LUZ ESPÍRITA
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 18, 2018 8:10 pm

Reforma íntima Sem Martírio
Wanderley Soares de Oliveira

As Dores Psicológicas do Crescimento Interior

Pelo espírito Ermance Dufaux

ÍNDICE
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Consciência do Si


1 Dores do Martírio
2 Ética da Transformação
3 Projecto de Vida
4 O que Procede do Coração
5 Sábia Providência
6 O GRANDE ALIADO
7 SEXUALIDADE E HIPNOSE COLECTIVA
8 Arrependimento tardio
9 “Espíritas não-Praticantes?”
10 Reflexo-Matriz
11 A ARTE DE INTERROGAR
12 SER MELHOR
13 MEDITAÇÃO DA AMIZADE COM O HOMEM VELHO
14 IMUNIDADE PSÍQUICA
15 DIÁLOGO SOBRE ILUSÃO
16 LIÇÕES PRECIOSAS COM DR. INÁCIO
17 POR QUE MELINDRAMOS?
18 FÉ NAS VITÓRIAS
19 ANGÚSTIA DA MELHORA
20 IMPRUDÊNCIA NO TRÂNSITO
21 DEPRESSÕES REEDUCATIVAS
22 A VELHA ILUSÃO DAS APARÊNCIAS
23 SÓ O BEM REPARA O MAL
24 ÍCONES
25 FÉ E SINGULARIDADE
26 DISCIPLINA DOS DESEJOS
27 PRESSÕES POR TESTEMUNHO
28 A FORÇA DO BEM
29 PSICOSFERA
30 CONCLAVE DE LÍDERES

EPÍLOGO


Última edição por Ave sem Ninho em Qua Abr 28, 2021 9:38 am, editado 1 vez(es)
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SUMÁRIO
1. Dores do Martírio
Quem está na reforma interior tem um Referencial fundamental para se auto-analisar ao longo da caminhada educativa, um termómetro das almas que se aprimoram; inevitavelmente, quem se renova alcança a maior conquista das pessoas livres e felizes: O prazer de viver.

2. Ética da Transformação
Entretanto, para levar o homem ao aprimoramento, o autodescobrimento exige uma nova ética nas relações consigo e com a vida:
É a ética da transformação, sem a qual a incursão no mundo íntimo pode estacionar em mera atitude de devassar a subconsciência sem propósito de mudança para melhor.

3 Projecto de vida
Uma semana na Terra é composta por dez mil e oitenta minutos.
Tomando por base noventa minutos como tempo habitual de uma actividade espiritual voltada para a aquisição de noções elevadas, e ainda levando em conta que raramente alguém ultrapassa o limite de duas ou três reuniões semanais, encontramos um coeficiente de no máximo duzentos e setenta minutos de preparo para implementação da renovação mental, ou seja, pouco menos de três por cento do volume de tempo de uma semana inteira.

4. O que Procede do coração
Frágil padrão de validação da conduta espírita tem tomado conta dos costumes entre os idealistas.
Enraizou-se o axioma “espírita faz isso e não faz aquilo” que tenta enquadrar o valor das acções em estereótipos de insustentável bom senso.

5. Sábia Providência
A natureza nos leva ao esquecimento do passado exactamente para aprendermos a descobrir em nosso mundo interior as razões profundas de nossos procedimentos, através da análise dos pendores e impulsos, interesses e atracções que formam o conjunto de nossas reacções denominadas tendências.

6. O Grande Aliado
Ao invés de ser contra o que fomos, precisamos aprender uma relação pacífica de aceitação sem conformismo a fim de fazer do “homem velho” um grande aliado no aperfeiçoamento.

7. Sexualidade e Hipnose Colectiva
(...) um “turbilhão energético” provido de vida e movimento permeia por toda a psicosfera do orbe.
Qual se fosse uma serpente sedutora criada pelas emanações primitivas, resulta das atitudes perante a sexualidade entre todas as comunidades.

8. Arrependimento Tardio
Se não existisse trabalho redentor na vida espiritual, as almas teriam que reencarnar com brevidade porque não suportariam o nível mental das recordações e perturbações do arrependimento.

9. “Espíritas não praticantes?”
Estejamos convictos de um ponto em matéria de melhoria espiritual: só faremos e seremos aquilo que conseguimos, nem mais nem menos.
O importante é que sejamos o que somos, sem essa necessidade injustificável de ficar criando rótulos para nossos estilos ou formas de ser.

10. Reflexo-Matriz
Os reflexos são como “personalidades indutoras” estabelecendo o automatismo dos sentimentos externados em atitudes e palavras.
Nesse circuito vivemos e decidimos, progredimos ou estacionamos.
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11. A Arte de Interrogar
Será muito simplismo a atitude de responsabilizar obsessores e reencarnações Passadas como causa daquilo que sentimos, e que não conseguimos explicar com maior lucidez.
Em alguns casos chega a ser mesmo um ato de invigilância.

12. Ser Melhor
O conjunto dos ensaios espíritas é um roteiro completo para todos os perfis de necessidades no aperfeiçoamento da humanidade.
Tomar todo esse conjunto como regras para absorção instantânea é demonstrar uma visão dogmática de crescimento, gerando aflições e temores, perfeccionismo e ansiedade, que são desnecessários no aperfeiçoamento das oportunidades.

13. Meditação da Amizade com o Homem velho
A inimizade com o homem velho é extremamente prejudicial ao desenvolvimento dos valores divinos, porque gastamos toda energia para combater-nos e não para talhar virtudes e conquistar nossa sombra.

14. Imunidade Psíquica
É uma criação de almas superiores em favor da obra do bem que todos, pouco a pouco, estamos construindo na Terra.
Chama-se “imunizador psíquico”.
Composto de material rarefeito, mas de alta potência irradiadora de ondas mentais de curta frequência, é um aparelho de defesa mental que concede ao médium melhores recursos no desempenho de sua missão.

15. Diálogo sobre Ilusão
Auto-ilusão é aquilo que queremos acreditar sobre nós mesmos, mas não corresponde à realidade do que verdadeiramente somos, é a miragem de nós próprios ou aquilo que imaginamos que somos.

16. Lições Preciosas com Dr. Inácio
O imaginário dos espíritas sobre a vida além da morte, apesar de ser rico em informações, anda distante daquilo que realmente vem sucedendo a quantos são envolvidos por fora pelas claridades do espiritismo, mas que descuidam do serviço de se iluminarem por dentro.

17. Por que Melindramos?
Contudo, larga diferença vai entre a ofensa natural e o melindre, que é a reacção neurótica às ofensas.
Melindre é o estado afectivo doentio de fragilidade, que dilata a proporção e natureza das agressões que sofremos do meio.

18. Fé nas Vitórias
Costuma-se observar na actualidade uma “neurotização” da proposta de renovação interior.
Muita impaciência e severidade têm acompanhado esse desafio, levando ao perfeccionismo por falta de entendimento do que seja realmente a reforma íntima.
19. Angústia da Melhora
Os conflitos criam as tensões no mundo íntimo em razão da contraposição entre esses três factores: o que a criatura gostaria, o que ela deve e aquilo que ela consegue.

20. Imprudência no Trânsito
A postura ética do homem de bem perante as leis civis deve ser a da integridade moral.
A direcção de um veículo motorizado é uma arte, e como tal deve ser conduzido: à arte
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21. Depressões Reeducativas
Semelhantes depressões, portanto, são os resultados mais torturantes da longa trajectória no egoísmo, porque o núcleo desse transtorno chama-se desapontamento ou contrariedade, isto é, a incapacidade de viver e conviver com a frustração de não poder ser como se quer e ter que aceitar a vida como ela é, e não como se gostaria que fosse.

22. A velha Ilusão das aparências
Hipocrisia é o hábito humano adquirido de aparentar o que não somos, em razão da necessidade de aprovação do grupo social em que convivemos.
Intencional ou não, é um fenómeno profundo nas suas raízes emocionais e psíquicas, que envolve particularidades específicas a cada criatura (...)

23. Só o bem repara o mal
Particularmente, a maioria de nós, que somos atraídos para a necessidade imperiosa de renovação perante a vida nas linhas do bem, quando no retorno à escola terrena, carreamos na intimidade uma pulsante aspiração de nos transformarmos, em razão das angústias experimentadas pelas duras revelações descerradas pela desencarnação.

24. Ícones
Contudo, esse processo de integração gera um doloroso sentimento de perda, necessário ao progresso.
Perde-se o velho para construir o novo.
Na verdade efectuamos uma reconstrução marcada por etapas desafiantes.
Perde-se a “velha identidade” e não se sabe como construir “o que se deve ser agora”, a “nova identidade” de respeitar a vida.

25. Fé e Singularidade
Fé raciocinada é um fenómeno psicológico e emocional construído a partir do desejo autêntico e perseverante de compreender o que nos cerca – conquista somente possível através da renovação do entendimento e da forma de sentir a vida.

26. Disciplina dos desejos
Falamos, pensamos e até agimos no bem em muitas ocasiões, mas nem sempre sentimos o bem que advogamos, estabelecendo “hiatos de afecto” no comprometimento com a causa, atraindo desmotivação, dúvida, preguiça, perturbação e ausência de identificação com as responsabilidades assumidas.

27. Pressões por Testemunho
Tornando-se alvo de alguma trama dos adversários, funciona como uma isca atraindo para muito perto da sua vida mental os desencarnados que, sem perceberem, emaranham-se em uma “teia de irradiações poderosas”, permitindo-nos uma acção mais concreta em comparação a muitas das incursões nos vales sombrios.

28. A Força do Bem
Os homens costumam ver os espíritos onde eles não estão, e onde eles estão não costumam ser vistos pelos homens!...

29. Psicosfera
Tomando por comparação as teias dos aracnídeos, criadas para capturar alimentação e se defenderem, a mente humana, de modo similar, tem seu campo mental de absorção e defesa estabelecido pelo teor de sua “radiação moral”:
são as psicosferas.
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30. Conclave de líderes
Cumprindo mais uma de nossas programações no Hospital Esperança, reunimos influente grupo encarnado de pouco mais de mil formadores de opinião no movimento espírita.
Trouxemo-los para uma breve e oportuna advertência.
Em que ponto da evolução nos encontramos?
“Apesar de já peregrinarmos há milénios no reino hominal, ainda não nos fizemos legítimos proprietários da Herança Paternal a nós confiada.
Não será impróprio dizer que somos “meio humanizados” ”.

Programa de Bezerra de Menezes pelos Valores Humanos no Centro Espírita
Por isso, temos que promover as Casas, de posto de socorro e alívio a núcleo de renovação social e humana, através do incentivo ao desenvolvimento de valores éticos e nobres capazes de gerar a transformação.
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ANGÚSTIA DA PERFEIÇÃO
“Pode alguém, por um proceder impecável na vida actual, transpor todos os graus da escala do aperfeiçoamento e tornar-se Espírito Puro, sem passar por outros graus intermédios?”
“não, pois o que o homem julga perfeito longe está da perfeição.
Há qualidades que, lhes são desconhecidas e incompreensíveis.
Poderá ser tão perfeito quanto o comporte a sua natureza terrena, mas isso não é a perfeição absoluta.
(...)”
O Livro dos Espíritos – Questão 192

Alma querida nos ideais renovadores, é natural que sofras inquietação por nutrires objectivos transformadores.
Ante a penúria de teus valores, declaras-te sem mérito para receber a ajuda Divina.
Perante a extensão de tuas falhas, açoitas a consciência com lancinante sentimento de hipocrisia ao repetires os mesmos desvios dos quais já gostarias de não se permitir. Essa é a estrada da perfeição, não te martirizes.
Tudo isso é compreensível, parte integrante de quantos se candidatam aos serviços reeducativos de si próprios, portanto, não sejas demasiadamente severo contigo.
Sem lástima e censura, perdoa-te e prossegue sempre.
Confia e trabalha cada vez mais.
Por mais causticantes as reacções íntimas nos refolhos conscienciais, guarda-te na oração e na confiança e enriquece tua fé nas pequenas vitórias.
A angústia da melhora é impulso para promoção.
O remédio salutar para amenizá-la é a aceitação incondicional de ti mesmo.
Aceitando-te humildemente como és e fazendo o melhor que possas, vitalizar-te-ás com mais fortes apelos interiores para a continuidade do projecto de melhoria e corrigenda.
Por outro lado, se te punes estarão assinando um decreto de desamor contra ti.
Afeiçoa-te com devotamento e sensatez aos exercícios que te são delegados pelas tarefas renovadoras do bem, aprimorando-te em regime de vigilância e paciência.
Sem alimentar fantasias de saltos evolutivos, dá um passo atrás do outro.
Sem ansiar pela grandeza das estrelas, ama-te na condição de singelo pirilampo que esforça por fazer luz na noite escura.
Faça as pazes com suas imperfeições. Descubra suas qualidades, acredite nelas e coloque-as a serviço de suas metas de crescimento, essa é a fórmula da verdadeira transformação.
O tempo concederá valor e experiência a seus esforços, ajustando teus propósitos aos limites de tuas possibilidades, libertando-te da angústia que provém dos excessos.
Caminha um dia após o outro na certeza de que Deus te espera sempre com irrestrito respeito pelas tuas mazelas, guardando o único direito de um Pai zeloso e bom que é a esperança de que amanhã sejas melhor que hoje, para tua própria felicidade.
Ermance Dufaux
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PREFÁCIO
Uma Palavra Inspiradora

“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.”
Paulo de Tarso – Romanos, 7:19

Uma pergunta jamais deverá deixar de ser o centro de nossas cogitações nas vivências espíritas: em que estou melhorando?
Ter noções claras sobre as conquistas interiores, mesmo que pouco expressivas, é valoroso núcleo mental de motivação para a continuidade da empreitada da renovação.
Por sua vez, não dar valor aos passos amealhados é permitir a expansão do sentimento de impotência e menosprezo aos esforços que já temos encetado.
Como seria justo, os irmãos na carne poderiam indagar:
como adquirir então essa noção clara sobre a posição espiritual de cada um, considerando o tamponamento do cérebro físico?
A única postura que nos assegurará a mínima certeza de que algo estamos realizando em favor de nossa ascensão espiritual, na carne ou fora dela, é a continuidade que damos aos projectos de renovação que idealizamos.
Os obstáculos serão incessantes até o fim da existência, não nos competindo nutrir expectativas com facilidades mas sim a coragem e o optimismo indispensáveis para vencer um desafio após o outro.
Que a esperança não desfaleça diante desse prognóstico.
Nossas conquistas não podem ser edificadas na calmaria.
Nossas virtudes não florescerão sem os golpes da dor que dilacera arestas e poda os espinhos da imperfeição.
Nossa palavra de ordem é recomeçar – uma palavra inspiradora.
Quantas vezes se fizerem necessárias, a nossa grande e única virtude nos áridos campos do aprimoramento íntimo é a capacidade de resistir aos apelos para a queda, jamais desistindo do ideal de libertação que acalentamos, trabalhando mesmo cansados, servindo mesmo que carentes, estudando mesmo que desmotivados, aprendendo mesmo que sem objectivos definidos.
A própria encarnação é o mecanismo divino do recomeço, da retomada.
Justo, portanto, que abracemos amorosamente os compromissos abandonados de outros tempos e aplainemos nossos caminhos tortuosos.
Temos o que merecemos e somos aquilo que plasmamos.
Em meio do lodaçal do desânimo nasce o lírio da personalidade tenra que estamos paulatinamente, cultivando.
Sob o peso cruel da angústia, estamos construindo a condição imunizadora do poder mental.
Desde que não desistamos, sempre haverá uma chance para a vitória.
Prossigamos sem expectativas de angelitude que não temos como alcançar por agora.
Não ser o que gostaríamos é o mais alto preço tributado àquele que optou pelos descaminhos do egoísmo, essa também é a maior tormenta para todos os que almejam a melhoria de si próprios.
Nisso reside o drama interior narrado por Paulo de Tarso:
“porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.”
Não queremos ser mais quem fomos, mas ainda não somos quem queremos ser.
Então quem somos?
Isso gera uma etapa definida por profunda inaceitação com tudo na vida.
Corpo, profissão, relações, afectos e mesmo os sucessos do caminho são dramaticamente abalados pela diminuição da alegria e do encanto face a essas “provas de ajustamento”.
Todavia, a lei estabelece a morte do pecado e não do pecador.
Para todos é abundante a misericórdia – lei universal da piedade paternal que assegura-nos:
o amor cobre multidão de pecados.
Apesar desse ditame celeste, a dor-evolução não tem sido suportada por muitos e agravada por outros, levando a quadros de graves enfermidades morais e desamor a si mesmo.
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Até mesmo a reforma íntima, em muitos casos, devido às más interpretações costumeiras, têm sido um “bordão” de autopunição e martírio penitencial.
Nesse torvelinho de conceitos e dramas psicológicos, Ermance Dufaux surge como uma palavra de conforto e de discernimento aos nossos corações.
Sua iniciativa nessa obra reveste-se de valorosa inspiração que trará estímulo, pacificação e luz a muitos corações encarcerados nas árduas provas do crescimento íntimo.
Analisando seus textos objectivos e lúcidos, podemos antever a utilidade da iniciativa de enviá-los à Terra.
Entretanto, a despeito de sua oferenda, ela própria é a primeira a declinar de seus méritos, solicitando-nos destacar que essas páginas são frutos de um conjunto de esforços de almas que laboram pela implantação do programa de valores humanos para as sociedades espíritas, cujo responsável é o nosso benfeitor Bezerra de Menezes que cumpre directrizes superiores do Espírito Verdade.
Ressalte-se que, os casos aqui narrados vividos no Hospital Esperança onde mourejamos juntos no serviço do bem, são indicativas preciosas colhidas directamente de almas que viveram os dramas descritos.
Assim expressamos em respeito a todos eles que permitiram de bom grado a narrativa de suas quedas ou experiências em favor do bem alheio.
Que a mensagem aqui contida seja uma palavra de recomeço e uma inspiração para a continuidade da luta íntima pela vitória do homem renovado no Cristo de Deus.
E lembrando mais uma vez o baluarte da mensagem cristã livre, destacamos que os percalços não o cercearam em direcção aos cimos.
Apesar de seus conflitos ele, imbativelmente, declarou:
“(...) tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas directas para os vossos pés (...)”
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”
Sejamos fiéis e confiantes nos pequenos esforços de ascensão que temos conseguido realizar.
Abandonemos a aflição e a ansiedade relativamente ao que gostaríamos de ser, porque somente amando o que somos encontraremos força para prosseguir.
O mesmo Paulo de Tarso que declarou na angústia de suas lutas “(...)o mal que não quero esse faço”, mais adiante, calejado pelas esfregas educativas compreendeu a importância que tinha para os ofícios do bem ao afirmar:
“(...) não sou digno de ser chamado apóstolo (...) mas pela graça de Deus sou o que sou”.
Por nossa vez, estejamos convictos de que não somos eleitos especiais para a obra que nos entregamos, contudo, já nos encontramos dispostos a esquecer o mal e a construir o bem que pudermos.
Existe um melhor recomeço do que esse?

Cícero Pereira
Belo Horizonte, 9 de março de 2003.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 18, 2018 8:12 pm

Introdução

Consciência do Si
“Em princípio, o homem que se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples facto, todo mérito real que possa ter.
Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é?
Admito de boamente que o homem que pratica bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio.”

François-Nicolas-Madeleine.
(Paris, 1863.) O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XVII- item 8

Estudioso discípulo do Espiritismo propôs-nos a seguinte Indagação: que revelações novas teriam os amigos espirituais em favor do aperfeiçoamento interior nessa hora de tantas na humanidade?
Em resposta a seu pedido sincero de aprender exaremos os textos aqui discorridos.
Não constituem novidades, e sim um enfoque prático para velhas questões morais que absorvem quantos anseiam pela melhoria de si mesmos.
Nossa proposta é apresentar algumas “ideias chave” com fins de meditação e auto-aferição, ou ainda para estudos em grupos que anseiam por buscar respostas sobre as intrigantes questões da vida interior.
Se não entendermos realmente a razão de nossas atitudes, não reuniremos condições indispensáveis para o serviço renovador de nós próprios.
A capacidade de administrar o mundo objectivo torna-se cada dia mais precisa e rica de tecnologia para melhor eficácia nos resultados, todavia, a inabilidade na gerência do mundo íntimo é comprovada, a todo instante, pelos atestados de descontrole e insatisfação que o homem tem demonstrado em sua vida pessoal.
Homens vencedores edificam pontes maravilhosas que se tornam cartões postais no mundo inteiro, porém, nem sempre dominam a arte de construir um singelo fio de atenção que possa estabelecer uma ponte entre ele e seu próximo, diminuindo a distância que os separa.
Cirurgiões habilidosos transplantam órgão sensíveis com precisão e controle nos dedos, no entanto, constantemente desequilibra-se quando pequeno talher escapa das singelas mãos de seu rebento, gerando perturbação e mal-estar na prole.
Se o cerne da proposta educativa do Espiritismo é a melhoria espiritual pela reforma íntima, essa, por sua vez, tem, por objectivo elementar, libertar a consciência dos grilhões do ego para que possa brilhar com exuberância, sem as sombras que teimam em ofuscar-lhe.
Travamos, ao iniciar a renovação de nós mesmos, uma batalha entre o ego e consciência do self definitivo e glorioso.
Reforma íntima!
Eis o tema predilecto dos adeptos do Espiritismo no vastíssimo repositório dos assuntos elevados que nos desafiam o entendimento sob a óptica do espírito imortal.
Apesar de sua predilecção, constata-se que a assiduidade com a qual é tratada não lhe tem garantido noções mais dilatadas que permitem o esforço consciente na transformação da personalidade humana.
Nessa óptica, exageramos alguns conceitos que merecem ser resgatados no seu melhor entendimento:
· Uma construção gradativa de valores, a solidificação de qualidades eternas.
· Uma proposta de plenitude e não de derrotismo.
É fazer mais luz para varrer as sombras.
Muitos, porém, acreditam que luz se faz extinguindo as trevas...
· É a formação do homem de bem.
Não se trata de deslocar vícios e colocar virtudes.
É dada muita importância às imperfeições nos ambientes da Doutrina, quando deveríamos falar mais das virtudes do homem de bem.
· É processo libertador da consciência.
Não se trata de vencer o ego, mas conquistá-lo através do domínio natural da “voz” divina que ecoa em nossa intimidade.
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Reforma íntima não deve ser entendida apenas como contenção de impulsos inferiores.
Muito além disso, torna-se urgente analisá-la como o compromisso de trabalhar pelo desenvolvimento dos lídimos valores humanos na intimidade.
Circunscrevê-la a regimes de disciplina pela vigência e pela vontade poderá instituir a cultura do martírio e da tormenta como quesitos indispensáveis ao seu dinamismo.
Contenção é aglutinação de forças de defesa contra a rotina mental dos reflexos do mal em nós, todavia, somente a edificação da personalidade cristã, pródigas de qualidades morais nobres, permitirá a paz interior e o serviço de libertação definitiva para além-muros da morte corporal.
Por essa razão entre os seguidores da mensagem espírita, urge difundir noções mais lúcidas sobre o nível de comprometimento a que devem se afeiçoar todos os seus aprendizes.
Apenas evitar o mal não basta, imperioso fazer todo o bem ao nosso alcance.
A reforma de profundidade exige devoção integral aos deveres da espiritualização, onde quer que estejamos, criando condições para vivências íntimas que assegurem comoções afectivas revitalizadoras e modificadoras a rumos mais vastos na acção e na reacção: é a criação de condicionamentos novos e elevados.
Assim como o corpo não extirpa partes adoecidas, mas procura harmonizá-las ao todo, a alma procede seu crescimento dentro princípio de “reaproveitamento” de todas as experiências infelizes.
Quem busca o aprimoramento de si mesmo tem como primeiro desafio o encontro consigo.
A ausência de ideias claras sobre nós próprios constitui pesados ónus a ser superado, o qual tem levado corações sinceros e bem intencionados a dolorosos conflitos mentais com a melhora individual, instaurando um doloroso processo de martírio a si mesmo.
Não existe reforma íntima sem dores, razão pela qual será oportuno discernir quais são as dores do crescimento e quais são as dores que decorrem de nossa incapacidade de lidar com as forças ignoradas da vida subjectiva em nós mesmos.
A distinção entre ambas tornará nosso programa de melhoria pessoal um tanto mais eficaz e menos doloroso.
Fala-se muito do homem velho e quase nada sobre como consolidar o homem novo.
Dominados pelo mau hábito de destacar suas doenças espirituais, criou-se um sistema neurótico de supervalorização das imperfeições morais que tem conduzido muitos espíritas à condição de autênticos “hipocondríacos da alma”.
Conter o mal é parte do processo transformador, construir o bem é a etapa nova que nos aguarda.
Bem além de controle, educação.
Acima de disciplina com inclinações, desenvolvimentos de qualidades inatas.
Maturidade pode ser definida pela capacidade individual de ouvir a consciência em detrimento dos apelos do ego.
Quanto mais fizermos isso, mais seremos maduros e libertos.
A saúde é estar em contacto pleno com a consciência e a doença é a escravidão ao ego.
Reformar-se é tomar consciência do “si mesmo”, da “perfeição latente” a qual nos destinamos.
Em outras palavras, estamos enaltecendo o ato da auto-educação.
Foi o notável Jung que afirmou:
“até onde podemos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão do mero ser”.
Imperioso que acendamos essa luz, a luz que promana da autocrítica, sem a qual não nos educaremos.
E como exercer um juízo crítico honesto sem conhecimento das artimanhas da velha personalidade que geramos?
Senso crítico é, portanto, um dos pilares essenciais para a formação da autoconsciência, o qual nos permitirá desvendar as trilhas em direcção aos tesouros divinos incrustados em pleno coração dessa selva de imperfeições, que trazemos dos evos.
Apresentamos nessa obra alguns “mapas” para devassarmos essa selva com segurança.
Rotas para velhos temas morais já conhecidos de todos nós, os espíritas, mas que nem sempre conseguimos trazê-los para a intimidade no atendimento satisfatório do anseio exuberante que espraia de nossas almas na construção da personalidade nova.
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira Empty Re: Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:35 pm

Decerto, como todo mapa, os caminhos para se atingir o destino são variados e pessoais, conforme a óptica e a escolha de cada qual, e por esse motivo entregamos todas as nossas abordagens com total despretensão quanto a resultados. Todavia, como a peregrinação pelos “vales sombrios” da nossa intimidade é repleta de imprevistos e “ciladas”, não abdicamos da palavra clara e sincera, acrescendo alguns exemplos de histórias dolorosas de quantos foram iluminados pela luz da Doutrina Espírita, sem iluminarem a si próprios com a luz da experiência e da renovação.
Jamais moveu-nos a intenção de que nossas considerações, aqui exaradas, pudessem constituir um roteiro de orientação ou uma tese didáctica sobre o tema com o objectivo de traçar normas de conduta.
Para nós não ultrapassam a condição de sugestões para um diálogo em grupo ou meditações individuais.
Nossos textos são um “início de conversa”, um “ponto de partida” para que vós outros na Terra empreendem a discussão livre e salutar sobre os caminhos da transformação humana, à luz do Espírito Imortal.
Nosso coração estará sempre onde existirem os colóquios francos e produtivos acerca desse tema.
Sem pessimismo algum, mensurar a condição pessoal, sem conhecimento pleno das histórias contidas em nossas “fichas reencarnatórias”, é, quase sempre, proceder a uma análise míope das condições espirituais autênticas que cercam nosso trajecto nos milénios.
Por isso, palpitam muitas ilusões no terreno da nossa luta reeducativa, na carne ou fora dela.
“Em princípio, o homem que se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples facto, todo mérito real que possa ter”.
Nossas reflexões destinam-se a uma auto-avaliação.
Sem uma incursão sincera no mundo de nós próprios, a fim de aquilatar o que somos e não somos, corremos o severo risco de repetir as múltiplas histórias que temos acompanhado por aqui, na vida imortal, na qual o coração bafejado pelas concepções doutrinárias acalentam uma miragem de si para além de suas reais proporções, tendo que se olhar, sem refúgios, no “espelho da imortalidade” amargando doloroso processo de desilusão.
Buscamos nossas inspirações em O Evangelho Segundo Espiritismo – repositório ético para a felicidade humana e incomparável manancial de inspiração superior – no qual encontramos inesgotável fonte de instrução e consolo dos Bondosos Guias da Verdade, em favor dos roteiros dos homens ante suas provas e expiações.
Consideremo-lo como sendo um receituário moral para todas as necessidades humanas na Terra.
Entregamos nossos apontamentos com alegria aos leitores e amigos, esperançosa de que a celeste misericórdia multiplique nossas migalhas de amor, saciando a fome da alma com bênçãos de paz e estímulo na aquisição da consciência de si.

Atenciosamente,
Ermance Dufaux.
Belo Horizonte, 16 de fevereiro de 2003.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:35 pm

1 - Dores do Martírio
“Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem.”
Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante connosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas.

Um Espírito Protector. (Bordéus, 1863.)
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XVII – item 10

No capítulo do crescimento espiritual torna-se essencial distinguir o que são as dores do crescimento e as dores do martírio.
Não existe reforma íntima sem sofrer, mas martírio é uma forma de autopunição, são “penitências psicológicas” que nos impomos como se com isso estivéssemos melhorando.
Em razão do complexo de inferioridade que assola expressiva parcela das almas Terra, e cientes de que semelhante vivência psicológica deve-se ao nosso voluntário “afastamento de Deus”, ao longo das etapas evolutivas, fazendo-nos sentir inseguros e impotentes, hoje criamos as “capas mentais” para nos sentirmos minimamente bem e levar avante o desejo de existir e viver.
Essas capas são as estruturas do “eu ideal” que nos leva a crer sermos mais do que realmente somos, uma defesa contra as mazelas que não queremos aceitar em nós mesmos.
A melhoria íntima autêntica ocorre pelo processo de conscientização e não pelas dores decorrentes de cobranças e conflitos interiores, que instalam “circuitos fechados” e pane na vida mental.
Sem dúvida, todos sofremos para crescer; martírio, no entanto, é excesso que nasce da incapacidade de gerir com equilíbrio o mundo emotivo, assumindo proporções e facetas diversificadas conforme o temperamento e as necessidades de cada qual.
Não o confundamos também com sacrifício – ato que ocasiona dores intensas com objectivo de alcançar alguma meta ou superar alguma dificuldade.
O que define a condição psíquica de martirizar-se é o facto de se crer no desenvolvimento de qualidades que, de fato, não estão sendo trabalhadas na intimidade.
São as dores impostas a nós mesmos pelas atitudes de desamor, quando acreditamos no “eu ideal” e negamos ou fugimos do “eu real”.
Quase sempre as dores do martírio decorrem de não querermos experimentar as dores do crescimento.
Um exemplo típico é quando somos convocados a examinar certa imperfeição apontada por alguém e, entre a dor da auto-avaliação e a dor da negação, preferimos a segunda, a qual integra a lista das “dores-excesso”.
Dentre as formas auto-punitivas mais comuns, destacamos que a maneira pela qual reagimos a nossos erros tem sido um canal de acesso a infinitas dimensões expiatórias.
Muitos corações transformam o erro e a insatisfação em suas experiências em quedas lamentáveis e irrecuperáveis, quando a escola da vida é um gesto de sabedoria e complacência convidando-nos sempre a reerguer e recomeçar, perante todos os insucessos do caminho.
Quando digo assim: “não posso mais falhar” será mais difícil a conquista de si.
Dessa forma começamos a conhecer os grandes inimigos do auto-amor no nosso íntimo.
Um deles é o perfeccionismo – uma das fontes de martírio que costuma dizimar a energia de muitos aprendizes da espiritualização.
Querendo se transformar, partem para um processo de auto-inaceitação e de auto-reprovação muito cruéis, inclinando-se para a condenação.
A questão não é de lutar contra nós, e sim conquistar essa parte enferma, recuperá-la, e isso jamais conseguiremos se não aprendermos a amar esse nosso “lado doentio”.
Essa forma inadequada de reagir a nossos erros abre porta para muitas consequências graves, e às vezes maiores que o próprio erro em si, tais como:
Estado íntimo de desconforto e desassossego quase permanentes torturante sensação de perda de controle sobre a existência, baixa tolerância à frustração, ansiedade de origem ignorada, medos incontroláveis de situações irreais, irritações sem motivos claros, angústia perante o porvir com aflição e sofrimento por antecipação, excesso de imaginação ante factos corriqueiros da vida, descrença no esforço de mudança e nas tarefas doutrinárias, mau humor, decisões infelizes no clima emotivo de confusão mental, intenso desgaste energético decorrente de conflitos, desânimo – são algumas dores do martírio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:35 pm

Quando permanece prolongadamente, esses estados psicológicos configuram uma auto-obsessão que pode atingir o campo do vampirismo e de ilimitadas doenças.
Poder-se-ia indagar a origem mais profunda de tantas lutas e teríamos que vagar por um leque de alternativas tão amplo quanto são as individualidades.
Todavia, para nossos propósitos desse momento, convém-nos reflectir sobre uma das mais pertinentes atitudes que têm levado os discípulos espíritas aos sofrimentos voluntários com seu processo de interiorização.
Sejamos claros e sem subterfúgios para o nosso bem.
O culto à dor tornou-se uma cultura nos ambientes espíritas.
Condicionou-se a ideias de que sofrer é sinónimo de crescer, de que sofrer é resgatar, quitar.
Portanto, passou-se a compreender a “dor-punitiva” como instrumento de libertação, quando, em verdade, somente a dor que educa liberta.
Há criaturas dotadas de largas fatias de conhecimento espiritual sofrendo intensamente, mas que continuam orgulhosas, insensatas, hostis e rebeldes.
Não é a intensidade da dor que educa, e sim o esforço de aprender a amenizá-las.
O espírita costuma “neurotizar” a proposta da reforma íntima.
É a “neurose de santificação”, um modo imaturo de agir em razão da ausência de noções mais profundas sobre a sua verdadeira realidade espiritual.
Constatamos que existe muita impaciência com a reforma íntima devido à angústia causada ao espírito pelo contacto com sua verdadeira condição diante do Universo.
Cria-se assim para si, através de mecanismos mentais, as “virtudes de adorno” ou “compensações artificiais” a fim de sentir-se valorizado perante a consciência e o próximo.
São os esconderijos psíquicos nos quais quase sempre enfurnamos para não tomarmos contacto com a “verdade pessoal”...
Essa neurotização da virtude gera um sistema de ida cheio de hábitos e condutas rígidas, a título de seguir orientações da doutrina.
Adopta-se procedimentos que não são sentidos e “triturados” pela arte de pensar.
Isso nos desaproxima ainda mais da autêntica mudança e passamos então a nos preocupar com o que não devemos fazer, esquecendo o que devíamos estar fazendo.
Certamente esse caminho gera martírio e ónus para a vida mental.
Existem muitas dores naturais no crescimento espiritual que estabelecem um processo crónico de pressão psicológica, entretanto, diferem muito da autoflagelação, porque elas impulsionam e fazem parte da grande batalha pela promoção de todos nós.
Observa-se, inclusive, que alguns corações sinceros, inseridos no esforço auto-educativo, experimentam essa “silenciosa expiação”, mas, por desconhecerem os percalços do trabalho renovador, terminam por desistirem de progredir e atolam-se no desânimo.
Acreditam-se piores quando constatam semelhantes quadros de dor psicológica e deduzem que, em vez de progredirem, estão em plena derrocada.
Diga-se de passagem, não são poucos os quadros com essas características que temos observado no seio do movimento doutrinário.
Frequentemente existe um trio de sicários da alma que a chicoteiam, durante as etapas do amadurecimento, são eles: baixa auto-estima, culpa e medo de errar.
Apesar de serem sofrimentos psíquicos, funcionam como emuladores do progresso quando nos habilitamos para gerenciá-los.
Assim, a culpa transforma-se em auto-aferição da conduta e freio contra novas quedas, abaixa a auto-estima converte-se em capacidade de descobrir valores e o medo de errar promove-se a valoroso arquivo de experiências e desapego de padrões.
Face ao exposto, indaguemos sobre quais seriam as medidas que deveriam ser implementadas nos núcleos educativos do Espiritismo, em favor da melhor compreensão dos roteiros de transformação interior.
Aprofundemos debates entre dirigentes sobre quais iniciativas poderiam ser facilitadas aos novos trabalhadores, em favor de um aprendizado sem os torturantes conflitos originados da crueldade aplicada a nós mesmos, quando não somos criativos o bastante para lidar com nossa sombra e tombamos em martírios inúteis.
Reforma íntima deve ser considerada como melhoria de nós mesmos e não há anulação de uma parte de nós considerada ruim.
Uma proposta de aperfeiçoamento gradativo cujo objectivo maior é a nossa felicidade.
Quem está na reforma interior tem um referencial fundamental para se auto-analisar ao da caminhada educativa, um termómetro das almas que se aprimoram; inevitavelmente, quem se renova alcança a maior conquista das pessoas livres e felizes:
o prazer de viver.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:36 pm

2 - Ética da Transformação
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral (...)”
O evangelho segundo o espiritismo - Capítulo XVII-item 4

A reforma íntima é um trabalho processual.
Processual significa aquilo que obedece a uma sequência.
Em conceito bem claro, é a habilidade de lidar com as características da personalidade melhorando os traços que compõem suas formas de manifestação.
Carácter, temperamento, valores, vícios, hábitos e desejos são alguns desses caracteres que podem ser renovados ou aprimorados.
Nessa saga de mutação e crescimento, o maior obstáculo a transpor é o interesse pessoal, o conjunto de viciações do ego repetido durante variadas existências corporais e que cristalizaram a mente nos domínios do personalismo.
O hábito de atender incondicionalmente as imposições dos desejos e aspirações pessoais levou-nos à cruel escravização, da qual muito será exigido nos esforços reeducativos para nos libertarmos do “império do eu”.
Negar a si mesmo ou “despersonificar-se”, esvaziar-se de “si”, tirar a máscara é o objectivo maior da renovação espiritual.
Esse o grande desafio a ser seguido por todos os que se comprometeram com seriedade nas nobres finalidades do Espiritismo com Jesus e Kardec.
Extenso será esse caminho reeducativo na vitória sobre nossa personalidade manhosa e talhada pelo egoísmo...
O meio prático e eficaz de consegui-lo, conforme ensinam os Bons Espíritos da codificação, é o conhecimento de si mesmo.
Entretanto, para levar o homem ao aprimoramento, o autodescobrimento exige uma nova ética nas relações consigo e com a vida:
é a ética da transformação, sem a qual a incursão no mundo íntimo pode estacionar em mera atitude de devassar a subconsciência sem propósitos de mudança para melhor.
O Espiritismo é inesgotável manancial no alcance desse objectivo.
Seu conteúdo moral é autêntico celeiro de rotas para quantos desejem assumir o compromisso de sua transformação pessoal com segurança e equilíbrio.
Sem psicologismo ou atitudes de superfície, a Doutrina Espírita é um tratado de crescimento integral que esquadrinha os vários níveis existenciais do ser na óptica imortalista.
Nem sempre, porém, verifica-se tanta clareza de raciocínios entre os espíritas acerca dessa questão.
Conceitos mal formulados sobre o que seja a renovação interior têm levado muitos corações sinceros a algumas atitudes de puritanismo e moralismo, que não correspondem ao lídimo trabalho transformador da personalidade, em direcção aos valores capazes de solidificar a paz, a saúde e a liberdade na vida das criaturas.
Por esse motivo, será imperioso que as agremiações do mundo, erguidas em nome do Espiritismo ou aquelas outras que expandam a luz da espiritualização entre os homens, investiguem melhores noções sobre a ética da transformação, a fim de oferecer a seus promitentes uma base mais cristalina sobre os caminhos e percalços no sentido da iluminação de si mesmos.
A prática essencial e meta fundamental dos ensinos dos Bons Espíritos são a melhora da humanidade, a formação do homem de bem.
O Espiritismo, em verdade, está nos elos que criamos, uns com os outros e que passam a fazer parte da personalidade nova que estamos esculpindo com o buril da educação.
Os “ritos” ou práticas doutrinárias são recursos didácticos para o aprendizado do amor – finalidade maior de nossa causa.
Na falta do amor, as práticas perdem seu sentido divino e primordial.
Em face dessas reflexões, evidencia-se a urgência da edificação de laços de afecto nos grupamentos humanos, no intuito de fixarmos na intimidade as mensagens do evangelho e do bem universal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:36 pm

Afecto é a seiva vitalizadora dos processos relacionais e o construtor de sentidos nobres para a existência dos homens.
O auto-conhecimento, através das luzes de imortalidade que se espraia dos fundamentos espíritas, é um mapa de como chegar ao “eu verdadeiro”, à consciência.
Todavia, essa viagem não pode ser feita somente com o mapa, necessita de suprimentos morais preventivos e fortalecedores, necessita de uma ética de paz consigo próprio.
Somente se conhecer não basta, é necessário um intenso labor de auto-aceitação para não cairmos nas garras de perigosas ameaças nessa “viagem de retorno a Deus”, cujas mais conhecidas são a culpa, a autopunição e a baixa auto-estima, as quais estabelecem o clima psicológico do martírio.
É preciso uma ética que assegure à transformação pessoal um resultado libertador de saúde e harmonia interior.
Tomar posse da verdade sobre si mesmo é um ato muito doloroso para a maioria das criaturas.
À guisa de sugestões maleáveis, consideremos alguns comportamentos que serão efectivos roteiros de combate, vigília e treinamento para instauração das linhas éticas no processo autotransformador:

Postura de aprendiz Jamais perder o viçoso interesse em buscar o novo, o desconhecido.
Sempre há algo para aprender e conceitos a reciclar.
A postura de aprendiz se traduz no acto da curiosidade incessante, que brota da alma como sendo a sede de entender o universo e nossa parte na “dança dos ritmos cósmicos”.
Romper com os preconceitos e fugir do estado doentio da auto-suficiência.

Observação de si mesmo - É o estudo atento de nosso mundo subjectivo, o conhecimento das nossas emoções, o não julgamento e a auto-avaliação constante.
Tendemos a avaliar o próximo e esquecer do serviço que nos compete, no entanto, relembremos que perante a imortalidade só responderemos por nós, no que tange ao serviço de edificação dos princípios do bem na intimidade.

Renúncia - A mudança íntima exige uma selectividade social dos ambientes e costumes, em razão dos estímulos que produzem reflexo no mundo mental.
No entanto, a renúncia deve ampliar-se também ao terreno das opiniões pessoais e valores institucionais, para os quais, frequentemente, o orgulho ilude.
Aceitação da sombra – Sem aceitação da nossa realidade presente, poderemos instaurar um regime de cobranças injustas e intermináveis connosco e posteriormente com os outros.
A mudança para melhor não implica em destruir o que fomos, mas dar nova direcção e maior aproveitamento a tudo que conquistamos, inclusive nossos erros.

Auto-perdão A aceitação, para ser plena, precisa do perdão.
Recomeço é a palavra de ordem nos serviços de transformação pessoal.
Sem ela o sofrimento e a flagelação poderão estipular provas dolorosas para a alma.
É uma postura de perdão às faltas que cometemos, mas que gostaríamos de não cometer mais.

Cumplicidade com a decisão de crescer - O objectivo da renovação espiritual é gradativo e exige devoção.
Não é serviço para fins de semana durante a nossa presença nas tarefas do bem, mas serviço continuado a cada instante da nossa vida, onde estivermos.
Somente assumindo com muita seriedade esse desafio o levaremos avante.
Imprescindível a atitude de comprometimento com a meta de crescimento que assumimos.
Somos egressos de experiências frustradas no desafio do aperfeiçoamento pessoal, portanto, muito facilmente somos atraídos para ilusões variadas.
Somente com severidade e muita disciplina construiremos o homem
novo almejado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:37 pm

VigilânciaÉ a atitude de cuidar da vida mental.
Cultivar o hábito da higiene dos pensamentos, da meditação no conhecimento de si, da absorção de nutrição mental digna das boas leituras, conversas, diversões e acções sociais.
Vigilância é a postura da mente alerta, activa, sempre voltada a ideais enriquecedores.

Oração É a terapia da mente.
Sem oração dificilmente recolheremos os gérmens divinos do bem que constituem as correntes de Energia Superior da Vida.
Através dela, igualmente, despertamos na intimidade forças nobres que se encontram adormecidas ou sufocadas pelos nossos descuidos de cada dia.

Trabalho - Os Sábios Guias da codificação asseveram que toda ocupação útil é trabalho.
Dar utilidade a cada momento dos nossos dias é sublime investimento de segurança e defesa aos projectos de crescimento interior.

Tolerânciatoda evolução é concretizada na tolerância.
Deus é tolerância.
Há tempo para tudo e tudo tem seu momento.
Os objectivos da melhoria requerem essa complacência connosco para que haja mais resultados satisfatórios.
Complacência não significa conivência ou conformismo, mas caridade com nossos esforços.

Amor incondicional- aprender o auto-amor é o maior desafio de quem assume o compromisso da reforma íntima, porque a tendência humana é desgostar de sua história de evolução, quando toma consciência do ponto em que se encontra ante os Estatutos Universais da Lei Divina.
Sem auto-amor a reforma íntima reduz-se a “tortura íntima”.
Aprender a gostar de si mesmo, independente do que fizemos no passado e do queremos ser no futuro, é estima a si próprio, um estado interior de júbilo com nosso retorno lento, porém gradativo, para a identificação plena com o Pai.

Socialização se o interesse pessoal é o grande adversário de nosso progresso, então a acção em grupos de educação espiritual será excelente medicação contra o personalismo e a vaidade.
Destaquemos assim o valor das tarefas doutrinárias regadas de afectividade e siso moral.
São treinamentos na aquisição de novos impulsos.

Caridade Socializar-se pode imprimir novos impulsos e reflexões no terreno da vida mental, a caridade é o “dínamo de sentimentos nobres” que secundarão o processo socializador, levando-o ao nível de abençoada escola do afecto e revitalização dos ensinamentos espíritas.
Conviveremos bem com os outros na proporção em que estivermos convivendo bem connosco mesmo.
A adopção de uma ética de paz, no transcorrer da metamorfose de nós próprios, será medida salutar no alcance das metas que almejamos, ao tempo em que constituirá garantia de bem-estar e motivação para a continuidade do processo.
O exercício de negar a si mesmo não inclui o descuido pessoal, confundindo a sombra que precisamos reciclar com necessidades pessoais que não devemos desprezar, para o bem-estar e equilíbrio.
Cuidemos apenas de atrelar essas necessidades de conformidade com os nossos rumos que escolhemos.
Fazemos essa menção porque muitos corações queridos do ideal supõem que reformar é negar ou mesmo castigar a si, quando o objectivo do projecto de mudança espiritual é tornar o homem mais feliz e integrado à sua divina tarefa perante a vida.
Nos celeiros de luz dos repositórios do Evangelho, verificamos um exemplo de rara beleza e oportunidade que servirá como directriz segura para a “despersonificação” dos servidores do Cristo, na obra do amor:
Ananias, o apóstolo chamado para curar os olhos do doutor de Tarso.
Quando o Mestre o chama pelo nome, o colaborador humilde, com prontidão e livre dos interesses pessoais, responde sabiamente:
“Eis-me aqui Senhor!”
O nome dessa virtude no dicionário cristão é disponibilidade para servir e aprender, o programa ético mais completo e eficaz para quantos desejam a auto-iluminação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:37 pm

3 - Projecto de Vida
“O amor aos bens terrenos constitui um dos mais fortes óbices ao vosso adiantamento moral e espiritual.
Pelo apego à posse de tais bens, destruís as vossas faculdades de amar, com as aplicardes todas às coisas materiais.

“Lacordaire – (Constantina, 1863)
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XVI- item 14

Materialismo é o estado íntimo que estabelece a rotina mental da esmagadora maioria das mentes no plano físico, focando os interesses humanos, exclusivamente, naquilo que fere os cinco sentidos.
Posturas e noções culturais se desenvolvem a partir desse estado levando a criatura a adoptar o mundo das sensações corporais como sendo a única realidade.
O materialismo tem como base afectiva o sentimento de segurança e bem-estar, expresso comumente por vínculos de apego e posse.
Os reflexos mais conhecidos desses vínculos afectivos com a vida material são a dependência e o medo, respectivamente.
Em essência, o interesse central de todo materialista é tornar a vida uma permanência, manter para sempre o elo com todas as criações objectivas que lhe “pertençam”, sejam coisas ou pessoas.
Contudo, a vida é regida pela Lei da Impermanência.
Tudo é transformação e crescimento.
Algumas palavras que asseguram uma linha moral condizente com essa Lei são:
maleabilidade, incerteza, relativização, diversidade, eclectismo, pluralismo, alteridade, desprendimento, fraternidade, amor.
A volta do homem à vida corporal tem por objectivo o seu melhoramento, o engrandecimento de seus conceitos ainda tão reduzidos pela óptica das ilusões terrenas.
Compreender que é um binómio corpo-alma, que tem um destino, a perfeição, e que a vida na Terra é um aprendizado são as lições que lhe permitirão romper com os estreitos limites da visão materialista.
Semelhantes conquistas interiores exigem preparo e devotamento a fim de consolidarem-se como valores morais, capazes de levá-lo a cultivar projectos enobrecedores com os quais possa, pouco a pouco, renovar seus hábitos de vida.
Muito esforço será pedido para o desenvolvimento dessas qualidades espirituais no coração humano.
Uma semana na Terra é composta por dez mil e oitenta minutos.
Tomando por base noventa minutos como tempo habitual de uma actividade espiritual voltada para a aquisição de noções elevadas, e ainda levando em conta que raramente alguém ultrapassa o limite de duas ou três reuniões semanais, encontramos um coeficiente de no máximo duzentos e setenta minutos de preparo para implementação da renovação mental, ou seja, pouco menos de três por cento do volume de tempo de uma semana inteira.
São nesses momentos que se angaria forças para interromper a rotina mental do homem comum.
Por isso necessitamos tanto das tarefas espíritas para fixar valores, desenvolver novos hábitos e alimentar a mente de novas forças, tendo em vista a espiritualização a qual todos devemos buscar em favor da felicidade e da paz.
A superação da rotina materialista exige esforço, mas também metas, ideais, comprometimento.
Por isso a melhora espiritual não pode circunscrever-se a práticas religiosas ou a momentos de estudo e oração.
Imperioso será assumirmos o compromisso de mudança e elevação connosco mesmo, senão tais iniciativas podem reduzir-se facilmente a experiências passageiras de adesão superficial, sem raízes profundas nas matrizes do sentimento.
A reforma íntima solicita fazer de nossas vidas um projecto.
Um projecto de cumplicidade e amor!.
Projecto de vida é o outro nome da “religião íntima”, a “religião da atitude”, do comprometimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:37 pm

Sem isso, como esperar que a simples frequência aos serviços do bem, nas fileiras da caridade e da instrução, sejam suficientes para renovar a nossa personalidade construída em milénios de repetição no “amor” aos bens terrenos?
E um projecto de mudança espiritual não será tarefa infantil de traçar metas imediatistas de fácil alcance para causar-nos a sensação de que aprimoramos com rapidez, mas sim o resultado do esforço pessoal em sacrificar-se por ideais que motivem o nosso progresso e que, a um só tempo, constituam a segurança contra o desânimo e a invigilância.
Ideais esses que se apresentam sempre à nossa caminhada como convites da Divina Providência para que possamos sair do “lugar comum” à maioria das criaturas.
Razão pela qual sempre encontraremos obstáculos e pedregais nas sendas da renovação espiritual.
Isso porque aquele que realmente se eleva não deixa de causar mudança no meio onde estagia, atraindo para si todas as reacções favoráveis e desfavoráveis aos ideais de ascensão.
Isso faz parte de todo processo de espiritualização.
Não há como não haver reacções que, por fim, podem, algumas vezes, ser sinais de que nos encontramos em boa direcção...
Cumplicidade e comprometimento são as palavras de ordem no desafio do auto-burilamento.
Evitemos, assim, confundir a simples adesão a práticas doutrinárias ou ainda o acúmulo de cultura espiritual como sendo iluminação e adiantamento, quando nada mais são que estímulos valorosos para o crescimento.
Lembremos que só terão valor real, na nossa libertação, se deles soubermos extrair a parte essencial que nos compete interiorizar no fortalecimento de nosso projecto de vida no bem.
Lacordaire é muito lúcido ao afirmar que destruímos as faculdades de amar quando as reduzimos aos bens materiais.
O cultivo da paixão ao adiantamento espiritual é a solução para todos os problemas da humanidade terrena, e o único caminho para o mundo melhor.
Quando aprendemos isso, verificamos que a existência, mesmo que salpicada de problemas e de dores, tem luz e vida porque plantamos na intimidade a semente imperecível do idealismo superior, o qual ninguém pode nos roubar.
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4 - O que Procede do Coração
“Escutai e compreendei bem isso:
- Não é o que entra na boca que macula o homem;
O que sai da boca do homem é que o macula.
– O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem;”

(S. Mateus, cap. XV, vv. 11)
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo VIII – item 8

Dentre os velhos inimigos a burilar na caminhada evolutiva, as tendências que assinalam no nosso estágio de aprendizado espiritual constituem fortes impulsos da alma que desviam o ser de seu trajecto natural na aquisição das virtudes.
Tendências são inclinações, pendores que determinam algumas características comportamentais da personalidade.
Muitas delas foram adquiridas em várias etapas reencarnatórias e sedimentam o sistema de valores, com o qual a criatura faz suas escolhas na rotina da existência.
Entre essas inclinações, vamos encontrar a adoração exterior como sendo hábito profundamente arraigado na mente determinando forte vocação para a ritualização, o místico e a valorização de tradições religiosas, através da qual o homem faz seu encontro com Deus.
Muito natural que nos dias atuais as manifestações exteriores em relação à divindade prevaleçam na humanidade terrena, considerando que o seu trajecto espiritual se encontra bem mais perto da animalidade que da angelitude.
Nesse sentido, é interessante analisar que, mesmo nas fileiras da doutrina da fé raciocinada, encontra-se a maioria de seus adeptos engalfinhados em vigorosas reminiscências que fizeram parte das movimentações da alma nas vivências das religiões tradicionais.
Atrofiamento do raciocínio, supervalorização dos valores institucionais, engessamento de conceitos, sensação de missionarismo religioso, atitude de supremacia da verdade, idolatria a seres “superiores”, submissão de conveniência a líderes, relação de absolvição ou penitência com práticas espíritas, desvalorização de si mesmo em razão da condição de pecador, condutas puritanas perante a sociedade e seus costumes, cultivo de comportamentos moralistas, confusão entre pureza exterior e renovação íntima, essas são algumas tendências que se apresentam junto aos nossos celeiros espirituais, remanescentes de fortes condicionamentos psíquicos.
Semelhantes caracteres imprimiram um padrão de práticas e conceitos no movimento espírita que, de alguma forma, estipulam referências a serem adoptadas pelos seus seguidores.
Com todo respeito e fraternidade, necessitamos urgentemente a coragem de avaliar com sinceridade as influências “éticas” perniciosas dessas tendências no quadro de nossas vivências espíritas.
São reflexos inevitáveis do crescimento evolutivo que ninguém pode negar, mas daí a aceitá-las sem quaisquer esforços de melhoria, é conivência e pusilanimidade.
Torná-las uma referência religiosa pela qual se deva reconhecer o verdadeiro seguidor do Espiritismo é uma atitude recheada de ancestralismo e hipocrisia.
A comunidade espírita, que tantas benfeitorias tem prestado ao mundo, carece de uma reavaliação global em sua estrutura no que tange à noção de comprometimento.
Convém que os líderes mais sensibilizados instiguem a formação da cultura da franqueza com fraternidade e clareza, no intuito de estabelecer uma oxigenação na sementeira para obtenção de mais qualidade nos frutos.
Muitos companheiros, os quais merecem nossa compreensão, costumam disseminar a concepção de que tudo deve correr conforme os acontecimentos, e justificam-se com a frase:
“se fazendo assim está dando certo, porque mudar?”
Em verdade, o que deveríamos pensar é: se fazendo assim estamos colhendo algo, então quanto não colheríamos se fizéssemos melhor, se nos abríssemos às renovações que a hora reclama?!!!
Há uma acomodação lamentável que precisa ser aferida.
A noção espírita de comprometimento foi acintosamente assaltada pelas velhas tendências de conseguir o máximo fazendo o mínimo.
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira Empty Re: Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2018 8:38 pm

É a devoção exterior, a influência marcante da personalidade impregnada de religiosismo estéril querendo tomar conta da cabeça e do coração daqueles que estão sendo chamados a novos e mais altaneiros
compromissos, na espiritualização de si mesmos e da comunidade onde florescem.
Frágil padrão de avaliação da conduta espírita tem tomado conta dos costumes entre os idealistas.
Enraizou-se o axioma “espírita faz isto e não faz aquilo” que tenta enquadrar o valor das acções em estereótipos de insustentável bom senso.
Estereótipos, como seria óbvio, que sofrem as fantasias do “homem velho” habituado a sempre rechear com facilidades os seus caminhos em direcção ao Pai, a fim de não ter que se enfrentar e assumir a árdua batalha contra suas ilusões enfermiças.
É assim que vamos notando uma supervalorização em coisas, como a não adopção de alimentação carnívora, a impropriedade de frequentar certos ambientes sociais, a fuga da acção política, a análise da vida dissociada das ciências e conquistas humanas, a interminável procura do passe como instrumento de melhoria espiritual al longo de anos a fio, não chorar em velórios, distanciamento da riqueza como se fosse um mal em si mesma, cenho carregado como sinónimo de responsabilidade, silêncio tumular nos ambientes espíritas.
Se fumar, não é espírita;
se separar matrimonialmente, tem a reencarnação fracassada;
Se ingerir alcoólicos, não pode ser considerado alguém em reforma;
se for homossexual, não pode entrar no centro, e assim prossegue as idiossincrasias que são estipuladas umas aqui, outras acolá.
Absolutamente não devemos desprezar o valor de todas essas questões, quando bem orientadas para o bom senso e a lógica.
Entretanto, nenhuma dessas posturas é referência segura sobre a qualidade de nossos sentimentos, o que parte do coração.
O que sai do coração e passa pela boca é o critério de validação de nossa realidade espiritual.
Por ele se concebe a verdadeira pureza, a pureza interior que é determinada pela forma como sentimos a vida que nos rodeia. E sobre esse assunto temos condições de avaliar o que se passa no nosso íntimo, jamais o que “vai” no coração do outro.
Sem dúvida alguma, a pureza exterior pode ser um ensaio, um primeiro passo para o ingresso definitivo da Verdade em nosso coração.
Todavia, amigos de ideal, pensemos se não estamos passando tempo demais na confortável zona do desculpismo, desejosos de facilitar para a consciência nossa noção sobre o que é “ser espírita”.
A quem muito recebeu, muito será pedido.
Em conclusão, convenhamos que há muitos companheiros queridos do nosso ideário satisfeitos com o facto de apenas evitarem o mal, entretanto, estejamos alertas para a única referência ética que servirá a cada um de nós no reino da alma liberta da vida física:
fazer todo bem que pudermos no alcance de nossas forças.
Para isso, somente trabalhando por uma intensa metamorfose nos reinos do coração de onde procedem todos os males.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 21, 2018 7:24 pm

5 - Sábia Providência
“Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta:
a voz da consciência e as tendências instintivas.
Priva-nos do que nos seria prejudicial.”

O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo V – item 11

A natureza nos leva ao esquecimento do passado exactamente para aprendermos a descobrir em nosso mundo interior as razões profundas de nossos procedimentos, através da análise dos pendores e impulsos, interesses e atracções que formam o conjunto de nossas reacções denominadas tendências.
A natureza nos presenteia com o mecanismo natural do esquecimento para que tenhamos a mínima chance e condição de elaborarmos essa auto-reflexão, descobrirmos as motivações que sustentam nossos vícios milenares e conseguirmos a formação de reflexos afectivos novos.
Com a presença das recordações claras sobre os acontecimentos pretéritos, a mente estacionaria na vergonha e no remorso, no rancor e na mágoa, sem um campo propício para o recomeço, estabelecendo torvelinhos de desequilíbrio como os dramas que são narrados pelas vias psicográficas da literatura espírita.
Agenor Pereira, devotado seareiro espírita, encontrava-se desalentado com seus progressos na melhoria espiritual.
Ansiava por ser alguém mais nobre e não cultivar sentimentos ruins ou permitir-se impulsos que lhe oneravam consciencialmente.
Fazia comparações com outros confrades e sentia-se o pior de todos face às vitórias ou ao estado de alegria que demonstravam frente à vida.
Pensava ser o mais hipócrita dos espíritas.
Angustiava-se com a ideia de ter tanto conhecimento e fazer tão pouco.
desanimado consigo mesmo após um momento de crise, pediu ajuda aos bondosos guias espirituais.
Ao anoitecer, fizera uma prece de desabafo apresentando ao Pai o seu cansaço com a reforma interior.
Ao sair do corpo físico, foi levado por seu “amigo familiar” a uma caverna escura e fétida na qual arrastavam-se diversos sofredores no lamaçal psíquico do vício.
Agenor teve um súbito desfalecimento e foi então, por sua vez, conduzido ao Hospital Esperança.
Após recuperar-se, foi-lhe dada a oportunidade de consultar uma resumida ficha que dava notas sobre suas vivências reencarnatórias, o que passou a ler nos seguintes termos:
“Agenor Pereira, agora reencarnado, peregrinou nas últimas seis existências por lamentáveis falências no terreno do sexo e da infidelidade afectiva.
Somando-se o tempo, entre encarnações e desencarnações, esse período já conta seiscentos anos de viciações, desvarios e desenlaces prematuros.
Foi retirado da caverna das viciações e amparado por equipes socorristas no Hospital Esperança.
Sua tendência prejudicou mulheres honradas, corrompeu autoridades para aprisionar maridos traídos, deixou crianças abandonadas em razão da destruição de suas famílias.
Sua insanidade provocou ódio e repulsa, crimes e infelicidade.
Face aos elos que os unem nos tempos, Eurípedes Barsanulfo avalizou-lhe o regresso ao corpo físico com a condição de ser a última existência com certas concessões para o crescimento em clima provacional-educativo.
Sua grande meta existencial nessa última chance será vencer suas tendências aventureiras e imaturas.
Conhecerá a Doutrina Espírita, receberá uma companheira confidente e terá as regalias de um lar em paz.
Sua única e essencial vitória será o controle de suas impulsões maléficas, a fim de que seja, em posteriores existências, recambiado ao proscénio dos crimes cometidos na reedificação das almas que prejudicou.”
Na medida em que Agenor lia a ficha, imagens vivas lhe saltavam no campo mental como estivesse assistindo a cenas daquilo que fez.
Terminada a leitura, um imenso sentimento de paz invadiu-lhe a alma e pôde perceber com clareza que seu anseio de forma, inspirado em “modelos de perfeição espírita”, na verdade, estava lhe prejudicando o esforço.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 21, 2018 7:24 pm

Estava desejando a santificação, eis seu erro.
Regressaria ao corpo mais feliz consigo e, embora não fosse desistir de ser alguém melhor, retiraria contra si mesmo o hábito enfermiço das cobranças injustificáveis e ferrenhas que lhe conduziam ao desânimo e desolação.
Pararia com as comparações recheadas de baixa auto-estima e buscaria operar uma reavaliação totalmente sua, singular, única.
Antes de retornar, consultou seus instrutores sobre os motivos pelos quais havia sido levado àquela caverna fétida. Foi então esclarecido:
“Agenor, você foi retirado daquele lugar antes do retorno ao corpo depois de mais de quarenta anos de dor.
Ali se encontra também a maioria das pessoas a quem prejudicou, presas pelo ódio e más recordações do passado.
Certamente, eles dariam tudo para terem um cérebro a fim de esquecerem o que lhes sucedeu, por um minuto que seja.”
Diante disso, Agenor ruborizou-se e regressou imediatamente ao corpo.
Pensava no quanto a misericórdia o havia beneficiado, logo a ele que se fazia o pivô de um processo de atrocidades!!
Ao despertar na vida corporal trazia na alma um novo alento.
Não guardava lembranças precisas, mas sabia-se muito amparado.
Valorizava agora seu esforço e desejava abandonar de vez os estereótipos, fazendo o melhor de si.
Amava com mais louvor o lar.
Guardava na alma a impressão de que uma “missão o aguardava para o futuro e concentraria esforço em manter-se íntegro nos seus ideais.
Suas sensações e sentimentos são sintetizados na fala sábia do codificador:
“pouco lhe importava saber o que foi antes:
se se vê punido, é que praticou o mal.
Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que se deve concentrar-se toda sua atenção, por quanto, daquilo que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará”
Que a historieta de nosso Agenor sirva de estímulo a todos nós em transformação.
Se não conseguimos ainda eliminar certos ímpetos inferiores, mas evitamos as atitudes que deles poderiam nascer, guardemos na alma a certeza de que estamos no caminho do crescimento arando o terreno para uma farta semeadura no futuro.
Esperar colher sem plantar é ilusão.
Não nos libertaremos dos grilhões do pretérito somente apenas na base de contenção e disciplina, contudo, esse pode ser um primeiro e muito precioso passo para muitos corações.
Muitos aprendizes inspirados nas proposituras espíritas equivocam-se ostensivamente.
Querem perfeição a baixo custo e entregam-se a “reformas de metade”.
Insatisfeitos com os parcos resultados de seus esforços, atiram-se a auto-avaliações impiedosas e descabidas.
Terminam em desistência, através de fugas bem elaboradas pelas sombras dinâmicas e dotadas de “inteligência” que residem em sua subconsciência.
Sábia providência: O esquecimento do passado.
“... outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta:
A voz da consciência e as tendências instintivas”.
Com a consciência temos o rumo correto para aplicarmos o esforço educativo, com as tendências instintivas temos as bóias sinalizadoras para que saibamos nos conduzir dentro desse rumo.
Em uma temos o futuro, em outra temos o passado cooperando para não desviarmos novamente do que nos espera.
Uma pálida noção do que fez Agenor em outras vidas, nessa situação específica, lhe fez muito bem.
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No entanto, imaginemos se ele, ao regressar ao corpo, trouxesse a recordação de que sua mãe teria sido uma dessas mulheres traídas, como se sentiria?
Que seus filhos fossem algumas daquelas crianças abandonadas pelas famílias por ele destruídas, como reagiria?
Ou então que viesse a saber que aqueles maridos traídos estavam agora ao seu lado, dividindo as tarefas doutrinárias em fortes crises de ciúme e ressentimento?
Se lembrássemos das vivências que esculpiram no campo mental as tendências atuais, ficaríamos certamente na costumeira atitude defensiva, responsabilizando pessoas e situações pelas decisões e comportamentos que adoptamos. Com isso, fugiríamos mais uma vez de averiguar com coragem nossa parcela de compromisso, nos insucessos de cada passo, e de recriar nossas reacções perante os condicionamentos.
Não sabendo a origem exacta das nossas tendências, ficamos entregues a nós mesmos sem poder culpar a ninguém, nem a nada.
Temos em nós o resultado de nossas obras, eis a lei.
Quando atribuímos ao passado algo que não conhecemos ou conseguimos compreender sobre nossas reacções e escolhas, estamos nos furtando da investigação nem sempre agradável que deveríamos proceder para encontrar as razões de tais sentimentos na vida presente.
O que sentimos hoje, tenha raízes no pretérito distante ou não, é do hoje e deve ser tratado como algo que guarda uma matriz na vida presente, que precisa de reeducação e disciplina.
Assim nos pronunciamos porque muitos conhecedores da reencarnação, a pretexto de distanciarem-se da responsabilidade pessoal, emprestam à teoria das vidas passadas uma explicação para certos impulsos da vida presente, desejosos de criar um álibi para desonerá-los das consequências de seus actos hodiernos.
É o medo de terem que olhar e assumir para si mesmos que, venha do passado ou não, ainda sentem o que não gostariam de sentir e querem o que gostaria de não querer.
Além disso, com essa postura, deixamos a nós mesmos uma mensagem subliminar do tipo:
nada podemos fazer pela identificação desse impulso, gerando acomodação e a possibilidade de novamente falhar.
Toda vivência interior ocorre porque o nosso momento de conhecê-la é agora, do contrário não a experimentaríamos.
Para isso não se torna necessário uma regressão às vidas anteriores na busca de recordações claras.
Se pensarmos bem, vivemos imersos em constante “regressão natural” controlada pela Sábia Providência.
Via de regra, estamos aprisionados ainda ao palco das lutas que criamos ou fruindo os benefícios das escassas qualidades que desenvolvemos.
Viver o momento é viver a realidade.
Por necessidade de controlar tudo, caminhamos para frente ou para trás em lamentável falta de confiança na vida e em seus “Sábios Regimentos”.
A pensadora Louise L. Hay diz que o passado é passado e não pode ser modificado.
Todavia, podemos alterar nossos pensamentos em relação ao passado.
Essa a finalidade do esquecimento:
Alterar o que sentimos e que pensamos, sob a intensa coacção dos instintos e tendências que ainda nos inclinam a retroceder e parar no tempo evolutivo”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 21, 2018 7:24 pm

6 - O GRANDE ALIADO
“Reconciliai-vos o mais depressa possível com vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, (...)”
- (S. Mateus, cap. V, v 25) - O Evangelho segundo Espiritismo - Capítulo ix – ÍTEM 6

“Matar o homem velho”, “Extinguir sombras”, “vencer o passado” – expressões que comumente são usadas para o processo da mudança interior.
Contudo, todos sabemos, à luz dos princípios universais das Leis Naturais, que não existe morte ou extinção, e sim transformação.
Jamais matamos o “homem velho”, podemos sim conquistá-lo, renová-lo, educá-lo.
Não eliminamos nada do que fomos um dia, transformamos para melhor.
Ao invés de ser contra o que fomos, precisamos aprender uma relação pacífica de aceitação sem conformismo a fim de fazer do “homem velho” um grande aliado no aperfeiçoamento.
Portanto, as expressões que melhor significado apresentam para a tarefa íntima de melhoria espiritual serão “harmonia com a sombra” e “conquistar o passado”, que redundam em uma das mais belas e sublimes palavras dos dicionários humanos: Educação.
Nossas imperfeições são balizas demarcatórias do que devemos evitar, um aprendizado que pode ser aproveitado para avançarmos.
A postura de “ser contra” o passado é um processo de negação do que fomos, do qual a astúcia do orgulho aproveita para encobrir com ilusões acerca de nossa personalidade.
O ensino do evangelho reconcilia-te depressa com teu adversário enquanto estás a caminho com ele é um roteiro claro.
Essa reconciliação depende da nossa disposição de encarar a realidade sobre nós próprios, olhar para o desconhecido mundo interior, vencer as “camadas de orgulho do ego “, superar as defesas que criamos para esconder as “sombras” e partir para uma decidida e gradativa investigação sobre o mundo das reacções pessoais, através da auto-análise, sem medo do que encontraremos.
Fazemos isso enquanto estamos no caminho carnal ou então as Leis Imutáveis da vida espiritual levar-nos-ão ao “espelho da verdade”, nos “camarins da morte”, no qual teremos que mirar as imagens reais daquilo que somos, despidos das ilusões da matéria.
Postergar essa tarefa é desamor e invigilância.
A desencarnação nos guarda a todos na condição do mecanismo divino que nos devolve à realidade.
Reformar é formar novamente, dar nova forma.
Reforma íntima nada mais é que dar nova direcção aos valores que já possuímos e corrigir deficiências cujas raízes ignoramos ou não temos motivação para mudar.
É dar nova direcção a qualidades que foram desenvolvidas na horizontalidade evolutiva, que conduziram o homem à conquistas do mundo transitório.
Agora, sob a tutela da visão imortalista, compete-nos dirigir os valores que amealhamos na verticalidade para Deus, orientando as forças morais para as vitórias eternas nos rumos da elevação espiritual pelo sentimento.
Que dizer da sementeira atacada por pragas diversas?
Será incinerada a pretexto de renovação e cura?
Assim é connosco.
O passado – nosso plantio está arquivado como experiência intransferível e eterna; não há como “matar” o passado, porém, podemos vitalizá-lo com novos e mais ricos potenciais do Espírito na busca do encontro com o ser Divino, cravado na intimidade profunda de nós próprios.
Não há como extinguir o que aconteceu, todavia, podemos travar uma relação sadia e construtora de paz com o pretérito.
Reforma íntima não pode ser entendida como a destruição de algo para construção de algo novo, dentro de padrões preestabelecidos de fora para dentro, e sim como a aquisição da consciência de si par aprender a ser, a existir, a se realizar como criatura rica de sentidos e plena de utilidade perante a vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 21, 2018 7:24 pm

Carl Gustav Jung, o pai da psicologia analítica, asseverou:
“Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos”.
É uma questão de aprender a ser.
Somos um “projecto de existir” criados para a felicidade, compete-nos, pois, o dever individual de executar esse projecto, e isso só é possível quando escolhemos realizar e ser em plenitude através da conquista do “eu imaginário” em direcção ao “eu real”.
Existir, ser alguém, superar a “frustração do nada” é uma questão de sentimento e não de posses efémeras ou estereótipos de puritanismo e vivência religiosa da fachada.
Imperfeições são nosso património.
Serão transformadas, jamais exterminadas.
Interiorização é aprender a convivência pacífica e amorável com nossas mazelas.
É aprender a conviver consigo mesmo através de incursões educativas ao mundo íntimo, treinando o auto-amor, aprendendo a gostar de si próprio para amar tudo que existe entorno de nossos passos.
Enquanto usarmos de crueldade com nosso passado de erros não o conquistaremos em definitivo.
A adopção de comportamentos radicais de violentação desenvolve o superficialismo dos estereótipos e a angústia da melhora – estados interiores improdutivos para a aquisição da consciência no autoconhecimento e no auto-triunfo.
Interiorização é conquistar nossa “sombra”, elevando-a à condição de luz do bem para a qual fomos criados.
Portanto, esse adversário interior deve se tornar nosso grande aliado, sendo amavelmente “doutrinado” para servir ao luminoso ideal do homem lúcido e integral para o qual, inevitavelmente, todos caminhamos.
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