LUZ ESPÍRITA
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FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia

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FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia - Página 3 Empty Re: FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:51 pm

Deverá ser a mesma dos ladrões, dos assassinos, dos contraventores, dos ímpios... senão pior, porque nos apressamos em dizer que somos herdeiros dos valores dos Céus.
Se a lei do Amor nos cerca de novos preceitos e se aceitamos Cristo como o Messias prometido pelos grandes profetas, por que O negamos com tamanha displicência?
E se a lei desta virtude incomparável nos convida a amarmos os nossos inimigos, por que intentamos a sua destruição por mera fragilidade, que o tempo desfaz com rapidez?
Se quisermos nos sentir como filhos de Deus, temos de Lhe obedecer, no convite do Seu filho maior, Jesus Cristo".
O coração do Príncipe da Igreja já estava pendendo para nobres ideais e vez em quando ideias condicionadas avassalavam sua mente, querendo retomar sua posição, antes extravagantes, porém, não o conseguiam, enfraquecidas pelos dotes despertados nas vias do coração.
Os sentimentos de Urbano III começavam a amadurecer, trajando vestes nupciais.
Acordara o Cristo interno dentro d'alma, para nunca mais calar, usando a consciência como instrumento espiritual, de modo que a razão compreendesse o seu grandioso trabalho, juntamente com a moderação dos impulsos sentimentais.
Não existe alguém mim eternamente e o que pensamos ser erro são processos evolutivos de todas as criaturas.
Eis porque o não julgueis existe no Evangelho.
Como julgarmos, se vamos passar pelos mesmos processos, ou se já passamos?
Criatura nenhuma tem o direito de odiar o seu irmão, achando que certa é a sua vida.
Cada uma tem tarefa diferente da outra, na vastidão infinita do universo, mas que no fundo corresponde ao mesmo objectivo, ao mesmo Amor, por sermos da mesma essência.
O papa, que comandara por pouco tempo as Cruzadas, e que por vezes sentia a influência do Bem na defesa dos pertences da Igreja Católica Apostólica Romana, ao acordar para a verdade mais acentuada, muda de direcção o seu barco doutrinário, pelo menos aquele que velejava nas águas do seu mundo íntimo.
Quem dera pudesse fazer retomar os soldados em batalha contra as forças do Sultão!
Se tudo estivesse somente nas suas mãos, e se aquele modo de pensar perdurasse na sua cansada cabeça, ordenaria a paz, mesmo em detrimento da honra da sua religião.
Suspenderia todas as lutas e traçaria um perdão colectivo aos inimigos, lançando suas bênçãos aos adversários, devolvendo tudo o que fora tomado, e não exigindo de volta o que lhe fora tirado por agressão.
O Sumo Pontífice estava mudado e o colégio cardinalício cismava com a sua conduta.
Supunham que a decadência abeirara-se do Santo Padre, pois a conturbação do mundo dava-lhe desgosto infindável.
Contudo, a lucidez do varão religioso suprira, por demais, as deficiências, chegando ao ponto de não deixar transparecer suas opiniões aos comandados, por saber, por experiência, da sorte dos que tentavam mudar a direcção traçada pelo "destino", no grosso da comunidade católica.
Submeteu-se a esticados dias de jejum e oração, meditando sobre sua vida; nascera de novo, para entrar no reino dos céus, como Jesus falara a Nicodemos.
Era, graças a Deus, um novo homem diante de Cristo e da própria consciência, chegando a extremos sacrifícios.
No clímax de suas meditações, recebeu notícias provindas do Oriente, de que Saladino tinha tomado o Santo Sepulcro e invadido no dia três de outubro de 1187, a Cidade Santa, alagando-a de sangue cristão.
E Urbano III caiu deprimido pelo facto.
Como conciliar as atitudes tomadas pela Igreja, com as descritas pelo Evangelho?
E a honra da Casa de Deus?
E se ele mandasse baixar as armas, o que aconteceria?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:51 pm

Mudaria verdadeiramente a situação, ou somente ele mudaria de posto?
A sua cabeça girava e seus sentidos falhavam, sem atender ao comando da alma.
Começou então a falar o que tinha guardado na mente, e que estava registrado na impressão da verdade.
Tudo o que lera antes e comentara consigo mesmo, tudo o que condenara quanto à crueldade dos cruzados, da usura e da prepotência dos cristãos começou a fluir da inconsciência, e isso serviu para que fosse taxado de louco, porém um louco passivo, cuja mansidão era devida à sua posição.
E alguém o abençoou na extrema hora, fazendo com que de um riquíssimo anel saísse por secreta abertura o veneno fulminante, que colocava do outro lado da vida o velho guerreiro, para que não servisse de empecilho ao bom andamento das Cruzadas que, por intermédio de Urbano II, Deus elegera como Guerra Santa, no dizer dos agentes mais categorizados da Igreja Romana.
Gregório VIII assumiu a direcção da Igreja e o comando da terceira Cruzada, com euforia nunca vista nos bastidores das guerras.
Vários reis e príncipes aderiram às suas nefandas tramas, como os reis Filipe da França, Frederico Barba Roxa, da Germânia, bem como Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, que ingressaram nas Cruzadas.
E eis que caiu sobre o mundo tempestade de sangue, de ódio e de luta.
Gregório fechou os sentimentos para toda e qualquer inspiração elevada, brutalizando seu coração e desembainhando a espada.
Matou a sua própria mãe, por afastar-se totalmente dos preceitos do Senhor.
Os seus nervos pareciam cabos de aço, que o coração desconhece.
Dir-se-ia que molhou grande extensão de terra com lágrimas e sangue, somente por causa de poucos metros de chão, que o sol castigava impiedosamente.
Quando Urbano III desceu da nave da morte, que o conduziu até o mundo espiritual, sentiu-se o mesmo homem, com as mesmas tendências, virtudes e defeitos, pois é o mesmo espírito que tomou, de certo modo, demorado banho, livrando-se de um peso maior, como num convite para novos ideais, que partissem da sua própria vontade, renovação que poderia ter sido iniciada na Terra, mesmo quando investido na carne.
Encontrou muitos companheiros de infância e de sacerdócio muitos inimigos gratuitos e provocados, com os mesmos direitos de viver, de pensar de pertencer às seitas que lhes interessassem, de serem igualmente filhos de Deus.
Ainda sentindo-se revestido do poder, custava a aceitar a ideia de igualdade e de liberdade de consciência.
Lutava com todas as suas forças internas, mas sofria amargamente.
A roupagem do comando, que antes vestira, estava mais difícil de ser retirada do que o próprio corpo físico, que largara com certa facilidade.
Ser uma alma nova, para novos eventos com Jesus, requeria entendimento, maturidade, e uma virtude sobremodo difícil no cristão: humildade.
E humildade para um soberano cheio de preceitos, inundado de virtudes fabricadas por leis humanas, seria quase impossível; era pedir demais para si mesmo.
Queria ser grande, e confessava isso até publicamente, se fosse necessário; porem, possuía uma grandeza diferente das grandezas transitórias do mundo, uma grandeza com Cristo resplendente no coração, como um sol anunciando novo dia, que ficasse na consciência para a eternidade.
E se lembrava fortemente do quadro dos discípulos em viagem para Cafarnaum, onde se encontrava o Mestre, quando travaram forte discussão entre si pela posição de maior destaque, que Jesus percebera, mesmo se encontrando distante deles.
Folheou um livrinho bastante amassado.
Procurou com interesse, e conseguiu, na anotação de Marcos, capítulo nove, versículos trinta e quatro e trinta e cinco, o tão procurado tópico, que assim nos informa:
Mas eles guardaram silêncio, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual era o maior.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:51 pm

E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse:
Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos.
Suspirou aliviado, deixando o pensamento divagar no mundo da consciência, sem encontrar a solução desejada para os que ficaram no comando da Igreja Católica Apostólica Romana.
E questionava mentalmente:
"Como pode um pontífice ser o menor de todos, para ser o maior no reino de Deus?
A diminuição é incompatível com a posição que ocupa.
Como perdoar os inimigos da comunidade, deixando que eles invadam e deturpem os sagrados princípios da religião?
Como abençoar esses sanguinários maometanos, e orar por eles, se desta forma estaremos fortalecendo os adversários para nos destruir?
Como é que se pode ser o menor, sendo grande?"
E nesta exigência da alma para subir de entendimento, sentiu um estalo no centro da consciência e começou a ouvir uma voz suave, mas firme, a arrebatar-lhe todos os sentimentos, e convergindo para eles todo o seu raciocínio, na liberdade ofertada ao ser espiritual, de aceitar ou recusar:
- Meu filho, há pouco chegaste de viagem, e a Terra foi o teu desterro.
Lá assumiste posição ambicionada nos trilhos da provação.
Construíste os teus castelos, envernizados pela prepotência.
Coroaste homens para matar, e aceitaste a destruição para o brilho e honra do poder temporal, esquecendo as consequências que adviriam disso.
Dificilmente pensavas na paz dos outros.
E a consciência travou contigo a maior das batalhas, uma guerra santa, que a lei do Amor aprova, para alertar-te no momento exacto, mostrando-te os caminhos da benevolência e do perdão, da amizade e da concórdia, da felicidade e do trabalho.
Agora que perdeste a posição de mando, por imposição da natureza, não deves julgar os que lá ficaram, envolvidos no lodaçal de investimentos naturais, para a propulsão do progresso.
A inferioridade nos inspira para julgarmos os inferiores.
O preço da evolução é muito grande e é justo que te arrependas, pois este é um sinal do despertar espiritual.
E grandioso que procures seleccionar ideias e factos, no sentido de te estribares em alicerces seguros para a vida de Amor.
Mas, na verdade te dizemos, que quando planeavas fazer o que o destino não aprovaria, foste retirado da posição que ocupavas no mundo; tanto o Bem quanto o Mal ocorrem de acordo com as necessidades que convém aos carmas, individual e colectivo.
A engrenagem da lei é perfeitíssima, sem que se perca um til, e sem que sobre uma vírgula que seja.
Os processos evolutivos das almas a caminho da felicidade ainda são desconhecidos pela teologia humana e, alguns de que se fala, aproximando-se da verdade, não são entendidos, por faltar-lhes a própria evolução.
Ser ignorante não é ser culpado, como também a ninguém isenta dos reveses da própria vida.
É desta forma que a dor os prepara para o grande festim das bodas: novos casamentos com novas verdades.
A luta em todas as direcções nos prepara para o conhecimento de verdades maiores, que nos tomará livres.
Deu uma pausa, colocando o ex-sacerdote em meditação, e continuou com sabedoria:
- Filho, na verdade, o testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo foi colocado sob os cuidados da Igreja, para que com o tempo essa herança fosse entregue a cada um, de acordo com a sua própria necessidade, o que está sendo feito com extrema precisão.
Como poderia o cristianismo nascente continuar na sua pureza lirial, se os homens não tinham elevação correspondente para vivê-lo?
O Cristo veio à Terra, porque na Terra não existe paz; se fosse moradia de Anjos, Sua descida não teria sentido.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:52 pm

Um professor se dispõe a instruir os alunos porque os alunos não são professores ainda.
Os pais têm todo o cuidado com os filhos, enquanto eles são crianças e, quando se tomam adultos, cada um segue o seu próprio caminho, por já terem as experiências necessárias.
Pode parecer que o Evangelho foi deturpado pelas mãos dos sacerdotes; no entanto, assim não ocorreu.
Se porventura houve deturpação, a culpa foi de todas as criaturas.
O que houve foi um resguardo da comunidade a que nos referimos, para que esse tesouro divino pudesse atravessar o tempo, varar o espaço e chegar ao seu destino, entregando aos homens, encarnados e desencarnados, a mesma Boa Nova primitiva sem perda de nada, e, neste percurso, cada um recebeu o que merecia pelo seu próprio entendimento.
Nada se perdeu durante a caminhada...
As guerras, as pestes, a fome, a viuvez, a orfandade, enfim, toda ordem de calamidades individuais e colectivas, já estavam previstas pela Omnisciência Divina.
E destes factos, sobremodo mais impressionantes, até os profetas já falavam com antecedência de mais de mil anos.
Sem as guerras, como o ignorante entenderia a necessidade da paz?
A violência é matéria indispensável aos violentos e a própria natureza primitiva do planeta era agressiva, selvagem.
Só com o tempo, a evolução a colocou mais mansa, mais amena, mais favorável.
O ar, em épocas recuadas, era mortífero para a humanidade actual.
Tudo caminha, tudo evolui, tudo cede à perfeição.
Não precisamos escolher se queremos ou não progredir, isso é a lei.
A boa vontade é, por assim dizer, alavanca da mesma evolução.
O esquema de Deus já está pronto desde o princípio, e compete a nós outros a ele obedecermos, pela força em Primeiro lugar, depois por sabedoria.
Se tu começas a enxergar os erros praticados que a tua consciência hoje condena, não condenes os outros na retaguarda, que copiam o que fizeste.
No amanhã eles também abrirão os olhos à luz.
Toda alma que procura lentes para criticar os defeitos dos outros está começando a ter necessidade de deixar os seus.
E nesse ataque sistemático, a tua consciência encontrará brechas para mostrar-te a tua imprudência irreverente.
Deus a ninguém condena à eternidade de penas.
Como Pai perfeito, todo Amor, ajuda com todas as mãos possíveis na igualdade de escalas, que compõem o grande rebanho de Espíritos.
E bom que despertemos a confiança, porque sem a fé na Inteligência Divina e nas nossas próprias forças, tomar-nos-emos vidas valentes, sem direcção e estabilidade, pois nos foge o poder de raciocinar bem, por nos faltar Amor no coração e discernimento no centro da vida.
Não condenes os muçulmanos!
São nossos irmãos em Cristo, e filhos do mesmo Deus.
Eles têm os mesmos direitos de serem ignorantes, como os católicos têm direito de se defender, de matar e de agredir, pois estão igualmente contraindo dívidas, para que elas se tomem, com o tempo, em acúmulos de experiências, que se revelarão como tesouros, que a ferrugem não destrói, nem a traça corrói.
Quando o Cristo pede para que oremos por nossos ofensores, está nos colocando em posição de paciência para com eles, de sorte que o ódio não nos atinja pela ignorância exterior.
O silêncio se fez novamente...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:52 pm

A mente do Príncipe da Igreja, desfolhada pelos impactos da lei, nadava no mar de Sabedoria despejada pela Misericórdia de Deus.
E ele começou a sentir piedade, amor e caridade por toda a humanidade, sem as barreiras de seitas, nações ou línguas.
Deixou os joelhos caírem em lugar firme, curvou a cerviz, e chorou como se fosse uma criança. E a voz acentuou com brandura:
- Deixa, Urbano, as lágrimas correrem, pois elas têm o poder dinâmico de abrir caminhos para a drenagem dos corrosivos, impregnados pelos milénios, e que estão dispostos a avançar, deixando-te livre para sempre.
Agradece a Deus pelos sentimentos e confia no Pai Celestial, que nunca erra.
Não percas tempo em orações prolongadas; antes, movimenta as mãos em favor dos que ficaram, e idealiza meios para o alívio dos que sofrem.
Labora em direcção à paz, que assim estarás envolvido na extrema súplica, que vale mais que o poder e o ouro.
Alguém se aproxima do candidato, toca-o, e o convida para partirem, no que este atende com humildade, desaparecendo nos confins dos espaços.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:52 pm

4 - A Estrela da Idade Média
"Caíste do céu, ó estrela da manhã ".
Isaías, 14:12.

Silvestre II, ao som de milhares de sinos, recebia a coroa pontifícia no ano de 999.
Com o poder que possuía nas mãos, planeava transformar os bastidores da grande comunidade cristã, estando empenhado consigo mesmo em liberar gradualmente as consciências, na medida em que a inteligência assim o permitisse, acompanhando o progresso em algumas direcções, sob a atenta vigilância da Igreja, e com censuras, quando houvesse necessidade.
O Papa cultivava a arte literária e possuía grande tendência para a política.
Tinha em primeiro plano os conceitos do Cristo, que o fascinavam, porque o faziam sentir aberturas infinitas na Teologia, no modo de compreender o que o Mestre ensinara aos Seus discípulos e à humanidade.
Fora preceptor de vários reis, como o Imperador Otto, preparando-o, nas sequências das lutas da Igreja, para uma emergência.
Sabia, e a opressão isso fazia crer, que os maiores inimigos do presente e do futuro da Igreja eram os muçulmanos.
Jerusalém era a Terra Santa, carecendo de ser protegida e totalmente integrada no seio da Igreja Católica Apostólica Romana.
Todavia, o destino não lhe permitiu demorar-se muito com o ceptro do poder.
Foi nesta época que o mundo espiritual, sob a regência do Cristo, se movimentou em grande preparo, para que a Terra recebesse um dos Seus discípulos, aquele que na Ilha de Patmos selara o Evangelho, escriturando o último capítulo da Boa Nova - o Apocalipse.
João Evangelista renasceria na cidade de Assis, com uma corte de companheiros sobremodo grandiosa, para dar cumprimento a vontade do Senhor, pelo seu amor à humanidade, e se chamaria Francisco - estrela de primeira grandeza, a deslocar-se dos céus do Cristo para o mundo terreno.
Era o amor mais vivo de Jesus a beijar novamente o solo da Terra.
O fenómeno de Assis abalou, por assim dizer, os conceitos impostos pelos dirigentes do clero romano.
Viria ele reviver o cristianismo primitivo, pelo Amor que seu coração concentrara em milénios de vivência, como a maior mensagem à humanidade.
A disciplina a que se submetia, no correr do tempo, era a segurança indispensável para essa enorme tarefa de abrir os olhos dos guerreiros e sacerdotes, de reis e imperadores, sendo a esperança viva e a paz em progresso.
João Evangelista reuniu-se com os seus discípulos no mundo espiritual, em uma estância que acomodava muito bem a pequena falange de Espíritos altamente conscientes dos deveres a cumprir, eternizada nos conceitos do Cristo, decidida a acompanhar o Mestre onde quer que fosse, e afínizada com os poderes do Amor.
No entanto, a missão a eles legada era por demais difícil.
O testemunho, em certas horas, abala as convicções mais profundas, por ser a carne frágil, e era necessário que eles dela se revestisse, obedecendo a leis promulgadas desde o princípio, pelo Grande Arquitecto do Universo.
Ali se congregavam almas escolhidas para o evento da luz.
O Evangelho já fora estendido a quase todo o mundo, e, principalmente no seio da Igreja, constituía leitura obrigatória.
Os príncipes, os reis, os imperadores, os homens de ciência, os grandes filósofos e parte da massa sofredora conheciam, uns mais, outros menos, os escritos do Livro Santo.
O imprescindível naquele momento era a sua vivência; e aqueles Espíritos unidos em tomo do mestre tinham de assumir, com a própria vida, uma posição na face da Terra, no reflexo da Boa Nova de Jesus, o Evangelho sem divisões, sem perda do conteúdo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:53 pm

Para tanto, se fazia necessário grande preparo espiritual para o planeado avanço da luz.
Já estavam escolhidos os lugares apropriados para os renascimentos de todos eles, de acordo com a técnica espiritual.
A resistência de cada um, tanto na área física, como na espiritual, era relativa à individualidade, que o tempo, liderado por Deus, concedeu a cada Espírito.
Quando a sintonia é o móvel da união de muitos corações, o ambiente se purifica, e os que o vivenciam transformam-no em céu, pelas faculdades afloradas na gama dos sentimentos.
Daí aqueles velhos companheiros de lutas permanecerem em prolongada concentração, onde não havia preocupação que o tempo passasse.
Nada se faz bem feito sem preparo antecipado.
Se, no mundo, os homens já conhecem essa verdade, reunindo mestres em escolas bem aparelhadas, para que os alunos enriqueçam seus conhecimentos e se transformem igualmente em mestres, dando continuidade e valorizando as ciências, quanto mais no mundo dos Espíritos!
Qualquer coisa, por menor que seja, tem grande importância.
A Terra é olhada como um curso mais ou menos longo, onde os professores são as próprias almas, sob a interferência da lei, filtrada na mente do Mestre Maior, Nosso Senhor Jesus Cristo, o fundamento da Vida neste planeta.
E o Filho a quem Deus confiou a direcção da casa.
A imagem, o trabalho e a vontade de Jesus haveriam de ser o ponto central de todas as cogitações daquele grupo de paz, quando plantado no reino da Terra, para que a semente da verdade crescesse, no terreno sublimado dos sentimentos em preparo.
Enquanto os discípulos de João se distraíam em conversações edificantes no meio da comunidade, seus olhos buscavam no infinito, as estrelas mais distantes:
era o telescópio interno, accionado pela vontade e sem interferência do mundo exterior, a lhe mostrar as belezas da criação.
Observava a atmosfera espiritual da Terra e a acompanhava no seu giro habitual em tomo do grande astro, como, e certamente, em vários bailados incontáveis, para que o equilíbrio fosse a confiança da vida.
As estrelas no infinito pareciam, como disse um grande poeta francês, "os bailarinos do espaço", balançando-se no ritmo da vida, pois que as leis não perdem um til, em todos os movimentos.
A sequência transmuta em harmonia e esta vivifica como sendo a própria felicidade.
O evangelista procurava Deus no Seu corpo ciclópico universal, para depois senti-Lo, na mesma totalidade, no microcosmo do seu mundo íntimo.
O Espírito divaga em meditações, ganhando recursos, quando ele é necessário na solidificação de grandes lutas.
João acalmava seu fogoso raciocínio que, em pouco tempo, devastava constelações, familiarizava-se com galáxias inteiras, penetrava o universo com a intimidade do seu próprio ser...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:53 pm

5 - Os Duzentos e Um
O profeta do Apocalipse parecia em êxtase, pois um clima de serenidade vibrava tão profundo em seu íntimo como que emitindo luz própria e alguns discípulos fitavam seu rosto, admirados pela sua transfiguração.
Partia do seu coração uma chama azulínea indescritível, que, como por encanto, se dividia com sábia precisão, acomodando-se em seus fiéis companheiros, constituindo laços dos mais seguros e vigorosos, para que, mais tarde, quando na Terra, obedecessem à voz daquele preposto dos Céus.
E dentre os mais destacados irmãos, estava o que iria chamar-se António de Pádua.
Eram duzentos discípulos escolhidos e testados para a grande tarefa de difícil cumprimento, pois a renúncia, o desprendimento, a humildade e o amor seriam a tónica de todo o seu ideal.
As demais virtudes a serem cultivadas eram sequência ou evolução da própria base.
Serviam-lhes de templo naquela estância, quatro árvores gigantescas, cujas folhas brincavam aos sopros brandos dos ventos.
Seus galhos estalavam uns nos outros, pelo reino a que pertenciam, como que a aclamar e louvar com palmas vegetais a presença de tantos Anjos em conjunto, traçando planos, os mais difíceis, para que a Terra pudesse ter mais paz e conhecer mais de perto o Amor.
As estrelas eram como olhos de Deus iluminando o infinito, em seguro testemunho dos compromissos daquela pequena constelação espiritual, firmando no céu as palavras que deveriam ser ditas na Terra.
João desligou seus pensamentos da viagem cósmica, reintegrou sua grandiosa personalidade, deitou seu olhar magnânimo em todos os seus companheiros, deu tempo para que eles preparassem a atenção e se apartassem das conversações travadas em duplas, e foi ao concreto, à finalidade que os prendera ali.
Enquanto, na Terra, milhões de pessoas buscavam soluções para seus intrincados problemas, havia nos céus outro tanto, como aquele grupo de almas iluminadas que se congregavam, com o objectivo sublimado de ajudar sem ser conhecido, dentro dos padrões que a evolução concedesse.
O filho de Salomé, referindo-se à conduta dos seus discípulos, era quase omnisciente.
A empreitada era dura, no entanto, nobres por excelência eram os propósitos.
Conversara com o Cristo em esfera resplandecente sobre a sua vinda ao planeta.
O calendário da Terra marcava o século XII, e a Idade Média pegava fogo pelas incompreensões humanas.
A ignorância fazia adormecer a lavoura dos sentimentos altruístas.
Satanás já se encontrava solto nas hostes do mundo, simbolizando os dois bilhões de Espíritos ignorantes e endurecidos.
Aquelas duzentas estrelas que giravam em tomo de um Sol deveriam descer às sombras do planeta, pela força do Amor...
E o verbo, de fácil fluência dos lábios de João Evangelista, se fez ouvir:
- Filhos do meu coração, que a paz de Jesus Cristo reine em nossos espíritos em nome de Deus, nosso Pai Celestial.
E de alta valia o fato de termos aportado nesta estância do Senhor para esta reunião que constitui para nós outros uma festa, na qual firmamos compromissos com a lei que nos garante a própria vida.
Já estamos mais ou menos conscientes dos nossos deveres; o que nos resta é testar a nossa coragem, examinar nossa estrutura espiritual, rebuscar o nosso passado, e ver se aguentamos a cruz que devemos carregar no calvário da carne.
Vamos todos fazer uma curta viagem ao solo terreno, pertencer, por algum tempo, ao mundo que nos parece um cárcere, mas que no fundo é uma bênção de Deus em nosso favor.
Tudo depende da disposição de cada um, pois seremos injuriados, maltratados, esquecidos, lapidados, encarcerados, enviados a guerras!
Experimentaremos a fome, a sede, a nudez, e, em muitos casos, a vergonha, pois a mensagem que levamos para os homens é tão elevada, que, os que estão posicionados mais abaixo, investirão contra nós.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:53 pm

Não estamos aqui falando para leigos, basta um toque para que entendais toda a nossa intenção.
Não é necessário mais que um gesto para que possais compreender o que se acha escrito em todo um livro.
A mente, quando preparada, dispensa o tempo, pois aprende em síntese, o que uma alma sem experiência levaria anos para entender.
Não estaremos em convívio com crianças, pelo menos em relação aos homens com quem vamos encontrar brevemente.
Vejamos bem que Jesus, como emérito professor, conversou, por três anos, com um punhado de homens livres; estes, no entanto, levando-se em conta a humanidade, em três milénios, talvez ainda não assimilem Suas lições.
Nossa conversa é diferente, deve ser rápida e lúcida para assimilação, na íntegra, de todo o ideal.
Não temos tempo a perder; os clarins da eternidade, parece-nos, já tocam, convidando-nos à grande descida.
Nos intervalos que João Evangelista fazia para que a música pudesse apreciada, rajadas de vento sopravam em várias direcções, enriquecendo o ar e beijando as faces tranquilas daqueles seres que ali firmavam uma só decisão:
lutar na Terra para que a humanidade se lembrasse vivamente do Cristo nos seus primórdios, fazendo com que o Evangelho renascesse dos escombros da indiferença humana, e fosse sentido, ao menos no palpitar dos corações dos doutores da lei de todos os tempos, e que, se restasse alguma coisa para a massa de almas sofredoras na came, que a elas chegasse, por misericórdia de Deus, na forma de fé.
Que o amor de uns para com os outros se fizesse notar em alguma parte.
Depois de acomodados os pensamentos, tomou a falar o discípulo maior:
- Filhos meus, já é do conhecimento de todos que vamos lutar contra feras humanas e com Espíritos bestializados, almas endurecidas que irão nos atacar de maneira inteligente.
Cuidemos, pois, de renunciar às facilidades no meio delas, pois nelas se escondem as víboras que nos picarão com veneno perigoso.
O mundo ainda é o seu reino e, se lá vivem, é certo que as suas experiências no Mal são grandes.
Compete a nós outros nos lembrar novamente de Jesus quando proclama, firmado no Evangelho:
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação.
O Espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
(Mateus, 26:41)
As armadilhas nos nossos caminhos serão muitas e variadas; no entanto, a lei nos garante que quem nelas cair se deixou seduzir pela isca enganadora.
Não podemos nos esquecer de, ao raiar do Sol com o convite ao labor diário, buscar a Deus e a Jesus, pelos meios que nos convém.
A oração deve ser o nosso ato primeiro, para depois transformá-la em trabalho, em busca do pão de cada dia.
Não falamos aqui, somente da vigilância exterior; essa talvez seja a menos perigosa.
E bom lembrar, mais uma vez, que a nossa tarefa será no seio da Igreja Católica Apostólica Romana, que merece o nosso maior respeito, pelo que fez em favor da herança do Cristo para a humanidade.
No entanto, agora carece ela de ajuda maior para que todo esse seu esforço não se perca nas tempestades das iniquidades.
Não somos salvadores de ninguém - é justo que salientemos este aviso - todavia, vamos levar um recado do Cristo ao povo escolhido, no resguardo do Evangelho, para que não se exponham muito à dureza dos corações, e não se prendam em demasia à força do ouro, nem dêem muita atenção à prepotência, pois o mando, em muitos casos, colecciona infortúnios.
Para dar ao mundo esse pequeno recado do céu, não basta assumir uma tribuna; é certo que teremos de falar, no entanto, antes do anúncio, teremos de viver o que pregarmos.
Muitos irão nos censurar por não compreenderem o motivo da nossa conduta, mas o tempo há de provar-lhes que não existe outro caminho, além do que está esquematizado para a nossa função nos liames da carne.
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FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia - Página 3 Empty Re: FRANCISCO DE ASSIS - Miramez - João Nunes Maia

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 18, 2019 8:53 pm

Aqui estamos em repouso, lá estaremos na luta.
Aqui estamos derramando lágrimas de alegria, lá, a nossa missão irá requerer, muitas vezes, que derramemos nosso sangue.
Aqui estamos somente recebendo do Grande Suprimento da Vida, lá daremos a última gota de energia na solidificação do Amor.
É oportuno que ouçamos o versículo trinta e três do capítulo catorze, de Lucas, que assim expressa:
Assim, pois, todo aquele que dentre vós, não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.
A missão exige essa renúncia que abrange totalmente a vida nos campos da Terra:
renunciar à família, renunciar ao ouro, renunciar ao mando, renunciar ao luxo, renunciar aos banquetes e, ainda mais, combater insistentemente dentro de nós, a vaidade, a mentira, o egoísmo, o orgulho.
Toma-se necessário dispensar os convites fáceis, não perder um segundo que seja na inércia e não deixar que as mãos descansem enquanto a mente estiver activa.
Nossas ideias serão repelidas, refutadas pelos irmãos de crença, pois em tomo de nós se reunirão milhares, procurando refúgio, achando que a comunidade que haveremos de organizar é um covil de malandros, de refugiados do trabalho.
Os de dentro de casa serão os mais difíceis de serem convencidos.
Porém, teremos ao lado destes, outros que nos trarão grandes alegrias, que não fazem parte connosco deste colégio, mas que estão prestes a saldarem as dívidas mais pesadas com o mundo da consciência.
Como é bom servirmos de instrumentos para esta conversação de almas maduras, de espíritos decididos ao trabalho de Jesus Cristo!
Terminada a fala, fez uma pausa, enquanto os discípulos degustavam o grande manjar espiritual.
Na mente de cada um ainda se ouvia a voz do pai João de Patmos, ecoando harmoniosamente, fazendo eco nas paredes invisíveis da consciência, gravando e regravando a palavra compromisso, para que, quando estivessem na carne, viesse à tona na forma dos pensamentos mais responsáveis.
A qualquer toque nesta sintonia, as ideias aflorar-se-iam como por encanto e a alma começaria a recordar, na sequência do tempo, o que viera fazer na Terra.
E os discípulos se enlevavam na afável presença do antigo profeta, por ser ele a bondade personificada e o exemplo vivo de todas as qualidades que enriquecem a vida, levando a dimensões mais elevadas.
João, no silêncio, sentiu o fogo divino visitar seu mundo interno, e continuou:
- Caríssimos companheiros!
Somos soldados do Grande Comandante, daquele testemunhado pelos profetas, o Cristo anunciado por Moisés e Malaquias, "nado desde Mateus às visões da ilha de Patmos, o Mestre inconfundível que exemplificou o que dissera.
Sua filosofia de conceitos elevados não ficou no ar, qual a dos pseudo-sábios.
Ele as testificou, curando leprosos, levantando caídos, dando visão a cegos e ressuscitando mortos.
Tivemos a felicidade de acompanhá-Lo desde as Bodas de Caná ao topo do Calvário, e, por assim dizer, sentir por muitas dezenas de anos o pulsar da Sua doutrina, nos centros mais populosos do mundo...
E grande o interesse pela paz.
Não obstante, pequeno é o preparo para que a humanidade receba o Amor.
E no tocante a essa grande virtude que vamos pisar o chão duro do planeta, sentir suas consequências, viver com os homens mais frios da Terra, e ajudá-los no preparo da lavoura interna.
Por sermos nós sementes do trigo celestial, por lei divina que rege as almas e as coisas, não poderemos ser mantidos em um só celeiro, para que um não prejudique o outro.
E imprescindível que sejamos espalhados por toda a Mansão Terrena - não importa que um vá para o Oriente enquanto o outro aporte no Ocidente, que um siga para o Sul e o outro se aloje no Norte, que algum renasça no Leste e o outro se faça presente no Oeste.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:49 pm

Importa, sim, que todos os pontos cardeais sejam tomados pela nossa vigilância, e é inteligente que nos lembremos disso antes de tudo.
Busquemos as palavras do próprio Cristo, quando desenha para nós um roteiro mais apropriado, afirmando, o que foi anotado por Mateus, no capítulo dez, versículo vinte e dois:
Sereis odiados de todos por causa de meu nome.
Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.
A perseverança no Bem e a persistência no ideal serão a pedra angular da nossa vitória.
Não poderemos dar outra direcção ao barco, que não seja a do caminho seguido pelo Cristo.
Haveremos de desconhecer o medo e fazer-nos ausentes na luxúria.
Não haveremos de nos ambientarmos com determinados hábitos, porque eles são caminhos para os vícios, e deveremos nos postar em sentinela diante das extravagâncias.
O resguardo maior haverá de ser com nós mesmos, nas intenções, na formação dos pensamentos e na liberação das ideias nos actos diários.
É bom que saibamos que a eterna vigilância é o sopro da felicidade.
Melhor ainda será que reforcemos este assunto.
Vós sois duas centenas de sementes lançadas na Terra, que alguém vai ter o cuidado de plantar, em nome do Cristo.
Ele é o Jardineiro dos Céus, que não Se esquece dos jardins do mundo, para que no amanhã o Reino da Luz floresça e se confunda nos corações dos homens.
Vamos encontrar nas batalhas terrenas homens cuja convivência não suportaríamos, se não fosse a fé, dada a sua prepotência e crueldade, pois sentem desprezo pelos simples e humildes e consideram escravos os que nada possuem.
Para falarmos a eles, será necessário ter muita fé, muita humildade e, acima de tudo, o perdão vibrando como sol em nossos corações.
Em nosso caso, quem não perdoar, nada realizará.
Seremos considerados por eles desocupados, maltrapilhos, fora da lei; criarão uma tortura mental para nós outros, porque, em matéria de maledicência, eles são versáteis e na crítica, hábeis mestres.
Vigiemos, para que não entremos em comunhão com eles.
Por sermos considerados indignos de actuar junto à juventude, como escola de aprisionamento de consciências, que usa a magia negra para fazer prodígios, seremos jogados contra as famílias.
Iremos atender ao pedido de Jesus quando fala a Seus discípulos:
Não julgueis, e não sereis julgados.
Não condeneis, e não sereis condenados.
Perdoai, e sereis perdoados.
(Lucas, 6:37)
É digno esquecermos todas as ofensas para não perdermos tempo no emaranhado das iniquidades, para que a nossa mente vibre sempre positivamente, no ideal do Cristo.
Quem se ofende com calúnias, está, de certa forma, ligado ao ofensor, às suas proezas.
É de interesse primordial do nosso colégio, zelarmos por isso.
A sombra que passa sobre as águas não se molha, por estar em outra frequência de vida, e, os companheiros do Cristo não poderão se macular no lodo das incompreensões da Terra, por estarem em outra dimensão da vida, colocados pelo Amor, onde o perdão os defende e a oração os protege.
Alguém no mundo ateia fogo à Terra, desinquietando seus moradores, e nós teremos que abrandar esse fogo, aliviar sofrimentos e elevar a fé às condições de salvar a esperança em Deus e em Jesus Cristo...
As Cruzadas são o nosso alvo, e delas nascerá a Inquisição, como planta daninha a inter-cruzar os campos do mundo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:49 pm

A acção destes Espíritos malfeitores vai além do que podeis imaginar.
Eles irão se organizar de forma espectacular; no entanto, a Luz já é organizada para qualquer emergência.
Deus é omnipotente, mas usa as nossas possibilidades para disseminar a Sabedoria, a Paz e o Amor.
Se porventura falharmos, serão chamados outros que nos superarão pelo muito que amam e pelo perdão que sobra em seus corações.
A oportunidade é para nós, e não para Deus.
Temos valioso recurso a ser observado na nossa comunidade: a obediência.
Ei-la, na palavra de Paulo:
Pois a vossa obediência é conhecida por todos, por isso me alegro a vosso respeito, e quero que sejais sábios para o Bem e simples para o Mal.
(Romanos, 16:19)
A obediência é estrutura maravilhosa para as nossas realizações, todavia, e Perigosa se cedermos a fontes enganosas.
Não é por outro motivo que nos reunimos sempre, nesse esforço de entender a vontade de Deus, por intermédio do Cristo, Que nos clareia a consciência, dignifica a razão, tomando-a em bom senso ampliada, de sorte a saber o que deveremos aceitar ou não.
Não será porque foi dito por papas imperadores, por magistrados e sacerdotes, e pelos que se colocam como sábios no mundo, que iremos aceitar tudo sem examinar em primeiro lugar.
Poderemos ouvir, para depois seleccionar com os cuidados que o coração e a inteligência que com Jesus nos dotou.
É ainda Paulo que propõe, na primeira carta aos Tessalonicenses:
Não apagueis o Espírito, não desprezeis profecias.
Julgai todas as cousas, retende o que é bom. Abstende-vos de toda forma de mal.
Não apagar o espírito é deixar a alma se comunicar pela forma que ela entende a vida, pois todos temos o direito de conversar, de expor as ideias, de escrever sobre todos os assuntos que nos aprouverem; porém, quem está falando ou escrevendo, também não nos pode forçar a aceitar tudo que apresenta como teoria, como seu ideal; isso para todos nós sem excepção, é matéria de meditação.
Não desprezar as profecias, ou as escrituras é estar ciente de tudo, por examinar todos os assuntos, ler todas as mensagens, tirando delas o suficiente para nós.
Em todas elas existe o trigo, mesmo que tenha, com abundância, o joio.
E o que vamos fazer nos caminhos do mundo:
reter todo o bem possível das experiências dos homens é evitar o mal que, porventura, eles ainda continuem fazendo.
Vamos ser obedientes aos nossos superiores, sem conivência com as suas possíveis maldades.
Obedecer é o nosso roteiro, sem que com isso alimentemos a vingança, o ódio e o orgulho.
Muitas ordens serão dadas ao nosso pequeno rebanho...
Eis que a selecção
deverá ser feita nos escrínios de mente, com a participação do coração.
O amor nos indicará os meios de não acatá-las, quando equivocadas, para que o exaltado não fique ferido, o vaidoso não se sinta rebaixado, e a prepotência não se encontre com menos força.
O Cristo nos ensinou isso, ao silenciar-se diante de Pilatos, quando este lhe perguntou o que era a Verdade.
O Mestre colocou na consciência daquele governador o ambiente da resposta, sem que ele se sentisse diminuído em sua posição, ou nos seus direitos em relação à sua posição, diante da Terra.
E o que pretendemos fazer.
Silenciar, quando as ordens corresponderem ao mal para os outros, e ter completa obediência no bem quando em favor da colectividade, fazendo frutificar suas sementes em todos os corações que se achegarem ao nosso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:50 pm

Com estas atitudes, o respeito entre nós deverá aumentar.
E disso que precisamos, para que possamos realizar nossos ideais de Fraternidade, de Perdão e de Amor, para com todas as criaturas.
Todos vós sois, para mim, filhos do coração e tudo faço para vos manter unidos pelos vínculos do Amor.
Não será preciso falar mais, pois estais conscientes dos deveres a cumprir diante das responsabilidades assumidas.
Jesus Cristo é o nosso Guia Invisível, que nos vê e nos ouve, onde quer que estejamos.
Espero e confio em todos, pois somos parte do corpo que nos sustenta a vida, como seremos em Cristo, o mesmo instrumento.
Escutai o que o Mestre disse, anotado por Lucas, no capítulo dez, versículo três:
Ide. Eis que eu vos envio como cordeiros, para o meio de lobos.
A missão dos duzentos não é outra, senão à que se refere o Cristo:
lutar com lobos nos caminhos da Terra.
Sereis devorados pelo ódio, estraçalhados pela vingança, amordaçados pela usura; mas nunca vos esqueçais da Fé e do Amor, nestas horas, que sereis libertados pela Luz.
Confiemos e prossigamos, que estaremos com Cristo, e Cristo connosco.
Estamos em um banquete de despedida, onde repartimos o pão dos compromissos e o vinho das responsabilidades.
Cada um de vós receberá, nesta hora, um esquema, com todos os detalhes traçados para as futuras vidas.
Renascereis na Terra com o programa delineado de cada vida, nos lugares respectivos e nos ambientes em que devereis desempenhar os vossos papéis.
Bem-aventurados serão aqueles que não falharem na tarefa; serão recompensados por Deus e abençoados por Jesus.
Sois bastante adestrados para que aneleis, por vós mesmos, os encaixes na carne e é necessário que partais, agora, para vossos devidos lugares, onde sereis recebidos como filhos da Terra e passareis a visitar, em espírito, as localidades em que havereis de renascer, familiarizando-vos, igualmente, com aqueles que se apresentarem para vos servir de pais terrenos.
Estamos no décimo primeiro século do calendário do mundo e já podeis partir, mas antes que vos dividais em direcções variadas, nos anima o coração entregar-mo-nos à súplica de despedida.
Silêncio total no grande templo da natureza...
Muitos dos discípulos não suportavam as lágrimas que lhes visitavam os olhos, já sentindo saudades indescritíveis!...
João se apresentava com os seus inundados de pranto, por ser preciso apartar-se dos filhos espirituais, por algum tempo.
O velho colocou-se de pé, caíram-lhe dos olhos as últimas gotas lacrimais e orou com segurança:
Grande Luz de todas as esperanças!...
Eis que estamos partindo como cordeiros para o sacrifício, sem julgar os que porventura nos ofenderem, que por acaso nos venham a maltratar, ou que, por ignorância, nos expulsarem da vida física.
Permiti-nos entendê-los na maneira como vivem no mundo, pois a natureza não dá saltos, nem o destino faz curvas, e eles, os homens do mundo, precisam de tempo para Vos entenderem e nós temos tempo para perdoá-los.
Se eles atentarem para a destruição, é justo que possamos ensiná-los a reconstruir, por amor a Deus e às coisas, ao Cristo e aos semelhantes.
Deus de infinita Sabedoria!...
Chega o momento de partirmos para os campos de batalha.
Cada um rumando por um caminho, cada qual com uma missão diferente em aspecto, porém, todas iguais em unidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:50 pm

Não permitais que fraquejemos, nem que se esgotem as nossas energias nas lutas.
Os homens na Terra se dividem em ideologias diferentes.
As religiões estão deixando escapar a essência da Verdade e a Moral Evangélica toma destino ignorado.
A honra desaparece com a posição assumida pelo ouro e pelo mando.
Pedimos, Jesus, que nos ajudeis nesta partida, neste adeus temporário, mas difícil de ser suportado em paz.
Queremos ser dignos do Vosso Amor e da Vossa visita misericordiosa, quando no fardo biológico.
Mandai, neste momento, os Vossos Anjos para abençoar os que partimos, infundindo-nos esperanças, para que possamos voltar com a palma da vitória.
Jesus!...
Fazei com que a nossa súplica chegue até os ouvidos de Vossa Excelsa Mãe, e que a corte espiritual que ela comanda nos abençoe e nos olhe sempre.
Revigorai as nossas forças, e ajudai-nos, Senhor, na arte de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos!
Que a Vossa paz seja a nossa paz!
Terminada a oração, parecia que as árvores que lhes serviam como tecto natural choravam através das folhas, mas, ao invés de lágrimas, caíam flores de variada e suave coloração, embelezando o espaço e saturando o ambiente de perfumes incomparáveis.
Foi dado o tempo suficiente para as despedidas e, eles, já de posse do cronograma que lhes indicava seus roteiros na face da Terra, parlamentaram horas e horas para saber uns dos outros, os caminhos a seguir, e quais os meios que deveriam usar para se comunicarem. Depois de abrandarem as conversações, fizeram duas filas, para as despedidas do Mestre.
João Evangelista, irradiando a olhos vistos uma grande luz azul celeste, acompanhado de um dourado preponderante de ouro velho, chorava.
Chorava!... Porém, chorava de alegria por dividir as sementes do coração, a serem enterradas no solo terreno, e só ao tempo caberia o resultado.
Essa emoção agigantava-o diante de seus filhos que, de um a um, abraçavam-no como a um pai, recebendo dele palavras de ânimo e de carinho, envolvidas em pura confiança.
Nenhum dos presentes mostrava desespero no semblante.
Finalizando as despedidas, João falou com sabedoria:
- Companheiros, eis que devo vos falar um pouco mais!
Não percais a esperança em tempo algum, pois ela é a tocha inflamável que podeis acender, aumentando o lume da Fé.
Sem a Fé e o Amor, não poderá haver vitória ou solução para nada.
Vejo que vos preocupais bastante com notícias de uns para os outros.
Não vejo razão para isso, pois podereis comunicar-vos pelos recursos do espírito; além disso, quando estivermos reencarnados, o sono nos favorecerá uma porta pela qual poderemos entrar no grande salão universal e nos encontrarmos com aqueles de mesma sintonia.
Agora, é bom que nos concentremos em nossos deveres, e o prazer maior para nós outros deve ser o encontro urgente com o trabalho na Terra.
Teremos tempo bastante no fim das nossas jornadas, se soubermos competir com as sombras.
Cada qual deve partir para o lugar em que deverá reencarnar, sem desperdiçar minutos e nem alimentar ideias de voltar antes do tempo programado.
Cada um tem suficiente habilidade para manter-se em posição firme, pelo bem da humanidade.
É justo termos as nossas sensibilidades, alimentarmos esperanças pessoais, e que a saudade não passe despercebida em nossos corações; no entanto, o Cristo está, para nós, acima de tudo isso.
O trabalho com Ele tem mais urgência.
Finalizando, o mestre abençoou a todos e fraccionou a caravana em todas as direcções do planeta.
Uma música divina ressoou no ambiente como se quisesse falar com toda a micro-constelação espiritual:
Avante, companheiros!
Pai João, encontrando-se a sós, perpassou os olhos pelo céu estrelado e tomou também a sua direcção.
Em fracção de segundos, desceu na Itália, na antiga Roma, em pequena cidade que mais tarde emprestar-lhe-ia seu nome, para glória de Deus e vontade do Cristo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:51 pm

6 - João Evangelista em Roma
O vidente de Patmos paira nos céus de Roma.
Contempla o palco da história dos primeiros cristãos, ali sacrificados pela causa do Evangelho.
Sente o pulsar dos pensamentos da massa, no vai-e-vem apressado das mas, com as criaturas envoltas em inúmeros problemas a turvar-lhes as ideias...
Roma estava, de certa maneira, agitada, pois cinco anos antes o papa, em Concilio na França, havia dado o grito de guerra contra os muçulmanos, que certamente haveriam de responder na mesma tonalidade:
Violência... Violência...
O grande discípulo do Cristo, em espírito, visita todos os bairros da metrópole.
Desce mais um pouco, e pisa no chão qual os encarnados, andando nas mas, respirando a pesada atmosfera da Cidade Eterna.
Mais parecia ser o Sol visitando a Terra em dia brumoso, mal reflectindo seus lindos raios dourados.
Entra no Senado de Roma.
Sente todos os ideais dos homens da lei, escuta a fala de alguns, incluindo em seus inflamados discursos a mais jovem de todas as guerras, fabricada pela cúpula clerical: as Cruzadas.
Nelas estava sua maior missão, a de abrandar o fogo que começara a devastar o mundo.
Sai do Senado e mistura-se ao povo, dele registando as opiniões acerca da política, da religião oficial, da vida e dos prazeres.
Avança mais um pouco e, num momento, se encontra na "Casa de São Pedro", onde vê o papa dormindo em acolchoados riquíssimos.
Cortinas de fina seda e franjas de um brocado encantador davam entrada ao ar puro que penetrava por quatro grandes janelas.
Guardas tilintando armas de lado a lado guardavam o Príncipe da Igreja no seu profundo sono, enquanto outros, espirituais, impediam entradas estranhas aos interesses da "Casa do Pescador".
João olha para o Sumo Pontífice, que dorme tranquilamente, e nota uma sombra inquieta plasmando algumas imagens, para que ele, quando acordasse, as tivesse como seus próprios pensamentos, inspirados na justiça e na honra do seu grande império cristão.
Cardeais do corpo de assessoria espiritual andavam de um lado para outro, folheando algumas páginas, e se esforçando para decorá-las, sem perceberem o que se passava com o Sumo Pontífice no mundo dos Espíritos.
João aproxima-se serenamente do Sacerdote Maior, imprime em sua mente desequilibrada uma porção de fluidos espirituais, notando que a armadilha não era tão fácil de ser desarmada.
Fluidos subtis eram manejados por entidades das trevas, fora da nave do leito do Príncipe da Igreja e alimentados por vias de difícil visão.
A telepatia era perfeita, permitindo aos ângulos do cérebro do patriarca ajustarem-se aos pensamentos, como se estes fossem seus.
Entretanto, João, pela percepção altamente evoluída, nada deixara escapar, e os vigilantes da "Casa de São Pedro" não perceberam a sua presença, por estar ele em outra faixa vibratória.
Somente ficaria visível se isto lhe aprouvesse e bastaria sua forte vontade, para ser visto por todos os ali postados de vigia.
Porém, assim não lhe convinha.
Dá umas voltas em tomo do leito luxuoso, toca com as pontas dos dedos na região craniana de Urbano II, e percebe que as entidades das sombras se escondem num velho castelo, às margens do golfo de Taranto, e dali, como magos negros do plano invisível, emitem forças negativas com requintado preparo, para a mente do "representante" do Cristo, que ateara fogo no mundo, através das Cruzadas nefastas.
Deseja estar presente no castelo negro, e para lá se transporta imediatamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:51 pm

Era uma grande mansão, que sofrera avarias no seu aprumo elegante, construída por patrício romano, na época das conquistas, e que desaparecera em alto mar com toda a família, em consequência de forte tempestade, ficando seus bens abandonados.
Assim, o castelo serviu adredemente para acolher uma falange de Espíritos deslocados do mundo terreno por perseguição dos mandatários da Igreja, e que ali se reuniam para tratar das devidas vinganças.
Já tinham provocado muitos dissabores, inclusive entre muitos dos familiares do Tirano das Cruzadas.
Todos os dias a operação-vingança era renovada.
O ambiente sufocaria qualquer Entidade que não fosse bem adestrada na técnica de desfazer tramas espirituais.
João desceu suavemente ao chão do antigo castelo e notou que dezasseis entidades ali reunidas cruzavam os pensamentos de um para o outro, e depois de fortalecidos, despejavam energias na mente de um velho técnico na arte de influenciar pessoas, o qual temperava a corrente mental com ideias próprias de suas maldades já bem estruturadas, e as emitia em direcção ao papa, usando da sua própria vidência.
O evangelista conservava-se tranquilo e imperturbável.
Não pretendia desmanchar a reunião; não desejou suprimir, nem assustar as sombras.
Ergueu-se alguns metros por sobre o tecto da mansão negra e concentrou os pensamentos.
Um turbilhão de fluidos circulava em tomo de sua cabeça respeitável, alguns deles se unindo e outros se dispersando, até que ficou preparada a química fluídico-magnética desejada.
Pegou aquela massa uniforme que obedecia à sua vontade, e despejou em torno do palácio, cobrindo toda a área.
Sobrara uma gota que deslizava, irrequieta, no espaço; João estendeu a destra e segurou a gota luminosa entre os delicados dedos.
Olhou para o interior da cabeça do responsável por aquele ambiente de vingança e deixou que ela atingisse seu volumoso cérebro, que, como
por encanto, escondia suas malignas tendências na própria mente.
João retirou-se, deixando-os às gargalhadas, e partiu novamente para a residência do Sumo Pontífice.
Aproxima-se do tálamo papal e nota que as sombras, que antes estavam vivas na cabeça do sacerdote, perdiam a expressão e que, com uns toques de limpeza psíquica, desapareciam por completo.
Aproveita a oportunidade e inspira os guardas encarnados a saírem do ambiente, ao que logo obedeceram.
Em poucos segundos, se notava o espírito Urbano II voltar ao próprio quarto, onde seu corpo ressonava profundamente.
Ele vivia as suas ideias, como se estivesse no paraíso, mas não via os Anjos.
Onde estaria o Cristo? Maria, mãe de Jesus?
E os profetas?
E onde seria o trono de Deus?...
Cansado, estica-se em uma banqueta rente à cama em que o fardo físico descansava.
Daí a pouco, observa uma estrela em formação na penumbra do quarto.
Assusta-se e cai de joelhos, rezando sem cessar, esforçando-se para voltar ao corpo, sem o conseguir.
A estrela, em estado crescente, avoluma-se, tomando forma de homem todo inundado de luz.
O papa, tomando João por Cristo, beija o tapete chorando e pede sua protecção; sente que está na graça de Deus pela presença do Cristo no "Lar de Pedro".
Quer beijar, pelo menos, as orlas das vestes celestiais, todavia, o Apóstolo do Amor não o consente, dizendo mansamente:
- Levanta-te!
Também eu sou da Terra e vim ao teu encontro para que possas estender um pouco de paz à grande área da guerra que já lançaste.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:51 pm

Não sou Jesus, mas enviado por Ele.
João Evangelista pairava ainda no ar e o Pontífice guerreiro recostou-se na banqueta de cedro do Líbano, para ouvir a mensagem do Mundo Maior, através da personificação do Amor na Terra.
Urbano, em espírito, chorando sem parar, enquanto o corpo estremecia nas luxuosas mantas de pelos de camelo, trava com João o seguinte diálogo:
- Mestre, vieste confirmar que sou teu discípulo, pelo que tenho feito em defesa do património da tua Igreja?
- Viemos verificar se ainda lhe resta no coração algum amor pela humanidade.
- Será que apareceste nesta memorável noite, para entregar ao teu único representante na Terra, os poderes indispensáveis para a tomada de Jerusalém, onde tudo nos pertence, por herança dos teus valores?
- Viemos para que os encarregados da Boa Nova do Reino se compadeçam dos sofredores, vistam os nus e dêem pão aos famintos.
Se praticares os preceitos do Evangelho, terás muito mais do que Jerusalém, porque as virtudes concentradas no coração valem mais que o mundo inteiro.
Urbano II não sabia como portar-se diante do emissário de Jesus, estando sua mente completamente desequilibrada e o raciocínio parecendo que nunca funcionara.
Seus actos eram como uma máquina, a seguir enfumaçados estatutos, velhas leis e ideias dos altos representantes da Igreja, que a razão recusaria.
Com algum esforço, levantou-se diante de João Evangelista, limpou a velha garganta, acostumada a reproduzir as ameaças das sombras, prosseguindo:
- Digníssimo Senhor, perdoa-me se o ofendo com o que proponho, mas bem sabes que satanás está solto no mundo, com todo o seu rebanho de trevas, bem como não ignoras os destroços feitos por eles, mesmo no seio da Igreja de Deus, que nos foi entregue para o devido zelo.
E, se ele abriu luta contra nós, temos de defender, não a nós, mas a Casa do Senhor que, parece-nos, está sendo invadida por malfeitores.
Se não estivermos enganados, o diabo, sob a chefia de Maomé, actua através dos turcos, pela força de sua religião.
A subtileza deles é tão grande, que intentam derrubar a nossa Santa Madre Igreja, através do túmulo do Senhor, em Jerusalém.
É preciso então, ainda que contra a nossa vontade, que desembainhemos a nossa santa espada, e liquidemos o inimigo, porque violência só se combate com violência.
Que achas do que falo?
Meio aturdido, toma a sentar-se preguiçosamente na sumptuosa banqueta.
O vidente de Patmos, diante do Sumo Pontífice, com a serenidade que lhe era peculiar, fala brandamente, mesclando energia no seu verbo encantador:
- Urbano, meu filho!
Não pretendemos fazer da Casa de Oração que Jesus inspira, um quartel.
Não pretendemos transformar os fiéis, que alimentam as vidas com esperança e fé, em milicianos que usam da espada para matar.
Não pretendemos usar o nosso verbo sagrado preparado para a difusão do Evangelho, para o comando de exércitos.
A própria Igreja que diriges está farta de bens alheios, dos quais a vitória concede ao vencedor o direito do saque e da rapina.
E para esse tipo de faltas nada iremos falar; deixemos que o faça o nosso irmão maior, Paulo de Tarso, em Actos dos Apóstolos, capítulo vinte, versículo trinta e três:
De ninguém cobiceis prata, nem ouro, nem veste.
Se cobiçar já constitui desvio da lei, quanto mais assaltar e saquear!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:52 pm

Se Satanás está solto no mundo e avança na direcção da Igreja e dos fiéis, qual o dever tua autoridade?
Será copiar o que eles fazem, em plena inconsciência da vida?
Não! Somente vencerás os inimigos com estratégia mais elevada, e para essas lutas, Cristo, o Comandante Maior, deu numerosos exemplos, quando a Sua doutrina atacada e quando Ele mesmo foi perseguido.
Se tua memória não te favorece, recordemos o que Ele próprio falou a Pedro, frente ao servo do Sumo Sacerdote:
Embainha a tua espada, pois todos que lançam mão da espada sob a espada perecerão.
(Mateus, 26:52)
E ainda, apanha a orelha decepada, e a coloca no lugar.
Esse gesto não é a completa desaprovação da violência nas hostes do cristianismo?
Se o Cristo fosse de violência, não precisaria d'Ele o mundo, pois ela já se encontra com abundância em toda a Terra.
Ele é o Amor universal, pois essa virtude é qual gema preciosa nos riachos, em se falando da Terra.
Defende a tua Igreja e o teu reino com amor, meu irmão.
Defende-a de satanás - como dizes - com a caridade.
Defende-te dos inimigos, se os tiveres, com o perdão.
Cultiva todos os preceitos do Divino Mestre, que a vitória virá por acréscimo de misericórdia, e se Deus achar conveniente que os violentos fiquem com os bens terrenos, entrega-os com alegria e obediência, que os valores maiores são aqueles que a ferrugem não destrói, nem a traça corrói.
O sentimento elevado do coração é património eterno, na eternidade da alma.
Além de tudo isso, estás próximo a voltar para esta pátria, e é conveniente que te lembres do capítulo doze, versículo vinte, de Lucas, que assim preceitua:
Mas Deus lhe disse: Louco!
Esta noite te pedirão a alma.
E o que tens preparado, para quem será?
E no versículo vinte e um do mesmo capítulo, arremata com sabedoria:
Assim é o que entesoura para si mesmo, e não é rico para com Deus.
Para quem, meu filho, amontoaste tanta riqueza?
Logo virás para cá, e nem mesmo o teu corpo de lama poderás trazer.
Entregá-lo-á à terra, porque da terra ele procede.
Ele é um empréstimo passageiro.
Sabe o que te acompanhará para cá?
Somente o bem ou o mal que tiveres feito, e receberás nas mesmas proporções que deste aos outros.
O sacerdote, com a boca semi-aberta, mastigava o alimento divino, sem contudo sentir seu elevado sabor.
João Evangelista dá tempo para que a massa doutrinária possa fermentar.
E o silêncio reina no ambiente!...
Nisto, o chefe do cristianismo lembra-se de algo do Evangelho, e comenta meio inseguro:
- Amado Senhor, falaste que não vieste trazer a paz, mas a espada!
Não sei como encontrar isso no Evangelho, mas sei que existe.
Pareceu bem seguro nessa investida, para confirmar seus actos trevosos na Terra.
João perpassa nele os olhos calmos, como se estivesse abençoando uma criança, e assim dispõe suas ideias:
- O que acabas de dizer, meu filho, está em Mateus, capítulo dez, versículo trinta e quatro, assim transcrito nos moldes modernos:
Não penseis que vim trazer paz à Terra.
Não vim trazer paz, mas espada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:52 pm

Sei que não desconheceis os pais da Igreja, que suspenderam as colunas teológicas do apostolado romano, como Santo Agostinho, bispo de Hipona, nascido no século IV da era cristã, teólogo, filósofo, moralista e dialéctico.
Homem que, àquela época, já sabia colocar em conexão, a inteligência e a fé.
Ele repetiu muitas vezes qual era a espada que Jesus veio trazer para a luta no mundo, chegando ao ponto de ser colocado à margem dos valores reais da Igreja.
E desconheces isso?
Jesus veio trazer sim, a espada, mas a espada de Verdade, que corta mais de que todas as outras; a espada do Perdão, que vence mais que todas as armas; Veio trazer a espada do Amor, que domina muito mais do que os exércitos reunidos de todos os povos.
Urbano II abaixa a cabeça e não tem coragem de olhar mais para a cândida alma que dialoga com ele e que supunha ser o Cristo.
Era consciente do que ouvira, pois tinha amplos conhecimentos dos tratados teológicos.
Recomeça a chorar, reconhecendo sua inutilidade.
Na verdade, com as Cruzadas ateara fogo nos lares cristãos, mas como apagar?
E as labaredas cresciam como nunca...
Queria morrer!...
- Eu quero morrer!
Eu quero morrer!
Sinto que Deus me chama... e debruça na banqueta, em pranto contínuo.
O Mestre de Éfeso articula docemente:
- Urbano, Deus te chama, na verdade, porém, te chama para viver, te chama para que faças alguma coisa, que possa aliviar os sofrimentos humanos, a fome, a peste, a nudez, os infortúnios ocultos, que devastam grande parte dos bairros de Roma.
Eleva a tua Igreja acima das misérias humanas, consola e abençoa!
Ajuda, serve e estende, Urbano, a fraternidade entre os corações, pois somos todos filhos de Deus e herdeiros do Cristo.
Ele, na verdade, deixou à Igreja a posse dos bens imperecíveis da alma, para que ela pudesse repartir, sem estipular preço.
Repartir sem trocas exageradas, sem permutas vergonhosas.
Parece-nos que neles que julgas inimigos da Igreja e satanás têm mais respeito pelas coisas santas, porque desconhecem o que conheces.
A iniquidade assola a humanidade, vergasta os povos em todas as direcções, mas o pior é que essa iniquidade se enraíza em Roma, e, se não é muito dizer, na casa que dizes pertencer ao Apóstolo Pedro, a quem encontrei há pouco tempo falando aos muçulmanos, no plano espiritual, quando estavam em sono.
Levanta, meu irmão, e vive!
Vive para Deus, para a humanidade e para a tua Igreja, no bem absoluto, onde não existem fronteiras.
Levanta, toma o teu fardo e anda!
Começa a amar a Deus sobre todas as coisas - e pelo menos os que se aproximam de ti - como a ti mesmo.
Esta é a lei e os profetas!
O Sumo Pontífice acorda do longo sono, assustado.
Os olhos denunciam pranto ininterrupto, coisa difícil de se notar na sua postura de homem guerreiro e espírito decidido.
O sol já banhava Roma há várias horas.
Os cardeais já tinham sido sucedidos muitas vezes, e Sua Santidade dormia.
A apreensão era geral, mas afinal acordara.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 19, 2019 7:53 pm

Suava nas quentes mantas, de que alguém, prestimoso, ajudou-o a se desenvencilhar com rapidez.
Não dera de pronto, ao levantar-se, que na sua mente ainda vibrava o diálogo que tivera em sonho.
Dá alguns sinais com os longos dedos, e seu imediato, o cardeal Pallini, assenta-se ao lado.
O Sumo Pontífice narra para ele todo o seu sonho.
Dá alguns suspiros, e firma-se neste aconchego de conversa:
- Meu filho, estive com o Cristo esta noite, para mim inesquecível.
Não sei se me recordo integralmente do que Ele disse, no entanto, sinto por dentro a Sua vontade...
E descreveu mais ou menos o personagem de seu sonho.
O velho sacerdote não conteve as lágrimas, nem as palavras que escapuliram dos seus lábios.
Como é belo o nosso Mestre!...
Daí a semanas, três conselheiros dos mais virtuosos e inteligentes, que a posição da Igreja escolhera, no auge da Idade Média, se reuniram com o Papa, para analisarem o sonho e dele tirarem o proveito indispensável, desde que não fosse em detrimento das conveniências urgentes da Igreja Católica Apostólica Romana.
Urbano II já não era o mesmo.
Aquela energia característica de sacerdote e soldado desaparecera depois do encontro com o mensageiro do Mestre dos mestres.
Queria modificar alguns aspectos da conduta da Igreja e assinalava grande interesse num novo Concilio, para que pudesse narrar essas verdades no seio do comando católico.
Estava faminto de leituras que lhe assegurassem os dons dos sonhos, de comunicação com as almas que já tivessem partido para o mundo espiritual.
Não tinha experiência desta verdade, contudo, sentia por dentro que ela era uma realidade.
Seria seu maior prazer conversar com antigos sacerdotes iniciados nesses factos.
Os conselheiros desconfiavam da sanidade mental do Sumo Pontífice.
Vários foram os diagnósticos de especialistas franceses e italianos, da maior confiança.
E começou o arrocho psicológico no meio dos sacerdotes mais balizados de Roma e da França.
Como se sabe, os maiores inimigos são os que surgem dentro de casa, e destes havia em abundância para Urbano II.
No seu leito de morte, os mais apressados anunciaram que as últimas palavras do papa foram:
"Haveremos de ter a vitória".
Na verdade, o que ele dissera, era a vitória com o Cristo, suprimindo as espadas, fincando as suas pontas no solo, para que pudessem simbolizar a cruz na luta pela vitória do Amor.
E Pascoal II toma as rédeas do poder papal.
O discípulo amado de Jesus sentira o efeito da sua conversa com o primeiro magistrado da Igreja.
Sabia que iriam continuar os desatinos do clero romano e que as Cruzadas já haviam partido em direcção ao Oriente, atingindo as raízes da árvore do escândalo; a sua acção nefasta seria amenizada com aquela simples mensagem endereçada ao homem responsável pelo destino da comunidade cristã, pois falara na hora certa, e com a pessoa exacta.
Mesmo que outro Sumo Pontífice assumisse, como ocorreu, a direcção da Igreja, o trabalho de sustar as piores medidas já estava feito.
Foram aliviadas, por misericórdia, as investidas de ordem impudica.
Os planos anteriores eram bem piores do que os que foram executados.
* * *
João Evangelista desce em Assis.
Anda nas suas desajeitadas mas, analisa as almas dos dois planos, que transitam sem se perceberem umas às outras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 20, 2019 8:03 pm

Ali deveria nascer, bastando-lhe escolher o lugar e a família; mas para isso tinha tempo, e as qualidades que possuía eram suficientes para localizar o ambiente doméstico, para a sua breve reencarnação.
Além disso, poderia chamar em seu auxílio o director espiritual de Assis, com todos os seus assistentes, e até mesmo o dirigente espiritual de Roma, pois estava bem acima dessas entidades que dirigiam cidades e mesmo países.
Por enquanto, conservava-se anónimo, para não perder o de que mais gostava:
a simplicidade junto aos seres e às coisas.
Muitas foram as ocasiões em que apagara a sua verdadeira luz, para não servir de motivo de muitas atenções.
Escondera-se inúmeras vezes, em dimensão diferente, para não ser visto por entidades que com certeza viriam falar-lhe com reverências, querendo prestar-lhe serviço.
Queria que a humanidade lhe emprestasse sua capa, até o ponto em que não se tomasse inconveniente.
Gostava, e o seu prazer era imenso, de aproveitar essas coisas até ao ponto que não se tomasse conivente com velhos hábitos e vícios, a fim de não serem incentivados, e para isso, tinha o máximo cuidado.
O velho discípulo do Cristo estava na Terra para vestir novamente o fardo a carne e servir à humanidade.
Assis lhe emprestaria um panorama agradável.
Era uma província de Perúsia, na região da Úmbria, onde o comércio era sobremodo avolumado, atraindo a atenção dos grandes comerciantes do país.
Não era de se assombrar, se os turistas encontravam ali objectos procedentes da Grécia, da Pérsia, Fenícia, do Egipto, bem como amuletos de todas as procedências, decorações da Síria,
tecidos da Ásia Menor e bebidas de variadas origens.
Era ali, onde se encontrava abastado comerciante com a sua jovem família, em luxuosa mansão, o berço em que deveria nascer uma estrela, deslocada da grande constelação cristã no país da luz, que receberia o nome de FRANCISCO.
Pedro Bernardone, alto comerciante de Assis, não saberia que um astro, por misericórdia de Deus, viria habitar em seu lar, talvez lhe trazendo aparentes contrariedades, pois a sua missão diferia completamente da de um comerciante, cujo raciocínio era somente a barganha das coisas materiais, para que estas se multiplicassem.
Seu futuro filho traria outra missão frente ao mundo conturbado e materialista, condenado e suspeito.
Pedro não poderia supor, que do seu amor e o de sua linda esposa surgiria outra vida, um ser humano muito semelhante a um personagem da história universal que ele tanto reprovara, quando lera sua vida.
Esse personagem, luz que iluminou a Ásia, era o príncipe Siddhartha, conhecido no mundo inteiro como Buda.
O rico comerciante, logo de pronto, não sentira afinidade pelo Gautama, por ter ele abandonado tudo o que possuía, em procura da Verdade.
Achava ele que essa Verdade, fosse qual fosse, seria encontrada com mais facilidade, usando o ouro.
Ademais, quem possuísse bastante bens terrenos, qual o homem do recto pensamento, não precisaria preocupar-se em demasia, com qualquer princípio doutrinário, que lhe pudesse trazer aborrecimentos e contradições inexplicáveis.
No entanto, uma coisa lhe balançava o ser na vida de Buda:
era a sinceridade, a têmpera irretorquível, a confiança difícil de ser igualada. Dizia sempre:
esse homem deveria ser um guerreiro, para dominar países, tomar cidades e hastear sua bandeira por onde passasse, o que seria, para seu povo, uma verdadeira glória.
E não deveria renunciar ao que possuía, às riquezas de um reino inteiro, fugindo da tradição já difícil de ser mantida por uma linhagem de reis e príncipes.
Isso é uma deturpação da dignidade da família imperial de um país!
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 20, 2019 8:03 pm

Quando dona Pica, sua esposa, folheava o Evangelho, deparava com o Apocalipse e começava a ler alguns versículos, ele mandava que ela parasse, que não deveria perder tempo com coisas inexplicáveis, de mau agouro, com visões de difícil comprovação.
E a alertava sempre:
- Minha filha, o presente deve ser o nosso ideal, mantendo o nosso convívio com a alta sociedade requintada do mundo.
O tempo é pouco para mantermos o nossos negócios, e não vamos nos preocupar com adivinhações e profecias.
Deixemos isso para os sacerdotes, que gostam de ilusões e é bom que se proponham a isso, deixando-nos mais livres na natureza que nos propomos viver; cada qual no seu lugar de acção.
A vida é muito mais alegre com vinhos caros, com roupas de alta qualidade e com mansões que não se igualam facilmente. Não achas?
A jovem senhora guardava, tristonha, o livro que ganhara de seu padrinho, um velho sacerdote de Perúsia.
E Pedro, agitado e alegre, punha toda atenção em um comércio, sem deixar de vigiar todas as transacções que seus empregados de confiança mantinham com firmas estrangeiras.
O seu nome já saltara as fronteiras, e a sua fama ganhara a confiança dos mais luxuosos palácios, que vinham em procura de coisas sempre novas.
E o dinheiro entrava para a sua já gorda bolsa, como água dos rios em procura do mar.
O tempo passa, e alguém se prepara para ingressar na família de Pedro Bernardone, em nome de Jesus Cristo...
Quase toda a Eurásia se encontrava conturbada, no princípio do século XII.
As Cruzadas não davam tréguas, dos reis aos príncipes, dos monarcas aos imperadores, das crianças às mulheres, dos homens do campo aos das cidades, dos fiéis aos sacerdotes, e mesmo ao Papa.
Para se aquilatar a grande catástrofe, eram esperados, na primeira convocação dos cruzados, um milhão de fiéis, de todas as classes e de todas as origens; no entanto, atingiu-se o absurdo de dois milhões de guerreiros provindos de muitos países.
Os nobres desembainharam as espadas, e se alistaram para as frentes de combate.
E, desses milhões de almas, restaram, ao final, uma migalha de trinta mil cruzados, nadando em rios de sangue.
Com os pés no chão, o rubro líquido de vida ia até os tornozelos, numa fictícia vitória -eram trevas contra trevas, sob a vigilância da luz!...
A Terra era um verdadeiro palco de morte, da chamada Guerra Santa, de religião contra religião, de princípios contra princípios.
Parecia que as coisas santas haviam sido dadas aos cães, como nos adverte o Evangelho.
Rios de sangue desfiguraram os sentimentos humanos, petrificaram as almas e os sentimentos dos bons, e os maus envenenaram-se nas hostes da vingança.
Ninguém tinha liberdade; todos eram escravos do ódio que se manifestava em nome da defesa dos lugares santos de Jerusalém, não sabendo que tudo criado por Deus tem o ambiente de pureza e o clima de santidade.
Todavia, enquanto a ignorância domina, invertem-se temporariamente as situações e o regime dos factos e das coisas, até o limite de peso do fardo programado pelo carma colectivo e pelos processos evolutivos de cada criatura.
A palavra basta é sempre dita pela Inteligência Suprema, nos moldes que achar mais conveniente, e, para tanto, de vez em quando descem grandes almas ao mundo, com sérios compromissos de aliviar os sofrimentos da colectividade.
E eis que chegou esse momento naquela fase da história dos homens!
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 20, 2019 8:03 pm

No alto escalão espiritual, em Roma, ocorre uma reunião, presidida por um ser de singular beleza, e de equidade deslumbrante.
Se assim poderemos dizer, um Anjo, que passaremos a chamar de Celine.
Para o conclave espiritual, foram convocados Espíritos de alta responsabilidade, da França, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Portugal e algumas Personalidades do Oriente, como todos os directores espirituais das cidades desses Países.
Ali estavam concentrados os valores de cada região, para conhecerem por ser verdadeiras, o que estaria acontecendo na atmosfera da Terra, prestes a se realizar em favor de todos os homens.
O Evangelho de Jesus seria aberto, lido e vivido por almas dignificadas no Amor.
Ouvia-se suave música no amplo salão espiritual.
As emoções se intercalavam como se fossem uma só vibração, em uma só dimensão de vida.
Em comparação com a Terra, parecia que aqueles seres ignoravam o que se passava no mundo.
Porém, eles eram mais conscientes do que os próprios homens da Terra.
Ali se reuniram para tomar as providências correspondentes ao amparo dos duzentos e um, das duas centenas de astros que iriam girar em tomo de uma estrela, em favor dos homens, pela Paz e pelo Amor.
Depois de sentida prece, Celine tomou a palavra:
- Que Deus e Jesus nos abençoem nas nossas lutas!
Meus companheiros, hoje a minha emoção é maior, e creio que a de todos nós, por estar presente neste conclave, o nosso muito querido Apolónio de Tiana, figura respeitável em todos os bastidores espirituais da Terra.
Espírito de ajuda espontânea, de dignidade incomparável, que sempre foge dos postos de comando, mas que coopera como se estivesse nele.
E, se alguém dentre vós não o conhece, que se levante, porque o prazer vai ser grande em apresentá-lo, com todo respeito e gratidão.
Centenas de Espíritos levantaram-se ansiosos por conhecer o tão bem falado Apolónio de Tiana, que ali estava em nome da Grécia, por amor aos que sofrem, como grego, mas acima de tudo, como cidadão do universo.
Não queria a reverência, mas achou digno levantar-se para ser conhecido por todos, ficando assim mais singelamente posicionado no seio dos trabalhadores do Bem.
A explosão de palmas não se fez esperar.
Mãos espirituais estalavam parecendo fogo fátuo ou relâmpagos coloridos, momento em que todos os olhares o buscaram admirados e agradecidos pela misericórdia de Deus.
Apolónio, movido pela correspondência do amor, no afecto dos companheiros, sentiu amor por todos, e neste sentimento, sua luz invadiu o recinto, como se uma estrela de primeira grandeza fosse trazida para dentro do templo.
Quando viu que ofuscava a todos, apagou-se, pedindo desculpas amáveis.
Os corações batiam movidos por emoções divinas, pois aquele material luminoso, desprendido por Apolónio, seria incorporado aos assistentes como vigilância, como suprimento, como energia que deveria permanecer por muito tempo, na mente e no coração de cada um que ali se encontrava, em nome de Deus e em nome do amor às criaturas.
Continuou Celine:
- Meus filhos, é com grande prazer que anuncio a descida à Terra de duzentos e um Espíritos, em missão especial, sendo o coordenador desta expedição o venerável João Evangelista.
E para nossa maior alegria, ele vai renascer aqui na Itália, na região central deste país, em Assis!
Fez-se silêncio. O director espiritual de Assis quis levantar-se e gritar de alegria; no entanto, alguém impediu a manifestação de suas emoções, acalmando-o.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 20, 2019 8:03 pm

Celine anunciou os pontos estratégicos de todos os missionários, as tarefas que iriam desempenhar no cenário do mundo, as finalidades e os frutos que aquelas vidas iriam produzir.
- Eles já estão nos seus postos e haverão de demorar-se um pouco, pois procuram se familiarizar com o ambiente onde foram chamados.
João vai abrir seus olhos físicos na engrenagem da carne, ainda neste século, provavelmente no ano de 1182. Uma coisa vos quero pedir:
que ampareis o quanto puderdes essas almas conscientes dos seus deveres.
Em muitos casos, nós outros não suportaríamos os duros testemunhos a que se irão entregar para a expansão da luz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O director de Assis, inquieto por saber que ali na sua área de trabalho, já estava, anonimamente, um dos maiores profetas, queria encontrá-lo logo que lá chegasse.
Os outros assistentes portavam a mesma ideia:
retomarem aos seus postos de trabalho e auxiliá-los, os carabineiros dos Céus, em função divina na Terra.
- A nossa alegria já tão grande, comentou Celine, completa-se com o surgimento do nosso querido Apolónio, que distribuiu dádiva valiosa para cada um, na luminosidade do seu amor, que vale mais do que todos os bens da Terra.
Ele vos doou mais energia em cota especial, para que possam trabalhar mais na lavoura do Bem.
Se não anunciássemos sua presença, ele permaneceria no anonimato, por não estar acostumado a tocar o gazofilácio da vaidade.
E bom que fique registado em vossas consciências a qualidade de alma que está connosco nesta reunião memorável.
Já tive longo diálogo com João sobre a sua missão na Terra, frente ao espectáculo escandaloso que se opera por intermédio das Cruzadas e que vai ter prosseguimento em outra dimensão, porém, sempre com os mesmos protagonistas.
E longa a história dessa falange de Espíritos encravados nas sombras por mil anos e de lá deslocados por mais um milénio.
Segundo o Apocalipse de João, que prevê a limpeza final, quase todos irão para mundos correspondentes às suas naturezas.
Colaboremos com João e ajudemos àqueles irmãos em trevas!
Essa é a finalidade desta reunião.
Que Jesus Cristo nos abençoe, despertando em nós um interesse maior pela paz, sem esmorecermos com os prováveis acontecimentos de toda ordem que haverão de surgir.
É de se admirar que exista guerra entre irmãos e entre religiões; porém, admiração maior desperta a falta de amor e o abandono eterno dessas Entidades naquele desterro, por não ser esta a lei de Deus.
E para que eles aprendam a ser livres, faz-se justo que conquistem a sua própria liberdade...
O emissário Túlio Celine, finalizando a conversa, agradeceu a Deus em uma sentida prece, agradecendo igualmente a Jesus, pela presença muito amável de Apolónio, encerrando a reunião.
Caracterizando o final daquele encontro, longos diálogos, enriquecidos pelo assunto palpitante, foram travados entre os irmãos que se congregavam naquela assembleia de almas unidas pelo dever de amor à humanidade.
Daquela hora em diante, João Evangelista, bem como os seus discípulos, teriam toda a cobertura na luta do Bem, que era o ideal de todos.
E a caravana partiu para Assis, juntamente com o seu director espiritual, para as reverências devidas ao grande Apóstolo, que iria revestir-se novamente da came, e nela fazer prodígios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 20, 2019 8:03 pm

7 - A Família Bernardone
Assis começou a ser visitada por muitas caravanas espirituais da Europa, Ásia e África, bem como de outros lugares, que tiveram conhecimento da presença do discípulo do Amor, na atmosfera da Terra.
Para cada um, ele tinha estímulos diferentes, de acordo com suas tarefas, nos lugares a que foram chamados.
Assis ficou sendo a Meca espiritual da Itália, e talvez do mundo, por ser a grande esperança para os soldados do Bem, em profusão por toda a Terra.
Pedro Bernardone entra e sai várias vezes da sua grande mansão, onde o mármore colorido era a tónica do luxo reinante que lhe garantia a posição social, não somente de Assis, como também em Roma.
Luxuosa piscina relembrava as dos antigos reis da Babilónia ou das dinastias faraónicas do Egipto.
De vez em quando, antes de entrar no seu imponente palácio, dava uma olhada demorada em todos os seus contornos, acalentando a vaidade, e dando asas a esperança de ser um príncipe dos bens, transitórios que fossem.
Solfejava canções que decorara nos curtos períodos que passara na França, e prazerosamente espraiava seu pesado corpo em fofas almofadas, hora em que seus pensamentos divagavam, como que policiando todos os seus bens.
Sentia que o seu corpo e os seus pertences eram uma só peça.
Bernardone ficaria na história, pois queria competir com os ricos patrícios de Roma e de Veneza, da Bolonha e de Milão, de Nápoles e de Génova.
E se os bons ventos favorecessem, 'na além das fronteiras.
O seu ideal era faraónico, por excelência.
A sua ganância era sem limites, queria que a sociedade romana o conhecesse mais tarde; essas eram suas ideias, alimentadas a sós.
Como grande magnata, pensava mesmo em aprimorar-se mais em várias línguas que já falava; no entanto, faltava-lhe material precioso para esse objectivo, que era o tempo.
A sua operosa mente se dividia como o sol, para aquecer todos os seus bens.
Dava ordens em todas as direcções e participava de tudo referente ao seu próspero comércio.
A França era o centro comercial da Europa mais visitado pelo rico comerciante de Assis; tanto levava finos tecidos, quanto trazia diversos objectos, ganhando transporte e duplicando o ganho.
As bebidas e roupas finas eram o seu fraco.
A prosperidade das suas transacções dava-lhe alegria permanente e energia inesgotáveis.
A sua mente era uma fornalha acesa, sem faltar combustível. Já dominava, com certa segurança, as finanças de Assis.
Era conhecido em grande parte do Oriente, e beijava frequentemente as mãos dos mais respeitados cardeais e bispos, que o abençoavam pela força da sua posição.
Essa era a vida do futuro pai de Francisco de Assis.
O espírito João Evangelista escolhera aquele lar para renascer, não por causa do luxo, mas por estar ali um conjunto de almas que lhe tinham sido caras em épocas recuadas da história.
A sua presença no seio da família evidenciaria a sua gratidão para com aqueles companheiros de recuados evos.
Em algum lar deveria ocorrer o evento e o lugar seria aquele, em nome do Mestre dos mestres.
João já frequentava o lar dos Bernardone, familiarizando-se com todas as pessoas, desde os mais simples encarregados de limpeza aos mais graduados, na alta confiança do comerciante.
Parecia que a casa se tomara mais saudável, com atmosfera mais agradável e mais hospitaleira, multiplicando-se as visitas dos amigos, compadres e mesmo de turistas mercadores.
João costumava reunir-se com as caravanas espirituais que iam visitá-lo, no ambiente da própria casa do rico comerciante.
Ave sem Ninho
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