Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
CINCO
ERA MADRUGADA QUANDO o mensageiro de Constantino alcançou os portões de Bizâncio.
Constância, que se recuperara quase completamente do triste incidente com o marido, deu um pulo na cama e sentou-se, tremendo, assustada.
Ofegante, tirou o pequeno crucifixo que trazia junto ao peito e suplicou:
- Mestre Jesus, socorra-me e à minha família.
Meu coração está opresso e me diz que algo sombrio está por acontecer.
Ajude-nos, por favor...
Sem compreender por que a dor no peito a oprimia tanto, não pôde conter as lágrimas que lhe desciam pela face alva.
Pedindo repetidamente o socorro de Jesus e de seus enviados, ela finalmente conseguiu acalmar-se e voltou a se deitar.
Entretanto, por mais que tentasse, não conseguia conciliar o sono e revirou-se na cama até o sol brilhar intenso no céu do Mediterrâneo.
Assim que adentrou os portões da fortificada cidade, o mensageiro do Augusto do Ocidente deu de comer ao seu cavalo e descansou brevemente.
Tinha ordens de seu general para retornar com a resposta de Licínio tão logo a obtivesse.
Quando o dia amanheceu, dois soldados da guarda pessoal do imperador vieram buscá-lo:
- O imperador Licínio irá recebê-lo agora.
Acompanhe-nos.
Prontamente o mensageiro os seguiu até o imperador.
Ajoelhado diante do grande general que dividia o poder do império romano com Constantino, o jovem permaneceu calado, aguardando as instruções do soberano, que depois de longo silêncio indagou:
- O que quer Constantino?
- Os sármatas ameaçam nossa fronteira, senhor, e Constantino pede autorização para cruzar seu território, a fim de surpreender o inimigo, antes que este avance sobre Roma.
- O quê? Que estratégia ridícula é essa de seu imperador?
O que ele pretende? Vamos, responda!
Sem erguer os olhos, o rapaz apenas disse:
- Eu não sei, senhor.
A única orientação que recebi foi para pedir-lhe a autorização e retornar imediatamente com sua resposta.
Licínio sorriu, cínico, e insistiu:
- Não sabe? Tem certeza?
Vociferou então, com o rapaz:
- Vamos, diga o que Constantino planeia!
Você não é um soldado? Deve saber, então.
Trémulo, o rapaz redarguiu:
- Eu não sei, senhor, apenas cumpro ordens.
- E por que Constantino planeia atacar os sármatas por minhas terras?
É certamente o caminho mais longo.
Decerto ele planeia algo contra mim.
Licínio levantou-se e caminhou até a janela da ampla sala.
Ficou longo tempo em silêncio, olhando pela janela.
Depois, aproximou-se do rapaz e, encostando a cabeça na dele, segurou-lhe a face com uma das mãos e gritou com violência:
- Sei muito bem o que ele planeia.
Vou esperá-lo muito bem preparado.
E quanto a você, meu rapaz, se quiser fixar residência aqui, a partir de agora, será poupado de longa e dolorosa viagem.
ERA MADRUGADA QUANDO o mensageiro de Constantino alcançou os portões de Bizâncio.
Constância, que se recuperara quase completamente do triste incidente com o marido, deu um pulo na cama e sentou-se, tremendo, assustada.
Ofegante, tirou o pequeno crucifixo que trazia junto ao peito e suplicou:
- Mestre Jesus, socorra-me e à minha família.
Meu coração está opresso e me diz que algo sombrio está por acontecer.
Ajude-nos, por favor...
Sem compreender por que a dor no peito a oprimia tanto, não pôde conter as lágrimas que lhe desciam pela face alva.
Pedindo repetidamente o socorro de Jesus e de seus enviados, ela finalmente conseguiu acalmar-se e voltou a se deitar.
Entretanto, por mais que tentasse, não conseguia conciliar o sono e revirou-se na cama até o sol brilhar intenso no céu do Mediterrâneo.
Assim que adentrou os portões da fortificada cidade, o mensageiro do Augusto do Ocidente deu de comer ao seu cavalo e descansou brevemente.
Tinha ordens de seu general para retornar com a resposta de Licínio tão logo a obtivesse.
Quando o dia amanheceu, dois soldados da guarda pessoal do imperador vieram buscá-lo:
- O imperador Licínio irá recebê-lo agora.
Acompanhe-nos.
Prontamente o mensageiro os seguiu até o imperador.
Ajoelhado diante do grande general que dividia o poder do império romano com Constantino, o jovem permaneceu calado, aguardando as instruções do soberano, que depois de longo silêncio indagou:
- O que quer Constantino?
- Os sármatas ameaçam nossa fronteira, senhor, e Constantino pede autorização para cruzar seu território, a fim de surpreender o inimigo, antes que este avance sobre Roma.
- O quê? Que estratégia ridícula é essa de seu imperador?
O que ele pretende? Vamos, responda!
Sem erguer os olhos, o rapaz apenas disse:
- Eu não sei, senhor.
A única orientação que recebi foi para pedir-lhe a autorização e retornar imediatamente com sua resposta.
Licínio sorriu, cínico, e insistiu:
- Não sabe? Tem certeza?
Vociferou então, com o rapaz:
- Vamos, diga o que Constantino planeia!
Você não é um soldado? Deve saber, então.
Trémulo, o rapaz redarguiu:
- Eu não sei, senhor, apenas cumpro ordens.
- E por que Constantino planeia atacar os sármatas por minhas terras?
É certamente o caminho mais longo.
Decerto ele planeia algo contra mim.
Licínio levantou-se e caminhou até a janela da ampla sala.
Ficou longo tempo em silêncio, olhando pela janela.
Depois, aproximou-se do rapaz e, encostando a cabeça na dele, segurou-lhe a face com uma das mãos e gritou com violência:
- Sei muito bem o que ele planeia.
Vou esperá-lo muito bem preparado.
E quanto a você, meu rapaz, se quiser fixar residência aqui, a partir de agora, será poupado de longa e dolorosa viagem.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
O jovem soldado fitou o general, que naquele momento lhe parecia ainda mais alto e mais forte, antes de responder com estranheza:
- Não posso, senhor...
Meu general me aguarda.
Com ar prepotente e arrogante, Licínio ordenou:
- Pois bem, que assim seja.
Quero dar uma resposta contundente ao seu senhor.
E chamando um de seus homens, ordenou:
- Levem-no ao poste.
Cem chibatadas, depois deixem-no partir.
O rapaz fitou o imperador com os olhos arregalados, mal acreditando no que escutava.
Sabia que Licínio era um general duro e muito experiente, mas jamais esperaria tal atitude de um outro soldado.
Sem dizer palavra, foi arrastado pelos guardas e chicoteado impiedosamente.
Depois, colocaram-no sobre o cavalo e mandaram-no partir.
Embora muito machucado, ele conseguiu conduzir seu cavalo até a divisa dos domínios do Oriente com os do Ocidente.
Foi socorrido pelos colegas e logo acomodado em um leito, para receber tratamento.
Antes de ficar inconsciente, disse com enorme esforço:
- Ele não permitirá...
O general, que pessoalmente o auxiliava, acalmou o rapaz:
- Nós já sabemos. Agora, descanse.
Logo o soldado ficou inconsciente.
E depois de duas noites naquele estado, não resistiu aos ferimentos que, associados à longa jornada, ceifaram-lhe a jovem vida.
Alguns dias depois, Constantino chegou ao acampamento, com seu exército já arregimentado e ordenando que todos os seus melhores homens, espalhados pelo império, se juntassem a ele para a batalha iminente.
Policarpo, o general responsável pelo acampamento próximo à divisa, detalhou o estado em que o jovem chegara.
Cheio de ódio, Constantino fê-lo repetir a narrativa a todo o acampamento e, ao final, mostrando-se indignado, proferiu suas ordens da maneira mais eloquente:
- É por essas decisões arbitrárias que temos de tomar o reino do Oriente das mãos de Licínio.
Invadiremos Bizâncio e subjugaremos o imperador do Oriente e seus homens mais fiéis.
Chega de agressões descabidas.
Primeiro os cristãos, depois minha própria irmã quase morreu nas mãos desse monstro, e agora esse jovem inocente, que simplesmente cumpria ordens, deixando sua família, por estupidez absoluta.
Fez longa e calculada pausa, e depois concluiu:
- Não toleraremos mais isso!
Sigam-me e seremos vitoriosos!
Vou liderá-los pessoalmente nesta batalha e, ouçam bem o que digo, nós venceremos!
Envolvidos pela emoção que as palavras inflamadas de Constantino lhes causavam, eles gritaram, liderados pelos homens de confiança do imperador:
- Ave César, único imperador de Roma!
Constantino fitou os seus homens a ovacioná-lo e emocionou-se.
Eram mais de 100 mil homens a gritar diante dele.
Sentia com todas as forças que venceria Licínio e se tornaria o único imperador.
Era esse, agora, seu propósito.
Toda a sua força estava voltada para esse fim.
Retirou-se com seus generais, para organizar o ataque que fariam em breve à capital do Oriente.
- Não posso, senhor...
Meu general me aguarda.
Com ar prepotente e arrogante, Licínio ordenou:
- Pois bem, que assim seja.
Quero dar uma resposta contundente ao seu senhor.
E chamando um de seus homens, ordenou:
- Levem-no ao poste.
Cem chibatadas, depois deixem-no partir.
O rapaz fitou o imperador com os olhos arregalados, mal acreditando no que escutava.
Sabia que Licínio era um general duro e muito experiente, mas jamais esperaria tal atitude de um outro soldado.
Sem dizer palavra, foi arrastado pelos guardas e chicoteado impiedosamente.
Depois, colocaram-no sobre o cavalo e mandaram-no partir.
Embora muito machucado, ele conseguiu conduzir seu cavalo até a divisa dos domínios do Oriente com os do Ocidente.
Foi socorrido pelos colegas e logo acomodado em um leito, para receber tratamento.
Antes de ficar inconsciente, disse com enorme esforço:
- Ele não permitirá...
O general, que pessoalmente o auxiliava, acalmou o rapaz:
- Nós já sabemos. Agora, descanse.
Logo o soldado ficou inconsciente.
E depois de duas noites naquele estado, não resistiu aos ferimentos que, associados à longa jornada, ceifaram-lhe a jovem vida.
Alguns dias depois, Constantino chegou ao acampamento, com seu exército já arregimentado e ordenando que todos os seus melhores homens, espalhados pelo império, se juntassem a ele para a batalha iminente.
Policarpo, o general responsável pelo acampamento próximo à divisa, detalhou o estado em que o jovem chegara.
Cheio de ódio, Constantino fê-lo repetir a narrativa a todo o acampamento e, ao final, mostrando-se indignado, proferiu suas ordens da maneira mais eloquente:
- É por essas decisões arbitrárias que temos de tomar o reino do Oriente das mãos de Licínio.
Invadiremos Bizâncio e subjugaremos o imperador do Oriente e seus homens mais fiéis.
Chega de agressões descabidas.
Primeiro os cristãos, depois minha própria irmã quase morreu nas mãos desse monstro, e agora esse jovem inocente, que simplesmente cumpria ordens, deixando sua família, por estupidez absoluta.
Fez longa e calculada pausa, e depois concluiu:
- Não toleraremos mais isso!
Sigam-me e seremos vitoriosos!
Vou liderá-los pessoalmente nesta batalha e, ouçam bem o que digo, nós venceremos!
Envolvidos pela emoção que as palavras inflamadas de Constantino lhes causavam, eles gritaram, liderados pelos homens de confiança do imperador:
- Ave César, único imperador de Roma!
Constantino fitou os seus homens a ovacioná-lo e emocionou-se.
Eram mais de 100 mil homens a gritar diante dele.
Sentia com todas as forças que venceria Licínio e se tornaria o único imperador.
Era esse, agora, seu propósito.
Toda a sua força estava voltada para esse fim.
Retirou-se com seus generais, para organizar o ataque que fariam em breve à capital do Oriente.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Durante vários dias o exército de Constantino avançou mais e mais, rumo a Bizâncio, cidade que pretendiam dominar e ocupar.
De facto, Constantino desejava fazer dela a sede de seu império.
Famosa pela posição estratégica que ocupava, desde muito havia despertado o interesse do grande general.
Quanto mais avançavam, mais crescia o número de soldados.
Acampavam à noite, e mal o dia amanhecia todos se punham a caminho.
Superaram o frio e regiões de difícil acesso, mas foi às margens do rio Ebro, pouco distante de Bizâncio, que foram obrigados a parar, dada a violenta correnteza que dificultava a travessia dos 120 mil soldados, entre homens de infantaria e cavalaria.
Constantino determinou que acampassem:
- E inútil avançarmos agora.
Precisamos entender bem a situação de nosso oponente.
Passaremos esta noite aqui.
Marco observou, preocupado:
- Acho bom mesmo descansarmos.
Os homens estão exaustos.
- Pois ficaremos aqui por ora.
Marco, quero que envie uma pequena tropa de seus melhores homens - pequena mesmo, dois ou três - para que verifiquem a situação logo após o rio.
Precisamos saber exactamente a situação de Licínio.
Atendendo de pronto à ordem de seu imperador, Marco retornou algum tempo depois, informando:
- Estão a caminho.
Enviei três de meus melhores soldados.
- Óptimo. Aguardaremos o retorno deles.
Quero que montem vários turnos de descanso, e que metade dos homens esteja sempre desperta e em alerta.
Licínio pode atacar a qualquer momento.
Marco indagou, surpreso:
- Acredita mesmo que ele planeia atacá-lo, senhor?
- Acredito que um homem desesperado seja capaz de qualquer acção.
Ao final da tarde seguinte, os três experientes soldados retornaram trazendo informações precisas e preciosas, que foram logo levadas a Constantino.
- As tropas de Licínio ocupam as planícies de Adrianópolis.
Estão espalhadas por terrenos elevados, o que definitivamente lhes garante vantagem, pelas condições do terreno.
- Quantos homens?
- É grande demais o seu exército.
Meus homens ficaram muito impressionados.
Relataram que o campo está como coberto por formigas.
São muitos homens.
Garantem que excede em número nosso exército.
Constantino ficou longo tempo pensando e depois ordenou:
- Iniciaremos a construção de uma ponte ainda de madrugada.
Quero muitos envolvidos nessa construção.
Metade dos homens deve se dedicar à empreitada.
De facto, Constantino desejava fazer dela a sede de seu império.
Famosa pela posição estratégica que ocupava, desde muito havia despertado o interesse do grande general.
Quanto mais avançavam, mais crescia o número de soldados.
Acampavam à noite, e mal o dia amanhecia todos se punham a caminho.
Superaram o frio e regiões de difícil acesso, mas foi às margens do rio Ebro, pouco distante de Bizâncio, que foram obrigados a parar, dada a violenta correnteza que dificultava a travessia dos 120 mil soldados, entre homens de infantaria e cavalaria.
Constantino determinou que acampassem:
- E inútil avançarmos agora.
Precisamos entender bem a situação de nosso oponente.
Passaremos esta noite aqui.
Marco observou, preocupado:
- Acho bom mesmo descansarmos.
Os homens estão exaustos.
- Pois ficaremos aqui por ora.
Marco, quero que envie uma pequena tropa de seus melhores homens - pequena mesmo, dois ou três - para que verifiquem a situação logo após o rio.
Precisamos saber exactamente a situação de Licínio.
Atendendo de pronto à ordem de seu imperador, Marco retornou algum tempo depois, informando:
- Estão a caminho.
Enviei três de meus melhores soldados.
- Óptimo. Aguardaremos o retorno deles.
Quero que montem vários turnos de descanso, e que metade dos homens esteja sempre desperta e em alerta.
Licínio pode atacar a qualquer momento.
Marco indagou, surpreso:
- Acredita mesmo que ele planeia atacá-lo, senhor?
- Acredito que um homem desesperado seja capaz de qualquer acção.
Ao final da tarde seguinte, os três experientes soldados retornaram trazendo informações precisas e preciosas, que foram logo levadas a Constantino.
- As tropas de Licínio ocupam as planícies de Adrianópolis.
Estão espalhadas por terrenos elevados, o que definitivamente lhes garante vantagem, pelas condições do terreno.
- Quantos homens?
- É grande demais o seu exército.
Meus homens ficaram muito impressionados.
Relataram que o campo está como coberto por formigas.
São muitos homens.
Garantem que excede em número nosso exército.
Constantino ficou longo tempo pensando e depois ordenou:
- Iniciaremos a construção de uma ponte ainda de madrugada.
Quero muitos envolvidos nessa construção.
Metade dos homens deve se dedicar à empreitada.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Os generais de Constantino o ouviam atentos.
Jamais questionavam suas ordens ou suas estratégias, que muitas vezes não compreendiam, mas sabiam que elas já haviam concedido àquele exército mais de dezassete vitórias;
portanto, confiavam em seu general.
E o seguiriam lealmente até a morte.
Vários dias se passaram, e a ponte se erguia pouco a pouco sobre o rio.
Naquela noite, ao despedir-se de seus homens, Constantino sabia que a hora de atacar havia chegado.
Sabia que o oponente acompanhava suas manobras, e chegara a hora de surpreendê-lo.
No meio da madrugada, mandou chamar seus três principais generais e ordenou:
- Quero um regimento com cinco mil arqueiros.
Vamos atravessar o rio e nos embrenhar pela floresta densa;
surpreenderemos os homens de Licínio pela retaguarda.
Eles não nos esperam.
Meu objectivo é atacar o acampamento de Licínio.
Os generais se entreolharam, surpresos pela ordem inesperada;
no entanto, não ousaram sequer fazer qualquer comentário.
Obedeceram de pronto.
Sabiam que o elemento surpresa seria fundamental na ousada estratégia de Constantino.
Antes de saírem, Marco virou-se para Constantino e perguntou:
- Permita-me saber se poderei estar entre os líderes desse ataque.
- Você e os demais, meus homens de confiança.
E eu, pessoalmente, vou liderar o ataque.
Fazendo posição de sentido e olhando com profunda admiração para aquele jovem general que estava diante dele, Marco se retirou.
Ao sair da tenda de Constantino, cruzou com Crispus, filho mais velho do imperador, que entrou ansioso, indagando:
- Vai sair à batalha, meu pai?
- Assim que os homens estiverem prontos.
- Quero acompanhá-lo.
- Seja paciente, Crispus, tenho planos para você.
- Que planos, senhor?
- Dada a sua habilidade náutica, quero poupá-lo para o possível confronto que teremos com a armada de Licínio, que ocupa o estreito de Helesponto.
Temos de derrotá-los no mar para poder aniquilá-los de facto.
Não podemos correr o risco de desembarcarem e nos atacarem no momento em que estivermos para invadir Bizâncio.
O que sabe sobre a armada?
- Sei que é poderosa, com mais de 350 navios grandes e bem equipados ocupando todo o Helesponto.
Fitando o rapaz como a desafiá-lo, o mais velho inquiriu:
- E o que você pensa sobre isso?
O que acha? Pode vencê-los?
Crispus pensou um pouco, depois continuou:
- Nossa frota é bem menor, é verdade, mas nossos homens são leais e corajosos.
Aguardam suas ordens, prontos a obedecer.
Jamais questionavam suas ordens ou suas estratégias, que muitas vezes não compreendiam, mas sabiam que elas já haviam concedido àquele exército mais de dezassete vitórias;
portanto, confiavam em seu general.
E o seguiriam lealmente até a morte.
Vários dias se passaram, e a ponte se erguia pouco a pouco sobre o rio.
Naquela noite, ao despedir-se de seus homens, Constantino sabia que a hora de atacar havia chegado.
Sabia que o oponente acompanhava suas manobras, e chegara a hora de surpreendê-lo.
No meio da madrugada, mandou chamar seus três principais generais e ordenou:
- Quero um regimento com cinco mil arqueiros.
Vamos atravessar o rio e nos embrenhar pela floresta densa;
surpreenderemos os homens de Licínio pela retaguarda.
Eles não nos esperam.
Meu objectivo é atacar o acampamento de Licínio.
Os generais se entreolharam, surpresos pela ordem inesperada;
no entanto, não ousaram sequer fazer qualquer comentário.
Obedeceram de pronto.
Sabiam que o elemento surpresa seria fundamental na ousada estratégia de Constantino.
Antes de saírem, Marco virou-se para Constantino e perguntou:
- Permita-me saber se poderei estar entre os líderes desse ataque.
- Você e os demais, meus homens de confiança.
E eu, pessoalmente, vou liderar o ataque.
Fazendo posição de sentido e olhando com profunda admiração para aquele jovem general que estava diante dele, Marco se retirou.
Ao sair da tenda de Constantino, cruzou com Crispus, filho mais velho do imperador, que entrou ansioso, indagando:
- Vai sair à batalha, meu pai?
- Assim que os homens estiverem prontos.
- Quero acompanhá-lo.
- Seja paciente, Crispus, tenho planos para você.
- Que planos, senhor?
- Dada a sua habilidade náutica, quero poupá-lo para o possível confronto que teremos com a armada de Licínio, que ocupa o estreito de Helesponto.
Temos de derrotá-los no mar para poder aniquilá-los de facto.
Não podemos correr o risco de desembarcarem e nos atacarem no momento em que estivermos para invadir Bizâncio.
O que sabe sobre a armada?
- Sei que é poderosa, com mais de 350 navios grandes e bem equipados ocupando todo o Helesponto.
Fitando o rapaz como a desafiá-lo, o mais velho inquiriu:
- E o que você pensa sobre isso?
O que acha? Pode vencê-los?
Crispus pensou um pouco, depois continuou:
- Nossa frota é bem menor, é verdade, mas nossos homens são leais e corajosos.
Aguardam suas ordens, prontos a obedecer.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Tocando com a mão direita o ombro do filho, Constantino autorizou:
- Muito bem, meu filho, aguarde minhas ordens.
Permaneça no acampamento.
Sua luta será no mar.
Diligente, o rapaz assentiu com a cabeça e respondeu:
- Atenderei prontamente às suas ordens.
- Voltarei em breve com a vitória para prosseguirmos rumo à conquista definitiva de Bizâncio e à derrota final de Licínio.
Quero que destrua completamente sua força náutica;
transforme-os em fumaça...
Crispus tão-somente respondeu:
- Pois assim será!
Logo em seguida Marco entrou e comunicou:
- Estamos prontos, senhor.
Constantino vestiu a armadura, empunhou a pesada espada que o acompanhara em tantas outras batalhas e, fitando-a como a conversar com ela, conclamou em alta voz:
- À vitória!
- Muito bem, meu filho, aguarde minhas ordens.
Permaneça no acampamento.
Sua luta será no mar.
Diligente, o rapaz assentiu com a cabeça e respondeu:
- Atenderei prontamente às suas ordens.
- Voltarei em breve com a vitória para prosseguirmos rumo à conquista definitiva de Bizâncio e à derrota final de Licínio.
Quero que destrua completamente sua força náutica;
transforme-os em fumaça...
Crispus tão-somente respondeu:
- Pois assim será!
Logo em seguida Marco entrou e comunicou:
- Estamos prontos, senhor.
Constantino vestiu a armadura, empunhou a pesada espada que o acompanhara em tantas outras batalhas e, fitando-a como a conversar com ela, conclamou em alta voz:
- À vitória!
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
SEIS
ENQUANTO CAMINHAVA pela colónia, em um dos grandes jardins floridos, Angélica cumprimentava os amigos e colegas com quem compartilhara trabalho e aprendizado.
Ela também viera de Capela e alcançara, através de esforço e dedicação em diversas encarnações penosas, significativo progresso.
Estava pronta para retornar à constelação do Cocheiro, mas embora sua alma suspirasse por voltar ao lar, seu coração se enchera de compaixão pelos habitantes da Terra e seu difícil caminho de evolução.
Queria ajudar e, como Ernesto, resolvera permanecer para isso.
Finalmente chegou a uma grande construção, onde Ernesto a aguardava.
Assim que a viu, encheu-se de alegria.
E abraçando-a exultou:
- É bom vê-la outra vez, Angélica.
Retribuindo-lhe o carinho, ela o abraçou ternamente e disse:
- Também estava com saudade, mas achei melhor permanecer junto a Constância.
Deixando visível sua preocupação, Ernesto comentou:
- A situação está piorando muito, não é?
- Muito. Constância já não consegue acesso ao irmão.
Constantino distanciou-se emocionalmente de toda a família.
Inclusive dos próprios filhos.
Tem se enclausurado em si mesmo cada vez mais, e perigosamente acredita naquilo que falam sobre ele.
Entristecido, Ernesto lamentou:
- O poder o está cegando totalmente.
- Eu temo que sim.
- O poder que ele deveria utilizar para fortalecer o bem e a verdade, para fazer expandir-se sobre a Terra a luz do Evangelho, está usando para satisfazer as próprias paixões.
- É isso mesmo.
Infelizmente, creio que ele não conseguirá!
Ernesto calou-se e meditou por longo tempo.
Depois, perguntou:
- E como está Constância?
- Apesar de fisicamente recuperada, sua alma sofre muito, pois sabe que ambos, Licínio e Constantino, se desviaram de suas tarefas, e estão prestes a se confrontar.
- E eram dois imperadores justamente para se ajudarem mutuamente em tarefa de tamanha responsabilidade.
- Não resistiram aos apelos da personalidade, do ego.
Ao egocentrismo e ao endeusamento de si mesmos.
Suspirando fundo, Angélica emendou:
- Nossa irmã sofre profundamente, pois intui a dor e o sofrimento que os aguarda após deixarem a Terra.
A jovem fez uma pausa, depois continuou:
- O que poderemos fazer, Ernesto?
Uma programação reencarnatória tão preparada, longamente planeada, agora prestes a se perder...
- É... O livre-arbítrio.
Não podemos impedir que Constantino faça suas escolhas.
Ele tem esse direito.
E aqueles que o seguem também.
O que podemos fazer, agora, é rogar ao Pai Celeste nos socorra e nos oriente.
- Eles estão prestes a se enfrentar.
Talvez o façam agora, enquanto nos falamos.
ENQUANTO CAMINHAVA pela colónia, em um dos grandes jardins floridos, Angélica cumprimentava os amigos e colegas com quem compartilhara trabalho e aprendizado.
Ela também viera de Capela e alcançara, através de esforço e dedicação em diversas encarnações penosas, significativo progresso.
Estava pronta para retornar à constelação do Cocheiro, mas embora sua alma suspirasse por voltar ao lar, seu coração se enchera de compaixão pelos habitantes da Terra e seu difícil caminho de evolução.
Queria ajudar e, como Ernesto, resolvera permanecer para isso.
Finalmente chegou a uma grande construção, onde Ernesto a aguardava.
Assim que a viu, encheu-se de alegria.
E abraçando-a exultou:
- É bom vê-la outra vez, Angélica.
Retribuindo-lhe o carinho, ela o abraçou ternamente e disse:
- Também estava com saudade, mas achei melhor permanecer junto a Constância.
Deixando visível sua preocupação, Ernesto comentou:
- A situação está piorando muito, não é?
- Muito. Constância já não consegue acesso ao irmão.
Constantino distanciou-se emocionalmente de toda a família.
Inclusive dos próprios filhos.
Tem se enclausurado em si mesmo cada vez mais, e perigosamente acredita naquilo que falam sobre ele.
Entristecido, Ernesto lamentou:
- O poder o está cegando totalmente.
- Eu temo que sim.
- O poder que ele deveria utilizar para fortalecer o bem e a verdade, para fazer expandir-se sobre a Terra a luz do Evangelho, está usando para satisfazer as próprias paixões.
- É isso mesmo.
Infelizmente, creio que ele não conseguirá!
Ernesto calou-se e meditou por longo tempo.
Depois, perguntou:
- E como está Constância?
- Apesar de fisicamente recuperada, sua alma sofre muito, pois sabe que ambos, Licínio e Constantino, se desviaram de suas tarefas, e estão prestes a se confrontar.
- E eram dois imperadores justamente para se ajudarem mutuamente em tarefa de tamanha responsabilidade.
- Não resistiram aos apelos da personalidade, do ego.
Ao egocentrismo e ao endeusamento de si mesmos.
Suspirando fundo, Angélica emendou:
- Nossa irmã sofre profundamente, pois intui a dor e o sofrimento que os aguarda após deixarem a Terra.
A jovem fez uma pausa, depois continuou:
- O que poderemos fazer, Ernesto?
Uma programação reencarnatória tão preparada, longamente planeada, agora prestes a se perder...
- É... O livre-arbítrio.
Não podemos impedir que Constantino faça suas escolhas.
Ele tem esse direito.
E aqueles que o seguem também.
O que podemos fazer, agora, é rogar ao Pai Celeste nos socorra e nos oriente.
- Eles estão prestes a se enfrentar.
Talvez o façam agora, enquanto nos falamos.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Constantino alcançou as planícies de Adrianópolis com mais de 120 mil homens;
Licínio está acampado com seus homens nas planícies, já mais para o lado de Bizâncio.
A guerra é inevitável e...
Angélica não pôde continuar.
A dor tomou conta de seu coração e pesadas lágrimas desciam pela sua face.
Ernesto buscou consolá-la e disse, tocando suas mãos:
- Sei que é difícil...
- Quantas vidas perdidas...
Quanto sofrimento inútil...
Quanta dor se projectando para o futuro dessas almas...
- Sim, minha irmã, infelizmente.
Limpando as lágrimas, ela indagou:
- Por quê? Por que ainda é tão difícil para os homens compreender...
- Porque a verdade incomoda os homens, Angélica.
- Por quê?
Ernesto pensou por alguns momentos, depois, envolto em safírica luz, disse:
- Os homens tentam de todas as maneiras fugir de sua difícil, angustiosa situação espiritual.
- Por que não procuram sair da situação, para serem mais felizes?
A verdade nos liberta, nos faz donos de nossos destinos, nos aproxima de Deus e nos torna seres mais felizes.
- Não sem antes nos obrigar e enxergar nossa real condição espiritual.
Jesus trouxe para os homens a consciência de nossa real condição espiritual, arrancando-nos das ilusões em que nos apoiávamos, acreditando-nos possuidores de uma superioridade que não existe.
Fez curta pausa.
Angélica o escutava atenta.
Ele continuou:
- Conscientes de nossa real situação, temos de tomar uma decisão, e arcar com as consequências advindas dela.
Podemos optar pela iluminação espiritual, conscientes de que ela é árdua, difícil e demorada, mas o único caminho para nossa real felicidade.
Ou então, abafar a consciência e escolher a fantasia, a mentira, pois ela nos dá maior prazer, maior satisfação e não nos obriga a empreender os esforços de resignação, humildade e desapego às ilusões, principalmente sobre nós mesmos.
Angélica balançou a cabeça em sinal afirmativo e disse:
- Tem razão, meu sábio amigo.
A verdade nos liberta, mas depende de nosso esforço e coragem para nos vermos como realmente somos.
- Exactamente. Por isso matamos Jesus impiedosamente.
Calando o Messias, tentamos fazer silenciar a própria consciência que gritava dentro de nós.
Angélica ia fazer uma pergunta, quando Ernesto sugeriu:
- Oremos a Deus.
Ele haverá de nos orientar.
E acima de tudo, tenhamos paciência, sabendo que nós mesmos viemos de longa data fugindo destas verdades...
Angélica sorriu ao repetir:
- Paciência...
E Ernesto finalizou:
- E muita perseverança.
O bem triunfará, isso é inevitável.
A verdade será vitoriosa.
Licínio está acampado com seus homens nas planícies, já mais para o lado de Bizâncio.
A guerra é inevitável e...
Angélica não pôde continuar.
A dor tomou conta de seu coração e pesadas lágrimas desciam pela sua face.
Ernesto buscou consolá-la e disse, tocando suas mãos:
- Sei que é difícil...
- Quantas vidas perdidas...
Quanto sofrimento inútil...
Quanta dor se projectando para o futuro dessas almas...
- Sim, minha irmã, infelizmente.
Limpando as lágrimas, ela indagou:
- Por quê? Por que ainda é tão difícil para os homens compreender...
- Porque a verdade incomoda os homens, Angélica.
- Por quê?
Ernesto pensou por alguns momentos, depois, envolto em safírica luz, disse:
- Os homens tentam de todas as maneiras fugir de sua difícil, angustiosa situação espiritual.
- Por que não procuram sair da situação, para serem mais felizes?
A verdade nos liberta, nos faz donos de nossos destinos, nos aproxima de Deus e nos torna seres mais felizes.
- Não sem antes nos obrigar e enxergar nossa real condição espiritual.
Jesus trouxe para os homens a consciência de nossa real condição espiritual, arrancando-nos das ilusões em que nos apoiávamos, acreditando-nos possuidores de uma superioridade que não existe.
Fez curta pausa.
Angélica o escutava atenta.
Ele continuou:
- Conscientes de nossa real situação, temos de tomar uma decisão, e arcar com as consequências advindas dela.
Podemos optar pela iluminação espiritual, conscientes de que ela é árdua, difícil e demorada, mas o único caminho para nossa real felicidade.
Ou então, abafar a consciência e escolher a fantasia, a mentira, pois ela nos dá maior prazer, maior satisfação e não nos obriga a empreender os esforços de resignação, humildade e desapego às ilusões, principalmente sobre nós mesmos.
Angélica balançou a cabeça em sinal afirmativo e disse:
- Tem razão, meu sábio amigo.
A verdade nos liberta, mas depende de nosso esforço e coragem para nos vermos como realmente somos.
- Exactamente. Por isso matamos Jesus impiedosamente.
Calando o Messias, tentamos fazer silenciar a própria consciência que gritava dentro de nós.
Angélica ia fazer uma pergunta, quando Ernesto sugeriu:
- Oremos a Deus.
Ele haverá de nos orientar.
E acima de tudo, tenhamos paciência, sabendo que nós mesmos viemos de longa data fugindo destas verdades...
Angélica sorriu ao repetir:
- Paciência...
E Ernesto finalizou:
- E muita perseverança.
O bem triunfará, isso é inevitável.
A verdade será vitoriosa.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
SETE
CONSTANTINO LIDEROU CERCA de 5 mil homens que atravessaram o rio Ebro nadando e logo que cruzaram as águas, tal qual Constantino havia planeado, embrenharam-se por densa floresta para atacar o acampamento de Licínio pela retaguarda.
Contavam com a surpresa do oponente para enfraquecê-lo.
Pouco antes do alvorecer, quando se ouviam os primeiros pássaros aqui e acolá, fez-se grande rumor por todo o acampamento e a confusão se instalou.
Licínio ergueu-se de um salto e em poucos segundos estava armado, já sobre seu cavalo.
Viam-se as flechas voando pelos céus do acampamento, e homens tombavam por todos os lados.
Licínio gritou enquanto tentava controlar o cavalo:
- De onde vem o ataque?
Um de seus generais aproximou-se, informando:
- Estão nos atacando pela floresta.
A reacção do exército de Licínio foi rápida, mas perdiam muitos homens, rapidamente.
Tombavam às dezenas por todos os lados.
Os poucos minutos que levaram para conseguir se organizar, foram suficientes para conceder grande vantagem a Constantino, que se aproximava velozmente.
Um dos generais de Licínio enviou alguns de seus melhores homens à frente, para tentarem saber quão perto estava o inimigo.
Dos cinco enviados apenas um retornou, e ferido, informando:
- Eles se aproximam muito depressa.
Melhor proteger o general... não posso... não...
Não suportando os ferimentos, desfaleceu.
Logo um grupo de generais se reuniu, em meio à confusão, para pedir ao imperador que se retirasse:
- Deve retornar imediatamente à segurança da cidade, senhor.
O acampamento já não é seguro.
Licínio nem tentou argumentar.
Arregimentou rapidamente um grande número de homens e partiu em retirada, caminhando na direcção das muralhas que fortificavam e protegiam a importante cidade de Bizâncio.
Constantino, por sua vez, avançava mais e mais.
Os homens de Licínio, ainda que em número muito maior, eram forçados a deixar sua vantajosa posição em terreno íngreme e descer para uma grande área plana em terras de Adrianópolis, concedendo assim mais vantagens aos atacantes.
Quando conseguiu alcançar o coração do acampamento, onde alguns minutos antes estava Licínio, Constantino ordenou que os arqueiros atirassem flechas flamejantes, com tochas nas pontas, para o alto, avisando a seu exército que deveria atacar.
Cruzando bravamente o rio, o exército de Constantino avançou intrépido ao encontro de seu general.
Este, de espada em punho, atacava tudo e todos que encontrava pelo caminho.
Desejava o confronto com Licínio, mas já pressentia que ele tivesse recuado.
Seguiu-se, então, violenta batalha que dizimou mais de 34 mil homens.
Pelo meio da tarde, Constantino vencera o exército do opositor e imediatamente se dirigiu para as muralhas de Bizâncio, com o objectivo de invadi-la.
Conclamando mais uma vez seus homens, gritava com vibrante entonação:
- Não esmoreçam agora!
Depois de breve pausa, gritou ainda mais alto:
- A vitória está próxima!
Breve Bizâncio será nossa!
CONSTANTINO LIDEROU CERCA de 5 mil homens que atravessaram o rio Ebro nadando e logo que cruzaram as águas, tal qual Constantino havia planeado, embrenharam-se por densa floresta para atacar o acampamento de Licínio pela retaguarda.
Contavam com a surpresa do oponente para enfraquecê-lo.
Pouco antes do alvorecer, quando se ouviam os primeiros pássaros aqui e acolá, fez-se grande rumor por todo o acampamento e a confusão se instalou.
Licínio ergueu-se de um salto e em poucos segundos estava armado, já sobre seu cavalo.
Viam-se as flechas voando pelos céus do acampamento, e homens tombavam por todos os lados.
Licínio gritou enquanto tentava controlar o cavalo:
- De onde vem o ataque?
Um de seus generais aproximou-se, informando:
- Estão nos atacando pela floresta.
A reacção do exército de Licínio foi rápida, mas perdiam muitos homens, rapidamente.
Tombavam às dezenas por todos os lados.
Os poucos minutos que levaram para conseguir se organizar, foram suficientes para conceder grande vantagem a Constantino, que se aproximava velozmente.
Um dos generais de Licínio enviou alguns de seus melhores homens à frente, para tentarem saber quão perto estava o inimigo.
Dos cinco enviados apenas um retornou, e ferido, informando:
- Eles se aproximam muito depressa.
Melhor proteger o general... não posso... não...
Não suportando os ferimentos, desfaleceu.
Logo um grupo de generais se reuniu, em meio à confusão, para pedir ao imperador que se retirasse:
- Deve retornar imediatamente à segurança da cidade, senhor.
O acampamento já não é seguro.
Licínio nem tentou argumentar.
Arregimentou rapidamente um grande número de homens e partiu em retirada, caminhando na direcção das muralhas que fortificavam e protegiam a importante cidade de Bizâncio.
Constantino, por sua vez, avançava mais e mais.
Os homens de Licínio, ainda que em número muito maior, eram forçados a deixar sua vantajosa posição em terreno íngreme e descer para uma grande área plana em terras de Adrianópolis, concedendo assim mais vantagens aos atacantes.
Quando conseguiu alcançar o coração do acampamento, onde alguns minutos antes estava Licínio, Constantino ordenou que os arqueiros atirassem flechas flamejantes, com tochas nas pontas, para o alto, avisando a seu exército que deveria atacar.
Cruzando bravamente o rio, o exército de Constantino avançou intrépido ao encontro de seu general.
Este, de espada em punho, atacava tudo e todos que encontrava pelo caminho.
Desejava o confronto com Licínio, mas já pressentia que ele tivesse recuado.
Seguiu-se, então, violenta batalha que dizimou mais de 34 mil homens.
Pelo meio da tarde, Constantino vencera o exército do opositor e imediatamente se dirigiu para as muralhas de Bizâncio, com o objectivo de invadi-la.
Conclamando mais uma vez seus homens, gritava com vibrante entonação:
- Não esmoreçam agora!
Depois de breve pausa, gritou ainda mais alto:
- A vitória está próxima!
Breve Bizâncio será nossa!
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Marco, tentando protegê-lo mas conhecendo seu imperador, indagou hesitante:
- Não seria melhor descansarmos um pouco, meu senhor?
Precisa cuidar desse ferimento.
Está sangrando muito.
Descendo de seu cavalo, Constantino improvisou ataduras e amarrou-as fortemente à coxa, acima do profundo corte que sofrera.
Depois, subiu no animal e agradeceu:
- Compreendo seus cuidados, Marco, mas nada me deterá agora.
Estamos a um passo da conquista completa do império.
Não quero me demorar.
Temos de invadir a cidade.
Chamando outro de seus generais, ordenou:
- Encontrem os homens de Licínio que debandaram para a floresta.
Não quero surpresas...
Prontamente, o outro aquiesceu:
- Sim, imediatamente.
Depois, intrépido, Constantino ergueu uma vez mais a espada já sem brilho e gritou:
- Logo estaremos dentro da cidade.
Sigam-me e seremos donos de todo o império!
Envolvidos pelo forte magnetismo daquele homem, os soldados o seguiram sem titubear.
Confiavam cegamente em seu vitorioso imperador.
Ao se aproximarem das altas muralhas de Bizâncio, Constantino ordenou que montassem um forte cerco e começassem a construir engenhosas torres de terra.
Depois de montar sua tenda e acomodar-se no local, chamou um de seus melhores mensageiros e ordenou pessoalmente:
- Diga a Crispus que ele deve atacar imediatamente a frota de Licínio ancorada no Helesponto.
Que force a passagem e destrua os seus navios.
Precisamos que os alimentos nos cheguem por terra, e somente abrindo a estreita passagem que eles controlam poderemos receber os suprimentos de que necessitamos.
O mensageiro partiu no mesmo instante.
Ao final daquele dia as torres começaram a ficar prontas e pouco a pouco, com muito esforço e utilizando grandes alavancas de madeira, foram posicionados sobre elas catapultas que começaram a arremessar pesadas pedras e gigantescas tochas sobre as fortes muralhas da cidade.
Em seu palácio, Licínio caminhava de um lado a outro, aflito, escutando o barulho do impacto que as pedras enormes causavam nas muralhas.
Quando um de seus generais entrou na sala, ele logo indagou:
- O que estão fazendo agora?
Será que terão alguma chance de transpor esta fortaleza?
Preocupado, o general respondeu:
- Estão atacando as muralhas.
Inseguro, Licínio retrucou:
- Elas são muito resistentes, suportarão os ataques.
O outro prosseguiu, com forte tensão na voz:
- Estão atacando no centro da muralha, justamente no ponto onde são mais frágeis.
- Como isso foi possível?
Elas são muito altas.
- Não conseguimos ver, mas de alguma forma colocaram as atiradoras num ponto mais alto, atingindo o centro de nossos paredões.
- Não seria melhor descansarmos um pouco, meu senhor?
Precisa cuidar desse ferimento.
Está sangrando muito.
Descendo de seu cavalo, Constantino improvisou ataduras e amarrou-as fortemente à coxa, acima do profundo corte que sofrera.
Depois, subiu no animal e agradeceu:
- Compreendo seus cuidados, Marco, mas nada me deterá agora.
Estamos a um passo da conquista completa do império.
Não quero me demorar.
Temos de invadir a cidade.
Chamando outro de seus generais, ordenou:
- Encontrem os homens de Licínio que debandaram para a floresta.
Não quero surpresas...
Prontamente, o outro aquiesceu:
- Sim, imediatamente.
Depois, intrépido, Constantino ergueu uma vez mais a espada já sem brilho e gritou:
- Logo estaremos dentro da cidade.
Sigam-me e seremos donos de todo o império!
Envolvidos pelo forte magnetismo daquele homem, os soldados o seguiram sem titubear.
Confiavam cegamente em seu vitorioso imperador.
Ao se aproximarem das altas muralhas de Bizâncio, Constantino ordenou que montassem um forte cerco e começassem a construir engenhosas torres de terra.
Depois de montar sua tenda e acomodar-se no local, chamou um de seus melhores mensageiros e ordenou pessoalmente:
- Diga a Crispus que ele deve atacar imediatamente a frota de Licínio ancorada no Helesponto.
Que force a passagem e destrua os seus navios.
Precisamos que os alimentos nos cheguem por terra, e somente abrindo a estreita passagem que eles controlam poderemos receber os suprimentos de que necessitamos.
O mensageiro partiu no mesmo instante.
Ao final daquele dia as torres começaram a ficar prontas e pouco a pouco, com muito esforço e utilizando grandes alavancas de madeira, foram posicionados sobre elas catapultas que começaram a arremessar pesadas pedras e gigantescas tochas sobre as fortes muralhas da cidade.
Em seu palácio, Licínio caminhava de um lado a outro, aflito, escutando o barulho do impacto que as pedras enormes causavam nas muralhas.
Quando um de seus generais entrou na sala, ele logo indagou:
- O que estão fazendo agora?
Será que terão alguma chance de transpor esta fortaleza?
Preocupado, o general respondeu:
- Estão atacando as muralhas.
Inseguro, Licínio retrucou:
- Elas são muito resistentes, suportarão os ataques.
O outro prosseguiu, com forte tensão na voz:
- Estão atacando no centro da muralha, justamente no ponto onde são mais frágeis.
- Como isso foi possível?
Elas são muito altas.
- Não conseguimos ver, mas de alguma forma colocaram as atiradoras num ponto mais alto, atingindo o centro de nossos paredões.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Cansado pelo recuo rápido que fora obrigado a realizar, e profundamente contrariado pelos avanços e manobras inteligentes do rival, Licínio gritava descontrolado:
- Eles não podem entrar, está entendendo?
Tem de impedi-los.
Derramem óleo fervendo sobre eles, agora!
- É o que estamos tentando, mas fomos pegos de surpresa.
Não temos nada preparado de pronto, para responder a esse ataque à altura.
Se conseguirem entrar...
Agarrando o subordinado pelo pescoço ele bradava:
- Eles não podem entrar, está me entendendo?
Vá, faça seu trabalho, seu incompetente!
Estou cercado por incapazes, homens fracos!
O general saiu logo e Licínio continuou gritando impropérios.
O cerco se estendeu por toda a noite e pelo dia seguinte, sem interrupções.
Constantino, acampado em local estratégico de onde acompanhava toda a movimentação de seus homens, estava totalmente convencido da vitória.
Já podia ver-se ocupando o trono de Licínio.
Amanhecia quando o mensageiro entrou depressa pelo acampamento próximo às margens do rio Ebro, onde Crispus aguardava as ordens do pai.
Tão logo o mensageiro o procurou e transmitiu as ordens para o ataque, o jovem organizou seus homens e imediatamente lançou-se ao mar, ocupando a maior e mais bem equipada embarcação de que dispunham.
Enquanto esperava, planeara detida e minuciosamente o ataque que encetaria.
Estava empolgado e via naquele ataque a grande oportunidade para ocupar um lugar de destaque e honra ao lado do pai.
Queria muito que o grande Constantino reconhecesse seu talento e seu empenho.
Não demorou muito a alcançar as embarcações do inimigo.
Travou-se grande batalha.
Embora a esquadra de Licínio fosse maior e melhor equipada, a determinação e a destreza de Crispus logo fizeram sua armada sobressair.
Vários navios se queimavam sob o fogo da força marítima do filho mais velho de Constantino.
A batalha durou todo o dia.
Na manhã seguinte, muito embora seus homens demonstrassem sinais visíveis de cansaço, Crispus seguiu atacando.
Perdeu várias embarcações importantes, e pelo meio do dia julgou que não poderia sair vencedor daquela batalha.
Entretanto, de súbito, forte ventania soprou sobre o estreito do Helesponto, levando os navios de Crispus para bem perto dos do opositor.
O jovem não teve dúvida:
ordenou ataque maciço e incendiaram a frota adversária.
Vários navios partiram em retirada e 130 foram destruídos.
O seu próprio navio estava em chamas quando proclamou, erguendo a espada, à semelhança do que fazia o pai:
- A vitória é nossa!
Ao grito uníssono da tripulação, Crispus escutou o cumprimento de seu subordinado imediato, que lhe tocava o ombro:
- Brava vitória, Crispus! Excepcional!
Seu pai se orgulhará de você.
Sorrindo satisfeito, o belo rapaz observou, com ligeiro sinal de cabeça:
- Espero que ele seja comunicado da batalha em seus pormenores.
Compreendendo imediatamente o que o rapaz desejava, o outro respondeu:
- Ele saberá, Crispus, todos os detalhes dessa brava e corajosa vitória.
- Eles não podem entrar, está entendendo?
Tem de impedi-los.
Derramem óleo fervendo sobre eles, agora!
- É o que estamos tentando, mas fomos pegos de surpresa.
Não temos nada preparado de pronto, para responder a esse ataque à altura.
Se conseguirem entrar...
Agarrando o subordinado pelo pescoço ele bradava:
- Eles não podem entrar, está me entendendo?
Vá, faça seu trabalho, seu incompetente!
Estou cercado por incapazes, homens fracos!
O general saiu logo e Licínio continuou gritando impropérios.
O cerco se estendeu por toda a noite e pelo dia seguinte, sem interrupções.
Constantino, acampado em local estratégico de onde acompanhava toda a movimentação de seus homens, estava totalmente convencido da vitória.
Já podia ver-se ocupando o trono de Licínio.
Amanhecia quando o mensageiro entrou depressa pelo acampamento próximo às margens do rio Ebro, onde Crispus aguardava as ordens do pai.
Tão logo o mensageiro o procurou e transmitiu as ordens para o ataque, o jovem organizou seus homens e imediatamente lançou-se ao mar, ocupando a maior e mais bem equipada embarcação de que dispunham.
Enquanto esperava, planeara detida e minuciosamente o ataque que encetaria.
Estava empolgado e via naquele ataque a grande oportunidade para ocupar um lugar de destaque e honra ao lado do pai.
Queria muito que o grande Constantino reconhecesse seu talento e seu empenho.
Não demorou muito a alcançar as embarcações do inimigo.
Travou-se grande batalha.
Embora a esquadra de Licínio fosse maior e melhor equipada, a determinação e a destreza de Crispus logo fizeram sua armada sobressair.
Vários navios se queimavam sob o fogo da força marítima do filho mais velho de Constantino.
A batalha durou todo o dia.
Na manhã seguinte, muito embora seus homens demonstrassem sinais visíveis de cansaço, Crispus seguiu atacando.
Perdeu várias embarcações importantes, e pelo meio do dia julgou que não poderia sair vencedor daquela batalha.
Entretanto, de súbito, forte ventania soprou sobre o estreito do Helesponto, levando os navios de Crispus para bem perto dos do opositor.
O jovem não teve dúvida:
ordenou ataque maciço e incendiaram a frota adversária.
Vários navios partiram em retirada e 130 foram destruídos.
O seu próprio navio estava em chamas quando proclamou, erguendo a espada, à semelhança do que fazia o pai:
- A vitória é nossa!
Ao grito uníssono da tripulação, Crispus escutou o cumprimento de seu subordinado imediato, que lhe tocava o ombro:
- Brava vitória, Crispus! Excepcional!
Seu pai se orgulhará de você.
Sorrindo satisfeito, o belo rapaz observou, com ligeiro sinal de cabeça:
- Espero que ele seja comunicado da batalha em seus pormenores.
Compreendendo imediatamente o que o rapaz desejava, o outro respondeu:
- Ele saberá, Crispus, todos os detalhes dessa brava e corajosa vitória.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Logo depois, alimentos e água chegavam ao acampamento de Constantino.
Não demorou e a primeira muralha começou a ruir.
Desesperado, Licínio aguardava informações.
Um de seus generais entrou, ofegante:
- Precisamos partir, senhor.
Um de nossos muros externos acaba de ruir.
Não vai demorar para que consigam enfraquecer outros e, assim, não tardarão a entrar.
Licínio ergueu-se, e logo organizou uma grande comitiva e partiu em retirada, levando consigo muitos baús contendo suas riquezas e tesouros.
Deixou para trás sua família e seu povo.
Em região não muito distante, conseguiu reunir novo exército, com cerca de 60 mil homens.
Constantino avançava em sua ofensiva e, pouco a pouco, outras muralhas foram derrubadas.
O grande general estava prestes a invadir Bizâncio, quando foi informado por Marco:
- Licínio escapou e formou um novo exército em Bitínia.
- Quantos homens conseguiu arregimentar?
- Certamente mais de 50 mil.
- Muito bem.
Quantos homens ainda temos?
- Quase 100 mil, senhor.
- Mande 80 mil para Bósforo, em pequenas embarcações.
O restante, quero que ocupe a cidade.
E tocando no ombro de Marco, pediu:
- Você deverá ficar aqui e comandar a ocupação.
Marco fez menção de retrucar, mas ele prosseguiu:
- Preciso de você aqui, Marco;
é em você que mais confio.
Eu irei com os outros.
- Mas...
- Quero enfrentar Licínio pessoalmente.
Tenho de ter certeza que ele não vai escapar desta vez.
Desistindo de argumentar, Marco conformou-se:
- Cuidarei de tudo.
- Muito bem, seja cuidadoso com as mulheres e as crianças.
Não quero mortes desnecessárias.
E cuide de minha irmã...
- Sim, meu senhor, cuidarei de tudo.
- Muito bem, vamos.
Não quero dar nenhuma vantagem a Licínio.
Não demorou e a primeira muralha começou a ruir.
Desesperado, Licínio aguardava informações.
Um de seus generais entrou, ofegante:
- Precisamos partir, senhor.
Um de nossos muros externos acaba de ruir.
Não vai demorar para que consigam enfraquecer outros e, assim, não tardarão a entrar.
Licínio ergueu-se, e logo organizou uma grande comitiva e partiu em retirada, levando consigo muitos baús contendo suas riquezas e tesouros.
Deixou para trás sua família e seu povo.
Em região não muito distante, conseguiu reunir novo exército, com cerca de 60 mil homens.
Constantino avançava em sua ofensiva e, pouco a pouco, outras muralhas foram derrubadas.
O grande general estava prestes a invadir Bizâncio, quando foi informado por Marco:
- Licínio escapou e formou um novo exército em Bitínia.
- Quantos homens conseguiu arregimentar?
- Certamente mais de 50 mil.
- Muito bem.
Quantos homens ainda temos?
- Quase 100 mil, senhor.
- Mande 80 mil para Bósforo, em pequenas embarcações.
O restante, quero que ocupe a cidade.
E tocando no ombro de Marco, pediu:
- Você deverá ficar aqui e comandar a ocupação.
Marco fez menção de retrucar, mas ele prosseguiu:
- Preciso de você aqui, Marco;
é em você que mais confio.
Eu irei com os outros.
- Mas...
- Quero enfrentar Licínio pessoalmente.
Tenho de ter certeza que ele não vai escapar desta vez.
Desistindo de argumentar, Marco conformou-se:
- Cuidarei de tudo.
- Muito bem, seja cuidadoso com as mulheres e as crianças.
Não quero mortes desnecessárias.
E cuide de minha irmã...
- Sim, meu senhor, cuidarei de tudo.
- Muito bem, vamos.
Não quero dar nenhuma vantagem a Licínio.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
OITO
NÃO TARDOU E DEZENAS de pequenas embarcações atracaram.
O desembarque foi rápido e ágil.
Assim que a maioria de seus homens alcançou terra firme, Constantino subiu depressa em seu cavalo e tomou a dianteira dos soldados.
Andou um pouco e logo avistou o exército de Licínio.
Intensa batalha se seguiu.
Embora quase 25 mil homens tenham sido dizimados naquela tarde, Constantino não se sentia satisfeito.
Caminhou, sem sucesso, entre os corpos estendidos à procura do rival.
Depois se aproximou dos homens derrotados e perguntou irritado:
- Onde está seu vencido imperador?
Por que não o encontro em parte alguma?
Fugiu novamente, aquele covarde?
Os soldados de Licínio mantinham-se de cabeça baixa, temerosos.
Constantino insistia, erguendo mais e mais a voz:
- Todos ficarão a noite inteira sem água ou comida, e amanhã também, e assim sucessivamente, até que me digam onde está o covarde!
Um dos soldados ergueu levemente o rosto e, sem olhar directamente para Constantino, balbuciou quase num murmúrio:
- Ele fugiu para a Nicomedia.
Constantino virou-se e olhou para a direcção de onde vinha a voz, quase em enxergar o homem.
Aproximou-se, agachou-se e, segurando-lhe o queixo, ordenou:
- Fale sem medo, homem! Não lhe farei mal.
Não um mal maior do que o seu general lhes fez!
Não tenha piedade de alguém que não se preocupa com seus próprios soldados!
Ainda temeroso, o homem prosseguiu:
- Ele fugiu assim que viu seus barcos se aproximarem;
antes mesmo que seu exército tocasse o solo, fugiu para a Nicomedia.
Erguendo-se satisfeito, Constantino ordenou:
- Água e comida a todos os prisioneiros.
Cuidem dos feridos e coloquem-nos nos barcos.
Vamos voltar imediatamente a Bizâncio.
E silenciando por alguns instantes, balbuciou por fim, como se pensasse alto:
- Deixem esse covarde comigo...
Quando adentrou os pesados portões de Bizâncio, o imperador encontrou seus cidadãos a esperá-lo.
Não pareciam um povo vencido, mas sim um povo que aguardava ansiosamente por seu imperador.
Aquele povo estava cansado dos desmandos e agressões de Licínio e esperavam que o novo imperador fosse mais condescendente com eles, pois a fama do heroísmo e grandeza de Constantino a todos encantava.
Em seu quarto, andando de um lado a outro, Constância aguardava angustiada pelo irmão.
Desejava notícias do marido e temia pela sua vida.
Pressentia que Licínio estivesse vivo, mas sabia que mesmo que isso fosse verdade, não era garantia alguma para o futuro de sua família.
NÃO TARDOU E DEZENAS de pequenas embarcações atracaram.
O desembarque foi rápido e ágil.
Assim que a maioria de seus homens alcançou terra firme, Constantino subiu depressa em seu cavalo e tomou a dianteira dos soldados.
Andou um pouco e logo avistou o exército de Licínio.
Intensa batalha se seguiu.
Embora quase 25 mil homens tenham sido dizimados naquela tarde, Constantino não se sentia satisfeito.
Caminhou, sem sucesso, entre os corpos estendidos à procura do rival.
Depois se aproximou dos homens derrotados e perguntou irritado:
- Onde está seu vencido imperador?
Por que não o encontro em parte alguma?
Fugiu novamente, aquele covarde?
Os soldados de Licínio mantinham-se de cabeça baixa, temerosos.
Constantino insistia, erguendo mais e mais a voz:
- Todos ficarão a noite inteira sem água ou comida, e amanhã também, e assim sucessivamente, até que me digam onde está o covarde!
Um dos soldados ergueu levemente o rosto e, sem olhar directamente para Constantino, balbuciou quase num murmúrio:
- Ele fugiu para a Nicomedia.
Constantino virou-se e olhou para a direcção de onde vinha a voz, quase em enxergar o homem.
Aproximou-se, agachou-se e, segurando-lhe o queixo, ordenou:
- Fale sem medo, homem! Não lhe farei mal.
Não um mal maior do que o seu general lhes fez!
Não tenha piedade de alguém que não se preocupa com seus próprios soldados!
Ainda temeroso, o homem prosseguiu:
- Ele fugiu assim que viu seus barcos se aproximarem;
antes mesmo que seu exército tocasse o solo, fugiu para a Nicomedia.
Erguendo-se satisfeito, Constantino ordenou:
- Água e comida a todos os prisioneiros.
Cuidem dos feridos e coloquem-nos nos barcos.
Vamos voltar imediatamente a Bizâncio.
E silenciando por alguns instantes, balbuciou por fim, como se pensasse alto:
- Deixem esse covarde comigo...
Quando adentrou os pesados portões de Bizâncio, o imperador encontrou seus cidadãos a esperá-lo.
Não pareciam um povo vencido, mas sim um povo que aguardava ansiosamente por seu imperador.
Aquele povo estava cansado dos desmandos e agressões de Licínio e esperavam que o novo imperador fosse mais condescendente com eles, pois a fama do heroísmo e grandeza de Constantino a todos encantava.
Em seu quarto, andando de um lado a outro, Constância aguardava angustiada pelo irmão.
Desejava notícias do marido e temia pela sua vida.
Pressentia que Licínio estivesse vivo, mas sabia que mesmo que isso fosse verdade, não era garantia alguma para o futuro de sua família.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Estava profundamente abatida.
O filho pediu:
- Por favor, mãe, sente-se. Você parece exausta.
Assim não terá forças para falar com tio Constantino, quando ele chegar.
Constância sentou-se ao lado de Juliano e de Helena, e segurando as mãos do rapaz, desabafou:
- Tem razão, meu filho. Estou sendo tola.
É que sinto que falhei de algum modo.
Não deveria ser assim...
O rapaz obtemperou:
- Ora, mãe, o que está dizendo?
Não conheço ninguém que tenha tido tanta paciência e perseverança com outra pessoa, como você com meu pai.
Mesmo sendo ele um homem tão rude, você jamais desistiu ou mudou sua conduta com ele.
Como pode ainda sentir-se em falta, seja da forma que for?
Olhando o filho nos olhos, ela respondeu como se olhasse para o infinito:
- Não sei explicar, meu filho...
Mas sinto que falhei...
Meu dever era ajudar seu pai a ser, junto de seu tio, o forte pulso do império...
Estranhando muito, o rapaz comentou admirado:
- Mãe, estou surpreso.
Você, envolvida em questões políticas...
- Não se trata disso...
Antes que ela pudesse concluir, Marco entrou no quarto e comunicou, gentil:
- Seu irmão a aguarda, senhora.
Com o coração batendo descompassado, ela balbuciou:
- E Licínio...
Abrindo a porta para que ela passasse, Marco limitou-se a dizer:
- Ele está vivo.
Constância dirigiu por sobre os ombros olhar quase aliviado para o filho e para a amiga, depois seguiu Marco em silêncio.
Assim que Constantino a viu, abriu largo e sincero sorriso, estendendo-lhe os braços:
- Minha irmã, como está?
Fiquei deveras preocupado com você.
Tocando de leve a cicatriz na cabeça da irmã, ele continuou:
- O que foi que aquele monstro lhe fez?
Ela sorriu com ternura, evitando fitar o irmão, e pediu:
- Não fale assim de Licínio.
- E ainda tem coragem de defendê-lo, Constância?
- Ele fez isso numa hora de desespero extremado...
- Ele vive em desespero extremado.
Não consegue conviver com sua própria estupidez.
E pare de defendê-lo, minha irmã.
Já chega! Tem de parar com isso.
Precisa desistir de vez desse homem que só lhe fez mal.
O filho pediu:
- Por favor, mãe, sente-se. Você parece exausta.
Assim não terá forças para falar com tio Constantino, quando ele chegar.
Constância sentou-se ao lado de Juliano e de Helena, e segurando as mãos do rapaz, desabafou:
- Tem razão, meu filho. Estou sendo tola.
É que sinto que falhei de algum modo.
Não deveria ser assim...
O rapaz obtemperou:
- Ora, mãe, o que está dizendo?
Não conheço ninguém que tenha tido tanta paciência e perseverança com outra pessoa, como você com meu pai.
Mesmo sendo ele um homem tão rude, você jamais desistiu ou mudou sua conduta com ele.
Como pode ainda sentir-se em falta, seja da forma que for?
Olhando o filho nos olhos, ela respondeu como se olhasse para o infinito:
- Não sei explicar, meu filho...
Mas sinto que falhei...
Meu dever era ajudar seu pai a ser, junto de seu tio, o forte pulso do império...
Estranhando muito, o rapaz comentou admirado:
- Mãe, estou surpreso.
Você, envolvida em questões políticas...
- Não se trata disso...
Antes que ela pudesse concluir, Marco entrou no quarto e comunicou, gentil:
- Seu irmão a aguarda, senhora.
Com o coração batendo descompassado, ela balbuciou:
- E Licínio...
Abrindo a porta para que ela passasse, Marco limitou-se a dizer:
- Ele está vivo.
Constância dirigiu por sobre os ombros olhar quase aliviado para o filho e para a amiga, depois seguiu Marco em silêncio.
Assim que Constantino a viu, abriu largo e sincero sorriso, estendendo-lhe os braços:
- Minha irmã, como está?
Fiquei deveras preocupado com você.
Tocando de leve a cicatriz na cabeça da irmã, ele continuou:
- O que foi que aquele monstro lhe fez?
Ela sorriu com ternura, evitando fitar o irmão, e pediu:
- Não fale assim de Licínio.
- E ainda tem coragem de defendê-lo, Constância?
- Ele fez isso numa hora de desespero extremado...
- Ele vive em desespero extremado.
Não consegue conviver com sua própria estupidez.
E pare de defendê-lo, minha irmã.
Já chega! Tem de parar com isso.
Precisa desistir de vez desse homem que só lhe fez mal.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Ajoelhando-se aos pés do irmão, ela implorou:
- Não lhe faça mal, por favor, meu irmão...
Erguendo-a com ternura, Constantino comentou enquanto lhe afagava os cabelos:
- Como você se parece com nossa mãe, é impressionante.
Seus gestos, seu carinho, sua dedicação...
Vocês se parecem muito.
Sente-se aqui, venha.
E acomodando a irmã ao seu lado, pediu que lhe servissem comida e bebida.
Convidou seus homens de confiança para que se sentassem também.
- Vamos celebrar a fragorosa derrota de Licínio.
Constância calou-se por longo tempo.
Bem mais tarde, quando terminaram o demorado jantar, quando estavam praticamente a sós, Constância pediu de novo:
- Meu irmão, pelo amor que você tem por mim, eu lhe imploro pela vida de Licínio.
Deixe que ele viva...
E, envolvida pelas energias de Angélica, que lhe influenciava o pensamento, disse sem que pudesse dar conta de suas palavras:
- Não destrua sua oportunidade de reconstrução...
Constantino sentiu forte arrepio a percorrer-lhe o corpo.
Olhou sério para a irmã e indagou:
- Do que está falando?
Sem esperar resposta, continuou:
- Não importa.
Vou descansar agora e você deve fazer o mesmo.
Falaremos sobre isso em outro dia, outra hora.
Constância ia insistir, mas deteve-se percebendo que naquele momento o melhor era silenciar.
Constantino, por outro lado, pensou muito por quase toda a noite.
Tinha ímpetos de enviar soldados para eliminar o seu rival, mas ao mesmo tempo pensava no impacto que causaria sobre o povo.
Já era quase dia claro quando finalmente decidiu o que fazer.
Ao encontrar-se com a irmã para o desjejum, informou-lhe, solícito:
- Tenho notícias que lhe agradarão muito.
Decidi conceder perdão a Licínio. Vou mandar chamá-lo.
Com lágrimas nos olhos, Constância quase não conseguia conter a emoção.
Abraçou efusiva o irmão e agradeceu:
- Deus seja louvado! Graças a Deus!
Você é mesmo um homem bom e digno, Constantino.
A verdadeira dignidade de um chefe de estado, a meu ver, está em sua capacidade de clemência.
Eu lhe agradeço, meu irmão.
- Não lhe faça mal, por favor, meu irmão...
Erguendo-a com ternura, Constantino comentou enquanto lhe afagava os cabelos:
- Como você se parece com nossa mãe, é impressionante.
Seus gestos, seu carinho, sua dedicação...
Vocês se parecem muito.
Sente-se aqui, venha.
E acomodando a irmã ao seu lado, pediu que lhe servissem comida e bebida.
Convidou seus homens de confiança para que se sentassem também.
- Vamos celebrar a fragorosa derrota de Licínio.
Constância calou-se por longo tempo.
Bem mais tarde, quando terminaram o demorado jantar, quando estavam praticamente a sós, Constância pediu de novo:
- Meu irmão, pelo amor que você tem por mim, eu lhe imploro pela vida de Licínio.
Deixe que ele viva...
E, envolvida pelas energias de Angélica, que lhe influenciava o pensamento, disse sem que pudesse dar conta de suas palavras:
- Não destrua sua oportunidade de reconstrução...
Constantino sentiu forte arrepio a percorrer-lhe o corpo.
Olhou sério para a irmã e indagou:
- Do que está falando?
Sem esperar resposta, continuou:
- Não importa.
Vou descansar agora e você deve fazer o mesmo.
Falaremos sobre isso em outro dia, outra hora.
Constância ia insistir, mas deteve-se percebendo que naquele momento o melhor era silenciar.
Constantino, por outro lado, pensou muito por quase toda a noite.
Tinha ímpetos de enviar soldados para eliminar o seu rival, mas ao mesmo tempo pensava no impacto que causaria sobre o povo.
Já era quase dia claro quando finalmente decidiu o que fazer.
Ao encontrar-se com a irmã para o desjejum, informou-lhe, solícito:
- Tenho notícias que lhe agradarão muito.
Decidi conceder perdão a Licínio. Vou mandar chamá-lo.
Com lágrimas nos olhos, Constância quase não conseguia conter a emoção.
Abraçou efusiva o irmão e agradeceu:
- Deus seja louvado! Graças a Deus!
Você é mesmo um homem bom e digno, Constantino.
A verdadeira dignidade de um chefe de estado, a meu ver, está em sua capacidade de clemência.
Eu lhe agradeço, meu irmão.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Abraçando-a também, ele comentou:
- Não poderia agir diferente com você, não é mesmo?
Ela sorriu e, limpando as lágrimas de alegria que lhe desciam pela face, perguntou:
- E como vai informá-lo?
- Ainda não sei.
- Posso ir ao encontro dele pessoalmente, assim ele confiará em você.
- Não gostaria de fazê-la expor-se a uma viagem, ainda que curta, depois de tudo pelo que passou...
- Não me será pesado.
Vou levar Juliano e Helena comigo.
- Tem certeza?
- Sim, eu quero ir.
- Pois muito bem.
Vou designar um grupo de alta confiança para acompanhá-los.
E depois de breve pausa, perguntou:
- Acha que consegue trazê-lo?
- É claro, ele confiará em mim.
- Então, boa sorte.
Abraçando o irmão mais uma vez, ela confirmou:
- Partiremos após o desjejum.
Não quero esperar mais.
Sem nada acrescentar, Constantino tomou seu lugar à mesa e se acomodando, em local cuidadosamente escolhido, de onde conseguia ver pela janela as construções da cobiçada cidade que acabara de conquistar.
- Não poderia agir diferente com você, não é mesmo?
Ela sorriu e, limpando as lágrimas de alegria que lhe desciam pela face, perguntou:
- E como vai informá-lo?
- Ainda não sei.
- Posso ir ao encontro dele pessoalmente, assim ele confiará em você.
- Não gostaria de fazê-la expor-se a uma viagem, ainda que curta, depois de tudo pelo que passou...
- Não me será pesado.
Vou levar Juliano e Helena comigo.
- Tem certeza?
- Sim, eu quero ir.
- Pois muito bem.
Vou designar um grupo de alta confiança para acompanhá-los.
E depois de breve pausa, perguntou:
- Acha que consegue trazê-lo?
- É claro, ele confiará em mim.
- Então, boa sorte.
Abraçando o irmão mais uma vez, ela confirmou:
- Partiremos após o desjejum.
Não quero esperar mais.
Sem nada acrescentar, Constantino tomou seu lugar à mesa e se acomodando, em local cuidadosamente escolhido, de onde conseguia ver pela janela as construções da cobiçada cidade que acabara de conquistar.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
NOVE
CONSTÂNCIA, o FILHO, Helena e pequena comitiva saíram logo pela manhã.
Seguiam rumo a Nicomedia, onde Licínio se refugiara, buscando algum tempo para que pudesse negociar algo em seu favor, junto ao seu opositor.
Assim que o pequeno grupo alcançou o seu destino, Licínio foi avisado da chegada da família.
Ao avistá-lo, o coração de Constância disparou.
O marido estava pálido e abatido, visivelmente doente.
Ela correu-lhe ao encontro, angustiada:
- Como está, querido? Fiquei tão preocupada...
Erguendo um pouco a cabeça, ele respondeu, agressivo:
- Como acha que posso estar?
Seu irmão me tirou tudo...
Abraçando-o com ternura, ela pediu:
- Querido, é hora de abrir mão dessa disputa. Acabou.
Constantino ocupou Bizâncio, mas lhe concedeu o perdão e o direito de ficarmos todos juntos.
Poderemos viver nossa vida...
- Que vida? O que me resta além da vergonha, da humilhação da derrota?
Uma vida medíocre, em um buraco qualquer, fugindo e temendo as atitudes de Constantino?
Aproximando-se, Juliano tocou o ombro do pai, que permanecia sentado, cabisbaixo, e pediu:
- Anime-se, pai.
Com sua experiência, pode ainda realizar muitas coisas...
Erguendo a cabeça o imperador abatido fitou o filho e comentou:
- Você não tem mesmo brios, não é?
Estou derrotado. Minha família está envergonhada, vencida...
Meu reino foi tirado, eu perdi tudo...
Estou derrotado... Já nada mais me interessa...
- Constantino permitirá que vivamos com tudo aquilo de que necessitamos - aduziu Constância.
Você poderá fazer as coisas de que gosta, ou pelo menos gostava quando nos conhecemos...
Olhando para a esposa, ele permaneceu em silêncio.
Depois indagou:
- E para onde vai nos enviar?
Decerto para algum fim de mundo, abandonado por todos...
- Não sei bem, mas acho que nos enviará para Tessalónica.
Erguendo-se, Licínio indagou:
- Tessalónica?
- Acho que sim.
- E por quê?
-Quando me disse que concordava em perdoá-lo, ouvi uma conversa breve entre ele e Marco, e parece que falaram algo sobre Tessalónica.
Gostaria de ir para lá, Licínio?
CONSTÂNCIA, o FILHO, Helena e pequena comitiva saíram logo pela manhã.
Seguiam rumo a Nicomedia, onde Licínio se refugiara, buscando algum tempo para que pudesse negociar algo em seu favor, junto ao seu opositor.
Assim que o pequeno grupo alcançou o seu destino, Licínio foi avisado da chegada da família.
Ao avistá-lo, o coração de Constância disparou.
O marido estava pálido e abatido, visivelmente doente.
Ela correu-lhe ao encontro, angustiada:
- Como está, querido? Fiquei tão preocupada...
Erguendo um pouco a cabeça, ele respondeu, agressivo:
- Como acha que posso estar?
Seu irmão me tirou tudo...
Abraçando-o com ternura, ela pediu:
- Querido, é hora de abrir mão dessa disputa. Acabou.
Constantino ocupou Bizâncio, mas lhe concedeu o perdão e o direito de ficarmos todos juntos.
Poderemos viver nossa vida...
- Que vida? O que me resta além da vergonha, da humilhação da derrota?
Uma vida medíocre, em um buraco qualquer, fugindo e temendo as atitudes de Constantino?
Aproximando-se, Juliano tocou o ombro do pai, que permanecia sentado, cabisbaixo, e pediu:
- Anime-se, pai.
Com sua experiência, pode ainda realizar muitas coisas...
Erguendo a cabeça o imperador abatido fitou o filho e comentou:
- Você não tem mesmo brios, não é?
Estou derrotado. Minha família está envergonhada, vencida...
Meu reino foi tirado, eu perdi tudo...
Estou derrotado... Já nada mais me interessa...
- Constantino permitirá que vivamos com tudo aquilo de que necessitamos - aduziu Constância.
Você poderá fazer as coisas de que gosta, ou pelo menos gostava quando nos conhecemos...
Olhando para a esposa, ele permaneceu em silêncio.
Depois indagou:
- E para onde vai nos enviar?
Decerto para algum fim de mundo, abandonado por todos...
- Não sei bem, mas acho que nos enviará para Tessalónica.
Erguendo-se, Licínio indagou:
- Tessalónica?
- Acho que sim.
- E por quê?
-Quando me disse que concordava em perdoá-lo, ouvi uma conversa breve entre ele e Marco, e parece que falaram algo sobre Tessalónica.
Gostaria de ir para lá, Licínio?
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
- Mas é claro!
É um lugar de onde posso fazer muitos contactos e, quem sabe, reorganizar um exército...
Colocando o dedo indicador sobre os lábios do marido, ela pediu:
- Não fale nada, por favor.
Olhou na direcção dos soldados que os haviam acompanhado e pediu:
- Agora temos de ir. Constantino nos aguarda.
Ainda sem ânimo, Licínio juntou-se ao grupo e retornaram para Bizâncio.
Ao entrarem na localidade fortificada, Licínio não conseguia conter o ódio que sentia por ter perdido aquela poderosa cidade.
Via o desprezo no olhar daqueles que haviam sido seus súbditos.
Seu ódio crescia a cada passo que dava.
Ao aproximar-se da ampla sala que havia sido seu lugar preferido para governar, sua cólera aumentou ainda mais.
Seu coração batia descompassado, suas mãos estavam geladas e trémulas, mas Licínio sabia, como ninguém, controlar e dissimular as emoções.
Ao divisar seu trono ocupado pelo rival, sentiu como se todo o sangue do corpo lhe subisse à cabeça.
Seu coração parecia que explodiria dentro do peito.
Ao vê-lo, Constantino ergueu-se e aproximou-se.
Licínio, ciente de sua posição, ajoelhou-se diante do inimigo e permaneceu de cabeça quase no chão.
Constantino observou-o atentamente e depois de alguns segundos disse:
- Levante-se, Licínio.
Você está perdoado.
Poderá passar o resto de seus dias com todo o conforto e toda a sua riqueza.
Seu exílio será em Tessalónica.
Partem pela manhã.
Sem dizer nada, Licínio balançou a cabeça e ajoelhou-se outra vez em reverência diante do opositor.
Constantino pediu:
- Agora vamos, como forma de encerrarmos de vez essa disputa.
É hora de agirmos como cidadãos romanos da alta estirpe que somos.
Venha sentar-se comigo á mesa.
Cearemos e encerraremos essa discórdia de vez.
Fomos amigos, afinal.
Consideremos que a posição que ocupávamos nos obrigou aos actos que tivemos.
Mas entre nós, Licínio, nada existe que nos faça reais inimigos...
Concordando mais uma vez com a cabeça, em silêncio, Licínio acompanhou a comitiva que seguia Constantino até uma enorme sala onde grande mesa estava montada.
Acomodaram-se. Constância, que ocupava o lugar ao lado do marido, buscava distraí-lo e animá-lo o quanto podia.
Mas sabia que aquele era um momento tremendamente difícil para ele.
O acto de perdão e concórdia de Constantino tornava-o ainda mais forte diante dos cidadãos de Bizâncio e de seus próprios comandados.
Aquele parecia um homem perfeito, quase um deus...
Na manhã seguinte, número considerável de homens seguiu para Tessalónica com Licínio e sua família.
O imperador vencido seguiu calado a maior parte do caminho.
Por mais que Constância tentasse conversar, permaneceu mudo.
É um lugar de onde posso fazer muitos contactos e, quem sabe, reorganizar um exército...
Colocando o dedo indicador sobre os lábios do marido, ela pediu:
- Não fale nada, por favor.
Olhou na direcção dos soldados que os haviam acompanhado e pediu:
- Agora temos de ir. Constantino nos aguarda.
Ainda sem ânimo, Licínio juntou-se ao grupo e retornaram para Bizâncio.
Ao entrarem na localidade fortificada, Licínio não conseguia conter o ódio que sentia por ter perdido aquela poderosa cidade.
Via o desprezo no olhar daqueles que haviam sido seus súbditos.
Seu ódio crescia a cada passo que dava.
Ao aproximar-se da ampla sala que havia sido seu lugar preferido para governar, sua cólera aumentou ainda mais.
Seu coração batia descompassado, suas mãos estavam geladas e trémulas, mas Licínio sabia, como ninguém, controlar e dissimular as emoções.
Ao divisar seu trono ocupado pelo rival, sentiu como se todo o sangue do corpo lhe subisse à cabeça.
Seu coração parecia que explodiria dentro do peito.
Ao vê-lo, Constantino ergueu-se e aproximou-se.
Licínio, ciente de sua posição, ajoelhou-se diante do inimigo e permaneceu de cabeça quase no chão.
Constantino observou-o atentamente e depois de alguns segundos disse:
- Levante-se, Licínio.
Você está perdoado.
Poderá passar o resto de seus dias com todo o conforto e toda a sua riqueza.
Seu exílio será em Tessalónica.
Partem pela manhã.
Sem dizer nada, Licínio balançou a cabeça e ajoelhou-se outra vez em reverência diante do opositor.
Constantino pediu:
- Agora vamos, como forma de encerrarmos de vez essa disputa.
É hora de agirmos como cidadãos romanos da alta estirpe que somos.
Venha sentar-se comigo á mesa.
Cearemos e encerraremos essa discórdia de vez.
Fomos amigos, afinal.
Consideremos que a posição que ocupávamos nos obrigou aos actos que tivemos.
Mas entre nós, Licínio, nada existe que nos faça reais inimigos...
Concordando mais uma vez com a cabeça, em silêncio, Licínio acompanhou a comitiva que seguia Constantino até uma enorme sala onde grande mesa estava montada.
Acomodaram-se. Constância, que ocupava o lugar ao lado do marido, buscava distraí-lo e animá-lo o quanto podia.
Mas sabia que aquele era um momento tremendamente difícil para ele.
O acto de perdão e concórdia de Constantino tornava-o ainda mais forte diante dos cidadãos de Bizâncio e de seus próprios comandados.
Aquele parecia um homem perfeito, quase um deus...
Na manhã seguinte, número considerável de homens seguiu para Tessalónica com Licínio e sua família.
O imperador vencido seguiu calado a maior parte do caminho.
Por mais que Constância tentasse conversar, permaneceu mudo.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Depois de acomodado em ampla mansão, com todo o conforto e trazendo consigo as riquezas pessoais, conforme Constantino havia prometido, Licínio descansou pelo resto do dia.
À noite, pouco antes do jantar, avisou:
- Não me esperem para o jantar.
Surpresa, a esposa perguntou:
- Aonde vai?
- Preciso encontrar alguns velhos amigos.
Espero que eles possam ajudar-me.
Pressentindo com clareza as intenções do marido, Constância pediu:
- Querido, acabamos de chegar e você precisa se recuperar.
Ainda está cansado...
Sem esperar que terminasse ele falou:
- Cale-se, Constância. Sua voz me irrita!
Com lágrimas nos olhos ela respondeu:
- Eu só quero o seu bem...
- Então deixe-me em paz!
E saiu imediatamente, sem dizer mais nada.
Distante dali, Constantino jantava exultante com seus homens de confiança e com a família.
Crispus estava sentado à sua direita e Fausta ocupava o outro lado da mesa.
A bela e sensual esposa do imperador tinha traços delicados.
Sua beleza era suave e discreta, carregada de feminilidade e subtilezas.
Ela sabia da atracção que causava no sexo oposto e utilizava esse poder conscientemente.
Era altiva, e sua posição a envaidecia e alimentava fortemente seu orgulho.
Constantino conversava animado sobre seus planos:
- Vou transformar Bizâncio na capital do império.
Aqui será o centro do mundo!
Marco sorriu e indagou:
- E quanto a Roma?
- Roma está decadente.
Quero algo especial, que marque minha passagem sobre este império para sempre.
Fausta acompanhava a conversa em silêncio.
Depois de longa pausa do pai, Crispus indagou:
- Confia em Licínio? Vai deixá-lo mesmo livre?
Acho que ele será perigoso...
Deveríamos tê-lo aqui connosco, como seu prisioneiro...
Constantino fitou o filho e comentou:
- Ora, Crispus, por que sempre questiona minhas ordens?
Não consegue confiar em minhas decisões, não é?
O rapaz ficou imediatamente lívido.
Não conseguia aproximar-se mais de seu pai e isso o incomodava muito.
À noite, pouco antes do jantar, avisou:
- Não me esperem para o jantar.
Surpresa, a esposa perguntou:
- Aonde vai?
- Preciso encontrar alguns velhos amigos.
Espero que eles possam ajudar-me.
Pressentindo com clareza as intenções do marido, Constância pediu:
- Querido, acabamos de chegar e você precisa se recuperar.
Ainda está cansado...
Sem esperar que terminasse ele falou:
- Cale-se, Constância. Sua voz me irrita!
Com lágrimas nos olhos ela respondeu:
- Eu só quero o seu bem...
- Então deixe-me em paz!
E saiu imediatamente, sem dizer mais nada.
Distante dali, Constantino jantava exultante com seus homens de confiança e com a família.
Crispus estava sentado à sua direita e Fausta ocupava o outro lado da mesa.
A bela e sensual esposa do imperador tinha traços delicados.
Sua beleza era suave e discreta, carregada de feminilidade e subtilezas.
Ela sabia da atracção que causava no sexo oposto e utilizava esse poder conscientemente.
Era altiva, e sua posição a envaidecia e alimentava fortemente seu orgulho.
Constantino conversava animado sobre seus planos:
- Vou transformar Bizâncio na capital do império.
Aqui será o centro do mundo!
Marco sorriu e indagou:
- E quanto a Roma?
- Roma está decadente.
Quero algo especial, que marque minha passagem sobre este império para sempre.
Fausta acompanhava a conversa em silêncio.
Depois de longa pausa do pai, Crispus indagou:
- Confia em Licínio? Vai deixá-lo mesmo livre?
Acho que ele será perigoso...
Deveríamos tê-lo aqui connosco, como seu prisioneiro...
Constantino fitou o filho e comentou:
- Ora, Crispus, por que sempre questiona minhas ordens?
Não consegue confiar em minhas decisões, não é?
O rapaz ficou imediatamente lívido.
Não conseguia aproximar-se mais de seu pai e isso o incomodava muito.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Respirou fundo antes de responder:
- Não é isso, pai...
Mas ele é um homem perigoso, você sabe...
Constantino bateu com toda a força sobre a mesa e disse:
- Acha que porque venceu uma batalhazinha no mar pode questionar minhas ordens, minhas decisões?
Fez uma pausa, depois concluiu:
- Sei muito bem o que estou fazendo.
Rubro de raiva, Crispus baixou a cabeça e continuou comendo.
Constantino comentou com Marco, sentado à sua direita:
- Insolente, esse meu filho...
Na verdade, Marco também não compreendia a reacção do imperador.
Quando recebera a notícia da corajosa e brava vitória que o rapaz havia alcançado no estreito do Helesponto, ele demonstrara quase desdém.
O homem de maior confiança de Constantino não conseguia compreender-lhe a reacção.
Fausta, que tudo observava em silêncio, comentou com sua serva pouco depois, em seu quarto, enquanto aquela lhe penteava os longos cabelos castanhos:
- Sei bem por que Constantino não reconhece a fragorosa vitória do filho.
- E por que, minha senhora?
- Ficou com ciúme, isso sim.
- A senhora acha?!
- Tenho certeza. Ele tem medo até da própria sombra.
Não tardará e esse ciúme vai controlá-lo.
Até porque Crispus está ficando cansado de fazer tudo pelo pai e não ser reconhecido.
Sorrindo maliciosamente, ela completou:
- Vamos dar uma ajudazinha à natureza, é claro...
Sem compreender, a serva terminou o que fazia e então ajudou sua senhora a trocar de roupa, acomodou-a na cama e saiu do quarto apagando uma das velas.
- Não é isso, pai...
Mas ele é um homem perigoso, você sabe...
Constantino bateu com toda a força sobre a mesa e disse:
- Acha que porque venceu uma batalhazinha no mar pode questionar minhas ordens, minhas decisões?
Fez uma pausa, depois concluiu:
- Sei muito bem o que estou fazendo.
Rubro de raiva, Crispus baixou a cabeça e continuou comendo.
Constantino comentou com Marco, sentado à sua direita:
- Insolente, esse meu filho...
Na verdade, Marco também não compreendia a reacção do imperador.
Quando recebera a notícia da corajosa e brava vitória que o rapaz havia alcançado no estreito do Helesponto, ele demonstrara quase desdém.
O homem de maior confiança de Constantino não conseguia compreender-lhe a reacção.
Fausta, que tudo observava em silêncio, comentou com sua serva pouco depois, em seu quarto, enquanto aquela lhe penteava os longos cabelos castanhos:
- Sei bem por que Constantino não reconhece a fragorosa vitória do filho.
- E por que, minha senhora?
- Ficou com ciúme, isso sim.
- A senhora acha?!
- Tenho certeza. Ele tem medo até da própria sombra.
Não tardará e esse ciúme vai controlá-lo.
Até porque Crispus está ficando cansado de fazer tudo pelo pai e não ser reconhecido.
Sorrindo maliciosamente, ela completou:
- Vamos dar uma ajudazinha à natureza, é claro...
Sem compreender, a serva terminou o que fazia e então ajudou sua senhora a trocar de roupa, acomodou-a na cama e saiu do quarto apagando uma das velas.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
DEZ
ALGUNS MESES SE PASSARAM.
Vez por outra chegavam aos ouvidos de Constantino rumores de que Licínio se encontrava com antigos amigos de combate.
E ele calmamente comentava:
- Não conseguirá fazer mais nada.
Simplesmente, está acabado.
Enquanto dormia, Constantino recebia visitas espirituais que desejavam controlá-lo para satisfazer seus interesses.
A respeito dessas companhias, Angélica comentava com Ernesto:
- Está cada vez mais difícil transmitirmos nossos pensamentos a Ferdinando, ora encarnado como Constantino.
Ele parece não nos ouvir mais.
Continua cercado, e cada vez mais, pelos nossos irmãos que caminham distante da luz de Jesus, opondo-se sistematicamente à expansão do Cristianismo sobre a Terra.
A escuridão, pouco a pouco, toma conta da mente e do coração de Ferdinando.
Agora, mais do que nunca, pode-se observar claramente em torno de seu corpo espiritual a formação de densas energias enegrecidas e de baixo teor vibratório.
Suspirando fundo, Ernesto comentou:
- Eles insistem em combater qualquer esforço para a expansão dos ensinos de Jesus e, principalmente, para que eles sejam devidamente compreendido pelas pessoas.
- É muito triste a situação desses nossos irmãos.
Não percebem que os ensinos de Jesus lhes trarão libertação e auxílio?
Não vêem, quanta esperança espalham sobre a humanidade?
- Eles sabem disso.
- No entanto, mesmo assim se opõem sistematicamente.
- Desejam deturpar os preciosos ensinos de Jesus.
- E o que ganham com isso?
- Persistem na ilusão que os alimentava na Terra, e ainda os alimenta no plano espiritual imediatamente ligado ao orbe terreno.
Ambos ficaram pensativos por alguns instantes, depois Angélica afirmou:
- Do modo como Ferdinando está agora, acho que não conseguirá mais nos ajudar.
Ernesto comentou:
- E acho até que poderá prejudicar, e muito, o processo de crescimento do Cristianismo.
Percebendo a preocupação de Ernesto, Angélica indagou:
- Será que ele apagou por completo da memória os compromissos assumidos antes de reencarnar?
- Por certo que não.
Ele sabe, tem consciência deles, mas de seu subconsciente emergem forças que o atraem para o que ainda é no íntimo.
Os defeitos morais que tenta combater exercem profunda atracção sobre sua personalidade actual.
Somente com muito esforço, humildade e dedicação ao bem ele poderia vencer-se e superar-se.
- E a nossa grande luta interior...
Abraçando Angélica fraternalmente, Ernesto reforçou:
- E é por esse motivo que nossos irmãos sobre a Terra necessitam tanto de nossa ajuda.
Somente na troca entre os dois planos conseguiremos nos ajudar mutuamente e sair vitoriosos desta luta, que é de toda a humanidade, pela iluminação interior de cada ser humano e a consequente ascensão da Terra para um mundo de regeneração.
ALGUNS MESES SE PASSARAM.
Vez por outra chegavam aos ouvidos de Constantino rumores de que Licínio se encontrava com antigos amigos de combate.
E ele calmamente comentava:
- Não conseguirá fazer mais nada.
Simplesmente, está acabado.
Enquanto dormia, Constantino recebia visitas espirituais que desejavam controlá-lo para satisfazer seus interesses.
A respeito dessas companhias, Angélica comentava com Ernesto:
- Está cada vez mais difícil transmitirmos nossos pensamentos a Ferdinando, ora encarnado como Constantino.
Ele parece não nos ouvir mais.
Continua cercado, e cada vez mais, pelos nossos irmãos que caminham distante da luz de Jesus, opondo-se sistematicamente à expansão do Cristianismo sobre a Terra.
A escuridão, pouco a pouco, toma conta da mente e do coração de Ferdinando.
Agora, mais do que nunca, pode-se observar claramente em torno de seu corpo espiritual a formação de densas energias enegrecidas e de baixo teor vibratório.
Suspirando fundo, Ernesto comentou:
- Eles insistem em combater qualquer esforço para a expansão dos ensinos de Jesus e, principalmente, para que eles sejam devidamente compreendido pelas pessoas.
- É muito triste a situação desses nossos irmãos.
Não percebem que os ensinos de Jesus lhes trarão libertação e auxílio?
Não vêem, quanta esperança espalham sobre a humanidade?
- Eles sabem disso.
- No entanto, mesmo assim se opõem sistematicamente.
- Desejam deturpar os preciosos ensinos de Jesus.
- E o que ganham com isso?
- Persistem na ilusão que os alimentava na Terra, e ainda os alimenta no plano espiritual imediatamente ligado ao orbe terreno.
Ambos ficaram pensativos por alguns instantes, depois Angélica afirmou:
- Do modo como Ferdinando está agora, acho que não conseguirá mais nos ajudar.
Ernesto comentou:
- E acho até que poderá prejudicar, e muito, o processo de crescimento do Cristianismo.
Percebendo a preocupação de Ernesto, Angélica indagou:
- Será que ele apagou por completo da memória os compromissos assumidos antes de reencarnar?
- Por certo que não.
Ele sabe, tem consciência deles, mas de seu subconsciente emergem forças que o atraem para o que ainda é no íntimo.
Os defeitos morais que tenta combater exercem profunda atracção sobre sua personalidade actual.
Somente com muito esforço, humildade e dedicação ao bem ele poderia vencer-se e superar-se.
- E a nossa grande luta interior...
Abraçando Angélica fraternalmente, Ernesto reforçou:
- E é por esse motivo que nossos irmãos sobre a Terra necessitam tanto de nossa ajuda.
Somente na troca entre os dois planos conseguiremos nos ajudar mutuamente e sair vitoriosos desta luta, que é de toda a humanidade, pela iluminação interior de cada ser humano e a consequente ascensão da Terra para um mundo de regeneração.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Muito interessada, Angélica indagou:
- E você sabe quanto tempo ainda levará para que isso aconteça, Ernesto?
- Acho que, de facto, só Deus o sabe.
Dependerá de como a humanidade conduzirá seu destino rumo ao Criador.
Angélica ergueu-se e disse, cheia de entusiasmo:
- Então temos muito trabalho a fazer.
- Temos muito trabalho, minha amiga.
- E o que vamos fazer de agora em diante com Ferdinando?
- Por enquanto, continuaremos a cercá-lo com toda a ajuda que pudermos, no sentido de lembrá-lo de seus compromissos.
Consultaremos nossos orientadores, mas se possível for, traremos Ferdinando até aqui, durante o sono, para conversar com ele.
- Então, volto agora mesmo para junto de nosso amigo.
Estarei de prontidão para o que for necessário.
- Ore muito, Angélica, pois sua vibração de amor atinge sempre o coração de nossos irmãos encarnados.
Abraçando mais uma vez o amigo e companheiro de trabalho, Angélica abriu largo e sincero sorriso e despediu-se de Ernesto, retornando para junto de Ferdinando.
Logo que adentrou o quarto onde ele dormia, encontrou três entidades espirituais de pesado teor vibratório que permaneciam em torno dele.
Conversavam, sem registar a presença de Angélica:
- Ele está cedendo às nossas sugestões...
- E será completamente dominado por nós.
O outro concordou:
- Com algumas interferências aqui e ali, acabaremos com a encarnação dele.
Um deles perguntou, confuso:
- Ele vai morrer logo?
- Claro que não, estúpido!
Se conseguirmos desvirtuá-lo do caminho que tinha tomado inicialmente, será de muita utilidade para nossos superiores...
- Então ele continuará vivo.
- Vivo e conquistando tudo pela frente.
Quanto mais sucesso tiver, no ponto em que está, mais ficará em nossas mãos.
A sua gana de poder nos é muito útil.
Um deles comentou:
- De facto, é uma das ferramentas que nos facilita a aproximação.
Uma das entidades aproximou-se do corpo físico de Constantino, sugando-lhe as energias vitais e sussurrando-lhe ao ouvido:
- Acabe com Licínio.
Ele ainda lhe trará problemas.
Coloque seu plano em acção.
Por que esperar mais?
Por vezes, Constantino se revirava na cama agitado.
Seu corpo espiritual, em profundo torpor, permanecia em repouso ligeiramente acima de seu corpo físico.
Angélica suspirou fundo e, avistando outro companheiro espiritual da luz, aproximou-se dele e comentou:
- Olá, Germano, como está?
- Muito preocupado com a situação de nosso irmão.
- Ernesto deverá vir buscá-lo, na tentativa de relembrá-lo de seus deveres.
Os dois avaliaram a situação espiritual danosa em que se encontrava o grande imperador e depois se entreolharam.
- E você sabe quanto tempo ainda levará para que isso aconteça, Ernesto?
- Acho que, de facto, só Deus o sabe.
Dependerá de como a humanidade conduzirá seu destino rumo ao Criador.
Angélica ergueu-se e disse, cheia de entusiasmo:
- Então temos muito trabalho a fazer.
- Temos muito trabalho, minha amiga.
- E o que vamos fazer de agora em diante com Ferdinando?
- Por enquanto, continuaremos a cercá-lo com toda a ajuda que pudermos, no sentido de lembrá-lo de seus compromissos.
Consultaremos nossos orientadores, mas se possível for, traremos Ferdinando até aqui, durante o sono, para conversar com ele.
- Então, volto agora mesmo para junto de nosso amigo.
Estarei de prontidão para o que for necessário.
- Ore muito, Angélica, pois sua vibração de amor atinge sempre o coração de nossos irmãos encarnados.
Abraçando mais uma vez o amigo e companheiro de trabalho, Angélica abriu largo e sincero sorriso e despediu-se de Ernesto, retornando para junto de Ferdinando.
Logo que adentrou o quarto onde ele dormia, encontrou três entidades espirituais de pesado teor vibratório que permaneciam em torno dele.
Conversavam, sem registar a presença de Angélica:
- Ele está cedendo às nossas sugestões...
- E será completamente dominado por nós.
O outro concordou:
- Com algumas interferências aqui e ali, acabaremos com a encarnação dele.
Um deles perguntou, confuso:
- Ele vai morrer logo?
- Claro que não, estúpido!
Se conseguirmos desvirtuá-lo do caminho que tinha tomado inicialmente, será de muita utilidade para nossos superiores...
- Então ele continuará vivo.
- Vivo e conquistando tudo pela frente.
Quanto mais sucesso tiver, no ponto em que está, mais ficará em nossas mãos.
A sua gana de poder nos é muito útil.
Um deles comentou:
- De facto, é uma das ferramentas que nos facilita a aproximação.
Uma das entidades aproximou-se do corpo físico de Constantino, sugando-lhe as energias vitais e sussurrando-lhe ao ouvido:
- Acabe com Licínio.
Ele ainda lhe trará problemas.
Coloque seu plano em acção.
Por que esperar mais?
Por vezes, Constantino se revirava na cama agitado.
Seu corpo espiritual, em profundo torpor, permanecia em repouso ligeiramente acima de seu corpo físico.
Angélica suspirou fundo e, avistando outro companheiro espiritual da luz, aproximou-se dele e comentou:
- Olá, Germano, como está?
- Muito preocupado com a situação de nosso irmão.
- Ernesto deverá vir buscá-lo, na tentativa de relembrá-lo de seus deveres.
Os dois avaliaram a situação espiritual danosa em que se encontrava o grande imperador e depois se entreolharam.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Com os olhos marejados, Angélica convidou:
- Oremos, Germano, pedindo aos céus que auxiliem nosso irmão.
Fechou os olhos e proferiu sentida oração, rogando o amparo divino para Constantino.
Em alguns instantes o quarto encheu-se de safírica luz, e as entidades espirituais das trevas experimentaram imediato desconforto.
Uma delas falou:
- Estão aqui, mas não vamos sair.
Um deles gritou, irritado:
- Quero ir embora!
Estou me sentindo mal aqui dentro.
- Pois aguente firme. Precisamos ficar.
Aqueles que sugavam as energias de Constantino não conseguiram continuar e tiveram de afastar-se ligeiramente.
Diante das emanações de amor e paz que envolveram o ambiente, suas próprias energias se enfraqueceram, concedendo momentânea trégua ao imperador, que pareceu dormir mais serenamente.
Germano comentou:
- Bem, conseguimos uma trégua, não é mesmo?
Preocupada, Angélica aquiesceu e disse:
- Mas por quanto tempo, meu amigo?
As atitudes de Constantino não ajudam;
pelo contrário, fortalecem mais e mais a acção desses irmãos equivocados e doentes.
Depois de longa pausa, ela suspirou fundo e falou:
- Confiemos em Deus.
Ele é dono de tudo e de todos.
Na manhã seguinte, Constantino acordou ainda entorpecido, mas decidido.
Três dias depois, em Tessalónica, Licínio despertou cedo naquela manhã.
Marcara um encontro com alguns de seus amigos e estava saindo, quando Constância foi ao seu encontro:
- Licínio, aonde vai?
Antes que ele respondesse, segurou-lhe os braços, pedindo:
- Não saia hoje, por favor.
- E por que não?
Hesitante, ela explicou:
- Tive um sonho estranho e confuso esta noite.
Estou angustiada, triste.
Não sei explicar, mas gostaria que você ficasse aqui hoje, por favor.
Afastando-se da esposa, ele falou, desdenhoso:
- Ora, Constância, se eu for dar ouvidos a esses seus sonhos, não faço nada...
Você vive tendo sonhos a toda hora.
Ela tentou argumentar:
- É que esse foi tão real...
Silenciou por um instante e, em lágrimas, continuou:
-Tão triste...
- Não quero saber desses seus sonhos.
Tenho compromisso e não venho para o almoço.
- Oremos, Germano, pedindo aos céus que auxiliem nosso irmão.
Fechou os olhos e proferiu sentida oração, rogando o amparo divino para Constantino.
Em alguns instantes o quarto encheu-se de safírica luz, e as entidades espirituais das trevas experimentaram imediato desconforto.
Uma delas falou:
- Estão aqui, mas não vamos sair.
Um deles gritou, irritado:
- Quero ir embora!
Estou me sentindo mal aqui dentro.
- Pois aguente firme. Precisamos ficar.
Aqueles que sugavam as energias de Constantino não conseguiram continuar e tiveram de afastar-se ligeiramente.
Diante das emanações de amor e paz que envolveram o ambiente, suas próprias energias se enfraqueceram, concedendo momentânea trégua ao imperador, que pareceu dormir mais serenamente.
Germano comentou:
- Bem, conseguimos uma trégua, não é mesmo?
Preocupada, Angélica aquiesceu e disse:
- Mas por quanto tempo, meu amigo?
As atitudes de Constantino não ajudam;
pelo contrário, fortalecem mais e mais a acção desses irmãos equivocados e doentes.
Depois de longa pausa, ela suspirou fundo e falou:
- Confiemos em Deus.
Ele é dono de tudo e de todos.
Na manhã seguinte, Constantino acordou ainda entorpecido, mas decidido.
Três dias depois, em Tessalónica, Licínio despertou cedo naquela manhã.
Marcara um encontro com alguns de seus amigos e estava saindo, quando Constância foi ao seu encontro:
- Licínio, aonde vai?
Antes que ele respondesse, segurou-lhe os braços, pedindo:
- Não saia hoje, por favor.
- E por que não?
Hesitante, ela explicou:
- Tive um sonho estranho e confuso esta noite.
Estou angustiada, triste.
Não sei explicar, mas gostaria que você ficasse aqui hoje, por favor.
Afastando-se da esposa, ele falou, desdenhoso:
- Ora, Constância, se eu for dar ouvidos a esses seus sonhos, não faço nada...
Você vive tendo sonhos a toda hora.
Ela tentou argumentar:
- É que esse foi tão real...
Silenciou por um instante e, em lágrimas, continuou:
-Tão triste...
- Não quero saber desses seus sonhos.
Tenho compromisso e não venho para o almoço.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Saiu.
Ao aproximar-se do estábulo, um de seus servos aproximou-se e lhe entregou pequeno pergaminho com curta mensagem:
"Estamos aguardando você nas colinas.
É necessário termos muito cuidado e sigilo absoluto.
Constantino espreita nossos passos."
Licínio montou seu cavalo e dispensou o serviço de seus soldados:
- Não precisam me acompanhar.
Vou sozinho hoje.
E desapareceu depressa na direcção do ponto onde era esperado.
Assim que alcançou o alto da colina, de onde podia avistar a cidade, apeou e prendia o animal quando viu um homem encapuzado aproximar-se.
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, o homem sacou uma espada e feriu-o no coração.
Apesar de ser um homem de vigorosa compleição física, Licínio sentiu o forte golpe e agarrou-se à túnica do agressor, desnudando-lhe a cabeça.
De joelhos, já quase sem vida, olhou para o homem que o agredira e balbuciou:
-Marco...
Foram suas últimas palavras, antes que seu corpo tombasse ao chão sem vida.
Marco certificou-se de que cumprira devidamente suas ordens e foi depressa para trás de alguns arbustos, onde escondera seu cavalo.
Assim que o corpo físico de Licínio tombou, inerte, seu corpo espiritual se desprendeu.
Indignado, ele gritava, sem ter total consciência de seu novo estado:
- Eu acabo com você, seu covarde.
E bem próprio de seu senhor!
Eu acabo com ambos.
E rapidamente, sem que Marco pudesse notar qualquer diferença, agarrou-se a ele, em espírito, e seguiram a galope para Bizâncio.
Marco levava consigo o inimigo de Constantino, agora desencarnado.
Ao aproximar-se do estábulo, um de seus servos aproximou-se e lhe entregou pequeno pergaminho com curta mensagem:
"Estamos aguardando você nas colinas.
É necessário termos muito cuidado e sigilo absoluto.
Constantino espreita nossos passos."
Licínio montou seu cavalo e dispensou o serviço de seus soldados:
- Não precisam me acompanhar.
Vou sozinho hoje.
E desapareceu depressa na direcção do ponto onde era esperado.
Assim que alcançou o alto da colina, de onde podia avistar a cidade, apeou e prendia o animal quando viu um homem encapuzado aproximar-se.
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, o homem sacou uma espada e feriu-o no coração.
Apesar de ser um homem de vigorosa compleição física, Licínio sentiu o forte golpe e agarrou-se à túnica do agressor, desnudando-lhe a cabeça.
De joelhos, já quase sem vida, olhou para o homem que o agredira e balbuciou:
-Marco...
Foram suas últimas palavras, antes que seu corpo tombasse ao chão sem vida.
Marco certificou-se de que cumprira devidamente suas ordens e foi depressa para trás de alguns arbustos, onde escondera seu cavalo.
Assim que o corpo físico de Licínio tombou, inerte, seu corpo espiritual se desprendeu.
Indignado, ele gritava, sem ter total consciência de seu novo estado:
- Eu acabo com você, seu covarde.
E bem próprio de seu senhor!
Eu acabo com ambos.
E rapidamente, sem que Marco pudesse notar qualquer diferença, agarrou-se a ele, em espírito, e seguiram a galope para Bizâncio.
Marco levava consigo o inimigo de Constantino, agora desencarnado.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
ONZE
A VIAGEM DE VOLTA a Bizâncio foi marcada por dificuldades inesperadas, ladrões e animais perigosos.
Marco estava perturbado e agitado.
Executou as ordens de seu imperador, mas, ao contrário das outras vezes, em que nos campos de batalha era obrigado a executar seus inimigos, aquela situação o deixara visivelmente vulnerável.
Demorou-se mais do que o previsto e, quando adentrou os portões da bela cidade oriental do império romano, suspirou aliviado, murmurando:
- Finalmente estou em casa!
Apresentou-se imediatamente ao imperador, que o aguardava aflito.
Ajoelhando-se diante de Constantino, ouviu dele:
- Levante-se, Marco.
Estava a ponto de enviar alguém atrás de você.
O que aconteceu afinal?
Desincumbiu-se da tarefa que lhe confiei às mãos?
- Certamente, meu senhor.
Sua ordem está cumprida, com todos ou cuidados necessários.
Meu atraso deve-se a problemas que tive no caminho de volta.
- Que problemas?
Foi seguido? Alguém presenciou?
- Não, meu imperador, não fui visto por ninguém.
Enfrentei alguns percalços inesperados:
animais selvagens me atacaram sem que pudesse pressentir-lhes a aproximação e também dois bandos de ladrões me cercaram.
Consegui fugir de um deles, mas com o outro tive de deixar todos os meus bens, até mesmo meu cavalo.
- Não posso acreditar.
Isso aconteceu aqui, no oriente?
- Não, foi ainda no ocidente.
Sentando-se outra vez em seu portentoso trono, o imperador segurou firme nos braços da sumptuosa cadeira e comentou, triunfante, quase sem escutar o que seu fiel servidor lhe narrava:
- Então, sou finalmente o imperador absoluto.
Fazendo sinal de reverência, Marco confirmou:
- Sim, o senhor agora é o único imperador de Roma.
Constantino sorriu entre aliviado e satisfeito.
Depois, levantou-se e tocou com firmeza o ombro do amigo, pedindo:
- Vá descansar, Marco, você merece e me parece muito cansado.
Realmente sua viagem não deve ter sido fácil.
Marco agradeceu e se retirou sem conseguir parar de pensar que nada havia sido fácil naquela tarefa que cumprira para o seu senhor.
Por diversas vezes, vinha à sua mente a imagem de Licínio em seus derradeiros instantes, e sentia-se atormentado por aquela lembrança.
Por sua vez, Licínio, cujo corpo espiritual ficara na sala do trono, em companhia de Constantino, sussurrou ao ouvido do imperador:
- Pensa que vai fazer bom uso de seu poder?
Vou infernizar e destruir sua vida.
Você não terá mais paz.
A VIAGEM DE VOLTA a Bizâncio foi marcada por dificuldades inesperadas, ladrões e animais perigosos.
Marco estava perturbado e agitado.
Executou as ordens de seu imperador, mas, ao contrário das outras vezes, em que nos campos de batalha era obrigado a executar seus inimigos, aquela situação o deixara visivelmente vulnerável.
Demorou-se mais do que o previsto e, quando adentrou os portões da bela cidade oriental do império romano, suspirou aliviado, murmurando:
- Finalmente estou em casa!
Apresentou-se imediatamente ao imperador, que o aguardava aflito.
Ajoelhando-se diante de Constantino, ouviu dele:
- Levante-se, Marco.
Estava a ponto de enviar alguém atrás de você.
O que aconteceu afinal?
Desincumbiu-se da tarefa que lhe confiei às mãos?
- Certamente, meu senhor.
Sua ordem está cumprida, com todos ou cuidados necessários.
Meu atraso deve-se a problemas que tive no caminho de volta.
- Que problemas?
Foi seguido? Alguém presenciou?
- Não, meu imperador, não fui visto por ninguém.
Enfrentei alguns percalços inesperados:
animais selvagens me atacaram sem que pudesse pressentir-lhes a aproximação e também dois bandos de ladrões me cercaram.
Consegui fugir de um deles, mas com o outro tive de deixar todos os meus bens, até mesmo meu cavalo.
- Não posso acreditar.
Isso aconteceu aqui, no oriente?
- Não, foi ainda no ocidente.
Sentando-se outra vez em seu portentoso trono, o imperador segurou firme nos braços da sumptuosa cadeira e comentou, triunfante, quase sem escutar o que seu fiel servidor lhe narrava:
- Então, sou finalmente o imperador absoluto.
Fazendo sinal de reverência, Marco confirmou:
- Sim, o senhor agora é o único imperador de Roma.
Constantino sorriu entre aliviado e satisfeito.
Depois, levantou-se e tocou com firmeza o ombro do amigo, pedindo:
- Vá descansar, Marco, você merece e me parece muito cansado.
Realmente sua viagem não deve ter sido fácil.
Marco agradeceu e se retirou sem conseguir parar de pensar que nada havia sido fácil naquela tarefa que cumprira para o seu senhor.
Por diversas vezes, vinha à sua mente a imagem de Licínio em seus derradeiros instantes, e sentia-se atormentado por aquela lembrança.
Por sua vez, Licínio, cujo corpo espiritual ficara na sala do trono, em companhia de Constantino, sussurrou ao ouvido do imperador:
- Pensa que vai fazer bom uso de seu poder?
Vou infernizar e destruir sua vida.
Você não terá mais paz.
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Re: Série Lúcius - JORNADA DOS ANJOS / Sandra Carneiro
Pensa que acabou comigo? Triste engano.
Agora posso destruí-lo sem que perceba, e vou fazê-lo devagar, pouco a pouco, comprazendo-me com cada gota de seu sofrimento.
Constantino remexeu-se no trono, experimentando inexplicável desconforto e súbita sensação de perigo.
Licínio achegou-se ainda mais, colocando as mãos em volta do pescoço do imperador.
Sem conseguir tocá-lo, gritou mais impropérios e tentou socar-lhe o estômago, também sem obter nenhuma reacção de Constantino.
Quando ia agredir o opositor outra vez, escutou uma voz grave e pesada que vinha do fundo da sala:
- Não acha que vai atingir seu objectivo dessa forma, não é mesmo, Licínio?
Tem muito que aprender, ainda, sobre sua nova condição.
O recém-desencarnado reagiu assustado:
- Quem está aí? Pode me ver?
Das sombras escuras da sala emergiu, devagar, um espírito envolto em uma capa negra, que lhe cobria também a cabeça.
Acompanhado de outros dois semelhantes a ele, aproximou-se e se apresentou:
- Sou Núbio. Estes são meus ajudantes Plínio e Normando.
Licínio sentiu violento tremor percorrer-lhe o corpo espiritual.
Ainda assustado, gaguejou:
- O... que... fazem aqui?
- Estamos aqui para destruir os planos de Constantino.
- Também são inimigos dele?
- Não propriamente dele, mas isso não vem ao caso agora.
Podemos ajudar você a realizar seu desejo de vingança, de maneira inteligente e eficaz.
- E se eu não quiser?
Olhando fixo nos olhos de Licínio, aquele espírito ameaçador respondeu:
- Junte-se a nós e nos obedeça, e garanto que realizará seus desejos.
Caso contrário, seremos obrigados a expulsá-lo daqui, pois poderia, eventualmente, atrapalhar nossos planos.
Intimidado, Licínio indagou:
- Quem são vocês, afinal?
Sorrindo, o encapuzado respondeu apenas:
- Servidores das trevas.
Fitando Licínio e aguardando por sua resposta, Núbio obrigou-o, através da energia de seu pensamento, a ajoelhar-se diante dele.
Ainda mais assustado, Licínio concordou:
- Está bem, está certo.
Faço o que quiserem, desde que me permitam vingar-me dele.
- Terá a sua vingança, saboreando-a lentamente.
Agora venha connosco.
Licínio deixou a sala junto com os outros.
Foram directo para os aposentos de Fausta, a segunda esposa de Constantino e mãe de seus três filhos mais novos.
Ela dormia sono profundo, mas estava inquieta.
Seu corpo espiritual pairava sobre seu corpo físico.
Agora posso destruí-lo sem que perceba, e vou fazê-lo devagar, pouco a pouco, comprazendo-me com cada gota de seu sofrimento.
Constantino remexeu-se no trono, experimentando inexplicável desconforto e súbita sensação de perigo.
Licínio achegou-se ainda mais, colocando as mãos em volta do pescoço do imperador.
Sem conseguir tocá-lo, gritou mais impropérios e tentou socar-lhe o estômago, também sem obter nenhuma reacção de Constantino.
Quando ia agredir o opositor outra vez, escutou uma voz grave e pesada que vinha do fundo da sala:
- Não acha que vai atingir seu objectivo dessa forma, não é mesmo, Licínio?
Tem muito que aprender, ainda, sobre sua nova condição.
O recém-desencarnado reagiu assustado:
- Quem está aí? Pode me ver?
Das sombras escuras da sala emergiu, devagar, um espírito envolto em uma capa negra, que lhe cobria também a cabeça.
Acompanhado de outros dois semelhantes a ele, aproximou-se e se apresentou:
- Sou Núbio. Estes são meus ajudantes Plínio e Normando.
Licínio sentiu violento tremor percorrer-lhe o corpo espiritual.
Ainda assustado, gaguejou:
- O... que... fazem aqui?
- Estamos aqui para destruir os planos de Constantino.
- Também são inimigos dele?
- Não propriamente dele, mas isso não vem ao caso agora.
Podemos ajudar você a realizar seu desejo de vingança, de maneira inteligente e eficaz.
- E se eu não quiser?
Olhando fixo nos olhos de Licínio, aquele espírito ameaçador respondeu:
- Junte-se a nós e nos obedeça, e garanto que realizará seus desejos.
Caso contrário, seremos obrigados a expulsá-lo daqui, pois poderia, eventualmente, atrapalhar nossos planos.
Intimidado, Licínio indagou:
- Quem são vocês, afinal?
Sorrindo, o encapuzado respondeu apenas:
- Servidores das trevas.
Fitando Licínio e aguardando por sua resposta, Núbio obrigou-o, através da energia de seu pensamento, a ajoelhar-se diante dele.
Ainda mais assustado, Licínio concordou:
- Está bem, está certo.
Faço o que quiserem, desde que me permitam vingar-me dele.
- Terá a sua vingança, saboreando-a lentamente.
Agora venha connosco.
Licínio deixou a sala junto com os outros.
Foram directo para os aposentos de Fausta, a segunda esposa de Constantino e mãe de seus três filhos mais novos.
Ela dormia sono profundo, mas estava inquieta.
Seu corpo espiritual pairava sobre seu corpo físico.
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