LUZ ESPÍRITA
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TEMAS DO AMOR IMORTAL / M. B. Tamassia

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:15 pm

TEMAS DO AMOR IMORTAL[b]

[b]INDICE
Apresentação de Ishtar


CAPÍTULO 1
“Ninguém está só
A Volta de Esteia
Ainda ouço teus versos
Tema do Amor Imortal
“Onde está Crips
Uma Rosa com Amor
As matrizes da clématite

CAPÍTULO 2
O sol Azul do Albireo
O amor — rosa do asteróide
De onde nos vem a luz?

CAPÍTULO 3
Minha filha Sally
Meu filho vive no além
A deslumbrante Rachel
Reencontramo-nos no mundo vasto
Jair Presente
“Mamãe... amo-a muito

CAPÍTULO 4
“Não tenha medo, meu filho
A vigília dos nossos pais

CAPÍTULO 5
Numa Pompuio e a ninfa Egéria
O protector Goitacás
Mas é o amor que guia
“Obrigado, meu mestre
Anjos sem nome
Os Anjos humildes

CAPÍTULO 6
O beijo da morta
“Obrigado, Mr. Bolton

CAPÍTULO 7
Para que o mundo ouça
A presença de Raymond
“É minha mãe que me escreve
“Uma dádiva de Deus

Bibliografia
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:16 pm

APRESENTAÇÃO
O jovem engenheiro Raymond, morto nas batalhas de Flandres, na Primeira Grande Guerra, comunica-se mediunicamente com o seu pai, o grande cientista Oliver Lodge, e faz-lhe um apelo verdadeiramente patético:
“Por amor de Deus, meu pai, fazei-o, porque se soubésseis e pudésseis ver o que vejo:
centenas de homens e mulheres de corações partidos!”
“Fazei-o”, eis um imperativo.
E é o que estou fazendo, reunindo estas passagens, na tentativa de consolar os corações despedaçados.
Já Isis caminhava pelo 'Egipto atrás dos pedaços de Osíris e o coração de Maria Santíssima deveria gotejar sangue, seguindo os passos de Jesus até Vê-lo agonizar na cruz.
Todavia, a cruz era porta de saída deste mundo para outro reino, de que tanto falava o Divino Mestre.
Segundo relatos colhidos pelo espírito de Humberto de Campos, Maria Santíssima, já velhinha, morava com O apóstolo João perto de Éfeso, quando lhe chegou a hora do desencarne.
Eis que ela vê aproximar-se-lhe hóspede anónimo que lhe estende as mãos generosas e lhe fala com profundo acento de amor:
“Minha mãe, vem aos meus braços”.
Era seu filho Jesus.
Os que amam, vão, voltam e permanecem juntos para crescer unidos a caminho da luz.
Que eu enxugue uma única lágrima, dou-me por satisfeito e se conseguir abrir ainda o coração para aspirações mais altas, melhor ainda a minha paga.
De resto, só me resta agradecer a tantas criaturas generosas que, leitoras das minhas crónicas, insistiram e me estimularam para que eu enfeixasse ao menos algumas e as publicasse.
Entre tantas, cujos nomes não me ocorrem de pronto, anoto aqui os de Luso Ventura, F. Soares, João Lanaro, Gumercindo de Campos, F.S. Piauí, Arita Petená, jornalistas e escritores de alto quilate, bem como o grande e particular amigo Luiz Bittencourt e o ilustre psiquiatra, Dr. Wilson Ferreira de Mello.

O Autor

Ishtar, vénus fenícia, deusa da juventude e rainha dos céus no império assírio-babilónica.
ISHTAR AOS HOMENS
A deusa Ishtar ao Rei Assaradão:
A palavra primeira que eu te disse, não confiaste nela; pois bem! tem confiança nas últimas!”

OS HOMENS A ISHTAR
Lê-se no livro de “Orações da elevação da mão.”
“Faço oração a ti, soberana das soberanas,
Ishtar, rainha de todos os povos, guia dos homens!
Onde é que o teu nome não é ouvido?
Onde não és grande?
Onde não és exaltada?
Para onde olhas, vive o morto, ergue-se o doente!
Eu, teu servo, invoco-te, suspirando, gemendo, sofrendo!
Olha para mim, ó minha soberana, atende à minha súplica.
Em verdade, volta para mim o olhar misericordioso e atende a minha oração.”
(tradução de King e Dhorme — apud in “Christus”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:16 pm

CAPÍTULO 1
“NINGUÉM ESTÁ SÓ..

Ishtar: Por que você pensa estar só?
A viuvez lhe trouxe problemas de readaptação e, doravante, você deve aprender a carregar sozinha o peso que dividia com o seu companheiro.
Também sei que, nas desoras, o seu quarto é frio, sua esperança nula e o futuro se lhe apresenta incerto.
Mas quero que perceba que existe uma voz encorajante no silêncio da alma.
Uma, não; muitas vozes, mas uma delas tem-lhe um timbre inconfundível.
Catherine Marshall era esposa de Feter Marshall, o mais famoso pregador evangélico norte-americano e que o Senado escolhia para a prédica em ocasiões especiais.
Quando, de inopino, a morte recolheu Peter Marshall, que andava com a cabeça cheia de projectos, ela se sentiu desalentada.
Nunca havia pensado na morte como algo concreto que pudesse acontecer-lhe ou afectar profundamente uma existência.
Conforme se debatia em angústia, preparando-se para retomar um trabalho qualquer, sentia ir crescendo dentro de si a certeza de que o seu Peter, que sepultara, não era o seu verdadeiro Peter.
Este não podia ter morrido.
E, um dia, ela ouviu que lhe falavam ao ouvido:
“Catherine — não penses em mim como morto.”
Certa noite, Catherine sonha.
Era um sonho diferente dos comuns.
Um sonho desprendimento.
Através dele, permitem-lhe visitar o seu querido Peter em sua nova morada.
Catherine sente o coração bater.
Divisa espaçosa mansão e inteiramente contornada por alpendre florido.
Põe-se a correr, mas o fazia leve como pluma.
Por fim, a bússola do seu coração não a enganara: reencontra o seu Peter.
Ele, tranquilo, cuidava de um extenso e maravilhoso roseiral.
Atirou-se-lhe aos braços.
E Peter a atraiu para si, esfregando-lhe o nariz, como era seu hábito.
Repousou, Catherine, a cabeça nos ombros de Peter mas sentia, no companheiro, um certo constrangimento.
“Sabes de uma coisa? — externou-se ele.
Até mesmo eu fui surpreendido pela morte.
Não estava preparado para entendê-la!”
Depois deste sonho singular em que teve aquilo a que chamou “testemunho evidenciai” da sobrevivência, ela passou a ser fonte de consolação para as esposas de todo o mundo, ensinando-lhes:
“A maior parte das pessoas aceita,
intelectualidade, a crença em alguma espécie de vida depois da morte, mas habitualmente essa crença permanece teórica até que a morte invada o círculo imediato de cada qual”.
É evidente que, neste mundo, “ninguém está só” e os universos não são* estanques e separados por vetustas leis deuteronómicas.
São calcadas nesta certeza, as célebres cartas que Laváter costumava enviar a Maria Feodorawna, imperatriz da Rússia, as quais foram descobertas na Biblioteca Imperial de Petersburgo.
Diz, nelas, o espírito comunicante:
“Não olvideis que o vosso mundo é visível para nós e que o nosso é invisível para vós.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:17 pm

Não olvideis que, em nosso mundo, os Espíritos bons verão com alegria a vossa fé no amor puro.
Estamos juntos de vós, quando nos supondes muito longe. Jamais se acha sozinho o homem de bem.
A luz do amor penetra todos os mundos e vai até às trevas do mundo material, porém os Espíritos bons e luminosos se acham sempre nas proximidades do amor e da luz”.
O Além é uma continuidade.
Peter Marshall, pregador da Igreja Presbiteriana, foi encontrado não no paraíso, mas colhendo rosas, a que tanto era afeiçoado e em trabalho que tanto desejou fazer na Terra e não pôde.
E manifesta-se à sua amada esposa, não em rufiar de asas de querubim, mas roçando-lhe o nariz, como fazia quando transitava no plano físico.

A VOLTA DE ESTELA
Ishtar: “Quem parte não volta jamais*
— “Ninguém jamais regressou da morte, para nos dar qualquer notícia* — isto e outras coisas vocês diz, não porque realmente você saiba, mas, simplesmente, porque outros lhe disseram e você passa para o próximo e este transferi-lo-á aos seguintes, gerando a grande corrente da negação.
E, no entanto, você tem o coração seco como vergel ressequido e desejaria, na verdade, cré.
Desenvencilhe-se desse condicionamento, pare, olhe e escute.
E, garanto, que você verá os túmulos completamente vazios.
Quando Esteia morreu, o Sr. Liyermore sentiu-se atirado a um vácuo, como se todas as motivações económicas e sociais da roda-viva nova-iorquina não lhe fizessem mais sentido, pela incoerência da vida.
Ela era toda a sua paixão.
O desaparecimento intempestivo de um ser amado, que ainda ontem estrugia em alacridades, transtornou deveras aquele coração que se tornara horrivelmente solitário.
O pior era ele ser um integrante do time dos fortes, dos que não acreditam em “bobagens”, nas mentiras religiosas e muito menos no facto de que pudesse existir qualquer vida além da sepultura.
Foi, no entanto, o próprio
médico de Esteia, o dedicado Dr. John F. Gray, quem insistiu com o Sr. Livermore para que tentasse a consolação por vias mediúnicas.
E ele passou a procurá-la, mais por descargo de consciência, do que crente de que pudesse, por caminhos tão obscuros, encontrar a claridade.
Indicaram-lhe a famosa médium Kate Fox e Livermore realizou, com a mesma, 24 sessões, sem nenhum resultado apreciável.
Colocou, a serviço desta grande busca, a sua insuplantável tenacidade e, graças a ela, chegou o grande dia do reencontro.
Esteia materializou-se inteira e perfeitamente diante dos seus olhos, que não queriam nem mesmo piscar, a fim de que tal momento de fulgurância não lhe escapasse ao sentido.
Vencendo os obstáculos do espaço-tempo e de difíceis problemas de interacção espírito-matéria, a bela e inteligente Esteia, alma da sua alma, ali estava, com todo o viço e forma admirável.
Livermore no-la descreve assim:
“Uma luz brilhante surgiu por trás de nós e se elevou acompanhada de ruídos eléctricos.
Imediatamente, erguendo os olhos, reconheci o semblante de Esteia, perfeitamente visível diante da luz, que vibrava rapidamente, espargindo raios sobre essa figura de beleza incomparável a qualquer outra que se possa imaginar em seres terrenos.
Ela fitou-me com expressão radiante de ternura”.
Com o perpassar do tempo, Esteia vai-se-lhe mostrando cada vez mais perfeita:
“Gradualmente — diz o Sr. Liver
more — foi ela se descobrindo e mostrando o semblante de anjo, tão belo que só a imaginação pode figurar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:17 pm

A figura de Esteia ali se achava, trazendo na trança dos cabelos a mesma rosa branca e reproduzindo perfeitamente suas feições e expressão, sob uma auréola de luz.
Por seis ou sete vezes sucessivas, essa forma tão viva e tão bela dissolveu-se e de novo se apresentou a meus olhos...
Pedi-lhe que erguesse o braço e ela o fez de modo gracioso.
Nenhuma pena pode descrever a esquisita e transcendental beleza do que vimos nessa noite.”
Esteia, em vida, gostava de entender-se com o Sr. Livermore na língua francesa; quando, agora, se materializava utilizava o mesmo idioma que, por sinal, a médium Kate Fox desconhecia inteiramente.
“Meu coração está repleto de alegria — dizia Esteia — agradeçamos a Deus que nos concedeu tão grande favor.
Compreendi o vosso coração.
Em vez das sombras que aí se achavam, está hoje a luz que exalta.
Sê-de feliz e nada temais. A paz convosco.”
Livermore toca-lhe nos cabelos e sente-os idênticos aos de quando viva; mas, depois de algum tempo, eles se dissolvem nada deixando em suas mãos.
Certa ocasião aparece envolta em flutuantes vestidos de gaze branca e brilhante, segurando um maço de flores, ficando o pescoço e o seio cobertos completamente de rosas e violetas.
Livermore pergunta-lhe:
— Onde, Esteia, obtivestes tão lindas flores?
— “O nosso mundo — responde ela — um traslado do vosso.
Temos tudo o que tendes: jardins e flores espirituais em abundância.”
Referindo-se a este caso extraordinário, Alexander Aksakof, pesquisador russo, obtempera:
“Sou coagido a dizer que esta prova de personalidade excede a todas as outras que conheci”.
Acontecia de Esteia não só aparecer materializada como, também, escrever, na frente de todos, com o seu próprio talhe caligráfico, utilizando expressões absolutamente íntimas do casal.
Se a humanidade, pois, desejasse uma grande prova para crer, tê-la-ia na volta de Esteia Livermore.
Por outro lado, ela nos traz algo mais que a sua identidade:
a de que um grande amor sobrevive à morte.

AINDA OUÇO OS TEUS VERSOS...
Ishtar: Vi-a saudosa do seu companheiro morto, rememorando à margem do riacho e à sombra da figueira o idílio de dois jovens enamorados.
"Onde está você, Nikol?
Ouve-me ou simples sombra elemental?
Ou, ainda, amado Nikol, é possível que você tão bom, dedicado e romântico tenha se transformado em moléculas de outros corpos?
Responda-me, pelo amor de Deus!"
Pauline Carton era uma actriz e o seu amado Jean Violette, poeta, e ambos viveram fieis, um ao outro, durante meio século.
Meio século?
Muito mais, porque sucedeu que o amor, entre ambos, transpôs o limiar da própria morte.
Ela, hoje, é uma velhinha octogenária, que permanece sempre morando no mesmo cómodo que era o seu ninho de amor, no Hotel Saint James et d’Albany.
Aquele seu mundo, no quarto pequenino, é, no entanto, possivelmente mais amplo do que possamos imaginar ou do que poderão explicar os sábios e, quem sabe, não possuam aquelas paredes que lhe emprestam nossos míseros cinco sentidos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:17 pm

Quando os hóspedes do Hotel perguntam quem é aquela criatura, que murmura frases sozinha, como se conversasse com alguém, os criados respondem:
‘“Ainda fala com ele, que morreu faz tantos anos!
Todos os dias lhe oferece uma flor.”
Na calada da noite, Pauline declama os versos do seu amado poeta e garante ouvir os novos que o mesmo compõe no Além.
“Olha que lindo estão estes! Por que os poetas, noutro lado da vida, virariam formiga e não pássaros canoros?”
“Sabem de uma coisa? — diz Pauline revelando mente equilibrada e nada senil.
“O meu Jean apenas mudou de estado, como a água que se transforma em nuvem e que ninguém pode impedir de a nuvem descansar leve e envolver as árvores da paisagem, mormente se se trata de arvoredo solitário.
Ele continua sendo a água e eu a planta ressequida.
Existe um milagre assim que permite um galho, que todos julgam seco, reflorir em todas as estações.”
Certa feita, o seu amado Jean lhe diz:
“Vá a Genebra e procure dois cadernos de poemas meus extraviados, que estão escondidos na casa de minha filha.”
Pauline não discute.
Viaja obediente ao espectro e, para surpresa dos críticos literários e familiares, encontra de facto tais poemas inéditos.
“Vocês duvidam do que digo?” — interpela com um ar de desdém e compadecida dos que complicam tanto as verdades que, tão facilmente, um coração conhece.
“Vejam este exercício de palavras cruzadas.
Foi meu querido Jean que, ontem, resolveu-o para mim.
Eu, obtusa como sou, não seria capaz de fazê-lo nunca.
Adormeci com o lápis e ele trabalhou, durante o meu transe, utilizando minha mão”.
* * *
Também Juliette Drouet amou Victor Hugo, o poeta de Legenda dos Séculos.
Foi a sua companheira terna e presente na sua vida durante cinquenta anos.
Quando se despedia do mundo, ela pediu que lhe colocassem na campa este epitáfio:
“Quand je me serai plus qu’une cendre glacée “Quand mes yeux fatigués seron fermés au jour,
“Dis-toi, si dans ton coeur ma mémoire est fixée:
“Le monde a sa pensée “Moi, j’avais son amour!”
“Quando eu já não for senão cinza gelada “Quando os meus olhos cansados se fecharem para a luz “Diz-me se em teu coração a minha memória se gravou:
“O mundo terá o teu pensamento “E eu, o teu amor”
**
Nos rastos do grande e imperecível amor medram, como petúnias multicoloridas, versos para o mundo.
O jardineiro amante semeia crisântemos, pensando na amada, mas qualquer donzela poderá colhê-los e enfeitar os seus vasos.
A verdadeira fonte do amor permanecerá constante e virgem de conspurcação.
Como a vida semearia o Belo, se não persistisse o ser-contínuo, como médium do Pai ou do Sumo-Tudo?
É, por isso que, do Além, os bardos ainda nos mandam versos.
O poeta Tondela Júnior fala da sua “Alma irmã” que, como Pauline Carton, é uma velhinha na terra e lhe diz:
“Dizem-te agora trémula velhinha,
“Pálida flor no instante derradeiro;
“Buscaste, em vão, na Terra, um companheiro,
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:17 pm

“Mas nem por isso foste menos minha.
“Sofreste sempre, sem chorar, sozinha, “Envolvi-te em meu sonho alvissareiro...
“Quero-te as afeições do cativeiro “Que atravessas com garbos de rainha.
“Beijo-te as mãos de cera, as cãs e as rugas, “Guardo comigo as lágrimas que enxugas, “Dou-te a esperança que me revigora...

TEMA DO AMOR IMORTAL
“Bendize o pranto e a sombra, alma querida, '“Porque amanhã, mais jovens para a vida, “Subiremos mais juntos, céus afora!...
Ishtar: Você aperta nas mãos um "souvenir" e a mente volta a um longínquo passado; as imagens daquela vida distante lhe são sem contorno e fugidias, mas as palavras dela você guardou:
“Nunca despreze esta insignificante lembrança, porque tem impregnado o hálito da minha alma, que pressinto não demorará neste mundo."
O seu grande sonho de amor não se realizou na Terra e você me indaga:
“Ishtar, deusa juventude, protectora do amor, porventura existe casamento, no Além, das almas afins?”
Lord Balfour, Primeiro Ministro inglês, magnífico exemplo de homem e estadista, não obstante os cuidados que lhe dava o imenso império, onde o sol nunca se escondia, tinha um coração romântico e sensível.
A sua cidadela afectiva podia, no tumulto das decisões estatais, manter-se invulnerável e reservada.
Na juventude, ele se apaixonou pela bela e delicada Mary Catherine Lytleton, a quem chamava carinhosamente por “May”.
Todos os seus projectos sentimentais foram lançados por terra, pois que, aos vinte e cinco anos de idade, May faleceu.
Nunca mais, desde então, quis unir-se a ninguém e a sua vida, neste sentido, foi a de um passageiro taciturno.
Lord Balfour teve, porém, a consolação que é dada a todo coração que busca e crê.
— Através de vários e conceituados médiuns espíritas, entre os quais Winifred Willet, de nacionalidade inglesa, conseguiu contacto com a sua amada May, para apaziguamento do seu coração.
Numa sessão, que se lhe tornou memorável, o médium lhe diz:
“Catherine está aqui; nunca falta a seu lado; neste momento vejo-a colocando a mão sobre o seu ombro.
Ela menciona o cacho dos seus cabelos que V. Ex cia. guardou num escrínio de prata!”
Ah! Sir Balfour lembrava-se muito bem como conseguira aquele cacho de cabelo e em que penosas circunstâncias!
A sua amada “May” expirava e ele, furtivamente, conseguiu cortá-lo da sua linda cabeleira, colocando-o num relicário cinzelado.
E, junto à relíquia, escreveu uma frase de esperança na sobrevivência da alma para o que se inspirou no versículo 42 do capítulo 15 da 1ª Epístola aos Coríntios:
“Semeia em corrupção; é ressuscitado em incorrupção.”
Por esta razão e a mais forte razão do coração, o Lord sempre ceve a sua May por viva e não por morta.
“Não acredito — dizia ele — que os entes que perdi estejam verdadeiramente mortos, nem que estejam separados deles para sempre”.
Passou-se meio século assim, desde que a sua amada se fora desta vida e Lord Balfour caiu gravemente enfermo.
Dirigindo-se à sua mana Eleanor Mildred, ele prevê o seu próximo desenlace:
“A hora do meu noivado não pode estar distante!”
Quando a morte roçava-lhe o corpo, ainda teve forças para pedir à enfermeira:
“Coloque na vitrola o “Messias” de Handel.”
Era o oratório que sempre ouvia, na companhia da sua eleita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:18 pm

Agora, começava a dar os primeiros passos nas sendas do misterioso Além, através das mesmas 24 notas.
Todavia, o seu estado psicológico era de quem ia de encontro a algo com que sonhara toda a sua vida;
Ao encontro do Amor.
Todos os amigos, que ali se encontravam, acompanhando a sua agonia, confessaram mais tarde que eram capazes de sentir, no ambiente e de forma bem palpável, a amada May, sorridente e bela, estendendo-lhe os braços e recebendo-o em efusão.

“ONDE ESTÁ CRIPS”
Ah! a maravilha do amor imorredouro, aquela que une as almas afins e as tornam notas consonantes de um poema musical, para que a vida tome acento menos vulgar e os pensativos tenham suas horas de acalento Ishtar:
Ê necessário crer na semente que plantamos com amor e ter certeza de que ela nos retribuirá com sombra acolhedora e fruta sazonada no espaço-tempo próprio, ainda que fora da nossa conotação habitual.
Vejo-o sempre triste no Natal e a' "Noite Silenciosa’ de Franz Gruber lhe soa nostálgica demais.
“Minha velha se foi e minha festa acabou-se”
— No entanto, meu amigo, ela, sorrindo, está junto a você e quer a sua alegria.
Crips era um tronco robusto carregado de vergônteas:
Seus nove filhos, com os quais ficou, quando a sua esposa morreu de colapso.
A princípio aquele baque surdo de um corpo caindo na escuridão, resvalando sem segurança, não terminava nunca.
Não havia manhã para as suas intermináveis noites de angústia.
Cada vez que um filhinho chamava pela mãe, tinha vontade de desafiar a própria divindade.
A vida sempre lhe fora uma liça e nela tinha sido capaz de demonstrar a sua musculatura moral e a sua destreza.
Por isso, nunca lhe fora dado pensar deveras no ser ou não ser, na sobrevivência da alma ou não, porque importava prover o lar e sustentá-lo.
Quando Eleonora morreu, alguém levou-o a uma famosa sessão espírita, a maior de que o mundo tem notícia, que se realiza tradicionalmente no Seymov Hall, na Inglaterra, com a presença de mais de duas mil pessoas.
Estelle Roberts era a notável médium que ali se encontrava e que merecia todo o respeito no desempenho da função sacratíssima de medianeira entre os dois planos de vida; ela se revelara sempre tão humilde, honesta e fiel, que o próprio Rei George II da Grécia dizia sentir-se honrado em tê-la como participante do seu círculo familiar, chegando S.M. a ajudá-la nas sessões de passes de cura.
Crips tinha intuição de que, não obstante ser anónimo naquela multidão, algo deveria acontecer de importante para refrigério da sua inconsolável dor.
Às tantas, a médium Estelle pergunta em alta voz, dirigindo-se ao público:
“Existe aqui alguma pessoa com o nome de Crips?
Se existe, saiba que se encontra presente o espírito da sua esposa Eleonora e que diz ter morrido, de mal súbito, em plena rua.
Ela pede que os seus filhos fiquem de pé’’.
Crips, com o coração disparado e as pernas bambas, levantou-se na plateia e, com ele, um rapagão, seu único filho que decidira acompanhar o pai naquela experiência.
“E os outros?” ecoou a voz aflita.
A falecida Eleonora foi, então, citando pausadamente, diante daquele público comovido, o nome de filho por filho.
Ao fazê-lo ressaltava a maneira característica de cada um, suas manhas, seus tiques nervosos e os cuidados especiais que merecia e como o pai devia compreendê-lo.
Era, sim, a mãe ressurrecta!
Por fim, Eleonora falou já não como mãe, mas como esposa ao seu querido
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:18 pm

UMA ROSA COM AMOR...
Crips: “Deus te abençoe, querido...
estou completamente viva e feliz...
Agora sabes Continuo sendo tua companheira...
Não sinto tristeza alguma...
osso guiar meus filhos deste mundo...
Sei que estás empregando os melhores esforços.
Nunca mulher alguma amou mais um homem do que a tua mulher te anta.”
Era “Dia dos Namorados” e realizávamos sessão de psicofonia, quando José Miranda da Cruz que, em vida ocupara altos cargos na repartição dos Correios e Telégrafos, catarinense da gema, pôs-se, através da médium, a discorrer:
“Poucas vezes, dei uma flor à minha esposa Cota.
Achava bobagem estes pequenos e triviais gestos de ternura.
No meu modo de sentir, era como se, fora do tempo juvenil, a árvore não devesse mais florir e retribuir.
Todavia, hoje que me encontro do outro lado da vida, revejo todo o meu passado e me arrependo sinceramente de não ter sido mais galante para com a minha companheira.
Quão grande foi o seu sacrifício, a sua tenacidade, a sua perseverança, o seu sofrimento calado, as lágrimas que sopitou- para manter de pé o lar.
Nem sempre mereci este imenso é cálido amor que me acobertou, na passagem terrena, resguardando-me de tantos dissabores, que teria encontrado não fosse essa âncora.
No declinar da idade, julguei-me realizado familiarmente, herói de uma jornada, cercado do carinho dos meus filhos e dos primeiros netos que despontavam em minha existência e que gárrulos trepavam pelos meus ombros, enquanto Cota passava de lá para cá, sem mesmo ter tempo de agradá-los.
Nem eu achava que, em dias especiais fixados no calendário pela convenção humana, devesse também materializar, num pequeno mimo, a gratidão e afecto imorredouros em meu coração.
Não dava testemunho.
Silenciava como, se nessa fase de ocaso existencial, devêssemos deixar de cantar e não fosse distinto recordar antigas emoções.
Agora me arrependo.
Por isso, venho do Além pedir aos meus filhos que ofertem a você, minha companheira, uma rosa, em meu nome, como símbolo do amor que nunca morre.”

AS MATRIZES DA CLEMATITE
Ishtar: Quem poderá conhecer os arcanos do Senhor?
Que diria o viajante sideral, vindo de planeta rochoso, vendo um alvo lírio brotar na esterqueira.
Por acaso, o iridescente colibri não seria o pensamento fragmentado do Sempiterno, em ensaio de cor e movimento? Se num planeta hostil como o nosso, Deus faz questão de intercalar uma bonina nos interstícios do penhasco, por que deixaria vazio o nosso coração?
No Mundo Maior, talvez estejam as matrizes das nossas rosas, dos nossos quadros e do que não fomos capazes de expressar ou realizar ainda.
Por isso não descreia do Amor e não encha a mão de lodo para atirar contra ninguém, mas atire-lhes flores.
Jovem, ardente e milionária, Miriam se filiou à corrente dos hippies, bradando pela liberdade integral do ser e brandindo armas contra todas as nojentas sujeições e alienações a que haviam submetido o angélico homem.
Marcuse lhe remodelara a psique, ou como que a ligara a um instrumento dialéctico intensamente reactivante.
Libertou-lhe os impulsos, até aqueles mesmos que a civilização e a cultura calcam para o fundo da alma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 16, 2019 7:19 pm

E Miriam, rica, influente, requestada, bradava com toda a força dos seus pulmões, utilizando todos os veículos de comunicação ao seu dispor:
“Nenhum compromisso. Nenhum dever.
Nenhuma rotina. Nenhuma escravidão.
O casamento, como ordenação jurídica foi invenção dos que tomaram a mulher como um objecto.
O amor deve ser livre.
Nenhuma exclusividade imposta.
O lar é uma instituição burguesa.
Vivamos o nosso dia.
Amanhã é outro dia, como o de hoje.”
Assim dizia e fazia, Miriam, até o dia em que, no seu próprio círculo vociferante, encontrou Mark Twendale, um coração temo e firme, que ela passou a desejar todo e exclusivamente para si.
Aquela alma parecia ter sido feita pelo Criador para que a sua própria se narcisasse nela.
Resultado: Miriam casou-se.
Constituiu um lar.
E, agora, bem feliz e harmonizada, não julgava mais alienação esperar o seu amado, contar com ele em horário certo, para servir-lhe, com as próprias mãos, caldo fumegante; tampouco julgava servilidade o empenho com que botava o toque feminino nos pequenos arranjos domésticos.
Todavia, nossa jovem enamorada, enviuvou-se bem cedo, perdendo o seu Mark inesperadamente.
Ao invés de cair em desagregação interior e protestar contra Deus, como os seus antigos companheiros esperavam, Miriam procurou um caminho que nunca dantes trilhara:
-O caminho da fé e da iluminação.
Sondou todas as estradas religiosas até descobrir a que fosse própria para o seu temperamento perquiridor.
Aquele amor interrompido pela morte tinha sido uma prova concreta da existência de algo que ultrapassava os arranjos e desarranjos da matéria.
E, em virtude dessa busca, lhe foi dada a oportunidade de frequentar um círculo espírita, onde se realizavam genuínas sessões de materialização.
E há sempre uma resposta adequada a toda emoção que se sublima pelas vias da dor e anseia por comunhão.
Eis que, naquele ambiente singelo, o seu Mark adorado se materializa de maneira empolgante.
Ei-lo ressurrecto e o seu túmulo vazio, como o deixou o Divino Mestre para ensinamento vivo a toda a humanidade, sem que esta entendesse!
Deus é Deus de vivos e não de mortos.
Trocadas as expressão de afecto e de saudade, Miriam pergunta a Mark:
— Em que mundo tu te encontras?
Mark não responde mas, dando-lhe prova ainda mais convincente da imortalidade e continuidade da vida, vem com uma interpelação:
— Que fizeste, querida, da nossa clematite?
— Desde que partiste — soluçou a jovem — tratei dela todos os dias; reguei-a como se fosse um pedaço do teu próprio coração florindo e reflorindo para a minha consolação.”
— Pois bem — redarguiu Mark — devo adiantar-te que não tens contigo a verdadeira clematite.
Eu a tenho aqui. Se a sombra da nossa clematite significa tanto para ti, podes imaginar o que a substância significa para mim!”
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:35 pm

CAPÍTULO 2
O SOL AZUL DO ALBIRÉO

Ishtar: Assim você me confidencia:
"Não sei porque sou triste.
Querem que eu sorria, mas quando vou fazê-lo, meus olhos se aljofram de lágrimas.
A vida tem-me sabor insosso e meus passos são incertos.
E eu desejava tanto possuir um sol dentro da alma!
Talvez que isto se chame nostalgia, saudade de um lugar no cosmos que foi seu ou de alguém que lhe pertenceu.
Onde andará a alma gémea da sua?
Camille Flamarion, o categorizado e famoso cientista francês, conta-nos que o jovem astrónomo chamado André perdera a sua amada, ficando inconsolável.
Certa madrugada, assentando o telescópio na constelação de Cisne, deteve-se na admirável estrela dupla de Albireo.
Eis que lhe surge, naquele vídeo, em primeiro plano, a imagem da sua morta querida, mais bela do que nunca.
Estende os braços a André e lhe diz:
“Por que não vens?
Espero-te. Que de mil cambiâncias, perfume, paz, beleza, encontrarás aqui, onde moro, no sistema do sol azul do Albireo.
Acredita- -me, meu amado:
Aí na Terra, nós não chegamos a conhecer o verdadeiro amor...”
Nem todas as almas, que palmilham a Terra, são egressas de um Sobibor umbralino.
Pelo contrário, muitas, que por aqui transitam, guardam reminiscências do paraíso perdido.
Chegam-lhes imagens esmaecidas de um Shangri-Lá onde deixaram afectos puros, paisagens que os olhos buscam em vão nesta peregrinação; músicas inaudíveis aos sentidos carnais de vibração subtil demais aos nossos ouvidos.
Criaturas, assim, costumam em noite estrelada contemplar o céu, sentindo ímpetos de viajar até uma estrela.
“Talvez naquela, esteja minha alma irmã ou o pedaço, que me falta, da realidade integral.”
Tais criaturas não beberam em dose suficiente a água do Letes e vivem tocadas por duas ressonâncias:
A maior e a menor, um mundo de luz e outro de sombras.
A saudade, por isso, é palavra que também transita no mundo das almas.
Pensa que não?
Um amigo desencarnado, chamado Zeca, que deixou grande prole e legião de colegas que muito o estimavam, disse-nos certa ocasião por vias mediúnicas:
“Nós, daqui, pregamos-lhe a alegria do amor mas, mesmo nesta esfera, chegamos a ter saudade pungente! Nossos olhos ficam marejados de lágrimas.
Então, paradoxalmente, chegamos a desejar que todos os nossos entes queridos regressem, logo, aos lares espirituais para abraçá-los e para reencetarmos a convivência tema.
Como vocês nos enfeitam os túmulos, nós enfeitamos os recantos onde, um dia, renovaremos os laços de amor.” *
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:35 pm

O AMOR-ROSA DO ASTERÓIDE
O Pequeno Príncipe, deixando o seu asteróide B-612, minúsculo império onde reinava sozinho, desceu à Terra.
Aqui se encontra com uma raposa e esta lhe ensina que duas criaturas podem ter boa convivência, se antes uma tiver conseguido cativar a outra.
“Que é cativar?” — pergunta-lhe o Pequeno Príncipe.
“Cativar — acrescenta a raposa — é criar laços afectivos.
Por exemplo:
tu não és ainda nada para mim, senão um garoto igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti e não tens necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas se tu me cativas, passamos a ter necessidade um do outro.
Serás para mim único no mundo.
Eu serei para ti a única no mundo.”
O Pequeno Príncipe encontrou no deserto, onde despencara com o seu avião, o escritor Saint-Exupéry, a quem cativou.
Viveram naquele deserto, dias e dias, de enlevo; o Pequeno Príncipe loiro com a cabecinha de sonhos e esse aviador
ocidental com a cabeça cheia de projectos.
Por fim, devendo regressar ao seu pequeno império, o asteróide B-612, onde vivia cativo de uma rosa, que lá deixara solitária, o Pequeno Príncipe, na despedida, disse a Exupéry:
“Tu olharás, de noite, as estrelas. Não posso mostrar-te onde se encontra a minha, porque é pequena.
Tu, porém, terás estrelas como ninguém.
Quando olhares o céu, porque habitarei uma delas e porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas rissem!
Evidentemente que muitos te julgarão maluco, quando abrires a janela e começares a rir, olhando-me nas estrelas...’
No zimbório azul sorriem-nos os astros onde habitam e comandam biliões de Pequeninos Príncipes cativos das suas próprias criações.
Em vão os geólogos escavarão o solo de tais mundos brilhantes, porque, embora isto lhes fira a razão, todas as estrelas são como novelos de amor.
O mundo “é” pelo amor das almas.
Talvez, o universo seja ideia de um Grande Pagé cósmico!
O fluido universal circula, mas só se torna útil quando passa pela usina do amor de alguém.
Na província terrena, a praça pública foi um presente que o arquitecto paisagista elaborou ao seu filho que vai nascer ou que já nasceu ou que nunca nascerá carnalmente.
Ou à amante com quem sonhou ou com quem vai sonhar.
Em suma, o que existe é oferecimento:
O bolo de fubá da mãezinha, a pirâmide de Queops e a valeta que o operário abre à picareta.
Talvez só morram, no cosmos, os que não tenham nada a oferecer, caso em que possivelmente regressem à forma larval.
Onde existam elementos cativos, uns dos outros, ai se ensaiam rudimentos da Grande Protofina Celeste.
E a Compõe e a rege porque é cativo de nós.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:36 pm

DE ONDE NOS VEM A LUZ?
Ishtar: Sei que não é fácil saber e entender as coisas celestes com o cérebro terrestre.
É como se pedíssemos à operosa e diligente formiguinha que nos dissesse da dimensão do sol.
Embora eu sinta essa barreira creia em mim:
O espaço e o tempo não podem com o amor.
Eu percorro espaços super-galácticos e imensuráveis, para recolher uma prece ou enxugar uma lágrima.
Um dia, aqui no plano pré- unitivo, encontrei Plutarco contente como uma criança.
Plutarco foi o historiador que escreveu as famosas vidas paralelas; mas, muito mais do que isto, oficiante de Apoio, do santuário de Delfos e um iniciado nos grandes mistérios de Dioniso.
Quem se der ao trabalho de lê-lo com atenção, acima do contexto histórico, perceberá que Plutarco sabia, quase dois milénios atrás, tanto quanto hoje sabemos, nós, acerca da vida futura, da comunicação entre vivos e mortos e da evolução contínua da alma.
Ele tinha um discípulo no qual punha todas as suas esperanças mas que, se viera ao mundo com avantajada inteligência, faltava-lhe ainda inteiramente aquela acuidade que faz com que a inteligência vibre em contacto com as luzes mais subtis e imperceptíveis aos sentidos corpóreos.
Assim, Plutarco subiu, passo a passo, às altas esferas da Espiritualidade-Maior, enquanto o seu pupilo permaneceu no solar sempre rastejando, contando, comparando e se alimentando dos seus detritos.
Viu o seu amado discípulo envelhecer errando; renascer, pecando, sempre em exercícios repetitivos na Escola Planetária, enquanto ele, o mestre, foi colocando os pés de astro em astro, escalando o céu.
Um dia, eu, Ishtar, dou o meu testemunho:
Na 14ª casa do Plano vivencial pré-unitivo, havia imenso regozijo e alegria sem conta.
Como poderiam emocionar-se umas almas que tinham já se despido da emotividade?
“Que é que aconteceu?” — indaguei.
Ao que o Grande Hífen de união entre mundos esclareceu:
“A alegria de Plutarco se torna alegria de todos, como o sol que se desanuvia provoca revérberos álacres em toda a criação.
Ele, hoje, descerá à Terra, depois de secular ausência.”
— Por quê? — interpelei.
— Porque, depois de quase dois mil anos, afinal, Quirinus voltou-se para a Luz.
Cresceu, Espiritualizou-se.
E, depois de tão longa separação, Plutarco conseguirá reduzir a sua vibração a um ponto de encontro com aquele que foi seu discípulo amado.”
* * *
Numa cidade paulista, naquele dia, através de excelente médium psicógrafa, Plutarco penetrava a densa atmosfera terrena, fazia um rombo no seu pegajoso estofo psicosférico e, no dizer de videntes, convertia vasta área em espectáculo de luz ou seja, no dizer de uma entidade, em transcendente arrebol.
Forças foram mobilizadas, mil e um expedientes, providências tomadas, nesta ciência ultra-física, para que Plutarco pudesse mover o braço de uma médium, levando-o a produzir manifestação singela.
Ao lado da médium, o antigo Quirinus, que errara na Terra de renascimento em renascimento, ostentando elevados títulos, estava contrito e em religiosidade, como nunca antes experimentara.
Entre tantas palavras de emoção e contentamento, de estímulo e confiança, Plutarco se justificava humildemente:
“Sei que estranhareis que eu ainda possa sentir tal tipo de emotividade extravasante, semelhante à que sentis em vossos reencontros; dá-se, porém, que no meu ser se dá um retomo psico-constitutivo e passo a registrar, na vossa atmosfera, muito daquela sensação que, fora desse plano, se manifestaria de forma diferente, mas sempre representando, na tradução do vosso léxico, alegria, exultação, entusiasmo!
“Meu discípulo, meu filho; agora, sim, depois de tão longa espera e separação, tenho confiança em que poderei, depois desta tua passagem terrena, esperar-te no Além para abraçar-te.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:36 pm

CAPÍTULO 3
MINHA FILHA SALLY

Ishtar:
"Não há dor igual à minha dor” soluça você não se conformando com a morte do seu filho.
Eu, Ishtar, sei que sim, pois me coube experimentá-la nas passagens planetárias, daí saber que nenhuma palavra é própria para tirá-la da desolação.
Mas, também, liberta dos renascimentos, da lei de acção e reacção, posso afiançar-lhe que seu filho continua vivo, necessita da sua prece serena e, amanhã, enxugará o seu pranto,
A festejada escritora inglesa, Rosamon Lehmann, autora de “Poeira” e “Convite à Valsa”, conta-nos como teve o seu chamado e acordou para a realidade espiritual, com a qual jamais sonhara.
Em 1958, ela recebe a infausta notícia de que a sua filha Sally, com 23 anos, morrera em Java, vítima de poliomielite.
A escritora caiu em tremenda depressão e não fazia senão chorar e protestar contra os injustos desígnios de Deus.
Não havia palavras, livros ou prédica, em que pudesse encontrar alívio para o seu coração estraçalhado, pois que, na sua existência de criatura de alto nível intelectual, habituada ao convívio das rodas de beletristas, nunca fora dada a perder tempo com aquilo que considerava uma sub-literatura, feita de pieguice e chavões para as almas simples e simplórias.
Os seus ídolos e modelos eram estes escritores que fazem a bissecção e corajosamente mostram as vísceras do homem a todos outros homens, para que não nos iludamos quanto à nossa composição.
Sobraçava sempre livros aplaudidos de escritores ateus, que utilizam a falta de fé para a irreverência desafiante e que, como crianças, arranham a face dos deuses, inscrevendo nas suas estátuas palavras sonsas e obscenas.
Agora, a morte a sacudira e a levava a perquirir os problemas do ser, do destino e da dor.
Um dia, estando numa casa de campo, na hora crepuscular, ouviu vibrar dentro do seu cérebro uma nota agudíssima.
Essa nota-silvo se transmudou numa espécie de canto e, por sua vez, o canto virou simples sussurro.
Depois, uma pausa e, em seguida, algo assim como melro sobrenatural gorjeando em distância indefinível.
Ainda mais uma vez, a metamorfose sonora e ei-la ouvindo sinfonia belíssima, composta em estrutura diferente, parecendo oriental.
“Depois — diz a escritora — senti por detrás do meu ombro esquerdo a presença de Sally, minha estremecida filha.”
E Sally, durante certo tempo, consolou a mãe e, mais do que consolo, lhe inspirou nova direcção espiritual.
Rosamon Lehmann passou a se interessar por pesquisas psíquicas, a crer na comunicabilidade dos mortos, na vida transcendente, na existência de infinitos planos de vida.
Chegou, melhor ainda, à compreensão das leis superiores que regem os destinos humanos e determinam como e quando os espíritos devem amadurecer.
O enigma da dor, ela agora podia decifrar, como sendo o fogo sobre o qual colocamos o cadinho para que transformemos o metal bruto em preciosa obra-de-arte.
“Para a gente ser levada tão alto — escrevia Rosamon — vale a pena que sejamos rejeitada tão em baixo, atirada de joelhos e derrotada, para que possa medir a insuficiência e ver que, no reino das coisas espirituais, não obstante o intelecto, muitas vezes, somos tão imaturos, que ainda não nascemos,”
Quantas pessoas ainda não nascidas andam por aí, porque os seus olhos olham e não vêem, seus ouvidos se aguçam, mas não escutam, os seus lábios falam, mas não dizem nada.
O amor, porém, nos arrasta e, se o seu tom é elevado, iça-nos a estratosferas insondáveis.
Uma Sally, então, rediviva, como anjo à margem de uma existência intelectual ou socialmente brilhante, pode valer mais do que milénios de passos cadenciados na grande rota das almas, rumo ao país da Alegria Perene.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:37 pm

“MEU FILHO VIVE NO ALÉM...”
Ishtar:
Não importa que a sua religião, pela voz dos seus respeitáveis e doutos representantes, diga:
“não, não e não”, contestando, com todos os argumentos e dados teológicos, a possibilidade de os vivos se encontrarem com os mortos.
Os factos dizem: “sim, sim e sim”.
Vale mais um fato do que mil palavras eruditas.
Ademais, a verdade é como a luz, penetra pelas frestas invisíveis de um ergástulo, mesmo que não o desejem os seus carcereiros.
Como aconteceu a Saulo, que saiu para perseguir cristãos e que, por fim, se tornou o maior apóstolo dos gentios, nunca um homem sabe quais serão os seus futuros passos, na busca do consolo, da cura ou da verdade.
Uma senhora da nossa sociedade, dona. Ofélia Amaral, num canto da sala, humildemente servia copinhos de água fluída para os que acabavam de tomar passes.
Aproximei-me, coloquei o meu braço sobre os seus ombros e lhe disse:
“Quando a Senhora poderia imaginar um ano atrás que, um dia, estaria dentro desta casa, distribuindo água fluída e auxiliando trabalhos espíritas!
Por certo, a senhora passou de carro milhares de vezes em frente à nossa casa e nunca pensou que a vida a fizesse adentrá-la, por motivos tão tristes”.
Ê mesmo — redarguiu dona. Ofélia, com semblante de muita paz interior — jamais imaginaria!
Quando perdi Pedro, meu filho único, moço, formado e noivo, não sabia mais o que fazer, pois, antes, eu também me enviuvara.
Sentia-me só e completamente perdida.
À minha porta, bateram prepostos de todos os credos para me consolar e lhes agradeço.
Os seus esforços foram, porém, baldados.
Até que me trouxeram à sua casa.
Mais uma religião, menos uma, sabia que ninguém me iria restituir o meu Pedro adorado e que a minha existência não tinha nenhuma razão de ser e que só me restavam as lágrimas e o desespero.
No entanto, aqui encontrei a pacificação, e a convicção de que o meu Pedro vive.
Por graça e misericórdia divina, me foi dada esta fé inabalável e, o mais importante, foi que a doutrina me fez compreender as leis que presidem nossos destinos e que os pedaços do nosso coração se nos juntarão um dia e que, se estamos na vida, é porque existe
uma missão para cada um de nós.”
Assim, também, sucedeu ao Reverendo Walter Wynn, Pastor da Igreja Baptista, chamada “Livre e Unida” da Inglaterra.
As suas prédicas em tom profético eram motivo de grande atracção, a tal ponto que mereceu do “Star” alentada reportagem.
Talvez que tudo tivesse, até o fim do seu apostolado, corrido serenamente, sem qualquer nuvem, se o reverendo não tivesse perdido, na Primeira Grande Guerra, o seu filho Clifford Rupert Wynn.
Este desaparecimento chocante do seu filho, no front francês, levou-o a caminhos nunca trilháveis pelos que estão acomodados numa religião tradicional e julgam não necessitar de outra.
Sobretudo, o reverendo Wynn era uma das criaturas que possuem facilidade para se descartar de qualquer fenómeno insólito, pois atribuía-o ao diabo.
Ele, no entanto, leu a obra “Raymond”, de autoria não de um homem medíocre, mas de cientista de escol, agraciado cavalheiro, distinguido físico e membro da Academia Real de Londres, nada menos que Sir Oliver Lodge, que havia também perdido o seu filho Raymond nas batalhas feridas em Flandres.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:37 pm

Levado pelo amor e pelo exemplo, o reverendo Wynn também saiu em busca do seu filho, mesmo que ele estivesse perdido no imenso desconhecido, que ninguém era estimulado a desafiar e penetrar.
Através de diferentes médiuns, o reverendo Wynn chegou à grande descoberta, a maior que a sua alma podia ter feito para si e para a humanidade, principalmente para consolação dos pais que perderam os, seus filhos no morticínio legalizado.
Tudo o que viu e ouviu anotou cuidadosamente, do que resultou o best-seller mundial “Meu filho vive no Além” na edição brasileira lançada pela Clarim Editora, enquanto que, em inglês, se chama: “Ruper Lives”.
Sem meias palavras, circunlóquios ou prejuízos de orgulho de casta, grupo, família, levantou a sua poderosa voz para o mundo, afirmando:
“Eu falei com meu filho considerado morto.
Meu filho vive no Além”.
De várias formas mediúnicas, ele regista o colóquio que teve com o seu pranteado rebento que, em certo momento, lhe toca o coração:
“Meu pai, meu orientador, meu professor, meu querido velho pai, eu o amo”.
Até mesmo a fotografia espiritual conseguiu obter, este invulgar pesquisador, bem como a rara e difícil “voz directa”, fenómeno conhecido no Espiritismo Científico pelo nome de pneumatografia, em que o espírito fala, no espaço, sem utilizar aparentemente o corpo do médium.
A sua viagem fora da toca, levou-o a descortinar novas dimensões do ser e transferir para bem longe as lindes da verdade estereotipada apenas na interpretação literal da Palavra de Deus, donde dizer:
“É realmente um mistério, mas o caso é verdadeiro e eu o confirmarei até no dia do Juízo Final.
Os mortos podem comunicar-se com os vivos em condições especiais.
A vida continua.
Eu possuo as provas mais concludentes e as mais absolutas da sobrevivência da alma.
Os factos espíritas me fortaleceram a crença em Cristo e nos ensinamentos do Novo Testamento.
Compreendo, hoje, centenas de ocorrências registadas na Bíblia, de um modo que dantes me seria impossível.
Antigamente, eu acreditava na sobrevivência por um ato de fé.
Hoje, eu acredito nela porque sei que é verdadeira”.
James A. Pike, que foi Bispo da Igreja Episcopal, também teria tido o mesmo sucesso, a fim de captar notícias do seu amado filho falecido.
Conseguiu-o e não silenciou.
Enfaticamente transmitiu o seu achado ao mundo todo, embora isto lhe viesse custar dissabores, dissensões, ataques e vilanias, do mesmo modo que ocorria ao apóstolo Paulo, quando em Acaia chega a ser açoitado e levado perante o procônsul Júnio Gálio como elemento mistificador e feiticeiro, pelos seus próprios irmãos judeus!
Foi, quando jurou que, aquela maravilhosa Boa Nova, iria doravante oferecer aos gentios menos ácidos e turbulentos.
Disse James A. Pike:
“Comuniquei-me com meu falecido filho James, por intermédio de um médium, numa sessão de espiritismo realizada em Toronto e que foi gravada para a Televisão do Canadá”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:37 pm

A DESLUMBRANTE RACHEL
Ishtar: As veies, a lei superior exige que o homem dê mil passos em direcção à luz, para que a descubra, a fim de que pague um preço alto para a descoberta e, pagando-o não a esqueça jamais.
“Batei e abrir-se-vos-á — disse Jesus; no entanto, não nos disse quantas vezes deveríamos fazê-lo para que pudéssemos enxergar pelo lado de dentro das coisas.
Frederico Figner foi uma das criaturas espiritualmente mais formosas das que transitaram pela Terra.
Era israelita, nascido na antiga Boémia, portanto, da pátria dos inolvidáveis mártires João Hus e Jerónimo de Praga.
Vagando de país a país, sofrendo privações, Figner chega ainda mocinho ao Brasil, que se lhe afigura a verdadeira Terra da Promissão, aquela que em vão o povo eleito buscou através dos desertos escaldantes de Faran.
Tomou-se, graças ao seu talento e trabalho, um homem de relativas posses e que fundou a célebre gravadora de discos “Casa Edison” do Rio de Janeiro, que difundiu a música através dos gramofones por todos os rincões do Brasil.
Consorciou-se com uma bela e distinta moça pertencente a família de grande tradição:
Esther de Freitas Reys, construindo ambos um lar feliz.
No entanto, grande provação lhes estava destinada:
Rachel, a primogénita, verdadeiro primor de menina, encantamento de todos, veio a falecer.
Dir-se-ia que um golpe assim deveria prostrá-lo; mas Frederico Figner fora preparado para a prova.
Tempos atrás se iniciara na doutrina espírita, através de Pedro Sayão, parente da soprano Bidú Sayão.
O que havia levado Figner à prática mediúnica, tomando-o, por sinal, disputado médium passista de cura, foi o seu desvelado amor aos humildes que cheios de problemas de saúde não tinham recursos para procurar um médico.
Em 1921, o casal rumou para a longínqua Belém do Pará, onde Ana Prado, médium de efeito físico, vinha empolgando o país com impressionantes fenómenos de materialização obtidos dentro das mais acuradas exigências da pesquisa psíquica. Ali, passou a frequentar os trabalhos assiduamente.
Em 4 de maio daquele mesmo ano, numa das sessões, a sua filha Rachel se materializa, da forma a mais perfeita que imaginar se possa.
“Era ela mesma, a sua Rachelzinha querida, de silhueta delicada e “em toda a perfeição de formas” — escreve, a mãe, em ata lavrada do seu próprio punho.
Rachel chega-se aos pais.
Abraça, beija e acaricia-os em tocantes provas de amor.
O côncavo do coração se enche de sons inaudíveis pelo sentido comum e o sudário da morte se rompe de ponta a ponta.
Ê uma pena que todos os homens não pudessem ver para que, mais uma vez, se levantasse o alarido universal de hosanas pela ressurreição.
A imortalidade da alma verificada e a presença dos mortos alicerçando a fé, a esperança e a caridade.
O suspense, na sala, é quebrado pela voz de Rachel:
“Mãezinha, não quero que ande mais de preto, ouviu”?
Em dizendo isto, de maneira graciosa, tomou uma rosa vermelha e enfiou no decote da blusa da sua mãe.
Em seguida, toma outra rosa, desfolha-a e esparze as pétalas sobre a cabeça do pai e da mãe, tal como fazia, quando viva e nas festinhas de aniversário.
Era demais e todos choram de comoção.
Rachel ergue as delicadas mãos para o alto e diz:
“Graças a Deus, sinto-me contente por ter vencido a dor de mamãe..
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:38 pm

Rachel sente necessidade de deixar assinalada fisicamente a sua presença nestes memoráveis trabalhos e, então, coloca a sua delicada mãozinha materializada numa lata de parafina fervente; em seguida tira-a e introduz noutro recipiente cheio de água fria.
Neste vasilhame deixa então um molde perfeitíssimo, em operação que nenhum ser humano poderia levar a cabo.
Referindo-se a tais manifestações, sua mãe exclama:
“Era a minha Rachel.
Era a minha Rachel, tal e qual eu a tivera na Terra.
O rosto, o pescoço, o colo eram seus.
Não havia possibilidade de ter a menor dúvida de que não fosse a minha querida filha.
Via e sentia minha filha.
Só Deus me poderia dar tamanha felicidade, apenas treze meses depois da sua desencarnação”.
Num outro momento, Esther acrescenta:
“Como Rachelzinha se apresentasse com os cabelos suspensos, pedi que queria vê-los.
Ela foi à câmara de ectoplasmia e voltou, revelando-se com a sua linda cabeleira, caindo solta sobre os ombros.
Eram lindos como os possuía em vida”.

“REENCONTRAMO-NOS NO MUNDO VASTO..
Certo dia, Rachel avisou:
“Eu preciso partir”.
Com um lenço foi acenando e a mãe deslumbrada exclamava:
“Adeus, meu amor”!
Ishtar:
Não depositou você a sua súplica sobre o meu altar, que não o tenho, mas transmitiu-a ao meu coração materno e eu teria chorado, com você, através dos seus próprios olhos, não fosse que lhe trago mensagem de fé:
O seu filho está bem e manda-lhe um beijo.
Gugu era o apelido do menino Carlos Augusto, filho do Dr. Oswaldo Lacerda.
O garotão deixou esta vida de forma trágica, quando o cine Rink, de Campinas, desmoronou, causando mortandade e luto para inúmeras famílias campineiras.
O seu pai, fiel ao seu grau de formatura, não era dado a quaisquer manifestações de fundo místico, mas a perda de Gugu era algo demais doloroso e cruel, para que não buscasse em qualquer lugar um pouco, que fosse, de consolação.
Assim aproximou-se do famoso médium Chico Xavier e teve, no tempo devido, as palavras de que necessitava a sua alma e a esperança que deve enverdecer os campos, depois da queimada devastadora e infernalina.
Os pássaros poderiam, agora, chilrear nas galhadas do seu coração e as abelhas reencontrariam pólen nas corolas que se abriam diante de outro sol:
O sol esmeraldino da espiritualidade e que nunca se esconde.
A 3 de dezembro de 1952, em Pedro Leopoldo, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, com a presença do médium de efeito físico Peixotinho e assistência de outras figuras de proa, inclusive Chico Xavier e o prof. Henrique Rodrigues, realizou-se uma sessão, na qual se materializou o espírito de Scheilla, a qual com um foco de luz paranormal pediu que o tio de Gugu, o Sr. Henriquinho Ferraz focalizasse a sua Roleiflex em determinado ângulo e disparasse o flash.
“Naquele lugar — disse o Sr. Henriquinho — tudo estava vazio; não existia nada, nem espírito, nem médium”, o que o levava “a considerar a experiência inteiramente malograda”.
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TEMAS DO AMOR IMORTAL / M. B. Tamassia Empty Re: TEMAS DO AMOR IMORTAL / M. B. Tamassia

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:38 pm

Ao regressar ao Rio, mandou revelar os filmes.
E lá, na foto, estava Gugu, com o rosto nítido e perfeito, apenas envolto por matéria esbranquiçada, como se feita de flocos de algodão, ou seja, o chamado ectoplasma que os espíritos utilizam para tais manifestações materiais.
A prova era robusta para todos:
O Gugu, que ali aparecia, era o mesmo da ocasião do desmoronamento do cine Rink, época em que dele não haviam tirado nenhuma fotografia.

JAIR PRESENTE
Em abril de 1953, quatro meses depois, Gugu escreve pelas mãos do Chico, em trabalho, de psicografia, uma longa carta para a mãe e o pai, dizendo entre outras coisas:
“Nosso amor venceu a morte.
Nossa fé venceu a dor.
Em verdade, qual acontece ao papai, tenho lágrimas nos olhos, lágrimas de alegria, porque nos reencontramos no mundo vasto. . .”
Ishtar:
“De que forma sustentar firmeza, se mourejei toda a existência de sol a sol, para ver meu filho formado e a morte mo arrebatou, pouco antes da formatura?
Nem eu, nem a companheira, ninguém conseguimos sequer pensar.
Que longo e horrível pesadelo!
Permiti, Ishtar, que de repente acordemos e possamos dizer: Isto não aconteceu!"
O inteligente e exemplaríssimo jovem, Jair Presente, pertencia a conhecida e benquista família de Campinas, residindo à rua Dr. Oswaldo Cruz TN 764.
Contava pouco mais de 24 anos de idade e cursava, com brilho, o 4º ano de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas.
No dia 3 de fevereiro de 1974, estava nadando com alguns companheiros, na chamada Praia Azul, perto de Americana, quando lhe faltaram forças.
Retirado prestes fora d’água, de nada valeram os recursos aplicados, pois não sobreviveu.
A sua morte causou consternação geral no meio estudantil.
Os pais, José e Josephina Presente, e a sua irmã Suely, sofreram tão grande impacto, que se lhes afigurava não resistirem tão lancinante dor.
A inconformação, o tom de pesadelo por uma perda desta natureza, mói e remói os corações paternos, aniquilando-os.
A dinâmica Wandir Dias que alimenta com oitocentos pratos de sopa as crianças pobres do bairro pobre chamado Grameiro, também costuma estender a sua colher de consolação aos aflitos e deu aos pais de Jair Presente o livro “Presença do Chico”, para que encontrassem lenitivo naquelas páginas repassadas de esperança.
Os pais leram-no.
E resolveram, também eles, procurar o Chico em Uberaba, neste lugar da terra que não é de milagres, mas Santuário de Consolações.
Por força destes insondáveis desígnios da Providência, o humilde casal, em ali chegando, teve resposta imediata aos brados dos seus corações torturados.
Chico Xavier, em transe, pôs-se a escrever.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 17, 2019 7:38 pm

No fim de laudas e laudas preenchidas celeremente, vinha a assinatura do missivista do Além:
“Jair Presente”.
“Uberaba, 15 de março de 1974.
“Meu pai, minha mãe, minha querida Sueli, peço-lhes calma, coragem.
Não estou em situação infeliz, mas sofro muito com a atitude de casa.
Auxiliem-me.
É tudo, por agora, o que lhes posso dizer.
Tenho a mente nublada.
Consigo entender muito pouco aquilo que se passa em tomo de mim.
As lágrimas dos meus queridos me prendem.
Que há meu Deus?
“Não pensem que desapareci para sempre.
Estarei, porém, com vocês na condição em que estiverem comigo.
Fortes me fortalecerão.
Desanimados, me farão esmorecer.
É muita coisa para observar, entretanto, não posso ainda.
Creio apenas que perder o corpo mais pesado, não é desenvencilhar-se do peso de nossas emoções e pensamentos, quando nossos pensamentos e emoções jazem nas sombras da angústia.
“Eu encontrei muito amparo, mas, a não ser o meu avô Basso a quem me ligo pelo coração, não tenho ainda memória para funcionar aqui; minha faculdade de lembrar está com vocês, assim à maneira de um balão escravizado.
Ajudem-me. Preciso ver e ouvir aqui para retomar-me como sou.
“As vozes de casa chegam ao meu coração e, como se continuássemos juntos, vejo-os no quarto, guardando-me as lembranças como se devesse chegar a qualquer instante.
E o meu pensamento não sai de onde me prendem.
Agradeço, sim, o amor em suas lágrimas.
Agradeço o carinho em suas preces, mas venho pedir-lhes para viver.
Vivam! E que vivam felizes, porque assim também serei feliz.
“Esqueçam o que sucedeu, ninguém me prejudicou, ninguém teve culpa.
Mal sabia eu que um passeio domingueiro era o fim da resistência física.
O coração parou, ao modo de um motor, de que não se descobre imediatamente o defeito.
“Fui eu quem deu tanto trabalho aos amigos.
Notei quando me chamavam, quando me abraçavam, massageavam e me faziam quase respirar sem conseguir.
Agradeço por tudo.
Depois foi o sono, um sono profundo, do qual acordei para chorar com o pranto de meus pais e de meus afectos mais queridos.
“Sueli, acalme-se e auxilie os pais queridos.
Nada de lamentações e reclamações.
Deixei o corpo num domingo, sem extravagâncias quaisquer.
Há quem pense em drogas, quando se deixa a vida física assim qual me sucedeu.
Mas não havia drogas, nem abuso da véspera.
Estávamos sóbrios e brincávamos à maneira de pássaros descuidados.
Em qualquer lugar que me achasse, a queda de forças seria a mesma.
“Estou saudoso de tudo, dos familiares queridos, dos companheiros, dos estudos e das aulas, entretanto, espero sarar e refazer-me.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 6:11 pm

Para isso, você, meu querido pai e você, querida mãezinha, são as alavancas de que preciso para me levantar.
“Aqui comigo estão o meu avô Basso e um coração de benfeitora a quem chamo de irmã Elvira.
Estou bem, mas é preciso melhorar.
Encaremos a vida como deve ser a vida perante Deus e esperemos o futuro melhor.
Creiam que estou fazendo muita força para não acovardar-me.
“Não posso aumentar-lhes os sofrimentos.
Agora é o momento de pensarmos na fé, na fé viva que nos ergue o pensamento para a vida maior.
Abençoem-me e ajudem-me.
“Lembrem-me estudando e não morto, porque a vida não admite a morte.
Por hoje nada mais consigo escrever.
A garganta, como se eu fosse falar, está constrangida e as lágrimas estão contidas a ponto de rebentarem.
Quero confiar em Deus e em vocês e por isso termino com um abraço, deixando, aqui, a vocês aquele beijo de todos os dias, rogando a Deus para que nos fortaleça e nos abençoe (a) Jair Presente”.
* * *
Quinze dias depois desta carta, os pais do rapaz voltaram a Uberaba, levando em sua companhia o universitário Carlos Roberto Ramos Fonseca, amigo de Jair e que vivera os tristes acontecimentos de Praia Azul, bem como as graciosas estudantes, Elenice Santana e Cidinha, que faziam parte do grupo de íntimos de Jair.
Ao menos, Carlos Roberto havia estranhado o tom da carta de Jair Presente, achando-a um tanto mística, quando Jair Presente era aquilo com que designam por “cara legal” e “prafrentex” temperamento extrovertido e automaticamente líder.
Quanto à mãe de Jair, dona. Josephina dizia:
“Ele era assim mesmo.
Tinha o dom de apropriar a linguagem segundo o meio em que se encontrasse; à frente de doutores falava difícil, em casa com ternura e junto aos rapazes usava uma gíria que eu não entendia nada”.
Jair Presente, lá do Além-Túmulo, parece ter ouvido as observações e, agora, diante da sua patota, veio com um bilhete diferente, para que os seus amigos entendessem e se valessem disto para os seus dias futuros na face da Terra.
Assim, através da psicografia do Chico Xavier, Jair deixou a segunda carta:
“30-3-1974 — “Oi, Carlos, pedi vez e obtive.
Falar a vocês assim como sou.
Vocês não me vêem, mas nunca fui Jair Presente como agora.
Presente. Apenas presente, para um abraço no rancho.
Como é que é? E o Sérgio?
“Aquele negócio da Praia Azul, no domingo, não deve meter medo.
De qualquer modo, o modo era aquele mesmo.
Dar uma de afogado para não cair em outra de doente.
Porque doente nunca fui.
E afogado não fiquei sendo.
Morem nisto ai, se puderem.
Eu fico na curtição diferente:
Começar vida nova.
Observar e aprender.
“Ainda estou um tanto apagado, mas vou me incrementar, a fim de apanhar as verdades daqui...
“Vocês leram as minhas palavras a meu pai, à minha mãe e à nossa querida Sueli.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 6:12 pm

Escrevi, escrevendo, mas vocês sabem!
Falar com professores não é conversar no grupinho.
Tem-se de controlar tudo para não entrar bem.
Foi o que fiz”.
Depois de o missivista do Além-Túmulo confirmar que apurou ser a irmã a socorrista Elvira, uma sua parente desconhecida, continuou:
“Nunca pensei que a morte fosse o que vi.
Tudo tão natural!
Vocês ocupados em me trazer ao corpo parado e eu a mover-me escutando alguns caras gritando...
“Depois, Carlos, foi uma vertigem, como quando um sujeito se assusta e se apaga.
O resto já sabem...
Se vocês puderem e se tiverem gosto com isso, orem por mim.
Jóia! A prece é fio que esbarra na estação do destino.
E a estação de destino agora sou eu.
“Se puderem entrem na curtição de emissores.
Nada de lágrimas. Legal.
É preciso viver e viver trabalhando.
Agradeço a você, à Elenice, à Cida e a todos os corações amigos da família e à patota presentes com os Presentes.
“Estou bem. Melhorando.
Preciso ficar mais ouriçado para trabalhar.
Ainda estou muito borocochô!
E não posso ficar assim.
Gente boa aqui é muita; escolas, ao que ouço, não têm conta.
Mas no momento ainda tenho mais saudade de vocês que vontade de renovação.
Liguem-se comigo e ajudem-me.
Ligação é para estas horas... ”.
* * *
Jair Presente, mais tarde, em 25 de agosto de 1974, voltou no mesmo estilo anterior, dirigindo-se aos jovens integrantes do seu grupinho e a seus pais.
A carta é longa e contendo, numa linguagem comunicativa, importantes ensinamentos à mocidade.
Quanto ao sexo, observa:
“Esse negócio de sexy, fiquem acesos para pensar melhor.
Não brinquem com fogo, que o fogo nesse assunto queima muito mais do lado de cá.
O que vocês prometem cumpram.
O que fizerem no campo dos tratos, saibam tratar, porque o amor é uma luz que não aparece em querosene de papagaiadas de conversa furada”.
Ao grupo familiar se exprime em conceitos interessantes:
“Quero que vocês fiquem aí até que o mofo espante vocês do saco de pele de ossos, peço a Deus que todos se arrastem de velhos, mas eu não sei se isso vai acontecer.
De qualquer modo, preparem-se para vir algum dia.
E saibam que só temos aqui o que damos e só sabemos o que colocamos dentro de nós”.
No tocante à caridade, chama a atenção dos companheiros para a sua importância, pedindo aos colegas que vão servir sopa aos pobres com a sua mãezinha.
Depois de pedir a bênção aos pais e de explicar a estes que escreveu, em tal estilo, só para mostrar que está vivo, prometeu que voltaria a escrever com “siso e juízo”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 6:12 pm

MAMÃE... AMO-A MUITO...
Na Praia Grande, no Estado de São Paulo, num trecho de praia conhecido por Suarão, o estudante Luiz Sérgio Anhê, ao salvar a vida de uma jovem, em virtude de esforço hercúleo feito, é arrastado pelas ondas e morre afogado.
Através do Chico Xavier, o rapaz vem enxugar as lágrimas dos seus pais, João Anhê e Maria Giampietro Anhê, em carta repassada de sentimento:
“Querida mamãe — a sua bênção e a sua prece por nossa paz.
Eu sei, mamãe, que a saudade é uma ferida, por dentro, vazando o sangue de nossa vida, em forma de lágrimas...
Eu sei que ninguém me quis tanto quanto o seu coração...
Não sabia que as minhas forças estavam no fim, na manhã daquela segunda-feira.
Os meus últimos pensamentos foram para a sua ternura e para o meu pai, nas orações que elevei a Deus...
A princípio apenas registei uma compressão invencível no cérebro e a fraqueza nos braços.
Depois, foi um sono pesado em que me via, como um pesadelo, sob as águas profundas...
Em seguida, sempre reunindo a impressão de sono com a ideia de consciência, perdi a noção de mim mesmo.
Só mais tarde acordei num leito alvo e com alguns amigos a me oferecerem carinhosa atenção.
Pedi que me deixassem regressar para casa.
Queria dizer que estava bem, mas a pouco e pouco, aquele que, depois, reconheci por vovô Miguel, vim a saber que meu corpo era agora diferente...
Ajude-me querida mãezinha.
Preciso daquela paz que o seu carinho sempre me deu...
Não queira acompanhar-me.
Viva para que eu possa tornar a viver.
Temos muitas bênçãos a receber, muito serviço a realizar.
Coloque-me no seu coração querido, assim como antigamente.
Seja a sua oração um cântico de harmonia e dê amor para que seu filho descanse...
Perdoe-me mamãe e beije outra vez
o seu filho reconhecido, que com muito carinho volta aos seus passos para beijar as suas queridas mãos.
É a volta dos mortos queridos, em palavras de consolação e despertamento.
Também outra mãe, de outro país, Inglaterra, dona. Claredon Road passou pela mesma experiência.
No anfiteatro do Albert Hall, o seu filho Peter que havia sucumbido na guerra, como integrante da poderosa Raf, por vias mediúnicas, vem e, depois de dar provas convincentes de que vivia no Além, murmura docente:
“Mamãe querida.
Eu sou mesmo o seu filho Peter.
Amo-a muito”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 6:12 pm

CAPÍTULO 4
“NÃO TENHA MEDO, MEU FILHO”

Ishtar:
Você indaga se há espíritos protectores para guiarem-nos os passos, no pós-morte..
Sim.. Até chegarem a Deus, o que leva um tempo imensurável, as almas se amparam mutuamente.
A que está na frente guia a que está atrás.
Sempre haverá uma mão aberta à espera da sua mão.
Ele era um menino altivo, petulante e senhor de elevadíssimo Q.I., a tal ponto destacado que, intimamente, desprezava o pai, criatura simplória e intelectualmente apagada.
O mundo em que vivia, tanto passaria com o seu pai, como sem ele.
Não aprendera a ajuizar o acervo valioso de tantas coisas maravilhosas, que tinha recebido através do coração compassivo do progenitor, e de quanto aquelas mãos calosas haviam lixado, pintado e envernizado para dar-lhe conforto e segurança.
O pai sentia isto.
Certa ocasião, convida-o para irem, ambos, passear na lendária “Lagoa Assombrada” localizada em lugar bastante ermo, oculta em mata emaranhada por cipós e unhas-de-gato.
Atingiram-na a duras penas e, vencidas ainda as tábuas que a cercavam como guardas de lança em riste, se lhes revelou aquele imenso espelho d’água plácido e escuro, sinal inequívoco de grande profundidade.
— Tiremos a roupa e vamos nadar — disse o pai.
Nininho, que já vinha caminhando assustado, acovardou-se.
A névoa da madrugada, repousando sobre as águas, desenhava duendes e a imaginação do garoto povoava os aguapés com cobras, jacarés e sucuris.
— Vamos, meu filho.
Não tenha medo.
Agarre-se em mim...”.
Em dizendo isto, o velho foi puxando Nininho para o fundão até que, não dando mais pé, colocou-o às costas:
“Segure bem, filhinho... como se fosse um enorme cavalo marinho... ”.
E o pai começou a nadar.
Naquela solidão, entre um e outro pipio de pássaro ou som chocho de saracuras ariscas, ouviam-se as braçadas seguras de homem resoluto.
Nininho, que a princípio estava apavorado, foi adquirindo confiança e o desconforto se converteu em alegria efusiva.
Seu pai, de repente, voltava a ser o herói que havia perdido.
Inteligentíssimo, entendeu o sentido da lição:
Passasse, daí por diante, a auferir e recolher cumprimentos do mundo pelo seu êxito, não desdenharia mais os ombros paternos que o haviam carregado-e haveriam de ser aquele em que poderia sempre confiar nas horas de medo e aflição.
* * *
Em nossa vida, ocorre facilmente esquecer-mo-nos da criatura que, na infância, chamamos pelo nome de papai e que cobrimos de beijos, enquanto ele nos enchia o bolso de guloseimas.
Mas nossos pais, mesmo do Além, continuam velando por nós e, se o Alto lhes permite, salvam-nos de ciladas e nos protegem com a sua forte mão amiga.
Numa poesia psicografada, Paulo Sérgio Milliet Duarte da Costa e Silva, que morreu aos quinze anos de idade, enviou do Além uma poesia ligada a este tema:
“Ninguém te ouviu a prece de esperança, /
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 18, 2019 6:13 pm

Quando entregaste ao berço, de mansinho, /
Meu pobre coração de passarinho /
Engastado no corpo de criança.
— “Calado herói do bem que não descansa /
Tanta vez a lutar, mudo e sozinho, /
Ninguém te enxerga o pranto de carinho /
Com que me guardas vivo na lembrança.
— É por isso, meu Pai, que dia a dia /
Varo a senda da névoa espessa e fria, /
Que o sepulcro de lágrimas nos junca. /
Para ofertar-te, ao peito brando e forte, /
A certeza da vida além da morte, /
Na luz do Amor que não se apaga nunca”.
Nestes lindos versos, é a alma de um poeta que vem consolar o pai, agradecendo-lhe a dedicação, como “calado herói”; noutros, é o próprio filho quem adquire a certeza de que o pai, que se encontra no Além, guia-o pelos ínvios caminhos do mundo.
E quando chegar a nossa hora de desligarmo-nos deste, esse mesmo “calado herói” estará à nossa espera.
O Dr. Hamilton Prado foi homem de destaque na sociedade paulistana.
Advogado de renome, director da Antárctica Paulista e político de evidência, ocupando posição de líder na Câmara dos Deputados, legou aos pósteros nome e tradição.
Já quase no fim da vida, publicou uma pequena obra chamada “No Limiar do Mistério da Sobrevivência”, de inegável valor, na qual conta as suas próprias experiências psíquicas.
Desde moço, quando ainda frequentava a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, tinha momentos em que se desligava do corpo físico!
Não sabia como e nem porque acontecia, mas se bipartia, em nítido fenómeno dito de desdobramento.
Com o perpassar dos anos, o desdobramento tomou-se- lhe trivial:
O seu corpo espiritual deixava o corpo físico e saía por aí, donde a sua obra pesava na balança como valioso subsídio à comprovação da sobrevivência da alma.
Viajando, pois, noutra dimensão do ser, na forma que nos será natural depois da morte, deu-nos extraordinários pontos de referência para que conhecêssemos o Além.
“Tais mundos são construídos à semelhança do nosso” — depoimento que é idêntico ao que nos prestava Emmanuel Swedenborg, há duzentos anos atrás.
“O que varia — diz Hamilton Prado — é simplesmente a densidade, de forma que o próprio espírito variando na densidade do seu corpo pode identificar-se com as densidades de cada um desses mundos, comunicando-se com eles e vivendo neles, como vivemos neste mundo em que o veículo do espírito é o corpo humano”.
Estar encarnado e vagar nesse outro não é tarefa muito fácil.
No entanto, é o próprio autor que nos conta quem era o seu condutor, como Virgílio o foi de Dante.
“Alguns tempos após o falecimento de meu pai, ocorrendo um desdobramento, percebi, perto de mim, uma pessoa, que eu não via e que, ao dar-me sua mão, me permitiu reconhecer, pelo tacto, ser mão dele, a qual eu estava habituado a ver e tocar.
Aquela pessoa, que admiti, pois, ser o espírito de papai, em um voo rápido levou-me por sobre a cidade, para um campo, por cima do qual comecei a deslizar, até atingir uma colina que, ainda voando, começamos a subir”.
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