LUZ ESPÍRITA
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira - Página 3 Empty Re: Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:05 pm

16 - LIÇÕES PRECIOSAS COM DR. INÁCIO
“Aquele que, médium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, religiosamente o desempenha.”
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XXVIII – item 9

Era véspera dos dias carnavalescos nas terras brasileiras, época de intensos labores entre as dimensões da vida física e espiritual.
O Hospital Esperança por inteiro aprontava-se para o momento tormentoso.
Cooperadores de várias funções eram convocados em colónias e postos próximos, no intuito de prestarem serviço-extra à nossa comunidade.
Nosso regime é plantão permanente.
Encontrávamos na tarefa de acolhimento a novos corações em sofrimento no pavilhão dirigido pelo bem humorado Dr. Inácio Ferreira.
Médiuns e mais médiuns se aboletavam nas enfermarias em condições das mais lamentáveis.
A experiência de um dia nesse sector oferece-nos material para um livro de vastas proporções, considerando a grandiosidade das experiências ali recolhidas.
Dr. Inácio com a devoção de sempre atendia com louvor.
Percebia-se nitidamente em sua face o desgaste proveniente das lutas daqueles dias, mas continuava firme e gracejante.
Em certo momento, fomos à ala que se compunha dos pacientes em condições medianas de melhoria.
Chegamos juntos, Dr. Inácio sempre acompanhado por outros especialistas da vida psíquica, padioleiros e auxiliares.
A equipe fazia-se de nove cooperadores, na qual também incluíamo-nos.
Júlio, médium recém-desencarnado há alguns meses, padecia naquele instante de crises vigorosas no campo mental que o assaltavam com ideias atormentadoras em torno dos vícios carnais.
A equipe dividiu-se em duas e ficamos com nosso director naquela tarefa de socorro.
Júlio mostrava-se inquieto, como se fosse desfalecer.
Uma energia de coloração fraca na cor acinzentada, com pequenos filetes arroxeados ao centro, emanava de sua garganta em direcção ao corredor central daquela ala.
Dr. Inácio deixou os auxiliares tomando providências ao sofredor e solicitou-me não perder a clarividência daquela hora, a fim de seguirmos “a faixa vibratória” que havia detectado.
Andamos por mais de cem metros rumo às dependências de maior dor, nas quais eram colocados os doentes mais graves.
Notamos que a coloração daquela exalação energética tomava conotações mais fortes, e podíamos agora ouvir vozes que saíam dela com clareza de definição, cujo teor era um pedido desesperado.
Seguindo a trajectória indicada por aqueles “raios de baixo teor”, chegamos até um quarto onde estava sendo atendido um jovem.
Medidas de contenção e calmaria eram tomadas para beneficiá-lo.
Foi uma tarefa longa que pediu-nos muito amor.
Já um tanto mais refeito, aproximamos daquele coração sofrido, que se dirigiu ao Dr. Inácio:
- Doutor, não vou aguentar, não vou aguentar isso.
Esse tratamento não é para mim.
- Se acalme, Eusébio, para não perder a ajuda dessa hora.
- Desse jeito vou enlouquecer!
- Você está no lugar certo então, porque aqui somos todos mais ou menos loucos – como de costume, nosso director era pura jocosidade elevada, mesmo nos instantes mais sérios.
- Preciso de pelo menos uma “encostadinha”; o senhor não vai poder fazer isso por mim?
E para onde foi levado o Júlio?
Por que esse arrancão de uma só vez? Nós nos dávamos tão certo!
- Meu amigo, não poderei lhe dar todas as informações que você quer saber.
Quanto à “encostadinha”, poderei providenciar, mas dependendo de sua recuperação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:05 pm

- O senhor fala sério?
- I alguma vez eu falei algo brincando? – novamente com o sorriso de deboche, Dr. Inácio olhou para mim e deu uma piscadela de puro humor.
- Mas quem servirá a mim, doutor?
- Palavra bonita usou você agora.
Realmente utilizaremos um outro instrumento, e ele nada mais fará do que servi-lo nas suas necessidades.
- Por quanto tempo poderei ficar ao lado dele?
- Quinze minutos!
- Mas doutor, isso não vale nada!
Não dá para fazer nada nesse tempo.
- Exactamente!
Você não vai fazer nada, quem vai agir dessa vez é o médium sobre você e não o inverso.
- Mas como doutor?
E isso vai me apaziguar as sensações?
- Mais do que você imagina.
Será um remédio temporário que vai te fazer enorme bem, mas... como já disse, você terá que mostrar o mínimo de condições para conseguirmos a autorização.
- Autorização?!
- Sim, aqui nada acontece sem autorização, Ou você acha que vai poder continuar suas obsessões como bem quer?
Se for assim tenho que lhe dar alta, porque o que não falta na Terra é gente querendo ser obsidiado...
- Não consigo entender, não consigo...
- Entenderá.
Você é um rapaz esperto e inteligente!
Dentro de três dias retornarei aqui para saber o seu estado.
Antes disso nem pensar, porque o ambiente da Terra não tá para qualquer um nesses dias carnavalescos.
A preferência é para os antigos “chefes e negociadores”, que serão muitos deles socorridos nas várias actividades erguidas nessa época.
- Notei que Eusébio era um paciente em recuperação lenta, porém auspiciosa.
Ao sairmos da ala, tivemos alguns breves momentos de conversa e pude então me inteirar dos detalhes.
- Veja só, Ermance.
Ainda há quem pense nos centros espíritas que nós podemos fazer tudo por aqui no mundo das almas.
Com essa tese absurda, muitos trabalhadores e grupos inteiros têm se afastado da mediunidade socorrista, alegando que o “plano espiritual pode atender a tudo sem participação humana!”
- Compreendo, Dr. Inácio.
- Mal sabem os homens o que significa para milhões de corações apegados à matéria o simples contacto com o corpo físico de um médium...
- Não seria o caso de enviarmos algo por escrito a nossos irmãos na Terra?
- Se você quiser “abrir o véu”...
Eu de minha parte tenho levado as informações que posso, todavia, já vejo um monte de “lenha armada” entre os puristas da Doutrina para assar o médium e o espírito.
Já há quem diga no plano físico, depois das obras que enviei, que Dr. Inácio não ficou louco quando no sanatório de Uberaba, mas sua loucura surgiu depois de morto...
- Que nada, doutor.
É que tudo tem sua hora.
- Contudo, se desejar transpor as convenções, explique esse fenómeno assemelha-se muito com o vampirismo, no qual os espíritos sugam forças e sensações dos corpos físicos.
A diferença é que fazemos um trabalho de “alocar” o desencarnado nas energias grosseiras emanadas do corpo do médium, no intuito de aplacar necessidades muito específicas de almas ainda muito presas a sensações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:05 pm

- Isso não dá um efeito contrário, ou seja, a entidade auxiliada não ficaria com mais desejo ainda de continuar cultivando essas impressões?
- O corpo físico, para quem dele não se desprendeu mentalmente, pode ser chamado de um vício.
Talvez, Ermance, o mais velho vício de todos - exclamou o experiente director em tom quase poético.
- A psicofonia então ainda é uma mediunidade muito necessária, será isso?
- Não é psicofonia, é incorporação mesmo, e não se assuste de dizer.
Como falam os umbandistas, sem nenhum exagero, os médiuns nessa circunstância se tornam “cavalos”...
- Não corre o risco de lhes fazer mal?
- Boa pergunta, amiga!
Boa pergunta!
Se isso for uma possibilidade, então nem tentamos.
- E o que determina essa questão?
- A qualidade do médium.
Já pensou se vou colocar uma criatura como Eusébio, que foi um “alambique ambulante”, ao lado de um médium que adora bebericar umas e outras?!
- O que há de tão especial no corpo dos médiuns que aplaca as sensações de apego dessas criaturas?
- Energia, minha filha.
Muita energia de teor incomparável a qualquer uma das formas de força que são capazes de criar as nossas máquinas avançadas em nosso plano.
Mesmo aqui a natureza não pode ser imitada com perfeição.
Corpo é corpo, criação divina e natural.
Não existe nada igual.
Levamos muitos deles às reuniões bem conduzidas apenas para o contacto.
Alguns nem se comunicam.
- Essa seria então a explicação para alguns desconfortos físicos dos médiuns?
- Que nada! Esse é apenas um dos infinitos casos que podem dar um bocado de “dor de cabeça” aos médiuns.
- Qual o índice de melhora dos assistidos?
- Pergunta difícil, todavia posso te afiançar, Ermance, que existe um caso, que aliás tem avolumado a cada dia, de almas que só podem ser atendidas por esse processo, cujo resultado é imediato e muito satisfatório.
- Seriam os suicidas?
- Os suicidas hoje já dispõem de muitos recursos, graças ao avanço dos casos que ensejaram o erguimento de muitas obras de amor e tecnologias próprias, que os livram pelo menos dos pesadelos, conquanto a dor seja quase a mesma.
Falo dos casos de “hibernação psíquica” na nossa ala de hebetados, mais abaixo de nossos pés.
Espíritos que já se esqueceram do que é a sede, a fome, a dor, a alegria, o descanso.
Vivem “fora desse mundo”.
Muitos já não reencarnam há mais de 10.000 anos.
São casos que os centros espíritas raramente têm atendido, considerando o despreparo dos médiuns e a falta de visão sobre a realidade extra-física.
Os espíritas, você sabe, acham que sabem tudo sobre plano espiritual, somente porque atendem àquele monte de “almas penadas” que ficam pedindo lenço para desabafarem suas mágoas – como de costume Dr. Inácio não deixa sua autenticidade e objectividade.
- Seria demais dizer que esses casos de incorporação seriam “obsessões temporárias ou programadas”?
- Nos casos de médiuns ajustados, sim, porque o que eles passam no campo mental é um clima de “esquizofrenia relâmpago” enquanto sob acção dessas criaturas.
Contudo, os casos de muitos médiuns que “deram adeus a Jesus Cristo” e ficaram com seu personalismo caminham para o que ocorreu com Júlio e Eusébio, que acabamos de visitar:
uma “obsessão compartilhada” que continua além-paredes do próprio túmulo.
- Que condição específica teriam que cuidar os médiuns para se apresentarem em boas condições nessa tarefa?
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:06 pm

- Frequentar menos churrasco e abandonar a cervejaria das ilusões.
Fazer sexo somente para viver em relativa paz e não viver para pensar em sexo.
Quanto ao cigarro nem vou falar, porque não sou autoridade no assunto.
Disciplinar os prazeres da carne para que tenham objectivos enobrecedores e educativos, eis a questão.
- Quer dizer que os médiuns que ainda experimentam essas vivências do homem comum não apresentam muita utilidade nessa tarefa?
- Depende do seu sentimento.
O corpo não purificado é para essas almas um imã de atracção poderosas que lhes estimula e gratifica sem o saberem as causas, entretanto, com aqueles medianeiros que guardam o vaso físico santificado pela conduta recta, os sentimentos são como “mãos” a direccionar esse imã para o Mais Alto.
Nesse último caso, cada contacto vale por uma intensa e vigorosa ordem de elevação, despertando o desejo de crescer e recomeçar nos assistidos.
Outro tanto é preciso dizer que tá cheio de fumante indo para as mediúnicas com o coração repleto de amor e acabam servindo do mesmo jeito, na falta de alguém em condições mais apropriadas.
Evidentemente, nesse caso, os riscos são enormes.
- Que riscos?
- De o comunicante gostar do médium e o médium do comunicante.
Nesse caso a incorporação pode avançar para uma “baita” obsessão.
Por isso preferimos analisar cada história e cada médium.
Em resumo, posso lhe adiantar que os instrumentos mediúnicos para esse mister são poucos.
- Júlio seria um desses casos?
- Não. Júlio é daqueles casos que são a maioria.
Nem trabalhou quanto podia nem se livrou do que devia.
Qualquer forma de distanciamento do vício físico para os médiuns ou “não médiuns” é sempre saudável, no entanto, somente a consciência clara das razões de deixá-los para sempre é que trarão mudanças em sua matriz, o sentimento.
Por mais esclarecimento, se não sentirmos a vontade de mudar, não mudamos.
É preciso sentir, porque no fundo a raiz de todos os vícios - está no sentimento de egoísmo.
Ao terminar sua fala sempre contagiante e descontraída, Dr. Inácio Ferreira ainda acrescentou:
- É por essas e outras infinitas razões, minha amiga, que já não podemos mais permanecer no silêncio pernicioso que caminha para a convivência.
O imaginário dos espíritas sobre a vida além da morte, apesar de ser rico em informação, anda distante daquilo que realmente vem sucedendo a quantos são envolvidos por fora pelas claridades do Espiritismo, mas que descuidam do serviço de se iluminarem por dentro.
Diria até que a questão é um pouco mais grave, isto é, para a maioria deles tem sido mesmo difícil é discernir quando estão iluminados por fora ou por dentro...
As observações do ilustre Dr. Inácio são um roteiro claro e precioso que endossa a pequena frase da codificação:
“Aquele que, médium, compreende a gravidade do mandato que se acha investido, religiosamente o desempenha.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:06 pm

17 - POR QUE MELINDRAMOS?
“Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.
Um Espírito protector. (Bordéus, 1863.)”
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo IX – item 9

Por que nos ofendemos?
Por que temos tanta susceptibilidade em relação a tudo que nos cerca?
Quais as razões de encolerizarmos perante factos desagradáveis?
Eis três perguntas para as quais devemos dirigir nossa meditação, caso queiramos entender o que se passa connosco nos desafios do processo espiritual.
Iniciemos nossas ponderações conceituando a palavra ofensa.
Existe a ofensa por razões naturais, provenientes do instinto de defesa e preservação.
Através dessas agressões, recebemos da mente os sinais de alerta para avaliarmos com melhor exactidão a conveniência e o grau de perigo ou importância do que nos cerca.
É natural nos ofendermos com “palavrões” que causam “dores aos ouvidos sensíveis”, é natural nos ofendermos ao ver dois seres humanos se agredirem, é mais que justo que nos ofendamos e tenhamos raiva ao sermos assaltados em uma rua, será muito natural nos ofendermos quando formos injustamente julgados pelas pessoas que nos conhecem.
A ofensa tem sua faceta benéfica, porque não devemos aceitar tudo que acontece à nossa volta passivamente, sem uma reacção que nos faça sentir lesados ou ameaçados.
O objectivo desse sentimento será sempre o de nos colocar a pensar na elaboração de uma conduta ajustada à natureza das agressões que sofremos.
Contudo, larga diferença vai entre a ofensa natural e o melindre, que é a reacção neurótica às ofensas.
Melindre é o estado afectivo doentio de fragilidade, que dita a proporção e natureza das agressões que sofremos do meio.
Pequenas atitudes ou delicadas situações são motivos suficientes para que o portador do melindre se agaste terrivelmente, fechando-se em corrosivo sistema de mágoa e decepção com os factos e as pessoas que lhe foram motivo de incómodos e contrariedade.
Assim, aumenta a intensidade do fato e desgasta-se afectivamente através de imaginações febris sobre a natureza das ocorrências que lhe afectaram.
Sabemos que a mágoa é o peso energético nascido das ofensas transportadas connosco dia após dia como se fosse um “colesterol da alma”, causando-nos males no corpo e no Espírito, sabemos também que a irritação é como se fosse dura martelada no sistema nervoso, levando-nos ao estresse e perda energética.
Então por que agasalhar semelhantes malefícios quando temos tanto esclarecimento?
Compreendamos algo sobre os mecanismos da ofensa e da cólera para avaliarmos sobre as razões que nos inclinam para essa atitude de desamor, e, fazendo assim, procuremos, igualmente, através do melhor entendimento oferecer a nós próprios o correctivo para os problemas de melindre e de contrariedades do dia a dia.
Primeiramente deixamos claro que na raiz do melindre e da ofensa está o orgulho.
Vejamos o que nos diz o codificador a esse respeito:
“Julgando-se com direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos.
A importância que, por orgulho, atribui à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta.”
O que está por trás da grande maioria das ofensas humanas são as contrariedades, ou seja, tudo aquilo que não acontece como se gostaria que acontecesse.
Contrariar para a maioria das criaturas significa ser contra aquilo que se espera, ser nocivo aos planos pessoais, ser prejudicial, ser desvantajoso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:06 pm

Nessa óptica, tudo aquilo que não ofereça alguma vantagem na nossa forma de conceber os benefícios da vida é algo inoportuno, que não deveria ter ocorrido, gerando reacções no mundo íntimo, cujos reflexos poderão ser percebidos na criação de sentimentos de pessimismo, infelicidade, desapontamento, animosidade, tristeza e rancor.
Exceptuando alguns casos de educação mal orientada na infância, esse “vício de não ser contrariado” foi adquirido pelo Espírito em suas diversas vilegiaturas reencarnatórias, nas quais teve todos os interesses pessoais atendidos a qualquer preço.
É o velho hábito da satisfação plena dos desejos da personalidade que, dispondo de poder e recurso, não hesitou em colher sempre para si mesmo os frutos dos bens divinos que lhe foram confiados nas transactas experiências.
Hoje, renasce em condições que limitam suas tendências de saciação egoísta, instaurando um delicadíssimo sistema de “revolta silenciosa” quando não consegue o atendimento de seus interesses, experimentando uma baixa tolerância a frustrações.
Essa “revolta” é o movimento interior de repúdio da alma aos novos quadros de vida a que é lançada, nos quais é compelido, pela força das circunstâncias, a aprender a obediência aos ditames da Lei Natural, nem sempre afinados com seus gostos e aspirações individuais, esse é o preço justo que pagamos pelo costume de ser atendido em tudo que queríamos no pretérito, quando deveríamos ter aproveitado as ocasiões de fartura e liberdade para sermos atendidos naquilo que fosse o melhor para todos.
Assim, a alma passa hoje por uma série de pequenas ou grandes situações na vida, se ofendendo e irritando com quase todas, desde que contrarie seu interesses individuais.
Um singelo acto de esquecer um documento ou ainda o simples facto de não ser correspondido num pedido a um familiar, ou mesmo não ter sido escolhido para assumir a presidência da tarefa espírita, todos são motivos para a irritação, o desgaste e a animosidade, podendo chegar às raias da ofensa, da mágoa e do desequilíbrio.
O estado íntimo nesse caso reproduz a nítida sensação de que tudo e todos estão contra sua pessoa, e factos corriqueiros podem se tornar grandes problemas, enquanto os grandes problemas podem se tornar tragédias lamentáveis...
Os prejuízos desse hábito não cessam com as contrariedades, porque não se consegue improvisar defesas para um condicionamento tão envelhecido de uma hora para outra.
Uma faceta das mais comuns desse “estado de susceptibilidade” aos factos da vida pode ser verificada na “neurose de controle”, a qual pode ser entendida como a atitude de tentar levar a vida de forma a não permitir nenhuma contrariedade, nenhuma decepção.
Essa “neurose” por ser considerada como uma maneira de se defender do “vício de não ser contrariado”.
Mas não pára por aqui essa sequência de expiações na vida íntima.
O esforço em controlar tudo para que as coisas aconteçam “a gosto” tem como principal metamorfose a preocupação.
Preocupação é o resultado de quem quer ter domínio sobre tudo da sua existência.
Surge inesperadamente ou por uma razão plausível, mas é, em muitas ocasiões, o resultado oneroso dessa “necessidade de tomar conta de tudo” para não acontecer o pior, o inesperado.
Classifiquemos maleabilidade nas conceituações três espécies de dramas que vivem os contrariados:
· Contrariado crónico – é aquele que não aceitou o próprio ato de reencarnar, já trazendo impresso na aura o clima de sua insatisfação, que irá reflectir em todas as suas realizações.
Casos como esse tendem a transtornos de natureza mental.
· “Coleccionador de problemas” – é aquele que traz, de outras vivências corporais, o vício da satisfação de interesses pessoais e que busca seu ajuste com os atuais quadros de limitação na reencarnação presente, desenvolvendo a preocupação com problemas reais e irreais em razão de tentar um controle sobre-humano nos factos naturais da existência.
· O adulto frustrado – é aquela criança que foi mal orientada, que teve quase todos os seus desejos e escolhas atendidas, criando ausência de limites e baixa resistência à frustração.
Foi a criatura impedida pelos pais de se frustrar com os problemas próprios das crianças.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:06 pm

Em qualquer uma das situações citadas, o sentimento de ofensa será parte comum na vida dessas criaturas, podendo suscitar pequenas ocorrências de decepção rotineira ou ainda dramas dolorosos da psicopatia, conforme as tendências e valores de cada Espírito.
A psicopatologia do futuro verá na contrariedade uma grave doença mental e a etiologia de severos transtornos da alma.
O que importa a todos nós é o ingente trabalho de renovação no campo dos nossos interesses.
Afeiçoar-se com mais devoção a aceitar as vicissitudes da vida, com resignação e paciência, fazendo o melhor que pudermos a cada dia em busca da recuperação pessoal, optimismo ante os revezes, trabalho perante as perdas, confiança e boa convivência com amigos de ideal, serviço de amor ao próximo, instrução consoladora, fé no futuro e boa dose de humildade são as medicações para ofensas e ofendidos na doença do melindre.
Ofendermo-nos é impulso natural em vista dos direccionamentos que criamos nas rotas do egoísmo.
Contudo, Deus não criou um sistema de punições para seus filhos e nos concede a todo instante o direito de perdoarmos.
E perdoar, acima de tudo, significa aprender a aceitar sua Vontade Sábia e Justa em favor da nossa paz, na construção de dias mais plenos em sintonia com grandes interesses do Pai.
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18 - FÉ NAS VITÓRIAS
“Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha:
Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.

(S. Mateus, cap. XVII, v 20) O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XIX – item 1

A pensadora californiana Louise L. Hay define que as crenças são ideias, pensamentos e experiências que se tornam verdade para nós.
As crenças que cultivamos são muito importantes no processo de crescimento espiritual.
Ter a certeza de que vamos alcançar nossas metas íntimas é tão importante quanto alcançá-las.
A reforma íntima, assim como qualquer projecto de vida, exige optimismo e fé para alcançar seus objectivos.
Será concretizada através de uma relação de confiança connosco mesmo.
É a crença de que somos capazes de livrarmos dos males que nos acompanham nas milenares existências.
Muitos idealistas orientados pelos roteiros de melhoria espiritual, mas tomados de escassa auto-estima, sucumbem sob o peso dos “monstros da culpa e da vergonha”, estabelecendo ideias de inutilidade e desistência através da ampliação dos “montes” do obstáculos interiores.
Super valorizam suas imperfeições através do excessivo rigor consigo mesmo, instalando um “circuito mental” de inaceitação e desgosto, a um passo do desespero e do desânimo com os nobres ideais de transformação e melhoramento, gerando um clima de derrotismo e menos valia de si mesmo.
De fato, a sensação de frustração acompanhará, por muito tempo, nossos esforços de progresso em razão das opções que fizemos nos sombrios males da ilusão e da queda.
Fortes condicionamentos exprimem-se como traços marcantes da personalidade que contrariam as mais sinceras intenções de aperfeiçoamento.
Isso, porém, é o preço justo que temos que pagar perante a vida pelo plantio do bem em nós mesmos.
Valorizemos aquilo que gostaríamos de ser, contudo, valorizemos também o que já conseguimos deixar de ser, aquilo que não nos convinha.
Valorizemos a luz que há nós; é com ela que resgatamos a condição de criaturas em comunhão com as Sábias Leis do Pai.
Costuma-se observar na actualidade uma “neurotização” da proposta de renovação interior.
Muita impaciência e severidade têm acompanhado esse desafio, levando o perfeccionismo por falta de entendimento do que seja realmente a reforma íntima.
Quando digo a mim mesmo: “não posso mais falhar” será mais difícil o domínio interior.
Precisamos aprender a ser “gente”, a ser humano, a exercer o auto-perdão, a admitir falhas, ciente de que podemos recomeçar sempre e sempre, quantas vezes forem necessárias, sem que isso signifique, necessariamente, hipocrisia, fraqueza ou conivência com o mal.
A proposta espírita é de aperfeiçoamento e não de perfeição imediata...
O objectivo é sermos melhor e não “os melhores”...
Essa “neurotização da virtude” gera um sistema de vida cheio de hábitos e condutas radicais e superficiais que são fronteiriços com o fanatismo; isso nos desaproxima ainda mais da autêntica mudança e nos faz preocupar mais com o que não devemos fazer, esquecendo de investir esforços e descobrir os caminhos para aquilo que devíamos estar fazendo, aquilo que queremos alcançar e ser.
Por isso a memorização e valorização das pequenas vitórias de cada dia haverão de nos trazer incentivo e discernimento na dilatação da crença da perfeição, a qual todos nos destinamos.
Semelhante tarefa exigirá que utilizemos, ilimitadamente, o auto-perdão na construção mental da auto-aprovação, porque, se não nos aprovamos nas faltas cometidas, caminhamos para o desamor para nós próprios atraindo fracasso.
Não devemos fazer de nossos erros a nossa queda.
Recomeço sempre.
“Quando realmente amamos, aceitamos e aprovamos a nós mesmos exactamente como somos, tudo na vida funciona” assevera Louise L. Hay.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:07 pm

Fé pequenina, asseverou o Sábio Nazareno, do tamanho de um grãozinho de mostarda; isso bastará para solidificar nossa confiança no projecto de transformação que, inexoravelmente, vamos conquistar sob a égide dos pequenos êxitos de cada etapa.
Em uma guerra perde-se muitas batalhas, como é natural ocorrer.
O que não se pode é desistir de vencê-la; esquivemos, portanto, da vaidade de querer vencer todas as batalhas e assumamos a posição íntima do bom combatente, aquele que sabe respeitar seus limites e jamais desistir de lutar.
Vitória sobre si, esse é o nosso bom combatente, conforme destaca o inolvidável Apóstolo de Tarso.
Nunca esqueça que mais importante que a severidade da disciplina com nossas imperfeições é a alegria que devemos cultivar com nossos pequenos triunfos e nossas tenras qualidades.
Alegria é fonte de motivação e bem-estar para todos os dias.
Nos momentos de decepção consigo busque o trabalho, a oração e prossiga confiante na tua luta pessoal, acreditando nas tuas pequenas vitórias.
Logo mais perceberá, espontaneamente, o valor que elas possuem para tua felicidade e o quanto significam para os que te rodeiam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 24, 2018 8:07 pm

19 - ANGÚSTIA DA MELHORA
“O dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta
Lázaro, Paris, 1863 - O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XVII – item 7

Angústia é o sofrimento emocional originado por alguma indefinição interna que leva ao conflito, causando intensa aflição.
Seus reflexos podem alcançar o corpo físico com dores no peito e alteração respiratória.
A intensidade da reacção emocional que a criatura terá, diante desse seu conflito, vai determinar a existência ou não de algum prejuízo para o equilíbrio psíquico e mental.
Isto ainda dependerá do maior ou menor comprometimento da individualidade perante o tribunal da consciência, no qual está arquivado o montante de desvarios e conquistas de suas múltiplas convivências reencarnatórias.
Seguindo quase sempre uma linha predefinida, os conflitos nascem do desajuste entre aquilo que a criatura quer, aquilo que ela deve e aquilo que ela é capaz.
Um descompasso entre desejo, sentimento e escolha.
O conhecimento espírita pode levar à angústia existencial face aos nossos alvitres comportamentais de suas lúcidas propostas.
Muitos corações convidados pelas suas atractivas ideias poderão experimentar, em graus diversos, a angústia da melhora – o sofrimento que reflecte a luta entre o “eu real” e o “eu ideal”.
Terminantemente, quantos se entregam ao serviço da auto-burilamento penetrarão as faixas do conflito.
O efeito mais perceptível dessa batalha interior é o sentimento de dignidade.
Porque ainda não logramos a habilidade do auto-amor, costumamos ser muito exigentes com nossas propostas de progresso moral, cultivando uma baixa tolerância com as imperfeições e os fracassos.
Uma postura de inaceitação e cobranças intermináveis alimenta essa indignidade em direcção ao perfeccionismo.
O resultado eminente desse quadro mental é um cansaço consigo, a desmotivação com suas actividades espiritualizantes induzindo o desejo de abandonar tudo, uma postura psicológica de impotência levando a criatura às famosas senhas do terrorismo: “não vou dar conta!”
Ou “não tem valido a pena esforçar!”
“Estou cansada de viver!”.
Todo este quadro de desastrosa penúria cria a condição mental do desânimo – o mais cruel e sagaz dos adversários de nosso crescimento espiritual.
Quero ser melhor e não conseguir tanto quanto gostaríamos!
Eis a mais comum das angústias ao longo do trajecto de aperfeiçoamento na vida.
O desânimo é o desejo de parar, contudo nosso sentimento é de querer ser alguém melhor e, para agravar, nossas atitudes, em contraste com o desejo e o sentimento, são de fuga.
Desejo, sentimento e atitude em desconexão gerando um estado de pânico.
Os conflitos criam as tensões do mundo íntimo em razão da transposição entre esses três factores:
o que a criatura gostaria, o que ela deve e aquilo que ela consegue.
Nesse torvelinho da vida mental, um fenómeno é responsável por intensificar a dor emocional dos candidatos ao auto-aperfeiçoamento, ou seja, a ilusão.
Em muitos casos, sofremos os impactos emocionais do erro ou do desconforto com nossas imperfeições porque acreditamo-nos grandiosos demais, portadores de virtude que ainda não alcançamos, confundindo o conhecimento espírita e a participação das tarefas como se fossem incomparáveis saltos evolutivos.
A ilusão, ou desconexão com sua realidade pessoal, agrava a tormenta da angústia e do melhoramento.
Decerto não deveríamos agir como agimos em muitas ocasiões, considerando o volumoso caudal de conhecimentos e vivências espirituais que enobrecem nossos passos, contudo, quase sempre, sofremos culpa e desânimo perante nossas falhas porque imagina escolhemos.
Muito justo que nos exortemos a melhores comportamentos face ao aprendizado espiritual que bem recentemente começamos a angariar, todavia, muita exigência tem sido formulada aos adeptos do espiritualismo, sem quaisquer identidades com as necessidades individuais de sua singularidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:17 pm

Momentos nascem de padrões construídos por estereótipos de conduta.
Semelhante quadro pode gerar tormenta e obsessão para quem não sabe adequar sua realidade àquilo que aprende, sendo outra fonte costumeira de episódios angustiantes para a alma.
Ninguém sintetizou tão bem essa caminhada da vida interior quanto Paulo, o apóstolo dos gentios, ao mencionar:
“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”.
A grande batalha humana pela instauração do bem em si mesmo pode ser centralizada nessa frase.
A saga da perfeição inclui a dolorosa luta entre aspirações e hábitos, conduzindo-nos a atitudes desconectadas dos ideais que cultivamos no campo das intenções.
É o quadro psicológico que nomeamos como sendo angústia da melhora.
Todo aquele que assume a lenta e desafiante tarefa da reforma íntima, inevitavelmente, será lançado a nossa vivência d’alma em variados lances de intensidade.
Somente acendendo a luz do auto-perdão, recomeçando quantas vezes forem necessárias, na aceitação das atitudes enfermiças e impulsos infelizes é que edificaremos estimulante campanha de promoção pessoal, no aprimoramento rumo à perfeição.
Reforma também exige tempo e meditação. Por isso não devemos recear a postura de enfrentamento do mundo íntimo.
Um acordo de pacificação interior deve existir entre nós e nossa velha personalidade.
Ao invés de cobrança e tristeza, seria mais sensato um auto-exame para verificar o que poderíamos ter feito de melhor nas ocasiões de erro, no intuito de condicionar na mente algumas directrizes para outras oportunidades, mas quais novamente seremos testados naquela mesma deficiência que não conseguimos desenvencilhar.
Procedamos a uma corajosa “reconstituição do mal ato” e analisa o que poderia ter feito ou deixado de fazer para não chegar aos resultados que te infelicitam.
Da mesma forma, instrui-te sempre sobre a natureza de suas mazelas, a fim de melhor ajuizares sobre seu modus operandi.
Se em nada te valer semelhantes apontamentos, então reflecte que o pior ainda será se parares e decidires por interromper o doloroso trabalho da memória.
Lázaro adverte-nos de forma oportuníssima sobre o dever, definindo-o como “... uma ventura d’alma que enfrenta as angústias da luta”.
Conquanto o valor do auto-conhecimento, jamais poderemos descuidar do dever que nos chama, porque somente através de seu rigoroso cumprimento encontraremos as condições essenciais para consolidar os reflexos novos.
Somente nossos hábitos, que serão dinamizadores de nossos raciocínios e sentimentos, romperemos a pesada carapaça das enfermidades morais, acolhendo no coração um estado de plenitude que ensejará a superação da angústia e da depressão, do desânimo e do desamor a si.
Face a isto, somente uma recomendação não deve sair do foco de nossas atenções:
trabalhar, trabalhar e trabalhar, sem condições e exigências – eis o buril do dever.
Na medida em que progredimos pelas trilhas do dever e do autoconhecimento adquirimos paz íntima e domínio mental, antídotos eficazes contra qualquer adoecimentos da vida psíquica.
Enquanto se processam semelhantes acções de fortalecimento, podemos ainda contar com duas medidas profilácticas de dilatado poder em favor de nossa paz:
A vigilância e a oração.
Verifiquemos que a função do vigilante é preventiva, é comunicar à sua volta que algo está sobre cuidado e não a mercê das ocorrências.
A função do vigilante não é atacar.
Quem vigia, faz para que algo não surpreenda ou agrida.
Vigilância no terreno da reforma íntima significa estar atento ao inimigo, aquele que pode nos causar prejuízos, nosso homem velho.
Vigiar o inimigo, no entanto, é diferente de abater o inimigo.
A maneira mais pacífica de vigiar é conquistando-o, e só o conquistamos demonstrando a inviabilidade da guerra, fazendo fortes o suficiente os nossos valores para que ele se sinta impotente, incapaz de ser mais forte.
Vigilância é atenção para com as movimentações inferiores da personalidade, é o estudo sereno das estratégias do homem velho, requerer muita disciplina.
Por sua vez, a oração é um movimento sagrado da mente no despertamento das forças superiores.
É a busca da alma que se abre para o bem e se fortalece.
Dever, vigilância e oração – balizas seguras para que nos permitem talhar o homem novo, mesmo sobre a escaldante temperatura das velhas angústias que nos acompanham há milénios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:17 pm

20 - IMPRUDÊNCIA NO TRÂNSITO
“Quantos homens caem por sua própria culpa!
Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!”

O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo V – item 4

Cumpríamos nossos afazeres rotineiros no Hospital Esperança, quando fomos chamados com urgência por Dona Maria Modesto Cravo no saguão para “confinamento de acidentados”.
Descemos o mais rápido que podíamos em direcção aos pavilhões do subsolo acompanhados por Rosângela, jovem aprendiz que se tornou infatigável companheira nos serviços de socorro.
Ao chegarmos, adentramos a unidade de tratamentos especializados e vimos Frederico, excelente cooperador das lides mediúnicas em conhecido estado brasileiro, em condições dolorosas.
Dona Modesto nos recebeu com a notícia:
- Fizemos o que foi possível como você sabe Ermance, mas veja o resultado...
- - E qual o prognóstico, Dona Modesto?
- “Coma mental”!
Foi recolhido trinta minutos após o acidente sem problemas com vampirismo e nem com o desligamento dos chacras.
- Ficará no monitoramento ou vai para as câmaras de recomposição?
- Por dois dias permanecerá aqui, depois vamos - reavaliar o quadro.
Verifique você mesma o estado.
Aproximamos.
Rosângela sempre atenta acompanhava cada detalhe.
Frederico estava com o corpo em estado de languidez, musculatura flácida e muitos ferimentos expostos na região craniana.
Um leve toque na sua fronte foi o suficiente para aferir a problemática mental.
Intenso barulho de vidros estilhaçados e ferro sendo retorcido, seguido de uma infeliz sensação de descontrole e impotência.
O corpo perispiritual semelhava-se a uma massa amolecida que lembrava um corpo após desfalecimento, mas com muito maior soma de flacidez.
Não seria exagero dizer que parecia estar se desmanchando.
A cor arroxeada dos pés à cabeça dava ideia cadavérica e assombrosa.
Rosângela se apiedava da situação de nosso amigo e teve um leve mal-estar devido à cessão espontânea de energias.
Saímos um pouco do ambiente, juntamente com Dona Modesto, enquanto trabalhadores especializados tomavam outras providências.
Dona Modesto, sempre atenciosa, indagou:
- Está melhor, Rosângela?
- Sim, foi uma doação imprevista.
Estou tranquila.
Percebendo que Rosângela recuperava-se, dirigiu-se a mim com as informações:
- Como você bem conhece a história, a despeito de suas inúmeras qualidades que dele faziam um homem íntegro, Frederico agia como uma criança ao volante.
Sempre imprudente no trânsito, acreditava em demasia na segurança do automóvel e preferiu ignorar os cuidados que deveria tomar.
Negou se reeducar nas lições do trânsito e colhe agora o fruto amargo de sua opção.
Foi alertado muitas vezes fora do corpo, durante as noites de sono, em vão.
Providenciamos amizades que chamaram na responsabilidade, sem sucesso.
Por fim, ele próprio vai ser a lição em si mesmo, embora com o elevadíssimo preço da vida física.
Atenta e sempre educadamente curiosa, Rosângela questionou:
- Poderíamos aventar a hipótese de inimigos espirituais no caso, já que era médium?
- De forma alguma, minha jovem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:17 pm

- Haveria algum componente cármico em aberto para resgate em forma de morte trágica?
- Também não, Rosângela.
- Algum descuido da parte dele, que não seja na arte de conduzir o veículo?
- Absolutamente, ele era extraordinariamente precavido quanto à manutenção do mesmo, com o objectivo de que usufruísse tudo que podia da máquina.
Não ingeria alcoólicos, era possuidor de reconhecida habilidade visual e motora.
- Então, é um caso de imprudência?
- Pura imprudência, minha filha.
Ultrapassou em muito a oitava casa decimal nos limites de velocidade, em plena via urbana.
Retorna com trinta e sete anos de antecedência deixando família e uma reencarnação promissora com sua mediunidade e vida espírita consciente.
Todo o amparo possível e desejável em nome da misericórdia foi-lhe oferecido.
O mundo físico nesse instante vai cogitar de carmas obsessões, resgate e liberação, todavia, o que Frederico mais vai precisar é de tempo, auto-perdão, paciência e muitas dolorosas intervenções cirúrgicas.
- Quanta dor desnecessária! – Asseverou a jovem com grande lamento.
- Não existe dor desnecessária, Rosângela, existem provas dispensáveis, ou seja, tribulações que poderíamos evitar.
A dor será tão grande e valorosa que levará Frederico à virtude da prudência em toda a eternidade.
O que é de se lamentar é que poderia aprender isso a preço módico nos investimentos da vida.
Não podemos confundir acaso e programação divina.
- Elucide meus raciocínios Dona Modesto, qual a diferença?
A benfeitora, no entanto, como de costume, querendo esquivar-se da postura professoral, falou:
- Querida Ermance, responda você mesma a essa oportuna interrogação que deveria ser reflectida e mencionada entre os espíritas na carne.
- Sim, Dona Modesto, com prazer.
Como sabemos, o acaso seria uma aberração nas Leis do Universo, portanto, não existe.
É parte de uma concepção da ignorância em que ainda estagiamos.
Dessa forma, todo acontecimento tem suas razões explicáveis.
A programação reencarnatória, entretanto, é um plano com objectivos divinos em favor de quem regressa à sagrada experiência corporal na escola terrena.
Semelhante projecto sofre as mais intensas e flexíveis alterações ao longo da jornada.
Veja o caso de Frederico que alterou em mais de três décadas o seu retorno.
Nem sempre o que acontece está na programação da vida física; nem por isso existe acaso, ou seja, mesmo o “imprevisto” tem finalidades sublimes na ordem universal, embora pudesse ser evitado.
Nada existe por acaso, quer dizer, para tudo há uma causa, uma explicação.
Isso não significa que tudo tenha que acontecer como acontece.
Até os factos do mal não existem sem causalidade, nem por isso podemos concebê-los como uma obra do Pai, e sim reflexo oriundo de nossas decisões infelizes.
- Em sua ficha não constava o regresso na categoria de morte trágica?
- Não, ele se enquadrava na morte natural por idade, gozando de plena saúde.
- Suponhamos então que constasse um resgate através de tragédia, qual seria sua situação?
Dona Modesto interveio com naturalidade esclarecendo?
- Se assim fosse minha jovem, ainda seria um suicida, porque estaria, nesse caso, antecipando o tempo de sua liberação.
Inclusive a categoria de desencarne pode sofrer modificações, conforme o proveito pessoal na reencarnação.
Temos casos, aqui mesmo no hospital, de criaturas que ressarciriam velhos crimes de guerra com desenlaces lentos, sofrendo longamente nas pontas dos bisturis e tesouras cirúrgicas e que, no entanto, levaram um leve escorregão no banheiro e acordaram na vida extrafísica felizes e saudáveis...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:17 pm

Há também mudanças para melhor...
A conversa avançou, enquanto aguardávamos algumas providências de refazimento a Frederico.
Passados alguns minutos, fomos orientados por Dona Modesto:
- Chamei-lhe, Ermance, a fim de que possas integrar a equipe de amparo à família de Frederico.
A esposa está inconsolável. Como você sabe, ela não tem a fé espírita e está confusa.
- Sim, vou inteirar-me das iniciativas e logo rumaremos à residência para prestar os auxílios possíveis.
Quando regressávamos para os pavilhões superiores do hospital, acompanhada por Rosângela, ela retomou sua sede de aprender:
- Ermance, mesmo não tendo sido intencional, a morte de Frederico será considerada um suicídio?
- Certamente.
Não há ninguém que vá considerar a morte de alguém um suicídio, mas o Espírito, para retornar a posse da vida imortal, submete-se aos regimes naturais que vigoram no Universo.
Por se tratar de uma criatura tão consciente quanto o médium Frederico, a cobrança consciencial é maior.
Ele próprio se imporá serviços “castigos”.
- Então, mesmo não havendo intenções propositais do ato criminoso, ele guarda um níquel de culpabilidade pelo esclarecimento que possuía?
- Certamente.
Todo esclarecimento torna-nos mais responsáveis.
Quando Frederico retomar a lucidez por completo iniciará uma etapa muito dolorosa de reconstrução mental.
Alguns casos similares levam a estágios prolongados de anos a fio na “para-esquizofrenia”, um quadro muito similar à doença psiquiátrica da classificação humana agravado pelas ideoplastias.
Para isso temos aquele saguão no qual ficam confinados os Hebetados em transes psíquicos que a Terra ainda desconhece.
Seus quadros vão muito além dos transtornos psicóticos.
O facto de não ter a intenção do trespasse e por comportar-se à luz do Evangelho o livrou de outros tantos tormentos voluntários, que ainda poderiam agravar em muito o seu drama, em peregrinações pelas regiões inferiores junto à crosta terrena.
Para se obter melhores noções sobre o tema, sugiro a você, minha jovem que reflicta e estude o tema Lei de Liberdade, na parte terceira de O Livro dos Espíritos, acrescido da oportuna questão 954 que diz:
“Será condenável uma imprudência que compromete a vida sem necessidade?”
“Não há culpabilidade, em não havendo intenção, ou consciência perfeita da prática do mal.”
Amigos espíritas, por trás da imprudência escondem-se, quase sempre, os verdugos da ansiedade, da malquerença, da vaidade de aparências, da avareza e de múltiplas carências que o homem procura preencher correndo riscos e desafios em nome do entretenimento e da vitória transitória.
A postura ética do homem de bem perante as leis civis deve ser a da integridade moral.
A direcção de um veículo motorizado é uma arte, e como tal deve ser conduzido: A arte de respeitar a vida.
Os códigos existem para serem cumpridos.
Habitua-te à disciplina nesse mister e procura agir com discernimento e vigilância perante as obrigatoriedades que te são pedidas.
Se outros não a seguem, responderão por eles próprios e não por ti.
Tu, porém, age no trânsito memorizando sempre que por trás de cada volante existem almas em provação carregando perigosa arma nas mãos, nem sempre sobre controle.
Procure ser o pacificador e renova teu proceder por mais desacertos nas avenidas do mundo...
Dirige com o coração e não com o cérebro, e jamais esqueças que todos responderemos pela utilização que fizermos dos bens confiados.
Aprende a respeitar as leis humanas considerando esse um passo favorável para tua melhoria espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:18 pm

Faz de tua condução uma ocasião de autoconhecimento e procura averiguar o que sustenta a atitude de insensatez em acreditar que jamais ocorrerá contigo os lamentáveis episódios que já ceifaram milhões de corpos, nos testes da prudência e da responsabilidade. Habilidade pessoal adquirida com o tempo é crédito que te solicita mais cautela, enquanto os iludidos nela enxergam competência com permissão para o exagero.
Quanto a segurança das máquinas, analisemo-la como medida de prevenção e segurança, não quesitos para o abuso.
Recorda que, até mesmo como pedestre, tens convenções que te cabem para a cooperação nos espaços comunitários.
Nossa tarefa, enquanto desencarnados, é proteger e orientar sempre conforme os limites das convenções, ultrapassando-as somente quando o amor não se torna conivência.
Nesse sentido, estejam certos os amigos da carne que de nossa parte respeitamos o que estipula a lei terrena; assim apuramos sempre se o ponteiro medidor não ultrapassa a oitava casa decimal como uma medida aferidora de equilíbrio para a harmonia geral, critério selectivo para dispensar amparo e auxílio em casos de reincidência...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:18 pm

21 - DEPRESSÕES REEDUCATIVAS
“Sabeis porque, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida?
François de Geneve. ((bordéus) O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo V – item 25

Dores existenciais, quem não as experimenta?
A pergunta do espírito François de Geneve foi elaborada num tempo em que os avanços das ciências psíquicas não tinham alcançado as profícuas conquistas da actualidade.
Com o título “melancolia” e utilizando o saber espírita esse colaborador da Equipe Verdade deu a primeira palavra sobre a grave questão dos transtornos de humor e sua relação com a vida espiritual.
À luz da ciência, depressão primária é o quadro cuja doença não depende de factores causais para surgir, sendo, em si mesma, causa e efeito.
Depressão secundária é aquela que decorre de um factor causal que pode ser, por exemplo, uma outra doença grave que resulta em levar o paciente a ficar deprimido.
Boa parcela dos episódios de “depressão primária crónica” aqueles que se prolongam e agravam no tempo mas que permanece nos limites da neurose, ou seja, que não alcançam o nível de perda da realidade, são casos que merecem uma análise sob o enfoque espiritual graças à sua íntima vinculação com o crescimento interior.
À luz da imortalidade, as referidas depressões são como uma “tristeza do espírito” que ampliam a consciência de si.
Um processo que se inicia, na maioria dos casos, antes do retorno à vida corporal quando a alma, em estado de maior “liberdade dos sentidos” percebe com clareza a natureza de suas imperfeições, suas faltas e suas necessidades, que configuram um marcante sentimento de falência e desvio das Leis Naturais.
A partir dessa visão ampliada, são estabelecidos registos profundos de inferioridade e desvalor pessoal em razão da insipiência na arte do perdão, especialmente do auto-perdão.
Nessa hora quando a criatura dispõe de créditos mínimos para suportar esse “espelho da consciência”.
Esse processo correctivo inicia-se na própria vida extrafísica em tratamentos muito similares aos dos nosocómios terrestres, até que haja um apaziguamento mental que lhe permita o retorno ao corpo.
O mesmo não ocorre com quantos experimentam a “dura realidade” de se verem como são após a morte, mas que tombam nas garras impiedosas das trevas a que fizeram jus, regressando à vida corporal em condições expiatórias sob domínio de severas psicoses para colher os frutos das sementes que lançou.
Nessa óptica, depressão é um doloroso estado de desilusão que acomete o ser em busca da sua recuperação perante a própria consciência na vida física.
Essa análise amplia o conceito de reforma íntima por levar-nos a concluir que soa para alma um instante divino para a reparação, conclamando-a após esbanjar a “Herança do Pai”, assim como o “Filho Pródigo” da parábola evangélica, ao começo progressivo no “Colo Paternal”, onde encontrará descanso e segurança – valores perdidos há milénios nos terrenos da sua vida afectiva.
Semelhantes depressões, portanto, são o resultado mais torturante da longa trajectória no egoísmo, porque o núcleo desse transtorno chama-se desapontamento ou contrariedade, isto é a incapacidade de viver e conviver com a frustração de não poder ser como se quer e ter que aceitar a vida como ela é, e não como se gostaria que fosse.
Considerando o egoísmo como o hábito de ter nossos caprichos pessoais atendidos, a contrariedade é o preço que pagamos pelo esbanjamento do interesse individualista em milénios a fora, mas, igualmente, é o sentimento que nos fará reflectir na necessidade de mudança em busca de uma postura ajustada com as Leis Naturais da Vida.
Para maioria de nós, contrariedade significa que algo ou algum acontecimento não saiu como esperávamos, por isso algumas criaturas costumam dizer:
“Nada na minha vida deu certo!”
É tudo uma questão de interpretação.
Quase sempre essa expressão “não deu certo” quer dizer que não saiu conforme nosso egoísmo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:18 pm

O desapontamento, portanto, é altamente educativo quando a alma, ao invés de optar pela tristeza e revolta, prefere enxergar um futuro diverso daquele que planejou e, no qual a grande meta da felicidade pode e deve estar incluída.
O renascimento corporal é programado para que a criatura encontre nas ocorrências da existência os ingredientes precisos à sua transformação.
Brota então, espontaneamente, o desajuste, em forma de insatisfação crónica com a vida, funcionando como canal de expulsão de culpas armazenadas no tempo, controladas com a força de mecanismos mentais defensivos ainda desconhecidos da ciência humana e eclodindo sem possibilidade de contenção.
Um “expurgo psíquico” em doses suportáveis...
Os sintomas a partir de então são muito conhecidos da medicina humana? insónia, tristeza persistente, ideias de auto-extermínio, vazio existencial e outros tantos.
Poderíamos asseverar que almas comprometidas com esse quadro psicológico já renascem com um “ego frágil” susceptível a uma baixa tolerância com suas falhas e estilo de vida, uma dolorosa incapacidade de se aceitar, menos ainda de se amar.
No fundo permanece o desejo impotente de querer a vida conforme seus planos, mas tudo conspira para que tenha a vida que precisa em vista de suas necessidades de aperfeiçoamento.
A rebeldia, no entanto, que é a forma revoltante de reagir perante os convites renovadores, pode agravar ainda mais a prova íntima.
Nesse caso o homem soçobra em dores emocionais acerbas que o martirizam no clímax da dor-resgate.
Medo, revolta, susceptibilidade, impotência diante dos desafios são algumas das expressões afectivas que podem alcançar a morbidez, quando sustentadas pela teimosia em não aceitar os alvitres das circunstâncias que lhe contrariam os sonhos e fantasias de realização e gozo.
Forma-se então um quadro de insatisfação crónica com a vida.
Como já dissemos, esse é sem dúvida o mais infeliz efeito do nosso egoísmo, o qual age “contra” nós próprios ao decidirmos abandonar a suposta supremacia e grandeza que pensávamos possuir, em nossas ilusões milenares de orgulho que se desfazem ao sopro renovador da Verdade.
Eis as mais conhecidas facetas provacionais da vida mental e emocional do espírito que experimenta a dor das “depressões primárias crónicas”, cujo processo detona sua melhoria espiritual que já vem sendo relegada ao longo dos evos:
· Aflição antecipada com perdas – “neurose de apego”.
· Medo da frustração – “neurose e perfeccionismo”.
· Extrema resistência com auto-aceitação – “neurose de vergonha”.
· Desgaste energético pelo esforço para manter controle – “neurose de domínio”.
· Formas subtis de autopunição – “neurose de culpa”.
· Nítida sensação de que o esforço de melhora é infrutífero – “neurose de ansiedade”.
· Acentuada susceptibilidade nos factos corriqueiros – “neurose de autopiedade”.
· Surgimento imprevisto e sem razões despreocupações inúteis – “neurose de martírio”.
A depressão assim analisada é uma forma de focar o mundo provocada por factores intrínsecos, endógenos, desenvolvidos em milénios de egoísmo e orgulho.
Chamamo-la em nosso plano de “silenciosa expiação reparadora”.
Acostumados a impor nossos desejos e a imprimir a marca do individualismo, somos agora chamados pela dor reeducativa a novos posicionamentos que nos custam, quase sempre a cirurgia dos quistos de pretensão e omnipotência, ao preço de “silenciosa expiação” no reino da vida mental.
Somos “contrariados” pela vida para que eduquemos nossas potencialidades.
Infelizmente, com raras excepções, nossos gostos são canteiros de ilusões onde semeamos os interesses pessoais, em franca indiferença às necessidades do próximo, colhendo frutos amargos que nos devolvem à realidade.
Há que se ter muita humildade para aceitar a vida como ela é, compreender suas “reclamações” endereçadas à nossa consciência e tomar uma posição reeducativa.
O orgulho é o “manto escuro “ que tecemos com fio do egoísmo, com o qual procuramos nos proteger da inferioridade que recalcitramos aceitar em nós mesmos de longa data.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:18 pm

Bom será quando tivermos a coragem de nos mirarmos “no espelho da honestidade” e aprender a conduta excelsa do perdão, porque quem perdoa conquista sua alforria das celas da mágoa e da culpa.
Conquanto a princípio o sentimento de culpa possa fazer parte da reconstrução de nossos caminhos, temos a assinalar que a sua presença ainda é sinal de orgulho por expressar nossa inconformação com o que somos, ou nossa rebeldia em aceitar nossa falibilidade.
Se o orgulho é um “manto” com o qual ingenuamente acreditamos estar protegidos dos alvitres vindos de fora concitando-nos à autenticidade, a culpa é a lâmina cortante vindo de dentro que nos retira o controle e exige um novo proceder.
Apesar do quadro expiatório, as depressões reeducativas quando vencidas trazem como prémio um extraordinário domínio de si mesmo, sem que isso signifique “querer viver a vida a seu gosto”, e também um largo auto-conhecimento.
Passada a prova, ficará o aprendizado.
Essa depressão reeducativa afiniza-se, sobremaneira, com a visão de François de Geneve porque a maior aspiração da alma é se libertar das ilusões da vida material e gozar das companhias eleitas.
Assim expressa o autor:
“Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar.
Afrontai-os resolutos.
Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra.
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira - Página 3 Empty Re: Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:19 pm

22 - A VELHA ILUSÃO DAS APARÊNCIAS
“Não basta que dos lábios manem leite e mel.
Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia.
Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade.
Esse, ao demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana.”

– Lázaro. (Paris, 1861.) O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo 9 – item 6

Os adeptos sinceros do Espiritismo mais que nunca carecem de abordar com franqueza o velho problema da hipocrisia humana.
Nesse particular, seria muito proveitoso que agremiações doutrinárias promovessem debates grupais acerca dos caminhos e desafios que enfrentamos todos nós, os que decidimos por uma melhoria moral no reino do coração.
O chamado “vício de santificação” continua escravizando o mundo psicológico do homem a noções primárias e inconsistentes sobre como desenvolver o sagrado património das virtudes, que se encontra adormecido na vida super-consciente do ser.
Hipocrisia é o hábito humano adquirido de aparentar o que não somos, em razão da necessidade de aprovação do grupo social em que vivemos.
Intencional ou não, é um fenómeno profundo nas suas raízes emocionais e psíquicas, que envolve particularidades específicas a cada criatura, mas que podemos conceituar como a atitude de simular, antes de tudo para nós mesmos, uma “imagem ideal” daquilo que gostaríamos de ser.
Difícil definir os limites entre o desejo sincero de aperfeiçoar-se em direcção a esse “eu ideal”, e o comportamento artificial que nos leva a acreditar no facto de estarmos nos transformando, considerando a esteira de reflexos que criamos nas fileira da mentira.
Aliás , para muitos corações sinceros que efectivamente anelam por aprimoramento e mudança, detectar uma atitude falsa e uma acção que corresponda aos nossos ideais costuma desenvolver um estado psicológico de insatisfação consigo mesmo, que pode activar a culpa e a cobrança impiedosa.
Instala-se assim um cruel sistema mental de inaceitação de si mesmo, que ruma para a mais habitual das camuflagens da hipocrisia:
a negação, a fuga.
Não podemos asseverar que todo processo de defesa psíquica que vise negar a autêntica realidade humana seja algo patológico e nocivo.
Muitas almas não teriam a mínima saúde mental não fossem semelhantes recursos que, em muitas ocasiões, funcionam como um “escudo protector” que vai levando a criatura, pouco a pouco, ao conhecimento doloroso da verdadeira intimidade, até ter melhores e mais seguros recursos de libertação e equilíbrio.
No entanto, quando nesse processo existe a participação intencional das acções que visem impressionar os outros com qualidades ainda não conquistadas, principalmente para auferir vantagens pessoais, então se estabelece a hipocrisia, uma acção deliberada de demonstrar atitudes que não correspondem à natureza dos sentimentos que constituem a rotina de sua vida afectiva.
As vivências sociais humanas com suas exigências materialistas conduziram o homem à aprendizagem da hipocrisia.
A substituição de sentimentos foi um fenómeno adquirido.
O hábito de camuflar o que se sente tornou-se uma necessidade perante os grupos, e certas concepções foram desenvolvidas nesse contexto que estimulam a falsidade.
Convencionou-se, por exemplo, que homens não devam chorar, criando a imagem da insensibilidade masculina, em torno da qual biliões de almas trafegam em papéis hipócritas e doentios.
Certas profissões como a de educador, durante séculos aprisionadas nas sombras do mito, levaram à criação de um abismo entre educador e educando, que eram ambos obrigados a disfarçar emoções para respeitarem seus limites, impostos pela perversa institucionalização dos “super-heróis da cultura”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 25, 2018 8:19 pm

Naturalmente todos esses convencionalismos vêm sofrendo drásticas reformulações para um progresso das comunidades em direcção a um dia mais feliz e pleno de autenticidade nas atitudes humanas.
Acompanhando essas renovações de mentalidade na cultura, é imperioso que os líderes e condutores espíritas tenham a coragem de sair de seus papéis, perante a colectividade doutrinária e erguerem a bandeira do diálogo franco e construtivo acerca das reais necessidades que todos carregamos, rompendo um ciclo de “faz de conta”.
Ciclo esse que somos infelizmente obrigados a afirmar, tem feito parte da vida de muitos adeptos espíritas e até mesmo de grupos inteiros.
Sem qualquer reprimenda, vejamos esse quadro como sendo inevitável em se tratando de almas como nós, mal saídas do primarismo evolutivo.
Nada mais fizemos que caminhar para nossa hominização, ou seja, largar a selvageria instintiva e galgar os degraus da humanização – o núcleo central do aprendizado na fase hominal, a que estamos apenas penetrando.
Adquirir essa consciência de que a evolução não se faz aos saltos, e sim etapa a etapa, é um valoroso passo na libertação desse “vício de santificação”, essa necessidade neurótica que incutimos ao longo de eras sem fim, especialmente nas leiras religiosas, com o qual queremos passar por aquilo que ainda não somos.
Disso resulta o conflito, a dor, a cobrança, o perfeccionismo de todo um complexo de atitudes de auto-desamor.
Sejamos nós mesmos e não nos sintamos menores por isso.
Aparentar santificação para o mundo não nos exonera da equânime realidade dos princípios universais.
Ninguém escapa das leis criadas pelo Criador.
A elas todos estamos submetidos. Que nos adiantará demonstrar santificação para os outros, se a vida dos espíritas é um espelho da Verdade que nos trará, a cada um de nós, particularmente, como somos?
Se acreditamos, portanto, na imortalidade e sabemos da existência dessas “leis-espelho”, deveríamos então concluir que o quanto antes, para aqueles que se encontram na carne, tratarmos nossa realidade sem medos e culpas, maior será o bem que fazemos a nós mesmos.
Recordemos nesse ínterim, que a caridade para com o outro, conquanto seja extenso tributo de ajuste aos Estatutos Divinos, não é “passaporte de garantia” para a movimentação nas experiências da autoridade e do equilíbrio nos planos imortais.
Aprendamos o quanto antes de cultivar essa “sensação de salvação”, experimentada nos serviços de doação, também em nossos momentos de auto-encontro.
Essa conquista realmente nos pertence e ninguém pode tirar em tempo algum.
Viver distante da hipocrisia necessariamente não significa expor a vida íntima e as lutas que carregamos a qualquer pessoa, mas expô-las antes de tudo a nós mesmos, assumindo o que sentimos, os desejos que nutrimos, os sonhos que ainda trazemos, os sentimentos que nos incendeiam de paixões, os pensamentos que nos consomem as horas, esforçando-se por analisar nossas más condutas.
Por outro ângulo, esse mesmo processo de “detecção consciente” precisa ser realizado com novos valores, as decisões infelizes que deixamos de tomar, o sacrifício de construir uma actividade espiritual, os novos costumes que estamos talhando na personalidade, os sentimentos sublimes que começam a ensaiar projectos de luz na nossa mente, as escolhas que temos feito no bem comum.
Reforma íntima, como a própria expressão comunica, quer dizer a mudança que fazemos por dentro.
E jamais, em caso algum, ela se dará repentinamente, num salto.
A santificação é um processo lento e gradativo.
Cuidemos com atenção das velhas ilusões que nos fazem acreditar na “angelitude por osmose”, ou seja, de que a simples presença ou participação nos ofícios doutrinários é garantia de aperfeiçoamento.
Temos recebido na vida espiritual inúmeros companheiros de ideal, cuja revolta consigo próprios leva-os a tormentos patológicos de graves proporções, quando percebem um equívoco em acreditar que tão somente suas adesões às actividades de amor lhes renderiam o “reino dos céus”.
A ilusão é tão intensa que requer tratamentos especializados e longos em nosso plano.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:27 pm

E vejam, os meus amigos na carne, o que a mente é capaz, pois muitos desses corações poderiam intensamente se beneficiar das realizações a que se entregaram, podendo mesmo alguns obterem um trespasse tranquilo, todavia, sem excepção, estão esperando mais do que merecem; é quando surge a inconformação diante das expectativas de honrarias e glórias injustificáveis na espiritualidade.
Então esbravejam ao perceberem que são tratados com muito carinho e amor, a fim de assumirem sua verdadeira realidade de doentes com baixo aproveitamento na reencarnação, colhendo espinhoso resultado de seu auto-engano.
Espíritas amigos e irmãos, lembrai-vos de que todos estamos na Terra, planeta de testes infindáveis ao nosso aperfeiçoamento.
Mesmo os que nos encontramos fora do corpo ajustamo-nos a essa conotação evolutiva.
E nessa conjuntura o caminho da santificação se amolda à realidade do homem que nela habita.
Se, por agora, estivermos pelo menos nos esforçando para sair do mal que fazemos a nós e ao próximo, dirigimo-nos para essa proposta sagrada.
Todavia, se ansiamos por concretizar em mais larga escala as luzes de nossa santificação, lancemo-nos com louvor a outra etapa do processo e aprendamos como criar todo bem que pudermos em torno de nossos passos, soltando-nos definitivamente de todos os grilhões do terrível sentimento do fingimento, o qual ainda nos faz sentir que somos aquilo que supomos ser.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:27 pm

23 - SÓ O BEM REPARA O MAL
“Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno a senda do bem;”
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XXVII – item 21

O desejo do progresso é o princípio activo em todas as almas, induzindo a vontade para a ascensão nos domínios da evolução.
Embora faça parte do processo natural de aperfeiçoamento individual em todo ser humano, esse desejo toma conotações bem específicas, conforme a natureza das provas vividas na erraticidade.
Quanto mais dor e decepção no interregno entre as reencarnações, mais profundos anseios de mudança integrarão as aspirações desse coração em plena Terra, determinando alguns traços psicológicos.
Esse desejo é mais intenso naqueles que já regressaram arrependidos ao corpo físico.
Na verdade, todos retornamos ao carreiro físico com certo nível de arrependimento que intensifica esse anseio de melhora e reparação.
Assim sendo, volve-se ao corpo carnal com o olvido temporário dessas recordações, mas com expressiva soma de ideais de renovação, sustentados por esse “piso psicológico do remorso dinâmico”, nos recessos da vida mental.
Isso determina os motivos pelos quais para uns a reforma íntima é tão essencial em relação aos vários objectivos da existência, todavia, igualmente, explica a causa de tantos sentimentos que levam o homem ao sofrimento, quando ainda estagia no remorso sem o buril da vontade activa de reparar suas faltas.
Particularmente, a maioria de nós, que somos atraídos para a necessidade imperiosa de renovação perante a vida nas linhas do bem, quando no retorno à escola terrena, carreamos na intimidade uma pulsante aspiração de nos transformarmos, em razão das angústias experimentadas pelas duras revelações descerradas pela desencarnação.
O traço psicológico característico desse quadro é um forte sentimento de cobrança connosco mesmo.
Isso exerce uma pressão psíquica, facilmente percebida por vários incómodos durante todas as etapas da existência carnal, desde a infância até a velhice, somente atenuáveis pelo exercício do amor que modifica as paisagens da dor, através da edificação dos beneplácitos do bem aplicado e sentido.
Nesse torvelinho do “sistema psíquico de cobranças”, provocadas pelo “estado de arrependimento”, surgem dores emocionais profundas – sintomas de almas em crescimento.
Depressão e baixa auto-estima, insegurança e ansiedade muito frequentes são “angústias do aperfeiçoamento”, são alguns dos “castigos” a que se refere o Mestre Rivail, quando diz:
“Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta;” a marca mais saliente de suas manifestações pode ir desde uma suportável perturbação no halo energético da criatura através de purgação moderada ou mesmo de descargas electromagnéticas de intenso teor deletério, das distonias comuns da neurose, até ao câncer, a esquizofrenia, a artrite reumatóide, as ulcerações fulminantes, a AIDS, ao desequilíbrio glandular e neoroquímico-cerebral, causando parafrenias, paranóias e atrofias na saúde mental.
Outro “castigo psicológico” muito frequente é a inquietude interior, expressada em forma de contínua preocupação nascida do “nada”, sem utilidade racional ou explicável – reflexos típicos de reajustamento do espírito que se despe pouco a pouco do monturo de suas faltas.
Preciso se esclareça que não temos uma “caixinha de sentimentos guardados do passado”.
Sentimento é algo vivido no presente.
Não existe sentimento de culpa arquivado, existe morbo psíquico acumulado como resultado das “feridas conscienciais” que se espraiam para o corpo, transformando-o em um “dreno”.
Todo esse processo de desajuste pode fixar, de forma mais acentuada no psiquismo ou no cosmo biológico, os reflexos de sua acção , criando em muitos casos o encontro de ambas as perturbações, quando não há reacções favoráveis à recuperação da paz interior.
A cobrança é o estado de incómodo permanente criado pela presença quase contínua desse morbo psíquico no halo de energias subtis da mente, impedindo o fluxo natural das correntes da saúde, da harmonia e do amor a si.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:28 pm

É como se fossem “doses controladas” ou um “expurgo dirigido”.
Conquanto dolorosa, essa é a forma pela qual a alma resgata o vínculo entre sentimento e consciência, “rompido” pela artimanha aprendida de negar sentimentos para não “escutar” os alvitres da “voz interior” .
Nunca enganamos a consciência, porque ela é o tribunal infalível da Verdade em nós.
No entanto, desenvolvemos ao longo de milénios a “capacidade” de negar os sentimentos que ela nos envia, como sendo suas mensagens dirigidas ao bem.
O coração é o espelho da consciência.
Pelo que sentimos identificamos os apelos da consciência em favor do nosso progresso.
Recusando reincidentemente, em séculos de rebeldia, os seus alvitres pelas vias do sentir, estabelecemos o que nomeamos como “cristalização do afecto”, um desajuste nos reinos da vida mental que causa inúmeros transtornos psiquiátricos.
Arrepender-se é criar um elo entre o que sentimos e a “voz de Deus” na intimidade.
E somente um sentimento será capaz de consolidar esse resgate: o amor.
Sem amor não existirá transformação para melhor.
O auto-amor é a base da mudança pessoal.
Somente amando-nos venceremos a severidade com nossas imperfeições, escapando das garras da culpa e do perfeccionismo.
Somente amando-nos permitiremos a alegria com as pequenas vitórias de cada dia, acostumando a valorizar nossos esforços na aquisição do optimismo e da motivação para prosseguir.
Somente amando-nos encontraremos estímulos para caminhar um tanto mais.
Arrependimento é a via de redenção e ao mesmo tempo “castigo” para almas em reeducação.
Os arrependidos, conquanto o caminho da recuperação de si mesmos, experimentam larga dificuldade na auto-aceitação, cobram severamente de si em razão do sistema autopunitivo implantado pelo “morbo de culpa” agregado ao seu campo áurico e perispiritual, em mutações vibratórias similares a descargas de alta voltagem.
Uma insatisfação incessante, eis a faceta mais traduzível desse processo curativo do Espírito.
Esse quantum energético enfermiço é um dos factores causais da desarmonia dos neurotransmissores da química cerebral, como a serotonina e a noradrenalina.
Mesmo em desacordo com as definições da fisiologia e da psicologia humanas, tratamos aqui do arrependimento como sendo a “nossa maior conquista”, uma “virtude”, e não somente um estado mental passageiro que decorre de atitudes equivocadas.
É uma questão de decisão profunda para quem atingiu a saturação nas más escolhas que fez, repetidamente em desacerto com as Leis Divinas.
É uma “virtude” porque se trata de uma vitória substancial para que a alma, arraigada nos tormentos da ilusão, possa libertar-se dos resultados infelizes de suas atitudes milenares.
Por essa razão costumamos assinalar que para nós, criaturas em linha inicial de consciência e maturidade, especialmente para nós que abraçamos a causa espírita, nossa única qualidade é a de almas que nos arrependemos do mal e desejamos ardentemente o bem.
Que qualidade desenvolvemos senão a de cansarmos do mal deliberado?
Que condição seria capaz de endossar o retorno à vida corporal, senão o desesperado anseio de recomeçar e refazer acções?
Por que então o encanto ou delírio com traços sublimes que ainda não galgamos?
Acordemos para a Verdade espiritual que nos cerca e promovamos nosso distanciamento das ilusões de grandeza, as quais têm avassalado os conceitos sociais humanos que não asseguram sossego e luz ao coração cansado e sofrido por erros atrozes.
Sem medo, vergonha ou culpa verifiquemos os quesitos morais que fomos chamados a extirpar, e não nos sintamos diminuídos ou desvalorizados em razão dessa inadiável viagem de encontro ao “eu superior”.
Como elucida Kardec:
“Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe concede a esperança.
Mas, não basta o simples pesar do mal causado; é necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:28 pm

Aqui chegamos a um ponto clímax de nossa reflexão.
Somente aprender não basta, é preciso realizar.
Somente estagiar no desejo de melhora não é suficiente para o equilíbrio, é mister agir na construção do bem.
A reforma efectiva de nós mesmos depende de trabalho e obras.
Evitar o mal é a parcela inicial de um processo renovador.
Fazer o bem é a etapa que vem a seguir, pela construção do bem em nós mesmos.
Só o bem construído em acções pode ser sentido pelo coração, e somente sob a tutela das suas ondas renovadoras a alma, em ambos os planos existenciais, poderá talhar valores com mais intensidade no imo de si mesmo.
Vemos assim o valor incomparável das actividades doutrinárias de amor nos serviços sociais e nas práticas de espiritualização da doutrina espírita.
No campo fértil dos estímulos de elevação seja pelo estudo ou pela caridade sentida, o homem se ilumina e arregimenta forças subtis que o impulsionarão a mudanças profundas no reino da vida interior, as quais nem ele próprio, a princípio, terá como aquilatar.
“A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, com objectivo exclusivamente.”
“Só por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem o seu orgulho, nem nos seus interesses materiais.”
O arrependimento é a nossa maior conquista, porque através dele já estamos procurando a reparação pelo labor no bem e pela reeducação dos costumes.
Somente dessa forma somos capazes de vencer um dia após o outro, sem desanimarmos da oportuna semeadura de amor que começamos a plantar, independente das tormentas interiores provocadas pelo bisturi das “dores emocionais” que venhamos a experimentar.
Só o bem repara o mal.
Só o bem nos dará energias essenciais para continuar.
Concluímos, portanto, que lutar e tentar, errar e recomeçar fazem parte da longa caminhada regenerativa, e somente uma atitude pode fazer com que o arrependimento transforme-se em loucura ou perturbação, fracasso ou queda: a desistência de tentar, pois assim transformaremos o arrependimento impulsionador em remorso estagnante e tortura mental a caminho do desajuste...
Trabalhemos incessantemente pelo bem.
E se algum de nós ainda nutre dúvida sobre o que seja o bem, guardemos a eloquente e universal fala do Espírito Verdade:
“Jesus disse:
vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem.
Tu do se resume nisso.
Não vos enganareis.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:28 pm

24 - ÍCONES
Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil:
a prática do culto exterior.

o Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XVIII – item 2

A palavra integral significa por inteiro, total.
Quando mencionamos o homem integral, estamos referindo ao ser na sua completude, a integração de todas as suas “partes” num todo.
O homem integral harmoniza os seus opostos e resgata a sua “identidade original”, já que ao longo da caminhada evolutiva estruturou uma imagem “irreal” do Eu Divino no espelho da vida mental que nomeamos como “falso eu”, com a qual temos caminhado há milénios no trajecto da evolução.
A vida é dialéctica, tem aparentes contradições, porque consiste de opostos que são, em verdade, complementares.
Basta observar:
noite e dia, vida e morte, verão e inverno, razão e intuição, bem e mal, claro e escuro, masculino e feminino.
Sem os opostos não existe a vida.
Aprendemos, no entanto, a estabelecer divisões, uma visão cartesiana de partir o indivisível, estabelecendo assim a luta contra o que se convencionou considerar como sendo mau, não aceitável, feio e inutilizável.
Nasce então o conflito, a perturbação, a cobrança.
Olhar “as duas faces da moeda” é uma grande sabedoria de vida.
É uma atitude saudável a ser cultivada com cuidado no processo de transformação, que é a grande razão de nossa peregrinação pela Terra.
Luz e sombra são opostos, no entanto, uma depende da outra, assim como o passo da perna direita depende do passo da perna esquerda.
Luz e sombra, perfeição e imperfeição são faces de uma mesma estrutura da alma, razão pela qual será impróprio adoptar o conceito de eliminação para os assuntos da vida interior.
Nunca eliminamos uma “parte”, a integramos.
Contudo, esse processo de integração gera um doloroso sentimento de perda, necessário ao progresso.
Perde-se o velho para construir o novo.
Na verdade efectuamos uma reconstrução marcada por etapas desafiantes.
Perde-se a “velha identidade” e não se sabe como construir “o que se deve ser agora” a “nova identidade”.
O conhecimento espírita é uma mola propulsora de semelhante operação da vida mental.
Ao adquirir a noção da imortalidade, a alma sensibiliza-se para novas escaladas.
Decide pela transformação, mas observa de pronto que mudar não é tarefa simples, que se concretiza de hora para outra.
Assim, enquanto a criatura não constrói o homem novo e singular, único e incomparável que todos deveremos erguer na intimidade, ocorre um natural processo de imitação que o leva a “fazer cópias” de conduta do que lhe parece ser ideal.
São os “estereótipos espíritas” – referências que adoptamos, espontaneamente, para avaliar o proceder perante a nova visão da vida.
Por um tempo esse será o caminho natural da maioria dos candidatos à renovação de si mesmos.
Carecem de referências externas que funcionam como bóias indicadoras para sua elaboração interior dos conhecimentos novos.
Um livro, um palestrante, um devotado seareiro da caridade ou mesmo um amigo espiritual poderão se tornar bússolas para o progresso pessoal, o que é muito natural.
Porém, semelhante identificação natural pode adoecer em razão de vários factores dolorosos para a alma em reforma íntima, ensejando que essa relação educativa com os referenciais caminhe para matizes diversos.
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