LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:28 am

27 - Últimos e primeiros
Ev. Cap. XX - Item 2

(...) os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.
Mateus, 20:16

No contexto do comportamento histórico-sociológico, o ser humano prefere utilizar-se dos primeiros lugares, aqueles que lhe podem oferecer maior destaque no conjunto em que se movimenta, com essa atitude agradando ao ego sempre necessitado de emulação para desempenhar a tarefa que lhe diz respeito.
Não raro, dominado pelas paixões derivadas da necessidade do prazer e da posse, que lhe parecem constituir metas únicas, transforma a existência num calvário de lutas intérminas, porquanto as ambições em crescendo não lhe facultam a paz nem o preenchimento interior, que são indispensáveis à vida feliz.
Educado para o triunfo na sociedade, mediante propostas hedonistas, a sua vitória deve ser disputada a qualquer preço, não importando as consequências que possam advir dessa filosofia utilitarista de efeitos perturbadores.
Atingido o patamar que constituía o objectivo central dos seus esforços e interesses, não se pode furtar ao vazio existencial ou ao continuado empenho para ter mais, tornar-se conhecido, dominador, como se os infortúnios, as enfermidades, a velhice e a morte não o pudessem atingir.
A existência física parece-lhe ser a saga de realizações externas, o acumular de louros e aplausos, num vaivém ininterrupto, cansativo e desgastante.
Os vitoriosos de um dia, no entanto, passam, como sucede com os indivíduos de todas as camadas nas diferentes lutas que travam.
Essa conduta ilusória responde por transtornos psicológicos muito graves e danos espirituais de libertação penosa.
O mundo é educandário, oficina para actividades nobres e nunca uma ilha de sorrisos e plenitude, ou um palco de tragicomédias que deleitam apenas por um momento.
O Evangelho de Jesus é um repositório de ensinamentos convidando à mudança de entendimento da finalidade existencial.
Sem jamais combater a posse ou o prazer que se derivam dos esforços dignos e dos objectivos de serviço à Humanidade, Jesus sempre conclamou aqueles que O escutavam ao progresso mediante o trabalho, à dignidade por meio do auxílio recíproco, demonstrando, no entanto, a transitoriedade de todas as coisas ante a perenidade do Espírito.
Sendo possuidor de recursos incomparáveis, aplicou--os pelo bem dos outros, nunca se permitindo humilhar ou menosprezar os carentes, ou entregando-se ao desperdício, ao abuso do poder, à exploração de outrem.
Vivendo intensamente o mundo, este com suas imposições, às vezes, arbitrárias, deu curso à meta que trazia: a instalação do Reino de Deus nas mentes e nos corações humanos.
Não seja de estranhar a sua informação de que nesse Reino de justiça, os que se exaltam, se glorificam e desfrutam das comodidades e honradas terrestres, sempre nos primeiros lugares, serão os últimos, enquanto que aqueles que sofrem que jamais experimentaram as concessões terrestres, os tesouros da cobiça e do orgulho, serão os primeiros.
Paradoxalmente, os eleitos pelos homens, que deles esperam colher as migalhas que sobram nas suas mesas elegantes e fartas de poder transitório e prestígio, salvadas as excepções compreensíveis, acumulam os frutos da avareza, do crime silencioso e oculto, da traição, do suborno, da astúcia desenfreada. Eles próprios sabem da conduta que mantêm, de como são interiormente e do seu desinteresse pelo progresso da sociedade e bem-estar do seu próximo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:28 am

O egoísmo que neles predomina cega-os para a realidade existencial e para as mínimas expressões de compaixão e de misericórdia em favor dos deserdados da fortuna, os denominados párias sociais...
E natural que, após a embriaguez dos sentidos e o demorado letargo na glória, despertem para a realidade que difere do que lhes aprouve viver no mundo, anestesiando a razão e torcendo a óptica de observação do seu irmão situado economicamente em degrau mais baixo, quiçá pela sua indiferença ou perversidade.
A luz da Psicologia Profunda, o texto evangélico em epígrafe trabalha contra a sombra do poder-prazer, diluindo o ego ambicioso e perverso ante as claridades diamantinas do Subconsciente das suas altas responsabilidades de edificação da criatura humana.
A coragem de Jesus é incomparável, porquanto diante da alucinação dominante nos Seus dias, formulou a Parábola dos trabalhadores da última hora, enfrentando a presunção farisaica e o orgulho hebreu de considerar-se privilegiado por Deus, em face do seu comportamento monoteísta e das inúmeras Revelações de que a raça foi instrumento. Em contrapartida, eles não se davam conta de que a abundância de informações que esclarecem constitui pesada carga de responsabilidade moral para aqueles que lhe recebem o benefício.
Nasceu Jesus em Israel de forma que se cumprissem as profecias; no entanto, Ele não pertence a um povo, a uma raça, a uma época, sendo de todas as nações e de todos os tempos, sem compromisso específico com quaisquer que Lhe queiram disputar a dominação.
Ele asseverou com severidade que tinha outras ovelhas que não eram daquele rebanho, confirmando a Sua independência e total liberdade de acção em relação a todas as criaturas humanas.
Os profetas foram os primeiros a trazerem a notícia da vida espiritual, da Justiça Divina, das consequências dos actos morais em relação ao próprio ser. Cumpriram com as suas missões abrindo espaços luminosos para aqueles que viriam mais tarde.
São considerados trabalhadores da primeira hora, na visão da Psicologia Profunda em relação à Parábola do Mestre, por haverem suportado a invernia dos sentimentos e a canícula das paixões desequilibradas. Enfrentaram o solo áspero dos corações e não desistiram mesmo quando as dificuldades se lhes apresentavam quase impossíveis de superadas.
Logo depois, vieram os intelectuais, seus herdeiros, os mártires, os Pais da Igreja, os missionários do bem, os lutadores da solidariedade humana, que haviam haurido, nos ensinamentos recebidos, os exemplos e os estímulos para continuarem trabalhando a terra ingrata dos sentimentos terrestres, nessa luta incessante contra a sombra colectiva poderosa, mesmo que a contributo da própria vida, conforme ocorrera com o seu Mestre.
Por fim veio a Revelação Espírita, que faz desaguar no oceano do mundo espiritual todas as propostas da imortalidade, que é desvelada pela mediunidade, da Justiça Divina atestada pela reencarnação e confirmada pelos fatos e pela experiência da fé raciocinada e lógica.
Os tempos modificaram-se, mas as lutas, embora com aspectos diferentes, prosseguem terrificantes e de efeitos cruéis. As atracções do prazer estão multiplicadas pelos veículos da Informática, o abuso dos sentimentos torna-se quase hediondo, as facilidades para o vício e o desvio de rota multiplicam-se a cada instante, e o discípulo sincero da Boa-nova apresenta-se como um estranho no palco das excentricidades hodiernas.
Parece mesmo não haver lugar na sociedade para quem abraça a Doutrina de Jesus desvelada dos enigmas e libertada das mazelas e desvios que sofreu através dos séculos...
Sabendo, no entanto, que o tempo é escasso e as circunstâncias ano são favoráveis, uma empatia superior domina o sentimento desse servidor devotado, impulsionando-o ao prosseguimento do esforço de auto-transformação para melhor, superando as marcas do passado, as heranças primitivas e trabalhando com acendrado amor. Os seus objectivos centram-se no serviço do Bem e mesmo vivendo os condicionamentos do mundo, psicologicamente mantém--se em termos de consciência de si mesmo, administrando as funções da máquina física sem castrar-se ou fugir dos compromissos que lhe dizem respeito, não dependendo dos caprichos terrestres, porque vinculado emocionalmente à Vida sem limite.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:28 am

Compreendendo o convite de Jesus para que sirva em quaisquer condições que apareçam, nunca desanima no serviço, reforçando as convicções espirituais quanto maiores testemunhos surjam pelo caminho iluminativo.
Sucede que muitos desses trabalhadores, ora engajados na renovação, retornaram ao proscénio terrestre para darem cumprimento aos deveres que ficaram interrompidos na retaguarda, em outras reencarnações fracassadas, quando, atraídos pelos ouropéis abandonaram a charrua, embriagando-se de prazeres e enlouquecendo mais tarde de remorso, quando então solicitaram a bênção do recomeço e da reparação...
Repetem hoje as experiências malogradas anteriormente.
Sem qualquer desconsideração pelos diferentes credos religiosos e filosofias existentes, aos espíritas conscientes das suas responsabilidades — aqueles mesmos que se equivocaram e agora recomeçam em condições melhores - cabem neste momento graves compromissos que não podem nem devem ser postergados, quais sejam os de proclamar a Era Nova e demonstrar pela lógica e pelo bom senso, assim como através dos fatos da mediunidade dignificada, a existência do mundo causai, a anterioridade do Espírito ao corpo, os incomparáveis recursos saudáveis defluentes da conduta correta, dos pensamentos edificantes, da acção do bem ininterrupto.
Comprometido com os Imortais que têm a tarefa de apressar estas horas, o trabalhador convidado pela consciência lúcida do dever é estimulado a superar o ego e investir as suas melhores energias na vivência e divulgação da Mensagem evangélica sem jaça.
Simultaneamente, deverá preparar a sociedade terrestre para a reencarnação de milhões de missionários do bem e da caridade, que logo mais brilharão no mundo em sombras como estrelas polares apontando os novos rumos para a Humanidade cansada de gozo e prazer, sequiosa de paz e de renovação.
Nessa oportunidade que chega, espocarão as luzes da verdade desbastando as trevas teimosas da ignorância, os preconceitos doentios da vaidade, os prejuízos morais estabelecidos pelos gananciosos, e o amor triunfará dos caprichos da libido, expressando-se sem tormentos nem angústias, em formoso contributo para a felicidade geral.
É inevitável, portanto, que os últimos sejam os primeiros, e os primeiros sejam os últimos, conforme expressou Jesus na Sua delicada parábola.
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28 - Mediunidade
Ev. Cap. XXI - Item 4

A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má.
Lucas, 6:43

O discurso de Jesus nesse tópico atingia mais profundidade, rumando para o Infinito, com objectivo de consolidar os Seus ensinamentos e exarar condutas lúcidas em relação ao futuro.
As dificuldades vencidas a pouco e pouco, abriam espaço para novos desafios, e as perspectivas se apresentavam complexas senão desafiadoras.
Preocupado com a saúde integral dos Seus discípulos assim como daqueles que O seguiam, não podia deixar de abordar a transcendência do Espírito e o seu relacionamento psíquico com os homens terrestres.
Várias vezes, eles testemunharam o fenómeno atormentado da obsessão sob diversos aspectos, desde as convulsões de cunho epiléptico até as enfermidades físicas, as subjugações amesquinhantes e as alucinações mais frequentes. Também tomaram conhecimento da transfiguração diante de seres imortais e esplendentes no Monte Tabor, deslumbrados e comovidos.
Tornava-se, pois, indispensável desfazer a sombra colectiva, que pairava soberana sobre as pessoas sem orientação.
O povo estava tradicionalmente condicionado a aguardar que ocorressem espectáculos sobrenaturais em volta dos Profetas e de todos aqueles que se apresentavam em nome de Deus, como necessidade premente de manterem a débil claridade da fé quase sempre bruxuleante, que logo voltava a ser embrutecida pelas paixões decorrentes do egotismo perverso cultivado em exagero.
Porque pairasse um silêncio multissecular sobre o país a respeito do profetismo, quando antes era habitual, ao revelar-se o Messias, todos desejavam que o demonstrasse sem cessar, apesar dos inumeráveis sucessos que Ele produzia amiúde por onde passava.
A sede de novidades é sempre crescente nos indivíduos estúrdios e destituídos de percuciência para a identificação dos valores eternos e nobres da vida, permanecendo sem cessar à cata de distracções para fugirem da realidade de si mesmos e dos desafios que os surpreendem a todo momento, convidando-os ao crescimento interior.
Reconhecendo que seria breve o trânsito terrestre, e que o embuste e a mentira seguiriam no Seu encalço após a morte, foi peremptório, advertindo os amigos sobre a possibilidade do surgimento de falsos profetas, qual ainda ocorre nos dias atuais...
Como distingui-los? Quais os sinais de identificação que poderiam representar a sua autenticidade? E, de imediato, a imagem da árvore foi tomada como significativa e definidora da legitimidade de cada ser, irretorquível pelo seu conteúdo específico, graças ao qual, a árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má.
E óbvio que somente através dos actos, que revelam os valores morais de cada criatura, se pode avaliar se a mensagem de que alguém se faz portador é verdadeira.
Ninguém há que, dominado pela sombra, possa desvelar significados profundos, somente encontrados naquele que esteja identificado com a Fonte do Bem.
Mediante a conduta, portanto, os interesses e conveniências, se pode aquilatar sobre as qualidades morais do ser humano, porquanto são-lhe o documento digno de fé.
A ausência da sombra sempre favorece a presença do conhecimento e do discernimento, da acção oposta ao egoísmo, produzindo harmonia interna e não ambição, não competitividade vulgar e destruidora.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:29 am

Autêntico em si mesmo, reflecte o Psiquismo Superior da Vida e arrebanha outras criaturas, conduzindo-as na direcção da plenitude, que já antegoza.
Adindo esclarecimentos à lição neotestamentária, posteriormente o Apóstolo S. João, na sua 1° Epístola, cap. IV, v.
1, informou com sabedoria repassada de ternura:
- Meus bem-amados, não creiais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.
Justo confessar que, já no seu tempo, surgiram os impostores, desejando orientar as massas e auferir recursos para a sua sombra, responsável pelos transtornos que causavam.
Reconhecidos pelo carácter doentio, assim mesmo prosseguiam enganando outros semelhantes, que se compraziam nos jogos da mentira e da disputa irresponsável, pelos prazeres do ego alucinado.
A imagem da árvore é novamente trazida para avaliação, respondendo sabiamente a respeito da qualidade de que se revestem as interferências espirituais, as profecias que se referem à vida transcendental.
Nesse texto de alta magnitude, a Psicologia Profunda cede lugar à análise da Psicologia Transpessoal, porque mais compatível com a mensagem, que haure na Psicologia Espírita a explicação clara e significativa, interpretando o fenómeno, na área da mediunidade, que serve de instrumento para a pesquisa sobre a sobrevivência do ser à morte física assim como a sua anterioridade ao berço, e, no intervalo entre uma e outra existência, a comunicação real.
Esse capítulo profundo da Psicologia Transpessoal ilumina-se com a constatação de que a faculdade que permite o intercâmbio entre os dois planos vibratórios - o terrestre e o espiritual - é da alma, que o corpo reveste de células para permitir a sua ocorrência. É semelhante à inteligência que, de origem extrafísica, no soma encontra os neurónios e outras moléculas especiais para a sua exteriorização.
Entre os hebreus, o profetismo era relevante para caracterizar os enviados de Deus aos homens e às mulheres. No entanto, não estava adstrito o seu significado exclusivamente à produção de feitos excepcionais ou sobre-humanos.
Jesus, o Homem, podia movimentar as energias e comandá-las, direccionando-as conforme a Sua vontade.
Dialogava com os Espíritos enfermos que a morte não libertara dos conflitos que os afligiram, nem das paixões asselvajadas, conseguindo atendê-los e auxiliá-los nas aflições em que se debatiam.
Adentrando-se psiquicamente no futuro, descerrou então parte da cortina que o velava, entreteceu considerações incomuns sobre o Seu ministério, morte e ressurreição, apresentando no futuro as consequências da insânia e da soberba humana, conforme o Seu sermão profético, que se tem cumprido desde o momento da destruição do Templo de Jerusalém, que fora previsto, até à Diáspora, e dali aos acontecimentos históricos, que se hão apresentado na sucessão dos séculos.
A mediunidade, portanto, é de essência espiritual, exteriorizando-se sob a interferência e direccionamento dos Espíritos que, de acordo com a sua procedência, semeiam sombras e aturdimentos, enfermidades e desaires ou luz mirífica de esclarecimento, de caridade, de amor.
A Psicologia Profunda reconhece-Lhe o poder, em face da Sua integração na Consciência Cósmica, na qual adquiria sabedoria e renovava as energias em intercâmbio transcendente, inabitual para os seres humanos.
A sombra colectiva, no entanto, prossegue inquietando, e os indivíduos, açodados pelo ego não superado, esperam o Messias que os liberte dos vícios e da indolência sem o auto esforço, que lhes conceda felicidade sem a ocorrência de vexames, sem lutas, esquecendo-se que, mesmo que tal absurdo se fizesse normal, não poderia impedir-lhes a ocorrência da morte física, o enfrentamento com a autoconsciência e com a Realidade.
Para atendê-los, no turbilhão das aventuras do cotidiano, surgem e são celebrizados homens e mulheres prodigiosos, que se afirmam profetas e Cristos, capazes de solucionar os problemas gerais, menos os próprios, nos quais estorcegam em desespero insano.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:33 pm

A árvore, representando a anima da mediunidade, oferece o fruto, seu animus, em perfeita identidade. Uma e outro definem pela produção a qualidade que os constitui.
O profeta e as suas revelações, o animus e a anima da imagem elucidadora, compõem a unidade que, pela qualidade demonstrará se a sua é uma origem saudável, verdadeira ou enfermiça da sombra mentirosa e petulante.
Jesus assimilou as ideologias vigentes naqueles dias, mas não se deteve nelas, pelo contrário, ergueu-lhes o véu que as deixava sob trevas, referindo-se à necessidade da conquista desse sentido paranormal, que se encontra inato nos seres humanos, a fim de que possam superar os limites em que se debatem, ampliando-lhes as percepções psíquicas, morais e emocionais.
O ser real, à luz da Psicologia Espírita, é eterno, experienciando inumeráveis renascimentos físicos e evoluindo no rumo da Grande Luz, que o impregnará com a claridade da paz.
Por essa razão, a árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má, prosseguindo como lição psicológica de selecção de valores humanos, auxiliando a que sejam identificados e reconhecidos os verdadeiros profetas - os médiuns das verdades espirituais - e que, através dos seus actos sem sombra, mereçam respeito e consideração ou simplesmente compaixão e socorro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:34 pm

29 - Matrimónio e amor
Ev. Cap. XXII - Item 2

Por isso deixará o homem pai e mãe, e ajuntar-se-á com sua mulher, e serão dois numa só carne.
Mateus, 19:5

O sentimento mais elevado do ser humano é o amor, que lhe caracteriza a procedência espiritual. Gerado pelo Amor, expressa-se através desse atributo superior, que vem conquistando a pouco e pouco no seu processo antropossocial, moral e espiritual.
Em cada experiência evolutiva, mais se lhe desenvolvem os valores éticos, e conquista mais alto patamar da escala da evolução.
Expande-se o amor em formulações de múltiplas facetas, conforme os vínculos que sejam estabelecidos pelos impositivos mesmos do processo de crescimento interior.
Quando na consanguinidade, ei-lo como manifestação filial, paternal, maternal, fraternal, para ampliar-se em expressões de união conjugai, de parceiros, de amigos, de companheiros de lutas, ampliando o significado, e assim ruma para a união com todas as demais criaturas humanas e, por fim, com a própria Natureza nas suas várias manifestações.
Vivendo, no passado, relacionamentos promíscuos, atraídos pelas necessidades do sexo sem qualquer respeito pela emoção uns dos outros, a vinculação rápida era resultado de impulsos e desejos, através dos quais se organizavam as famílias que se multiplicavam sem qualquer sentido ético.
À medida, porém, que o ser adquiriu consciência da sua realidade e avançou na conquista, mesmo que inconscientemente, dos direitos que todos devem desfrutar, o matrimónio foi estabelecido como forma de frear os abusos e dilacerações afectivas que eram perpetrados sem a menor consideração pela realidade emocional.
Por isso, afirmou Jesus que no princípio não era assim, recordando que as uniões se davam através dos sentimentos profundos, e quando degeneraram, Moisés, pela dureza dos corações, tomou as atitudes compatíveis com a gravidade do deslize moral.
Por outro lado, a ausência de dignidade nos relacionamentos conspirava contra o equilíbrio e a ordem social, misturando os interesses mesquinhos com os elevados princípios do sentimento que se expressava em relação a determinados parceiros.
O matrimónio passou a direccionar melhor as uniões físicas, desde que, concomitantemente, existissem os compromissos afectivos.
Pode-se considerar esse momento de conquista como um dos elevados patamares da evolução psicológica e moral da sociedade.
Certamente não impediu que as expressões mais primitivas permanecessem orientando os indivíduos, especialmente os homens, que se sentiam atavicamente com mais permissões do que as mulheres, facultando-se o adultério e o desrespeito aos compromissos espontaneamente assumidos para a construção da família.
A mulher, enganada ou submetida aos seus caprichos pela força vigente e aceita pela sociedade, silenciava as suas aspirações, quando no lar, ou servia de pasto para as paixões, quando empurrada para os resvaladouros da prostituição.
Embora o amor pudesse orientar a disciplina e conduzir à conquista dos objectivos elevados da procriação e da harmonia emocional no relacionamento saudável, a grande chaga da corrupção prosseguiu supurando e contaminando uma após outra geração, as quais se atribuíam créditos em relação ao prazer e ao vício.
A proliferação das enfermidades sexualmente transmissíveis não conseguiu diminuir a febre dos arroubos e insatisfações, castrando nobres aspirações, ceifando alegrias e destruindo vidas ao longo dos milénios de cultura e civilização.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:40 pm

Um grande silêncio, feito de ignorância e presunção, permaneceu no contexto das famílias, facultando que a desordem prosseguisse campeando sob o aplauso surdo do machismo generalizado e o sacrifício feminino, que se impunha a submissão e a escravidão doméstica.
Por sua vez, as religiões dominadoras, igualmente comandadas pelos homens, negavam quaisquer possibilidades de reversão da ordem hipócrita, mesmo quando intimamente era reconhecida a necessidade urgente de alteração de conduta para o bem geral e a felicidade dos grupos sociais que se uniam com objectivos mais elevados.
Na cegueira que vigia arbitrariamente se interpretou o ensinamento de Jesus como uma imposição para que o matrimónio se transformasse em uma cerimónia religiosa consolidada, de natureza perpétua, até que a morte separasse os nubentes, não obstante vivessem distanciados pelo ódio, pelo ressentimento recíproco, pelo não cumprimento dos deveres do tálamo conjugai.
Foi uma atitude que, para minorar um mal perturbador, produziu um efeito tão danoso quanto aquele resultado que se desejava eliminar, abrindo feridas ainda mais profundas e devastadoras no cerne das vidas que eram ceifadas.
Todas as leis elaboradas pelo homem são transitórias, porque devem atender a necessidades ocasionais que, ultrapassadas, perdem o seu significado.
No princípio, quando as determinações legais possuíam um carácter temerário, punitivo, seria compreensível que fossem programados estatutos definitivos com objectivo de evitar a permanência do mal. No entanto, à medida que a cultura e a ética liberaram a consciência dos grilhões da ignorância e dos impositivos erróneos dos processos medievais, tornou-se necessária a alteração das determinações elaboradas pelos legisladores, a fim de que se tornassem mais compatíveis com o ser humano em fase de desenvolvimento moral e espiritual, resultado natural das suas conquistas intelectuais.
Somente eternas são as leis universais, aquelas que procedem de Deus, imutáveis, porque qualquer alteração na sua estrutura levaria ao caos a própria Criação.
As humanas estão sujeitas às condições de época, de povo, de lugar e de necessidade evolutiva. Por isso, variam mesmo entre culturas equivalentes não necessariamente interdependentes.
As leis civis, portanto, têm como meta cuidar do equilíbrio moral e social, mantendo os interesses da família e da sociedade, do indivíduo e do grupo no qual se encontra.
Assim sendo, o matrimónio é uma instituição humana que, infelizmente, em alguns períodos da História serviu para atender aos interesses e paixões de Nações ambiciosas que uniam os seus membros, a fim de se apossarem de terras e de vassalos que lhes passavam à tutelagem, quando dois dos seus nobres se uniam através da cerimónia religiosa estabelecida como legítima. Tão imorais atitudes essas, que sem ao menos se conhecerem os parceiros, acreditavam que o sacrifício os levava a se desincumbir dos interesses do Estado, sem qualquer consideração pelos seus sentimentos pessoais.
(...) E o desrespeito disso decorrente campeava sem qualquer disfarce, sob o apoio da bajulação e a sordidez da conduta moral dominante.
Felizmente o divórcio veio terminar com a incómoda situação das uniões infelizes, facultando a transformação do tipo de relacionamento conjugai em outras expressões de amizade e de consideração de um pelo outro parceiro, que as circunstâncias conduziram à mudança de compromisso, especialmente quando existem filhos, que não podem ser relegados à orfandade de pais vivos por desinteligência destes.
Somente a lei de amor é portadora dos valores que preservam o matrimónio, porque se radica no sentimento elevado de respeito e de dever que se devem manter os cônjuges, direccionando as suas aspirações para o equilíbrio e a felicidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:41 pm

A fim de que os indivíduos consigam o êxito no consórcio matrimonial, que decorre da afinidade e compreensão de ambos os cônjuges através do amor, torna-se indispensável que os conteúdos psicológicos de cada qual se encontrem em harmonia, sincronizando-se o animus na mulher com a sua feminilidade e a anima no homem com a sua masculinidade, sem que haja predominância arbitrária de qualquer um deles, o que sempre conduz ao desequilíbrio emocional, se assim não ocorre, dando lugar a comportamentos agressivos de sensualidade ou de desvio de conduta.
Nessa identificação de conteúdos psicológicos, os dois seres fundem-se emocionalmente, trabalhando-se pela plenificação sexual e emocional, daí resultando a saúde moral que deve viger em todas as uniões.
O matrimónio, portanto, à luz da Psicologia Profunda, continua sendo um rumo de segurança para os indivíduos que, às vezes, imaturos, não se dão conta da gravidade do cometimento, mas que despertam sob os estímulos do amor construindo segurança e harmonia íntima.
Jesus muito bem percebeu a significação do matrimónio, respondendo que nesse ato são deixados outros vínculos, a fim de que aqueles que se amam, se unam e construam a família, assim contribuindo para uma ordem social mais consentânea com as necessidades da evolução e do desenvolvimento profundo de todos os seres.
Não se trata, portanto, de um compromisso formal, mas de uma união enraizada em sentimentos de alta potência emocional, da qual se derivam as necessidades de harmonia e de entendimento, que fundem os seres uns nos outros, sem lhes inibir a identidade nem as expressões individuais de vir a ser. Quando Deus junta dois seres, isso ocorre em razão da Lei de causa e efeito, que já ensejou conhecimento das criaturas em existências passadas, nas quais surgiram as manifestações iniciais da afectividade, ou foram realizadas tentativas de união, que ora se apresenta mais forte e compensadora do que naquele ensejo.
O que deve ser abominado é o adultério, são os relacionamentos múltiplos, em cruel desrespeito à confiança e à dignidade do outro, que se sente esbulhado e espezinhado, conduzido ao ridículo e substituído nos seus nobres sentimentos de valor moral e amor, que não estão sendo considerados.
Enquanto viceje o amor, portanto, as uniões permanecerão.
Isto não equivale a dizer que, ante quaisquer diminuições da afectividade, logo se pense em separação, tendo-se em vista que o emocional experimenta alterações constantes, produzindo estados de desinteresses, de conflitos, de inquietações, que deverão primeiro ser superados, antes que ampliados por decisões, certamente infelizes.
O matrimónio é um compromisso sério, que deverá sempre ser resultado de seguro amadurecimento, precedido de reflexão profunda e dever emocional para com o Si e para com o próximo, a fim de que sejam os dois seres uma só carne.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:44 pm

30 - Espada e paz
Ev. Cap. XXIII - Item 11

Não penseis que eu tenha vindo trazer paz à Terra...
Mateus, 10:34

A sombra imensa que pairava na sociedade existente, estabelecendo os seus parâmetros de vitórias sobre as criaturas humanas, já o esclarecemos. Os conceitos éticos ainda não estruturados vicejavam num contexto eminentemente hedonista e perverso. A predominância do direito da força sobre a força do direito constituía valor relevante na cultura geral. O ser humano estorcegava na canga da escravidão política, social, económica, de raça, de credo, destacando-se como triunfantes as personalidades impiedosas e violentas e os poderosos de um dia, herdeiros das tradições ancestrais e dominadores no grupo social.
A família submetia-se ao patriarcado soberano e, não poucas vezes cruel, sob qualquer aspecto considerado. Os interesses giravam em torno da posse, terrível mecanismo egóico para preservar as paixões ainda asselvajadas.
Não obstante, na face do comportamento religioso, ocorriam transformações acentuadas. O paganismo no mundo entrava em decadência, em relação aos cultos transactos e formalistas; os holocaustos humanos, objetivando aplacar a fúria divina, já haviam cedido espaço para os sacrifícios de animais em Israel, transformados em recursos valiosos para absolvição de pecados e oferendas gratulatórias.
A razão rompia a noite da ignorância e colocava os pilotis do discernimento e da valorização da criatura, que passava a ser vista como a imagem e a semelhança de Deus, em detrimento da conceituação anterior, na qual não passava de instrumento servil. Certamente esse processo, que ainda continua em desenvolvimento, teria que superar todos os impulsos agressivos que constituem a natureza humana, vitimada pela herança animal resultante do seu processo de crescimento antropossociopsicológico. Não obstante, apresentavam-se as primeiras directrizes de segurança para aquisição da consciência individual e colectiva, e Jesus chegou nesse instante decisivo para auxiliar e facilitar a grande transição da barbárie para a civilização.
A Sua doutrina, feita de amor, contrapunha-se a todos os valores estabelecidos, nos quais a supremacia do orgulho e da hediondez de conduta delineava as regras a que todos se deveriam submeter sem qualquer discussão.
Acostumados às injunções severas, os indivíduos conduziam-se conforme o estabelecido, sem coragem ou ideal para romper as amarras fortes da dominação externa e das torpezas morais internas às quais se entregavam.
Enfrentar a sombra colectiva e, ao mesmo tempo romper a interior, exigia decisão firme.
Aquela era, portanto, uma doutrina toda feita de compreensão e bondade, ternura e compaixão, que não podia ser comparada às atitudes de agressividade interna ou externa, de ostensiva ou disfarçada hostilidade. No entanto, nunca Lhe faltara a energia e o valor moral para enfrentar os desafios que surgiam objetivando obstaculizar a marcha da Sua revolução espiritual.
Era, sim, uma revolução espiritual como a Terra jamais experimentara outra semelhante.
Essa era a directriz que sempre seguiria, e nunca deixaria de proclamar como motivo primordial da Sua estada entre os homens.
Jesus-Homem, não é um símbolo mitológico, mas um Ser real desafiador, que superava todas as condições adversas e todas as situações dramáticas em favor do ministério a que se entregava, sem afastar-Se das metas estabelecidas.
Esse comportamento exige decisão imbatível e coragem superior, vigor especial e brandura incomum, a fim de não serem utilizados os mesmos instrumentos que pertencem aos opositores.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:44 pm

A doutrina por Ele pregada e vivida suplantava os códigos éticos e religiosos vigentes, apresentando uma nova e estranha moral, que rompe o aceito, apontando facetas superiores que se encontram em estágios mais elevados, e que, para serem alcançados, seus seguidores devem derrubar todas as barreiras, mesmo que ao preço do sacrifício da própria vida.
Em momento algum Ele temeu os acontecimentos graves, os enfrentamentos apaixonados e traiçoeiros, mantendo-se sereno e seguro dos resultados que esperava.
Como romper com as estruturas vigorosas do passado em governo nas condutas e nos interesses servis? Outra alternativa não haveria e continua não existindo, senão a utilização da espada para separar uma da outra proposta, a mentira da verdade, a usurpação ignóbil da conquista honrada.
Era natural, pois, que todo aquele que se vinculasse ao Seu estratagema de amor, logo se definisse em relação às condutas mundanas, rompesse com a acomodação e mesmo se tornasse vítima da espada sanguinária do ódio adverso.
A História inscreveria o nome dos mártires e santos, heróis da fé e místicos em páginas fulgurantes de amor e de coragem, mediante as vidas ceifadas pelas lâminas guerreiras, pelas labaredas devoradoras, pelas feras que estraçalharam as carnes, pelos incomparáveis sacrifícios experimentados por todos eles...
No lar, na família, seriam solapadas as construções rígidas do egoísmo, do patriarcado sombrio, do orgulho de clã e de raça, quando alguém começasse a vencer a própria sombra e trabalhasse as bases do ego para que cedesse lugar às manifestações do Self.
Uma luz nova como a Sua mensagem teria que cindir as trevas e proclamar a claridade, libertando as consciências e os comportamentos dominantes, enfrentando o maquiavelismo político, as arbitrariedades governamentais, as intrigas farisaicas de todas as épocas, implantando pela qualidade o seu conteúdo especial.
A espada, referida por Jesus, não seria utilizada pelos adeptos da doutrina, mas por aqueles que se lhes oporiam, separando-os de tudo quanto amassem, de todos os laços e raízes emocionais, inclusive os da afectividade. Aqueles que antes lhes partilhavam as ideias, a convivência, os exprobariam em face da decisão tomada, se separariam, abririam feridas profundas nas suas almas, dilacerando-lhes as carnes dos sentimentos... E eles a tudo aceitariam por honra e dedicação ao ideal abraçado.
Porque a sombra colectiva governasse os destinos humanos por muito tempo, alguns dos discípulos, desassisados e violentos, atormentados pelas compulsões obsessivas, empunharam-na através de diferentes épocas para impor o pensamento de Jesus, quando Ele preferiu sofrer as consequências da Sua decisão, deixando-se martirizar. Ele sabia que o sacrifício é mais poderoso do que o comando de um exército equipado para matar. A voz silenciosa do martírio conclama com mais vigor do que os brados de vitória sobre os cadáveres daqueles que deveriam ser conquistados e não vencidos, havendo estabelecido o período negro e perturbador do desenvolvimento histórico desenhado para a disseminação do amor.
As marcas da alucinação ficariam na trajectória do pensamento cristão como fruto apodrecido da sombra colectiva e do impositivo psicológico; numa visão mais profunda, a espada teria que ferir fortemente a ignorância, o orgulho, os preconceitos de cada adepto novo.
Isso significaria a vitória sobre a própria sombra prevalecente no ser, não obstante tomando contacto com a generosa fonte de sabedoria que foi Jesus.
Logicamente, surgiriam opositores ferrenhos ao enunciado revolucionário inserto nos discursos d'Ele. Esses opositores não seriam apenas os externos, representados pelos detentores do poder terreno que o temeriam perder; pelos exploradores da credulidade geral, receando ser desmascarados; pelos usurpadores dos bens e dos recursos do próximo, que se veriam a braços com o impositivo da devolução da rapina; pelos famigerados perseguidores de todos os ideais de enobrecimento humano. Também estariam no imo das criaturas que desejassem a vinculação com Ele, inscrevendo-se nas fileiras do idealismo, entregando-se ao movimento em instalação na Terra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:44 pm

E, sem dúvida, esses oponentes interiores, ocultos pelo ego, seriam muito mais impiedosos, necessitando ser passados pelo fio da espada, do que aqueloutros, que vêm de fora e podem ser contornados, vencidos ou suportados, porque são de rápida persistência. Os adversários, porém, internos, cuidados pelos sentimentos egóicos, esses constituiriam sempre impedimentos mais difíceis de vencidos pela espada da decisão de os superar e deles libertar-se.
Literalmente, Jesus separa pais de filhos, cônjuges, irmãos, momentaneamente, quando alguns se opõem à decisão daqueles que se entregarem às transformações morais apresentadas, ao trabalho de abnegação em favor do próximo, aos compromissos de construir o mundo de solidariedade que surgirá dos escombros da sociedade rica de moedas e pobre de sentimentos de fraternidade. Mas essa ocorrência seria também a ponte que traria de volta aqueles mesmos que os expulsassem, quando a sua sombra cedesse lugar ao conhecimento dos legítimos valores humanos e sociais, auxiliando-os na lídima fraternidade que, em vez de impor os laços de família consanguínea, estabelecem como fundamentais aqueles da fraternidade universal.
A espada, por fim, favorecerá a verdadeira paz.
(...) Não penseis, pois, que eu vim trazer paz à Terra, essa modorrenta paz que é feita de ócio e de cansaço, mas a paz dinâmica e gloriosa que é conquistada com a espada flamejante da autoconsciência que dilui a sombra teimosa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:45 pm

31 - Cruzes
Ev. Cap. XXIII - Item 12

E o que não leva a sua cruz...
Lucas, 14:27

Os seres humanos transitam no seu processo evolutivo, invariavelmente, crucificados aos problemas que elaboraram para eles mesmos, experimentando dores e amarguras graves, de que somente se libertarão quando se resolverem pela transformação interior, adoptando comportamentos saudáveis. A verdadeira saúde é um estado íntimo de equilíbrio, de harmonia entre os desafiantes conflitos que a todos assaltam a cada instante, considerando-se a vulnerabilidade emocional e vivencial de que se encontram constituídos.
Não equipados interiormente para o auto-enfrentamento, de que fogem quanto lhe permitem as possibilidades, movimentam-se em contínuas inquietações que os afectam, quase comprazendo-se nos transtornos que terminam por vencê-los.
A esses indivíduos tomados de incompletude se dirige Jesus, convocando-os à terapia da renovação espiritual, de modo que conduzam a cruz dos problemas, tornando-a leve, antes que se deixando esmagar pela conjuntura afligente.
Aos primeiros discípulos a proposta possuía uma interpretação literal, tendo-se em vista o estágio cultural e social da época, que não admitia condutas que se diferenciassem do que era imposto pelo status predominante. A liberdade encontrava-se amordaçada pela força do poder governamental e pela sombra colectiva que pairava soberana. Vindo diluí-la com o sol vibrante do Seu verbo e da Sua conduta, Jesus sabia que os Seus discípulos teriam que pagar o atrevimento de proclamar e viver a Nova Era, livres das injunções sacrificais propiciadas pela ignorância.
Por isso, deixou explícito que segui-lo representava perder a liberdade - aliás, mínima -, o direito à existência física; no entanto, esses eram valores de pequena monta, desde que a realidade do ser transcende às injunções materiais, estendendo-se pelo campo dimensional da imortalidade, representando, portanto, a aspiração máxima, e a cuja realização todos devem entregar-se com afã.
Os triunfos enganosos que não sobrevivem ao corpo, as honrarias que perdem o significado ante os sofrimentos, as alegrias da glória fantasiosa que logo passa, constituem, à luz profunda do Evangelho, distracções para o movimento físico do Espírito, ainda iludido com a transitoriedade da organização somática.
A sombra, que dificulta a visão da plenitude do ser, compraz-se com essas conquistas, anestesiando os centros do discernimento que detecta a fugacidade terrena, e que o Evangelho dilui com o esplendor majestoso do seu conteúdo moral e libertador.
O discurso de Jesus-Homem, conhecedor dos desafios e das dificuldades do ser humano, é todo um complexo processo de introspecção para o seu encontro com a realidade pessoal além da personalidade, em mergulho consciente no Self, como forma eficaz de anular os impositivos preponderantes do ego na conduta convencional.
Esse ser humano está fadado à glória estelar, que se desdobra da intimidade dos sentimentos virgens na direcção da conquista dos valores imperecíveis do Espírito.
No aparente paradoxo das propostas do Mestre, quais aborrecer-se dos familiares, do mundo, das paixões, preferindo o Reino de Deus, há um significado muito especial. Deixar os mortos enterrar os seus mortos, optar pela espada, pelo fogo, em vez de pela comodidade, pela paz estagnada, representa um convite severo à consciência para que se resolva pelo que lhe é mais importante. Esses ensinos estão fundamentados na lógica da imortalidade, ante a qual alteram-se as paisagens e aspirações humanas na conquista das questões secundárias ante as essenciais para a existência feliz, aquela que é duradoura e real.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:45 pm

Torna-se, inevitavelmente, necessária a decisão pela vida futura enriquecedora, que já começa no momento em que o ser desperta para a sua realidade, libertando-se dos impositivos constritores da dependência física.
Quem identifica um tesouro não mais se aquieta senão após consegui-lo, e logo se entrega à sua multiplicação de valor, de forma que possa atender a todos quantos se encontram à volta.
A família é o grupo social onde o Espírito se aprimora, aprofundando a sensibilidade do amor, lapidando as arestas das imperfeições, depurando-se das sujidades morais, limando as anfractuosidades dos sentimentos e condutas; que merece carinho, mas constitui campo de desenvolvimento e de conquistas, nunca prisão ou fronteira delimitadora e impeditiva dos grandes saltos na direcção do triunfo sobre o Si.
A decisão do auto-encontro, para o enfrentamento das paixões perturbadoras, rompe os interesses do clã e do grupo social sempre egoístas e temerários. A sombra que predomina empana a capacidade de compreender e de definir rumos, retendo a criatura na comodidade dos interesses próximos que dizem respeito ao ego, à segurança pessoal e ao vicioso encurralamento nos limites da protecção arquitectada e construída.
O ser, no entanto, é livre, e para tanto ama, sem reter--se ante as novas possibilidades que detecta a cada momento que cresce espiritualmente, antevendo o próprio futuro.
Nesse contexto, guerreia pela liberdade de movimento, de escolha, de direccionamento, de selecção de valores, não se demorando nos estreitos círculos dos cometimentos pessoais e dos feudos domésticos, porque a Humanidade é a sua meta, o Universo é o seu fanal.
Jesus sabia dessa aspiração máxima e vivia-a integralmente, rompendo as amarras da sordidez da cultura esclavagista e desprovida de infinitos.
Por isso, proclamava a espada da decisão que separa os indivíduos que se candidatam às alturas, em relação àqueles que se comprazem nos vales sombrios do imediatismo, das satisfações injustificáveis dos instintos, sem as claridades superiores da emoção.
Separar os operosos dos acomodados; dividir a sociedade, que já não se comporta feliz quando se conduzindo pela faixa da tradição, das heranças atávicas do passado sem idealismo; romper com as imposições em predomínio na sociedade, por aspirar-se a mais amplos horizontes, àqueles que facultam visão de infinitude, eis o que propõe o Mestre sábio.
O homem parvo e comum contenta-se com um naco de pão para a sua fome do momento, sem dar-se conta de que o fenómeno se repetirá, tornando-se-lhe necessário prevê-lo e prover-se.
Esse indivíduo, porém, que desperta para uma compreensão integral da vida, não se detém mais ante os cadáveres em decomposição da sua época, as imposições sociais trabalhadas na superfície sem aprofundamento de significado, no realizar o que é conveniente em detrimento daquilo que deve fazer... Opta, naturalmente, pela postura desafiadora, sofrendo a incompreensão e a zombaria dos seus coevos ainda aturdidos na sombra colectiva que os envolve.
Jesus pagou pela audácia de perturbar o sono dos poderosos, de sacudir os embriagados dominadores de outras existências, de rebelar-se em relação às directrizes da mentira acomodada, da exploração das mentes e dos corações pelos triunfadores da astúcia e da bajulação, infelizes, no entanto, todos eles, movimentando-se nos palácios vazios de objectivos enobrecedores onde se encontravam.
Desse modo, com a sua visão profunda de uma psicologia nova, propôs essa estranha moral, não convencional, revolucionária, quebrando as estruturas milenares de raça, de credo, de política, de sociedade trabalhadas na hediondez e na mentira.
Os Seus ensinos resplandecem claridade imortal, segurança emocional, harmonia estrutural, felicidade possível e próxima.
A luz da Psicologia Profunda, carregar a cruz invisível é transformá-la em asas de ascensão, identificando os madeiros de dor e de sombra para alterar-lhes a constituição.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 9:45 pm

Não obstante as conquistas da inteligência, nas áreas da Ciência e da Tecnologia, ainda permanecem tabus e preconceitos que se encontram enraizados no inconsciente humano, exigindo que os idealistas, os que estão despertos, não se rebelem contra as conveniências estabelecidas, partindo para as realizações que lhes dizem respeito, na construção da sua realidade profunda e inevitável.
É óbvio que essa decisão lhes imporá cruzes de tormentos vários: no lar, em razão das conjunturas egoísticas dos familiares que se atribuem direitos sobre aqueles que lhes constituem o clã; no grupo social, acostumado a desfrutar dos gozos que lhe são dispensados; no trabalho profissional, onde os interesses giram em torno do poder e do ter; nos relacionamentos fraternos, que sempre exigem dos outros aquilo que cada qual não consegue em relação a si mesmo...
Carregar, portanto, a sua cruz é não se submeter às imposições mesquinhas de quem quer que seja, tornando--se livre para aspirar e conseguir, para trabalhar e alcançar as metas da auto-iluminação, tendo como modelo Jesus, que rompeu com tudo aquilo que era considerado ideal, estabelecido, legítimo, porém, predominante nos círculos viciados dos poderosos, que o túmulo também recebeu e consumiu na voragem da destruição dos tecidos, não, porém, das suas vidas.
Naqueles dias, o paganismo diluía-se, e Jesus veio no momento exacto, contribuindo para a sua extinção.
As criaturas, no entanto, não se libertando totalmente das formalidades e imposições externas a que estavam acostumadas, reintroduziram no pensamento do Mestre galileu as suas formalidades asfixiantes, os seus dogmas infelizes, castrando as mais belas expressões da Mensagem.
Em face das conquistas modernas, especialmente na área das ciências psíquicas, da astrofísica, da química molecular, da física quântica, que desmistificaram a matéria, o Evangelho ressurge com força e autenticidade confirmadas pelos imortais que retornam do túmulo para comprovar a indestrutibilidade da vida e as consequências do comportamento humano, sempre responsáveis pela felicidade ou desdita de cada um, abrindo espaços luminosos para a aquisição da paz e da felicidade. Mas, sem dúvida, é necessário que cada qual leve a sua cruz de responsabilidade, de iluminação e de eternidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:00 am

32 - Psicoterapeuta
Ev. Cap. XXIV - Item 12

Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos.
Mateus, 9:12

O Homem-Jesus, totalmente livre da sombra individual como da colectiva, que pairava na sociedade da sua época, penetrava com facilidade na problemática profunda do ser, direccionando-se às causas essenciais que modelam a existência terrena. O Seu olhar percuciente alcançava o cerne da criatura ali identificando os reais conflitos, a psicogénese dos distúrbios emocionais e psíquicos que lhes diziam respeito, porque reconhecia no processo das múltiplas existências a causalidade dos acontecimentos na esfera física e no comportamento social. O ser integral não era aquele dissociado da legitimidade espiritual, que se apresentava aos olhos físicos, antes sim, aquele que se constituía de valores transcendentes ao campo da forma, originado na Espiritualidade.
Igualmente, por conhecer a paranormalidade - Ele mesmo na condição de médium de Deus -, sabia exortar para a busca da essencialidade interior em detrimento da aparência cómoda e perturbadora das exterioridades humanas.
Elegendo os pobres e conflituosos, aqueles que eram detestados e não fruíam de oportunidade melhor na convivência social do dia a dia, além de quebrar as barreiras sociológicas e económicas vigentes, que tantas infelicidades causavam e ainda produzem no grupo humano, demonstrava também a excelência dos Seus propósitos e a sabedoria da Sua eleição. Eram esses desditados os que mais necessitavam, porquanto os outros, os poderosos, os não excluídos, já se encontravam cheios do bafio da petulância e da pequenez, por momentos não necessitados de alimentação espiritual mais significativa, nem capazes de entender a sua mensagem. Muito preocupados com as questiúnculas do corriqueiro em que se debatiam, haviam perdido o contacto com as ambições elevadas do significado existencial. Bastavam-se a si mesmos na névoa da ilusão em que se movimentavam ansiosos.
Trazendo a toda a Humanidade a proposta psicoterapêutica preventiva, através da qual seria possível a vivência da saúde integral, oferecia também a curadora, de modo que todos pudessem desfrutar das bênçãos que estão ao alcance de quem as queira vivenciar.
Todo o Seu ministério foi um hino de exaltação e vivência da liberdade, da conscientização do indivíduo, da sua auto-responsabilidade diante dos acontecimentos existenciais, dando início a uma forma nova de ver e entender todas as coisas.
Com a coragem que Lhe era peculiar rompeu com a tradição da ignorância e dos caprichos seitistas que dominavam no contexto dos interesses sociais sempre mesquinhos e interesseiros, que trabalhavam em favor dos astutos e dos ambiciosos, deixando ao desamparo e na miséria moral aqueles que não partilhavam dos grupelhos dominadores.
Nunca se permitiu o cultivo da hipocrisia ou de atitudes receosas, por isso mesmo propôs que não se deve pôr a candeia embaixo do alqueire, antes no velador, a fim de que a sua luz derrame claridade por toda parte, alcançando todos aqueles que se lhe acerquem, assim banhando-se de luz.
Outrossim, proclamou a necessidade de ser-se sincero e autêntico mediante uma proposta de desvelamento moral sem subterfúgios, na qual o ego não se sobrepõe ao Self, mascarando a realidade do ser existencial. Através dela, a coragem da fé se torna patente, em face da segurança em torno dos objectivos abraçados, sem os titubei-os e incertezas que são comuns nas actividades imediatistas do consumismo de todas as épocas.
Jesus é um Homem extraordinário, sem precedentes na história da Humanidade, não podendo ser compreendido em um lance de simplicidade ou de aventureirismo cultural.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:00 am

A complexidade da Sua vida transcende a uma observação mesmo quando cuidadosa, porque ultrapassou o tempo em que viveu e permanece acima do convencional, do estabelecido, do aceito e do conhecido.
A paranormalidade de que era possuidor tem características muito especiais, não podendo ser comparada com aquela cujas balizas foram estabelecidas pelo estudo hodierno realizado nas experiências de laboratório. Ninguém como Ele, que produzisse tão variada e complexa gama de fenómenos, conforme o fazia, sem estardalhaço ou quaisquer outras formas conhecidas de chamar a atenção.
A Sua austeridade não se permitia vulgaridade ou espectáculo, mantendo-se invariavelmente o mesmo, fosse quando recuperou das febres a sogra de Simão Pedro, na intimidade doméstica, ou quando deteve o vendaval sobre as águas agitadas do mar da Galileia, diante de várias testemunhas...
O cepticíssimo desatento, entretanto, tem tentado minimizar a fenomenologia que realizou, propondo interpretações que lhe retirariam o conteúdo de realidade acima do habitual. Isto por falta de conhecimento das Leis que escapam ao controle objectivo e ainda permanecem algo desconhecidas, mas que por Ele eram perfeitamente identificadas.
Com esse poder de que se revestia, jamais atentou contra os Códigos Soberanos da Vida, mantendo-se inflexivelmente dentro dos parâmetros nos quais se deveria movimentar.
Assim, a Sua mensagem direccionava-se, como ainda hoje ocorre, aos enfermos da alma, cujos corpos, por consequência, se encontravam ou permanecem deteriorados.
O Seu brado de advertência constitui a terapia ideal, porque é aquela que, além de evitar a doença ou de curá-la, predispõe o paciente para que não mais se permita afectar, pairando sobranceiro acima dos contingentes perturbadores e causadores de degenerescências habituais: físicas, emocionais, psíquicas, morais.
Mediante esse destemor, não distinguia pecadores de sadios, mantendo o mesmo intercâmbio com as diferentes camadas da sociedade, porque sabia que todos os indivíduos que se encontram na Terra estão em conserto dos efeitos dos atentados que praticaram contra si mesmos.
Aqueles que se mascaravam de puros e se apresentavam como portadores de virtudes facilmente identificadas pela aparência, jamais pela profundidade em que se agitavam, eram-no conforme faziam crer. A verdadeira pureza não se tornava de fácil constatação, porque jaz no imo do ser, e este permanece ingénuo e simples como uma criança, jamais perverso, julgador inclemente, discriminador constante...
Ao mesmo tempo, amava-os a todos com igual sentimento de compaixão, como Terapeuta compreensivo e conhecedor das recidivas que os pacientes se permitem por incúria e insensatez contumazes.
A esses enfermos da alma, os esquecidos pela sociedade, além da consolação que lhes poderia oferecer, ministrava-lhes o pábulo da saúde e da esperança, proporcionando-lhes entender os mecanismos da vida extrafísica e atendendo-lhes também as faculdades espirituais entorpecidas ou perturbadas por forças desencarnadas.
Inerente a todos os seres humanos, Ele identificava a mediunidade, que é neutra em si mesma, podendo expressar-se no bruto, no perverso, no imoral, assim como no gentil-homem, no missionário do bem, no abnegado seareiro da luz, e estimulava a todos que mantivessem uma conduta saudável e vinculada ao Pai...
Causa surpresa constatar-se que, não poucas vezes, essa faculdade surge em pessoas moralmente descredenciadas para o seu exercício, e que, por efeito, utilizam-na mal, complicando-se a si e aos outros confundindo. Sucede, porém, que a luz é oferecida a todos com igualdade de ensejos, cabendo a cada qual utilizá-la conforme lhe seja mais útil, assim gerando as consequências que advenham após a forma da sua utilização.
Ela proporciona o intercâmbio com os Espíritos, abrindo as portas da imortalidade a todos quantos anelem por adentrar-se rumando na direcção do Infinito e beneficiando-se das incomparáveis concessões que podem fruir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:01 am

Assim, portanto, é concedida a todos os seres humanos, especialmente aos enfermos da alma, para que não se possam justificar de ignorância ante a causalidade da vida e a sua realidade após a morte.
Por não ser uma faculdade que coloca a criatura em contacto apenas com as virtudes dos Céus, mediante a lei de sintonia faculta o comércio emocional e o convívio com os Espíritos que são semelhantes aos indivíduos que se lhes submetem por comodidade ou desinteresse na mudança de hábitos.
Graças a essa liberdade de escolha a respeito daqueles com os quais se podem ou querem comunicar os portadores de mediunidade, cada um segue o rumo que melhor lhe apraz, aprendendo a conquistar com as lições que recebe o mais eficaz comportamento que lhe proporcione felicidade.
É emocionante constatar-se que o Terapeuta por excelência jamais se recusa a atender quaisquer pacientes em todos os momentos, desde que se Lhe facultem adentrar na casa do coração e O recebam nos tugúrios de sofrimento onde se refugiam.
Assim, regozijem-se todos os seres humanos com a Mensagem de Jesus, deixando-se penetrar pela proposta de saúde moral e de paz real que proporciona, porque os sãos não necessitam de médico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:01 am

33 - A busca
Ev. Cap. XXV - Item 2

Buscai e achareis.
Mateus, 7:7

A medida que o ser adquire consciência da realidade do Si profundo, a busca de mais elevados patamares torna-se inevitável. Conquistado um degrau, outro surge desafiador, enriquecido de possibilidades dantes não conhecidas. Ascende, passo a passo, em incessante desenvolvimento de valores que se tornam urgentes de conquistados, conseguindo maior compreensão dos objectivos da vida.
Enquanto o bruto contenta-se com o essencial para a existência, apenas experimentando impulsos e dando campo às necessidades imediatas, aquele que pensa aspira a mais significativas realizações que ultrapassam os impositivos automatistas do fenómeno orgânico.
Saindo da sombra total, em razão da ignorância em predomínio, na qual se encontrava, a aquisição de luz interna deslumbra, ensejando horizontes mais nobres, que atraem irresistivelmente para cima, para o Infinito.
O Homem-Jesus sabia-o, em razão de haver atingido anteriormente o mais elevado nível de evolução, que O destacava das demais criaturas terrestres, apresentando-se como o Modelo e o Guia a ser seguido. Criado por Deus, e havendo alcançado o excelente estágio de progresso e de iluminação em que se encontrava, aspirava para todos os indivíduos a mesma posição, tendo, por Sua vez, o Pai como exemplo e foco a ser conquistado.
Sendo o progresso infinito, não se contentou no que havia adquirido, detendo-se em improfícuo e absurdo repouso, por entender que entre Ele e o Criador medeia um verdadeiro abismo de evolução, tanto quanto um outro vão desafiador existe entre os seres terrestres e a situação que Ele desfruta na escala de valores morais e espirituais.
Assim sendo, propôs que ninguém se satisfaça com o já conseguido, antes cresça, busque, entregando-se ao esforço incessante da libertação dos atavismos iniciais, e ascenda no rumo da Grande Luz, tendo-O por condutor seguro.
Antes, porém, de ser empreendida por alguém essa busca, torna-se necessário que saiba o que deseja e para qual finalidade o almeja.
A luz do Psicologia Profunda, a única realidade é aquela que transcende os limites do objectivo, do imediato, das necessidades do prazer sensualista e da exaltação do ego. As metas reais da existência são aquelas que facultam a harmonia que nunca se apresenta como consequência do cansaço, em uma arquitectura de paz equívoca, mas de perfeita identificação entre os diversos conteúdos do ser real e o seu equilíbrio com o ego, retirando-lhe a dominação perturbadora e destituída de sentido elevado.
O afadigar-se pela conquista das coisas, planejando reunir valores materiais que se transformam em pesada carga, transferindo-se de um para outro estado do desejo de ter mais, não constitui objectivo legítimo para a busca. Essas aquisições fazem parte das necessidades hedonistas, no incessante permutar de tipos de prazer, que deixam frustração e vazio existencial.
Embutida nessa busca desordenada e competitiva encontra-se uma forma de libido não genésica, que leva à compensação sexual quando alguma falência nessa área se apresenta, e é disfarçada pela auto-realização noutro campo.
O progresso é resultado de contínuas tentativas de realizações em crescendo sob a inspiração da cultura e do conhecimento.
Dilata-se na razão directa em que são alcançados alguns níveis e se desenham outros ainda não atingidos, desafiadores e ricos de possibilidades para o ser que anela crescer e plenificar-se.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:01 am

A busca, na acepção da Psicologia Profunda, é o intenso labor de auto-aprimoramento, de auto-iluminação, esbatendo toda a sombra teimosa, geradora de ignorância e de sofrimento.
Quando se busca com sinceridade, empenhando-se com afinco na sua realização, os obstáculos são vencidos com decisão, abrindo perspectivas muito confortadoras que ensejam a plena realização do Si profundo. Jesus o confirmou com sabedoria nessa trilogia magistral: Pedi, buscai, batei, dignificando o ser humano que nunca se deve deter no já conseguido, pois que a fase da razão em que se demora, facultando-lhe a consciência individual, se dilatará para mais significativa experiência, que é a da intuição, por onde transitará até vivenciar a consciência colectiva que se espraia no Cosmo.
Quando existem limites no processo de crescimento espiritual e moral, maior esforço deve ser apresentado para a sua ruptura, porquanto a ascensão é feita de aberturas que se ampliam ao Infinito.
Todos aqueles que se entregaram à dilatação dos horizontes humanos na Terra compreenderam essa necessidade de serem alcançados níveis intelecto-morais mais significativos, e por isso não se cansaram de lutar, compensando-se com as alegrias de cada conquista, sem que se permitissem deter nelas. A esse afã se devem as mais grandiosas conquistas do pensamento humano sempre ávido por novos desafios.
A cultura materialista e a visão utopista que aturdem as criaturas lutam para estabelecer parâmetros definidores da felicidade possível na Terra.
A primeira propõe o prazer incessante, como se os automatismos existenciais jamais fossem interrompidos ou nunca sofressem alteração, mantendo o ser na mesma estrutura do período em que goza. A falência da sua propositura é inevitável, porque a cada momento a maquinaria orgânica sofre alterações expressivas e o ser emocional não se basta apenas com as sensações que o exaurem, não atendendo às necessidades estéticas, morais que lhe são inatas.
A outra, propondo uma sociedade constituída de beleza e de tranquilidade, na qual não se manifestem dificuldades nem dores, logo desaparece ante a improbabilidade de uma alteração nas paisagens humanas de um para outro momento, ou mesmo a médio prazo, em face dos impedimentos evolutivos que tipificam a maioria dos seres humanos.
A belicosidade, o predomínio do egoísmo no comportamento, o atraso moral constituem dificuldades muito grandes a serem vencidas, por dependerem exclusivamente de cada ser. Nenhum decreto externo, imposição alguma poderá alcançar a criatura em si mesma lutando com as suas dificuldades e limitações. A Lei de Progresso é inevitável; esse, no entanto, ocorre a sacrifício mediante lutas constantes. Acostumado ao prazer, o contributo do esforço que exige morigeração nos hábitos e costumes, alteração de conduta e esforço contínuo, parecem aos cómodos uma forma de sofrimento, ausência de harmonia, não se interessando por dar início a esse impositivo de crescimento interior.
A única possibilidade, portanto, de romper-se com essas duas correntes dominantes no concerto social é aquela que o desafia para a conscientização de que tudo quanto o cerca, apalpa, desfruta externamente, tem existência relativa em contextura e em temporalidade. Isso porque, somente são contactadas aparências momentâneas que ferem os sentidos objectivos, não sendo realmente assim constituídas. Por outro lado, o tempo que pode proporcionar bem--estar é sempre de breve duração em relação à perenidade. Como somente é eterno o ser real, o Espírito, para ele e para o seu mundo causai devem ser direccionadas todas as aspirações e realizações, de forma que não sofram os planos de felicidade qualquer solução de continuidade como decorrência das circunstâncias materiais em que se vive na Terra.
A conscientização da imortalidade, portanto, é de relevante importância para a busca, aquela que não se detém quando se conseguem os objectos, as ambições materiais e emocionais que atendem a um momento e logo cedem lugar a novas expressões de ansiedade.
O ser real nunca se detém no crescimento interior, sempre aspirando por maiores logros. A sua capacidade momentaneamente limitada de satisfação amplia-se à medida que se lhe dilatam as percepções da imortalidade e ânsias de infinito.
Desse modo, a lição proporcionada por Jesus em grande desafio à criatura humana permanece como directriz que não pode ser retirada do comportamento espiritual do ser: Buscai e achareis...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:01 am

34 - Gratuidade do bem
Ev. Cap. XXVI - Item 7

Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demónios.
Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido.

Mateus, 10:8

Em análise pela Psicologia Profunda, o texto de Jesus impõe reflexões graves, convidando o servidor do Bem à acção sem descanso, após a decodificação do seu enunciado.
Para que a saúde seja restituída aos enfermos, tornar-se-lhes necessária a radical transformação moral, porquanto do Espírito procedem todas as manifestações orgânicas, emocionais e psíquicas. Aquele que empreende a tarefa de ajudar no processo da saúde, trabalha os painéis do ser, auxiliando-o a recuperar o equilíbrio interno e o refazimento de conduta, por cujos comportamentos adquire harmonia perante as Leis Soberanas da Vida.
Por isso, Jesus se refere à possibilidade de ressuscitar os mortos, despertando todos aqueles que se cadaverizam no erro, havendo perdido contacto com a existência, por estarem mergulhados nas sombras da ignorância e da criminalidade, nas quais exaurem as forças vitais e entram em decomposição moral... Por outro lado, pode-se entender também aqueles que foram vítimas da morte aparente pela letargia ou catalepsia, à Sua época consideradas como término da existência física. A morte real ocorre quando o tronco encefálico deixa de funcionar, dando início à desencarnação, cujo processo pode prolongar-se por tempo que corresponda ao estado evolutivo e de apego ou não do Espírito ao corpo.
Ocorrendo esse fenómeno biológico, não mais é possível o retorno àquele corpo carnal, porque violentaria as próprias leis que regem a vida nas suas mais variadas expressões.
Por outro lado, em face da dificuldade de diagnóstico profundo em torno das dermatoses muito comuns em todas as épocas, muitas delas foram sempre confundidas com hanseníase, cuja recuperação exige todo um processo de reorganização celular e eliminação do bacilo que lhe produz a degenerescência.
Igualmente, adaptando-se a linguagem do Mestre à actualidade psicológica, teremos nos demónios os Espíritos ignorantes e perversos, aqueles que são responsáveis pelos transtornos emocionais e psíquicos bem como fisiológicos de quantos lhes padecem a instância morbífica, infelicitadora.
Falando a pessoas mergulhadas em sombra densa, fazia-se necessária a utilização de linguagem correspondente ao entendimento, através do qual permanecessem as lições inconfundíveis do Psicoterapeuta por excelência, vencendo os tempos e sendo atuais em todas as diferentes épocas do pensamento.
Não obstante, para que todos esses processos de recuperação se fizessem factíveis, uma condição tornava-se necessária: Dar de graça o que de graça se havia recebido. Desta forma, a faculdade espiritual encarregada de produzir resultados saudáveis obedece à ética da dignidade que confere à energia curadora as ondas benéficas que podem propiciar o retorno do bem-estar, do equilíbrio, do refazimento.
Médiuns são todas as criaturas, em diferentes graus, porque todas possuem recursos que facultam o registro do psiquismo daqueles com os quais convivem no corpo, como daqueloutros que já transpuseram a barreira carnal e se encontram despojados da matéria. Naturalmente, destacam-se as pessoas que a possuem mais ostensivamente, produzindo fenómenos vigorosos que não podem ser confundidos com manifestações do inconsciente, nos seus vários aspectos, nem tampouco com o acaso, em razão de repetirem-se amiúde.
Os Apóstolos igualmente eram portadores de mediunidade, como o demonstraram por diversas vezes, particularmente no dia de Pentecostes, quando foram alvo da admirável xenoglossia, comunicando-se com os presentes nos respectivos idiomas que lhes eram familiares, assim demonstrando a interferência do Espírito sobre a matéria e advertindo para os chegados tempos da imortalidade em triunfo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:01 am

Mais tarde, e durante toda a existência, exerceram--na com grandiosidade e abnegação, deixando rastros luminosos por onde passaram, graças a cuja conduta arrebanharam multidões para o Evangelho nascente.
Renunciando a qualquer interesse pessoal, demonstravam a qualidade da Boa-nova, convocando necessitados de luz para que participassem do banquete espiritual que lhes estava sendo oferecido.
Fortemente vinculados a Jesus, n'Ele hauriam as energias necessárias para os cometimentos das curas físicas, psíquicas e principalmente morais, conduzindo todos quantos se beneficiavam ao encontro do Si, libertando-se do ego perturbador e iluminando o lado sombra, que antes neles predominava.
A autêntica doação, firmada no desinteresse pessoal, constituía lhes o sinal de união com Deus, a demonstração de que trabalhavam para o êxito do Bem no mundo, ante a certeza dos resultados da acção após a disjunção molecular.
Os Espíritos Nobres, que os assessoravam, jamais aceitariam o nefando comércio monetário ou de benefícios materiais em favor dos que neles confiassem, beneficiando-se antes que servindo, aproveitando-se das faculdades mediúnicas para o lamentável intercâmbio de valores terrenos, que atraem os incautos e fazem sucumbir os ambiciosos que se perdem nas lutas infrutíferas dos triunfos do mundo...
Para viverem, trabalhavam, porque não desejavam ser pesados na economia social da comunidade, nem aproveitar-se para explorar aqueles que os amavam e neles se alimentavam espiritualmente, dando as lições mais eloquentes de grandeza moral e de verdadeira fraternidade, que a ninguém explora ou submete aos caprichos perniciosos da transitoriedade carnal.
Ainda hoje, assim deve ser a conduta de todos quantos anelam pela Realidade, mergulhando no mundo íntimo em busca da legitimação dos seus valores espirituais.
A mediunidade é conquista moral e espiritual que jamais privilegia sem que haja uma retaguarda de esforço pessoal e de realização dignificadora. Os perigos a que se expõe aquele que a exerce, constituem-lhe o grande desafio, a fim de que possa ascender, superando-os a pouco e pouco, enquanto sublima os sentimentos e corrige as anfractuosidades morais, trabalhando as aspirações íntimas que se devem elevar, facultando-lhe real felicidade e alegria de servir.
Quem realmente se dedica ao Bem, e o faz com gratuidade, experimenta incomparável júbilo, que se expressa mediante a felicidade de poder doar ao invés de receber, ajudar antes que ser beneficiado...
Ricos, portanto, dos tesouros da bondade e da abnegação, esses obreiros da solidariedade, através da mediunidade ampliam os horizontes da vida além da tumba, trazendo de volta ao convívio humano aqueles que se acreditavam haver morrido, mas que estuam de alegria ou sofrem as consequências dos actos a que se entregaram. Se infelizes, encontram-se, não obstante, amparados pela esperança do refazimento e da conquista de outros valores mais significativos do que aqueles a que se aferraram e os levaram ao naufrágio existencial.
O ser real, perfeitamente sintonizado com as Fontes geradoras da vida, plenifica-se e engrandece-se, contribuindo de forma decisiva pela edificação da sociedade melhor, mais justa e mais ditosa do que a que tem vivenciado no processo de evolução no qual se encontra.
Harmonizado com o Bem, as forças morais geram energia curadora que altera a mitose celular, agindo nos fulcros do perispírito e recompondo-lhe a malha vibratória, a fim de que o organismo se beneficie e se refaça. Sintonizado com as Esferas superiores recebe as vibrações compatíveis com as necessidades dos pacientes e imprimem-nas nos seus fulcros energéticos, alterando o comportamento fisiológico que passa a ter novos dimensionamento e reorganização.
Concomitantemente, a renovação moral do enfermo faculta-lhe a fixação das energias saudáveis que irão trabalhar-lhe o ser, proporcionando-lhe bem-estar e paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:02 am

Por isso, jamais a mediunidade poderá transformar-se em profissão sob qualquer pretexto conforme se apresente. A Lei que vibra em toda parte é a do trabalho, da conquista do pão com o labor digno, pessoal, intransferível...
Exteriorizando harmonia moral e equilíbrio espiritual, os médiuns assim constituídos conseguem expulsar os Espíritos perversos que neles vêem verdadeiros exemplos de renovação, tornando-se-lhes modelos que podem ser seguidos, porque propiciam paz e felicidade; enquanto aquele que explora em nome da mediunidade, justificando-se ociosidade e oportunismo, atrai Entidades semelhantes que se lhe associam e passam a explorá-lo, vampirizando-o mais tarde sem qualquer complacência.
No seu severo discurso, igualmente rico de esperanças e consolo, Jesus adverte que concede a todos aqueles que O sigam sinceramente, os tesouros da transferência de saúde e paz, ressuscitando-os do túmulo da ignorância e do sono pesado a que se entregam, tornando-se fonte de luz, desde que o façam, cada um dando gratuitamente o que gratuitamente haja recebido.
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35 - Pedir e conseguir
Ev. Cap. XXVII - Item 7

Seja o que for que pedirdes na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes.
Marcos, 11:24

A existência física é todo um processo biológico de permutas vibratórias que sustentam a maquinaria regida pela consciência, departamento de segurança que se exterioriza do Self. Nele residem todas as faculdades delineadoras da realidade física nos seus múltiplos departamentos.
Vinculado à Causalidade Absoluta de que procede o Espírito, há um ininterrupto intercâmbio de forças que o vitalizam no seu processo de ascensão infinita.
Não raro, mergulhado na sombra densa que procede do desconhecimento da sua legitimidade, distancia-se da sua origem pelo instinto que nele predomina, mergulhando em perturbação que o abate ou o alucina, desviando-o do rumo ao qual se sente atraído por peculiar magnetismo. Sucede que as heranças do primarismo, ainda governando a sua natureza animal, conduzem-no pela senda do prazer sensorial, sem que se dê conta das superiores emoções que o elevam e o liberam das paixões primitivas.
Confundido nos diferentes sentimentos que se mesclam no mundo íntimo, deixa que os conteúdos psicológicos do animus como da anima confundam-no no arcabouço da polaridade em que se situa, buscando as insaciáveis satisfações do sexo em desalinho entre torvas permutas que mais o inquietam.
As heranças culturais, sociais e morais que lhe dormem no ser encontram dificuldade de expandir-se em razão das preferências do desejo pelo prazer e pelo poder, atirando-o para abismos emocionais que o enlanguescem ou que o galvanizam. Jesus, o Homem por excelência, conhecia essa ocorrência da natureza humana e entendia os conflitos de todos aqueles que O buscavam apresentando sofrimentos que mascaravam a realidade profunda, sem que se dessem conta das necessidades legítimas em razão das aparentes dificuldades que enfrentavam.
Por isso, não cessava de recomendar que se operasse nos enfermos desejosos de saúde a renovação interior, a mudança de conduta mental e moral, a fim de que no cerne de si mesmos se concretizasse o bem-estar, sempre susceptível de alteração pela própria fatalidade da vida celular e da inevitabilidade do fenómeno da morte.
Porque nem sempre as criaturas soubessem como manter a vinculação com as Fontes da Vida, sugeriu a oração, que se constitui numa ponte vibratória de fácil construção por todo aquele que deseje realmente a vitória sobre os sofrimentos e anelem pelo bem-estar pleno.
A oração é emanação do pensamento bem-direccionado e rico de conteúdos vibratórios que se expande até sincronizar com as ondas equivalentes, assim estabelecendo o intercâmbio entre a criatura e o Criador.
Não apenas dilui as energias deletérias como renova as forças morais do ser, saturando-o com vibrações superiores e de qualidade poderosa, que alteram as paisagens mentais, emocionais e orgânicas, por subtis processos de modificação do campo em que o mesmo se encontra.
Certamente não modifica as Leis estabelecidas; no entanto, contribui com vigor e inspiração para que sejam entendidas e aceitas em clima de superior alegria e coragem.
Também proporciona o descortino da realidade existencial e dos seus elevados significados psicológicos, que têm carácter educativo, preparando cada criatura para a perfeita identificação com o Si mediante a superação do ego.
Todo e qualquer pedido feito através da prece é conseguido, porque o ato de orar já constitui uma expressão de humildade perante a Vida e um despertar da consciência para a compreensão dos objectivos a que se deve entregar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Dez 31, 2023 11:02 am

E certo que se não refere o Apóstolo à doação gratuita por parte da Divindade de tudo aquilo que a insensatez busque, em astuciosa conduta de ludibriar os Códigos Soberanos.
Sendo o ser humano responsável pelos seus actos, enfrenta-os sempre como efeitos que o esperam pelo caminho por onde segue.
Sustentando-se na oração, melhor direccionamento encontra para os passos, mais segurança adquire para vencer os obstáculos, mais resistência consegue para superar-se, equipando-se de alegria e de vigor para não desanimar.
A prece faculta uma imediata mudança de comportamento, em razão das energias que a constituem, acalmando interiormente e predispondo à luta de auto-crescimento. Quando alguém resolve pedir, liberta-se dos grilhões do orgulho e abre-se, receptivo ao auxílio, tornando-se maleável à renovação, à conquista de outros valores de que necessita.
Não tendo a Psicologia um imediato compromisso com a Metafísica, percebe-se que esse fenómeno é eminentemente emocional, estruturado em novos sentimentos de aceitação dos limites e aspiração de infinito.
Jesus o sabia, e estimulava todos os homens a se esforçarem para conseguir o Reino dos Céus dentro de si mesmos...
Reflexionando com serenidade, sempre encontramos o Homem de Nazaré despido de qualquer tipo de super-divindade transcendente ou de qualquer endeusamento. Toda a evolução cristológica na actualidade da Psicologia Profunda e na visão espírita apresenta Jesus em contínuo crescimento para Deus, convidando os seres humanos para seguirem pelo mesmo rumo através d'Ele como Mentor que é, indiscutivelmente.
Ele próprio buscava a oração como recurso eficaz para estar vinculado ao Pai, mantendo o intercâmbio pela inspiração e coragem de que sempre esteve revestido durante o ministério a que Se entregou, inclusive doando a própria vida.
Desse modo, ensinou que a oração tudo pode, pelo que realiza no interior do ser, alterando a sua capacidade de entender a vida e os acontecimentos diários.
Orando, o ser desperta e reflexiona, assiste-se emocionalmente e compreende a necessidade de ajudar o seu próximo, aquele que está mais perto, todo e qualquer indivíduo que se lhe acerque, particularmente quantos lhe constituem a consanguinidade.
Jesus, em razão da complexidade da Sua natureza emocional, facilmente encontrava o Pai através da oração e n'Ele hauria forças para os enfrentamentos com a sombra colectiva que pairava soberana entre os seus contemporâneos.
E comum encontrar-se aqueles que se recusam à oração, constituindo o grupo psicológico do não, escondendo a debilidade emocional em ténue véu de resistência sob o subterfúgio de que a prece não altera o que se encontra estabelecido, que deve ser suportado, resgatado. Nesse fatalismo, a fraqueza de quem assim se justifica é evidente, porque interiormente fica triste pela falta de decisão de reconhecer-se necessitado e tornar-se simples e humilde, qual o filho pródigo de retorno, que embora sabendo não possuir qualquer merecimento, requereu ao carinho paterno a ajuda indispensável para recomeçar. E naturalmente conseguiu o socorro de que necessitava, sendo recebido com bondade e júbilo, porque há sempre mais alegria quando se encontra uma ovelha perdida, e além disso, são os enfermos que necessitam de médicos.
O orgulho, filho dilecto do egoísmo, é síndrome de fraqueza moral, que necessita ser combatido com a renovação emocional e o autodescobrimento, mediante os quais o enriquecimento de valores se dá naturalmente e se consegue a força para vencer o patamar inferior em que se estagia.
A oração, desse modo, constitui um revigorante mecanismo de equilíbrio psicológico e moral, facultando visão correta dos significados existenciais e das oportunidades que a reencarnação faculta a quem anela pela felicidade despida de atavios enganosos e embriagadores.
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