LUZ ESPÍRITA
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JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:48 am

Ouvi ensinamentos e o tema era:
“Despertai”. Por verdadeiro milagre, voltei a mim.
O que se tinha passado na minha vida não podia ser realidade.
Devia ser um pesadelo.
E agora estou aqui, confessando-lhe isto...”
— Realmente — considerou Jonas C. — é uma passagem comovente e que se repete todos os dias.
No entanto, não há de onde o ser humano não possa levantar-se.
A cair, todos nós estamos sujeitos, mas não nos assiste o direito de continuar no chão.
Se essa jovem desejar, estou disposto a ajudá-la a levantar-se.
Jesus é o exemplo que devemos seguir.
Ele deu a mão à mulher adúltera.
O enorme ónibus foi adentrando as pistas asfaltadas do Parque Anhembi, onde se encontrava instalado o Museu de Cera.
Quando ingressamos no Museu, tínhamos a impressão de estar voltando ao mundo dos ressurrectos.
A Rainha Vitória se encontrava ali majestática.
Colombo singrava os mares ignotos, sonhando encontrar um novo caminho para as Índias.
Napoleão guardava aquela sua postura de quem pensava e ordenava ao mesmo tempo.
Que infeliz Maria Antonieta!
Mme. Pompadour passeava a sua elegância pelas Tulherias.
Edison perscrutava os segredos da natureza para beneficiar a humanidade e tipos populares andavam ali fixados em cera.
Excedia a imaginação de qualquer um, tal fidelidade.
Jonas C., porém, não deixava passar nada sem uma observação mais profunda:
— São parecidos com os homens, mas são de cera.
Um fósforo os derrete.
Falta-lhes o vigor do espírito.
O mesmo acontece com muitos homens que parecem ser grandes homens mas que, diante da adversidade, de uma traição, de uma frustração ou insucesso, se transformam num pouco de qualquer coisa sem serventia.
Os homens não são nada, sem o espírito disposto e de carácter.
Vida não é unicamente “ser”, pois estas estátuas “são”; mas “ser” em movimento; não movimento de marionete, mas com objectivo de progresso espiritual.
Jonas C. parou um pouco e continuou:
— Todavia, meus meninos, não confundam espiritualizar-se com o tornarem-se fracos, pusilânimes, desanimados e indiferentes à sorte do mundo e da humanidade.
Espiritualizar-se é, também, integrar-se na vida, agir, trabalhar, cooperar, fundar cidades, abrir mercados de trabalho, fazer música, inventar aparelhos, consertar objectos, fabricar, arrotear terras, desbravar matas, transportar mercadorias, porque Deus planeou esta Terra assim e ela tem de ser trabalhada, aprimorada, melhorada, como melhoramos e aprimoramos nosso lar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:48 am

PERGUNTAS E RESPOSTAS
Como melhorar e limpar a psicosfera?
— Usando elementos antídotos àqueles que poluem:
Assim, aos pensamentos dominantes de violência, emitamos os de paz.
À obsessão dos homens pela obtenção dos bens de consumo e ao progresso exclusivo material, emitamos pensamento de desprendimento, serenidade e justiça social.
À onda de obscenidade, emitamos radiação de respeito, romantismo e amor mais profundo.
Assim, por diante.
Que vem a ser aura?
Emanação irradiada por todos os seres e em tomo de si mesmos.
A natureza dessa radiação, no homem, é psicobionergética, isto é, tem qualidades físicas, biológicas e psíquicas.
Tem-se-lhe dado o nome de bioplasma ou corpo bioplásmico.
Como vemos a aura?
— A aura sempre foi vista em todos os tempos pelos portadores do dom da vidência.
No entanto, ultimamente, a ciência tem procurado fotografar a aura.
Esta consecução foi levada a efeito, com maior evidência mundial, pelo casal de russos Simeon e Valentina Kirlian, mas que, rapidamente, se efectivou em muitos países, principalmente no Brasil.
Sendo uma radiação muito complexa detectada em todos os níveis, desde o mineral até ao homem, evidente que as interpretações possam situar-se no nível físico, biológico ou psíquico.
A esta fotografia da aura, segundo o processo de Kirlian, denominamos efluviografia ou kirliangrafia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:49 am

Capítulo IX - OS OBSESSORES
Jonas C. chegou muito depois de nós, na biblioteca, onde nos ministrava as aulas.
A sua demora causava-nos preocupação, pois que fugia ao seu hábito:
o da pontualidade britânica.
Por fim, apareceu esbaforido:
— Atrasei-me, um bocado.
Arre! A gente se mete em cada uma.
Estou chegando de uma casa que parecia o Juqueri.
Calculem, vocês, que me telefonaram, pedindo- me, pelo amor de Deus, a minha assistência espiritual directa a uma senhora que estava passando mal.
Hoje, nós, espíritas, somos um misto do pároco antigo, do médico de família e do pajé tribal...
— Eu já tinha reparado que isto se dá com a minha mãe — disse Pixoxa.
Não procuram o pároco para se aconselhar e obter protecção, mas a minha mãe que, vira e mexe, deixa até queimar o feijão.
O mestre aguardou a observação da Pixoxa, cuja mãe era médium de cura e conselheira espiritual muito considerada, depois do que continuou:
— ... A mim, não me faltam tais canseiras e, por isto fui atender ao apelo.
Julguei que se tratasse de algum abalo nervoso.
Entretanto, Mariana, que este era o nome da minha ignorada paciente, estava em violenta crise, rebentando tudo que encontrasse ao alcance da sua mão, com vários homens segurando-a, a muito custo.
O guarda-roupa jazia no chão e o toucador espatifado.
Ela gritava, de estremecer o quarteirão.
A sua voz, porém, era de homem em flexão bastante característica:
“Não arredo pé daqui. Não adianta. Jurei matá-la e hei-de acabar com ela e toda esta raça de fingidos malditos.
Malditos! Arrenegados!”
Quando me aproximei da pobre Mariana que, então, não era Mariana, não era nada, todos me olharam como o salvador, aquele que iria carregar o pecado do mundo, porque o homem gosta de tirar os seus fardos e colocá-los nos ombros dos outros, mormente se ele é um santo, ou presumem-no, assim. Interiormente, eu me sentia menor do que um esquilo diante de um elefante.
De relance, percebi, pelo quadro sintomatológico, que não se tratava de caso capitulado pela psiquiatria, mas de obsedação espírita.
Dna. Mariana, a meu ver, fora dominada por uma personalidade intrusa, que chamamos pelo nome simples de espírito obsessor.
Pedi a todos os presentes que colaborassem comigo, entrando em faixa de pensamento positivo, de muito amor e de apelo ao Divino Mestre Jesus, o excelso médico das almas.
O medo, em tais momentos, é o pior caminho e o pânico, verdadeiro desastre.
Que diríamos de um cirurgião e de toda uma equipe de enfermeiros que começassem o seu trabalho cirúrgico com as mãos trémulas?
Depois que consegui equilibrar os presentes, só então podia chegar àquela pobre alma, passando a conversar com o obsessor:
Entre um impropério e outro, dizia em resumo isto:
“Fui fiel empregado desta família, servindo-a como Caixa. Morri, não faz muito.
Essa mulher mandou me espancar para que confessasse furto que não cometi. De tanto apanhar, faleci de síncope.
- Não bastante matar-me, em conivência com certo advogado, deram jeito de se apossar da única casinha, que eu havia construído e deixado para a minha pobre esposa e meus quatro filhos pequenos e isto o fizeram a título de indemnização.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:49 am

O obsessor tinha plena consciência do que estava fazendo, tal e qual o verdugo que sabe que vai apertar o nó do enforcado.
Se eu lhe falava em perdão, caçoava de mim.
Se pronunciava o nome de Jesus, ele cuspia-me na cara.
Ria de qualquer esforço meu em doutriná-lo, virando então uma fera e xingando-me de nomes de baixo calão.
— Como você se arrumou, Jonas C.? — perguntou o aluno Marcos Fernando.
— Neste caso, palavras não adiantam muito — respondeu Jonas.
Esse tipo de obsessor age desta forma porque quer e sabe perfeitamente todo mal que está causando aos desafectos.
E quanto mais efeito maléfico destrutivo alcança, mais se julga vitorioso.
Importa confiar em Deus e em nossos amigos espirituais que nos amparam.
Da nossa parte, como dissemos, é não ter medo e ter aquela confiança de um lutador, que tem certeza de que será vitorioso, porque a causa é do bem, contra o mal.
Esta fortaleza é essencial.
Em seguida, passamos a emitir vibrações de nível mental e fluídico que propiciem campo adequado para nossos auxiliares invisíveis.
Naquela hora apelei para o Irmão Justino, entidade traquejada nestas tarefas de desobsessão e, logo mais, o obsessor começou a se contorcer:
“Desamarrem-me seus miseráveis, filhos do demónio...
Eu já disse que daqui não saio...
Eu rebento isto...”
Notava-se que ele desejava berrar, mas que havia, agora, uma força que o impedia de fazê-lo.
A impressão era de que o tivessem mesmo amarrado ou colocado dentro de malhas fluido-magnéticas, como os enfermeiros terrestres fazem, nos hospitais, metendo o louco varrido numa camisa de força.
Devagarinho, Mariana foi-se descontraindo, ficou largada no chão e, por fim, abriu os olhos, espantada, sem saber onde se encontrava e o que lhe tinha acontecido.
Jonas C. descrevia-nos aquelas cenas com cores tão vivas que parecia estarmos assistindo ao filme “O Exorcista”.
Depois de uma pausa, prosseguiu.
— Parece que estou falando demais.
No entanto, faço para fins de instrução e não de diversão sádica. Importa que compreendam a necessidade de confiar em Deus, em nosso divino Mestre Jesus e em toda a coorte de espíritos protectores para enfrentar estes casos.
A nossa dialéctica, sem amparo, nada resolve.
Além do mais, o exemplo que lhes dei tem um histórico e quase todo caso de obsessão o possui.
O obsessor não se junge ao obsediado, sem que haja um motivo, uma razão qualquer.
A simbiose se dá, salvo as excepções, porque existe uma sintonia, uma vibração de identidade.
Mariana agiu com perversidade.
O seu campo moral está estruturado nesse tom perverso, embora possa socialmente ser bela e respeitável.
O obsessor vilipendiado e judiado encontrou uma casa aberta para a sua penetração.
— Como podemos resolver um caso desses? — perguntou Soninha Cabral.
— Realmente, um caso deste não se resolve tão só através da força fluídica, como ocorreu, ou conforme expressão popular, “amarrando” o obsessor e atirando-o fora.
Ele fará tudo para voltar.
Para que não volte, Mariana tem de se evangelizar, buscar o caminho da rectificação do mal que fez, amparar a família do obsessor, devolver a casinha aos familiares e, doravante, se possível, integrar-se em equipe de visitas aos encarcerados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:49 am

A obsessão se assemelha a um nó.
É necessário desfazê-lo.
Muitas vezes, esse nó vem de muitas vidas pregressas.
Fer, depois de estar quieto muito tempo, atalhou:
— Conheci um caso, em minha família, cujo nó de obsessão teve origem no tempo da escravatura.
Uma jovem, minha parenta, estava servindo na venda do seu pai, no largo São Benedito, em Campinas.
Nisto entrou um preto todo rasgado e machucado, arrastando uma corrente.
Pediu uma pinga.
A jovem serviu-o.
Ele pegou o cálice e jogou o conteúdo no rosto dela.
Desde aquele momento, a jovem se tomou dementada.
Noite e dia, o preto perseguia-a.
Um tio da jovem, espírita praticante, apurou que se tratava do espírito de um negro que ela mandara pôr no tronco e surrá-lo até que morresse, isso no tempo da escravidão, em que fora uma das mais ricas senhoras de engenho.
Ela se reencarnou e o negro escravo a perdeu de vista, até que a reencontrou aquele dia no balcão e jurou tirar-lhe a vida, para judiar dela, mais ainda, no Além.
E, como os pais fossem católicos e o padre consultado não admitisse que ela fosse tratada no Espiritismo, a mesma morreu louca no Hospital de Psicopatas Franco da Rocha, antigo Juqueri.
— E quando não se conhece a origem do nó obsessivo, como desfazê-lo?
Jonas C. sorriu e disse:
— Vocês conhecem aquele dito, assim, “dá a volta por cima”?
Se alguém o procura atingir por baixo, você dá a volta por cima e ele não o pega, com o seu golpe.
Também isso prevalece na espiritualidade.
Você procura subir, ir para cima, tomar-se mais puro, mais evangelizado; consequentemente, aquela onda inferior, de frequência perturbadora fora do seu calibre, não entra no seu aparelho, não penetra o seu corpo.
Na verdade, aquelas lições poderiam parecer sombrias.
Mas o homem tem de conhecer o lado escuro e o claro da existência.
Elas tinham nos levado a um ponto forte do Espiritismo:
a da conversão da sombra em luz; do diabo em anjo; do gangster em samaritano; do devedor em credor.
Mas eu tinha uma dúvida acerca desse assunto e me aventurei a perguntar:
— Todos os casos, assim, de actuação de um espírito sobre uma pessoa, podemos considerar caso de obsessão e a tal espírito podemos chamar de obsessor?
— Ao menos, no meu ponto de vista, não.
Morre um nosso filho de acidente. Inconscientemente, busca a mãe.
Junge-se a ela e interfere no seu campo psíquico, causando-lhe distúrbios psicossomáticos.
Este filho amado não é obsessor, mas um espírito sofredor.
Para que chamemos um espírito de obsessor, importa que haja aquele propósito de fazer o mal, por si mesmo ou porque foi mandado.
Arigó me mostrou, em Congonhas do Campo, uma fotografia de um cidadão argentino que, de repente, começou a ficar cego e veio da Argentina, na esperança de ser operado.
Arigó, porém, disse-lhe:
“Não há operação a ser feita.
Você está sendo prejudicado pela própria filha.
Chegando na Argentina, tire uma foto dos olhos, mande ampliar e verá”.
O cidadão, xingando Arigó de charlatão, foi-se embora.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:50 am

Depois, fez o que Arigó mandou.
E na foto, que eu vi, lá estava dentro dos olhos uma bela moça em traje de formatura, isto é, de beca.
Que tinha acontecido?
A jovem, por motivo ignorado, filha do paciente, no dia da formatura havia se suicidado.
Naturalmente, traumatizada, inconsciente, agarrou-se, como num salva-vida; ao pai e acabou causando-lhe prejuízo, sem saber.
Assim, sabemos que certos pais, excessivamente apegados a um filho, não seguem para os seus lugares, no Além, e podem ficar na casa, causando perturbações, por excesso de amor!
— E neste caso, como agir? — voltou, à carga, Soninha Cabral.
— Para isto, existem médiuns que emprestam o seu corpo, em sessões espíritas ditas de “doutrinação”.
O facto é que doutrinadores especializados, com paciência, dentro de muita vibração de amor, amparados pelos mensageiros do Cristo, conseguem levá-los à compreensão do seu estado, à coragem para seguir novos caminhos e continuar a vida, no plano espiritual.
Tais médiuns, vulgarmente, chamados de “de caridade”, prestam serviço relevante.
— Mas por que não fazem esta doutrinação no Além, onde há espíritos de tanta luz? — perguntou Bia.
— Porque muitos desses espíritos sofredores, não ouvem e não vêem.
Os espíritos de luz chegam perto deles, mas não conseguem comunicar-se, pois os mesmos estão aturdidos com o impacto.
Por isso é que se manifestam, quase sempre gemendo, balbuciando palavras desconexas, chorando, repetindo-se, em cenas comoventes.
Quando o médium lhes empresta o corpo e o psicoplasma próprio de ligação, entre o mundo espiritual e o material, ele passa a ver e ouvir..
— Maravilhoso isto! — obtemperou Martinha.
— A gente passa a compreender com isto muita coisa enigmática do Espiritismo — completou Genoca, que nos ouvia.
Certa ocasião, um meu compadre, falecido, trouxe o espírito do filho que se encontrava sem luzes no Além.
E, então, lhe disse:
“Ora, por que você não transmite directamente luz para ele, aí?
Para que trazer, aqui, em nossa sessão?”
Respondeu:
“Acontece que, no estado em que se encontra aqui, o meu filho não me vê e não me ouve.
Colocando-o junto ao médium, ele levará um choque, acordará, verá e ouvirá as suas palavras, pois você era muito benquista por ele”.
Jonas C. ainda nos deu uma última explicação:
— Às vezes, apenas o contacto do espírito sofredor junto ao médium ou corrente mediúnica, já lhe adianta muito, pois serve de “choque” que o tira de um processo de fixação mental em que se encontra no Além.
E depois da pausa tradicional:
— Este capítulo da obsessão é um dos mais importantes no relacionamento entre este Mundo e Outro.
A humanidade toda, hoje, sofre tremendo assédio de forças negativas.
No entanto, este tema exigiria uma obra toda e, assim mesmo, em vários volumes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:50 am

O Obsessor
Cornélio Pires

Nhô Cacique, na Roça do Boi Manso,
Engolia a branquinha assossegado,
Mas dizia que estava obsedado,
Encolhido na rede de balanço.
Um dia, na sessão de Nhô Picanço,
Ele falou ao guia incorporado»
— “Ah! meu irmão, tem de meu estado!...
Que defunto perturba meu descanso?”
O guia disse: “Deus te fortaleça...
Pega o arado! Serviço na cabeça
Cura esse sofrimento que te abafa!...
Morto que te persegue, Nhô Cacique,
Ê a cana doce, morta no alambique
Enterrada na boca da garrafa.”
(Ditado pelo espírito de Cornélio Pires, através de F. C. Xavier — pg. 53 Poetas Redivivos — edit. Feb)

PERGUNTAS E RESPOSTAS
Podemos considerar o obsessor de Mariana um demónio?
— Evidente que não, pois ele era simplesmente o espírito de um ex-tesoureiro revoltado, desejoso de vingança.
Não existe demónio, diabo ou satanás, no sentido que lhe emprestam as religiões, destinados sempre a praticar o mal.
São, isto sim, espíritos retrógrados, muito inferiores, mas que, com o tempo, se cansarão do mal e buscarão o bem.
Certa ocasião, Jesus chamou Pedro de Satanás e com isto não queria dizer que este apóstolo tivesse a alma eternamente pervertida.
Muitos “demónios'" e “satãs” andam encarnados entre nós e são sequazes do mal, da crueldade e da ambição desmedida.
Então, não existe inferno?
— Também não existe um lugar circunscrito, onde haja fogo lambendo as almas dos pecadores e réprobos.
Se um pai não condena um filho e busca tirá-lo da cadeia, como poderia Deus condenar os seus filhos a sofrerem uma pena eterna, isto é, que nunca terminasse?
Existem, sim, zonas onde os semelhantes se encontram e, portadores de índole perversa, vivem em situação lastimável, geralmente vítimas de seu próprio monoideísmo e orgulho ferido.
Todavia, como o fim do espírito decaído é tomar-se anjo, o fim do inferno é tomar-se céu.
Deus é a luz e nada poderá resistir à sua atracção.
Qual é o sistema de penas, da doutrina?
— Segundo a Doutrina Espírita cada um responde conforme o seu discernimento.
Não se pode exigir de um bugre o mesmo comportamento ético que o de um missionário evangélico; este tem mais luz do que aquele e se lhe exigirá mais.
Por uma lei natural de acção e reacção, a nossa felicidade ou infelicidade, nesta vida e noutra, não depende de julgamento no Dia do Juízo Final, nem em dia algum.
Mas, cada um já carrega dentro de si o que fez de bom e o que fez de mal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:50 am

Isto lhe dará condições de usufruir o céu ou o inferno ou experimentar mil e um estados passageiros da alma que significam estar feliz ou infeliz.
Quem serão os salvos, na doutrina espírita?
— As religiões, geralmente, oferecem o seu plano de salvação.
O Espiritismo não oferece plano nenhum e anuncia à humanidade algo espectacular:
todos os homens serão salvos!
A diferença é que uns levarão milénios e outros pouco tempo para alcançar planos de amor, paz e beleza perenes.
Qual é o bom pastor que, em se perdendo uma ovelha, deixará de ir procurá-la?
E Deus é o maior dos pastores!
Devemos acreditar em todos os espíritos?
— Absolutamente não, e isto Allan Kardec ensina constantemente.
Pelo facto de ser espírito não é que devemos crer em tudo que diga ou mande fazer.
Uma regra áurea, na comunicação através de médiuns, é considerar que um espírito é simplesmente um ser humano sem o corpo carnal; logo esse espírito, se na Terra tinha conhecimentos restritos, não poderá, de repente, tomar-se sábio, tampouco, se era mau, viciado, tomar-se um anjo.
Evidente que poderá ter uma visão melhor da vida, mas não tanta que se tome um mestre.
Ouvimo-lo com respeito mas, se nos disser que em tal lugar existe um tesouro oculto ou uma mina de petróleo, não sairemos correndo em busca dessa quimera.
Que vem a ser espírito mistificador?
— Ê aquele que se nos apresenta com personalidade falsa ou fingindo aquilo que não é, para nos enganar e quase sempre com objectivo de nos afastar da religião espírita.
Por isso, o jovem deve desconfiar de espíritos que se apresentam com nome pomposo ou muito importante, como Siddártha Gautama, Apóstolo Pedro, Papa Pio XI, São Francisco de Assis ou Napoleão Bonaparte.
Mais ainda desconfiar do espírito que diz assim:
“Você vai ser o futuro Presidente do Brasil ou, então, um Avatar, novo Missionário.”
O mistificador, para conquistar confiança, adula todo mundo e gosta de dizer que esta criança vai ser um novo enviado celeste.
Por outro lado, o mistificador adora prometer sucessos bombásticos para os crentes, dizendo que dia tal, às tantas horas, devem comparecer em determinado lugar, onde a “estrela de Belém” vai reaparecer ou um disco voador baixar.
Outros prometem que vão se materializar em praça pública.
Qual outro perigo dos menos avisados?
— O chamado animismo ou personismo.
Neste caso não é o espírito que mente, mas o próprio médium que transmite, como sendo do espírito, aquilo que está na sua cabeça, no seu capricho ou na sua ambição de mandar.
Desejoso o médium de aparecer, fala coisas que não são verdadeiras.
Muitas vezes, esse animismo não é consciente, isto é, o médium não tem intenção de enganar, pois se trata de criatura boa, mas o faz inconscientemente, quando em transe.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:50 am

Capítulo X - MEDIUNISMO E ESPIRITISMO
Regressávamos do aprazível sítio do “seu” Pedro Costa, onde a acolhida era sempre fidalga.
Dna. Vanir, sua esposa, tinha o coração maior do que o seu próprio corpo e ele era criatura educada, gentil e providencial.
A propriedade conservava ainda aquele ar de refúgio antigo com a casa cercada de primaveras, que estouravam em cambiâncias multicoloridas.
Jonas C. adorava estar naquela companhia e naquele lugar, que chamava carinhosamente pelo nome de "refúgio encantado”.
As árvores eram quase seculares.
E, melhor do que tudo, era aquela gente que não parava nunca de cercar os visitantes com o que comer, beber e até rede para dormir.
Éramos poucos e, na maioria, elementos não ligados à Turma da Patota, da escolinha de Jonas C.
O sol declinava no horizonte como bola de fogo, provocando o mais belo arrebol que me foi dado ver, em toda a minha existência, quando tomamos o caminho de volta.
Tínhamos deixado o carro, num terreno junto a um restaurante, distante do sítio e, portanto, havia bom pedaço a ser feito a pé.
Tomamos um atalho que descia rente a tuna lagoa, cujas águas eram plácidas, assemelhando-se a um espelho, onde o sol, também, morria.
Subia, depois, serpenteando por entre tufos de flores silvestres, para sair numa estrada larga.
Foi nessa encruzilhada que vimos um carro muito bonito parar e dele descerem damas recamadas acompanhadas de um senhor trigueiro.
Adentraram um capãozinho de mato e ficaram por lá.
Não aguentávamos a curiosidade.
Quando, depois, de largo tempo saíram, entramos no mesmo lugar e ficamos pasmados pelo que vimos: uma tábua forrada com pano preto e todinha cravada por preguinhos.
Os preguinhos ligados uns aos outros por fios de cabelo.
No meio, um montículo de ossos, ainda com terra, parecendo-nos de cemitério.
Uma galinha preta degolada e um bonito punhal fincado no seu coração.
Ao lado, garrafas de pinga.
O moleque Tião, que havíamos tirado do Educandário Eurípedes para passear, foi logo agarrando a garrafa, o punhal e outros utensílios, que ali se encontravam.
Luís Tomás, que fazia parte do grupo, deu-lhe um empurrão:
— Cara esganado...
Ponha a mão, ponha. Isso é enfeitiçado.
Você quer morrer, seu tinhoso?
O moleque Tião encolheu a mão, muito desenxabido e disse:
— Cruz credo, valha-me São Benedito...
Todos nós, ficamos de cócoras em tomo “daquela coisa”.
Era-nos novidade.
Oswaldo, mocinho a quem chamávamos “filho de maria”, pelo seu exagerado apego à sua religião, que almoçava e jantava hóstia, só lhe faltando batina para ser padre, logo disse:
— Isto é coisa de Espiritismo.
O Padre Laureano já nos explicou como os espíritas fazem pacto com o demónio para prejudicar os outros...
Franz, de família espírita, fez cara de quem comeu e não gostou.
Diante de tais expressões levianas, reagiu:
— Você é acolhido numa família espírita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 9:51 am

Acha-os criaturas de virtudes excepcionais.
Não sabe que mais adjectivos escolher para agradá-los.
E, agora, bota todos os espíritas num rolo desse?
— Não tenho nada com isto, mas que é macumba, isto é...
— E desde quando macumba tem a ver com o Espiritismo?
Você já leu alguma obra espírita?
Sei que não leu e não vai ler.
Eu já lhe dei dois livros.
Depois, fui à sua casa e não os achei em lugar algum.
Você os escondeu ou jogou fora, em algum rio, de medo de contaminar a sua santidade...
Jonas C., até então, não interferira na discussão dos dois jovens.
Ficara à margem, parece que pensando, mas de repente esclareceu:
— Franz tem razão de ficar indignado, porque afinal ele é espírita e a sua família toda, espírita de alta qualificação, com grande nome nas cercanias, pelo tanto que são caridosos.
E, realmente, Allan Kardec, na Questão 553, do Livro dos Espíritos chega até a estranhar que os homens acreditem em feitiçarias, talismãs, etc.
Ele prefere atribuir tudo mais a arranjos da mente.
Se o fundador, ou melhor, codificador do Espiritismo não ensina isto e acha tal prática supersticiosa, é infantilidade atribuir aos espíritas tais arranjos.
— Que poderia ser esta tábua com este aparato todo? — insistiu Oswaldo.
— Não há duvido de que é um despacho, também, conhecido pelo nome de ebó, coisa-feita, canjerê ou feitiço.
No fundo não passa de magia para obter dos deuses ou forças sobrenaturais um resultado favorável.
O homem deseja alcançar alguma coisa e, não se achando capaz por si só de obtê-la, lança mão de recursos mágicos.
No fundo, é uma magia parecida com aqueles desenhos que são encontrados nas cavernas de Altamira, onde o bisão desenhado e marcado cairia no círculo mágico e seria atingido pelas flechas dos caçadores.
— Mas a magia, então é positiva? - indagou Pixoxa.
— Ela dispara uma força fluídico-energética que provoca ou permite uma actuação de entidades barônticas, isto é, de espíritos ainda densos.
Evidente que todos os homens são feiticeiros, na medida em que projectam forças mentais destrutivas contra os seus inimigos, embora possam não fazer nada disto com cachaça na encruzilhada.
Agora, ser eficaz, atingir isto tudo o alvo e converter-se em mal efectivo, depende de inúmeros factores.
Se quem despacha o mal tem falanges do seu lado, a vítima também tem os seus guias, protectores e correntes espirituais naturais que o defendem, mesmo que ele seja ateu ou não acredite em nada.
Se quando o homem nasce, Deus cerca-o de tanto cuidado, como a placenta, cheia d’água anti-choque, lógico que o espírito seja defendido para a realização da sua missão na face da Terra.
Não poderíamos ficar à mercê de toda essa gente que se julga capaz de simplesmente despachar o mal, contra qualquer pessoa, por inveja, vingança ou perfídia.
— E se se trata de apenas conseguir um bom negócio, recuperar um dinheiro emprestado, conquistar uma mulher, ganhar na loteca, etc.
É possível isto? — indagou Franz.
— É o mesmo caso anterior.
Todo nosso apelo mental, para conseguir um objecto ou sucesso, alicia forças que passam a trabalhar para tal fim.
Num “trabalho” especial, como este e outros, em que se movimentam entidades menos edificadas, o sucesso pode ser obtido...
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JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia - Página 3 Empty Re: JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 8:58 am

— Então, essa gente toda que corre daqui para lá e de lá para cá, atrás de “trabalhos”, tem mesmo razão? — indagou Luís Thomaz.
— Por incrível que pareça, conseguem muito, mas existe o lado inconveniente espiritual.
Se você se reúne a assaltantes para conseguir dinheiro, você se toma conivente e passa a pertencer ao bando.
Eles, espíritos inferiores, tornam-se os seus fiéis capangas mas, também, lhe cobrarão o seu preço.
Consequentemente, não vale a pena!
Enquanto Jonas C. esclarecia tão delicada matéria, eu pensava como o relacionamento do homem com os espíritos se assemelha ao do homem para com o seu semelhante.
“Diz-me com quem andas e eu te direi quem és.”
Mas Oswaldo estava ouvindo, um tanto amuado, e voltou à carga:
— Franz ficou zangado comigo, mas se essa gente lida com espíritos, evoca-os, fá-los trabalhar, encantam- nos, está na cara que é Espiritismo, pois só os espíritas é que conversam com os mortos.
Por sinal, o padre Laureano me mostrou o versículo da Bíblia, através do qual Deus proibiu isto.
Ê pecado, no duro.
Vocês espíritas vão ser lambidos no Fogo Eterno.
Não há salvação!
Jonas C. não respondeu logo.
Deixou aquele lugar “enfeitiçado”, seguindo estrada mais larga.
O sol tinha desaparecido de todo, mas o horizonte conservava um lusco-fusco que a natureza toda reflectia.
A brisa soprava-nos a face e, quando respirávamos, era como se absorvêssemos moléculas de serenidade.
Jonas C., porém, não deixou Oswaldo sem resposta.
Com muito afecto, passou-lhe a mão pelo ombro e foi andando assim pela estrada de terra.
Por fim disse:
— A sua religião é respeitável pela sua tradição e os seus extraordinários valores humanos.
Quanto a julgá-la, pertence a Deus, porque até as instituições têm crédito e débito cármico.
Mas, você Oswaldo, sendo um rapaz de tão boa formação e mesmo aspirando o melhor espiritual, nunca julgue pelo que os outros dizem.
Vou-lhe contar um facto.
Você conhece seu Cipriano Negrão, pai da Maria?
— Puxa! se conheço.
Sou amigo da Zezé e do Chiquinho.
Não conheço homem mais íntegro e de melhor coração. É uma pérola.
— Então, saiba você que ele é grau 33 da Maçonaria.
Quando um católico amigo dele, da sua maior intimidade, soube que ele era maçon me escreveu uma carta:
“Pelo amor de Deus, fale com o Cipriano para deixar a maçonaria.
Os maçons assassinam aqueles que renegam o juramento e comem crianças em rituais de sabá.
Além de tudo, ele se torna um excomungado, sem salvação, condenado irremediavelmente ao Inferno”.
Achei a carta de supina estupidez, mas o facto é que tal amigo nunca mais admitiu que seu Cipriano entrasse na sua casa!
”... No entanto, “Seu” Cipriano, maçon e espírita, era alma que santificava onde punha os pés!
Depois de uma pausa, com muita calma e afectuosamente, Jonas C. prosseguiu:
— ... Espiritismo nada tem a ver com tais feitiços.
O facto de uma pessoa evocar os mortos, trabalhar com eles, usar médiuns, etc. não significa que a pessoa seja espírita.
Desde que o mundo é mundo, os homens mantêm intercâmbio com o Além e, no entanto, o Espiritismo foi fundado faz, apenas, cem anos.
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JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia - Página 3 Empty Re: JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 8:58 am

Se você for ao Haiti verá que lá existe a prática do vodu e os haitianos fazem verdadeiras guerras de despachos.
Conheço padres que têm esse dom de se relacionar com o Além, no entanto, não são espíritas.
Olga Worral vê espíritos e obtém curas psíquicas, de modo que se tomou célebre no mundo inteiro, no entanto é metodista.
A maior vidente contemporânea é Jeane Dixon; no entanto, é catolicíssima.
— Que é ser espírita, então? — perguntou Oswaldo, já seduzido pela lhanura de Jonas C.
— Ser espírita é seguir a doutrina constante das obras fundamentais de Allan Kardec, como o Livro dos Espíritos, o Evangelho Segundo o Espiritismo, o Livro dos Médiuns e outros ensinos que desenvolvem essa linha de ensinamentos elaborados por escritores espíritas credenciados e também provenientes de mensagens do Além, através de médiuns idóneos.
Tais ensinos não foram inventados por Allan Kardec mas, simplesmente, ordenados e codificados por ele, pois, vieram ditados por muitos espíritos de luz e de diversas partes.
O Espiritismo, pois, é uma realidade revelada e pesquisável, mas sem dono.
O Espiritismo tem por base primacial, a caridade.
Daí serem os espíritas muito activos no sector da filantropia.
No entanto, o Espiritismo não possui, como vocês católicos, um credo, ao qual devem se ater, tomando-se quase juramentados.
O Espiritismo é uma doutrina sempre em transformação e aperfeiçoamento. O progresso do espírito é a meta.
— Mas... então, eu não entendo.
Como é que, por toda parte, a gente vê coisas desagradáveis neste terreno?
— Certo que se vê, mas isto não é Espiritismo, mas mediunismo. Ser médium ou possuir mediunidade não significa ser espírita.
Mesmo um facínora pode ter mediunidade.
Dizem alguns que Hitler era médium.
O médium é um instrumento, através do qual os espíritos podem se comunicar.
Mas, se ele não estudou a doutrina espírita e não se evangelizou, pode ser instrumento de forças ignorantes e até mesmo tenebrosas!
O médium, caro Oswaldo, é como um aparelho de TV; tanto você pode ligar para a Nona Sinfonia Coral de Beethoven como para um filme de terror ou então uma chanchada!
Jonas C. abaixou-se junto ao barranco e apanhou com cuidado algumas folhagens e mostrou ao Oswaldo:
— Sabe que é isto? ... É urtiga!...
Oswaldo não quis pegar. Ficou com receio.
— ... pois bem. Você não julgou bem a urtiga.
Ela é considerada a rainha das plantas depurativas, antitóxicas, calmantes e curadoras!
Mas veja isto, aqui — e com outra mão apanhou umas cápsulas redondas espinhudas e de aspecto desagradável.
Isto é carrapicho.
Parece um minúsculo porco-espinho.
No entanto, tem qualidades medicinais e é planta forrageira para animais.
Eis, caro Oswaldo, que você não deve julgar religião ou instituição nenhuma pela aparência e pelo que dizem.
O Imperador Maximiano espalhou pelo Império romano que os cristãos eram antropófagos.
Sabem por quê?
Porque os cristãos pronunciavam aquela frase:
“Tomai e comei, este é o meu corpo, tomai e bebei, este é o meu sangue... ”
E, com isto, ó Imperador desencadeou violenta perseguição, que encontrou simpatia na população, pois quem é que apoia um antropófago?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 8:58 am

PERGUNTAS E RESPOSTAS
Deus proibiu os homens de se comunicarem com os mortos?
— Primeiramente, quem são os mortos e quem são os vivos?
Aqueles nossos irmãos, que passaram para o Além, estão mais vivos do que nós e, geralmente, são eles que nos buscam para transmitir-nos palavras de consolação, dar-nos a convicção da imortalidade e ensinos espiritualistas.
Outras vezes, pelo contrário, eles, os mortos, é que necessitam de nós.
Em suma, o entrelaçamento entre os seres, todos filhos de Deus, não se rompe com a morte.
Terezinha de Lisieux morreu mas continua amando e velando por aqueles que lhe devotam amor.
Seria fazer péssimo juízo de Deus, se acreditássemos que ele permite só aos “demónios” comunicarem-se connosco para nos perderem a alma e não consentisse que os bons e iluminados espíritos chegassem para nos amparar e nos ensinar.
A primeira sessão espírita, na Terra, deu-se no Éden, quando o espírito de Jeová se comunicou com Adão e Eva.
Um Grande Espírito falou directamente, em fenómeno de pneumatofonia, ao primeiro casal!
Por que os adversários do espiritismo sempre citam a Bíblia, dizendo que ela proíbe essa comunicação?
— Porque o versículo 10, do capítulo 18 do Deuteronómio diz:
“Não se achará contigo o encantador, nem o que consulte espíritos ou a um espírito familiar, nem aquele que consulte aos mortos”.
Mas, devemos honestamente indagar o que vem a ser esse Deuteronómio.
É o quinto livro da Torá, isto, a LEI JUDAICA, tanto que a palavra Deuteronómio significa “segundo a lei” e se originou de um discurso pronunciado por Moisés aos hebreus, antes de entrarem em Canaã.
Se neste momento lhe trouxerem uma lei para você cumprir assim redigida:
“Fica proibido pregar a independência do Brasil, sob pena de enforcamento”, que é que você pensará de tal lei?
Verá logo, que ela se refere ao tempo em que o Brasil era colónia de Portugal, pois que, agora, Tiradentes, de vilão, passou a herói e apóstolo da liberdade.
Os tempos mudaram.
A lei que lhe trouxeram, era obsoleta e, ridículo, se alguém pretendesse cumpri-la.
Assim, o Deuteronómio promulgado faz milénios, não foi ditado por Deus, mas estabelecido por Moisés, que era um grande condutor de povo e genial legislador.
Ele não podia legislar de outro modo, em tais condições históricas e culturais, para um povo nómada, ainda não habituado à liberdade, que vivera muitos séculos debaixo da escravidão, no Egipto.
Como se prova que o Deuteronómio é lei absurda?
— Lendo simplesmente a Bíblia.
O versículo que citam, a todo o momento contra o Espiritismo, traz o n.° 10, mas temos de ler os versículos de 1 a 9 e os de 11 para frente.
Se nos lançam anátemas, pelo facto de não cumprirmos essa Lei de Deus, estaríamos dispostos a fazê-lo, se tais fiscais cumprissem-na fielmente.
Então, apanhando apenas alguns versículos, da mesma Lei Deuteronómica, perguntamos:
Por que não cumprem as leis abaixo?
5,12 — “Observa o dia de sábado para o santificares, como Jeová teu Deus te ordenou”
— Nele não farás obra alguma nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu... ”
Nota: Poucas seitas cristãs observam o sábado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 8:59 am

7,1 — “Quando Jeová, teu Deus, te introduzir na terra a que vais para a possuir... então destruirás aquelas nações totalmente... nem terás piedade delas...”
“Devorarás todos os povos que Jeová teu Deus te entregar; os teus olhos não terão piedade deles.. .*
— 20, 14... “porém as mulheres e os pequeninos, tomarás como presa tua..
Nota: Foi a duras penas que atingimos a actual civilização que condena a impiedade na guerra.
Se tua nação exorbita-se, outras se erguem em protesto.
Quanto à escravidão de mulheres e crianças, nem é bom falar.
7, 3 — “Não contrairás com elas matrimónios, não darás tua filha a seu filho, nem tomarás sua filha para teu filho”.
Nota: Uma das coisas mais abomináveis para o mundo contemporâneo é a segregação racial e o racismo.
12,16-27 — “Tão somente não comerás o sangue; derramá-lo-ás como água sobre a terra.
— “Oferecerás os teus holocaustos, a carne e o sangue, sobre o altar de Jeová teu Deus...”
Nota: Repugnar-nos-ia, hoje, colocar carne e derramar sangue de animais num altar, em qualquer Igreja.
Converteríamos um templo em açougue?
“Dentro das tuas portas não poderás comer: ... os primogénitos do teu gado ou do teu rebanho, porém, as comerás diante de Jeová teu Deus, no lugar que ele escolher...”
Nota: O mundo cresceu muito.
Se hoje tivéssemos de comer, perante Deus, a primeira cria das vacas, centenas de milhares de bezerros teriam de ser levados aos templos e, ali, convertidos em churrasco.
“Se se levantar de ti profeta ou sonhador de sonhos, e te mostrar um milagre ou prodígio, e suceder o milagre ou o prodígio, de que te falou... esse profeta, ou esse sonhador de sonhos será morto.”
Nota: A Parapsicologia admite a precognição e tais pessoas dotadas são reverenciadas pelos pesquisadores e ninguém os mata ou esfola.
Aliás, Deus não tinha dito: “Não matarás”?
- “Se teu irmão, teus filhos ou teus amigos concitarem servir deuses desconhecidos, não o ouvirás e o teu olho não terá piedade dele.
A tua mão será a primeira contra ele para o matar, e depois a mão de todo o povo, apedrejando até que morra...”
Nota: Uma das grandes conquistas da humanidade é a liberdade de crença, constante de quase todas as Constituições.
Se, hoje, tivéssemos de apedrejar até à morte os que nos trazem livros, mensagens e convites religiosos, seríamos supinamente bárbaros.
13,14... — “Se vierem, também, concitar na cidade conquistada a servir outros deuses: ferirás os habitantes daquela cidade a fio de espada, destruindo-a completamente e bem assim tudo o que nela há, até os animais.
Ajuntarás todo o despojo dela no meio da sua praça, e queimarás a cidade e todo o seu despojo como oferta inteira a Jeová, teu Deus.”
Nota: Ninguém, por mais pervertido que fosse, admitiria que, por causa de religião, se praticasse tal crueldade.
14, 7, 8 — “Não comereis o porco, porque tem a unha fendida, porém não rumina, esse é imundo para vós.
Não comereis a carne destes animais, nem tocareis nos seus cadáveres.”
Nota: Um dos pratos mais disputados nas churrascarias e restaurantes actuais é o lombo de porco e a linguiça desse animal e não me consta que cristão algum o rejeite porque Moisés proibiu.
15, 6... — “Porque Jeová teu Deus te abençoará como te prometeu; emprestarás a muitas nações, mas não tomarás empréstimos; dominarás sobre muitas nações, porém, elas não dominarão sobre ti.”
Nota: As relações financeiras internacionais actualmente se desenvolvem sem observar estes preceitos de Moisés.
Não sabemos de nenhuma nação cristã que se negue a receber empréstimos estrangeiros, por causa do Deuteronómio!
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 9:00 am

15,12... — “Se te for vendido um teu irmão hebreu, servir-te-á seis anos e no sétimo ano o deixarás ir livre.
Se vencido este prazo, ele espontaneamente não quiser deixar a tua casa, “tomarás uma sovela e furar-lhe-ás a orelha e ele ficará teu escravo para sempre .
Nota: Hoje, não existe mais escravidão e não se vende ninguém a ninguém.
Muito menos se fura orelha de uma pessoa, para assinalar propriedade.
21.1.. . — “Se for achado um morto caído no campo,
- sem que se saiba quem o matou, sairão os teus anciãos e juízes... apanharão uma novilha, levá-la-ão a um vale e quebrarão o pescoço da novilha”.
Nota: Veja-se só de que tempo é o Deuteronómio!
Se em cidades como Nova Iorque, Paris, Londres, Tóquio e São Paulo, utilizassem esse processo para cada pessoa que encontrassem assassinada, imaginem o número de novilhas com pescoço quebrado!
21.18.. . — “Se um homem tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai nem a voz de sua mãe e ainda que o castiguem, não lhes der ouvidos, pegarão nele e o levarão aos anciãos da cidade e à porta de seu lugar e... então, todos os homens da cidade o apedrejarão até que morra.
Nota: Não nos consta, que pai ou mãe, ciosamente bíblicos, matem a pedradas os seus filhos rebeldes.
22, 21 — Se uma mulher recém-casada for acusada pelo marido de não tê-la encontrado virgem e não houver prova em contrário, “tirarão a moça até a porta da casa de seu pai, e os homens da cidade a apedrejarão, até que morra...”
Nota: Não nos consta que, hoje, se adopte este método tão drástico e poucos pais consentiriam nesse apedrejamento, incrivelmente desumano.
22, 5 — “A mulher não trará traje de homem, nem
o homem vestirá o vestido de mulher, porque aquele que faz estas cousas é abominável a Jeová teu Deus”.
Nota: Actualmente, mesmo em colégios católicos e protestantes, as moças usam calça comprida.
23, 1 — “Não serão admitidos na comunidade de
Jeová aqueles cujos testículos forem mutilados e cujo sémen for deficiente”.
Nota: Sem comentários, parecendo hitlerismo puro.
23, 2 — “O fruto de uma união ilícita não será admitido na comunidade de Jeová, nem na décima geração entrará”.
25, 11 - Nota: Os filhos bastardos são filhos de Deus como todos os demais e essa Lei exigia que fossem castigados, por crime que não cometeram, durante dez gerações!
— “Quando brigarem dois homens, um com o outro, e a mulher de um se chegar para livrar o marido daquele que o fere, e estender a mão e lhe pegar pelas suas vergonhas, decepar-lhe-ás a mão, o teu olho não terá piedade dela”.
Nota: Sem comentários, pelo aspecto ridículo dessa legislação.
(Extraídos os versículos da Bíblia Sagrada da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira de Londres e Bíblia Mais Bela do Mundo — Ed. Abril, a primeira de inspiração protestante e a segunda, católica)
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 9:00 am

Capítulo XI - A LUZ COAGULADA
Estranhamos que a aula tivesse sido transferida da biblioteca para a edícula, no fundo da residência.
Havia ali um quarto pequeno e cozinha, com fogão, geladeira e pia.
— Não julguem que os convidei para fazer-lhes surpresa e apresentar alguns quitutes ou iguarias de alta culinária.
Na verdade, nunca consegui fritar um ovo.
Simplesmente, estamos aqui, por causa do fogão e da geladeira.
Vamos fritar água e fazer filé de gelo — disse brincando Jonas C.
Divertimo-nos com a tirada, mas ficamos, ao mesmo tempo, intrigados.
Jonas C. pediu à Martinha que tirasse da geladeira uns cubos de gelo e pediu a Pixoxa que lhe trouxesse, de dentro da casa, uma vasilha de pirex, que fosse, pois, transparente e que pudesse ser levada ao fogo.
Enquanto se tomavam as providências, ele começou a dissertar:
— O homem perdeu o gosto pela filosofia, enquanto os antigos abusaram dela.
Mas, filosofar gostoso não é saber o que Platão disse, Plótino considerou, Aristóteles pontificou, Kant alinhou, Hobbes, Bergson, Heckel e Comte sugeriram.
Filosofar não é coleccionar pensamentos filosóficos, casando-os ou jogando uns contra outros, à maneira de crítico literário.
Acho, sim, que o homem tem simplesmente de aprender a pensar fora 'do utilitarismo, do prático e do trivial.
Olhar um cavalo e não pensar no cavalo como um animal que serve para a cavalaria do exército.
Mas, com uma outra vista, penetrar lá dentro, numa outra realidade do ser, indagando que é um animal e daí quem é o homem e do homem quem é Deus?
Numa rosa não ver simplesmente a flor, mas retirar-lhe a forma física e chegar a algo, assim, que, por detrás dela, deseja exprimir a beleza.
Ela é uma manifestação de beleza.
Mas quem está desejando exprimir beleza?
E de que forma essa beleza consegue chegar até os sentidos humanos?
O homem mergulhou a cabeça nos objectos sólidos e, em si, ressuscitou o antigo “homo habilis”, que vagueava na Terra, milhões de anos passados e passou a não perguntar mais de onde veio, onde está e para onde vai.
Ele, o homem, tomou-se já cibernético, isto é, um robô montado pela nossa actual cultura.
E nossa actual cultura é exclusivamente mecanicista e utilitarista.
Evidente que isto nos empobrece o espírito. Sentimo-nos sempre degustando torrões de terra e cheirando fumaça...
— Também — continuou Jonas C. — o Universo dia a dia aumenta de tamanho.
Quanto mais cresce o alcance do telescópio, maior o Universo se toma.
Logo, a nossa Terra que era o centro do Universo virou grão de poeira.
E por que Deus, pessoalmente, viria se agastar com Adão e repreender, pessoalmente, um tal de Caim?
Armar ciladas para o Faraó do Egipto, endurecendo-lhe o coração?
Será que noutros milhões de planetas habitados que existem no espaço, segundo cálculos de astrónomos, Deus teria, também, mandado seu filho único (unigénito) para derramar na cruz o seu sangue a fim de aplacar a sua própria ira contra a humanidade, lavando o pecado original, sanguinolentamente?
Gostaríamos de ver todas as religiões triunfantes e que as naves dos templos se enchessem de jovens entusiastas e que, na Índia, na Arábia, na África, cada religião voltasse a florescer.
Mas não há nenhuma árvore, por melhor que seja, que resista à acção do tempo e à fatalidade do envelhecimento. Importa que haja replantio.
Sentimo-nos tristes em ver que o ateísmo avança.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 9:00 am

Cobriu toda a Rússia, espraiou-se pela imensa China, dia a dia, caminha na índia legendária, berço de Siddártha Gautama, de Krishna e das mais altas expressões espirituais do mundo, penetra até mesmo dentro da própria Itália.
E, se considerarmos que os que se dizem cristãos ou de outras religiões não produzem fruto algum espiritual, mas ato de materialismo torpe, eis que importa descobrir onde erramos.
Daí que o Espiritismo se oponha ao imobilismo, pois, Allan Kardec codificou os ensinos dos espíritos transmitidos por médiuns de todas as partes do mundo, instruiu os espíritas que, tão logo, se certificassem de que um ensino estivesse em desacordo com os conhecimentos científicos consolidados, modificassem-no.
Leon Denis, o maior dos seus filósofos, no Congresso de Paris, acentuou o aspecto do Espiritismo, como grande síntese dos conhecimentos, abrangendo a ciência, a filosofia e a religião.
Não, meus filhos.
Não há mais possibilidade de a religião afirmar uma coisa e a ciência provar outra.
O Espiritismo veio sobretudo, para acabar com o milagre igrejeiro, dando-lhe explicação racional.
Essa explicação importa, muitas vezes, em considerar a existência de outras leis em nível hiperfísico, espirítico ou ainda desconhecido.
O que hoje está oculto, amanhã será revelado.
O espírito não é algo, assim irreal e incognoscível, mas algo tangível, realíssimo e feito de substância. Espírito é coisa.
Quando ele deixa o corpo físico, na morte, se constitui de átomos psíquicos ou espirituais.
E, para provar isto, os próprios espíritos se materializam e têm-se materializado em muitos lugares.
Muitas aparições, pois, recobertas antes pelo misticismo e “santificadas” são esclarecidas à luz da nova Ciência-Religiosa.
Teilhard de Chardin, jesuíta, que se dedicou à paleontologia, profundo e magnífico pensador, sentiu isto tudo e disse que o mundo, mercê de ideias retrógradas, ficou parado séculos mas que, com a luneta de Galileu, esquadrinhando o céu, positivando o heliocentrismo, começou a mover-se de novo.
Com a tremenda pressão clerical e o misticismo emperrador, a ciência parou e a humanidade viveu centenas de anos no obscurantismo.
O que os homens faziam era apenas esforço hercúleo para comprovar a verdade revelada na Bíblia e lhes era vedado descobrir algo que contestasse a “Palavra de Deus” sob pena de serem queimados vivos como hereges.
Por outro lado, essa ignorância tornava-se agressiva e ostentadora.
Tendo necessidade de conservar aquelas verdades religiosas e o autoritarismo delas resultante, o direito impressionante de ligar e desligar, abençoar ou amaldiçoar, perdoar ou castigar, elevar ou rebaixar, possuir sem pagar, representar a divindade com exclusividade absoluta, eis que as religiões tiveram de atacar e destruir os focos de contestação.
Daí as sanguinolentas guerras santas.
Em nome de Jesus, realizaram as cruzadas, quando Ele era o Príncipe da Paz, Aquele que nos ensinara que o mandamento principal era amar o nosso semelhante e que não alcançaríamos o reino dos céus se tivéssemos a mínima rusga com o nosso irmão!
Talvez, sentindo todas as inconveniências da autoridade que se transforma em imperialismo dominante religioso, o Alto, em meados do século XIX, ensaiou uma nova forma de revelação religiosa.
Não desceu, na Terra, um Arauto, que pudesse receber um nome, mas, por todos os cantos do orbe, surgiram médiuns, através dos quais novas verdades começaram a ser transmitidas.
Estes estranhos pregadores eram simplesmente espíritos que passaram a nos mostrar onde estavam, como viviam, de onde tinham vindo e para onde esperavam ir.
Um ou outro, que tinha vivido na Terra com nome santo ou como intelectual começou a explicar os textos principalmente do Evangelho que o Divino Mestre nos tinha deixado.
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JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia - Página 3 Empty Re: JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 9:01 am

Esses médiuns não tinham realce e, pessoalmente, nenhuma importância.
A maioria não ficaria na história.
O Alto estava já cansado de ver as criaturas simples, que escolhera na Terra, para esparzir a Boa Nova, se transformarem em ícones e anjos.
Por isso, dificilmente sabemos através de que médium, em que hora e em que dia, se deu tal ou qual comunicação revolucionária.
Nenhum Templo lhes guardará a estátua e ninguém se ajoelhará diante dela.
Aquele que foi escolhido para codificar ou coordenar tantas pequenas mensagens, bem como fazer as perguntas, não devia ter cheiro de santidade, nenhum traço de profeta, nada a ver com um Guru oriental e muito menos o prejuízo de um “baba” místico, escondido num ashram.
Hippolyte Leon Denizard Rivail era o seu nome e a sua qualificação: um despretensioso professor e pedagogo.
Nunca o Alto havia escolhido um professor para importante missão religiosa.
Mas o Alto, também, aprendera que os reveladores e os seus escribas tinham o mau hábito de tecer histórias em torno do ensino simples dos arautos, utilizando-se linguagem geralmente simbólica prejudicial.
Esse homem, o Prof. Rivail, chamar-se-ia, depois, Allan Kardec, pseudónimo alusivo a uma vida pregressa na qual fora sacerdote druida.
Ele, que fora discípulo do emérito educador suíço Pestalozzi e auxiliar deste, bem como autor de muitas obras didácticas, seria o escolhido para a tarefa de disseminar uma nova “Boa Nova”: o Espiritismo.
O critério de escolha pelo Alto deu certo, pois, Allan Kardec usou a linguagem didáctica, clara e objectiva para explicar os mais profundos mistérios que existem entre o céu e a terra.
Ficamos sabendo, através dele, que o Universo é incomensurável e que bilhões, triliões de planetas existem habitados.
Uns mais atrasados e outros iguais e muitos mais adiantados do que o nosso; que as almas não são criadas quando os bebés nascem, mas elas já existiam antes, umas superiores outras inferiores, inteligentíssimas ou medíocres, vibráteis como artistas ou insensíveis como brutos, boníssimas, neutras ou perversas, opacas ou brilhantes, vindas da noite dos tempos, edificadas, cada qual, vagarosamente partindo de um princípio simples, que foi evoluindo; que Deus não criou o mundo como quem no teatro encena uma peça:
“Adão e Eva, no Paraíso” e que, depois, Ele assume a posição de Director atrabiliário, zangando-se com Eva, lastimando porque não interpretaram o papel direitinho e mais tarde enxotando-os do palco; mas que tudo está há biliões de anos evoluindo de nebulosas iniciais e de matérias primordiais que se tornam astros ou seres; que estes seres simples, a princípio, se sujeitaram a transformações e com eles a psique, desejosa de alcançar estágios avançados.
Com isto, o palco da vida se nos mostrou profundo e a própria vida, por mais insignificante, se nos revelou valiosa para um grande fim.
Sobretudo, esse professor Rivail nos transmitiu um método religioso absolutamente revolucionário, com o qual ninguém sonharia.
Antes dele, Religião era uma coisa: Ciência, outra.
A Religião chegava a se orgulhar de crer no absurdo justamente por ser absurdo.
No Credo básico do Ocidente, os mortos ressuscitariam com os seus próprios corpos no dia do Juízo Final, não importava que a ciência demonstrasse que os átomos do corpo de Torquemada, já teriam se convertido em pimenta do reino e o de Teresa de Ávila em formoso cravo de jardim.
De nada valia a ciência demonstrar a impossibilidade de todos os animais do mundo serem transportados na Arca de Noé; tampouco que pudesse o sol parar para o povo eleito batalhar e ganhar uma guerrinha insignificante.
Religião era religião, ou seja, a “Palavra de Deus” e que devia prevalecer acima de qualquer juízo ou pensamento lógico.
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JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia - Página 3 Empty Re: JONAS C. e os jovens / M. B. Tamassia

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 9:01 am

A humanidade assim tinha de estar cindida: de um lado, aquele impulso que há, dentro de toda criatura, de ligar-se a Deus, pela religião e, de outro, negar todos os dias os ensinos dessa religião, em virtude das consecuções científicas.
Aquilo que se pregava na Capela de uma Faculdade era, daí a uma hora, completamente negado no laboratório e na sala de aula da mesma instituição.
Quando, sequiosos, os homens honestos, sinceros, desejosos de crerem indagavam acerca do espírito, de sua origem, a razão do ser, do destino e especificamente da dor, não havia resposta satisfatória.
Atribuía-se ao “mistério” e à “salvação”.
Homens passavam arrastando-se no chão, como bichos, completamente deformados, oferecendo um bilhete de loteria.
Tinham, coitados, nascido assim?
Por quê? Outros eram sãos, belos e cheios de sucesso.
Por quê? Este, desde tenra idade, era portador da epilepsia e caía no chão em contorções e esgares, enquanto o seu irmão era campeão de halterofilismo e trazia no peito muitas medalhas de marcas atléticas conquistadas.
Por quê? Muitos homens que eram sensíveis, diante dessa “injustiça divina”, se revoltavam e se tomavam ateus.
Além do mais, a humanidade vivia vergada ao peso de cesarismo frio e cínico, que mantinha uma corte pomposa, cujos áulicos tinham, nas casas de oração, os melhores lugares, usufruíam a protecção permanente de todos os anjos e santos.
Tal poder discricionário era consagrado e explicado como decorrente de Deus, transmitido geneticamente de geração a geração.
Os gemidos dos que trabalhavam noite e dia, nas condições mais infectas, sem nenhum direito, como entes segregados de participação na riqueza que eles próprios geravam, sem tecto, sem lume, sem agasalho, sem educação, também provocaram revoltas nas criaturas que confundiam isto como fruto de Deus e, então, tudo fizeram para tirar completamente Deus dos corações.
Ai, porém, dos que conseguiram mistificar com o nome do Cristo e o nome do Pai, semeando a guerra, ao invés da paz; a crueldade, em lugar da piedade; o egoísmo devorador, avassalador, ambicioso, tornando-o um direito dos mais fortes, amesquinhando o homem e convertendo Deus num sátrapa oriental.
Através de Allan Kardec, Deus foi reinstaurado na sua posição, insensível ao incenso e à mirra.
Deus nunca poderia ser um barganhador de mercado, a quem davam, em holocausto, nos antigos templos, um novilho, um cabrito e três pombas, cheirando a churrasco, para lhe agradar as narinas, enquanto Ele, qual pontífice, em troca, lhes dava protecção integral, nas batalhas e na violentação dos direitos dos povos mais fracos.
Agora, com Kardec, tudo se esclarecia.
Deus era a Lei e o Amor.
E os seus pensamentos se tornavam estrelas e planetas e, nestes, a vida surgia, através destas mesmas leis naturais.
Kardec, assim, mostrou que não pode existir nada que não seja natural.
Todos aqueles milagres mirabolantes, nos quais as crenças tinham se sustentado ou eram falsos ou se explicavam naturalmente.
O mar se abrira para que os israelitas fugissem à perseguição dos exércitos egípcios, o que se dera, em virtude, de fenómeno natural da maré, que sobe e desce, ou haveria alguma outra explicação em nível hiperfísico ou espirítico.
Por outro lado, as religiões tinham abusado demais da palavra sobrenatural.
A própria origem das religiões era quase sempre sobrenatural.
Aquilo que ocorria em seus ritos tinha a marca da sobre- naturalidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 9:01 am

Neste ponto é que se deu a mais original revelação religiosa de todos os tempos!
Tendo o prof. Rivail sido convidado para ver o fenómeno das mesas girantes, mesas que se levantavam e davam sinais, respondiam às perguntas formuladas, revelavam bom ou mau humor, ele não teve a leviandade dos que brincam com coisas sérias.
Descobriu que, atrás daqueles movimentos, havia uma inteligência.
Pediu a essa inteligência que se qualificasse.
Ela disse:
“Sou o espírito de um homem, que já viveu na Terra”.
Que deseja?
“Comunicar-me”.
E, eis a génese de uma nova filosofia, de uma nova ciência e de uma nova religião.
O espírito, então, foi tomado não como algo sobrenatural, mas natural.
Ele, o espírito, pertencia a uma das potências da natureza.
Em condições especiais, esse espírito podia comunicar-se com os vivos na terra.
E, então, que coisa espectacular pode nascer, no mundo, de juízos simples como ocorreu com a maçã de Newton.
Os factos ditos sobrenaturais arrolados em todos os livros sagrados, na vida dos santos, se constituíam de interferência desses espíritos no campo humano.
O vegetal pode interferir no mineral e uma rocha sente que as raízes, para ela, sobrenaturais, vão abrindo-a e a rompendo em sua rígida estrutura.
O espírito pode actuar nos seres vivos e estes, não sabendo explicar, julgam estar acontecendo-lhe algo milagroso ou sobrenatural.
Aos três reinos da Natureza, Kardec juntava mais um:
o reino dos espíritos. Havia descoberto o mundo dos Espíritos.
Os três reinos se intercomunicavam com esse quarto, o espirítico, que era o mais importante.
Nada morria e não havia o inser-vível.
Daí que, no dia do sepultamento de Allan Kardec, o grande astrónomo Camille Flamarion, tivesse feito o panegírico, dizendo:
“Passou o tempo dos dogmas.
A Natureza abrange o Universo e o próprio Deus feito outrora à imagem do homem, a moderna Metafísica não pode considerar senão como um Espírito na Natureza.
O sobrenatural não existe*.
O Alto programara, bem, a Nova Revelação, porque, doravante, a Religião não guerrearia a Ciência.
Quando a Ciência avançasse, a Religião avançaria com ela e vice- versa.
Não poderiam existir duas verdades.
Evidente que o alcance da fé, sendo ilimitado, pudesse estar lá adiante, sustentando o homem diante do incognoscível que sempre existiria, porque saber tudo, ter ciência de tudo, só mesmo Deus.
As palavras afluíam aos lábios de Jonas C. em catadupas.
Ele que se nos mostrava sempre muito frio e lógico, agora era outra pessoa.
Parecia tomado por uma outra personalidade hábil na oratória, coisa que Jonas C. detestava.
As suas palavras eram quentes e apaixonadas, ele, justamente, que condenava toda paixão e ardor.
O Espiritismo explicava muito bem essa actuação, que se convertia em estro, inspiração e habilidade, como estado de hemitranse.
Ele parou um pouco e continuou:
— Eis, meus filhos, o que é o Espiritismo que o mundo desconhece.
Ê a Doutrina mais apropriada ao nosso tipo de civilização, mormente ocidental.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 19, 2019 10:07 am

A sua força reside no fato, no fenómeno, na evidência.
Ninguém lhes permitirá um exame na pedra negra da Kaba ou na verificação da chamada transubstanciação da hóstia.
O Espiritismo tem a originalidade de ser religião experimental, admitindo a pesquisa, a dedução, a indução e todos os meios de aferição da realidade.
Hoje, que a ciência ou paraciência se volta para a análise dos efeitos paranormais, trilha o caminho da caça ao “não-físico”, quer queira, quer não, acabará conduzindo os seus alunos ao Espírito.
Já não existe mais matéria, mas átomos e, dentro destes, encontramos quase uma centena de partículas elementares!
Com razão, dizerem estes espíritos, através de humildes médiuns:
“Qualquer aprendiz de ciência elementar, no Planeta, não desconhece que a chamada matéria densa não é senão a energia radiante condensada.
Em última análise LUZ COAGULADA, substância divina, que nos sugere a omnipresença de Deus”.
Jonas C. parou e começou a repetir: — “Luz Coagulada” — que expressão feliz, linda e verdadeira!
Tudo que tocamos e que nos envolve é a coagulação da luz.
Brigamos uns com os outros, dizendo que isto é tal coisa, aquilo não é.
Na verdade os nossos sentidos nos mentem.
Nossos olhos, nossos ouvidos, nosso tato foram adaptados à percepção de certa quantidade de vibrações.
Uma enormidade de sons continua existindo, sem que percebamos.
Então, somos cegos e surdos para muita luz e sonoridade.
E muito mais cegos e surdos para o que se passa em níveis psico-energéticos não captáveis pelo nosso sensório.
Daí que a Parapsicologia dê o nome de percepções extra-sensoriais.
No entanto, isto que os sensitivos captam diante da realidade que se estende sem fim, em remontagens, até o habitat dos espíritos e deste até às moradas angélicas e, daí, até Deus!
O mundo transcendental é tão ou mais verdadeiro do que este.
Vocês estão sentados na cadeira e julgam-na uma realidade incontestável.
E vocês só crêem na cadeira.
E como podem desmontar a cadeira, triturá-la e submetê-la ao microscópio electrónico, vocês elegem isto como sendo a única coisa científica, positiva e real.
Para saber, constroem grandes universidades, mobilizam ingentes esforços e meios pecuniários.
No entanto, vocês estão sentados numa ilusão.
A cadeira, no entanto, não existe.
Existe uma acomodação estrutural de átomos em forma provisória de cadeira.
Nem mesmo de átomos, porque o átomo é uma estrutura, também, electromagnética provisória.
Na verdade energia condensada.
Vocês, pois, estão sentados numa cadeira energética, não sólida!
Com instrumento adequado, verificariam ser transparente e vazia, porque o átomo tem mais espaço vazio do que cheio.
E, nessa cadeira da ilusão em que estão sentados, vocês também são uma ilusão!
Uma ilusão se acomoda noutra ilusão.
E é isto que vocês juram ser a única verdade.
Jonas C. pegou o “pirex” e encheu-o de cubos de gelo.
Eis como os nossos sentidos nos iludem.
Tomou um cubo de gelo e bateu com força num pedaço de vidro plano.
Este estilhaçou-se.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 19, 2019 10:07 am

Todos nós levamos um susto.
— Eis algo que vocês jurariam ser sólido.
Além de sólido, gelado e, além de gelado, liso.
Pois bem, agora vou levar o pirex ao fogo...
Gentilmente Bia, muito prestativa, acendeu a chama e desempenhou o papel de cozinheira de gelo.
O gelo rapidamente foi se derretendo.
Em poucos minutos, a vasilha estava cheia d’água.
— Vocês não estão mais vendo o gelo sólido.
Essa realidade sumiu da visão de vocês, como se nunca tivesse existido.
Vocês estão vendo água e, um mundo assim, vocês jurariam ser aquoso.
Esperem um pouco.
Vou levar a vasilha ao fogo novamente...
A água começou a borbulhar.
Rápido chegou ao grau de ebulição.
Foi a água sumindo, sumindo.
Subia da vasilha uma névoa gasosa.
Até que não havia mais nada.
Tudo tinha se transformado em vapor e sumido.
— Eis — disse Jonas C. — a nova realidade.
Se vocês fossem feitos de vaporzinho, poderiam dizer, que o universo era vapor.
No fundo, porém, a “realidade” é apenas uma substância que permanece impressionando os nossos sentidos de maneira condizente com o nosso sensório.
— Que quer dizer isto? — indagou Pixoxa.
— Quer dizer que inumeráveis esferas vivenciais existem, além desta esfera sólida chamada Terra.
Cremos, demais, no sólido porque ele corresponde àquilo que somos.
Mas, além do sólido, a luz criadora se manifesta de mil e um modos.
Aqui é molécula de cálcio, mas, lá adiante, revela-se como um eléctron, até que, atrás de tais partículas, encontramos expressões mento-energéticas, isto é, algo que é mental e energia ao mesmo tempo.
Os parapsicólogos chegam a entusiasmar-se, por terem descoberto forças mentais psicocinéticas, isto é, que podem mover objectos à distância!
Sem dúvida já é um passinho a caminho da Luz.
No entanto, importa caminhar, ir para frente.
Adiante terão de encontrar outros mundos constituídos de atomicidade diferente até àqueles psico-energéticos ou fluídicos.
É o símbolo do mundo-vapor que vocês viram.
Os cientistas começam já a aceitar os universos paralelos.
Aqui, dentro desta cozinha, poderia existir, noutra dimensão, um jardim ou talvez um pedaço de templo majestoso, onde, um mestre de indizível saber estaria também ensinando outras verdades a seus alunos, verdades tão adiantadas em relação a estas nossas conjecturas, que seríamos ali, menos do que tupiniquins, ouvindo uma explicação de teoria da relatividade de Einstein!
No fundo eu me sentia gratificado, por aquela importante peça que Jonas C. assim pronunciara baseada em explicação concreta.
Ele tinha mesmo razão.
Nós, homens, não sabíamos pensar.
Tinham secado as fontes da nossa inspiração.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 19, 2019 10:08 am

José Ricardo, parente de Jonas C., que se encontrava presente, tendo vindo especialmente para ouvi-lo, perguntou:
— Eu tenho lido em André Luiz sobre a existência de outros planos espirituais, principalmente o chamado “Nosso Lar”.
Outras obras espíritas, como “Raymond” e “Vida Além do Véu”, aquela do cientista Oliver Lodge e esta de um reverendo G. Vale Owen, nos trazem tal revelação.
Não bastasse isto, um grande cientista e místico, considerado um dos homens mais representativos da humanidade, chamado Swedenborg, chegou a escrever muitas obras, no século XVIII, através das quais dizia visitar tais planos, saindo fora do seu corpo.
E o notável é que aquilo que ensinava condiz, em grande parte, com o que os espíritos nos falam hoje.
No entanto, Jonas C., eu tenho enorme dificuldade de entender, como num plano espiritual, possam existir casas, animais, plantas, veículos, etc.
Jonas C. respondeu:
— Antes de tudo, os meus parabéns pela erudição que está demonstrando.
Mas... isto se situa dentro da relatividade.
Ele chegou até a parede e bateu nela com força fazendo enorme barulho.
E acrescentou:
— Se eu quiser atravessar a parede, darei uma testada e cairei no chão, sem sentido.
A parede é sólida e eu sou sólido.
No entanto, podem existir seres hiperfísicos, portanto, além do físico, que poderão transpor essa parede.
E a parede não lhes pareceria física.
E isto temos verificado em muitas experiências espiríticas, em que uma entidade espiritual transpõe um obstáculo sólido!
A Parapsicologia e a antiga Metapsíquica arrolam muitos casos comprovados desta possibilidade.
— Interessante como vocês, espíritas, conseguem levar para o terreno para científico (que ultrapassa a ciência oficial) coisas até de assombração.
Creio mesmo que vocês, ao invés de exorcizarem um fantasma materializado, como faria um Bispo, que se prezasse, desejariam ligar- lhe um electroencefalógrafo — falou admirada a professora universitária Aglair, que estava presente como convidada.
— Certo que temos tentado e Richet, Prémio Nobel de Fisiologia, fez o fantasma materializado de Bien Boa soprar num tubo de barita.
Mas não podemos nos perder em considerações colaterais.
Eu desejava apenas levá-los a compreender que, se o homem fosse feito de fumaça, ele se sentaria confortavelmente numa cadeira de fumaça.
Assim ocorre em tais planos espirituais, pois um espírito sente outro espírito como se fosse tão sólido quanto a rocha é para nós. Funciona, aqui, um princípio de relatividade.
Eu julgava que Jonas C. tinha concluído a sua explicação, mas, estando diante de tuna professora catedrática, penso que entendeu alargar-se em considerações :
— Além do que, querida Aglair, você, com toda a sua bagagem na Biomédica, vai ficar pasmada diante do que vou lhe dizer.
Tais planos a que chamamos "espirituais”, que se seguem a este mundo físico, não são puramente espirituais.
Os espíritos que habitam esse lugar, no Além, chamado “Nosso Lar” possuem um corpo que ainda é estruturado em átomos ou corpúsculos e essa atomicidade corresponde àquela de tudo que compõe a natureza daquele habitat.
Esse mundo, pois, para os seus habitantes, ditos espíritos, é natural.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 19, 2019 10:08 am

A diferença reside no facto de que a sua natureza peculiar se revela em nível diferente do nosso, mais subtil, mais diáfano e imponderável.
— Como se construiriam as casas, ali? — intercedeu objectivamente Oirâm, que estudava arquitectura, talvez interessado em melhorar os projectos terrenos tão amarrados a tantas limitações da matéria.
— Não temos possibilidades de saber se a palavra “casa”, que o médium transmite, quando André Luiz dita, corresponde àquilo que serve àquelas entidades para residência ou reunião permanente com os seus afins.
Se a palavra “Bauru”, no sul, significa tuna coisa e no Norte outra, imagine se podemos confiar nas palavras.
Mas, o facto é que, mesmo na Terra, a casa nasce de uma ideia, portanto, imaterial.
Primeiramente, o arquitecto pensa, processo este puramente espiritual.
Traça, depois, a casa em riscos, que são simplesmente a duas dimensões, a que chamamos de projecto.
Somente, depois, o projecto se converte em construção, fase, pois, de materialização da ideia (espiritual).
Mas nesta fase, tem o construtor de lidar com pedra, ferro, alumínio, zinco, tijolos, areia, cal, etc., como se vêem, materiais duríssimos, pesados e inflexíveis, que exigem ferramentas, também, de aço e ferro para enformá-los e dobrá-los.
Enquanto isto, no plano hiperfísico, como o “Nosso Lar”, a matéria existente é leve e de incrível plasticidade.
Entre o pensamento e a execução, quase que não há intervalo.
Marisa, muito estimada de Jonas C., estudiosa e observadora, procurou colaborar na exposição:
— Eu já li em certas obras que a natureza lá é tão sensível que as flores se iluminam ou fenecem, segundo a elevação da pessoa que passa rente às mesmas.
A psique facilmente afecta a natureza.
— Certo, e isto mostra que, ao contrário do que se passa, na Terra, onde o criminoso vive junto com o santo, ali não pode dar-se isto.
A população deve ser mais ou menos homogénea.
Os que habitam o plano A possuem uma aura mais ou menos semelhante; assim sucede com os do plano B.
Daí que se use a expressão esfera para designar tais faixas.
Mas não podíamos dizer que existe sete, nem mil esferas, pois é característica de Deus gerar em profusão, como faz com a fisionomia do ser humano.
Tais faixas, para não usar a palavra esfera, de sabor esotérico, não podem ser rompidas facilmente por aqueles que não pertencem às mesmas.
— Quer dizer que espíritos inferiores não poderiam destruir planos espirituais elevados? — perguntou outro culto ouvinte, Dr. João Muniz.
— Evidente que não.
Eles só conseguem se aproximar quando são faixas contíguas, como ocorre na T.V., quando uma estação interfere na outra.
Deus é sábio e os planos não ficam se perturbando, entre si.
Rildo Benzi, dedicado seareiro do Espiritismo e muito estudioso da matéria, obtemperou empolgado:
— Fantástico isto. Como Deus preservou o que evolucionou, para que não volte para trás.
Assim, no mundo físico, nós, habitantes da Terra, não encontramos meios de ir perturbar outros planetas habitados.
Eles foram colocados bem longe do nosso instinto de destruição...
Não tivesse Deus sido previdente, as civilizações planetárias não progrediriam.
Logo, estaríamos desembarcando em outros planetas e reduzindo tudo a cinzas.
Havia algo importante que; a meu ver, não tinha sido esclarecido.
Como a aula chegara a um retrospecto filosófico e histórico, referente às religiões até a nova religião, a espírita, eis que faltava que se esclarecesse “para onde iríamos quando morrêssemos e de que forma?”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 19, 2019 10:08 am

Essa pergunta, eu não cheguei a fazer. Jonas C., cuja capacidade de captar o pensamento dos outros, era coisa de outro mundo, acrescentou:
— As religiões sempre realizaram ritos e serviços funerários para encaminhar a alma para certos reinos.
Na Igreja, mesmo actual, encomenda-se a alma e se realizam cerimónias de sétimo dia.
De modo contrário, o Espiritismo ministra ensinamento lógico e um tanto científico.
O espírito vai aonde tem de ir, segundo o seu peso específico, isto é, a sua própria natureza.
Você soltando o hidrogénio para onde ele vai?
É o mais leve dos corpos e subirá e se expandirá.
Se você soltar, no espaço, um pedaço de ferro, que ocorrerá?
Irá para baixo até bater no solo.
Jonas C. pediu que lhe trouxessem uma jarra de vidro transparente cheia d’água.
— Prestem a atenção.
Vamos fazer de conta que esta água é aquilo que vocês conhecem por Além.
Agora, vou jogar nela corpos de diferentes pesos específicos.
E, realmente, ali jogou um chumbo que foi ao fundo; um graveto que ficou à meia distância do fundo; uma cortiça com alguns corpos estranhos que ficou suspensa quase na superfície e, por fim, uma penugem de passarinho que ficou nadando na superfície.
— ... Eis o que nos sucede.
O espírito animalizado, grosseiro e denso é pesado e arrastado a zonas inferiores do Espaço-Além.
O espírito já um pouco esclarecido que age mal, mas gostaria de ser diferente, não chega às zonas inferiores, mas habita o umbral.
Aquele, porém, que possui ideais alevantados, sentido pronunciado do bem geral e vontade de se elevar, fica, como a rolha, lá no alto.
Por fim, a penugem é o espírito purificado, manso, compassivo, amoroso, quase sem mácula.
Este preliba dimensões superiores a esse Espaço-Além que conhecemos e se candidata ao mundo angélico, que na verdade, ainda desconhecemos e nem mesmo conseguimos imaginar como é.
— Caramba! — murmurou Pixoxa.
Sem dúvida é uma Doutrina esta, lógica, verdadeira e bela, além do que nos enche de certeza de que, despojando-nos das impurezas da alma, todos subiremos.
— Sim, ponderou Jonas C.
Aquele que foi ao fundo, se cansará do clima pegajoso e, um dia, subirá.
Se não for pelo fastio, será pela dor, que é maior nos planos inferiores. Todos irão subindo.
— Então, o espírito de um Lampião poderá vir a ser angélico?
— Sem dúvida, pois, sabemos, por exemplo, que Judas é hoje espírito glorioso, de quem não estamos capacitados a desatar a sandália.
Desta forma, o Espiritismo restaura a Justiça Divina e que, antes, ficava a mercê dos que davam ou não as indulgências, perdoavam ou não os pecados, tinham ou não dinheiro para pagar o maior número de missas e solenidades pomposas.
Os que se revoltavam contra isto, podem agora voltar a reconhecer que, se Deus existe, Ele tem forçosamente de ser justo.
Recebemos o que merecemos.
E temos de resgatar aquilo que devemos.
Lá, como cá, funcionam leis.
Os homens ingénuos julgam que existem leis físicas, mas não existem leis no mundo moral!
Se Deus criou tão maravilhosas leis, na Natureza, não teria jamais esquecido de colocá-las no mundo espiritual.
Que vocês, jovens, não duvidem disto.
Vocês poderão passar a perna em todo mundo, menos em Deus.
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