LUZ ESPÍRITA
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ARTIGOS DIVERSOS V

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 09, 2021 7:02 pm

Todavia, não havia naquele ambiente pessoas verdadeiramente dispostas a corresponder às necessidades – alívio da dor – da paciente de maneira pontual.
Apesar de tratar-se de um exemplo extremo de falta de solidariedade humana, o facto é que muitas vezes apelamos – até mesmo em situações menos desesperadoras – aos outros e não somos ouvidos.
Não raro, nossos interlocutores não demonstram empatia ou sequer senso de dever.
Por conseguinte, a nossa cruz torna-se desnecessariamente mais pesada.
No que concerne ao simpatizante ou sincero profitente da Boa Nova (o Espiritismo), espera-se atitudes mais decisivas e rápidas, particularmente quando o bem-estar do “outro” está em questão.
Servir aos semelhantes é providência benéfica não apenas aos necessitados, mas também ao protagonista do ato misericordioso.
Recordemos Jesus, uma vez mais, que nos ensinou:
“Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve” (Lucas 22:27).
Ora, se uma entidade espiritual do porte de Jesus assim se colocou, não há por que imaginar que seria algo diferente em relação a nós.
Assim sendo, estendamos os nossos braços e mãos para amparar aqueles que precisam de nós.
É sempre prazeroso minorar o sofrimento de alguém prontamente.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Fé ardente

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 10, 2021 7:20 pm

por Jane Martins Vilela

... Triunfareis, se a caridade vos inspirar e se a fé vos sustentar. (Espírito Protetor, em O Evangelho segundo o Espiritismo)

Santo Agostinho, em O Evangelho segundo o Espiritismo, na página “O mal e o remédio”, nos diz que a Terra não é um lugar de alegrias, um paraíso de delícias.
Pergunta se a voz do profeta não ressoa mais aos nossos ouvidos e que ele apregoou que haveria choro e ranger de dentes para aqueles que nascessem neste vale de dores.
Pergunta Santo Agostinho que remédio recomendar àqueles que estão atacados de obsessões cruéis e de males cruciantes.
Diz ele que um só remédio é infalível: a fé, o olhar para o céu. Comenta que é a fé o remédio certo para o sofrimento, e que ela mostra sempre os horizontes do infinito, diante dos quais se apagam os poucos dias sombrios do presente.
Lembramos o livro Boa Nova, de Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, quando o autor espiritual comenta que após sua morte Jesus em espírito, redivivo, observava a incompreensão de seus discípulos, como o pastor que contempla seu rebanho desarvorado.
Desejava fazer ouvir a sua palavra divina, dentro dos corações atormentados; mas só a fé ardente e o ardente amor conseguem vencer os abismos de sombra entre a Terra e o céu.
Diz ele que foi então, na manhã do terceiro dia, que a pecadora de Magdala se acercou do sepulcro com perfumes e flores.
No seu coração estava aquela fé radiosa e pura que o Senhor lhe ensinara e, sobretudo, aquela dedicação divina com que pudera renunciar a todas as paixões que a seduziam no mundo.
Maria Magdala ia ao túmulo com amor e só o amor pode realizar os milagres supremos.
Ela ouviu a voz doce e meiga a chamá-la.
A mensagem de alegria ressoou na comunidade inteira.
Jesus ressuscitara!
Levantava-se a fé, renovava-se o amor, morrera a dúvida e reerguera-se o ânimo em todos os espíritos.
Precisamos aumentar nossa fé em Deus, na certeza de que ele nos ampara e que nada acontece sem sua permissão.
Precisamos da fé viva e ardente de Maria de Magdala, para que os ânimos se mantenham com esperança.
Os momentos são muito difíceis.
Muitos de nossos irmãos de humanidade estão desistindo de viver.
Não podemos sucumbir diante da tempestade!
Jesus sustenta a embarcação terrena em nome do amor, obedecendo aos desígnios de Deus, o Pai que ele nos ensinou a amar.
É preciso bom ânimo. É preciso coragem.
Lembramos um facto acontecido há seis anos.
Um ser muito querido nosso, um médico, que não professava o Espiritismo, deu-nos essa demonstração exemplar de fé, que ainda o move para socorrer os doentes de Covid em sua cidade natal.
Só num mês atendeu quatro mil pessoas com essa doença e salvou quase todas, movido por fé e conhecimento médico.
Há seis anos, sua filha mais nova nasceu com um câncer, neuroblastoma.
Foi levada em estado difícil para o Hospital de Câncer de Barretos.
O caso era gravíssimo.
A menina, uma bonequinha linda, enormes olhos azuis, que ainda hoje fulguram em seu rosto de seis anos, emoldurado por uma cabeleira preta.
Seu estado era crítico, o fígado enorme sufocava os outros órgãos, internamente.
Ele postou para a família:
Família, reza! E todos oraram.
Em todos os momentos ele dizia, Deus está no comando.
Deus está no comando!
Com amparo espiritual e médico, o bebé foi operado.
Começou a reagir.
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 10, 2021 7:20 pm

Ele esteve ao lado dela o tempo todo.
E sempre repetindo que Deus está no comando.
A criança foi amparada pela divina bondade e pelos médicos da Terra.
Hoje está com seis anos de idade e é muito ligada a seu pai.
Estamos vivendo dores acerbas no mundo.
Milhares de médicos e outros profissionais de saúde estão deixando o planeta, com a morte dos corpos, num esforço heroico e anónimo de tentarem salvar vidas.
Deus conhece a cada um deles.
Por certo, despertados e refeitos, continuarão socorrendo e amparando seus irmãos.
As dores oprimem.
São avassaladoras.
Muitas famílias partindo com a Covid, muitos amigos e amores se afastando, com a morte.
A fé, poderosa e ardente fé, está envolvendo a muitos e sustentando, na certeza da embarcação terrena dirigida pelo mestre Jesus.
Ao comando do Senhor, a embarcação chegará serenamente a um porto seguro.
Caminharemos calmamente com fé nas arenas do mundo, nesse aprendizado reencarnatório.
Por certo, aprenderemos muito e cresceremos.
Por ora e para sempre, a fé deve estar ativa em nossos corações.
Não percamos as esperanças.
Mantenhamos a chama viva da fé acesa em nossos corações e continuemos a orar uns pelos outros, na certeza de que nosso Pai ouvirá nossos apelos.
Fiquemos em paz.
Deus está no comando!
Tenhamos tranquilidade e confiança!
Estamos amparados!

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty A vida em cada dia

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 11, 2021 7:26 pm

por Luiz Guimarães Gomes de Sá

O que seria o dia?
Um piscar de olhos no mundo infinito?
Um alvorecer com um sol brilhante ou um céu com nuvens densas anunciando chuvas?
Do ponto de vista físico, há várias formas de definir.
A amplitude de interpretações leva-nos a perceber que o dia tem muitas particularidades que podem promover ou retardar a nossa caminhada no Orbe terrestre.
Se olharmos o calendário, será simplesmente mais um dia.
Mas, no decorrer das nossas existências, olhamos para trás e observamos que temos pela frente um dia a menos na nossa programação reencarnatória...
E, se assim pensarmos, o que representaria o dia de ontem?
Um exemplo, uma lição benéfica vivenciada, ou pelo contrário, um motivo de constrangimento pelo que pensamos, praticamos, e mesmo daquilo que não realizamos na senda do bem?
Em vinte e quatro horas, passamos por inúmeras variáveis no campo emocional que nos proporcionam alegrias e tristezas condicionando as nossas atitudes.
Esta vulnerabilidade é comum a todo ser humano, já que as emoções desencadeiam atitudes as mais diversas no convívio social e mesmo no recanto do isolamento.
A psicosfera reinante no pensar e reagir são as ferramentas diárias de que nos valemos para viver e conviver.
Nesta caminhada, estaremos sempre sujeitos às mudanças comportamentais e deveremos aprender a agir de forma consciente, e não reagir de forma emocional, contraindo débitos morais para mais adiante.
Lembremo-nos sempre da questão 886, de O Livro dos Espíritos:
“Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entende Jesus?
Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”.
Temos, pois, “o dia” que nos apresenta oportunidades para reflexão e crescimento espiritual.
Se soubermos valorizá-lo, teremos um arsenal de lições que se acumulam e nos trazem as experiências tão necessárias para o nosso processo evolutivo.
Adaptar-se às contingências da vida, sopesando as agruras e contornando as dificuldades, são experiências valorosas para as nossas existências.
A vida é um livro de lições diárias que devemos aproveitar e considerar como provas para o nosso crescimento.
Lastimar-se de um dia que não tenha sido auspicioso é carregar correntes vibratórias negativas que nada constroem para o amanhã.
Saber viver cada dia é considerar os desafios como estímulo para o devido enfrentamento.
Já os problemas levam-nos à busca da solução.
Nestes estamos em desvantagem e naqueles estaremos exercitando a inteligência para transpô-los não os tornando “problemas”.
Demos ênfase ao otimismo e a perseverança para consolidar a nossa fé.
Consideremos o que diz Divaldo Pereira Franco, ao psicografar o Livro Vidas, Desafios e Soluções, pág. 54, pelo Espírito Joanna de Ângelis:
“(...) Jesus disse:
Vós sois deuses e podeis fazer tudo quanto faço e muito mais, se quiserdes.
Trata-se de uma proposta-desafio para seres amadurecidos psicologicamente, (...)”.
Assim procedendo, estaremos adquirindo esse amadurecimento espiritual imprescindível para que possamos viver com sabedoria e vencermos as adversidades próprias às nossas necessidades evolutivas.
(Cada novo dia é motivo para uma nova esperança.)

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Fome, sistema económico e exclusão

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 12, 2021 8:02 pm

por Marcelo Teixeira

O filósofo, professor e escritor Mário Sérgio Cortella, em palestra gravada em vídeo no ano de 2019, narra um episódio ocorrido 30 anos antes entre ele, alguns colegas e dois caciques da tribo xavante, que estavam visitando a cidade de São Paulo pela primeira vez.
O primeiro local da visita era o Mercado Municipal, onde os clientes e visitantes encontram uma variada gama de frutas, verduras, legumes, importados, massas, peixes, aves, frutos do mar, doces variados...
Uma abundância de comida num prédio histórico de 12.600m² que também abriga um espaço gastronómico no qual se pode provar variadas iguarias.
O objectivo de Cortella e equipe era mostrar aos dois índios algo que eles nunca haviam visto: comida acumulada.
Afinal, índios não estocam comida.
Eles plantam, colhem, caçam e pescam.
Os caciques ficaram estupefatos ao verem tanta comida e começaram a andar por todo o local, sempre acompanhados pelos cicerones.
De repente, um deles viu algo que ninguém havia visto.
Uma cena corriqueira para nós, cidadãos urbanos, mas que chamou a atenção de quem não está acostumado a transitar pelos contrastes sociais das cidades grandes.
O índio havia visto uma criança pobre, negra e maltrapilha pegando comida do chão.
– O que ele está fazendo? ­– Indagou o cacique.
Ninguém do grupo havia registado, até então, a presença do menino.
Tanto que um deles questionou o cacique:
– Ele quem?
O xavante, então, apontou para a criança, que recolhia, do chão, tomates amassados, batatas estragadas, alfaces pisadas e afins.
A resposta ao xavante foi terrivelmente óbvia:
– Ele está pegando comida.
O ilustre visitante nada disse, e a visita ao Mercadão continuou.
Quinze minutos depois, ele voltou ao assunto:
– Eu não entendi.
Por que ele está pegando comida estragada com tanta pilha de comida boa?
Cortella retrucou dizendo que, para pegar comida das pilhas, era preciso ter dinheiro, algo que o garoto não tinha.
– Por que ele não tem dinheiro?
Insistiu, para incómodo de Mário Sérgio e equipa, que estavam sendo cutucados na compreensão ética que nós, urbanoides da sociedade de consumo, temos da vida colectiva.
– Ele não tem dinheiro porque é criança. – Redarguiu o professor.
– E o pai dele tem?
Questionou novamente o xavante.
– Não. O pai dele não tem dinheiro.
Inconformado, nosso herói da tribo foi mais fundo:
– Por que você come dessa pilha de comida boa e ele come comida estragada?
A única resposta possível que Cortella encontrou foi a seguinte:
– É que aqui, é assim!
Foi demais para os índios, que moram em tribos onde não há crianças desamparadas e famintas.
Eles pediram para ir embora; não do Mercado Municipal, mas da cidade de São Paulo.
Não quiseram ver mais nada porque não conseguiram compreender por que uma criança com fome, diante de pilhas de frutas, legumes e verduras frescas e fartas, é obrigada a se alimentar de comida estragada apanhada do chão.
Depois eles é que são selvagens!
O professor Mário Sérgio Cortella termina a narrativa ressaltando que eles entenderiam o funcionamento do mundo capitalista em que vivemos se tivessem nascido em nossas famílias, frequentado nossas escolas e templos religiosos, assistido aos programas da TV...
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 12, 2021 8:03 pm

Aí, quando passassem por uma criança pegando tomate pisado do chão, achariam normal, como nós achamos.
Ele, então, arremata:
– Não é normal gente ter fome!
Não é normal gente não ter socorro médico e trabalho!
Isso não pode ser tido como normal.
Senão, a gente aceita o falecimento da esperança.
Temos, nesse episódio, uma situação que transita entre o absurdo, o banal e o revoltante.
É de facto absurdo que, diante de tanta comida, uma criança tenha de pegar o que está no chão para tentar se alimentar.
Digo “tentar” porque não há como ter uma alimentação saudável com comida pisoteada, amassada ou estragada.
Banal porque a gente se acostuma com esse tipo de situação.
Nosso olhar passa a achar tudo normal.
É normal que haja corrupção, que tanta gente morra de fome, dengue, Covid, bala perdida ou bala encontrada.
A miséria, a violência, a falta de acesso à educação e à saúde de qualidade passam também a ser banais.
Idem no tocante à deturpação dos fatos por meios de comunicação comprometidos com os grandes investidores, empresários e rentistas...
Nosso olhar vai sendo anestesiado e passamos a viver com o trágico como se ele fosse parte da paisagem.
Por isso, uma criança pegando do chão um alimento ruim deixa de nos sensibilizar e mobilizar.
É a banalidade do mal, teoria desenvolvida pela filósofa alemã Hannah Arendt.
Por fim, é revoltante porque sabemos que o problema da fome no mundo não tem a ver com carência na produção de alimentos, mas sim com o sistema político e económico em que estamos inseridos.
Em palestra virtual promovida pelo coletivo Espíritas à Esquerda, Thiago Lima, coordenador do grupo de pesquisa sobre fome e relações internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tece sérias considerações acerca de como o sistema capitalista interfere na questão da fome.
Segundo ele, tornar as pessoas vulneráveis à fome é fundamental para que a roda do capitalismo gire.
É o popular “Quem não trabalha, não come”.
De acordo com a cartilha capitalista, para que tenhamos alimento (e também moradia, roupas etc.)
É preciso que trabalhemos, ou seja, coloquemos a nossa força de trabalho a serviço das engrenagens que movem este mundo de finanças, lucros e consumo.
Se o indivíduo não trabalha, não possui renda.
Por conseguinte, não terá acesso a alimentos.
Dessa forma, para que não passe fome, a pessoa é impelida a trabalhar.
Muitas vezes, a aceitar qualquer tipo de trabalho, isto é, mal remunerado, insalubre, além do tempo oficialmente estipulado, psicologicamente extenuante, repetitivo e que nem sempre aproveita os reais talentos e aptidões que o ser humano possui.
Mas como a necessidade de levar comida para dentro de casa e o medo de passar fome falam mais alto, o trabalhador se submete a uma rotina que irá desgastá-lo e favorecer mais ao patrão do que a ele, na grande maioria dos casos.
Se porventura o pai ou a mãe (ou ambos) não conseguir trabalho (seja por baixa qualificação, carência de vagas etc.), os filhos também sentirão o efeito.
Há outros agravantes no facto acontecido no Mercado Municipal de São Paulo.
De acordo com o exposto por Thiago Lima, a fome brasileira tem caracteres bem definidos.
Ela tem raça, género e endereço.
Em primeiro lugar, ela é maior no Nordeste e no meio rural.
Por isso, tanto êxodo das populações interioranas para cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
O pequeno agricultor de outrora, devido à seca, à miséria e ao poderio dos grandes latifundiários que sufoca o pequeno produtor, acabou migrando para o Sudeste.
A fome também é maior nos lares governados por mulheres, facto corriqueiro no Brasil, onde mães solteiras ou abandonadas pelos parceiros se veem impelidas a sustentar várias bocas.
Por fim, a fome atinge predominantemente as pessoas da raça negra devido ao histórico de escravidão e exclusão social que nossos irmãos trazidos à força da África sofrem.
Todos esses factores convergem para pesar sobre os ombros da criança que cata comida do chão.
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 12, 2021 8:04 pm

Somam-se a esses agravantes o facto de o menino provavelmente estar sozinho no Mercadão.
Não se sabe se ele tem endereço fixo, com quem mora ou se dorme pelas ruas.
E também entra nessa triste conta de somar a grande probabilidade de ele não estar frequentando regularmente a escola.
Em suma: se ele não fosse vítima de um macabro efeito dominó que o colocou numa situação de alta vulnerabilidade social, estaria no aconchego do lar, devidamente alimentado, asseado e indo às aulas todos os dias.
Vou incluir o agravante espiritual na questão.
No livro “A Constituição Divina”, o escritor espírita Richard Simonetti tece importantes considerações acerca da influência da injustiça social no processo reencarnatório.
Primeiramente, Simonetti salienta que, à primeira vista, tem-se a ideia de que, nas camadas mais pobres, há “uma incidência significativa de indivíduos sem iniciativa, inspirando-nos a impressão de que, nesse vasto segmento da população, em países subdesenvolvidos, localizam-se espíritos primitivos”.
Em seguida, questiona:
“São espíritos primitivos ou estamos diante de problemas decorrentes da própria situação em que se encontram?
Até que ponto o espírito de mediana evolução conseguiria superar condicionamentos psicológicos e culturais impostos pela pobreza?”
Trocando em miúdos: se um espírito de mediana evolução como nós se defrontar com subnutrição pobreza e parco acesso à saúde, lazer e educação nos primeiros anos de vida na Terra, dificilmente as leis biológicas serão contrariadas.
Ele ou ela será alguém com fraca estrutura orgânica, dificuldade de aprendizado, déficit de atenção e, em muitos casos, revolta.
Ouço muitos espíritas dizerem que as agruras sociais pelas quais passam os menos favorecidos são consequência de erros cometidos em vidas passadas.
Foram nobres ou milionários que esbanjaram fortunas, maltrataram pessoas e agora se veem às voltas com a penúria para pagarem o que deve.
Dado o imenso contingente de homens, mulheres e crianças que passa fome, morre de doenças curáveis e não tem acesso nem a água potável no mundo, é impossível que todo esse povo tenha sido nobre ou rico.
Haja título de barão, duquesa e dinheirama sendo esbanjada para dar conta de tanto miserável reencarnado! Isso soa a um desculpismo comodista, típico de quem se recusa a ter olhos de ver a real questão:
muita gente está às voltas com a miséria porque estamos estruturados num sistema sócio-económico que não faz questão de dar conta das necessidades de todos e, ao mesmo tempo, se esmera para que poucos acumulem grande parte da riqueza que o planeta produz.
Na questão 930 de “O Livro dos Espíritos”, o plano espiritual deixa claro:
“Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo ninguém deve morrer de fome.”
Não estamos, portanto, estruturados conforme preconizam a justiça, o amor e a caridade.
Se nos organizássemos de forma “criteriosa e previdente”, como também alerta a citada questão, não haveria crianças à cata da xepa dos mercados e feiras livres.
E também não haveria êxodo rural, latifundiários massacrando camponeses, populações esquecidas em barracos de periferia...
Tudo resultado do meio injusto que fomos construindo e que temos de começar a desconstruir para que “uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade”, como também afirma a 930, se faça presente para que todos nós aprendamos a ser bem melhores do que somos.
Trata-se de um processo longo e trabalhoso, que exigirá de nós sérias tomadas de decisões para que o mundo, como o conhecemos, venha abaixo e surja, por meio da nossa própria iniciativa, uma sociedade bem melhor do que esta que nega às pessoas o acesso a alimentos e tantos outros itens.

Bibliografia:
1- CORTELLA, Mário Sérgio – Caciques xavantes em São Paulo: para acessar clique aqui
2- KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos, 60ª edição, 1986, Federação Espírita Brasileira (FEB), Brasília, DF.
3- SIMONETTI, Richard. A Constituição Divina. Gráfica São João, 2ª Ed., 1989, Bauru, SP

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Ainda sobre a acção social espírita

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 13, 2021 8:00 pm

por Ricardo Baesso de Oliveira

Volta e meia alguns temas são reexaminados e rediscutidos no movimento espírita.
Um deles é a acção social espírita.
Houve tempo em que a actividade espírita em prol dos socialmente necessitados consistia unicamente em uma ajuda material:
cestas básicas, remédios, roupas, enxovais, natal dos pobres etc. Posteriormente, a essa acção de cunho material associou-se um pequeno suporte espiritual, com passes, água fluidificada e palestras.
Recentemente, alguns confrades vêm questionando a validade da acção de dupla natureza, sob a justificativa de que pode constituir-se em obstáculo à liberdade de consciência do indivíduo, além de ser uma forma de proselitismo.
Segundo eles, o centro deve oferecer o socorro material sem que o necessitado seja obrigado a assistir as palestras, ou coisas equivalentes.
Acreditam que realizar qualquer tipo de troca quando o assunto é a emancipação das consciências não parece ser a melhor atitude.
Outros confrades, assumindo posicionamento diverso, questionam a tradicional acção espírita de socorro à pobreza, afirmando que não é função das casas espíritas conduzir actividades socio assistenciais, mas apresentar as sementes do pensamento espírita, único capaz de libertar as consciências de todo sofrimento.
Contribuindo nessa reflexão, trouxemos o pensamento de Deolindo Amorim.
Personagem marcante do Espiritismo no século passado, Deolindo era formado em Sociologia, jornalista conceituado e um dos fundadores do Instituto de cultura espírita do Brasil (ICEB), no Rio de Janeiro, uma das primeiras instituições a oferecer os cursos regulares de Espiritismo.
Isso por volta de 1957.
As ideias que apresento abaixo foram extraídas do livro O Espiritismo e os problemas humanos, escrito em 1948 e reescrito em 1984.
A obra encontra-se disponível gratuitamente na internet.
O movimento espírita não pode ficar alheio aos problemas sociais, cumprindo-lhe por isso, interferir na solução desses problemas; devemos desenvolver e aprimorar cada vez mais a consciência de participação na vida social, em harmonia com o legítimo pensamento da Doutrina, que não quer o espírita fora do mundo, mas dentro do mundo, ajudando a transformá-lo.
***
É verdade que a Doutrina se preocupa, acima de tudo, com o lado espiritual da vida, mas nem por isso devemos desconhecer as omissões da sociedade, que é culpada de muitos dramas e conflitos por causa de sua indiferença diante de injustiças de toda ordem.
E a sociedade somos todos nós, logo, também nos cabe uma parte de responsabilidade.
[...] Não se compreende tamanha desigualdade sob o céu de uma civilização cristã.
***
A solução espírita é muito mais humanista do que as soluções de interesse simplesmente político, pois não basta oferecer o necessário à subsistência, que é dever elementar, nem promover ascensões violentas, porque é preciso educar, preparar o homem, melhorar também o sistema que o envolve e remover hábitos, ideias e processos defeituosos ou viciados de sua formação e do ambiente de origem.
A solução é global, não pode ser parcial, nem momentânea.
***
Quando Jesus recomenda vestir os nus e dar pão a quem tem fome, implicitamente está ensinando acção social, que é uma forma prática de aplicar o Evangelho.
O movimento espírita, neste particular, já está em campo há muito tempo.
Mas a solução proposta pela Doutrina Espírita não é unilateral, é diferente de outras soluções.
Antes de tudo, precisamos ter em vista, sempre e sempre, a premissa básica do Espiritismo:
a acção social é um meio, e um meio necessário, mas não o fim último de nossa realização.
***
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 13, 2021 8:01 pm

Não se melhora o homem, profundamente, apenas pela comida e pela roupa.
Temos de ir mais longe.
Se é verdade que nos cumpre matar a fome física como dever inadiável, também é verdade que não podemos deixar em segundo plano as necessidades de ordem espiritual, pois no ser humano coexistem a fome do corpo e a fome do espírito.
Dentro desta concepção, naturalmente a acção social do Espiritismo não poderia reduzir-se ao suprimento exclusivo das carências materiais.
Seria uma assistência incompleta, conquanto benéfica e de carácter premente.
Quem está faminto e abandonado cria "alma nova", como se diz, quando recebe um prato de comida, mas o resultado do benefício, que é, aliás, um dever elementar, pode ser apenas momentâneo ou passageiro, se não houver uma palavra de orientação e reerguimento espiritual.
***
Se o indivíduo volta ao que era, depois de alimentado, retornando à trilha do vício e do crime, sem o menor indício de transformação, evidentemente o trabalho de assistência ficou na superfície, porque não penetrou na alma.
Justamente por isso, a visão espírita do problema é diferente: a assistência deve corresponder também às necessidades do espírito, pois é preciso despertar o homem, mostrar-lhe a vida por outro prisma, levá-lo a formar uma consciência de responsabilidade perante o seu próximo e perante as leis divinas.
***
Já se sabe que. diante de um quadro pungente ou desesperador de miséria, onde há revolta e lágrimas por causa da fome, não é com um discurso nem um sermão que se abranda uma criatura que já não pode fazer uso da razão, já perdeu a fé em si mesma, nos homens, em tudo, afinal.
A solução, no caso, terá de ser prática, imediata.
Dê-se-lhe o alimento, antes de quaisquer observações teóricas.
Quem chega a esse ponto, naturalmente sente a mensagem do Cristo cada vez mais distante. Não basta, porém, alimentar e deixar como está.
E como falar da mensagem do Cristo, como dizer que ela não está distante sem ajudar, sem conversar, sem instruir?
É o outro aspecto da assistência preconizada pelo ensino espírita.
***
O programa espírita no campo social não está, portanto, fora da realidade humana, tanto assim que a Doutrina desaprova o procedimento dos que "fogem" do mundo ou ficam à parte, pois não se pode recomendar a observância de princípios superiores sem conhecer o mundo, sem sentir os problemas de perto, tal como Paulo, pois é pelo trabalho junto às necessidades do corpo e do espírito que se desenvolve a acção social do Espiritismo.
E se o Espiritismo significa, para nós, a restauração do Cristianismo em sua expressão mais viva, sem roupagens de culto externo e sem instituições hierarquizadas, portanto, o trabalho espírita de assistência é uma afirmação do Cristianismo, porque leva mensagem de amor sem nenhuma discriminação religiosa e sem o mínimo intuito de proselitismo.
***
Nesta linha de procedimento, consequentemente, não se pode perder de vista a necessidade da reforma do homem, por mais relevante ou imperiosa que seja a assistência material.
Dar o alimento, a roupa, o remédio e o abrigo, segundo a natureza dos casos, é um recurso imediato, a bem dizer imposto pelo dever de solidariedade humana, quando se tem a consciência desse nobilitante dever.
Muitas vezes se observa, na vida prática, o impulso generoso de um descrente ou apontado como ateu, com verdadeiro espírito de sacrifício pelo seu semelhante, ao passo que muitos crentes, entre os que vivem de Evangelho na mão e não faltam às cerimónias do templo, ficam indiferentes aos apelos da dor e aos quadros deprimentes da pobreza desamparadas, porque preferem a comodidade e as grandezas de seu mundo de egoísmo.
***
A visão espírita de assistência abrange o homem na totalidade, justamente porque, além do plano biológico, onde se localizam as necessidades básicas do mecanismo orgânico, existem direitos e aspirações que dizem respeito à destinação superior do homem.
Cumpre, pois, ajudar o homem a melhorar-se nos três planos - material, intelectual e espiritual - não importa o grupo étnico a que pertença ou o meio social de onde provenha.
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 13, 2021 8:01 pm

É o ser humano, antes de tudo, em sua conceituação global.
Não podemos, entretanto, pensar em melhorá-lo sem que lhe ofereçamos instrumentos que o ajudem a reerguer-se, compenetrando-se conscientemente de seu papel no mundo.
Por isso mesmo, repetimos que a comida e a roupa têm muito valor em seu momento mas é indispensável libertá-lo da ignorância e reintegrá-lo na dignidade da vida pelo conhecimento e pela reeducação.
Não podemos certamente alimentar ilusões com programas que vejam somente a solução material.
Seria como que um retorno à época do "pão e circo".
***
Como seria possível uma ordem social realmente justa sem atenção à pessoa humana, sem liberdade, sem amor, mas amor na acepção elevada de respeito e solidariedade sem discriminação?
[...] Para os espíritas, finalmente, o Cristianismo não é apático.
Se, na realidade, o cristão ficasse apenas na fé, rezando e contemplando o mundo a grande distância, sem participar do trabalho de transformação do homem e da sociedade, jamais a palavra do Cristo teria influência ponderável.
O verdadeiro cristão, o que tem o Evangelho dentro de si, e não o que apenas repete versículos e sentenças, não pode cruzar os braços dentro de um mundo arruinado e poluído pelos vícios, pela imoralidade e pelo egoísmo.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Imensa dívida!

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 14, 2021 6:41 pm

por Ricardo Orestes Forni

Nos Estados Unidos não existe um sistema previdenciário de saúde como em nosso país. Reclamamos do nosso, mas existem aquelas pessoas que, no país do Tio Sam, nem um sistema precário possuem.
Nessa época da pandemia pelo coronavírus, um senhor dirigiu-se à secretaria de um hospital onde fora tratado para acertar a conta referente à sua internação devido à Covid 19, e espantou-se com a taxa de 500 dólares cobrada pelo oxigénio utilizado para salvar-lhe a vida, fora as demais despesas, evidentemente.
A funcionária que o atendia, percebendo o espanto daquele senhor, propôs-lhe um prazo para o acerto da dívida.
O homem, entretanto, esclareceu que não se surpreendia pelo valor cobrado pelo oxigénio utilizado apenas em dois dias de tratamento, mas fez uma reflexão muito profunda!
Ele que estava com 70 anos de idade respirara o ar que a Providência Divina proporciona aos habitantes do planeta Terra por todos esses anos, sem nunca ter que pagar nada a Deus!
Qual será a nossa dívida para com o Criador por esse corpo físico repleto de recursos que nos mantém a vida na escola do mundo físico?
Quanto devemos por um coração que pulsa incansavelmente desde o ventre materno e que é a razão de imensa alegria dos casais que o veem e ouvem através do ultrassom nos exames do pré-natal?
Quanto devemos à Providência Divina pelos pulmões que continuam a nos manter vivos no corpo mesmo depois que adormecemos, agredido tantas vezes pelo hábito do cigarro?
Qual será nossa dívida pelos rins que filtram determinadas impurezas do corpo mantendo as condições de uma vida saudável?
E como avaliar a nossa dívida para com o fígado, essa usina de trabalho que analisa e corrige o sangue que passa por ele sem cessar, depurando-o das substâncias nocivas ao corpo que habitamos, mesmo quando agredido pelo vício do álcool?
Qual seria o valor do nosso trato gastrointestinal preparando os alimentos que ingerimos e absorvendo-os para fornecer o material necessário à manutenção da vida orgânica?
Como avaliar nossos globos oculares que permitem visualizarmos as coisas belas da vida que a natureza nos proporciona, sem nos referirmos aos entes queridos a quem amamos tanto?
E a nossa voz? Qual seria o seu preço?
Somente aqueles que dela se veem privados poderiam nos oferecer um orçamento mais correcto!
Perguntemos aos amputados ou paralisados sobre os valores das pernas que nos permitem o deslocamento para onde desejarmos.
O que dizer de nossas mãos, esses instrumentos perfeitos que nos permitem os mais complexos movimentos e as mais saudáveis utilizações?
Na dúvida, procuremos o auxílio dos que não as possuem para a devida avaliação.
Quando o Evangelho aborda a questão da dificuldade do rico de entrar no reino dos céus, sendo mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, sem entrarmos na discussão do real significado dessa passagem, ponderemos se com todos os recursos que o nosso corpo físico nos oferece de maneira incansável durante anos seguidos de uma existência na carne, se não podemos nos incluir entre os ricos da referência citada.
Qual o valor de um corpo físico que proporciona de forma incansável tantos meios para bem utilizarmos nossa reencarnação?
Façamos uma conta grosseira com o auxílio dos amputados, cegos, surdos e mudos, paralisados, deficientes mentais, daqueles que vivem dependentes de uma hemodiálise e, talvez, obtenhamos um valor, embora muito distante, da realidade sobre o quanto devemos ao Criador por tanto que recebemos.
O senhor norte-americano não se espantou diante dos 500 dólares cobrados por dois dias de utilização do oxigénio necessário à sua sobrevivência, mas com o quanto estaria a dever para Deus por ter respirado de graça durante os 70 anos que já vivera!
Obviamente que o Criador nada nos cobra pelo muito que nos permite ter nessa avalanche de recursos que o corpo coloca à nossa disposição ininterruptamente a cada dia no corpo material, mas existe um cobrador inflexível que nos apresentará essa conta em cada retorno nosso ao mundo espiritual e que se chama consciência!
Estaremos preparados para enfrentar essa conta e justificar os desvios cometidos em nossas escolhas, nos caminhos pelos quais enveredamos na posse do livre-arbítrio, nos vícios sustentados, nos desequilíbrios cometidos e que promoveram o desgaste antecipado de nosso uniforme utilizado na escola da Terra?
Perante Deus não existirá nenhuma conta, mas perante a consciência teremos uma imensa dívida!

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty O verdadeiro sentido do Cristianismo

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 15, 2021 8:19 pm

por Rogério Coelho

Abraçar o Cristianismo é avançar para a vida melhor

"Eu sou o caminho..." Jesus (Jo., 14:6.)

Enganam-se todos aqueles que acreditam ser o Cristianismo a "Pedra Filosofal" para todos os males, ou, uma panaceia para a salvação das Almas...
Não raras criaturas voltam-se para os templos da fé ou mesmo para a oração quando o horizonte existencial se cobre de densas nuvens, levando-as ao sofrimento.
Em tais ocasiões, postam-se, contritas, joelhos e cerviz dobrados, aguardando a intervenção Celeste em regime de total passividade e inércia...
Procuram os templos à guisa de hospital e utilizam-se da oração "(...) à maneira de pomada miraculosa, somente aconselhável à pele, em ocasiões de ferimento grave".
São os cristãos de superfície que ainda não acrisolaram no imo d’Alma o verdadeiro sentido do Cristianismo.
Assim, quando se afastam as nuvens tenebrosas, voltando o brilho do Sol e a serena brisa da tranquilidade, esquecem-se dos templos e orações, retomando as viciações e os gozos de superfície na horizontalidade da matéria, reservando-se a luz da fé para as ocasiões de sofrimento irremediável.
Pela mediunidade de Divaldo Franco e segundo o nobre mentor Marco Prisco, no Cristianismo podemos manter a posição de crente e consciente[1]:
o crente apenas ouviu notícias a respeito do Senhor, e, quase sempre deserta à hora do testemunho; já, o consciente, não menoscaba a oportunidade de conviver com o Senhor, silenciando na dor, e edificando o Reino de Deus na própria Alma, confiando incondicionalmente até o fim...
Pelas abendiçoadas mãos de Chico Xavier, Emmanuel desenha o perfil do verdadeiro sentido do Cristianismo para o nosso entendimento[2]:
"(...) a maioria dos estudantes do Evangelho parece esquecer que o Senhor Se nos revelou como sendo o caminho, e não se compreende estrada sem proveito.
Abraçar o Cristianismo é avançar para a vida melhor.
Aceitar a tutela de Jesus é marchar na companhia d’Ele, é aprender sempre e servir diariamente, com renovação incessante para o bem infinito, porque o trabalho construtivo, em todos os momentos da vida, é a pomada sublime da Alma, no rumo do conhecimento e da virtude, da experiência e da elevação.
Zonas sem estradas que lhes intensifiquem o serviço e o transporte são regiões de economia paralítica.
Cristãos que não aproveitam o Caminho do Senhor para alcançar a legítima prosperidade espiritual são criaturas voluntariamente condenadas à estagnação”.
Saibamos, pois, buscar os arraiais da fé, tanto nos momentos graves quanto nos bonançosos, não transformando o verdadeiro Cristianismo em refúgio para as nossas inseguranças, mas estrada luminosa, roteiro divino para a nossa definitiva alforria e redenção.
A Doutrina Espírita, que é o Cristianismo Redivivo, não estimula atitudes de meros adeptos que apenas escutam e passam, mas acoroçoa quem pratica e produz ao mesmo tempo que ouve a mensagem da fé viva.
Por tudo isso, admoesta Marco Prisco1: "(...) registe nas telas de sua mente a posição em que você se encontra no campo da fé e, quanto antes, fixe com seus atos a diretriz para onde segue, como segue, com quem segue e para quem segue", não perdendo de vista que o Caminho é Jesus e, sem Ele, não existe verdadeiro sentido no Cristianismo que afirmamos integrar.

[1] - FRANCO, Divaldo. Glossário espírita. 4. ed. Salvador: LEAL, 1993. pp. 96 - 98. Registros.
[2] - XAVIER, F. Cândido. Vinha de luz. 19. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. 176.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty O Espiritismo, a criança e o futuro

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 16, 2021 6:14 pm

por Altamirando Carneiro

Na escola primária onde estudamos, quando a diretora repreendia um aluno por mau comportamento, ela perguntava:
– Você procede assim na sua casa?
Claro que ninguém respondia afirmativamente.
E a diretora aconselhava:
– Então, não venha fazer isso aqui.
O lar é o primeiro educador.
Por isso a responsabilidade dos pais, na formação dos seus filhos.
De um lar bem estruturado, só se pode esperar filhos bem-comportados.
Nada mais lógico esperar que o espírita promova a educação cristã dos seus filhos.
Ainda que na idade adulta eles não sigam a Doutrina Espírita, é importante a boa semente que plantarmos em seus corações.
Devemos cuidar da familiarização dos pequenos com a leitura de livros que lhes ensinam o conteúdo das Obras Básicas da Doutrina Espírita.
Acrescente-se que os livros espíritas deram grande salto, em matéria de textos bem ilustrados, ricos de ensinamentos e de capas verdadeiramente bonitas e atrativas.
Esse importante hábito fará dos pequenos de agora leitores consideráveis, no futuro.
Assim educados, a criança e o jovem de hoje serão os grandes trabalhadores de amanhã.
Possuirão formação moral e evangélica sólidas e saberão separar o joio do trigo, pois é pelo saber que contribuiremos para a formação de uma sociedade cada vez mais rica em valores culturais.
A educação e o conhecimento espírita da juventude farão com que tenhamos um futuro promissor, com homens realmente sábios, conhecedores da verdade.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Por um orçamento justo

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 17, 2021 8:01 pm

por Cláudio Bueno da Silva

Era um domingo à tarde, ouvi que batiam no portão.
Pela janela da sala não reconheci quem era, mas como esperava um pedreiro indicado por um amigo, saí e o recebi.
Identificou-se como Borges e desde logo mostrou-se bastante humilde, dizendo que estava à minha disposição e procuraria fazer o melhor.
Expliquei ao seu Borges a breve reforma que pretendia fazer na casa e também sobre uma edícula que queria erguer nos fundos da propriedade.
Levei-o a conhecer o local da obra e, enquanto informava das minhas pretensões, vi que ele anotava num papelzinho meio amassado umas coisas que imaginei serem números, talvez.
Uma característica sua que me agradou de cara foi seu bom humor.
Sem ser inconveniente, em algumas ocasiões soltou umas pilhérias que me fizeram rir.
Depois disso sentamo-nos e, tomando um cafezinho, discutimos o orçamento.
Essa foi para mim a parte mais curiosa daquela entrevista.
Perguntado sobre quanto ficaria o seu trabalho, seu Borges sacou o papelzinho que guardara no bolso e, com um toco de lápis, passou a fazer contas, pelo menos assim eu entendi.
Passado um instante, me dirigiu um olhar que eu diria bem profissional, e me deu o valor.
Levei um susto.
Se naquele dia tivesse fechado o acordo naquelas condições, não sei se não sentiria remorso mais tarde.
As condições eram tão desfavoráveis para ele que percebi seu acanhamento quando eu aumentei por conta própria, o valor do seu ganho.
Praticamente quem avaliou o serviço fui eu, mas era uma atitude que eu precisava tomar em nome do que era justo.
O que se deu foi que ele conhecia o seu ofício e isso ficou provado depois, mas nada sabia de orçamento.
E comigo se dava o contrário.
Fechamos acordo.
Seu Borges acabou se tornando amigo da minha casa.
Humilde, cordato, aceitava sugestões e críticas, coisa rara entre certos profissionais.
A obra durou várias semanas e nesse período travamos conversas, e ouvi-o algumas vezes cantando baixinho o que parecia ser música evangélica.
Apesar desse aparente perfil religioso, seu Borges demonstrou não ter dificuldade em compreender as explicações de viés espírita que externei em resposta a perguntas que me fazia.
Ele confessou participar, vez ou outra, de reuniões no centro espírita e fazer algumas leituras do Evangelho.
Hoje, ao me lembrar disso, fico feliz por não ter querido me aproveitar daquela pessoa simples para levar vantagem sobre o seu suor, seu ganha-pão.
Ganhei um amigo, me contentei com o serviço prestado, e não aviltei a minha consciência.
O que fiz foi extraordinário?
Absolutamente, não!
Apenas alinhei uma atitude de empatia por um ser humano às teorias morais do Espiritismo que sempre defendi.
Se tivesse cedido à tentação de ser esperto, além de ludibriar um irmão, daria a ele totais condições de me qualificar como um hipócrita.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Carta ao Saulo

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 18, 2021 7:09 pm

por Gebaldo José de Sousa

Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” (Provérbios, 22:6.)

Quando me diz:
‘Vovô, eu te amo!’, respondo-lhe terna, carinhosamente, envolvendo-o num abraço:
‘O vovô o ama muito mais!’
Hoje foi dia particularmente feliz para seus avós.
Fizemos-lhe companhia em seu segundo dia de ida à escola, aos dois anos e vinte e dois dias de vida.
Ao confiá-lo às professoras, despedimo-nos de você, para que se adapte às novas experiências que viverá nessa fase de aprendizado.
Verá um mundo novo, pleno de coisas a aprender e de outras a evitar.
Sua avó, muito atarefada, lá nos deixou – porque, sem que você soubesse, ali permaneci de plantão, pronto a oferecer-lhe a presença, o afecto, numa eventual dificuldade, que não se apresentou.
Você se houve muito bem, ocupando-se de sucessivas actividades que as professoras habilmente lhe ofereciam e a seus coleguinhas.
Permaneci em sala à parte, juntamente com várias mamães apreensivas, uma delas acompanhada do esposo.
Uma jovem professora recebeu-nos, oferecendo-nos folha em branco, para que anotássemos nossas expectativas a respeito da Escola, o que esperávamos dela sobre a educação de nossas crianças.
Em seguida, exibiu-nos o belo filme ‘Uma Lição de Amor’, com Michele Pfeiffer e Sean Penn.
Demonstra, o filme, que o amor é insubstituível na educação dos filhos.
Ali entre aquelas mães, era alguém plenamente calmo, confiante, por saber que a evolução nos chega através de pequenas e contínuas mudanças.
A receptividade a elas, o amor ao estudo, a disposição de fazer o melhor, tudo isso pode acelerar nosso crescimento para Deus, objectivo máximo de nossa passagem pela Terra.
Por experiência pessoal, bem sei que levamos a escola das primeiras letras para a vida toda.
Ela é, pois, sumamente importante.
E nos tornaremos eternos alunos, interessados em aprender sempre, ou não.
Somos criaturas em evolução e o campo do Saber é infinito.
Tornar a criança receptiva ao aprendizado é a mais nobre e digna das missões, na Terra.
Exige talento e arte, além de muito amor, doação e desprendimento.
-.-
Breves considerações sobre educação e instrucção podem aclarar questões sobre o tema:
Educar (latim educare - ex ducare) = ex (para fora); ducare (puxar, tirar).
Educar: tirar para fora. (Extrair, explodir).
“Educar é tirar do interior.” (1)
Platão dizia que “Aprender é recordar-se!”
Instruir é diferente de educar. Instruir (latim instruere) = ajuntar; amontoar; ajuntar dentro.
Eis precioso exemplo, que bem esclarece essa diferença:
“O doutor fulano é um animal”.
Ou seja, é instruído, pois tem um diploma, mas é mal-educado.
“É preciso não confundir instrução com educação.
(...) A instrução relaciona-se com o intelecto:
a educação com o caráter. Instruir é ilustrar a mente com certa soma de conhecimentos sobre um ou vários ramos científicos.
Educar é desenvolver os poderes do Espírito, não só na aquisição do saber, como especialmente na formação e consolidação do carácter.” (2)
“O que se dá é que geralmente se imagina que o ser bom, justo e verdadeiro; o ser probo, sincero e amorável, não requer aprendizagem”, como assinalou belamente o Prof. Pedro de Camargo, no livro O Mestre na Educação. 2 ed.: FEB: 1977, p. 21.
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 18, 2021 7:09 pm

“Educar é desenvolver progressivamente as faculdades espirituais do homem”, disse Pestalozzi, considerado Educador da Humanidade.
“A instrução é mais especialmente a aprendizagem da ciência, a educação é a aprendizagem da vida; a instrução desenvolve e enriquece a inteligência, a educação dirige e fortifica o coração; a instrução forma o talento; a educação, o caráter. A missão da educação é mais elevada, mais difícil a sua arte.” (3)
-.-
Assim, como alguém interessado na sua felicidade e na de todos os seres humanos, espero que, na escola e no lar, você aprenda:
- A desenvolver a inteligência emocional;
- A cooperar, a trabalhar em grupo;
- A ser fraterno e a respeitar o outro;
- A amar as professoras (e a orar por elas);
- A ser cordial: a dizer ‘por favor’, ‘obrigado’, ‘bom dia’;
- A amar a natureza;
- A amar a vida e a Deus;
- E, por fim, que também aprenda a ler e a escrever...
Claro que essa aprendizagem será compartilhada por seus pais, e por todos aqueles que o amamos.
Pois há coisas que se aprende é no lar, essa oficina de amor.
É a chamada educação de berço.
A escola pode desenvolver certas virtudes, mas sua aquisição se faz é na família.
Que seja instruído, mas sobretudo educado; que aprenda a pensar, a amar, a ser útil a si e aos semelhantes, desenvolvendo todo seu potencial de crescimento.
Afinal, que aprenda a ser feliz, e que contribua para a felicidade do maior número de pessoas!
Estes são, querido Saulo, os reais anseios do vovô que o ama e quer que viva em plena Paz, construindo um mundo mais humano, mais fraterno, efectivamente cristão!

Bibliografia:
1. CAMARGO, Pedro (Vinícius). Na Seara do Mestre, 4ª ed., FEB, p. 170, 1979;
2. Palestra de José Raul Teixeira, Professor de Física e expositor espírita;
3. A. Cochin, citado no vol. I, do livro “Allan Kardec”, de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, p. 140, 3ª ed. FEB.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Saúde mental reclama compreensão espiritual do ser

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 19, 2021 7:29 pm

por Maurício Rodrigues

O jornal Correio Braziliense, em seu editorial de 29/01/21 intitulado “A saúde mental pede socorro”, trouxe importante reflexão sobre o tema, destacando o agravamento nos quadros de depressão, ansiedade e outras patologias mentais.
Destacou-se o Brasil como segundo país em número de depressivos nas Américas e também com maior prevalência de ansiedade, baseado em dados da OMS.
A matéria informa que estudos preveem expressivo aumento do número de casos ligados ao sofrimento mental pós-pandemia e sugere a necessidade urgente de buscar ajuda profissional.
Destaca-se advertência dos especialistas sobre quadros de depressão e ansiedade levarem a distúrbios do sono, agressividade, baixo nível de tolerância, abuso de substâncias psico-activas e ideação suicida.
Após enfatizar a necessidade de conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde mental, destaca a necessidade de mudança de hábitos, alimentação saudável, atividades físicas, meditação e manutenção de uma rede sócio-afectiva como recursos importantes para conquistar qualidade de vida.
A temática desafia naturalmente o espírita a reflexionar sobre o assunto e buscar, no repositório doutrinário, suporte que lhe esclareça sobre uma perspectiva que inclua outros ingredientes importantes como as experiências da vida física e extra-física que somam os milénios, bem como a pluralidade das existências (Q 166 b OLE) e a necessidade do conhecimento de si mesmo conforme indicam os instrutores da vida maior (Q 919 OLE).
A doutrina espírita apresenta um vasto conteúdo em sua estrutura doutrinária e traz luz a esse drama humano colocando-nos em outro patamar de compreensão; apresenta circunstâncias geradoras de conflitos íntimos e revela a origem provável de inúmeros transtornos psíquicos, quando explica a saga do Espírito imortal, esse viajante ainda desconhecido em sua intimidade espiritual.
Uma contribuição extraordinária veio a lume por meio de Léon Denis com o livro “O problema do ser, do destino e da dor”.
Há pouco mais de cem anos, esse inspirado filósofo espírita apresentava, em três partes dessa preciosa obra, um detalhamento das descobertas feitas pelo codificador nas obras básicas do Espiritismo, nos apresentando conceitos como:
“Só o Espírito pode julgar e compreender o Espírito, e isso na razão do grau de sua evolução” (Pág. 63) e “É necessário o choque das provações, as horas tristes e desoladas para fazê-lo compreender a fragilidade das coisas externas e encaminhá-lo para o estudo de si mesmo, para a descoberta de suas verdadeiras riquezas espirituais”. (Pág. 359.)
O conhecimento espírita oferece a possibilidade de aprofundar a investigação da mente humana por meio dos registos da consciência espiritual que explica a trajetória do ser imortal, e assim descortina novo horizonte de compreensão, ajudando a decifrar enigmas que desafiam a ciência do comportamento humano.
O Espiritismo pode ser um valioso aliado na conquista e manutenção da saúde mental e espiritual com vasto conjunto de recursos à disposição de todos, por meio de sua literatura edificante, filmes, seminários, congressos, arte espírita, e, no espaço de amor das casas espíritas, o atendimento fraterno, passe ou fluidoterapia, tratamento espiritual (em tempos de pandemia muitas ofertas fraternas continuam sendo oferecidas a distância através de plataformas virtuais diversas).
A procura por uma instituição espírita permite acesso à essência do Espiritismo por meio de sua filosofia, como bússola para nortear a vida; sua ciência, para esclarecer as relações com os Espíritos, e a religião, nos ligando à mensagem do Cristo, tendo por consequência a gradual conquista íntima da plenitude.
É tranquilizador para a alma ter a possibilidade de acessar ensinamentos libertadores de consciência que estimulam a criatura, numa oportunidade de conhecer a si mesma, além de trazer explicações esclarecedoras como as que constam do evangelho:
“De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir.
Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida” - item 4 Cap. V de E.S.E (Causas actuais das aflições).
Estar aberto ao conhecimento espírita e acolher a realidade espiritual pode ser a diferença entre a lágrima persistente da desesperança e o sorriso resignado da alma sobre o seu futuro.
É possível desfrutar da alegria de viver em cada alvorecer, com o coração pleno de paz e esperança, vencer a tristeza e o desânimo, iluminar nossos dias com fé e caminhar confiantes para o futuro feliz que nos aguarda, eis o consolador prometido pelo Cristo nos acolhendo e solicitando pequena cota pessoal de esforço redentor para a vitória sobre nós mesmos.

Fontes:
Correio Braziliense - edição de 29/01/21 (Editorial).
O Livro dos Espíritos – FEB Ed. 2003 (Trad. Guillon Ribeiro).
O Evangelho segundo o Espiritismo – FEB Ed. 127 – 2007 (Trad. Guillon Ribeiro.)
O problema do ser, do destino e da dor – FEB - 26 Ed. 05/2003.

Nota da Redação:
Maurício Rodrigues é palestrante espírita radicado no Distrito Federal.
O texto acima foi contemplado no concurso A Doutrina Explica – 2020-2021, promovido pelo Jornal Brasília Espírita (www.atualpa.org.br), com o objectivo de sensibilizar para a leitura, o uso da biblioteca espírita e levar a conhecer alguma metodologia de pesquisa para apoiar o estudo doutrinário, além de incentivar os participantes para o potencial de racionalização e explicação da realidade social e espiritual pela Doutrina Espírita.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Depois do passamento

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 20, 2021 7:22 pm

por Nilton Moreira

Seguidamente nos perguntam a respeito de questões sobre a vida no além-túmulo, e isso geralmente acontece quando alguém perde um ente querido, principalmente quando o passamento se dá em razão de violência ou acidentes inesperados.
Sempre dizemos que somos espíritos/almas vivendo momentaneamente num corpo carnal, perecível, cujo invólucro, com a decomposição, se transforma em outros micro-organismos. Isso não deveria ser novidade para ninguém, pois acontece desde os primórdios.
Para quem se vai é muito angustiante, após recobrar a clareza do raciocínio, tomar conhecimento de que os seus entes queridos que aqui ficam pensam que tudo terminou e que estão impossibilitados de se comunicarem.
As comunicações entre os que se foram e os que estão ainda no corpo carnal pode se dar através das aproximações, onde podemos sentir leves arrepios ou sonolência.
Também o intercâmbio acontece através de intuições ou mensagem que são filtradas em locais específicos por pessoas que se dedicam a estudar a mediunidade.
Mas a maneira mais comum de comunicação entre os chamados “vivos e mortos” acontece quando dormimos, pois neste momento abandonamos o corpo carnal que fica apenas com a vitalidade, e ingressamos no mundo espiritual. Nesse momento a conexão é direta e podemos ir a muitos lugares e ter contacto dos mais diversos.
Portanto, não devemos pensar que a morte é o fim ou que é um sono eterno como muitos acreditam, pois isso poderá ter como consequência o não conseguirmos acordar no outro plano, ficando anos e anos dormindo, conforme foi narrado no livro Os Mensageiros, de Chico Xavier, existindo na colônia Nosso Lar um local denominado “os que dormem”.
É importante que estudemos as questões que envolvem a vida depois do túmulo, pois que não existe solução de continuidade na nossa existência, já que vivemos a vida do Espírito, e, se hoje estamos com este corpo, numa próxima vida estaremos habitando outro que será devidamente preparado para nós e que virá através de uma criança, pois que geramos corpos, mas não almas como todos são sabedores.
Ter conhecimento do que virá irá facilitar o nosso passamento.
Vivamos intensamente o presente, realizando nossos objetivos, utilizando nossa intuição para trilhar o melhor caminho e saber qual conduta seguir em determinadas situações da vida, mas não devemos nos esquecer de que a vida continuará depois do passamento.
Força a todos.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Amar-se para se superar

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 21, 2021 6:38 pm

por Rodinei Moura

O Evangelho segundo o Espiritismo, no seu capítulo XI, item 10, nos traz uma afirmação fantástica a respeito do amor.
Sansão diz:
"Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes vos dizem por meu intermédio:
amai muito, a fim de que sejais também amados".
E essa afirmação da espiritualidade é um compromisso para connosco, reafirmando que tudo que dermos aos outros receberemos.
Não necessariamente na mesma hora e da mesma pessoa.
No livro Fundamento da Reforma Íntima, publicado pela Casa Editora O Clarim, o bandeirante do Espiritismo, Cairbar Schutel, nos informa que reforma íntima é um processo de reeducação espiritual e não de repressão, já que somos um Espírito imortal que já reencarnou inúmeras vezes, e que traz em si uma bagagem espiritual que moldou a nossa maneira de ser.
André Luiz, no livro No Mundo Maior, nos fornece mais detalhes sobre como isso funciona.
No capítulo A Casa Mental, o médico, que agora é aprendiz, narra a conversa que tem com seu mentor, Calderaro, onde esse compara nosso cérebro, tanto o físico como o espiritual, a um castelo de três andares.
O primeiro andar do castelo, no sistema nervoso, seria o Subconsciente, arquivo de todas as nossas actividades de todas as nossas existências, desde os menores factos. No segundo andar, no córtex motor, seria o Consciente, onde se localiza o hoje, nossas conquistas actuais e a capacidade de mudar de direção.
Nos lobos frontais, o que o mentor de André Luiz chamou de Super-consciente, terceiro andar do castelo, de acordo com a metáfora utilizada, seria a parte mais sublime do nosso ser, onde estariam as sementes do ser divino que somos, a sentinela do certo e do errado, nossa consciência.
Nesse mecanismo fantástico, temos em nós o ontem, o hoje e o amanhã.
Vale ainda lembrar que o pai da psicanálise, Sigmund Freud, vislumbrou essas verdades, limitando-se ao útero materno e chamando esses "andares do castelo de André Luiz" de id, ego e superego.
Repressão, portanto, seria uma não aceitação do que somos.
E como seria possível mudar aquilo que não aceitamos que existe em nós?
Na questão 115 de O Livro dos Espíritos vamos entender que Deus nos criou simples e ignorantes.
Ele nos deu o livre-arbítrio e nos ama incondicionalmente.
Mas em nossa jornada evolutiva não nos utilizamos da máxima do Cristo:
"Não julgueis, para que não sejais julgados (pela própria consciência).
Alguém poderá dizer, se for literal, que reencarnamos muitas vezes antes da vinda de Jesus ao plano físico pela última vez.
E o dirá com razão.
Mas nenhum espírita poderá dizer que reencarnamos sem o devido preparo, que nos é oferecido na erraticidade, já que Deus fez da reencarnação uma lei que nos permite evoluir.
Mas jamais nos jogaria num mundo de provas e expiações sem que tivéssemos condições de vencer essas provações, como nos afirma também André Luiz no livro Missionários da Luz.
E, assim como rotulamos as pessoas, somos, pela nossa consciência, rotulados.
Deus apenas ama.
Colhemos, assim, na forma de falta de amor e respeito próprio, todo desamor e desrespeito que distribuímos pelas nossas existências.
Mas como voltar para a rota de luz?
Mais um rótulo, aliás, pois para Deus somos Espíritos sem conhecimento ou ignorantes, apenas, como podemos extrair do item "a" da questão 361 de O Livro dos Espíritos:
"Seguir-se-á daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau?
Sim, mas, diz antes que o homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais demónios”.
Para voltar para a rota de luz vamos ter que começar nos amando e nos respeitando tanto que o nosso auto-amor transborde e se torne natural amar e respeitar nossos semelhantes.
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 21, 2021 6:39 pm

Tudo aquilo que não aceito em mim, não consigo aceitar no meu próximo.
Tudo aquilo que julgo e condeno em meus semelhantes volta para mim em forma de auto-punição e cria-se um círculo vicioso ou um loop infernal de tortura a nós mesmos.
Mas que não é um loop infinito, pois somente o amor o é.
Quebramos esse círculo com autoaceitação, com auto-amor, que jamais poderá ser confundido com egoísmo, com arrogância.
Auto-amor é a consciência do que somos e de tudo que poderemos ser, do nosso potencial divino.
É enxergarmos nossas qualidades com alegria e ao mesmo tempo sem afetação.
Enxergar nossos defeitos sem nos orgulharmos deles, mas com leveza e extraindo lições.
É permitir que a voz do mestre ecoe em nossa alma, apenas nos lembrando: "sois deuses".
Enquanto que egoísmo e arrogância são uma identificação funesta com o que estamos em detrimento do que somos, de nossa essência.
Toda vez que tivermos, então, que fazer uma escolha, que medir alguma situação do nosso dia a dia, nossa ou alheia, usemos o metro do amor.
Diante das provas diárias que nos convidam a crescer, respiremos e lembremo-nos de que Jesus disse: "vós sois deuses.
Podeis fazer tudo que faço e muito mais".
Mas como o espírita não apenas lê, ele estuda, não nos esqueçamos de que a afirmação é "sois", e não "és".
Portanto, somos todos nós, e não apenas eu.
E somos potencialmente deuses.
Não fomos criados prontos, o toque final depende de nosso comprometimento.
E que o cinzel que esculpe a obra de arte que somos está em nossas mãos.

§.§.§- Ave sem Ninho
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty O convite está feito! Estamos prontos para aceitá-lo?

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 22, 2021 6:47 pm

por Temi Mary Faccio Simionato

E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará.” *

O Sermão Profético é uma das mais poderosas parábolas que Jesus apresentou à Humanidade.
Suas imagens profundas e penetrantes são relatos seguros, sábios, através da figura de linguagem, expondo o movimento das transformações imprescindíveis à iluminação das almas, dentro do que foi anunciado:
“Toda planta que meu Pai celestial não plantou será desenraizada”. Mateus, 15:13.
Entendemos deste modo, por Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, nas questões 728, 737 e 740, através dos Espíritos superiores, que é necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque isso que chamamos destruição nada mais é que a transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos.
Os flagelos acontecem e são necessários para fazerem com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos.
Eles são provas que nos proporcionam a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a nossa paciência e a resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo, que permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo, isso se não formos dominados pelo egoísmo.
Sempre visando ao progresso geral, a mensagem de Jesus, invariavelmente, aborda o que interessa e o que ocorre no íntimo das criaturas, pois o poder é do Espírito e, por efeito de nossas oscilações vibratórias, é que a matéria se organiza ou se desordena.
A matéria é o liame que escraviza o Espírito; é o instrumento que ele (Espírito) usa e sobre o qual exerce sua ação.
Por isso a importância da união do Espírito à matéria, para dar inteligência a esta.
É uma união necessária para a manifestação do Espírito, porque não estamos organizados para percebê-lo sem a matéria, pois nossos sentidos não foram feitos para isso.
Sempre houve as leis do Princípio e do desenvolvimento geral para que possamos alcançar patamares mais altos por meio das encarnações, como observamos em o livro A Caminho da Luz, capítulo 2, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, ditado pelo benfeitor Emmanuel:
“Sob a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra, numerosas assembleias de operários espirituais.
Os artistas da Espiritualidade edificavam o mundo das células iniciando, nos dias primevos, a construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos vindouros”.
O grande desafio da evolução é vencer a ilusão que a matéria engendra na mente dos homens, permanecendo desperto para os reais valores do Universo como Espírito consciente e, não, como fruto de forças cegas que escravizam os sentidos e propostas ao nada, à perdição.
O trabalho de iluminação da nossa própria alma é o esforço individual que deve começar com o auto-domínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso por exterminarmos as próprias paixões.
O conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros, porquanto, na reforma definitiva do nosso íntimo, é indispensável o golpe da ação própria, no sentido de modelarmos nosso interior, na sagrada iluminação da vida.
A transição é sempre a aproximação entre dois polos, entre duas realidades.
Actualmente, a Humanidade vive o lusco-fusco, sombra e luz de uma transição entre a fase de expiações e provas e outra conhecida como regeneração.
Se vivermos bastante para abranger com a vista as duas vertentes da nova fase, parecerá que um mundo novo surgiu das ruínas do antigo:
o carácter, os costumes, os usos, tudo está mudado.
É que surgiram homens novos, ou seja, regenerados (Espíritos mais evoluídos).
As ideias que a geração que se extinguiu levou consigo cedeu lugar a ideias novas, que desabrocham, com a geração que se ergue.
Nessa transição, somos colocados no ponto intermédio, assistindo à partida de uma e a chegada de outra assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares.
O que distingue os Espíritos atrasados (que estacionam) é em primeiro lugar a revolta contra Deus:
a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos anti-fraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme, enfim, o apego a tudo o que é material.
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 22, 2021 6:47 pm

Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada, pelo afastamento dos que se obstinam em não se emendar, porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade.
Livres dessas imperfeições, que precisamos dominar, caminharemos sem atalhos, barreiras, para um futuro melhor que estará reservado, mesmo neste mundo, pelos esforços, pela perseverança, enquanto esperamos, trabalhando-nos, para que uma depuração mais completa nos abra acesso aos mundos superiores.
Percebemos, então, que a transição se opera de tempos em tempos, visando à renovação de toda a humanidade, como uma casa em reforma.
Assim é a humanidade: um ser coletivo em que se operam as mesmas revoluções morais pelo qual todo ser individual passa, com a diferença de que umas se realizam de ano em ano e outras de século em século.
Recordamos do evangelista Mateus, no capítulo 26, versículo 39:
“Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes”.
Referindo-se aos instantes dolorosos que assinalariam a renovação planetária, o Mestre aconselhou aos que estivessem na Judeia procurar os montes.
A advertência é profunda, porque, pelo termo Judeia, devemos tomar a região espiritual de quantos, pelas aspirações íntimas, se aproximem do Mestre para a suprema iluminação.
É chegado o instante de se retirarem os que permanecem presos à matéria, ao mundo de prazeres egoísticos, para alcançar os montes dos ideais superiores.
É indispensável manter o discípulo do bem nas alturas Espirituais sem abandonar a cooperação elevada que o Senhor exemplificou na Terra.
Que aí se consolide a nossa posição de colaboradores fiéis, invencíveis na paz e na esperança, convictos de que após a passagem da perturbação, portadores, que ainda somos, de destroços e lágrimas, seremos os filhos do trabalho que semeiam a alegria de novo e reconstroem o edifício da vida.
Somente o homem, herói da inteligência, guarda consigo a carantonha do pessimismo, qual se fora génio irado e desiludido, interessado em destruir o que lhe não pertence.
Entretanto, por toda parte, há convites à edificação, desafiando-nos à ação no engrandecimento comum.
É necessário acordar o coração e atender dignamente a parte que nos compete no drama evolutivo da caminhada, sem queixas ou desânimo, pois cada qual recebe o quinhão de luta imprescindível ao aprendizado que deve realizar.
A grande questão é obedecer a Deus, amando-O e servindo ao próximo com boa vontade.
O Evangelho sempre será pregado aos povos para que compreendamos e alcancemos os fins superiores da vida.
Quando o Mestre louvou a persistência, evidenciava a tarefa árdua dos que procuram as excelências do caminho espiritual.
As portas do Céu permanecem abertas, nunca foram cerradas.
Todavia, para que nos elevemos até lá, precisaremos desenvolver as asas do amor e da sabedoria, por isso, o supremo Senhor concede-nos extensa cópia do material de misericórdia.
Ele nos dá oportunidades, porém, cabe a cada um o dever de talhá-las.

Bibliografia:
*Mateus, 24: 12.
XAVIER, Francisco Candido – O Consolador – ditado pelo Espírito Emmanuel - 29ª edição – Editora FEB – Brasília/DF – questão 230 – 2013.
KARDEC, Allan – A Génese – 28ª edição – Editora FEB – Brasília /DF – capítulos 18 – itens 12, 13 a 28 – 1985.
PAIXÃO, Wagner Gomes – O Evangelho por dentro – ditado pelo Espírito Honório Abreu – 1ª edição – Editora Itapuã – Mario de Campos/MG – lição 42 – 2016.

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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty O mundo uniu-se para a descoberta da vacina contra a Covid-19

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 23, 2021 7:16 pm

por Vitor Bruno Santos

TERÇA-FEIRA HISTÓRICA:
Nesta terça (8), o Reino Unido começou a campanha de vacinação contra a Covid-19.
Uma mulher de 90 anos foi a primeira britânica a receber o imunizante, e disse que está ansiosa para passar o Natal com a família.
O correspondente da GloboNews em Londres, Rodrigo Carvalho, falou com Maria Lúcia Possas, a primeira brasileira a ser vacinada por lá.
"Tem luz no fim do túnel", comemorou ela. (Fonte: GloboNews em 8/12/2020.)

Tendo por mote as experiências dolorosas, mas educativas, que o mundo vive actualmente, em que enfrenta a pandemia num momento decisivo, é ainda mais oportuno refletir no que a Doutrina Espírita explica sobre os flagelos destruidores.
Em O Livro dos Espíritos, editado desde 1857, os Espíritos esclarecem sabiamente sobre o assunto, respondendo aos questionamentos que Allan Kardec formulou.
Vejamos então as suas perguntas 737 a 741, aproveitando para apresentar também, no final, uma possível visão poética sobre as mesmas, partindo da premissa que intitula o presente trabalho.
Temas correlatos:
Transição Planetária, Amanhecer de uma Nova Era (livros de Divaldo Franco/Manoel Philomeno de Miranda).

737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
“Para fazê-la progredir mais depressa.
Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento?
Preciso é que se veja o objectivo, para que os resultados possam ser apreciados.
Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam.
Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.”

738. Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros meios que não os flagelos destruidores?
“Pode e os emprega todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal.
O homem, porém, não se aproveita desses meios.
Necessário, portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.”

a) Mas nesses flagelos tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será justo isso?
“Durante a vida, o homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensa depois da morte.
Ora, conforme temos dito, a vida do corpo bem pouca coisa é.
Um século no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade.
Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais.
Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro.
Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real.
Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a sua solicitude.
Os corpos são meros disfarces com que eles aparecem no mundo.
Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos.
O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.”
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 23, 2021 7:16 pm

b) Mas nem por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.
“Se considerásseis a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância lhe daríeis.
Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”
Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida.
A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo.
Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e a abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.

739. Têm os flagelos destruidores utilidade, do ponto de vista físico, não obstante os males que ocasionam?
“Têm. Muitas vezes mudam as condições de uma região, mas o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam.”

740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a braços com as mais aflitivas necessidades?
“Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.”

741. Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
“Em parte, é; não, porém, como geralmente o entendem.
Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem.
À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas.
Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe.
A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus.
Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.”
Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocadas a peste, a fome, as inundações e as intempéries fatais às produções da terra.
Não tem, porém, o homem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiénicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuar muitos desastres?
Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão hoje preservadas deles?
Que não fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar-se de todos os recursos da sua inteligência e quando, aos cuidados da sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes?

Flagelos que assolam a humanidade
Os flagelos que assolam a humanidade
Trazem preocupação, ira e mortandade,
Todavia, sempre existiram na História.
Sejam vírus de etiologia desconhecida
Ou guerras sem quartel nem guarida,
Basta fazer um exercício de memória.
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ARTIGOS DIVERSOS V - Página 12 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS V

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 23, 2021 7:18 pm

As pessoas devem respeitar a natureza,
É mãe que nos ama sem mesquinheza,
Sua mão divina alimenta toda a criação.
A higiene no corpo é a melhor profilaxia,
A sujidade na Alma depois causa asfixia,

Quem dá o pão,
O objectivo é uma aceleração progressiva
De seres humanos com feição agressiva,
Substituindo-a pela paz entre as nações.
O planeta gravita o Sol no espaço sideral,
Vai crescendo na sua escala dimensional,
Afinal de contas, lutamos só por tostões!

Foi um vírus
Foi um vírus que afinal nos juntou,
Não porque Deus nos abandonou,
Mas devido à falta de fraternidade.
Quando na família grassa a desunião
E os seus membros vivem em solidão,
Eis que chega o momento da verdade.

Aí vamos a caminho da Nova Era,
Tal e qual uma ansiada primavera
Que derrete o gelo dos corações.
Já não somos mais alunos infantis,
Desatentos ao que o Mestre nos diz,
Estamos prontos para novas lições!

Girando vertiginosamente no Espaço,
Sem travão, dificuldade ou embaraço,
Segue esta nau que a todos alberga.
Começou por ser um mundo primitivo,
A morte ceifava sem qualquer motivo,
Berço de uma humanidade ainda cega.

Depois passou a orbe de provas e expiações,
Porém, mesmo assim, imperavam as paixões
E o apego louco aos sentimentos inferiores.
Vem, então, amado planeta de regeneração,
Onde a maldade é somente uma recordação,
Traz-nos a paz e a vontade de ser melhores!

Nota da Redação:
Vitor Bruno Santos é palestrante espírita.
O texto acima foi contemplado no concurso A Doutrina Explica – 2020-2021, promovido pelo Jornal Brasília Espírita (www.atualpa.org.br), com o objectivo de sensibilizar para a leitura, o uso da biblioteca espírita e levar a conhecer alguma metodologia de pesquisa para apoiar o estudo doutrinário, além de incentivar os participantes para o potencial de racionalização e explicação da realidade social e espiritual pela Doutrina Espírita.

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