LUZ ESPÍRITA
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Joana d'Arc - A médium

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 21, 2011 10:06 am

Amigo Leitor, é com muita satisfação, que iniciamos o mês de setembro de 2011, falando sobre um grande espírito que assumiu grandes compromissos perante a Humanidade.

Trata-se de Joana d'Arc.
Fizemos uma seleção de onze postagens sequencias falando sobre sua vida, sua mediunidade,comentarios de escritores, criticos, falaremos sobre sua reencarnação anterior, e o motivo pelo qual ela escolheu essa reencarnação como martir para resgatar faltas do passado.

Utilizaremos material da Revista espírita de dezembro de 1867, do livro Mediunidade dos Santos, do senhor Clovis Tavares, A caminho da luz por Emmanuel, e o livro Joana d'arc por Leon Denis.

Apenas recordando em postagens anteriores sobre a vida de Leon Denis, Licurgo Lacerda, afirma que Joana D'Arc era a mentora espiritual deste grande divulgador da doutrina dos Espíritos.

Espero que aprecie as onze postagens, boa leitura.
Luciano Dudu

Parte 1/11

No livro Mediunidade dos Santos na pagina 91 em diante, o autor Clovis Tavares vem nos dizer sobre a mediunidade de Joana d’Arc:
Santa Joana d’Arc é um caso em que o fenómeno da clariaudiência chega a um ápice.

Enfrentando a incredulidade de todos, desde os 13 anos, escutava as vozes de São Miguel, o arcanjo guerreiro, de Santa Catarina e Santa Margarida.

Em três anos e meio, preparou-se para empreender o papel que as vozes lhe reservavam.
Por muito tempo Joana ouviu as vozes sem saber que rumo tomar, apenas conhecendo que deveria partir para Orleans, que estava sitiada pelos ingleses e que era fundamental para a libertação da França.

Recebendo, em 1428, a ordem expressa das vozes para seguir para Orleans, como relata Américo Castro, seu biógrafo, ela obedece, ainda que atónita.

Em Santa Catarina de Fierbois, numa capela erguida por Carlos Martel, encontra, guiada pela voz de Santa Catarina, a espada com que lutou Carlos Martel sete séculos antes, expulsando definitivamente os Mouros da França.

Em Chinon, reconheceu o Delfim num salão onde se aglomeravam mais de trezentas pessoas, segundo Américo Castro, “e respondendo sobre sua dúvida secreta, afirmou ser ele realmente o filho de Carlos VI”.

Diz Husslein...
“não obstante a mais elementar prudência aconselhava que se pusessem à prova suas solicitações e a Universidade de Poitiers foi à encarregada de fazer o juízo”.

Joana se submeteu e impressionou profundamente a corte com a defesa que fez de si mesma e de suas solicitações.
Os sábios doutores que a julgaram ficaram convencidos por completo de que se tratava de uma enviada de Deus e aconselharam o Rei que não a repelisse.

Esses documentos sumiram misteriosamente quando Joana foi aprisionada pelos Ingleses.

Joana foi instruída pelas vozes, levantou o cerco de Orleans e como relata Husslein:
“... cidades e fortalezas começaram a cair em rápida sucessão sob o empunho de suas armas”.

Em Reims, Carlos VII, como lhe predisseram as vozes, foi coroado Rei.
A partir desse momento avisaram-lhe as vozes que cairia prisioneira e ela não se surpreendeu quando o facto ocorreu.

Manteve-se firme durante toda a farsa de seu julgamento, que demorou cinco meses, até sua condenação à fogueira.
Sustentada pelas vozes até o último instante, Santa Joana d’Arc pronunciou na fogueira sua última palavra – Jesus!

Fonte: Mediunidade dos Santos/ Clovis Tavares, Prefácio de Emmanuel.
(Obra póstuma, concluída por Flavio Mussa Tavares). Araras, SP 5ª edição, Ide , 1998.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 21, 2011 10:07 am

Parte 2/11

“Fonte abundante de inspiração jorra do mundo invisível por sobre a Humanidade”.

Liames estreitos subsistem entre os homens e os desaparecidos.
Misteriosos fios ligam todas as almas e, mesmo neste mundo, as mais sensíveis vibram ao ritmo da vida universal.

Tal o caso da nossa heroína.
Pode a crítica atacar-lhe a memória: inúteis serão seus esforços.

A existência da Virgem da Lorena, como as de todos os grandes predestinados, está burilada no granito eterno da História, nada poderia esmaecer-lhe os traços.

É daquelas que mostram com a evidência máxima, por entre a onda tumultuosa dos eventos, a mão soberana que conduz o mundo.
Para lhe surpreendermos o sentido, para compreendermos a potestade que a dirige, é mister nos elevemos até à lei superior, imanente, que preside ao destino das nações.

Mais alto do que as contingências terrenas, acima da confusão dos feitos oriundos das liberdades humanas, precisas são se perceba a acção de uma vontade infalível, que domina as resistências das vontades particulares, dos actos individuais, e sabe rematar a obra que empreende.

Em vez de nos perdermos na balbúrdia dos factos, necessários é lhes apreendamos o conjunto e descubramos o laço oculto que os prende.

Aparece então à trama, o encadeamento deles;
sua harmonia se desvenda, enquanto que suas contradições se apagam e fundem num vasto plano.

“Compreende-se para logo que existem umas energias latentes, invisíveis, que irradia sobre os seres e que, a cada um deixando certa soma de iniciativa, os envolve e arrasta para um mesmo fim.”

(...) Os fenómenos de visão, de audição, de premonição, que pontilham a vida de Joana d'Arc deram lugar às mais diversas interpretações.

Entre os historiadores, uns não viram neles mais do que casos de alucinação;
outros chegaram a falar de histeria ou neurose.

Alguns lhe atribuíram carácter sobrenatural e miraculoso.

(...) No tempo de Joana d'Arc estas coisas não eram compreensíveis.
As noções sobre o Universo e sobre a verdadeira natureza do ser permaneciam ainda confusas e, em muitos pontos, incompletas, ou erróneas.

Entretanto, marchando.
Há séculos, de conquista em conquista, mal grado às suas hesitações e incertezas, o espírito humano já hoje começa a levantar o voo.

Convém primeiramente notar:
graças às suas faculdades psíquicas extraordinárias é que ela pôde conquistar rápido ascendente sobre o exército e o povo.

Consideravam-na um ser dotado de poderes sobrenaturais.
O exército não passava de um agregado de aventureiros, de vagabundos movidos pela gana da pilhagem.

Todos os vícios reinavam naquelas tropas sem disciplina e prontas sempre a debandar (...).

(...) Joana soube praticar esse milagre.
Acolheram-na a principio como intrigante, como uma dessas mulheres que os exércitos levam na cauda.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 21, 2011 10:08 am

Mas, sua linguagem inspirada, seus costumes austeros, sua sobriedade e os prodígios que se operaram logo em torno dela, a impuseram bem depressa àquelas imaginações gastas.

O exército e o povo se viam, assim, tentados a encará-la como uma espécie de fada, de feiticeira e lhe davam os nomes dessas formas fantásticas a que atribuem o assombramento das fontes e dos bosques.

O desempenho de sua tarefa não se tornava com isso senão mais difícil.
Era lhe preciso fazer-se ao mesmo tempo respeitada e amada como chefe;
obrigar, peloascendente, aqueles mercenários a verem na sua pessoa uma imagem da França, da pátria que ela queria constituir.

Pelas predições realizadas, pelos acontecimentos verificados, conseguiu inspirar-lhes absoluta confiança.

Chegaram quase a divinizá-la.
Sua presença era tida como garantia de bom êxito, símbolo da intervenção celeste.

Admirando-a, devotando-se-lhe, mais fiéis se lhe tornaram do que o rei e os nobres.
Doutras vezes e com muita frequência, atesta-o a própria Joana, suas vozes a previnem.

Em Vaucouleurs, sem jamais o ter visto, vai direito ao senhor de Baudricourt:
“Reconheci-o, refere, graças à minha voz.
Foi ela que me disse: “Está ali ele”!”.

Conforme as revelações que tivera, Joana lhe prediz a libertação de Orleans, a sagração do rei em Reims e lhe anuncia a derrota dos Franceses na jornada dos Arenques, no instante mesmo em que acabava de verificar-se.

“Em Chinon, levada à presença do rei, não hesitou em descobri-lo entre os trezentos cortesãos no meio dos quais se dissimulara:
Quando fui introduzida no aposento do rei, diz, logo o reconheci entre os outros, porque a minha voz mo indicou” (39).

Numa entrevista íntima, lembra-lhe ela os termos da prece muda que, sozinho no seu oratório, ele dirigira a Deus.

Suas vozes lhe comunicam que a espada de Carlos Martel está enterrada na Igreja de Santa Catarina de Fierbois e mostrá-la.

É ainda a voz que a desperta em Orleans, quando, extenuada de fadiga, se atira no leito, ignorando o ataque à bastilha de Sannt-Loup:
“Meu conselho me disse que vá contra os ingleses, exclama de repente.
E não me dizíeis que o sangue da França estava sendo derramado.

Fonte: Revista Espírita, dezembro 1867, Allan Kardec FEB
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 21, 2011 10:09 am

PROVAS DE SUA MEDIUNIDADE NO INTERROGATÓRIO DO PROCESSO DA INQUISIÇÃO

Parte 3/11


“Antes de tudo: são autênticos estes factos”?
R= Nenhuma dúvida é possível.
“Os textos, os depoimentos aí estão copiosos; as cartas, as crónicas abundam”.


“A Pedro de Versailles, que a interroga em Poitiers sobre o grau de sua instrução, responde:
“Não sei o ABC.”

Muitos o afirmam no processo de reabilitação.
Entretanto, realizou maravilhosa obra, como igual mulher alguma jamais empreendeu.

Para levá-la a bom termo, porá em jogo aptidões e qualidades raras.
Iletrada, confundirá e convencerá os doutores de Poitiers.

Por seu génio militar e pela habilidade dos seus planos, adquirirá pronta influência sobre os chefes do exército e os soldados.

Em Ruão, fará frente a sessenta eruditos, casuístas destros em subtilezas jurídicas e teológicas;
frustrar-lhes-á as ciladas e lhes responderá a todas as objeções.

Mais de uma vez os deixará embaraçados pelo poder de suas réplicas, rápidas como relâmpagos, penetrantes quais pontas de espadas.

Conta-se também uma cena tocante passada na igreja de Compienha (Compiègne).

Diz ela, chorando, aos que a cercavam:
“Bons amigos e queridos filhos, sabei que me venderam e traíram.
Dentro em breve, dar-me-ão a morte.
Orai por mim!“
(46).

Na prisão, seus guias lhe predizem a libertação de Compienha (47), o que lhe causa grande alegria.

Teve também a revelação do seu fim trágico, sob uma forma que ela não compreendeu, mas cujo sentido seus juízes apreenderam:
“O que minhas vozes mais me dizem é que serei salva...
Acrescentam:
Recebe tudo com resignação, não te aflijas por causa do teu martírio.
Virás, enfim, para o reino do paraíso“


Como conciliar tão esmagadora superioridade com a falta de instrução?
Ah! É que existe outro manancial de ensinamentos que não a ciência da escola!

Pela comunhão constante com o mundo invisível, desde a idade de treze anos, quando teve a sua primeira visão, é que Joana alcança as luzes indispensáveis ao desempenho de sua missão espinhosa.

Fonte: Revista Espírita, dezembro 1867, Allan Kardec
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 21, 2011 10:09 am

Parte 4/11

JEANNE d'ARC E SEUS COMENTADORES.

Jeanne d'Arc é uma das grandes figuras da França, que se levanta na história como um imenso problema, e, ao mesmo tempo como um protesto vivo contra a incredulidade.

É digno de nota que, neste tempo de cepticismo, foram os adversários mais obstinados do maravilhoso que se esforçaram por exaltar a memória dessa heroína quase lendária;
obrigados a folhear nesta vida cheia de mistérios, se vêem constrangidos a reconhecer a existência de factos que só as leis da matéria não poderiam explicar, porque tirando-se esses factos, Jean d'Arc não é mais do que uma mulher corajosa, como se as vê sempre.

Provavelmente, não foi sem uma razão de oportunidade que a atenção pública foi chamada sobre este assunto neste momento;
foi um meio, como um outro, de abrir o caminho às ideias novas.

Jeanne d'Arc não é nem um problema, nem um mistério para os Espíritas;
é um tipo eminente de quase todas as faculdades medianímicas, cujos efeitos, como uma multidão de outros fenómenos, se explica pelos princípios da Doutrina, sem que seja necessário procurar-lhes a causa no sobrenatural.

Ela é a brilhante confirmação do Espiritismo, do qual foi um de seus mais eminentes precursores, não por suas informações, mas pelos factos, tanto quanto por suas virtudes, que denotam nela um Espírito superior.

Propomo-nos fazer, a este respeito, um estudo especial, desde que nossos trabalhos no-lo permitam; à espera disto não é inútil conhecer a maneira pela qual suas faculdades são encaradas pelos comentadores. O artigo seguinte foi tirado do Propagateur de Lille, de 17 de agosto de 1867.

"Sem dúvida, nossos leitores recordam que este ano, na festa de aniversário do levante do cerco de Orléans, o Sr. abade Freppel pediu, com uma humilde e generosa audácia, a canonização de nossa Jeanne d'Arc.

Lemos hoje na Bibliothèque de l'École dês Chartes um excelente artigo do Sr. Natalis de Wailly, membro da Académie dês Inscriptions, que, a propósito da Jeanne d'Arc de Sr. Wallon, das suas conclusões e as da verdadeira ciência sobre a história sobrenatural daquela que foi, ao mesmo tempo, uma heroína da Igreja e da França.

Os argumentos do Sr. de Wailly são bem feitos para encorajar as esperanças do Sr. abade Freppel e os nossos. - Léon Gautier (Monde)."

“Não há muitos personagens que tenham sido, mais do que Jeanne d’Arc, alvo da contradição dos contemporâneos e da posteridade;
no entanto, deles não há cuja vida seja mais simples e melhor conhecida”.

“Saída de repente da obscuridade, ela não aparece em cena senão para ali cumprir um papel maravilhoso, que logo atrai a atenção de todos”.

É uma jovem, hábil somente para fiar e costurar, que se pretende enviada de Deus para vencer os inimigos da França.

No início, ela não tem senão um pequeno número de partidários devotados, que crêem em sua palavra;
os hábeis desconfiam e lhe fazem obstáculo:
cedem, enfim, e Jeanne d'Arc pode alcançar as vitórias que havia predito.

Logo ela arrasta até Reims um rei incrédulo e ingrato, que a trai no momento em que ela se prepara para vencer Paris, que a abandona quando ela cai prisioneira na mão dos Ingleses, que nem tenta mesmo protestar, nem proclamá-la inocente quando ela vai expirar por ele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 21, 2011 10:10 am

No dia de sua morte, não foram, pois, somente os inimigos que a declararam apóstata, idolatra, pudica, ou os amigos fiéis que a veneravam como uma santa;
havia também os ingratos que a esqueceram, sem falar dos indiferentes que não se incomodaram com ela, e as pessoas hábeis que se gabavam de não ter jamais acreditado em sua missão ou de não ter acreditado senão pela metade.

"Todas essas contradições, no meio das quais Jeanne d'Arc teve que viver e morrer, lhe sobreviveram e a acompanharam através dos séculos.

Entre o vergonhoso poema de Voltaire e eloquente história do Sr. Wallon, as opiniões mais diversas se produziram;
e se todos concordam hoje em respeitar esta grande memória, pode-se dizer que, sob a admiração comum se escondem ainda profundas divergências.

Com efeito, quem lê ou escreve a história de Jeanne d'Arc, vai erguer em face de si um problema que a crítica moderna não gosta de encontrar, mas que lá se impõe como uma necessidade.

Este problema é o carácter sobrenatural que se manifesta no conjunto dessa vida extraordinária, e mais especialmente em certos fatos particulares.
"Sim, a questão do milagre se põe, inevitavelmente, na vida de Jeanne d'Arc;
ela embaraçou mais de um escritor e provocou frequentemente estranhas respostas.

O Sr. Wallon pensou, com razão, que o primeiro dever de um historiador de Jeanne d'Arc era de não evitar esta dificuldade:
abordá-la de frente, e explicá-la pela intervenção miraculosa de Deus.

Tentarei mostrar que esta solução está perfeitamente conforme as regras da crítica histórica.

“As provas metafísicas sobre as quais se pode apoiar a possibilidade do milagre, escapam ou desagradam a certos espíritos;
mas a história não tem que fazer essas provas”.

Sua missão não é estabelecer teorias; é de constatar os factos, e registar todos aqueles que lhe apareçam como certos.

Que um facto miraculoso ou inexplicável deva ser verificado com mais atenção, ninguém o contestará;
por consequência também, o mesmo facto, mais atentamente verificado do que o outro adquire, de alguma sorte, um maior grau de certeza.

Raciocinar de outro modo é violar todas as regras da crítica, e transportar mal a propósito à história os preconceitos da metafísica.

Não há argumentação contra a possibilidade de um milagre, que dispensa examinar as provas históricas de um fato miraculoso, e de admiti-las quando são de natureza a produzirem a convicção num homem de bom senso e de boa fé.

Ter-se-á mais tarde o direito de procurar para esse fato uma explicação que satisfaça tal ou tal sistema científico;
mas, antes de tudo, e a qualquer coisa que chegue a existência do facto deve ser reconhecida, quando repousa sobre provas que satisfazem às regras da crítica histórica.

"Há, sim ou não, factos desta natureza na história de Jeanne d'Arc?
Descubra na postagem 5/11

Fonte: Revista Espírita- Dezembro de 1867, Allan Kardec
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 22, 2011 10:41 am

Parte 5/11

Comentários do Sr Quicherat

Esta pergunta foi discutida e discutida por um sábio (...) Sr. Quicherat,
(...) Ele se propôs estabelecê-los sem pretender explicá-los, de maneira que sua crítica, independente de todo sistema preconcebido, se limitou a colocar as premissas as quais não quis mesmo preverás conclusões.

"Está claro, disse ele, que os curiosos quererão ir mais longe, e raciocinar sob uma causa da qual não lhes bastará admirar os efeitos.

Teólogos, psicólogos, fisiologistas, não tenho soluções a lhes indicar:
que procurem, se o podem, cada um de seu ponto de vista, os elementos de uma apreciação que desafie todo contraditor.

A única coisa que me sinto capaz de fazer na direcção para onde se exercerá semelhante pesquisa, é de apresentar, sob sua forma mais precisa, as particularidades da vida de Jeanne d'Arc, que parecem sair do círculo das faculdades humanas.”

"A particularidade mais importante, a que domina todas as outras, é o fato da voz que ela ouvia várias vezes por dia, que a interpelava ou lhe respondia, da qual ela distinguia as entoações, com relação, sobretudo a São Miguel, à Santa Catarina e à Santa Margarida”.

Ao mesmo tempo, se manifestava uma viva luz, onde ela percebia o rosto de seus interlocutores:
"Eu os vejo de meu corpo, dizia ela aos seus juízes, tão bem quanto vejo a vós mesmos."

Sim, ela sustentava, com uma firmeza inquebrantável, que Deus a aconselhava por intermédio dos santos e dos anjos.

Um instante, ela se desmentiu, fraquejou diante do medo do suplício;
mas ela chorará essa fraqueza e a confessará publicamente;
seu último grito nas chamas foi de que suas vozes não a tinham enganado e que suas revelações eram de Deus.

É preciso, pois, concluir com o Sr. Quicherat que "sobre esse ponto a crítica mais severa não teve suspeita a levantar contra a sua boa fé."

Uma vez constatado o facto, como certos sábios o explicaram?
R= De duas maneiras: ou pela loucura, ou pela simples alucinação.

Que disse disso o Sr. Quicherat?
R= Que ele previa grandes perigos para aqueles que quisessem classificar o facto da Pucelle entre os casos patológicos.
“Mas, acrescenta ele, que a ciência ali encontre ou não sua conta, por isto não será preciso admitir menos as visões, e, como vou fazê-lo ver, estranhas percepções de espírito provenientes dessas visões”.

“Quais são as estranhas percepções de espírito”?
Foram revelações que permitiram a Jeanne:
ora conhecer os mais secretos pensamentos de certas pessoas, ora de perceber objectos fora do alcance de seus sentidos, ora de discernir e de anunciar o futuro.

As três espécies de revelação de Joana d'arc, conforme Sr Quicherat:
"O Sr. Quicherat cita para cada dessas três espécies de revelação "um exemplo assentado sobre bases tão sólidas, que não se pode, diz ele, rejeitá-lo sem rejeitar o próprio fundamento da História."
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 22, 2011 10:42 am

“Em primeiro lugar, Jeanne revela a Charles VII um segredo conhecido de Deus e dela, único meio que ela teve para forçara fé deste príncipe desconfiado”.

“Em seguida, encontrando-se em Tours, ela discerniu que havia, entre Loches e Chinon, na igreja de Santa Catarina de Fierbois, enfiada a certa profundidade perto do altar, uma espada enferrujada e marcada com cinco cruzes”.

A espada foi encontrada, e seus acusadores lhe imputaram, mais tarde, de ter sabido por ouvir dizer que a arma estava lá, ou de tê-lo feito ela mesma.

“Sinto”, disse a este propósito o Sr. Quicherat, quanto semelhante interpretação parece forte num tempo como o nosso;
quão fracos, ao contrário, são os fragmentos do interrogatório que coloco em oposição;
mas, quando se tem o processo inteiro sob os olhos, e que nele se vê de que maneira o acusado põe sua consciência a descoberto, então, é seu testemunho que é forte, e a interpretação dos raciocínios que é fraca.

“Deixo”, enfim, o próprio Sr. Quicherat contar uma das predições de Jeanne d'Arc:
“Numa de suas primeiras conversações” com Charles VII, anuncia-lhe que, operando a libertação de Orléans, ela seria ferida, mas sem ser colocada fora do estado de agir;
seus dois santos lhe haviam dito, e o acontecimento lhe prova que eles não a tinha enganado.

Ela confessou isto em seu quarto interrogatório.
Nisto seríamos reduzidos a esse testemunho, que o cepticismo, sem pôr em dúvida sua boa fé, poderia imputar seu dizer a uma ilusão de memória.

Mas o que demonstra que ela predisse, efetivamente, seu ferimento, é que ela a recebeu em sete de maio de 1429, e que, em 12 de abril precedente, um embaixador flamengo, que estava na França, escreveu ao governo de Brabant uma carta onde era reportada não só a profecia, mas a maneira pela qual ela se cumpriria.

Jeanne teve o ombro furado por um tiro de balista no assalto do forte Tourelles, e o enviado flamengo havia escrito:
Ela deverá ser ferida com um tiro num combate diante de Orléans, mas não morrerá por isto.

A passagem de sua carta foi consignada nos registos da Chambre dês comples de Bruxelles.

Fonte: Revista Espírita, dezembro de 1867, Allan Kardec- FEB/RJ
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 22, 2011 10:43 am

Parte 6/11

"Um dos sábios cuja opinião lembrei ainda há pouco, o que fez de Jeanne d'Arc uma alucinada antes que uma louca, não contesta suas predições, e as atribui "a uma espécie de impressionabilidade sensitiva, a uma irradiação da força nervosa cujas leis ainda não são conhecidas."

"Se está bem seguro de que essas leis existem, e que jamais devem ser Conhecidas?
Enquanto elas não o forem, não vale mais confessar francamente sua ignorância do que propor tais explicações?
Toda hipótese é boa quando se trata de negar a acção da Providência, e a incredulidade a dispensa de todo raciocínio?

Não deveria se dizer que desde a origem dos tempos a imensa maioria dos homens concordou acreditar que existe um Deus pessoal, que depois de ter criado o mundo, o dirige e se manifesta quando lhe apraz por sinais extraordinários?

Se fizesse calar seu orgulho, não ouviriam esse concerto de todas as raças e de todas as gerações?

O que é maravilhoso é que se possa ter uma fé tão robusta em si mesma quando se fala em nome de uma ciência que é a mais incerta e a mais variável de todas, de uma ciência cujos adeptos não cessam de se contradizer, cujos sistemas morrem e nascem como a moda, sem que jamais a experiência haja podido deles arruinar ou assentar, definitivamente, um único.

Eu diria de bom grado a esses doutores em patologia:
Se encontrardes enfermidades como as de Jeanne d'Arc, guarde-vos de curá-las;
tratai antes que elas se tornem contagiosas.

A mediunidade ou alucinação de Joana Darc pelo comentador Sr Wallon

“Melhor inspirado, o Sr. Wallon, não pretendeu conhecer Jeanne d’Arc, melhor do que ela mesma se conheceu”.

Colocado em face dos mais sinceros dos testemunhos, ouviu-o com interesse e concedeu-lhe uma confiança inteira.
Essa mistura de bom senso e de elevação, de simplicidade e de grandeza, essa coragem sobre-humana, realçada ainda pelos curtos desfalecimentos da natureza, lhe apareceram não como sintomas de loucura ou de alucinação, mas como sinais brilhantes de heroísmo e de santidade.

Lá, e não em outra parte, estava a crítica;
de lá vem que, procurando a verdade, encontrou tanta eloquência, e ultrapassou todos aqueles que o tinham antecedido nesse caminho.

Ele merece estar colocado na cabeça desses escritores dos quais o Sr. Quicherat disse excelentemente:
"Restituíram Jeanne tão inteira quanto puderam, e quanto mais se prenderam em reproduzir sua originalidade, mais encontraram o segredo de sua grandeza.”

O Sr. Quicherat achará muito natural que eu empreste suas palavras para caracterizar um sucesso para o qual contribuiu mais do que ninguém;
porque, se não convencionou escrever ele mesmo a história de Jeanne d'Arc, é doravante impossível empreendê-la sem recorrer aos seus trabalhos.

O Sr. Wallon, em particular, deles tirou um imenso proveito, sem ter quase nada a modificar, nem nos textos recolhidos pelo editor, nem em suas conclusões.

No entanto, não as aceitou sem controle.
É assim que assinala uma omissão involuntária da qual prevaleceu um escritor que pende antes para a alucinação do que para a inspiração de Jeanne d'Arc.

Lê-se, à página216 do Procés (tomo 1°):
Jeanne d'Arc estava em jejum no dia em que ouviu, pela primeira vez, a voz do anjo, mas que ela não tinha jejuado no dia precedente.

À página 52, ao contrário, Sr. Quicherat havia impresso: et ipsa Johanna jejun averat die proecedenti.

Em suprimento à página 216a negação que falta à página 52, tinham-se dois jejuns consecutivos que pareciam uma causa suficiente de alucinação.

O manuscrito não se presta, pois, a essa hipótese.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 22, 2011 10:44 am

O Sr. Wallon constatou que a exactidão habitual do Sr. Quicherat achava-se aqui em falta, e que era preciso ler, à página 52, non jejunaverat.

"A única divergência um pouco grave que se percebe entre os dois autores é quando eles apreciam os vícios de forma assinalados no processo.

O Sr. Quicherat sustenta que Pierre Cauchon era muito hábil para cometer ilegalidades, e o Sr. Wallon o crê muito apaixonado por haver podido disso se defender

Eu não estou no estado de decidir essa questão;
faria somente notar que ela tem no fundo pouca importância, uma vez que, de uma parte e de outra, se está de acordo sobre a iniquidade do julgamento e a inocência da vítima.

"Encontro o Sr. Wallon afirmando como Sr. Quicherat, contrariamente a uma opinião já antiga e que conserva ainda partidários,

Charles VII, uma vez sagrado em Reims, Jeanne d'Arc não tinha ainda cumprido toda a sua missão;
porque ela mesma tinha anunciado como devendo, além disso, expulsar os Ingleses.

Deixo de propósito de lado a libertação do duque de Orléans, porque é um ponto sobre o qual suas declarações não são tão explícitas.

Mas pelo que concerne à expulsão dos Ingleses, tem-se a própria carta que ela lhe dirigiu no dia 22 de março de 1429:
"Aqui vim da parte de Deus, o rei do céu, corpo por corpo, para vos empurrar fora de toda a França." Jeanne d'Arc

"Ainda aqui, o Sr. Wallon fez boa crítica:
ele não divide os testemunhos de Jeanne d'Arc, aceita-os todos e os proclama sinceros, mesmo quando parecem não ser mais proféticos.

Eu acrescento que ele o justifica plenamente mostrando que, se ela tinha a missão de expulsar os Ingleses, não tinha prometido de tudo executar por ela mesma, mas que ela começou a obra e lhe predisse o término.

O Sr. Wallon sentiu-a bem;
não é compreender Jeanne d'Arc senão glorificá-la em seus triunfos para negá-la em sua paixão.

"Nós sobretudo, que conhecemos o desfecho desse drama maravilhoso, nós que sabemos que os Ingleses foram, com efeito, expulsos do reino e a coroa de Reims consolidada na fronte de Charles VII, devemos crer, com o Sr. Wallon, que Deus não cessou jamais de inspirar aquela da qual lhe aprouve consagrar a grandeza pela prova e a santidade pelo martírio." - N. de Wailly.

Aquele de nossos correspondentes de Anvers, que consentiu em nos enviar o artigo acima, acrescentou-lhe a nota adiante proveniente de suas pesquisas pessoais sobre o processo de Jeanne d'Arc:
"Pierre Cauchon, bispo de Beauvais, e um inquisidor chamado Lemaire, assistidos por sessenta assessores, foram os juízes de Jeanne.

Seu processo foi instruído segundo as formas misteriosas e bárbaras da Inquisição, que havia jurado sua perda.
Ela nele quis se reportar ao julgamento do Papa e do Concilio de Bale, mas o bispo a isto se opôs.

Um padre, L’Oyseleur, a engana abusando da confissão, e lhe dá funestos conselhos.

Em consequência de intrigas de toda sorte, ela foi condenada, em 1431, a ser queimada viva, "como mentirosa, perniciosa, abusadora do povo, adivinha, blasfemadora de Deus, descrente da fé de Jesus Cristo, vaidosa e idolatra, cruel, dissoluta, invocadora dos diabos, cismática e herética."

O Papa Calixte III, em 1456, fez pronunciar, por uma comissão eclesiástica, a reabilitação de Jeanne, e foi declarado, por um decreto solene, que Jeanne foi morta mártir pela defesa de sua religião, de sua pátria e de seu rei.
O Papa quis muito canonizá-la, mas sua coragem não foi tão longe.
"Pierre Cauchon morreu subitamente, em 1443, fazendo a barba;
ele foi excomungado;
seu corpo foi desenterrado e lançado na lixeira.

Fonte: Revista Espírita, dezembro de 1867, Allan Kardec , FEB /RJ
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Joana d'Arc - A médium Empty Re: Joana d'Arc - A médium

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 23, 2011 10:42 am

Parte 7/11

Amigo Leitor, o médium Leon Denis, faz alguns comentários sobre os opositores da mediunidade de Joana d'Arc.
Aprecie logo abaixo suas colocações:

Luciano Dudu

Leon Denis:
Outro ponto de vista: ter-se-ia ela enganado?

Seu bom senso, sua lucidez de espírito, seu critério firme, os relâmpagos de génio que lhe iluminam, aqui e ali, a vida, não permitem que em tal se creia.

Joana não era uma alucinada!
Certos críticos, entretanto, o acreditaram.

A maior parte dos fisiologistas, por exemplo, Pierre Janet, Tr. Ribot, o Doutor Grasset, aos quais convém juntar alguns alienistas, como os Drs. Lélut, Calmeil, etc., não vêem na mediunidade senão uma das formas da histeria ou da neurose.

Para eles, os videntes são enfermos e a própria Joana d'Arc não lhes escapa às apreciações sob este critério.
Ainda recentemente, o professor Morselli, no seu estudo “Psicologia e Espiritismo”, não considerou os médiuns como espíritos fracos ou desequilibrados?

É sempre fácil qualificar de quimeras, de alucinações, ou de loucuras os fatos que nos desagradam, ou que não podemos explicar.

Nisto, muitos cépticos se consideram pessoas bastante criteriosas, quando não passam de vítimas dos seus preconceitos.
Joana não era neurótica, nem histérica.

Robusta, gozava de saúde perfeita.
Era de costumes castos e, ainda que de uma beleza plena de atractivos, sua presença impunha respeito, veneração, mesmo aos soldados que lhe partilham da vida;

O mesmo ocorre com a sua sobriedade:
há, sobre esse ponto, numerosos testemunhos, desde o de pessoas que a viram por pouco tempo, como à senhora Colette, até os de homens de seu séquito habitual.

Citemos as palavras do pajem, Luís de Contes:
“Joana era extremamente sóbria.
Muitas vezes, durante um dia inteiro, não comeu mais do que um pedaço de pão.

Admirava-me que comesse tão pouco. Quando ficava em casa, só comia duas vezes por dia;
A rapidez maravilhosa com que a nossa heroína se curava dos próprios ferimentos mostra a sua poderosa vitalidade:
alguns instantes, alguns dias de repouso lhe bastam e volta para o campo de batalha.

Ferida gravemente, por haver saltado da torre de Beaurevoir, recobra a saúde assim consegue tomar algum alimento;
Denotarão todos estes factos uma natureza fraca e neurótica?

E se, das qualidades físicas, passamos às do espírito, a mesma conclusão se impõe.
Os numerosos fenómenos de que Joana foi o agente, longe de lhe turbarem a razão, como sucede com os histéricos, parece, ao contrário, terem-na robustecido, a julgar pelas respostas lúcidas, claras, decisivas, inesperadas, que dá aos seus interrogadores de Ruão.

A memória se lhe conservou fiel, o juízo são; manteve a plenitude de suas faculdades e foi sempre senhora de si.

Acrescentemos que nunca foi vítima de obsessão, pois que seus Espíritos não intervêm senão em certos momentos e sobretudo quando os chama, ao passo que a obsessão se caracteriza pela presença constante, inevitável, de seres invisíveis.

Todas as vozes de Joana tratam da sua grande missão;
jamais se ocupam com puerilidades;
sempre tem razão de ser o que fazem ouvir, não se contradizem, nem se mostram eivadas das crenças erróneas do tempo, o que teria cabimento, se Joana fosse predisposta a sofrer de alucinações.

Fonte: Joana d'Arc - Leon Denis - FEB /RJ
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 23, 2011 10:43 am

Parte 8/11

Naqueles minutos graves a heroína revê toda a sua vida, curta, mas brilhante.

Evoca a lembrança dos entes que ama, recorda os dias serenos da sua infância em Domremy, o semblante meigo de sua mãe, a fisionomia austera do velho pai e as companheiras de sua meninice, Hauviette e Mengette, seu tio Durand Laxart, que a acompanhou a Vaucouleurs, e, finalmente, os homens dedicados, que lhe fizeram companhia até Chinon.

Numa visão rápida, passa em revista as campanhas do Liger, os gloriosos combates de Orleães, de Jargesu, de Patay;
escuta as fanfarras guerreiras e os gritos de alegria da multidão em delírio.

Revê, ouve tudo isso na hora derradeira.
Quis, por essa forma, num como supremo abraço, dizer o adeus final a todas aquelas coisas, a todos aqueles entes amados.

Não tendo nenhum deles diante da vista, concretizou na imagem do Cristo crucificado suas lembranças, suas ternuras.

Dirigiu-lhe o adeus que assim dizia à vida, nos extremos anseios de seu coração despedaçado.
Os carrascos põem fogo à lenha e turbilhões de fumaça se enovelam no ar.
A chama cresce, corre, serpeia por entre as pilhas de madeira.

O bispo de Beauvais acerca-se da fogueira e grita-lhe: “Abjura!”
Ao que Joana, já envolvida num circulo de fogo, responde:
“Bispo, morro por vossa causa, apelo do vosso julgamento para Deus!”

As labaredas rubras, ardentes, sobem, sobem mais e lambem-lhe o corpo virginal; suas roupas fumegam.
Ei-la que se torce nas ataduras de ferro.

Alguns minutos depois, em voz estridente, lança à multidão silenciosa, aterrorizada, estas retumbantes palavras:
“Sim, minhas vozes vinham do Alto.
Minhas vozes não me enganaram.
Minhas revelações eram de Deus.
Tudo que fiz fi-lo por ordem de Deus!”
(172).

Suas vestes incendiadas se tornam uma das centelhas da imensa pira.

Ecoa um grito sufocado, supremo apelo da mártir de Ruão ao mártir do Gólgota: “Jesus !”
E nada mais se ouviu, além dos estalidos que o crepitar do fogo produz...

Terá Joana sofrido muito?
Ela própria nos assegura que não.

“Poderosos fluidos, diz-nos, choviam sobre mim.
Por outro lado, minha vontade era tão forte que dominava a dor.”


Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 23, 2011 10:44 am

Continua...

Está morta a virgem da Lorena...
O Espaço todo se ilumina.
Ela se eleva e paira acima da Terra, deixando após si um rastro luminoso.

Já não é um ser material, mas um puro Espírito, um ser ideal de pureza e de luz.

Os Céus se lhe abriram até ao infinito.
Legiões de Espíritos radiosos vêm-lhe ao encontro, ou lhe formam cortejo.

E o hino do triunfo, o coro celestial da boa vinda repercute nos espaços siderais:
“Salve! salve! Aquela que o martírio coroou!
Salve! tu que, pelo sacrifício, conquistaste eterna glória!”


Joana entrou no seio de Deus, nesse foco inextinguível de energia, de inteligência e de amor, cujas vibrações animam o Universo inteiro.

Muito tempo permaneceu mergulhada nele.
Afinal, um dia, saiu de lá mais radiante e mais bela, preparada para missões de outra ordem, das quais adiante falaremos.

Deus, em recompensa, lhe deu autoridade sobre suas irmãs do Céu.

Concentremo-nos;
saudemos a nobre figura de virgem, a jovem de imenso coração, que, tendo salvado a França, pela França morreu antes dos vinte anos.

Sua vida resplandece como celeste raio de luz, na temerosa noite da Idade Média.

Com sua fé vigorosa, com sua confiança em Deus, veio trazer aos homens a coragem e a energia necessárias a transpor mil obstáculos;
veio trazer à França traída, agonizante, a salvação e o renascimento.

Por paga de tanta abnegação heróica, horror! só colheu mágoas, humilhações, perfídias e, como coroamento de sua breve, porém maravilhosa carreira, uma paixão e uma morte tão dolorosa, como iguais só houve as do Cristo.

Fonte: JOANA d' ARC - LEON DENIS - FEB/RJ
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 24, 2011 10:18 am

Parte 9/11

Leon Denis em seu livro Joana d'Arc, relata que psicografou uma mensagem ditada por sua mentora espiritual a própria Joana d’Arc.

Leon Denis diz:
“A prece, então, irrompeu das profundezas de meu ser;
depois, evoquei o Espírito de Joana e logo percebi o amparo e a doçura de sua presença.

O ar tremia; tudo à volta de mim parecia iluminar-se;
imperceptíveis asas rufiavam na escuridão;
desconhecida melodia, baixada dos espaços, embalava-me os sentidos e me fazia correr o pranto.

E o Anjo da França ditou-me palavras que, conforme a sua ordem, reproduzo aqui piedosamente:

Mensagem de Joana
Tua alma se eleva e sente neste instante a protecção que Deus lança sobre ti.

Comigo, que a tua coragem aumente, e, patriota sincera, ames e desejes ser útil a esta França tão querida, que, do Alto, como Protectora, como Mãe, contemplo sempre com felicidade.

Não sentes em ti nascerem pensamentos de suave indulgência?
Junto de Deus aprendi a perdoar mas, esses pensamentos não devem fazer com que, em mim, nasça à fraqueza, e, divino dom! encontro em meu coração força bastante para procurar esclarecer, às vezes, aqueles que, por orgulho, me querem monopolizar a memória.

E quando, cheia de indulgência, peço para eles as luzes do Criador, do Pai, sinto que Deus me diz:
Protege, inspira, porém jamais faças fusão com os teus algozes.

Os padres, recordando teu devotamento à pátria, não devem pedir senão perdão para aqueles cuja sucessão tomaram.

Cristã piedosa e sincera na Terra, sinto no Espaço os mesmos arroubos, o mesmo desejo de oração, mas quero minha memória livre e desprendida de todo cálculo;
não dou meu coração, em lembrança, senão aos que em mim não vêem mais do que a humilde e devota filha de Deus, amando a todos os que vivem nessa terra de França, aos quais procuro inspirar sentimentos de amor, de rectidão e de energia.

Jeanne d’Arc

Fonte: Joana d'Arc - Leon Denis - FEB/ RJ
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 24, 2011 10:19 am

Parte 10/11

Emmanuel no livro a caminho da luz, no capítulo XIX, nos traz sobre o Fim da Idade Medieval:

“Do plano invisível e em todos os tempos, os Espíritos abnegados acompanharam a Humanidade em seus dias de martírio e glorificação lutando sempre pela paz e pelo bem de todas as criaturas.

Referindo-nos, de escantilhão, à nobre figura de Joana d'Arc, que cumpriu elevada missão adstrita aos princípios de justiça e de fraternidade na Terra, e às guerras dolorosas que assinalaram o fim da idade medieval, registamos aqui, que, com as conquistas tenebrosas de Gêngis Khan e de Tamerlão e com a queda de Constantinopla, em 1453, que ficou para sempre em poder dos turcos, verificava-se o término da época medieval.

Uma nova era despontava para a Humanidade terrestre, com a assistência contínua do Cristo, cujos olhos misericordiosos acompanham a evolução dos homens, lá dos arcanos do Infinito.”.

Fonte: A caminho da luz, Esp. Emmanuel/ F.C. Xavier- pag 170- FEB RJ
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 24, 2011 10:19 am

Mensagem recebida em 19 de Abril de 1935

Parte 11/11

Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa.
A antiga capital da Judeia parece dormir o seu sono de muitos séculos.

Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre.

E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.

Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições.
Os espíritos podem vibrar em contacto directo com a história.
Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos.

Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável.
Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça.

Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.

Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor baptizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra.

De sua expressão fisionómica irradiava-se uma simpatia cativante.
- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos.
Este é Judas.
- Judas?!...
- Sim.

Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos.

Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro.
Judas costuma vir a Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus actos de antanho...

Aquela figura de homem magnetizava-me.
Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo.
O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.

- O senhor é, de facto, o ex-filho de Iscariot?
– Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica.
Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...

- É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?
- Em parte...
Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus actos predominaram na nefanda crucificação.

Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Nov 24, 2011 10:20 am

Continua...

Sempre a mesma história.
O Sanedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra.

Jesus estava entre essas forças antagónicas com a sua pureza imaculada.
Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador.

Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória.
Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade.

Planeei então uma revolta surda como se projecta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado.
O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo.

Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.

- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?
- Não. Não consegui.
O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores.
Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta.

Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado.

Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV.

Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...

- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.
- Sim... Estou recapitulando os factos como se passaram.
E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos.

Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino...
Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe...

Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor...
Olho complacentemente os que me acusam sem reflectir se podem atirar a primeira pedra...
Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio.

Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.

Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado...

- É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.

Judas afastou-se tomando a direcção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.

Fonte: Extraído do livro Crónicas de além túmulo, por Francisco C. Xavier/ Humberto de Campos

FIM...

§.§.§- O-canto-da-ave
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