;
a ninguém é dado fazê-los manifestar-se quando não o queiram, nem dizer o que desejem calar;

de sorte que ninguém pode afirmar que tal Espírito há de responder ao seu apelo em dado momento, ou que há de responder a tal ou tal pergunta que se lhe dirigir.

Asseverar o contrário é demonstrar ignorância dos princípios mais elementares do Espiritismo.
Só o charlatanismo tem princípios infalíveis.

43. Os Espíritos são atraídos pela simpatia, semelhança de gostos, caracteres e intenção dos que desejam a sua presença.

Os Espíritos superiores não vão às reuniões fúteis, como um sábio da Terra não vai a uma assembleia de rapazes levianos.

O simples bom-senso nos diz que isso não pode ser de outro modo; se acaso, porém, eles aí se mostram algumas vezes, é somente com o fim de dar um conselho salutar, combater os vícios, reconduzir ao bom caminho os que dele se iam afastando;
então, se não forem atendidos, retiram-se.

Forma juízo completamente erróneo aquele que crê que Espíritos sérios se prestem a responder a futilidades, a questões ociosas em que se lhes manifeste pouca afeição, falta de respeito e nenhum desejo de se instruir;
e ainda menos que eles venham dar-se em espectáculo para desfastio dos curiosos.

Vivos, eles não o fariam;
mortos, também o não fazem.

44. A frivolidade das reuniões dá como resultado atrair os Espíritos levianos que só procuram ocasião de enganar e mistificar.

Pelo mesmo motivo que os homens graves e sérios não comparecem às assembleias de medíocre importância, os Espíritos sérios só comparecem às reuniões sérias, que têm por fim, não a curiosidade, porém, a instrução.

É nessas assembleias que os Espíritos superiores dão ensinamentos.

45. Do que precede, resulta que toda reunião espírita, para ser proveitosa, deve, como condição primacial, ser séria, em recolhimento, devendo aí proceder-se com respeito, religiosidade e dignamente, se se quer obter o concurso habitual dos bons Espíritos.

Convém não esquecer que se esses mesmos Espíritos aí se tivessem apresentado, quando encarnados, ter-se-ia com eles todas as considerações, a que depois de desencarnados ainda têm mais direito.

46. Em vão se alega a utilidade de certas experiências curiosas, frívolas e divertidas, para convencer os incrédulos; é a um resultado contrário que se chega.

O incrédulo, já propenso a escarnecer das mais sagradas crenças, não pode ver uma coisa séria naquilo de que se zomba, nem pode respeitar o que lhe não é apresentado de modo respeitável;
por isso, retira-se sempre com má impressão das reuniões fúteis e levianas, onde não encontra ordem, gravidade e recolhimento.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 15, 2011 10:38 am

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O que, sobretudo, pode convencê-lo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara;
é diante de suas palavras graves e solenes, de suas revelações íntimas, que o vemos comover-se e empalidecer.

Mas, pelo facto mesmo de ele ter respeito, veneração e amor à pessoa cuja alma se lhe apresenta, fica chocado e escandalizado ao vê-la mostrar-se em uma assembleia irreverente, no meio de mesas que dançam e das gatimanhas dos Espíritos brincalhões;
incrédulo como é, sua consciência repele essa aliança do sério com o ridículo, do religioso com o profano;
por isso tacha tudo de charlatanismo e, muitas vezes, sai menos convicto do que entrou.

As reuniões dessa natureza fazem sempre mais mal que bem, porque afastam da doutrina maior número de pessoas do que atraem;
além de que, prestam-se à crítica dos detractores, que assim acham fundados motivos para zombarias.

47. Erra quem considera brinquedo as manifestações físicas;
se não têm a importância do ensino filosófico, têm sua utilidade do ponto de vista dos fenómenos, pois que são o alfabeto da ciência, da qual deram a chave.

Ainda que menos necessárias hoje, elas ainda concorrem para a convicção de algumas pessoas.

De nenhum modo, porém, são elas incompatíveis com a ordem e a decência que deve haver nessas reuniões experimentais;
se sempre as praticassem convenientemente, convenceriam com mais facilidade e produziriam, a todos os respeitos, muito melhores resultados.

48. Certas pessoas fazem uma ideia muito falsa das evocações;
algumas crêem que elas consistem em fazer sair da tumba os mortos, com todo o aparato lúgubre.

O pouco que a respeito temos dito, deverá dissipar tal erro.

É só nos romances, nos contos fantásticos de almas do outro mundo e no teatro que aparecem os mortos descarnados, saindo dos sepulcros, envoltos em mortalhas e fazendo chocalhar os ossos.

O Espiritismo, que nunca fez milagres, não produz este e jamais pretendeu fazer reviver um corpo morto.

Quando o corpo está na tumba, não sairá mais dela;
porém, o ser espiritual, fluídico e inteligente, aí não se acha com esse grosseiro invólucro, do qual se separou no momento da morte, e, uma vez operada essa separação, nada mais há de comum entre eles.

49. A crítica malévola representou as comunicações espíritas como mescladas pelas práticas ridículas e supersticiosas da magia e da nigromancia;
se esses homens que falam do Espiritismo, sem conhecê-lo, se dessem ao trabalho de estudá-lo, teriam poupado esses desperdícios de imaginação, que só servem para provar sua ignorância ou má vontade.

Às pessoas estranhas à ciência cumpre-nos dizer que, para nos comunicarmos com os Espíritos, não há dias, horas e lugares mais propícios uns que os outros;
que, para evocá-los, não existem fórmulas nem palavras sacramentais ou cabalísticas;

que não se precisa para isso de preparação alguma, nem de iniciação;
que o emprego de qualquer sinal ou objecto material, seja para atraí-los, seja para repeli-los, não exerce efeito algum, bastando só o pensamento;

e, finalmente, que os médiuns recebem as comunicações, tão simples e naturalmente como se fossem ditadas por uma pessoa viva, sem que saiam do estado normal.

Só o charlatanismo pode inventar o emprego de modos excêntricos e acessórios ridículos.

O apelo aos Espíritos faz-se em nome de Deus, com respeito e recolhimento;
é a única coisa que se recomenda às pessoas sérias que desejem entrar em relação com Espíritos sérios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 15, 2011 10:38 am

FIM PROVIDENCIAL DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS

50.
O fim providencial das manifestações é convencer os incrédulos de que tudo para o homem não se acaba com a vida terrestre, e dar aos crentes ideias mais justas sobre o futuro.

Os bons Espíritos nos vêm instruir para nosso melhoramento e avanço e não para revelar-nos o que não devemos saber ainda, ou o que só deve ser conseguido pelo nosso trabalho.

Se bastasse interrogar os Espíritos para obter a solução de todas as dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas, todo ignorante podia tornar-se sábio sem estudar, todo preguiçoso ficar rico sem trabalhar; é o que Deus não quer.

Os Espíritos ajudam o homem de génio pela inspiração oculta, mas não o eximem do trabalho nem das investigações, a fim de lhe deixar o mérito.

51. Faria ideia bem falsa dos Espíritos, quem neles quisesse ver auxiliares dos leitores da buena-dicha.

Os Espíritos sérios se recusam a ocupar de coisas fúteis;
os frívolos e zombeteiros tratam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se importarem com a verdade, e encontram maligno prazer em mistificar as pessoas demasiado crédulas.

Neste caso, é essencial conhecer-se perfeitamente a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Espíritos.

(O Livro dos Médiuns, nº 286: “Perguntas que se podem fazer aos Espíritos”.)

52. Fora do terreno do que pode ajudar o nosso progresso moral, só há incerteza nas revelações que se podem obter dos Espíritos.

A primeira consequência má, para aquele que desvia sua faculdade do fim providencial, é ser mistificado pelos Espíritos enganadores que pululam ao redor dos homens;

a segunda é cair sob o domínio desses mesmos Espíritos, que podem, por pérfidos conselhos, conduzi-lo a adversidades reais e materiais na Terra;
a terceira é perder, depois da vida terrestre, o fruto do conhecimento do Espiritismo.

53. As manifestações não são, pois, destinadas a servir aos interesses materiais;
sua utilidade está nas consequências morais que delas dimanam;

não tivessem, elas, porém, como resultado senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, demonstrar materialmente a existência da alma e sua imortalidade, e já isso seria muito, porque era largo caminho novo aberto à Filosofia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 15, 2011 10:38 am

DOS MÉDIUNS

54.
Os médiuns apresentam numerosíssimas variedades nas suas aptidões, o que os torna mais ou menos próprios para obtenção de tal ou tal fenómeno, de tal ou tal género de comunicação.

Segundo essas aptidões, distinguimo-los por médiuns de efeitos físicos, de comunicações inteligentes, videntes, falantes, auditivos, sensitivos, desenhadores, poliglotas, poetas, músicos, escreventes, etc.

Não devemos esperar do médium aquilo que está fora dos limites da sua faculdade.

Sem o conhecimento das aptidões mediúnicas, o observador não pode achar a explicação de certas dificuldades ou de certas impossibilidades que se encontram na prática.

(O Livro dos Médiuns, cap. XVI, nº 185)

55. Os médiuns de efeitos físicos são mais particularmente aptos para provocar fenómenos materiais, como movimentos, pancadas, etc., com o auxílio de mesas e outros objectos;
quando esses fenómenos revelam um pensamento ou obedecem a uma vontade, são efeitos inteligentes que, por isso mesmo, denotam uma causa inteligente:
é um dos modos por que os Espíritos se manifestam.

Por meio de um número de pancadas convencionadas, obtém-se as respostas sim ou não, ou, então, a designação das letras do alfabeto que servem para formar palavras ou frases. Esse meio primitivo é muito demorado e não se presta a grandes desenvolvimentos.

As mesas falantes foram a estreia da ciência; hoje, porém, que se possuem meios de comunicação tão rápidos e completos como entre os viventes, ninguém mais recorre àqueles senão acidentalmente e como experimentação.

56. De todos os meios de comunicação, a escrita é, ao mesmo tempo, o mais simples, o mais rápido, o mais cómodo, e que permite mais desenvolvimento; é também a faculdade que se encontra mais frequentemente.

57. Para obter a escrita serviram-se, no princípio, de intermediários materiais, como cestinhas, pranchetas, etc., munidas de um lápis.
(O Livro dos Médiuns, cap. XIII, nº 152 e seguintes)

Mais tarde, reconheceu-se a inutilidade desses acessórios e a possibilidade, para os médiuns, de escrever directamente com a mão, como nas circunstâncias ordinárias.

58. O médium escreve sob a influência dos Espíritos, que se servem dele como de um instrumento; sua mão é arrastada por um movimento involuntário, que, o mais das vezes, não pode dominar.

Certos médiuns não têm consciência alguma do que escrevem, outros a têm mais ou menos vaga, ainda quando o pensamento lhes seja estranho;
é o que distingue os médiuns mecânicos dos médiuns intuitivos ou semi-mecânicos.

A ciência espírita explica o modo de transmissão do pensamento do Espírito ao médium, e o papel deste último nas comunicações.

(O Livro dos Médiuns, cap. XV, nº 179 e seguintes; cap. XIX, nº 223 e seguintes)

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:38 am

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59. O médium não tem mais que a faculdade de se poder comunicar, mas a comunicação efectiva depende da vontade dos Espíritos.

Se estes não quiserem manifestar-se, aquele nada obterá; será qual instrumento sem músico que o toque.

Visto que os Espíritos só se comunicam quando querem ou podem, não estão sujeitos ao capricho de ninguém;
nenhum médium tem o poder de forçá-los a se apresentarem.

Isto explica a intermitência da faculdade nos melhores médiuns, e as interrupções que sofrem, às vezes, durante muitos meses.

Seria, pois, um erro comparar a mediunidade a uma propriedade do talento.
O talento adquire-se pelo trabalho, quem o possui é sempre dele senhor;
ao passo que o médium nunca o é de sua faculdade, pois que ela depende de vontade estranha.

60. Os médiuns de efeitos físicos que obtêm, regularmente e à vontade, a produção de certos fenómenos, admitindo que não haja embuste, estão em relação com Espíritos de baixa esfera que se comprazem nessa espécie de exibições, e que talvez foram prestidigitadores quando na Terra;
seria, porém, absurdo pensar que Espíritos, mesmo de pouca elevação, se divirtam em executar farsas teatrais.

61. A obscuridade necessária à produção de certos efeitos físicos, presta-se, sem dúvida, à suspeita, mas nada prova contra a realidade deles.

Sabemos que em Química algumas combinações não podem ser operadas à luz; que muitas composições e decomposições se produzem sob a acção do fluido luminoso;

ora, todos os fenómenos espíritas são resultantes de uma combinação dos fluidos próprios do Espírito com os do médium;
desde que esses fluidos são matéria, não admira que, em certas circunstâncias, essa combinação seja contrariada pela presença da luz.

62. As comunicações inteligentes realizam-se igualmente pela acção fluídica do Espírito sobre o médium, sendo preciso que o fluido deste último se identifique com o do Espírito.

A facilidade das comunicações depende do grau de afinidade existente entre os dois fluidos.

Cada médium é assim mais ou menos apto para receber a impressão ou a impulsão do pensamento de tal ou tal Espírito;
podendo ser bom instrumento para um e péssimo para outro.

Resulta daí que se achando juntos dois médiuns, igualmente bem dotados, poderá o Espírito manifestar-se por um e não por outro.

63. É um erro acreditar-se que basta ser médium para receber, com igual facilidade, comunicações de qualquer Espírito.

Não existem médiuns universais para as evocações, nem com aptidão para produzir todos os fenómenos.

Os Espíritos buscam, de preferência, os instrumentos que lhes sejam mais apropriados;
impor-lhes o primeiro médium que tenhamos à mão, seria o mesmo que obrigar uma pianista a tocar violino, supondo que, por saber música, pode ela tocar qualquer instrumento.

64. Sem a harmonia, que só pode nascer da assimilação fluídica, as comunicações são impossíveis, incompletas ou falsas.

Podem ser falsas, porque, em vez do Espírito que se deseja, não faltam outros sempre prontos a manifestarem-se e que pouco se importam com a verdade.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:51 am

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65. A assimilação fluídica é, algumas vezes, totalmente impossível entre certos Espíritos e certos médiuns;
outras vezes — e é o caso mais comum — ela não se estabelece senão gradualmente e com o tempo;

é o que explica a maior facilidade com que os Espíritos se manifestam pelo médium com que estão mais habituados;
e também porque as primeiras comunicações atestam quase sempre certo constrangimento e são menos explícitas.

66. A assimilação fluídica é tão necessária nas comunicações pela tiptologia como pela escrita, visto que, tanto num como noutro caso, se trata da transmissão do pensamento do Espírito, qualquer que seja o meio material por que ela se faça.

67. Não se pode impor um médium ao Espírito que se quer evocar, convindo deixar-lhe a escolha do instrumento.

Em todo o caso, é necessário que o médium se identifique previamente com o Espírito, pelo recolhimento e pela prece, ou mesmo durante alguns minutos, e mesmo muitos dias antes se for possível, de modo a provocar e activar a assimilação fluídica.

É um meio de se atenuar a dificuldade.

68. Quando as condições fluídicas não são propícias à comunicação directa do Espírito ao médium, ela pode fazer-se por intermédio do guia espiritual deste último;
neste caso, o pensamento não vem senão em segunda mão, isto é, depois de haver atravessado dois meios.

Compreende-se, então, quanto é importante ser o médium bem assistido;
porque, se ele o for por um Espírito obsessor, ignorante ou orgulhoso, a comunicação será necessariamente adulterada.

Aqui as qualidades pessoais do médium desempenham forçosamente um papel importante, pela natureza dos Espíritos que ele atrai a si.

Os mais indignos médiuns podem possuir poderosas faculdades, porém, os mais seguros são os que a esse poder reúnem as melhores simpatias no mundo espiritual;
ora, essas simpatias não ficam, de forma alguma , demonstradas pelos nomes, mais ou menos imponentes, revestidos pelos Espíritos que assinam as comunicações, mas, sim, pelo fundo constantemente bom das mesmas.

69. Qualquer que seja o modo de comunicação, a prática do Espiritismo, do ponto de vista experimental, apresenta numerosas dificuldades e não é isenta de inconvenientes para quem não tem a experiência necessária.

Quer se experimente mesmo, quer se seja simples observador das experiências de outrem, é essencial saber distinguir as diferentes naturezas dos Espíritos que se podem manifestar, conhecer a causa de todos os fenómenos, as condições em que se podem produzir, os obstáculos que lhe podem ser opostos, a fim de que se não perca tempo, pedindo o impossível.

Não é menos necessário conhecer todas as condições e escolhos da mediunidade, a influência do meio, das disposições morais, etc.
(O Livro dos Médiuns, 2ª parte)
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:52 am

ESCOLHOS DA MEDIUNIDADE

70.
Um dos maiores escolhos da mediunidade é a obsessão, isto é, o domínio que certos Espíritos podem exercer sobre os médiuns, impondo-se-lhes sob nomes apócrifos e impedindo que se comuniquem com outros Espíritos.

É também um obstáculo que se depara a todo observador novato e inexperiente que, não conhecendo os caracteres desse fenómeno, pode ser iludido pelas aparências, como aquele que, desconhecendo a medicina, pode enganar-se sobre a causa e natureza de qualquer mal.

Se o estudo prévio, neste caso, é útil para o observador, mais indispensável é ao médium, a quem fornece os meios de prevenir um inconveniente que lhe poderia trazer bem desagradáveis consequências.

Assim, é pouca toda a recomendação para que o estudo preceda à prática.
(O Livro dos Médiuns, cap. XXIII)

71.A obsessão apresenta três graus principais bem característicos:
a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.

No primeiro, o médium tem perfeitamente consciência de não obter coisa alguma boa;
ele não se ilude acerca da natureza do Espírito que se obstina em se lhe manifestar, e do qual deseja desembaraçar-se.

Este caso não oferece gravidade alguma:
é um simples incómodo, do qual o médium se liberta, deixando momentaneamente de escrever.

O Espírito, cansando-se de não ser ouvido, acaba por se retirar.
A fascinação obsessional é muito mais grave, porque nela o médium é completamente iludido.

O Espírito que o domina apodera-se de sua confiança, a ponto de impedi-lo de julgar as comunicações que recebe, fazendo-lhe achar sublimes os maiores absurdos.

O carácter distintivo deste género de obsessão é provocar no médium uma excessiva susceptibilidade e levá-lo a não acreditar bom, justo e verdadeiro senão o que ele escreve;

a repelir e, mesmo, considerar mau todo conselho e toda observação crítica, preferindo romper com os amigos a convencer-se de que está sendo enganado;

a encher-se de inveja contra os outros médiuns cujas comunicações sejam julgadas melhores que as suas;
a querer impor-se nas reuniões espíritas, das quais se afasta quando não pode dominá-las.

Essa actuação do Espírito pode chegar ao ponto de ser o indivíduo conduzido a dar os passos mais ridículos e comprometedores.

72. Um dos caracteres distintivos dos maus Espíritos é a imposição;
eles dão ordens e querem ser obedecidos;
os bons nunca se impõem;
dão conselhos, e, se não são atendidos, retiram-se.

Resulta daí que a impressão que em nós produzem os maus Espíritos é sempre penosa, fatigante e muitas vezes desagradável;
ela provoca uma agitação febril, movimentos bruscos e desordenados;
a dos bons, pelo contrário, é calma, branda e agradável.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:52 am

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73. A subjugação obsessional, designada outrora sob o nome de possessão, é um constrangimento físico exercido sempre por Espíritos da pior espécie e que pode ir à neutralização do livre-arbítrio do paciente.

Ela se limita, muitas vezes, a simples impressões desagradáveis;
porém, muitas vezes provoca movimentos desordenados, actos insensatos, gritos, palavras injuriosas ou incoerentes, de que o subjugado, às vezes, compreende o ridículo, mas não pode abster-se.

Este estado difere essencialmente da loucura patológica com que erradamente a confundem, pois na possessão não há lesão orgânica alguma;
sendo diversa a causa, outros devem ser também os meios de curá-la.

A aplicação do processo ordinário das duchas e tratamentos corporais poderá, muitas vezes, determinar o aparecimento de uma verdadeira loucura, onde só havia uma causa moral.

74. Na loucura propriamente dita, a causa do mal é interna;
importa restituir o organismo ao seu estado normal;

na subjugação, essa causa é externa, e tem-se necessidade de libertar o doente de um inimigo invisível, não lhe opondo remédios materiais, porém uma força moral superior à dele.

A experiência prova que nunca, em tal caso, os exorcismos produziram resultado satisfatório:
antes agravaram que minoraram a situação.

Indicando a verdadeira fonte do mal, só o Espiritismo pode dar os meios de combatê-lo, fazendo a educação moral do Espírito obsessor;
por conselhos prudentemente dirigidos, chega-se a torná-lo melhor e a fazê-lo renunciar voluntariamente à atormentação do enfermo, que então fica livre.

(O Livro dos Médiuns, nº 279.
— Revue Spirite, fevereiro, março e junho de 1864.
— “La jeune obsédée de Marmande”)

75. A subjugação obsessional é ordinariamente individual;
quando, porém, uma falange de Espíritos maus se lança sobre uma povoação, ela pode apresentar carácter epidémico.

Foi um fenómeno desse género que se verificou ao tempo do Cristo;
só um poder moral superior podia então domar esses entes malfazejos, designados sob o nome de demónios, e restituir a calma às suas vítimas.

76. Um facto importante a considerar-se é que a obsessão, qualquer que seja a sua natureza, é independente da mediunidade, e que ela se encontra, de todos os graus, principalmente do último, em grande número de pessoas que nunca ouviram falar de Espiritismo.

De facto, os Espíritos, tendo existido em todos os tempos, têm sempre exercido a mesma influência;
a mediunidade não é uma causa, mas simples modo de manifestação dessa influência;

pelo que podemos dizer com certeza que todo médium obsediado sofre de um modo qualquer e, muitas vezes, nos actos mais comuns da sua vida, os efeitos dessa influência que, sem a mediunidade, se manifestaria por outros efeitos, muitas vezes atribuídos a enfermidades misteriosas, que escapam às investigações da medicina.

Pela mediunidade o ente maléfico denuncia a sua presença;
sem ela, é um inimigo oculto, de quem se não desconfia.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:52 am

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77. Os que repelem tudo que não afecte os nossos sentidos, não admitem essa causa oculta;

mas, quando a Ciência tiver saído da senda materialista, reconhecerá na acção do mundo invisível que nos cerca, e no meio do qual vivemos, um poder que reage sobre as coisas físicas, assim como sobre as morais;

será um novo caminho aberto ao progresso e a chave de grande número de fenómenos até hoje mal compreendidos.

78. Como a obsessão nunca pode ser produto de um bom Espírito, torna-se um ponto essencial o saber reconhecer-se a natureza dos que se apresentam.

O médium não esclarecido pode ser enganado pelas aparências, mas o prevenido percebe o menor sinal suspeito, e o Espírito, vendo que nada pode fazer, retira-se.

O conhecimento prévio dos meios de distinguir os bons dos maus Espíritos é, pois, indispensável ao médium que se não quer expor a cair num laço.

Ele o é também ao simples observador, que pode, por esse meio, apreciar o justo valor do que vê e ouve.

(O Livro dos Médiuns, cap. XXIV)
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:53 am

QUALIDADES DOS MÉDIUNS

79.
A faculdade mediúnica é uma propriedade do organismo e não depende das qualidades morais do médium; ela se nos mostra desenvolvida, tanto nos mais dignos, como nos mais indignos. Não se dá, porém, o mesmo com a preferência que os Espíritos bons dão ao médium.

80. Os Espíritos bons se comunicam mais ou menos de boa vontade por esse ou aquele médium, segundo a simpatia que lhe votam.

A boa ou má qualidade de um médium não deve ser julgada pela facilidade com que ele obtém comunicações, mas por sua aptidão em recebê-las boas e em não ser ludibriado pelos Espíritos levianos e enganadores.

81. Os médiuns menos moralizados recebem também, algumas vezes, excelentes comunicações, que não podem vir senão de bons Espíritos, o que não deve ser motivo de espanto:
é muitas vezes no interesse dos médiuns e com o fim de dar-lhes sábios conselhos.

Se eles os desprezam, maior será a sua culpa, porque são eles que lavram a sua própria condenação.
Deus, cuja bondade é infinita, não pode recusar assistência àqueles que mais necessitam dela.

O virtuoso missionário que vai moralizar os criminosos, não faz mais que os bons Espíritos com os médiuns imperfeitos.

De outra sorte, os bons Espíritos, querendo dar um ensino útil a todos, servem-se do instrumento que têm à mão;
porém, deixam-no logo que encontram outro que lhes seja mais afim e melhor se aproveite de suas lições.

Retirando-se os bons Espíritos, os inferiores, que pouco se importam com as más qualidades morais do médium, acham então o campo livre.

Resulta daí que os médiuns imperfeitos, moralmente falando, os que não procuram emendar-se, tarde ou cedo são presas dos maus Espíritos, que, muitas vezes, os conduzem à ruína e às maiores desgraças, mesmo na vida terrena.

Quanto à sua faculdade, tão bela no começo e que assim devia ter sido conservada, perverte-se pelo abandono dos bons Espíritos, e, afinal, desaparece.

82. Os médiuns de mais mérito não estão ao abrigo das mistificações dos Espíritos embusteiros;

primeiro, porque não há ainda, entre nós, pessoa assaz perfeita, para não ter algum lado fraco, pelo qual dê acesso aos maus Espíritos; segundo, porque os bons Espíritos permitem mesmo, às vezes, que os maus venham, a fim de exercitarmos a nossa razão, aprendermos a distinguir a verdade do erro e ficarmos de prevenção, não aceitando cegamente e sem exame tudo quanto nos venha dos Espíritos;

nunca, porém, um Espírito bom nos virá enganar;
o erro, qualquer que seja o nome que o apadrinhe, vem de uma fonte má.

Essas mistificações ainda podem ser uma prova para a paciência e perseverança do espírita, médium ou não;
e aqueles que desanimam, com algumas decepções, dão prova aos bons Espíritos de que não são instrumentos com que eles possam contar.

83. Não nos deve admirar ver maus Espíritos obsediarem pessoas de mérito, quando vemos na Terra homens de bem perseguidos por aqueles que o não são.
É digno de nota que, depois da publicação de O Livro dos Médiuns, o número de médiuns obsidiados diminuiu muito;

os médiuns, prevenidos, tornam-se vigilantes e espreitam os menores indícios que lhes podem denunciar a presença de mistificadores.

A maioria dos que se mostram ainda nesse estado não fizeram o estudo prévio recomendado, ou não deram importância aos conselhos que receberam.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:53 am

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84. O que constitui o médium, propriamente dito, é a faculdade;
sob este ponto de vista, pode ser mais ou menos formado, mais ou menos desenvolvido.

O médium seguro, aquele que pode ser realmente qualificado de bom médium, é o que aplica a sua faculdade, buscando tornar-se apto a servir de intérprete aos bons Espíritos.

O poder que tem o médium de atrair os bons e repelir os maus Espíritos, está na razão da sua superioridade moral, da posse do maior número de qualidades que constituem o homem de bem;
é por esses dotes que se concilia a simpatia dos bons e se adquire ascendência sobre os maus Espíritos.

85. Pelo mesmo motivo, as imperfeições morais do médium, aproximando-o da natureza dos maus Espíritos, tiram-lhe a influência necessária para afastá-los de si;
em vez de se impor, sofre a imposição destes.

Isto não só se aplica aos médiuns, como também a todos indistintamente, visto que ninguém há que não esteja sujeito à influência dos Espíritos.
(Vede acima, números 74 e 75.)

86. Para impor-se ao médium, os maus Espíritos sabem explorar habilmente todas as suas fraquezas, e, entre os nossos defeitos, o que lhes dá margem maior é o orgulho, sentimento que se encontra mais dominante na maioria dos médiuns obsidiados e, principalmente, nos fascinados.

É o orgulho que faz se julguem infalíveis e repelam todos os conselhos.

Esse sentimento é infelizmente excitado pelos elogios de que são objecto;
basta que um médium apresente faculdade um pouco transcendente, para que o busquem, o adulem, dando lugar a que ele exagere sua importância e se julgue como indispensável, o que vem a perdê-lo.

87. Enquanto o médium imperfeito se orgulha pelos nomes ilustres, frequentemente apócrifos, que assinam as comunicações por ele recebidas e se considera intérprete privilegiado das potências celestes, o bom médium nunca se crê assaz digno de tal favor;

ele tem sempre uma salutar desconfiança do merecimento do que recebe e não se fia no seu próprio juízo;
não sendo senão instrumento passivo, compreende que o bom resultado não lhe confere mérito pessoal, como nenhuma responsabilidade lhe cabe pelo mau;

e que seria ridículo crer na identidade absoluta dos Espíritos que se lhe manifestam.

Deixa que terceiros, desinteressados, julguem do seu trabalho, sem que o seu amor-próprio se ofenda por qualquer decisão contrária, do mesmo modo que um actor não se pode dar por ofendido com as censuras feitas à peça de que é intérprete.

O seu carácter distintivo é a simplicidade e a modéstia;
julga-se feliz com a faculdade que possui, não por vanglória, mas por lhe ser um meio de tornar-se útil, o que faz de boa mente quando se lhe oferece ocasião, sem jamais incomodar-se por não o preferirem aos outros.

Os médiuns são os intermediários, os intérpretes dos Espíritos;
ao evocador e, mesmo, ao simples observador, cabe apreciar o mérito do instrumento.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:53 am

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88. Como todas as outras faculdades, a mediunidade é um dom de Deus, que se pode empregar tanto para o bem quanto para o mal, e da qual se pode abusar.

Seu fim é pôr-nos em relação directa com as almas daqueles que viveram, a fim de recebermos ensinamentos e iniciações da vida futura.

Assim como a vista nos põe em relação com o mundo visível, a mediunidade nos liga ao invisível.
Aquele que dela se utiliza para o seu adiantamento e o de seus irmãos, desempenha uma verdadeira missão e será recompensado.

O que abusa e a emprega em coisas fúteis ou para satisfazer interesses materiais, desvia-a do seu fim providencial, e, tarde ou cedo, será punido, como todo homem que faça mau uso de uma faculdade qualquer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:54 am

CHARLATANISMO

89.
Certas manifestações espíritas facilmente se prestam à imitação;
porém, apesar de as terem explorado os prestidigitadores e charlatães, do mesmo modo que o fazem com tantos outros fenómenos, é absurdo crer-se que elas não existam e sejam sempre produto do charlatanismo.

Quem estudou e conhece as condições normais em que elas se dão, distingue facilmente a imitação da realidade;
além disso, aquela nunca pode ser completa e só ilude o ignorante, incapaz de distinguir as diferenciações características do fenómeno verdadeiro.

90. As manifestações que se imitam, com mais facilidade, são as de efeitos físicos e as de efeitos inteligentes vulgares, como movimentos, pancadas, transportes, escrita directa, respostas banais, etc.;

não se dá o mesmo, porém, com as comunicações inteligentes de subido alcance;
para imitar aquelas, bastam destreza e habilidade;

ao passo que, para simular as últimas, se torna necessária, quase sempre, uma instrução pouco comum, uma superioridade intelectivo excepcional, uma faculdade de improvisação universal, se assim nos permitem classificá-la.

91. Os que não conhecem o Espiritismo, são geralmente induzidos a suspeitar da boa-fé dos médiuns;
só o estudo e a experiência lhes poderão fornecer os meios de se certificarem da realidade dos factos;

fora disso, a melhor garantia que podem ter está no desinteresse absoluto e na probidade do médium;
há pessoas que, por sua posição e carácter, estão acima de qualquer suspeita.

Se a tentação do lucro pode excitar à fraude, o bom-senso diz que o charlatanismo não se mostra onde nada tem a ganhar.

(O Livro dos Médiuns, cap. XXVIII: “Do charlatanismo e do embuste”
— Médiuns interesseiros, Fraudes espíritas, no 304.
— Revue Spirite, 1862, pág. 52)

92. Entre os adeptos do Espiritismo, encontram-se entusiastas e exaltados, como em todas as coisas;
são, em geral, os piores propagadores, porque a facilidade com que, sem exame, aceitam tudo, desperta desconfiança.

O espírita esclarecido repele esse entusiasmo cego, observa com frieza e calma, e, assim, evita ser vítima de ilusões e mistificações.

À parte toda a questão de boa-fé, o observador novato deve, antes de tudo, atender à gravidade do carácter daqueles a quem se dirige.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:54 am

IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS

93.
Uma vez que no meio dos Espíritos se encontram todos os caprichos da humanidade, não podem deixar de existir entre eles os ardilosos e os mentirosos;
alguns não têm o menor escrúpulo de se apresentar sob os mais respeitáveis nomes, com o fim de inspirarem mais confiança.

Devemos, pois, abster-nos de crer de um modo absoluto na autenticidade de todas as assinaturas de Espíritos.

94. A identidade é uma das grandes dificuldades do Espiritismo prático, sendo muitas vezes impossível verificá-la, sobretudo quando se trata de Espíritos superiores, antigos relativamente à nossa época.

Entre os que se manifestam, muitos não têm nomes para nós;
mas, então, para fixar as nossas ideias, eles podem tomar o de um Espírito conhecido, da mesma categoria da sua;
de modo que, se um Espírito se comunicar com o nome de S.

Pedro, por exemplo, nada nos prova que seja precisamente o apóstolo desse nome;
tanto pode ser ele como outro da mesma ordem, como ainda um enviado seu.

A questão da identidade é, neste caso, inteiramente secundária e seria pueril atribuir-lhe importância;
o que importa é a natureza do ensino, se é bom ou mau, digno ou indigno da personagem que o assina;
se esta o subscreveria ou repeliria: eis a questão.

95. A identidade é de mais fácil verificação quando se trata de Espíritos contemporâneos, cujo carácter e hábitos sejam conhecidos, porque é por esses mesmos hábitos e particularidades da vida privada que a identidade se revela mais seguramente e, muitas vezes, de modo incontestável.

Quando se evoca um parente ou um amigo, é a personalidade que interessa, e então é muito natural buscar-se reconhecer a identidade;
os meios, porém, que geralmente emprega para isso quem não conhece o Espiritismo, senão imperfeitamente, são insuficientes e podem induzir a erro.

96. O Espírito revela sua identidade por grande número de circunstâncias, patenteadas nas comunicações, nas quais se reflectem seus hábitos, carácter, linguagem e até locuções familiares.

Ela se revela ainda nos detalhes íntimos em que entra espontaneamente, com as pessoas a quem ama: são as melhores provas;
é muito raro, porém, que ele satisfaça às perguntas directas que lhe são feitas a esse respeito, sobretudo se elas partirem de pessoas que lhe são indiferentes, com intuito de curiosidade ou de prova.

O Espírito demonstra a sua identidade como quer e pode, segundo o género de faculdade do seu intérprete e, às vezes, essas provas são superabundantes;
o erro está em querer que ele as dê, como deseja o evocador; é então que ele recusa sujeitar-se às exigências.

(O Livro dos Médiuns, cap. XXIV: “Identidade dos Espíritos”.
— Revue Spirite , 1862, pág. 82: “Fait d’identité”)
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:54 am

CONTRADIÇÕES

97.
As contradições que frequentemente se notam, na linguagem dos Espíritos, não podem causar admiração senão àqueles que só possuem da ciência espírita um conhecimento incompleto, pois são a consequência da natureza mesma dos Espíritos, que, como já dissemos, não sabem as coisas senão na razão do seu adiantamento, sendo que muitos podem saber menos que certos homens.

Sobre grande número de pontos, eles não emitem mais que a sua opinião pessoal, que pode ser mais ou menos acertada, e conservar ainda um reflexo dos prejuízos terrestres de que se não despojaram;
outros forjam sistemas seus, sobre aquilo que ainda não conhecem, particularmente no que diz respeito a questões científicas e à origem das coisas.

Nada, pois, há de surpreendente, em que nem sempre estejam de acordo.

98. Espantam-se de encontrarem comunicações contraditórias assinadas por um mesmo nome.
Somente os Espíritos inferiores mudam de linguagem com as circunstâncias, mas os Espíritos superiores nunca se contradizem.

Por pouco que se esteja iniciado nos mistérios do mundo espiritual, sabe-se com que facilidade certos Espíritos adoptam nomes diferentes, para dar mais peso às suas palavras;
disso com segurança se pode inferir que se duas comunicações, radicalmente contraditórias no fundo, trazem o mesmo nome respeitável, uma delas é necessariamente apócrifa.

99. Dois meios podem servir para fixar as ideias sobre as questões duvidosas:
o primeiro, é submeter todas as comunicações ao exame severo da razão, do bom-senso e da lógica;

é uma recomendação que fazem todos os bons Espíritos;
abstêm-se de fazê-la os maus, pois sabem não ter senão a perder com esse exame sério, pelo que evitam discussão e querem ser cridos sob palavra.

O segundo critério da verdade está na concordância do ensino.

Quando o mesmo princípio é ensinado em muitos pontos por diferentes Espíritos e médiuns estranhos uns aos outros e isentos de idênticas influências, pode-se concluir que ele está mais próximo da verdade do que aquele que emana de uma só fonte e é contradito pela maioria.

(O Livro dos Médiuns, cap. XXVII, “Das contradições e das mistificações”.
— Revue Spirite , abril 1864, pág. 99: “Autorité de la doctrine spirite”.
O Evangelho segundo o Espiritismo, “Introdução”.)
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:55 am

CONSEQUÊNCIAS DO ESPIRITISMO

100.
Ante a incerteza das revelações feitas pelos Espíritos, perguntarão:
para que serve, então, o estudo do Espiritismo?
Para provar materialmente a existência do mundo espiritual.

Sendo o mundo espiritual formado pelas almas daqueles que viveram, resulta de sua admissão a prova da existência da alma e sua sobrevivência ao corpo.

As almas que se manifestam, nos revelam suas alegrias ou seus sofrimentos, segundo o modo por que empregaram o tempo de vida terrena;
nisto temos a prova das penas e recompensas futuras.

Descrevendo-nos seu estado e situação, as almas ou Espíritos rectificam as ideias falsas que faziam da vida futura e, principalmente, acerca da natureza e duração das penas.

Passando assim a vida futura do estado de teoria vaga e incerta ao de facto conhecido e positivo, aparece a necessidade de trabalhar o mais possível, durante a vida presente, que é tão curta, em proveito da vida futura, que é indefinida.

Suponhamos que um homem de vinte anos tenha a certeza de morrer aos vinte e cinco anos, que fará ele nestes cinco anos que lhe restam?
Trabalhará para o futuro?

Certamente que não;
procurará gozar o mais possível, acreditando ser uma tolice submeter-se a fadigas e privações, sem proveito.

Se, porém, ele tiver a certeza de viver até aos oitenta anos, seu procedimento será outro, porque então compreenderá a necessidade de sacrificar alguns instantes do repouso actual para assegurar o repouso futuro, durante longos anos.

O mesmo se dá com aquele que tem a certeza da vida futura.
A dúvida relativamente a esse ponto conduz naturalmente a tudo sacrificar aos gozos do presente, daí ligar-se excessiva importância aos bens materiais.

A importância que se dá aos bens materiais excita a cobiça, a inveja e o ciúme do que tem pouco contra aquele que tem muito.

Da cobiça ao desejo de adquirir, por qualquer preço, o que o vizinho possui, o passo é simples;
daí ódios, querelas, processos, guerras e todos os males engendrados pelo egoísmo.

Com a dúvida sobre o futuro, o homem, acabrunhado nesta vida pelo desgosto e pelo infortúnio, não vê senão na morte o termo dos seus sofrimentos;
e assim, nada esperando, procura pelo suicídio a aproximação desse termo.

Sem esperança de futuro é natural que o homem seja afectado e se desespere com as decepções por que passa.
Os abalos violentos que experimenta, repercutem-lhe no cérebro e são a fonte da maioria dos casos de loucura.

Sem a vida futura, a actual se torna para o homem a coisa capital, o único objecto de suas preocupações, ao qual ele tudo subordina;
por isso, quer gozar a todo custo, não só os bens materiais como as honrarias;

aspira a brilhar, elevar-se acima dos outros, eclipsar os vizinhos por seu fausto e posição;
daí a ambição desordenada e a importância que liga aos títulos e a todos os efeitos da vaidade, pelos quais ele é capaz de sacrificar a própria honra, porque nada mais vê além.

A certeza da vida futura e de suas consequências muda-lhe totalmente a ordem de ideias e lhe faz ver as coisas por outro prisma;
é um véu que se levanta descobrindo imenso e esplêndido horizonte.

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Diante da infinidade e grandeza da vida de Além-túmulo, a vida terrena some-se, como um segundo na contagem dos séculos, como o grão de areia ao lado de uma montanha. Tudo se torna pequeno, mesquinho, e ficamos pasmos de haver dado importância a coisas tão efémeras e pueris.

Daí, no meio dos acontecimentos da vida, uma calma, uma tranquilidade que já constituem uma felicidade, comparadas às desordens e tormentos a que nos sujeitamos, com o fito de nos elevarmos acima dos outros;

daí, também, para as vicissitudes e decepções, uma indiferença que, tirando todo motivo de desespero, afasta numerosos casos de loucura e desvia forçosamente o pensamento do suicídio.

Com a certeza do futuro, o homem espera e se resigna;
com a dúvida perde a paciência, porque nada espera do presente.

O exame daqueles que já viveram, provando que a soma da felicidade futura está na razão do progresso moral efectuado e do bem que se praticou na Terra;
que a soma de desditas está na razão dos vícios e más acções, imprime em quantos estão bem convencidos dessa verdade uma tendência, assaz natural, para fazer o bem e evitar o mal.

Quando a maioria dos homens estiver convencida dessa ideia, quando ela professar esses princípios e praticar o bem, este, impreterivelmente, triunfará do mal aqui na Terra;

procurarão os homens não mais se molestarem uns aos outros, regularão suas instituições sociais — tendo em vista o bem de todos e não o proveito de alguns;
em uma palavra, compreenderão que a lei da caridade ensinada pelo Cristo é a fonte da felicidade, mesmo neste mundo, e assim basearão as leis civis sobre as leis da caridade.

A demonstração da existência do mundo espiritual que nos cerca e de sua acção sobre o mundo corporal, é a revelação de uma das forças da Natureza e, por consequência, a chave de grande número de fenómenos até agora incompreendidos, tanto na ordem física quanto na moral.

Quando a Ciência levar em conta essa nova força até hoje desconhecida, rectificará imenso número de erros provenientes de atribuir tudo a uma única causa: a matéria.

O conhecimento dessa nova causa, nos fenómenos da Natureza, será uma alavanca para o progresso, produzirá o efeito da descoberta de um agente inteiramente novo.

Com o auxílio da lei espírita, o horizonte da Ciência se alargará, como se alargou com o da lei da gravitação.

Quando do alto de suas cátedras os sábios proclamarem a existência do mundo espiritual e sua participação nos fenómenos da vida, eles infiltrarão na mocidade o contraveneno das ideias materialistas, em vez de predispô-la à negação do futuro.

Nas lições de filosofia clássica, os professores ensinam a existência da alma e seus atributos, segundo as diversas escolas, mas sem apresentar provas materiais.

Não parece estranho que, quando se lhes fornecem as provas que não tinham, eles as repelam e classifiquem de superstições?
Não será isso o mesmo que confessar a seus discípulos que eles lhes ensinam a existência da alma, mas que de tal fato não têm prova alguma?

Quando um sábio emite uma hipótese, sobre um ponto de ciência, procura com empenho e colhe com alegria tudo o que possa demonstrar a veracidade dessa hipótese; como, pois, um professor de filosofia, cujo dever é provar a seus discípulos que eles têm uma alma, despreza os meios de lhes fornecer uma patente demonstração?

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101. Suponhamos que os Espíritos sejam incapazes de ensinar-nos alguma coisa além do que já sabemos, ou do que por nós mesmos poderemos saber;

vê-se que só a demonstração da existência do mundo espiritual conduz forçosamente a uma revolução nas ideias;
ora, uma revolução nas ideias não pode deixar de produzir outra na ordem das coisas.

É esta revolução que o Espiritismo prepara.

102. Os Espíritos, porém, fazem mais que isso;
se as suas revelações são rodeadas de certas dificuldades, se elas exigem minuciosas precauções para se lhes comprovar a exactidão, não é menos real que os Espíritos esclarecidos — quando sabemos interrogá-los e quando lhes é permitido — podem revelar-nos factos ignorados, dar-nos a explicação do que não compreendemos e encaminhar-nos para um progresso mais rápido.

É nisto, sobretudo, que o estudo sério e completo da ciência espírita é indispensável, a fim de só se lhe pedir o que ela pode dar e do modo por que o pode fazer;
ultrapassando esses limites é que nos expomos a ser enganados.

103. As menores causas podem produzir grandes efeitos;
assim como de um grãozinho pode brotar uma árvore imensa, a queda de um fruto fez descobrir a lei que rege os mundos;

as rãs, saltando num prato, revelaram a potência galvânica;
também do fenómeno vulgar das mesas girantes saiu a prova da existência do mundo invisível, e, desta, uma doutrina que, em alguns anos, fez a volta do mundo e pode regenerá-lo pela verificação da realidade da vida futura.

104. O Espiritismo ensina poucas verdades absolutamente novas, ou mesmo nenhuma, em virtude do axioma — nada há de novo debaixo do Sol.

Só as verdades eternas são absolutas;
as que o Espiritismo prega, sendo fundadas sobre leis naturais, existiram de todos os tempos, pelo que encontraremos, em todas as épocas, esses germens que, mediante estudo mais completo e mais atentas observações, conseguiram desenvolver.

As verdades ensinadas pelo Espiritismo são antes consequências que descobertas.

O Espiritismo não descobriu nem inventou os Espíritos, como não descobriu o mundo espiritual, no qual se acreditou em todos os tempos;
todavia, ele o prova por factos materiais e o apresenta em sua verdadeira luz, desembaraçando-o dos preconceitos e ideias supersticiosas, filhos da dúvida e da incredulidade.

OBSERVAÇÃO — Estas explicações, incompletas como são, bastam para mostrar a base em que se assenta o Espiritismo, o carácter das manifestações e o grau de confiança que podem inspirar, segundo as circunstâncias.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 16, 2011 10:56 am

CAPÍTULO III

Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita

PLURALIDADE DOS MUNDOS


105.
Os diferentes mundos que circulam no espaço, terão habitantes como a Terra?
Todos os Espíritos o afirmam e a razão diz que assim deve ser.

A Terra não ocupa no Universo nenhuma posição especial, nem por sua colocação, nem pelo seu volume, e nada justificaria o privilégio exclusivo de ser habitada.

Além disso, Deus não teria criado milhares de globos, com o fim único de recrear-nos a vista, tanto mais que o maior número deles se acha fora de nosso alcance.

(O Livro dos Espíritos, nº 55.
— Revue Spirite, 1858, pág. 65: “Pluralité des mondes”, por Flammarion)

106. Se os mundos são povoados, serão seus habitantes, em tudo, semelhantes aos da Terra?
Em uma palavra, poderiam eles viver entre nós, e nós entre eles?


A forma geral poderia ser, mais ou menos, a mesma, mas o organismo deve ser adaptado ao meio em que eles têm de viver, como os peixes são feitos para viver na água e as aves no ar.

Se o meio for diverso, como tudo leva a crê-lo e como parece demonstrá-lo as observações astronómicas, a organização deve ser diferente;
não é, pois, provável que, em seu estado normal, eles possam mudar de mundo com os mesmos corpos.

Isto é confirmado por todos os Espíritos.

107. Admitindo que esses mundos sejam povoados, estarão na mesma colocação que o nosso, sob o ponto de vista intelectual e moral?

Segundo o ensino dos Espíritos, os mundos se acham em graus de adiantamento muito diferentes;
alguns estão no mesmo ponto que o nosso;
outros são mais atrasados, sendo sua humanidade mais bruta, mais material e mais propensa ao mal.

Pelo contrário, outros são muito mais adiantados moral, intelectual e fisicamente;
neles, o mal moral é desconhecido, as artes e as ciências já atingiram um grau de perfeição que foge à nossa apreciação;

a organização física, menos material, não está sujeita aos sofrimentos, moléstias e enfermidades;

aí os homens vivem em paz, sem buscar o prejuízo uns dos outros, isentos dos desgostos, cuidados, aflições e necessidades que os apoquentam na Terra.

Há, finalmente, outros ainda mais adiantados, onde o invólucro corporal, quase fluídico, se aproxima cada vez mais da natureza dos anjos.

Na série progressiva dos mundos, o nosso nem ocupa o primeiro nem o último lugar, mas é um dos mais materializados e atrasados.

(Revue Spirite, 1858, págs. 67, 108 e 223.
— Idem, 1860, págs. 318 e 320.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III)
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 17, 2011 10:34 am

DA ALMA

108.
Qual a sede da alma?

A alma não está, como geralmente se crê, localizada num ponto particular do corpo;
ela forma com o perispírito um conjunto fluídico, penetrável, assimilando-se ao corpo inteiro, com o qual ela constitui um ser complexo, do qual a morte não é, de alguma sorte, mais que um desdobramento.

Podemos figuradamente supor dois corpos semelhantes na forma, um encaixado no outro, confundidos durante a vida e separados depois da morte.

Nessa ocasião um deles é destruído, ao passo que o outro subsiste.
Durante a vida a alma age mais especialmente sobre os órgãos do pensamento e do sentimento.

Ela é, ao mesmo tempo, interna e externa, isto é, irradia exteriormente, podendo mesmo isolar-se do corpo, transportar-se ao longe e aí manifestar sua presença, como o provam a observação e os fenómenos sonambúlicos.

109. Será a alma criada ao mesmo tempo em que o corpo, ou anteriormente a este?

Depois da questão da existência da alma, é esta uma das questões mais capitais, porque de sua solução dimanam as mais importantes consequências;
ela é a única capaz de explicar uma multidão de problemas até hoje insolúveis, por não se ter nela acreditado.

De duas uma: ou a alma existia, ou não existia antes da formação do corpo;
não pode haver meio-termo.

Com a preexistência da alma tudo se explica lógica e naturalmente;
sem ela, encontram-se tropeços a cada passo, e, mesmo, certos dogmas da Igreja ficam sem justificação, o que tem conduzido muitos pensadores à incredulidade.

Os Espíritos resolveram a questão afirmativamente, e os factos, como a lógica, não podem deixar dúvidas a esse respeito.

Admita-se, ao menos como hipótese, a preexistência da alma, e veremos aplainar-se a maioria das dificuldades.

110. Se a alma já existia, antes da sua união com o corpo tinha ela sua individualidade e consciência de si?

Sem individualidade e sem consciência de si mesma, seria como se não existisse.

111. Antes da sua união com o corpo, já tinha a alma feito algum progresso, ou estava estacionária?

O progresso anterior da alma é simultaneamente demonstrado pela observação dos fatos e pelo ensino dos Espíritos.

112. Criou Deus as almas iguais moral e intelectualmente, ou fê-las mais perfeitas e inteligentes umas que as outras?

Se Deus as houvesse feito umas mais perfeitas que as outras, não conciliaria essa preferência com a justiça.

Sendo todas as criaturas obra sua, por que dispensaria ele do trabalho umas, quando o impõe a outras para alcançarem a felicidade eterna?
A desigualdade das almas em sua origem seria a negação da justiça de Deus.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 17, 2011 10:34 am

Continua...

113. Se as almas são criadas iguais, como explicar a diversidade de aptidões e predisposições naturais que notamos entre os homens, na Terra?

Essa diversidade é a consequência do progresso feito pela alma, antes da sua união ao corpo.
As almas mais adiantadas, em inteligência e moralidade, são as que têm vivido mais e mais progredido antes de sua encarnação.

114. Qual o estado da alma em sua origem?

As almas são criadas simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal, mas com igual aptidão para tudo.

A princípio, encontram-se numa espécie de infância, sem vontade própria e sem consciência perfeita de sua existência.
Pouco a pouco o livre-arbítrio se desenvolve, ao mesmo tempo em que as ideias.

(O Livro dos Espíritos, nº 114 e seguintes)

115. Fez a alma esse progresso anterior, no estado de alma propriamente dita, ou em precedente existência corporal?

Além do ensino dos Espíritos sobre esse ponto, o estudo dos diferentes graus de adiantamento do homem, na Terra, prova que o progresso anterior da alma deve fazer-se em uma série de existências corporais, mais ou menos numerosas, segundo o grau a que ele chegou;
a prova disto está na observação dos factos que diariamente estão sob os nossos olhos.

(O Livro dos Espíritos, nº 166 a 222.
— Revue Spirite , abril, 1862, páginas 97 a 106.)
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 17, 2011 10:34 am

O HOMEM DURANTE A VIDA TERRENA

116.
Como e em que momento se opera a união da alma ao corpo?

Desde a concepção, o Espírito, ainda que errante, está, por um cordão fluídico, preso ao corpo com o qual se deve unir.
Este laço se estreita cada vez mais, à medida que o corpo se vai desenvolvendo.

Desde esse momento, o Espírito sente uma perturbação que cresce sempre;
ao aproximar-se do nascimento, ocasião em que ela se torna completa, o Espírito perde a consciência de si e não recobra as ideias senão gradualmente, a partir do momento em que a criança começa a respirar;

a união então é completa e definitiva.

117. Qual o estado intelectual da alma da criança no momento de nascer?

Seu estado intelectual e moral é o que tinha antes da união ao corpo, isto é, a alma possui todas as ideias anteriormente adquiridas;
mas, em razão da perturbação que acompanha a mudança de estado, suas ideias se acham momentaneamente em estado latente.

Elas se vão esclarecendo aos poucos, mas não se podem manifestar senão proporcionalmente ao desenvolvimento dos órgãos.

118. Qual a origem das ideias inatas, das disposições precoces, das aptidões instintivas para uma arte ou ciência, abstracção feita da instrução?

As ideias inatas não podem ter senão duas fontes:
a criação das almas mais perfeitas umas que as outras, no caso de serem criadas ao mesmo tempo que o corpo, ou um progresso por elas adquirido anteriormente à encarnação.

Sendo a primeira hipótese incompatível com a justiça de Deus, só fica de pé a segunda.

As ideias inatas são o resultado dos conhecimentos adquiridos nas existências anteriores, são ideias que se conservaram no estado de intuição, para servirem de base à aquisição de outras novas.

119. Como se podem revelar génios nas classes da sociedade inteiramente privadas de cultura intelectual?

É um facto que prova serem as ideias inatas independentes do meio em que o homem foi educado.
O ambiente e a educação desenvolvem as ideias inatas, mas não no-las podem dar.

O homem de génio é a encarnação de um Espírito adiantado que muito houvera já progredido.
A educação pode fornecer a instrução que falta, mas não o génio, quando este não exista.

120. Por que encontramos crianças instintivamente boas em um meio perverso, apesar dos maus exemplos que colhem, ao passo que outras são instintivamente viciosas em um meio bom, apesar dos bons conselhos que recebem?

É o resultado do progresso moral adquirido, como as ideias inatas são o resultado do progresso intelectual.

121. Por que de dois filhos do mesmo pai, educados nas mesmas condições, um é às vezes inteligente e o outro estúpido, um bom e o outro mau?
Porque o filho de um homem de génio é, algumas vezes, um tolo, e o de um tolo, um homem de génio?


É um facto esse que vem em abono da origem das ideias inatas;
prova, além disso, que a alma do filho não procede, de sorte alguma, da dos pais;

se assim não fosse, em virtude do axioma que a parte é da mesma natureza que o todo, os pais transmitiriam aos filhos as suas qualidades e defeitos próprios, como lhes transmitem o princípio das qualidades corporais.

Na geração, somente o corpo procede do corpo, mas as almas são independentes umas das outras.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 17, 2011 10:35 am

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122. Se as almas são independentes umas das outras, donde vem o amor dos pais pelos filhos e o destes por aqueles?

Os Espíritos se ligam por simpatia, e o nascimento em tal ou tal família não é um efeito do acaso, mas depende muitas vezes da escolha feita pelo Espírito, que vem juntar-se àqueles a quem amou no mundo espiritual ou em suas precedentes existências.

Por outro lado, os pais têm por missão ajudar o progresso dos Espíritos que encarnam como seus filhos, e, para excitá-los a isso, Deus lhes inspira uma afeição mútua;
muitos, porém, faltam a essa missão, sendo por isso punidos.

(O Livro dos Espíritos, nº 379, “Da Infância”.)

123. Porque há maus pais e maus filhos?

São Espíritos que não se ligaram na mesma família por simpatia, mas com o fim de servirem de instrumentos de provas uns aos outros e, muitas vezes, para punição do que foram em existência anterior;

a um é dado um mau filho, porque também ele o foi;
a outro, um mau pai, pelo mesmo motivo, a fim de que sofram a pena de talião.

(Revue Spirite , 1861, pág. 270: “La Peine du talion”)

124. Porque encontramos em certas pessoas, nascidas em condição servil, instintos de dignidade e grandeza, enquanto outras, nascidas nas classes superiores, só apresentam instintos de baixeza?

É uma reminiscência intuitiva da posição social que o Espírito já ocupou, e do seu carácter na existência precedente.

125. Qual a causa das simpatias e antipatias que se manifestam entre pessoas que se vêem pela primeira vez?

São quase sempre entes que se conheceram e, algumas vezes, se amaram em uma existência anterior, e que, encontrando-se nesta, são atraídos um para o outro.

As antipatias instintivas provêm também, muitas vezes, de relações anteriores.
Esses dois sentimentos podem ainda ter uma outra causa.

O perispírito irradia ao redor do corpo, formando uma espécie de atmosfera impregnada das qualidades boas ou más do Espírito encarnado.

Duas pessoas que se encontram, experimentam, pelo contacto desses fluidos, a impressão sensitiva, impressão que pode ser agradável ou desagradável;
os fluidos tendem a confundir-se ou a repelir-se, segundo sua natureza semelhante ou dessemelhante.

É assim que se pode explicar o fenómeno da transmissão de pensamento.
Pelo contacto desses fluidos, duas almas, de algum modo, lêem uma na outra;
elas se adivinham e compreendem, sem se falarem.

126. Por que não conserva o homem a lembrança de suas anteriores existências?
Não será ela necessária ao seu progresso futuro?

(Vede a parte que trata do Esquecimento do passado, pág. 141.)

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