LUZ ESPÍRITA
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira - Página 4 Empty Re: Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:28 pm

Um dos mais comuns desvios nesse tema é a idolatria.
Idolatria é o excessivo entusiasmo e admiração por uma pessoa com a qual partilhamos ou não a convivência.
São oradores, médiuns e trabalhadores que costumam destacar-se pelas virtudes ou pelas experiências, e que são tomados à conta de ícones, com os quais delineamos a noção pessoal de “limite máximo” ou “modelo” para os novos passos assumidos na caminhada espiritual.
Os ícones na história grega são as divindades que representam valores excelsos e santificados.
Sem considerar os naturais sentimentos de admiração e entusiasmo dirigidos a quem fez por merecê-los, quase sempre nas causas dessa idolatria encontra-se o mecanismo defensivo da mente, pelo qual é projectado no outro aquilo que gostaríamos de ser.
Dois graves problemas, entre os muitos, decorrem dessa relação idólatra:
as exageradas expectativas e a prisão aos estereótipos.
As expectativas transferidas ao ícone cariam desejos e anseios que se tornam âncoras de segurança para os problemas individuais.
Caso a criatura habitue-se ao conforto de “escorar-se” psicologicamente no outro e fugir do seu esforço auto-educativo, passará ao terreno das ilusões, sentindo-se e acreditando-se tão virtuosa ou capaz quanto ele.
Ocorre então uma absorção da “identidade alheia” como se fosse sua...
É como “ser alguém” através dos valores do outro.
Quanto aos estereótipos, vamos verificar uma outra questão que tem trazido muitos desajustes:
o hábito do dogmatismo, uma velha tendência humana de ouvir a palavra dos “homens santificados” pela hierarquia religiosa.
Pessoas que se tornam carismáticas pela sua natural forma de ser ou pelo valoroso desempenho doutrinário são, comumente, colocadas como “astros” ou “missionários” de grande envergadura, fazendo, de seu proceder e de suas palavras, ideias conclusivas e definitivas sobre as mais diversas vivências da espiritualidade, ou sobre quaisquer problemáticas humanas, como se possuíssem a visão integral de tais questões.
Quaisquer dessas vivências, expectativas elevadas ou criação de modelos podem nos trazer muita decepção e revolta.
Somos todos aprendizes, uns com mais, outros com menos experiência.
Todos, no entanto, sem excepção, como aprendizes do progresso e gestores do bem.
Podemos sempre aprender algo com alguém, desde que tenhamos visão e predisposição à alteridade.
O que hoje entendemos como sendo excepcional em alguém, amanhã poderá não ser tão útil para nossa percepção mutável e ascensional.
Por mais bem sucedida a reencarnação na melhoria espiritual, isso será apenas o primeiro passo de uma longa jornada. Então por que glórias fictícias com ídolos com pés de barro?
Missionários e Virtuosos?
São muito raros na Terra.
Para conhecê-los é muito fácil, nenhum deles aceita uma relação de idolatria, enquanto verificasse outro género de conduta com muitos que se julgam ou são julgados como tais.
Muita vez os “ídolos espíritas” que miramos não suportariam ter feridas as cordas dos interesses pessoais..
Bastaria a alguém cumprir o dever – ainda poucas vezes exercido – de questioná-los com fraternidade para se rebelarem.
Acostumou-se tanto a essa convenção em nossos ambientes de cristianismo redivivo, que já não se indaga ou filosofa, apenas se crê.
Especialmente se determinadas fontes consagradas, sejam homens, instituições ou mesmo desencarnados, expedem ideias ou teorias, não se pesquisa, não se analisa com a prudência que manda o bom senso, apenas crê-se.
Não existem debates e, o que é mais lamentável, muitos corações insensatos pela reverência excessiva não fazem nada para dela afastarem os menos vividos, os quais terminam, em muitos casos, como pupilos mimados e protegidos que fazem escolas...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:29 pm

Apesar da constatação desses malefícios, tudo isso faz parte da sequência histórica de nossas vidas.
Quando reflectimos sobre a questão é no intuito de chamar a atenção de todos nós para os prejuízos de continuarmos cultivando semelhantes expressões de infantilidade emocional.
Existe, de facto, uma velha tendência que nos acompanha, a qual podemos declinar como “hábito de canonização psíquica”.
Muitos ídolos adoram as bajulações e burburinhos em torno de seu nome.
São folgas que não deveríamos buscar para nossa vida!
Os ídolos deveriam se educar e educar os outros para assumirem a condição de condutores, aqueles que lideram promovendo, libertando, e não fazendo “colecção de admiradores” para alimentar seu personalismo.
Como bons espíritas, apenas começamos os serviços de transformar a auto-imagem de orgulho, profundamente cristalizada nos recessos da mente.
Quando adornamo-nos com qualidades e virtudes que imaginamos possuir, perdemos a oportunidade de sermos nós mesmos, de eleger a autenticidade como nossa conduta, de construir o quanto antes a “nova identidade” que almejamos.
Inspiremo-nos em nossas referências, todavia, não façamos deles ídolos.
Ouçamo-los, tiremos o proveito de suas conquistas, os respeitemos e façamos tudo isso com equilíbrio, nem mais, nem menos.
Rectifiquemos os nossos conceitos sobre lideranças no melhor proveito das oportunidades das sementeiras espíritas.
Líderes autênticos são dinamizadores incansáveis da criatividade e dos valores alheios.
São estimuladores das singularidades humanas.
Por isso suas qualidades são empatia, confiança, capacidade de descobrir pendores.
Líderes que se integram na dinâmica de “agentes da obra do Pai” assumem a postura de serem livres, sem apego às suas vitórias ou realizações.
Sua alegria reside em ser útil e ver as obras sob sua tutela crescerem em satisfação colectiva.
Dirigir, à luz das claridades espíritas, é valorizar o distinto, o diferente, e não apenas os semelhantes, atendendo sempre ao bem geral.
Isso se chama conduta de alteridade.
Expoentes sempre surgirão.
O que importa é o que faremos deles ou com eles.
Evitemos também a substituição que tem se tornado frequente:
não os deixemos para aferrarmos às práticas.
A isso se referia Kardec quando disse:
“Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil:
a prática do culto exterior”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:29 pm

25 - FÉ E SINGULARIDADE
“A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer.
E, para crer, não basta, é preciso, sobretudo, compreender.”

O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XIX – item 7

Quando deixamos de reciclar nosso mundo íntimo, é comum fixarmo-nos em ideias e comportamentos que criam estilos invariáveis do modo de ser.
É assim que muitas crenças, preconceitos, hábitos, condutas, chavões verbais e tradições são mantidos estagnados no tempo pela criatura em razão de sua forma de entendimento racional, decorrente de experiências que viveram ou da educação que recebeu desde o berço.
A esse conjunto de valores damos o nome de “certezas emocionais”, ou seja, referências de vida da alma no campo de sua movimentação, através das quais o ser cria, trabalha e respira absorvendo e expressando sua personalidade.
Considerando o estágio evolutivo da Terra, essas “certezas” do homem encontram-se entorpecidas pelo materialismo em milénios de repetição, constituindo o “fenómeno psicológico da permanência” – A ilusão de querer manter para sempre em suas mãos aquilo que foi alvo de suas conquistas.
Dessa forma, o individualismo sulcou traços morais e intelectuais marcantes que “educaram” o homem para o “meu”, em detrimento do “nosso”, “meu filho”, “minha palestra”, “minha casa”, “minha família” e até “minha religião”...
Esse fenómeno, da qual raríssimas vezes escapamos, conduziu muitos de nós, espíritas que declaramos possuir uma fé racional diante do dogmatismo, a uma postura de “paralisia do raciocínio” em muitas questões, as quais apelam para nossa urgente coragem de desapego e reconstrução pela oxigenação de nossas ideias e conceitos.
A esse respeito, entre as infinitas reciclagens a fazer, vejamos uma velha e costumeira forma de análise sobre a qual nos debruçamos, quase todos nós, nos temas da vida moral do espírita-cristão em torno da mensagem de Jesus.
Já perceberam, meus companheiros, com que frequência empregamos as frases “é falta de Evangelho no coração!”, “falam do Evangelho, mas fazem exactamente o contrário!”, “Sem Evangelho não temos a solução!”, “chegaram em má situação na vida espiritual porque não viveram o Evangelho!”, “falam de Evangelho mas não aplicam!”, “a ausência do Evangelho sentido levou aquele grupo à derrota!”...
Não são poucas as vezes em que, para explicar os motivos de fracasso ou de erro, assinala-se que a causa encontra-se na falta de viver os ensinos do Evangelho.
Absolutamente não ousaríamos contestar tal questão, contudo, uma oportuna e desafiadora indagação precisa ser lançada a título de repensar caminhos e abrir ângulos de enriquecimento no tema.
Poderíamos, por exemplo, indagar para debate e actualização de nossos pensamentos o seguinte:
por qual motivo as criaturas não vivem o Evangelho?
De pronto surge uma “resposta-chavão”: “porque é muito difícil seguir os ensinos do Mestre!”; entretanto, para sermos sinceros connosco, essa resposta não explica nada palpavelmente.
Então teríamos que aprofundar e questionar:
“e por que é tão difícil seguir os ensinos da Boa Nova?”
Aqui deparamos com um dos pontos de convergência mais comuns nos atendimentos que realizamos no Hospital Esperança, chamado “exercício de impermanência” – uma actividade de readaptação com espíritas recém-desencarnados que se fixaram em formas convencionais de pensar, e que cultivam a ilusão de terem alcançado pleno domínio sobre os assuntos da vida espiritual, sendo convocados a reexaminar amplamente suas convicções e aspirações para além da morte física.
Por sugestão do benfeitor Bezerra de Menezes, vamos compartilhar algo sobre semelhante iniciativa com os amigos na carne, a fim de verificarem com antecedência uma filigrana das reciclagens a que somos convidados no “país da verdade”.
O “exercício de impermanência” é constituído de “ciclos de debates” entre co-idealistas que já conseguiram recuperar-se de momentos mais dolorosos, ou ainda com aqueles que, mesmo guardando relativo sossego interior adquirido na recém-finda reencarnação, carecem de reaver esse dinamismo mental de ”soltura nos conceitos e visões”, para integrarem-se com o divino mecanismo universal da transcendência e da mutação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:29 pm

A esse fenómeno da vida mental chamamos de “desilusão” ou o rompimento com as “certezas-amarras”, coleccionadas durante a passagem pela hipnose do corpo.
Esse “exercício” tem etapas variadas, e entre elas o acesso do participante a informes muito preciosos e previamente seleccionados por nossa equipe sobre suas precedentes existências, quando “cristalizaram” no campo mental algumas “matrizes emocionais”, que funcionam como piso para muitas das atuais “ilusões-certezas” que carregam para a vida extrafísica.
Umas das primeiras e mais motivadoras perguntas nessa tarefa, destinada especialmente aos seguidores de Jesus, é exactamente essa a que nos referimos acima:
por que não se vive o Evangelho? O que impede o homem de aplicar os ensinos de Jesus?
Por que tem havido tanto discurso e pouca prática nos últimos dois mil anos na Terra?
É importante assinalar aos queridos amigos de ideal no corpo físico, muitos dos quais encontram-se angustiados com sua infidelidade aos textos e roteiros do espiritismo-cristão, que ninguém em são consciência deixa de aplicar intencionalmente o que aprendeu e, se o faz, ainda assim há questões muito profundas na intimidade do ser que merecem uma análise madura e caridosa, antes de nomear essa atitude de hipocrisia ou má-fé.
Resguarda-se nesse enfoque habitual, que destaca a origem de todos os nossos problemas e dores devido à falta da vivência evangélica, tem levado muitos corações ao simplismo, incentivando o esclarecimento superficial com cunho religiosista???
Temos fundamentos bastantes sensatos no Espiritismo para estabelecer “pontes” com todos os ramos da ciência e da filosofia, na dilatação de nossos olhares sobre essa indagação que poderão ampliar horizontes na construção da fé racional.
A edificação do homem novo reclama, sobretudo, lucidez intelectual sobre as causas de nossas atitudes.
Por isso, somente abandonando visões fixas e ampliando perspectivas de compreensão.
Muitos corações bafejados pelas claridades do Espiritismo chegam por aqui como alunos que “fizeram cola”, ou seja, viveram às expensas do que pensavam outros co-idealistas ou seguiram os ditados mediúnicos com rigor na letra.
Em face disso, deixaram de experimentar a mais notável vivência da alma enquanto na carne:
A solidificação da fé raciocinante.
Dizemos fé raciocinante porque al se colocar que possuímos uma fé raciocinada inferimos que as noções de doutrina, por si só, são suficientes para gestá-la automaticamente.
Todavia, mesmo com tanta luz nos raciocínios haurida com a literatura e os recursos de ensino usados nos centros espiritas, o desenvolvimento da fé pensante não ocorre por “osmose”, e sim por etapas pertinentes à singularidade de cada criatura.
Não existe “fé raciocinada colectiva”, conquanto nosso movimento libertador, em razão de engessamento filosófico e tendências psicológicas dogmáticas, tenha se aferrado demasiadamente a padrões e convenções que estrangulam a criatividade e a liberdade de pensar.
Fé raciocinada é um fenómeno psicológico e emocional construído a partir do desejo autêntico e perseverante de compreender o que nos cerca – conquista somente possível através da renovação do entendimento e da forma de sentir a vida.
É conquista individual, construção íntima e pessoal, e não pode ser considerada como adesão automática a princípios religiosos ou ideias que nos parecem aceitáveis e convincentes.
E quanto mais maleabilidade intelectiva, mais chances de alcançarmos a fé que compreende e liberta.
Fomos educados para obedecer sem pensar, aceitar sem questionar.
A cultura humana não é rica na arte de estimular a pensar e filosofar, debater e reinventar.
A fé racional somente será lograda quando aprendermos a “pensar a moral”, a pensar sobre si, a debater sobre as vivências interiores com espírito de liberdade, distante da censura e das recriminações, com coragem para distanciar de estereótipos.
A chamada conscientização é uma conquista intransferível, individual, somente possível quando permitimos a nós mesmos analisar nossa singularidade com amor e ternura, sem punições e culpas.
Não existe melhora íntima concreta sem trilharmos essa vivência emocional.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 26, 2018 8:29 pm

A educação na Terra passa por grandes transformações.
Penetramos a “era da curiosidade”, queremos entender a vida.
Queremos saber quem somos...
A maior conquista da etapa hominal é a capacidade de raciocinar, no entanto, se essa habilidade não for utilizada para a aquisição gradativa da consciência de si, estagnaremos no patamar de “coleccionadores de certezas” que nos foram transmitidas, esbanjando muita informação e carentes de transformação.
A “boa nova espírita” tem que saltar da “ilha da inteligência” e integrar o “reino do coração”.
É necessário abolir as “fantasias do que deveríamos ser” e aplicarmo-nos a sentir o que somos de facto, laborar com nosso “eu real”.
Nossa tarefa primordial, portanto, é “recriar” o conhecimento espírita adequando-o à nossa singularidade, sem com isso querer criar novos estereótipos de padrões colectivos.
Respeitar os ensinos gerais, mas desvendar os nossos “mistérios interiores”, únicos no Universo, eis o desafio da renovação espiritual.
É tão penoso viver o Evangelho porque, em verdade, é penoso contacto com o nosso “eu real”, para o qual toda mensagem de Jesus é dirigida.
E para evitar esse contacto, a mente “captou-se” a gerir as ilusões em milénios de experimentações, sendo muitas delas um mecanismo de fuga e “protecção” para isentarmos do contacto doloroso com a Verdade sobre nós próprios.
Existe um simplismo prejudicial quando nos acostumamos a afirmativas de periferia.
Lancemo-nos a essa intrigante questão sobre quais são os motivos pessoais de não vivermos o Evangelho e emergirão para a consciência todo um manancial de reflexões, com as quais haveremos de trabalhar em favor de nossa maturidade.
A “bula” universal da palavra cristã para cada qual terá dosagem e componentes específicos, conforme o estágio espiritual em que se encontra, não sendo oportuno copiar receitas.
A singularidade é fundamento determinante da forma e da intensidade com que nos apropriaremos individualmente da vivência cristã.
Nessa perspectiva incluem-se as razões pelas quais nem sempre fazemos aquilo que pregamos.
Não se vive Evangelho, entre outras infinitas questões, porque não se tem trabalhado ainda nos grupamentos humanos, inclusive os espíritas, um método que permita esse auto-encontro em bases educativas para alma em aprendizado.
O auto-conhecimento solicita orientação segura e objectivos nobres para não se desvirtuar em autoflagelação e dor, normas severas e reprimidas – mecanismos típicos do religiosismo que se destina à massificação, com total descrédito a exuberância dos valores individuais que deveriam florir em nossos caminhos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:24 pm

26 - DISCIPLINA DOS DESEJOS
“Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!”
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo V – item 4

Quando desejamos o bem, sentimos o amor, a compaixão e a fraternidade pelo outro.
Quando desejamos o mal, sentimos o ódio, a raiva e a indiferença ao outro.
Quando desejamos estagnar, sentimos a preguiça, o pessimismo e a descrença.
Quando desejamos o progresso, sentimos o idealismo, o optimismo e a fé.
Entre nós é muito conhecido o enunciado “desejando, sentes.
Sentindo, mentalizas.
Mentalizando, ages,” que estabelece uma realidade quase geral sobre a rotina da mente.
Desejo, fenómeno da vida mental inconsciente, conquista evolutiva de valor na formação da consciência.
Podemos classificá-lo com uma “inteligência instintiva” ampliando o espectro das pesquisas modernas sobre a multiplicidade das inteligências.
Temos o desejo de viver, desejo dos sentidos, de amar, desejo de pensar, desejo de raciocinar, desejo de gratificação, todos consolidados no que vamos nomear como “inteligência primária automatizada”, guardando vínculos estreitos com as memórias estratificadas do psiquismo na evolução hominal.
É dessa “inteligência” que são determinados o impulso do sentir conforme o desejo central, desejo esse que mais não é senão o reflexo indutor da rotina mental na vida do homem.
Intensificando ainda mais essas “forças impulsivas” do desejo central, encontramos os estímulos sociais da actualidade delineando novos hábitos e atitudes, no fortalecimento de velhas bagagens morais da alma através do instinto de
posse, degenerando em apego lamentável no rumo das apropriações desrespeitosas entre os homens.
Na convivência, a intromissão desse hábito de posse estabelece o ciúme, a inveja, a dependência e a dor em complexas relações.
Façamos uma análise mais atenta.
O afecto, como expressão do sentimento humano, carreia em muitos lances da experiência relacional, um conglomerado de desejos.
Entre eles encontram-se aqueles que nos mantêm na retaguarda espiritual, carecendo de educação a fim de não fazer da vida interpessoal um colapso de energias, em círculos delicados de conflitos e atitudes desajustadas do bem, provenientes de ligações malsucedidas e possessivas.
Devemos trabalhar para que todos os nossos consórcios de afecto, com quem seja, progridam sempre para a desvinculação, abstraindo-se de elos de idolatria e intimidade ou desprezo e mágoa, posturas extremas no terreno dos sentimentos que conduzem aos excessos.
O afecto que temos é somente aquele que damos, porque o experimentamos nas nascentes do coração, irradiando de nós.
E porque é nosso podemos dar, gratificando mais plenamente em cede-lo ao outro que criar vínculos doentios por exigi-lo de outrem, em aprisionamentos velados ou declarados.
Em verdade, esse “possuir afectivo” é a nossa busca de completude, entretanto a verdadeira complementaridade gera autonomia, liberdade e crescimento, enquanto essa possessividade gera escravidão, desrespeito e desequilíbrio.
Afeição deve ser administrada na medida exacta.
Nem frieza nem excessos. Isso solicita a disciplina sobre os desejos que são em boa parte, forças de propulsão nas fibras sensíveis da afectividade.
Quando se trata do tema transformação íntima na vitória sobre nós mesmos, estamos referindo, sobretudo, a esses “impulsos-matrizes” de sentimento que são originados nas pulsões dos desejos.
Graças aos desejos centrais que, costumeiramente, assenhoreiam nossa rotina mental, constata-se uma dicotomia entre pensar, sentir e fazer.
Exemplo comum disso é o ideal de espiritualização que esposamos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:24 pm

Temos consciência da urgência de unirmos, amarmos, somar esforços, crescer e melhorar, porém, nem sempre é assim que sentimos sobre aquilo que já conhecemos.
Fortes interferências no sentir causam solavancos e acidentes nos percursos da mudança interior.
Falamos, pensamos e até agimos no bem em muitas ocasiões, mas nem sempre sentimos o bem que advogamos, estabelecendo "”hiatos de afecto” no comprometimento com a causa, atraindo desmotivação, dúvida, preguiça, perturbação e ausência de identificação com as responsabilidades assumidas.
Tudo isso coadjuvado por interferências de adversários espirituais, nos quadros da obsessão em vários níveis.
É assim que nossos sentimentos sofrem “a carga psico-afectiva” milenar dos desejos exclusivistas e inferiores, que ainda caracterizam a rotina induzida nos campos da mentalização.
E como instaurar matrizes novas no psiquismo de profundidade em favor da renovação de nossos sentimentos?
Como renovar esse “coração milenar” pulsando independente da vontade?
Eis um empreendimento desafiante e progressivo.
A solução está na aplicação de intenso regime disciplinar dos desejos, deixando de fazer o que gostaríamos e não devemos, e fazendo o que não gostaríamos, mas é o dever.
Em outras palavras, saber desejar afinando impulsos com os alvitres conscienciais.
A disciplina dos desejos tem duas operações mentais principais, que são contenção e a repetição, para que essa disciplina alcance o patamar de factor de educação emocional.
Na contenção é utilizado todo o potencial da vontade activa e esclarecida, com finalidade de assumir o controle sobre as fontes energéticas de teores primários e susceptíveis de causar “danos” aos nobres propósitos que acalentamos.
Já a repetição é a força que coopera na dinamização dos exercícios formadores de hábitos novos, com os quais desenvolvemos os valores divinos depositados na intimidade do ser desde a criação.
Contenção e repetição são movimentos mentais neutros, que adquirirão natureza e qualidade na dependência das cargas afectivas com as quais serão impregnadas, e nisso encontra-se a verdadeira transformação interior.
A contenção com revolta torna-se repressão e neurose.
A repetição com descrença torna-se desmotivação e rotina vazia.
A contenção com compreensão é vigilância e domínio.
A repetição com idealismo é hábito novo e crescimento.
A contenção amplia a vontade no controle sobre si mesmo.
A repetição plenifica pela vivência o desenvolvimento de habilidades e competências sobre as potências do “ser”.
Ambas, contenção e repetição consolidam a disciplina como instrumento educacional dos desejos.
Como vemos, é sobremaneira decisiva a influência do desejar na vilegiatura evolutiva de todos nós.
Muitos corações encontram-se guindados a estreitas formas de expressão afectiva em razão de suas compulsões, adquiridas na satisfação egocêntrica dos desejos ao longo de eras e mais eras, limitados por não se encontrarem aptos a conduzir os sentimentos com elevação moral, quase sempre atrelados à erotização e irresponsabilidade nas emoções.
Outras vezes, os factores complicadores surgem na infância, com os desejos não gratificados gerando carências de variada ordem na estrutura psico-emocional da criança.
A necessidade infantil de afecto e atenção é um desejo natural e Divino para impulsionar o crescimento, contudo, quando não é convenientemente compensada, cria efeitos lamentáveis no seu desenvolvimento.
Vemos assim que significado tem os grupos solidificados nos valores evangélicos notáveis pela sua força moralizante, seja no lar ou na vida social, instigando novos desejos na nossa caminhada de aperfeiçoamento individual.
Grupos amigos, sinceros, autênticos e fraternos são buris disciplinadores das tendências menos felizes, arrimo psíquico para superação das más emoções, estímulo ao abastecimento de novos hábitos e cooperação ante as lutas de contenção, para quantos respiram ainda sob o regime doloroso desses limites provacionais nas leiras do sentimento, sobrecarregados de reflexos milenares a vencer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:24 pm

Em ambiente assim, a contenção é menos penosa e a repetição tem o reforço contagiante dos propósitos maiores nutridos colectivamente.
E quanto aos grupamentos espíritas, que papel os reservam perante tal realidade.
Precisamos muito de condições especiais para que tais dinâmicas da vida mental sejam dirigidas para aquisições consistentes e de bons resultados.
As tarefas de amor e instrução das quais fazemos parte são ricos contributos nesse sentido.
Enquanto estamos no trabalho espiritual, absorvemos do grupo de tarefeiros o somatório energético dos desejos elevados, o qual nos inspira nas diligências de amor conjugado às sublimes “pulsões” que vertem de tutores de além-túmulo, sensibilizando as “formas da psico-afectividade” em direcção a uma transcendência.
Razão pela qual o amor ao próximo é reeducativo e tão modificador de nossos padrões de sentimento em relação à vida.
A propósito, alguns companheiros da lide sentem-se invadidos por um estado de hipocrisia, quando em outros locais fora das tarefas de paz, por não conseguirem efectivar a manutenção de tais experiências envolventes da alma a píncaros de sensibilidade pelos outros.
Isso ocorre, exactamente, porque as realizações espirituais são cercadas de condições especiais, quais fossem benfazejas enfermarias do espírito, na ministração de doses e tratamentos apropriados às imperiosas necessidades morais e emocionais que carreamos.
Nessa faina dos grupos formadores do carácter e de nossa espiritualização, estaremos sempre em contacto com o “ser luz” que almejamos para as realidades novas da existência, em contraposição às sombras acalentadas durante milénios.
Essa fonte estimuladora é acréscimo de paz e serenidade ante as fortes reacções cerceadoras do mundo íntimo, na busca de impedir-nos a caminhada de erguimento moral e espiritual.
Os grupos conscientes, portanto, são verdadeiras escolas de novos sentimentos.
Através dos reflexos que assimilamos da conduta alheia, passamos a esculpir uma nova ordem de hábitos, renovando desejos e sublimando a sombra das tendências inferiores em propósitos dignificantes.
Mesmo que tais ambiências venhamos a sentir e desejar o que não devemos, teremos arrimo psíquico e amizade sincera para compartilhar nossas necessidades, e só isso, muita vez, bastar-nos-á para activar a vontade firme no domínio sobre nossos impulsos.
Semelhante treinamento será nossa base de sustentação, quando aferidos na rotina dos dias nos ambientes de provação, à qual todos nos encontramos guindados.
A vida afectiva é uma experiência que inclui desejos; burilemo-nos sem fugas, nem supervalorização, compreendendo as escolhas da evolução moralmente tortuosa que empreendemos, em milénios de “loucuras emocionais”.
Nosso passado é também nosso património; jamais o destruiremos, apenas o transformaremos.
A primeira condição de transformação, porém, é entendê-lo e aceitá-lo, por isso mergulhemos na vida interior e descubramos, através de nossos sentimentos, aquilo que desejamos, trabalhando pelo autodescobrimento.
Conhecendo-nos melhor, laboraremos com mais acerto pelo auto-aperfeiçoamento.
Enquanto isso, até decifrarmos com maior lucidez os “códigos dos desejos”, empenhemos na contenção com amor a nós mesmos e na repetição perseverante dos anseios de libertação que nutrimos no dia a dia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:24 pm

27 - PRESSÕES POR TESTEMUNHO
“Para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsiado trabalhe pela sua própria memória, o que as mais das vezes basta para livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros”.
O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XXVIII – item 81

Era manhã de sexta-feira na Terra.
Aprontávamos todos para mais uma excursão de socorro e aprendizado.
Dona Modesto, como de costume, seria nossa condutora.
Visitaríamos as regiões de dor na erraticidade.
Antes, porém, beneficiaríamos o médium Sinésio que cumpriria a tarefa de papel de “polo magnético atractivo”, tarefa apelidada pelo humorado doutor Inácio Ferreira como “isca mediúnica”.
Nossa equipe compunha-se pelos jovens Rosângela e Pedro Helvécio.
Além deles, diversos componentes do “bando” de irmão Ferreira estaríamos cumprindo a actividade de defesa.
Irmão Ferreira é excelente trabalhador das “regiões abismais”.
Graças à sua índole corajosa e seu incomparável poder mental, tornou-se o que se pode chamar, segundo Dona Modesto, um “cangaceiro do Cristo”.
Tendo vivido as lides do cangaço brasileiro, pernoitou longos anos de sofrimento em psicosferas pestilenciais, adquirindo vasta experiência sobre os módulos operandi das trevas.
Depois dessa etapa, resgatando a pedido de Jesus destinado a Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo, passou a compor o “esquadrão de servidores da defesa” junto ao Hospital Esperança.
Sua tarimba pode ser concebida pelo facto de somente ele e Eurípedes conseguirem penetrar os mais inóspitos locais da inferioridade moral.
Eurípedes, pelas suas conquistas superiores; irmão Ferreira, por ser um “embaixador do Senhor”, com recursos especialíssimos de força a ele emprestados para serviço do bem e da remissão de si próprio.
Nosso irmão é o testemunho de que a proposta de Deus é uma inclusão, jamais deixando qualquer de seus filhos sem a misericórdia do recomeço.
Sinésio é um médium aplicado e de vastas qualidades em desenvolvimento com seu esforço moral.
Na noite anterior foi estabelecida uma conexão mental com uma entidade perversa do grupo dos dragões.”
Às sete horas em ponto, nosso grupo de assistência chegou a seu lar.
Ele havia despertado com bom humor, mas logo que retornou seus deveres, a sanha perturbadora do desencarnado alterou seu campo mental.
Notamos que às sete horas e trinta minutos suas mentalizações pairavam em torno de irritações e aflições inúteis e sem razão.
Digladiava com preocupações da rotina material sem justos e necessários motivos, enquanto o hóspede infeliz induzia pensamentos de terrorismo e raiva.
ÀS oito horas, Sinésio apresentava um quadro de intensa pressão espiritual que caracterizava a obsessão simples, da qual ninguém estava isento nas esferas terrenas.
Víamos claramente o sofrimento do medianeiro, o qual sabia lucidamente tratar-se de um episódio mediúnico.
A cada hora intensificava-se mais a situação, graduava-se o assédio a cada minuto.
Em nossa equipe percebíamos a tranquilidade de Dona Modesto e Irmão Ferreira, enquanto Rosângela, muito sensível à dor experimentada pelo companheiro no plano físico, não conteve seus ímpetos de compaixão e desabafou:
- Mas, Dona Modesto, por que deixar esse quadro “correr a solto”?
São passados três horas, e pelo que vejo nas próprias reacções físicas do médium ele terá o desajuste coronário não demora!
- Calma, Rosângela, tudo tem o fim útil, assim não fosse e já teríamos agido.
Estamos aguardando o “bote”...
Sinésio é bem resistente, confie.
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira - Página 4 Empty Re: Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:25 pm

Já eram passados três horas e quarenta minutos, quando extenso vozerio a distância cortou a cena.
Dona Modesto solicitou-nos vigilância e fé.
Irmão Ferreira fez um leve sinal no seu “bando”, que se apressou em tomar posições estratégicas.
Minha tarefa era convocar o medianeiro à oração, o que sem dificuldades foi captado pelo seu bondoso e oprimido coração.
Ele orou compungidamente pedindo paz a Jesus pelas almas que se intensificavam as provas na vida espiritual; e o fez com tanta unção que, como se “caridoso golpe de expulsão” processasse o desligamento entre as mentes, vemos o “dragão” literalmente caído, tal como se houvesse tomado um choque de graves proporções.
Nesta hora percebemos a origem do vozerio.
Quase uma centena de almas ligadas às trevas se juntavam ali. Um deles pronunciou:
- O que é isto?!
Um dragão tombado?!
Quantas vezes vamos pelejar para derrubar um infeliz tão fraco como este?!
Vamos arruinar a sua vida desse “condenado” e mostra aos tutores que não existem créditos de protecção para quem deve.
Para surpresa do grupo, uma “rede de acolhimento” descia lentamente do ato envolvido em uma chuva de luzes vivas e multicoloridas com o propósito de envolver a todos.
Ouvia-se trovões e relâmpagos intensos, os quais eram perceptivos com grande intensidade.
Os sons lembravam uma guerra...
A chusma de espíritos notou a força que lhe cercava.
Irmão Ferreira surgiu em meio ao cenário como se materializasse aos olhos de nossos irmãos e pronunciou o seu tom costumeiro.
- O que vos mercê acha que vai fazer aqui?
Nois tamo aqui em nome de nossu senhô Jesus Cristo.
E pedindo a bênção de Deus pra todos vos mecê.
- Seu cangaceiro estúpido, quanto tempo você acha que vai proteger esse fracassado?
- Isto eu nunca sei responder, mas que agora nois vamo tê uma conversa de Home pra home, isso nos vai.
A rede descia provocando medo em todo o grupo pela natureza das forças elevadas que emitia.
Acordes apropriados para esse tipo de momento fluíam como se viesse a cada um de nós.
Dona Modesto convocou-nos à prece.
Com incrível rapidez os dragões dispersaram, entre palavrões e juras de vingança.
Ficou somente o obsessor caído.
Irmão Ferreira, literalmente, o colocou no colo e o levou para um posto próximo às nossas movimentações.
Rosângela, antes da saída do cangaceiro, a ele endereçou a seguinte questão:
- Já que o obsessor vai ser beneficiado, o que meu irmão fará pelo médium?
- Oh, minina!
Se vossa mecê qué paparicar nino sadio, pode ficar.
Vvô pra onde Jesus correu com suas bênção.
Vô acudi os obssessô.
Isto é pra sê devorado.
O que interessa é o peixe devorado – e soltou sua tradicional e altissonante risada.
Todos rimos do inesgotável bom humor de Ferreira em pleno momento de tumulto e atenção.
Ele saiu prontamente, deixando-nos com Dona Modesto e Helvécio.
A “rede de acolhimento” foi levada juntamente com o “bando de cangaceiros”, que a conduziriam até um local de esperança nas proximidades das regiões de padecimento nos quais nossos irmãos infortunados se acomodavam.
Helvécio, atento e ponderado como sempre, destacou:
- Que bênção a mediunidade com Jesus!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:25 pm

- Sim, Helvécio.
Uma bênção incomensurável atalhou Dona Modesto.
Por sua vez, Rosângela preocupada com o médium, procurou saber o que lhe tinha sucedido.
Verificando a mudança de clima mental e a instantânea felicidade na qual se encontrava, arriscou um palpite:
- Há um minuto parecia uma “mente na loucura” ou um candidato ao enfarte do miocárdio, agora dá-se a impressão de ser uma ave voejante que perpassa os mundos em profusão de paz e alegria. Que mudança!
- Não, Rosângela, a mudança foi o que aconteceu nas últimas horas, porque, em verdade, esse é o estado habitual da mente de um Sinésio.
- Mas será por isso que o Ferreira nem se preocupou?
- Isto mesmo.
Aqui o grande necessitado é que vai ser socorrido era o “dragão” enfermo. O médium era apenas a isca.
Ele tem o cérebro que assimila a prece com maior vitalidade, ordenando suas substâncias e promovendo harmonia.
Nosso irmão fora do corpo, no entanto, está exaurido com terríveis lembranças de que tem como esquecer nos labirintos mentais, é escravo de profundas hipnoses e rasteja por entre fios e grilhões de matéria semi-condenssada, ligada às regiões em que estagia nas penumbras da vida imortal.
Em toda obsessão a dor maior é sempre daqueles que têm um corpo físico para abafar as traumáticas reminiscências de outros tempos.
Os desencarnados “sabem e podem mais” pela liberdade de acção, os encarnados, entretanto, estão mais bem aquinhoados de estímulos para vencer os circuitos viciosos da dor das recordações.
- Seria justo considerar que o sofrimento de algumas horas de Sinésio é menor que as lutas enfrentadas por essa criatura aqui amparada?
- Sem dúvida nenhuma.
Nossos irmãos na Terra tratam os obsidiados como vítimas de cobradores impiedosos tão somente porque não conhecem com nuanças os infinitos e complexos dramas da mente sem o torpor da matéria.
Se pudessem conceber semelhantes dores, choraríamos pelos que aqui se encontram.
Todo obsidiado apela para que o amparo refazente que se encontra disponível nas casas de amor.
Os obsessores, no entanto, não descobriram ainda como definir seus caminhos perante as graves perturbações emotivas que carregam e se iludem com as sensações inferiores de vingança e humilhação, perante quantos fazem luz que os importuna e agride.
- E por que é permitido que um médium com o campo mental ajustado passe por esse tipo de transtorno?
Não seria mais justo poupar-lhe, já que vem burilando seus pendores e buscando o crescimento?
Com sinceridade, Dona Modesto, não consigo entender a razão de uma obsessão em tão esforçada criatura...
- Filha querida, que queria você?
Que Sinésio ajuntasse luz somente para ostentar grandeza?
Que bens adviriam de uma mediunidade se o médium, a pretexto de sossego justo, não mais desejasse usar sua luz para exterminar as trevas do mundo?
Essa é a chamada pressão espiritual por testemunho.
Quadro comum na vida dos trabalhadores do Cristo.
Mesmo quando guardam cuidado e vigilância, devoção e disciplina com a conduta, são chamados a servir e testemunhar seus valores.
Na Terra, o homem ainda cultiva a ideia da melhora espiritual como forma de regozijo e paz perene e egoísta.
Você mesmo, Rosângela, que veio da formação evangélica sabe bem que estou falando.
Sinésio, pelos recursos de amadurecimento que tem desenvolvido, pode participar dessas iniciativas sem riscos maiores em razão das reservas morais de sua força psíquica.
Tornando-se alvo de alguma trama dos adversários, funciona como uma isca atraindo para muito perto de sua vida mental os desencarnados que, sem perceberem, emaranham-se em sua “teia de irradiações poderosas”, permitindo-nos uma acção mais concreta em comparação a muitas das incursões nos vales sombrios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:25 pm

Temos assim um típico e pouco comum episódio de obsessão simples que termina tão logo é feito o desligamento de ambas as mentes.
Uma “obsessão provocada”, uma “obsessão controlada”...
- Mas, e se o nosso irmão não dispusesse de algum recurso no campo moral que ensejasse essa iniciativa?
- Simplesmente não cometeríamos o absurdo de entregar uma esperança nas mãos do fracasso.
Nesse caso, além de poder servir à Lei do amor, o médium dilata suas resistências espirituais logrando um excelente património auto-defensivo para esses instantes tormentosos da Terra.
Actualmente, até mesmo os que não peregrinam pela mediunidade ostensiva são atacados por uma espessa “nuvem negra bacteriana” que paira na psicosfera, capaz de provocar os mais diversos prejuízos, conforme os costumes de cada criatura.
O Codificador, sempre detalhista nas suas observações, ocupou-se em não receber dos sábios guias alguma orientação sobre o tema, como segue:
“Por que permite Deus que Espíritos nos exercitem ao mal?”
“Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a pôr em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem.”
Como vemos a vida espiritual é um oceano de novidades que o homem na carne, mesmo guardando noções valorosas de espiritualidade, sequer imagina sobre as infinitas leis e ocorrências por aqui experienciadas.
Por isso, os espíritas que em muitas ocasiões demonstram presunção e sapiência acerca da vida imortal, procurem revisar suas posturas morais, por que como já diz o velho ditado “há muita coisa entre o céu e a Terra que sequer imagina a vã sabedoria”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:26 pm

28 - A FORÇA DO BEM
“Toda ideia nova forçosamente encontra oposição e nenhuma há que se implante sem lutas.
Ora, nesses casos, a resistência é sempre proporcional à importância dos resultados previstos, porque, quanto maior ela é, tanto mais numerosos são os interesses que ferem.”

O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XXIII – item 12

A rotina dos nossos serviços no Hospital Esperança foi interrompida naquele dia por um chamado para atendimento na crosta terrestre.
Tratava-se de Juarez, médium em regime de educação das forças mentais, o qual rogou amparo frente a imprevista ocorrência em sua vida profissional.
Sua oração, conquanto carregada de desespero, foi registada em nossos “Núcleos Irradiadores” e o pedido, como de costume, chegou ao pavilhão dirigido por Dona Maria Modesto Cravo, que nos conclamou ao trabalho.
Chegamos juntas ao ambiente comercial de Juarez, Dona Modesto e nós.
Ele estava ansioso e compenetrado no episódio, o qual assumiu proporções avassaladoras em sua mente.
Providenciamos alguns fluidos calmantes para que ele mantivesse o equilíbrio; era um homem de génio explosivo e pouco cordato, especialmente nos negócios.
Seu estabelecimento seria visitado por um fiscal de impostos.
Notamos que a mente do nosso amigo estava em franco “delírio”.
Pensamentos de oposição espiritual tomavam conta de seu cérebro.
Dizia para consigo:
“querem me derrotar porque estou no trabalho do bem!”, “tenho a certeza que foi uma cilada espiritual em razão das últimas palestras que fiz sobre temas evangélicos!”.
Sua fixação em ideias de pressões espirituais de adversários vagueavam pelo terreno do místico e imponderável.
Não pensou em alguma atitude juridicamente defensiva e nem a própria incúria, com a qual tornou-se possível a ocorrência.
Não constatávamos a presença de nenhum ardil de obsessores contra ele naquele caso.
A dívida era vultuosa.
Infelizmente, apesar dos apelos de amigos e parentes, Juarez preferiu a omissão.
À hora previamente determinada, chegou um homem maduro e carrancudo, com ares de severidade.
A visita foi rápida e cordial.
Apenas mais um advertência, nada de execução judicial, por enquanto.
O médium agora aliviado mentalizava em seus pensamentos:
“como os amigos espirituais são bons e amparam quem está na tarefa!”
De nossa parte, o único amparo dispensado em verdade foi a ele próprio, a fim de que não excedesse na conduta...
Terminada nossa visita, Dona Modesto sintetizou em pequena frase uma ampla experiência que merece estudo e aprofundamento nas relações entre homens e espíritos:
- Veja só, Ermance!
Os homens costumam ver os espíritos onde eles não estão, e onde eles estão não costumam ser vistos pelos homens!...
Situações como a de nosso amigo comerciante têm sido
constantemente assinaladas no dia-a-dia do homem carnal, seja portador de faculdades psíquicas mais evidentes ou não.
O ser humano é essencialmente místico, mas, principalmente entre os cultores da fé espírita, essa tendência tem sido acentuadamente empregada na construção da “realidade” individual, atingindo algumas vezes as raias da insensatez.
O exagero nesse tema tem ensejado devaneios com consequências morais nocivas para a vida de muitos homens na Terra.
Menor esforço e irresponsabilidade em razão de fantasias provenientes do pensamento mágico têm criado campo para a fuga e a ilusão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:27 pm

Explorações psíquicas têm ocorrido em torno do tema.
Visitamos certa feita um médium de cura, em cidade localizada no polígono magnético do planalto central, e constatamos um nível acentuado e subtil de desequilíbrio que ilustra nossa tese.
Nosso amigo já não vivia mais o plano físico, uma “quase esquizofrenia” cingia-lhe o pensamento.
Não ouvia mais os amigos de convivência, guardava-se sob uma análise exclusivamente da influência dos espíritos em todos os factos que o cercavam.
Nos êxitos rendiam homenagens aos benfeitores como uma forma inteligente de “engrandecer sua suposta humildade”, no entanto, encharcava-se na vaidade pessoal de ter sido ele o intermediário do sucesso.
Nos fracassos imputava irrevogável responsabilidade às trevas e sua sanha perseguidora, abdicando de incursionar no campo da auto-análise e verificar sua parcela pessoal nos trâmites infelicitadores.
Inclusive uma questão merece urgente avaliação.
Convencionou-se entre alguns adeptos espíritas mensurar o valor espiritual de uma tarefa pela “oposição trevosa” (conforme denominação usual no plano físico) que lhe é imposta.
Alguns companheiros, inspirados nessa tese, interpretam
todos os obstáculos em torno de seus passos no serviço doutrinário como “ciladas” e “manobras” contra seus ideais, como se tal critério constituísse um sistema de aferição exacto e universal.
Apoiados nas palavras do codificador, que diz:
“Assim, pois, a medida da importância e dos resultados de uma ideia nova se encontra na emoção que o seu aparecimento causa, na violência da oposição que provoca, bem como no grau e na persistência da ira de seus adversários.”
Com esse excesso interpretativo, caminham para a escassez de discernimento, perdendo de vista o exame que deveriam proceder em suas próprias atitudes ou decisões na tarefa que, constantemente, são as únicas e verdadeiras “brechas” com as quais os opositores do ideal laboram.
Inquestionavelmente, e a literatura espírita é farta de informes a esse respeito, não estamos fazendo um convite no deboche sobre o modus operandi dos inimigos desencarnados da causa do amor.
Ingenuidade nessa questão será mais uma porta aberta para o acesso dos maus espíritos, parafraseando o lúcido Allan Kardec.
As trevas só têm importância que lhes emprestamos – palavras sábias de Dona Maria Modesto Cravo em oportuna paráfrase feita por ela à codificação, nas palavras da Equipe Verdade:
“A fraqueza, o descuido ou o orgulho do homem são exclusivamente o que empresta força aos maus Espíritos, cujo poder todo advém do facto de lhes não opordes resistência.”
Será que semelhantes reacções ao nosso esforço não poderiam também advir de descuidos e inexperiência?
O subtil desejo de realce pessoal ou a pretensão dos pontos de vista, tão difícil de ser percebida, não poderiam ser a causa exclusiva de tanto burburinho e problemas nas frentes de actuação que erguemos?
O enfoque exclusivamente carregado de ideias místicas subtrai-nos a possibilidade de tornar a relação entre as sociedades física e espiritual uma escola de despertamento e crescimento para os valores da alma.
Utilizando a expressão do guia dos médiuns e evocadores, O Livro dos Médiuns, o laboratório do mundo invisível cerca a natureza terrena com objectivos de ascensão para quantos se encontrem em ambas as faixas de vida.
Quantas críticas e discordâncias, desavenças e tropeços existem nas equipes espíritas com as quais as “trevas”, sem muito esforço, exploram assiduamente?
Mais que natural a luz acesa ser perseguida pelas “sombras”.
Faz parte da Lei de Amor essa “atracção opositora”.
Por ela, quem está na luz se fortalece iluminando-se ainda mais, e quem jaz nas penumbras encontra o “perdão de Deus” na claridade da vitória do bem nos lampejos da conduta alheia.
As convicções pessoais intransigentes e a imprudência são as armas mais poderosas daqueles que se posicionam contra o nosso esforço auto-educativo, porque formam o campo mental propício para a sintonia e a perturbação que decorrem do personalismo e da invigilância.
Nenhuma força é maior que o bem em todos os tempos.
Firmemos nossa crença nesse “brasão mental” e roguemos o acréscimo da misericórdia, uma vez que sabemos da nossa fragilidade.
Com essa fórmula ninguém sucumbirá sob o peso das vigorosas forças contrárias, que existem para dilatar-nos o poder de cooperação individual na obra do Todo Poderoso Criador do Universo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 27, 2018 7:27 pm

29 - PSICOSFERA
“Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita”.
– José, Espírito protector. (Bordéus, 1863.) O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo X – item 16

No Universo tudo é vida e transformação. Leis imutáveis regem a harmonia através do regime de unidade.
A vida do homem em sociedade, submetida a essas leis naturais, respira nesse engenho divino que destina os seres à evolução.
A ordem que preside tais fenómenos é regida por princípios de atracção e repulsão que esculpem pouco a pouco, os valores morais dignificadores da vida interpessoal.
“Semelhante atrai semelhante,” e “opostos se retraem”.
O pensamento é força energética com cargas vigorosas, e o sentimento dá-lhe qualidade e vida tornando o psiquismo humano o piso de formação dos ambientes em todo lugar.
Tomando por comparação as teias dos aracnídeos, criadas para capturar alimentação e se defenderem, a mente humana, de modo similar, tem seu campo mental de absorção e defesa estabelecido pelo teor de sua “radiação moral”:
São as psicosferas.
Quanto mais moralizado, é o “circuito de imunidade da aura”, preservando o homem das agressões naturais de seu “ecopsiquismo” e seleccionando o alimento mental vitalizador do equilíbrio de todo o cosmo biopsíquico.
O estudo da formação das psicosferas explica-nos a razão de muitas sensações e incómodos, claramente percebidos pelas criaturas na rotina de seus afazeres junto aos ambientes da convivência social.
Enxaquecas repentinas, náuseas, falta de oxigenação, tonturas, alterações de humor instantâneas, alterações no bem-estar íntimo sem razões plausíveis, irritações ocasionais sem motivos, sentimentos de agressividade, ansiedade e tristeza súbita, indisposição contra alguém sem ocorrências que justifiquem, eis alguns possíveis episódios que podem ter origem na natureza psíquica dos ambientes.
Evidentemente, os locais de nossa movimentação serão sempre o resultado da soma geral das criações que neles imprimimos, colhendo dessa semeadura somente os frutos que guardem semelhança com a qualidade das sementes que espalhamos.
Dessa forma, alguns descuidos da conduta ensejam romper com as “teias mentais defensivas” em razão da natureza de nossas acções.
Nesse sentido, faz-se necessário destacar que a palavra mal conduzida tem sido uma das mais frequentes formas de fragilizar nosso sossego interior.
Através dela temos permitido uma ligação quase permanente, pela lei da associação mental, com os “campos de nutrição e defesa” alheios, criando uma espécie de “comunidade de vínculos” na qual encarceramo-nos a honerosos desgastes voluntários, quais os citados acima.
Basta imaginar várias teias de aranha se encontrando nas extremidades formando o enorme “manto”...
Assim passam a ser elos de contacto e abertura a toda espécie de seres que se movimentem naquelas faixas nas quais sintonizamos.
Tudo isso pela invigilância em acentuar os aspectos sombrios dos outros e do meio, passando a partilhar na intimidade daquela inferioridade que destacamos fora de nós.
Vemos, frequentemente, pessoas preocupadas com o mal que o outro pode lhe fazer, temerosas com os “olhos gordos” que lhes infundem fantasias místicas e sentimentos inferiores em relação a alguém, entretanto, ignoram que seu grande inimigo, seu grande oponente são elas próprias, através dos comportamento pelos quais atraem o mal a si mesmos.
Somos sempre os únicos responsáveis por nós.
O homem na Terra encontra-se tão habituado a denegrir o outro que não é capaz de avaliar o mal que faz a si com essa atitude.
No entanto, na medida em que busca sua transformação, afeiçoa-se a conduzir sua palavra mais nobremente em relação ao próximo e a tudo que o cerca.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:45 pm

Somente então, quando inicia o programa de disciplina, consegue aquilatar com mais sensibilidade o quanto custa em seu desfavor o descuido com o verbo edificante.
Essa necessidade humana de destacar o mal alheio encobre, quase sempre, o desejo de rebaixar o outro e causar-nos a ilusória sensação de superioridade, uma “maquinação” milenar do orgulho nos recessos da mente.
Para nos referirmos ao mal alheio sem causar prejuízos a nós próprios, parecemos antes proceder a uma análise da natureza das emoções e intenções que nos conduzem a agir dessa forma.
O que necessitamos aprender e sondar os nossos sentimentos quando falamos de alguém, o que está na nossa vida afectiva quando mencionamos o outro.
Somente assim conheceremos melhor nossas reais motivações e teremos condições para empreender mudanças de posturas eficazes, que manterão nosso campo espiritual defendido das cargas enfermiças daquilo que não nos pertence.
Recordemos que os ambientes são o espelho do que somos.
Se já percebemos o quanto é pernicioso o hábito de criticar por criticar, de julgar com inflexibilidade, de mentir sobre os actos dos outros ou ainda de difamar a vida alheia, então façamos uma pausa para entender as causas de nossas acções, perguntando ao tribunal da consciência a verdadeira razão pela qual ainda tomamos essas atitudes.
Por que temos essas necessidades?
Por que alguém é sempre alvo de nossos comentários deprimentes?
Por que alguém nos incomoda tanto?
Que posso fazer para amanhã não agir da mesma maneira?
Além disso, ore sempre nos círculos de trânsito por onde, iluminando tua aura e fortalecendo tuas defesas contra as “teias mentais” daqueles que também agem nas trilhas ferinas da palavra áspera e malfazeja.
José, o Espírito protector, diz que a indulgência acalma e atrai, Verdade incontestável.
Quando vemos os defeitos alheios, mas nos prestamos a tratá-los com real fraternidade e compreensão, aderindo espontaneamente ao hábito de destacar-lhes também o “lado positivo” que possuem, candidatamo-nos a ser os Samaritanos da vida no socorro às doenças alheias, imunizando-nos dos infelizes reflexos que decorrem das acções às quais, muitas vezes, adoptamos contra nós mesmos, na condição de juízes e sensores implacáveis da conduta do próximo.
A indulgência cria focos de atracção e interesse, fazem as pessoas sentirem-se calmas e bem quistas ao nosso lado, elevando-nos o “astral emocional” para viverem mais felizes.
Zelemos pelos nossos ambientes tornando-os saudáveis e agradáveis para conviver.
Optimismo incondicional, vibrações positivas sempre, tolerância construtiva, cativar laços, o hábito contínuo da oração, sorrir sempre, expressar alegria e humor contagiantes, dar pouca ou nenhuma importância aos reclames e pessimismo dos outros, guardar a certeza de que ninguém pode nos prejudicar além de nós mesmos, querer o bem alheio, essas são algumas formas para a edificação de psicosferas ricas de saúde e paz, medidas salvadoras de asseio espiritual que eliminarão expressiva soma de problemas voluntários, dos quais podemos nos ver livres, desde que realmente desejemos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:45 pm

30 - CONCLAVE DE LÍDERES
“Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porquanto já é tempo de a Humanidade envergar sua veste viril, para o que cumpre que primeiramente, o expilai dos vossos corações”.
– Emmanuel. (Paris, 1861). O Evangelho Segundo Espiritismo - Capítulo XI –item 11

Faltavam apenas dez minutos para as duas horas.
A madrugada revestia-se de intenso trabalho.
Era a última semana do segundo milénio da era cristã. As expectativas criavam um clima psicológico na Terra de rara amplitude – uma “virada” na qual as esperanças se renovavam coroadas de júbilo e fé.
Cumprindo mais uma de nossas programações no Hospital Esperança, reunimos influente grupo encarnado de pouco mais de mil formadores de opinião no movimento espírita.
Trouxemo-los para uma breve e oportuna advertência.
Radialistas unificadores, médiuns, escritores, oradores, dirigentes, apresentadores, jornalistas, expositores, directores, estudiosos e muitos presidentes de centro espírita estavam sendo devidamente preparados há quase três dias para que pudessem cooperar com o desligamento perispiritual e ampliasse sua lucidez quanto ao tentame.
O professor Cícero Pereira foi encarregado a fazer os comentários em nome de Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo.
Observávamos a chegada de cada um dos membros, todos em estado de emancipação e acompanhados de pelo menos três cooperadores que se revezavam em variadas tarefas, junto a cada um deles.
Alguns ofereciam dificuldade até para se assentarem nos lugares a eles reservados no salão, contudo, no horário previsto tudo era calmaria e prontidão para o serviço da noite.
Aos dois para as duas horas entraram Eurípedes e Dona Maria Modesto Cravo ladeando o amado Bezerra e o professor.
Em brevíssima e sentida prece, Eurípedes ordenou iniciar dos trabalhos. Dona Modesto toma de um microfone para explicar o objectivo da ocasião, dizendo:
- Amigos, paz e esperança a todos. Nosso tempo é curto em razão das condições especialíssimas a que foram aqui trazidos para guardarem registros nítidos e úteis ao regressarem ao corpo.
Portanto, que fiquem claros nossos objectivos nesse encontro.
O momento psicológico nesta última semana do milénio enseja sentimentos elevados em relação ao futuro.
A mensagem que vos queremos endereçar diz respeito à necessidade imperiosa de propagarem uma noção mais realista e estimuladora do processo de crescimento espiritual entre vós?
Sem fé nos esforços e sem a crença sustentável nos ideais de renovação interior a caminhada do discípulo do Cristo fica entorpecida e fragilizada.
Atendendo aos ditames proclamados por Bezerra de Menezes em sua magistral palestra “atitude de amor”, convém-nos tecer considerações sobre o coração dos temas morais do Espiritismo:
A reforma íntima. Abram o coração e dilatem o raciocínio para ouvirem a mensagens de Cícero Pereira e, em retornando ao corpo, arregimentem energias na difusão de uma campanha sem precedentes em torno do tema.
Por hora, nos comprometemos em lhes enviar no futuro uma resenha desse nosso encontro pelas vias da mediunidade, a fim de acordarem vossas lembranças.
Vamos ao labor.
- Dona Modesto fez um sinal ao professor, o qual assumiu a tribuna:
- Declinarei de quaisquer detalhes que nos desaproximem do tema.
Desejo que todos enriqueçam as almas nesse conclave com a paz e a esperança.
“Constatamos um ascendente número de adeptos que têm desistido dos ideais de melhoria, em razão do ónus voluntário que carreiam para si mesmos ao conceberem reforma íntima como um compromisso de angelitude imediata.
O momento exige autocrítica e vigilância.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:45 pm

Além do ónus do martírio a que se impõem, ilusões lamentáveis têm povoado a mente de muitos espíritas sobre o porvir que os espera para além dos muros da morte, em razão dessa “angelitude de adorno”.
Aqui mesmo nesse nosocómio enfrentamos situações severas da parte de homens e mulheres, os quais foram agraciados com o conhecimento e o trabalho nos campos educativos da seara espírita e que, a despeito de suas honrosas fichas de prestação de serviço, encontram-se envergonhados uns e atormentados outros, porque descuidaram do erguimento dos valores eternos na sua intimidade.
Muitos deles, aliás, não esqueceram a reforma íntima, mas não souberam edificá-la.
“Os espíritas que desencarnam em melhores condições trazem em comum a persistência que nutriam no idealismo superior até o último dia em seus corpos físicos.
Essa, porém, não tem sido “a marca moral” da maioria que variadas vezes tem se equivocado com estereótipos de conduta espírita consagrada nos círculos da doutrina entre os homens.
Tais equívocos existem porque os modelos erigidos como referências ou padrões, quase sempre conduzem o discípulo à acomodação e ao desculpismo que produzem o desleixo na avaliação íntima das causas de suas imperfeições.
Nessa passarela de perfis de comportamento socialmente aceitos dentro da Seara, a criatura sente—se excluída e falida quando não consegue transpor os umbrais de seus impulsos, nem sempre conhecidos de si mesma, para atender aos quesitos que a inserem na condição de “verdadeiros espíritas”, conforme os critérios espontaneamente aceitos pela colectividade dos profitentes.
A partir de então, se não conta com a fraternidade e a compreensão alheia arrefecem nos seus ideais ante os assédios da dor psicológica decorrente da auto-cobrança.
“Somente sentindo-se aceita como é nos grupos de sua participação é que a criatura encontra motivação para burilar-se nos campos do espírito.
Essa não tem sido a realidade de muitos agrupamentos que, lamentavelmente, em muitas ocasiões, ao invés de cumprir o desiderato de serem Casas de Consolo e Verdade encarceram-se nos desfiladeiros de templos de hipocrisia e intransigência”.
“A reforma íntima não pode mais se circunscrever a mero “artigo de discurso” para que haja um sentido evangélico nas ideias espirituais, que construímos na tarefa da comunicação de nossos princípios.
Carecemos dissecá-la com mais clareza para que a imaginação humana, limitada por ilusões, não a converta em “fórmula salvacionista” mensurando-a através desses estereótipos de pouco ou nenhum valor moral.
Tivemos três fases bem marcantes e entrelaçadas no movimento humano em torno das ideias espíritas:
o fenómeno, a caridade seguida da difusão e agora, mais que nunca, a interiorização.
Entramos no período da maior idade, preparando-nos para aquisição de valores incorruptíveis.
Nossa meta é o Espiritismo por dentro, o intercâmbio de vivências morais à luz das bases que consolidam a lógica do pensamento espírita.
Na etapa da caridade em que predominou a ocupação com o próximo, muitos corações inspiraram nos conceitos doutrinários para transferir a outras existências a continuidade de seu progresso na melhoria espiritual.
Raramente ouvimos esse enfoque descuidado nos dias hodiernos.
Por outro lado, uma nova postura extremista desponta-se com vigor: a santidade instantânea.
Se ontem havia um descuido em razão de fugas, hoje temos uma nova invigilância por causa da ilusão em “saltos evolutivos”.
“Inspirados em padrões de comportamentos rígidos da religião organizada, muitos discípulos da “boa nova espírita” asseveram seguir os exemplos de Jesus e Kardec guardando cenho carregado e distância das atitudes espontâneas de alegria e afecto, alegando seguir as orientações doutrinárias como se houvesse um estilo exterior e predefinido de reconhecimento dos espíritas.
A grandes malefícios tem levado essa cultura de “santificação de adorno” por impedir as criaturas a uma incursão nas profundezas de si mesmo, objectivando identificar as necessidades individuais de aprimoramento.
Cada Espírito tem imperfeições próprias, únicas e também , qualidades em diversificada intensidade e característica, não sendo útil e nem sensato a adopção de um elenco de convenções religiosas de fora para dentro para serem seguidas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:46 pm

“Espiritismo é a mensagem da Boa Nova para os tempos actuais.
Boa Nova quer dizer boa notícia, boa novidade, e o principal sentimento de quem comunica uma boa notícia é a alegria.
Por mais avançadas que sejam as conquistas humanas, o Evangelho continua sendo a Grande Novidade desprezada pelos homens para que reine a paz e a equidade social, o caminho esquecido e protelado por se tratar da “porta estreita” que exige conduta austera e vigilância permanente.
Boa conduta e vigilância, no entanto, não significam que se deva cobrir de tristeza e carranca a pretexto de ser responsável e íntegro.
“Trabalhamos para que o movimento espírita se alinhe com os demais movimentos humanos que colaboram para o apressamento da regeneração.
A despeito de suas valorosas conquistas, não poderá triunfar ante os desafios sociais da actualidade sem assumir o compromisso de projectos orientados para o crescimento pessoal.
A tangibilidade da moral que sustenta os fundamentos do corpo doutrinário espírita constituirá o grande diferencial entre todos os métodos até hoje utilizados pela religião para conscientizar o homem.
Fechar os olhos para essa necessidade poderá prolongar e fortalecer as primeiras sequelas palpáveis do processo de institucionalização, o qual tem inspirado nocivos episódios de estagnação e dogmatismo nas concepções e nas atitudes no seio desse movimento.”
Nesse trecho da palestra o clima do início sofreu significativa alteração.
A plateia mantinha-se atenta aos comentários do palestrante.
Alguns companheiros ofereciam certa dificuldade para manterem-se aquietados, o que logo era contornado pelos atentos cooperadores que se espalhavam aos milhares em funções previamente definidas ao encontro.
Pelo olhar do professor para a mesa onde se assentavam Eurípedes, Dona Modesto e Bezerra, sentimos que tangeria delicada questão em sua fala.
E como se buscava aval, assim continuou:
- Motivemos os núcleos espíritas a uma campanha de esforços pela implantação da noção de “escola do espírito”, erguendo trincheiras seguras e generosas para o entendimento mais consistente do ato de educar a si mesmo.
Mais do que “Espiritismo curricular”, nobre em seus fundamentos universais, necessitamos de esperança e consolo na alma para estabelecermos um clima de optimismo e entendimento, na superação dos percalços do caminho de transformações íntimas a que fomos todos convocados, integrando nossa acção, definitivamente, com todos os paradigmas descerrados pela proposta cósmica da Doutrina Espírita.
- “Nessa “escola da alma” pensemos os valores humanos como metas possíveis e não como virtudes angelicais, das quais permanecemos muito distantes da possibilidade de experimentá-las.
Encetemos claramente uma cultura de auto-estima e fé nas nossas potencialidades, sem receio dos tenebrosos assaltos da vaidade e do orgulho.
A mensagem da Boa Nova é para todos os que desejem adoptá-la como roteiro de vida.
Conceber as propostas Sábias de Jesus como um convite para um futuro longínquo é agasalhar desânimo e desvalor para com nossas habilidades latentes.
O Mestre não nos traria convite que não tivéssemos condições de responder.
Mesmo passados alguns séculos depois de Seu exuberante Ministério de Amor.
Ele nos aguarda confiantes na decisão de segui-Lo.
“A ausência de horizontes novos sobre velhas lutas, enfrentadas pelos discípulos espíritas no campo íntimo, tem lhes desmotivado em relação aos nobres ideais de crescimento.
Buscam respostas e caminhos, mas eis que os vigorosos reflexos da esteira evolutiva teimam em se apresentar, provocando desgosto e baixa auto-estima, subtraindo o vigor da sinceridade nos compromissos de melhorias assumidos perante a consciência.
“Dura realidade precisa ser avaliada em favor de nosso próprio bem: mais do que práticas e instituições é necessário preparar o seguidor da doutrina para aprender a gostar de relacionamentos.
Com raríssimas excepções, o espírita, assim como a maioria dos homens reencarnados, não aprendeu a gostar das pessoas com as quais convive, descobrir-lhes as virtudes, encantar-se com suas diferenças, cultivar a empatia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:46 pm

Muitos agem como se pudessem beneficiar-se das práticas que tanto amam sem ter que suportar o “peso” das imperfeições alheias – o que muito lhes agradaria.
Ama-se muitas vezes com mais alegria o Centro, suas dependências e tarefas, que aqueles que nele transitam...
Há companheiros com mais cuidado com seus livros espíritas que com os amigos de tarefa...”
Novamente constatou-se a inquietude entre os ouvintes.
Algo os desagradava profundamente.
O professor não se fazia surpreso e prosseguia intimorato:
- No que tange os núcleos espíritas, especialmente, convenhamos que o excesso normativo tem levado a prejuízos incalculáveis na criação de relações autênticas e educativas.
Necessário resgatar o foco central do Espiritismo:
o amor entre os homens antes de ritos e práticas, os quais não passam de recursos didácticos de aprendizado e enriquecimento das vivências.
- “A proposta do amor contida no Espiritismo-cristão não deve circunscrever-se a meros discursos estéticos na tribuna, tampouco a ocasionais doações de fins de semana no tempo que sobra junto às tarefas caritativas.
O lar e a vizinhança, a rua e a empresa, a escola e as instituições humanas de recreação, os grupos sociais em geral aguardam-nos na condição de sal da terra para operar a inadiável metamorfose espiritual de regeneração.
“Consolidemos projectos de humanização nas agremiações da Terra em favor de dias melhores e mais proveitosos, como nos convoca o amado Bezerra de Menezes a vigorosa aplicação de um programa de valores humanos nos centros espíritas.
O espírita passou a ser um conhecedor da vida espiritual e suas leis, mas continua ignorante sobre si mesmo, porque adopta-se estudos sistematizados de Espiritismo mas permanece um vácuo nos estudos sistematizados sobre si mesmo, o auto-conhecimento.
Temos aqui mesmo no Hospital Esperança muitos devotos que detinham toda história do Espiritismo na memória, conheciam bem todos os clássicos da Doutrina, contudo, não se esforçavam para estampar um sorriso aos companheiros de grupo.”
Após essa fala grave, houve um burburinho geral.
Curiosidade e certa dose de desconforto pairavam no ar.
Todavia, a medida em curso não comportava maiores digressões face ao estado de sonambulismo em que se encontravam os encarnados.
Embora alguns tenham ensaiado algumas indagações e questionamentos, foram contidos por seus condutores.
Quaisquer estados de exaltação poderiam pôr a perder a incomparável ocasião.
Refeito o ambiente, o professor, com mais ênfase e tomado de abundante afectividade, pronunciou-se como a saber a natureza das dúvidas que não chegaram a serem externadas, dessa forma:
- Ninguém em sã consciência poderá negar que velhas fórmulas religiosas foram copiadas para a estrutura de nossa seara, estimulando retorno de fracassadas vivências da alma no campo do egoísmo.
“Religião sem religiosidade é uma dicotomia milenar em nossas acções!
“Temos “projectos sociais religiosos”, entretanto são escassos os nossos “projectos pedagógicos de religiosidade”.
A acção social espírita, tão rica de iniciativas, quase sempre tem priorizado o ato de solidariedade distante de seu carácter educativo, esbarrando, vez que outra nos atóis dos “movimentos religiosos de massa”, encalhando inúmeras vezes a embarcação do raciocínio nos excessos da fé de superfície.
Nossas acções sociais estão cada vez mais contaminadas pela “linguagem dos significados”, isto é, pela concepção interpretativa do Espiritismo centrada no “discurso salvacionista”, sustentando posturas de ufanismo ideológico e ausência de diálogo, em oposição aos princípios de fraternidade acolhedora e imperatividade pacífica os quais emergem da filosofia espírita e que deveriam florescer em relações de paz e inclusão.
Assim expressamos com rigor, para que não estimulem em suas fainas de formação de opinião as expectativas de angelitude após a morte corporal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:46 pm

Por mais nobres sejam as obras que ergamos, por mais devoção a elas ofereçamos, torna-se imperioso o desapego de fantasias de merecimento em torno de supostas honrarias no reino dos espíritos.
Adoptemos a condição de aprendizes e servos, pelo bem de nossa paz.
Nossas actividades, por mais nobres, não passam de frutos da boa-vontade de quem está recomeçando.
“A visão religiosa com a qual fomos educados fez do erro o pecado e da melhoria da alma uma virtude para almas selectas.
Jesus, como modelo e guia, tem sido interpretado como uma meta distante e para poucos, incentivando a mentalidade da estagnação.
“Ao longo dos milénios de experimentos evolutivos, o homem instintivamente praticou adoração ao “Ser Supremo” através das mais variadas formas.
Desde os horizontes da racionalidade primitiva até os pródromos da religião organizada, foram muitas as conquistas humanas cujo fim foi reverenciar esse “Ser Omnipotente” que hoje chamamos Criador e Pai. Semelhantes vivências arquivadas na alma passaram a constituir o património mental da religiosidade – impulso humano para buscar o transcendental, o sagrado.
E como religiosidade expressa-se de conformidade com as conquistas espirituais e intelectivas, a necessidade psicológica de adoração exterior para tornar mais concreta a relação com Deus fez surgir um enorme contingente de rituais e cerimónias, castas e convenções que determinaram uma ética própria para quantos se filiassem aos roteiros dessa ou daquela crença.
Nasceram então os protótipos de conduta religiosas estabelecida para que o homem se apresente a Deus em condições dignas de “Sua Aprovação”.
Secciona-se o profano do sagrado causando uma dicotomia inconciliável entre comportamentos classificados como puros e impuros aos “Olhos do Pai”.
“O dogma como crença imposta toma feições fortes porque veio a galope no dorso das “ameaças do céu”, nascidas em concílios e tribunais recheados de interesses de facção.
Dentre essas sacramentações ideológicas que sulcam a mente com nocivas noções sobre o que seja renovação espiritual, vamos encontrar o terrível “vício de santificação”, resultante das ideias de “angelitude instantânea”, conduzindo a criatura para condutas puritanas das quais não faziam parte os seus sentimentos, uma idealização do que seja ser cristão.
“Associamos assim à tarefa de santificação pessoal nos dias atuais a ideia de uma vida sem infortúnios, como se santificar fosse mais uma fórmula de baixo custo para nos livrar da dor, um modo fácil de alcançar o reino dos céus.
Fazemos tudo certinho e Deus nos recompensa com a felicidade...
Fazemos negócios com Deus...
“A negação das necessidades íntimas a título de santificação leva uma ruptura, nem sempre bem conduzida por parte de quantos anseiam pelos novos ideais de espiritualização.
Essa ruptura, no entanto, precisa ser feita passo a passo para não gerar maiores lutas.
“O nível de exigência excessivo com a melhora interior pode gerar muitas distonias.
Confundimos elevada soma de cobranças com esforço efectivo de transformação.
A cobrança gera angústia e somente o esforço sereno leva à libertação.
“Muitas ilusões e preconceitos cercam o processo de reforma íntima.
Alguns deles são:
a ideia de saltos evolutivos com mudanças abruptas, a presunção de que somente o Espiritismo pode proporcionar a melhoria do homem, a concepção de que estar na tarefa doutrinária seja automaticamente um indício de conquista virtuosa, a falsa concepção de que existem “partes” de nós que não podem ser aproveitadas e precisam ser eliminadas ou substituídas por algo nobre, a prisão a modelos mentais de acção como critério de validação de crescimento espiritual.
“Poderíamos assinalar que vivemos em maior ou menor influência sob um milenar “arquétipo de santificação”.
A própria Lei do Progresso atende a chama do desejo de ser melhor, no entanto, nossos condicionamentos morais assopram vigorosamente sobre o campo de discernimento criando miragens e perturbações sem fim.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:46 pm

“Nosso apelo a todos que aqui se encontram, perante a torga da responsabilidade de serem influentes líderes da comunidade doutrinária, é a de que debrucem sobre o tema pouco devassado da conquista de si mesmo e nos auxiliem a estender um “programa de moralização dos conceitos espíritas”, provendo a casa espírita ao ideário de ser uma autêntica “escola do espírito”.
A reforma íntima, tão decantada, não tem sido devidamente explicada!
“Que fique clara nossa intenção.
O Espiritismo em si, enquanto teoria, é moralizador.
Porém, quantos lhe aderem aos princípios suplicam clareza nos rumos para que edifiquem na intimidade a personalidade nova, já almejada pela maioria dos que se encontram atraídos para as propostas espíritas.
Como mudar?
Como fazer?
Como ser um Homem de Bem?
Eis as nossas questões.
“Jesus nos ampare nesses tempos novos de renovação e purificação da humanidade.
Lutemos todos com todas as forças para atender ao apelo sábio de Emmanuel, que diz:
“Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porquanto já é tempo de a Humanidade envergar sua veste viril para o que cumpre que primeiramente o expilais dos nossos corações"”
Após os cumprimentos finais, vimos que extensa fila de cooperadores formava um corredor indicando por onde regressariam quantos estavam emancipados do corpo.
Devido à condição de semi-torpor, não ofereciam condições favoráveis ao diálogo, a não ser um ou outro que já demonstrava melhor habilidade nas incursões nocturnas fora da vida corporal.
Desfeita rapidamente aquela aglomeração, cada um retornava a seus afazeres.
Rosângela, Sérgio e Pedro Helvécio, jovens com os quais sempre contávamos nas actividades junto ao Hospital Esperança, solicitaram-nos alguns momentos de prosa com Dona Modesto.
Para nossa surpresa, quando percebemos, ela própria espontaneamente deslocava-se da mesa onde se encontrava em nossa direcção, a nos dizer:
- Teremos alcançado nossos Objectivos, Ermance?
- Creio que sim, dona Modesto.
O ambiente estava apropriado e, não pude avaliar as disposições psicológicas de nossos irmãos com a transposição do milénio, de alguma forma, infundiam-lhes um ânimo especial para que arquivem desejavelmente a mensagem em seus corações.
Precisaremos de tempo para aferir com exactidão as promessas desse momento, aguardemos.
No entanto, Dona Modesto, nossos jovens, como de costume, ficaram muito motivados e querem experimentar sua vivência com algumas indagações.
Estou à disposição.
Com sua natural curiosidade, Rosângela foi a primeira a interrogar:
- Notei certa inquietude entre os participantes nesse “estado de graça” fora da matéria.
Em alguns casos era visível o desagrado com algumas falas do professor Cícero.
Como pode isso ocorrer entre os “mil escolhidos pelo Senhor” para ouvir essa prelecção?
Não deveriam estar alegres e demonstrando mais satisfação com a ocasião em razão da grandeza que possuem como líderes religiosos?
- Ela ainda externava suas questões tomando por base a recém-finda experiência na carne junto às fileiras do protestantismo.
Suas expressões ainda deixavam claro suas visões evangélicas.
Seu desejo de aprender, no entanto, era enorme.
- Rosângela, minha jovem, não são “escolhidos do Senhor” e nem estão em “estado de graça”.
São almas que lutam tenazmente com suas tendências.
De facto, não deveriam estagiar ainda nesse psiquismo de desagrado quando ouviram as claras advertências do professor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:47 pm

Todavia, essas criaturas que aqui foram trazidas são os mil líderes espíritas encarnados que mais padecem de um terrível mal, o qual assola a maioria das leiras de serviço do Cristo nas expressões religiosas de todos os tempos.
- E que mal é esse, Dona Modesto? – atalhou Rosângela, ansiosa.
- A doença da auto-suficiência espiritual ou o fascínio com a importância grandiosa que muitos corações supõem possuir nos serviços de Jesus.
Os amigos espíritas, especialmente os mais experimentados na arte de liderar, precisam vigiar com muita cautela o encanto que tem devotado a suas “folhas de serviços”.
Bastas vezes confundem quantidade de tarefas e realizações com ascensão evolutiva, como se fizessem carreira nos ofícios de sua espiritualização.
Ocorre que muitos corações de ideal, em todas as actividades doutrinárias, têm no passado pelas tarefas sem se educarem através delas, e quanto mais expressivas elas são, mais aumentam os riscos de vaidade e ilusão.
Temos por aqui vastos pavilhões de médiuns, divulgadores, escritores, evangelizadores da juventude, presidentes de centros espíritas, dispensadores da caridade pública, todos abençoados com as luzes da Doutrina Espírita, entretanto, sem conquistarem sua luz própria. Sufocaram-se no orgulho com a cultura e a experiência doutrinária e negligenciaram o engrandecimento moral de si mesmos através da reeducação dos hábitos e da aquisição de virtudes eternas.
É um engano milenar da ilusão humana, ainda afeiçoada a vantagens exteriores sem a consolidação dos ensinos cristãos no próprio coração.
Como disse o Senhor:
“O reino de Deus não vem com aparência exterior”.
Sérgio, não contendo seu desejo de aprender e participar, externou:
- Dona Modesto, qual a principal imperfeição desses líderes que estaria redundando em problemas para com os ofícios da seara?
- São excessivamente controladores por julgarem enxergar mais.
Carregam consigo uma das mais antigas mazelas humanas:
o desejo de serem servidos – uma faceta emocional subtil do desejo de serem amados ou da necessidade de serem queridos e aprovados pelos outros, a qual termina por ser transferida para o costume de serem bajulados e incensados pelos que lhes rodeiam.
Esse velho monstro da alma surge sorrateiramente como um hábito doentio de ordenar e comandar pessoas, já experimentado em muitas e muitas vidas sucessivas, uma forma de satisfação do egoísmo humano.
Considerando o vício de prestígio que carregam esses corações, são intensamente atraídos para posturas de destaque.
Adoram os cargos e o poder e, embora possamos encontrá-los também distantes dos títulos, estes são por eles possuídos no campo psicológico.
São criaturas que realizam muito e tem significativa visão de conjunto das necessidades do movimento social em torno das ideias espíritas, apenas pecando pelo orgulho em que se inspiram por suporem possuir todas as respostas e caminhos para todas as necessidades e percalços da Seara.
Isso lhes torna úteis em certas situações e extremamente rejeitados pela arrogância em outras ocasiões, quando excedem na atitude com sua suposta sapiência e grandeza.
Verdadeiramente, nossos irmãos que aqui estiveram guardam conquistas apreciáveis, porém, nem sempre conseguem deixar de se enganar pelo sibilino personalismo que ainda carregam.
Uma vez nessa postura fica fácil reconhecer-lhes as imperfeições prejudiciais ao serviço da obra cristã, porque não ouvem opiniões por julgarem ter as melhores, guardam convicções pessoais exacerbadas, não dão atenção às críticas, quase sempre decidem sozinhos, tornam-se pouco afectivos, muito racionais e adoram mandar sem fazer, ordenar sem cumprir.
O conjunto dessas características promove-os a uma das condições mais que inaceitáveis na actualidade para quaisquer grupamentos que se proponham a crescer espiritualmente, o autoritarismo.
- Mas, Dona Modesto – continuou indagando Sérgio – o que lhes tem faltado para agirem com essa atitude de supremacia?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:47 pm

- Visão imortalista, meu filho.
Lembro-me como fosse hoje que, quando encarnada, o espiritismo prático ou a mediunidade espontânea era de uma riqueza incomparável, conduzindo os homens a uma visão de vida afinada com a ética da imortalidade.
Hoje há uma priorização com o assistencialismo e a preservação filosófica, na qual a grande maioria dos núcleos distanciaram-se das vivências de intercâmbio sadias e educativas nos horizontes da mediunidade santificada.
Faltam-lhes os “Espiritismo com espíritos”, na expressão de Ivone do Amaral Pereira.
O exercício mediúnico sério tem sido escasso nas casas do espiritismo e o que prepondera é o consolo nas sessões de intercâmbio.
Embora com seus méritos, a transcendência da faculdade que liga os mundos não tem se convertido em chances para que os benfeitores do além possam transmitir suas experiências e participar com mais assiduidade das vivências dos homens. Não foram poucas vezes em que Bezerra de Menezes teve que contar com os centros de umbanda e candomblé, nos quais encontram-se muitos corações afeiçoados ao amor, para fazer seus ditados ou operar suas curas.
Lá a espontaneidade e o desejo de servir muitas vezes sobressai com qualidade indiscutível em relação a muitos centros doutrinários do espiritismo, os quais têm fechado as portas mentais para o trânsito dos bons espíritos.
Tem havido um engessamento voluntário do exercício mediúnico surgido a partir da tese animista, em meados do século passado.
Sem visão de vida imortal, acomodam-se e deixam de descobrir horizontes novos.
Estacionam na paralisia do pensamento em conceitos e não se permitem reciclar práticas.
Muitos, além disso, infelizmente, perderam o gosto de aprender, esbaldando-se em seu “históricos de serviços” sem apresentar algo de útil para os reclames do momento actual.
Pedro Helvécio, sempre muito paciente, vendo o rumo da conversação, perguntou com sabedoria:
- Que objectiva a tarefa dessa noite em trazendo-lhes para ouvir essa linha de raciocínios sobre a reforma íntima?
- Em fazerem uma auto-avaliação.
Notem que o professor não lhes chamou a atenção directamente em nada, porque senão regressariam ao corpo imediatamente com forte indisposição emocional.
Nesse caso, ao recobrarem a lucidez física alegariam que estiveram em tarefas de auxílio nas regiões inferiores...
O professor, com os cuidados que exigiam o momento, tangenciou os problemas morais de nossos irmãos conclamando-os à profilaxia.
Não destacou suas doenças e sim o remédio.
Ao convocá-los a um projecto de humanização, concede-lhes a chave dos seus problemas por que terão que se igualar, terão que se fazerem “gente comum” e despirem da “aura de santidade” que tanto lhes apraz.
Os líderes espíritas, quase sem excepções, asilam enorme sentimento de serem úteis à causa, mas se tornaram, como é natural acontecer em nosso estágio evolutivo, vítimas de si mesmos na medida em que usaram sua habilidade de gerir para interferir.
Fazem uma liderança a gosto pessoal, e não conforme os imperativos do evangelho e da pedagogia moderna...
- Quais são as chances de sucesso da iniciativa de trazê-los aqui?
Apesar do êxito desse momento, Helvécio, as chances são muito reduzidas de que nossos irmãos aproveitem a ocasião tanto quanto necessitam.
Eles já perderam o gosto de ouvir, adoram mesmo é falar muito.
Seus ouvidos não estão conforme a assertiva evangélica, ouvidos de ouvir.
Muitos em suas crises de auto-suficiência, em verdade, zombam, inconscientemente da inexperiência alheia exarando prognósticos e avaliações sem considerar o valor que possuem para a tarefa do Cristo.
Quando alguns tomam caminhos diversos dos seus, fazem vaticínios futuristas pessimistas para os outros e chegam, em alguns casos, a dizer que perderão até a reencarnação caso façam isso ou aquilo.
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Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira - Página 4 Empty Re: Reforma íntima Sem Martírio - Ermance Dufaux / Wanderley OLiveira

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 28, 2018 7:47 pm

São apaixonados pela ideia de serem os proprietários da verdade até mesmo do que virá a acontecer, apoiando-se, frequentemente, em teorias e produções mediúnicas de valores duvidosos ou interpretadas por suas leituras tendenciosas e bem pessoais.
Dona Modesto – interveio Helvécio – observei em sua resposta à Rosângela que esses mil dirigentes são os que mais sofrem desse mal.
Seria certo deduzir, portanto, que a seara doutrinária tem sido atacada por essa doença moral?
- Certamente, meu jovem. Independente das iniciativas colectivas como a dessa noite, os esforços se multiplicam no campo individual com cada trabalhador.
Uma cultura de grandeza tem estimulado esse drama ético entre os co-idealistas no plano físico.
Grande distância medeia entre possuir uma grande missão e ser um grande missionário.
De facto, quantos foram brindados com a doutrina espírita são como a “luz do mundo”, contudo temos que ser honestos e considerar que boa parcela dos irmãos tem sucumbido aos golpes subtis do orgulho, julgando-se bem mais valorosos que realmente o são para os ofícios da causa.
Descuidaram-se de converter as crianças em espírito.
A criança é curiosa, nunca se imagina além do que é, reveste-se de simplicidade sem pretensões pessoais de ser a melhor, tem a alma aberta para o novo e a mente livre do que já passou e do que ainda virá, vivendo intensamente o momento presente.
Não somente esses mil, mas uma infinidade de homens e mulheres da direcção nos arraiais espíritas se encontram nas garras da auto-suficiência, fascinados por seus feitos e com sua bagagem, nutrindo pouca disposição para serem avaliados e criticados em suas ideias e acções.
Gostam mesmo é de serem admirados e aprovados sem restrições, sendo que alguns adoram impressionar...
Percebendo a fala oportuna, lembrei-me das tarefas intercessoras que temos participados em companhia de Dona Modesto e Eurípedes junto à crosta e resolvi sugerir:
- Dona Modesta, poderia nos trazer algo sobre as obsessões nesse terreno?
- Sim, Ermance, bem lembrado!
Quando as posturas de nossos companheiros raiam para esses despautérios da conduta, os famigerados adversários do bem se aproveitam a mancheias.
Muitas e graves episódios de fascinação colectiva rondam a Seara Espírita em razão desse lamentável quadro de personalismo e vaidade.
Por isso nosso Senhor Jesus Cristo colocou uma criança no meio dos discípulos e disse:
Aquele que não se fizer como esse jamais alcançará o reino dos céus.
O resto da história vocês já conhecem, basta olhar os pavilhões do Hospital lotados de dirigentes que não souberam se diminuir para que o Cristo crescesse.
Ajudaram muitos a se renovarem, mas não cuidaram tanto quanto careciam da mudança interior de si próprios...
Lembram-se do episódio da mulher adúltera, quando Jesus pediu para atirar a pedra?
Quem foi que saiu primeiro?
- Os mais velhos – respondeu de pronto Rosângela, pois tinha os versículos na “ponta da língua”.
- Os mais velhos saíram primeiro porque são os que traziam mais condicionamentos e menos disposição de “rasgarem suas folhas de serviço” perante a vida.
Será preciso muita humildade dos líderes cristãos para que assumam o importante papel que lhes compete nas tarefas da Doutrina.
Precisarão de muita coragem para desapegar do que sabem, não envelhecerem com suas ideias, terem a habilidade para deixarem de ser repetitivos e aprenderem como se recicla sem se sentirem desmoralizados ou menos amados.
Muitos deles, para manterem as aparências, abandonaram a capacidade de sentir a alegria em serem simpáticos, tornando-se um estereótipo de rigidez com o qual pretendem ser imponentes e expressar uma ideia de sábios e “homens da autoridade”, essa é a doença da auto-suficiência espiritual.
Helvécio, desejoso em dar novo rumo ao diálogo, inferiu:
- Apesar das lutas morais, nossos irmãos são valorosos na semeadura do Cristo!
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