LUZ ESPÍRITA
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Eu, Espírito Comum - Domingas/Carlos A. Baccelli

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Eu, Espírito Comum - Domingas/Carlos A. Baccelli - Página 5 Empty Re: Eu, Espírito Comum - Domingas/Carlos A. Baccelli

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:18 am

35 - Importante Ousadia
Quando Labélius e o Sr. Manoel Roberto se retiraram, pus-me a redigir estas linhas, procurando fixar no papel as lições que se sucediam para mim, com o intuito de transmiti-las aos meus irmãos encarnados. A ideia de que, pelo menos, um ou outro haveria de aproveitá-las me animava a escrever, sem maiores preocupações com a sua receptividade.
Pensava comigo: se, há meio século atrás, alguém nos falasse na Terra sobre as modernas conquistas da Ciência, seria, no mínimo, rotulado de louco...
Efectuando tais raciocínios, fiquei, ao longo de vários minutos, de mão suspensa no ar, meditando na presença de Jesus entre os homens, há dois mil anos... Ele transformara água em vinho, multiplicara pães e peixes, curara leprosos, cegos e paralíticos, ressuscitara criaturas aparentemente mortas, caminhara sobre as águas... — Não é de admirar que as trevas investissem contra a sua magnitude, incapazes de conviver com tanta luz diante dos olhos! Passados quase vinte séculos, se retomasse ao mundo hoje, fazendo o que fez outrora, Jesus, possivelmente, seria encerrado numa prisão, à conta de mistificador e, em alguns países, com certeza, seria sumariamente executado!
Quanto, meu Deus, a carne nos limita! Quanto é penoso aceitar a realidade fora dos padrões convencionais da vida sobre a Terra!... Com as nossas arraigadas concepções existenciais, construímos uma cela e, de repente, nos surpreendemos emparedados, tendo, agora, que demoli-la - o que, convenhamos, não nos tem sido fácil tarefa.
A noite daquele mesmo dia, tornei a receber a agradável visita de D. Maria Modesto.
— E o trabalho do livro, Domingas, como vai indo?
- perguntou-me dando início a proveitoso diálogo.
— A passos de tartaruga, mas está caminhando - respondi.
— Já lhe passou pela cabeça?... Não sei se é conveniente lhe dizer isto agora e nem sei se lhe convém escrever o que me sinto tentada a dizer...
— A senhora está me deixando curiosa.
— Bem, confio em seu discernimento. Já lhe passou pela cabeça - continuou — que, enquanto você pensa e escreve por aqui... Deixe-me fazer-lhe uma pergunta: você tem pensado especificamente em algum médium, com o propósito de transmitir as suas ideias e anotações via mediúnica para os irmãos encarnados?
— Interessante a sua pergunta. Para dizer a verdade, desde antes de desencarnar, eu já havia, sim, elegido um médium para um possível trabalho de intercâmbio comigo.
Não é engraçado? Que coisa! Lutei, com todas as forças, para não desencarnar, mas, no fundo... Diversas vezes, surpreendi-me em devaneios tolos.
— O que você pensava?
— Que se, porventura, viesse a desencarnar em consequência de meu estado de saúde, que se agravava, assim que pudesse... Eu afastava aqueles pensamentos mórbidos da cabeça, repreendendo-me: — “Domingas, como você é boba! Não sabe nem em que condições há de chegar ao Outro Lado, quanto tempo se demorará nas trevas... Como você é pretensiosa! Já está planeando as coisas...”
D. Modesta sorriu.
— Continue - solicitou-me. — Não se preocupe, você não está num divã... Conversamos como duas irmãs, permutando experiências na área mediúnica. Continue! Eu não vou contar a ninguém, especialmente ao Inácio...
— Para ele, a senhora não precisa contar mesmo, não; o Dr. Inácio atravessa a gente com o olhar... Confesso que tenho um pouco de medo dele!
— Vamos nos concentrar no assunto, minha filha. E daí?... Prossiga.
— Resumindo, eu imaginava proceder exactamente como estou procedendo agora. Se viesse a desencarnar, escreveria...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:18 am

Sempre fui louca por livros. E claro, não disse isto a ninguém, a não ser em tom de brincadeira. Eu percebia os espíritos escrevendo lá no “Pedro e Paulo” e, depois, vivenciei a minha própria experiência como médium psicógrafa - era tão desorganizada! Não sei como o Dr. Rudolf conseguiu escrever aquelas obras... A psicografia em mim alicerçou a minha crença na mediunidade. Eu não conseguia escrever uma carta direito! Escrevia, rabiscava, tomava a escrever, rabiscava de novo... Até para expor a Doutrina, através da palavra, eu era meio desorganizada:
escolhia um punhado de livros, lia um trecho aqui, outro ali e misturava tudo...
— Já lhe passou pela cabeça?...
— É a terceira vez que a senhora ensaia para me dizer alguma coisa. Pode confiar! Se, com o que me tem sido dado observar, ainda não fiquei doida... Nada do que disser há de me causar estranheza. Só quem não tem consciência do tamanho da própria ignorância é que se estarrece diante da Verdade!
— Bela frase, Domingas!
— Eu também achei... Depois que desencarnei, fiquei assim.
— “Só quem não tem consciência do tamanho da própria ignorância é que se estarrece diante da Verdade”!
— Desculpe-me, mas estou com a impressão de que a senhora está me enrolando... Para que tanto suspense?
— Já lhe passou pela cabeça - disse, por fim - que, enquanto você efectua anotações por aqui, de ideia fixa no médium lá...
— Lá, onde?
— Na Terra! ...de certa forma, você já o está mediunizando, como o lavrador que, antes de lançar à semente ao solo, revolve a gleba sob a acção do arado?
— D. Modesta?!...
— Domingas...
— E, eu sei... De mediunidade, não raro, o próprio médium é quem mais ignora.
— O trabalho de um actor que vive um personagem é maior...
— ...fora do palco que no palco!
— O médium mais afinado é o que se faz médium em tempo integral - pelo pensamento e pelo coração!
— O médium que é médium só na hora em que está à mesa...
— Veja: estamos, por assim dizer, nós duas, jogando conversa fora... Não pretendemos com isto qualquer revelação. Você é médium, eu sou médium...
— Com a possibilidade actual de enxergar as coisas dos Dois Lados, quase simultaneamente.
—Por isto, minha irmã, é que seu depoimento recente é importante... Depois de um tempo aqui, a gente, mesmo não querendo, perde certas conexões com a realidade física.
— O Mundo dos Espíritos não é mágico...
— Não, não é. Nós, os desencarnados, acabamos vivendo por aqui como vivíamos lá embaixo... Por este motivo, muitos passam a não mais dar tanta importância às coisas que deixaram.
— As coisas e aos afectos?
— Não, os afectos sempre nos interessam. Quando encarnados, nos preocupamos com os que nos antecedem ao Além, mas... o que podemos fazer? Acabamos nos habituando à ideia da distância, não é? Passamos a viver na expectativa de um possível reencontro...
— Expectativa, quanto mais remota, melhor!
— Sabemos, na condição de espíritos libertos da ilusão da vida material, que os que permanecem por lá...
— Haverão, inevitavelmente, de vir! É somente uma questão de tempo...
— Chegarão incólumes, sobreviverão ao desastre, emergirão da tormenta, sem que lhes esteja faltando nenhum pedaço...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:18 am

— A não ser com sequelas morais!
— Estas, minha filha, existem lá e existem cá...
Todavia, temos a eternidade a fim de saná-las. Nada do que nos suceda de pior poderá nos desterrar do Amor de Deus!
— “Em Deus existimos, em Deus nos movemos...”
— Em Deus, nos aconchegamos!
— Então, não se trata de descaso, de indiferença, de esquecimento propriamente dito da parte dos espíritos que não voltam para um contacto mais estreito com os seus...
— Não! Muitos, por exemplo, sabem que o contacto é precário e, simplesmente, desistem. Preferem esperar...
— Nós, espíritas, é que somos atrevidos, não é?
— Trata-se de uma importante ousadia, a iniciativa no campo mediúnico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:19 am

36 - Árvore da Mediunidade
— A equivocada concepção humana - prosseguiu D. Modesta - da descontinuidade da Vida, em sua natural integração nas múltiplas dimensões em que se expressa, é um dos grandes entraves à evolução do espírito.
— E a mediunidade?...
— Aos poucos, concorrerá para amadurecimento do senso moral da criatura encarnada, não obstante, na actualidade, os próprios espíritas oporem certa resistência à ideia da Vida pluridimensional.
— Confesso que, até constatar por mim mesma, eu não entendia...
— Domingas, a nossa constatação da realidade não chega a 1%... A minha geração de espíritas contava ainda com maiores dificuldades de compreensão - a literatura, neste sentido, era escassa; ficávamos com os princípios básicos da Doutrina, que, diga-se de passagem...
— São inamovíveis!
— Correto.
— Eu, na condição de médium psicofónica e psicógrafa, sentia, não raro, que os nossos Benfeitores desejavam enlarguecer horizontes, porém...
— A senhora lhes oferecia resistência?
— Aquelas ideias perpassavam, de leve, a minha cabeça e eu as rejeitava - cria-as muito avançadas, tendentes à mistificação, e, assim, não lograva sair do lugar comum.
— E os espíritos?
— Não tinham outro recurso, a não ser se me submeterem intelectualmente. Não se consegue extrair ouro de onde existe apenas cascalho, concorda?
— D. Modesta, as perguntas são tantas... Bem, a senhora acha que o médium pode reencarnar com áreas da memória mais sensíveis no cérebro? Prefiro outras palavras:
mediunidade tem a ver com reminiscência?
— E claro, tem, principalmente com lembranças da Vida Espiritual! O espírito comunicante, muitas vezes, nada mais faz além do que activar o campo mnemónico do médium... E tão difícil, Domingas, e tão complexo, transmitir coisas - não vou usar o termo “revelações” - daqui para a Terra, que...
D. Modesta fez uma pausa mais longa, como quem estivesse procurando palavras que lhe retratassem com maior fidelidade o que pretendia falar.
— ...que — continuou, por fim - temos nos esforçado, especialmente junto ao “Liceu”, para que os nossos irmãos médiuns reencarnem com considerável acervo de informações. Deixe-me tentar ser mais clara.
— Chico Xavier... Tudo era dos espíritos, por ele?
— Não, não era. Óptima referência, aliás, como sempre, em se tratando de Chico. Ele reencarnou com o cérebro programado, para a produção de quase tudo o que produziu! Ele...
— ...levou consigo...,
— ...por assim dizer, de envolta com seu espírito, a Mensagem que o Mundo Espiritual pretendia levar à Terra!
— Uau! - perdoem-me, mas não tive outra expressão.
— Estou me fazendo entender?
— Por favor, fale mais - solicitei, deslumbrada.
— Por este motivo, Domingas, o nosso caro Dr. Odilon tem procurado enfatizar o aspecto anímico do fenómeno mediúnico.
— É um estudo profundo.
— À medida que conseguirmos promover reencarnações mais conscientes...
— Teremos maior número de médiuns com melhor aptidão!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:19 am

— Exacto! De médiuns que não trabalhem somente na recepção de... Estou encontrando dificuldade - não quero menosprezar o trabalho de ninguém. Veja você, citando o meu caso como exemplo: as ideias dos espíritos não deslanchavam na minha cabeça...
— Na minha, então, patinavam na lama, literalmente.
— Não quer dizer que uns médiuns tenham cabeça melhor do que outros, não, mesmo porque o essencial é o coração!
— Sem dúvida.
— Não se trata de inteligência comum, de cultura, de erudição, não.
— A senhora sabe como eu sentia o meu cérebro na hora do transe mediúnico? Cheio de cancelas, que os espíritos não conseguiam levantar...
— Voltemos a falar de Chico Xavier. Embora não tivesse ido além do 4.° ano primário, ele era um sábio em potencial; ficava relativamente fácil para os espíritos...
Nele, em seu espírito abençoado, todos os géneros de literatura, em prosa e verso...
— E dizem que o médium é só médium...
— Nós nem isto somos, Domingas - somos, eu, você e tantos outros, arremedos de médium - porém, ele...
— Extrapolava!
— Como médium e como gente!...
— Então, a senhora acha?...
— Acho, não: tenho certeza - acredite quem o queira Chico, dos mensageiros espirituais que se expressavam por ele, era o maior! Os romances que Emmanuel escreveu estavam na alma dele...
— As obras de André Luiz?...
— Na alma dele!
— Os poemas do “Parnaso de Além-Túmulo”?...
— Na alma dele!...
— Concordo com tudo, que me parece lógico, mas estou pasma.
— Daí a necessidade de afastarmos fanatismo e preconceito do campo da mediunidade. Definitivamente, mediunidade é parceria! Trata-se de uma árvore que precisa criar raízes, que, quanto mais firmes e profundas, mais saborosos frutos produzirá - mais seiva e espírito significam mais vida e luz à Árvore da Mediunidade.
— Nunca havia pensado no assunto com tantos detalhes. Não sei se os nossos irmãos encarnados estarão aptos a compreender... Há uma tendência à interpretação dogmática do intercâmbio entre os Dois Mundos. A questão do animismo ainda jaz muito arraigada... É possível que nos esconjurem pelo que estamos tratando.
— Não nos preocupemos tanto, minha irmã, com o que acham ou deixarão de achar... Há, na Mediunidade, uma beleza que transcende! O Mundo Espiritual, desde as eras mais remotas, se manifesta na Terra de mil modos diferentes, triunfando sobre a sistemática oposição das trevas, que intentam manter o homem cativo à descrença.
— D. Modesta, permita-me recapitular. Então, a senhora afirma...
— Isto, afirmo; não se trata de mera hipótese.
— ...que, enquanto estou aqui, rascunhando estas notas?...
— Mediunidade é pensamento, que se expande ou retrai de acordo com a intenção; sintonia é intenção de parte a parte...
— São tantos os conceitos... Meu Deus, sequer tenho tempo de anotá-los!...
— Aquela crença de o espírito chegar e induzir o médium ao transe na hora?...
— E fenómeno que pode ocorrer; não estamos descartando tal possibilidade... Agora, o intercâmbio mais produtivo entre espírito e médium dá-se através da afinidade que, gradativamente, se consolida, não raro, inclusive, remontando a vidas anteriores. Estou sendo clara?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:20 am

— Sim, eu é que estou com um pouco de dificuldade para assimilar.
— Quase todo envolvimento mediúnico improvisado é pouco produtivo. Até a própria obsessão exige um trabalho mental prévio, a fim de se instalar. Entende?
— Poderíamos, no caso, denominar o fenómeno de comunicação indirecta - o fato de eu estar aqui escrevendo e o médium, lá embaixo, já estar captando?...
— Simples questão de terminologia.
— Eu pensei que, primeiro, escreveria a obra aqui e, depois de concluída, com o calhamaço debaixo do braço... — ...procuraria o médium e... — ...ditaria a ele palavra a palavra!
— D. Modesta, e o problema da revisão?
— Está sendo cuidado de maneira concomitante.
— Afinal, serei eu mesma a autora da obra em planeamento?
— Co-autora! Somente Deus é Autor Absoluto!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:20 am

37 - Rumo ao “Liceu”
Confesso-lhes que o diálogo com a inesquecível
Dama de Caridade em Uberaba foi extremamente proveitoso para mim: passei a lidar com mediunidade sem tantos escrúpulos e sem me prender literalmente a tantos conceitos. Quando nos fechamos em tomo de um conceito qualquer, ele pode se transformar em preconceito. A título de dirimir dúvidas, reafirmo: em Kardec, os fundamentos básicos - os alicerces e os pilares da obra, mas não a obra totalmente concluída!
Os esclarecimentos da querida irmã, em vez de me eximirem de maior responsabilidade, me fizeram mais cautelosa; quando pensamos, não temos a possibilidade de recolher o pensamento, ajuizando quanto à sua conveniência ou não... O pensado está pensado! Como, então, por exemplo, recolheríamos a palavra dita de forma invigilante, com o propósito de avaliá-la? A palavra, uma vez pronunciada, seguirá inevitavelmente o seu curso, cumprindo a tarefa a que se destina.
O exercício de escrever estava sendo, para mim, um
pretexto para pensar, e, no instante em que pensava, eu, lá
embaixo com o médium ou com o médium, aqui em cima, comigo...
Devo estar baratinando a cabeça de vocês, não é?
Estava, deste modo, relendo em voz alta alguns apontamentos, com destaque para a frase que começara a redigir - “Em mediunidade, a intenção e o conteúdo valem mais...” -, quando o nosso caro Dr. Inácio, de volta, me interrompeu, emendando:
— “...que a autoria mediúnica ou espiritual, deste ou daquele comunicado!”
— O nome do espírito ou do médium?... - perguntei de caneta em punho.
— Um adendo.
— Em todo e qualquer tipo de intercâmbio?
— Por que não?!
— Na clariaudiência, na vidência, na mediunidade de cura?...
— Deus não permanece oculto em sua Obra? Por acaso, Ele a assina explicitamente? Podemos Lhe identificar a Face como a de um homem?...
— Dr. Inácio, o senhor me consente “a pergunta que não quer calar”?
— Pergunta de que estou custando achar a resposta...
— Há um espírito junto ao médium, espírito que se faça médium das demais entidades que se manifestam por ele?
— Ora, uma coisa tão simples, sim!
— E o senhor responde, nem mais nem menos?
— Chupando balinhas de hortelã... Você quer uma?
— Com Chico Xavier era assim?
— Com Chico, minha filha, se você deseja mesmo a minha opinião, era Jesus Cristo e Emmanuel!
— E os demais?
— Transitavam na “faixa”...
— Na “faixa” psíquica?
— Isto.
— Por exemplo, comigo: eu recebia Irmão José, o Dr. Odilon, o Dr. Rudolf, o senhor...
— Recebia, através de uma entidade anónima; nem sempre podíamos estar por lá, concorda?
— E nos comunicados particulares?
— A mesma coisa. Todo médium tem um espírito médium junto de si.
— Eu acho que...
— Você já coligiu muito material para o pessoal pensar!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:20 am

— Tem médium que vai arrepiar...
— Vai... dade!
— O Dr. Bezerra de Meneses?...
— N espíritos se fazem seus intermediários na Terra!
— Têm médiuns que chegam a descrevê-lo... Como interpretar o facto?
— Sugestionados pelo pensamento dele, é óbvio que lhe vejam os traços fisionómicos e, depois...
— O quê?
— 0 espírito-médium também se transfigura!
— Com todo o respeito, o Dr. Bezerra teria o dom da ubiquidade?
— Domingas, recorramos ao “O Livro dos Espíritos”, à questão de n.º 92: “Os espíritos têm o dom da ubiquidade ou, em outras palavras, o mesmo espírito pode dividir-se ou estar ao mesmo tempo em vários pontos?” Resposta:
“Não pode haver divisão de um espírito; mas cada um deles é um centro que irradia para diferentes lados, e é por isso que parecem estar em muitos lugares ao mesmo tempo.
Vês o Sol, que não é mais do que um e, não obstante, irradia por toda parte e envia os seus raios até muito longe.
Apesar disso, ele não se divide”.
— O dom da ubiquidade?...
— E inerente a todo espírito. Na resposta à pergunta seguinte, os Espíritos Superiores consideraram: “...o poder de irradiação depende do grau de pureza de cada um”. A gente não pensa em muitas coisas, ao mesmo tempo? O pensamento é o espírito que se transporta!
— Entendo... Quer dizer que, quando eu dizia - na condição de médium, claro! -: “O Dr. Odilon está aqui?...”
— Ele estava e, possivelmente, na maioria das vezes, não estava!
— Estava e não estava... Então, eu mentia?!...
— Não, você não mentia. Não dizemos a um amigo:
“Estou com você”, mas não estamos?... Uma mãe e um pai, espiritualmente, estão sempre com o filho, embora ele possa estar a milhares de quilómetros de distância...
A conversa com o Dr. Inácio seguia animada, quando, na companhia de Paulino Garcia, o Dr. Odilon veio me buscar para a prometida visita ao “Liceu”.
— Como é, Domingas, está preparada? - perguntou-me, osculando-me a fronte com paternal carinho.
— E o senhor mesmo ou o seu pensamento? - indaguei com discreta piscadela ao Dr. Inácio.
— Os dois, Domingas - respondeu-me sorridente.
— Pelo jeito, o nosso caro doutor...?
— O senhor sabe que, neste exacto momento, agora, eu não sei onde é que estou?...
— Metade aqui, metade lá embaixo - antecipou-se o Dr. Inácio Ferreira.
— E você, Paulino?
— Minha irmã, desde que desencarnei, ando disperso...
— Pelo que depreendo - disse -, a gente vive aos pedaços, em toda parte!
— Como é, Inácio - racionalizou Dr. Odilon -, libera a nossa paciente para conhecer o “Liceu”?
— Desde que você não a sequestre... Preciso dela por aqui!
— Eu posso estar aqui e estar lá, não é?
— Engraçadinha! Quero você aqui por inteiro; no máximo, um período lá, outro cá...
— Antes que eu me esqueça - falei, dirigindo-me ao Mentor -, o Dr. Inácio estava me explicando...
—Pedindo confirmação, hem, Domingas? - brincou, deixando-me desconcertada.
— Não, não é nada disto - expliquei a rir.
— Estou melindrado; espírita que se preza é “casca de ferida”...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:21 am

— A respeito do espírito-médium... Quem é ele?
— Na maioria das vezes, um espírito familiar, um protector, enfim, uma entidade que esteja procurando serviço...
— Muitos médiuns “recebem” o senhor, Dr. Odilon...
— Sinto-me homenageado; sinceramente, não mereço tanta credibilidade!... O meu é um nome apagado. Se pudesse, anelaria, sim, estar pessoalmente com cada um deles, correspondendo-lhes às expectativas.
— E, a gente, quando na carne - redargui, em penitência -, não tem muito discernimento...
— Ora, Domingas, discernimento é para os outros, não para nós - sentenciou o Dr. Inácio.
— Nós, os médiuns...
— Deixe-me falar, minha filha: tem médium que vê os Espíritos Protectores no banheiro, a qualquer hora, dentro de casa, no trânsito, quando estão dirigindo, nas festas a que comparecem para beber e comer, nos clubes de campo... Arranjam cada lugar para o Odilon estar!
— Meu caro, quem me dera!...
— O zombeteiro aqui sou eu!
— Certa vez, Dr. Inácio, um médium vidente portentoso me garantiu ter visto o senhor - o seu espírito! - sentado à mesa de uma churrascaria, acompanhando-os, na hora do almoço, a ele e aos familiares...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 10:21 am

38 - A Natureza no Além
— Comendo carne e tomando cerveja?...
— Não, apenas sorria para eles.
— Então, Domingas, tratava-se de um espírito mistificador... Onde é que já se viu eu comparecer a uma churrascaria, à hora do almoço, sentar-me à mesa, com a possibilidade de comer de graça, e nem sequer beliscar um pedaço de pernil?! Não, definitivamente, não era eu!...
Paulino riu a valer e, sem mais delongas e piadas, despedimo-nos.
Ao contrário do que possam imaginar, não fomos volitando. Um automóvel, perto do qual o meu Fiat seria uma barcaça furada, nos transportou, com o jovem Paulino a conduzi-lo por uma rodovia que me parecia pavimentada com material semelhante ao látex, não permitindo o menor sacolejo; o veículo, ultra-silencioso, simplesmente deslizava, com um computador de bordo mais sofisticado que o das aeronaves mais modernas da Terra. Ele praticamente obedecia, no que tange a rumo e velocidade, ao impulso mental do exímio condutor, que, por assim dizer, o “mediunizava”...
A paisagem era encantadora - árvores de variadas espécies, em diferentes matizes de verde, e flores multicoloridas se estendiam por considerável distância, regularmente distribuídas no terreno de topografia recortada por montes e planícies.
— Que maravilha! - exclamei. — Não me lembro de ter visto na Terra, em parte alguma - a não ser em alguns quadros na parede -, uma paisagem igual. Como a Natureza é exuberante!
— Este caminho para o “Liceu” é um pouco mais longo, minha filha; no entanto, fizemos questão de vir por aqui, para que você pudesse haurir um pouco mais das forças de que necessita; afinal, ainda se encontra em fase de refazimento...
— Poderíamos - perguntei - ter feito outro percurso, digamos, menos agradável?
— Claro, existem sempre muitos caminhos à nossa disposição na Vida, você não acha? É uma questão de escolha. O caminho mais curto pode, igualmente, ser o mais perigoso. Felizmente, a sombra não consegue ocupar todos os espaços disponíveis... O reduto da luz, dentro e fora de nós, é intransponível.
— Veja, estamos chegando - mostrou-me Paulino a magnífica construção que ele mesmo descrevera numa das obras de sua lavra, que, aliás, eu tivera oportunidade de ler quando encarnada - o “Liceu da Mediunidade”!
— E de estilo grego semelhante ao que aparece na capa de seu livro!
— Aquele é o prédio principal; existem outros, menores, anexos... Tudo muito simples, porém de extremo bom gosto.
— Como foi construído, Dr. Odilon? Algum arquitecto planeou a obra ou, como achamos quando estamos no corpo, foi tudo mentalizado?...
— Mentalizado, Domingas, é claro que foi, todavia digo-lhe que a sua edificação - se é o que você quer saber - custou o suor de muita gente.
— De pedreiros remunerados? Ou aqui também impera a questão do “bónus-hora”, a que André Luiz se refere em “Nosso Lar”?
— Muitos cooperaram como voluntários, outros receberam, sim, uma espécie de remuneração...
— Dinheiro?
— O equivalente, como o bónus-hora o é; afinal, o que é uma cédula expressando determinado valor financeiro?
Quando nos aproximamos mais, pude perceber extensa área ajardinada, com a grama cortada rente ao chão parecendo um tapete esmeraldino (Vejam como estou ficando chique: “tapete esmeraldino”!...).
— Que beleza! Que árvores são aquelas? - perguntei, observando-as perfiladas ao longo de empedrada passarela, interligando alguns prédios da Instituição.
— Ciprestes e oliveiras! - esclareceu Paulino.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:18 pm

— E aquelas outras floridas, mais altas e distantes?
Que lindas! Flores amarelas e alaranjadas...
— Acácias e flamboyants, as preferidas do Dr. Odilon.
— Quer dizer que algumas espécies de árvores que temos na Terra...?
— Minha filha, não se esqueça de que a vida procede daqui para lá e não o contrário - respondeu o Benfeitor.
Se, desencarnados, não somos assim tão diferentes, por que as árvores o haveriam de ser, não é?
— E aqueles canteiros? - indaguei, não sopitando a curiosidade. — Que esplendor! De que espécies são aquelas flores de pétalas quase etéreas e luminosas?
— De espécies, por enquanto, desconhecidas dos homens...
— Por enquanto?...
— Sim; algumas se extinguem, outras surgem... A Natureza é inesgotável laboratório de formas em experimentação. Existem espécies, animais e vegetais, que estão à espera de eclodirem na paisagem terrestre, mais delicadas e sublimes.
— O que esperam? Melhores condições climáticas?
— Não apenas; a Natureza é um organismo extremamente sensível às emanações do pensamento humano... A espiritualização do homem ensejará, inclusive, a espiritualização da vida em derredor.
Pequenos agrupamentos de aves, trinando ao Sol daquela manhã de primavera, pareciam brincar com miúdas borboletas que bailavam ao sopro da brisa matutina.
— Onde estou? - perguntei. — Em alguma nesga do Céu?...
— Domingas, você sabe, o Céu, muitas vezes, pode ser sinónimo de trabalho. Temos aqui, simplesmente, um jardim bem cuidado, o que, diga-se de passagem, é acessível ao morador de qualquer casa terrestre. Ou não?!...
— É, num pedacinho de chão, a gente, querendo...
— Querendo!... E preciso enfatizar o verbo.
— A maioria de nós, Dr. Odilon, não liga para uma flor no vaso... Como somos... Não encontro a palavra adequada, para definir-nos em nossa insensibilidade.
Paulino, socorra-me... Como somos...
— Carnudos!
— Não...
— Pesadões!
— Também não...
— Abjectos!
— O termo ainda não é bem este, mas fica servindo.
A nossa ignorância, perdoem-me se extrapolo, é de provocar asco na gente mesma; refiro-me a espíritos de meu nível para baixo, os quais, por incrível que pareça, os há em numerosíssimas falanges...
Apeando do veículo, comecei a caminhar pela varanda que circundava o núcleo central do “Liceu”, sustentada por colunas roliças que se frisavam de cima em baixo, semelhantes a pilares de templos gregos, conforme verificara em ilustrações de revistas pedagógicas.
— Que lindas colunas! De que material são feitas? - perguntei, fazendo deslizar a mão por uma delas.
—De mármore, Domingas - respondeu o Dr. Odilon.
— Mármore?!
— Sim, de um mármore mais eterizado; a matéria, por aqui, continua sendo matéria...
— As nossas Instituições não devem primar pela simplicidade?
— A pretexto de simplicidade, não podemos nos abrigar sob construções em ruínas... Você aqui não observará sequer um galho de árvore que tenha sido decepado com o intuito de servir no aspecto físico da obra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:18 pm

Simplicidade e bom gosto não são incompatíveis!
— E o piso, de que é feito? Nunca vi este tipo de ladrilho...
— Material de natureza plástica de baixíssimo custo; periodicamente, podemos trocá-lo — é reciclável...
— A laje?...
— O mesmo material do piso, modificado, com a propriedade de amenizar o calor no verão e, no inverno, que por aqui é rigoroso, manter a temperatura ambiente agradável.
— O inverno, por aqui, é rigoroso?
— Conforme você já pôde constatar, continuamos a ter dia e noite e, consequentemente, o ciclo natural das estações do ano, com predominância da primavera.
—Ultimamente, na Terra, tem predominado o verão...
— Aquecimento global! - elucidou Paulino.
— Resultado da indébita intromissão do homem na Natureza; o desequilíbrio do meio ambiente está a lhe reflectir desequilíbrio íntimo...
— Secas em algumas regiões e chuvas torrenciais em outras; florestas devastadas por incêndios e as geleiras se desfazendo...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:19 pm

39 - Convite Inesperado
—Entremos, Domingas - convidou-me o Dr. Odilon, com gentileza. — Sinta-se em casa... Não se acanhe. Você reparará que o “Liceu” é um centro espírita um pouco mais arejado e...
— Iluminado! — completei. — Nossa! Muitos de nossos centros, o senhor deve saber...
— Sei.
— ...são abafados e escuros - alguns tão escuros que, durante a palestra, a gente tem sono. O senhor não acha que os centros espíritas deveriam ser mais bem iluminados, sem, para tanto, precisão de efectuar grandes gastos?
— Sendo possível, desde que os companheiros não se sintam onerados com a conta da energia eléctrica... Mas, entre a luz artificial e a espiritual, devemos preferir...
— Isto é algo que não se discute. Não custava nada se adaptar uma ou duas lâmpadas a mais no salão de reuniões. Tudo bem, o lampião é pitoresco, evoca a iluminação precária das catacumbas, nos tempos do Cristianismo primitivo, no entanto... A penumbra, para mim, em vez de favorecer a meditação, induz à sonolência. Já que a luz espiritual nos é assim tão escassa...
— Domingas, tenho a impressão de que, em você...
— Se me acentuou o espírito de crítica, não é?
— O senso de observação!
— O senhor é muito educado... Eu sei que, com a minha militância na Doutrina, eu acabei por ficar excessivamente crítica - não sei se é questão de convivência com os companheiros; o espírita parece andar sempre de olhos arregalados para tudo quanto é defeito, dos outros e das coisas... Tenho lutado contra essa tendência infeliz.
— Quanto à questão de melhorar a claridade em nossas salas de reunião, você está certa; é bom que o pessoal se mantenha mais desperto, principalmente nas reuniões de estudo... O cochilo, a madoma, a sonolência são entraves à renovação mental que o conhecimento da Doutrina nos possibilita.
— A senhora - interferiu Paulino - falou em desenvolvimento do espírito crítico... O assunto me interessa, pois, de facto, tenho constatado que alguns adeptos do Espiritismo, em vez de, com o tempo, se tomarem mais dóceis...
— Como diria o Dr. Inácio, tomam-se intragáveis!
— Não chegaria a tanto, mas...
— Deixe que eu chego por você - falei, sem rodeios.
— Com a permissão do Dr. Odilon, sejamos claros. É isto mesmo: muitos espíritas dão a impressão de que estão piorando - em vez de melhorarem, estão piorando! Tive oportunidade de conversar sobre o problema com diversos confrades. Eu não sei se a gente quanto mais se cavouca por dentro, mais podridão encontra...
— O “homem velho” não quer ser desalojado - concluiu o Mentor, evitando outros comentários.
— Quantas vezes, confesso, voltei para casa, aborrecida comigo mesma, por não ter conseguido me conservar em silêncio diante de certas situações.
— Impaciência connosco, com as nossas imperfeições e mazelas acaba por se traduzir em impaciência com os outros.
— Como sempre, o senhor vai ao cerne da questão!
A nossa melhora não vem depressa e...
— E, não vindo, minha filha, apontamos os erros alheios, com a finalidade de justificar a própria demora em assimilar as lições do Evangelho.
— Dr. Odilon - indagou Paulino -, qual a receita para não consentirmos o exacerbar do personalismo em nós?
— Trabalho e boca fechada!
— Sinceramente - comentei -, acho que fechar a boca é mais difícil que trabalhar... Porque faz alguma coisinha, a gente se julga no direito de deitar falatório. O espírita tem se especializado em criticar; às vezes, a crítica é feita de maneira tão subtil, que chega a se confundir com elogio... Se há alguma coisa de que me arrependo deste Outro Lado, é da palavra leviana.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:19 pm

— Ora, Domingas, você sempre foi das mais discretas...
— Eu?! E os outros, então?!... O senhor é excessivamente generoso.
— Entremos! - insistiu o Instrutor. — O pessoal está esperando...
— Esperando quem?...
— Você, minha irmã! Os nossos estagiários desejam ouvi-la.
— A mim?!... Se eu soubesse...
— Teria vindo antes, não é? Você adora falar...
— Eu falava lá no “Pedro e Paulo”, no “Jesus de Nazaré” e, quando me deixavam, noutros centros, mas aqui, no “Liceu”?...
— O seu depoimento, de médium recém-desencarnada, será importante para eles, que, dentro em breve, deverão regressar à liça terrestre, abraçando novos compromissos na seara da fé.
—Gostaríamos todos de ouvir, sim, o senhor, Doutor!
— O meu parecer em tomo do assunto talvez seja mais técnico do que prático e, depois, tenho falado a eles em diversas oportunidades.
— Eu não sou nenhum tribuno...
— Ora, o coração não necessita de cátedras e a experiência é sempre a argumentação mais convincente.
Fale-lhes de suas dificuldades e lutas, de seu idealismo, da importância de perseverar...
— Conheço tão pouco da Doutrina... De mediunidade, então! Para dizer a verdade ao senhor, nem os seus livros eu estudei direito - eu os lia, mas não estudava! Desculpe-me...
— Domingas, os jovens nos estão aguardando...
Iremos decepcioná-los?
— Estou trémula!
— Paulino, um copo d’água - solicitou o Mentor.
— Falar diante do senhor...
— Do Senhor Jesus, nem eu falaria, minha filha - brincou, procurando tranquilizar-me, enquanto, de um só gole, eu sorvia o copo d’água inteiro. — Vamos?
— Importa-se com que eu me apoie em seu braço?
— De forma alguma! - respondeu, oferecendo-me o braço direito por escora.
Um grupo de trinta e dois jovens, entre rapazes e moças, recebeu-me com fraternas vibrações, ofertando-me, através de simpático casal, que os representou, um ramalhete de flores com delicado cartão, no qual pude ler:
— “A nossa irmã Domingas, dando-lhe as boas-vindas entre nós e cumprimentando-a pela significativa vitória alcançada. Com carinho...”
— Estou, deveras, comovida - disse, adiantando-me na palavra - e agradeço a generosidade de todos, mas... a que vitória vocês se referem? Não se trata de humildade nem de modéstia, pois não sou portadora de nenhuma destas virtudes... Ainda não tive tempo para uma melhor avaliação, no entanto, estou convencida de que as minhas falhas foram maiores que os meus acertos. De qualquer forma, sinto-me feliz por estar aqui e, de início, aviso-lhes:
sou mestre em cometer gafes!...
Enquanto Paulino se acomodava numa poltrona, misturando-se com a turma, o Dr. Odilon, apontando-me um relógio dependurado à parede, em local bem visível, observou:
— Temos em tomo de 45 minutos... Creio que é tempo mais que suficiente, não?
— Foi bom o senhor me alertar, pois, quando pego a palavra e me empolgo... Estou inibida, porém, quando começo, costumo ir longe - a gente que é médium entra em transe à toa, não é?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:19 pm

O pessoal sorriu, fiquei um pouco mais à vontade, limpei a garganta uma, duas, três vezes...
— Ué, para onde foi o meu pigarro? - perguntei com naturalidade ao Mentor. — Nunca fumei, mas sempre aquela secreção me atrapalhando falar... Certamente, era carma; para espírita que se preza é assim: até catarro na garganta, é carma!
— Está vendo, Domingas, você não pode se queixar - brincou o Dr. Odilon, estampando cativante sorriso, que contagiava a todos -: pelo menos, um benefício a desencarnação lhe prestou de imediato...
Em seguida, solicitando que uma das jovens proferisse ligeira prece, anunciou-me para que, sem mais delongas, eu desse início à palestra:
— A nossa irmã é uma grande amiga da Doutrina...
Ouçamo-la com atenção. A sua palavra simples é fruto de sua vivência cotidiana nas lides da mediunidade com Jesus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:19 pm

40 - Singelo Depoimento
Assumindo ar de maior seriedade, comecei a falar à maneira de um colegial à frente dos colegas, em sala de aula, sob o olhar percuciente do professor.
— Sei que vocês deverão regressar em breve... Estou chegando de lá, de nossa Terra. Sinceramente, não tenho muito a lhes dizer, a não ser o que talvez já saibam. A luta é grande! Triunfar de nossas mazelas e imperfeições - eis o maior desafio. Os obstáculos quase intransponíveis são aqueles que jazem dentro de nós... Não se trata de simples retórica. Os problemas maiores, mais complexos, são os que criamos ou, no mínimo, agravamos, com as nossas reacções invigilantes - o orgulho ferido, o melindre, a inveja, a palavra leviana, a falta de compreensão... Quem segue com o Evangelho à frente se imuniza de muitas perturbações. Fui uma mulher de pouca ou quase nenhuma cultura. No meu caso, foi bom; se tivesse sido erudita, ninguém me suportaria... A vaidade é terrível! Graças a Deus, reencarnei pobre, mulata e quase analfabeta; fui faxineira... Digo-lhes: todas as dificuldades que enfrentei na vida me protegeram! Desculpem-me estar falando assim à medida que as ideias fluem... O problema não é o de se ser médium exactamente: é o de se ser cristão! Médiuns os temos na Terra em número crescente... O Movimento Espírita está se expandindo, os grupos estão se multiplicando, a Doutrina, todos os dias, faz novos adeptos.
Não há redundância na colocação que faço e enfatizo: o espírita precisa ser cristão, pois, caso contrário, lamentavelmente se equivocará; imitará o médico que trata e cura enfermidades alheias, sem saber diagnosticar e prescrever para si mesmo... Amais grave questão detectada por mim entre nós, os espíritas militantes, com responsabilidade neste ou naquele sector de actividades, foi a da incoerência entre a palavra e a atitude! Conhecer o Espiritismo é fácil - para tanto, livros é que não nos faltam, de origem propriamente mediúnica ou não; difícil é silenciar discórdias, renunciar em favor da paz, unir os companheiros, servir por amor ao ideal... Difícil é esquecer a ofensa, é não ferir o companheiro, não julgar a quem quer que seja... Difícil é somar esforços, vencer a aversão que nutrimos contra alguém, é não vibrar negativamente sobre este ou aquele com o qual não simpatizamos... Difícil é estender a mão, dar oportunidades, ocupar a mente com o pensamento de ser útil, resistindo ao assédio da tentação, que encontra guarida em nossos sentimentos inferiores...
Fiz uma pausa e, embora com a impressão de estar perdida, continuei.
— Aqui está o nosso caro Dr. Odilon Fernandes. O que mais aprendemos com ele? Mediunidade?... Não! O que ele mais nos ensinou foi bondade, sinceridade, transparência de atitudes... Desculpe-me - solicitei o senhor sabe que não se trata de elogio barato. O senhor me salvou o espírito! Sei que quem nos redime é Jesus, mas os seus exemplos nos cativavam e, aos poucos, nos transformavam... Líamos “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, todavia o víamos em suas acções! Nele, em nosso querido Instrutor, a palavra soava como complemento... Assim ele nos ensinava Espiritismo! A informação teórica é importante, porém não essencial para quem deseja superar-se. Perdoe-me, Dr. Odilon, se lhe causo algum constrangimento - tomei a rogar ao Mentor, que se acomodara, humilde, numa cadeira ao lado para me escutar o depoimento. — Não devemos nos deter na contemplação de nossas próprias fragilidades, enfraquecendo-nos na fé, voluntariamente. Às vezes, cavamos com as mãos o abismo da descrença em que mergulhamos... Não esperemos demonstrações de virtudes dos semelhantes, exigindo dos outros o que não somos capazes de oferecer. Digo assim porque criticamos tanto, observamos e destacamos tanto as falhas de nossos irmãos, que, de repente, nos surpreendemos desanimados... A palavra que empregamos sistematicamente no mal termina por nos minar a resistência do espírito.
Ante o silêncio de todos e o olhar de aprovação do Benfeitor, animei-me a prosseguir.
— Nós, espíritas, carecemos de ser mais unidos e fraternos; por este motivo, insistimos tanto na necessidade da prática da caridade - quem dela se ocupa não encontra tempo para polémicas estéreis, discussões infindáveis...
Espiritismo é acção construtiva no Bem! O resto é teoria...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:20 pm

Não podemos transformar as nossas casas espíritas em redutos das trevas... Mediunidade é pensamento aliado à intenção, atraindo a presença dos companheiros espirituais com os quais sintonizamos. Receber espíritos, actuar como médium é fácil; difícil é acolher a Mensagem no coração e nos sacrificarmos por ela, em nossos caprichos e anseios pessoais... Eu não sei se vocês, há algum tempo deste Outro Lado, já se esqueceram de que a experiência física é rápida como um corisco que risca os céus em noite tempestuosa... Digo-lhes: eu não vi o tempo passar; a rigor, quando me aprontava para viver com maior proveito, no campo das realizações do espírito, o meu tempo acabou - o tumor no pulmão me consumiu as energias e, então, lamentei, lamentei profundamente, como ainda o faço neste momento, as queixas descabidas que formulei, as minhas expectativas em relação aos que conviviam comigo - expectativas de renovação íntima, de melhoras no campo pessoal... Eu deveria ter servido mais! Feito mais visitas aos doentes nos hospitais, transmitido mais passes, trabalhado mais na mediunidade!... Perdi muito tempo reclamando disto ou daquilo. Certo, às vezes, a gente tem necessidade de desabafar, procurar um ombro amigo para chorar as mágoas... Tudo bem. O problema, no entanto, é que nós nos debruçamos sobre o ombro alheio, achamo-lo aconchegante e... não nos levantamos mais! Ora, por mais complexos os nossos dramas cármicos, com o conhecimento da Doutrina, sempre estaremos muito bem! Quantos não falam em Jesus, mas sem conseguirem senti-Lo? Quantos não oram, apenas oram, sem conhecerem a alegria de servir?
Quantos sequer sabem cogitar da própria imortalidade?...
Vivem motivados sinceramente, não sei pelo quê!...
Parei, tomei um pouquinho d’água e, com aquela mesma sensação que sentia em estado de transe - a cabeça um tanto aérea! -, dei sequência à prelecção.
— Não estou aqui para pregar moral... Entendam.
Quem sou eu?... Eu sou a mulher pecadora do Evangelho, que seria dilapidada em praça pública; eu sou a pobre irmã hemorroíssa curada pela Misericórdia do Senhor; eu sou a enlouquecida sogra de Simão Pedro; eu sou a mulher Cananeia que se comparou aos cachorrinhos que comem as migalhas que caem das mesas de seus donos... Se hoje, depois de meu desenlace do corpo, algo se me acentuou no espírito, foi a melhor noção de que nada sou! Longe de mim qualquer pretensão... Por favor, não me julguem mal!
Vejam o estado em que compareço diante de vocês, ainda desfigurada pela desencarnação recente... No entanto, se me admito de mãos vazias, não estou de coração sem esperanças. Sinto-me, cada vez mais, entusiasmada com a nossa Doutrina - o Evangelho me seduz! Juventude, impulso sexual, ambições terrenas, vaidade - isto tudo é cinza e nada. O corpo de carne, a pouco e pouco, vai desmoronando e, num piscar de olhos, como dizia Chico Xavier, passamos a habitar uma casa em minas... Lutem contra o esquecimento do compromisso. Não façam opção pela porta larga. Perseverem na tarefa. Não ambicionem a vida dos outros!...
Os 45 minutos que me haviam sido concedidos estavam prestes a se esgotar e eu precisava encerrar; aliás, mesmo que quisesse, não conseguiria ser mais extensa, já que as minhas carnes, evidenciando o meu estado de fraqueza, começavam a saltar...
— Meus irmãos, esta é a minha singela colaboração, é o que posso lhes dizer do mais fundo do coração...
Perdoem-me! Pensem que vocês estão reencarnando com uma carta de crédito nas mãos - sim, a possibilidade do serviço mediúnico é isto! O que vocês haverão de adquirir com ela? Não a permutem pelas ilusões... Sejam fiéis!
Sobretudo, amem!... Quando chegar a hora de adormecerem, permitam-se embalar pelo sonho bom de que Jesus Cristo, em instante algum, nos deixa sem arrimo - vocês não estarão partindo para uma aventura inconsequente no mundo!
Eu não dispunha de forças para continuar. Antes, porém, de me acomodar numa poltrona ao lado do Dr. Odilon, que, afectuosamente, colocou a destra sobre uma de minhas mãos, pude reparar que quase todos os jovens enxugavam discretas lágrimas que lhes escorriam dos olhos.
— Grato, minha filha, muito grato - murmurou o Mentor aos meus ouvidos, enquanto uma das moças se levantava e, em nome da turma do “Liceu”, me entregava delicado arranjo de flores!...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2024 9:20 pm

Outrossim, portadora de dons mediúnicos de psicofonia, psicografia e clarividência, a irmã Domingas vinha consagrando-se a serviço da Causa Espírita, tal qual na elaboração mediúnica do romance “ Nosso Álbum de Lembranças”, tendo por personagem principal o médico alemão Dr. Rudolph von Müller, em 2 volumes, publicação da Minas Editora, de Araguari - MG. Igualmente, psicografou outro livro narrativo: o “Despertar de Um Alcoólatra”, que tem por protagonista o próprio esposo, Abel Salvador, em publicação da Editora LEEPP, tal como a obra: “Eu, Espírito Comum”, JUBILOSAMENTE, SALIENTAMOS SER ESTE O 1000 LIVRO PSICOGRAFADO POR CARLOS ANTÓNIO BACCELLI!
A Câmara Municipal de Uberaba, em novembro de 2003, concedeu-lhe o Título de Cidadã Uberabense.
Infelizmente, fazendo cessar, aos 65 anos, tão proficiente existência espírita, Domingas foi acometida de insidiosa enfermidade, que ela procurou suplantar, sempre trabalhando, com todo o conhecido bom ânimo e cordialidade, veio a desencarnar, na mesma cidade de Uberaba, no dia 22 de setembro de 2005, ocasião em que a comunidade espírita local lhe testemunhou sentidas e calorosas despedidas para o meritório ingresso na espiritualidade.


Domingas, desencarnada em 22 de setembro de 2005, era assídua frequentadora do Lar Espírita "Pedro e Paulo", entre outras instituições congéneres de Uberaba.
Neste livro sui-generis, ela nos narra os seus primeiros momentos na Vida Espiritual - as impressões da chegada, os pensamentos que lhe ocorreram, os amigos com os quais se encontrou, os benefícios do conhecimento espírita, a sensação de ainda se sentir dividida entre duas realidades...
Eu, Espírito Comum talvez seja, na verdade, um livro escrito do Além para a Terra, que, em outras circunstâncias, poderia levar o seu nome, caro leitor, em seu frontispício!

§.§.§- Ave sem Ninho
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