LUZ ESPÍRITA
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Laços de Afecto - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:12 pm

Capítulo 23 - Calabouço dos Sentimentos
“ Nos agregados pouco numerosos, todos se conhecem melhor e a mais segurança quanto à eficácia dos elementos que para eles entram.
O silêncio e o recolhimento são mais fáceis e tudo se passa como em família.”

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 335

Contava-se na Idade Média, em determinada região europeia, que um suserano odiento tinha por vício separar homens apaixonados de suas mulheres amorosas, e deixá-los morrer em um calabouço, à míngua de água, pão e luz, para que pudesse amparar suas pobres viúvas solitárias e torná-las suas vassalas preferidas.
Dizia-se que ele fez centenas de prisões, destruiu várias famílias e vivia refestelando-se na sexualidade e cortesias insaciáveis de suas companhias femininas.
Certo dia, no entanto, quando foi descoberta a trama, as mulheres revoltadas, informadas de que o suserano era o criminoso de seus esposos, em inteligente armadilha, trancafiaram também o senhor no calabouço.
Entretanto, a partir daí passaram a viver de insatisfações e tristeza até a morte, porque sentiram-se presas de um passado infeliz que jamais lhes saía da memória, vivendo por entre o ódio, a insegurança e a saudade.
Conquanto dramática, é bem essa a história de quase todos nós em assuntos da vida sentimental:
o narcisismo, a volúpia sexual, o egoísmo e o prazer gerando medo e frustração, culpa e mágoas, dilacerando corações e arruinando lares e sonhos.
Por completa insanidade da razão, em crises de paixão e libidinagem, bastas vezes espezinhamos o amor alheio em impiedosas atitudes de desrespeito, separando homens honrados de mulheres fiéis, em tramas passionais, desleais e injustas, para depois, bem depois, caindo em si no despertamento consciencial, verificarmos os registros desditosos que instalamos no imo de nós próprios, em lances de sede de domínio e satisfação pessoal.
O suserano íntimo, no papel do egoísmo destruidor, é o condutor inconsciente e mantenedor dos calabouços de sofrimento, com o qual ferimos centenas ou milhares de almas nos desdobramentos das vidas sucessivas.
Por isso hoje muitos de nós purgamos a solidão reeducativa nos temas do amor, ainda que enleados em uniões esponsalícias ou afectivas.
Temos um “calabouço do sentimento” como aquisição consciencial de nossas decisões malsinadas em forma de graves lesões afectivas.
Sedentos por novas experiências nas vivências da afeição, renascemos presos aos calabouços provacionais da emoção, sem liberdade novamente para fazer o papel do suserano enlouquecido, conquanto ele ainda esteja, de alguma forma, mesmo aprisionado nas provas da inibição afectiva, querendo espezinhar e ferir, com extrema rebeldia aos novos quadros do hoje.
A sua principal manifestação nesses casos é a doentia inveja e o profundo sentimento de abandono, inutilidade e insatisfação por que passam os que se encontram em tal teste correctivo, debandando para a depressão, a susceptibilidade, as neuroses de vários matizes, adiando ainda mais a edificação da felicidade pessoal pela fuga da auto-educação.
Eis bem o retrato dessa expiação dolorosa:
a prisão subterrânea do medo e da insegurança encarcerando os sentimentos de amor e esperança, penalizando a criatura com a sede de afecto não correspondido e com a tristeza de viver sempre à espera de alguém que não sabe se existe ou dormita em algum lugar, à sua espera também, assim como ocorreu aos homens trancafiados pelo suserano.
Doutras vezes são as vivências da sexualidade embaladas pela luxúria, dissociada da satisfação que, geralmente, termina em revolta, golpes de revide e auto-desvalorização.
Os sonhos amorosos, as fantasias da união afectiva, o desejo do lar feliz estão por trás das grades imitadoras da paixão que não se consegue expressar, tornando-se “estranho amor emudecido”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:12 pm

Nessa prova as criaturas permanecem acorrentadas à inibição, baixa auto-estima, insatisfação com a vida, afiveladas a profundos e dolorosos sentimentos, tais como medo de amar, dúvidas e receios sobre suas emoções, descrença na felicidade, desmerecimento a seus ideais de amor e no sucesso afectivo.
Pelos “odores psíquicos” que emanam, atraem assim outras criaturas perturbadas ou perturbadoras, em ambos os planos de vida, com as quais tecem elos de frustração e mágoas, dilatando sua solidão e exaurindo-se energeticamente em obsessões “cumulativas” ou mesmo abrindo portas mentais para “vinganças cruentas” de credores de outras épocas.
A origem de semelhante aferição reeducativa, portanto, está no menosprezo e indiferença de outrora recheados dos requintes de falsas promessas aos corações que permitiram confiar em nossos votos de fidelidade e carinho, que foram completamente desonrados.
O afecto não correspondido e o receio de amar no hoje são amargas doses de medicação preventiva ante as feridas emocionais acrisoladas no “centro de força” cardíaco do corpo espiritual, junto às sensíveis “engrenagens” da vida afectiva — verdadeira cirurgia de extirpação nos domínios da vida sentimental em razão das matrizes pré-existênciais e reminiscências de outras reencarnações.
Enclausurado em tal quadro, a criatura passa a viver por entre a desmotivação e a instabilidade nos deveres da rotina, carpindo uma “revolta muda” contra tudo e todos, estabelecendo constantes complicações nos relacionamentos e nas amizades, e, em chegando aos píncaros da resistência, se não se armou da profilaxia adequada, tomba nas neuroses fóbicas, nas alterações cíclicas de humor ou em psicoses graves.
Para a psiquiatria humana são esquizofrénicos irreversíveis, para a medicina do Espírito são doentes que precisam sair de si mesmos e aprender a dar sem ter, amar mesmo sem serem amados.
Não logrando, poderão estar iniciando um ciclo provacional de longa duração.
Alma constrangida a sanções, será sempre muito susceptível de rancor com pequenas falhas alheias e com grande dificuldade ao perdão e ao auto-perdão, necessitando de muito apoio e carinho para suportar o peso de seu próprio narcisismo e da dor que carregará até reeducar-se nos temas do Amor e do sexo.
* * * *
Amigos nas privações cármicas da afectividade:
O calabouço provacional de hoje quando bafejado pela luz do Espiritismo faculta ao “prisioneiro” o pão da misericórdia e a água da restauração, com os quais poderão as penas serem amenizadas e terem novas dimensões.
Se hoje te encontras nas lutas da solidão reeducativa, não fujas de tua oportunidade.
Ainda que entre dores e problemas, assume tua prova e liquida teu débito.
Aceita o amargo remédio da solidão e da abstinência no aprendizado da “saturação emocional”.
Não obtendo apoio familiar e social ante as imposições de tuas “penas reencarnatórias”, procura no grupo doutrinário a integração com a família espiritual que te será arrimo e suporte para os instantes mais difíceis.
Aprende as lições do respeito e do dever nos assuntos do Amor, porque também na casa das orações e estudos espirituais depararás inúmeras vezes com corações que ser-te-ão “príncipes de encanto” aos teus sonhos de afecto, podendo converter-se em “suseranos da ilusão”, mas cuida-te para não decepcionares a outros e a ti mesmo.
Confidencia a quem tenha condições de amparar-te, isso trará alívio e será o embrião de uma relação valorosa no teu recomeço; estarás assim confiando em alguém, e confiar em alguém é refazer os caminhos da libertação de ti próprio.
Não esqueça nunca da prece na qual buscarás o acréscimo de forças que te falte.
Apoia-te nessa família pelos laços do coração e vai “compensando” teus afectos com o esforço de amar, independentemente de ser amado.
Muitas vezes terás tendência a exigir essa correspondência, contudo, vigia teu suserano que ainda teima em reinar e dilapidar, tenha siso e lucidez, e analisa o mal que te faz essa postura.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:13 pm

Caminha, chora, desabafa e prossegue sem desistires nunca.
Se hoje está difícil, amanhã, se decidires por enfrentar corajosamente, poderá ser menos penoso intimamente, mesmo que não tenha teus anseios atendidos como gostarias.
Talvez nada fique como queiras, entretanto, nem sempre terá que ser sofrido, ou infeliz a tua experiência renovadora.
Deus espera-nos para a alegria e o Amor e pode promover infinitas formas de conduzir-nos a isso pelas sendas de Sua Inesgotável Misericórdia.
Misericórdia, porém, não é dispensada apenas por pura bondade Paternal, porque a Justiça Divina conta com as conquistas de seus filhos nos rumos do auto-aperfeiçoamento.
* * * *
Condutores e integrantes dos grupamentos espíritas:
Estejamos todos atentos a semelhantes géneros provacionais como os que assinalamos.
Mesmo com a dramaticidade das palavras por nós escolhidas, ansiamos, sobretudo, em alertar sobre que tipos de assistência estamos sendo chamados no que tange à vida íntima de quantos têm batido às portas do centro espírita, compondo, muita vez, o quadro dos trabalhadores de nossos conjuntos de labor.
Em várias ocasiões temos ao nosso lado na faina doutrinária tais corações em semelhante sofrimento “purgatorial”, e carecemos de concepções mais intuitivas e de instrução mais lapidada para amealhar condições de orientação e apoio.
Jamais descuremos do amparo especializado da medicina humana, quando se fizer necessário.
Os avanços da psicoterapia com foco transpessoal, tomando por base o Espírito, é indicação para muitos deles.
Os serviços de promoção social e solidariedade são exercícios inevitáveis a esses “andarilhos emocionais” em busca de afecto e gratificação.
Providencia a desobsessão como medida extensiva de amparo aos vitimados na expiação além túmulo, jamais esquecendo que são eles os prisioneiros de outra época, trancafiados nos calabouços da decepção pelo doente encarnado que hoje pede socorro em tuas reuniões, amando-os muito como vítimas, e não verdugos inconsequentes.
Chama sempre a atenção do reeducando quanto à vivência das lições evangélicas, das virtudes, e agrega-o aos esclarecimentos libertadores da Boa Nova.
Acima de tudo construa essa relação de confiança e respeitabilidade com teu assistido de agora, concedendo-lhe, como maior bênção nesse tipo de testes, a crença de que alguém o ama e o quer bem, a despeito de sua auto-desvalorização.
Essa relação promissora é a revitalização da esperança e o estímulo para a continuidade que carece o prisioneiro dos calabouços afectivos.
Dá-lhe tudo que tens, assim como fez a viúva pobre do Evangelho(1), depositando nesse coração que esmola carinho e piedade a honra das atitudes nobres, ensejando-lhe uma mensagem, pelo exemplo, de que se pode amar sem possuir e gostar sem dominar, conclamando-o a comportamentos novos, íntegros moralmente.
Sê-lhes íntimo, mas ensina-lhes o limite.
Sê-lhes afectuoso, mas ensina-lhes o amor fraternal.
Na condição de condutor de grupo ou integrante do mesmo, faz-te um irmão muito disposto a aceitar, compreender e incentivar.
É tudo que eles precisam para continuar sua prova redentora em busca da quitação consciencial e de um pouco de paz e crença em um futuro menos sombrio ante suas perspectivas, quase sempre, comprometidas pelas tenazes da amargura e do descrédito.
Ama-os, ama-os sempre e ensina-lhes a amar como devem, e permita-lhes sentir novamente, depois de séculos de secura no coração, a importância de uma família espiritual e dos laços de confiança.

(1) Marcos, capítulo 12, versículo 44
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:13 pm

Capítulo 24 - Amizade, Elixir dos Relacionamentos
“As grandes assembleias excluem a intimidade, pela variedade dos elementos de que se compõe (...)”
O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 335

Encontra-se cada vez mais escassa, embora seja cada vez mais procurada.
Quase todos a querem receber, poucos a desejam dar.
Muitos querem que alguém seja seu amigo, poucos oferecem-se como amigos.
Amizade: a alma dos relacionamentos, o elixir da convivência saudável e produtiva.
Em muitos lances da experiência relacional, a amizade tem sido o campo de esperanças no começo de muitos encontros, quase sempre, vindo a constituir-se, com o tempo, como a zona da convivência na qual despejamos limitações e necessidades, convertendo os melhores elos em extenso campo de conflitos a administrar.
Basta uma leve decepção e o encanto do primeiro instante desfaz-se, convertendo-se em antipatia ou mesmo aversão.
Por isso, a amizade pede cuidados para ter sua finalidade útil e edificante ao aprendizado espiritual.
Como manter-lhe então a longevidade?
Como superar a rotina que costuma tomar conta das amizades?
O que tem faltado para que os amigos consigam continuar atraídos na permuta?
Respondamos tais questões definindo inicialmente o que fazem duas criaturas afinadas entre si.
Amigos compartilham.
Eis uma expressão que sintetiza sua relação:
um elo de compartilhamento.
Compartilhar é participar, ter parte em algo do outro, mas não tomar conta ou exigir esse algo do outro, o que nos faz penetrar no âmbito da ética da liberdade.
Amigos compartilham coisas, valores, vibrações, momentos, prazer, trabalho, dever, diversão, o saber, a experiência, as tarefas espíritas, o aprendizado evangélico, necessidades...
Variados relacionamentos nomeados como amizade têm compartilhado, via de regra, problemas, dificuldades, invalidando o motivo central que faz com que duas pessoas se busquem para tecer momentos de convívio, que seria o preenchimento, a satisfação, a compensação, a busca do crescimento pessoal.
A verdadeira amizade, para prolongar-se e vencer a rotina, tem que estar assegurada por um ideal que absorva os amigos ao tempo que enrijeça a relação.
Na casa espírita, por exemplo, onde inúmeras vezes as pessoas recorrem em busca de apoio e de quem as compreenda, carregando extensa dificuldade para expor suas dificuldades, o ponto de partida da amizade é a atitude de disponibilidade para o sagrado ato de ouvir.
Em seguida vem a confiança - fio afectivo condutor das amizades — e então estabelece-se um elã de profundidade que, regado pelo ideal de servir e aprender, mantém muitos corações longamente unidos no tempo.
Fraternidade e trabalho pelo próximo são os adubos da amizade espírita.
Mas precisamos estudar com mais atenção e debater os porquês de nossas agremiações estarem tão pouco afeitas à formação de grupos de amigos, transformando em muitas ocasiões a casa de amor em locais “sacralizados’ de encontro com Deus, evitando o encontro entre humanos, guardando uma aura mística e sacra nas posturas, fazendo-nos recordar os templos de outrora nos quais nos encontrávamos para orar e, findo o ritual, cada qual retornava a seu caminho sem se conhecerem, sem se encontrarem para o diálogo, a troca.
Outras vezes esse encontro toma maus rumos, graças a não terem seus componentes sido envolvidos pelo “Espírito evangélico”, escasso ou mesmo ausente no ambiente onde se deram tais encontros.
Eis um tema oportuno a nossas discussões debatedoras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:13 pm

Por que está escassa essa amizade em boa parte de nossas agremiações que cultuam o amor?
Por que núcleos que laboram com a moral da fraternidade deixam uma lacuna ante os elos de seus membros?
O que as agremiações doutrinárias podem empreender em favor da extensão de relações mais agradáveis?
Essa ausência de ternura entre os membros de um mesmo núcleo, guardando distanciamento, é empobrecedor para nossas realizações.
Quando os componentes se amam, se conhecem, quando se estabelecem relações de confiança e respeito, as actividades ganham viço, estímulo, produtividade.
Os grandes grupos, nesse prisma, desfavorecem ainda mais por perderem a intimidade.
Grupos menores ensejam esse conhecimento mútuo e uma aproximação afectiva entre seus membros.
Ressaltemos aqui que, se a falta de proximidade pode constituir um obstáculo a nossas lides, o excesso dela também pode gerar outras tantas lutas.
Intimidade nos relacionamentos é a zona delicada da convivência que apela para a virtude e o carácter, a fim de saber fazer dela o que se deve, e não o que se quer.
Amigos que desejem a longevidade da relação cultivam limites, sem os quais a intimidade pode tornar-se um problema.
Amigos verdadeiros mantém-se na área dos vínculos afectivos, longe da possessão afectiva.
O vínculo é uma relação que une sem fusão, sem subtracção da individualidade, sem direitos especiais sobre o outro.
Daí o motivo pelo qual a amizade autêntica é semelhante a um belo jardim, a exigir cuidados e mais cuidados na manutenção das flores da virtude e na fertilidade da terra do carácter, tornando os verdadeiros amigos cultores da arte do amor, na sua acepção de respeito ao outro, sem os infortúnios causados pela possessividade perturbadora.
Pessoas existem que fazem dos amigos um objecto de desejo e preenchimento de carências, quando então a relação marcha para o fracasso.
Esperam tudo do outro e nada fazem, enquanto ser amigo é doar-se e interessar-se pelo outro.
Por isso ocupamo-nos em definir a amizade espírita nos limites da fraternidade e do trabalho nutridos pelo idealismo superior, porque elos com excessiva intimidade, costumeiramente, o temos na família, no ambiente profissional, na vizinhança e, quase sempre, debandam para a licenciosidade, a intromissão, a permissividade, o desrespeito, a perda da integridade moral e o mais lamentável:
subtraem o carácter educativo que devem possuir os vínculos da autêntica amizade.
A amizade espírita é uma proposta de amizade voltada para a libertação e crescimento mútuo.
Além de todos os ingredientes agradáveis do compartilhamento de amigos comuns, ela terá o objectivo de tornar-se um relacionamento de conscientização e desenvolvimento de valores.
Tecida pelo fio condutor da confiança, a amizade deverá manter-se nesse limite de segurança pelas vias da lealdade, do afecto, da lucidez e dos costumes para ter a garantia de longevidade e enobrecimento espiritual.
A primeira condição de longevidade dos relacionamentos é o dever da atitude responsável, inclusive nas amizades.
Guardar a intimidade no patamar do equilíbrio ético.
Compartilhar com vigilância, sempre atento à visão imortalista que deve inflamar os vínculos entre os que desfrutam da felicidade de saber que tal longevidade pode perdurar até no além-túmulo, só dependendo de nós aplicar-lhe o elixir do amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:39 pm

Capítulo 25 - Elos Entre Dois Mundos
“Imagine-se que cada indivíduo está cercado de certo número de acólitos invisíveis, que se lhe identificam com o carácter, com os gostos e com os pendores.
Assim sendo, todo aquele que entra numa reunião traz consigo Espíritos que lhe são simpáticos.
Conforme o número e a natureza deles, podem esses acólitos exercer sobre a assembleia e sobre as comunicações influência boa ou má.
Perfeita seria a reunião em que todos os assistentes, possuídos de igual amor ao bem, consigo só trouxessem bons Espíritos.
Em falta da perfeição, a melhor será aquela em que o bem suplante o mal.
Muito lógica é esta proposição, para que precisemos insistir.”

O Livro dos Médiuns - capítulo 29 - item 330

Naquela manhã o medianeiro despertou irritadiço, colérico.
Enquanto preparava-se para a faina do dia, a tormenta mental incendiava-lhe os pensamentos com o rancor e a vindicta.
Pensava que, ao sair porta afora, se topasse novamente com o vizinho ranzinza e incómodo, não lhe toleraria um só gesto de atrevimento ou desdém.
Mas aconteceu que, ao sair, a primeira fisionomia que vislumbrou, em tom irónico, foi a dele.
Tomam o elevador juntos.
Inicia-se então uma guerra de dardos mentais.
O medianeiro, espírita, perde a fleuma cristã e desborda em palavras infelizes.
Houve tumulto e o desentendimento raiou às atitudes desequilibradas.
O dia passa e o servidor da Boa Nova encaminha-se a sua actividade nocturna nas fileiras mediúnicas.
No interregno dos intercâmbios, o benfeitor amigo e atento solicita-lhe mentalmente preces, e que aguarde.
A tarefa chega quase a seu final e o percipiente, incomodado, nada percebe com suas faculdades, ficando uma sensação de bloqueio.
Surge-lhe novamente o amigo espiritual e diz-lhe:
— Meu filho, tua tarefa nessa noite foi suspensa, pois quando alocamos a teu psiquismo, logo pela manhã, o adversário espiritual de teu vizinho, a fim de apaziguar-lhe as lutas que vive no lar, você expulsou o coração necessitado do atendimento em impensado descuido!
* * * *
Elos entre dois mundos.
Intrigado com o tema, Allan Kardec recebe sublime e esclarecedora lição dos nobres “guias”, asseverando que a influência dos Espíritos sobre o mundo físico é maior que pensais. (1)
As Sociedades Espíritas são como um pronto socorro.
A multidão sofrida pelos traumatismos de toda espécie recorre-lhe, entre os dois mundos, em busca de lenitivo, paz e esperança.
Como tens acolhido os desencarnados?
Como dispensar afecto a quem não se vê na vida extrafísica, se não dispões a cativar os que ombreiam contigo na vida da carne?
Que recepção terão os que vagueiam itinerantes em busca de rota e luz, se a ancoragem na casa espírita é feita entre farpas de discórdia e do entrechoque de ideias, em litígios enfermiços entre seus próprios trabalhadores?
Imagine como será guardar a expectativa de visitar alguém distante, que não vemos há muito tempo.
Em lá chegando, constatamos um clima de desarmonia e infelicidade.
Assim se sentem os “mortos” que asilam a esperança na alma atribulada, e têm a lamentável ocasião de presenciar as adversidades que mais lhes oneram o psiquismo e anulam as esperanças de novas sendas nas tarefas de socorro mediúnico.
A casa espírita é local “preparado” de interacção e sinergia entre dois planos de vida.
Consagremos as nossas melhores emoções, a fim de obtermos um quantum de ternura e fraternidade que sirva de abrigo aos sofredores em tempos de reparação e dor na vida espiritual.
A casa de Jesus e Kardec deve ser um oásis de refazimento, ante o deserto das provações mundanas.
Estejamos certos, porém, que isso só amealharemos quando, no dia-a-dia, ampliarmos nossas noções sobre os elos que criamos e adulamos na conduta moral e afectiva, norteando as palavras, pensamentos e acções.
Afabilidade e doçura são expressões elevadas de carácter e espiritualidade, e, sobretudo, consistem em apanágio de paz e refazimento a quantos anseiam e experimentam a nossa companhia, dentro ou fora das nossas Casas de amor.
Habituem-se a essas virtudes no lar, na profissão, nas vias e, onde estiverem, essa será a garantia dos melhores elos que podemos concretizar entre os dois mundos.

(1) O Livro dos Espíritos — questão 459
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:39 pm

Capítulo 26 - Benefícios do Conflito
“As reuniões espíritas oferecem grandíssimas vantagens, por permitirem que os que nelas tomam parte se esclareçam, mediante a permuta das ideias, pelas questões e observações que se façam, das quais todos aproveitam.
Mas, para que produzam todos os frutos desejáveis, requerem condições especiais, que vamos examinar, porquanto erraria quem as comparasse às reuniões ordinárias.”

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 324

Feliz e inspirada recordação do Codificador.
Comparar as reuniões espíritas a qualquer ajuntamento seria perder seu carácter educativo, seus frutos desejáveis.
Com muita propriedade ele se refere às condições especiais, concitando-nos a pensar sobre os cuidados na condução dos grupos.
Uma situação amiúde conturbadora das reuniões, sejam elas de que natureza for, são os conflitos entre seus componentes.
O entrechoque de ideias gera as escaramuças, depositárias de alta dosagem de sentimentos nem sempre ajustados ao bem e ao crescimento grupal.
Estabelecem-se elas rotineiramente como expressão tácita das diferenças, conquanto nem sempre sejam os conflitos administrados com objectivos salutares, na arregimentação da concórdia e do proveito possíveis, a que tais atritos podem oferecer.
A análise de semelhante tema será significativa a fim de conduzir-nos a uma outra face dos conflitos, geralmente desprezada, e que deve caracterizar os círculos da convivência espírita.
Consideremo-los como sintomas que denunciam os misteres de ajustes entre seus membros, sendo que, quase sempre, surgem em razão da deficiência de comunicação que cria barreiras e bloqueia a criatividade.
A comunicabilidade de uma equipe determina sua fluência e produtividade.
Quando tratamos de comunicabilidade intra-grupal, não damos ênfase à forma como são expressas as mensagens, mas, acima disso, aos sentidos de apreensão da mensagem, aos sentidos pessoais, individuais, a ela atribuídos.
Raramente procura-se ouvir e ensejar participação verbal e operacional nos serviços de equipa, propiciando que se enraíze uma face oculta nos mesmos, desconhecida, subliminar, porém, altamente determinante sobre o processo de consolidação ou desestruturação do todo.
O estudo dessa nuança será de grande relevância para a eficácia dos resultados e a superação dos empeços nas realizações levadas a efeito por composições de pessoas, seja para que fins se agrupem.
Condicionamentos milenares no egoísmo sedimentaram o conceito de oposição a tudo que se escape de identificar em harmonia com nossa óptica pessoal de vida.
Quantos guardem entendimento diversificado são tomados como oponentes ou adversários nas relações interpessoais.
Dificilmente nutrimos a mesma admiração pelos que contrariem nossos pontos de análise ou pelos que demonstrem insatisfação com nossas ideias, com nossos sentidos empregados ao entendimento dos factos e dos conhecimentos.
As vivências sociais na religião e na política durante longo tempo estimularam ainda mais o carácter de indisposição declarada para quem não “reze pela nossa cartilha”.
Nasce então o sectarismo como forma violenta de “resolver” as contendas, excluindo os contendores.
Conciliado com essa conotação de “ser contra” associou-se o sentimento de “gostar menos”, e os conflitos passaram a ser interpretados como uma “arena” na qual têm que haver vitoriosos e derrotados.
Esse enfoque faz-nos perder o que mais precioso pode existir nos lances conflituosos: o aprendizado e a dilatação da criatividade na busca de soluções.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:39 pm

Por essa razão será imperativo que os dirigentes e as próprias equipas doutrinárias orientem-se sempre ao treino e ao desenvolvimento da inteligência emocional, em favor das condições especiais de uma vida relacional sadia e enobrecedora, procurando enfocar os embates como sinais e notas.
Sinais que indicam rumos a serem seguidos e notas que avaliam nossas reacções ante as provas da tribulação.
Será de bom alvitre o cultivo das habilidades que envolvam a “negociação” e a busca de soluções, da empatia, da liderança participativa.
Quando agimos com disciplina emocional, recorrendo à assertividade, isto é, ao domínio sobre o cosmo emocional, os atritos são educativos e podem levar a profundas reciclagens.
Isso porque, quase sempre, os embates da vida em grupo só ocorrem em razão dos processos conflituantes que carregamos connosco mesmos, optando por sentidos nem sempre harmonizados ao bom senso e consenso grupais, vindo a extravasar-se, circunstancialmente, como objectivos personalistas.
Ante semelhantes fatos, a atitude de “neutralidade” emocional e meditação serão indício de maturidade afectiva e reeducação dos sentimentos nas convivências tormentosas.
Os homens estiveram em desatinado conflito com Jesus, com suas ideias, com suas movimentações, embora Ele, pacífico e sereno, conduzia os provocantes a mergulharem em si mesmos e a descobrirem suas insatisfações, frustrações e as raízes de suas emoções perturbadoras, com as quais intentavam afectar o equilíbrio do Mestre.
Nos grupos doutrinários muitos asseveram a necessidade de unanimidade, determinando que amoráveis seriam as equipes sem problemas e que jamais tivessem de conflituar.
Entretanto, dificilmente essa será a tónica de grupamentos sérios e autênticos.
Paulo, o missionário de Tarso, fala-nos do “bom combate”, aquele que vale a pena ser deflagrado para a introspecção, a auto-avaliação, o bom conflito.
Grupos sem conflitos não crescem tanto quanto poderiam e, porque não exista o desentendimento e os desacertos manifestados, nenhuma garantia há de que, intimamente, os componentes não estejam em “litígios”.
Eis a importância da sinceridade fraterna, com pleno respeito pelas opiniões alheias, adoptando lídima postura de alteridade ante os diferentes e as diferenças, buscando entender as razões subjectivas de cada componente para seu proceder, conhecendo-lhe com mais profundidade os dramas pessoais, sem o que ele será apenas mais um no aglomerado de pessoas.
Essa é a tarefa que distingue um grupo que cria elos de afecto de uma reunião de criaturas que se ajuntam sem tecer a rede da fraternidade legítima.
Convenhamos que as tribulações surgem em razão das estruturas íntimas que carreamos para a vida de relações, chamando-nos algumas vezes a muita paciência e tolerância com o outro.
Em verdade, a luta é toda nossa, pois ainda não conseguimos decretar a alforria desejada sobre muitas imperfeições, guardando expressivos limites na forma de interpretar as mensagens que compõem o nosso campo de acção doutrinário.
Assumamos em quaisquer circunstâncias de luta a directriz do perdão, evitando magoar-se com as acções alheias em razão do incómodo que nos causem. Melhor perdoar a ter que carpir o arrependimento.
Ante as tribulações do conflito que não pudemos evitar, recolhamo-nos em atitude elevada, longe dos reflexos costumeiros das emoções conturbadas, e preparemo-nos para extrair suas lições.
Arrimemo-nos na oração nos instantes em que nos situarmos na zona dos conflitos, não perdendo os frutos do teste de abnegação e harmonia.
Diluamos a angústia proveniente de semelhantes ocasiões fazendo um auto-exame leal com a consciência, procedendo a uma decisão incomum e educativa que venha somar nos destinos das tarefas às quais somos colaboradores, adoptando a postura de humildade e desculpa, distante do orgulho dos pontos de vista pessoais, ensejando que a brisa da concórdia possa roçar os nossos corações no entendimento e fraternidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:39 pm

Façamos assim e saberemos extrair o grande benefício do conflito que é a sua capacidade de abalar nossas certezas.
Só os invigilantes e auto-suficientes têm certeza de tudo e não querem renunciar as suas verdades pessoais em busca de novos horizontes.
Habituando-nos paulatinamente a esse mister aprenderemos a arte sublime de debater com a vida e com todos, sem o exaurir desnecessário de forças interiores nos entrechoques da convivência, convertendo cada ocasião de conflito em convite à promoção pessoal, ainda que o outro não deseje o mesmo.
* * * *
Amigos queridos da direcção de grupos,
Envidemos esforços pela renovação de conceitos em nossos conjuntos cooperadores.
Discordar com acerto é uma habilidade a ser cultivada na escola do centro espírita que ser-nos-á valoroso preventivo contra o dogmatismo e a perigosa monopolização cultural.
Temos observado que o melindre, essa doença de nossas mentes, tem sido álibi para que se evite dizer o que se pensa, excedendo-se em cuidados e protelação, suprimindo a sinceridade edificante que deveria constituir-se em uma das condições especiais prioritárias citadas pelo codificador em nosso trecho de análise.
Evidentemente, cuidar para verbalizar as críticas ou discordâncias é vigilância operante, contudo, evitar a verdade, a pretexto de prudência, é omissão conivente.
Nossos grupamentos precisam aprender a lidar com os momentos de aspereza ou alteração emocional com equilíbrio e resistência para que não se tornem “flores de estufa”, que ao primeiro golpe murcham em suas metas e desistem de seus ideais, acalentando profundas e doloridas mágoas.
Grupos que se amam verdadeiramente sabem dizer o que pensam, conflituar sem perder o amor uns pelos outros, conquanto isso custe ter que conviver com um “lado” que gostariam de já ter superado no campo das emoções.
Estejamos atentos com a santidade de superfície que tem dominado alguns conjuntos espíritas, que se desestruturam em fases de aferição.
Decididamente, e sem receios, saibamos sondar a face oculta dos grupamentos doutrinários e oferecer condições aos demais para essa iniciativa, a fim de que ela não se transforme em sombra agradável para exploração obsessiva.
Os benefícios do conflito superado são muito extensos e fortalecedores, mas só serão possíveis se cuidarmos dessas condições especiais em fazer reinar entre os integrantes os valores do afecto, do estudo, da conversa franca, do tempo para conviver, da amizade respeitosa sem os excessos da intimidade, do trabalho operoso e do estudo libertador, primando pelo cultivo de laços genuinamente cristãos.
Sejam os dirigentes de equipas os primeiros a saberem externar com lucidez e ponderação os seus reclames, seus alertas, suas insatisfações, orientando aos demais como falar das emoções sem ter que extravasá-las em acções que geram mal-estar. Eis a habilidade da parcimónia, da conciliação, da contestação terna, que leva o grupamento a penetrar o sombrio mundo das insatisfações pessoais, escudados pela afabilidade e doçura reinantes, criando assim o bom conflito, doloroso, incómodo, porém, benéfico e promotor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:40 pm

Capítulo 27 - Homogeneidade no Grupo
“Uma reunião é um ser colectivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe.
Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogéneo for. (...)
(...) Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível.
Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis.
Se o que se quer é apenas obter comunicações sejam estas quais forem, sem nenhuma atenção à qualidade dos que as dêem, evidentemente desnecessárias se tornam todas essas precauções; mas, então, ninguém tem que se queixar da qualidade do produto.”

O Livro dos Médiuns - capítulo 29 - item 331

Um dos requisitos mais valorosos na formação e desenvolvimento de grupos é a homogeneidade.
A palavra grupo em suas raízes etimológicas significa um nó, provindo esse género da língua Italiana.
O nó recorda os pontos de sustentação e fortalecimento de uma rede, e esse simbolismo nos remete aos grupos espíritas, que deverão ser como redes tecidas pelo sentimento que agrega e baliza todas as suas rotas educacionais no aprendizado espiritual.
Quando se menciona a terminologia homogéneo para grupos, logo vem à mente a ideia de igualdade, padronização.
Contudo, seu significado é um tanto mais elástico e profundo, porque jamais obteremos características uniformes, uma vez que cada pessoa é um mundo em si.
Apregoar a qualidade de homogéneo condicionado a imposições é desrespeitar o fluxo dos valores latentes e adormecidos na intimidade de cada ser.
Grupos homogéneos são os que guardam uma certa atracção para um ideal comum, um objectivo claro, e que têm uma visão compartilhada de seu futuro, de onde querem chegar, para onde se dirigem.
Em torno desse ideal compartilhado, nascido de dentro para fora e constituindo as aspirações de todos, tem-se a chave da homogeneidade.
Esse comprometimento com uma meta, um programa, uma mentalidade estabelece laços no coração, conquanto a divergência de visões intelectivas e as diferenças temperamentais.
Aliás, os grupos só se tornarão harmoniosos na proporção em que prezem, no clima da mais pura fraternidade, as diferenças e as divergências, tomando-as sempre como pontos de aperfeiçoamento e sinais de aferição quanto às direcções a se tomar, burilando relações e superando problemas.
Para que valores e necessidades pertinentes a cada criatura possam constituir nó de intercessão e interacção entre seus membros, há de se ter o coração ajustado na faixa dos sentimentos evangélicos, únicos capazes de resguardar o clima da necessária segurança e do preciso entendimento, a fim de vencer os embates naturais que tentarão desatar os elos da rede.
Outro sentido não menos valoroso para a homogeneidade é o do resultado da habilidade em transpor os desajustes, provenientes das diferenças na vida interpessoal, propiciando uma convivência harmónica.
Homogeneidade afectiva com diversidade de ideias, sem que isso constitua óbice e fonte de perturbação: eis o caminho natural dos grupamentos que almejem crescer sob a luminosidade espiritual da alteridade.
A força mediadora entre o cérebro repleto de pensamentos e o coração vibrante de amor é a educação.
Os grupos espíritas homogéneos são escolas de convivência.
Não existem sem problemas, aversões, simpatias, antipatias, dúvidas, desavenças e frustrações, mas como estão aquinhoados com as luzes das directrizes do Cristo, são regulados por uma consciência de dever e responsabilidade que, espontaneamente, acciona-lhes o campo afectivo para a vitória e a conquista de si mesmos pelas vias da assertividade, do perdão, da disposição sincera de amar e do desejo de aprender, educando as emoções a rumos superiores.
Dentro dessa perspectiva, as relações interpessoais, dada a solidez dos recursos morais, formam um feixe de corações unidos no idealismo superior, banhados pelos júbilos da convivência fraternal e enriquecedora.
Resultados de maior profundez de objectivos só poderão ser alcançados em grupos sérios.
Essa homogeneidade é uma insígnia de tal conquista.
Corações que se respeitam, que cativam a amizade, que vibram com o sucesso uns dos outros, que se querem bem, apesar das diferenças, são o esteio de Sociedades Fraternais, que vão reflectir em sua atmosfera espiritual os tesouros de afecto cultivados entre seus tarefeiros, em plena afinidade de busca para Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:40 pm

Capítulo 28 - Auto-Amor
“Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos.”
O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 350

“Ser” - verbo que traduz o anseio evolutivo de existir em plenitude, feliz, dirigindo-se para Deus.
Escolhas malsucedidas, no entanto, afastaram-nos desse finalismo Divino, aprisionando-nos nos charcos asfixiantes da prova, da dor e do hábito infeliz.
O voluntário esquecimento de nossos deveres no peregrinar das reencarnações trouxe-nos de volta, na actual vivência carnal, o fruto amargo das semeaduras infelizes que plantamos sob a volúpia das ilusões.
Hoje, graças a esse descuido milenar, existe um abismo de sombras entre o “eu Divino” e a nossa realidade existencial, onde se acomodam os monstros do orgulho e do egoísmo.
Apesar da condição desditosa, a inesgotável Providência Divina estende-nos um aluvião de recursos de amparo em favor de nosso reerguimento, perante a própria consciência.
O encontro com as directrizes espíritas é um exemplo disso.
Agora, iluminados pelos princípios estruturais do Espiritismo, somos novas criaturas em busca do Pai que “abandonamos”.
Sentir Deus! Eis o fundamento da transformação interior.
Renovar a forma de sentir é a senda libertadora em favor da auto-recuperação espiritual.
Conquanto as luzes que clareiam os raciocínios, ainda sentimos o peso coercitivo dos resultados da insanidade moral nas impérvias sentenças que lavramos contra nós no dobar do tempo.
Os propósitos superiores de agora parecem ser esmagados ante a força cruel do passado ignominioso e voraz que reside nos porões da mente.
Desejos fugazes do bem consomem-se sob a mira certeira de sentimentos que não gostaríamos de sentir.
Desejamos amar a família, mas, muita vez, sentimo-nos manietados a estranhas fantasias que nos inclinam para a ilusão dos sentidos fora do lar.
Desejamos compromisso e louvor ao serviço doutrinário, todavia, em várias ocasiões, sentimo-nos vazios de idealismo, tombando nas armadilhas do desânimo e da deserção ou enredados na rotina de realizar por obrigação, sem gratificações de profundidade.
Desejamos a conduta moral elegante, contudo, muitas vezes, “vozes interiores” vaticinam culpas e limitações, levando-nos a acreditar em muralhas de imperfeições que jamais conseguiremos transpor.
Desejos louváveis não se harmonizam com os velhos sentimentos de cada dia.
Expiação maior não pode existir, para o aprendiz sincero do Evangelho, qual a de ter os novéis e frágeis propósitos agredidos pelos libelos que a própria consciência inflige em razão de nosso ontem.
O bem que desejamos nem sempre conseguimos viver e manter, menos ainda senti-lo.
Porém, tenhamos vigilância e fé. Essa é a trajectória “natural” de regresso ao encontro do ser.
Existir para Deus, em nosso caso, implica vencer todas essas “expiações do sentir”, palmilhando as veredas reeducativas da atitude em favor do renascimento do ser glorioso e magnânimo ergastulado sob a canga de nossas mazelas.
Jamais desistamos desse compromisso, pois que, inexoravelmente, esse “reencontro” se dará em algum momento, já que é um fatalismo das Leis Naturais e Universais.
A melhor opção nessa retomada espiritual é o amor na busca das expressões celestes adormecidas em nós.
Referimos ao amor a si mesmo, contemplado por Jesus na essência de sua plataforma para a felicidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:40 pm

Nós, os espíritas, temos feito progressos consideráveis no que tange ao amor ao próximo, erguendo trincheiras do bem e da caridade.
Temos produzido e realizado fartas semeaduras de bênçãos junto aos grupos de amor.
Raras vezes, entretanto, temos sabido amar a nós próprios.
E existirá Amor maior a si que esse de saber lidar com essas sombras interiores que tentam empanar nossos anseios de Luz?
Aprendamos esse amor e sejamos mais felizes.
Amar nossa “sombra’, conquistando-a paulatinamente.
Tolerar nosso passado, sem as impiedosas recriminações.
Amar-nos, apesar do nosso passado de escolhas infelizes e decisões precipitadas, é fundamental para encetarmos um recomeço de vida espiritual rumo à liberdade.
Aprender o auto-amor é arar a terra mental para “ser”.
Quando o lograrmos, recuperaremos a serenidade, o estado de gratificação com a vida, a compreensão de nós mesmos, porque o sentimento será então um espelho translúcido das potencialidades excelsas depositadas em cada um de nós pela “inteligência suprema do universo”.
Formou-se entre nós uma lamentável “cultura de sofrimento” fundamentada na Lei de Causa e Efeito, propalando a dor como situação insubstituível ao progresso.
Acentua-se tal teoria com a supervalorização de fantasias sobre um passado de outras vidas no qual são destacados crimes e desvarios.
As consequências de tal enfoque podem ser sentidas no quadro de baixa auto-estima e desacordo consigo mesmo em que se encontra grande parte do discipulado espírita.
Alimentando crenças de desmerecimento e menosprezo mais não fazemos que desamarmo-nos e impedir o crescimento pessoal e grupal.
O pior efeito de semelhante quadro psicológico é acreditar que não merecemos ser felizes, automatizando um sistema mental de cobranças intermináveis e uma auto-flagelação, ambas, em várias ocasiões, sustentadas e induzidas por adversários espirituais astutos e vampiros da morbidez das sensações, gerando situações neuróticas de perfeccionismo e puritanismo quase incontroláveis.
Esse auto-desamor é um subproduto do atávico religiosíssimo que edificamos no psiquismo, em séculos de superficialidade moral, cuja imagem condicionada na vida mental foi a de um ser pecador e miserável, indigno daquele paraíso onde esperávamos refestelar-nos com as vantagens dos céus.
Ainda sob a forma de potente condicionamento, transpomos para as ambiências espiritistas tais reminiscências do “eu pecador”.
Allan Kardec assinala que o “aperfeiçoamento individual” é o fermento das transformações sociais, e isso exige cuidados pessoais dos quais, alguns deles, só dispensaremos ao outro na medida em que os aplicarmos a nós, sem que isso, em momento algum, signifique vaidade e preocupação personalista.
* * * *
Coração querido,
Piedade e complacência contigo mesmo.
Estais em lutas acerbas a ponto de desistir?
Persevera e luta.
Busca na prece o que te falta: a força para continuar.
Caridade contigo é o desafio do auto-amor.
Sentes no imo da alma uma amargura incomensurável ante as faltas e deslizes a que descuidadamente te permitiste.
Um sentimento avassalante de indignidade toma-te a alma, quando fazes o que não deverias ou deixas de fazer o quanto deverias.
Conquanto as lutas, cuida para que essas sombras não empanem o brilho de Deus em ti, e confia na bondade do Pai que te confiará o necessário para a caminhada.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:40 pm

Vigia teu mundo emotivo.
Ninguém é indigno de Deus, em situação alguma, ainda mais agora que já te encontras com rumo e norte para recomeçar.
Perdoa-te quantas vezes forem precisas e retoma teu programa de luz.
Sentir-se indigno da Bondade Paternal é sintoma de melhora e sinceridade de tua parte.
Pior seria se errasses novamente e acolhesses com inconsciência a tua escorregadela infeliz.
Ainda te ocorrerá inúmeras vezes esse incómodo que, por fim, é o “anjo vigilante” de tua consciência advertindo-te com esse mal-estar para que não sucumbas outra vez na mesma furna de invigilância.
Aceita-te tal qual és e prossiga.
Não asiles em ti o sentimento de hipocrisia induzido pela hipnose do orgulho, que tentará de todas as formas fazer-te desacreditar das escolhas ainda vacilantes e pouco sólidas na tua nova caminhada.
Hipocrisia existe quando o desejo e a atitude são precedidos pela intenção deliberada, em contraposição ao que já conheces.
Logo mais, respeitando as investidas de tuas sombras, a quem deves também amar, perceberás a transformação e animar-te-á pelo esforço e sacrifício empenhados.
Desistir, nunca!
A auto-recuperação é um leito de convalescença na enfermaria da vida, exigindo teus cuidados sem interrupção.
Um dia, o curativo da oração. Outro, a injecção do ânimo.
Em outro mais, a medicação amarga do enfrentamento de tuas doenças.
Ainda à frente, a imperiosa necessidade do esculápio na pessoa de um amigo para orientar-te.
Terás recaídas, febres de ilusão, dores do desapego, cansaço de ansiar pela melhora, incómodos na cama das provações diárias, dificuldades para com necessidades básicas, o sono indisciplinado trazendo fadiga, o alimento que não desejarias causando-te a fome de esperanças, o banho limitado impedindo-te a sensação de leveza e bem-estar.
Apesar disso o tratamento está se concretizando, ainda que não percebas.
Por isso tenha paciência contigo, e não pare de amar-se.
O amor a si mesmo é uma lição profunda e difícil, porém, não impossível.
Comece já teu ministério de auto-amor e constatarás que esse aprendizado é a condição essencial na existência para o tão decantado amor ao próximo.
Convivendo bem contigo, serás bom companheiro e amigo de teus grupos espirituais, fazendo-te mais útil nas mãos da vida, para o cumprimento da Lei da felicidade na melhoria social, em torno dos teus e dos passos alheios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:40 pm

Capítulo 29 - Harmonização e Segurança
“Nos agregados pouco numerosos, todos se conhecem melhor e há mais segurança quanto à eficácia dos elementos que para eles entram.”
O Livro dos Médiuns – capítulo 29 — item 335

Remanescente de eras primárias do evolar humano, trazemos ainda hoje como reflexo marcante e dinâmico o vício da posse, como sendo complexo mecanismo desenvolvido pela alma na busca de segurança.
Agrilhoado a milenares impulsos da vida corporal, na medida em que adquire a razão, passa o homem a ter o instinto de posse não mais como motivação para buscar o atendimento de necessidades básicas, mas como garantia de bem-estar ante os desafios ameaçadores da vida e da estabilidade em sua jornada.
Acumular passa a significar protecção e defesa, e por longas e repetidas vezes o estágio nessa atitude conduziu a mente a fixar os valores da soberba, da tirania, da ilicitude e da ganância na direcção dos excessos.
Hoje, quando nos referimos à segurança e à preservação, necessariamente associamos esses sentimentos a medidas exteriores tais como riqueza, dotes sociais, beleza e conforto, que são ícones para questões interiores no campo do existir humano.
Tais manifestações que ensejam a fugaz sensação de segurança e paz interior são fortes ilusões, escravizando a mente a padrões de comportamentos e “alijando” da alma a expressão do afecto isento das cargas emocionais primárias e empobrecidas de autêntico Amor.
Essa vivência da evolução permite-nos tecer considerações oportunas a nossa convivência, uma vez que segurança é o que mais almejamos junto àqueles com os quais partilhamos nossas vidas.
Na ausência desse sentimento instala-se, ocasionalmente, o reflexo da injustiça, e o sentimento de injustiça é o desajuste do afecto que leva o coração a disparar a rebeldia, a mágoa e o ódio como hábitos longamente cultivados desde tempos imemoriais.
Asilando esse “sentir-se injustiçado” que se efectiva para cada individualidade, conforme seu temperamento e carácter, estabelece-se a desarmonia da razão que pode levar à adoçam de acções reflexas desde a ira até o crime “não intencional’.
Em verdade, estamos estudando a intensa “capacidade de destruição” que tem o egoísmo, o qual nos é próprio no atendimento ao instinto de conservação natural.
Instinto esse acrescido pelos excessos adquiridos em milénios de orgulho e vaidade, saciedade e ambição.
Não foi sem motivo a conhecida lição de Jesus, prevendo acontecimentos para os dias atuais, quando disse:
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. (1)
Injustiça sentida, afecto embotado.
Muita vez, essa busca de segurança tem conotações subtis nas acções que carecem ser compreendidas, a fim de melhor nos posicionarmos uns frente aos outros.
A necessidade de domínio e controle é outra forma costumeira de apresentar-se, seja no lar ou na profissão, na amizade e, igualmente, nas movimentações doutrinárias.
Ocorre que, quase sempre, onde tais sentimentos de posse comparecem, morrem a fraternidade e as relações ricas de permuta afectiva.
Controle e domínio, quando surgem em nossas lides, travestem-se em normas e planos colectivos, hierarquia e interesses de grupos, sob a chancela de missões necessárias ou directrizes de Mais Alto ao bom andamento dos destinos do Espiritismo ou no alcance de objectivos grupais e institucionais.
O resultado inevitável, nessas condições sociais, é a poda de valores substancialmente essenciais ao resgate do espírito da simplicidade, da despretensão e do respeito com o qual deveríamos tratar os assuntos da doutrina e, igualmente, a indiferença, o descrédito e o desamor com os quais tratamos uns aos outros nos assuntos da vida interpessoal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 04, 2018 9:41 pm

Tudo para sentir a segurança do controle das rédeas que, por sua vez, oferece a sensação de posse e realização pessoal.
Marca comum a grande maioria dos que se aferram a esse capítulo do egoísmo é o afastamento escolhido das necessidades humanas, no campo do amparo e da solidariedade, enquistando o coração na “frieza afectiva”, em crises de racionalização.
Por isso, se verdadeiramente queremos segurança e estabilidade, busquemo-la na vivência do afecto, e afecto não se desenvolve sem convivência e proximidade, sem permuta e disposição de aprender, sem servir e trabalhar.
Eis porque as actividades assistenciais de nossa Seara, entre inúmeras vantagens, propicia ao homem solitário e inseguro vigorosos estímulos não encontrados em quase nenhuma experiência social.
Insistimos na vivência do afecto nos grupamentos da nova revelação, porque essa relação assegura a essência do Espiritismo em nós, o Amor.
Labutemos juntos pela humanização de nossas lides, para não nos perdermos em movimentações exteriores e improfícuas.
Amar a Casa mais que a Causa é “delírio” de nossa afectividade que acumula tesouros na terra onde as traças e a ferrugem tudo consomem(...)(2)
O afecto é o tempero das tarefas imunizando-nos contra excessiva valorização dos métodos, das formas e das condições de realizá-las, centrando nossas aspirações no ser humano que dela participa sem fascínio com a teoria, com os conflitos, com os problemas comuns a essas iniciativas.
Quando nosso foco é o próximo e a necessidade de servir e aprender, nossos sentimentos serão excelente garantia de boa aplicação e aproveitamento nas actividades que cooperamos.
Evidentemente, com isso, não queremos incentivar a desorganização e os descuidos necessários ao bom andamento de nossos projectos de amor.
A clareza de Jesus em destacar que seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem (3) não deixa margens a dúvidas sobre as anotações que ora descrevemos.
Perambular pelas adjacências das proposituras espíritas será forte tendência de todos nós, Espíritos em busca da remissão consciencial.
Entretanto, os conteúdos exarados pela “Plêiade Verdade” são por demais esclarecedores ao assinalar que a caridade, entendida como o sublime mecanismo de intercâmbio e solidariedade relacional, é a prioridade de nossos projectos espirituais em quaisquer formas como se estruturem.
Humanização da Seara, eis a meta!
Sem caridade não teremos jamais a educação, e sem educarmo-nos fugimos do objectivo primacial do Espiritismo e iludimo-nos com o velho instinto de posse no acúmulo de vitórias transitórias junto aos púlpitos do verbo eloquente, do assistencialismo superficial, do controle personalista, em improdutiva actividade a qual, inadvertidamente nomeamos como sendo trabalho, zelo e dedicação, e terminamos afogados no fascínio sobre os méritos pessoais, em sofrível crise de personalismo...
Não é por Outro motivo que aqui, nos planos da vida imortal, lamentavelmente temos amparado em nome do Amor muitas almas distraídas de seus deveres, junto aos campos do serviço espírita da Terra.
Carreiam para cá extensa quota de enganos acerca de sua realidade espiritual, supondo-se, em grande maioria, detentores de cabedais ou créditos que não fizeram por merecer.
Justificando medidas e acções, decisões e escolhas, com “criativo’ e frágil desculpismo e dotados de arrogância e autoritarismo, quando percebem que não se encontram na vida espiritual tão seguros quanto pareciam no mundo físico, descobrem, pouco a pouco, as vertiginosas armadilhas que desenvolveram contra si próprios, passando por longo estágio de perturbação e inconformação até resgatarem a humildade, para reconhecerem que, em verdade, serviram a si mesmos e não ao Senhor da Vinha, amargando doloroso sentimento de culpa e arrependimento que, somente em novas e mais promissoras oportunidades, em outras reencarnações, poderão expurgar a preço de testemunhos e dores, labor e esforço, na conquista do triunfo sobre si.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 05, 2018 7:49 pm

Segurança, portanto, é sinónimo de “acúmulo” de bens interiores.
Talvez por isso Allan Kardec considera em nosso tópico de análise que há mais segurança quanto à eficácia dos elementos que compõem agregados menos numerosos, deixando entender a importância de relações sólidas, sadias e venturosas para o bem de todos.
Cria-se assim melhores condições para uma lídima segurança, em razão de permitir-nos maior introspecção que identifique necessidades de profundidade e, também, dilatarmos o património da cooperação uns com os outros, ante a extensão de nossas mazelas milenares.
Busquemos a segurança, a conservação íntima e pessoal no bem do próximo, pautando nossas vidas pela abnegação e devotamento.
Sigamos em nosso favor as felizes recomendações da questão 922 de O Livro dos Espíritos, estabelecendo-as como os pilares de uma reencarnação segura e vencedora:
“A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um.
O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro.
Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?
Com relação à vida material, é a posse do necessário.
Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.”

(1) Mateus, capítulo 24, versículo 12
(2) Mateus, capítulo 6, versículo 19
(3) João, capítulo 13, versículo 35
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 05, 2018 7:49 pm

Capítulo 30 - Educandário do Amor
“Para o objectivo providencial, portanto, é que devem tender todas as Sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos.
Então, haverá união entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nascido do amor-próprio, mais de palavras do que de factos; então, elas serão fortes e poderosas, porque assentarão em inabalável alicerce:
o bem para todos; então, serão respeitadas e imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica, que todos respeitam.”

O Livro dos Médiuns – capítulo 29 - item 350

Os exercícios de caridade promovidos pelos nossos núcleos espíritas são ocupações de relevância em um mundo como a Terra.
Pessoas que até ontem se importavam somente consigo mesmas, em atitudes de egoísmo e desonestidade, muita vez, encontram nos serviços da benemerência e da caridade o conforto que suas almas perderam há séculos.
Ensaiam e treinam, através dos actos de solidariedade e doação, os novos sentimentos que, no futuro, passarão a integrar melhores roteiros de sua caminhada espiritual.
Por isso, quaisquer programas de apoio e sustentação, assistência e amparo são nobres iniciativas que a casa espírita pode erguer a bem, sobretudo, de quem tomará sobre si a oportunidade de cooperar.
Nesse sentido, o centro espírita, em suas feições de hospital da alma e oficina de trabalho, na missão de auxiliar e amparar, é das mais enobrecedoras instituições do orbe.
Contudo, após mais de um século de Espiritismo, é chegado o instante azado para aprimorarmos as concepções acerca do papel do centro espírita para quantos lhe comungam a rotina, dilatando sua finalidade e situando-o como educandário do Amor, cujo objectivo precípuo seja a formação do homem de bem.
Conquanto as respeitáveis conquistas efectuadas pelas nossas organizações, ninguém tem dúvidas do quanto ainda temos por melhorá-las no que tange às suas possibilidades na esfera da educação e da instrução, promovendo seus trabalhadores, pelo buril da renovação, à condição de “reciclagem moral” no seu carácter e no desenvolvimento de seus potenciais afectivos.
As últimas descobertas científicas, fruto de pesquisas sérias nas áreas psicológicas e neurológicas, apontam para o “analfabetismo emocional” da humanidade, reformulando o paradigma do sucesso e da inteligência humana, deslocando-o do raciocínio para a emoção.
Psicólogos eminentes destacam a necessidade de uma educação voltada para a “inteligência emocional” consentaneamente à instrução intelectiva ou cognitiva, demonstrando, por estudos, que criaturas as quais administram melhor seus sentimentos têm maiores probabilidades de sucesso e equilíbrio nos trâmites da vida.
Perfeitamente afinada com a propositura educacional do Espiritismo, essas “revelações” incentivam que o centro espírita seja um ambiente que alfabetize a razão e igualmente o coração.
Nenhuma instituição humana está tão aparelhada de teoria para atender as necessidades humanas quanto o centro espírita que se rege pelos lídimos postulados da Codificação Kardequiana e o Evangelho de Jesus.
Fazer melhor aplicação desses recursos, principalmente para os que lhe fruem os deveres, dia-a-dia, constitui o desafio para o momento nessa tarefa de promover as actividades doutrinárias ao patamar de programas de educação e elevação do amor humano.
Basta rápido olhar e perceberemos os irmãos de ideal sofrendo a “síndrome de ser amado” em pleno trabalho de amor ao próximo.
Busca-se o bem e ajuda-se o necessitado em acções de renúncia e esforço, deslocando-se quilómetros para beneficiar assistidos, todavia, nem sempre se é caridoso e afectuoso com aqueles que estão próximos e partilham connosco as alegrias do trabalho cristão, deixando uma vasta lacuna nas relações entre os co-idealistas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 05, 2018 7:49 pm

As relações superficiais têm como principal reflexo a “solidão em grupo”.
Constatamos inúmeros casos dessa ordem em nossa Seara.
Essa solidão injustificável é semelhante ao viajante no deserto que, tendo sede, encontra um oásis; no entanto, opta pela inércia e esconde-se, apesar de sua necessidade, temendo bebericar uma água envenenada ou ser surpreendido com a presença de assaltantes naquele lugar.
O centro espírita, esse oásis de luz espiritual, quase sempre, tem sido “lugar de temores”, de “esconderijos emocionais”.
O próprio orgulho, nosso velho inimigo, tem provocado esse afastamento quando elabora auto-imagens de perfectibilidade e perfeccionismo nos seareiros.
Com esse conceito de si, temem por se expor moralmente, escondendo-se em “carapaças” de falso equilíbrio para que os outros não lhe conheçam as limitações interiores.
Sendo assim agem como bons espíritas para os outros, deixando-se à míngua.
“Amam” o próximo e desamam a si próprios.
O tempo converte essa situação em inevitável hipocrisia e/ou puritanismo, minando as resistências morais e levando seus portadores à obsessão subtil e infelicitadora, que faz suas vítimas crerem que algumas “concessões” da conduta podem ser compensadas com os serviços no bem.
A partir de então são criados complexos mecanismos na desestruturação lenta e gradativa da vida íntima.
Nesse emaranhado mental perde-se a noção do verossímil e vive-se uma realidade sob a tutela de forças sombrias.
Somente o diálogo franco seguido da firme disposição de mudar pode alterar os rumos de tais quadros.
Nesse comenos chamamos a atenção de grande parte de nossos dirigentes espíritas que têm ouvido e amparado muitos corações, não possuindo, por sua vez, quem lhes possa orientar ou avaliar seus esforços.
Sozinhos, sentindo-se na obrigação de darem o melhor de si, terminam por chafurdar-se em posturas de aparente vitalidade moral; entretanto, seu mundo interior, frequentemente, deambula para as fronteiras com o colapso da sua saúde mental e afectiva.
Embora destaquemos a feição de escola de Espiritismo em nossos celeiros doutrinários, chega o momento de promovê-los a essa condição de cátedra para educação do afecto cristão, uma “escola do Espírito”, sem o que o conhecimento tornar-se-á directriz para os raciocínios, deixando o coração desprovido do alimento das emoções nobres, compartilhadas por uma convivência educativa e geradora de estímulo para os ideais de progresso.
A convivência espírita, que deveria ser mais plena e rica de amor, nem sempre tem correspondido às esperanças de muitos corações generosos e sinceros, dispostos a trocas enriquecedoras nos campos do coração que, por desídia e descuido, terminam por arrefecer seu afecto criando para si aquele calabouço desprezível das relações superficiais.
Nossas ambiências apelam para a necessidade imperiosa de um intercâmbio saudável através de abundante afecto cristão, por mais alegria, com a necessária disciplina, por mais sorrisos e instantes de descontracção com a precisa integridade e pela coragem de amar como, se deve em substituição ao nosso “amar como se quer”, que, em verdade, é o doentio “querer ser amado”.
Fechar o coração aos ditames do amor é oportunizar riscos reais e perdas possíveis.
Amemos com o Evangelho.
Amemos com o Espiritismo.
Nada deve nos deter nessa marcha.
Promovamos nossas Casas à condição de educandários de amor, exemplificando aos nossos companheiros de jornada que o conhecimento espírita na prática é o Amor em dinamismo.
Nossas lideranças estejam conscientes de suas responsabilidades e tonifiquem a crença no Amor em actos de lisura moral e amizade cristalina, que sirvam de referências saudáveis aos que chegam ávidos de atenção e amor.
Sejamos afectuosos uns com os outros e não tenhamos receio de demonstrar por palavras e atitudes as expressões superiores do que sentimos, ainda que não sejamos prontamente entendidos ou mesmo correspondidos.
Se nos perguntarem se o afecto tem limites, responderemos dizendo que o limite do afecto é o dever e a integridade moral que são suas bases, pois, passando disso, não é afecto e sim desejo, e nossos desejos nem sempre são afinados com os propósitos maiores que só o Amor verdadeiro pode lhes conferir.
Se não tentarmos, jamais aprenderemos.
Se não começarmos, jamais saberemos como fazer.
Não tenhamos medo de amar e a vida nos responderá com lições preciosas no nosso reencaminhamento para aplicar a força do Amor no bem de todos.
Jesus, o Emissário Divino, estabeleceu para os seus discípulos o Amor como sendo a religião cósmica que deveriam seguir, e até hoje ecoa altissonante em nossas vidas os seus dizeres inesquecíveis que nos convocam a uma vida plena de afecto:
“Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(1)

(1) João, capítulo 13, versículo 35
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 05, 2018 7:49 pm

Apêndice 1
Campanha pelo Amor
“Em Laços de Afecto damos nossa contribuição despretensiosa pela instauração de uma campanha pela humanização nas instituições terrenas.
Dirigimos nossas reflexões ao centro espírita, conquanto a família e a escola, as empresas e órgãos públicos, e ainda quaisquer ambientes onde os relacionamentos encontrem-se voltados a um objectivo comum são como “terra fértil”, que guarda projectos de ascensão e paz a serem direccionados para o amor uns com os outros, no engrandecimento da evolução espiritual da individualidade.
Por divisa tomamos a frase lapidar de Jesus para ser o archote dessa campanha que urge:
Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (1)”
A vitória sobre o maior inimigo do homem, o egoísmo, solicita a renovação dos modelos institucionais e a transformação do comportamento na aquisição de novos valores que o capacitem para longa batalha interior.
Recriar as relações e repensar a sistematização das nossas organizações espíritas são investimentos sólidos, que atendem ao programa inspirado sob a tutela do incansável Bezerra de Menezes, no atendimento às “novas determinações” do Espírito Verdade, a fim de construirmos, no futuro, um movimento espírita plenamente identificado com a mensagem de Amor trazida por Jesus à humanidade há dois milénios, e actualizada pelo trabalho nobre de Allan Kardec.
Esperançosa em ter colaborado, mesmo que palidamente, com esse objectivo de instaurar um novo tempo para nossas agremiações, muito nos alentará saber que nossas palavras, pelo menos, serviram para deixar claro que a grande causa de nossas vidas é o amor uns pelos outros, acima de quaisquer postulados de carácter doutrinário ou religioso, conforme já fora asseverado pelo Pastor de nossas vidas:
Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem.

Ermance Dufalx

(1) João, capítulo 13, versículo 35
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 05, 2018 7:49 pm

Apêndice 2
Programa de Bezerra de Menezes pelos Valores Humanos no Centro Espírita
“A melhor campanha para a instauração de um novo tempo na Seara passa pela necessidade de melhoria das condições do centro espírita, que é a célula operadora do objectivo do Espiritismo.
Lá sim se concretizam não só o conhecimento e o trabalho, mas a absorção das verdades no campo individual consentidas em colóquios íntimos e permanentes, que reproduzem os momentos de Jesus com seu colégio apostólico.
Por isso, temos que promover as Casas, de posto de socorro e alívio a núcleo de renovação social e humana, através do incentivo ao desenvolvimento de valores éticos e nobres capazes de gerar a transformação.
Para isso só há um caminho: a educação.
O núcleo espiritista deve sair do patamar de templo de crenças e assumir sua feição de escola capacitadora de virtudes e formação do homem de bem, independentemente de fazer ou não com que seus transeuntes se tornem espíritas e assumam designação religiosa formal.
Elaboremos um programa educacional centrado em valores humanos para dirigentes, trabalhadores, médiuns, pais, mães, jovens, velhos, e o apliquemos consentaneamente com as bases da Doutrina.
Saber viver e conviver serão as metas primaciais desse programa no desenvolvimento de habilidades e competências do espírito.
O que faremos para aprender a arte de amar?
Como aprender a aprender? Como desenvolver afecto em grupo?
Como “devolver visão a cegos, curar coxos e estropiados, limpar leprosos, expulsar demónios”?
Muitos adeptos conhecem a profundidade dos mecanismos desencarnatórios à luz dos princípios espíritas, entretanto, temos constatado quantos chegam por aqui em deploráveis condições por não se imunizarem contra os padrões morais infelizes e degeneradores.
A melhoria das possibilidades do centro espírita indiscutivelmente facilitará novos tempos para o pensamento espírita, haja vista que estaremos ali preparando o novo contingente de servidores da causa dentro de uma visão harmonizada com as implicações da hora presente.
Dessa forma, estaremos retirando a Casa da feição de uma “ilha paradisíaca de espiritualidade”, projectando-a ao meio social e adestrando seus participes a superarem sua condição sem estabelecer uma realidade fictícia e onerosa, insufladora de conflitos e de medidas impositivas, longe das reais possibilidades de transformação que a criatura pode e precisa efectivar em si mesma.”

Cícero Pereira (1)

(1) Trecho extraído da mensagem “Atitude de Amor” inserida na obra “Seara Bendita’ psicografada por Maria José da Costa Soares de Oliveira e Wanderley Soares de Oliveira — Diversos Espíritos - Editora INEDE.

Fim

§.§.§- Ave sem Ninho
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