LUZ ESPÍRITA
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Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:27 am

Outros se viam enlouquecidos, perseguidos por entidades maléficas que os desejavam escravizar, cobrando-lhes os anos de prestação de serviços espirituais negativos.
Ali, notávamos reflexões de médiuns que se tornaram intermediários de Espíritos de falsos cirurgiões, iludindo o povo com cirurgias superficiais, impressionando os pensamentos fracos, comercializando as forças psíquicas e, finalmente, desprovidos de verdadeira assistência espiritual, fraudando e enganando os carentes e desesperados.
Não faltaram, nas recordações vivas dos infelizes, os que actuaram no movimento espírita, os que se escravizaram ao fenómeno mediúnico, os que apenas diziam estudar Kardec, os que dirigiram e transformaram instituições inteiras em verdadeiras tendas de exibições mediúnicas, onde o trabalho sério e a caridade foram esquecidos, o estudo da Doutrina. Espírita relegado a segundo plano, e o culto ao bezerro de ouro ressurgia, através dos interesses materiais.
Observava-se, claramente, nas reminiscências dos perturbados, Espíritos inferiores servindo-se de médiuns vaidosos, ditando-lhes receitas abortivas, trabalhos “mágicos” dedicados à destruição de matrimónios, poções delicadas, envoltas em veneno letal, para facilitar certas ascensões políticas e todas essas rememorações desfilavam na atmosfera individual de muitos ex-médiuns.
O mentor, desejando a renovação mental, deu prosseguimento à palestra, esclarecendo:
— Os abusos praticados em nome da mediunidade foi o que levou Moisés a proibi-la.
O grande legislador verificou, certamente, que não deveria a importante faculdade ser usada mal ou de modo inconveniente. Primeiro, era preciso disciplinar o povo.
Ele mesmo era extraordinário médium, utilizava-se constantemente da faculdade e desejam que todo o povo fosse feito de profetas (porta-vozes, intermediários), basta lembrarmos o episódio de Eldad e Medad.
No entanto, cerca de 1.300 anos depois, com a vinda do Cristo, a Palestina era terra de profetas e ninguém mais falava da proibição de Moisés (que era para conter os excessos e não o intercâmbio espiritual, propriamente dito).
Jesus elevou a mediunidade a prática santa, desenvolveu-a em seus seguidores, deu testemunho dela quando, no monte, o próprio Moisés, acompanhado de Elias, dois “mortos”, apareceram lado a lado com ele, utilizando-se, provavelmente, da mediunidade de efeitos físicos de Pedro, Tiago e João, dando demonstração da possibilidade natural da comunicabilida.de dos Espíritos.
Como vêem, não há “pecado” algum na prática mediúnica bem orientada.
A faculdade mediúnica em si é neutra, desponta em todas as camadas sociais, não escolhe credo, nem raça. Os seus portadores, pelas características morais, é que a conduzirão por este ou aquele caminho, sendo responsáveis pelo rumo que derem aos talentos que Deus nos empresta para nosso próprio crescimento.
Contudo, temos de reconhecer que as práticas realizadas por vocês, em nome da mediunidade, de fato são abomináveis e contribuíram para dificultar o avanço do Espiritismo, que também não concorda se abuse da mediunidade. Ofereceram vastos argumentos aos adversários do Consolador.
Mas, com a graça de Deus, não faltam sobre a Terra médiuns que fazem da sua faculdade um mediunato e que exaltam, em trabalho cristão, a seriedade e a verdade da Doutrina Espírita, oradores estudiosos compromissados com a pureza doutrinária, divulgando o Espiritismo, separando-o do mediunismo.
A Doutrina Espírita jamais será motivo de escândalos, pois que dispõe de métodos científicos e criteriosos, conduzindo sempre a mediunidade com Jesus.
António orava interiormente, buscava fôlego para continuar suportando aquela região difícil, quando foi interrompido por uma voz ameaçadora.
— Kardec foi a nossa perdição! O Espiritismo nos colocou aqui, nos deixou loucos... loucos...
— Não, meu irmão, respondeu o mentor com voz forte e enérgica, não transfira a culpa, a quem ela não pertence. Seu orgulho, sua vaidade é que o colocaram aqui.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:27 am

Se tivesse estudado Kardec e se pautado pela orientação espírita que, restaurando o Cristianismo, encaminha para a vivência do “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” e do “Dai de graça o que de graça recebestes”, jamais estaria aqui, padecendo as dores da própria imprudência.
Não se trata de punição ou vingança de Deus. Simplesmente, vocês accionaram a Lei de Causa e Efeito que, uma vez desencarnados, nos arrasta ao ambiente espiritual compatível com nossas vibrações.
Chega de lamentações! Não podemos mais perder tempo!
Parte do Mais Alto o convite para que sigam o caminho do bem.
Viemos buscar os corações cansados dos erros, os que desejam verdadeiramente progredir e retornar à Terra, através da reencarnação, conduzindo novamente o barco da mediunidade.
Se Deus lhes concede trabalhar novamente no campo mediúnico, é porque sabe que vocês têm condições de vencer. É certo que não mereceriam a mediunidade, tendo em vista que se perderam no passado. Mas a Lei de Progresso analisa as necessidades das criaturas, e é pela necessidade imperiosa de progredir, um determinismo divino, que o Pai mais uma vez lhes confiará esse talento, desejando que seja multiplicado em benefício das criaturas lesadas no passado. Reencontrar-se-ão com os que prejudicaram e terão de se reparar ante eles, servindo-os com humildade e simplicidade, retractando-se diante das leis universais.
Nesse instante, houve um tumulto geral. Quase mil Espíritos se acotovelavam, dizendo estarem arrependidos, mas apenas dez produziram a luminosidade característica da sinceridade, o que automaticamente os destacou dos demais, possibilitando-nos o devido socorro.
Recolhidos os que apresentaram sinceridade de espírito, os outros lançavam palavras espinhosas, cujas vibrações não nos alcançavam.
António, visivelmente triste, vendo que muitos foram chamados e tão poucos se colocaram na condição de escolhidos, chorou profundamente, rogando em prece que não tardasse o despertar dos que não se conduziram correctamente na sagrada/tarefa da mediunidade.
Nossa excursão, pouco a pouco, partia do ambiente sombrio, quando abnegado tarefeiro veio dar notícias de Gilberto.
— António, meu amigo, chamou o servidor sorridente, a noite foi produtiva! Conseguimos! Gilberto rendeu-se às evidências, o amor venceu! Eu mesmo o conduzi ao trabalho mediúnico. Pode incluir mais um na sua lista, o pastor renascerá médium.
O amigo espiritual lançou vibrações de amor e perseverança ao recém-convertido, colaborou na programação reencarnatória, prometeu amparo e, quando estavam todos encaminhados, António formou nova equipa de trabalhadores e retornou aos planos inferiores, convertendo-se no grande médium da misericórdia divina.

****
A Doutrina Espírita jamais será motivo de escândalo, pois que dispõe de métodos científicos e criteriosos, conduzindo sempre a mediunidade com Jesus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:27 am

Bastidor XI - A desencarnação de Elias
A tendendo às vibrações dos companheiros de valoroso Centro Espírita, dirigimo-nos para o hospital municipal.
O pronto-socorro mantinha agitado trânsito de tarefeiros do nosso plano atendendo às mais diversas necessidades.
Num dos quartos colectivos, conforme informação dos confrades encarnados, encontramos um homem idoso, magro, abatido e inconsciente.
Fomos recebidos pelo protector do enfermo que, após agradável acolhida, nos foi dando informações sobre o caso.
— Este é Elias, médium dedicadíssimo, trabalhador incansável, merece nosso concurso para se libertar do corpo físico.
Este homem, explicou a entidade amiga, se transformou num verdadeiro cristão. Assumiu a mediunidade com coragem espantosa!
Lembro-me das dificuldades por que passou para o adestramento de suas capacidades espirituais; as horas de perturbações, os anos de estudos e, finalmente, a educação mediúnica.
Matriculado na seara dos médiuns, quantas vezes foi vítima dos pensamentos improdutivos dos próprios companheiros de trabalho.
Frequentemente, era acusado de animismo no transe mediúnico, de ser desprovido de assistência espiritual, de não possuir um guia mediúnico, pelo fato de nunca ter intermediado uma mensagem dos Espíritos superiores.
Alguns amigos encarnados parecem não estudar o Espiritismo. Para nós, o bom médium é aquele que aceita as potencialidades que tem, não cobiça as faculdades alheias e, dentro daquilo que pode produzir, se aprimora realizando o que de melhor estiver ao seu alcance, primando pela verdade, honestidade e militando, com as necessárias renúncias, no campo do bem.
No seu programa reencarnatório, constava que sua disposição mediúnica permitiria somente o socorro espiritual, nada além disso. E, nesse campo, nunca deixou a desejar.
Era admirável notar o seu respeito para connosco, sua responsabilidade, seu preparo diário, o cultivo das verdades cristãs e a luta que teve de travar afim de vencer o analfabetismo para estudar a Doutrina Espírita.
Quando precisávamos amparar os Espíritos obsessores, vingativos, malévolos, o primeiro nome que surgia era o de Elias, pela segurança e confiança com que executava suas actividades.
Raramente precisávamos ajudá-lo a sair do transe mediúnico. Demonstrava equilíbrio tão perfeito, do concentrar e desconcentrar, que alguns se recusavam a acreditar que nosso irmão fosse realmente intérprete dos Espíritos.
Aos olhos humanos, cerrados para as coisas espirituais, nosso médium não tinha a menor expressão.
No grupo espírita, passava despercebido, sempre distante dos “grandes” trabalhadores. Nunca foi solicitado para proferir uma conferência ou ler uma página do Evangelho em público.
Possuía discrição absoluta e, embora sentindo-se discriminado, jamais desanimou.
Contudo, à medida que suportava as alfinetadas do comportamento humano, resgatava o passado culposo e angariava a simpatia dos Espíritos superiores
A entidade ainda falava, quando a conversa foi interrompida por inúmeros Espíritos desejosos de visitar o desencarnante.
Solicitaram-nos, então, receber os visitantes e orientá-los sobre a situação do paciente.
— Como está meu libertador; perguntou um homem rude com olhos marejados, fiquei sabendo que iria fazer a passagem e desejo dar-lhe as boas-vindas.
Sem nos conceder tempo para esclarecer, foi logo nos contando sua história.
— Eu o perseguia, era vítima de Espíritos vingativos que me enganaram a respeito deste santo homem.
Atormentei-o dia e noite, queria que lhe ficasse a marca de desequilíbrio, que fosse desacreditado mediunicamente e, finalmente, internado num hospício.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:28 am

Mas como prosseguir? Esta criatura não era dona de si, vivia para os outros, nunca o vi se vangloriar de nenhuma realização.
Como poderia odiá-lo se todos os dias ele orava por mim?
Como amaldiçoá-lo se desenvolvia anonimamente, solitariamente, trabalhos de assistência? Como poderia atacá-lo se, a cada dia, ele me suportava pacientemente, cultivando atitudes cristãs?
A irmã não pode calcular meu remorso. Eu o fiz sofrer tanto...
Certa vez, acrescentou o Espírito, quis conduzi-lo ao alcoolismo: fiz com que pessoas viciosas se aproximassem dele, que o convidassem, que o instigassem e, sabe o que aconteceu? Todos eles largaram o vício.
Utilizei-me de sua sensibilidade natural, e conduzi Espíritos terrivelmente desequilibrados e enfermos, para que as vibrações negativas lhe atingissem o corpo, produzindo-lhe o desequilíbrio e a destruidora auto-piedade. Sabe o que ele fez? Vendo-se doente, foi visitar outros enfermos, para não pensar que sua dor era a pior do mundo.
Observei tudo aquilo; aquele homem valente não poderia ser o que me diziam. Foi aí que caí em mim, reparei o quanto havia me complicado espiritualmente.
Dei minha palavra espontaneamente na reunião mediúnico, disse que o perseguia e, após ser literalmente doutrinado pelos intelectuais espíritas, preferi ficar com a “doutrinação” exemplificada por Elias.
Eu me libertava enquanto ele recebia, do dirigente, enérgica orientação para vigiar os pensamentos, pois sua falta de moral atraía os obsessores.
Desejei protestar, falar a verdade, mas o mentor de Elias explicou-me que, na Terra, muitos guardam o verbo do amor nos lábios quando deveriam revelá-lo por meio das atitudes humanas. Alertou-me de que tudo isso serviria de prova para o médium. Chorei de arrependimento, tornei-me seu amigo e, desde então, interesso-me particularmente por ele, estando submetido às ordens do Mais Alto. E, graças ao testemunho deste querido médium, eu me libertei.
Terminado o relato, estávamos todos envolvidos num clima de emoção. Anotamos o nome do convertido e prometemos endereçar seus votos de agradecimentos.
A fila de companheiros espirituais que vieram receber o medianeiro era interminável; uma mulher aflita solicitou-me informações e, novamente, antes de lhe dizer qualquer coisa, ela começou a narrar:
— A senhora desconhece o respeito que tenho por este homem.
Há mais de vinte anos, minha filha padecia de grandes tormentos, vítima de uma obsessão terrível.
Este senhor nos visitava toda semana, falava-nos da Doutrina Consoladora, ensinou-nos com seu jeito simples os princípios básicos, instalou em nossa casa o Evangelho no Lar e, quando minha filha tinha seus “ataques”, ele a atendia pacientemente, retirando-a do domínio inferior, além de encaminhá-la ao Centro Espírita, onde se curou definitivamente.
Mas não foi só isso, os adversários dela voltaram-se contra ele e, somente aqui, no mundo dos espíritos, vim a saber o quanto, para ele, foi preciso lutar e testemunhar até vencer.
E o mais impressionante, continuou a mulher admirada, e que os obsessores de minha filha também se renderam à sua bondade, todos foram transformados e estão aí na fila!
Vê como é importante para nós este momento, desejamos abraçá-lo, falar do nosso reconhecimento...
Foi preciso interrompê-la dizendo-lhe:
— Compreendemos, minha irmã, mas Elias está no processo da desencarnação, não se desligou totalmente, ainda precisaremos de algumas horas.
Volte tranquila às suas actividades; respeitemo-lo, compreendendo que é um momento muito delicado.
Todos que vieram abraçá-lo devem entender que a hora não é oportuna.
Quando nosso irmão estiver restabelecido, certamente receberá o abraço de vocês. Voltem, portanto, às suas tarefas, confiantes de que o Senhor zela por todos nós.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:28 am

Acalmando o tumulto, o responsável pelo enfermo aproximou-se de nós e o que aconteceu ficaria, para sempre, gravado em nosso coração.
— Companheiros e amigos, disse o benfeitor, o momento chegou.
Na Terra, poucos valorizam o anonimato; os que conheceram nosso irmão, jamais poderiam imaginar os méritos que conquistou silenciosamente.
De facto, nosso companheiro aceitou seguir o Cristo, apesar da cruz das próprias imperfeições.
É o exemplo de quem soube aproveitar as faculdades espirituais aplicando-as em favor dos semelhantes e, consequentemente, promovendo o próprio progresso.
Agora, é importante o sustentarmos, recebendo-o na vida maior.
Estamos nos minutos finais, louvemos ao Senhor pela oportunidade, unindo-nos em prece.
Orávamos com fervor, quando o quarto foi invadido por intensa luz.
Era inacreditável, mas o desencarnante recebia a visita de um dos grandes vultos do Espiritismo.
Lembrei-me, naquele instante, de que realmente Jesus estava certo, “a cada um segundo suas obras”.
Reflecti sobre muitos que, na Terra, vivem iludidos apresentando, orgulhosamente, títulos de intelecto ou nobreza, gozando a vida de maneira irresponsável; e à nossa frente estava um homem envolvido na simplicidade de espírito, apresentando no limiar da nova vida os títulos da autoridade moral.
A entidade adentrou no ambiente enchendo-nos de alegria e saudando-nos com um agradável sorriso.
O paciente já estava parcialmente desprendido, o processo da desencarnação já havia se iniciado há dias.
O Espírito superior fechou os olhos, estendeu os braços sobre o corpo do moribundo e de suas mãos partiram raios luminosos promovendo o desligamento total do médium.
Os aparelhos, no plano físico, acusavam a morte do corpo biológico. Elias, agora em espírito, foi ternamente abraçado pela entidade sublime.
O recém-desencarnado, envolto pelas vibrações superiores, sentindo-se mais fortalecido, abriu os olhos e pôde desfrutar da doce alegria de despertar na pátria espiritual, entre amigos.
— Elias, disse a entidade com voz doce e serena, venceste meu irmão, passaste pela porta estreita. Todos os teus esforços serão, agora, naturalmente recompensados pela Lei de Causa e Efeito.
Fizeste de tuas faculdades um mediunato; cumpriste com teu compromisso, foste verdadeiramente cristão.
Valeu a pena suportares as humilhações, as desconfianças, as ironias; não te preocupes mais com isso, essas ideias partiram de mentes que não despertaram para a verdadeira fraternidade.
Fizeste valer a orientação cristã que diz: “Aquele que se exaltar será humilhado e aquele que se humilhar será exaltado”.
Dorme agora, tranquiliza-te, tudo-já passou. Quando estiveres fortalecido, conversaremos. Por ora, descansa, haveremos de sustentar-te.
E, antes de partir, o ser iluminado voltou-se para o quarto colectivo, compadeceu-se dos enfermos e os envolveu em fortes vibrações curativas, provocando, na maioria, um restabelecimento “milagroso” aos olhos físicos.
Muitos de nós não conseguimos conter as lágrimas.
A entidade sublime, após oração de agradecimento ao Criador, partiu para esferas maiores à semelhança de estrela cadente, levando consigo, para planos superiores, o querido Elias e nossa eterna gratidão.

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O bom médium é aquele que aceita as potencialidades que tem, se aprimora primando pela verdade, honestidade e militando, com as necessárias renúncias, no campo do bem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:16 pm

Bastidor XII - Extraterrestre na Mediunidade
O tarefeiro espiritual adentrou abruptamente na sala, onde se promoviam os preparativos para a reunião mediúnica, trazendo na face singular expressão.
— A situação é grave, relatou o trabalhador, nossa Instituição está sendo ameaçada pelos adversários do bem!
Não fossem nossas vibrações e recursos magnéticos isolantes, não teríamos condições de trabalho nesta noite.
Lembra-te do caso dos “extraterrestres”?
— Sem dúvida, respondi preocupada.
— Pois bem, continuou o tarefeiro, mobilizamos uma caravana a fim de socorrer os desencarnados e encarnados envoltos em espantosa fascinação, e trouxemos alguns deles para o atendimento desta noite.
O dirigente, no plano material, haverá de pedir pelos envolvidos nesta ocorrência. Durante as vibrações, alguns médiuns sentirão a presença desequilibrada desses Espíritos, e isto dará a impressão da instantaneidade de atendimento do pedido, contudo, já lutamos com este caso há dias.
Os adversários organizadores deste movimento estão revoltados porque socorremos alguns dos seus; montaram guarda na frente do nosso prédio, para tentar invadi-lo e destruir nossos propósitos.
— Não te preocupes, acrescentei confiante, o Senhor nos abençoa. Já estamos acostumados com estes quadros, porém, todo cuidado é pouco. Nenhuma das nossas actividades será alterada.
Quando terminarmos o labor com a mediunidade, nesta reunião, haveremos de acompanhar este processo pessoalmente.
Reforçaremos a guarda com vigilância, oração e o concurso de outros tarefeiros, com a elevação do pensamento e a inabalável confiança em Deus.

****
A noite prometia trabalhos dinâmicos e intensos. Na organização espiritual da reunião, encaminhamos alguns Espíritos, do agrupamento ao qual já nos referimos, para o atendimento através do intercâmbio mediúnico.
Os medianeiros tiveram dificuldades em lidar com mentes tão desequilibradas.
Os adversários trajavam-se de maneira exótica, colorida, fantasiosa, à maneira das festas carnavalescas com enredo futurista.
Muitos dos comunicantes programados se renderam às evidências da lógica, da razão, do bom senso e do Cristo, graças ao diálogo amigo e às sinceras vibrações dos companheiros encarnados, coadjuvados por nossa assistência.
Encerrada a reunião de desobsessão, desfeito o tumulto exterior e distribuídas algumas tarefas para a finalização de nossas actividades neste campo, constituímos equipe de trabalhadores experientes e disciplinados, dirigindo-nos à casa onde nosso socorro era esperado.
O local, realmente, era de espantar!
Assemelhava-se aos filmes de ficção científica, no qual a imaginação construiu cenários esdrúxulos para satisfazer a vaidade dos Espíritos fascinadores.
Construídos no ambiente de fluidos, notávamos réplicas de pretensas naves espaciais, mapas estelares, pedras com aparência intencionalmente mística, emanando discreta luminosidade, para impressionar as mentes fracas e vaidosas.
Tudo foi pensado, meticulosamente organizado para que os videntes, tão valorizados entre eles, observando do plano físico a construção fluídica, dessem testemunho da suposta realidade espiritual.
Se um médium despreparado vislumbrasse a casa no ambiente fluídico, teria uma visão verdadeira, mas de um conteúdo falso e enganador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:17 pm

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A Vidência tem nuances delicadas, matizes que carecem de rigorosa análise e interpretação.
A faculdade de ver espiritualmente, quando de forma educada e disciplinada, usada com ética e discrição, é elemento auxiliar nas actividades espíritas; contudo, quando se torna veículo de exibição e exaltação mediúnica, é sempre sinal de perigo.
Não havia verdade, os adversários desejavam escravizar os encarnados, fazendo com que, dia após dia, ficassem dependentes daquela alucinante “assistência espiritual”.
Se o intermediário não estuda os mecanismos da própria mediunidade e as leis que regem o intercâmbio espiritual, fatalmente será vítima dos fascinadores.
É interessante notar a criatividade de certos grupos de Espíritos obsessores no tocante à obsessão colectiva.
Alguns irmãos encarnados se prendem a ideias missionárias, sem demonstrar a menor aptidão moral, no campo dos testemunhos; estão longe de vivenciar o Cristo. Enquanto agirem assim, os obsessores terão largo campo de acção, e nós, muito trabalho!
Geralmente, um dos primeiros passos realizados pelos adversários, nesta área, é tocar no ego das criaturas com elogios, conquistando a confiança para que a vaidade faça desaparecer a lógica e a razão.
E o antídoto para evitar tantas dores, problemas e arrependimentos está nas obras de Allan Kardec, que infelizmente são pouco estudadas! Quando a humanidade descobrir o avanço científico, filosófico e religioso dessas obras, muitas dificuldades serão evitadas.

****
Segundo os levantamentos feitos pelas entidades superiores, que os monitoravam com objectivo de ajudá-los, os residentes encarnados praticavam o mediunismo sem qualquer estudo doutrinário, embora “conhecessem” o Espiritismo.
Desprendidos do corpo, por ocasião do sono, os moradores confundiam-se com os obsessores.
Estavam todos aguardando a chegada de uma nave espacial.
Observávamos com respeito e cautela aquelas expressões fantasiosas, sem que fôssemos percebidos pelas entidades perispiritualmente grosseiras.
Um dos coordenadores do movimento extraterrestre que dizia ser da mais alta hierarquia angelical, entendendo que era preciso organizar seu exército, deu ordem enérgica, reunindo todos os presentes a sua frente.
— Amigos, disse a entidade fanática, em breve, naves espaciais haverão de nos conduzir para mundos superiores.
Fomos escolhidos para sermos os salvadores do planeta, somos todos missionários!
Enquanto aguardamos a hora adequada, nossa missão, de alertar os homens sobre os perigos que estão causando à Terra com o avanço tecnológico, deve continuar.
Dores, problemas sociais, terremotos, maremotos, pranto e ranger de dentes; tudo será modificado no planeta, haverá grande destruição, porém, aqueles que perseverarem nesta nova doutrina serão salvos.
Nosso compromisso é com o futuro! É preciso nos unirmos no objectivo de fazer prosélitos, de irradiarmos nosso novo ideal, a fim de um número maior de pessoas aderir ao nosso movimento.
O mundo vive em enganos de toda sorte, perde-se por completo; nós, porém, seremos os salvadores. Haveremos de trabalhar dia e noite para que nossa mensagem seja divulgada.
Os que estão na carne têm a missão imperiosa de convencer a qualquer custo aqueles que os rodeiam.
Nada de orações, nada de religiões raciocinadas, nosso grande objectivo será divulgar “a nova era”.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:17 pm

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Notávamos aquelas expressões, compadecidos de tanta ignorância. No fundo, eram criaturas, seres espirituais fugindo da própria desgraça.

Utilizavam-se daqueles recursos, criando novas doutrinas para não enfrentarem as consequências dolorosas das atitudes impensadas do passado, sentenciadas pela própria consciência, complicando-se, ainda mais, no presente.
Sabiam que a Lei de Acção e Reacção, mais dia ou menos dia, os buscariam, não ignoravam a reencarnação como fato, mas insistiam em fugir da realidade escondendo-se no fanatismo, usando a máscara da fascinação, ocupando o tempo com as mentes vazias e desequilibradas de alguns encarnados.

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Certamente, existe vida em outros planetas. Somos todos seres espirituais, viajantes no universo infinito. Nossa Via Láctea é um grão de areia no cosmo.
Porém, muitos dos relatos feitos de contactos com seres de outros planetas carecem de fundamentação e comprovação. Há muito mito e fantasia em torno disso.
A constatação de que seres de outros planetas visitam a Terra utilizando-se de nova tecnologia, discos voadores, não está no campo do Espiritismo e, sim, no da ciência oficial, académica.
A tarefa do Espiritismo não é ficar procurando óvnis, e sim promover a transformação moral dos que o compreendem. Os espíritas, já temos muito com que nos preocupar. Todavia, isso não impede que o adepto da doutrina estude, particularmente, racionalmente, certos fenómenos, mas trazer esses estudos para o Centro Espírita, ou fazer da mediunidade objecto de especulação, é não compreender a finalidade do Espiritismo e banalizar a faculdade mediúnica.
“Melhor é repelir dez verdades que aceitar uma única falsidade, uma só teoria errónea”. É a recomendação de Erasto em O Livro dos Médiuns.
A mediunidade deve ser utilizada para fins superiores de socorro, instrução e oportunidade de servir.
Por esta faculdade, também se fazem revelações valiosas. Entretanto, para uma revelação, através do intercâmbio mediúnico, ser aceita no âmbito do Espiritismo, é preciso ficar com Kardec, que se utilizou do consenso universal, analisando rigorosamente, cautelosamente, com lógica, razão e bom senso, as informações provenientes do mundo espiritual através de vários médiuns, desconhecidos entre si, e de vários pontos do globo.
Se estiver nos planos do Criador revelar novas verdades, através do fenómeno mediúnico, certamente desejará a técnica do consenso universal para o estudo dessas realidades.
Sendo o Espiritismo uma doutrina progressista, que caminha lado a lado com a ciência, das conquistas científicas que forem úteis para a humanidade, procurará uma finalidade superior. E se estiver no campo de actuação da Doutrina, e se expressar um carácter contínuo, demonstrando perfeita lógica das ideias, o Espiritismo adoptará essa nova revelação no seu corpo doutrinário, após inúmeras análises racionais.
Por isso, deixemos para a ciência o que compete à ciência, como recomendou Allan Kardec, e preocupemo-nos com nossa transformação moral.
Em tudo isso pensamos, desejosos de compartilhar essas informações com aqueles corações iludidos.

****
Colectados os dados, deixávamos o lar conturbado a fim de tomarmos as providências necessárias; já de saída, fomos abordados por alguns familiares, desencarnados, dos residentes, que conseguiam nos ver graças aos sentimentos superiores que cultivavam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:17 pm

Uma senhora simpática, demonstrando delicadeza no trato, solicitou-nos urgência no amparo, esclarecendo:
— Sou Catarina. Minha neta, Augusta, é quem está, materialmente, organizando estes sistemas.
Não tem a maturidade espiritual necessária, está empolgada com as primeiras manifestações mediúnicas, deixa-se envolver por estes pensamentos inferiores.
Por amor e misericórdia divinos, façam algo! Todos os meus recursos se esgotaram.
Se não fossem meus amigos do Mais Alto e meu esforço de sintonia superior, estes adversários já teriam me escravizado, como fazem com muitos que chegam do lado de cá despreparados.
O pedido de ajuda foi encaminhado ao núcleo onde vocês prestam serviço, por um dos meus parentes encarnados. Alertado por mim em sonhos, está passando por assistência espiritual e, com a graça de Deus, não se envolveu com esta loucura que estamos presenciando. Conseguimos inspirá-lo para que conduzisse os nomes destes aos entrevistadores do Centro, que, observando a necessidade do caso, conduziram os nomes à reunião mediúnica. Há meses aguardamos uma solução!
Diante de tão doloroso pedido, só nos restou acalmá-la, dizendo-lhe:
— Confia no Senhor e tudo o mais será acrescentado.
Faremos o que estiver ao nosso alcance, mas, lembra-te, é necessário respeitar-lhes o livre-arbítrio.
No caminho de volta, traçávamos nossas directrizes de socorro. Seria preciso encaminhar alguém estudioso do Espiritismo para tentar esclarecer o grupo fascinado.
Assim, rememoramos nosso círculo de amigos encarnados e identificamos naquela região a figura de Angelina, trabalhadora dedicada do Espiritismo, que poderia nos servir de instrumento libertador.
A madrugada já estava avançada. Localizada no plano espiritual, desprendida parcialmente do corpo pelo fenómeno do sono, a cooperadora tomou conhecimento resumido dos fatos.
Horas depois, Angelina, nossa esperança encarnada, acordou envolta em doces lembranças e suaves vibrações, guardando na memória o convívio com entidades amigas.
Na convivência social, morando nas proximidades da família em questão, não foi difícil promover a aproximação de nossa médium com alguns pretensos missionários do agrupamento extraterrestre, principalmente porque a fama de fanáticos já havia corrido o bairro.
Semanas depois, convidada a participar da palestra deis supostos seres evoluídos, nossa colaboradora encarnada, sem guardar na consciência os bastidores espirituais, movida por um desejo de observação provocado por nós, compareceu à reunião marcada.
Durante os trabalhos, os médiuns vestiam-se com roupas estranhas; usavam objectos sem nenhum efeito espiritual e com palavras cabalísticas, sem o menor sentido, numa língua confusa e inexistente, invocavam seus “mestres” que se apresentavam, através da mediunidade, com nomes esquisitos e ridículos.
Após alguns segundos, víamos os fascinadores avançarem sobre os medianeiros à semelhança de sanguessugas vorazes, vampirizando-os energicamente, além de falarem desassombradamente sobre a doutrina revolucionária que traziam.
Angelina, assim como nós, observava respeitosamente, orando a Deus não lhe faltasse protecção; de nossa parte, endereçamos-lhe vibrações de ânimo e coragem.
A reunião durou três longas horas, entre comunicações cansativas e repetitivas sem conteúdo digno de nota.
Os médiuns videntes vislumbravam, fanatizados, o cenário espiritual. Nos minutos finais da interminável reunião, elevamos nosso pensamento em oração. Nossa equipe era composta de trinta companheiros bem experientes e com grande desejo do bem.
Quando nossos pensamentos se uniram vibrando harmoniosamente, o ambiente se iluminou por completo, os adversários perceberam-nos através do contraste das vibrações e, neste momento, um legítimo extraterrestre se apresentou.
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Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano - Página 2 Empty Re: Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:18 pm

Entidade belíssima, daquelas que, por processo evolutivo determinado por Deus a todas as criaturas, alcançou, graças ao esforço próprio, o direito de habitar os mundos ditosos ou felizes, tendo feito sua evolução anímica em outro sistema solar.
A entidade abraçou-nos amorosamente num só olhar.
Viera a pedido de nossos superiores e tivera de modificar seu perispírito, revestindo-se da matéria fluídica do nosso mundo, além de densificar o corpo espiritual para o socorro necessário.
Desejava transmitir palavras orientadoras através da mediunidade, mas não havia quem pudesse intermediá-la.
Observando Angelina, a entidade de planos sublimes envolveu delicadamente nossa intérprete, tocou-a com seus pensamentos, accionando-lhe o mecanismo mediúnico e, pela faculdade da psicofonia, começou a falar mais ou menos nestes termos:
— Caros irmãos em Jesus, paz a todos.
É louvável o interesse que nutrem pela salvação da Terra. Isso expressa caridade para com os semelhantes.
Contudo, este desejo não está sendo bem exercitado.
É preciso, de facto, salvar o planeta: da ignorância, da inveja, do orgulho, da vaidade...
E isso se consegue vivendo, praticando o bem.
Assim, como missionários que se consideram, precisam de fato salvar o mundo.
O mundo íntimo de inúmeras crianças órfãs.
O mundo de muitos idosos que se despedaça na solidão.
O mundo dos enfermos que se acaba em dores.
O mundo dos marginais que precisam de alguém que os reconduza à sociedade.
O mundo emocional já acabou para quem sente fome, sede, frio e não tem tecto sob o qual morar.
Enquanto esperam as chamadas naves espaciais, o planeta se acaba, não com o avanço tecnológico, mas pela falta de acção no bem, pela falta de fraternidade, pelo muito falar em salvação e o pouco se praticar a caridade.
Entretanto, o planeta não está perdido. Há uma organização superior que mantém a harmonia universal.
E o Senhor da vida revela sua sabedoria respeitando o livre-arbítrio das criaturas, pois sabe que, na grande escola da vida, até do mal tiramos um bem.
Por isso é que esta nova doutrina, à qual vocês se dedicam, precisa ser repensada, pois, se a Terra é uma abençoada escola, se pode ser aproveitada para nosso crescimento, se Deus é imparcial, ama seus filhos igualmente e não há regime de excepção, nem privilégios, por que estaria o Criador querendo retirar deste educandário as criaturas ainda em aprendizado?
Assim, se estão desejosos de ajudar a salvar o mundo, o campo é vasto. Está faltando pegar a charrua e arar a terra. O trabalho cristão se converterá em “espaço nave” que nos conduzirá para o progresso espiritual, após verdadeira caridade e inúmeros testemunhos.
Lembrem-se de que não há amor maior do que doar a vida, trabalhando em benefício dos semelhantes, salvando-os das dificuldades.
Se, por vezes, a sociedade aparenta estar passando por problemas e confusões, geralmente é pela falta de actuação no bem!
É preciso assumirmos o compromisso de cooperarmos com Jesus na transformação moral do planeta, em vez de querermos abandoná-lo.
Em relação aos cataclismos que vez por outra assolam os seres humanos, não devem ser encarados como descaso do Criador. É a Lei de Destruição funcionando como mecanismo de progresso. Não há morte para o espírito imortal. E, às vezes, pelas situações materiais dolorosas é que a humanidade desperta para as coisas do espírito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:18 pm

O Senhor da vida nada faz inutilmente. E, à medida que progredimos intelectualmente, a moral forçosamente tende a acompanhar, porque a inteligência reconhecerá a necessidade de convivência pacífica para um mundo melhor, questionará, o porquê e para quê das coisas, encontrando um Deus mantedor do Universo; e a tecnologia será utilizada para a diminuição destes problemas naturais para a prolongação da vida na Terra, visando a um melhor aproveitamento do espírito, corrigindo as imperfeições da matéria.
Como vêem, tudo no Universo é amor e harmonia.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

****
Terminada a comunicação, o Espírito superior se afastou da médium, após ter semeado bom senso.
Os familiares desencarnados de alguns dos presentes, sobretudo Catarina, emocionados, vibravam para que as orientações libertassem as mentes dos participantes.
No campo espiritual, os adversários, diante de tanta luminosidade, tentaram fugir da verdade.
O anjo de luz, num brado de louvor a Deus, enlaçou-os em intensas vibrações de compreensão, piedade e amor.
Ninguém resistiria a tanta bondade; muitos caíram de emoção, choravam quais crianças reencontrando o caminho de volta para casa.
Outros confessavam-se enganados e enganadores.
Pudemos, naquele instante, socorrer grande número de alucinados e, o mais importante, os obsessores chefes foram abraçados verdadeiramente pelo nosso desejo de amparar e se renderam às evidências e às nossas amoráveis argumentações.
No plano físico, parte desta cena foi registada pelos médiuns videntes.
Tivemos à nossa frente um verdadeiro ser de outro planeta caracterizando-se, através de sua linguagem traduzida em conselhos edificantes e atitudes cristãs, como um ser verdadeiramente superior, tendo demonstrado suas qualidades nos moldes da avaliação proposta pelo Codificador.
O mensageiro disse o essencial sem, em nenhum momento, se orgulhar ou relatar seu mundo, suas técnicas, exaltando, contudo, a mensagem cristã, comprovando que, no Universo, reina absolutamente a vontade do Criador; e que, nos revestindo deste ou daquele corpo, neste ou naquele mundo, somos todos irmãos, filhos de Deus, cujo objectivo é progredir incessantemente rumo à perfeição.
Terminada a agitada assembleia, Angelina foi o foco dos comentários. Diante da mensagem do Espírito amigo e o relato dos médiuns videntes, nossa companheira encontrou reforço para que suas colocações pudessem ser analisadas.
Muitos, no grupo, ficaram assustados, arrependidos, decepcionados, e ouviam atenciosamente nossa representante versando, inspirada por nós, sobre os mecanismos da comunicabilidade dos Espíritos, seus objectivos, riscos, problemas e vantagens à luz do Espiritismo.
— A mediunidade, iniciou Angelina, é uma faculdade humana e natural que nos permite sentir e transmitir a influência dos Espíritos, ensejando o intercâmbio entre o mundo físico e o espiritual.
Sendo uma faculdade, pode ou não ser utilizada, e acompanha o homem desde os tempos mais remotos.
Como mecanismo de progresso, aliada à moralidade no executar das actividades mediúnicas, ela nos enseja inúmeros benefícios: comprovação da imortalidade da alma, contacto com entes queridas que retornaram ao Mundo Maior antes de nós, aprendizagem com as orientações dos Espíritos comprovadamente superiores, orientação dos necessitados colhendo-lhes as experiências, além da oportunidade de servir.
Contudo, o Espiritismo é uma doutrina que disciplina este fenómeno, explicando-o com metodologia científica.
O médium, porém, é um intérprete, um porta-voz muito delicado pelo qual os Espíritos agem. Há inúmeros tipos de mediunidade e fenómenos, todos com explicações científicas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:18 pm

Assim, na condição de uma pessoa comum, convidada para assistir a uma palestra e com a experiência de quem já labora neste campo há anos, é que posso afirmar com lucidez: essas expressões mediúnicas, produzidas por vocês nesta noite, ensejam perigo e fanatismo.
Primeiro: dificilmente o lar oferecerá ambiente tranquilo e equilibrado para o executar das actividades medianímicas.
Segundo: sem o conhecimento da anatomia mediúnica, ficará difícil para o médium intercambiar com segurança as informações espirituais.
Terceiro: toda e qualquer manifestação dos Espíritos precisará ser analisada racionalmente, rigorosamente, observando a natureza dos Espíritos, seus objectivos, intenções e propósitos.
Quarto: os Espíritos superiores guardam certas características; agem com doçura sobre o médium, são discretos, não fazem promessas, aconselham sempre para o bem, calam-se diante daquilo que não sabem, e entendem que nosso maior desafio é sermos cristãos.
Quinto: a prática mediúnica espírita é exercitada com simplicidade, sem roupas especiais, aparatos, velas, imagens, pedras etc. Nosso contacto com Deus se faz em espírito e verdade, conforme ensinou Jesus.
Inúmeros outros factores compõem esta compreensão da mediunidade, para ser praticada com equilíbrio; no entanto, é preciso estudar, dissecar as obras básicas da Doutrina, sobretudo O Livro dos Médiuns, que é manual de instrução desta faculdade.
Assim, todos vocês correm perigo!
Tirando um pequeno cartão da bolsa, Angelina continuou:
— Se quiserem, este é o endereço de uma respeitável Instituição Espírita que, organizadamente, lhes poderá esclarecer, pelos chamados cursos de Espiritismo, sobre as questões basilares da Codificação Kardequiana e a comunicabilidade com os seres espirituais.

****
Lançadas as primeiras informações e após responder a uma série de indagações, nossa colaboradora agradeceu a acolhida, despediu-se dos presentes, dirigindo-se à porta, ganhando a rua, e voltou para casa louvando ao Senhor, em prece, pela oportunidade de aprendizado e orientação.
De nossa parte, sentíamos que agora só restava esperar. Os obsessores foram afastados, os participantes encarnados receberam o esclarecimento adequado às suas necessidades no momento, contavam com Espíritos familiares de boa formação doutrinária e moral. Tudo já estava providenciado, restando aguardar-lhes a decisão, utilizando-se do livre-arbítrio: a aceitação racional de uma doutrina lógica com fé raciocinada, ou a fascinação vaidosa, improdutiva e alucinante.
No plano espiritual, Catarina, a avozinha aflita, guardava a certeza de que o caso estava encerrado.
Nós, porém, experimentados nessas ocorrências, antes de comemorarmos, preferimos orar, para que vibrações superiores os ajudassem a discernir correctamente.
Tendo feito o bem no limite de nossas forças, e porque não nos cabia decidir por eles, confiamos à Catarina a tarefa de zelar pelo agrupamento, escalamos outros companheiros para possíveis emergências e nos despedimos, colocando-nos à disposição para as eventuais necessidades.
Um ano depois, recebemos o pedido de ajuda de Catarina, e com presteza, nos apresentamos prevendo antecipadamente os acontecimentos.
Na casa de Augusta, neta de Catarina, a matriarca desencarnada, onde se processavam as reuniões de mediunismo, a situação, agora, era muito pior.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:19 pm

Augusta, “líder” do agrupamento, envolvera-se completamente com a vaidade. Da formação original, poucos se renderam aos esclarecimentos da entidade sublime e às argumentações de Angelina, nosso instrumento encarnado de orientação para aquele caso.
O ambiente retomara, de forma mais intensa, o aspecto desequilibrante; novas entidades obsessoras aproximaram-se do grupo, que não cultivava nada além da vaidade, do desejo de se comunicarem com grandes personagens e altas hierarquias do espaço sideral.
A avó de Augusta, em prantos, nos procurou, dizendo:
— A senhora tinha razão, a questão não estava encerrada, de que adiantaram nossos esforços?
— Não diga isso, minha irmã, acrescentei acalmando-a, infelizmente os nossos companheiros ainda estão dando maior importância à fama que à vivência discreta do Evangelho. Será um aprendizado dolorido, um caminho de espinhos escolhido por eles; mas não existe mal eterno, mais dia ou menos dia despertarão, mesmo que seja em outras reencarnações! Confiemos no Cristo, fizemos o que estava ao nosso alcance. Foste heroína, demonstraste amor verdadeiro e, por teus méritos, o Senhor haverá de continuar lançando luzes de misericórdia sobre eles e as leis universais aguardarão pacientemente o despertar.
Agora nos compete o afastamento. Haverão de ficar entregues à própria vaidade e assumirão as consequências desagradáveis destas acções.
Não nos cabe a imposição das verdades espirituais. Estas devem ser uma conquista da criatura. Compete-nos oferecer o alimento da alma, mas, quem tem de digerir, é a própria pessoa. Quando não somos ouvidos, entendemos que é preciso respeitar o outro dentro da evolução e do entendimento que apresenta.
Não te preocupes, minha irmã, a vida é grande educadora.
Quanto a ti, não poderás mais ficar neste ambiente. Nossos superiores desejam aproveitar-te em trabalhos maiores.
Coragem, vamos! Entreguemos a situação às leis divinas. Não penses que os adversários venceram, não estamos numa guerra, permanecemos na condição dos que amam e o amor não exige transformação do dia para a noite.
Assim, por amor, é preciso que nos afastemos, para que a liberdade de acção traga a responsabilidade e a reparação no âmbito das experiências humanas.
Não sejamos egoístas e exigentes a ponto de imaginar que o Criador atenderá nossos caprichos pessoais violando a Lei de Causa e Efeito, além da oportunidade de aprendizado entre as criaturas.

****
A anciã, compreendendo a seriedade do momento, abraçou, com olhar amoroso, triste, porém compreensivo, os que não souberam aproveitar a misericórdia divina.
Recordando todo o trabalho de valorosos tarefeiros, quis desculpar-se, mas foi imediatamente interrompida pelo abraço carinhoso dos membros da nossa equipe, que afirmavam ter cumprido simplesmente com o dever da fraternidade, evitando em Catarina o constrangimento e o sentimento de auto-piedade.
Deixamos a residência, profundamente emocionados, cabisbaixos e reflexivos, louvando a Deus com um hino de oração, vislumbrando as estrelas e contemplando a sabedoria das leis universais.

****
Anos depois, quando promovíamos o socorro de entidades maldosas envolvidas com médiuns internados num hospício, pela própria imprudência no executar das actividades medianímicas, alguém nos tocou o ombro e o abraço afectuoso revelou a presença de Catarina, após longo tempo de separação.
A matriarca de outrora, pela qual desenvolvemos laços de amizade e profundo respeito, compunha o grupo de tarefeiros responsáveis, espiritualmente, pelo hospital, e organizava os socorristas com o dinamismo que lhe é característico.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:20 pm

Catarina introduziu a conversa, dizendo:
— Presto serviços a esta Instituição. Meus superiores me permitiram trabalhar aqui, somente assim posso ficar perto de Augusta.
— O quê? Perguntei interessada.
— Sim, respondeu a anciã, minha neta deixou-se dominar por completo, Augusta enlouqueceu há dez longos anos, conforme temíamos! Está internada aqui, deverá desencarnar hoje ou amanhã, por conta da alteração emocional produzida pela aparição dos adversários. Somente desta forma, desprendida do corpo totalmente, vendo por si a realidade, quem sabe conseguiremos socorrê-la? Estou fortalecida e confiante nos desígnios divinos.
Enquanto falava, conduzimo-nos para o quarto onde nossa paciente agonizava.
Foi impressionante notar o progresso e equilíbrio de Catarina. Todos os enfermos recebiam dela o mesmo tratamento. Entendera, enfim, que ante as leis divinas não há regime de excepção; no mundo, todos somos irmãos, e os nossos familiares se distinguem, por serem o próximo mais próximo de nós, ligados por laços espirituais de afectividade ou rivalidade.
Em nosso plano, ao redor de Augusta, notavam-se os adversários esperando-a, enquanto ela chegava à triste conclusão de ter sido iludida.
Os psiquiatras atribuíam as expressões de horror às alucinações produzidas pela mente desequilibrada.
Augusta, tendo os pés e mãos atados no leito, por conta da exaltação do sistema nervoso, agora descobrira a verdade. Os obsessores riam, faziam chacotas, mostravam a verdadeira face. E identificando os acontecimentos, sentira-se ferida no seu orgulho, tivera uma crise de cólera. Agitara-se excessivamente, gritara enlouquecida querendo aniquilar os Espíritos disformes que lhe apareciam, lançara nos fluidos do ambiente emanações de ódio profundo, até que, no auge da agitação, em estado agudo de descontrole emocional, doses altíssimas de tranquilizantes tiveram de ser ministradas pelas enfermeiras. Mas o coração frágil, apunhalado por ondas electromagnéticas de profundo rancor e decepção, não aguentou a descoberta da realidade, e um enfarto fulminante retirou-a da carne.
Os fascinadores, ligados a ela magneticamente, foram os primeiros a recepcioná-la, conduzindo-a às regiões infelizes.
Catarina orava com fervor. Abraçamo-nos fortemente numa atitude de apoio, enquanto a cena rasgava-lhe o peito maternal à maneira de lâmina afiada, e dos olhos da anciã brotavam lágrimas silenciosas, queimando-lhe a face numa amargura indefinível.
Enquanto orávamos, rendemo-nos à evidência de que a mediunidade, como maquinismo de espiritualização, quando não utilizada com o rigor da lógica, da razão, da discrição, do bem e do amor a serviço do Cristo, enseja dificuldades das mais variadas.
Mecanismo instituído para o progresso, quando abusado e embebido no vinho sinistro da vaidade, complica a evolução do seu portador, exigindo prestação de contas e reparação.
Não conseguiríamos ali, no leito de “morte”, amparar Augusta, por estar colérica e envolvida numa simbiose com os obsessores. Seria preciso aguardar que os ânimos se acalmassem, que essas ligações se enfraquecessem, para proporcionarmos nosso socorro que contaria com o apoio das reuniões de desobsessão, numa complicada tarefa de resgate, coadjuvada pelos companheiros encarnados, considerando que, neste estado de loucura, a recém-desencarnada não conseguiria produzir bons pensamentos para merecer por si mesma o amparo do Mais Alto, além de não nos perceber espiritualmente.

****
Unimo-nos à forte Catarina e dirigimo-nos às zonas infelizes, integrando a caravana socorrista a fim de, com a misericórdia divina e com os inúmeros méritos da dedicada tarefeira, resgatar Augusta na medida do possível e acabar de vez com mais este doloroso episódio de fascinação na mediunidade.

***
Não penses que os adversários venceram, não estamos numa guerra, permanecemos na condição dos que amam.
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Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano - Página 2 Empty Re: Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 9:20 pm

Bastidor XIII - A mediunidade a serviço do malfeitor
Anoitecia...
Berta retornava para casa após doze horas de trabalhos ininterruptos, em luxuoso condomínio de casas onde prestava serviços domésticos.
Dirigia-se para a favela pensativa, reflectindo sobre as injustiças. Por que tantos sofrimentos? Tanta miséria? Por que haveria de passar por tantas dificuldades, desprovida dos recursos básicos?
Além disso, fervilhavam em sua mente ideias de um amor impossível. Afeiçoara-se ao patrão e, agora, não conseguia ter outro tipo de pensamento senão o de conquistá-lo afectivamente.
Antónia Souto, a patroa, nutria por Berta um sentimento de piedade; jamais poderia imaginar que a empregada cultivasse ideias tão infelizes a seu respeito.
Berta sentia-se incomodada com tudo, desde a cultura até os bens materiais dos seus empregadores. A riqueza daquele lar lhe despertava os mais variados desejos, queria ser um dia a Sra. Souto. Desejava seduzir o patrão, guardando na alma a ilusão de ser correspondida amorosamente.
A condução deixou-a nas proximidades da favela. Durante a viagem, arquitectava planos e meios para atingir seus objectivos. Apelaria para o “sobrenatural”, consultaria as forças inferiores do mundo invisível, as quais, se bem pagas, poderiam, a seu ver, realizar prodígios. Guardava no peito o desejo ardente das conquistas fáceis.
Após tomar a singela refeição, dirigiu-se ao modesto “templo”, localizado nas entranhas da favela onde se promovia o intercâmbio com as forças inferiores.
O barracão era envolvido fluidicamente por espessa nuvem escura, caracterizando as vibrações negativas. O clima místico e sombrio mexia com o psicológico dos consulentes. No chão de terra, velas e riscaduras de pontos ajudavam a impressionar. Imagens grotescas de falsas divindades imprimiam no psiquismo dos presentes medo e admiração.
Às portas da casa mística, entidades tresloucadas faziam a segurança, à maneira de feras selvagens.
O ambiente estava preparado para amedrontar. Berta guardava no coração o anseio de destruição e de desarmonia do lar no qual trabalhava, enquanto lutava para controlar o medo.
Remoendo estes pensamentos, chamou a atenção dos Espíritos daquele ambiente que lhe excitavam a consciência para a realização dos planos inferiores. Ela estava disposta a qualquer coisa. Pensava nas formas “mágicas”, desejava dialogar com as meretrizes do além, imaginava que elas fossem portadoras de orientações miraculosas, almejando a poção mítica do amor.
Em pouco tempo, o barracão ficou repleto de pessoas; gente que trazia os mais variados desejos no campo das conquistas materiais. A exploração da mediunidade estava evidente.
Entidades inteligentes, dedicadas à prática do mal, controlavam com o poder do magnetismo hipnótico muitos Espíritos infelizes, sofredores, aterrorizando-os com ameaças enganosas, tolhendo-lhes o livre-arbítrio.
Entidades sensuais buscavam entre os encarnados sensações orgânicas às quais se escravizavam, padecendo sofrimentos terríveis por não se libertarem.
Espíritos maléficos lançavam no ambiente fluidos excitantes, frutos de suas mentes doentias, com o objectivo de estimular os presentes em suas petições, envolvendo-os num clima de perversidade.
Utilizar-se-iam, durante os trabalhos macabros, do ectoplasma de alguns médiuns para produzir pequenos fenómenos de efeitos físicos. Desejavam, com isso, conquistar a confiança dos presentes, embora os efeitos produzidos ficassem no campo do ridículo. Aquelas entidades malévolas teciam teias de cobiça e destruição, envolvendo suas vítimas num emaranhado de mentiras e ilusões.
Não demorou muito para que as luzes se apagassem por completo e velas nas mais variadas cores fossem acesas.
Os médiuns, adentrando o ambiente vestindo roupas místicas e envolventes, posicionavam-se no terreiro, enquanto risos convulsivos iniciavam o ritual de invocação, clamando deliberadamente pelas forças inferiores.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:14 am

Nomes de divindades mitológicas foram pronunciados, estremecendo o coração dos encarnados e desencarnados que eram crédulos e invigilantes.
Músicas exóticas, tambores e danças primitivas ajudavam a formar um ambiente psíquico profundamente negativo. Ervas foram queimadas envolvendo a casa numa fumaça entorpecente; bebidas alcoólicas, acompanhadas de alucinogénios, eram distribuídas entre os médiuns, alterando-lhes o estado de consciência.
Embora se utilizassem destes recursos para promover uma espécie de expansão perispiritual, a sintonia com as entidades era realizada através dos pensamentos e dos sentimentos dos medianeiros dedicados à delinquência das faculdades psíquicas.
Quando os intérpretes das trevas atingiram o entorpecimento mental, as entidades inferiores começaram a envolvê-los intensamente, à maneira de serpentes venenosas destilando, sobre o corpo perispiritual dos médiuns, fluidos profundamente nocivos. Os centros de força, absorvendo as energias deletérias, transmitiam-nas à organização física, causando grandes desequilíbrios biológicos. Eram verdadeiros fantoches nas mãos dos adversários do bem. Desconheciam completamente os princípios da Doutrina Espírita, que ensina seja a mediunidade utilizada somente para o bem e a caridade, sem o uso de qualquer bebida ou ritual para o intercâmbio espiritual, além do estudo sério da mediunidade e do mediunato com Jesus.
O fanatismo estava presente em toda a sua expressão. As comunicações se davam com gritarias e uivos para confirmar que de fato eles vinham das regiões inferiores.

****
Qualquer um que tivesse o menor contacto com os estudos espíritas, e depois presenciasse estas expressões, sentiria o coração cortado e a alma ferida no tocante à falta de respeito para com a mediunidade, o mau uso das faculdades espirituais e os perigos que médiuns e participantes corriam cultivando a maldade.
Pessoas desequilibradas, e na maioria desesperadas, sem nenhum sentido religioso, procuravam naquelas forças “desconhecidas” solução para os seus problemas.
Aqui, um pedido de emprego com um excelente salário; ali, o desejo de ascensão profissional à custa do desemprego do próximo; acolá, moças aflitas desejando fórmulas abortivas, e muitas outras coisas mais.
Nos bastidores espirituais, as entidades perversas riam das consultas; sabiam que tudo não passava de um grande teatro, que nem sempre poderiam atender a todos os pedidos, pois que no universo há leis divinas estabelecendo limites de acção.
Berta, a empregada doméstica, observava assustada, porém não poderia recuar agora.
Conduzida pelos trabalhadores encarnados à entidade “principal”, teve de respirar profundamente para não desmaiar. O Espírito comunicante guardava perispiritualmente, forma horripilante: olhos grandes e vermelhos, rosto pálido e expressão medonha, além do olhar astuto e desconfiado; servia-se de um porta-voz que se vestia à moda mítica das entidades malignas criadas pela Igreja Romana. Iniciou o diálogo com uma voz rouca e pavorosa dizendo:
— Veio atrás de quê, minha filha?
Veio procurar as forças das regiões inferiores porque seu Deus não resolve seus problemas, não é?
Casos como o seu são típicos. Nós vamos atender a todos os seus pedidos, temos poderes para isso!
Agora diga, o que é que você deseja de mim? (risos) Berta, gaguejando, sentindo o coração acelerar, buscava forças para dizer:
— Eu... eu... quero... que o senhor... faça com que meu patrão se apaixone por mim, quero ser a dona da casa em que eu trabalho. Já estou farta de tanto trabalhar, de tantas dificuldades financeiras e, se Deus não olha por mim, o senhor haverá de me ajudar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:14 am

Neste instante, envolvida completamente pelos adversários espirituais, sentiu-se fortalecida para dizer:
— Morte! Quero que dona Antónia, minha patroa, morra! Eu é que deverei ser a Sra. Souto, custe o que custar! E depois, o Dr. Souto, estando viúvo, conseguirei conquistá-lo e ninguém jamais saberá quais forças agiram para estas realizações.
— Tem consciência do que está pedindo, disse a entidade das trevas, sabe da gravidade do pedido? Sabe das complicações que isto pode acarretar?
— Mas vocês não são poderosos, não conseguem tudo? Dêem o preço, o que for necessário. Não me importo com as consequências, estou farta de tanta injustiça, Deus não existe!
O Espírito das sombras observou a ingenuidade de Berta, consultou telepaticamente seus comparsas, que já se sentiam estimulados traçando planos para o processo obsessivo e, repentinamente, respondeu:
— O preço é você, queremos que nos sirva de instrumento para nossas manifestações. Nós atenderemos sua solicitação e você nos servirá de canal para nossas comunicações. Faremos sua iniciação, você terá poderes sobrenaturais, grande capacidade, nada nem ninguém a atingirá. Será tão poderosa quanto nós. Entregue-se aos poderes das Trevas. A Luz exige muito dos que a procuram. Aqui nada lhe será exigido. Com essas capacidades que lhe daremos, poderá conquistar quantos homens quiser. Pense nas riquezas que poderemos lhe proporcionar! O seu futuro está em suas mãos. A decisão é sua. Nós faremos o que prometemos e você se dedicará, de início, uma vez por semana às nossas reuniões.
Berta reflectiu superficialmente e, porque estivesse embriagada pela cupidez, respondeu afirmativamente, dando a autorização moral para, a partir daquele instante, iniciar sua desgraça espiritual e complicar a sua vida, além de ser envolvida por uma multidão de Espíritos obsessores.

****
Terminada a reunião, a empregada deixava o “templo” das Trevas, retornando para casa, guardando a enganosa convicção de que alcançaria seus objectivos.
Os Espíritos infelizes não perderam tempo, começaram a se organizar imediatamente. Seguiram Berta, aguardaram que adormecesse e, desprendida parcialmente do corpo pelo fenómeno do sono, começou a ser envolvida pelos adversários.
No plano espiritual, de frente com as entidades, ela gritava de medo, porque agora estava face a face com elas sem o concurso de um médium, podia vê-las tal como se apresentavam.
O Espírito responsável pela execução das tarefas debochava do pavor da consulente, dirigindo-se a ela nestes termos:
— A partir de hoje, todas as noites vamos solicitar o seu concurso. Pensa que vamos ajudá-la de graça? Suas pretensões maldosas assemelharam a nós, de forma que seus sentimentos inferiores nos fazem ter ascensão sobre você no campo moral. Neste momento, integrará a equipe dos nossos trabalhadores e conviverá connosco, ajudando-nos no executar de nossas inúmeras actividades.
O protector espiritual de Berta estava impotente. Há meses tentava retirá-la daquela ideia fixa. Inspirava-lhe bons pensamentos e a incentivava a procurar uma religião, mas a protegida estava irredutível.
Então, numa última tentativa, baixou seu padrão vibratório e apareceu no ambiente dizendo:
— Berta, minha irmã! Atenta para o que estás fazendo, ainda há tempo!
Lembra-te dos compromissos assumidos. Recorda-te de que saíste do mundo dos espíritos repleta de débitos para saldar. Rememora os tempos das riquezas e da vida sensual, o quanto te complicaste. Agora, estás no capítulo dos testemunhos, resgatando tuas faltas do passado. O trabalho disciplinado te libertará das mazelas espirituais, além de te servir como prova. Não creias que o Criador te esqueceu. Estes Espíritos te oferecem riquezas e glórias, mas são cegos também, cairão todos no buraco da própria ignorância.
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Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano - Página 2 Empty Re: Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:15 am

Aproveita a vida que Deus te concedeu, valorizando a existência numa atitude digna e honesta. Jesus afirmou que os que sofrem são bem aventurados. Isso se dará se a pessoa sofrer resignadamente, confiando nos desígnios divinos. Não almejes recompensas imediatas, é preciso ter coragem para vencer o mundo.
Não te percas nas dificuldades, não te associes aos que não estão despertos para as verdades do Cristo.
Lembra-te da prece! Estou contigo minha filha, guardo a missão de orientá-la no bom caminho e não desejo falir na minha tarefa.
É teu futuro, filha minha, que está em jogo. Estás te envolvendo numa seita de fanáticos que utilizam a mediunidade, a serviço do malfeito, faculdade sagrada que foi instituída pela sabedoria divina para proporcionar o bem. Vê que te complicarás ao te consorciares com estas criaturas infelizes.
Ouve o pedido dos que te querem bem; não te deixes enganar. O Senhor da vida sabe de todos os teus problemas. Ele é misericordioso, ama-te igualmente. Na Terra, assumiste um compromisso com o próprio progresso, o de suportar resignadamente os efeitos das atitudes pretéritas. Contudo, não te sintas sozinha, tens amigos espirituais que te amam, velam por ti e, se não podemos tirar-te das expiações, está ao nosso alcance fortalecer-te. Reflecte que, se suportares resignadamente, progredirás de forma muito satisfatória; ao passo que, se te entregares às inferioridades, haverás de te complicares ainda mais.
Desejamos nos unir a ti, ajudando-te a carregar a própria cruz, mas não podemos carregá-la em teu lugar. A cada um segundo suas obras, é a orientação do Cristo. Nosso amor e a promessa de sustentação estarão sempre contigo, para que venças e retornes vitoriosa à vida maior!
O protector espiritual silenciou por alguns instantes, enquanto o adversário do bem usou da palavra e disse:
— Não, Berta! Isto tudo é uma farsa!
Nós somos a salvação! Ao nosso lado você estará protegida; dispomos de amigos influentes, pessoas que haverão de abrir os seus caminhos. Para que esperar uma felicidade distante na chamada vida futura, se podemos lhe proporcionar isso agora?
Seu coração guarda inúmeras amarguras. Esses que dizem ser seus amigos espirituais, em verdade, desejam o seu sofrimento. Jesus é a personificação dos fracos, os fortes não se deixam matar.
Não dê ouvidos a este mensageiro. Veja: ele dispõe de luzes que nunca alcançaremos, são os escolhidos do Senhor. Temos caminhos mais fáceis. Se o preço para alcançar a luminosidade é renúncia e humildade, nós, os fortes, as desprezamos.
Vamos, Berta, ordenou o obsessor, somos os seus verdadeiros protectores.
A empregada, desprendida do corpo, reflectia amargurada. Tinha consciência de que o mensageiro da luz estava com a razão, mas a cobiça pela riqueza e a paixão lhe inebriavam o pensamento.
Entre colérica e amargurada, com lágrimas nos olhos, decidiu-se, gritando:
— Não quero mais os sofrimentos do mundo. Se tenho livre-arbítrio, escolho as Trevas. Se a reencarnação é um fato, deixarei para recuperar minhas possíveis falhas no futuro.
Colocando-se ao lado dos adversários, acenou para o protector, ordenando aos berros, seguidos de pranto copioso, que desaparecesse e nunca mais voltasse.

****
A entidade amiga poderia contra-argumentar, mas seria lançar pérolas aos porcos! Repousou o olhar profundo sobre sua protegida, endereçou-lhe vibrações de amor verdadeiro e, silenciosamente, com olhos marejados e num sofrimento moral indefinível, retirou-se cabisbaixo, respeitando o livre-arbítrio de Berta que, certamente, traria para ela, no futuro, mais choro e ranger de dentes; a Lei do Retorno nos encontra sempre!
Tendo o Espírito protector se retirado, o ambiente espiritual foi envolvido por vibrações sombrias. As entidades inferiores abraçaram a mais nova aquisição do mal, conduzindo-a para regiões infelizes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:15 am

De madrugada, nossa personagem acordou sentindo-se vazia, estranha, atordoada, trazia leve sensação de torpor. Era o reflexo das energias negativas das quais compartilhara em companhia das entidades malfazejas. Recordara vagamente da vivência espiritual, sem poder definir bem a essência dos acontecimentos.
Preparava-se para a luta diária, tendo a certeza de que, mais dia ou menos dia, o trabalho que encomendara para dona Antónia surtiria efeito.
As entidades trevosas montaram plantão na residência do casal Souto. De início, fizeram um reconhecimento. Ele, advogado brilhante, intelectual, escritor, muito conceituado na sociedade. Ela, professora universitária. Ambos ligados às ciências, às artes, ao intelecto.
As entidades conversavam entre si:
— Esta causa já está ganha. Vejam, são cépticos, não acreditam em nada além da matéria, não cultivam nenhuma expressão religiosa, vivem a vida dos sentidos. Isso já facilita setenta por cento o nosso trabalho. Não vamos ter os mensageiros nos atrapalhando. A propósito, eles valorizam tanto a vida material que seus protectores não encontram acesso para intuí-los, acho que já se cansaram e não vão nos incomodar. As luzes do Evangelho não estão acesas nesta casa, a caridade não convive com eles, e o “amor” está no campo da posse.
Durante algumas semanas, os adversários espirituais conviveram com o casal em questão, verificando os pontos fracos, traçando planos e ataques, concluindo, ao final:
— Muito bem, já temos o perfil de nossas vítimas: egoístas, materialistas e, o mais importante, ciumentos.
Esta será nossa grande arma, o Dr. Souto é um poço de ciúmes, além de ser um tanto violento. Já pensaram, confabulava o obsessor, poderíamos induzir a ideia de que dona Antónia troca confidências com outro homem, ele não suportaria; como Berta é fantoche em nossas mãos, poderíamos fazer brotar nela esta ideia e montarmos um flagrante de aparente adultério e um crime passional resolveria nosso caso, deixando para a empregada o caminho livre.
Poderíamos todos nos consorciar, Berta seria nosso canal de sensações, envolveríamos os dois nas teias dos vícios e dos desequilíbrios.
E, assim, começaram a trabalhar. Em pouco tempo, o espaço fluídico da casa se transformou. Imagens imitando divindades primitivas foram plasmadas pelos adversários espirituais, uma reunião macabra foi programada, com objectivo de preparar o ambiente com vibrações grotescas, e se processou na sala do casal onde, espiritualmente, entidades infelizes promoviam as mais variadas algazarras.
No dia seguinte, iniciou-se o processo de envolvimento. O casal sem filhos tinha a mente completamente voltada para o trabalho e os gozos materiais.
Em poucos dias, deixando-se contaminar pela psicosfera pestilenta de fluidos, o casal trazia marcas claras de irritação, de alteração emocional causada pelas energias inferiores produzidas pelos Espíritos infelizes.
Dona Antónia atribuía a irritação ao estresse e jamais poderia desconfiar do que se processava espiritualmente.

****
Enquanto isso, Berta, semanalmente, como havia prometido, visitava o “templo” das trevas, colocando-se à disposição dos adversários.
As entidades, observando nela certas capacidades psíquicas, começaram a “desenvolvê-las” e não demorou para que ela se tornasse intérprete de criaturas inferiores. Em pouco tempo, já estava alucinada, envolvida nos rituais primitivos, exaltando forças que desconhecia e de que não tinha capacidade para se libertar. Tornara-se, definitivamente, escrava dos adversários espirituais.

****
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:15 am

Neste período, o Dr. Souto manifestava peculiar transformação. Envolvido pelas entidades das sombras, não conseguia se dedicar ao trabalho como antes, permanecia lacónico, oprimido e uma desconfiança aguçada de que sua esposa já não era mais a mesma. De fato, dona Antónia estava em profunda depressão e, tomando o efeito pela causa, dizia que o estado de espírito pelo qual passava era devido a uma crise no casamento. Procurou os amigos, desabafando:
— O Souto não é mais o mesmo, vive calado. Sempre foi ciumento, mas agora está demais! Não conseguimos nem conversar. As coisas no escritório não andam bem, ele está até um pouco violento.
Os amigos, inspirados pelos protectores do casal, recomendaram-lhes a busca por uma religião, além de um terapeuta de casais.
A primeira opção foi francamente rechaçada, a segunda aceita apenas por hipótese. Para eles, religião era coisa de gente pequena, eram intelectuais e não cultivavam aquelas expressões.
Diante dessas posturas, os obsessores se fortaleciam aproveitando-se da invigilância e da falta de fé dos nossos protagonistas.
Os amigos espirituais dos nossos personagens acompanhavam os acontecimentos inspirando o bem o quanto podiam, mas, geralmente, não eram “ouvidos”. Diante da necessidade de respeito ao livre-arbítrio, aguardaram pacientemente que os protegidos oferecessem sintonia.
Os Espíritos amigos, preocupados, conversavam entre si:
— Veja que abuso, disse um dos protectores, e pensar que toda esta confusão foi causada pela cobiça e, além disso, a mediunidade foi e está sendo o veículo da discórdia, explorada por essas almas doentes.
Quantos no mundo desperdiçam a sublime faculdade! Berta está se complicando muito; ainda na semana passada, pedi aos meus superiores que enviassem ao “templo” das trevas mensageiros espirituais que pudessem orientar os ignorantes que lá trabalham num processo de exploração mediúnica; e qual foi a minha surpresa quando meu pedido foi negado; o instrutor afirmou que inúmeros mensageiros já haviam alertado o agrupamento e nenhuma das orientações espirituais fora aceita; já não são tão ignorantes, têm consciência de que praticam o mal e não querem parar.
Haverão de responder profundamente sobre o mau uso da mediunidade. Mas, se Deus permite que estas coisas se dêem no nosso planeta, é porque ainda somos criaturas que precisamos destas experiências dolorosas para despertar. Por exemplo, se este casal tivesse uma religião qualquer, das que conduzem verdadeiramente ao bem, e praticasse os princípios ensinados por ela, os adversários não conseguiriam envolvê-lo. As ondas mentais negativas seriam diluídas pela fé e confiança em Deus.
Quem sabe, passando por estas dificuldades, despertem!
A mediunidade não é culpada, é simples instrumento que se submete passivamente à moralidade do seu portador.

****
Os meses passaram, Berta estava impaciente, cultivando dia a dia a ideia fixa de casar-se com o patrão.
De volta ao “templo” das trevas, solicitou urgência nas actividades, desejava ver o trabalho concluído.
O dirigente espiritual de natureza inferior “orientou”:
— Olha, minha filha, se você deseja que os trabalhos sejam agilizados, convém fazer um despacho. Você vai comprar o que eu lhe disser e fará as oferendas para nossas divindades às portas da casa onde você trabalha. Lembrete: a hora ideal para este despacho é a meia-noite!
Será o desfecho. Depois disso, tudo vai mudar, a mulher do seu patrão não vai passar do amanhecer, concluiu a entidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:15 am

Os Espíritos que a acompanhavam zombavam de tudo, entendiam que as horas nenhuma influência têm nos acontecimentos espirituais, que as oferendas nada representam espiritualmente. O que é verdadeiro são as ondas mentais negativas direccionadas para suas vítimas. Contudo, os adversários do bem exploravam as crendices populares como factor místico e condicionante.
Berta retornou para casa preocupada. Desprovida de recursos financeiros, utilizou-se de todas as suas reservas para comprar os utensílios necessários, chegando a vender alguns poucos móveis.

****
Pobre Berta! Não percebera, mas já estava completamente alucinada. Não se dava conta, mas se envolvera profundamente com entidades perigosas!

****
O maior obstáculo a vencer, para a execução do projecto, eram os guardas da portaria do condomínio. Teria de convencê-los a deixá-la ficar após o expediente. Pensou em seduzir um deles e o problema estaria resolvido.
Assim aconteceu. O porteiro, sem saber dos planos de Berta, prometeu segredo e facilitou sua permanência no condomínio, após o expediente, despedindo-se e encerrando seu turno sem maiores questionamentos.
A intérprete das sombras escondeu-se entre as árvores espessas do residencial, enquanto a noite avançava.
Próximo do horário combinado, Berta dirigiu-se cautelosamente à residência do casal Souto, que dormia profundamente. Próximo da porta dos fundos, local privilegiado, sem muita luminosidade e voltado para estreita rua erma do condomínio, a doméstica deu início ao estranho ritual. Velas multicoloridas, imagens horripilantes, alguns pratos com pedaços de animais, sacrificados especialmente para a ocasião, formavam o cenário organizado pela empregada.
Preparada a tola encenação, Berta entrou em profunda concentração, clamando mentalmente pelas forças inferiores, estabelecendo sintonia (brecha) com entidades maléficas. As entidades produziam verdadeira algazarra no ambiente espiritual. Outras mentes espirituais, vibrando na mesma sintonia, foram atraídas perfazendo uma falange de Espíritos trevosos.
As entidades infelizes resolveram zombar da empregada, dizendo um deles:
— E se a ronda aparecesse por aqui? Se pegassem nossa intérprete nesta posição ridícula? Seria engraçado, não é? Vê-la correndo desesperada e ainda tendo de explicar o motivo de estar ali. Já temos o casal em nossas mãos, conseguimos influenciado com facilidade, ela já não é tão necessária, e depois será divertido, concluiu o Espírito perverso.
As mentes espirituais desequilibradas envolveram os guardas que estavam distantes, influenciaram mentalmente o motorista que mudasse de rota, e o vigilante, como que hipnotizado, deixou-se vencer pela sugestão dos adversários espirituais, dirigindo-se vagarosamente para a rua erma que ladeava a casa onde Berta trabalhava.
Quando o carro se aproximou, a empregada foi envolvida mediunicamente pelos adversários e, porque já estava embriagada com as bebidas que comprara para o ritual, não notou a aproximação dos seguranças. Um deles viu um vulto revelado pela luminosidade das velas e pensou fosse um assalto.
Desceu às pressas do carro gritando para que o desconhecido se identificasse. Berta, completamente ébria, assustou-se e tentou fugir atemorizada. Ela correu e eles atiraram uma, duas, três vezes e a doméstica caiu quase morta.
Os guardas aproximaram-se, tendo certeza de terem pego um assaltante. Um deles, surpreso, a reconhece, levam-na às portas do flagrante. Os patrões acordaram com os tiros e a gritaria. Ficaram lívidos diante do acontecimento, participando dos minutos finais da doméstica infeliz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:16 am

Nos braços dos vigilantes e diante dos objectos materiais do malfeito, numa cena indescritível, Berta lança o olhar para o casal e encontra forças para odiá-los e, antes de conseguir dizer suas últimas palavras de rancor profundo, fecha os olhos para a vida física e é arrancada do corpo pelos adversários espirituais, entre gargalhadas e risos alucinantes.

****
A serviçal do casal Souto, chegara ao fim da vida física. Quem é que poderia imaginar o final trágico de uma história que teve início na cupidez?
Os protectores dos personagens encarnados lançaram preces sinceras em direcção da recém-desencarnada, esperando autorização do Mais Alto para socorrê-la.
Dona Antónia e o Dr. Souto, diante da tragédia, se abraçaram mutuamente, sem terem acesso aos bastidores espirituais.
Tomadas as devidas providências nas autoridades competentes, começaram a reflectir silenciosamente sobre a vida e a morte, a importância do casamento, a ideia de Deus e, instintivamente, compreenderam que a desarmonia ocorrida entre eles poderia ter sua génese nos desequilíbrios da empregada.
Os dias correram e o casal, inspirado pelos próprios protectores espirituais, procurou uma religião.
Filiaram-se a um dos vários templos cristãos, aprenderam o poder da prece, valorizaram as coisas espirituais, fortaleceram-se no casamento e se matricularam nos trabalhos assistenciais, angariando, assim, a simpatia de Espíritos superiores que promoveram o afastamento dos adversários espirituais, atraídos pela desencarnada.

****
Diante de acontecimentos dolorosos, recordamos Kardec: “A melhor forma de afastar os maus Espíritos é atrair os bons” (O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. IX, item 132-13).
Nosso pensamento se voltou para a protagonista deste drama que, utilizando-se do livre-arbítrio, se complicou espiritualmente, tendo, agora, que responder pelas próprias atitudes.
A contratada da família Souto envolveu-se voluntariamente com os adversários do bem, como aqueles imprudentes que, na Terra, se comprometem espontaneamente com bandidos e assassinos, colhendo os frutos da própria invigilância. Berta preferiu aprender pelo caminho mais difícil. E como Deus até do mal tira um bem, por meio destas experiências dolorosas é que o casal despertou para os valores cristãos.
Contudo, a Terra é um mundo de provas e expiações, onde os Espíritos se encontram e reencontram para se reabilitarem entre si e ante as leis universais, onde Deus nos permite agir com liberdade relativa, para que a responsabilidade traga o aprendizado. E se casos dolorosos como esse ainda acontecem, é porque desta ou daquela forma oferecemos sintonia. Sempre que não valorizamos os princípios éticos do Evangelho de Jesus, nos colocamos à mercê de pessoas encarnadas e desencarnadas que, não tendo alcançado o progresso, ainda tentam burlar as leis divinas em seu próprio benefício, causando escândalos no próprio caminho.
Aos que forem surpreendidos por acontecimentos semelhantes sem que os mereçam, as leis divinas prevêem que servirão de prova e testemunho aos alunos matriculados na Terra.
Porém, aqueles que estiverem com o Cristo estarão fortalecidos para suportar qualquer problema. Onde há fé, a discórdia não domina, onde há esperança, a solidão não maltrata, onde há amor, o mal jamais vencerá, e onde houver o Cristo, certa é a protecção e a vitória no porvir. Estes são os verdadeiros antídotos para vencer o malfeito e afastar os adversários do bem!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:16 am

****
Do ponto de vista espírita, é lamentável que a mediunidade ainda seja utilizada para o malfeito. O Espiritismo é a doutrina que melhor estudou a faculdade mediúnica, dando-lhe uma finalidade nobre, superior, edificante, elevando-a ao grau de mecanismo de espiritualização humana.
Em O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, vamos encontrar todos os subsídios para a utilização correta da faculdade mediúnica. O Codificador, comentando os ensinos dos Espíritos superiores, faz inúmeros alertas sobre os perigos da ferramenta mediúnica mal utilizada.
Entretanto, à medida que o progresso avançar no planeta, a mediunidade será santificada por todos os medianeiros. Quando a utilizarem a serviço do Cristo, farão da própria vida e das potencialidades psíquicas um verdadeiro mediunato.

***
Quando utilizarem a mediunidade a serviço do Cristo, farão da própria vida e das potencialidades psíquicas um verdadeiro mediunato.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:17 am

Bastidor XIV - Caravana do progresso
Em planos superiores, os trabalhadores espirituais aguardavam orientações para as tarefas nas regiões sofredoras.
O benfeitor espiritual, trazendo no semblante paz e alegria, pronunciou as seguintes palavras orientadoras:
— Queridos irmãos em Cristo!
Desejando servir à causa cristã, colocamo-nos à disposição para o amparo necessário às zonas inferiores. Muitas criaturas invigilantes e imprudentes padecem as consequências das próprias atitudes. Entretanto, o Criador estende as mãos paternas que os tirarão do mar de lama criado pela própria consciência.
Não estamos na condição de acusadores, juízes impiedosos, uma vez que, também nós, em nosso passado, dominados pela ignorância, já estagiamos por longo período no reino das sombras. Hoje, encontramo-nos reabilitados espiritualmente após inúmeras reencarnações e incontáveis testemunhos; por isso, compete-nos cumprir as determinações superiores, nos transformando nos mecanismos que executam as leis divinas, descendo aos planos infelizes, suportando regiões densas, climas fluídicos sufocantes, para que os submersos nas águas abissais dos sofrimentos possam emergir, saindo das sombras em direcção da luz.
É certo que os adversários do bem tentarão impedir nossa missão, mas onde fulgura a chama da verdade, a escuridão da ignorância não se faz.
Para que tenhamos êxito em nossa tarefa, haveremos de contar com a ajuda de duas entidades superiores com bastante experiência nesse campo.
Façamos nossa prece de agradecimento, esperando que as mensageiras do progresso se apresentem para a condução desta equipe socorrista.
O mentor, sinceramente envolvido com o objectivo de ajudar, fez oração comovente, levando-nos à mais profunda emoção e, ao terminá-la, quando nossas mentes em silêncio diziam “assim seja”, dois focos de luzes se apresentaram, metamorfoseando-se na figura de duas belas senhoras, representando a maturidade do espírito humano.
As entidades, demonstrando intimidade com o serviço, nos abraçaram com estes incentivos:
— Queridos amigos, disse uma delas, estamos a serviço do Cristo e da prosperidade espiritual. É necessário renunciarmos a nós mesmos para ajudar os que padecem. Almejo conduzir as mentes desejosas em crescer para mais uma excursão na carne e, para atingir meu objectivo, adoptarei, apenas como simbolismo do progresso, o nome de “reencarnação”.
— Eu também, disse a outra entidade, para que trabalhemos no anonimato, adoptarei igualmente, como símbolo de recuperação e crescimento espiritual, o nome de “mediunidade”. Haveremos, em conjunto, de oferecer os mecanismos necessários aos desejosos em progredir verdadeiramente.
O instrutor, sensibilizado, aproximou-se das servidoras (que, tendo ocultado o próprio nome, exaltavam, por assim dizer, a sabedoria divina, fazendo de si mesmas os mecanismos de ajuda no campo da reencarnação e da mediunidade) e passou-lhes discreto envelope, acrescentando a seguir:
— Eis os nomes. Nesta lista está a relação de uma centena de Espíritos sofredores que a Lei de Progresso deseja sejam especialmente convidados. Isso não significa que outros, desejando a reparação, não sejam igualmente socorridos.
Estamos esperançosos de que os sofredores aceitem nosso desejo de ajudar. Sigam adiante, emissárias do bem! E que o Pai de misericórdia faça brilhar a luz do Crista nos corações obscurecidos pela ignorância e pelo sofrimento.
Assim, a caravana do progresso, liderada pela “reencarnação” e pela “mediunidade”, partiu para o vale das sombras como um luzeiro de esperança, levando consigo uma legião de servidores espirituais.
Eis que, aproximando-se das regiões infelizes, a psicosfera pouco a pouco se alterava. Os Espíritos amigos não mais se locomoviam com os. recursos do pensamento, mas como se estivessem no corpo denso. Mantinham silêncio absoluto e profunda discrição para não humilhar os necessitados com suas capacidades espirituais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 19, 2024 11:17 am

No vale sombrio, a paisagem era de entristecer. Multidões perambulavam, quais doentes mentais, acorrentadas às lembranças do passado, murmurando palavras, para nós desconexas, mas profundamente significativas ao mundo íntimo de cada um dos habitantes do vale sofredor.
De tempos em tempos, grupos de obsessores passavam por nós e, ao identificarmos, corriam em desespero, avisando aos comparsas sobre a “invasão” da luz.
Percebia-se uma agitação no ar, muitos olhavam a excursão desconfiados e amedrontados. Certos Espíritos tinham o ímpeto de pedir ajuda, mas temiam os adversários do bem que os dominavam.
Alguns gritavam:
— É a reencarnação, fujam! Veio ceifar em nosso campo. Querem nos aprisionar de novo na carne!
Outro dizia, completamente apavorado:
— A mediunidade também veio, eu as reconheço, foram elas que, há décadas, me aprisionaram no corpo físico. Eu não quero a reencarnação muito menos a mediunidade... Senhoras, deixem-nos em paz!
As tarefeiras apiedaram-se da alma torturada e a senhora símbolo das faculdades psíquicas, como que reconhecendo aquela voz enferma, lançou olhar profundo e piedoso ao doente mental, caminhando em sua direcção, irradiando ternura e compreensão.
— Juliano? És tu, meu filho? Perguntou a senhora, repleta de esperança.
— Afaste-se de mim! Não quero sua afabilidade, respondeu o perturbado.
A emissária do adiantamento espiritual, profundamente comovida, agradecendo às leis divinas pelo reencontro, abraçou afectuosamente o desventurado, segurou carinhosamente entre as mãos a face do amigo perdido, beijou-lhe ternamente o rosto abatido e cadavérico; e, contendo-se para que a emoção não impedisse o esclarecimento, falou-lhe, de maneira maternal, nestes moldes:
— Juliano, que bom te encontrar! Há muito tenho pedido a Deus me conceda socorreste. Desde que te perdeste no mundo, corrompendo as faculdades espirituais, minha alma sofre.
— Não tenha piedade de mim, disse o desafortunado em lágrimas.
— Como não nos apiedarmos dos que amamos? Quanto te advertimos, lembras? Mas estavas completamente fanatizado e não escutaste a nossa voz.
Esquece o passado, meu querido, o Pai nos permite recuperarmos o tempo perdido, ouve a voz da própria consciência, despertando-te para o porvir. Foi a amizade, o amor que nos une que vibrou em ti. Ainda me lembro de exercitaste nos primeiros anos de ensaios psicográficos. Recorda como nos emocionamos? Tinha de ditar mensagens singelas, esperando teu amadurecimento doutrinário. Antes de te conceder tarefas maiores, foi preciso observaste as realizações sinceras, o estudo do Espiritismo, avaliando-te os propósitos desinteressados, o desejo do bem, para que pudéssemos investir em ti, guardando segurança de que não te desviarias do caminho da humildade e da discrição; mas te perdeste sorvendo o cálice amargo da vaidade, vangloriando-te do verbo fácil, inspirado por nós, que te permitia emocionar assembleias; te envolveste com cultos estranhos, “magias”, entidades inferiores que te enganaram oferecendo falsas riquezas e glórias no mundo material, o que não aconteceu! E, surpreendido pela morte, o que encontraste aqui, do outro lado, foi um cenário bem diferente!
Desejando ajudá-lo, a “mediunidade” accionou, com raios mentais, o perispírito do necessitado, promovendo-lhe uma visão panorâmica dos principais acontecimentos da sua vida.
— O que está acontecendo? Perguntou o ex-médium.
— Estamos rememorando o teu passado para que verifiques que a justiça divina não foi ingrata contigo.
E o necessitado viu, em sua tela mental, cenas que revelavam comércio, abuso e desrespeito para com as capacidades espirituais.
Ave sem Ninho
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