LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Dez 27, 2023 9:31 pm

10 - A paciência
Ev. Cap. IX - Item 7

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.
Mateus, 5:9

A mais remota hipótese de considerar-se Jesus como Deus repugna ao esforço desenvolvido pela Psicologia Profunda e pela razão, que discordam veementemente da possibilidade de um Deus-Homem ou de um Homem-Deus, configurando o Supremo Criador vestido pela tangibilidade transitória para vivenciar os postulados por Ele concebidos, envolvendo-se em interpretação mitológica, que deságua no ultrapassado labirinto conceituai do mistério para o ainda precário entendimento humano.
O evangelista João é peremptório, quando afirma: Ninguém jamais viu a Deus. (2)
É da mais recuada antiguidade, e mesmo modernamente em diversas culturas do Oriente, a conceituação da humanização divina assim como da divinização humana, em frontal agressão ao bom sentido da lógica e da Criação.
Conceber-se o Absoluto sintetizado no relativo é torná-lo finito, palpável, retido em pequenez, sem os atributos que O caracterizam, diminuindo-Lhe a grandeza da Infinitude e Causalidade, que somente se explicam a si mesmas.
A visão, porém, de um Jesus-Homem, que compreende a necessidade da paciência para que sejam conseguidas as metas desafiadoras, dá muito mais sentido lógico e ênfase ao Seu ministério, do que se fora o próprio Deus revestindo-se de uma forma tão desnecessária quão absurda.
Era um Homem dotado de extrema paciência, por conhecer o passado das almas e prever o seu futuro, como resultado da conduta e do empenho a que se entreguem.
A paciência também pode ser considerada como a ciência da paz, e por isso são bem-aventurados os pacíficos, aqueles que trabalham com método e confiança tranquila em favor da renovação do mundo e das suas criaturas, conseguindo ser chamados filhos de Deus que representam toda a paz.
A paz deve constituir a meta do ser pensante que luta em contínuas tentativas de adquirir a plenitude.
A paz é tesouro que não pode ser afectado em circunstância alguma, que a leve a desaparecer. E a paciência é sua exteriorização, porque é o mecanismo não violento de que se utiliza, a fim de alcançar os objectivos a que se propõe.
A paciência conquista individual através do esforço pela auto-iluminação, pelo auto-conhecimento e descoberta dos objectivos da existência, transforma-se em caridade de essencial significado quando direccionada aos que sofrem, ajudando-os com benignidade, trabalhando a resignação que dela também se deriva.
Há sofrimentos ocultos e desvelados, muito variados e complexos, que são desafiadores da sociedade. Aqueles que são mais vistos, às vezes sensibilizam os indivíduos, que se comovem e se oferecem para minimizá-los, embora as multidões de aflitos e
sofredores se apresentem em desalinho pelas ruas, vielas e campos do mundo... Todavia, aqueles que são ocultos, que poucos percebem, estiolando os sentimentos mais belos do indivíduo, esses esperam mãos compassivas e corações pacientes para auscultá-los e escutar-lhes os gemidos quase inaudíveis, arrancando das carnes das almas os espinhos dilaceradores que as mortificam. Nem sempre ou quase nunca a tarefa é fácil.
Alguns seres se encontram tão doentes moralmente e tão descrentes da caridade, que se fazem agressivos, difíceis de serem ajudados, exigindo paciência perseverante e desinteressada para os alcançar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Dez 27, 2023 9:31 pm

Outros tantos, através das suas reacções afectivas encolerizadas, constituem prova áspera que a paciência deverá suplantar com bondade e compaixão.
Quanto mais doente, mais atendimento paciente necessita a ave humana ferida no seu voo de crescimento interior.
Nem sempre é fácil entender o desespero de outrem, quando não se experimentou algo semelhante. São muitos os factores de aflição, desde pequeninas dificuldades até as exaustivas e quase insuportáveis expiações, todas exigindo paciência a fim de serem atendidas e solucionadas.
A paciência encoraja o ser, porque o ajuda a enfrentar quaisquer situações, tomado pela ciência da paz.
Jesus deu mostras significativas dessa conduta, quando deixou de fazer muita coisa que parecia indispensável e solucionadora.
Não se apressou em iniciar o ministério, senão quando os tempos haviam chegado e as circunstâncias se faziam auspiciosas.
Aguardou que João O anunciasse e, quando aquele estava quase terminando o ministério, Ele deu início ao Seu conforme o anúncio das velhas profecias.
Submeteu-se a todas as injunções impostas pelas revelações antigas que caracterizariam o Messias. Pacientemente aceitou a observação do Batista que O testificou após o fenómeno da Voz espiritual que se fez ouvida, informando ser este o Filho dilecto, em quem me agrado,(3) Confirmando a independência entre o Pai e o Descendente.
Jesus viveu a Sua humanidade com singular elevação, suportando fome, dor, abandono e morte sem impacientar-se, submisso e confiante, ultrapassando todas as barreiras então conhecidas a respeito das resistências humanas, assim tornando-se um Paradigma a ser seguido, destroçando o que era comum, corriqueiro, banal, fixo em torno dos indivíduos: o limite das suas forças.
Já se disse que o homem é um milagre, certamente um milagre da vida, que transcende o convencional e conhecido, porque sempre se apresenta acima de qualquer interpretação e entendimento. A sua constituição física perfeita é uma maquinaria incomum, a sua emotividade extraordinária em mecanismos de altíssima sensibilidade, e o Espírito, viandante de mil jornadas, constituem um enigma para uma rápida definição ou profunda interpretação, estando, por enquanto, além do entendido...
Humano, porém, Jesus foi especial em razão dos Seus valores.
Tornou-se pequeno para fazer-se semelhante aos que O acompanhavam e não diminuiu a grandeza interior.
Ele se fez um novo biótipo, trazendo um conteúdo diferente ao convencional e aceito, realizando o antes impossível graças à Sua paranormalidade excepcional, demonstrando quem Ele é. Tornou-se, para todos os tempos, um convite desafiador que não pode ser desconsiderado, transformando-se em exemplo humanizado de todas as possibilidades. Ele foi livre e atingiu as culminâncias do amor imaginável, da paixão pelas criaturas às quais veio socorrer e conduzir como Pastor que arrisca a vida para salvar do perigo as ovelhas que tresmalharam.
As Suas ideias mereceram estudos acurados de ateus e religiosos, de místicos e de cépticos, sendo unânimes em afirmar que a Sua justiça social é irretocável e que o Seu amor é incomum, rompendo com os tempos dos Seus dias para antecipar um futuro que ainda não foi conseguido.
O Seu compromisso com a sociedade de todas as épocas d'Ele fez um revolucionário que não instiga ódio, demonstrando que são todas as criaturas iguais, sem diferenças de credos, de raças, de nações, de classes, na condição de filhos de Deus, Seus irmãos, aos quais veio ensinar como poderiam ser felizes. No entanto, não almejou que essa felicidade fosse lograda somente após a morte, mas, no instante mesmo da renovação interior, que é o momento azado para haurir paz e harmonia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Dez 27, 2023 9:31 pm

(...)E tudo com inexcedível paciência, não antecipando informações que a mentalidade da época estivesse impossibilitada de entender, razão por que anunciou que enviaria o Consolador, que o mundo ainda não conhece... porque não o pode suportar... para fazê-lo.
Tempo e espaço na Sua dimensão encontram-se ultrapassados, valendo o momento hoje, a oportunidade apresentada para encetar a marcha da busca de Deus.
Deus é a Meta, Ele é o Meio, a vida é o caminho que Ele ilumina de exemplos para que todos se encontrem e se engrandeçam.
Surge, então, com a Psicologia Profunda uma nova imagem de Jesus, o Homem que ama que serve que espera que ensina e, pacientemente, intercede junto ao Pai por todos aqueles que estão na retaguarda.
Ele deixa de ser uma lembrança da ortodoxia ou da teologia para tornar-se vivo e actuante, próximo sempre de quem O queira escutar e seguir os Seus ensinamentos atuais e palpitantes.
A Sua proposta não é para que se fuja deste mundo enfermo, da sociedade empobrecida moralmente, mas para que se consiga curar a doença com a conquista da saúde para cada membro do planeta, e haja enriquecimento moral de todas criaturas membros do organismo social.
Tal cometimento é um grave desafio, que somente os Espíritos pacientes irão conseguir, e, por isso, serão chamados filhos de Deus...

2 - João, 1:18. (Nota da Autora espiritual)
3 - S. Lucas: 3-17. (Nota da Autora espiritual)
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Dez 27, 2023 9:31 pm

11 - Reconciliação
Ev. Cap. X - Item 6

(...) Que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil.
Mateus, 5:26

Todo o ministério de Jesus é caracterizado pela austeridade e energia de postulados, demonstrando que ao se tomar da charrua, não se deve olhar para trás. As decisões apresentadas são firmes e honestas, exigindo o esforço que, mesmo em se convertendo em sacrifício, signifique entrega total em regime de consciência lúcida, sem margem a futuros titubei-os. Por isso mesmo, é recomendada a reflexão ante os desafios, facultando a doação do postulante ao Reino dos Céus.
Sua linguagem é clara e definitiva, não permitindo interpretações esdrúxulas ou escapistas.
Sendo o móvel da doutrina a instalação revolucionária de uma nova ordem de ideias que deveria alterar o comportamento do indivíduo e da sociedade como um todo, criando novas perspectivas para a existência física como preâmbulo daquela de natureza espiritual, os convites pronunciados pelo Mestre são directos, insofismáveis, decisivos.
A base estrutural de todo o convite é o amor que dimana de Deus e se encontra ínsito nas criaturas humanas que, por sua vez, deverão conscientizar-se do seu significado e valia, constituindo a regra de vida em todos os momentos, de tal forma impregnando-se da certeza da sobrevivência da alma e da Justiça Divina, que nada se lhe pudesse opor, constituindo-se obstáculo à conquista do objectivo almejado.
Não seja justo, portanto, estranhar-se muitas das assertivas apresentadas, que parecem violentar o carácter moral do indivíduo treinado para o revide, para a autodefesa, para a preservação dos valores da sombra individual e colectiva, em que sempre predominam o egoísmo e as paixões mais primitivas.
A claridade que se esparze da Boa-nova é libertadora, facultando ao ser o auto-encontro, o auto-burilamento, a superação do ego, a plena vitória do Self.
Na Lei Antiga, a figura do perdão é apresentada como conquista mediante retribuição. Quando se ofende a Deus, em face dos comportamentos infelizes dúbios e dos gravames das deficiências morais, encontram-se estatuídos nos seus Códigos os instrumentos para impor reparação, no que eram hábeis os fariseus ao aplicá-los, utilizando sofismas e ardis, que culminavam nos sacrifícios de animais assim como através de outros recursos específicos que lhes eram rendosos.
Jesus aceitou as injunções convencionais dos comportamentos atávicos, porém, acrescentou a essa política legal ancestral, necessária nos primórdios da cultura do povo hebreu, a ética do amor como mecanismo superior a quaisquer outras expressões de ordem material ou de imposição estabelecida pelos legisladores terrestres, nem sempre em condições de elaborar princípios nobres, por lhes faltarem valores de dignidade e exemplo, o que lhes retirava a autoridade para estabelecer condutas que não seguiam.
A Lei de Amor origina-se em Deus, é natural, encontra-se em toda parte como expressão de ordem e de valor, nunca se inclinando em favor de determinada pessoa ou grupo social específico, pairando soberana acima de todas as injunções humanas. Os seus árbitros não são homens susceptíveis de erro e de inclinações personalistas, de interesses inconfessáveis, mas a consciência de cada qual, que lhe haure a inspiração e tem como modelo a de natureza cósmica.
Desse modo, Jesus-Homem submeteu-se aos códigos arbitrários existentes, mas abriu espaço total para a nova ordem que veio estabelecer, apresentando novas perspectivas de vida e de realização que dignificam o ser humano e o exaltam, facultando-lhe harmonia porque acima de todas as imposições transitórias do farisaísmo, sempre preocupado com a forma e distante da realidade do ser essencial. A aparência era-lhes, e ainda permanece sendo fundamental, compactuando com as concessões do século em detrimento das realizações espirituais transcendentes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Dez 27, 2023 9:32 pm

À luz da Psicologia Profunda, o perdão é superação do sentimento perturbador do desforço, das figuras de vingança e de ódio através da perfeita integração do ser em si mesmo, sem deixar-se ferir pelas ocorrências afugentes dos relacionamentos interpessoais.
Tem um significado mais que periférico ou de aparência social, representando a permanência da tranquilidade interna ante os impactos desgastantes externos, que sempre aturdem quando indivíduo não está forrado de segurança nas próprias realizações, nem confiante na correta execução dos programas que exigem desafios através de provas compreensíveis diante dos obstáculos que se encontram pela frente.
Quando alguém se detém na mágoa ou na queixa, ressumando amargura ou desconforto moral por ocorrências desagradáveis que dizem respeito à sua forma de comportar-se espiritualmente, em fidelidade aos princípios abraçados, encontra-se distante da própria mensagem que lhe deveria impregnar de tal forma que não haveria campo para a instalação desses conflitos morbosos.
A autoconsciência identifica todas essas ocorrências e supera-as, por significarem reacções de pessoas e grupos psicologicamente na infância dos seus interesses, ainda vinculados aos jogos da ilusão, disputando-se primazias e projecções sem qualquer sentido profundo.
Nesse aspecto do perdão, projectam-se os resultados dos ressentimentos para outras experiências fora da matéria ou em futuras reencarnações, quando os litigantes continuam imantados uns aos outros, sem que se facultem oportunidade de libertação, enfermando-se reciprocamente ou permanecendo em pesados conflitos intérminos quão sacrificiais e inúteis.
Não raro, na génese de muitas psicopatologias encontramos a presença de cobradores espirituais que, embora desvestidos da roupagem física, permanecem em lamentável situação de vingança, em terrível transtorno mental, gerando dilacerações psíquicas naqueles que os ofenderam e não tiveram tempo nem oportunidade ou interesse para se reabilitarem.
Esses combates insanos arrastam-se por dezenas de anos a fio, sem lhes ocorrer que, enquanto afligem se infelicitam, prolongando a situação dolorosa sem qualquer benefício pessoal...
Tais fenómenos obsessivos são muito mais expressivos e complexos do que parecem na visão das doutrinas psíquicas modernas que teimam por encontrar no cérebro e nos mecanismos orgânicos apenas, a psicogénese dessas enfermidades mentais, comportamentais, psicológicas...
Felizmente, a moderna Psicologia Profunda, mediante a visão transpessoal, eliminando toda sombra do indivíduo e da colectividade, identifica as causas reais desses distúrbios decorrentes de processos mentais enfermiços que a morte não eliminou.
Sem nenhuma dúvida, em face dos processos que decorrem das acções morais, o ser se faz herdeiro da necessidade de superar os erros e agressões às Leis, insculpindo nos refolhos íntimos os mecanismos reparadores, entre os quais se encontram as alienações mentais, não obstante também inscrevam os delitos contra outras vidas que passam na sua insânia a exigir reparações pelo sofrimento, impondo-lhes perseguições impiedosas, qual ocorre nas paisagens terrestres entre aqueles que se odeiam.
A morte do corpo não libera o Espírito das paixões nobres ou inferiores que lhe tipificam a conduta natural. Antes amplia-lhe o campo de vivência, porque, desvestindo-o dos limites impostos pelo corpo, concede mais espaço para as acções que são compatíveis com o seu nível evolutivo.
Deus o permite como ensinamento para algozes e vítimas, que se devem amar antes que se agredir, desculpar e conceder ensejo à reparação, sem permitir o domínio da sombra que aturde e infelicita.
Jesus-Homem sempre enfrentou situações de tal monta, procurando esclarecer o perseguidor e dignificar o perseguido, impondo a este último a necessidade de conduta correta, a fim de que não lhe acontecesse nada pior.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:30 am

Na perspectiva da Psicologia Profunda, aquele que permanece em clima de desforço ata-se aos elos dos renascimentos inferiores, não conseguindo libertar-se do ir e vir, por não luzir-lhe interiormente o amor, que é o único recurso propiciador de felicidade e de depuração.
O ódio aprisiona aquele que o mantém em relação a quem lhe padece a injunção penosa. Sendo recíproco, torna-se cadeia cruel para ambos. Caso, no entanto, algum dos envolvidos na situação perturbadora consiga superar os sentimentos doentios, evidentemente sairá dessa cela escura planando em outro espaço de claridade e vida. E isso se dá mediante o resgate pelo amor ao seu próximo, àquele mesmo a quem feriu, impensadamente ou não, procurando reabilitar-se.
Deus sempre faculta ao livre-arbítrio do ser a melhor maneira de reparar os erros, impondo-lhe, quando a falência de propósitos e actos se faz amiúde, recursos mais vigorosos que são ao mesmo tempo terapêuticos para o Espírito rebelde.
A Sua justiça estabelece parâmetros que não podem ser violados insensatamente, proporcionando meios valiosos de harmonia e plenitude mediante os quais o amor é sempre o árbitro de todas as ocorrências.
Merece ter-se em mente sempre que toda situação embaraçosa e infeliz defrontada deve ser regularizada antes da ocorrência da morte física, a fim de que não sejam transferidos de plano os fenómenos da reparação e da paz.
Jesus exemplificou sempre e incessantemente tal necessidade, perdoando mesmo aos mais impenitentes adversários que O sitiavam, deixando com as suas consciências o resultado da insídia, que os algemaria na prisão terrestre até que se depurassem das atitudes adoptadas.
Desse modo, cumpre a cada consciência a prática do perdão indistinto, porquanto assim não ocorrendo, qual informou o Mestre - daí (do cárcere carnal) não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil — facultando ao seu próximo todos os direitos que lhe são concedidos pelas Soberanas Leis da Vida conforme gostaria que a si mesmo fossem facultados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:31 am

12 - Julgamentos
Ev. Cap. X - Item 10

Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão.
Mateus, 7:5

Toda vez que o indivíduo, descredenciado legalmente, procede a um julgamento caracterizado pela impiedade e pela precipitação, realiza de forma inconsciente a projecção da sombra que nele jaz, desforçando-se do conflito e da imperfeição que lhe são inerentes, submetido como se encontra à sua crueza escravizadora em tentativa de libertar-se.
A delicada questão do julgamento é dos mais complexos desafios que enfrenta a Psicologia Profunda, em razão dos inúmeros fatos que se encontram subjacentes no ato, quase sempre perverso, de medir a conduta de outrem com recursos nem sempre próprios de ética, justiça e dignidade.
Analisá-lo, é devassar o inconsciente daquele que se atribui o direito de penetrar na problemática de outrem, embora ignore várias causas difíceis de ser identificadas, porque específicas, mantendo um comportamento, por sua vez, mais danoso, mais credor de correcção e censura, do que aquele que no seu próximo pretende punir.
Mediante mecanismo automático de liberação das cargas de culpa e medo retidas no inconsciente, o julgador escusa-se de desvelar as imperfeições morais que possui, facilmente identificando o mínimo reprochável noutrem, por encontrar-se atribulado por gravames iguais uns e outros muito mais perturbadores.
Estudiosos modernos das propostas neotestamentárias, examinando o texto em epígrafe sob a óptica de uma teologia mais compatível com os avanços da Psicologia Profunda, situam-no entre aqueles que são denominados como os discursos da ira proferidos por Jesus, dentre os quais estão as lamentações a respeito de todos os que desconsideravam a Boa-nova, e foram chamados de ais... (Ai de vós, escribas e fariseus, etc.)
Esses severos alertas traduzem as reacções do Homem-Jesus tomado pela ira santa, aquela que reflecte a Sua natureza humana, sem qualquer laivo, no entanto, de ressentimento ou ódio, de menosprezo ou desconsideração pelos indivíduos incursos nas Suas austeras palavras. Ressaltam, isto sim, a grandeza da Sua masculinidade enérgica, que não se detinha diante dos comprometimentos pusilânimes e sofistas, irónicos e perversos, a fim de despertar-lhes as consciências adormecidas, cindindo a sombra neles predominante por intermédio da austeridade e do chamamento ao dever, ao conhecimento de si mesmos e a reflexões em torno dos seus limites, de forma que se transformassem em terapia saudável, auxiliando-os em futuros comportamentos.
Era também a maneira vigorosa para dissipar a sombra colectiva que pairava sobre todo o povo vitimado pela predominância do desconhecimento da sua realidade essencial.
Não poucas vezes Jesus foi convidado a enfrentar esses tecelões da injúria e da desdita alheia, caracterizados pela sordidez da hipocrisia sem disfarce, na qual ocultavam os seus sentimentos reais, sempre prontos para acusar, desferindo golpes impiedosos contra todos aqueles que lhes estivessem sob a injunção da observação perversa.
Hábeis na arte de dissimular as desditas interiores, especializavam-se em desvelar nos outros as torpezas morais que os infelicitavam e não tinham coragem de enfrentar.
É sempre esse o mecanismo oculto que tipifica o acusador contumaz, o justiçador dos outros, o vigia dos deslizes das demais pessoas.
Sentindo-se falidos interiormente por não poderem superar as atracções morbosas da personalidade enferma, revestem-se de puritanismo e de falsa sabedoria, facultando-se direitos que se atribuem, e tornando-se impiedosos perseguidores das criaturas sobre as quais projectam aquilo que detestam em si próprios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:31 am

Os fariseus celebrizaram-se por essa capacidade sórdida, buscando equipar-se de conhecimentos na Torá e nos demais livros sagrados, como se todas as obras de libertação humana igualmente não merecessem o direito de ser também sagradas, para melhor se imiscuírem na observação dos actos que diziam respeito ao próximo, formalistas e ríspidos, não obstante interiormente como um sepulcro, todo podridão conforme acentuou Jesus em ocasião própria.
Ainda permanece essa conduta soez em todos os segmentos da sociedade, particularmente nos grupamentos religiosos, nos quais aqueles que se sentem incapazes de crescer, por acomodação mental ou incapacidade moral, tornam-se agudos vigias dos irmãos que os ultrapassam e não merecem perdão, por estarem libertando-se da sombra que eles ainda nem sequer identificaram...
Detalhistas e hábeis na faculdade de confundir, esmeram-se na apresentação externa a que dão excessivo valor, porque se sentem inferiores e pecaminosos, julgando com aspereza e rancor todos quantos os superam em quaisquer valores éticos, morais, espirituais, culturais, de abnegação e beleza.
Jesus jamais os temeu por conhecer-lhes os abismos interiores, a insânia, a jactância.
Justa, portanto, a Sua ira, que se apresentava com um carácter de corajosa decisão para não permitir a ingerência de tão perniciosos fiscais que se atribuíam o direito e o dever de perturbar Lhe o Ministério que inaugurara.
Essa coragem, que não silenciava em nome da falsa humildade, a que esconde covardia ou omissão, provocava-lhes, como ainda hoje ocorre mais acendrado ódio, levando-os a accionarem armadilhas cada vez mais subtis ou afrontosas, concomitantemente arrebanhando sequazes que permaneciam a soldo da sua infâmia.
Não se repetem, ainda hoje, as mesmas condutas ardilosas e infamantes?!
O julgamento legal tem raízes nas conquistas da ética e do direito, do desenvolvimento cultural dos povos e dos homens, concedendo ao réu a oportunidade de defesa enquanto são tomadas providências hábeis para que sejam preservados os seus valores humanos, as suas conquistas de cidadão.
Essa a diferença entre a conduta da civilização em relação à barbárie, do homem vencedor da sombra em confronto com o mergulhado nela.
Examina-se a conduta infeliz de alguém que cometeu um delito, sem dúvida, mas não perdeu a qualidade de ser humano, requerendo dignidade e misericórdia, por mais hediondo haja sido o seu crime, a fim de não se lhe equipararem em rudeza e primitivismo os seus julgadores.
O julgamento, porém, que, insensato, arbitrário e contumaz, decorre da inferioridade do opositor, que apenas vê a própria imagem projectada e odeia-a, sedento de destruição para libertar-se do pesado fardo, ferindo a outrem, é covarde e cruel.
A análise do erro é sempre uma necessidade impostergável, quando não se faz realizada com perversas intenções de dominação do ego, totalmente divorciada da lei de amor e de caridade. Analisar para auxiliar, para corrigir, para educar, é valiosa contribuição para a construção do ser moral, psicológico e espiritual.
Dessa forma, é inevitável que, toda vez quando se é defrontado pelas ocorrências do quotidiano, o próprio senso crítico e de discernimento proceda a julgamento, examine a atitude, a conduta alheia, não assumindo, porém, a postura de censor, de responsável pela sociedade que pensaria estar defendendo. A subtileza se encontra na capacidade de não converter a apreciação e o exame de situação em condenação que exige castigo, mas solidariedade ou auto precaução para que não incida no mesmo equívoco.
Graças a esse comportamento, manifesta-se a maturidade do ser humano, que ora sabe entender o correto em relação ao errado, a acção dignificante em confronto com a reprochável, a comparação entre o saudável e o patológico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:31 am

Jesus, que sabia examinar sem julgar, muito menos punir, como consequência viveu sempre muito feliz.
A Sua Doutrina é todo um poema de alegria, de libertação dos conflitos, de auto-iluminação e de engrandecimento a Deus manifesto em todas as coisas, desde as simples sementes e grãos pequeninos, às aves dos Céus, às redes de pescar, aos lírios do campo, ao azeite, à lâmpada, à Mãe--natureza e ao Excelso Pai, a Quem ninguém nunca viu...
Aquele Homem, especial pela própria grandeza e autoridade de que se fazia revestido, as quais Lhe foram concedidas pelo Pai, em todo momento exteriorizava bom humor e alegria, sem vulgaridade; severidade quando necessário, nunca, porém, hostilidade; fazia-se generoso incessantemente, jamais covarde; amigo incomum de todos, não conivente com as suas defecções. Sabia como desmascarar a hipocrisia e não trepidava em repreender os portadores da dissimulação mesquinha; possuidor, no entanto, do sentimento socorrista para com todos, tornava-se Psicoterapeuta incomparável.
O farisaísmo permanece nos relacionamentos humanos, com as suas várias máscaras, ferindo ou tentando dificultar a marcha dos homens idealistas, daqueles que estão construindo a nova sociedade para o mundo melhor do futuro.
A sombra em projecção torna-se julgamento que a sã conduta e a harmonia psicológica diluem na perfeita identificação dos valores do Self triunfando sobre os caprichos do ego.
Diante dos julgamentos direccionados pelos sentimentos servis e dos julgadores sistemáticos, considere-se, pois, com cuidado a severa advertência do Homem de Nazaré:
— Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão.
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Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 2 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:34 am

13 - Libertação pelo amor
Ev. Cap. XI - Item 8

(...) Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Mateus, 22:39

Toda a essência da vida encontra-se estabelecida no amor, que é de procedência divina. Alcançar esse clímax do processo da evolução é o cometimento mais audacioso que o ser inteligente encontra pelo caminho ascensional.
Na perspectiva da Psicologia Profunda, o ser vive para amar e ser amado, iluminar a sombra e fazer prevalecer o Self.
Esse processo encerra toda a saga da auto-conquista de cada ser, que deve transformar impulsos em sentimentos, atavismos em actividades lúcidas, heranças dominadoras em aquisições plenas, instintos arraigados em emoções harmónicas, hábitos estratificados em realizações edificantes, tendências inferiores em aspirações elevadas sob os impulsos do amor. Tal é o grande compromisso que deve ser atendido por todas as criaturas que anelam pela tranquilidade e pelo bem-estar legítimo.
Invariavelmente o amor surge como desejo inicial de compartir alegrias e repartir realizações. Expressando-se inconscientemente no zelo pela prole, na defesa pelo clã, no interesse pelo progresso pessoal, como o daqueles que lhe dizem respeito pela consanguinidade, inicia o seu mister crescendo ascensionalmente de forma a ampliar-se cada vez mais.
Terapia eficiente para superação da sombra, o amor é o medicamento salutar para o ego enfermo, estímulo eficiente para o Self que desabrocha soberano quando irrigado pelo fluxo desse sentimento superior da vida.
Jesus, o Homem, fez-se o exemplo mais vivido do amor de que o mundo tem notícias.
Submetido às injunções por que passam todas as criaturas, a Sua trajectória fez-se assinalada pelas mais vigorosas páginas de compreensão e brandura para com todos, exercendo autoridade e carinho em perfeita harmonia, mesmo nas situações mais chocantes, sem perder o equilíbrio nem a afectividade. Quando austero, educava amorosamente e com energia; quando meigo, orientava com ternura e segurança; ante a hipocrisia insidiosa e perversa, assumia a atitude de enfrentamento sem descer à condição infeliz do seu antagonista, repreendendo-o e desmascarando-o com o objectivo de educá-lo.
A ausência do amor no ser humano e, por consequência, no mundo, demonstra o estágio de primarismo ainda predominante, que dificulta o processo de evolução, gerando conflitos perfeitamente dispensáveis, mas que se demoram perturbadores como ferretes impelindo para frente e para a conquista desse atributo superior do ser.
Amar é abrir o coração sem reservas, encontrar-se desarmado de sentimentos de oposição, sempre favorável ao bem e ao progresso, mesmo quando discordando das colocações que são apresentadas.
É também um mecanismo de compaixão e de misericórdia para consigo e principalmente para com o próximo, sua meta e sua necessidade, que passa a constituir-se fundamental no relacionamento e na conquista da autoconfiança.
O amor é o liame subtil que une o interior ao exterior do ser, o profano ao sagrado, o ego ao Self, que lhe passa a comandar o comportamento, o material ao espiritual.
O amor nunca se ofende e sempre está lúcido para entender que na sua vibração tudo se harmoniza, mesmo quando as leis dos contrários se apresentam, porque não agride nem violenta, tudo aceitando com equilíbrio e canalizando com sabedoria.
Não poderia ser outra a directriz proposta pelo Revolucionário galileu, que colocava balizas novas nas velhas estruturas do comportamento humano, até então escravo do desamor, das artimanhas da mentira e das arbitrariedades das pessoas e dos governos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:34 am

O amor não mente, porque a sua é a estrutura da autenticidade, sempre aberto e claro, possuidor de quase infinita capacidade de paciência e de compreensão.
Jesus, na condição de peregrino do amor, demonstrou como é possível curar as feridas do mundo e dos seres humanos com a exteriorização do amor em forma de compaixão, de bondade, de carinho e de entendimento.
Eram primitivos e cruéis aqueles dias nos quais Ele viveu e, por isso mesmo, a Sua trajectória impressiona pela superior maneira como Se conduziu, enfrentando largos trajectos a vencer entre vicissitudes e impedimentos que nunca Lhe constituíram empeço para alcançar os objectivos traçados.
Quando a mulher era espólio do homem, que dela podia dispor a seu bel-prazer, e cujos sentimentos íntimos não eram levados em consideração, caracterizados como fraqueza digna de punição e chalaça, Ele assumiu a anima e enterneceu-se com as suas demonstrações de doçura e de piedade, de amor e de solidariedade, conclamando-a à auto-estima, apesar de todos os impedimentos, à coragem para os enfrentamentos no lar, no convívio social, nas lutas políticas pelo bem geral. Ergueu-a do vale em que se encontrava, na sombra colectiva, ao planalto de luz resplendente de liberdade e dignidade, conseguindo o seu lugar no concerto da Humanidade.
Quando os pobres eram tidos por desprotegidos de Deus, e os enfermos graves eram expulsos das cidades, porque se encontravam mortos, tendo os seus nomes cancelados do Livro dos vivos, Ele os exaltou em inesquecível bem-aventurança, principalmente, aqueles que foram pobres de espírito de avareza e de paixões inferiores. Nunca se apartou dos doentes e odiados, visitando os samaritanos detestados e oferecendo-lhes os bens eternos da Sua mensagem confortadora e rica de paz.
Jamais temeu os poderosos, os intrigantes, os fariseus odientos e ingratos, os saduceus materialistas e utilitaristas, sem porém os detestar, lamentando o estado em que se encontravam, longe de Deus e de si mesmos, intoxicados pelo orgulho e vencidos pela avareza, infelicitadores, porque infelizes em si mesmos, sem se permitirem lugar propício ao despertamento para a realidade espiritual.
Invariavelmente as pessoas que ainda não aprenderam com o Homem-Jesus a excelência do amor, pensam que são amadas porque se fazem especiais, esquecendo-se de que por amarem tornam-se especiais.
O amor dinamiza os potenciais internos do ser, contribuindo para que os neurónios e as glândulas do sistema endócrino produzam imunoglobulinas que imunizam o ser em relação a diversas infecções, enquanto vitalizam o emocional e o psíquico, afinal de onde dimana essa energia poderosa...
É graças ao amor que os relacionamentos atingem a sua plenitude, porque o egoísmo cede lugar ao altruísmo e o entendimento de respeito como de confiança alicerça mais os sentimentos que se harmonizam, produzindo bem--estar em quem doa, tanto quanto em quem recebe.
Somente o amor permite que se vejam as pessoas como são.
Sem ele, percebem-se os reflexos da personalidade que deseja impressionar e conquistar lugar e afecto, sem a qualidade essencial que é o sentimento profundo de doar para depois receber, ou ofertar sem o escuso interesse de negociar uma recompensa. Por isso, quando não está vitalizado esse desejo pelo hálito do amor real, a frustração e a amargura sempre acompanham os insucessos, que são decorrentes da ausência de pureza do ofertório.
Amando-se, ultrapassa-se a própria humanidade na qual se encontra o ser, para alcançar-se uma forma de angelitude, que o alça do mundo físico ao espiritual mesmo que sem ruptura dos laços materiais.
Todo esse concerto de afectividade inicia-se no respeito por si mesmo, na educação da vontade e no bom direccionamento dos sentimentos, de forma que a auto-descoberta trace conduta saudável que irradie harmonia e alegria de viver, tornando a existência física aprazível seja em que forma se apresente, não sofrendo as alterações dos estados apaixonados e dos gostos atrabiliários.
Esse sentido de auto-amor que se transmuda em aloamor, alcança a etapa mais elevada que é o amor a Deus acima de todas as coisas e condições, por significar a perfeita identificação da criatura com o seu Criador, haurindo sempre mais força e beleza para o auto-crescimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:35 am

Moisés foi o instrumento da Lei severa, necessária para a educação de um povo nómada e pastor, que saindo da escravidão necessitava construir uma Nação, fixar-se, estabelecendo as disciplinas de conduta para o equilíbrio da colectividade e o bem-estar geral.
Jesus é o amor humanizado que se entrega ao matadouro em holocausto vivo, demonstrando que a existência terrena, embora merecendo respeito e sendo credora de preservação, quando luz o amor ao próximo, cede lugar pessoal em favor daquele, transferindo-se, por abnegação, de uma condição existencial efémera para outra espiritual e eterna.
Sua revolução pelo amor suplantou tudo quanto antes fora apresentado pelo pensamento histórico e pela ética, invertendo as propostas sociais e políticas que primavam pela prevalência do ego dominante, exaltando o Eu profundo de carácter eterno e sobranceiro a todas as injunções transitórias do mundo físico.
Iniciando-se esse sentimento como impulso nobre para a renúncia e a dedicação ao próximo, através da esteira das reencarnações, amplia-se, enriquece-se, sublima-se até alcançar as excelsas paragens do Bem Incomum.
Enfrentando os fariseus, discutidores incuráveis e malfazejos, sempre buscando algo para incriminar seja a quem fosse, respondeu-lhes à indagação melíflua, a respeito de qual o mandamento maior da Lei, explicando que acima de tudo se encontra Deus, que deve ser amado com todo o respeito, a abnegação e a vida, mas impôs:
- Amarás o teu próximo como a ti mesmo — como reflexo daquele sentimento maior e total.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:35 am

14 - O egoísmo
Ev. Cap. XI - Item 11

Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.
Lucas, 6:31

O egoísmo é úlcera moral que degenera o organismo espiritual da criatura humana. Remanescente do primarismo que lhe é dominante, responde por incontáveis males que a afligem assim como à sociedade, dificultando o progresso que é fatalidade inevitável.
A terapia eficiente para tão terrível flagelo é o altruísmo, por desenvolver os sentimentos superiores que defluem da razão e do discernimento, ampliando as possibilidades de crescimento interior de cada um no rumo do Infinito.
Sabe disfarçar-se de variadas maneiras, justificando--se com habilidade, a fim de prosseguir como agente de destruição dos bens da vida.
Uma atitude de firmeza ante os objectivos morais a serem conquistados deve caracterizar todo aquele que pretende evoluir, libertando-se desse inclemente algoz, que permanece devorando ideais e submetendo as massas ao seu talante infeliz.
O Homem-Jesus enfrentou-o em toda a Sua trajectória e soube freá-lo nas suas investidas de orgulho ferido, de inveja sistemática, de pessimismo, de presunção descabida.
N'Ele encontramos o exemplo máximo do altruísmo afectuoso, mas não servil, em razão do Seu sentimento equilibrado.
Harmónico, à luz da Psicologia Profunda, tudo, em Jesus, é exemplo de equilíbrio e sabedoria.
De temperamento introspectivo, jamais se apresentou conturbado ou receoso, depressivo ou tímido. A Sua introspecção podia ser compreendida em razão da Sua realidade de Ser inter-existente, vivendo o mundo físico, objectivo, imediato, e o mundo espiritual, extra-físico, transcendental, nunca se permitindo deter em uma esfera vibratória sem participação activa na outra.
A Sua foi e permanece sendo uma psicologia totalmente diversa da conhecida, antes ou actualmente, porque assentada em um biótipo sentimental, nunca, porém, sentimentalóide, que compreendia as dores do mundo e procurava diminuí-las sem atormentar-se. Os Seus eram valores espirituais que jorravam em abundância do Seu mundo interior como música vibrante, possuindo recursos não convencionais e não conhecidos, que transformava em acção vital para atender àqueles que O buscavam.
Sempre espontâneo, jamais se permitiu manipular por qualquer pessoa ou poder existente, seja por imposição externa ou chantagem emocional, por medo ou por interesse subalterno, fazendo exactamente o que Lhe parecia melhor para aqueles por quem viera.
Portador de uma forma diferenciada de agir era sempre genuíno, profundo e livre de qualquer injunção que Lhe maculasse a conduta. Todas as Suas acções eram altruísticas, mesmo que ameaçando a Sua existência segura na forma de apresentar-se e na maneira de realizar o que deveria. Decidido, não se permitia qualquer tipo de hesitação ou de conformidade com o estabelecido, procurando demonstrar o sentido exacto e significativo da existência terrena.
Sempre acolitado pelas mulheres que n'Ele encontravam apoio e inspiração, conforto e roteiro para o prosseguimento nas suas tarefas, manteve-se indemne a todas as atracções especiais ou a particularismos decorrentes da Sua configuração masculina.
Da mesma forma agiu em relação aos amigos e aflitos que O buscavam, mantendo-se integérrimo, elegendo, obviamente, aqueles que eram fiéis aos postulados que difundia e às acções que vivenciava, de modo a estimulá-los ao prosseguimento dos compromissos assumidos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:35 am

No Seu sentimento não existia lugar para ciúme ou disputa, para susceptibilidades ou ressentimentos, porquanto, humanizando-se, não abdicava da Sua procedência espiritual superior, identificando em todas as criaturas a semelhança de Deus, que equivale à procedência inicial, que as torna dignas e credoras de consideração e amor em todas as circunstâncias.
Ainda do ponto de vista da Psicologia Profunda, o Homem Jesus rompeu com o factor denominado alucinação masculina, não se firmando somente nesse lado positivo da Sua condição terrenal, tampouco fixando-se na alucinação feminina da fragilidade e da emotividade desordenada da mulher de então, tornando-se o ser fundamental, total e irretocável do pensamento histórico.
Esse sentimento harmónico foi Sua característica essencial, que se nos apresenta como a única forma de poder entender-se o Homem-Jesus, o Filho de Deus, jamais deificado na Sua humanidade, pois que se assim o fora Lhe tiraria toda a grandeza e eloquência do ministério, colocando-O acima das injunções convencionais e próprias de todos os seres com os quais conviveu e orientou, propondo-lhes o Reino dos Céus, que afirmava encontrar-se no próprio coração, simbolicamente a área do sentimento.
Jesus o demonstrou quando afirmou que são bem--aventurados os puros de coração, exaltando a faculdade de amar e de ser altruísta a todo aquele que se Lhe acerca.
Ele não se misturava ao colectivo, embora estivesse nas massas, evitando sempre o condicionamento da cultura da época e suas exigências absurdas quão mesquinhas.
Ele inaugurou um novo modo de viver, uma nova psicologia de comportamento, uma diferente experiência de compreensão da vida.
Jamais se apegou a qualquer coisa: valores terrestres, projecção social e política, que são peculiares à natureza humana em determinado estágio da evolução, e que constituem infantilidade moral-espiritual compatível com as exigências do mundo exterior.
A Sua conduta foi irrepreensível e a Sua alegria de servir ao Pai, através dos Seus irmãos, demonstrou o verdadeiro sentido do altruísmo, que deve frondejar nos sentimentos gerais.
É tão extraordinária a figura psicológica de Jesus-Homem que Ele não se repetia, não se permitia redundâncias, monotonias, sendo um incansável conquistador de novas experiências iluminativas para os discípulos, utilizando-se da didáctica maiêutica, sempre encorajando todos ao auto-crescimento e tornando-se Modelo sem aparência presunçosa e humilhante, em face da afabilidade e simplicidade com que se conduzia.
A Sua espontaneidade foi enriquecedora, facultando que todos se lhe acercassem com naturalidade e confiança, compartilhando do conhecimento de que era dotado, experimentando o conforto moral que d'Ele se irradiava em silêncio ou verbalmente.
Toda a Sua existência foi uma sinfonia profunda de amor, que se alcandora aos extremos da caridade total por identificar no ego das criaturas o adversário soez e extravagante, responsável pelas desídias, pelo inconformismo, pelas ambições desnaturadas que, levadas ao extremo, fomentam as guerras e geram os infortúnios que vêm atravessando os tempos.
Enquanto o egoísmo conspira contra a caridade, esta lhe é a terapia eficiente, única de que dispõe a vida para desenvolver os sentimentos de fraternidade e de justiça entre os homens.
A medida que o ser humano adquira conhecimento e desenvolva o sentimento de dignificação, o egoísmo cederá passo a uma nova mentalidade psicológica e comportamental, portadora de saúde tanto quanto de enriquecimento emocional para captar a felicidade a que todos aspiram.
Nunca será demasiado esperar-se que esse sentimento de caridade tenha início no imo e se espraie alterando a paisagem terrestre, sem esperar que outrem o faça, o que pode representar um mecanismo egóico de transferência de oportunidade e de realização.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 11:35 am

Quando o homem se impregna do sentimento de amor sem jaça, naturalmente sintoniza com o psiquismo do Homem-Jesus, passando a receber-Lhe a inspiração, ao tempo em que frui emoções incomuns que se caracterizam pela alegria de viver e de agir.
A caridade proporciona segurança social, respeito pela natureza em todas as suas expressões, motivação para uma vida engrandecida.
Ela expressa como nenhuma outra proposta transformadora a Lei de amor, que é a alma da vida.
Em Jesus não há tragicidade, conforme se observa na conduta de outros líderes, de outros homens, porque Ele soube converter a desgraça em factor de elevação como lição na qual as ocorrências são sempre instrumentos do processo de crescimento para Deus, sejam sob quais formas se apresentem.
Igualmente, nunca houve comédia, a alegria vulgar com que se pretende justificar a frivolidade egoística. Na Sua seriedade pairavam doçura e jovialidade, configuradas na beleza que se exteriorizava acalmando paixões e orientando vidas.
Por isso recomendou que se tratassem todos os homens como se quereria que eles os tratassem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 9:23 pm

15 - A vingança
Ev. Cap. XII - Item 9

(...) Não resistais ao mal que vos queiram fazer...
Mateus, 5:39

A fatalidade da vida é alcançar a harmonia plena, mediante o equilíbrio do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus.
Qualquer desvio do sentimento do amor que se tenha, e tomba-se em desequilíbrio, em inarmonia, postergando o processo da evolução e retardando a marcha do progresso na qual todos os seres se encontram colocados.
O amor, portanto, é o hálito de sustentação da vida, enquanto a sua ausência expressa-se como estágio embrionário do ser, aguardando os factores propiciatórios ao seu surgimento e exteriorização.
A vingança constitui-se numa patologia do ego insubordinado ante as ocorrências do mecanismo de crescimento.
Nem sempre todas as ocorrências podem ser favoráveis, e, não poucas vezes, surgem fenómenos perturbadores pela agressividade, por meio do desvio de conduta, através do erro, mediante a acção indébita, que geram reacções profundamente infelizes, que se convertem em anseio de vingança como recurso de liberação do ódio, que é a mais grave enfermidade da alma.
O ódio envenena os sentimentos e entorpece a razão. Dando vitalidade à vingança, conduz a transtornos comportamentais mórbidos de recuperação difícil.
Na Sua condição humana entre os homens-pigmeus que O detestavam, Jesus enfrentou as suas agressões e diatribes, sem permitir-se vincular-se-lhes por meio do ressentimento, menos do ódio, jamais por qualquer expressão de vingança.
Nunca se poupou aos enfrentamentos, não obstante, jamais sintonizou com a ira dos atormentados-atormenta-dores que sempre O buscavam para afligi-lo e testá-lo.
Não resistia contra eles, desafiando-os ou com eles entabulando discussões estéreis quão venenosas.
Suave, passeava a Sua presença entre os seus bafios pestosos e os seus doestos, sem os vitalizar com qualquer tipo de vinculação emocional.
Agia, incorruptível, mantendo a serenidade, enquanto eles blasfemavam e espumavam, iracundos, ferozes.
O mundo dos homens é também a paisagem dos desenfreios morais, da vulgaridade e das ânsias do primarismo.
O Homem-Jesus jamais se perturbava com aqueles que O buscavam para pleitear uma postura igual ou superior à d'Ele.
Não vivesse a Sua humanidade e fosse somente angelical, estaria fraudando a confiança daqueles que se Lhe entregavam, por ser diferente, destituído de sentimentos tanto quanto de vulnerabilidade.
A Sua superioridade fora conquistada através de experiências multifárias e se expressava natural, porque vitoriosa aos embates antes travados.
Oferecer o outro lado, quando se é esbofeteado na face, é quase inverosímil para a cultura ocidental, acostumada ao revide pela honra, ao duelo, com armas no passado, verbal em todos os tempos, através da justiça igualmente em todas as épocas.
Ele demonstrou que era possível fazê-lo, e viveu a experiência pessoal.
Trata-se, à luz da Psicologia Profunda, de provar que o Bem é mais forte do que o Mal, que a não violência é o antídoto para a ferocidade, a paciência é o remédio para a irritação, a esperança é o recurso para o desalento...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 9:23 pm

Não poucos estudiosos das narrações neotestamentárias recusam o postulado que se encontra exarado no texto em torno do não resistais ao mal que vos queiram fazer, encontrando justificativas de ordem ética e de lógica, em postura ariana de vigor comportamental. Outros tantos renegam a proposta do oferecimento da outra face, após a injúria agressiva na oposta, em razão da estrutura psicológica de preservação da dignidade pessoal.
Merecem consideração e reflexão. Entretanto, Ele desejou expressar exactamente a coragem para enfrentar o mal equipado pelo Bem, enriquecido pelo amor, desarmado de sentimentos
morbosos de vingança, sem o elixir do ódio a sustentar a inferioridade evolutiva...
Essa atitude de Jesus é varonil, mais forte do que a belicosidade dos militares preparados para destruir. O não matar, o não ser violento, constitui o mais grandioso desafio cultural e emocional que a criatura humana pode experimentar.
Em contrapartida, as Suas enérgicas palavras a respeito da hipocrisia dos fariseus e das questiúnculas dos insensatos saduceus, a conduta reprochável dos hipócritas e a tibieza dos fracos, sempre mereceram referências enérgicas e elucidações vigorosas sobre as consequências que acarretariam para aqueles que assim agissem, apresentando o outro ângulo moral de Sua vida.
Ele não o dizia com ira ou paixão morbífica, mas com a autoridade de quem conhecia a Lei de Causa e Efeito, da qual ninguém se exime, estando todos os seres incursos nesse fundamento da Natureza.
A Sua humanidade não era tíbia, antes vigorosa, compassiva e altiva, sem o que jamais lograria desenvolver o programa espiritualizante a que se entregava em relação aos homens, Seus irmãos.
Duas expressões aparentemente opostas se mesclavam no carácter do Homem-Jesus.
Não resistir ao mal, a fim de não vitalizar a escravidão aos instintos inferiores, primários, que dirigem as criaturas não espiritualizadas, não elevadas. Afirmar o Bem e exercer a coragem para sofrer as consequências da opção elegida, como forma de superar a voragem do desespero e o desregramento de conduta que assolam em todos os tempos e culturas.
O conceito estabelecido para não resistirão mal é tido por conduta feminina, atitude tímida que caracterizava a submissão da mulher aos caprichos do homem. A energia ensinada e a autoridade exteriorizada em relação aos pusilânimes e astutos, expressava manifestação masculina, típica da virilidade do homem agressivo e corajoso.
Jesus sintetizou as duas naturezas, fundindo em unidade harmônica a anima ao animus, harmonizando a Sua conduta sem traição de qualquer arquétipo ancestral em uma imagem integrada de Ser ideal.
A vingança é atraso moral do Espírito, que permanece em primarismo; o perdão exalça o indivíduo. A primeira leva-o a futuros conflitos e ata aquele que a cultiva a quem detesta; o segundo liberta do agressor e lenifica os sentimentos que restauram a alegria de viver. Uma aflige sem pausa, e o outro equilibra, desenvolvendo estímulos para novos embates. Recomendasse Jesus o revide e, se Ele assim o fizesse conforme gostariam os imediatistas e os cómodos, teríamos um exemplo de unilateralidade de conduta, excluindo a face amorosa e compadecida. Se, por outro lado, apenas a compaixão e a tolerância predominassem no Seu comportamento, veríamos um tíbio, apresentado em uma formulação desencorajadora para a reconstrução da sociedade, que se faria piegas e medrosa.
A coragem é não revidar ao mal, nem sequer pensar no mal, não se permitir sentir o mal.
A imagem subjectiva de Jesus-Homem é a de um triunfador, que se superou a si mesmo, tornando-se o exemplo que conforta e o roteiro que conduz ao porto. Por outro lado, é o Guia, cuja vivência jamais desmentiu os ensinamentos, e é o caminho, por haver percorrido a vereda que traçou como directriz de segurança para os que n'Ele acreditassem.
Todos quantos resistem ao mal, tornam-se vítimas de tormentas de vária ordem, tombam na loucura, ou fazem-se famanazes do crime, da hediondez, da vingança...
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Aqueles que revidam ao golpe infeliz recebido, não se postando pacientes a oferecer a outra face, transformam--se em criminosos iguais àqueloutros que os infelicitam e perseguem.
Certamente, o instinto de conservação precata o indivíduo de deixar-se consumir pela impiedade ou de ser arrastado injustamente ao poste do sacrifício.
Honestamente, não foi exactamente assim que Ele procedeu, deixando-se imolar, sem revide nem justificativa para fugir do testemunho?
Igualmente, todos quantos O seguiram, também não se entregaram ao matadouro, alguns cantando hosanas?
Ser precavido, resguardar-se do mal dos maus, cuidar de não se envolver em contendas, evitando os entreveros estabelecidos pelos belicosos, também é atitude recomendada pela Sua conduta. No entanto, jamais fugir do testemunho, ou debandar do holocausto quando seja convidado, não revidando mal por mal, nem se vingando nunca, mesmo que surjam oportunidades propiciatórias ao desforço.
Vitorioso é somente aquele que se vence interiormente, mesmo que vencido exteriormente, por isso amarás o teu próximo como a ti mesmo.
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16 - O ÓDIO
Ev. Cap. XII - Item 10

Sede, pois, cheios de misericórdia, como cheio de misericórdia é o vosso Deus.
Lucas, 6:36

Actualizando o pensamento de Jesus com sabedoria, o Espiritismo alcança idênticas metas estabelecidas pela perspectiva da Psicologia Profunda.
Jesus e Deus são independentes: um é Ser criado, e outro é o Criador.
A ultrapassada ortodoxia teológica responsável pela composição do Filho-Pai, tornando-O Incausado, atropela a lógica e a ética mais elementares, que não encontram respaldo nas narrações neotestamentárias.
A grande sombra colectiva que pairava sobre Israel e, por extensão, por sobre toda a Humanidade, decorrente ou responsável pelas ambições desmedidas do personalismo individual e generalizado, ressuscitou a mitologia arquetípica primitiva, atribuindo ao homem a perfeição absoluta de Deus, distanciando-O, dessa forma, do entendimento e da aceitação possíveis, por parte daqueles que O desejavam seguir, tocados pelas lições da Sua palavra e da Sua vivência.
Na excelsitude dessa Sua incausalidade, infinitamente distanciada da condição de humanidade, tornaria todo o apostolado impossível de ser tornado realidade, porque os homens necessitados de renovação encontravam-se mergulhados na escuridão, retidos no seu lado escuro, não tendo como entendê-lo, e, menos ainda, não dispondo de qualquer possibilidade de alcançá-lo.
Como, porém, Ele lutou com austeridade e conviveu com os problemas vigentes, estabelecendo novos critérios fundamentados no amor, delineando mudanças imediatas de costumes e condutas, tornou-se acessível, provocando, incontinente, as reacções previsíveis daqueles que viviam das migalhas sociais, económicas e políticas, repudiando-O e tramando para assassiná-lo, conforme se consumou, passo a passo, na hediondez do primitivismo de consciência em que se encontravam.
Humano, Ele lamentou a selvageria do ódio, de que se utilizaram os adversários, não apenas d'Ele, senão de tudo quanto de renovador e unificável Ele representava e difundia.
Matar Jesus significava, no inconsciente colectivo de então, assassinar os conflitos que as aspirações de beleza e de imortalidade ameaçavam no Self, assim aniquilando ou pretendendo fazê-lo em relação ao Selbst, interpretado como a imagem de Deus no homem.
O ódio é remanescente vigoroso das mais sórdidas paixões do primarismo asselvajado, que permanece em luta titânica com a razão e o sentimento de amor inato em todos os seres.
Morbo pestífero, somente desaparece mediante a terapia do amor incondicional, que o dilui, porquanto se enfrentam no mesmo campo de batalha, que é a consciência.
Esse amor não negocia, tampouco negaceia, não se preocupa com qualquer tipo de carácter retributivo, é espontâneo e doador, desinteressado e rico de generosidade, cheio de misericórdia.
O ódio funciona como automatismo violento, labareda voraz que deixa destruição, para que as mãos do amor trabalhem na reconstrução que ressurgirá dos escombros.
O evangelista João afirma esse valor, definindo: Deus é amor.
O amor de Deus a que se refere Jesus é um sentimento também de compaixão que socorre, mas não se detém em exigência de natureza alguma.
Todos os seres sencientes têm necessidade de amor, que constitui alimento irrecusável, e quem não o aceita pode tornar-se a simbólica figueira que secou retratada na parábola da inutilidade, da falta de objectivo pelo existir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 9:23 pm

Não se preocupa a Divindade com culto externo, com sacrifício para reparação das faltas, com promessas de renovação, com comércio das indulgências a troco de moedas ou títulos outros, por entender a sua não validade, por ser o Absoluto Possuidor não Possuído.
A aceitação desse amor unge de bênçãos, vincula a criatura ao seu Criador, estabelecendo comunhão benfazeja capaz de superar os desafios e alcançar a auto-realização.
Em um período de violência e vilania como aquele, no qual Ele viveu - não muito diverso da actualidade, embora as suas incomparáveis conquistas de variada ordem - a condição de ser humano era um risco, porquanto seu valor irrisório era semelhante ao de uma alimária de carga, especialmente se pertencente às classes menos favorecidas, sem dinheiro, sem projecção social, destituído de destaque político...
Jesus rompeu o convencional e inaugurou um especial compromisso com a Vida: o amor de misericórdia.
A sombra colectiva de Israel não podia entendê-lo, e Ele o sabia, mas se tornava urgente lançar as bases e as balizas do Reino de Deus, preparando os dias do futuro. Assim, pouco importava o tributo que o Homem-Jesus teria que pagar para a fundação da Era Nova entre os demais homens.
Para tanto, utilizou-se do amor misericordioso para atender aos enfermos, que ajudou na recuperação da saúde, mas também aplicou-o a Zaqueu, o publicano, que desceu da árvore - que é um símbolo psicanalítico expressivo - para recebê-lo na sua casa.
Aquele amor que o inundou alterou--lhe a conduta e ele usou de misericórdia para com os seus servos, assalariando-os com abundância e apresentando-se sem dívidas ou cobradores à porta dos seus sentimentos...
Aquele homem deixou que a sua sombra cedesse lugar à síntese do conhecimento com o sentimento, inundando-se de conscientização dos deveres em relação a si mesmo, ao seu próximo, à Vida.
Esse amor grandioso acolheu a mulher surpreendida em adultério, vítima do ódio generalizado de outros adúlteros, que nela desejavam esmagar os próprios conflitos para manterem a sombra; ou quando Ele atendeu a vendedora de ilusões, que saíra da obsessão do sexo desvairado, libertada pelo seu dúlcido olhar cheio de misericórdia, convidando-a à reeducação, ao refazimento do caminho.
Esse amor não censurou ninguém, porque é feminino, maternal; no entanto, advertiu, caracterizando ser também masculino, paternal, em perfeita identidade da anima com o animus, em perfeita harmonia no Homem-Jesus.
Terapeuta preventivo, Ele esclareceu a respeito dos anos infelizes e sombrios que poderão resultar quando se permanece em delitos, em pensamentos, palavras e acções perturbadores.
Essa misericórdia não se detém na simples compaixão, propelindo cada beneficiado para que faça a sua parte, aquela que não lhe será tirada, por essencial à conscientização das possibilidades de que todos dispõem e devem accionar, aumentando-lhes a capacidade de realizações.
Todo ser humano tem que realizar o seu trabalho de auto-iluminação, e, após fazê-lo, nunca mais será o mesmo.
Esse é o amor que levanta do abismo e alça às cumeadas do progresso moral, passo avançado para a libertação espiritual das mazelas e chagas decorrentes dos erros transactos.
Jamais Jesus fará a tarefa de outrem ou por outrem. Todo o Seu amor é disciplinante e engrandecedor, nunca tornando o ser pigmeu ante a Sua grandeza moral, porém, descendo-lhe ao nível para erguê-lo até onde lhe seja possível alcançar.
Assim Ele dignificava perante o Si profundo cada um que se candidatava ao Seu, que é o Reino de Deus.
Por tais razões, sempre recomendou a busca de Deus, qual Ele próprio o fez no deserto, em longa vigília; na montanha, durante a incomparável sinfonia das Bem-aventuranças, ou no meio das multidões esfaimadas, inquietas, agressivas, insaciáveis e, sobretudo, ingratas...
Jesus conhecia os homens, em razão também da Sua condição de humanidade entre eles, superando a teorização mediante a experiência vivencial.
Não foram poucas as provocações a que se submeteu, a fim de leccionar o amor e desfazer os petardos do ódio, da animosidade, da inveja, nos diluentes do amor incessante, da compaixão sem termo. O ódio permanece no mundo na condição de loucura que o tempo amorosamente irá desfazendo, fertilizando as plântulas da misericórdia, que é o germinar desse amor no solo dos sentimentos.
Enquanto paire na sociedade a sombra colectiva, é necessário estarem os homens cheios de misericórdia, assim como cheio de misericórdia é Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 9:24 pm

17 - OS INFORTÚNIOS OCULTOS
Ev. Capítulo XIII - Item 4

Abstém-te de falar disto a quem quer que seja...
Mateus, 8:476

Todos os seres são de essência divina, porque procedentes do Psiquismo Criador, que estabelece o processo da evolução mediante as experiências infinitas do progresso incessante.
Como consequência, torna-se imperiosa a necessidade de cada qual desenvolver os sentimentos que se aprimoram, superando os atavismos que remanescem das experiências anteriores, ainda predominantes em sua natureza.
O empreendimento é desafiador, portanto, rico de oportunidades iluminativas e engrandecedoras.
Fadado a alcançar a plenitude, todo o empenho se desdobra desde a conjuntura mineral até à angelitude, que alcançará a esforço cada vez menos penoso, porque da canga, ao ser extraída a gema, se torna mais fácil facultar-lhe o brilho.
Das penosas conjunturas do começo até os momentos de sublimação, etapas se sucedem ricas de possibilidades que, aproveitadas, apressam o desabrochar dos valores adormecidos, encarregados de ampliar-se no rumo das estrelas.
A visão da Psicologia Profunda em torno do ser humano é enriquecida de esperança em favor do seu engrandecimento ético, assim como do seu crescimento intelectual, facultando as duas asas para compor a sabedoria em que se converterá, alçando voos pelo Cosmo, superados limites e fronteiras físicas.
Para esse logro, o trabalho é árduo e gratificante, porque, à medida que se libera de cada impositivo, torna-se mais factível vencer o próximo, ensejando-se mais amplos recursos de iluminação interior.
O ego em predomínio, lentamente cede espaço ao Self, que se encarrega de conduzir os pensamentos, ideais e esperanças necessárias para alcançar a meta a que está destinado.
O Cristo histórico, neste contexto, cede lugar ao Jesus-Homem, mergulhado na turbamulta e entre os caprichos da mole humana, mantendo-se em neutralidade total, não obstante tomado de profunda compaixão por aqueles que O não entendiam e se engalfinhavam nas lutas ridículas das disputas transitórias pela conquista de migalhas, ouropéis, metais das entranhas da Terra, que passaram a adquirir valor relativo...
Aquele Jesus das teologias igrejistas, embora compadecido das multidões, parecia distante dos seus sentimentos, procurando a Sua comunhão com Deus, longe dos tormentos das massas, que se apresentavam necessitadas desse processo depurador.
Colocado como redentor, libertador de culpas, também estava isento de qualquer tentação, de qualquer condição de humanidade, inalcançável pelos fenómenos do mundo, portanto, de certo modo, também, impossível de ser imitado, acompanhado, inacessível...
Na proposta da Psicologia Profunda, que humaniza o Vencedor de si mesmo, que triunfou sobre as conjunturas em que se encontrava graças aos valores conquistados, tornava-se companheiro do infortúnio por conhecer a sua origem e as contingências perigosas para o processo de evolução, ao mesmo tempo oferecendo recurso terapêutico para as mazelas morais e espirituais daqueles que as padeciam.
Instava com os infelizes, mesclava-se com eles, mas não se tornava um deles, porque a gema preciosa, mesmo no pântano, quando o Sol a alcança mantém o seu brilho.
Jesus é o diamante que se tornou estelar, mantendo o brilho interior, sem permitir-se ofuscar as débeis claridades individuais, no entanto, clareando as consciências e amando-as.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 9:24 pm

Todo o Seu é um ministério de esperança e de amor, de compaixão e de auxílio, movimentado pela acção do Bem, único recurso para minimizar ou anular as ocorrências dos infortúnios ocultos.
Conhecendo cada pessoa que d'Ele se acercava, graças à capacidade de penetrar o insondável do coração e da mente, sem humilhar ou jactar-se, conseguia oferecer combustível de amor para a transformação interior que se deveria operar, e quando essa não ocorria, assim mesmo estimulava o seu prosseguimento, pois que um dia seria alcançada...
A Sua divindade estava na essência interior d'Ele mesmo - assim como se encontra em todos nós — mas, sobretudo, na forma de viver a Mensagem, que expressa o amor inefável de Deus pelas Suas criaturas.
Fossem conforme se apresentassem as calamidades físicas, morais, políticas, económicas, os infortúnios de qualquer expressão, Ele se utilizava da caridade misericordiosa, entendendo a angústia e a aflição, procurando remediar, quando não as devesse eliminar, porque delas poderiam resultar abençoados frutos para o porvir de cada qual.
Quantos desastres ocultos, quantos desalinhos que não chegavam a ser conhecidos, porém, foram identificados pela Sua superior qualidade espiritual!
Silenciosa ou verbalmente, contribuía para que tudo se resolvesse, sem impedir que o paciente ou a vítima oferecesse a sua contribuição de esforço e sacrifício, a fim de crescer e aprender a construir o bem em si mesmo, sem permitir-se elogios, gratidões ou aplausos, que sempre os desconsiderou.
Abstém-te de falar disto a quem quer que seja... impôs ao hanseniano recém curado, para evitar as louvaminhas e exaltações das multidões frívolas e interesseiras, mas aduziu: ...
vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito por Moisés, afim de que lhes sirva de prova.
Não se opunha às prescrições, embora não lhes desse importância; no entanto, não criava embaraços ao comportamento da humana justiça nem da sociedade de então, farisaica e formalista.
Arrancando as pústulas em decomposição orgânica, por intermédio da renovação celular, propunha a profunda mudança de atitude mental e moral do paciente, para que os campos vibratórios modeladores da forma mantivessem o ritmo de equilíbrio para a preservação da harmonia dos órgãos.
Igualmente induzia ao respeito pelo que estava estabelecido, de modo que educasse o indivíduo para viver dignamente no agrupamento social em que se encontrava.
O Seu lado humano exigia que a comunidade vivesse em equilíbrio emocional vinculada aos seus estatutos legais.
A caridade não arrosta consequências da insubordinação, do desrespeito, da agressão ao status quo, antes ilumina-o, contribui para a sua renovação incessante, por ser semelhante à luz que dilui trevas sem alarde nem violência.
A ausência de ostentação em todo o Seu ministério é a demonstração da Sua humildade e da Sua humanidade, direccionando para Deus todos os feitos, todos os resultados felizes dos empreendimentos realizados.
Ninguém se pode escusar de atender aos infortúnios ocultos, conforme Ele o fez.
Quem é falto de um sentimento de compaixão ou de misericórdia em relação a outrem, que foi colhido pelos vendavais da amargura, da desesperação ou tombou nas malhas da loucura, do abandono, da solidão?
Ante o dia e a noite ricos de promessas e realizações, quem se pode considerar, humano que é, órfão de ar, de luz, de esperança, de bondade, em um mundo rico de beleza e de oportunidades enriquecedoras?
Os infortúnios ocultos encontram-se em todos os seres humanos, sem qualquer excepção. Dissimulados, escondidos, ignorados, eles são as presenças-apelos da vida para o crescimento interior, ao esforço para alcançar os patamares da paz e da alegria perfeita. Sem o seu concurso todos se contentariam com as paisagens menos belas da névoa carnal, não aspirando à ascensão nem à imortalidade!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 9:24 pm

A humanidade de Jesus está muito bem-delineada na parábola do bom samaritano, exemplo máximo de solidariedade, de elevação de sentimentos, de caridade... como Ele próprio o fazia.
Por isso, não é importante alguém apenas confessar--se crente em Jesus ou não, mas imitá-lo, em razão do que Ele inspira, do sentido e significado da Sua existência na Terra e da Sua passagem entre as criaturas, quando do Seu apostolado de amor,
exarado nos Seus feitos e nos Seus não feitos.
Nesse contexto, Ele deixa de ser o símbolo Jesus, distante, irreal e complacente, para tornar-se o dinâmico Jesus--Homem de todos os momentos do caminho dos homens, instruindo-os, renovando-os, soerguendo-os e aguardando-os pacientemente.
O homem moderno necessita ouvir Jesus com os olhos. Sentir os exemplos que ressumam da Sua história e que estão ressuscitados nos Seus seguidores, que procuram fazer conforme Ele realizava na direcção do alvo essencial, que é a libertação paixões constritoras que remanescem no egotismo da natureza animal, transformando-se em realidade espiritual.
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18 - A BENEFICÊNCIA
Ev. Cap. XIII - Item 11

Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens...
Mateus, 6:180

A beneficência, ou a ciência de bem fazer, a arte da acção do Bem é, do ponto de vista da Psicologia Profunda, o compromisso de humanidade para com as criaturas no seu sentido mais elevado.
Enunciando o postulado em torno da prática das boas acções distante dos olhos dos homens, Jesus igualmente humanizou-se, ensinando sobre o anonimato quando a serviço do Bem, em face da condição tormentosa que tipifica os indivíduos.
Liberta da teologia ancestral, a cultura hodierna se apresenta gerando comportamentos autónomos e tecnocratas, que eliminam os sentimentos enquanto enriquecem o ser fisiológico que encarceram na dependência das coisas, deixando-o, em consequência, psicologicamente esvaziado de ideais superiores.
A beneficência é o movimento que parte da emoção, buscando reumanizar aquele que perdeu o contacto com a sua origem espiritual, havendo desfeito o vínculo com as heranças parafásicas da sua realidade inicial.
Dessa mesma forma, a necessidade de Jesus despsicologizado e desatado dos grilhões teológicos, assim como dos cárceres das denominações religiosas que O tornam pigmeu ou superser, faculta-Lhe a humanidade que esface-la a conceituação absurda de excepcionalidade e divindade, para transformá-lo em Modelo acessível de ser seguido e estimulador de todos aqueles para cuja convivência veio, sem o objectivo de ser-lhes o redentor, mas o educador gentil e nobre.
Compreendendo a fragilidade moral dos indivíduos, no tumulto da tagarelice desenfreada dos Seus coevos, preferiu aprofundar a sabedoria das Suas propostas no cerne do ser e não na Sua aparência, alcançando o Self em vez de deter-se no ego exterior e mascarado, que se prolongaria através do processo histórico da Humanidade até estes dias.
Toda a mensagem neotestamentária é vazada na autenticidade do ser em busca da sua identificação com Deus, representado no Amor, no Bem, na Caridade...
Toda e qualquer expressão de exterioridade d'Ele recebia o reproche, considerando que o homem é Espírito, momentaneamente mergulhado na cela do organismo físico, que se apresenta como limite e impedimento para a liberdade total em torno da compreensão plena da sua realidade.
A cristologia convencional e ancestral é uma estreita visão teológica que a Psicologia Profunda desconsidera, por discordar da sua divindade, da sua especificidade única, em detrimento de toda a Humanidade, para facultar o engrandecimento de Jesus, o Homem pleno, realizador harmónico do Seu animus com a Sua anima, perfeitamente identificado com o Eu profundo, que desvelava em todos os momentos, jamais assumindo posturas incompatíveis com os conteúdos das lições vivas que ministrava.
Homem que perscrutava o âmago do ser com a visão penetrante do amor, cuidou sempre de ensinar a auto-iluminação, para diluir toda a sombra da ignorância em que se encontra mergulhado o indivíduo nesta fase do seu cometimento evolutivo.
Não havia para esse autoconhecimento recurso melhor e mais oportuno do que a beneficência, que se expressa mediante o anonimato das acções dignificantes, de forma que a sua prática não receba o prémio da gratidão do beneficiado, nem o reconhecimento do grupo social, oferecendo mecanismos de exaltação da persona, que se rejubila com as homenagens, dificultando ao Eu superior plenificar--se em Deus, por haver fruído a recompensa ao orgulho e à vaidade através da glorificação dos feitos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Dez 28, 2023 9:25 pm

A alegria de oferecer desatrela as paixões servis que propelem a receber mais, anulando-as com as inefáveis emoções da auto-superação, que é o passo inicial para a descoberta da excelência de servir.
Esse sentido de humanismo, que se converte em humanitarismo, produz a sintonia com a beneficência real, ao contribuir com o pão para o esfaimado, ou o medicamento para o enfermo, sobretudo, porém, mediante a gentileza, a afabilidade, a compaixão em relação ao seu próximo, por meio da educação, do conforto moral aos padecentes, do esclarecimento libertador a todos que ignoram as verdades morais e espirituais da vida.
Essa beneficência deixa de ser uma virtude metafísica para tornar-se uma conquista intelecto-moral, que dinamiza os valores éticos e espirituais sem desumanizar o ser, antes tornado irreal, divinal...
Jesus viveu a beneficência total, apresentando Sua vida como um arquipélago de luz, libertadora da estupidez e do desconhecimento dos valores existenciais, de forma que socorria as necessidades visíveis e aqueloutras não percebidas exteriormente, porque mais significativas da alma, atendendo ao que se Lhe solicitava, mas, principalmente, ao que não era sentido; no entanto, de relevante importância para a felicidade do paciente, que só Ele detectava.
Do ponto de vista da Psicologia Profunda, essa acção é de actualidade para todos os indivíduos dos nossos dias, particularmente os jovens desassisados, decepcionados, esquecidos pela cultura egoísta que medra em abundância nos grupamentos sociais, abandonados nas suas aspirações mais legítimas, porque lhes permite compreender os objectivos de amar pelo prazer de fazê-lo e socorrer por impulso emocional de contribuir em favor de um futuro contexto humano menos enfermiço e egóico.
Os adultos — operários, camponeses, excluídos, pessoas simples e modestas, destituídos de maior cultura - afinal, para quem Ele viera, encontram, nesse Jesus, o companheiro para as suas horas de lutas e de sofrimentos, que comparte com eles as suas dores e necessidades, as injustiças que padecem, ao tempo que lhes oferece ânimo e valor moral para que prossigam lutando e superando as infames pressões que lhes impõem os poderosos e indiferentes dos seus destinos.
Os livres-pensadores também identificam esse Homem que não fundou seita ou crença, mas que abraçou todos os indivíduos como irmãos, sem distinção de raça ou de nação, afável com as criancinhas e misericordioso com os criminosos, tanto quanto compassivo e paciente com os idosos, enfermos, infelizes...
Ele falou a linguagem das massas, em vez do ininteligível idioma da sofisticação e do desconhecimento, silenciando mais do que verbalizando enquanto ajudava, de modo a ser aceito pela grandeza moral do Seu entendimento a todas as ocorrências e situações.
Os jovens que ontem, sem objectivos essenciais para a vida, se atiraram tresloucados em fugas colectivas, abandonando as imposições castradoras das religiões e da sociedade servil aos interesses mais hediondos, dos quais sacava valiosa remuneração, deixaram-se vencer pelo auto-abandono, buscando iluminação como transferência de metas existenciais, em compreensível fenómeno reagente à escatologia do Homem-Deus indiferente aos seus problemas, às suas aspirações, que se não submetiam aos escorchantes padrões da intolerância nem do puritanismo...
Fracassada a rebelião e retornando aos lares, enfraquecidos e tristes, a sua frustração deu lugar a uma nova mentalidade, ansiosa e insegura, que se vem deixando devorar pelo consumismo e alucinar pela propaganda fragmentada dos grandes veículos da informática.
O seu reencontro com o Jesus da Psicologia Profunda e não Aquele histórico dos interesses inconfessáveis de algumas doutrinas que dizem possuí-lo, é inevitável, porém, não mais como antes, em que Ele parecia distante das suas angústias, indiferente aos seus apelos e dores, necessidades infanto-juvenis e desconcertos de comportamento, mas, sim, Alguém a eles semelhante no sentido da constituição humana, Modelo a ser seguido e Guia compassivo, amigo solidário em todas as circunstâncias e momentos, por mais desagradáveis que se apresentassem.
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