LUZ ESPÍRITA
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Laços de Afecto - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:27 pm

Laços de Afecto
Wanderley S. de Oliveira

DITADO PELO ESPÍRITO Ermance Dufaux

“Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros”.
Jesus – João, capítulo 13, versículo 35

Sumário

Apresentação = Harmonia Interior
Laços de Afecto deflagra uma série que carinhosamente intitulamos “Harmonia Interior”, cujo objectivo é enfatizar particularidades contidas dentro do universo de sabedoria das obras elementares da revelação nova do Espiritismo.
Nesse projecto somamos esforços num grupo de corações que palmilharam as vivências da educação e ciências afins, todos, além de dispostos, muito esperançosos e felizes por terem a benfazeja oportunidade de estabelecer pontes com o mundo físico, cooperando com nossas teorias, agora redimensionadas pela óptica da Imortalidade na qual estagiamos em exuberante vida e plenitude.

Prefácio = O Milénio de Jesus
Sociedades espíritas fraternas só serão construídas por homens e mulheres mais dóceis e cordiais, mais confiantes e afáveis, mais amigos e amáveis.
A criação dessas novas relações é garantia de uma aprendizagem mais sólida e bem aproveitada em nossas casas espirituais, facultando melhor assimilação dos conteúdos doutrinários e sua consequente aplicação no desenvolvimento de habilidades morais e emocionais, tão escassas na convivência entre as criaturas perante a pressão das lutas da vida terrena.
Teremos assim, mais afecto, melhor ambiente e bem-estar para conviver e maior motivação para servir e aprender!


Última edição por Ave sem Ninho em Qua Abr 28, 2021 9:40 am, editado 2 vez(es)
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:27 pm

PRIMEIRA PARTE
A Pedagogia do Afecto na Educação do Espírito

Capítulo 1 = A Pedagogia do “Ser”
Aprender a amar é pois a competência essencial que deveria fundamentar quaisquer conteúdos de nossas escolas espirituais.
Aprender a amar o próximo, aprender a amar a si, aprender a amar a Deus.

Capítulo 2 = Aprender a Amar
Não existe Amor ou desamor à primeira vista, e sim simpatia ou antipatia.
Amor não pode ser confundido com um sentimento ocasional e especialmente dirigido a alguém.
Devemos entendê-lo como O Sentimento Divino que alcançamos a partir da conscientização de nossa condição de operários na obra universal, um “estado afectivo de plenitude”, incondicional, imparcial e crescente.

Capítulo 3 = Pestalozzi e a Educação do Coração
A visão “Pestaloziana” de educar, além de precursora, é perfeitamente compatível com a meta maior do Espiritismo, ou seja, o melhoramento moral da humanidade, a educação integral do homem bio-sócio-psíquico-espiritual.

Capítulo 4 = Kardec e a Educação Integral
O objectivo maior da vinda do homem à Terra é a sua melhora espiritual.
Tal mister só será planificado na medida em que aprender a amar, porque o Amor é o decreto sublime do universo para o crescimento e a felicidade de todos os seres.

Capítulo 5 = Maioridade Afectiva
A “reconstrução do afecto’, portanto, é factor de reeducação do coração que vai burilando e refazendo as vivências, dia após dia, através da convivência na busca do abastecimento da sensibilidade.

Capítulo 6 = Educação do Afecto
Força descomunal tem a o afecto sobre a inteligência dos raciocínios, manifestando a intuição, a fé e a capacidade de escolha com mais sintonia com o bem.

Capítulo 7 = Corrosivos da Sensibilidade
Existem sulcos psico-emocionais profundos no “aparelho mental” que funcionam activamente como “inibidores do afecto”, compondo entraves vigorosos nas fibras da sensibilidade junto ao sistema da afectividade do ser integral.
Adquiridos em milénios de renitente rebeldia no erro, tais óbices fazem parte desse desafiante processo auto-educativo nos rumos da aquisição do património do Amor.

Capítulo 8 = Desenvolvimento da Sensibilidade
Jesus, na condição de eminente psicólogo, asseverou que por causa da iniquidade o Amor de muitos esfriaria, conforme se lê em Mateus, capítulo 24, versículo doze.
Essa iniquidade também presente na seara espírita não deve nos impedir a idealização de projectos doutrinários nas agremiações, cujo perfil seja centrado em relações afectuosas e compensativas.

Capítulo 9 = Centro Espírita e Afecto
Como o centro espírita pode ajudar no fortalecimento de laços de amor entre seus integrantes?
Como pode auxiliar na dilatação da sensibilidade?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:28 pm

Capítulo 10 = Kardec e a Unificação
Após viagem cansativa é recebido em Bordeaux, Lyon, por um casal simples e amorável e, naquele instante magnânimo de aperto de mãos, sela-se entre o Sr. Rivail - aristocrata de Yverdon - e aquele operário humilde um clima de concórdia e respeitabilidade que jamais se apagou na retina mental de ambos.
Ali consagrou-se, no regime do mais puro amor, o primeiro encontro de dirigentes espíritas que consolidou laços de estima e duradoura fraternidade - alma das ideias espíritas.


SEGUNDA PARTE
Caminhos do Amor na Convivência

Capítulo 1 = Humanização na Seara Espírita
Quando falamos em humanização, referimo-nos à contextualização, que é oferecer aos profitentes espíritas os instrumentos para que possam fazer dessa informação espírita a sua transformação espiritual.
Conhecimento no cérebro quando é contextualizado tem o nome de saber.
E saber, em outras palavras, quer dizer aprender as respostas e os caminhos para desenvolver seus potenciais humanos na edificação da felicidade própria e daqueles que nos rodeiam.
O saber é o conhecimento intelectivo que foi absorvido pelo coração.

Capítulo 2 = Relações Sócio-afectivas
A presença de pessoas afectuosas em nossas vidas nunca é esquecida, cria “marcas”, deixa lembranças para o futuro e é forte dose de estímulo ao idealismo superior no presente.
Sobretudo, essas pessoas deixam saudades...
E saudade é o sentimento de quem sente falta de alguém.
Amigos verdadeiros deixam saudades...

Capítulo 3 = Amor e Alteridade
Isso é alteridade: o estabelecimento de uma relação de paz com os diferentes, a capacidade de conviver bem com a diferença da qual o “outro” é portador.

Capítulo 4 = Recepção, Atendimento e Integração
Espontaneidade com moderação, preparo interior pela oração para espargir magnetismo salutar, conhecimento das necessidades alheias, disposição íntima de ser útil e servir, finura de trato, o sorriso afectuoso, são algumas das directrizes dos recepcionistas fraternos.

Capítulo 5 = [i]Comportamentos Hipócritas

Eis um assunto para nossos debates.
Como ajudar esses trabalhadores?
O centro espírita tem arregimentado um programa para ensinar a transformação íntima?
Tem havido clima nos grupos para que os tarefeiros possam dialogar construtivamente sobre seus conflitos?
Ou temos nos iludido, transferindo responsabilidades pessoais para as acções obsessivas de desencarnados?

Capítulo 6 = Habilidade Essencial
Jesus, como sempre, é o modelo.
Em momento algum do seu ministério de Amor o percebemos em atitude de destaque ao mal; embora astuto e vigilante, sabia sempre onde ele se ocultava e procurava erradicá-lo sem que o evidenciasse.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:28 pm

Capítulo 7 = Condutores Afectuosos
Como dispõem sempre de afecto cristão, fazem-se fonte de estímulo, esperança e directriz no encaminhamento das soluções a quem recorrerem os que lhe partilham a convivência.

Capítulo 8 = Rebeldia, Matriz de Distúrbios
Com felicidade indaga o lúcido Allan Kardec na referência de apoio:
Que adianta conhecer o Espiritismo e não se tornar melhor?
Façamos continuamente essa auto-avaliação para jamais esquecermos que as linhas libertadoras do comportamento espírita vão bem além do dever, penetrando as esferas do amor incondicional e da humildade obediente aos desígnios do Pai.

Capítulo 9 = Cuidados de Amor
Cuidar é uma palavra que merece atenção especial de todos nós.
Os cuidados com a vida, com o próximo, com a natureza e connosco próprio traduzem a atenção e o empenho para com as questões pertinentes ao coração e às responsabilidades de cooperadores na obra do universo.

Capítulo 10 = Meditação Emocional
A meditação emocional é uma forma de lidarmos com a afectividade, estimulando-a sob a influência de visualizações mentais criativas, sadias e moralmente enobrecedoras.
Por isso, inserimos abaixo pequenas frases indutivas que poderão servir de intróito para projectarmos a mente no dia-a-dia da faina doutrinária, e extrairmos os conteúdos de reavaliação e auto-exame, brindando-nos com pequenos lampejos no despertamento do afecto.

Capítulo 11 = Resgatando os Sonhos
Nesse prisma, a função do centro espírita será resgatar a capacidade de sonhar e instrumentalizar o homem de recursos morais-espirituais, que o auxiliem a tornar reais os seus ideais nas linhas do dever e da libertação incorruptível.

Capítulo 12 = Divergência e Dissidência
A divergência de ideias é uma necessidade a quaisquer grupos ou pessoas que desejem o crescimento real.
Onde todos pensam uniformemente há muito campo para o radicalismo de opiniões, à dissimulação de sentimentos e à fragilidade de elos emocionais para formação de relações sadias.
Saber conviver com opiniões contrárias é saber emitir ideias sem a carga emocional da vaidosa pretensão.

Capítulo 13 = Paixão e Amor
O verdadeiro amor, ao contrário de tudo isso, é uma construção lenta, feito dia após dia, é um desenvolvimento efectivado pela entrega integral e a responsabilidade com os deveres assumidos junto ao outro.
É uma parceria que tende a crescer, na medida em que o par ou grupo cultivam os valores da cooperação espontânea, do apoio incondicional, da valorização mútua, do diálogo e outros tantos caminhos que fazem da relação uma amizade preciosa e boa de viver, sem os ímpetos infantis e arriscados da paixão.

Capítulo 14 = O Teste dos Cargos
Allan Kardec não se furtou de aplicar sobre ele a sua lente de observações sensatas e meticulosas.
Vejamos que em nosso item de apoio, no capítulo 29 de O Livro dos Médiuns, o Codificador constata a relação existente entre o título de sócio e a visão pessoal que pode estabelecer perturbações ao conjunto, quando o cargo é utilizado para fazer valer direitos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:28 pm

Capítulo 15 = Espíritas no Além
“Filha, os dramas espirituais são resultados da semeadura terrena, obrigando o lavrador da vida a colher os frutos do que plantou, conforme a lei dos méritos.
Assim sendo, o maior drama daqueles que se internam na “Enfermaria do Espiritismo” não está na infeliz colheita de sofrimento aqui na vida extrafísica, mas sim no dia a dia da experiência terrena quando recusam-se, na condição de doentes, a ingerir o remédio da renovação interior.
Conscientes do que existe para além da morte, deveriam submeter-se a urgente metamorfose afectiva, accionando os recursos da educação com vontade firme e muita oração.
O esclarecimento, mesmo constituindo luz e lenitivo, por si só, não basta ao sublime tentame.”

Capítulo 16 = Sob a Luz do Amor
A despeito de erguermos juntos o estandarte da caridade, vezes sem conta abandonamos o imperativo de aplicá-la também nas nossas relações com quantos nos partilham o clima das actividades doutrinárias.

Capítulo 17 = Severa Inimiga
Como acentua o lúcido Kardec, agem através de “surdos manejos, que passam despercebidos’, e no campo do afecto “espalham a dúvida, a desconfiança e a desafeição”.
São instrumentos da cizânia.
Sentindo-se inferiorizados face às comparações que estabelecem com os bem-sucedidos, destacam os aspectos menos úteis da acção alheia...

Capítulo 18 = Flexibilidade nos Julgamentos
Difícil tema dos relacionamentos, porque além de convivermos com aquilo que os outros pensam que somos, ainda temos que separar aquilo que pensamos que somos, daquilo que realmente somos, deixando claro que nem mesmo nós próprios, em muitos lances, sabemos avaliar com a precisão necessária as causas de nossas acções.

Capítulo 19 = Nos Leitos da Caridade
Estudemos mais sobre a caridade relacional e compreendamos melhor os benefícios da vivência do afecto em favor de nosso futuro espiritual, porque então descobriremos, pelo estudo e pela vivência, que amar é vigoroso preventivo que elimina grande parte de nossas dores provacionais na escola da convivência.

Capítulo 20 = Plenitude na Gratidão
Ser grato é ser melhor e crescer; é ter na lembrança os benfeitores de ontem, é aprender a fixar-se nas circunstâncias felizes da existência, é devolver à vida os créditos que nos beneficiaram, é aprender a superar queixas e desgostos com a reencarnação dilatando o Espírito de desprendimento e aceitação, sem deixar de buscar o progresso.

Capítulo 21 = Melindre nos Centros Espíritas
As criaturas educadas emocionalmente têm sempre respostas adequadas ao teste do melindre.
Reagir com equilíbrio, elaborar soluções criativas aos impasses e agir com espontâneo amor são respostas de quem é dotado de farta inteligência emotiva, lograda em refregas nas vivências do Espírito que amadureceu para a vida, O melindre é a pobre resposta do sentimento agredido.

Capítulo 22 = Casas ou Grupos?
O centro espírita, enquanto Casa, precisa reciclar seus paradigmas, contextualizar seus métodos, renovar sua forma de agir e decidir, agilizar suas actividades para atendimento dos inumeráveis e surpreendentes desafios que ora solapam as vidas humanas com dores acerbas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:29 pm

Capítulo 23 = Calabouços dos Sentimentos
Dá-lhe tudo que tens, assim como fez a viúva pobre do Evangelho, depositando nesse coração que esmola carinho e piedade, a honra das atitudes nobres, ensejando-lhe uma mensagem, pelo exemplo, de que se pode amar sem possuir e gostar sem dominar, conclamando-o a comportamentos novos, íntegros moralmente.

Capítulo 24 = Amizade, Elixir dos Relacionamentos
Essa ausência de ternura entre os membros de um mesmo núcleo, guardando distanciamento, é empobrecedor para nossas realizações.
Quando os componentes se amam, se conhecem, quando se estabelecem relações de confiança e respeito, as actividades ganham viço, estímulo, produtividade.

Capítulo 25 = Elos Entre Dois Mundos
Como tens acolhido os desencarnados?
Como dispensar afecto a quem não se vê na vida extrafísica, se não dispões a cativar os que ombreiam contigo na vida da carne?
Que recepção terão os que vagueiam itinerantes em busca de rota e luz, se a ancoragem na casa espírita é feita entre farpas de discórdia e do entrechoque de ideias, em litígios enfermiços entre seus próprios trabalhadores?

Capítulo 26 = Benefícios do Conflito
Os homens estiveram em desatinado conflito com Jesus, com suas ideias, com suas movimentações, embora Ele, pacífico e sereno, conduzia os provocantes a mergulharem em si mesmos e a descobrirem suas insatisfações, frustrações e as raízes de suas emoções perturbadoras, com as quais intentavam afectar o equilíbrio do Mestre.

Capítulo 27 = Homogeneidade no Grupo
Grupos homogéneos são os que guardam uma certa atracção para um ideal comum, um objectivo claro, e que têm uma visão compartilhada de seu futuro, de onde querem chegar, para onde se dirigem.
Em torno desse ideal compartilhado, nascido de dentro para fora e constituindo as aspirações de todos, tem-se a chave da homogeneidade.

Capítulo 28 = Auto-Amor
Aprender o auto-amor é arar a terra mental para “ser”.
Quando o lograrmos, recuperaremos a serenidade, o estado de gratificação com a vida, a compreensão de nós mesmos, porque o sentimento será então um espelho translúcido das potencialidades excelsas depositadas em cada um de nós pela “inteligência suprema do universo”.

Capítulo 29 = Humanização e Segurança
Por isso, se verdadeiramente queremos segurança e estabilidade, busquemo-la na vivência do afecto, e afecto não se desenvolve sem convivência e proximidade, sem permuta e disposição de aprender, sem servir e trabalhar.
Eis porque as actividades assistenciais de nossa Seara, entre inúmeras vantagens, propicia ao homem solitário e inseguro vigorosos estímulos não encontrados em quase nenhuma experiência social.

Capítulo 30 = Educandário do Amor
Nesse comenos chamamos a atenção de grande parte de nossos dirigentes espíritas que têm ouvido e amparado muitos corações, não possuindo, por sua vez, quem lhes possa orientar ou avaliar seus esforços.
Sozinhos, sentindo-se na obrigação de darem o melhor de si, terminam por chafurdar-se em posturas de aparente vitalidade moral; entretanto, seu mundo interior, frequentemente, deambula para as fronteiras com o colapso da sua saúde mental e afectiva.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:29 pm

Apêndice 1 = Campanha pelo Amor
A vitória sobre o maior inimigo do homem, o egoísmo, solicita a renovação dos modelos institucionais e a transformação do comportamento na aquisição de novos valores que o capacitem para longa batalha interior.
Recriar as relações e repensar a sistematização das nossas organizações espíritas são investimentos sólidos, que atendem ao programa inspirado sob a tutela do incansável Bezerra de Menezes, no atendimento às “novas determinações” do Espírito Verdade, a fim de construirmos, no futuro, um movimento espírita plenamente identificado com a mensagem de Amor trazida por Jesus à humanidade há dois milénios, e actualizada pelo trabalho nobre de Allan Kardec.

Apêndice 2 = Programa de Bezerra de Menezes pelos Valores Humanos no Centro Espírita
O núcleo espiritista deve sair do patamar de templo de crenças e assumir sua feição de escola capacitadora de virtudes e formação do homem de bem, independentemente de fazer ou não com que seus transeuntes se tornem espíritas e assumam designação religiosa formal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:30 pm

Apresentação
Harmonia Interior

“Convidamos, pois, todas as Sociedades Espíritas a colaborar nessa grande obra.
Que de um extremo ao outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos e eis que terão colhido o mal em inextricáveis malhas.

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 350

Pestalozzi estabeleceu em sua filosofia o princípio da interacção afectiva como fonte estimuladora da cognição e da aprendizagem.
A autora de Laços de Afecto segue-lhe os passos e preceitua, como fio condutor de suas abordagens, as relações afectivas que ensejam uma convivência educativa e plenificadora.
Esse interaccionismo na vida relacional, pródigo de Amor, constitui a essência da educação onde quer que ele se manifeste nas actividades humanas, conquanto Ermance Dufaux ressalte o centro espírita na condição de escola em potencial para a construção de relacionamentos afectuosos, libertadores e gratificantes.
Chama a comunidade espírita para uma reflexão sobre a necessidade de se criar metodologias e mecanismos que incentivem o cultivo da amizade e da fraternidade, como esteio aos projectos do bem levados a efeito por essas entidades.
Vínculos emocionais superiores despertam forças sublimes do ser que apelam para condições excepcionais de sensibilidade para vir a luz.
Por outro prisma, bloqueios que dormitam há séculos nas zonas abissais da subconsciência solicitam elos consistentes de confiança e respeito, para ebulirem sob cuidados que funcionarão como extrema medicação profiláctica.
Ermance, discreta por estilo, procura quase sempre evitar citações nominais, embora sua pesquisa se inspire em muitos pensadores que abrilhantaram as academias humanas na conquista de sólidos saberes para o progresso social.
É assim que, sofrendo as necessárias adaptações e abstraindo-se da técnica, ela busca subsídios em Carl Gustav Jung, Sigmund Freud, Jean Piaget, Howard Gardner, Daniel Goleman, Emmanuel Lévinas, Vygotski, Jürgen Habermas, Antoine de Saint Exupery, apenas para citar alguns dos expoentes a que recorreu em seu trabalho.
Deve-se frisar, no entanto, que a base estrutural de sua literatura é Pestalozzi, o senhor Allan Kardec e Jesus, o pedagogo sublime e insuperável.
Laços de Afecto deflagra uma série que carinhosamente intitulamos “Harmonia Interior’, cujo objectivo é enfatizar particularidades contidas dentro do universo de sabedoria das obras elementares da revelação nova do Espiritismo.
Nesse projecto somamos esforços um grupo de corações que palmilharam as vivências da educação e ciências afins, todos, além de dispostos, muito esperançosos e felizes por terem a benfazeja oportunidade de estabelecer pontes com o mundo físico, cooperando com nossas teorias, agora redimensionadas pela óptica da Imortalidade na qual estagiamos em exuberante vida e plenitude.
Semelhante iniciativa vem em boa hora, considerando os avanços culturais do mundo nesse sector; justo agora em que a UNESCO prioriza a inspirada directriz dos pilares educacionais para a humanidade do século 21, propostos pelo relatório Jacques Delors (1).
Inaugura-se um tempo novo para os roteiros e currículos de aprendizagem assentados nos quatro pontos:
aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a conhecer, em favor de uma educação mais humanitária e centrada em valores e habilidades do homem, assumindo sua verdadeira condição de sujeito de sua jornada de crescimento em direcção à felicidade e à paz.
Agradeçamos juntos a Deus, Pai de Amor infinito, pelas perspectivas de Laços de Afecto através da palavra confortadora e afectuosa, repleta de estímulo e ponderação, de nossa amiga Ermance.
Ante a responsabilidade que nos aguarda, renovemos nossos ideais e caminhos para atendermos ao convite sábio exarado pelo senhor Allan Kardec há mais de cento e quarenta anos, trabalhando para que todas as sociedades espíritas colaborem na grande obra regenerativa da humanidade, solidificando, primeiramente, entre suas paredes o clima do Amor cristão e humanitário, envolvendo em seguida todas as demais instituições similares, de um a outro extremo do mundo, com abundante fraternidade, dissipando as sombras do mal.

(1) A fundação francesa Jacques Delors se encarregou de organizar o relatório desenvolvido por vários especialistas de todo o mundo, que compõem a Comissão Internacional sobre Educação para o Século 21.
Este relatório, concluído em 1996 é a base da UNESCO para orientar seus projectos de acção.
Maiores informações no livro “Educação - Um Tesouro a Descobrir’ - Editora Cortez - MEC.

Helena Antipoff

25 de Fevereiro de 2001
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:30 pm

Prefácio

O Milénio de Jesus
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”.
Jesus, Mateus, capítulo 5, versículo 8

Com essa obra homenageamos os dois mil anos do nascimento de Jesus comemorados hoje na Terra.
Celebramos a data relembrando o Amor - cerne das propostas educacionais do Mestre.
E a inspiração para nossas anotações buscamo-la no Seu discípulo da Era Nova, Allan Kardec, tomando por base o excelente tratado de vida interpessoal contido no capítulo 29 de O Livro dos Médiuns, “Das Reuniões e das Sociedades Espíritas”.
A actualidade das questões enfocadas pelo Codificador sobre relacionamentos entre companheiros de ideal é roteiro consistente e seguro para a edificação da convivência harmoniosa.
Objectivamos, em “Laços de Afecto”, propor a meditação e o estudo conjunto a partir de factos colhidos aqui e acolá, na faina doutrinária, destacando a importância da afectividade como degrau para autênticas relações de Amor e base para a criação de um clima espiritual ideal nas instituições fraternais do Espiritismo.
A afectividade é tema de profundos estudos e pesquisas científicas na humanidade, porém, objectivando conduzir os textos para o coração e a meditação, abstraímo-nos do rigor técnico que exigiria pesquisa intelectual dos conteúdos abordados, tarefa essa que vem sendo desenvolvida por competentes cooperadores, em ambos os planos de vida, com expressiva clareza e utilidade.
Alertamos os leitores, especialmente os espíritas, para evitarem conceber nossas abordagens como “manual prático de vida”, transformando os apontamentos em psicologismo ou regras de felicidade imediata.
Chamamos a atenção para esse ponto por constatarmos uma tendência humana a “canonizar” ideias provenientes de intercâmbios mediúnicos, convertendo-as em caminhos colectivos da verdade ou normas de soluções fáceis ante os problemas da existência.
Cada um deverá absorver nessa ou naquela consideração algo que contribua para seu crescimento, utilizando sempre a “relativização” do saber, do entendimento e da experiência.
Portanto, nada além fizemos que reunir temas sugestivos para o debate amigo e sincero entre equipas de serviço e estudo, priorizando ângulos que emergem como imperativos misteres nas agremiações bafejadas pela luz espírita.
Pinçamos alguns itens de valor do capítulo 29 de O Livro dos Médiuns, e sugerimos o estudo minucioso desse texto da obra basilar, por acreditarmos que constituirá investimento incomparável para a instrumentalização das equipes espiritistas.
Educadores e outros especialistas maduros e cônscios de seus deveres sociais e espirituais poderão, no futuro, contribuir em muito para o desenvolvimento de nossas ideias, levando ao centro espírita os recursos diversos de sensibilização e aprimoramento relacional entre as criaturas, colaborando com o desenvolvimento da vida afectiva em suas nuanças através de técnicas que facilitem a compreensão das “leis e mecanismos do coração”.
Programas educativos do afecto farão parte dos círculos de Amor do Espiritismo em tempo não muito longínquo...
Sociedades espíritas fraternas só serão construídas por homens e mulheres mais dóceis e cordiais, mais confiantes e afáveis, mais amigos e amáveis.
A criação dessas novas relações é garantia de uma aprendizagem mais sólida e bem aproveitada em nossas casas espirituais, facultando melhor assimilação dos conteúdos doutrinários e sua consequente aplicação no desenvolvimento de habilidades morais e emocionais, tão escassas na convivência entre as criaturas perante a pressão das lutas da vida terrena.
Teremos assim, mais afecto, melhor ambiente e bem-estar para conviver e maior motivação para servir e aprender!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jul 27, 2018 8:30 pm

Os resultados serão percebidos e sentidos na dilatação da criatividade para soluções dos problemas, na solidariedade aos projectos de Amor desenvolvidos por outros colaboradores, na superação das fronteiras institucionais, no suporte emocional às lutas individuais para alcançar as metas de melhoria interior e, sobretudo, na disposição com os deveres assumidos junto à comunidade que serão executados com mais comprometimento e cuidados nascidos na prestabilidade espontânea.
Assim, laços de confiança e fraternidade tecidos com o fio da sensibilidade resultam em alegria para os encontros, ânimo para a luta diária, força para os instantes de fragilidade e prova, e inclinação para o altruísmo no rompimento dos costumeiros limites, aos quais, quase sempre, guindamo-nos sob o domínio do egoísmo pessoal ou grupal, distanciando-nos uns dos outros na Vinha que é a mesma, e é de todos...
Trabalhar por essa meta é o desafio que a todos nos compete ante as responsabilidades delegadas pelo Divino Rabi e pelo exemplar Allan Kardec.
As bases fraternais na convivência entre os espíritas são os sinais da esperança acenando com as melhores perspectivas nos serviços a serem encetados no porvir do terceiro milénio.
Essa é a única garantia de relações capazes a empreendimentos enobrecedores no campo do Espírito.
Trabalhar nas fibras do sentimento, para desenvolver o potencial do afecto cristão, significa direccioná-lo para realizações elevadas do relacionamento na expansão do “ser” - árdua tarefa reeducativa, considerando-se os extensos reflexos de narcisismo e paixão vividos por nós ao longo dos séculos.
Sociedades espíritas afectivas só se concretizam com corações dispostos a amar, e o Amor é susceptível de “treino” e educação para a consolidação de uma conduta amorosa, libertadora e preenchedora.
O Espiritismo abre-nos as portas do entendimento esclarecendo a razão para compreendermos Deus, mas após milénios de naufrágios nas águas turbulentas do religiosismo sem Amor, convém-nos, além de “saber Deus”, o “sentir Deus”, pois é pelas vias sagradas do sentimento que ocorre a fixação dos valores Divinos em nós, conduzindo a crença para os domínios da fé racional, transformando o coração no espelho daquilo que realmente lograremos ser, orientando-nos sempre pelas luzes da imortalidade da alma.
O “Guia e Modelo”, consciente desse assunto, exarou que quem mantivesse o coração limpo veria a Deus, e ver Deus é criar a sublime empatia com Sua obra, vibrando em uníssono com Sua criação, condição essa somente alcançada quando envolvemo-nos na aura do Amor.
O centro espírita, como unidade social do Espiritismo, precisa ser promovido a esse patamar de “escola de afecto cristão”, a fim de não estancar na superficialidade da proposta do Espírito Verdade para a humanidade do terceiro milénio, onde a afectividade será o centro das esperanças de um tempo melhor e a bússola segura para encontrarmos a felicidade em relacionamentos gratificantes e libertadores.
Espiritismo estudado, preciosa chave da informação no cérebro. Espiritismo sentido, alforria espiritual pela transformação do coração.
O terceiro milénio será o verdadeiro tempo de Jesus, liberto do dogmatismo e das negativas tradições passadas, vivido em Espírito e realidade.
Esperançosa em ter colaborado, mesmo que palidamente, com esse objectivo de instaurar um novo tempo para nossas agremiações, muito nos alentará saber que nossas palavras, pelo menos, serviram para deixar claro que a grande causa de nossas vidas é o Amor uns pelos outros acima de quaisquer postulados de carácter doutrinário ou religioso, conforme já fora asseverado pelo Pastor de nossas vidas:
“Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem”.
Dois milénios sem ti Senhor, dois milénios que proclamamos teu nome sem honrar-te os ensinos.
Ampara-nos para fazermos nos augúrios do terceiro milénio a era do Espírito imortal, ensejando nosso encontro contigo.
Fortalece-nos para transformarmos nossos grupos em celeiros de paz e harmonia, lídimos Educandários do Amor, fiéis a teus postulados, conduzindo a sociedade para um milénio de justiça e lucidez sob a égide de Tua bonança.
Auxilia-nos Senhor a limpar nosso coração para merecermos a tão almejada condição de Bem-aventurados.

Obrigado Jesus pelo Teu Amor durante esses últimos dois mil

Ermance Dufaux

25 de dezembro de 2000
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 28, 2018 7:18 pm

PRIMEIRA PARTE
A Pedagogia do Afecto na Educação do Espírito

Capítulo 1 - A Pedagogia do “Ser”
Jesus, o Mestre.
Nós, os aprendizes.
A reencarnação, sublime matrícula no aprendizado.
A Terra, incomparável escola do Espírito.
O Amor, lição essencial.
O afecto, pedagogia do ‘ser”.
O centro espírita, excepcional núcleo educativo da alma.
Eis uma síntese a qual nos propomos desenvolver nessa Primeira Parte, destacando as nossas agremiações doutrinárias como educandários, sem precedentes na sociedade, para o desenvolvimento da competência essencial do Amor.
O afecto é um dos pilares do desenvolvimento humano saudável.
Uma habilidade que abre largas portas para a entrada do Amor, porque ser afectivo é laborar com o sentir.
Diríamos assim que a afectividade é um degrau para o Amor.
E amar é desenvolver-se para “ser”, verbo que traduz o existir Divino ou existir para a felicidade.
“Ser” é educar-se, externar o amplo contingente de valores e potencialidades celestes que dormitam há milénios em nosso eu Divino, que nos conduzem ao destino glorioso de Filhos de Deus, à plenitude. Portanto, a pedagogia do “ser” tem no afecto um de seus principais potenciais didácticos.
Ninguém pode “ser” permanecendo agrilhoado aos trâmites expiatórios do “sentir mórbido”, ou seja, essa forma inferior de viver a vida do “homem fisiológico”, voltado somente para as sensações, o prazer, a competitividade selvagem.
Afecto é uma força da alma de incalculável poder. Sua boa utilização demanda sólida formação moral para que o vigor dos sentimentos seja abençoada estrada de libertação nos passos das atitudes.
Esse ‘existir humano” apela para valores nobres a fim de consagrar uma ética do “ser” em identidade com aquilo que de fato é “ser”.
Verificamos assim o quanto é relevante o papel do centro espírita, associação que busca, essencialmente, burilar o carácter, a virtude, desenvolver o moral da criatura.
Sob os auspícios de uma casa doutrinária bem conduzida, o desafio do “existir humano” torna-se uma proposta atraente, motivadora, clara e simples.
Nesse tempo de materialismo e do império da razão nossas casas de Amor devem fixar-se na função social reeducativa do sentimento, aprimorando-se cada vez mais para honrar o título de escola da alma, desenvolvendo pessoas felizes, realizadas, dignas e solidárias.
Aprender a amar é pois a competência essencial que deveria fundamentar quaisquer conteúdos de nossas escolas espirituais.
Aprender a amar o próximo, aprender a amar a si, aprender a amar a Deus.
E como ensinar o Amor no centro espírita?
Fala-se muito no que devemos fazer, mas pouquíssimas vezes em como fazer.
Como amar o outro, a si e a Deus contextualizando?
Contextualizar o conteúdo espírita abstraindo o excesso de informações e trazê-lo para a realidade de seu grupo, priorizar respostas, soluções, discutir vivências, reflectir sobre horizontes novos de velhos temas do viver, reinventar a vivência em direcção aos apelos da consciência, propiciar à criatura externar sonhos, limitações e valores já conquistados, fazendo da sala de estudos espíritas um laboratório de ideias na ampliação da capacidade de pensar com acerto, lógica e bom senso.
Isso se chama educar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 28, 2018 7:19 pm

A esse mister somos convocados para uma mudança de paradigmas urgente nas metodologias pedagógicas da casa espírita.
Somos convocados a reestruturar essa visão “sacra”, que faz de muitas de nossas células templos de religiosismo, conduzindo seus profitentes a fórmulas de imediatismo e acomodação, ou à absorção do conhecimento espírita em lamentável dogmatismo, recheado de presunção com a verdade.
A pedagogia do “ser” inclui os valores da participação, da interactividade, da cooperação.
Não temos outro caminho para arregimentar essas opções didácticas que não seja a formação de equipas, pequenos grupos de amigos voltados para o estudo e o trabalho, congregados em torno de ideais incentivadores da evolução de nossas potencialidades.
Grupos que absorvam para a rotina das sociedades doutrinárias projectos de trabalho, ousando o inusitado, o incomum, implantando novas e mais ajustadas propostas de ensino e trabalho no atendimento das demandas humanas, e na consolidação de habilidades e valores que promovam o homem a uma vida mais íntegra, gratificante e libertadora, sob as luzes da imortalidade.
Grupos nos quais a imaginação, o desejo, os sonhos, os limites, as conquistas, as dores, a criatividade, as idiossincrasias, as dúvidas, as respostas, a experiência e, sobretudo, o afecto, possam fazer parte desse projecto de “ser”. Permitir à criatura apresentar-se como está e ensejá-la serviço e conhecimento - o antigo lápis e papel da educação - é matriculá-la na escola da vida sob a tutela dos princípios redentores do Evangelho e do Espiritismo, a fim de que ela, por si mesma, aprenda o caminho do Amor na transformação e no existir de cada instante, em busca de sua felicidade.
A pedagogia do “ser” prioriza o homem, sua experiência pessoal, o relacionamento humano, tendo como pólo de atracção o idealismo, que é o centro indutor dos valores morais e a defesa vigilante contra nossas intempéries, provenientes das bagagens vivenciais seculares.
Grupos que se amam e se querem bem, formando ambientes agradáveis para conviver, estabelecem as premissas para esse “ser”, e isso, inevitavelmente, além de felicitar a criatura com o que ela precisa para seu crescimento, também trará reflexos, acentuadamente benéficos, para as realizações doutrinárias graças à alegria e comprometimento com os quais o trabalhador fará sua adesão aos deveres na escola da alma, honrando os princípios espíritas-cristãos com uma vida recta, plena de sobriedade e identidade com a base social da fraternidade e da transformação para o bem, onde quer que esteja participando.
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Capítulo 2 - Aprender a Amar
Escutamos frequentemente frases que constituem atestados de incompatibilidade ou admiração instantânea em relacionamentos, emitidas rotineiramente nas diversas rodas de convivência, definindo alguns sentimentos que temos pelo outro como se fossem predestinados e definitivos.
Convivemos, comumente, “ao sabor” daquilo que sentimos espontaneamente por alguém.
Consideremos nesse tema que o Amor não é um automatismo do sentir no aprendizado das relações humanas, como se houvessem factores predisponentes e inderrogáveis para gostar ou não gostar dessa ou daquela criatura.
Amar é uma aprendizagem.
Conviver é uma construção.
Não existe Amor ou desamor à primeira vista, e sim simpatia ou antipatia.
Amor não pode ser confundido com um sentimento ocasional e especialmente dirigido a alguém.
Devemos entendê-lo como O Sentimento Divino que alcançamos a partir da conscientização de nossa condição de operários na obra universal, um “estado afectivo de plenitude”, incondicional, imparcial e crescente.
Ninguém ama só de sentir.
Amor verdadeiro é vivido.
O atestado de Amor verdadeiro é lavrado nas atitudes de cada dia.
Sentir é o passo primeiro, mas se a seguir não vêm as acções transformadoras, então nosso Amor pode estar sendo confundido com fugazes momentos de felicidade interior, ou com os tenros embriões dos novos desejos no bem que começamos a acalentar recentemente.
O Amor é crescente no tempo e uniforme no íntimo, não tem hiatos.
Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento e do compartilhamento mútuo do desejo de manter essa simpatia do primeiro contacto, amadurecendo-a com o progresso dos elos entre ambos.
Sabendo disso, evitemos frases definitivas que declarem desânimo ou precipitação em razão do que sentimos por alguém.
Relações exigem cuidados para serem edificadas no Amor, e esse aprendizado exige os testes de aferição no transcorrer dos tempos.
Se nos guardamos na retaguarda moral e afectiva, esperando que os outros melhorem e se adaptem às nossas expectativas para com eles, a fim de permitirmo-nos amá-los, então, certamente, a noção de gostar que acalentamos é aquela na qual ainda acreditamos que Deus faculta isso como Dom Divino e natural em nossos corações conforme a sua Vontade.
Encontrando-nos nesse patamar de evolução, nada mais fazemos que transferir para o Pai a responsabilidade pessoal do testemunho sacrificial, na criação de elos de libertação junto a quantos esposam nossos caminhos nas refregas da vida.
Amor não é empréstimo Divino para o homem e sim aquisição de cada dia na aprendizagem intensiva de construir relacionamentos propiciadores de felicidade e paz.
Espíritas que somos temos bons motivos para crer na força do Amor, enquanto a falta de razões convincentes tem induzido multidões de distraídos aos precipícios da dor, porque palmilham em decidida queda para as furnas do desrespeito, da lascividade, da infidelidade, da vingança e da injustiça, em decrépitas formas de desamor.
A terapêutica do Amor é, sem dúvida, a melhor e mais profiláctica medicação do Pai para seus filhos na criação.
Compete-nos, aos que nos encontramos à míngua de paz, experimentá-la em nossos dias, gerando fatos abundantes de Amor, vibrando em uníssono com as sábias determinações cósmicas estatuídas para a felicidade do ser na aquisição do glorioso e definitivo título de Filhos de Deus.
E se esse sentimento sublime carece aprendizagem, somente um recurso poderá promover semelhante conquista: a educação.
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Capítulo 3 - Pestalozzi e a Educação do Coração
Pestalozzi definiu a educação como sendo o desenvolvimento harmónico de todas as potencialidades do ser, considerando como elementos latentes básicos no interior da criatura humana a inteligência, o sentimento e a vontade.
Para ele, essa tríade, sintetizada em educar a cabeça, o coração e as mãos, ganhava uma amplitude incomensurável quando se cria a relação de Amor entre educador e educando.
Johann Heinrich Pestalozzi, sem dúvida, foi o educador do Amor.
A ele devemos o mérito indiscutível de estabelecer as linhas afectivas da educação em maior proporção que outros pedagogos, demonstrando na sua própria vivência a eficácia de conduzir o processo educacional em elos de afecto.
Assinalamos em suas palavras na “Carta de Stans”(1) a grandeza de suas concepções, como segue:
“Minha meta principal direccionou-se, antes de mais nada, a tomar as crianças irmãs, cultivando os primeiros sentimentos da vida em comum e desenvolvendo suas primeiras faculdades nesse sentido.
Com isso, minha intenção era fundir a casa no Espírito simples de uma grande comunidade familiar e, sobre a base de tal relacionamento e da predisposição por ele gerada, suscitar em todos um sentimento de justiça e moralidade.
Atingi meu objectivo com razoável sucesso.
Em breve, viam-se setenta crianças mendigas, embrutecidas viverem juntas numa paz, num Amor, numa atenção recíproca e cordial que raramente se encontram entre irmãos de uma mesma família.
Minha acção, nessas circunstâncias, partia do seguinte princípio:
procura em primeiro lugar fazer tuas crianças generosas.
Pela satisfação diária de suas necessidades, impregnarás sua sensibilidade, sua experiência e sua acção de Amor e de caridade, que se estabelecerão e se consolidarão em seu íntimo.
Depois, acostuma-as às práticas em que poderão exercitar e espalhar seguramente a benevolência em seu próprio círculo.”
A grande conquista da educação, segundo o mestre suíço, é a autonomia do homem pela maturidade de suas potências morais, que já se encontram em gérmen em seu mundo íntimo ao nascer.
As teorias modernas da psicologia têm demonstrado a importância essencial da emoção em todas as realizações humanas, confirmando por experiências e pesquisas sérias que o homem é dotado de múltiplas inteligências, sendo que suas habilidades emocionais são as mais aptas a fazer-lhe feliz e bem sucedido.
A visão “Pestaloziana” de educar, além de precursora, é perfeitamente compatível com a meta maior do Espiritismo, ou seja, o melhoramento moral da humanidade, a educação integral do homem bio-sócio-psíquico-espiritual.
Kardec, como aluno da escola de Yverdon, fundada por Pestalozzi, foi notadamente influenciado pela didáctica da tríade conhecida mais tarde como “Princípio do Equilíbrio de Potencialidades”, ou seja, mãos, corações e cabeça em harmonia.
Nota-se em seu comentário na questão 917 de “O Livro dos Espíritos” o quanto essa cultura do emérito pensador suíço marcou sua formação quando diz:
“A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral.
Quando se conhecera arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejaras inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas.
Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação”.
Esse desenvolvimento harmónico implica fazer crescer o intelecto, o afecto e a acção, não sendo demais afirmar que a coerência entre pensar, sentir e fazer respondem pelo equilíbrio do ser integral.
Temos desenvolvido a razão, mas, temos trabalhado o afecto?
Temos disseminado conteúdos espíritas a mancheias, mas os temos contextualizado à vida?
Trabalhamos pela aquisição da fé racional, contudo, semelhante valor só será angariado na ética do “ser”, ou seja, na vivência das “Virtudes Paternas” ínsitas em nosso património sublime, prestes a descobrirmos pelas vias da evolução.

(1) Trecho da “carta de Stans” na qual é narrada a experiência vivida por esse educador incomparável.
Em Stans, ele cuidou sozinho de 80 crianças órfãs da guerra civil deflagrada pela revolução Helvética.
“Educação e Ética - Pestalozzi” — Dora Incontri - Editora Scipione.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 28, 2018 7:19 pm

Capítulo 4 - Kardec e a Educação Integral
“Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?
“Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

O Livro dos Espíritos — questão 642

Conhecida parábola da cultura oriental fala de uma senhora que resolveu abrigar um sábio guru no quintal de sua residência.
Deu-lhe comida, abrigo e tranquilidade para que o homem de meditações pudesse cumprir sua missão.
Certa feita, desconfiada sobre a integridade do guru, resolveu aplicar-lhe uma prova.
Contratou a preço de cinco moedas de ouro uma belíssima vendedora de ilusões e bailarina para aferir a resistência do homem santo.
Na noite aprazada lá estava ela na cabana, tentando incendiar os apetites inferiores do guru com a sensualidade e a beleza.
Bailou, despiu-se, provocou, mas o homem era de “gelo”, mantinha-se impassível, quieto, em estado de plenitude. Então, depois de longo tempo ela desistiu e retornou até a senhora dizendo:
- Tentei de tudo e nada, ele é um homem santo.
Intrigada, a hospedeira do guru indaga:
- Mas ele não lhe disse nada, não fez nada, uma só palavra?
- Não, senhora!
- Então toma tuas moedas, você fez sua parte.
Inusitadamente, a seguir ela tomou de uma larga vassoura e seguiu aos gritos em direcção à cabana, assustando a vizinhança que conhecia o carinho com o qual tratava o meditador.
Em lá chegando, espancou o homem, destruiu a cabana e em alta voz disse para que todos ouvissem:
- Testei esse homem com a luxúria, ele resistiu por três noites ao apelo de atraente e sedutora jovem, permaneceu em estado de orações, e quanto a isso eu o aplaudo.
Porém, suas práticas são de nenhuma utilidade para o mundo, porque ele nada disse àquela jovem que pudesse servir de orientação e força na restauração de um caminho novo.
Se é um homem de Deus, deveria agir pelo bem e não somente evitar o mal.
* * * *
Evitar o mal necessariamente não edifica valores, enquanto fazer o bem significa accionar os recursos divinos latentes através do dinamismo da caridade.
Evitar o mal é contenção e disciplina, sendas formadoras de carácter, entretanto as realizações no bem sulcam a profundidade do sistema afectivo, fixando e dinamizando forças morais nobres.
Educação resume-se em transformar impulsos e desenvolver potencialidades.
O ato de apenas conter sem renovar, pode levar aos mais sofridos caminhos da radicalização, do fanatismo e de variadas expressões neuróticas em direcção a mais intensas desarmonias da psique.
O ato educativo é um ato de Amor nas relações que destinem ao crescimento para “ser”.
O processo de evitar o mal é adquirido com o domínio ocasionado pela disciplina dos sentidos e dos impulsos, enquanto a dinamização do bem exige da razão e do sentimento o desenvolvimento de condições interiores que edifiquem valores, treinem habilidades e façam surgir com maior plenitude as tendências inatas do bem que se encontram latentes e, quase sempre, “estáticas” na alma.
Dessa forma, quando os Espíritos dizem:
“Fazer maior soma de bem do que de mal constitui a melhor expiação (1), é porque quase tudo conspira contrariamente para aquele que deseja melhorar, as reacções são-lhe fortes reflexos do mundo interior desconhecido de si mesmo.
Diríamos que educar é encontrar respostas para os enigmas do existir, razão pela qual somente amando o outro e a nós mesmos conseguimos encontrar tais tesouros da vida.
Chamamos de integral o ato educativo com Amor, seja na prática pedagógica ou na vida de relação social.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 28, 2018 7:19 pm

A ausência de valores ético-morais dignificadores em nossas vidas sucessivas permitiram as perdas, as paixões, as crises, os traumas, os bloqueios e as traições, ferindo as fibras sensíveis da estrutura afectiva do perispírito, tendo como reflexos a culpa, o medo, a ansiedade, a frustração, a tristeza, o conflito, a insegurança e a indiferença quais fossem “nódulos e abcessos emocionais” que se apresentam em múltipla conotação psicopatológica, conforme o carácter de seus portadores, determinando o temperamento e a conduta.
Agravados pela educação infantil da existência presente, tais “nódulos e abcessos” são inflamados e começam a purgar incontinentemente.
Diagnosticando esse dinamismo patológico, passa-se então à etapa do desenvolvimento das habilidades emocionais, capazes de promover novos e mais saudáveis sentimentos que libertem o ser dessa precariedade do afecto, quais sejam a coragem, a segurança, o auto-Amor, a serenidade, a alegria e a paz.
A conquista dessas habilidades surge na busca pela auto-educação, regida pelas directrizes evangélico-doutrinárias como excelente terapia curativa dessas “pústulas do sentimento”.
A educação do afecto inicia-se pelo estudo perseverante de si no conhecimento dessas manifestações sombrias do coração, suas raízes, suas armadilhas, suas máscaras.
Posteriormente enseja uma nova forma de viver e “ser” pelo treino da empatia, da alteridade, da assertividade, da autenticidade.
O objectivo maior da vinda do homem à Terra é a sua melhora espiritual.
Tal mister só será plenificado na medida em que aprender a amar, porque o Amor é o decreto sublime do universo para o crescimento e a felicidade de todos os seres.
Verificamos o centro espírita e sua importância como educandário do Amor face à didáctica estimuladora de conhecimentos e da vivência através da ampliação do saber e de transformação do carácter.
As organizações humanas, com poucas excepções, fazem uma leitura adulterada das manifestações afectivas, tornando-as desprezíveis e com conotações de interesses inferiores e falsidade.
Outras vezes, algumas pessoas mais afectuosas, quando possuem uma visão egocêntrica, recuam e tolhem a espontaneidade do carinho face aos desapontamentos das relações ingratas e decepcionantes.
Assim, formam-se estigmas sociais acalentados pela maioria, sufocando as expressões de sensibilidade humana nas torres frias da indiferença e do desamor, para os quais a grande maioria dos homens foram “educados” no aprendizado de esconder o que se passa nos recônditos escaninhos do afecto.
Quanto nos valerá a reencarnação tendo os raciocínios iluminados pelos princípios estruturais da doutrina sem, contudo, jorrar essa luminosidade sobre o coração?
A fraternidade, expressando a síntese das virtudes cristãs, é a meta ética de todo o corpo filosófico e científico do Espiritismo.
Eis, portanto, que tarefa grave aguarda nossas vanguardas doutrinárias no cenário conturbado da sociedade materialista dos dias atuais, junto às almas que ingressam para suas fileiras em ambos os planos existenciais.

(1) O Livro dos Espíritos, questão 770 A.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 28, 2018 7:20 pm

Capítulo 5 - Maturidade Afectiva
A afectividade é inerente ao desenvolvimento dos valores do Espírito na sua caminhada milenar na aquisição da maturidade.
Quanto mais maduro espiritualmente, mais disposto ao afecto encontra-se o ser.
Questões como a educação na infância, com marcante influência dos pais e da sociedade sobre o psiquismo da criança, influenciam fortemente a vida afectiva para toda a existência, embora ainda aí não possamos escapar de reconhecer que a maturidade espiritual é capaz de sobrepor-se a esses factores, caso seja património conquistado pelo Espírito.
Com a luz da reencarnação fica mais nítida outra fonte de complexas causas para o “endurecimento” do afecto, quando analisamos as vivências culposas, as mágoas cultivadas longamente, a ausência de limites morais ao exercício do Amor e a rebeldia sistemática aos alvitres do crescimento espiritual.
Conflitos e frustrações, traumas e carências, culpas e ódios, indisciplina e revolta, seja dessa ou de outras existências carnais, são os componentes principais de quem não conseguiu estabilizar sua vida emocional e psíquica, sendo essas “feridas do coração” que irão determinar inibições nas relações afectivas na futura experiência corporal do Espírito, trazendo desde o berço as matrizes de paz ou desequilíbrio, sossego ou inquietude, alegria ou distimia, que pedirão elevadas quotas de atenção e cuidados.
A cicatrização dessas “feridas do afecto”, que mais não são que o narcisismo proveniente da imaturidade espiritual em crise de insegurança e auto-piedade, desejando ser amada sem amar, requer o testemunho de aprender a amar a si mesmo e ao próximo incondicionalmente.
Somente a experiência terapêutica do Amor é capaz de sanar semelhantes desequilíbrios emocionais, transformando situações traumáticas e dolorosas em experiências enriquecedoras para a vida.
A “reconstrução do afecto”, portanto, é factor de reeducação do coração que vai burilando e refazendo as vivências, dia após dia, através da convivência na busca do elastecimento da sensibilidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 28, 2018 7:20 pm

Capítulo 6 - Educação do Afecto
Costuma-se asseverar que a distinção entre o homem e o animal é a inteligência, com o que ousamos discordar, com todo respeito aos conhecimentos tradicionais.
Grande parte dos homens, detentores da capacidade de pensar com continuidade e de decidir sobre suas acções, estão agindo à semelhança ou pior que os irracionais, em plena ausência de ética, na quase total incapacidade de escolha.
Para nós, o que distingue esses reinos e faz o homem mais apto ante a Criação Divina é a forma de sentir a vida, facultando-lhe melhor possibilidade de utilizar as habilidades e competências inatas no íntimo, destinando-as à construção do ser.
O avanço das pesquisas na neurociência permitiram ampliar as noções sobre inteligência, constatando uma multiplicidade de habilidades muito além da cognição.
O Espírito as desenvolve no tempo; exemplo disso é a inteligência cinestésica comum em esportistas ou a pictográfica que faz desenhistas e pintores natos.
Oficialmente, divide-se essas habilidades e competências em inteligência intrapessoal e interpessoal, sendo a primeira na relação interna e a segunda na relação com o outro.
Essas inteligências consistem na habilidade de reagir com equilíbrio ante os factos da vida. Conquistada nos séculos, capacita a individualidade com enorme desenvoltura na arte de decidir com o coração.
É fruto de longa aplicação da virtude da ponderação e da honestidade em milénios, cultivadas na dignificação da sensibilidade com a qual aprende-se a pensar pelo sentir.
Força descomunal tem a o afecto sobre a inteligência dos raciocínios, manifestando a intuição, a fé e a capacidade de escolha com mais sintonia com o bem.
Indubitavelmente o quesito que mais declara o coeficiente de habilidade afectiva de alguém é ter para si mesmo a convicção plena e vivenciada de que é mais valoroso dar afecto que recebê-lo, levando seu portador a ser um mensageiro inexaurível de optimismo, irradiante alegria, vigor solidário e plenitude de respeito aos de sua convivência, gratificando-se no ato de amar, mesmo que não seja amado.
Além disso, devido ao cultivo secular da ponderação, tal criatura é dotada de extenso e espontâneo desejo de aprender, com inalterável jovialidade sobre seu conhecimento, não o fazendo um instrumento de destaque ou humilhação, mas colocando-o a serviço do seu crescimento e do grupo social onde participe.
Evidentemente, como trata-se de um ser que acalentou e acalenta a virtude da honestidade moral, traz a consciência límpida, sem os tormentos da culpa asfixiante e neurotizante, conquanto esteja expurgando por vias mais saudáveis seus erros de outrora.
Esse estado consciencial é factor determinante do fluxo do sentimento, que exsuda pelos “poros” como um perfume natural da criatura, irradiando em halo de vigorosa atracção e magnetismo salutar.
Nos programas doutrinários para a educação do afecto nas relações, destacamos algumas importantes lições a serem estudadas e exercitadas:
- Conhecer os sentimentos.
- Adquirir o controlo sobre as reacções emocionais.
- Saber conviver harmoniosamente com os sentimentos maus.
- Saber revelar seus sentimentos com assertividade.
- Exercitar a sensibilidade.
- Expressar o afecto na convivência.
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Capítulo 7 - Corrosivos da Sensibilidade
A educação do coração no estágio em que nos encontramos conta com empecilhos de largas proporções para o exercício do Amor.
Existem sulcos psico-emocionais profundos no “aparelho mental” que funcionam activamente como “inibidores do afecto”, compondo entraves vigorosos nas fibras da sensibilidade junto ao sistema da afectividade do ser integral.
Adquiridos em milénios de renitente rebeldia no erro, tais óbices fazem parte desse desafiante processo auto-educativo nos rumos da aquisição do património do Amor.
A culpa, a mágoa, o preconceito, a ingratidão, o medo, o azedume e as frustrações são os monturos emocionais mais comuns e corrosivos do sentir Divino, factores perturbadores, alteradores e neutralizadores do funcionamento harmonioso do pulsar emocional. “Conquistas” nossas das quais teremos que aprender a nos libertar.
Outros corrosivos adjacentes e agravadores são os traumas infantis, bloqueios defensivos de vivências pretéritas, doenças endócrinas, distúrbios do humor, estima corporal, relacionamentos de conveniência, sobrecarga com interesses materiais e competitividade exacerbada, tensões físicas e emocionais, cansaço, inquietação interior e sentimentalismo - factores perturbadores da expansão afectiva.
Nenhum deles, porém, é eterno ou insuperável quando a alma se abre para o auto-descobrimento, a disciplina, a acção no bem.
A direcção que imprimimos ao afecto, seguida de decisões infelizes, esculpiram a natureza enfermiça de tais sentimentos, porém nada nos impede de renovar essa “qualidade imperfeita” e retomar a “condição natural” das emoções que foram adquiridas para a felicidade e a paz, esse o seu destino maior.
E como encetar uma nova caminhada? Como nos recompormos ante a consciência?
Resgatar a sensibilidade e enobrecer a acção são alguns dos desafios.
Vamos pensar sobre isso?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jul 28, 2018 7:20 pm

Capítulo 8 - Desenvolvimento da Sensibilidade
“Se os homens se amassem com mutuo Amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, mister fora vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de se tornarem eles mais sensíveis aos sofrimentos alheios.
A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso.
Quando o tomareis por modelo de todas as vossas acções?
Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado.
O mal então desapareceria, ficai bem certos.”
Pascal (Sens, 1862.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo 11, item 12

O afecto já existe plenamente dinâmico na vida da criatura adulta, portanto, quando utilizamos o termo desenvolvimento aplicámos-lhe mais o sentido reeducativo das relações no burilamento da conduta amorosa, haja vista que, na maioria dos casos, nossa afeição é jugulada a conflitos e perturbações de variada natureza advindos da infância, das vivências pré-existênciais e de outras reencarnações.
Assim, quando utilizamos “reeducação” estamos associando-lhe a imprescindível conotação de desenvolvê-la e treiná-la sob os auspícios de valores morais enobrecedores.
Nesse prisma, a vida é um convite permanente para aprimorarmos nossa capacidade de sentir através da administração da sensibilidade afectiva.
Antecedendo a espontaneidade nessa tarefa, deveremos nos habituar a olhar o mundo, a natureza, os acontecimentos, as pessoas, sob uma óptica reflexiva, pelas vias da “meditação espontânea”, buscando sempre os “porquês” de tudo, ainda que, em princípio, não tenhamos condições de compreender com profundidade em nossas análises.
Buda falava da compreensão como virtude essencial para integração do homem com as Leis do Universo.
Por que aquele velho ajunta papéis na rua em serviço sacrificial e impróprio à sua idade? Por que aquele grupo de alcoólatras reuniu-se formando um séquito de desistentes da vida?
Por que aquele médico bem sucedido terá se embrenhado por auxiliar a comunidade que padece os problemas das drogas?
Por que aquele político austero, desonesto e arrogante terá conseguido lograr um lugar de destaque no cenário da administração pública?
Por que aquele cientista dedicado deu sua vida a descobrir como o câncer se processa?
Por que um Espírito renasce para servir a sociedade na condição de pedreiro e mestre de obras?
Que aprendizado estará fazendo o homem cuja profissão é ser porteiro de prédios ou segurança armado de organizações?
E um policial, qual sua necessidade como ser em viagem para a perfeição?
O que confina uma alma em rincões afastados na condição de silvícolas, em extremo anonimato e sob o guante de várias intempéries?
Quem é aquele vizinho que teve a infelicidade de cometer uma tragédia?
O que passa nas sombras de vários dramas e tragédias humanas?
Por que aquela mulher estagia num prostíbulo?
Quem são os “meninos de rua” e quais serão suas histórias espirituais?
Precisamos aprender a sensibilizar-nos com os dramas da vida, com factos noticiosos, como a fome no Sudão, como a matança em Timor Leste, como o naufrágio de dezenas de marinheiros a bordo do submarino Kürsk.
Factos distantes de nós, mas igualmente importantes como a alegria dos amigos, as vitórias dos estranhos, o sucesso dos outros, a dor de um conhecido, o sofrimento dos “injustiçados”, a loucura dos perversos, a insanidade dos iludidos, a violência urbana a nosso lado, o mendigo que pede pão, o profissional da esmola, a juventude atolada no vício, alguém irado no trânsito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 29, 2018 8:30 pm

Além disso, e prioritariamente, aprendermos a sensibilizar-nos com o sucesso escolar do filho, o esforço da companheira no lar, o heroísmo do esposo em servir, com o sorriso da criança no brincar, a dedicação sagrada da mãe em ser útil, com a devoção paterna em proteger, com a reunião familiar para a alimentação, com a oração feita em conjunto, com a modéstia e a simplicidade adoptada pelos filhos, ante o exemplo dos pais na conduta recta perante os deveres da família; enfim, essa é a grande escola do afecto em direcção a Deus: o lar.
Nele são trabalhadas as primeiras lições sobre as crenças e os moldes mentais morais para o homem do futuro aprender a sentir o mundo e a vida sob o prisma do Amor.
Sensibilidade deve ser distinguida de emotividade, comoções sentimentalistas, que, muita vez, são manifestações do afecto comprometido pelos traumas, culpas e frustrações.
Tais lances do coração são expressões de desopressão em ciclos de mais intenso sofrimento ou emersão de conflitos emocionais não resolvidos.
A sensibilidade, entendida como recurso de elevação espiritual, sempre ilumina o raciocínio, levando o homem a lições imarcescíveis e ocultas aos olhos comuns, não habituados e inabilitados a enxergar a essência dos factos.
Na ausência da sensibilidade jamais entenderemos os motivos subjectivos de cada ser, e nessa impossibilidade nos abstemos das preciosas lições evangélicas do perdão, da tolerância e da solidariedade, e, sobretudo, da compreensão, sem a qual não lograremos olhar a vida com as lentes da alteridade e do Amor.
O “essencial é invisível aos olhos”, afirmou o genial Exupéry (1).
Por outro lado, a insensibilidade motiva a indiferença que pode levar a actos de desamor nas impérvias atitudes da crueldade.
Jesus, na condição de eminente psicólogo, asseverou que por causa da iniquidade o Amor de muitos esfriaria, conforme se lê em Mateus, capítulo 24, versículo doze.
Essa iniquidade também presente na seara espírita não deve nos impedir a idealização de projectos doutrinários nas agremiações, cujo perfil seja centrado em relações afectuosas e compensativas.

(1) Antoyne d’Saint Exupéry. – Autor de “O Pequeno Príncipe”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jul 29, 2018 8:30 pm

Capítulo 9 - Centro Espírita e Afecto
“Findando-se o egoísmo no sentimento do interesse pessoal, bem difícil parece extirpá-lo inteiramente do coração humano.
Chegar-se-á a consegui-lo”
“A medida que os homens se instruem acerca das coisas espirituais, menos valor dão às coisas materiais.
Depois, necessário é que se reformem as instituições humanas que o entretém e excitam.
Isso depende da educação.”

O Livro dos Espíritos — questão 914

O afecto, entendido como nutrição espiritual insubstituível e essencial, sempre será preventivo e profiláctico em todas as fases da vida.
Entretanto, para o amadurecimento integral do ser, inicia-se uma etapa de vivência em que a vida exigirá maior soma de doação em contraposição às contínuas expectativas de ser amado.
O centro espírita, nesse ínterim, pode oportunizar a valorosa e preenchedora experiência do Amor auxiliando o homem na reeducação de suas tendências, no conhecimento de si, no exercício da solidariedade material e relacional e na supressão do personalismo, que permitirá o potencial afectivo dirigido a realizações nobres e gratificantes.
Caridade! O melhor exercício para a sensibilidade.
Actividades cooperativas e solidárias realizadas em ambiente de bem-estar moral e espiritual serão fortes estímulos à força “pulsional” do coração, muitas vezes aprisionada pelas traumáticas lições sócio afectivas da presente existência, nas quais o autoritarismo e o medo foram os instrumentos pedagógicos limitantes, provocando relações artificiais sob a constrição das “tiranias do coração”, em larga escala adquiridas na infância.
Na casa espírita devemos encontrar esse espaço para “ser”, já que a sociedade, em função do “ter”, vem bloqueando os valores pessoais e as potências da alma.
Será que já imaginamos o centro espírita como uma “praça” de convivência ou um núcleo formador da família espiritual pelos vínculos do coração?
Precisamos dar encanto ao ambiente espírita, reinventar sua proficiência.
Reflictamos na fala do Espírito Verdade acima.
“Preciso é reformar as instituições que entretêm o egoísmo”.
Grupos sadios não devem ser conduzidos como um ‘todo uniforme”, passivamente e regidos por directrizes somente aprovadas pelos seus líderes, guardando semelhança com as envelhecidas estruturas religiosas.
A pedagogia do afecto é abertura para a riqueza dos sentidos individuais sem o personalismo dos desejos superiores, dos sonhos de crescimento moral, através dos quais o processo educativo será mais efectivo.
A própria construção do saber espírita está fortemente vinculada às idiossincrasias, à diversidade interpretativa, com as quais enxergamos novos ângulos e exploramos com mais profundidade as temáticas de estudo.
Precisamos assumir para nós as responsabilidades da hora, e declarar com transparência e respeito quais são as emergências em nossas realizações espirituais.
É incoerente a realidade actual que envolve a casa doutrinária! Tanta profundidade filosófica em favor das carências humanas, verdadeiro celeiro de recursos para o “ser” integral e, no entanto, com uma estrutura deficiente no que tange a dar suporte e assessoria a seus componentes, quando o assunto é a vida interior e os esforços na luta auto-educativa.
Enquanto isso o trabalhador sofre dores psicológicas e emocionais sem revelar, ou sem essa chance de as revelar.
Face a essa carência de respostas e horizontes, quando não se alcança o mínimo para prosseguir, penetra no desestimulo e o abandono dos ideais.
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Além disso, frequentemente, busca-se enquadrar as dificuldades humanas nos domínios da obsessão e de anteriores existências, alimentando imaginações férteis em mentes menos maduras, gerando um fanatismo subtil e incentivador de atavismos, negando o presente e deslocando a realidade para o passado e a vida espiritual.
Para agravar ainda mais, em núcleos diversos, instala-se um sistema de vigília da conduta alheia premiando as cobranças e atiçando os melindres em quase completo descaso com as limitações e fragilidades alheias.
Impera o egoísmo.
O resultado final de tudo isso é a perda dos frutos do Espiritismo no auto-conhecimento, no fracasso dos relacionamentos nos grupos de actividade, a repressão da sombra interior e o quase estacionamento no crescimento pessoal.
Não vivamos de lamentações e labutemos para mudar esse panorama existente em expressiva parcela de nossa seara.
Como o centro espírita pode ajudar no fortalecimento de laços de amor entre seus integrantes?
Como pode auxiliar na dilatação da sensibilidade?
Vejamos alguns pontos que desenvolveremos no transcorrer de Laços de Afecto que constituem indicadores de qualidade das equipes doutrinárias:
- Motivar o espírito de equipa.
- Valorizar a capacidade cooperativa de qualquer pessoa.
- Promover através da delegação, criando o policentrismo sistémico.
- Investir na capacitação do trabalhador como pessoa e ser social.
- Ensejar realizações específicas para a revitalização do afecto no grupo.
Valorosa será a contribuição da casa doutrinária que facilitar a seus participantes a reflexão, a instrução e os relacionamentos responsáveis, auxiliando o homem atordoado e infeliz da actualidade a assumir um compromisso consciente com a melhora de si mesmo através da reeducação dos sentimentos.
A proposta da transformação íntima encontra nesse quesito do coração o seu ponto essencial para as mudanças de profundidade, já que o motivo causador da actual condição espiritual desse homem atordoado deve-se, acima de tudo, aos desvios afectivos de outrora, que sedimentaram reacções emocionais destoantes com o sentimento de Amor autêntico, fonte de saúde e vitalidade para “ser”.
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Capítulo 10 - Kardec e a Unificação
O ano de 1860 foi uma etapa de vitórias para os primórdios do movimento espírita nascente.
Allan Kardec empreende um extraordinário circuito de viagens encetando um promissor labor de difusão e união entre os espíritas.
Para nossa meditação vale ressaltar, no denodo do Codificador, alguns factos marcantes que deixaram verdadeiros lances de unificação espontânea na história do Espiritismo, sob os auspícios da fraternidade.
Após viagem cansativa é recebido em Bordeaux, Lyon, por um casal simples e amorável e, naquele instante magnânimo de aperto de mãos, sela-se entre o Sr. Rivail - aristocrata de Yverdon - e aquele operário humilde um clima de concórdia e respeitabilidade que jamais se apagou na retina mental de ambos.
Ali consagrou-se, no regime do mais puro amor, o primeiro encontro de dirigentes espíritas que consolidou laços de estima e duradoura fraternidade - alma das ideias espíritas.
Kardec, dignificado pelo trabalho na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, era credor de incondicional admiração entre todos os que lhe ciceronizavam os caminhos.
Sua palavra confortadora era um misto de esclarecimento e alerta que extasiava as plateias com insofismável encanto, deixando os ouvintes com desejo incontido de lhe escutar ad’eternum...
Após alguns anos desse episódio, vamos pinçar um novo quadro da extraordinária vida missionária do apóstolo na era nova.
Em cena bucólica, narrada por Leon Denis na viagem Espírita de 1867, o mestre impressiona pela sua pureza e inocência, quando fora visto em cima de pequena mobília colhendo frutas e atirando-as à Madame Boudet (1).
Nesse gesto singular, assinalamos essa epopeia de descontracção para construir a imagem que deve compor os actos dos homens sérios e investidos de severos deveres espirituais, a fim de não perderem o contacto com a sensibilidade dos actos de afecto e pureza com quem lhes priva a intimidade nos seus parcos minutos de folga, comprovando que as vivências íntimas, repletas de abundante sentimento, reflectirão, igualmente, nos compromissos doutrinários, estabelecendo os pilares de uma união e interacção consistentes e permanentes em favor da causa espírita nas relações humanas.
Essa proposta de uma unificação relacional concretizada em encontros efusivos de amor, que suprem quaisquer parâmetros de formalidade e rigor, é, sem dúvida, o alvo que precisamos perseguir nos dias atuais.
Se o Codificador, a pretexto de compor um sistema centralizador, deliberasse fazer da Sociedade Espírita Parisiense um pedestal de domínio e enclausuramento, com certeza os grupos com os quais correspondia não o aguardariam com a mesma expectativa que povoara seus dias de muita esperança nos colóquios e eventos realizados no Espiritismo nascente.
No entanto, sua consciência de missão serviu-lhe de escudo e motivação, e ele foi, indubitavelmente, o primeiro esforço de unificação do Cristianismo renascente, reactivando as viagens Paulinas dos tempos primeiros do Cristianismo, nas quais o Apóstolo dos Gentios serviu além muros de Jerusalém, fincando vigorosos núcleos de evangelismo.
Hoje somos convidados a implantar e resgatar esse aperto de mãos que “destrona” máscaras e faz entre os homens espíritas um elo de Espírito a Espírito, instaurando o esplendor da era do ecumenismo do afecto, cuja base é a fraternidade sentida e vivida, mesmo quando haja o entrechoque necessário e construtivo das ideias, garantindo que, sob a égide do respeito com as diferenças uns dos outros, nossas relações palmilharão cada vez mais pelas veredas dos melhores sentimentos de aliança, soma, coesão e irmandade.
O grande ideal que a todos deve nos irmanar é o testemunho de amar apesar de nossas diferenças!
De mãos dadas, mesmo que por caminhos divergentes no entendimento, prossigamos a laborar por dias melhores em favor da progressividade das ideias espíritas nas nossas Casas Doutrinárias, em favor da formação da era de paz plena com a fraternidade aplicada.
As mãos são símbolo vigoroso de união e trabalho, humanização e solidariedade.
A esse respeito, assim se manifestou o senhor Allan Kardec:
“Homens da mais alta posição honram-me com sua visita, porém, nunca, por causa deles, um proletário ficou na antecâmara.
Muitas vezes, em meu salão, o príncipe se assenta ao lado do operário.
Se se sentir humilhado, dir-lhe-ei simplesmente que não é digno de ser espírita.
Mas, sinto-me feliz em dizer, eu os vi, muitas vezes, apertarem-se as mãos, fraternalmente, e, então, um pensamento me ocorria:
“Espiritismo, eis um dos teus milagres; este é o prenúncio de muitos outros prodígios! (2)

(1) Esposa de Allan Kardec
(2) Viagem Espírita de 1862 - discurso 1
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SEGUNDA PARTE
Caminhos do Amor Convivência

Capítulo 1 - Humanização na Seara Espírita
“A bandeira que desfraldamos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, (...)”
O Livro dos Médiuns — capítulo 29, item 350

Expositores inspirados, que sensibilizam mentes e corações, derrapam, impacientes e raivosos, em pequenos incidentes de imprudência no trânsito das vias públicas, cinco minutos depois de deixar a tribuna espírita.
Sorrisos, abraços festivos, alegria e afecto efusivos dos encontros doutrinários arrefecem-se, inesperada e incompreensivelmente, alguns poucos minutos depois, quando ficamos a sós com as mesmas pessoas antes entusiasmadas.
Lidadores valorosos embrenham-se no cipoal de suas “folhas de vivências” doutrinárias, alienando-se do contacto salutar e espontâneo, aguardando dos outros o aceno de idolatria ou de cordialidade que todos lhe devem, segundo sua interpretação, ante o pedestal de experiências, enquanto, tal colaborador, muita vez, não encontra motivação para emitir um essencial “bom dia” ao deparar-se nos ambientes sociais com alguém de seu grupamento.
Pais distribuem alimentos e carinho aos sofredores sociais em magnífica pose de caridosos, no entanto, meia hora depois, no lar, são impotentes para beijar os seus próprios filhos com ternura.
Tais atitudes que integram o cotidiano de muitos de nós, os espiritistas, merece uma avaliação oportuna.
Almas mais sensíveis, perante esse episódio de repentina transformação da postura afectiva, não conseguindo entender suas causas, atribuem à hipocrisia, incoerência e deseducação esse fenómeno comportamental.
Observa-se claramente, nos exemplos acima discriminados, uma lamentável desfasagem entre a presença do obreiro espírita nos seus ambientes de espiritualização e suas lutas diuturnas além fronteiras do centro espírita.
Qual será a razão dessa alteração afectiva indesejável?
Que tem faltado ao aprendiz espírita para transportar ao seu convívio social esses momentos de enlevo emocional desfrutados junto aos grémios cristãos?
Não estaríamos, ante tais circunstâncias, vivenciando um “afecto artificial” ou um “pseudo-afecto” dentro dos ambientes doutrinários?
O que nos leva a essas mudanças súbitas de estado emocional?
As leiras de relacionamento espírita ensejam melhores expressões do afecto em razão da ausência de factores sociais coercitivos que distanciam os homens.
Seu carácter voluntário e não proibitivo suscita a boa-vontade e a espontaneidade, levando as criaturas a sentirem-se bem aceitas na sua colaboração, criando um clima para relações agradáveis e benfazejas.
Todavia, essa não é a realidade da sociedade escravizada por relações de conveniência, nas quais o interesse pessoal e grupal definem seus códigos de comunicação, sua linguagem e sua praxe.
Assim, fica o aprendiz espírita com largo e intransferível desafio íntimo de saber como transportar, para semelhantes quadros de suas experiências, as “boas novas” que vem fruindo no contacto com as tarefas doutrinárias.
Quando elegemos a humanização na seara espírita não avocamos somente a proposição de sermos mais afectivos.
Tratamos sim de uma releitura sobre o foco dos objectivos assinalados para desempenho junto aos grémios espíritas cristãos.
Hoje destaca-se o centro espírita como escola de Espiritismo, quando o futuro acena para que ele se promova à condição de escola do Espírito.
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