LUZ ESPÍRITA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Página 3 de 5 Anterior  1, 2, 3, 4, 5  Seguinte

Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:12 am

A cristologia na feição antiga tornou a beneficência quase inalcançável, por envolvê-la no molde místico decorrente do abandono do mundo para ajudar aos mundanos, no combate aos viciados em vez de trabalhar para extirpar--lhes os vícios em que se comprazem assim como aqueles que predominam no organismo social, em frontal desrespeito ao que Ele realizou.
Ante a decodificação pela Psicologia Profunda que existia no místico e no sobrenatural em torno de Jesus, ora apresentando-O como Ser humano inconfundível na Sua grandeza moral e simplicidade incomum, a realização de cada indivíduo começa na aspiração do amor, prolongando-se mediante a acção de servir e identificando-se de tal forma com essa decisão, que se lhe torne o modus vivendi, decorrência inevitável da incorporação do acto amoroso à realidade do ser.
(...) Tem cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, ocultando com sabedoria na naturalidade os momentos de beneficência e de amor que sejam ofertados em relação a quem sofre.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:12 am

19 - A PIEDADE
Ev. Cap. XIII - Item 17

(...) deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento.
Marcos, 12:44

Caracterizou todo o ministério de Jesus, o sentimento da piedade, que demonstrou a Sua humanidade acima de todos os homens.
Compreendendo a fragilidade da estrutura moral dos indivíduos e das massas, nas quais perdiam a sua identidade pessoal, obumbrados pelas sombras da ignorância a respeito das excelentes conquistas do Espírito imortal, Ele se fez compassivo e misericordioso em todas as situações, a fim de melhor ajudar mesmo àqueles que desconheciam o milagre da compaixão.
Não os lamentava, não lhes estimulava a penúria interior, envolvendo-os em miserabilidade, antes os alçava ao Reino de Deus, que neles se encontrava e podia ser conquistado com empenho, como qualquer tesouro que se deseje adquirir.
A Sua, porém, não era a piedade convencional, que logo passa assim se afasta do factor que inspira ternura. Tampouco se fazia humilhante para quem a recebia, colocando o ser em postura inferior, nunca mesmo considerando tratar-se de desdita, mas sempre como uma experiência de crescimento interior, a dificuldade que se arrostava.
Rico de potências extrafísicas, não as exibia, utilizando-as somente quando podiam auxiliar a libertar do testemunho áspero da provação que alguém carpia.
Eram atitudes caracterizadas pelo envolvimento fraternal e por carinhosa atenção, chegando ao extremo de chamar os discípulos de irmãos, com inefável ternura, como ocorreu após a ressurreição, no memorável diálogo mantido com Maria de Magdala...
A piedade é sentimento excelso, porque parte da emoção que comparte a dor do seu próximo e busca diminuí-la. Possuidor de potencial dinâmico, não fica somente na expressão exterior, transformando-se em acção de beneficência, sem a qual esta última seria apenas uma forma de filantropia.
A piedade é a dilecta filha do amor, que surge no homem quando este se eleva, alcançando níveis de consciência mais condizentes com o seu estado de conquistador do Infinito, que não cessa de servir.
Expressa-se de mil maneiras, desde a dor que punge aquele que a experimenta até as lágrimas que são vertidas sobre as feridas morais, balsamizando-as, ou o medicamento que se coloca nas pústulas expostas da degenerescência orgânica.
Ao tempo que verte compaixão, eleva a alma que se desdobra para viver ao lado do sofrimento e minimizá-lo, oferecer a linfa que mitiga a sede e o pão que elimina a fome.
Torna-se ainda mais grandiosa quando alcança o fulcro oculto dos sofrimentos íntimos que dilaceram a esperança e a alegria de viver, fazendo-se silêncio que sabe ouvir, palavra oportuna que esclarece e consola, gesto de entendimento e participação como cireneu, auxiliando a conduzir a cruz em anonimato dignificante.
Por isso, é discreta e ungida de amor, nunca se permitindo exibir o sofrimento de quem quer que seja, mas sabendo dissipar as sombras e acolhendo o amargor do próximo com a luz da alegria sem alarde.
Jamais se cansa, porque é espontânea, rica de paciência, porque aprendeu a conviver com elegância com a própria dificuldade íntima, superando-a. Sempre vê em si aquilo que descobre no seu irmão, e que, apesar de ultrapassado, deixou os sinais do bem que resultou, doando-se com o mesmo envolvimento emocional, a fim de libertá-lo também.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:13 am

Ademais, ao realizar a sua parte, a piedade faz que o ser volva para dentro o pensamento e considere quanto gostaria de receber, caso se encontrasse no estado que deplora no seu próximo, assim aumentando a capacidade de ajudar jovialmente.
E antídoto eficaz contra o orgulho e o egoísmo, porque nivela todos aqueles que sempre podem ser colhidos por dissabores e insucessos, enfermidades e desencarnação...
Jesus-Homem assim compreendeu a necessidade de viver e ensinar a piedade, chegando a ser peremptório, em a narrativa do óbolo da viúva, que deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento, deixando que se entenda haver sempre algo de que se pode dispor, embora seja o mínimo de valor, máximo essencial para a própria subsistência.
Ninguém é destituído do sentimento piedoso, mas nem todos os corações se abrem a externá-lo quanto deveriam, vitimados por conflitos de culpa, de inferioridade ou de presunção, que os tornam desditosos, não obstante possuindo a generosa fonte da fraternidade.
A piedade de Jesus!
Dignificando o ser humano, Ele conviveu com pecadores e pessoas suspeitas, não se permitindo destacar, excepto pelas Suas qualidades intrínsecas e pelo Seu amor que se transformava em luz e pão, paz e unguento colocado sobre as almas em febre de paixões.
A Sua compreensão das necessidades humanas é expressão de piedade no seu sentido mais profundo.
Comportamento de mãe devotada e solícita, sempre atenta às necessidades dos filhos, e de pai discreto, mas trabalhador infatigável para que tudo se encontre saudável e em ordem na prole que tem aos seus cuidados.
A piedade expressa as duas naturezas do ser, unindo--as, identificando-as, harmonizando-as em perfeita sincronia vibratória.
Essa dualidade masculino-feminina, quando perfeitamente mesclada, apresenta o ser que supera as conotações das polaridades sexuais e seus apelos, transformando os hormônios em ondas de energia que vibram em todos os músculos e eliminam tensões, ao mesmo tempo vitalizando os campos subtis da alma e vinculando-a à Sua Causalidade, de onde haure mais poder e vitalidade.
Jesus conseguia esse desempenho por haver-se autos superado e transformado todos os Seus anseios em empreendimentos de amor pela Humanidade, a fim de erguê-la a Deus conforme Ele próprio o lograra.
É o momento máximo da humanização esse, no qual já não se vive em si mesmo ou para si — como Paulo afirmava em outras palavras - mas inundado do ideal e d'Aquele que é transcendência e imanência.
Não há, portanto, quem não se possa dispor ao mister da piedade, porque esse sentimento pode ser, talvez, o mínimo que se possua quando se está carente, na desolação ou na miséria, significando o próprio sustento, mas que pode e deve ser repartido para auxiliar ou para glorificar a vida.
A viúva, da narração, não titubeou em doar tudo quanto tinha, que era quase nada... Mas a sua foi a dádiva mais expressiva, porquanto os outros haviam dado o que lhes não fazia falta, ou por ostentação, por orgulho, já que teriam mesmo que os deixar na Terra, quando a morte os convidasse ao retorno... Isto porque, à luz da Psicologia Profunda, ela compreendeu que também era ser humano, que fazia parte da comunidade, viúva, mas não extinta, que vibrava desejando que a sociedade se mantivesse nos níveis aceitáveis para tornar os relacionamentos interpessoais dignos, tornando-se necessária também a sua quota, por menor que fosse, e então ofereceu tudo de que dispunha.
Estar vivo é participar do movimento humano, não obstaculizar a marcha do progresso, contribuir com o seu quinhão, por mínimo que se apresente.
Jesus sempre demonstrou a Sua humanidade, nunca se eximindo de participar da vida activa da comunidade do seu tempo: as bodas em Caná, as actividades pesqueiras no mar da Galileia, as visitas aos enfermos, os cultos na Sinagoga, as visitas ao Templo de Jerusalém, as festas tradicionais do Seu país e do Seu povo...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:13 am

Nunca se alienou, a pretexto de estar construindo o Reino de Deus; jamais se escusou, sempre que convidado a opinar, a participar, igualmente não se omitiu em relação aos escorchantes impostos, o que não significa conivência com eles, submetendo-se, inclusive, a um julgamento arbitrário e covarde, para demonstrar a Sua aceitação das leis terrestres injustas, em irrestrita e final confiança nas Divinas Leis.
Não se apresentou como um anjo distante das necessidades imediatas do povo: alimento, convivência, discussões, questões políticas e sociais, mantendo-se, entretanto, em postura característica da Sua superioridade moral e espiritual.
A Sua piedade era sinal de compreensão do processo evolutivo, pelo qual deveriam passar os homens que aos sofrimentos faziam jus, mas que os poderiam ter diminuídos por esforço próprio se se entregassem aos mecanismos terapêuticos do amor que liberta.
(...) E deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento, leccionando que à medida que mais se dá, mais se enriquece o coração de piedade e de alegria de viver.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:14 am

20 - Amor filial
Ev. Cap. XIV - item 8

(...) Honrai a vosso pai e a vossa mãe.
Mateus, 19:19

A constituição de uma família não é resultado de acidente biológico, mas de uma programação que lhe A-precede à estrutura física e social. As Soberanas Leis da Vida estabelecem códigos que se expressam automaticamente conforme as circunstâncias, obedecendo a padrões de comportamentos que estatuem as ocorrências no processo da evolução dos indivíduos em particular e da sociedade como um todo.
Os pais, por isso mesmo, não são seres fortuitos que aparecem à frente da prole, descomprometidos moral e espiritualmente. São pilotis da instituição doméstica, sobre os quais se constroem os grupos da consanguinidade e da afectividade.
Mesmo quando aparentemente emprestam as moléculas físicas para o renascimento dos Espíritos, encontram-se sob jurisdição da Providência Divina, que jamais improvisa ou experimenta surpresas que são inadequadas ao equilíbrio cósmico.
Os filhos, por sua vez, renascem através daqueles com os quais têm compromissos morais de gravidade para o desenvolvimento espiritual de ambos: progenitores e descendentes.
Desse modo, a vinculação pelos laços do sangue possui um significado expressivo do ponto de vista ético, que não pode ser desconsiderado.
A luz do Espiritismo, bem como da Psicologia Profunda, as heranças do código genético impõem condicionamentos positivos ou negativos, a que o ser reencarnante se submete por necessidade de reeducação interior, de reparação de desmandos, de conquistas relevantes sob qualquer aspecto consideradas.
Não sendo o ser real o corpo, mas o Espírito pelo qual se expressa e que o comanda, todos os processos pertinentes à sua existência devem transcorrer dentro dos sentimentos de afeição e de respeito pelos pais, mesmo quando esses não correspondem à elevação do ministério de que se fizeram instrumento.
Nesse sentido, a piedade filial é das mais significativas manifestações de amor que o Espírito se deve impor, ampliando a área dos sentimentos e acrescentando outros deveres, quais os de gratidão, respeito e ternura impostergáveis.
Quando se trata de pessoas não vinculadas através do sangue, mas que se tornaram pais adoptivos ou os representam, esse dever é ainda muito maior, considerando-se que o afecto de que se fizeram objecto possui um carácter mais grandioso, porque destituído da obrigatoriedade que a injunção carnal impõe, quando ocorre a edificação da família.
Esse formoso conceito expresso no amar pai e mãe, não se restringe somente ao afecto, à consideração enquanto se encontrem sob sua dependência económica e civil, mas sobretudo quando lhes advêm a velhice, o cansaço, a enfermidade e as necessidades que devem ser supridas mediante carinho e devotamento.
O declínio das forças físicas e mentais através das enfermidades e do envelhecimento, que atinge todos quantos têm a existência prolongada, é a fase mais significativa para que os filhos demonstrem o seu reconhecimento e amor pelos pais, porquanto, no quebrantar das energias, a amargura, a insegurança e a insatisfação transformam-se em verdadeiros calvários para as criaturas humanas.
Como o jovem de hoje, inevitavelmente, não desencarnando antes, experimentará o processo de alteração celular, o bem que oferte aos progenitores, além de dever, é também sementeira para o próprio amanhã.
Muitas vezes, os arroubos juvenis, os anseios de gozos, levam os jovens ao esquecimento dos pais, incidindo em grave erro, de que se arrependerão no momento próprio, especialmente quando se tornarem também progenitores, dando surgimento a transtornos psicológicos perturbadores sob o açodar da consciência de culpa.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:15 am

Anuímos com o facto de que muitos pais não correspondem ao dever que lhes diz respeito, atirando os filhos ao abandono, esquivando-se de atendê-los nas suas urgentes necessidades e sofrimentos, conduzindo-se levianamente e sem qualquer escrúpulo. Todavia, essa conduta enferma não justifica que aqueles que as sofreram ofertem a mesma moeda de ingratidão e o equivalente pão amargo de desrespeito, a fim de não derraparem pela rampa da loucura e da perversidade.
O mandamento maior, preconizado por Jesus, recomenda que o amor deve ser incessante e inevitável, coroando-se de perdão pelas ofensas recebidas. No grupo familial, esse amor deve ser mais expressivo, conduzindo o perdão a um tão elevado grau, que quaisquer ressentimentos de ocorrências infelizes se façam ultrapassados pela compreensão das dificuldades emocionais em que os genitores viviam, em razão da sua imaturidade moral, e mesmo de subtis causas que remanesciam de existências anteriores, gerando antipatia e mal-estar, que não raro se fazem recíprocos.
Na exteriorização desse sentimento de amor, a caridade é chamada a contribuir, por superar os impositivos afugentes, sustentando o ser moral e amparando-lhe as aspirações do bem, da beleza e da solidariedade, no sadio desejo de contribuir em favor da felicidade geral.
Há famílias desagregadas em clima de permanente perturbação, nas quais as lutas encarniçadas se fazem entre os seus membros, não poupando ninguém.
Ocorre que nelas o campo de batalha das reparações espirituais se apresenta organizado, a fim de que os litigantes compreendam a ditosa oportunidade de estarem juntos para se ampararem uns aos outros, se desculparem pelas ofensas que se permitiram anteriormente, encontrando novo rumo emocional para a experiência da felicidade.
As famílias, por isso mesmo, nem sempre são ditosas ou harmónicas, constituindo agrupamentos de difíceis entendimentos, por faltarem os instrumentos da paz, que cada membro desconsiderou em outra oportunidade, mas que agora retornam em carência.
Assim sendo, cada Espírito renasce, não no grupo da própria afectividade entre corações generosos e dignos, mas no clã onde tem necessidade de aprimorar-se pela paciência, pela resignação, pelo silêncio e pela bondade, preparando-se para o enfrentamento com os demais grupos sociais nos quais deve desenvolver os objectivos superiores da existência.
Nesses grupos infelizes de lutas, não poucas vezes, os futuros genitores programam filhos conforme os desejos vãos, induzindo mentalmente os fetos a determinados procedimentos futuros que não são aqueles para os quais retornam ao proscénio terrestre, e imprimem seus conflitos nas delicadas telas da alma dos reencarnantes, que irão experimentar posteriores distúrbios nas áreas sexual, artística, comportamental, que poderiam ser evitados. É certo que essa ocorrência encontra-se também estatuída nos compromissos das Leis de Causa e Efeito, que o livre-arbítrio poderia modificar, ensejando as reparações sob outras condições, sem os impositivos mórbidos da frivolidade dos pais.
Além das famílias consanguíneas, que oferecem os equipamentos para os renascimentos físicos, existem também aquelas de natureza espiritual, cujos vínculos são mais fortes, ligando os indivíduos que as constituem.
Em face das necessidades evolutivas, no entanto, a maioria dos Espíritos retorna nos grupos que lhes serão mais úteis do que naqueles que lhes proporcionariam mais alegrias e bênçãos.
Seja, porém, qual for o tipo de família em que cada ser se encontre, cumpre-lhe o dever do amor filial e fraternal, para bem desincumbir-se das tarefas que ficaram na escuridão dos erros transactos.
Quando Jesus, em pleno ministério, sabendo que Sua mãe e Seus irmãos O procuravam com ansiedade, de forma surpreendente interrogou ao grupo aturdido que O queria submeter à sua sombra colectiva: - Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? - e após olhar em derredor, a todos elegeu como a Sua família, pois que — completou - todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:15 am

O Seu amor familiar ampliava-se a toda a Humanidade para a qual viera, rompendo os grilhões do grupo restrito, para ensinar que na condição de serem todos os indivíduos filhos de Deus, são uma só e única família.
Ele já se houvera desincumbido dos deveres no lar, encontrava-se na idade adulta, direccionava os passos para o objectivo essencial para o qual viera; não seria, portanto, lícito que se detivesse para atender às paixões e controles de qualquer natureza, em detrimento das determinações de Deus.
Absolutamente lúcido, dispondo da Sua faculdade de Espírito Superior, conhecedor do passado das criaturas e das injunções reencarnacionistas em que se encontravam, sem abandonar os compromissos morais da afectividade humana, preteriu-os, preferindo não se afastar por um momento sequer da determinação de realizar a tarefa encetada.
Amar, sempre, é o impositivo existencial, nele incluindo todo o clã e, particularmente, pai e mãe, a fim de viver longo tempo na Terra que o Senhor Deus dará, conforme preconiza o Decálogo
(Êxodo, cap. XX, v. 12).
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:15 am

21 - Luz da caridade
Ev. Cap. XV - Item 10

Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo.
Lucas, 10:37

Amar é dever de todas as criaturas, e ninguém se pode eximir de fazê-lo. Esse amor deve ser incondicional, chegando à totalidade como experiência de auto-iluminação e de auto-libertação.
Enquanto o ser humano se encontra nas faixas predominantes do ego, ata-se aos caprichos escravizadores que são decorrentes dessa atitude primária. No entanto, à medida que ama, dilui as amarras dolorosas e experimenta a alegria da liberdade em verdadeiro hino de louvor. Altera-se-lhe, então, a paisagem da emoção, e todo ele se transforma em um feixe de ternura, de acção dignificante, de paz irradiante.
Assim é o amor de Jesus-Homem: integral, total, incomum, aberto ao Pensamento Divino e mergulhado nele, de forma que se esparze como uma brisa refrescante, modificando o clima espiritual das criaturas que se Lhe acercam. Não há, nesse amor, nenhuma exigência, excepto a proposta da impregnação que todos se devem permitir acontecer. Trata-se de uma oportunidade ímpar que lhe altera o comportamento e a escala de valores em torno do significado da vida e do esforço existencial para conseguir a plenitude.
Toda a narração neotestamentária, à luz da Psicologia Profunda, é um convite à alegria, ao amor incomum que dimana de Deus e de que Jesus se fez o intermediário, tornando-a compreensível ao entendimento e ao sentimento.
Com esse amor, Jesus pretende alçar o ser humano à Sua condição, estimulá-lo a crescer, entender o elevado sentido e significado de si mesmo, os objectivos essenciais do seu existir, não havendo empecilho que não seja possível contornar ou eliminar. Trata-se, apenas, de uma opção forte, significando o desejo de ser livre e feliz.
Os indivíduos, psicologicamente infantis, querem que os amem, jamais brindando-se ao amor. Somente aquele, porém, que está amadurecido, pode oferecer-se-Lhe e atingir o patamar da iluminação, decifrar a incógnita na qual se debate em torno da sua realidade espiritual.
Fazer o mesmo, aquilo que o samaritano discriminado e detestado fez em relação ao seu próximo que era judeu, seu perseguidor, é a mais vigorosa lição do pensamento cristão primitivo, que se entregava ao amor, especialmente direccionado àqueles que malsinavam e impiedosamente fustigavam com ódio inclemente os seguidores de Jesus.
Esse impositivo expresso por Jesus desarma a sombra colectiva, que se compraz na inferioridade moral das pessoas.
Aquele, porém, que encontrou a resposta para anulá-la, já não será mais o mesmo, porque descobriu que é possível desactivar os impedimentos que dificultavam a liberdade interior, a opção de ser pleno.
Com essa colocação, a sombra individual se desfaz e a responsabilidade do Self comanda as atitudes, antes tíbias e medrosas, naquele que ora desperta para novos cometimentos e definições morais.
Jesus aceitou o ambiente em que deveria viver, mas não permitiu que o mesmo Lhe influenciasse a conduta, alterando-lhe o programa que trazia de Deus para a renovação estrutural das criaturas e do mundo social daquele e de todos os tempos futuros.
Com Ele não há possibilidade de a sombra tornar-se projecção, reflectindo atitudes incomuns, porém, fixadas nos comportamentos que lhe dizem respeito.
Não poderia haver melhor modelo para ensinar o amor que esplende na acção da caridade do que a figura do samaritano escolhida por Jesus, considerando-se o seu desvalor para os judeus, a indignidade que lhe atribuíam, sendo ele quem socorre o adversário sem fazer-lhe qualquer interrogação, sem ao menos recordar-se de que o homem caído e espoliado é alguém que o maltrata e desconsidera, e que, por sua vez, o deixaria aos abutres e à morte, sem qualquer sentimento de culpa, caso a situação fosse oposta.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:15 am

Condoeu-se, entretanto, viu-se a si mesmo abandonado e vencido, reconhecendo no outro a imagem e semelhança de Deus, porque seu irmão, embora ele não o considerasse, e assim, tomado de compaixão, socorreu-o, deu-lhe a alimária, seguindo a pé e protegendo-o de qualquer tombo, a fim de o amparar em uma hospedaria.
Essa hospedaria pode ser considerada, psicologicamente, como um símbolo feminino, é a anima, o amor da mãe que alberga no seio o filho cansado e necessitado de protecção, recolocando-o no ventre e o sustentando. Ali, ante a exigência do hospedeiro, representação inevitável do animus, o estrangeiro remunera-o convenientemente, atendendo-lhe ao ego, e afirma que mais pagará quando do retorno, caso o enfermo gaste além do que estava sendo previamente acertado.
Há uma harmonia psicológica tão profunda na parábola que encanta e concede-lhe carácter de integração num conteúdo perfeito.
A sombra do hospedeiro também cede lugar à claridade do Bem, porque confia que o estranho voltará para concluir o pagamento, caso o amparado exija maiores cuidados e despesas.
Certamente, o homem ultrajado jamais conhecerá o seu benfeitor. Tampouco esse saberá do que aconteceu posteriormente com o seu beneficiado. A ele interessa ajudar naquele momento, porque depois seria tarde demais. Não lhe fazer o bem seria uma forma de estimular o mal. Sua consciência não anuiria com uma atitude de sombra de tal natureza, porque ele já se encontrava liberto do condicionamento de revidar prejuízo por prejuízo, perversidade por perversidade.
A sua condição de humanidade ergueu-o do primarismo que governa muitos sentimentos e facultou-lhe alçar-se ao discernimento útil e generoso.
É esse o sentido da caridade com Jesus. Não se trata da doação que humilha, do oferecimento das coisas e pertences inúteis, dos excessos que entulham móveis e mofam nos armários.
Ele já o demonstrara quando da Parábola da Viúva Pobre, que deu a pequena moeda que lhe ia auxiliar na alimentação do dia, por isso, muito mais valiosa do que todo o supérfluo em joias, moedas e objectos de alto preço que foram colocados no gazofilácio.
Aquela foi uma forma de auto-doar-se, de entregar tudo quanto possuía e lhe era necessário, anulando o egoísmo em favor do significado religioso da oferta.
Somente assim, dando e doando-se, o indivíduo se salva, se liberta das paixões, desescraviza-se da posse infeliz; torna-se uno com o Bem que frui e esparze, volvendo ao Reino dos Céus sem estar acorrentado à Terra.
Esse é o sentido exacto da caridade: libertação do ego e plenitude do Self.
Quando isso não ocorre, nenhuma crença libera da escravidão a que se permite o adepto. Necessário saber, portanto, como viver a crença, que fazer dela em forma de acção edificante, que resulte em bênçãos para o próximo e, consequentemente, para si mesmo.
Crer é uma experiência emocional, mas saber é uma conquista da inteligência que experiência a realidade e se deixa arrebatar, nunca mais alterando a consciência em torno do que conhece.
Pode-se mudar de crença; mas, quem passa a saber, enquanto vive em clima de normalidade, nunca mais ignora. Está ciente e vive consciente.
A caridade resulta na lição mais pura e mais profunda do amor de Jesus, que se prolongará por toda a Igreja cristã primitiva, mas que se corromperá na forma degradante da esmola que humilha e espezinha aquele que necessita, assinalando-o com a miséria, roubando-lhe a identidade que o dignifica.
O doutor da lei, que buscou Jesus, era o representante por excelência da sombra colectiva existente. Ele sentia que o Mestre, o Homem de Bem, o Messias esperado, era Aquele com quem dialogava. No entanto, a sua sombra individual, invejosa e ciumenta, desejava colhê-lo numa armadilha, bem ao gosto da inferioridade dos pigmeus morais, das crianças psicológicas que, embora adultas, se negam ao amadurecimento da responsabilidade, da auto-analise, da autoconsciência.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 11:16 am

Sentindo-se incapaz de ser semelhante a Jesus, traiu a própria inferioridade, desejando perturbá-lo, levá-lo ao ridículo.
A sua foi a pergunta que apresentam os impostores, porque sabendo da resposta, desejam conferi-la com a que lhes podem dar aqueles que lhes despertam o ciúme inconfesso e a inveja mesquinha.
Era-lhe totalmente impossível ignorar o que se fazia necessário para possuirá vida eterna. E tanto era verdade que, por sua vez, interrogado por Jesus a respeito do que estava escrito na lei, foi taxativo em repetir o Decálogo, demonstrando a lucidez da memória e o atraso dos sentimentos.
Com a sabedoria e profundidade de percepção que eram peculiares ao Mestre, inferindo da resposta que o interrogante conhecia como encontrar a vida triunfante, utilizou-se das figuras dominantes-hediondas de outro sacerdote e de um levita, que representavam o lado escuro da sociedade preocupada com os triunfes da ilusão para confrontá-los com o samaritano, que se postava em condição de inferioridade, demonstrando que o amor é soberano, que independe de posição social, de raça, de privilégio. Ele mesmo é um privilégio que engrandece quem o vive e pode espalhá-lo.
A Parábola do Bom Samaritano é um poema da mais profunda psicologia do Mestre para com a Humanidade, que após ouvi-la, conscientemente, nunca mais poderá ser a mesma, tornando-se necessário a cada indivíduo atender a ordenança:
- Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo.
Ajudar é auxiliar-se, libertar é forma nobre de tornar-se livre.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:16 pm

22 - Propriedade
Ev. Cap. XVI - Item 7

(...) Não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon.
Lucas, 16:13

O homem, na perspectiva da Psicologia Profunda, é um ser real, estruturalmente para físico, revestido de corpo somático, que lhe permite o processo de construção de valores ético-morais e aquisições espirituais que o tornam pleno, quanto mais conquista e ascende na escala evolutiva com abandono das mazelas que lhe constituem embaraço ao progresso.
Criação do Psiquismo Divino é germe de vida fadado ao desabrochar de mil potencialidades que lhe dormem na essência, que é a sua realidade. Cada etapa do desenvolvimento emocional e moral rompe-lhe envoltórios grosseiros que resguardam os tesouros-luz que lhe cumpre desvelar.
Qual diamante valioso e desconhecido, oculto em grosseiro revestimento, a lapidação lhe favorece o surgimento da grandeza de que é investido.
A sua emancipação resulta do esforço que empreende para vencer os obstáculos que lhe dificultam o voo no rumo da plenitude que o aguarda. Etapa a etapa, no entanto, adquire força que o propele a vencer os empecilhos e auto-encontrar-se ao longo da marcha ascensional.
Mergulhando no corpo, e dele saindo sempre com as conquistas adquiridas, que lhe servem de investimento para experiências mais audaciosas, o Self se desenovela dos impositivos do ego até esplender em magnífico sol de auto-realização.
Depositário de incomparáveis títulos de enobrecimento, perde-se, temporariamente, no báratro do processus iluminativo, demorando-se por ignorância ou teimosia na ilusão em que mergulha e de que se deve libertar, não poucas vezes a sacrifício e abnegação com vistas aos resultados compensadores que lhe advêm.
Por instinto de conservação da vida, apega-se aos recursos que lhe passam pelo caminho: afectivos, emocionais, materiais e, sem as reservas morais suficientes, submete-se--lhes, escravizando-se, para depois vencer, a ingentes lutas, a situação calamitosa a que se atirou.
As experiências não vivenciadas, as circunstâncias ainda não conhecidas constituem-lhe a sombra, que se pode apresentar, também, do nosso ponto de vista, como os insucessos, os abusos, os desgastes a que se entregou, fazendo-a densa, porque necessitada de diluir-se através de outras atitudes compatíveis com as conquistas da inteligência e do sentimento.
A propriedade é conquista antropo-socio-económica que resulta de longas buscas nos relacionamentos humanos, objetivando harmonia e respeito pelos valores indispensáveis às trocas que fomentam o comércio, que nobilitam a existência e que promovem o progresso.
Em grande parte, é resultado da avareza, da ilicitude, da ambição desmedida, de actos ignóbeis, como heranças do primarismo de que ainda não se libertou imenso contingente de seres humanos.
Normalmente, porém, é aquisição digna de cada qual, que envida sacrifício e habilidade, conhecimento e labor a fim de adquiri-la, pensando de forma previdente nos dias difíceis da velhice, da enfermidade, da morte...
A sociedade, de alguma forma, estabelece os seus sistemas nos valores e posses dos grupos afins, das entidades congêneres, das nações e seus recursos, de modo a facilitar o intercâmbio bem como a competitividade de produtos e bens de consumo entre as pessoas e os povos da Terra.
Tem um fim providencial, que é desenvolver a indústria, a ciência, fomentar as artes, facilitar a comodidade e propiciar valores que contribuem para a sobrevivência dos indivíduos e dos grupos humanos.
Entregar-se à sua conquista é dever de todo indivíduo que pensa e constitui célula do organismo da sociedade.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:17 pm

A família depende desses recursos, como a própria criatura, trabalhando em favor da harmonia do agrupamento no qual se encontra colocada.
Constitui um laço que retém o indivíduo à vida física,
estimulando-o ao crescimento intelectual e cultural, para mais facilmente aumentar os haveres.
O risco da posse ou da aquisição da propriedade não está no fato em si mesmo de os conseguir, mas na maneira como isto se dá, além do que representa emocionalmente.
Se é um meio para alcançar-se equilíbrio e bem-estar, torna-se instrumento dignificante; todavia, se se converte em único objectivo existencial, transforma-se em gigante cruel da realidade do ser, que se lhe escraviza e atormenta as demais pessoas que lhe padecem a insegurança e ambição.
Há perigos na posse, que resultam do estágio espiritual daquele que a armazena, deixando-se dominar pelos valores transitórios, a que atribui duração permanente, escorregando na loucura do desregramento que proporcionam, ou das paixões de outra ordem a que se entrega, desejando usufruir além das possibilidades de manter o próprio gozo.
A posse que leva à riqueza, à fortuna, também facilita os desmandos, o exacerbar dos sentimentos vis como o orgulho, o egoísmo, a vaidade desmedida, a alucinação argentária em detrimento do enriquecimento interior, que se consegue por meio da abnegação, da renúncia, do devotamento e, sobretudo, da selecção de valores entre aqueles que são eternos e os efémeros, que transitam de mãos.
O Homem-Jesus sabia-o, e esclareceu com vigor que não se pode servir simultaneamente a dois senhores com a mesma dedicação, que podem ser também interpretados como a realidade do Si e o capricho do ego. O primeiro é permanente; o outro, transitório. Enquanto um necessita de previdência e equilíbrio para o engrandecimento e a conquista de mais altos patamares, o outro permanece mesquinho e diminuto, comprazendo-se no imediatismo inseguro de necessidades que se renovam sem cessar.
O ser humano tem o dever de selecionar os objectivos existenciais, colocando-os em ordem de acordo com a qualidade e o significado de todos eles, para empenhar-se em destacar aqueles que são primaciais, exigindo todo o empenho, e aqueloutros que são secundários, podendo ser conduzidos com naturalidade, sem maior sofreguidão.
A propriedade pode tornar-se, em razão do ego, motivo de males incontáveis, como sob a inspiração do Self transformar-se em fonte de inexauríveis bênçãos para aquele que é o seu momentâneo detentor e os outros que se lhe acercam em carência.
Deus faculta a riqueza, proporcionando recursos ao ser humano para desenvolver a consciência e ampliar os sentimentos superiores.
A aquisição de valores propicia e estimula o trabalho incessante, motivando o homem à renovação das forças e aos empreendimentos que se multiplicam em competição justa pelo adquiri-las. E estimulante para a existência física e factor de identificação social no grupo em que se movimenta.
Jesus compreendia a finalidade superior da propriedade, por isso, valorizou-a, quando conviveu com os homens de bem e aqueles que possuíam recursos, estimulando-os, porém, a buscarem o Reino dos Céus, de que se haviam esquecido.
Quando se reportou aos ricos, aparentemente apresentando palavras duras, não se deteve somente na referência aos detentores de coisas, moedas, minerais preciosos, propriedades, escravos, mas também aos possuidores de exacerbado orgulho, de incomum dureza de sentimentos, de rancor e de ódio, de presunção e de avareza, que também são possuidores de preciosos bens, de que não se dispõem a libertar.
Por outro lado, a inteligência, a saúde, a memória, as aptidões gerais constituem recursos valiosos de que se deve utilizar o Espírito com sabedoria, a fim de dar conta, mais tarde, da aplicação que foi feita.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:17 pm

Não são poucos aqueles que se empenham para conseguir propriedades, que os tornam desditosos, incompletos, mais ambiciosos, enquanto deveriam reflexionar em torno da sua realidade psicológica, dos haveres morais e sentimentais, empenhando-se pela conquista de segurança espiritual, em vez daquela de natureza física, que mil factores mutilam, alteram ou destroem com facilidade.
Os valores que jamais se perdem, são as conquistas elegidas pela razão e pela emoção, que não se transferem de mãos, não perdem a actualidade, constituindo fonte incessante de enriquecimento interior.
Em um estudo profundo da consciência humana na Sua e em todas as épocas, o Mestre Jesus foi de uma clareza incomparável, estabelecendo que não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:17 pm

23 - A Avareza
Ev. Cap. XVI - Item 11

(...) Esta noite mesmo tomar-te-ão a alma...
Lucas, 12:20

Diante do Cosmo abundante e generoso, com infinitas possibilidades de progresso e de engrandecimento de valores, somente o ser humano se expressa com mesquinhez e avareza, preocupado com a posse efémera, que lhe pareceria garantir a perenidade da vida e a segurança existencial.
A falsa conduta social de acumular para deter é remanescente do instinto primário, que se assegura da possibilidade de retenção da presa para o repasto futuro, sem dar-se conta da variedade de recursos que se encontram em torno e servirão para a preservação da vida.
Essa força, quase incoercível porque ancestral, fincada no ego, responde pelos conflitos sociais e econômicos, políticos e psicológicos, que arrastam multidões ao desespero, escravizando os sentimentos e as aspirações pela posse, que se expande na área da afectividade como herança patriarcal de que tudo quanto se encontra à sua volta é-lhe de propriedade. Nesse sentido, a família, os amigos, os objectos são sempre seus, sem que, por sua vez, se permita doar aos outros.
Tal condicionamento leva o indivíduo, na sua masculinidade, à prepotência sobre o feminino frágil e pecador, responsável pela sua perda do Éden mitológico.
Jesus-Homem, à luz da Psicologia Profunda, arrebentou esse pressuposto de dominação patriarcal, realizando a superior androginia figurativa, quando harmonizou o Seu animus com a Sua anima, em perfeita identidade de conteúdos, o que Lhe permitiu transitar pelos diferentes comportamentos emocionais, mantendo a mesma qualidade de conduta.Jamais Lhe aconteceu a predominância essencial de um conteúdo psicológico em detrimento do outro, que sempre se encarrega de contrabalançar a atitude, destacando o ser essencial e não o seu exterior.
Essa dualidade será sempre vivida em tal elevação, que Ele superou o ambiente em que viveu, destacando-se pela qualidade de valores adoptados e propostos, sem jamais desvincular-se do programa que veio trazer ao mundo, revolucionando as mentes e preparando-as para o advento da Nova Era.
Nessa conduta, desvelou Deus todo amor, sem a terrível herança patriarcal, que O transformava em um monstro esquecido da própria criação, na qual a dualidade é fundamental para a unidade.
Eliminou a futura conceituação teológica de que Deus oferecera o sangue do Seu filho para aplacar a própria fúria, desse modo salvando a Humanidade que, a partir daí, estaria justificada do seu erro ancestral. O ser humano, que se teria afastado de Deus pela desobediência, somente se reconciliaria com Ele mediante Cristo, que seria a ponte do sacrifício em favor da redenção de todos os homens... e mulheres.
No estudo neotestamentário, em que um homem Lhe pede que recomende ao seu irmão para com ele dividir a herança que era motivo de litígio entre os dois, o Mestre lhe respondeu, interrogando: - O homem! Quem me designou para vos julgar, ou para fazer as vossas partilhas? Em seguida, após uma breve reflexão, acrescentou: - Tende o cuidado de preservar-vos de toda a avareza, porquanto, seja qual for a abundância em que o homem se encontre, sua vida não depende dos bens que possui.
Para que ficasse inolvidável a lição, narrou então a parábola do rico que era dono de terras, que cuidava de ampliar a fortuna até o excesso, e quando já não mais tinha onde armazenar os haveres, propôs-se a dormir e a gozar, a desfrutar de todos os bens até a exaustão, esquecido de que naquela noite o Senhor da Vida lhe tomaria a alma...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:18 pm

Ressuma, nessa história, o patriarcado da consciência, na simbologia do juiz, que querem imputar a Jesus como figura masculina ancestral desencadeada, que era predominante no comportamento jurídico e social da época.
Jesus jamais veio para julgar e condenar, dividir e justificar.
Isso significaria destruir o sentido profundo da Sua mensagem, tornando-O trágico em Sua construção de amor. Nessa postura psicológica do patriarcado remanescente, seria olvidada a realidade do feminino, mesmo que inconscientemente, evitando a harmonia integrada, que responde pelo ser perfeitamente identificado com a vida, sem injunções caprichosas ou fragmentações dominantes.
Nunca o Homem-Jesus foi dominado, segundo a Psicologia Profunda, por representações inconscientes arquetípicas. Os Seus arquétipos procediam de outras imagens ancestrais representativas de Paramos vibratórios superiores que transcendem ao entendimento comum, portanto, sem dominações fragmentadas.
Dessa forma, Ele não era juiz, não impunha a lei, vivia-a e sofria-a, ensinando submissão aos códigos, mesmo quando injustos, com o objectivo de estimular cada ser a ascender aos patamares superiores do pensamento e da consciência, libertando-se de qualquer retenção no egoísmo ou na inferioridade competitiva existente nos escalões inferiores da transitoriedade carnal.
A questão da riqueza assumiu na Boa-nova uma postura relevante, porque verdadeiramente ricos não são os possuidores de coisas e volumes da ambição, mas aqueles que se fizeram pobres do espírito de avareza, de paixões inferiores, de angústias, enriquecendo-se no Reino dos Céus que se inicia na Terra, com os dons da renúncia, da abnegação, do amor que se engrandece até a postura da caridade.
Essa busca ininterrupta, a que se deve entregar o ser humano, é o desafio psicológico do auto-encontro, da descoberta da realidade espiritual, do sentido profundo da existência além do campo das formas objectivas e sensuais.
Assim somente se pode entender o significado essencial da Boa-nova que Ele veio trazer ao mundo, para que o mundo se libertasse da sua sombra colectiva e o ser humano iluminasse o seu lado escuro com a claridade da consciência lúcida, elevando-se a níveis cósmicos mais felizes e completos.
A missão inteligente do ser humano na Terra é a de promover o próprio como o progresso geral, e aí reside o fim providencial da riqueza, que estimula a criatividade com fins nobres e a dignificação espiritual, mediante a ampliação do pensamento que se desveste das couraças do mito para realizar obras em favor do seu crescimento emocional e moral.
Através da postura do amor surge a compreensão de como aplicar-se a riqueza, multiplicando-a em obras que favoreçam todos os seres com oportunidades de desenvolvimento dos valores internos, alterando as paisagens íntimas através das conquistas que lhes são apresentadas.
A caridade então assume novas características, dignificando aquele que necessita, por facultar-lhe conquistar com dignidade o pão e o lar, a educação e a saúde por meio do próprio esforço que investe no trabalho honrado, e que lhe é facultado pelo possuidor de riquezas. Essa forma de aplicar a sã virtude da caridade faz que mais se auto-enriqueça o administrador, do que apenas amealhando nos cofres da usura e da avareza, nos quais perde totalmente o significado conforme é atribuído pela sociedade aos bens materiais.
O transcurso de uma existência corporal é sempre de rápida expressão de tempo e de lugar, porquanto o carro orgânico passa com muita velocidade, quando se consideram a dimensão do futuro e a intemporaridade do presente.
Viver-se esse presente — tempo - como presente - dádiva - em um constante serviço de construção interior, exercendo a acção de enriquecimento geral, é o dever que cabe aos possuidores de riquezas, que as tornarão abençoadas pelos contributos que espalharem em torno dos seus recursos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:18 pm

Mais importantes, porém, do que esses bens amoedados e acumulados em arcas ou bancos, são aqueles de ordem emocional e espiritual, moral e social: a inteligência que sabe administrar a existência corporal; a memória que se encarrega de arquivar as experiências, as tendências para o bem, o bom, o belo, o eterno; os sentimentos do dever defluentes da consciência que atua em consonância com as Soberanas Leis da Vida.
São esses tesouros, sem dúvida, mais preciosos do que os materiais, que podem transformá-los em valiosos empreendimentos salvadores de vidas, como a instrução, a educação, a libertação dos vícios em razão do amparo no campo da saúde e do trabalho, propiciando felicidade em toda parte.
A fortuna, seja como for que se manifeste, é alta responsabilidade de que o seu detentor terá que prestar contas, inicialmente a si mesmo, pelo açodar da consciência responsável quando desperta e impõe a culpa pelo seu mau emprego, e diante da Consciência Cósmica, da qual ninguém se evade por presunção, capricho ou infantilidade emocional...
Na pobreza ou na riqueza, o ser adquire experiências valiosas que lhe devem constituir património de crescimento no rumo do Infinito, nessa marcha inexorável pela busca de Deus, ampliando a capacidade de servir e de amar, porquanto, de um para outro momento, pode soar-lhe uma voz, que dirá:
- Que insensato és! Esta noite mesmo tomar-te-ão a alma... e que sentido terá tudo quanto foi ou não armazenado, senão quando aplicado com elevação e sabedoria?
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:19 pm

24 - Perfeição
Ev. Cap. XVII - Item 2

Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial.
Mateus, 5:48

A incessante luta do Espírito é direccionada para a perfeição relativa que lhe está destinada. Rompendo, a pouco e pouco, as couraças que lhe obstaculizam alcançar a meta, desvestindo-se dos equipamentos grosseiros, que são heranças das experiências iluminativas por cujo trânsito se movimentou, investe os melhores recursos quando alcança o nível de consciência lúcida para fazer brilhar a sua luz.
Essa chispa divina, que deve mergulhar no barro carnal, a fim de desenvolver o deus interno que se encontra adormecido, engrandece-se à medida que vence a sombra profunda que a reveste, experienciando valores cada vez mais nobres que lhe constituem graus de desenvolvimento moral e espiritual. Em cada etapa supera um óbice e cresce, ampliando a capacidade de identificação com a vida, mediante o processo de aprendizagem que lhe cumpre realizar a esforço pessoal, longe de qualquer proteccionismo ou excepcionalidade, tendo-se em vista a Superior Justiça que rege todos os destinos.
A fim de que seja alcançado esse mister excelente, o método se encontra ínsito no amor, que é recurso valioso para facultar o entendimento em torno dos acontecimentos e das pessoas, suas oportunidades e suas irmãs espirituais, iluminando-se com o discernimento que a capacita para novos empreendimentos e lutas.
Tratando-se de um processo de longo alcance, não poucas vezes a sombra elege o prazer em vez do dever, gerando conflitos e vinculando-a a viciações de que passa a depender, quando poderia avançar mediante recursos menos penosos.
Adaptada aos primeiros fenómenos automatistas da evolução, passa pelos instintos que se lhe fixam demoradamente, necessitando ser transformados em sentimentos, no que terá que investir sacrifício e abnegação para desenovelar-se dos condicionamentos geradores de gozos penosos e exaustivos.
Jesus, o Homem sábio e nobre, compreendeu essa dificuldade inerente ao estágio de desenvolvimento dos Seus contemporâneos e, enquanto dissertava sobre a necessidade do amor em relação aos adversários, propôs enfaticamente a necessidade da perfeição. Impossibilitadas de compreender as subtilezas morais dos Seus ensinos, aquelas mentes imediatistas e ensombradas necessitavam de um modelo que lhes permitisse o entendimento, e assim o Mestre apresentou o Pai como a síntese absoluta que é
da perfeição; no entanto, inalcançável, pois que o Espírito criado jamais poderá ser igual ao seu Criador.
Essa busca sugere a transformação moral incessante, a superação do ego severo e vigilante, facultando a libertação do Self, cujo campo de acção ainda se encontra impedido para a sua plena e total manifestação.
O amor ao próximo recomendado pode ser definido como companheirismo, solidariedade no sofrimento e na alegria, amizade nas situações embaraçosas, capacidade de desculpar sempre, produzindo uma vinculação afectiva que suporte os atritos e os conflitos típicos de cada qual. Pelo seu significado profundo, é um amor diferenciado daquele que deve ser oferecido ao inimigo, a quem se fez ofensor, projectando sua imagem controvertida e detestada por si mesmo naquele que se lhe torna vítima. Amar a esse antagonista é não lhe retribuir a ofensa, não o detestar, não o conduzir no pensamento, conseguir libertar-se da sua diatribe e agressividade.
O amor libera aquele que o cultiva. Por essa razão, o mal dos maus não ata a vítima ao algoz, deixando-a em tranquilidade, o que não ocorre quando o ressentimento, o desejo de revide, a amargura se instalam, porque, de alguma forma, a pessoa passa a depender das vibrações maléficas do seu perseguidor.
Esse sentimento desenvolve os significados éticos da individualidade, porque a prepara para futuros embates, nos quais se fazem necessários a paciência, a compaixão, a caridade e o sentimento solidário.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:19 pm

As imagens convencionais do inconsciente humano rejeitam formalmente o perdão ao inimigo e, consequentemente, o amor a quem lhe causou dano e perturbação.
Não faltarão aqueles indivíduos que informarão tratar-se de um postulado ingénuo esse amor em um mundo de perversidade, no qual se deve estar armado contra os perigos de cada momento.
Todavia, na Sua visão profunda, Jesus sabia das circunstâncias difíceis por que passam as criaturas, e assim mesmo estabeleceu o amor como arma invencível contra o mal e a favor dos maus.
Isso, porque o amor é penetrante e altera o comportamento, dulcificando quem o exterioriza e aquele que o recebe, já que procede de vibrações saturadoras do Eu superior. Não há, pois, como negá-lo diante das lições constantes dos relacionamentos humanos, nos quais somente esse sentimento consegue transformar moralmente o que a claridade da razão simplesmente não logra.
A actualidade, fria e cristalizada em reacções psicológicas e morais contra a afabilidade e a ternura, tem, não obstante, a ideia correta da sã identidade de Jesus como Homem superior que venceu todas as oposições que se Lhe antepuseram.
Nessa imagem conceptual do Homem-Jesus, pode-se conceber de alguma forma a grandiosidade de Deus, superando qualquer conceito estabelecido de identidade e de humanidade, no ultrapassado antropomorfismo que a mitologia religiosa do passado Lhe atribuiu.
Dessa maneira, nenhuma possibilidade existe de alguém ser perfeito como perfeito é o vosso Pai celestial. Não obstante, pode-se inferir que é possível despojar-se do primarismo, como o diamante para brilhar deve libertar-se de toda a ganga, passando pela necessária lapidação, a fim de que suas várias facetas reflictam a luz de fora, possuidor que é de pureza e luz interna...
Em razão das lutas ásperas que devem enfrentar o homem e a mulher contemporâneos sofrem de bloqueios profundos no inconsciente a respeito da necessidade de perfeição, encontrando-se mais preocupados com a conquista dos recursos que lhes propiciem comodidade hoje e repouso na velhice, esperança de melhores dias longe da enfermidade e do sofrimento, descuidando-se do essencial, que é o esforço para auto-abrir-se aos pressupostos espirituais de Jesus, como terapia e solução para as questões afligentes do cotidiano.
Somente quando o ser humano conseguir a própria integração, tornando-se uno consigo, isto é, realizando a perfeita harmonia entre o ser interno que é e o externo que apresenta, realizando e vencendo a luta intrapsíquica contra o estabelecido como triunfo e felicidade, aceitará os desafios propostos por Jesus.
Krishna propôs ao discípulo Ardjuna lutar contra os kurus, que são os vícios, utilizando-se da sua posição na casta pândava, portadora de virtudes e, não obstante os primeiros fossem mais numerosos, os últimos poderiam vencê-los com empenho. Porém, essa luta desigual exigiria um campo de batalha próprio, e o mestre informou ao aprendiz que seria na consciência que se travaria, portanto, de natureza intrapsíquica, sem aplausos nem protecções especiais.
Tem faltado na educação psicológica do ser humano a contribuição da confiança abrangente, aquela que recomenda a formação de alicerces morais tranquilos e fortes, desde que ministrada em calma e amorosamente. O contrário é o que tem lugar na desconfiança geral diante de todos e de tudo, aguardando-se os sinais definidores de qual rumo emocional se deve tomar, a fim de não se ser colhido pelo desar.
O esforço pela perfeição, portanto, é válido, porque se antepõe à sombra, elimina projecções negativas, estabelece pilotis de harmonia, contribuindo para o bem-estar do indivíduo em qualquer situação que lhe surja.
Asseveram com pessimismo os campeões da sombra colectiva que o mundo é mau e deve ser combatido com astúcia e argúcia, jamais cedendo, nunca recuando, mantendo-se vigilância constante contra as suas armadilhas.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:19 pm

O ser, porém, que busca a plenitude, não se turba diante desse conceito derrotista, porque sente que a realidade é muito diferente desse informe doentio, e pode observá-lo nele mesmo, que aspira à situação mais enriquecedora e a experiências mais felizes.
Pela auto-análise começa a avaliar quantos outros indivíduos também se encontram aspirando a esse equilíbrio, a essa perfeição, e empenha-se mais para tornar exequível o esforço direccionado para o bem e para a plenitude.
O básico, o comum, já não lhe bastam, porque aspirando a mais e a melhor, respira uma psicosfera mais subtil e renovadora, desintoxicando-se dos vapores deletérios nos quais estão mergulhados aqueles de consciência de sono, que ainda se comprazem no prazer físico, nos jogos dos sentidos e nas ilusões que lhes povoam a casa mental.
Jesus é, em todo o Seu ministério, um Homem são, transitando por um mundo enfermo e trabalhando-o para que se assemelhe àquele de onde veio, e que oferece a todos quantos desejem segui-lo.
Da mesma forma que nenhuma sujidade atirada contra a luz do Sol a atinge, as injúrias e calúnias contra Ele assacadas não O alcançaram, porque estava isento de sintonia com as contingências do Seu tempo terrestre.
A partir da proposta neotestamentária em favor de um mundo sadio e de uma sociedade melhor, graças à imensa contribuição da Boa-nova, pode-se, perfeitamente, aceitar a proposição:
— Sê-de, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial.
Na tentativa de buscar-se essa perfeição moral, já se pode sentir-lhe os efeitos salutares no íntimo, pela satisfação de encontrar-se empenhado na auto-libertação e auto-superação da sombra.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Dez 29, 2023 9:19 pm

25 - Convidados e aceitos
Ev. Cap. XVIII - Item 2

(...) porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Mateus, 22:14

Toda a mensagem de Jesus é um confronto com a existente no mundo. Seu subjectivismo é objectivo e real, porque se assenta em parâmetros de lógica que fogem ao imediatismo, transferindo-se dos simples acasos para uma causalidade extrafísica, cujas conexões lentamente são identificadas pela pesquisa espírita, Parapsicologia e pelas demais doutrinas de investigação da vida transpessoal. A Psicologia, no momento, já detecta, a pouco e pouco, essas conexões cujas causas fogem ao plano apenas subjectivista, porque fundamentadas em realidades legítimas fora dos sentidos objectivos.
A sincronização, embora elucide alguns desses fenómenos, não abarca toda a gama de conexões que facultam a sua ocorrência.
Isso porque o ser espiritual governa os acontecimentos que têm campo no mundo físico, rico de fenómenos que, não obstante, são só aparentes.
Partindo-se para uma análise da energia e das suas várias nuances de expressão, constatam-se efeitos múltiplos que, aparentemente, seriam resultado de uma casualidade ao comprimir-se, por exemplo, um botão e abrir um espaço fechado, ou emitir-se uma onda que, embora invisível, conecta com segurança a antena de um satélite, enviando mensagens visuais e auditivas, portadora de força peculiar para agir com exactidão conforme a intensidade de que se revista. A uma observação menos cuidadosa, esse fenómeno pareceria casual, desde que não se pudesse repetir tantas vezes quantas desejadas.
Graças às percepções anímicas e mediúnicas desveladas e estudadas com critério pelo Espiritismo, esses fenómenos repetem-se com as mesmas características, variando de conteúdo em razão da diversidade dos agentes que os accionam.
Assim, o discurso de Jesus é sempre portador de um conteúdo subjectivo que não se adapta à visão e ao modus operandi da sociedade do Seu e dos tempos futuros, estabelecida sobre bases da percepção sensorial, do lógico e racional imediato, do concreto e do comum.
Os primeiros, nas convenções sociais, são sempre aqueles que se esforçam, que triunfam, que conseguem romper as barreiras impeditivas do desenvolvimento convencional, granjeando fama e recebendo honrarias. Os últimos, são os desclassificados, os fracos, os incapazes de sobreporem às próprias deficiências o valor moral e suas manifestações de dignidade e de carácter.
Somente se poderá entender que os últimos são os primeiros, quando se analise outra proposta não menos perturbadora do Seu convite, informando que a porta é estreita, aquela que conduz à salvação, à libertação dos atavismos perniciosos e dos vícios, enquanto a do mundo é larga, prazerosa, de resposta imediata, porque totalmente aberta às sensações que se fazem insaciáveis, portanto, profundamente desgastantes, não compensadoras.
A eleição da porta estreita, aquela que é resultado da luta intrapsíquica em favor das virtudes do equilíbrio, da sensatez, da perseverança nos ideais de enobrecimento, faculta que o candidato permaneça em último lugar na competitividade do mundo, a fim de ser o primeiro em espírito de paz, realizador do Reino dos Céus internamente, onde frui bem-estar e tem dilatados os horizontes das percepções extracorpóreas.
Essas reflexões adaptam-se perfeitamente ao convite em torno do muitos são os chamados e poucos os escolhidos, considerando-se que se trata de um investimento especial na conquista de si mesmo, no desvelamento do Self, na superação dos caprichos egóicos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:26 am

Em um estudo convencional, todos os seres encontram-se convidados ao triunfo interior, às conquistas externas, ao equilíbrio emocional, às realizações sociais, à harmonia de comportamento, às actividades edificantes no grupo em que se movimentam. Apesar disso, somente poucos cidadãos conseguem a identificação com todos esses compromissos. Não raro, uns se afadigam pelas posses, pelo conforto em detrimento da vida interior. Outros fogem do mundo e da sua convivência, perseguindo o silêncio e a interiorização, aturdidos, no entanto, com as paisagens conflitivas do inconsciente e os desejos infrenes do prazer não experienciado.
Esse labor levaria à conquista e à união da anima com o animus, qual conseguiu Jesus, por isso mantendo-se sempre em sã conduta e saudável convivência com todos, sem qualquer tipo de tormento íntimo nem desajustamentos emocionais como pessoa e cidadão, inclusive recomendando que fosse pago o tributo a César, enquanto pregava e difundia o Reino de Deus.
Nunca se permitiu o conflito dos dois mundos em litígio. Havia escolhido o melhor e, portanto, comportava-se de maneira equilibrada nesse de menor significado, mas igualmente importante.
Desse modo, quando alguém elege o Reino de Deus, transforma-se interiormente, intentando alcançar o objectivo que tem em mente. A esses se pode aplicar o conceito de Jesus:
— Porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Em uma análise psicológica profunda, o escolhido é aquele que consegue o triunfo sobre a inferioridade moral, entregando-se com fidelidade à opção realizada, que o compensa interiormente com a alegria do bem que insculpe nos sentimentos.
Quando essa disposição se estabelece e passa a governar o destino do ser, desaparecem-lhe as ambições do triunfo externo, porque compreende a sua desvalia, ou pelo menos não lhes atribui o significado hedonista de gozo exaustivo, que deixa sempre laivos de amargura e de frustração, sem compensar o esforço despendido pelo conseguir.
Desaparece, por sua vez, o egoístico instinto de competitividade, que rende estipêndios para o orgulho, não preenchendo os vazios existenciais. O ser descobre que há prazeres mais significativos e reconfortantes que aqueles que se derivam da posse, da ostentação e do orgulho. Essas expressões do primarismo da consciência, o seu lado escuro, banham-se, por fim, de expressiva claridade com o discernimento daquilo que é importante em detrimento do que tem um sentido transitório, que satisfaz por um momento e não mais atende posteriormente.
Essa é a grande luta da criatura humana educada para esmagar, para vencer os outros, mesmo que sob os camartelos dos conflitos internos que aturdem e degradam, levando-a ao desequilíbrio e à loucura.
Em uma sociedade construída conforme os padrões do pensamento do Homem-Jesus, não vicejam as lutas pelos lugares proeminentes, porque aqueles que são portadores da hierarquia real, aquela que os distingue interiormente dos demais, sem os humilhar nem ferir, não estão realmente interessados no destaque comunitário nem na dominação das outras pessoas.
Preocupam-se exclusivamente com a sua realidade de ser imortal, conscientes de que o descer da cortina é também o dealbar da madrugada perene.
Em todos os cometimentos humanos, são muitos aqueles que se encontram convidados para realizações nobilitantes; no entanto, vestidos pela sombra, facilmente se desinteressam de prosseguir por falta da resposta compensadora aos vazios do ego, que se preocupa com o entulhar--se de preocupações e de lutas pela conquista da primazia.
Há convites por toda parte, e nem todos os indivíduos têm olhos para ver nem ouvidos para ouvir, concitando-os à conquista de significados existenciais que os preencham de harmonia, direccionando os seus passos para os rumos melhores, aqueles que não frustram, nem levam a desesperos dispensáveis.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:27 am

O ser humano se encontra na Terra envolto em batalhas iluminativas cada vez mais severas. Superadas aquelas que tinham a ver com a existência física, e que remanescem nas guerras urbanas ou entre as nações, enfrenta as lutas no lar, no grupo social, no trabalho, mediante as quais adquire sabedoria e aprende a conquistar os altiplanos interiores.
A medida que se robustece emocionalmente, mais desafiadores se tornam os combates, porque se transferem para o campo íntimo onde permanecem as heranças do processo de evolução já conquistada.
Mediante a identificação com os objectivos que deseja alcançar, auto-ilumina-se e, recorrendo à oração, que é fonte inexaurível de energia, abastece-se e renova-se sem cessar, de modo a triunfar sobre as dificuldades que já não lhe obstaculizam o passo.
Aqueles, portanto, que no mundo são tidos como ultrapassados, ingénuos, não credores da consideração mentirosa do convívio social doentio, são os últimos, apesar disso, perfeitamente integrados nos objectivos superiores da vida, tornam-se os primeiros no Reino dos Céus.
Indispensável considerar-se que no jogo das ilusões e na busca da realidade, caracterizam-se os seres psicologicamente infantis e os amadurecidos, que optam pelo melhor e perene, que souberam eleger aquilo que lhes é mais importante, em detrimento do convencional e aceito, imposto pelo convívio terrestre.
Dessa forma, o esclarecimento de Jesus é relevante e deve ser meditado profundamente, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:27 am

26 - Poder da fé
Ev. Cap. XIX - Item 2

(...) E nada vos seria impossível.
Mateus, 17:20118

A fé expressa-se mediante a confiança que o Espírito adquire em torno de algo. Apresenta-se natural e adquirida. No primeiro caso, é espontânea, simples, destituída de reflexão ou de exigência racional, característica normal do ser humano. Na segunda acepção, é conquista do pensamento que elabora razões para estabelecer os seus parâmetros e manifestar-se. Robustece-se com a experiência dos fatos, tornando-se base dos comportamentos lógicos e das realizações significativas do pensamento e da experiência humana.
A fé procede também de vivências transactas, quando o Espírito enfrentou situações e circunstâncias que foram experienciadas deixando os resultados dos métodos utilizados para superá-las.
Conhecendo os acontecimentos, embora inconscientemente, o ser adquire a confiança espontânea para os enfrentamentos que se apresentem por semelhança, evocativos daqueles passados.
Torna-se, desse modo, indispensável para uma conduta saudável, porquanto se faz bastão e alicerce para novos cometimentos mediante os quais o ser progride.
A fé, no entanto, deve apoiar-se na razão que perquire, no discernimento que estabelece as directrizes comportamentais, a fim de que não se expresse de maneira cega, levando ao delírio do absurdo ou à ingenuidade do período infantil.
A fé amadurece através da conduta que propõe, coroando-se de segurança pelos resultados colhidos nos empreendimentos encetados.
O homem de fé reconhece o limite das próprias forças e não se aventura em empresas que lhe podem comprometer a resistência, levando-o à falência moral. Por isso há um limite entre a fé e a acção, que deve ser tido em conta quando da tomada de decisão ante o que fazer ou deixar de realizá-lo.
Em face da proposta de que nada é impossível quando se crê, é necessário decodificar o que significa essa crença, à luz da Psicologia Profunda, para não se tombar no fanatismo perturbador e insensato.
Jesus havia descido do Monte Tabor, onde ocorrera a transfiguração e mais uma vez confirmara a procedência do ministério que lhe fora concedido por Deus.
Naquela oportunidade, Moisés, o legislador do povo hebreu, e Elias, o profeta das venerandas tradições, apresentaram-se desvestidos de matéria, em todo o esplendor da sua glória para O saudarem, rompendo a sombra que pairava em torno da imortalidade do Espírito e da sua comunicabilidade com as criaturas humanas.
O primeiro, mediante o diálogo que veio manter com o Mestre, liberou as criaturas, a partir de então, da proibição que exarara no passado, quando o povo, em libertinagem, evocava os Espíritos para com eles se imiscuírem nos comportamentos reprováveis a que se entregavam. Estabelecendo leis que se deveriam caracterizar pela severidade, em razão do nível moral em que se encontrava o hebreu recém-saído da escravidão no Egipto, coibiu o abuso decorrente da insensata comunhão com o mundo espiritual, atendendo aos seus apelos infantis e perversos, que lhes bloqueavam a capacidade de pensar, de decidir os conflitos e as condutas, transferindo-os para aqueles que, desenfaixados da matéria, se lhes deveriam submeter aos caprichos. Naquele momento de magnitude, ele próprio viera exaltar o Homem de Nazaré, confirmando a Sua ascendência moral sobre a Humanidade, a Quem ele próprio se submetia.
O segundo, que lhe profetizara a vinda por diversas vezes, retornava da Espiritualidade para confirmar ser Ele aquele Messias aguardado, a Quem se reportara, o portador das excelentes qualidades para conduzir o pensamento na direcção de Deus e facultar a vitória de cada um sobre si mesmo.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:27 am

Apresentava-se como o discípulo que vem glorificar o Mestre, que então assume toda a Sua pujança, momentaneamente submersa na forma humana limitada, como se tornava necessária para o processo de iluminação das vidas mergulhadas nas trevas do mundo.
Após aqueles momentos de incomparável beleza, fomentadores da fé profunda, Ele desceu à planície onde os seres humanos se acotovelavam e se enfrentavam no campo largo das suas paixões, a fim de os suportar, conduzir e amar.
De imediato, um pai aflito, n'Ele reconhecendo o Messias, prosternou-se-Lhe aos pés e pediu-Lhe socorro. O sentimento de compaixão do homem espraiou-se e sensibilizou Jesus. O seu drama era o filho enfermo, tomado por desconhecida força que o vitimava, atirando-o de um para outro lado, ameaçando-lhe a existência, minando-lhe as energias e entregue totalmente à sua sanha, sem possibilidade de libertação.
Conhecendo o insondável do ser humano, Jesus compadeceu-se e cindiu a treva que envolvia o jovem, percebendo-lhe a história pretérita, quando delinquira, vinculando-se ao odiento perseguidor, que não cedia no propósito infeliz que se impusera.
Aturdido na sua insânia, não raciocinava, nem se apiedava daquele que lhe sofria a vindicta, incidindo no mesmo erro de que fora vítima anteriormente.
Ao contacto, porém, com Jesus, restabeleceu-se-lhe o discernimento, deu-se conta do mal em que laborava, num átimo de segundo arrependeu-se e desalojou-se do campo mental em que se homiziara no seu sofrido hospedeiro. Desvinculou-se de imediato ao ouvir a voz clara e forte do Mestre e receber o influxo do Seu pensamento compassivo, deixando de malsinar o outro, para cuidar da própria sombra responsável pelo seu ódio, pelo desejo de desforço, pela inferioridade moral em que jazia.
Era natural que, ante o fato insólito, a fé brilhasse em todos que ali se encontravam, particularmente nos discípulos que estavam decepcionados pela inépcia de que eram portadores, já que eles também houveram tentado ajudar o obsesso sem colherem o êxito anelado.
Não se davam conta de que, para cada Espírito em sofrimento, a terapia é específica, porque não são todos da mesma classe moral, do mesmo estágio evolutivo, necessitando de variada gama de recursos para chegar-se até cada qual.
Aquele, em especial, exigia algo mais do que a precipitada imposição verbal, e sim, um discurso específico, rico de energias vitalizadoras que o compensasse da vampirização interrompida, quando deslindado da sua fonte de nutrição psíquica.
Faltava-lhes fé, profundidade de confiança, para conseguirem os bons resultados da empresa, em detrimento do esbracejamento estúrdio, da gritaria exterior a que se haviam entregado.
Aquele Espírito, acostumado com os seus tormentos e apoiado no raciocínio conflitivo de justiça com as próprias mãos, não receava pessoas nem agressões, ameaças nem objurgatórias.
Somente seria removido do seu propósito insano se experimentasse a força da compaixão e da misericórdia para a sua aflição. Foi o que Jesus lhe ofereceu: apoio e renovação interior, facultando-lhe dar-se conta de que, na vingança, mais se afligia; na cobrança, mais se desnaturava. Somente lhe restava a alternativa do perdão à ofensa recebida, para desfrutar da paz de que necessitava mais do que de qualquer outro valor, embora não se desse conta.
O amor de Jesus infundiu-lhe esse ânimo. A Sua claridade diluiu-lhe um pouco da compacta treva em que se confundia.
A fé, em Jesus, era certeza do próprio poder, da perfeita sintonia com Deus, a Quem recorria sempre que necessário, sabendo por antecipação dos resultados que seriam colhidos.
A fé é força que se irradia como energia operante e, por isso, consegue remover as montanhas das dificuldades, aplainar as arestas dos conflitos, minar as resistências que se opõem à marcha do progresso.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Dez 30, 2023 11:27 am

O ser humano enfrenta os montes das dificuldades que ergue à frente, quando deveria buscar os objectivos mais nobres e engrandecedores. No entanto, no seu estágio infantil, a sua sombra o envolve com preconceitos e desaires, enceguecendo-o com a ambição desmedida da posse material, na qual investe os seus melhores recursos, e depois não sabe como deslindar-se de tantos conflitos, e vencer tão variados obstáculos que tem pela frente.
Só mediante a fé, estruturada na consciência livre de prejuízos
de toda natureza, oferece as resistências para enfrentar as montanhas de desafios que lhe impedem o avanço no rumo da harmonia.
Mediante a fé lúcida e enriquecedora, a existência se apresenta digna de ser vivida, facultando a aquisição de recursos para todas as situações, ensejando que aquele que a possui enfrente todas as contingências com calma e certeza dos resultados felizes que o aguardam.
Não tem pressa, nem se angustia, porque sabe que os empeços exigem remoção e as sombras precisam de luz para que desapareçam.
A fé racional nunca excede os limites da sua capacidade, nem se doira de ambição descabida, conhecendo as possibilidades que possui e os meios de que se deve utilizar para os cometimentos que enfrentará.
É pujante, mas não presunçosa; é nobre, mas não jactanciosa.
A luz da Psicologia Profunda, uma fé diminuta, um grão de mostarda que lhe represente a dimensão, tudo consegue e nada será impossível, porque se apoia, sobretudo, na razão.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis - Página 3 Empty Re: Série Psicológica Vol. 11 - Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda/Joanna de Angelis

Mensagem  Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 3 de 5 Anterior  1, 2, 3, 4, 5  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos