LUZ ESPÍRITA
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Laços de Afecto - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:16 pm

Capítulo 12 - Divergência e Dissidência
“Estas últimas reflexões se aplicam igualmente a todos os grupos que porventura divirjam sobre alguns pontos da doutrina.
Conforme dissemos, no capítulo Das Contradições, essas divergências, as mais das vezes, apenas versam sobre acessórios, não raro mesmo sobre simples palavras.
Fora, portanto, pueril constituírem bando à parte alguns, por não pensarem todos do mesmo modo.
Pior ainda do que isso seria o se tornarem ciosos uns dos outros os diferentes grupos ou associações da mesma cidade.

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 349

Tema sempre oportuno é o amor que devemos uns aos outros em nossos círculos doutrinários de Espiritismo.
O conteúdo esclarecedor da Doutrina Espírita é meio, é instrumento pedagógico, a fim de que alcancemos a essência evolutiva do ser, que é o Amor.
Por essa razão, os laços de simpatia e cordialidade deverão estar sempre acima das questões de interpretação intelectiva.
Merece ser analisado nesse tema a questão da “ética da diversidade”, que deve orientar as atitudes entre cômpares de um mesmo ideal doutrinário.
As vivências sucessivas nos terrenos da religião sulcaram a mente humana com hábitos que até hoje reflectem na convivência rotineira.
Entre eles destacamos a acção discriminatória a quem não se alinhe filosoficamente aos princípios estatuídos por uma ordem religiosa.
Tachados de hereges e dissidentes, muitos corações ao longo da história sofreram o cáustico da dor, tão somente pelo facto de divergir no campo das ideias e dos costumes.
Assim criou-se uma mentalidade de uniformização doutrinária intocável, inquestionável, e quantos ousassem divergir estariam sob influência maléfica de forças contrárias.
Verificamos os resquícios desse hábito enfermo nos ambientes espíritas, nos quais muitos relacionamentos emparelharam-se com as questões do religiosíssimo, alavancando todas as associações mentais pertinentes a essa experiência.
Desse modo, em nossas fileiras de aprendizado, o ato saudável de divergir adquiriu uma conotação pejorativa, uma atitude própria de “obsedados”, dissidentes e personalistas, estabelecendo o conceito de que divergir significa oposição. Contudo, pensar diferente não deveria significar que se ama menos ou que se está contrário a alguém ou a alguma instituição.
Nem todos que divergem têm intenções dissidentes ou contrárias.
A divergência de ideias é uma necessidade a quaisquer grupos ou pessoas que desejem o crescimento real.
Onde todos pensam uniformemente há muito campo para o radicalismo de opiniões, à dissimulação de sentimentos e à fragilidade de elos emocionais para formação de relações sadias.
Saber conviver com opiniões contrárias é saber emitir ideias sem a carga emocional da vaidosa pretensão.
Por isso, atentemos para o debate honesto e equilibrado, através do qual empreende-se a convivência fraterna em clima de pontos de vista diversos, e estimula-se a acção solidária em busca de pontos convergentes e de um relacionamento harmónico, não afectado pelo ato de discordar.
Propugnar por um alinhamento ideológico em regime de unanimidade é arar terreno para que a cada dia estejamos distantes da verdadeira união a que todos almejamos.
O que precisamos é aprender a conviver em regime de diversidade, prestigiando as diferenças e os diferentes com os nossos melhores sentimentos, principalmente se deles discordamos.
A ética da diversidade, a alteridade, é o próprio ensino de Jesus quando nos indaga: que galardão há em amar somente os que vos amam? (1)
Pergunta essa que merece a maior atenção de nossos grémios espíritas-cristãos, diante do desafio de disseminarmos para à sociedade os padrões éticos de uma “nova humanidade”, ante o alvorecer desse terceiro milénio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:16 pm

A verdadeira unificação só se fará privilegiando a “ética das diferenças”, elegendo o respeito com todos os livres pensadores e segmentos que se estruturam em nossos grupos, respeitando-se e solidarizando-se.
Essa ética, que é a do Evangelho, propõem-nos:
amai os vossos inimigos (2), orai pelos que vos perseguem e caluniam (3); enfim, é o amor alteritário, altruísmo vivido e exemplificado acima de tudo para com os que divergem de nosso entendimento.
Se guardamos as mais nobres intenções na escola do amor, e se divergimos no entendimento, exerçamos na intimidade esse aprendizado da alteridade aos que comungam connosco as rotas de acção e entendimento.
O grande desafio do programa unificador para o próximo século é a convivência alteritária sob o pálio do Amor fraterno.
Nesse tempo compreender-se-á que caminhos dissidentes nem sempre são caminhos oponentes, mas, antes de tudo, alternativas de labor e aprendizado na escola diversificada da vida.
Não podemos deixar de ressaltar, conforme Allan kardec destacou em “Os cismas”, nas suas Obras Póstumas”, que há dissidências ocasionadas por personalismos e vaidade, com ingentes carências afectivas direccionadas para o destaque pessoal.
Rectifiquemos, porém, nossa visão, pois nem todos que enxergam a Doutrina por ópticas diversas às nossas ou que implementam programas com propostas fora dos padrões costumeiros, necessariamente, escolheram essa trilha para serem opositores contumazes e exclusivistas em busca de realce e glórias individuais.
Atentemos para essa questão subtil do amor.
Amar os diferentes.
Ética da diversidade.
Amor aos divergentes.
Jesus, o modelo, foi a grande referência. Sempre, por onde passou, externou pujante amor a todos, enriquecendo Seu caminho de lições alteritárias com muita abertura para acolher os divergentes de toda estirpe, sem exclusões e sem dissidências, conquanto tenha Ele divergido dos caminhos humanos durante todo o Seu ministério.

(1) Mateus, capítulo 5, versículo 46
(2) Mateus, capítulo 5, versículo 44
(3) Mateus, capítulo 5, versículo 44
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:16 pm

Capítulo 13 - Paixão e Amor
“Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã.”
O Livro dos Médiuns – capítulo 29 - item 341 — 4º Parágrafo

O alimento afectivo é essencial para o equilíbrio do ser humano.
Sua função junto ao complexo psico-físico do ser é de evidentes e comprovados efeitos a partir da neurofisiologia do organismo corporal.
A permuta afectiva produz a dinamização de substâncias neuro químicas e a produção de endorfinas, gerando mensagens de prazer para o corpo que com elas se delicia em sensações agradáveis e revitalizantes.
Igualmente, a corrente sanguínea é irrigada de adrenalina produzindo calor, daí a expressão “calor humano” quando se refere aos intercâmbios do coração.
Como se não bastasse, a vida mental é plenamente reciclada em cada ato de amor libertador, porque o afecto é a seiva reguladora do “sistema humoral” da criatura, nutrindo os neurónios de cargas psico-afectivas para o equilíbrio mental.
Apesar de sua função vital para a felicidade, a humanidade terrena estagia nos primeiros degraus do aprendizado relativo a questões da vida afectiva.
A escola da convivência encontra-se ainda na infância de suas lições acerca do uso nobre do afecto, analisado sob as lentes do Espírito imortal.
A construção de relações libertadoras e sadias para a felicidade e a paz exigem a boa utilização desse potencial, em quantidade e qualidade adequadas à personalidade de cada criatura, nos grupos de nossa actuação.
Nessa perspectiva, torna-se imperioso averiguar as diferenças marcantes entre amar e apaixonar, no quadro das afeições do coração, para que obtenhamos melhores noções na aferição de nossas expressões de afectividade.
Na Terra toma-se um como sinónimo do outro e diz-se “amar loucamente” quando se está apaixonado.
Mas a paixão atrofia o livre-arbítrio, hipnotiza o raciocínio e perturba o comportamento, enquanto o Amor liberta, amplia o discernimento e gera harmonia no ser.
A paixão é um fenómeno atrelado à génese do egoísmo, enquanto o Amor é a etapa das relações em que existe a renúncia espontânea do “eu”.
Consideremo-la como um dique rompido que permite às energias emocionais provocarem intensa evasão, quando não são contidas pela disciplina e pela conduta ética superior.
Havendo o descontrole nos reinos do sentimento, automaticamente serão activados os mecanismos da atracção magnética e os implementos psico-fisicos do “sistema sexual”.
“Paixões relâmpagos” costumam atormentar as mentes que se permitem fantasias de ventura ou o prazer em instantes de crise na guarda moral de si mesmas.
Paixões fulminantes sempre serão caminhos perigosos para o encontro com o verdadeiro amor, e não será demais lembrar que elas são um capítulo infeliz de histórias que, comumente, terminam em decepções e muita mágoa que deixam doloridas feridas afectivas.
A paixão é como um colapso das forças do coração colocando a criatura refém de si mesma, nos domínios da afeição sem limites, atordoando a razão e enfraquecendo a vontade, causando uma pane biológica na vida hormonal e neuro cerebral, tema esse que tem merecido estudos da neurociência na compreensão da química fisiológica.
Sabe-se na Terra que os processos afectivos são responsáveis directos pela harmonia ou desajustes na vida dos neurónios.
O estudo das sinapses - conexão entre os neurónios - tem revelado ao homem que a quantidade de neurotransmissores - elementos químicos mensageiros - é factor determinante para variados quadros dos distúrbios do humor, desde a depressão branda a psicoses graves.
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O homem e a mulher apaixonados alteram significativamente a produção de tais substâncias responsáveis pelo fenómeno do apaixonamento, preenchendo os espaços sinápticos de dopamina e noradrenalina, causando extraordinário bem-estar físico, outras vezes produzindo a “morfina natural” ou as endorfinas, levando a reacções incomparáveis de saúde e vitalidade.
Sua acção altera o cosmo bio-fisiológico, contudo, passado o efeito desse colapso de “afecto biológico”, os reflexos do estado anterior retornarão podendo mesmo alterar o funcionamento da vida neuronial, a partir de processos energéticos que são detonados na vida mental extra-cerebral em razão dessa “pane dos sentimentos”.
Seja pela decepção ou porque acabou o “fogo fátuo” do “amor apaixonado”, dois resultados pouco construtivos ficam dessa experiência: o intenso desejo de uma
nova experiência melhor sucedida na sua conclusão, ou ainda a mágoa prolongada seguida de reclusão nas questões do Amor.
Ambas, consequências infelizes para o equilíbrio
e a maturação dos relacionamentos.
A paixão afectiva sentida em qualquer época da vida, seja na juventude ou mesmo na velhice, ainda é um sintoma de imaturidade espiritual, um fenómeno primário
enquistado nos refolhos da mente em milenares degraus da evolução dos processos do sentir.
Seu benefício passageiro, quase sempre sem as condições de continuidade, denuncia sua pouca utilidade para o crescimento no campo das experiências da maturação emocional.
O verdadeiro Amor, ao contrário de tudo isso, é uma construção lenta, feita dia após dia, é um desenvolvimento efectivado pela entrega integral e a responsabilidade com os deveres assumidos junto ao outro.
É uma parceria que tende a crescer, na medida em que o par ou grupo cultivam os valores da cooperação espontânea, do apoio incondicional, da valorização mútua, do diálogo e outros tantos caminhos que fazem da relação uma amizade preciosa e boa de viver, sem os ímpetos infantis e arriscados da paixão.
Vigiemos nossas expressões de afeição, seja em qual direcção for.
Nas experiências espíritas, convenhamos que existe um tipo de paixão que torna imperativo a disciplina:
é a paixão idólatra na qual canalizamos excessiva dose de afecto a pessoas de nossa admiração ou a práticas, às quais nos devotamos nas rotinas doutrinárias, incentivando assim o misticismo e a mitificação em actos de “fé impulsiva”, na sustentação de carências pessoais.
Tais lances da convivência em nossos núcleos espirituais podem incentivar o desequilíbrio, se não houver vigilância.
Confundindo mais uma vez a paixão com Amor, apegamo-nos excessivamente a essas situações, permitindo um predomínio de sentimentos para com esse ou aquele coração ou actividade, sobrecarregando-os com frustrações e projecções de necessidades individuais, desenvolvendo uma idolatria que pode raiar ao fanatismo e às acções inferiores, se não comparecer a educação e a responsabilidade.
Tudo em excesso é pernicioso para o crescimento espiritual.
A única paixão justificável nos quadros da espiritualização é a de aprender e servir.
Como nos encontramos nos primeiros degraus da escola do amor, cuidemos de nossos relacionamentos no grupamento espírita e verifiquemos se não estamos caminhando para esses excessos dispensáveis.
Evitemos confundir admiração e afecto com ilusão e carências, respectivamente.
Tenhamos siso e aprendamos que mesmo o amor, o nosso amor ainda impuro, solicita muita disciplina e atenção para não permitir os golpes surpreendentes dos desejos inferiores que ainda carregamos.
Por isso costumamos destacar a convivência espírita como uma escola abençoada no burilamento da afectividade, porque nela, mais que em outros ambientes, somos chamados à lucidez da atitude através das sábias recomendações do Evangelho e do Espiritismo, em favor da integridade de nossa consciência.
Talvez devido a isso, o Codificador, em nossa referência de apoio acima, destacou a necessidade de cuidarmos de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã, quando enumerou as condições morais essenciais para atrair a simpatia dos bons Espíritos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:17 pm

Capítulo 14 - O Teste dos Cargos
“Alguns julgam que o título de sócio lhes dá o direito de impor suas maneiras de ver.
Daí, opugnações, uma causa de mal-estar que acarreta, cedo ou tarde, a desunião e, depois, a dissolução, sorte de todas as sociedades, quaisquer sejam seus objectivos.”

O Livro dos Médiuns - capítulo 29 - item 335

As motivações para a presença de alguém no centro espírita são subtis e pessoais.
O estudo dessas razões íntimas levam-nos a enxergar as expectativas e interesses de cada qual, espelhando a variedade de necessidades de quem recorre aos serviços doutrinários.
Esse estudo será sempre de grande utilidade aos dirigentes para adequar as tarefas e melhor atender as demandas espirituais de profundidade dos que se albergam sob o tecto espírita.
O frequentador de ontem assume hoje a posição de cooperador, e o cooperador de hoje será amanhã o condutor de grupos ou multidões, estendendo o benefício de sua experiência a uma mais ampla gama de projectos.
Nesse caminho de crescimento e promoção individual serão encontrados os mais variados testes de aferição no que tange ao aprendizado.
As responsabilidades que assumem os trabalhadores conduzem-nos a vivências íntimas de libertação e amadurecimento com as quais a criatura dilatará seu património nos rumos da auto-realização, da felicidade.
Contudo, até que o aprendiz ajuste o seu campo mental e afectivo aos alvitres do serviço, absorvendo-lhe a essência e finalidade maior, ocorrem desvios naturais e toleráveis que reflectem na obra as deficiências do obreiro.
Atinemos para uma das situações que se apresentam como teste valoroso e que, no entanto, tem levado algumas almas bem intencionadas a quedas e distracções lamentáveis.
É o teste dos cargos.
Allan Kardec não se furtou de aplicar sobre ele a sua lente de observações sensatas e meticulosas.
Vejamos que em nosso item de apoio, no capítulo 29 de O Livro dos Médiuns, o Codificador constata a relação existente entre o título de sócio e a visão pessoal que pode estabelecer perturbações ao conjunto, quando o cargo é utilizado para fazer valer direitos.
Os cargos em si mesmos não são o problema.
Eles são necessários para a disciplina, a ordem e o progresso das instituições.
A relação de apego travada com os cargos é que podem constituir graves problemas para nossas Sociedades.
Em muitos casos, temos observado um processo subtil de apego aos cargos, representando a expectativa subliminar de prestígio e reconhecimento, como forma de compensar a frustração advinda de fracassos e metas não atingidas em várias vivências do ser humano.
Não logrando o sucesso desejável em outras áreas, a criatura encontra na posição de comando o “lugar sonhado” para ser bem sucedido e valorizado.
Não se sentindo bom pai, bom filho ou boa mãe, bom profissional ou bom colega, bom chefe ou bom vizinho, não alcançando voos de simpatia junto à convivência, ou ainda não obtendo êxito nos degraus da formação cultural, procura nos cargos a proeminência, a situação de destaque junto aos grupamentos doutrinários, compensando suas frustrações não superadas.
Interessante analisar que existem corações com vivências opostas, bem sucedidos em todas as áreas, no entanto asilando profunda necessidade de projecção pessoal que lhes leva ainda assim a recorrer às faixas dos rótulos: esse é o problema do personalismo.
Na verdade, nessas condições referidas, alguns desses casos são companheiros com baixa auto-estima, não se sentem amados, queridos, e parecem encontrar essa “sensação’ de Amor e respeito no trono das honrarias temporais; alguns foram educados para a vitória nas passarelas do materialismo, onde desfilariam com seus títulos e méritos; outros são realmente Espíritos afeiçoados à vaidade das posições exteriores, com as quais já se acostumaram ao longo dos séculos; outros ainda são apenas os que se iludiram com essa possibilidade de projecção, já que não foram felicitados com a auto-realização nas lições da vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:17 pm

A rotina desses corações torna-se algo enfermiço na medida em que vivem seus dias, porque, não encontrando no lar, na profissão e na convivência a alegria e o bem-estar, fogem cada vez mais para a sombra da hierarquia, procurando “descansar” das refregas e descompensações hauridas nesses ambientes, onde seu valor pessoal é recebido com indiferença ou desdém.
No centro espírita, porém, ele é “alguém”!
É como se a linguagem de seu sentimento dissesse “aqui eu posso, aqui eu sou”.
Por sua vez, aqueles enquadrados nas vivências personalistas serão motivados, cada vez mais, a dependerem de cargos para a continuidade de sua “rotina espírita”, chegando mesmo a afastarem-se da dinâmica doutrinária se não lograrem as honras que se julgam credores.
Evidentemente que nessas situações, a despeito do valor que terá o cargo e o encargo para essas criaturas, as suas possibilidades são escassas para uma direcção alvissareira, valorativa das habilidades alheias, ponderada e democrática.
O campo de aprendizado será amplo, mas a atenção dessas criaturas terá que se voltar, sobretudo, para a melhora das condições afectivas.
Se o grupamento dirigido não contar as qualidades desejáveis no quadro das virtudes, situações provacionais poderão surgir na aferição dos valores colectivos.
Essa tem sido a situação espiritual de muitos grupos sob a égide da filosofia espírita:
condutores assumindo ares de omnipotência, com os quais se compensam nas necessidades e interesses pessoais, e dirigidos acatando a insensatez em nome de sua “directriz experiente”, somente porque o companheiro do cargo tenha algumas dezenas de anos como tarefeiro.
O teste dos cargos é uma aferição de desprendimento e humildade.
Trazemos no psiquismo milenar experiências muito graves nesse sector.
O processo de hierarquia religiosa nos últimos vinte séculos consolidou hábitos de acentuado egoísmo.
As próprias instituições estruturam-se para alimentá-lo através de concessões e privilégios.
O encanto com as posições temporais tem sido vereda de fortalecimento do personalismo e rota de fuga para os frustrados de vários matizes.
Razão pela qual, considerando a concepção espírita de hierarquia, assumir responsabilidade junto a rótulos de poder significa teste de competência e abnegação.
Relativamente a cargos e posições de destaque nas fileiras espiritistas, foquemo-los como acréscimo de deveres e ensejo de fazer o bem em mais ampla escala.
Naturalmente, com tais posturas o “transbordamento afectivo” poderá vir à tona.
Nessa hora façamos continuados auto-exames na verificação de nossas decisões e sentimentos, esforçando-nos sempre para transformar esse tipo de satisfação pessoal em relações afectuosas e devotamento ao bem colectivo, a partir das funções e obrigações da hierarquia, a nós confiada. Carecemos muito de exemplos nesse terreno.
Tem faltado, sobremaneira, atitudes lúcidas de desprendimento das formalidades e cerimónias que incensam o personalismo junto a ocasiões de congraçamento e festa, e também na rotina das instituições, quando então esse exemplo de abnegação pessoal contagiaria outros para que, mais adiante, quando viessem a assumir essas mesmas responsabilidades, respaldassem no exemplo de seus antecessores.
Porém, ainda hoje, temos que assinalar com lamento que, com raras excepções, semelhante atitude anda longe de nossos grémios de amor.
Falta-nos coragem, talvez um pouco mesmo de criatividade para assumir a escolha de diluir a excessiva aura dos cargos, diminuindo a sua expressividade perante o respeito alheio, deixando crescer o afecto nas relações, acima de quaisquer distanciamentos que possam provocar as convenções.
Estejamos atentos a esses ensejos e encetemos em nós mesmos o compromisso de estar acima das convenções, recordando a profunda e excelente advertência de Jesus, que constitui o melhor e mais feliz projecto para aproveitamento seguro e libertador nas provas do mando:
“(...) antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. “(1)
E o Mestre lionês, objectivando segurança e fidelidade na Sociedade Espírita de Estudos Parisienses, não deixou de assinalar em seu regulamento um artigo de essencial valor para todas as agremiações que se orientam sob a tutela do Espiritismo com Jesus, assim expressando-se:
“Artigo 5º - Para ser sócio titular, é preciso que a pessoa tenha sido, pelo menos durante um ano, associado livre, tenha assistido a mais de metade das sessões e dado, durante esse tempo, provas notórias de seus conhecimentos e de suas convicções em matéria de Espiritismo, de sua adesão aos princípios da Sociedade e do desejo de proceder, em todas as circunstâncias, para com seus colegas, de acordo com os princípios da caridade e da moral Espírita. (2)

(1) Lucas, capítulo 22, versículo 26
(2) O Livro dos Médiuns — capítulo 30
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:17 pm

Capítulo 15 - Espíritas no Além
“Se a evocação dos homens ilustres, dos Espíritos superiores, é eminentemente proveitosa, pelos ensinamentos que eles nos dão, a dos Espíritos vulgares não o é menos, embora esses Espíritos sejam incapazes de resolver as questões de grande alcance.”
“Essa é, pois, uma mina inexaurível de observações, mesmo quando o experimentador se limite a evocar aqueles cuja vida humana apresente alguma particularidade, com relação ao género de morte que teve, à idade, às boas e más qualidades, à posição feliz ou desgraçada que lhes coube na Terra, aos hábitos, ao estado mental, etc.”

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 344

Mais uma vez a sabedoria do senhor Allan Kardec fica exposta na referência supracitada.
Ninguém como ele aprendeu tanto com as comunicações dos Espíritos “vulgares” - como nomina-lhes.
Sua actividade nesse sentido foi exaustiva.
E o ilustre Compêndio-Luz “O Céu e o Inferno”, de sua autoria, na 2ª parte, é uma excelente colectânea de exemplos classificados com esmero pelo Codificador, atestando-nos o quanto podemos aprender com essas comunicações.
Seguindo-lhes os sábios passos, transmitiremos aos amigos uma experiência nessa linha de aprendizagem.
Em tarefas desenvolvidas na erraticidade, cooperamos no ajustamento e adaptação de recém-desencarnados ao nosso plano de vida.
Quando em estágios avançados de recuperação, prestes a retomarem contacto com os ambientes terrenos em excursões educativas, aplicamos diversas técnicas de preparo e sensibilização; entre elas, o aprendiz disserta, em uma missiva com apontamentos elevados, a sua experiência desencarnatória.
Seleccionamos entre as muitas missivas, e com a autorização do missivista, um drama comum a boa parte das desencarnações de espíritas.
Objectivamos assim que a vivência desse coração querido, nos lances da vida afectiva, seja útil às reflexões de vós outros que se encontram na carne investidos das responsabilidades com o Consolador.
Segue, resumidamente, a missiva.
* * * *
“Meu drama não escapa dos resultados infelizes que nós, os espíritas, na maioria dos casos, colhemos além-túmulo quando empanturramos o cérebro com informações doutrinárias, sem digeri-las saudavelmente na vivência diuturna. Acumular conhecimento sem renovar o coração é o mesmo que nos mantermos desavisadamente à beira de enorme precipício que, ao menor descuido, arremessa-nos aos despenhadeiros da “morte física e espiritual.”
“Somente aqui percebi com clareza que o pensamento iluminado é roteiro de paz, mas o sentimento, em verdade, é o “espelho” da consciência na busca dessa mesma paz que, no meu caso, ficou soterrada sob o monturo da distracção e do interesse pessoal.”
“A razão esclarecida, quando se dissocia do afecto elevado, é parceira da ilusão, adquirindo séculos de dor e enganos que, depois de muito sofrimento, servirão como buril do coração na conquista dos sentimentos nobres.
Contudo, Deus não nos criou esse doloroso caminho.
Nós o escolhemos...
“Minha primeira grande decepção no além foi o encontro que tive com algumas companhias, que cumprimentaram-me com leviana intimidade e termos chulos.
Ao esboçar mentalmente a indagação sobre quem seriam, não careci da resposta, porque ressumava na minha mente lembranças estranhas de lugares e acções entre nós...
Percebi então que eram velhas companhias de minhas antigas condutas, com as quais seria deseducação e desentendimento querer me livrar.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:18 pm

“A Misericórdia Divina, porém, é generosa sem ser conivente, e graças a alguns benefícios que espalhei abnegadamente, tive um estágio curto em tais companhias e ambientes repugnantes nos círculos próximos à Terra.”
“Minha falência tem sido a de inúmeros companheiros de ideal.”
“Como disse, cérebro iluminado não garante nobreza de afecto, e foi em razão de descuidos do sentimento que lavrei minha desdita.”
“Os primeiros cinco anos de vida espírita, iniciada em plena juventude aos vinte anos, foram estacas balizadoras.
Trabalho, estudo e melhora moral.
Chegou, no entanto, a hora do testemunho.
Depois da faculdade, surgiu incomparável chance profissional.
Não a perderia jamais.
Dediquei-me de tal forma ao mister que abandonei a escola do centro espírita.
Cada dia mais tornava-se imperativo desdobrar-me aos negócios.”
“Justificava com a necessidade de descanso, e ademais pensava:
isso passa rápido e logo terei vida farta, podendo dedicar-me ao Espiritismo.”
“Aos trinta e cinco anos já era um homem cansado, sem ideal, nem mesmo os materiais, já que comprovei na afanosa carreira que a justiça social é inimiga do sucesso dos honestos.
Cedi então aos alvitres da falcatrua elegante e “justificável”.
Afinal, “não haveria outro jeito.”
Comecei a ter lucros.
Às vezes tinha sentimentos de desconforto, mas aprendi a “enganar” a consciência.”
“Aos quarenta a ideia de formar família atordoou-me; nunca fui dado a aventuras afectivas, pensava em filhos.
Minha cabeça não permitia o tempo para os anelos do amor.
O sexo não me atormentava.”
“Aos quarenta e sete anos, com uma vida estressada, fumando e ingerindo alcoólicos, regularmente, adquiri uma úlcera duodenal que consumia minhas forças essenciais.
Numa das internações hospitalares, meditava sobre minha juventude e tive a impressão nítida da presença espiritual de minha mãezinha querida; adormeci e tive sonhos inesquecíveis, nos quais ela chamava-me para a lucidez.
Tudo em vão; saindo do hospital, deliberei por um negócio engenhoso.
Foi meu último passo na vida física, porque os resultados foram desastrosos, levando-me a incontida frustração e cruel desânimo.
Peregrinei nos centros espíritas novamente, entretanto, a despeito de saber de tudo aquilo que ouvia, nada sentia no coração sofrido e enregelado que me motivasse a alguma mudança.”
“Descuidado e imprevidente, desencarnei em lamentável acidente automobilístico.”
“Somente depois de muitas etapas superadas na auto-recuperação é que posso concluir com acerto sobre o drama que me abateu: priorizar e comprometer-se com as questões espirituais é assunto do coração, é questão do sentimento.
E se o sentimento é o “espelho” da consciência, devemos reflectir a “Imagem Divina”, a bem de nós mesmos.”
“Distraído que fui, pago o preço do descompromisso..
“Hoje tenho para mim uma outra escala de aferição sobre quem são os verdadeiros espíritas.
Eu, que entusiasmei-me em excesso com escritores renomados, médiuns ilustres e “bibliotecas ambulantes de Espiritismo” em que muitos se tornavam, acredito agora que espírita com Jesus, no rumo da sua paz, é aquele que em qualquer tempo, nos reveses ou na calmaria, mantém o ideal de melhoria acima de quaisquer circunstâncias, jamais abandonando ou protelando as tarefas, renunciando sempre que possível a gostos e projectos pessoais, deixando-se levar com muito equilíbrio pelos ditames do coração, que são direcções seguras da consciência, encaminhando-nos para a lídima felicidade.”
* * * *
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:18 pm

Amigo de jornada,
Eis a nossa grande empreitada nos estágios espirituais em que nos encontramos:
alfabetizar o coração nas trilhas do bem definitivo, efectivar a aprendizagem da religião cósmica do Amor, plenificar a existência renovando o modo de sentir.
Indagamos oportunamente o sábio Bezerra de Menezes sobre qual seria o maior drama vivido pelos espíritas ao deixar a vida corporal, e dele recebemos a seguinte gema de sabedoria:
“Filha, os dramas espirituais são resultados da semeadura terrena, obrigando o lavrador da vida a colher os frutos do que plantou, conforme a lei dos méritos.
Assim sendo, o maior drama daqueles que se internam na “Enfermaria do Espiritismo” não está na infeliz colheita de sofrimento aqui na vida extrafísica, mas sim no dia a dia da experiência terrena quando recusam-se, na condição de doentes, a ingerir o remédio da renovação interior.
Conscientes do que existe para além da morte, deveriam submeter-se a urgente metamorfose afectiva, accionando os recursos da educação com vontade firme e muita oração.
O esclarecimento, mesmo constituindo luz e lenitivo, por si só, não basta ao sublime tentame.”
“Os dramas do além são consequências.
O verdadeiro drama está em conhecer e nada fazer para melhorar-se.
- E arrematou o venerável apóstolo do bem:
“Parece um contra-senso! Enquanto o homem comum colhe amargos frutos na vida espiritual pelo desconhecimento, os espíritas, quase sem excepções, experimentam sofrida amargura por muito conhecer!...”
Perante a missiva exposta e as palavras do “médico dos pobres”, erguemos em alta voz a campanha pela humanização nos centros espíritas, convocando os co-idealistas, como lema de suas acções, a inspirada proposta do Espírito Verdade:
“Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. - O Espírito de Verdade. (Paris, 1860.)”(1)
Certamente não será sem razões que nesse apelo o amor é o primeiro ensinamento...

(1) O Evangelho Segundo o Espiritismo — capítulo 6
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 01, 2018 8:18 pm

Capítulo 16 - Sob a Luz do Amor
“Os grupos que se ocupam exclusivamente com as manifestações inteligentes e os que se entregam ao estudo das manifestações físicas têm cada um a sua missão.
Nem uns, nem outros se achariam possuídos do verdadeiro espírito do Espiritismo, desde que não se olhassem com bons olhos; e aquele que atirasse pedras em outro provaria, por esse simples facto, a má influência que o domina.
Todos devem concorrer; ainda que por vias diferentes, para o objectivo comum, que é a pesquisa e a propaganda da verdade.
Os antagonismos, que não são mais do que efeito de orgulho superexcitado, fornecendo armas aos detractores, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender.”

O Livro dos Médiuns – capítulo 29 - item 348

Interessante analisar, daqui para o mundo físico, a influência marcante de velhas ilusões que carreamos para os ofícios de reeducação na sementeira espiritista.
Quando aqui aportamos temos melhor dimensionada as percepções que nos permitem lançar um novo olhar sobre os esforços gerais no bem, fazendo-nos concluir que trabalho algum é dispensável, e todos, conquanto suas deficiências, concorrem para o progresso da causa.
No entanto, em regressando ao corpo físico, invadidos pelas milenares miragens do orgulho, costumamos entender nossa tarefa como a melhor e essencial, nossos conceitos como sendo a mais valiosa expressão da verdade e a nossa participação como admirável missão que nos eleva acima dos demais.
A despeito de erguermos juntos o estandarte da caridade, vezes sem conta abandonamos o imperativo de aplicá-la também nas nossas relações com quantos nos partilham o clima das actividades doutrinárias.
Rectifiquemos essa miopia da visão espiritual.
Passemos a compor o escasso grupo daqueles que incentivam e sabem respeitar os esforços alheios, sejam quais forem.
Disciplinemos a tendência de excluir, e quando destacarmos falhas recolhamo-nos na acção indulgente ou mesmo ao silêncio e oração.
Valorizemos nossa actuação sem desprezar a de outrem.
Cerremos esforços na direcção que melhor atenda as nossas crenças sem alimentar o anseio de ser seguido.
Recordemos que ninguém está obrigado a tal mister, da mesma forma que não temos a implicação de seguir ninguém.
Façamos isso em favor de nossa paz e da ordem geral nos nossos campos de trabalho redentor.
Lembremos velho rifão das esferas extrafísicas que diz “nenhum caminho para o bem é dispensável, mas nenhum de nós é insubstituível nos serviços de Deus”, remetendo-nos a concluir que, se toda tarefa é valorosa, certamente nenhuma depende de nós...
Em verdade, habitualmente, o excessivo valor que conferimos às realizações com as quais cooperamos é o mesmo que emprestamos à nossa personalidade sob as lentes da vaidade...
Em razão disso, anotemos duas metáforas oportunas.
O movimento espírita pode ser comparado a estimável universidade do Espírito; as instituições são as áreas específicas de aperfeiçoamento e cada tarefa pode ser entendida como uma classe que reúne um certo número de aprendizes. Nesse concerto de educação e melhoria, todos temos o valor pessoal e intransferível no aproveitamento das lições na construção de nosso saber eterno.
Noutra imagem podemos conceber a Seara como um incomparável hospital da alma; cada grupamento assemelha-se a uma especialidade de recuperação e cada actividade a uma enfermaria de convalescença.
Nesse ambiente de tratamento e prevenção, todos temos nossas doenças a cuidar com medicações individuais na busca de nossa alta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:50 pm

Aprendizes e enfermos, eis o que “estamos”!
Portanto, ante os assaltos ilusórios do personalismo no que tange a comparações e julgamentos, fiquemos com o Codificador que acentua: vias diferentes, objectivos comuns, para a propagação da verdade, conforme a nossa referência supra destacada.
* * * *
Amigo do coração,
Estejas convicto de que, apesar de tuas reservas com os deveres alheios no bem, Deus conta com eles.
Envolve-te na psicosfera do Amor, se desejares entender os planos do Pai para com aqueles aos quais ainda não consegues devotar apreço, entendimento e admiração incondicionais.
É natural que enxergues elitismo nos que estudam com afinco, já que por agora não despertastes ainda tanto quanto deveria para a importância do conhecimento na felicidade dos homens.
Compreensível que não entendas os eloquentes do verbo libertador, já que ainda não te sensibilizastes o bastante para o benefício de impor disciplina a teu próprio linguajar diário.
Honesta de tua parte a preocupação com o excesso institucional, sabendo que teu incómodo é sinal do aprendizado que tens urgência em aquilatar para que não cometas a mesma distracção.
Aceitável que destaques personalismo naqueles que cumprem a rotina das honrarias e cargos, uma vez que não dominastes por enquanto tuas manifestações de vaidade em pequenos lances da existência.
Sincero de tua parte supores que o farnel distribuído é fonte de preguiça, considerando que ainda não amealhastes suficiente experiência da doação de si mesmo junto aos deveres materiais no lar e na profissão.
Justo tua inconformação com a colecta de recursos para eventos de confraternização e estudo, uma vez que ainda não arregimentaste melhores concepções sobre a urgência da união entre grupos de interesse comum.
Razoável cobres da conduta do próximo aquilo que ainda não conseguiste implementar na tua própria vivência, e que julgues os denodos de Amor dos outros conforme seus limites de actuação.
Contudo, se queres amealhar paz e sabedoria para tua vida, sobrepõe-te a todas essas questiúnculas da existência, que são sombras do egoísmo, e envolve-te no afecto cristão, sendo cortês, generoso e terno com tudo e com todos, educando-te no amor indistinto e incondicional perante as diferenças e os diferentes que te circundam a experiência carnal.
Vai, experimenta e verás!
Verás o que acontece quando optares pelo Divino sentimento ao encontro de teus irmãos, sob a luz do amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:50 pm

Capítulo 17 - Severa Inimiga
“Graças a surdos manejos que passam despercebidos, espalham a dúvida, a desconfiança e a desafeição; sob a aparência de interesse hipócrita pela causa, tudo criticam, formam conciliábulos e corrilhos que presto rompem a harmonia do conjunto; é o que querem.
Em se tratando de gente dessa espécie, apelar para os sentimentos de caridade e fraternidade é falar a surdos voluntários, porquanto o objectivo de tais criaturas é precisamente aniquilar esses sentimentos, que constituem os maiores obstáculos opostos a seus manejos.
Semelhante estado de coisas, desagradável em todas as Sociedades, ainda mais o é nas associações espíritas, porque, se não ocasiona um rompimento gera uma preocupação incompatível com o recolhimento e a atenção.”

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 336

Sua acção assemelha-se a chamas ardentes no coração.
Crepita somente onde existe o combustível do interesse pessoal.
Resulta da extrema necessidade de projecção e aprovação social.
Traveste-se de animosidade crónica quando não consegue empanar o brilho alheio.
Carcome no ódio as almas indispostas a se moralizarem.
Graças a seus complexos manejos, inclina o homem a destacar os aspectos sombrios dos esforços do próximo, reduzindo-os em favor da exaltação egoísta.
Não conseguindo domínio sobre as reacções emocionais infelicitadoras de que o acometem, camufla a sua desafeição com a indiferença e o descaso.
Apaga do dicionário da cordialidade as palavras de incentivo e elogio, admiração e alegria com os sucessos de outrem.
Adora plágios de ideias que lhe rendam a sensação de originalidade e inteligência.
Causadora de dissidência por não estimular uma convivência valorativa das habilidades e acções dos que compartilham responsabilidades na faina espiritual.
Astuta fantasia do orgulho, domina o coração em razão da escassa auto-estima.
Ónus afectivo que carreamos contra nós próprios ao longo de milénios!
Referimo-nos à inveja, severa inimiga de nossa paz interior.
A inveja é das mais cruéis imperfeições morais, porque é filha queridíssima do orgulho, e sendo assim, é dos sentimentos que a criatura menos confessa a si mesmo.
Pergunte a um grupamento das fileiras do Consolador quem padece de tal doença e, certamente, as justificativas de escape surgirão prestes a abonar as atitudes, fugindo cada qual de reconhecer que padece de inveja.
De fato, é a imperfeição que menos admitimos em nós, e que, no entanto, pela sua forma “engenhosa” de ser, impede seu reconhecimento.
Os limites entre a inveja e a necessidade de progresso, o desejo de lograr metas que outros venceram, é muito subtil e demanda auto-conhecimento.
Bom será para nós, os seareiros do último momento, que estudemo-la com a profundidade que se faz credora, a fim de aquilatarmos sua presença danosa nos celeiros de Amor do Espiritismo.
É necessário muita acuidade e espírito de fraternidade para constatar sua acção subtil e nociva em actos e pensamentos, palavras e decisões, sentimentos e procedimento.
Nossa atenção, entretanto, volta-se para uma de suas facetas mais pertinentes à faina doutrinária, ou seja, a animosidade crónica.
Conceituemo-la como sendo contumaz e crescente indisposição afectiva. Uma indesejável, inoportuna e “estranha” rivalidade com alguém.
Surge em razão de pequenos acidentes do relacionamento ou mesmo inesperadamente, sem nenhuma razão aparente.
Persegue seu portador com incómodos e indefiníveis sentimentos ante a presença daqueles que lhe são alvo de sua indisposição, chegando, muita vez, a constrangê-los ou confundi-los.
Os invejosos deixam sempre as sensação de que estão escondendo-se perante os invejados...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:51 pm

Tipifica-se como um fechamento intencional do afecto, “coagulando” as emoções na “frieza disfarçada”.
Se não houver nobreza moral e alguns cuidados, tomará o rumo da aversão e da malquerença.
Se forem, os invejosos, de temperamento discreto, guardarão variados estados de ânimo sob intensa pressão íntima seguida de mal-estar.
Se extrovertidos, despencarão pela maledicência como extravasamento enfermiço.
Analisando suas causas mais comuns, constatamos que a inveja promove a inaceitação da felicidade, do êxito alheio e de perfis psicológicos que não coadunem com os quesitos pessoais do invejoso, ou então ela, a inveja, apenas deflagra elos mal vividos de outras existências corporais, retomando um ciclo de vindictas afectivas.
Crónica doença do afecto, essa animosidade pertinaz só será vencida à custa de muita “oração e jejum”, pautando-se nos relacionamentos com muita maleabilidade, superando o carácter rígido, disciplinando-se a hábitos de cordialidade e toques de ternura no despertamento de bons sentimentos, vigiando as expressões do humor e do Amor até mesmo quando estiverem restritas ao campo dos pensamentos.
Em verdade, o que precisa o invejoso é ouvir o coração clamando pela acção de paz e incentivo aos bons passos de quantos não suportam acompanhar as vitórias. Ouvir e agir no bem, eis o desafio!
Tão graves são os ardis da severa inimiga que o invejoso, quando acolhido com entusiasmo e cordialidade de quem é alvo de seus sentimentos, sente-se humilhado, disfarçando-se com actos de desdém.
Os invejosos são, sobretudo, “subtis detectives” da conduta alheia.
Chegará o momento em que reconhecerão o mal que causam a si próprios no ato de adular a severa inimiga, que se esconde traiçoeira nos bastidores de suas movimentações infelizes.
* * * *
Amigo do coração,
O Codificador relaciona em nosso item de apoio a questão dos inimigos confessos do Espiritismo no seu tempo, cuja frequência às sessões hebdomadárias tinha como principal objectivo retardar a marcha do Espiritismo.
Hoje, esses inimigos, não estão mais contra a Doutrina, mas podemos encontrá-los em velada oposição aos profitentes da causa, com os quais sentem ciumeiras e despeitos infantis.
Convém-nos relembrar a advertência oportuna exarada nos primeiros momentos do Espiritismo:
“Se os inimigos externos nada podem contra o Espiritismo, o mesmo não se dá com os de dentro.
Refiro-me aos que são mais Espíritas de nome que de facto, sem falar dos que do Espiritismo apenas têm a máscara”. (1)
Nesse tema, alertamos aos servidores devotados e animosos para precaverem-se contra esse capítulo especialíssimo da convivência doutrinária.
Evitem prezar em excesso essas artimanhas e caprichos do comportamento invejoso, quando o destino de tais investidas forem a ti endereçadas.
Considerar em demasia esse género de conduta infeliz é atrair para si mesmo o halo vibratório emanante de tais corações.
Mesmo quando tenhas sido o motivador da invigilância dos que te cercam, ora por eles e demonstra humildade sem subserviência.
Intencional ou não, a acção invejosa desses adversários gratuitos dos obreiros dispostos ao bem culminam em lamentáveis processos de leviandade verbal.
Difamação e maledicência são-lhe os açoites da palavra, provocando deserções e dissidências.
Como acentua o lúcido Kardec, agem através de “surdos manejos, que passam despercebidos”, e no campo do afecto “espalham a dúvida, a desconfiança e a desafeição”.
São instrumentos da cizânia.
Sentindo-se inferiorizados face às comparações que estabelecem com os bem-sucedidos, destacam os aspectos menos úteis da acção alheia...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:51 pm

Nas lides do centro doutrinário, a inveja, em vários casos, é sintoma de apego e apropriação de espaços de trabalho, seja nos cargos ou em actividades com as quais o carinho e a devoção do trabalhador abrilhantaram os deveres naquela oportunidade, seja na disputa mental que o invejoso trava entre si e aquele que concebe como oponente, em razão da desenvolta actuação de seu imaginário adversário.
Percebe-se ainda a presença da inveja nos lidadores despeitados através do desvalor com que tratam o empenho do outro.
Verificando um evento ou iniciativa, procuram atenuar a grandeza do êxito de grupos ou pessoas destacando facilidades e comodidades para tal tentame, ou ainda assinalando, sob sua perspectiva, os “lados ruins” de tais empreendimentos.
Na verdade, o incómodo do invejoso com o progresso dos outros lhe é algo muito doloroso.
Nessa posição desditosa, sempre empenhado em olhar para fora de si, estabelecendo comparações e debochando das vitórias alheias, o invejoso impede a si mesmo de perceber seus valores pessoais, sua possibilidade de agir, de vencer, embaçando sua visão espiritual para entender o papel glorioso a ele reservado na obra do Pai.
Certamente, sua crise moral é de inaceitação e rebeldia.
Querendo ter ou ser o que os outros são ou têm, termina cada vez mais infelicitado e descontente, com isso dando uma escandalosa prova de desamor a si mesmo.
As criaturas que se amam ou estão aprendendo a se amar compreendem que o “ser’ tem seu destino, sua rota, sua missão, e que ninguém, ninguém mesmo, possui nem mais nem menos do que aquilo que merece ou precisa para cumprir seu caminho divino.
Porém, quando a alma entende as “ordens naturais da vida”, assimila sua parte individual na Obra excelsa de Deus, compenetrando-se do espírito de “cidadão do universo” e realizando a ventura de actuar pela edificação a que foi convocado, em paz e júbilos infindáveis.
Entendamos assim que admirar, elogiar, compartilhar e incentivar as vitórias dos co-idealistas é a formação do hábito da solidariedade relacional no coração e exercício afectivo preventivo contra a inveja.
Adequemo-nos a esse comportamento feliz como quem estende as mãos uns aos outros em forte corrente do bem, auxiliando-nos mutuamente, fortalecendo os valores individuais e as benesses das tarefas, sem fixar-nos nas deficiências do trabalho ou do trabalhador.
Resumamos então em pequeno roteiro os passos no combate à nossa severa inimiga, quando ela se manifeste:
- Admitir sua existência no coração é o primeiro passo.
- Conhecer suas formas de manifestação.
- Estudar suas razões através de uma viagem interior.
- Adquirir o controlo sobre as suas reacções emocionais.
- Saber conviver harmoniosamente com ela, transformando-a para o bem.
- Empenhar-se na renovação da convivência construtiva com quem é alvo de suas investidas.

(1) Revista Espírita — novembro de 1861 — página 359 — Edicel — Allan Kardec
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:51 pm

Capítulo 18 - Flexibilidade nos Julgamentos
“Já vimos de quanta importância é a uniformidade de sentimentos, para a obtenção de bons resultados.”
O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 335

Assunto grave e oportuno nas questões da vida interpessoal são as sentenças irredutíveis que costumamos lavrar relativamente aos outros no campo dos julgamentos.
Ainda não desenvolvemos suficiente capacidade para analisar o “outro”, entendido aqui como sendo “o diferente de nós”, de maneira alteritária, isenta das lentes morais que classificam as diferenças como imperfeições e limitações.
Em razão disso, e também por conveniência, basta uma só atitude infeliz de nosso próximo, pela nossa óptica, para decretarmos veredictos éticos, que serão rigorosos adjectivos identificadores da personalidade daquilo que o “outro” é, em nossa concepção.
Um homem não pode ser julgado apenas por uma atitude, por uma faceta de seu temperamento.
Ter-se-ia que melhor aquilatar suas razões, seus sentidos pessoais, sua integralidade espiritual para então fazermos melhor avaliação sobre os porquês de suas acções e de seu proceder.
A precipitação e a parcialidade nesse capítulo das relações têm ensejado um “imaginário”, inverosímil — fantasias calcadas em expectativas relativamente àqueles com os quais convivemos.
A influência dos papéis sociais, as tendências do homem integral, a questão da educação infantil, o momento psicológico da criatura, a interferência de desencarnados, os interesses pessoais são apenas alguns dos muitos factores que devem ser arrolados na “arte de julgar”.
Conveniências, nas quais nos encontramos amordaçados moralmente no atendimento a caprichos ou conceitos pessoais, rezam que decretemos juízos definitivos e imutáveis sobre as pessoas.
Uma leve flatulência e já nos sentimos à vontade para expedir juízos.
E se a pessoa em questão é alguém que não atende as nossas exigências de entendimento e afinidade, possivelmente daqui a um século ainda sustentaremos as mesmas recriminações, guardando, por conveniência, as mesmas ideias sobre nosso “réu’.
Nesse caso, nosso orgulho rebaixa o “outro” ao patamar das próprias lutas pessoais, e a inveja provoca uma miopia impedindo-nos de enxergar as qualidades nele existentes.
Difícil tema dos relacionamentos, porque além de convivermos com aquilo que os outros pensam que somos, ainda temos que separar aquilo que pensamos que somos, daquilo que realmente somos, deixando claro que nem mesmo nós próprios, em muitos lances, sabemos avaliar com a precisão necessária as causas de nossas acções.
Como então apressar em lavrar acusações sobre o próximo se nem a nós mesmos conhecemos com exactidão?
Devido a esse hábito enfermiço, podemos registar algumas consequências previsíveis na vida inter-relacional, quais sejam:
- Contínua indisposição de conviver com as “pessoas-alvo” de nossos veredictos depreciativos.
- Incómodos emocionais variados, quando na presença da criatura julgada por nós.
- Tendência à maledicência na manutenção dos decretos por nós lavrados.
Carecemos analisar quais as causas desse automatismo milenar, se desejamos superá-lo o quanto antes.
Em alguns casos, o complexo de inferioridade faz-se presente levando-nos a reduzir o conceito de valor do “outro”, porque assim fruímos a sensação de que somos melhores aquilatados.
Outras vezes, deparamo-nos com uma situação de “projecção de auto-repulsão”, recriminando no “outro” o que não aceitamos em nós.
Sem a reencarnação não poderíamos investigar esse episódio comportamental com a merecida sabedoria, analisando a influência de imperfeições que determinaram fracassos conscienciais em vidas anteriores e custaram muita amargura e dor na erraticidade.
Planeando o recomeço na carne, priorizamos intensa vigilância sobre esses antigos desvarios morais, nutrindo propósitos renovadores.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:51 pm

Retomando a oportunidade na Terra, embalados por esses sonhos de libertação e conscientização, tenderemos a ser severos com tudo que orbita em torno dos traços de carácter que desejamos vencer.
Lamentavelmente tal severidade transferimos também ao nosso próximo, e chegamos mesmo a imputá-la, em alguns casos, como pertinente somente a ele, relegando mais uma vez os deveres correctivos em nós mesmos nas áreas de fragilidade.
Em verdade são variadas as causas dessa rigidez nos juízos implacáveis.
O importante é que tenhamos maleabilidade sempre na nossa vida interpessoal.
Cada homem tem seus motivos para ser como é ou fazer o que faz, ainda que palmilhando pela perversidade...
Busquemos assim a conquista da compreensão em favor da alteridade.
Alteridade essa que não nos eximirá de ajuizar e pensar, mas que nos conduzirá a uma postura de predisposição ao convívio fraternal nas bases da tolerância, do perdão e do entendimento, quanto possível.
Evidentemente, não somos obrigados a ser coniventes com as atitudes do próximo, no entanto, os desafios da convivência apelam para a utilização de relativização nas análises imputadas aos corações de nossa faina diária.
Aprofundemos constantemente o entendimento sobre os motivos que levam o homem a fazer suas escolhas e a tomar suas decisões.
Elastecer a sensibilidade afectiva para galgar essa compreensão da realidade subliminar de cada criatura, penetrar na alma de cada ser, extrair a essência:
sem tal exercício, ficaremos na superficialidade estabelecendo juízos parciais e sem conhecer as raízes das acções humanas, aprisionados a versões unilaterais que podem trazer-nos decepções ao longo da vida ou mesmo na Imortalidade!
Prudente será, portanto, que apliquemos sempre a severidade connosco próprios, procurando tirar o véu do personalismo e realizando o auto-encontro com a verdade sobre nós próprios.
Ainda assim será imprescindível a flexibilidade, o auto-perdão, a complacência para com nossas deficiências, porque quando tomamos, também para connosco, a decisão dos juízos imperdoáveis, caminhamos para o outro extremo da questão, alimentando o desamor e a culpa contra a conquista da felicidade pessoal.
Ninguém é no todo exactamente aquilo que dele pensamos ou sentimos.
Perceberemos em cada ser aquilo que constitui, em verdade, o “material da vida” que edificamos em favor do nosso progresso pessoal.
Relações mudam, quando mudamos o foco que temos sobre aqueles de nossa convivência.
Quando mantemos um foco único sobre alguém, devemos nos perguntar:
Por que estamos deliberando fixar a mente nesse padrão?
Certamente perceberemos, com tempo e serenidade, a que motivos estamos atendendo; aliás esses são quesitos imprescindíveis para julgamentos mais realistas e proveitosos.
Essa descoberta será de grande valor para nós, por se tratar do divino movimento interior do auto-conhecimento, lançando sondas nas regiões incognoscíveis do mundo íntimo em busca do aperfeiçoamento que nos tornará maleáveis e plenos de alteridade com o “outro” diferente, aprendendo a amar sua diferença e com ela sempre acrescer algo no auxílio e construção de uma relação pacífica e promissora.
* * * *
Amigos,
Julgamentos definitivos excluem as possibilidades da fraternidade.
As pessoas mudam a cada dia, e nem sempre se conservam as mesmas, o que se lhes seria um direito caso isso fosse possível.
Nos ambientes espiritistas os julgamentos morais tornaram-se triviais.
Em razão dos conteúdos do conhecimento com o qual laboramos, muito facilmente percebe-se as conclusões do tipo:
“é personalismo”, “é vaidade”, “é invigilância”; tais peças da “inquisição ética” infelizmente são utilizadas como processo de exclusão institucional ou mesmo relacional.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:51 pm

A elevadíssima expectativa que nutrimos uns para com os outros, entre espíritas, chega às raias da insensatez.
Devemos sempre esperar muito de nós mesmos, e ter sempre acendrada misericórdia para com o outro.
Tal expectativa chega ao ponto de presenciarmos, inclusive, os julgamentos sobre o estado espiritual post-mortem daqueles com quem convivemos ou que foram expoentes de nossas lides.
Sobre os quais, comumente, imputa-se excessivo rigor acerca de como se encontram na vida dos Espíritos, face a alguns deslizes cometidos por tais corações quando na experiência carnal.
Sejam graves ou não esses desatinos do comportamento alheio, é preciso destacar que o critério de maior influência na erraticidade ainda é e sempre será a consciência, acrescido da interferência protectora e educativa dos avalistas das reencarnações.
Em conhecendo a “ficha espiritual dos milénios” de seus tutelados, têm eles plena e competente capacidade para ajuizar sobre os destinos futuros.
E não esqueçamos que, como “instrumentos da misericórdia”, tais tutores do bem só ajuízam sobre a recém-finda vivência de seu tutelado considerando o somatório de suas existências, sem jamais se fixarem nas infelizes decisões que tenha tomado ao longo de apenas uma etapa.
Para nós que temos acompanhado inúmeros processos de avaliação nessa perspectiva, aqui na vida espiritual, podemos vos afiançar que a carga de expectativa que os irmãos de ideal no plano físico colocam nos julgamentos uns sobre os outros, via de regra, não corresponde ao beneplácito com o qual é tratado cada desencarne de espíritas.
A elevada carga de expectativas que têm os companheiros destitui o sábio recurso da sensatez e da indulgência.
Enquanto na vida espiritual aqueles que para os homens deveriam ser recebidos com honras quase sempre se encontram na perturbação, aqueloutros, que supondes na infelicidade em razão de suas invigilâncias, comumente, contam com o crédito do serviço no bem que realizaram, na amenização de suas faltas, e na garantia de um amparo que os permita experimentar, tão somente, a controlável amargura que terão de suportar pelo bem que podiam fazer e não fizeram...
Essa é uma empreitada decisiva do orgulho que ainda nos mantém reféns ante os novos ideais que esposamos.
Não conseguindo os voos de amor no campo do afecto que nos possibilitaria a tolerância e a afeição incondicionais, vivemos atrelados aos pesados fardos impostos pelas relações fatigantes uns com os outros, incomodados com a acção alheia, estabelecendo cobranças que supomos justas, sobrecarregando o próprio psiquismo com agastamentos a título de “defesa doutrinária” ou de correcção de factores históricos mal talhados, sob a óptica de nossas avaliações.
Enquanto mantivermos essas sentenças imutáveis penetraremos cada dia mais as sombras de nós mesmos, revivendo velhos quadros da perseguição doentia por “amor a Deus”!
Quem cultiva a autenticidade e guarda a consciência tranquila na vivência dos ideais que esposa deve sempre recorrer ao diálogo, ao perdão, ao estudo atento dos factos, objectivando fazer melhores juízos de tudo e todos, buscando penetrar na essência das experiências da convivência e, sobretudo, sempre advogando o bem e a concordância no trabalho digno e renovador, evitando as ciladas do orgulho humano a nos conduzir ao império do autoritarismo e da tirania.
Jesus poderia ter estabelecido a Verdade para Pilatos, mas não o fez.
Decretaria Ele na ocasião algo que competia ao governador descobrir por si mesmo.
Certamente o Mestre sabia que pouco adiantaria julgar Pilatos em sentença recriminativa de qualquer natureza moral, porque ele não aceitaria e tudo permaneceria do mesmo modo.
Abstendo-se de ajuizar com o séquito romano, Jesus ensina-nos a evitar a promoção de vínculos subtis e desgastantes, que sempre passam a existir quando decidimos, com nossa suposta autoridade, sentenciar com maus sentimentos a vida além da nossa, roubando a própria paz interior.
Razão pela qual, com o brilhantismo de sempre, Allan Kardec destacou, conforme nossa referência em estudo:
“Já vimos de quanta importância é a uniformidade de sentimentos, para a obtenção de bons resultados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:52 pm

Capítulo 19 - Nos Leitos da Caridade
“Como a caridade é o mais forte antídoto desse veneno, o sentimento da caridade é o que eles mais procuram abafar.
Não se deve, portanto, esperar que o mal se haja tornado incurável, para remediá-lo; não se deve, se quer esperar que os primeiros sintomas se manifestem; o de que se deve cuidar; acima de tudo, é de preveni-lo.”

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 340

Uma subtilidade da convivência humana tem se tornado muito habitual:
a falta de gratificação nos relacionamentos.
O efeito imediato dessa indesejável situação é a ausência de motivos para recriar os encontros, já desgastados, com aqueles que compartilhamos os deveres na órbita doutrinária, levando-nos a acalentar o distanciamento proposital, escolhido.
No educandário das provas sociais, onde crescemos à custa do trabalho-obrigação, é compreensível que tal quadro se desenvolva.
Não podemos afirmar o mesmo quando se trata dos encontros e desencontros nas frentes de crescimento com Jesus.
Simpatia, antipatia, admiração e aversão nessa perspectiva são factores reeducacionais de aprendizagem dos quais jamais devemos desertar, a pretexto de estabelecer somente relações felizes e que sejam agradáveis.
Quando nominamos o centro espírita como educandário do afecto é porque nele percebemos a imensa clareira de oportunidades para a aquisição dos valores morais e emocionais, que somente serão hauridos na vida relacional ajustada a uma proposta de transformação pelas vias da educação.
Uma das causas dessa desistência de conviver podemos encontrar na sobrecarga que muitas vezes costumamos colocar sobre os irmãos de ideal, em razão das elevadas expectativas que nutrimos sobre seu proceder, aguardando deles finuras e gentilezas constantes como atestado de autenticidade espírita.
Com isso esquecemos das nossas limitações e carências, passando a cobrar dos outros o que ainda não temos condições de realizar.
É salutar aguardar o melhor dos amigos, contudo, evitemos a rigidez ante suas escorregadelas, porque senão estaremos, em verdade, acariciando a intransigência disfarçada em decepção.
Elevadas expectativas devemos tê-las para connosco mesmo, embora ainda assim tenhamos de usar de paciência e auto-perdão constantes.
Temos muitas barreiras de comunicação nas relações, e isso tem impingido uma carga por demais pesada no favorecimento do entendimento e da afectividade.
O tempero do afecto, contudo, facultaria o encanto e o bem-estar à convivência, estimulando a continuidade de elos imprescindíveis para a elaboração de projectos e labores de fundamental significado nas leiras do serviço espiritual.
Ações intransigentes, se dotadas de afecto, tornar-se-iam determinação construtiva.
Palavras enérgicas, embaladas na ternura da voz, seriam alertas promissores.
Normas rígidas, se externadas com carinho, concitariam à reflexão.
Vigiemos, portanto esse distanciamento por opção e transformemos nossas relações.
Reflictamos um pouco mais: deslocamos quilómetros para servir em caridade àqueles penalizados na pobreza, nos cárceres, nos hospitais, nas creches ou nas sombras da obsessão, todavia, quase sempre, descuidamos daquele coração que está ao nosso lado nas tarefas junto à agremiação doutrinária, com o qual nem sempre nutrimos as melhores expressões de afinidade e simpatia.
Estejamos assim mais atentos aos leitos de dor e penúria que se encontram, também, no âmbito de nossas próprias relações doutrinárias, acrescendo-lhes amor e amparo, proximidade e afeição.
Afecto no ato de ouvir é a caridade da atenção.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:52 pm

Quantos se sentem menosprezados e submissos aos leitos da escassa auto-estima, clamando por um minuto de prestígio?
Afecto na atitude de valorizar o esforço alheio é a caridade do incentivo.
Quantos se encontram desanimados e estirados aos leitos do descomprometimento por faltarem-lhe apreço a sua colaboração?
Afecto na saudação é a caridade da cordialidade.
Quantos são aqueles que ante um gesto de bondade decidem levantar-se do leito da aversão?
Afecto na prontidão é a caridade da cooperação.
Milhares de criaturas, sob a influência contagiante da atitude da disponibilidade alheia, libertam-se dos leitos da preguiça seguindo-lhes os exemplos.
Afecto na delegação é a caridade da confiança.
Será que imaginamos quantos são os corações sensíveis e bem intencionados que se entregam aos leitos da desistência simplesmente por não serem convocados a realizar?
Afecto na disciplina, caridade da tolerância.
A ausência de ternura na aplicação de regras tombam muitos nos leitos da insatisfação e da inveja.
Afecto na palavra, caridade da brandura.
A rigidez do verbo tem agredido a muitos que se aterram propositadamente aos leitos da susceptibilidade.
Afecto na tolerância, caridade da indulgência.
E quantos são os que padecem o arrefecimento do ideal em razão de serem entregues aos leitos da recriminação, ante suas intenções e projectos de ousadia nas mudanças?
Atenção, incentivo, cordialidade, cooperação, confiança, tolerância, brandura e indulgência são as “caridades de casa”, pródigas fontes formadoras do espírito familiar que deve enlaçar os grupamentos erguidos em nome de Jesus e Kardec.
Caridade no grupo é obtenção de paz, alívio de culpas, restauração do afecto pela compensação em dar, exercícios de Amor pela didáctica da solidariedade, revitalização energética, recomposição consciencial, desarticulação dos reflexos da educação infantil, desvinculação obsessiva, lenitivo, conforto e alívio para caminhar.
Estudemos mais sobre a caridade relacional e compreendamos melhor os benefícios da vivência do afecto em favor de nosso futuro espiritual, porque então descobriremos, pelo estudo e pela vivência, que amar é vigoroso preventivo que elimina grande parte de nossas dores provacionais na escola da convivência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 02, 2018 7:52 pm

Capítulo 20 - Plenitude na Gratidão
“Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor?”
O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 350

Deus é Amor e compaixão plena.
A vida é a expansão das benesses Divinas que nos fazem “credores universais” em busca de quitação dos saldos de misericórdia por Ele espargidas.
O matemático Frei Luca Pacioli estabeleceu em 1494 os princípios fundamentais da contabilidade humana, consignando que aquilo que se recebe é débito, enquanto a quitação é crédito e desobrigação.
Semelhante princípio nos balanços da economia empresarial reflecte a Lei Universal do Amor.
Quanto mais se dá, mais se tem; quanto mais se exige, mais se priva.
Dar é crédito, receber é débito.
Só temos aquilo que damos, e o Amor tem esse “milagre”: quanto mais se dá, mais se tem.
De posse dessa perspectiva, listemos algumas de nossas contas, a fim de verificarmos se temos os saldos que costumamos esbanjar ante as exigências de todo dia.
Renascer no corpo físico, dívida com o recomeço e a esperança.
Acolhimento dos pais, dívida com a gratidão e a prole.
Escola para instruir, dívida com o saber.
Mestras desveladas, dívida com a generosidade.
Arrimo dos amigos, dívida com a cooperação e o estímulo.
Benfeitores inesquecíveis, dívida com o amparo.
Profissão para exercer, dívida com a sociedade.
Orientação espiritual, dívida com o Espiritismo.
Natureza exuberante, dívida com o planeta.
Alimento nutriente, dívida com o agricultor.
Tecnologia facilitadora, dívida com os inventores.
Medicação refazente, dívida com os cientistas.
Diversão e lazer, dívida com o tempo.
Cultura a disposição, dívida com o livro.
Empregados dedicados, dívida com a obediência.
Patrões solidários, dívida com o apoio.
A roupa que vestimos, o conforto dos lares, os recursos amoedados, a saúde e a prosperidade, conquanto sejam recursos amealhados na faina diuturna do progresso pessoal, só se tornaram possíveis porque, antecedendo às vitórias de cada dia, foram alvo de uma previsão na erraticidade, com endosso de avalistas dispostos a tutelar nossos planos reencarnatórios, contemplando-nos com condições mínimas para lograr o sucesso em várias situações da existência.
Dessa forma, os recursos mínimos para empreender vitórias maiores constituem dívidas com os “activos da vida”, ante a Contabilidade Divina.
Somente o egoísmo humano, travestido em usura e insensibilidade, pode levar o raciocínio a encharcar-se de materialismo na supervalorização da movimentação pessoal, a ponto de colocarmo-nos como centro exclusivo dos nossos êxitos, sem contabilizar a extensão de amparo da Divina Providência.
A vida é um processo de permutas contínuas e o que foge de respirar nessa lei padece as injunções da própria lei, decretando que até aquilo que parece termos pode nos ser tirado. (1)
Essa a razão pela qual apontamos a ingratidão como sendo um dos maiores corrosivos da sensibilidade e do Amor.
Ela “apaga” da memória os benefícios do ontem e antecipa obstáculos em relação ao amanhã.
Ser grato é ser melhor e crescer; é ter na lembrança os benfeitores de ontem, é aprender a fixar-se nas circunstâncias felizes da existência, é devolver à vida os créditos que nos beneficiaram, é aprender a superar queixas e desgostos com a reencarnação dilatando o espírito de desprendimento e aceitação, sem deixar de buscar o progresso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:11 pm

Dar é ter.
Reter é emissão magnética de atracção dos reflexos do medo, da insegurança e da cobiça com os quais insculpimos nossa derrota a longo prazo, projectando a nossa volta os efeitos infelizes que espelham tal estado íntimo.
Dessa forma, o materialista vê no outro o reflexo da competição e o categoriza como concorrente.
O medroso vê no próximo o reflexo de seu temor e nomeia-o como inimigo.
O inseguro expande sua emoção e vê-se no outro, classificando-o dilapidador.
Estejamos atentos a essa lição de afecto de todo instante, a fim de aprendermos a sublime lição da gratidão, mantendo-nos em constante estado de satisfação e alegria com as experiências da vida.
Pessoas gratas atraem bênçãos, vibram saúde, são dotadas de optimismo, entendem a dor, alimentam-se de altruísmo, são fortes ante as lutas, adoram gente e sentem-se bem ao lado de todos.
Os gratos ocupam-se em doar-se sem se consumirem em ansiedades e aflições sobre como vão lucrar vantagens.
Corações agradecidos sentem-se gratificados, embora nem sempre se verifique o inverso.
Os gratos sabem perdoar com mais facilidade, desculpar instantaneamente e prosseguir sem fixações em fatos desagradáveis.
Agradeçamos com sentida oração a Jesus e a Kardec as felizes ensanchas de refestelarmo-nos nas ambiências espíritas, mesmo com os agastamentos nos grupamentos, mesmo com as incongruências que observamos.
O Amor é a mais profunda e gratificante experiência da jornada evolutiva do Espírito.
Amando, credenciamos à vida os recursos para nossa felicidade.
Exigindo o Amor, debitamos o tributo da paz em nossa conta pessoal.
Procura vivenciar o afecto enobrecedor entre irmãos de ideal, dá de ti mesmo, seja o provedor afectivo de teu grupo.
Aprende a amar, incondicionalmente, e perceberás como é mais preenchedor que ser amado.
O habitual é que todos esperem ser amados.
Seja você aquele que realiza o gesto incomum e irradie os nobres sentimentos do Cristão, mesmo que deles careça.
A vida, evidentemente, te responderá.
* * * *
Senhor, receba nossa gratidão pela extensão de tua bondade.
Mesmo esquecidos de teu amor nas variadas formas de auxílio com que nos abençoas, agradecemos agora com sentida oração a oportunidade da existência.
Gratos pelo lar e pela Terra que nos acolhe, gratos pela saúde e o corpo que nos ofertaste, gratos pelo luminoso caminho espírita, receba nossos sentimentos de louvor.
Sabendo, porém, O Pai, do quanto somos distraídos e inconsequentes em esbanjar qualidades e recursos que ainda não nos pertencem, suplicamos o teu acréscimo de Misericórdia em favor de nossa fragilidade nos dias vindouros.
Ajuda-nos a honrar com actos o reconhecimento dessa hora, mantendo-nos na plenitude da gratidão, irradiando a constante alegria de viver e de “ser” ante os labirintos das provações.
Obrigada Senhor!

(1) Mateus, capítulo 25, versículo 29
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:11 pm

Capítulo 21 - Melindre nos Centros Espíritas
“Os antagonismos, que não são mais do que efeito de orgulho superexcitado, fornecendo armas aos detractores, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender.”
O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 348

Costuma-se asseverar que ele é a doença pertinaz de nossos meios espíritas.
Somente a criatura abnegada nos serviços do bem não padece suas injunções a ponto de se agrilhoar.
É o melindre — reacção de apego doentio às nossas criações.
No campo moral podemos concebê-lo com as seguintes facetas:
- Personalismo magoado.
- Indicador de nosso contágio pelo egocentrismo.
- Rebeldia do orgulho.
Surge com mais assiduidade nos relacionamentos de pouca profundidade afectiva, nos quais escasseiam os valores da sinceridade, do diálogo e do bem-querer.
Sua faina consiste em minar as energias através da mágoa crescente, expressada em complexos mecanismos de tristeza, decepção, desânimo e revolta.
E depois de alcançar as fibras mais sensíveis do sentimento, promove um “campo de guerra” nos pensamentos que penetra as faixas da fantasia e da obsessão.
Analisado por um prisma psicopatológico, o estágio agudo do melindre, processado em cólera muda ou manifesta, corresponde a uma fuga momentânea da realidade para uma incursão alienante em “quadro esquizofrénico” de rápida duração, no qual a mente raia pelos campos delirantes e persecutórios.
Há pessoas propensas a se melindrarem graças à posição íntima de se colocarem como vítimas da vida.
Assediadas por “culpas de outras vidas”, que mais não são que seus desvarios de auto-piedade e pieguismo, elaboram um sensível sistema psíquico que as predispõe a se sentirem perseguidas pela “má sorte”, pelos “obsessores” e pela indiferença dos outros em relação a elas.
No fundo são vítimas de si mesmas.
São casos de desajuste reencarnatório em bases de rebeldia e inconformação com sua actual existência, promovendo uma insatisfação persistente com tudo e com todos, em lamentável egocentrismo de opiniões e interesses onde quer que se movimentem.
A atitude de susceptibilidade é a responsável pela grande maioria dos litígios, cismas, agastamentos e das querelas do relacionamento dentro das nossas casas espíritas.
Nisso encontramos mais uma forte razão para o urgente investimento na melhora emocional das relações interpessoais dos integrantes de nossas agremiações de amor.
O melindre é a resposta irracional da emoção demonstrando plena ausência de inteligência intrapessoal.
As criaturas educadas emocionalmente têm sempre respostas adequadas ao teste do melindre.
Reagir com equilíbrio, elaborar soluções criativas aos impasses e agir com espontâneo amor são respostas de quem é dotado de farta inteligência emotiva, lograda em refregas nas vivências do Espírito que amadureceu para a vida.
O melindre é a pobre resposta do sentimento agredido.
As casas espíritas compostas por relacionamentos de conteúdo moral elevado tais como a assertividade, a empatia, o conhecimento mútuo, a amizade favorecem uma convivência saudável e harmoniosa que ensejam defesas contra o “vírus” contagiante do orgulho ofendido.
Por longo tempo ainda estagiaremos sob os alvitres do amor próprio ferido, já que ainda não guardamos a suficiente abnegação e humildade para superá-lo integralmente.
Nada mais natural que recebermos seus reflexos.
Contudo, se já temos em nós a luz do Evangelho e do Espiritismo para guiar nossos passos, compete-nos empreender árdua luta para não permanecermos por tempo demasiado sob sua influência perniciosa, a fim de não permitirmos os dolorosos trâmites da subjugação e da perda energética seguida de doenças variadas, sobretudo, no sistema circulatório.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:12 pm

Enredados em suas malhas, procuremos meditar e orar, estudemos suas origens em nós e afastemos tudo quanto possa dar-lhe guarida por mais tempo.
Empreendamos nossos melhores esforços pela casa espírita mais fraterna e de relações honestas, sinceras, onde encontremos o clima desejável de confiança e afecto para dirimirmos as dúvidas naturais de nossa convivência, que também se encontra em aperfeiçoamento e aprendizado, não permitindo as brechas das imaginações doentias que são campo arado para a ofensa e a desavença.
Lembremos, por fim, que o futuro trabalhador do movimento espírita é, quase sempre, originado das experiências cotidianas de nossas Casas, onde muito experienciou nas sendas da susceptibilidade ferida.
Ante esse facto, ficam para nós as indagações:
qual terá sido o recurso de superação adoptado pelo trabalhador nas questões melindrosas?
Terá ele desenvolvido habilidades emocionais inteligentes para lidar harmoniosamente com tal imperfeição, ou apenas adquiriu o hábito de se insensibilizar e se tornar imune às agressões?
Precisamos dessas respostas, pois elas explicam e geram muitos factos!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:12 pm

Capítulo 22 - Casas ou Grupos?
“Nos agregados pouco numerosos, todos se conhecem melhor e a mais segurança quanto à eficácia dos elementos que para eles entram.
O silêncio e o recolhimento são mais fáceis e tudo se passa como em família.
As grandes assembleias excluem a intimidade, pela variedade dos elementos de que se compõe; exigem sedes especiais, recursos pecuniários e um aparelho administrativo desnecessários nos pequenos grupos.”

O Livro dos Médiuns — capítulo 29 — item 335

Feliz e inspirada a fala do educador excelente e magno codificador do Espiritismo, Allan Kardec.
Casas ou grupos? O que atende melhor aos anseios de crescimento e desenvolvimento das potencialidades para “ser”?
As Casas pedem regulamentos, paredes e esforço físico.
Os grupos são criados por relações, vivências e esforço moral.
As Casas abrigam-nos das intempéries materiais, enquanto os grupos são recantos de estímulos contra as investidas dos reveses da alma.
As Casas formalizam os movimentos para fora, enquanto os grupos consolidam elos essenciais voltados para os valores íntimos.
As Casas têm chefes, os grupos têm líderes.
As Casas são estáticas; os grupos, dinâmicos.
As Casas são “dependências”; os grupos, autonomia.
As Casas são o corpo; os grupos, sua alma.
Casas priorizam a instituição; grupos laboram por mentalidades e ideias.
Casas são submissas a normas; grupos são expressões de criatividade e responsabilidade, harmonia e cooperação.
As Casas pedem hierarquia; os grupos apelam para a participação promocional.
As Casas podem servir de troféus à vaidade pessoal, enquanto os grupos são fontes inesgotáveis de serviço colectivo contra as artimanhas do personalismo.
As Casas reúnem pessoas, os grupos unem as pessoas.
Nas Casas as pessoas encontram-se, nos grupos elas convivem.
Nas Casas onde não encontramos grupos que se amam e respeitam pode-se desenvolver os ambientes de frieza afectiva e menor valor à individualidade, conquanto possam prestar relevantes serviços à sociedade.
O centro espírita, enquanto Casa, precisa reciclar seus paradigmas, contextualizar seus métodos, renovar sua forma de agir e decidir, agilizar suas actividades para atendimento dos inumeráveis e surpreendentes desafios que ora solapam as vidas humanas com dores acerbas.
A renovação dessa mentalidade deve iniciar-se pela formação de equipas, os grupos.
Relembremos a origem da palavra grupo que vem de “gruppo”, do italiano, que significa “nó”.
No caso, um nó entre seus membros.
Entretanto, formar e manter os serviços de equipas é iniciativa que demanda preparo dos dirigentes.
Estamos num momento de ausência de horizontes, de respostas, de soluções.
Notam-se os problemas, relacionam-se os obstáculos, estudam-se as causas de dificuldades, poucos, porém, conseguem trilhar os caminhos na operacionalização de melhora e driblar os empeços.
Precisamos ajudar os dirigentes a pensar, a encontrar essas respostas e soluções, ampliando-lhes horizontes, auxiliando-lhes em assessoria mental e afectiva pela promoção de intercâmbios salutares e bem planeados para empreendermos uma “nova” actividade na Seara, visando o fortalecimento pela formação de uma “rede de apoios’, de “oficinas de ideias’.
O conhecimento que capacita o homem para transformações nasce da reflexão.
Aprendamos a pensar pelo estudo vencendo o dogmatismo e a preguiça mental.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 03, 2018 8:12 pm

Aprendamos a reinventar as informações que adquirimos transformando-as em saber operante, dinamizador das mudanças necessárias em direcção ao crescimento individual e grupal.
O que faz uma oficina?
Reparos, consertos, trocas de peças, regulagens, revisões.
Nos dicionários humanos a palavra oficina significa:
“Lugar onde se verificam grandes transformações”.
Esse é o sentido que melhor se ajusta a nossos conceitos.
Oficinas permanentes de ideias e intercâmbio tornam-se imprescindíveis nessa hora que passa, arregimentando “laboratórios de troca e reinvenção do agir”, fortalecendo as bases, estimulando os caminheiros, propondo metas, vencendo o marasmo em parcela considerável das Casas.
Como formar uma equipe? Como mantê-la?
Como superar suas lutas?
Quais as prioridades da casa espírita?
Como trabalhar o afecto no Centro?
Como elaborar e executar um planeamento?
Como fazer uma avaliação?
Podemos mudar tudo no Centro?
Quais as macro-tendências atuais para os centros espíritas? Como motivar grupos?
Quais tarefas cada grupamento tem condição de realizar?
Como reestruturar um trabalho para a aquisição da qualidade?
Por onde começar tudo?
Assim como mencionamos, na Parte 1ª dessa obra (1), que o centro espírita tem importante papel social no desenvolvimento do afecto, não podemos deixar de frisar que muitos Centros não passam de Casas; em razão disso, precisam transmudar-se em grupos para desempenhar semelhante missão.
Daí insistirmos com veemência pela criação de laços afectivos entre os membros das organizações espíritas, entendendo que nessa medida teremos a salvaguarda para os demais investimentos.
Mas então persiste a pergunta: Como trabalhar o afecto nas Casas?
Oficinas permanentes de ideias! Meditem!

(1) Referência à Parte 1ª “Pedagogia do Afecto na Educação do Espírito” no Capítulo 9, Centro Espírita e Afecto.
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