LUZ ESPÍRITA
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NADA É PARA SEMPRE - Hermes / Maurício de Castro

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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:16

Ou me dá dinheiro ou quem vai se arrepender é você!
— Meu marido me ama e não vai se importar se conhecer minha origem.
Nada vai conseguir contra mim.
— Posso ir à Justiça reclamar meus direitos de pai e, se não conseguir, sabe que posso sequestrá-lo ou fazer qualquer mal a ele?
Está em suas mãos a decisão.
— Não posso acreditar no que diz.
Como pode falar isso do seu próprio filho?
Aqui não é o momento para conversarmos; vamos marcar em outro lugar.
— Não é bem assim.
Quero dinheiro.
Ou me dá a quantia de que preciso ou transformo a vida do seu filhinho em um inferno.
Ao olhar Daniel brincando tão inocentemente, Isabela ficou preocupada.
O que aquele homem poderia fazer? Sentiu medo.
— Diga quanto quer que vou providenciar.
Mas que seja a última vez.
Ao ouvir a quantia, Isabela quase desmaiou.
— Não tenho como conseguir tudo isso. Desista.
— Você é quem sabe.
Só que você vai ser a mais prejudicada.
Não ama tanto o seu filhinho?
— Cretino cafajeste!
Vou arrumar o que me pede.
Ligue-me na segunda às três da tarde.
Nesse horário ninguém está em casa e poderemos nos falar e marcar um lugar para a gente se encontrar.
Juvêncio pegou um papel, anotou o número e saiu satisfeito.
Isabela entrou.
Já escurecia e começou a ventar forte.
Naquela noite Humberto não estava em casa e ela se sentia aliviada por isso.
Não iria conseguir aturá-lo com aquele problema para resolver.
Depois que Daniel dormiu, ela foi para a banheira, encheu-a de sais e começou a tomar um banho relaxante.
Precisava pensar friamente no que iria fazer.
Ceder à chantagem iria colocá-la em uma situação ruim, pois ele sempre exigiria mais.
Todavia, ela não podia deixar de fazer o que ele queria, senão poderia colocar a vida do seu filho em risco.
Mesmo sendo rica e cheia de pessoas que a protegessem, ela sentiu medo.
Ouvia falar de pessoas ricas que, mesmo com todo o dinheiro do mundo, tiveram seus filhos ou parentes sequestrados e mortos, e sentiu um frio percorrer seu corpo.
Não poderia imaginar seu filho sofrendo.
Passou mais de uma hora na banheira.
Depois saiu e com um confortável roupão foi para a cama.
Tentava encontrar uma solução e não conseguia, por mais que pensasse.
De repente, uma ideia surgiu em sua mente e foi tomando forma.
Ela a achou perfeita.
Como não havia pensado nisso antes?
Interfonou e pediu que Amaral fosse até a garagem, pois ela precisava muito falar com ele.
Patrícia dormia e ninguém perceberia que conversavam.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:17

Frente a frente com o motorista, que a partir daquele dia se tornaria seu cúmplice, ela disse:
— Amaral, você tem de encontrar um lugar deserto, de preferência uma casa pequena e isolada.
Preciso de um encontro e não quero que ninguém saiba.
Ele balançou a cabeça:
— Senhora, não desejo me envolver com esses assuntos.
Não posso perder meu emprego, muito menos trair a confiança do senhor Humberto.
Não posso fazer o que me pede.
— Pode e vai fazer.
Sei que tem uma família, mãe doente, e se não fizer isso perderá o emprego hoje mesmo.
Posso contar a Humberto que tentou fazer sexo comigo à força e será pior para você.
Eu mesma cuidarei depois para que não encontre nenhum emprego.
— Tudo bem. A senhora, como sempre, venceu.
Encontrarei o local que me pede.
— Mas tem de ser rápido.
Hoje é sexta-feira e quero isso para segunda à tarde.
Humberto chega esse fim de semana e não quero que desconfie de nada, por isso não me dirija à palavra.
Segunda pela manhã conversaremos.
O fim de semana pareceu eterno para Isabela.
Humberto estava meloso e a queria a todo o momento.
O que ela mais gostou foi ter a presença de Fernando no domingo na piscina.
Ela flertava com ele discretamente e sabia que era correspondida.
Porém, naquele dia, tinha de se concentrar no que pretendia fazer.
Finalmente a segunda-feira havia chegado.
Humberto tinha viajado e a casa estava vazia.
Ela saiu e pediu ao taxista que a deixasse numa loja.
Esperou. Poucos minutos depois, Amaral apareceu.
— Vejo que é eficiente.
Vamos, quero conhecer esse local para ter certeza se é realmente bom.
Depois preciso de um treinamento seu.
— Treinamento?
— Sim. Na hora explicarei.
Eles tomaram um táxi e foram se afastando do centro.
Quando chegaram próximo ao local, dispensaram o carro e seguiram a pé.
Foram ter em uma espécie de cabana que, apesar de isolada, de onde se localizava podia se avistar algo parecido com uma favela.
— Aqui é o local perfeito.
Agora vamos ao treinamento.
Mesmo a contragosto, Amaral ensinou o que ela deveria fazer, ainda que soubesse que estava cometendo um erro.
Já em casa, ela esperou ansiosamente o telefonema.
— Alô? — Era a voz de Isabela atendendo o tão esperado telefonema.
— Sou eu. Desejo saber se nosso encontro está combinado para hoje e se tem à quantia.
Tem de responder que sim, pois não estou acostumado a esperar.
— Tenho sim. Vou passar o endereço do lugar aonde vamos nos encontrar.
Mas estou avisando:
será a primeira e última vez.
Nunca mais desejo ver seu rosto repugnante na minha frente.
Juvêncio sorriu ironicamente.
— Calma, Clotilde, não precisa ficar assim tão nervosinha.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:17

Tudo só depende de você.
Ela, muito irritada por ter sido chamada por seu verdadeiro nome, resolveu dar um basta na conversa e passou logo o endereço.
— No final dessa rua tem um terreno baldio com uma cabana abandonada.
É lá que vamos nos ver. Até mais.
Ela ficou por ali com Daniel e Eudásia até chegar à hora do almoço.
Patrícia estava encantada com o filho de Isabela e não cansava de brincar com ele.
Às três da tarde, Isabela, pretextando um dor de dente, pediu que Amaral tirasse o carro e a levasse ao dentista.
Patrícia se ofereceu para ir com ela, mas recebeu uma negativa.
— Vá estudar não se importe.
Seu pai me deu o endereço de um óptimo dentista e o Amaral vai comigo.
Assim saíram.
No carro, ela indagou:
— Ela está pronta como pedi?
— Sim senhora.
Mas acho que vai cometer um erro muito grande.
Não vou ser testemunha; deixarei a senhora no final da rua e ficarei no carro.
— Nada disso, você vai comigo até o fim.
E se ele tentar me imobilizar?
Quero tê-lo ao meu lado.
E já sabe que não aceito um não. Ou isso, ou perde o emprego.
Amaral aceitou, porém sabia que aquilo não ia terminar bem.
Nunca em sua vida havia se metido num caso como esse.
Contudo, preferia ajudar a nova patroa a ficar sem dinheiro para sustentar sua família e sua mãe doente.
Chegaram.
Isabela retirou do carro um pacote marrom e entrou na cabana.
Poucos instantes depois Juvêncio apareceu.
Estavam os três reunidos, quando ele falou nervoso:
— Vamos, passa a grana.
Ainda vou contar para ver se tem a quantia certa.
Quero ter certeza de que não está me enganando.
Ela passou o envelope e ele abriu com rapidez.
Após contar as cédulas, gritou:
— Mas aqui não tem nem a metade.
Você está me enganando, sua ordinária!
Dizendo isso, ia avançando sobre ela quando, de repente, viu um revólver apontado em sua direcção.
— Basta! Fique longe.
Sempre desejei sua morte desde o dia em que acabou com minha juventude com aquele estupro.
Como desejei matar você!
Mas o que eu podia fazer morando naquela favela horrorosa sem ter ninguém que cuidasse de mim?
Agora tudo mudou.
Sou rica e mulher de um senador.
Posso tudo, e você vai morrer e conhecer os horrores do inferno.
— Calma, Clotilde, vamos conversar.
Sou pai de seu filho, pense no que vai fazer...
— Você nunca será o pai do meu filho.
E um miserável, que vou fazer um favor em tirar do mundo.
Deus está guiando minhas mãos nesse momento.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:17

Ela não pensou em mais nada.
Começou a atirar sem parar até que viu o corpo dele inerte no chão.
Vendo-o ainda respirando, ela se aproximou, mirou seu cérebro e atirou pela última vez.
Depois gargalhou dizendo:
— Morra seu verme.
Ela parecia estar em transe.
Quando voltou ao normal, recolheu o dinheiro e saiu do lugar deserto com Amaral, única testemunha do seu crime.
Tempos mais tarde, chegou em casa como se nada tivesse acontecido.
— Olá, Patrícia.
Onde está o Daniel?
— Lá em cima com Eudásia.
Brincou até cansar.
Acho que agora pegou no sono.
— Vou subir e tomar uma ducha estou precisando.
— Isabela, preciso conversar com você.
Tem um tempo para mim agora?
Ela sentiu que era um assunto sério.
Nunca Patrícia a havia chamado dessa forma.
— Em que posso ser útil?
— Desejo a sua sinceridade.
O que houve entre você e a minha avó?
Apanhada de surpresa, Isabela não soube o que responder.
Precisava inventar uma mentira com rapidez.
— Olha Pati, não gosto muito de falar nesse assunto porque me magoa bastante...
Patrícia olhou firme para ela.
— Não seria minha avó quem deveria estar muito magoada com você?
— Não sei o que a dona Augusta lhe falou, mas, se quer saber a verdade, vou lhe contar.
Sua avó era muito minha amiga, como você mesma sabia.
Depois que lhe disse o que tinha acontecido entre mim e seu pai, ela fingiu aceitar.
Até me ajudou no casamento.
Contudo, depois que voltei da lua-de-mel, ela me chamou e me falou coisas horríveis.
Disse que havia descoberto a existência do meu filho e que eu não serviria para morar na casa que tinha sido de sua filha.
Fui muito humilhada e ela jurou que eu não viveria para usufruir desse casamento.
Confesso Patrícia, que tenho medo, muito medo do que a dona Augusta possa fazer contra mim.
Patrícia sentiu que algo nela não era verdadeiro.
Ela continuava a frequentar o centro espírita e tinha intuição aguçada.
Tentava fazer o possível para agradar a Isabela, mas algo lhe dizia que havia uma coisa muito errada naquela história.
— Estranho, minha avó não quer tocar no assunto e está há mais de um mês depressiva.
Nem sai mais de casa.
Levou uma queda, que machucou muito seu braço, e está fazendo fisioterapia porque eu insisti.
Ela, que era activa, religiosa, gostava de viajar, visitar as amigas, agora parece um farrapo humano.
— Sinto muita pena dela, mas não posso fazer nada.
Ela não me aceita como amiga e deve estar assim por sentir falta da dona Flaviana e por me ver no lugar dela.
Creia Patrícia, aprendi a gostar de seu pai, mesmo a contragosto, e acho muito justo ele reconstruir a família.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:17

— Entendo. Deve ser impressão minha então.
Bom, pode subir.
Vou me encontrar com Fernando.
Iremos ao centro espírita.
— Ele também é espírita? — interessou-se ela.
— Não, é apenas simpatizante.
Vai porque eu vou.
— Ah, se me convidasse, bem que eu poderia ir.
— Então está convidada.
As segundas são palestras instrutivas a respeito da espiritualidade; no meio da semana há outras tarefas.
— Irei, sim.
Terminada a conversa, Isabela subiu. Sorriu da ingenuidade de Patrícia.
Mas ela iria usá-la para se aproximar de Fernando.
Desde o dia em que o vira tencionava tê-lo como amante.
Ele era um rapaz extremamente atraente, de olhos amendoados, alto, cabelos lisos que lhe emolduravam o rosto, pele clara, musculoso, e Isabela se deixava levar em pensamentos, antevendo o prazer que sentiria ao lado dele.
Havia se esquecido por completo de que deixara um inimigo desencarnado por suas mãos em estado de completo alheamento.
Na cabana abandonada, o corpo de Juvêncio jazia lavado em sangue.
Passados alguns instantes após seu espírito estar inconsciente, acordou ainda preso ao corpo.
Não conseguia entender o que estava se passando.
Tentava se levantar, mas não conseguia.
De repente, estranho fenómeno aconteceu.
Ele parecia haver se duplicado.
Estava fora do corpo e via seu cadáver todo cheio de balas, ensanguentado e inerte no chão.
Desesperado, tentou correr do lugar, mas não conseguiu.
Sentia-se puxado ao corpo inerte e mais uma vez estava dentro dele.
Juvêncio nunca sentiu tanto medo e pavor em sua vida quanto agora.
Os dias passaram e ele continuava no mesmo estado.
Por que ninguém o socorria?
Sentia seu corpo exalar um terrível mau cheiro e suas carnes apodrecerem, porém nada podia fazer para sair daquela situação.
Um dia, um casal de namorados entrou na cabana e se assustou com o que viu.
— Rodrigo, esse homem está morto, e parece que há muitos dias.
— É isso mesmo, Fátima.
Precisamos avisar a polícia.
Ela fez beicinho:
— E nosso encontro de hoje?
— Esse cadáver cortou todo nosso clima.
Vamos sair daqui e telefonar contando o que vimos.
Assim fizeram.
A polícia chegou ao local, retirou o corpo e começou as averiguações.
O assassino não havia deixado pistas e nada existia junto ao corpo que pudesse identificá-lo, portanto o entregaram ao Instituto Médico Legal.
Juvêncio sentiu o horror de ser engavetado em um local gelado.
Era a primeira vez que chorava um pranto sincero e angustiado.
Também nunca havia sentido tanto medo, apesar dos longos anos de vida marginal que tivera.
Por mais que gritasse aos policiais, ninguém o ouvia.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:18

Com os médicos foi ainda pior.
Então começou a se lembrar de Clotilde e de que ela o havia matado.
Sentiu um ódio surdo brotar em seu peito, e o sentimento teve tanta força que o arremessou para o lado dela.
Era noite e todos estavam na sala de jantar.
Flaviana continuava lá, acompanhada de Nicodemos, sem conseguir se aproximar de Isabela.
De repente, ela viu um vulto aparecer na sala.
Era uma pessoa sangrando muito, cheia de buracos pelo corpo.
Ficou com medo.
— Quem é esse, Nicodemos?
— E eu vou lá saber?
Mas parece que é dos perigosos.
Vamos ficar longe.
Era sábado, por isso todos jantavam juntos.
Humberto estava presente e Fernando estava acompanhando Patrícia.
Juvêncio viu com ódio Isabela sorrindo e conversando animadamente.
Numa rapidez muito grande, ele avançou sobre ela, mas foi detido por Romário que, com um soco, jogou-o no canto da sala.
— Quem é você?
— Sou o protector de Clotilde.
Ninguém se aproxima dela.
— Tenho o direito.
Ela me matou, e vou me vingar, custe o que custar.
Não vai ser você quem vai me impedir.
— Vou sim.
Os dois travaram uma luta corporal no meio da sala.
Juvêncio conseguiu se livrar e lançou-se sobre Isabela, apertando seu pescoço.
Seu ódio foi tanto que ela engasgou e perdeu o fôlego.
Todos correram para socorrê-la.
Isabela tentava respirar, mas não conseguia.
Foi ficando vermelha, até que desmaiou.
Patrícia ficou muito nervosa:
— Papai, leve-a para o hospital.
Ela pode morrer!
— Como ela foi engasgar assim desse jeito?
— Não vamos perder tempo com isso.
Vou pedir a Amaral que tire o carro e nos leve ao hospital agora.
Quando chegaram ao hospital, Isabela foi atendida e o médico informou que por pouco ela não perdera a vida.
O doutor Fagundes suspeitava de que algo mais grave estava acontecendo com ela, pois sua língua havia ficado enrolada, o que tinha dificultado a passagem do ar.
Humberto sentiu muito medo de perdê-la.
Ficou toda à noite com ela no hospital.
Juvêncio também não deixou o quarto.
Na madrugada, Romário apareceu com um homem de rosto sério, bigode fino e olhar penetrante.
O estranho homem olhou para Juvêncio e falou:
— Levante-se daí, precisamos conversar.
— O que quer?
Saiba que só vou sair daqui quando levar Clotilde à morte.
Esse aí tentou me impedir e levou uma sova daquelas. Quer apanhar também?
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:18

O homem sorriu.
— Não. Quero ajudá-lo.
Também tenho interesse em que essa mulher desencarne para que venha sofrer junto de nós.
Mas não é assim que você vai conseguir matá-la.
Com essa atitude, ela vai ter esses ataques até melhorar de vez, e você não vai conseguir mais atingi-la.
— Melhorar? Como assim?
— Já ouviu falar em centro espírita?
Ele demorou, mas respondeu:
— Sim. De vez em quando pessoas desses centros apareciam lá na favela levando comidas e roupas.
Mas o que isso tem a ver comigo?
— Tudo! Isabela mora em uma casa onde sua enteada frequenta um desses horríveis lugares, e se você continuar provocando essas crises nela a enteada vai desconfiar de que é envolvimento de espírito desencarnado.
Então a levará para fazer um tratamento.
Esses lugares malditos têm um poder especial que consegue neutralizar nossa acção.
Em pouco tempo, você não conseguirá mais nada com ela.
— Mas isso é injusto!
Ela é má, egoísta e assassina.
Deixou a mãe e os irmãos na maior miséria e não faz o bem a ninguém. Como é que será protegida?
— Não sei dizer, mas os seres da luz não gostam que exerçamos a justiça com as próprias mãos.
Dizem que só Deus pode fazer justiça e, assim, conseguem nos afastar.
Porém, se ficar do meu lado, teremos como matá-la de outra forma.
Juvêncio se interessou.
— Então me conte como.
Horácio chamou-o a um canto e narrou-lhe o plano terrível.
Ele ia ouvindo sem acreditar naquelas palavras, que lhe mostravam uma trama tão habilidosa que sequer poderia ter imaginado algum dia.
Quando terminou estava radiante.
— Seguirei com você.
Nossa como é inteligente!
Tem razão em ser o chefe.
Horácio respondeu:
— Não sou o chefe; quisera eu!
Nossa cidade no astral está sem comando.
Nosso chefe foi resgatado e ninguém ainda ocupou o lugar.
— E por que você mesmo não toma o lugar?
— Não tenho gabarito para isso.
Estamos esperando nosso próximo chefe desencarnar para nos comandar.
Trata-se de um político muito famoso na Terra.
Assim que ele morrer, o receberemos com alegria e assim passará a comandar os planos de vingança, tão a seu gosto.
— Tem certeza de que devo deixar a Clotilde aí?
— Sim. Venha comigo.
Aposto que está doido para sentir o prazer das drogas novamente.
— Como adivinhou?
— Soube pela sua ficha.
Acompanhe-me que vou levá-lo a um lugar onde poderá sentir esse prazer novamente.
— Mesmo depois de ter morrido?
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:19

— E claro!
Aqui na Terra sugamos as energias que nos dão prazer por meio das pessoas que fazem as mesmas coisas.
Você mesmo servia de repasto para outros espíritos viciados, só que não se lembra de nada.
Juvêncio estava admirado com aquilo.
Resolveu seguir Horácio e ver se era verdade o que ele dizia.
No domingo pela manhã Isabela recebeu alta.
Quando chegou em casa, já no elegante sofá da sala de estar, ela comentou:
— Não sei como aconteceu.
De repente, me deu uma vontade enorme de tossir e quando vi estava engasgada.
Parecia que tinha alguém apertando meu pescoço. Foi horrível.
Humberto a tranquilizou:
— Mas não foi nada.
Mesmo assim, terá de fazer os exames que o doutor Fagundes pediu.
— Farei meu amor.
Agora desejo ver Daniel.
Onde ele está? — dizendo isso, subiu as escadas.
Patrícia ficou sozinha com o pai e aproveitou:
— O senhor está feliz com esse casamento?
— Claro filha.
Por que pergunta isso?
— Não sei.
Sinto que essa união não lhe trará felicidade.
Humberto cocou o bigode.
— Lá vem você com essa história de intuição de novo.
Sabe que não acredito em nada disso.
— Também não sei por que sinto isso.
Gosto da Isabela sei que ela o faz feliz e que é uma boa pessoa.
Pela lógica, não era para eu sentir nada disso.
Mas aprendi no centro que a intuição é superior à razão, e sempre nos conduz à verdade.
Algo me diz que sua vida com ela não vai ser sempre boa.
Humberto irritou-se.
— Não quero mais falar sobre isso.
Causa-me mal-estar.
Mudemos de assunto.
Como está seu namorinho com o Fernando?
— Muito bem.
Gosto dele e sei que ele gosta de mim.
Acabaremos casados.
Ele riu.
— Como pode dizer isso se tem tão pouco tempo de namoro?
É intuição também?
— Sim, sei que ele será meu marido.
— Você às vezes me faz rir.
Bem que eu gostaria de ter essa tal intuição para descobrir quem são meus inimigos no Senado.
Os dois riram e começaram a falar amenidades.
No quarto com Daniel, Isabela havia esquecido o mal-estar e só pensava numa forma de se aproximar de Fernando.
Todo movimento estranho que acontecia, ela ia olhar na esperança de vê-lo chegar à mansão.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:19

Era domingo e certamente ele iria aparecer para ver Patrícia.
Até agora ambos haviam só trocado olhares e ela precisava agir.
Sentia que ele estava tímido para procurá-la e ela não queria mais perder tempo.
Suas relações íntimas com Humberto já não lhe davam o prazer esperado e ela queria descobrir novas sensações.
Sem perceber, ela voltava aos hábitos antigos de sua encarnação anterior, incorrendo nos mesmos erros.
Quando vivera como Nathalie, traíra Henry, que agora era Humberto, e agora novamente tencionava fazê-lo.
Romário a estava inspirando o tempo inteiro, colocando em sua mente cenas de intimidade com Fernando.
Ela sentia aumentar seu desejo.
Estava ficando ansiosa e com dor de cabeça quando finalmente o viu entrar.
Rapidamente ela entregou seu filho a Eudásia e desceu.
Fernando estava à beira da piscina com Patrícia, quando ela chegou.
— Vim tomar um pouco de sol.
Depois do mal-estar de ontem sei que o sol me fará bem.
Patrícia comentou:
— Isso mesmo, fez muito bem.
Sente-se connosco.
Fernando tentou conversar, um tanto tímido:
— Está melhor?
Não sentiu mais nada?
— Não. Se novamente tiver um ataque daquele, morrerei.
— Não diga isso.
A senhora é muito jovem para morrer.
A conversa continuou amena, até que de repente Isabela pediu:
— Patrícia, peça a Eudásia que venha até aqui e traga o Daniel.
Ele precisa tomar sol.
— Irei sim.
Vou aproveitar e trazer mais refrigerante.
Assim que Patrícia saiu, Isabela olhou profundamente para Fernando e, com coragem, falou:
— Sei que pode pensar mal de mim, mas estou loucamente apaixonada por você.
Meu casamento é uma infelicidade, não amo o pai da Patrícia.
Vivo com ele por necessidade.
Sei também que sou correspondida, pois noto seus olhares de desejo sobre mim.
Isso me faz acreditar que não gosta de Patrícia e que está com ela por outros interesses.
Amanhã às três da tarde me ligue, pois precisamos conversar melhor.
Encontrarei um lugar para nos encontrarmos.
Fernando não teve tempo de falar nada, pois Patrícia tinha voltado.
Mas ele gostara muito do que ouvira.
Afinal, ser amante daquela mulher, mesmo que se casasse com Patrícia, lhe daria muitas vantagens.
Fernando era um jovem de 26 anos de classe média.
Trabalhava para ter mais dinheiro e havia prestado vestibular algumas vezes, sem, contudo nunca ter conseguido ingressar em nenhum curso superior.
Na realidade, não pensava em estudar.
Pensava em fazer um bom casamento do qual pudesse tirar muitas vantagens.
Na realidade, ele usava sua beleza para viver bem financeiramente.
Assim, saía com algumas mulheres e logo começavam suas exigências: queria dinheiro.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:19

Se algumas fugiam, decepcionadas, outras, movidas pelo interesse no sexo e pela vaidade de estarem acompanhadas por um homem bonito, cediam a todos os seus desejos.
Mas ele sentia necessidade de mais.
Queria uma vida estável e, quando conhecera Patrícia "por acaso" numa festa de amigos, logo sentiu que ela era a pessoa indicada.
Rica, Patrícia possuía boa parte da fortuna de sua mãe e ele sabia que esse casamento lhe traria a situação que almejava.
Mas a vida estava sendo por demais pródiga com ele, colocando em seu caminho Isabela, que pelo visto faria tudo que ele quisesse.
Foi Isabela quem perguntou:
— Daniel já vem?
— Vem sim. Também nosso refrigerante está chegando.
Vamos aproveitar esse sol e cair na piscina.
Fernando e Patrícia entraram na água, enquanto Isabela, vendo-o nadar, sentia aumentar compulsivamente seu desejo.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:19

13 - NA MANSÃO DE HIGIENÓPOLIS
Flaviana estava muito triste aquele dia.
Fazia meses que se encontrava na casa de Humberto e não conseguia se aproximar de Isabela, pois Romário sempre impedia.
Ficou muito feliz quando viu aquele homem asqueroso apertá-la pelo pescoço, porque achou que ele ia matá-la.
Mas qual não foi sua surpresa quando a viu voltar como se nada tivesse acontecido.
Nicodemos chegou arfante.
— Você não sabe o que a Isabela quer aprontar agora.
Ela, desanimada, respondeu:
— Estou cansada dessa vida.
Estou sofrendo, ficando mais velha e feia, e nada tenho conseguido.
Às vezes penso nas pessoas que me acolheram num lugar chamado colónia, mas lá também não quero ficar; parece uma prisão.
Também não tenho para onde ir...
Que desespero! — dizendo isso, começou a soluçar sentidamente.
Nicodemos a olhou penalizado.
— Tem a minha cidade.
Lá você poderá ficar e até trabalhar.
— Não desejo ficar com vocês.
Na verdade, nem sei o que fazer da minha vida.
Sinto-me perdida.
Nunca pensei que morrer pudesse nos levar a uma vida tão parecida com a que levávamos na Terra.
— Deixe para pensar nisso depois.
Temos de nos concentrar agora na vingança contra sua assassina.
Ou quer deixá-la sem receber o que merece?
Ela enxugou as lágrimas teimosas e o fitou seriamente.
— Vingança é o que mais desejo no mundo!
Então, o que tem para me dizer?
— Estava lá na beira da piscina vigiando a assassina quando vi que ela se declarou ao rapazinho que namora sua filha.
— Como? Ela quer trair Humberto?
— Sim, não percebe que ela tem muito fogo?
E daquelas que não se bastam com um homem só.
Flaviana corou:
— Não fale isso na minha frente.
Sou mulher de respeito.
— Tudo bem, me desculpe.
Mas é isso: ela quer tê-lo como amante.
Podemos influenciar Humberto para que desconfie e mate os dois.
Uma vez aqui, nós a prenderemos em uma das celas e a castigaremos.
Flaviana exultou:
— Que boa ideia!
Fale baixo, pois Romário poderá escutar.
— Não se preocupe.
Ele está do lado dela, passando desejos sexuais e pensamentos obsessivos de paixão; nem percebeu que vim lhe contar.
— Fico mais tranquila.
Temos de influenciar Humberto sem que ele perceba, pois, do contrário, estaremos perdidos.
Nesse momento, uma luz azulada penetrou no ambiente.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:19

Flaviana e Nicodemos fecharam um pouco os olhos porque aquele reflexo era muito forte e lhes doía às vistas.
A luz foi reduzindo sua intensidade e apareceu no meio do clarão a figura de uma mulher.
Ela olhou para Flaviana e falou:
— Vim em nome de Deus, porque preciso lhe mostrar duas pessoas que muito a amam e há muito querem vê-la.
— Diana? É você?
— Sim, minha amiga.
E estou acompanhada de pessoas das quais sua mente nem se lembra no momento.
Nunca se perguntou onde estariam seus dois filhos que morreram no acidente?
— Filhos? Acidente? — Ela estava atordoada.
Meu Deus! Marcos e Alfredo!
Onde estão eles?
Como pude me esquecer?
— Você se deixou levar pelos sentimentos negativos e esqueceu tudo o mais, porém eles jamais esqueceram de você, dos seus carinhos de mãe, das noites insones que teve dos zelos e cuidados, e estão aqui para vê-la.
Era muita emoção para Flaviana.
Do meio do clarão, Marcos e Alfredo surgiram.
Ela, sem lembrar de mais nada, correu a abraçá-los.
Chorou muito e naquela hora a lembrança dos seus sofrimentos reapareceu com toda a força.
Lembrou-se do acidente terrível, de como havia sofrido com a perda dos seus filhinhos amados.
Recordou-se de Humberto se afastando do lar e, finalmente, de sua doença cruel.
— Meus filhos, deixe-me abraçar cada um de vocês.
Quanta saudade! Como estou sofrendo!
Marcos foi o primeiro a dizer:
— Mãe, venha connosco e esqueça a vingança.
Só Deus tem o poder para julgar as pessoas e aplicar sua justiça.
Quem somos nós para condenar os outros?
A vingança nunca trouxe felicidade a ninguém; ao contrário, nos leva a caminhos tortuosos de sofrimento e infelicidade.
— Você diz isso porque é muito bom, sempre foi desde criança.
Mas não posso deixar de matar aquela que me tirou a vida, é justo.
Fiquem comigo, provem que me amam de verdade e me ajudem a trazer para o inferno essa mulher que roubou minha existência.
Alfredo, muito paciente, explicou:
— Não estamos aqui para nos vingar de ninguém.
Há muito aprendi que não existem vítimas sobre a Terra e são nossos pensamentos e crenças que atraem todos os sofrimentos em nossa vida.
Creia mamãe, a senhora passou pelo que era necessário ao seu aprendizado e pelo que estava de acordo com sua maneira de ser.
Ao contrário de condenar, abençoe a mão que lhe deu, por meio do sofrimento, a chance de se melhorar e redimir.
Flaviana pareceu não aceitar.
— Vocês dizem coisas estranhas.
Pelo jeito, parece que ela estava certa em fazer o que fez e que a errada fui eu.
— Não estamos dizendo isso.
Claro que Isabela se comprometeu seriamente com as leis divinas quando agiu daquela maneira, mas já se perguntou como à senhora a atraiu para sua vida?
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:20

Se não houvesse necessidade de a senhora passar por essa experiência, Isabela não teria conseguido o que pretendia e iria molestar outra pessoa.
Ela não queria entender e mudou de assunto.
— Como vocês estão crescidos!
Eu queria tanto que todos nós estivéssemos ainda na Terra, como antes.
Diana interrompeu:
— Flaviana, seus filhos desejam que você siga connosco.
Eles estão penalizados com sua situação e querem ver a mãe bem. Aceita?
— Isso não! Não posso deixar essa mulher vulgar impune.
Eles é que deveriam sair daquela colónia e estar aqui perto de mim, ajudando.
Aliás, esse é um dever de filho.
— Bom, aceitamos sua posição, mas aviso que Marcos e Alfredo não poderão ficar.
Vamos nos despedir; fique com Deus.
Quando precisar de nós pense com força que atenderemos.
Flaviana começou a chorar.
— Não me deixem, tenho me sentido muito sozinha. Voltem!
Os três desvaneceram diante dos seus olhos e ela continuou a chorar.
Mas o sentimento de vingança era mais forte que tudo, e Flaviana pensava em reencontrar os filhos depois que concluísse seus planos.
Como estava enganada!
A vingança nos afasta de Deus e dos espíritos superiores.
Jesus nos recomendou perdoar setenta vezes sete, querendo mostrar que o perdão é infinito.
Esquecendo dessa elevada orientação, Flaviana ia se prender a espíritos ignorantes e demoraria muito para rever os filhos.
Passado um tempo, Marcos e Alfredo foram novamente visitar Diana, que sempre os recebia com amor.
— Continuamos preocupados com nossa mãe.
Pensamos que nossa presença ia demovê-la de seus intentos, mas foi tudo em vão.
Diana sorriu.
— O bem nunca é em vão.
Às vezes ficamos tristes quando fazemos o bem, orientamos pessoas e elas fazem justamente o contrário; parece que não aprenderam nada e até pensamos em desistir.
Ledo engano.
Tudo que escutamos de bom, por mais que não usemos no momento, fica registado em nossa alma e um dia o usaremos.
Há sementes que passam séculos para germinar e dar frutos; assim também somos nós.
O que o Mestre de amor nos ensinou há mais de dois mil anos, e que ainda não conseguimos colocar em prática, está dentro de nós como uma semente que um dia vai criar vida.
Creiam amigos, todo o bem que plantamos no coração de alguém, por mais dura, por mais rude que seja essa pessoa, um dia vai ser usado em benefício dela própria, e nessa hora ela se lembrará de quem o plantou, onde quer que esteja.
Alfredo comentou:
— Há na Terra quem pense que a morte não modifica as pessoas e que elas continuam as mesmas.
Pelo caso de minha mãe, posso perceber que não é uma regra geral.
Quem diria que a dona Flaviana, uma mulher doce e cordata, estivesse depois da morte planejando uma vingança e um assassinato?
— É que as pessoas não conhecem as outras completamente, e não sabem do que elas são capazes.
Ainda temos muito que conhecer a respeito de nós mesmos, imagine, então, dos outros.
Convivemos certamente durante várias encarnações com uma pessoa sem conhecê-la profundamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:20

Flaviana mostra que tinha uma bondade apenas aparente.
Bastou um pequeno golpe da vida para se rebelar e apresentar o outro lado de sua personalidade.
Assim somos nós:
caridosos, bondosos, doces e sorridentes até que um pequeno facto venha a mexer em nosso orgulho para a máscara cair.
Temos muito que aprender para evoluir.
Quantas vezes vemos pessoas aparentemente bondosas passarem por toda a sorte de privações?
Achamos injusto ou culpamos seus desacertos em vidas passadas, porém estamos enganados.
Os sofrimentos decorrem das nossas atitudes atuais e de como estamos nos portando no presente.
Quem é bom de verdade jamais sofre, pois a lei é justa.
Alfredo, com voz que o pranto embargava, disse:
— É difícil aceitar certas coisas, mas os factos mostram que você está certa, Diana.
Todavia, desconfio que essa ligação entre Isabela e minha mãe vem de muito longe.
Por que o espírito dela me induziu a matar minha mãe quando vivemos na França?
Diana foi falando com calma:
— Elas são inimigas de um passado remoto.
Tudo começou no início do século XVIII.
Isabela, naquele tempo, chamava-se Moema e Flaviana tinha o nome de Sebastiana.
Viviam num pequeno arraial no Brasil e eram amigas.
Certo dia conheceram um homem misterioso que as seduziu e lhes ensinou os segredos da magia negra.
Tornaram-se satanistas.
Em parceria com Leopoldo, elas cometeram muitos crimes para satisfazer entidades infernais, em troca de vida longa, saúde e fortuna.
Os três viviam uma relação poligâmica, mas Moema tinha grande ciúme da forma pela qual Leopoldo tratava à amiga e passou a odiá-la.
Em trato com os espíritos das trevas, ela fez um encantamento e conseguiu que Sebastiana morresse.
Foi uma morte lenta e sofrida.
Moema a fez ingerir uma erva que tapava pouco a pouco o esófago, e ela morreu agonizante com insuficiência respiratória.
Quando chegou ao astral e descobriu quem tinha sido sua assassina, era tarde demais.
Por ter se envolvido com a magia, os espíritos que a assessoravam prenderam-na para que servisse de cobaia em suas experiências.
Tendo seu poder temporariamente suspenso, ela não conseguiu prejudicá-los e o casal Leopoldo e Moema continuou vivendo bem e cometendo mais crimes.
Anos mais tarde desencarnaram e sofreram muito.
Os espíritos de suas vítimas eram tantos que eles foram perseguidos cruelmente, chegando à loucura.
Sebastiana, libertada dos seus algozes, ficou muito feliz com a cena, mas ainda assim não se sentia vingada.
Queria mais.
Por isso se juntou com o grupo e pretendia transformá-los em massas disformes, até que um espírito superior, com ordem de Jesus, interferiu no processo e resgatou os espíritos de Leopoldo e Moema, completamente loucos, do umbral.
Havia no astral um espírito amigo do casal que todos os dias orava a Deus pedindo auxílio para eles, até que foi atendido.
Marcos e Alfredo ouviam sem querer perder nem uma palavra.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 00:20

Diana prosseguiu:
— Recolhidos a um manicómio do plano espiritual, padeceram.
Nenhum tratamento surtia efeito.
Um dos mentores chamou os encarregados do caso e avisou que só a reencarnação poderia amenizar um pouco o problema.
Reencarnaram em completo estado de idiotia e viveram poucos anos na Terra.
Os espíritos que foram suas vítimas no passado os encontraram mesmo em corpos infantis, e, por intermédio de uma trama ardilosa, conseguiram assassiná-los.
As crianças apareceram mortas subitamente e ninguém encontrou explicação plausível.
Ao regressarem para cá, tinham melhorado e adquirido lucidez.
O corpo de carne é uma válvula que absorve as energias do perispírito e as extravasa.
Eliminando esses resíduos, os espíritos voltam a ter saúde.
Reunidos connosco, Moema se mostrou muito arrependida e queria uma nova chance.
Leopoldo reconheceu que usou seus potenciais mediúnicos a serviço das trevas e queria uma reencarnação na qual pudesse usar esses dons para o bem.
Foi aconselhado a esperar e desenvolver outros lados da sua personalidade.
Eles acreditavam na força da riqueza, então decidiram ser nobres na França e contribuir com pessoas necessitadas dando trabalho e dignidade a elas.
Muitos seriam suas vítimas reencarnadas.
Felizes, voltaram ao mundo, ela como Nathalie e ele como Henry.
Sebastiana não renasceu porque não tinha chegado à hora e ficaria no astral esperando o instante de nascer como filha do casal.
Mas ela não aceitou o tratamento que queríamos ministrar e fugiu de nossa colónia, indo em busca dos seus antigos parceiros para se vingar.
Foi quando conseguiu, através de Luigi, matar Nathalie por asfixia, a mesma forma como tinha sido morta.
Marcos interrompeu:
— O resto eu já sei.
Eles falharam novamente e renasceram no Brasil.
Mais uma vez, Isabela não perdoou minha mãe e a matou.
Meu pai continua mergulhado no materialismo e esquecido de tudo o que programou para a própria existência.
Alfredo completou:
— Minha mãe continua querendo vingança e Isabela, no caminho dos crimes, vai certamente ter um final trágico.
Meu Deus, quando essa sucessão de vinganças vai parar?
Foi Diana quem respondeu:
— Quando aprenderem o valor do perdão e a força do bem.
Não sabemos até quando essa situação vai permanecer, todavia não poderão permanecer eternamente estacionados e fazendo o mal; nada permanece para sempre do mesmo jeito e as pessoas não podem ficar desrespeitando as leis de Deus sem que sejam contidas.
Um dia, por um sofrimento muito grande, eles vão aprender que só o bem tem força e que o mal cobra um tributo muito grande daquele que o pratica.
— Por que meu pai não veio na última encarnação com as faculdades mediúnicas ostensivas?
Afinal, ele precisava reparar o mal que tinha feito no passado. — Fora Marcos quem perguntara.
— Porque ele teve medo de falhar e pediu a Deus uma encarnação mais amena, na qual pudesse ir ganhando coragem para no futuro exercer esse mandato.
Mesmo que demore, Humberto ainda voltará com as faculdades mediúnicas muito desenvolvidas para que, com o trabalho em favor dos sofredores, possa se redimir do passado de crimes.
— Quando eles vão encontrar a felicidade?
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:54

— Quando quiserem.
A felicidade tem um preço que nem todos querem pagar para obtê-la.
As pessoas sempre preferem à comodidade, a lei do mínimo esforço, as ilusões do materialismo a ter de se modificar no bem e disciplinar os pensamentos.
Viver bem é fácil quando percebemos que já possuímos tudo que é necessário para ser felizes.
Ao contrário do que se pensa, a felicidade independe das coisas externas, pois é um estado interior de satisfação, de contemplação do belo, da natureza e de êxtase com as coisas simples do dia-a-dia.
É um erro procurarmos à felicidade em acontecimentos grandiosos que nem sempre trazem a alegria esperada, pois ela se encontra na vivência de todos os momentos, e qualquer um pode, desde já, alcançá-la, basta querer.
— E a busca pelo progresso, pelo bem-estar?
Onde fica?
— Os acontecimentos materiais, o progresso vêm apenas aumentar a felicidade de quem já a possui; são meros complementos.
Já notou aquelas pessoas que têm tudo e não são felizes?
É que ser feliz é uma arte, uma conquista do nosso espírito, e é um sentimento inato no ser humano, basta buscar que a encontraremos.
— Nossa, Diana, hoje você nos elucidou bastante.
Vivo colocando a minha felicidade para depois.
A partir de hoje, quero ser feliz já, não vou esperar mais.
— É assim que se fala Alfredo.
Agora vamos que o trabalho nos espera.
Abraçados, eles saíram rumo a outros departamentos daquela operosa colónia.
No elegante quarto de Madame Aurélia, na Mansão de Higienópolis, a grande cama de casal se encontrava coberta de jornais e revistas.
Ela, Morgana e Luana observavam tudo com muito ódio.
Eram fotos de Isabela e Humberto em colunas sociais.
— Acolhi essa miserável aqui e olhem como ela se porta, finge que nem existimos.
Já pensei em mil formas de destruí-la e não encontrei nenhuma que possa realizar.
Quando penso em minha impotência, tenho ainda mais raiva.
Luana não perdeu a chance:
— Sempre avisei à senhora que estava colocando uma cobra aqui dentro.
Mas ninguém quis me escutar.
Na ponta da cama, Morgana chorava de raiva.
— O que mais me deixa magoada é a ingratidão que ela teve para comigo.
Éramos amigas; aliás, a única amiga que ela tinha aqui dentro era eu.
Era em meu ombro que Isabela chorava suas mágoas, revelava seus sonhos e me prometia que assim que melhorasse de vida ia melhorar a minha também.
Madame Aurélia sorriu ironicamente.
— Como você é ingénua.
Essa miserável só pensa nela mesma.
Logo que teve a sorte de achar quem a quisesse, deixou-a sem sequer um adeus.
— Justo a mim, que era sua melhor amiga.
Madame Aurélia pensou um pouco e depois gritou:
— Morgana, tive uma ideia perfeita!
Sem querer, suas palavras acabaram me dando a chave.
Ela enxugou as lágrimas e Luana se aproximou para ouvir bem.
— É isso mesmo.
Você vai procurá-la e dirá que sentiu sua falta e que gostaria que fossem amigas novamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:54

Fale que não vai cobrar sua promessa, que se contenta em tê-la por perto, conversando como antigamente. O resto lhe direi depois.
— Assim não, senhora.
Quer dizer que serei a isca e não sei dos planos?
Tem de me contar.
Luana interrompeu:
— Tem de contar a nós duas, pois também detesto aquela mulher.
— Bom, já que fazem questão, vou contar.
Traga-me uma bebida forte, pois a ideia que tive vai arrepiar as duas.
Porém, aviso:
se alguma de vocês trair esse segredo, o túmulo virá como resposta.
As duas perceberam que era algo pesado.
Passou pela cabeça de Morgana desistir, mas a madame já havia começado a narrar e ela não teve mais como voltar atrás.
— Alô? É você? — Isabela, nervosa, perguntava.
— Sou eu, sim.
Quando podemos nos ver?
— Amanhã à tarde.
Tenho um lugar onde podemos nos encontrar à vontade.
Finja que veio buscar algo aqui de que precisa e eu passarei o endereço.
— Combinado.
Enquanto Fernando desligava o telefone, sua mãe entrou na sala.
— Estava falando com a Patrícia?
— Sim, era com ela mesma — mentiu.
Marília era uma mulher de meia-idade muito bonita.
Havia criado o filho único com dificuldades.
Apesar de se manter num nível em que o dinheiro não era o problema principal, ficara viúva muito cedo e tivera de criar Fernando praticamente sozinha.
Sabia que o filho era muito bonito e requestado pelas mulheres; apesar disso, até aquele momento ele não havia namorado com nenhuma delas.
Quando o viu saindo com Patrícia Costa Aguiar, ficou muito feliz.
Marília havia educado Fernando para fazer um rico casamento; não toleraria que se juntasse com uma moça pobre ou do mesmo nível que eles.
Ela queria mais e Fernando acabou sendo o filho que ela sonhou, interesseiro e mercenário.
Mesmo assim, Marília controlava sua vida, com receio de que ele se apaixonasse por uma garota sem posses ou de baixo nível.
Seu filho era um príncipe e, movida por esse pensamento, ela buscou informações de moças solteiras e ricas, e orientava Fernando para que se aproximasse delas.
O encontro dele com Patrícia não fora casual; tinha sido muito bem programado.
Marília sabia que nenhuma mulher resistia ao seu filho.
Sentou-se no sofá com uma expressão de tédio, pegou uma revista de moda e folheou-a sem interesse.
Vendo o filho pensativo, comentou:
— Sabe como faço gosto nesse namoro com Patrícia.
Não sei no que está pensando, mas espero que não seja em nada que venha atrapalhar nossos planos.
Ele levantou e, com um sorriso que fazia covinhas em seu rosto, abraçou e beijou a sua mãe.
— Tenha a certeza de que nada vai atrapalhar nossos planos.
— Fico feliz!
— Vou sair.
Não pego no serviço hoje e quero aproveitar.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:55

— Deus o acompanhe.
A porta bateu e Marília sentiu muita raiva.
Que vida humilhante ela levava, tendo de ver seu filho trabalhar se quisesse ter alguns luxos a mais.
A pensão de seu marido dava para manter um pouco do luxo que um dia haviam tido, mas a duras penas.
Ela economizava no que podia para sempre estar no cabeleireiro e com roupas da moda, ou para manter Fernando impecável.
Só assim ele encontraria uma noiva à altura.
Sentindo-se depressiva, reabriu a revista e começou a ler.
Isabela havia pedido certa quantia em dinheiro a Humberto, alegando ter de comprar algumas roupas, quando, na realidade, seria utilizado para alugar temporariamente um apartamento aonde iria se encontrar com Fernando.
A quantia deu para pagar dois meses de aluguel e o apartamento foi alugado por Amaral, que a cada dia se envolvia mais com as tramas dela.
Várias vezes tinha pensado em se demitir daquele emprego, mas as ameaças da patroa o impediam.
Depois de tudo marcado e combinado o local, Isabela esperava ansiosa a chegada de Fernando.
O apartamento era mobiliado e ela mandou comprar bebidas para o barzinho, que ficava em um canto da sala.
Quando Fernando chegou, ela já havia tomado várias doses de uísque e estava mais excitada do que o habitual.
Nunca desejara tanto um homem em sua vida como desejava Fernando.
Ia arrastando-o para o quarto quando ele a interrompeu:
— Não sei se o que vamos fazer é certo.
Tenho pensado muito a respeito desde que comecei a me sentir atraído por você.
Ela se sentou com ele no sofá e fez ar de vítima.
— Também tenho me questionado sobre isso, mas não tenho como evitar a atracção que sinto; é mais forte que eu.
Não gostaria que nada disso estivesse acontecendo, afinal, Humberto é um homem bom e não merece.
— Você não gosta dele?
— Casei-me por gratidão.
Não tinha uma vida fácil e ele foi à única pessoa que me estendeu a mão.
Mas não me sinto realizada com ele, sou infeliz.
Ela deixou uma lágrima falsa escorrer por seu rosto.
Fernando sabia que ela estava fazendo um jogo, mas ele também jogava e queria ganhar, por isso tornou:
— A Patrícia também não merece.
Gosto dela, mas preciso de uma mulher mais experiente, que saiba oferecer coisas que ela ainda não sabe.
— E como sabe que sou essa mulher?
Tenho praticamente a mesma idade que você.
Não sou tão experiente assim.
— Mas é casada, conhece a vida conjugai.
Patrícia não me permite muitas intimidades e eu fico muito carente.
Sabe um homem sempre precisa de mais.
— O que sente por minha enteada?
— Não sei ao certo, creio que coisas da juventude.
Mas confesso que a admiro e que gosto de estar com ela.
Com você, entretanto, é uma atracção incontrolável, não programei sentir isso.
— Esqueçamos esse assunto por enquanto.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:55

Quero mesmo que me faça feliz. Venha!
Ele não falou mais nada e foram para o quarto.
Quando terminou, ainda abraçada a ele, Isabela jurou que jamais iria perdê-lo.
A partir daquele dia se tornaram amantes.
As visitas àquele lugar de encontros se tornaram assíduas e logo Fernando começou a se queixar de dificuldades financeiras.
Ela sempre o auxiliava, pedia dinheiro, cheques a Humberto, e deixava nas mãos dele.
Quando Marília soube, exultou de alegria.
Ao mesmo tempo, teve receio de que isso viesse a atrapalhar o casamento do filho com Patrícia, ao que ele respondia:
— Nada vai atrapalhar nossos planos.
Somos discretos e não posso perder essa mina de ouro que encontrei.
— Também acho.
Mas tenha cautela; não ponha em risco o futuro brilhante que sonhei para você.
Depois de casado, poderemos pedir que Humberto lhe arranje um cargo em Brasília, de preferência daqueles que à pessoa nem vá lá e mesmo assim ganhe bem.
No governo existem milhões de funcionários fantasmas, e você será um deles.
Os dois sorriram abertamente, mas ele retrucou:
— Mesmo assim, terei de trabalhar.
Não quero que minha mulher pense que sou um preguiçoso.
Basta ter de inventar mil desculpas para explicar por que não faço curso superior.
— Essa menina é bobinha mesmo.
Um rapaz com sua beleza precisa de curso superior para quê?
Enquanto os bobos passam anos de suas vidas em bancos de faculdade para depois terem um emprego de mísero salário, você é mais esperto e está cortando o caminho.
Conseguirá muito mais e sem nenhum esforço.
Ele sorriu, fazendo as covinhas no rosto, e colocou a cabeça no colo da mãe.
Continuaram a trocar ideias.
Marília ignorava que conduzia muito mal o filho que Deus lhe confiara.
Educando-o de maneira errada, as ideias falsas e o egoísmo prevaleciam, e ela se comprometia bastante com a própria consciência.
Os dois estavam falindo mais uma vez sobre a Terra e mãe e filho sofreriam muito na hora do reajuste.
Os pais que conduzem os filhos pelos caminhos do materialismo, do preconceito, do orgulho e do egoísmo falham na missão da paternidade e encontrarão a dor no caminho da redenção.
Eles não são responsáveis pelos actos dos filhos, mas são responsáveis pelas crenças que cultivam e plantam em espíritos que a vida enviou para ser educados para o bem.
Sendo assim, passarão por duras provas até aprenderem à força da bondade e cultivarem os valores eternos do espírito.
Isabela brincava no jardim com Daniel e Eudásia quando viu uma figura de mulher aparecer no portão.
Rapidamente a reconheceu: era Morgana.
O que ela fazia ali?
Nem lembrava mais que ela existia.
Pediu que a deixassem entrar e ambas trocaram um longo abraço.
— Minha amiga, como está você?
Pensei que nunca mais fosse vê-la.
— A saudade apertou e resolvi vir até aqui.
Vi no jornal uma foto sua com Humberto e lá se mencionava seu endereço.
Resolvi arriscar, em nome de nossa velha amizade.
Devo dizer que pensei em ser mal recebida.
— Não diga isso, Morgana.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:55

Sempre a receberia bem.
Afinal, naquele lugar onde eu vivia a única pessoa que foi verdadeira comigo foi você.
— Confesso que fiquei magoada.
Em nossas horas de tristeza, você disse que me ajudaria, mas bastou se casar para me esquecer.
Não estou aqui para me queixar, mas é que fiquei com esperanças de sair dali.
Como você mesma sabe, ninguém é feliz naquela vida.
Dizendo isso, começou a chorar.
— Morgana, não foi essa minha intenção.
Não queria magoá-la.
E que desde que casei não parei com as actividades.
Vida de rica é muito trabalhosa, você não imagina o quanto.
Mas me lembrava de você e pensava numa forma de tirá-la dali e das mãos daquela mercenária.
— Você não imagina como sofro.
Porém não posso sair de lá.
Meus pais são do Nordeste e não sabem a vida que levo.
Não tenho para onde ir nem a quem recorrer.
Depois que você se casou, fiquei deprimida.
Não gosto mais de exercer aquela tarefa repugnante e tenho sido punida por madame Aurélia.
Tenho levado até tapas no rosto.
Um ódio surdo brotou no peito de Isabela e ela sentiu que não poderia deixar sua amiga à mercê de uma pessoa tão ordinária.
— Morgana, saia de lá e venha viver aqui.
Tem espaço de sobra e diremos a todos que você é uma parente do interior que veio pedir ajuda.
Os olhos de Morgana brilharam.
As coisas estavam saindo melhor do que ela poderia supor.
— Mas o que poderei fazer para ganhar dinheiro?
Não quero ser um peso para você e também não posso ficar sem dinheiro para minhas coisas.
Não. Obrigado, amiga, mas não posso aceitar.
— Aceite Morgana.
Você vem morar aqui e trabalha como governanta.
A Idalina já está velha mesmo, e você pode substituí-la.
Ou podemos ter duas.
Humberto pode pagá-la bem, tudo será melhor, você pode ajudar Eudásia com o Daniel e seremos felizes.
Morgana fingiu chorar de emoção e abraçou-a.
— Deus a abençoe, Isabela.
Nas circunstâncias em que vivo essa é a única solução.
— O que vai dizer à megera?
— Que vou voltar a morar com meus pais no Nordeste.
Direi que estão doentes e precisando do meu auxílio.
— Faça isso.
Ainda quero ver aquela casa fechar suas portas e Aurélia morrer de fome.
Daniel se aproximou e começou a brincar com Morgana.
Vendo-o tão inocente, será que ela teria coragem de executar o planeado?
Claro que sim! Isabela só a estava auxiliando porque fora procurá-la.
No fundo, agia mais movida pela promessa antiga do que qualquer outra coisa.
Se não fosse esse plano ela iria envelhecer na prostituição e acabar no olho da rua.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:56

Sim! Isabela merecia uma vingança.
Foi convidada a entrar e tomar um chá. Eudásia emocionou-se quando a viu e as duas se abraçaram.
Patrícia chegou e foi apresentada à "prima" de Isabela.
— Ela chegou hoje do interior e está num hotel.
Amanhã passará a viver connosco e ajudará a Idalina no comando da casa.
Patrícia achou aquilo bem estranho.
— Mas a Idalina cuida de tudo muito bem, não precisamos de mais ninguém aqui.
Isabela foi rápida:
— É que minha prima veio do interior desesperada.
Seus pais estão doentes e ela precisa desse emprego para enviar o dinheiro do tratamento.
É mais uma questão de caridade do que de necessidade.
Fingindo entender, Patrícia deu as boas-vindas e subiu.
Gostava de ter gente por perto.
Não fazia objecções, mas algo a avisava de que aquela história estava mal contada.
Seu pai estava muito apaixonado por Isabela e fazia tudo que ela queria.
Resolveu não pensar no assunto e entrou no banho.
Morgana ficou impressionada com a beleza da casa.
— Nossa!
Como o Humberto consegue manter o luxo daqui?
O dinheiro de um senador dá para tudo isso?
— Ah, mas Humberto tem seus meios de conseguir mais dinheiro.
É braço direito do governo.
Pensa que ele recebe só o salário dele, é?
Além do mais, a dona Flaviana era muito rica e foi ela quem decorou tudo aqui.
— Teve muito bom gosto.
Agora tenho de ir.
Amanhã cedo estarei aqui.
— Vou ligar para o Humberto e avisá-lo.
No fim de semana ele deve estar aqui e não quero que tenha nenhuma surpresa.
— Acha que ele pode não gostar?
— Não! Ele está apaixonado, faz tudo que desejo; não haverá problemas.
Morgana saiu muito feliz.
Tomou um ônibus e, durante o trajecto, ia pensando em como madame Aurélia ficaria satisfeita.
O plano acontecera melhor do que o imaginado.
Ela fora até lá apenas com o intuito de reatar a amizade e passar a ter acesso a casa para facilitar a vingança.
Mas morar lá seria melhor ainda.
Ela faria tudo e ninguém ia desconfiar.
Quando chegou à mansão, foi logo se reunir com Luana e Aurélia no quarto.
— Ela caiu como uma patinha, nem acredito no que está acontecendo.
Após contar todos os factos em detalhes, ela finalizou:
— A ordinária ainda disse que quer ver essa casa fechada e a senhora passando fome.
Aurélia cerrou os punhos com raiva.
— Ela sentirá o peso de meu ódio.
Ainda vai chorar lágrimas de sangue.
Morgana ficou um pouco triste, e Luana perguntou:
— Em que pensa?
— Senti uma angústia quando vi a criança brincando perto de mim, pegando meus cabelos.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:56

Quase pensei em desistir, mas sei que Isabela nunca foi minha amiga e merece sofrer.
Aurélia aquiesceu:
— Isso mesmo, mas há um detalhe:
não posso liberá-la do serviço aqui.
Sabe que está sendo exclusividade do doutor Estevão e terá de vir algumas tardes por semana para servi-lo.
Morgana não gostou.
— Não vou poder sair de lá assim sem explicações.
Isabela pode desconfiar.
— Isso não é comigo.
Encontre uma desculpa, invente, sei lá.
Mas terá de vir aqui.
Morgana resolveu não discordar.
Madame Aurélia era severa e não gostava de ser contrariada.
As três continuaram a conversa rindo da ingenuidade de Isabela, sem imaginar que eram assessoradas directamente por espíritos inferiores.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:56

14 - A MORTE SE APROXIMA
Morgana se adaptou muito facilmente à casa de Humberto, que não fez nenhuma oposição à sua moradia lá.
Apaixonado, ele fazia tudo quanto Isabela queria.
Naquela tarde, todos estavam calmos.
A presença do senador em casa mudava a rotina e Isabela ficava diferente.
Atenciosa, carinhosa, ela nem se aproximava de Fernando, que agora já estava noivo de Patrícia.
Ela tinha de conter seu ciúme e agradar o máximo possível ao marido.
Eudásia, Morgana e Daniel estavam no jardim, Patrícia e Fernando no quarto e Isabela dialogava com Humberto, saboreando deliciosa bebida.
Mas eles não estavam a sós.
Flaviana e Nicodemos continuavam na casa tentando uma forma de aproximação com o casal.
— Estou ficando entediada aqui sem ter o que fazer.
Preciso me vingar.
Podem se passar anos, mas enquanto não conseguir o que quero não me afasto — Flaviana dizia cerrando os punhos.
Nicodemos estava pensativo.
Não aguentava mais aquela situação.
Mas também não tinha o que fazer.
Sua vida na Terra terminara tragicamente por sua própria culpa.
Não queria se vingar de ninguém, mas o que lhe restava fazer?
Pelo menos enquanto acompanhava aquela mulher vingativa passava seu tempo.
De repente, vultos escuros surgiram na sala e eles reconheceram o homem forte que havia tentado sufocar Isabela acompanhado por mais dois espíritos que traziam uma rede nas mãos.
Flaviana teve medo.
O que eles pretendiam fazer?
— Nicodemos, vamos sair daqui.
Não gosto dessa gente, tenho medo.
— Não, vamos ficar para ver o que eles pretendem.
São da pesada e talvez nos ajudem em nossa vingança.
É só observar e não fazer nada e eles nos deixam em paz.
Eles apuraram os sentidos e perceberam que a rede que eles traziam não estava vazia.
Nela havia seis massas de formato arredondado, um pouco menores que uma bola média.
Cuidadosamente, um deles colocou a mão na nuca de Humberto.
No meio da conversa, ele interrompeu:
— Acho que essa bebida me deu sono.
De repente, veio uma vontade grande de ir para a cama e deitar.
— Mas você bebeu muito pouco, deve estar cansado.
Venha eu o acompanho até o quarto.
— Não precisa.
Vá ficar com seu filho e sua amiga.
Dormirei um pouco, o sono me domina.
Estranho isso.
Nunca fui de dormir nesse horário.
— Não sei... Mas vá se deitar, sim.
Aproveito e vou ultimar os preparativos para o jantar.
Humberto subiu as escadarias e o grupo das trevas foi junto.
Ele mal conseguiu tirar a calça e em seguida caiu num sono profundo.
De repente, ao sair do corpo, percebeu as entidades no seu quarto.
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:56

Gritou-lhes:
— Quem são vocês? Como entraram em minha casa?
— Cale-se!
Você faz parte do nosso plano para destruir Clotilde e, se tentar atrapalhar, vai se dar mal.
É melhor paralisá-lo.
Vamos, segurem-no ou vai nos dar trabalho.
Os homens paralisaram Humberto em espírito e colocaram-no à beira da cama.
Flaviana e Nicodemos observavam tudo com pavor.
O que iria acontecer?
Os homens retiraram as formas arredondadas e cuidadosamente, por meio de fios magnéticos, colaram-nas no corpo adormecido de Humberto na região genital.
Quando terminaram, disseram:
— O serviço está pronto, Juvêncio.
A partir de hoje começa o fim do reinado de Clotilde.
— Tem certeza do que diz?
— Absoluta.
Esse plano nunca falha.
Todos gargalharam e Humberto, sem nada entender, perguntou aflito:
— O que fizeram comigo?
O que são essas bolas amarradas no meu corpo?
Porque querem destruir Isabela?
O homem que chefiou a operação respondeu:
— Instalamos em você os parasitas ovóides.
Esses seres disformes lhe causarão uma impotência sexual tão severa que nenhum médico da Terra vai conseguir curar.
— O que são parasitas ovóides?
— Não importa. Você não vai entender mesmo que eu lhe explique.
O facto é que seu orgulho de macho vai acabar.
Você não conseguirá mais ter relações sexuais nem com sua esposa, nem com ninguém.
Humberto sentiu que era verdade e começou a se desesperar.
— Por que fazem isso comigo? Deixem-me em paz!
Todos riram muito. Juvêncio respondeu:
— Sua mulher destruiu a minha vida e agora vai pagar caro.
Você será o nosso instrumento.
— Se a vingança é para ela, por que estão fazendo isso comigo?
— Sua mulher tem muito fogo.
Se você estiver impotente, ela vai precisar mais e mais do amante, até que, enlouquecida por uma obsessão sexual, não consiga mais esconder o relacionamento.
Você vai acabar descobrindo que é traído.
Nessa hora, será intuído a lavar sua honra com sangue, matando-a e a Fernando, que será seu genro.
Quer plano melhor?
Humberto sentia a cabeça rodar e desmaiou.
Na cama, seu corpo estava suado e agitado, mas ninguém chegava ao quarto.
Quando tudo terminou, o grupo foi embora muito feliz, deixando Flaviana e Nicodemos entre assustados e exultantes.
Isabela teria o fim que merecia.
Ficaram sós no quarto e viram Humberto desmaiado.
— Vou acordá-lo.
— Humberto, Humberto! Acorde!
Ele despertou.
— Flaviana, o que faz aqui?
Você não morreu?
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Mensagem  Ave sem Ninho 23/12/2017, 23:57

— Sim, morri. Oh, como ainda o amo.
Você fez de minha vida um inferno.
Porquê? Eu não merecia.
— Não é hora para relembrar o passado.
Ajude-me. Não consigo me mexer.
Nicodemos interferiu:
— Vamos ajudá-lo.
Assim ele acorda mais rápido no corpo físico.
Com esforço, eles ajudaram Humberto a se libertar.
Depois ele olhou com pena para si mesmo.
— Vejam no que vão me transformar: num homem sem potência.
Não vou ser homem para minha mulher.
— Isso é óptimo.
Vai ajudá-lo a perceber quem é a cobra que tem em casa, e o homem horrível que sempre foi.
— Não me acuse Flaviana.
Apesar de tudo, sei que ainda me ama.
Reze por mim.
Sei que vou sofrer muito.
Dizendo isso, ele entrou no corpo que, assustado, acabava de acordar.
Humberto se levantou sem saber o que tinha acontecido com ele e qual fora o motivo daquele sono pesado e intenso que o havia acometido.
Lembrava que tinha tido um pesadelo e que nele estava sua mulher, Flaviana.
Lembrou também que vira uns homens com rostos crispados pelo ódio, mas estava tudo muito confuso em sua mente.
Havia suado bastante e resolveu tomar uma ducha morna para relaxar.
Isabela foi à cozinha, verificou o jantar e, a pretexto de falar sobre a saúde de Humberto, bateu à porta do quarto de Patrícia.
Ela queria evitar que algo de mais íntimo ocorresse entre o casal.
Estava muito envolvida com Fernando e só em pensá-lo nos braços de outra sentia uma onda enorme de rancor.
Patrícia abriu e se surpreendeu:
— O que faz aqui?
Algum problema?
Ela tentou disfarçar, mas pelo que viu dava para perceber que os dois estavam apenas conversando.
— É seu pai.
Estou um pouco preocupada com ele.
— Mas ele estava muito bem ainda há pouco quando o deixamos na sala.
O que aconteceu?
Fernando havia se aproximado e ela sentia o coração disparar.
— Ele sentiu um sono estranho de repente e falou que ia deitar.
Pensei que tivesse sido pela bebida que tomávamos, mas ele bebeu muito pouco.
Acho que está doente.
Fui ao quarto e ele está se revirando na cama.
Não acordou nem quando o chamei.
— O senhor Humberto me parece um homem muito sadio.
Se está assim, realmente é porque adoeceu.
Por que não chamam um médico? — sugeriu Fernando timidamente.
— Não acho que necessite.
Papai anda muito cansado.
Essas viagens de Brasília até aqui não o deixam bem.
Deve ser isso.
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