LUZ ESPÍRITA
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Sem medo de amar - Hermes / Maurício de Castro

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Sem medo de amar - Hermes / Maurício de Castro - Página 8 Empty Re: Sem medo de amar - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 15, 2017 8:23 pm

De repente, ele parou analisando uma foto e perguntou:
- Quem é essa moça?
Hortência, com semblante fechado, respondeu:
- Essa é Neide, a babá que ajudou no sequestro.
Temos outras fotos aqui com ela.
- Por que não as destrói?
- Não. Essas fotos têm o rosto dela, entregaremos tudo aos investigadores e à polícia.
Tenho também fotos de Amanda e até uma de Fernando.
É por esse caminho que vamos começar.
- Está certa.
É que, num impulso, dá vontade de esmagá-las.
- Eu jamais conseguirei me perdoar por ter sido tão confiante e ingénua.
- Você nunca ia imaginar que se tratava de um plano, procure não se culpar.
A campainha soou e Hortência foi atender.
Era Estela, com aspecto triste e ar de choro.
Abraçou-se a Douglas, deixando que lágrimas sentidas escorressem por seus olhos.
Quando se acalmou, Hortência convidou-a a sentar.
Ela enxugou as lágrimas em delicado lenço, olhou para Douglas e disse:
- Vim aqui apelar para sua caridade.
Assim que soube que estava vivo, procurei meu marido e contei-lhe a verdade.
Não sabe como a notícia o deixou feliz, em meio ao tormento que o consome.
Douglas abaixou os olhos.
Sabia que dona Estela estava ali para pedir que ele perdoasse Edionor.
Depois de um silêncio,
salientou:
- O tormento foi ele mesmo quem criou, dona Estela.
A senhora sabe disso.
Confiei em seu marido, fazia tudo por ele, me sentia filho mesmo sem saber que ele era meu pai.
Jamais iria esperar que ele atentasse contra minha vida.
Estela puxou suas mãos e apertou-as entre as suas.
- Compreendo sua mágoa, seu rancor.
Mas Edionor está sofrendo muito e tem poucos dias de vida.
Douglas assustou-se:
- Como assim? Ele está doente?
- Ao saber que tinha mandado matar o próprio filho, ele sofreu duas paradas cardíacas, não morreu, mas depois disso o coração dele nunca mais bateu direito.
Depois que foi preso, foi ficando cada vez mais fraco, até que foi descoberta uma doença grave no músculo cardíaco que não tem mais esperanças de cura.
Só um transplante poderia salvá-lo, mas meu Edionor está tão fraco que não resistiria a uma viagem ou a uma cirurgia.
Desde que soube de seu retorno, não fala em outra coisa a não ser em vê-lo e pedir seu perdão.
Por isso peço, por tudo o quanto você mais ama.
Procure-o e o perdoe.
Estela falava com voz entrecortada pelo pranto, demonstrando desespero. Douglas sentiu compaixão, abraçou-a dizendo:
- Não se preocupe, dona Estela, seu marido já está perdoado.
Faço questão de ir o mais rápido possível vê-lo e dizer que o perdoo.
- Você pode ir agora mesmo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 15, 2017 8:23 pm

Edionor foi transferido para o hospital devido ao seu estado grave e, se formos agora, chegaremos em horário de visitas.
Não podemos perder tempo.
O olhar encorajador de Hortência fez Douglas levantar-se, tomar a mão da velha senhora e segui-la até o carro.
Foram calados durante o trajecto e, horas depois, chegavam a Pedra Bonita.
Ao entrarem no quarto do hospital onde Edionor jazia e respirava com dificuldade, nenhum dos dois conseguiu conter a emoção.
Ele olhava o filho como quem estava vendo um deus capaz de salvá-lo.
Sentindo que o momento era de pai para filho, Estela saiu deixando-os a sós.
Edionor, com voz fraca, balbuciou:
- Filho...
Eu sabia que Deus não ia me deixar morrer sem vê-lo novamente e pedir perdão por todo o mal que lhe fiz.
Douglas encostou ao leito e pegou em sua mão fria.
Estranha sensação tomou conta de todo o seu ser e, naquele momento, sentiu que sempre amara aquele homem como pai, mesmo ignorando o laço sanguíneo.
Como não perdoá-lo?
- O senhor pode ficar descansado, eu o perdoo.
Não posso julgá-lo e tenho certeza de que, se fosse hoje, não faria a mesma coisa.
Edionor fez extremo esforço para apertar a mão do filho e, num fio de voz, pediu:
- Abrace-me.
O momento foi de muita emoção.
Douglas o abraçou chorando enquanto dizia:
- Eu te amo, meu pai.
Eu te amo!
O sentimento foi tão grande que ele não percebeu que Edionor já não se mexia e o som característico do aparelho anunciava que aquela vida havia chegado ao fim.
Ao perceber o que se passava, Douglas entrou em um pranto convulsivo, enquanto saiu procurando as enfermeiras.
No panorama espiritual, Edionor estava sendo retirado do corpo por entidades amigas e benfeitoras que iam conduzi-lo a uma colónia espiritual de refazimento e paz.
Aquele espírito, apesar de todos os erros cometidos durante a existência terrena, conseguira se redimir à força do sofrimento, do arrependimento e do amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 15, 2017 8:23 pm

39 - O IMPOSSÍVEL NÃO EXISTE
Dezanove anos são passados desde que Douglas e Hortência haviam se mudado para o Rio de Janeiro.
Trouxeram Tereza e Diva e compraram uma bela casa no bairro de Copacabana.
Com o dinheiro que possuíam poderiam ter adquirido um excelente imóvel em bairros mais nobres, como a Gávea ou Leblon, mas Hortência insistira em morar em Copacabana, tinha paixão por aquele local.
Pouco depois que chegaram à capital carioca, Tereza adoeceu gravemente e veio a falecer.
Foi uma tristeza para todos, porém, meses depois, Hortência descobriu-se grávida e qual não foi a surpresa quando o obstetra constatou que seriam gémeos, dissipando, assim, a melancolia que a falta de Tereza fazia.
Douglas e Hortência começaram a investir no ramo de hotelaria, e logo estavam mais ricos que antes, dirigindo uma rede de hotéis.
Diva casou-se e já tinha duas meninas.
Encontrara um homem bom, honesto que a amava de verdade.
Trabalhavam num dos hotéis da prima.
No entanto, por mais que os anos tivessem passado e por mais esforço que eles tivessem feito, nunca conseguiram nenhuma pista de Mateus.
Hortência jurava que onde quer que o encontrasse o reconheceria, pois sonhava com ele quase todas as noites e acompanhou seu crescimento mesmo a distância.
O último sonho, no entanto, deixou-a deveras preocupada.
Sonhou com Mateus já adulto chorando muito debruçado sobre dois túmulos.
Comentou com Douglas, que não acreditava muito, mas dava-lhe atenção.
Os dias foram passando e, mesmo assim, ela não conseguia esquecer aquela imagem.
A realidade é que pela faculdade de desdobramento, Hortência quase todas as noites se encontrava com o filho e, de facto, o havia acompanhado no desenvolver de sua existência.
A vida havia sido bastante generosa para ela.
Aprendera a lidar com suas premonições, que continuavam, orando em favor daqueles que necessitavam.
Seus filhos contavam 18 anos e, apesar de possuírem temperamentos diferentes, se amavam e não davam trabalho.
O casal de gémeos chamava-se Luciana e Heitor, que na realidade eram Lúcia e Raul reencarnados em reajuste afectivo.
Todavia, por mais que a vida tivesse sido um mar de rosas com muita fartura, boa condição financeira e saúde, Hortência não conseguia ser feliz, sempre pensando no filho que lhe fora levado.
No entanto, algo em seu íntimo lhe avisava que um dia o reencontro seria possível.
No plano astral, ela contava com os auxílios generosos de Leontina, Edionor, Estela e tantos outros amigos que apenas esperavam a hora exacta para promover o reencontro.
Era um domingo ensolarado e Douglas insistia:
- Vamos amor, a praia está linda!
- Hoje não estou com vontade, a saudade de Mateus está mais forte que nunca.
Não pretendo sair de casa.
Douglas alertou-a:
- Tem de se controlar.
Isso já está virando doença.
Você tem dois filhos que precisam de sua atenção e carinho.
Heitor, outro dia, comentou que você amava mais o filho que foi sequestrado do que a ele e Luciana.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 15, 2017 8:24 pm

Hortência sobressaltou-se:
- Não é verdade.
Amo-os igualmente.
- Pois não é o que aparenta.
Eles já estão no carro esperando-a.
Se não for e alegar que está com saudades do Mateus, eles ficarão magoados.
- Tudo bem, vamos lá, mais uma manhã na praia de Copacabana.
O mar estava agitado, mesmo assim as pessoas tomavam banho, outras surfavam à vontade.
Heitor e Luciana logo encontraram amigos e desapareceram em meio aos outros. Hortência, após banhar-se, sentou-se próxima ao marido, quando sentiu uma mão apertar seu braço.
Olhou para trás e sorriu:
- Lídia! Há quanto tempo!
Por onde tem andado?
- Estive fora do país fazendo uma especialização. Finalmente conheci a Europa.
Douglas sorriu também para a velha conhecida e, após conversarem sobre sua visita ao Velho Mundo, perguntou:
- Ainda metida com espíritos?
Lídia sorriu:
- Sempre. A doutrina espírita é o bálsamo do meu coração.
Na Europa, o Espiritismo está voltando a se expandir após longo tempo estagnado.
Conheci óptimos centros e palestrantes, fiz cursos, voltei renovada.
A propósito, vamos hoje ao centro que minha mãe frequenta?
Hortência gostou da ideia.
- Penso que seria bom.
Há muito tempo desliguei-me da espiritualidade, apesar de ter educado meus filhos dentro da filosofia espírita.
Muitas vezes penso em voltar a frequentar, algumas vezes fomos à Federação.
Mas o mundo nos absorve.
- Quem sabe não é a hora de voltar de vez? Lembro que você tem mediunidade.
- Tenho sim, e foi ela quem me ajudou nesses anos todos a ter contacto com meu filho.
Lídia calou-se, não queria remexer naquele assunto que sempre deixava sua amiga triste.
Por fim disse:
- Esse centro espírita que minha mãe frequenta é ligado à Federação, e hoje terá uma óptima palestra com um jovem expositor que tem se destacado no Espiritismo aqui no Rio.
É o estudante de medicina Mateus Fonseca.
Ele vai falar sobre a missão de Jesus.
Hortência sorriu:
- Tem o nome que dei ao meu filho.
- Então, vamos? - perguntou Lídia entusiasmada.
- Que acha, amor?
Douglas aquiesceu:
- Vamos, sim. Sempre me interessei pela doutrina espírita, e ouvir falar de Jesus é sempre bom.
Lídia ficou mais algum tempo e prometeu passar na casa de Hortência por volta das sete e meia da noite.
À medida que o sol foi ficando mais quente, Douglas procurou os filhos e foram para casa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 15, 2017 8:24 pm

A tarde custou a passar.
Heitor e Luciana foram para o clube de jogos que frequentavam e, geralmente, as tardes de domingo Douglas e Hortência usavam para ficarem juntinhos no conforto do lar, vendo um bom filme, ou mesmo se amando.
Durante a semana, devido ao corre-corre das empresas, mal se viam, a não ser à noite, quando estavam exaustos e só queriam uma boa noite de sono.
Foi a custo que os meninos decidiram acompanhar os pais ao centro espírita.
Eram bons jovens, mas não gostavam de frequentar ambientes religiosos, viviam mais para os divertimentos típicos da juventude e o estudo, visando entrarem em curso superior.
Luciana sonhava em fazer pedagogia e ser professora, já Heitor era fascinado por ciências da computação.
Quando Lídia chegou, eles já estavam prontos e, assim, rumaram para o centro.
Lá chegando, logo gostaram do ambiente acolhedor e simples.
As pessoas demonstravam serenidade e conversavam alegremente entre si, de maneira educada, para não incomodar os outros.
Hortência, Douglas, Lídia e os jovens sentaram nas últimas bancas, pois o recinto estava lotado, mas de onde estavam viam perfeitamente a tribuna onde o tão esperado expositor iria falar naquela noite.
Dona Guilhermina, mãe de Lídia aproximou-se e sentou junto com eles.
Era uma senhora alta, morena, magra, com rosto expressivo e olhar penetrante.
Assim que se acomodou, foi abordada por Hortência:
- Não estou vendo o palestrante.
Ainda não chegou?
- Sim, já está aí.
Nosso trabalho é muito organizado, chegamos aqui com uma hora de antecedência para fazermos boas vibrações e orarmos para a harmonia das tarefas.
Em dia de trabalho espiritual, seja palestra, psicografia, desobsessão, passe ou simplesmente campanhas assistenciais, devemos levantar já com a mente voltada para o bem, para Deus e Jesus.
É preciso estar atento porque qualquer vibração contrária pode interferir na qualidade do que formos fazer.
Hortência ouvia com atenção e instantaneamente lembrou de sua cidade natal e da casa de dona Vilma, que fazia muitos trabalhos e estudos espíritas.
Sentiu saudades.
A senhora Guilhermina prosseguia, percebendo a atenção de sua interlocutora:
- O jovem expositor está naquela sala preparando-se para o trabalho.
É um rapaz muito bom, esforçado, estudante de medicina, mas está vivendo momentos de grande tristeza.
- O que está acontecendo com ele? - interessou-se Hortência.
- Mateus perdeu os pais recentemente, está praticamente só no mundo, contando apenas com a companhia de uma prima de seu pai.
Mas a força da espiritualidade o tem auxiliado muito.
- Os pais morreram de acidente, suponho.
Naquele momento, a conversa das duas foi interrompida pelo som da Ave-Maria de Schubert tocada maravilhosamente em um órgão.
Logo uma senhora proferiu singela prece ao Criador pedindo paz e protecção a todos os presentes e, em seguida, deu espaço para que o jovem se expressasse. Assim ele começou a falar:
" - Boa noite, queridos amigos, há mais de 2000 anos, apareceu um jovem simples, de origem humilde e quem de longe o visse jamais imaginaria a imensa mudança que ele faria dentro e fora de nós.
Ele causou espanto, revolução e foi tão verdadeiro que falou independentemente do que já haviam dito ou escrito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:36 pm

Tocou tanto o sentimento e a alma de cada um o que ele dizia que a grande maioria, temerosa de ter de enfrentar a realidade ou mesmo perder o próprio poder, tratou logo de 'dar um jeito na situação', e tudo acabou daquela maneira trágica que nós sabemos muito bem qual foi.
Entretanto, Ele era Jesus e sabia exactamente o que veio fazer aqui e, como tal, não se deixou corromper pelas leis de sua época, cumprindo com fidelidade sua missão.
Já imaginou se Jesus houvesse sentido receio e medo e por isso tivesse entrado nos padrões sociais daquele tempo?
Certamente, o mundo de hoje estaria igual ou pior do que antes.
A vingança estaria espalhada pelo planeta em proporções piores.
O lema 'olho por olho, dente por dente', tão difundido naquela época pelos religiosos, teria hoje se tornado pior, já que o homem, a cada, dia cria meios mais potentes de vingança e morte.
Alguns podem até duvidar de que isso acontecesse, mas a força da religião sobre os costumes de um povo é imensa e, se mesmo hoje ela pode ser decisiva em muitos casos, imagine antes como não seria?
Jesus não veio apenas para nos ensinar ou nos dar ideias sobre a vida espiritual.
Ele veio com a missão de fazer a sociedade crescer e progredir; nos ensinar a deixar de lado o que era falso e ir em busca do verdadeiro.
Por isso é que suas ideias venceram todas as barreiras e se estabeleceram como o imenso farol que a todos ilumina.
Todavia, quando falamos que suas ideias alcançaram vitória, estamos nos referindo à grande maioria delas e à base principal dos seus ensinamentos: o amor.
Toda a humanidade está buscando esse sentimento e, dentro dele, há tudo o mais
que foi ensinado: perdão, caridade, amizade, renúncia, desprendimento, etc...
Esta parte, a do bem e do mal que fazemos aos outros e se reflecte em nós mesmos, foi perfeitamente entendida por nós, mas todo o resto dos ensinamentos do Cristo, a parte alegórica e a que não encontramos lógica, foi corrompida e interpretada à maneira de cada um, ou seja, como foi conveniente a cada grupo religioso.
Rompendo com grande maioria de regras e abusos, Jesus, em sua sabedoria, sentia que a humanidade ainda não estava pronta para a grande libertação, e por isso achou melhor manter certas crenças necessárias à época.
Foi quando disse:
'Não vos falei tudo porque a verdade total os iria perturbar', e depois revelou:
'Eu vou, mas rogarei ao Pai e ele vos enviará outro consolador a fim de que fique convosco para sempre e vos diga todas as coisas'.
É por isso que há novamente, na actualidade, uma ânsia muito grande por verdades novas, por mudanças e, a cada dia, a humanidade caminha para a libertação total.
As verdades sobre a moral ditas por Jesus irão sempre prevalecer, mas com novas visões, novas interpretações dadas pelo consolador, que são nada mais que as verdades espiritualistas.
Todas as religiões, em face desta ânsia por mudança, fazem suas novas interpretações e buscam, a cada dia, o que é mais lógico e racional.
Então? É hora de mudar.
Você tem coragem de enfrentar a sociedade e viver de acordo com seus sentimentos e desejos?
Ou se acovarda no medo e na angústia?
Quando vai agir costuma perguntar aos outros o que fazer, consulta amigos, líderes religiosos ou livros sagrados?
Saiba que quando faz isso se enfraquece e perde o próprio brilho.
Ninguém pode lhe dar o melhor conselho a não ser você mesmo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:37 pm

Enquanto não aprender a ouvir apenas a voz de sua alma, continuará sendo a pessoa medrosa, infeliz, apagada para a qual nada dá certo.
Agora, quando aprender a concordar apenas com você, com o que o seu eu interior diz, acabará saindo do lugar-comum e, se não fizer uma revolução na sociedade como Jesus fez, com certeza fará uma revolução na própria vida."
A maneira simples e jovial com que Mateus falava cativava a todos.
Ele prosseguiu falando sobre as verdades imortais que o Mestre veio revelar e encerrou com uma bela prece de agradecimento, comovendo os presentes.
Assim que o jovem se apresentou e iniciou sua fala, Hortência sentiu o coração disparar, as pernas tremer e quase desmaiou.
Era ele! Era seu filho que estava ali naquele momento, ela podia ter a certeza.
Respirou fundo, tentou se controlar, o que quase não conseguiu.
Seu desejo era sair correndo e abraçá-lo, falar o quanto o amava e o quanto havia sofrido com a separação cruel.
Mas não podia fazer isso em meio a tanta gente, e ela mesma não teria coragem para tanto.
Todos iriam achar que ela estava louca, mas tinha a certeza de que aquele jovem era o seu Mateus.
Aquele rosto bonito, aqueles cabelos lisos jogados na testa eram os mesmos que ela via durante o sono.
Quando as luzes se apagaram para a prece final, ela entrou num pranto emocionado.
Guilhermina e Douglas perguntaram o que ela estava sentindo, mas os soluços a impediam de articular qualquer palavra.
Ao final do trabalho, algumas pessoas foram cumprimentar o palestrante, outras se aproximaram para tentar ajudar Hortência, que beirava o descontrole.
Sem conseguir se conter, ela se levantou apressadamente, empurrou algumas pessoas e, num átimo, abraçou Mateus chorando e dizendo:
- Meu filho, meu filho!
Finalmente o encontrei.
Tantos anos chorando, sofrendo com sua ausência, mas agora Deus me deu a alegria do reencontro.
Eu sou sua mãe. Sua mãe!!
Ninguém entendia nada, no entanto, Douglas sentiu o corpo adormecer de susto e pensou:
- Será?
Mateus tentava acalmar aquela desconhecida, dizendo:
- A senhora está muito nervosa, sente-se e acalme-se.
- Eu não estou nervosa, eu estou feliz, muito feliz por reencontrá-lo.
Agora nunca mais o deixarei.
O rapaz nada estava compreendendo.
Quando ela se sentou num dos bancos, enquanto as pessoas massageavam seus pulsos e ofereciam-lhe água, ele puxou Douglas pelo braço e comentou:
- Acredito que seja sua esposa.
Ela está completamente fora de controle e diz coisas sem sentido.
Está fazendo algum tratamento psiquiátrico?
Douglas estava emocionado.
Aquele rapaz só podia ser filho dele, falava e gesticulava do mesmo jeito.
Procurou não demonstrar o que lhe ia ao íntimo e disse:
- Minha esposa está muito bem, não sei o que aconteceu aqui.
Desculpe por tudo.
- Não há o que desculpar, senhor, mas acredito que sua mulher precisa de um médico.
Hortência, mais recomposta, levantou e se aproximou do filho:
- Não preciso de médico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:37 pm

Peço desculpas pelo descontrole, isso não vai acontecer mais.
Emocionei-me com suas palavras, e peço que me perdoe.
Gostaria de manter contacto, onde reside?
- Tenho aqui o meu cartão.
Mateus retirou um cartão da carteira e lhe ofereceu.
Hortência viu que ele morava em Botafogo.
De posse do endereço, pediu:
- Posso visitá-lo em sua casa?
Ele, mesmo sem entender aonde aquela mulher queria chegar, aquiesceu:
- Sim, com todo o prazer.
Combinaram os horários e, ao fim da conversa, Hortência, num gesto espontâneo, beijou-o longamente no rosto.
Os presentes perceberam que havia algo errado ali, mas resolveram não comentar mais.
Aos poucos, todos foram para casa.
No trajecto de volta, Douglas imediatamente indagou:
- Como foi perder o controle dessa maneira?
Acha mesmo que aquele rapaz é nosso filho?
- Tenho certeza, Douglas, é ele, é o nosso Mateus!
Eu o reconheceria onde quer que estivesse.
Não percebeu o quanto ele se parece com você?
Os mesmos traços no rosto, a voz, o modo de gesticular quando fala, seus olhos e cabelos.
Encontramos nosso filho e tudo farei para não perdê-lo nunca mais.
Lídia estava perplexa com tudo aquilo.
Será que a vida a fizera se encontrar com Hortência na praia apenas para que ela reencontrasse o filho?
Lembrou-se que, naquela manhã, nem estava com tanta vontade assim de sair, mas acabou indo para a praia sem muita explicação ou vontade.
Agora tudo fazia sentido.
Heitor e Luciana, enciumados, nada falavam.
Ao vê-los calados, Hortência perguntou:
- Não estão felizes? Encontrei o irmão de vocês.
Pode haver felicidade maior?
- Era tudo o que a senhora sempre quis.
Sempre o amou mais que a nós - disse Heitor com rosto fechado.
- Não diga isso, meu filho, amo a vocês todos com igualdade, mas vocês são grandinhos o suficiente para saber o quanto sofri com a ausência dele.
Ele foi tirado de mim apenas com seis meses, nunca sofri tanto na vida como naquele momento.
Finalmente, a vida me fez reencontrá-lo.
Heitor e Luciana continuaram calados ruminando o ciúme.
Hortência entendia que aquilo era normal, mas sabia que ia passar com o tempo.
Olhou para Douglas, que dirigia calado, e disse:
- Parece que você não ficou tão feliz com o reencontro.
É seu filho, é seu filho que voltou para nós.
- Eu prefiro ainda ter a certeza.
Você vive obcecada com a ideia de encontrá-lo, gastou muito dinheiro esses anos todos e nunca conseguiu a menor pista.
Não acha estranho que venha achá-lo justo num centro espírita?
- Não acho estranho nada, eu acompanhei o crescimento do meu filho e sei exactamente como é o rosto dele.
Pode parecer loucura, mas quem entende de mediunidade sabe exactamente que isso é possível.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:37 pm

Creio que, se Deus me permitiu visitá-lo durante as noites e acompanhar sua vida, é porque sabia que eu o iria reencontrar.
Os olhos de Douglas encheram-se de lágrimas.
No fundo, sabia que a mulher estava certa, aquele jovem bonito, inteligente, cheio de espiritualidade era, sim, seu filho.
Ele sentira com muita força.
No entanto, teriam de investigar melhor a vida do rapaz, fazer o exame de DNA.
Nesse momento, ele recordou que Lídia o conhecia, e inquiriu:
- Sua mãe nos disse que conhecia esse rapaz e que ele estava muito triste, passando por problemas.
O que mais sabe a respeito dele?
- Minha mãe o conhece mais que eu.
Cheguei ao Brasil há pouco tempo, mas logo comecei a frequentar aquela casa espírita e sempre o via por lá.
Ultimamente, ele estava andando triste com a doença grave dos pais, que estavam desenganados pela medicina.
Depois de um tempo, eles morreram com intervalo de um mês de um para o outro.
Ele reagiu com muita calma, demonstrando fé na espiritualidade e na certeza de que a vida iria continuar.
Hortência lembrou-se que os pais eram Amanda e Fernando, por isso questionou:
- Do que eles morreram?
- Não sabemos ao certo, embora tenhamos escutado comentários de que tenha sido AIDS.
Dizem que o pai dele, o senhor Rodolfo, tinha vida leviana, e a senhora Luana acabou sendo contaminada também.
Minha mãe é que sabe melhor das coisas, pois Mateus a adora e são confidentes.
- Pena que você não more com sua mãe, poderíamos ir à casa dela agora.
- Minha mãe dorme cedo, já deve ter se recolhido.
Mas, com certeza, poderemos ir amanhã, e ela informará melhor as coisas.
O carro havia chegado ao apartamento em que Lídia residia.
A moça desceu, olhou-os e comentou:
- Fiquei muito feliz por tudo o que aconteceu.
Faço votos de que ele seja realmente seu filho e que possam ser felizes.
Nunca me conformei com a história de que ele estava perdido para sempre, sentia que um dia você ia reencontrá-lo.
Tudo na hora certa.
Hortência tinha os olhos marejados.
- Eu é que agradeço, Lídia.
Você foi o anjo que Deus colocou em meu caminho para que eu pudesse realizar meu sonho.
Você foi uma enviada.
Lídia sorriu.
- Não precisa agradecer.
Estamos aqui para isso, ajudar uns aos outros.
Eles se despediram e rumaram para casa.
Quando entraram, finalmente ouviram a voz de Luciana.
- Ele vai vir morar em nossa casa?
Aqui não tem espaço, só dá para a gente.
- Que é isso, filha? - tornou Hortência com doçura.
- Esta casa é imensa, e você e seu irmão sabem que sempre reservei um quarto para Mateus.
Seu pai achava um disparate, mas agora ele vê que sempre tive razão.
- Ele é bonito e parece o papai naquelas fotos quando ele era mais novo.
- Sim, filha, ele é muito parecido com seu pai.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:37 pm

Tenho certeza de que virá morar connosco e formaremos uma família muito feliz.
- Eu acho é que ele não vai aceitar a senhora nem papai. - tornou Heitor com tom malicioso.
Ele nem sabe quem vocês são, o que vale é quem o criou.
Ele já é bem crescido e considera os pais dele aqueles que morreram.
Nem adianta, se insistir nessa história será desprezada.
Notei que esse tal Mateus é metido e arrogante só porque sabe sobre espiritismo e estuda medicina.
Aquelas palavras, ditas com tanto rancor, fizeram Hortência gelar.
De repente, o filho poderia ter razão.
Mateus poderia não aceitá-la como mãe, pois para ele Fernando e Amanda eram seus verdadeiros pais.
Quedou-se no sofá arrasada.
Douglas, percebendo o que lhe ia ao íntimo, olhou os filhos e ordenou:
- Vão para o quarto de vocês e não destruam a alegria de Hortência.
Se ele for mesmo nosso filho, vai entender e aceitar.
Agora nos deixem a sós.
- Não disse que vocês não gostam da gente?
Agora só será esse Mateus que terá vez - tornou Heitor com voz rancorosa, enquanto se dirigia para o quarto com Luciana.
Vendo-se a sós com a amada, Douglas chamou-a para o quarto, onde se acomodaram melhor na grande cama de casal e puseram-se a conversar.
- Não conseguirei mais dormir até ter meu filho aqui comigo.
- Você deve se controlar, amor.
Temos de ir devagar.
O rapaz parece ser boa pessoa, mas devemos ter cautela.
Não podemos, assim do nada, chegar e dizer que somos seus verdadeiros pais.
Isso o vai desestruturar completamente.
Com certeza, ele não sabe que foi sequestrado, e deveria amar aquele casal de víboras.
Não será fácil para nós conquistarmos seu coração.
Hortência olhou o marido nos olhos e disse:
- Ele é adulto, tem todo o direito de saber a verdade.
- Concordo, mas nem sabemos se ele é de fato o Mateus, nosso filho.
Por mais que eu sinta que seja verdade, só vou acreditar mesmo após o exame de DNA.
- Vocês, homens, são racionais demais.
Pois eu sou mãe e sei exactamente que é ele.
E não vou esperar mais.
Sei que Amanda e Fernando trocaram de identidade para poder viver escondidos.
Amanhã mesmo vou à casa dele e contarei tudo.
Eu já esperei tempo demais e não quero perder meu filho novamente.
Dona Guilhermina disse que ele vive com uma prima do pai.
Vou saber quem é e deixá-la também a par da situação.
Não adiantou Douglas protestar, a mulher estava decidida e só coube a ele dizer que a acompanharia no dia seguinte.
Também estava louco para ver toda aquela situação resolvida.
A custo conseguiram dormir quando os primeiros raios de sol começaram a despontar.
No dia seguinte, após certificarem-se de que Heitor e Luciana estavam bem e tinham ido para o colégio, decidiram que não iam à casa de Guilhermina, resolveram ir logo à casa do filho.
Não foi difícil encontrar a sumptuosa mansão onde o rapaz vivia.
Hortência, muito nervosa, tocou a campainha e logo um criado veio atender.
- O que desejam?
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Sem medo de amar - Hermes / Maurício de Castro - Página 8 Empty Re: Sem medo de amar - Hermes / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:38 pm

- Queremos falar com Mateus Fonseca.
Ele se encontra?
- Da parte de quem?
Intuída a mentir o nome, Hortência disse:
- Diga que é da parte de Marina Alcântara.
Ele vai saber do que se trata.
O criado saiu e Douglas indagou:
- Ficou maluca?
Ele não vai saber quem é e não vai nos atender.
- Estou sentindo uma energia estranha no ar.
Não achei prudente revelar meu nome. Vamos aguardar.
Minutos depois, surge uma mulher ainda jovem e, ao se aproximar do portão, solta um grito de pavor:
- Não pode ser, meu Deus!
Não pode ser!
Hortência encarou-a com nervosismo e ódio.
- Neide! Então é você?
Abra esse portão agora!
Mateus saberá toda a verdade.
- Não! Vão embora daqui, ele já sofreu muito e não merece sofrer mais.
Se o amam de verdade, vão embora e não voltem nunca mais.
- Sua cretina, abra ou chamarei a polícia.
Ele vai saber quem você é e quem foram os pais dele.
Está esperando o quê?
Eu saio daqui, mas volto imediatamente com a polícia.
Você foi cúmplice de um sequestro, vou denunciá-la e será presa.
Pagará por seu crime.
Vamos, estou esperando.
Vencida, a mulher pediu que o criado abrisse o portão.
Ela sabia que esse dia chegaria, e teria de cumprir sua parte na promessa que fizera a Amanda poucos dias antes de sua morte.
Neide, que se chamava Alessandra, modificara-se muito durante todos aqueles anos.
Não conseguindo o sucesso e a boa vida que esperava em Paris, teve de voltar a morar com Amanda e Fernando, e foi ela quem praticamente o havia criado, porquanto ambos levavam uma vida devassa, perdidos em noitadas intermináveis e uso de drogas.
Quando decidiram voltar para o Brasil, alguns anos depois, ela os acompanhou e tornou-se a segunda mãe de Mateus.
A convivência com aquela criança doce e meiga, inteligente e sensível a fez desabrochar para a verdade da vida e ela se arrependeu amargamente de ter ajudado em tudo aquilo.
Pouco tempo depois da chegada àquele país, Fernando e Amanda, agora com outros nomes e rostos modificados por cirurgia plástica, começaram a se desentender.
Fernando tinha negócios escusos que lhe rendiam muito dinheiro e nunca revelou para a mulher e o filho no que ele trabalhava.
Ela passou a ouvir as conversas por trás da porta e descobriu que Fernando era bissexual, saía com homens quase todas as noites, e Amanda começou a sofrer muito.
Com o tempo, passaram a dormir em quartos separados e Amanda tornou-se uma excelente mãe para o menino Mateus, do qual resolveram não trocar o nome.
Fernando, por sua vez, também se apegou ao menino, e esse talvez tenha sido o seu único sentimento verdadeiro na vida.
Deu tudo de bom ao filho, inclusive uma boa educação, procurando esconder sua vida ilícita no trabalho e seu comportamento pervertido no campo do sexo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:38 pm

Assim Mateus cresceu ajustado e amando os pais.
Como seria agora se descobrisse a realidade?
Enquanto Douglas e Hortência entravam e caminhavam pela alameda que conduzia a porta principal, Alessandra ia concatenando esses pensamentos.
Assim que entraram na casa, foram recebidos por Mateus com muita alegria.
- É bom vê-los aqui.
Vejo que simpatizaram mesmo comigo.
Conheceram-me ontem e hoje já vêm em visita.
Sentem-se.
Alessandra se retirou, deixando-os a sós.
Hortência não conseguiu conter a emoção e deixou que grossas lágrimas caíssem sobre sua face.
Mateus sentia que algo muito estranho estava acontecendo.
Na noite anterior, aquela mulher o chamara de filho, e naquele momento o olhava como mãe e chorava.
Sim, aquele olhar era de mãe, mas porquê?
Douglas iniciou aquela conversa, que seria a mais difícil de sua vida:
- Nossa visita aqui não é uma visita comum.
Minha mulher está muito emocionada e sei que não conseguirá falar, mas eu direi, tenho de dizer tudo o que está em meu coração e você vai fazer o que quiser depois.
Nada exigiremos de você.
Um silêncio se fez.
Depois de um tempo, Douglas continuou:
- Hortência acha que você é nosso filho.
Mateus sentiu-se gelar.
Que história era aquela?
- Co... Como assim?
Filho?
- Sei que será difícil para você entender, mas tenho de lhe contar uma história não muito agradável.
Talvez você seja, sim, o nosso filho que foi sequestrado há vinte anos.
- Não. Isso jamais.
Meus pais são esses aqui - pegou um porta-retratos onde havia uma foto sua com Fernando e Amanda e mostrou a Douglas, que se sentiu gelar.
Eram eles, sim.
Um pouco modificados na aparência, mas com certeza eram eles.
Mateus era seu filho.
Que felicidade!
- Mateus, ouça-me com atenção.
Muito nervoso, o rapaz escutou toda a história que Douglas procurou narrar em detalhes.
Ao final, Mateus, que tinha mediunidade de intuição, sentiu que tudo aquilo era verdade.
Sua reacção foi ficar mudo e depois balbuciar:
- Não pode ser...
- É verdade, meu querido - entrou Alessandra, que tudo escutara da escada.
Finalmente chegou a hora de você saber toda a verdade.
Esses são seus verdadeiros pais.
E a Neide que ajudou no rapto sou eu.
É provável que nunca nos perdoe, mas aqui está uma carta que sua mãe escreveu pouco antes de morrer e pediu-me que lhe entregasse logo que partisse.
Ela estava muito arrependida de havê-lo roubado de sua verdadeira mãe, mas ao mesmo tempo amava-o muito, como verdadeiro filho que ela nunca pôde ter.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:38 pm

Esta carta foi escrita com Amanda já muito fraca e quase sem forças para segurar a caneta.
Leia com atenção e a decisão será ditada por sua consciência.
Com as mãos trémulas, Mateus abriu a carta e começou a ler:
"Querido filho
Hoje sei que muito errei movida por uma vingança, mas tudo valeu a pena só por ter sua presença em minha vida, seu brilho, sua inteligência, sua sensibilidade.
Vou amá-lo para sempre.
Eu não sou sua mãe biológica, mas sou de coração e de alma.
Há muito tempo atrás casei-me com um jovem chamado Douglas, a quem muito amei.
Cedo descobri que nunca poderia ter filhos, e isso me deixou com muito ódio e revolta pela vida.
Meu marido, seu verdadeiro pai, arrumou uma amante e por ela se apaixonou, deixando-me para viver sua nova vida afectiva.
Amargando o ciúme e a humilhação que julgava passar, consorciei-me com outro e, quando descobri que a amante do seu pai estava grávida, planeei sequestrar o bebé.
Assim que você nasceu, coloquei a Alessandra para trabalhar como sua babá, e foi ela quem o tirou de sua mãe e o trouxe para mim.
Fugi do país com você ainda com seis meses, fui morar em Paris com esse homem que você conhece como Rodolfo, mas que se chama Fernando.
Amamos você desde sempre, e durante toda a minha vida culpei-me por estar sendo mentirosa e por ter tirado você de seus pais verdadeiros, mas ao mesmo tempo não podia mais voltar atrás pelo imenso amor que sentia por você.
Como me separar da minha criança?
Espero que um dia me compreenda e possa me perdoar.
Estou deixando esta vida e quero que você reencontre quem os gerou e os ame assim como amou a mim e a Rodolfo.
Cometi muitos erros, não sei se Deus existe e, se existe, não sei se vai me perdoar, mas partirei na esperança de ter começado a reparar meu erro.
Você segue a doutrina dos espíritos, que ensina o perdão das ofensas.
Sei que vai conseguir me perdoar e me compreender.
Se realmente a vida continua, um dia todos estaremos reunidos e poderemos nos entender mutuamente.
Nunca se esqueça de que o amo mais que tudo no mundo e que ter vivido com você foi a maior felicidade que experimentei.
Da sua eterna mãe
Luana"
Os olhos de Mateus estavam encharcados de lágrimas.
De repente, descobrira que sua vida não era como imaginava e teria de recomeçar.
Olhou para seus verdadeiros pais, que também choravam, e disse:
- Compreendo como estão e como desejam que tudo se solucione.
Aprendi com o Espiritismo que tudo está sempre certo da maneira como está, e que não cai uma folha da árvore sem que Deus permita.
Não há como negar que vocês são meus pais biológicos, mas vocês doaram apenas meu corpo de carne, meus pais verdadeiros sempre serão Luana e Rodolfo, ou Amanda e Fernando, como queiram chamar.
No entanto, sinto por vocês um carinho inexplicável, uma familiaridade forte que indica que podemos recomeçar uma nova vida e sermos felizes.
Não posso denunciar a Alessandra, que me criou com todo o carinho e está arrependida.
Peço que a perdoem também e me abracem.
Douglas, Hortência e Mateus abraçaram-se com força, trocando energias que só os que se amam em espírito conseguem fazer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:38 pm

Aquelas três almas mais uma vez estavam reunidas para viver os laços de afectos que, a partir daquele momento, iriam se solidificar com as bênçãos do universo.
Em um canto da sala, vó Leontina lançava sobre eles energias coloridas, enquanto dizia:
- Vá, meu querido Mateus.
Ame esses que te deram a vida, Deus espera muito de ti, ainda terá de amparar, como médico, muitos irmãos nossos em sofrimento na Terra.
Foi para isso que veio, para dar assistência a muita gente necessitada de seus cuidados.
Sei que irá conseguir, pois sua alma é iluminada e seu coração é divino.
Chegando perto dela, Guilherme salientou:
- Ele vai conseguir, Leontina, fique tranquila com relação a isso.
Está na hora de as pessoas encarnadas na Terra deixarem de sofrer, descobrir que a vida é alegria, saúde, paz, harmonia e felicidade.
Deu uma pausa e prosseguiu:
- Agora precisamos deixá-los a sós para que se entendam e se amem.
Eles ainda não estão prontos para descobrir o passado que gerou todo esse drama nem saber o triste destino de Amanda e Fernando deste outro lado, mas a vida é sábia e um dia eles saberão de tudo e compreenderão que Deus é perfeito.
Quando for oportuno, estaremos de volta.
Leontina abraçou seu mentor espiritual e volitou em direcção à colónia em que habitava, deixando pétalas de rosas astrais cair delicadamente por todo o ambiente.

FIM
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 16, 2017 8:39 pm

Romances imperdíveis!
Obras do espírito Hermes!
Psicografia de Maurício de Castro

Nada é para sempre
Clotilde morava em uma favela.
Sua vida pelas ruas a esmolar trocados e comida para alimentar o pequeno Daniel a enchia de revolta e desespero.
O desprezo da sociedade causava-lhe ódio.
Mas, apesar de sua condição miserável, sua beleza chamou a atenção de madame Aurélia, dona da Mansão de Higienópolis, uma casa de luxo em São Paulo que recebia clientes seleccionados com todo o sigilo.
Clotilde torna-se Isabela e começa então sua longa trilha em busca de dinheiro e ascensão social.

Ninguém lucra com o mal
Ernesto era um bom homem:
classe média, trabalhador, esposa e duas filhas.
Espírita convicto, excelente médium, trabalhava devotadamente em um centro de São Paulo.
De repente, a vida de Ernesto se transforma:
em uma viagem de volta do interior com a família, um acidente automobilístico arrebata sua mulher e as duas meninas.
Ernesto sobrevive...
Mas agora está só, sem o bem mais precioso de sua vida: a família.
Muitos anos de estudo e dedicação para que Maurício de Castro conseguisse educar sua sensibilidade a fim de se preparar para a tarefa que lhe cabia neste mundo: a psicografia de livros.
O primeiro contacto com seu mentor, o espírito Hermes, deu-se em janeiro de 2004, quando escreveu seu primeiro romance.
Trata-se de um espírito desencarnado ainda jovem, aos 25 anos de idade, na década de 30, na cidade de São Paulo, e que encontrou na espiritualidade sua missão:
levar à Terra histórias com ensinamentos espirituais visando o despertar da consciência para a Nova Era em que vivemos.
Sem saber, desde a infância Maurício de Castro já era inspirado por esse espírito amigo a escrever textos, contos, peças teatrais e a amar a literatura.
Actualmente, além de psicografar, Maurício de Castro participa activamente das reuniões de estudo sobre mediunidade no Centro Espírita Cascata de Luz.
É formado em História pela Faculdade de Tecnologia e Ciências de sua cidade e trabalha na área de Educação.
Outros trabalhos estão em produção pela dupla Maurício de Castro e espírito Hermes, uma sintonia bem afinada que promete trazer à luz muitos ensinamentos de suma importância para o desenvolvimento espiritual do Homem.

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