LUZ ESPÍRITA
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Bastidores da Mediunidade - Nora/Emanuel Cristiano

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:25 am

Bastidores da Mediunidade
Emanuel Cristiano

de Nora


Sumário
Apresentação

Prefácio - Intérpretes da verdade
Bastidor I - Compromisso mediúnico
bastidor II - Mãos vazias
Bastidor III - Após a reunião mediúnica
Bastidores IV - No desenvolvimento mediúnico
Bastidor V - Diálogo amigo
Bastidor VI - Mediunidade e vaidade
Bastidor VII - Tentativa de fascinação
Bastidor VIII - Despreparo ante a mediunidade
Bastidor IX - Salvo pelo elemento de sustentação
Bastidor X - Médiuns caídos
Bastidor XI - A desencarnação de Elias
Bastidor XII - Extraterrestre na Mediunidade
Bastidor XIII - A mediunidade a serviço do malfeito
Bastidor XIV - Caravana do progresso
Bastidor XV - A visita de Bezerra
Bastidor XVI - Mediunidade desviada
Bastidor XVII - Mediunato
Bastidor XVIII - Mediunidade suspensa
Epílogo - Aconselhando o médium1


Apresentação
Este livro contém uma colecção de crónicas recebidas pela mediunidade de Emanuel Cristiano, em reuniões mediúnicas ocorridas no Centro Espírita “Allan Kardec”, em sua sede, e no seu núcleo “Alvorada de Cristo”, no período de 25/7/1997 até 21/11/1999.
Não obstante a simplicidade com que se expressa Nora, a autora espiritual, suas colocações e objectividade na abordagem das questões referentes ao trabalho do médium e de outros colaboradores do intercâmbio com o Além revelam respeitável experiência no campo da prática mediúnica, granjeando nosso interesse, respeito e atenção.
Todas as sua páginas recordam e ressaltam a importância das directrizes espíritas para se alcançar segurança e bom êxito nos labores mediúnicos, que ensejam socorro, aprendizado e confraternização entre encarnados e desencarnados, rumo ao progresso intelecto-moral da humanidade.
Convidamos você, caro leitor, a conhecer, ou a recapitular, em cada linha da autora espiritual, as informações esclarecedoras da Doutrina Espírita acerca das comunicações entre a Terra e o Céu, entre o mundo dos homens e o plano dos espíritos, desejando-lhe agradável e proveitosa leitura.

Therezinha Oliveira
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:25 am

Prefácio
Intérpretes da verdade
Faculdade humana e natural, a mediunidade está na Terra desde os primeiros processos da manifestação do homem no planeta.
Se os grandes acontecimentos históricos, sociais e políticos tiveram os seus mártires, a mediunidade, como mecanismo de evolução, não recuou diante dos suplícios que a ignorância e a fantasia humanas, aliadas ao poder tirânico, lhe impuseram ao longo dos séculos. Homens e mulheres foram supliciados até a morte, por serem a prova viva da verdade espiritual.
Muitos dos primitivos cristãos, médiuns de acurados recursos, tiveram o peito traspassado por flechas incandescentes, outros foram cozidos vivos em azeite fervendo, inúmeros destroçados por feras impiedosas, sob os gritos e aplausos da turba romana, patrocinada pelos imperadores despóticos. O Cristianismo, porém, vencia, construindo suas eclésias sob as manifestações espirituais; os mensageiros do Senhor, representando a verdade, não se calaram e os profetas se multiplicavam a cada dia. A história da Igreja é cravada de fenómenos mediúnicos e muitos dos seus eleitos foram médiuns na Terra. De Santo Agostinho a Joana D’Arc, ambos, entidades que cooperaram com a Codificação, a humanidade conheceu o poder dos Espíritos conclamando os homens para as grandes transformações. Se o bispo de Hipona é o símbolo da vitória sobre si mesmo, a partir de uma experiência mediúnica, a virgem de Orléans representa o martírio e o heroísmo da mediunidade em favor dos homens e da verdade.
Após o período das trevas, depois da reforma protestante e das mudanças processadas pelas revoluções científica e francesa, nos séculos XVI, XVII e XVIII, o mundo receberia um novo pentecostes.
No final da primeira metade do século XIX, os fenómenos de Hydesville chamaram a atenção da comunidade científica e as mesas dançaram na América e na Europa. O próprio fenómeno se apresentou anunciando: “somos os homens que faleceram segundo o corpo e ressurgidos em espírito tocamos as trombetas da imortalidade da alma”.
Os “mortos” saíram das “sepulturas” e falaram directamente à razão humana, agindo sobre os elementos materiais, impondo um novo enigma aos sábios.
Nesse mesmo século, instalou-se o império da matéria, tudo era ciência, Deus deixava de existir. No velho mundo, durante a fervura de novas ideias, na pátria que fez da razão uma deusa, diante das espessas nuvens do materialismo europeu, surge o sol fulgente da verdade, Allan Kardec!
O extraordinário Codificador do Espiritismo aplicou metodologia científica aos fenómenos chamados, à época, de insólitos, empregou toda a sua genialidade e cultura milenares a serviço da organização dos ensinos dos Imortais, lançando, em livros, a filosofia, a ciência e a religião espíritas. A mediunidade deixava de ser considerada mística e sobrenatural para ser elevada ao grau de faculdade humana.
Hoje, iluminados pela Terceira Revelação, podemos compreender que a capacidade mediúnica é coisa santa e deve ser santamente praticada; é sublime missão, traduzida no labor sério, discreto e, na maioria das vezes, anónimo, dos médiuns em benefício da humanidade.
Com efeito, os medianeiros não são arautos reencarnados. Em sua maioria, estão em necessárias provas e rígidas expiações para a sua própria melhoria. Vencendo-se é que se colocarão no caminho da santidade, estendido, sempre, a todas as criaturas.
Contudo, mesmo sob as bênçãos do Consolador, com o amparo da Codificação Espírita, muitos companheiros da mediunidade têm desperdiçado as suas vivências no corpo denso, desviando-se do caminho recto, indicado pelas obras da Codificação laureadas pelo Cristianismo. Inúmeros rejeitam a simplicidade, consorciando-se com o orgulho, almejando a notoriedade, a fama, a vaidade pessoal, tropeçando nos próprios escândalos, engendrando dias difíceis e horas de severas amarguras, nesta ou em existências futuras.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:25 am

***
Eis que surgem os Espíritos do Senhor, representando a misericórdia divina, no ocaso dos equívocos humanos, nos céus tenebrosos dos que se embriagaram com a vaidade. Quais estrelas diamantinas, iluminam a noite fria dos que se perderam, ou aconselham os que permanecem em boa marcha, apontando com lucidez para o Cristo.
Com o objectivo de recordar os preceitos espíritas e de cooperar na instrução dos que trabalham com a mediunidade, o Espírito de Nora trouxe, uma vez mais, parte da sua respeitável experiência no trato com a fenomenologia espírita, no tocante à responsabilidade e às consequências morais na aplicação da ferramenta mediúnica.
Estes não são contos criados na imaginação dos que habitamos o mundo espiritual, eles retratam dramas verdadeiros; seus personagens foram construídos para melhor ilustrar os bastidores da mediunidade, incentivando a ética espírita-cristã nos fenómenos medianímicos.
Não te impomos princípios novos, muito menos historietas para o deleite do intelecto, reapresentamos o alerta fraterno e as directrizes doutrinárias que nos fazem rememorar, em cada apólogo, a necessidade do estudo e da transformação moral na tarefa com a mediunidade.
Recebe, caro leitor, este trabalho, como a contribuição de Nora aos que têm a grata satisfação de cooperarem com o Senhor, ao mesmo tempo em que se aprimoram sob o sol dos testemunhos.
Amigo medianeiro, sejam O Livro dos Médiuns e as demais obras básicas o teu fanal, o teu guia, a fim de que possas santificar, por meio do trabalho cristão, a ferramenta sublime que Deus te confiou.
Aos profetas modernos, coragem e bom ânimo! Possamos todos, os que trabalhamos com as faculdades psíquicas, sorver, em cada narrativa aqui apresentada, a orientação e a valorização das obras de Allan Kardec, que nos conclamam para sermos, na Terra, nos moldes de Jesus, os intérpretes da verdade.

Campinas, 30 de julho de 2003
Wilson Ferreira de Mello [Espírito]
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:26 am

Bastidor I - Compromisso mediúnico
O benfeitor espiritual ocupou a singela tribuna e sua voz, doce e mansa, se preparava para ecoar entre o grupo que aguardava a reencarnação.
De olhos vivos e sentimento sincero, desejou paz a todos, dizendo:
— A lei sempre vem ao nosso encontro e o amor divino nos concede a dádiva do progresso, conquistado pelo nosso próprio esforço.
Todos somos carentes da misericórdia divina, pois que trazemos inúmeros débitos do passado, e a reencarnação é oportunidade valorosa de crescimento.
Contudo, a justiça do Pai concede aos seres humanos a mediunidade como um dos mecanismos para atingirem a evolução espiritual.
Em breve, todos vocês estarão de volta à Terra, levando na “bagagem” a programação de serem intermediários do mundo espiritual e material.
Poderão consolar muitos corações, reerguer Espíritos doentes, aprender com os necessitados, socorrer os obsidiados, praticar a caridade e, com isso, dar os primeiros passos para a reabilitação ante a Lei.
O Cristo é o nosso grande mentor e os acompanhará, desde que permaneçam com o propósito nobre de recuperar o tempo perdido e servir aos irmãos em humanidade, colaborando, assim, na obra da Criação.
A mediunidade é coisa santa e deve ser praticada com os sentimentos mais puros e nobres que guardamos no templo do coração.
No trabalho mediúnico, para os que atuam com verdade e bondade, nunca faltará protecção espiritual.
Jamais se esqueçam de que o Espiritismo é luz que abriu caminhos para as manifestações espirituais disciplinadas e produtivas.
Allan Kardec, o mensageiro da Terceira Revelação, se deteve cuidadosa, paciente e metodicamente na pesquisa, estudo e análise da fenomenologia mediúnica, para que os médiuns atuem com segurança e conhecimento da causa.
Juntamente com a disposição mediúnica, não se esqueçam de zelar, sempre, pelo estudo constante da Doutrina dos Espíritos, sendo fiéis às bases doutrinárias, repelindo todos e quaisquer modismos, que são aniquilados com os primeiros raios da razão.
Dediquem-se à prática do bem e ao amor ao próximo, com Jesus e Kardec.
Avante, companheiros! O momento é de preparo para o trabalho. O Senhor lança bênçãos sobre todos que buscam o bem.
Ante as dificuldades, jamais desanimem, pois, ser intermediário dos Espíritos é carregar consigo valorosa ferramenta que se coloca em trabalho cristão.
Não esperem do mundo compreensão e gratidão, não esperem as glórias, evitem os elogios, afastem-se da vaidade, cultivem a humildade, suportando com resignação as chagas do preconceito e da incompreensão.
Espelhados no Mestre, aceitemos o compromisso, testemunhemos o amor, renunciemos a nós mesmos, peguemos a nossa cruz e sigamos o Cristo.
Essas palavras tocaram o nosso coração, convocando-nos à tarefa com sincera emoção.
O expositor do progresso, como que desconhecendo a própria superioridade, desceu da tribuna e se confraternizou connosco, respondendo a pequenas dúvidas sobre a mediunidade.
— Reencarnados, como saberemos o momento de colocar em prática as nossas potencialidades espirituais?
— Espíritos amigos, comprometidos com o desejo de servir, os acompanharão e, no momento oportuno, os convidarão ao trabalho; o próprio desabrochar das faculdades lhes dará o sinal.
— Como poderemos distinguir, na reunião mediúnica, o que provém do nosso próprio pensamento do que procede dos Espíritos comunicantes?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:26 am

— O medianeiro tem os livros da Codificação como ponto de referência, além do bom senso e da sinceridade.
O médium precisa se autoconhecer, saber dos seus pensamentos usuais, do seu corpo físico, para analisar com segurança as ondas mentais e as sensações que dele se aproximam, no momento de intermediar os Espíritos. Se é invadido por pensamentos e sentimentos que não lhe são habituais, é provável que aquele envolvimento proceda de uma outra individualidade. O médium pode usar, também, a análise fluídica e a oração, solicitando aos amigos espirituais o ajudem na distinção, para intermediar o melhor possível.
É certo que o médium vai tendo maior facilidade de intercambiar, à medida que se exercita com paciência e perseverança. Treinar e educar as faculdades mediúnicas não é coisa que se faça do dia para a noite, demanda assiduidade e determinação.
O animismo (manifestação da própria alma), no momento do transe mediúnico, poderá ser evitado se o médium for estudioso, sincero e dócil para analisar e acatar as orientações dos respeitáveis dirigentes de reuniões mediúnicas, sobre o teor das comunicações.
— Fala-nos, amigo, disse alguém mais afoito, como poderemos nos ver livres da tentação de comercializar a nossa mediunidade?
— “De graça recebestes, de graça dai”, é a recomendação de Jesus. Os bons Espíritos só se aproximam e só se coadunam com o amor, a verdade e a sinceridade.
— Orienta-nos sobre o melindre na mediunidade, pediu outro, ansioso.
A entidade iluminada nos endereçou um olhar reflexivo e esclareceu:
— A criatura humana precisa carregar consigo o dever de sublimar os sentimentos inferiores. O melindre, filho do orgulho, na tarefa mediúnica, como em qualquer outra realização, precisa ser evitado.
Não devemos ter a pretensão de sermos grandes criaturas, de produzirmos grandes fenómenos, precisamos nos esforçar para sermos “o menor e o servidor de todos”. Fazendo assim, estaremos livres do melindre.
Aproveitando os minutos, uma voz preocupada lembrou:
— Que acontecerá se, no planeta, envolvidos com os problemas e deveres do mundo, recusarmos a tarefa mediúnica?
— O Pai, disse o benfeitor, respeita o nosso livre-arbítrio. Desta forma, o médium poderá recusar o trabalho no campo mediúnico, mas não se livrará da sensibilidade mediúnica.
Deixando de adquirir confiança em Deus e sem o conhecimento dos mecanismos da mediunidade, que são adquiridos com o estudo do Espiritismo, poderá ser vítima fácil dos Espíritos desequilibrados, sofredores e até perversos, uma vez que é a sua própria constituição física que permite a expansão perispiritual, ocasionando uma sensibilidade natural.
O médium consciente aceita a tarefa com amor e dedicação.
Aquele que recusar o trabalho mediúnico perderá a oportunidade de progresso e terá natural dificuldade de desbravar a selva das próprias imperfeições, sem usar o mecanismo concedido por Deus.
E, ao final da jornada física, na pátria espiritual, no balanço da própria consciência, diante da realidade, - certamente lamentará ter deixado a enxada enferrujar e o campo sem cultivo. As mãos vazias lhe identificarão a condição de Espírito falido na caminhada, tendo que se programar para, mais uma vez, recomeçar.

***
E, porque o tempo não permitia mais esclarecimentos, o mentor amigo os estimulou à perseverança, desejando que fossem vitoriosos no compromisso mediúnico.
Após rogativa singela e comovente, que os envolveu em intensa luz, abraçou um a um, assegurando que estariam unidos às forças superiores, com a prática do bem e o poder da prece.
Assegurando que os médiuns estariam unidos às forças superiores, com a prática do bem e o poder da prece.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:26 am

Bastidor II - Mãos vazias
Foi no trabalho de assistência aos Espíritos necessitados que encontramos Maria, e deste encontro colhemos preciosa lição, que relatamos a seguir.
— Trago-as vazias, lamentava Maria, de mãos postas e olhos amargurados.
Antes de mergulhar na carne, a Providência Divina me designou a mediunidade para reparar os erros do pretérito e caminhar mais depressa.
Renasci e, já na infância, via os benfeitores espirituais que me acompanhavam.
Na adolescência, os adversários do passado me perseguiam e fui conduzida a um Centro Espírita.
A obsessão se converteu no sinal para a tarefa com a mediunidade.
Após longa entrevista e encaminhamento aos estudos espíritas, reflecti sobre o Espiritismo e cursei as aulas básicas, afastando-me dos adversários.
Quando, porém, o esclarecimento me conduziu à mediunidade e esta me pediu certa renúncia, rompi os laços com a Doutrina Espírita.
Não seria capaz de doar pequenas horas de minha preciosa juventude.
O estudo doutrinário me era enfadonho.
Os Espíritos necessitados me repugnavam.
E depois, na flor da idade, como trocaria as alegres e badaladas noitadas, pela seriedade das reuniões de intercâmbio?
Como justificaria a ausência aos namorados?
A vida era muito curta para ser assim desperdiçada.
De nada valeu o carinho do grupo mediúnico, os esforços dos Espíritos amigos, os argumentos de que poderia renunciar somente aos excessos; tudo me era cansativo.
Entregue aos meus pensamentos transviados, minhas atitudes demonstravam grande desequilíbrio, chamando a atenção dos adversários espirituais que, aproveitando minha fraqueza mental, conduziram-me ao manicómio.
As paixões, aliadas à minha imprudência, promoveram o desencarne, lançando-me em noite de sombras, arrependimento e dores morais.
E agora, veja a senhora, estou de volta com as mãos vazias... Que fiz da minha vida? De nada me adiantaram as noitadas alegres e festivas. Virei escrava dos vícios e nada do que eu fizer justificará a perda de toda uma existência... Terei de me esforçar muito para merecer novamente a mediunidade como ferramenta libertadora.
Mas a Terra me espera e, no regresso, será necessário prudência e trabalho íntimo.
Contudo, tenho ouvido os benfeitores e guardo bom ânimo no retorno, tendo consciência de que se, antes, para caminhar, a renúncia era pequena, agora será muito maior.
Se puder, solicitou a ex-médium, leve meu testemunho, para que seja útil aos irmãos na caminhada. Se meu relato servir para edificar alguém, já estarei dando os primeiros passos para minha recuperação espiritual.
Diante da mente transformada pelo sofrimento e o coração desejoso em progredir, só me restou, com olhos marejados, fazer prece verdadeira, seguida de um abraço afectuoso, com votos de vitória no porvir.
Diante da mente transformada pelo sofrimento e o coração desejoso em progredir, fazer prece verdadeira com votos de vitória no porvir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:27 am

Bastidor III - Após a reunião mediúnica
Enquanto o dirigente terminava a prece de encerramento, encaminhávamos alguns Espíritos-necessitados.
Finda a oração, acenderam-se as luzes e começaram os comentários.
Dona Júlia, entre animada e desrespeitosa, narrava a comunicação:
— Nossa! Mas que Espírito perturbador!... No passado cometeu tantos abusos, uma vida boémia, desregrada, sem qualquer sentido religioso, agora chora de arrependimento. Era só o que faltava! Fez o que quis, vem a nós e espera que façamos milagre. Cada um colhe o que plantou.
Dona Glória, aproveitando o ensejo, comentou:
— E eu, então! O Espírito estava apavorado, confuso, nem sabia do próprio desencarne, coitado. Esforcei-me para não rir. Queria que vocês tivessem visto a expressão assustada que ele mantinha.
Seu Heitor não ficou atrás, assegurando que o Espírito, por ele intermediado, era chucro, teimoso, e que se irritou com a dificuldade da entidade no entendimento das coisas espirituais.
Dona Ana, serena e respeitosa, mudando o rumo da conversa, acrescentou uma nota edificante:
— O Espírito encaminhado a mim era bastante difícil. Agora sei como padecem, no plano espiritual, os orgulhosos. Orei por ele e estou desejosa de que se deixe envolver pelas vibrações de amor que recebeu.
Do lado de cá, ficamos preocupados, porque alguns comentários foram desviados do objectivo superior de aprender, agitando alguns Espíritos que ainda estavam no ambiente.
Um deles, da classe dos obsessores, observava a reunião e voltou-se contra a nossa equipe:
— Estão vendo? O que adianta? São todos iguais. Ouvi tantas palavras de consolo: evite as paixões, a maledicência... E olhe, agora, onde o respeito e a fraternidade? Me sinto ofendido, concluiu o Espírito.
A orientadora espiritual do grupo, prudente e compreensiva, contra-argumentou:
— Meu irmão, você não está totalmente desprovido de razão, mas convém ponderar, pois os nossos amigos estão em exercício cristão , burilando o coração e lutando por se transformarem.
Se, por vezes, esquecem da discrição, é porque se empolgam com as experiências dos que partiram antes.
Mas do mal tiremos um bem: hoje, você pode compreender o quanto é desagradável quando não somos circunspectos ante as dificuldades alheias. Por que não nos acompanha na tarefa de esclarecê-los?
O obsessor, mais curioso que interessado, aceitou, e a tudo acompanhava com aguçada observação.
Naquela madrugada, o trabalho continuaria e nossa dirigente aproveitaria a presença do grupo, desprendidos do corpo pelo sono físico, para esclarecê-los fraternalmente.
Na presença das entidades iluminadas, os médiuns guardavam profundo respeito e ouviam, atenciosos, a pequena explanação da mentora:
— O exercício mediúnico precisa caminhar junto com o amor, no sagrado momento da reunião de intercâmbio.
Os comentários finais sobre as entidades atendidas visam à avaliação da produção mediúnica da reunião, averiguação do atendimento dado aos Espíritos e aos médiuns, esclarecimento das dúvidas e aprendizado espiritual.
Fora isso, devem as experiências ser guardadas no coração, evitando, quanto possível, dentro e fora da Casa Espírita, expor as chagas dos necessitados, em conversas improdutivas.
É preciso lembrar do código moral deixado por Jesus e aplicá-lo em todos os momentos.
Nem sempre é fácil domar as más tendências, mas é dever de todo cristão.
Mediunidade é compromisso que deve revelar a expressão do amor ao próximo.
Livrem-se das empolgações, relatando, das comunicações mediúnicas, somente o necessário para edificação geral.
Aproveitemos a oportunidade, disciplinando a língua e direccionando o pensamento para atitudes produtivas.
Após a prece, os médiuns foram conduzidos ao trabalho programado no plano espiritual.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:27 am

A mensageira ainda estava preocupada e reservadamente falava ao dirigente encarnado do agrupamento mediúnico:
— O senhor tem trabalhado consideravelmente e, por isso, desfruta da simpatia de muitos amigos do nosso plano.
Captamos o seu pedido de ajuda, e entendemos sua abstenção ao esclarecimento, temendo o melindre dos companheiros.
Todavia, não devemos faltar com as correcções necessárias. Vejamos o Cristo: Lembra, quando Pedro feriu a orelha de Malco, por ocasião da prisão de Jesus, e o Mestre o orientou, solicitando que guardasse a espada? Nesta noite, um Espírito se sentiu ferido com certos comentários, e o nosso trabalho sofreu alguma alteração, sendo necessário repararmos o deslize.
Aja com carinho, orientando de forma geral, se for o caso, mas pensando sempre no adiantamento dos membros da reunião.
Siga adiante, o trabalho deve continuar.
Conduza os comentários para finalidades úteis, estimulando os médiuns à prática da caridade, contendo os excessos e as narrativas desnecessárias, ajudando-os na auto-educação.
O Espírito obsessor ficou impressionado, e notou que o grupo tinha de fato valores espirituais, pois que não se melindraram e prometeram rectificar as atitudes.
Na semana seguinte, finda a reunião, alguns médiuns traziam sentimento diferente; e, sob forte acção magnética dos nossos orientadores espirituais, narraram apenas o indispensável para o aprendizado, o que nos proporcionou grande alegria.
O Espírito observador, que acompanhava os trâmites do esclarecimento, pôde desfrutar, durante toda a semana, da companhia dos bons Espíritos, ver a organização, o esforço dos amigos superiores em amparar os necessitados, o amor verdadeiro, a correcção dos médiuns e, com a consciência modificada, desejou estudar.
Do lado de cá, ficamos satisfeitos, pois um grupo foi orientado e um obsessor transformado.
Sendo chamada para outras actividades, nossa orientadora deu o caso por encerrado, tendo a certeza de que o trabalho no bem, a conversa esclarecedora e sincera, é sempre alavanca de progresso.
A certeza de que o, trabalho no bem, a conversa esclarecedora e sincera é sempre alavanca de progresso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 10:27 am

Bastidores IV - No desenvolvimento mediúnico
Mantínhamos intensas actividades espíritas, quando valoroso companheiro de equipa nos trouxe a ordem de serviço, solicitando nosso concurso na reunião de desenvolvimento da mediunidade, e para lá nos dirigimos.
Na sala, o expositor dissertava sobre importante tema de O Livro dos Médiuns.
Finalizada a parte teórica, os estudantes preparavam-se para o exercício de intercâmbio. Do nosso lado, porém, os preparativos haviam sido iniciados com horas de antecedência.
Os “técnicos” espirituais guardavam seriedade e respeito absolutos.
Feita a prece, iniciaram-se os exercícios.
Cabia-nos averiguar, entre os companheiros encarnados, quais dispunham de expansão perispiritual. Observávamos os pontos mais sensíveis no perispírito, estimulando fortemente, com recursos fluídicos, os centros de força, para que os plexos reagissem causando sensações físicas nos candidatos à mediunidade.
Contudo, percebemos em alguns sérias dificuldades.
No desejo de ajudar, aproximamo-nos de um dos iniciantes e perguntamos à entidade que o exercitava:
— Como está o andamento do desenvolvimento?
— Devagar, lamentou o “guia”. Se Jonas fizesse a parte que lhe cabe, poderíamos estar mais adiantados.
Constatamos que, embora disponha de recursos mediúnicas, não leva a tarefa do desenvolvimento com a necessária seriedade.
Veja nossas anotações: em seis meses de exercício semanal, Jonas faltou doze dias.
Não tem cultivado o hábito da prece, é relutante com a prática edificante do Evangelho no Lar e, por fim, não estuda a própria anatomia mediúnica.
Logo socorreremos os Espíritos necessitados e Jonas não nos tem atendido, com as condições mediúnicas básicas. Por ter faltado muito aos exercícios de educação da mediunidade, não consegue, por exemplo, se concentrar a ponto de perceber a nossa esfera. Fica preso às sensações físicas que somos obrigados a imprimir, sem perceber o ambiente espiritual. Pensa que, para o transe se processar, é preciso ficar “possuído” pelos Espíritos. Isso, infelizmente, aumenta nosso trabalho, toma tempo e demonstra desconhecimento do fenómeno mediúnico.
Observamos a problemática e, porque o servidor espiritual nos solicitasse orientação, esclarecemos:
— Estamos diante da típica dificuldade do medianeiro que espera tudo do plano espiritual.
Certamente que, sem o concurso dos Espíritos, não há manifestações mediúnicas. Mas, se o médium não levantar as antenas medianímicas, a sintonia fica prejudicada.
Teremos de agir no campo da intuição, fazendo com que ele perceba que algo precisa ser acertado.
A propósito, ele não tem aqui algum ente querido?
O guia rastreou a mente e acrescentou;
— Sem dúvida, dona Aurora, a avó materna, é quem tem se movimentado para que ele desperte para as coisas do espírito. Tem comparecido frequentemente, estimulando-o discretamente com vibrações amorosas.
— Pois bem, faremos com que se encontrem nesta madrugada. Peça que, na conversa, ela destaque a necessidade do estudo, da frequência e da seriedade na mediunidade; que lhe fale do compromisso, da oportunidade de crescimento espiritual e da alegria de ajudar.
Não esqueça de acompanhar o diálogo, aplicando-lhe recursos magnéticos para que as ideias principais sejam gravadas no cérebro físico a ponto de serem recordadas nitidamente.
Pela manhã, quando acordar, para ele será sonho agradável e comovente, para nós, vivência instrutiva.
O resto, a teoria espírita e a experiência do dirigente encarnado haverão de dar o toque final.
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****
Continuando nosso trabalho, encontramos outro que trazia o mundo mental em profunda perturbação.
— É Augusto, e está sob minha responsabilidade, disse um dos “técnicos”. Já foi encaminhado, pela equipe encarnada, à assistência espiritual. Não compreendendo a ligação estreita entre mediunidade e moral, tem se entregado a aventuras que muito têm prejudicado o desenvolvimento das faculdades espirituais. Sua conduta atrai Espíritos adversários que, conhecendo-lhe as potencialidades, fazem de tudo para perturbar. Envolvendo-o fora do Centro Espírita, esperam desanimá-lo colocando a mediunidade como factor desequilibrante.
Veja que Augusto traz o centro de força laríngeo bastante comprometido. Os adversários identificaram-lhe a possibilidade da psicofonia e, agora, para atrapalhar, o conduzem à maledicência. Note que as ondas mentais negativas, intuídas pelos Espíritos imperfeitos e desenvolvidas por Augusto, ao accionar o aparelho fonador, pelo ato da vontade, verbalizando os pensamentos maldosos, desajustam energeticamente o centro de força.
Falar da vida alheia de forma cruel e sem nenhum fim útil tem lhe ocupado tanto a mente que não há “espaço” para os nossos bons pensamentos.
Se, através da renovação fluídica o auxiliamos, na semana seguinte ele tem nova recaída.
Embora esteja em péssimas companhias espirituais, não gostaríamos de privado, pelo menos por agora, do exercício mediúnico.
Colhidas as informações, verificamos que o caso era grave. Visando ao restabelecimento do médium, solicitamos ao tarefeiro:
— Ajude-o com o poder da prece. Vamos orar a fim de que os ensinos evangélicos o despertem para o esforço na renovação moral, devolvendo-lhe o raciocínio sadio.
Esteja atento, inspirando-lhe, sempre que possível, pensamentos de conduta recta para que os adversários do bem, não encontrando mais acesso, se afastem e consigamos direccioná-lo à prática mediúnica equilibrada.
Ele está tendo toda a assistência possível, dos dois planos da vida. Em último caso, teremos de afastá-lo do treinamento até que, em seu livre-arbítrio, decida assumir a tarefa ou se entregar às influências negativas.
Esses problemas do início do desenvolvimento mediúnico podem ser vencidos se houver boa orientação doutrinária, uma Instituição séria, dirigentes preparados e esclarecidos e, acima de tudo, a compreensão do médium.

****
O exercício já estava terminando quando notamos, satisfatoriamente, a grande maioria do grupo irradiando de forma luminosa. Com excepção destes casos mais graves, o restante prosseguia em boa marcha.
Prontificamo-nos ao acompanhamento dos casos “Jonas” e “Augusto”, rogando a Deus nos concedesse êxito no auxílio.
Fizemos outras anotações e apontamentos importantes e, rendendo graças ao Senhor, despedimo-nos em silêncio, guardando no peito a gratidão pela oportunidade de orientar e servir.

****
Rendendo graças ao Senhor, guardando no peito a gratidão pela oportunidade de orientar e servir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:09 pm

Bastidor V - Diálogo amigo
Já há algum tempo, observávamos que Salvador não produzia satisfatoriamente no campo mediúnico, sempre cabisbaixo, pensativo e desanimado no tocante ao intercâmbio espiritual. Diante dos outros médiuns, sentia-se humilhado, pois que, ao seu ver, não possuía faculdades tão primorosas. E, no desejo de orientá-lo para que voltasse às actividades medianímicas, aproveitamos o sagrado momento do repouso físico, que propicia a liberdade parcial da alma, para o diálogo amigo.
Salvador desprendia-se lentamente e, ao ver-nos, começou a desfiar um rosário de lamentações:
— Ah! Que bom encontrá-los. Não sei se quero continuar com essa história de intercâmbio espiritual.
Também, vejam a mediunidade que Deus me deu! Tão simples que não tenho conseguido grandes produções. Não vejo nem ouço nada espiritualmente. Como é que eu vou servir?
Observo os outros médiuns, com que facilidade entram em contacto com vocês, narram fenómenos e vivências impressionantes, de forma que não vejo a utilidade da minha mediunidade, pois fico apenas transmitindo comunicações de Espíritos desequilibrados e enfermos.
Onde as mensagens que comprovam a imortalidade da alma? Onde os livros pela psicografia?
Minha faculdade é apenas para socorrer os necessitados?
Não consigo sequer transmitir uma mensagem dos amigos espirituais. Parece que as minhas “antenas” mediúnicas estão quebradas e só consigo sintonizar os canais sofredores.
Vendo que as lamentações poderiam se prolongar indefinidamente, o amigo espiritual, responsável pelas tarefas mediúnicas de Salvador, interrompeu, dizendo:
— Um momento, meu amigo. Compreendemos que teu coração está devotado, que no fundo guardas um desejo sincero em servir, mas convém analisarmos detalhadamente a questão.
Se reservas na lembrança as produções de outros médiuns, recorda-te de que a quem muito foi dado muito será pedido.
Lembra-te de que cada um tem uma programação, conforme a necessidade de provas ou expiações, e no campo da mediunidade a faculdade deve ser ferramenta de recuperação espiritual.
Quanto às tuas potencialidades, de fato, nós as utilizamos no socorro dos Espíritos necessitados.
Repara que, por teu intermédio, podemos escrever livros vivos nos corações sofredores.
Propiciar luzes aos que padecem em trevas.
Os dialogadores, pelo teu canal de comunicação, traçam conversas edificantes.
Enquanto te dedicas a uma crise tola e egoísta, pensando somente nos fenómenos que desejas produzir, uma fila de Espíritos sofredores aguarda para ser atendida.
Vai, amigo, retorna tranquilo à tarefa mediúnica.
Tem a certeza de que o maior fenómeno que se possa produzir é ajudar os necessitados a se reequilibrarem.
Por teu intermédio, cegos, paralíticos, hansenianos (desencarnados) descobriram que a doença era apenas do corpo. E os casos de obsessão, lembras-te? Quantas almas curadas, reequilibradas, reeducadas. E achas que não estás produzindo na seara?
Cada Espírito atendido representa um brado de gratidão que devemos render ao Criador pela oportunidade de servir.
Não cultives o orgulho a ponto de desejar as faculdades alheias. Cada um tem o que é preciso para o próprio progresso.
Não te preocupes com o fato de não accionarmos tuas faculdades para transmitir mensagens; é que entendemos que o socorro amigo, as energias espirituais mobilizadas; já constituem uma verdadeira mensagem de amor em benefício dos semelhantes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:09 pm

Os que possuem a disposição de intermediar as orientações espirituais têm o dever de aplicá-las primeiramente e por isso terão de testemunhar mais.
Sente-te satisfeito com o que o Senhor te concedeu, valoriza o que tens para produzir o necessário.
Agradece a bênção do anonimato, porque a fama tem desvirtuado muitos corações despreparados, a empolgação orgulhosa tem gerado muito arrependimento.
Louva a Deus pela oportunidade, agradece à Casa Espírita que te ampara, estuda sempre O Espiritismo, faz o bem silenciosamente, exerce tua faculdade o mais discreto que puderes, exaltando em trabalho cristão a misericórdia do Pai.
Trabalha de tal forma que o teu coração se converta no sublime intérprete do amor divino em benefício da humanidade.
Trabalha de tal forma que o teu coração se converta no sublime intérprete do amor divino em benefício da humanidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:10 pm

Bastidor VI - Mediunidade e vaidade
Acertávamos os últimos detalhes do trabalho espiritual, quando Armelindo, um dos médiuns do grupo, adentrou a sala da reunião.
Nosso orientador se dirigiu ao protector do recém-chegado, tecendo interessante diálogo:
— Como está nosso amigo?
— Nenhum progresso tenho alcançado, relatou o protector. Já se passaram três anos e ele continua com planos fantásticos para a mediunidade. Contudo, não sabe que mal iniciamos o processo de aprimoramento de suas faculdades.
Tenho enfrentado alguns problemas:
No campo da Psicografia, por exemplo, basta que eu irradie um pensamento simples e ele já o transforma em um romance cansativo e sem conteúdo.
Já revestiu minhas ideias com palavras que deturpam toda a mensagem, moldando-a orgulhosamente ao seu gosto.
Nomeou-me inúmeras vezes; de Castro Alves a Allan Kardec, tenho “assumido” personalidades cujas produções não estão à altura dos referidos nomes.
Se faço pequeno poema evangélico, as composições humildes se perdem em imagens coloridas, fantasiosas e inapropriadas, criadas pela vaidade do nosso irmão que busca, a qualquer preço, uma grande produção mediúnica.
Ah! Se ele me conhecesse!
— E a psicofonia? Perguntou o mentor, impressionado.
— Toda vez que acciono o mecanismo mediúnico nessa área e pronuncio textos discretos, que visam simplesmente ao exercício da mediunidade, ou à orientação fraterna aos membros do grupo, ele os transforma em momentos de oratória, revestindo meu pensamento com eloquência desnecessária.
Enquanto zelo pela singeleza das palavras, ele deseja retórica.
Nosso companheiro, continuou o protector de Armelindo, deseja se destacar socialmente, fazendo da mediunidade trampolim para a ilusão da fama.
Só quer ficar recebendo mensagens de Espíritos superiores e expulsa, mentalmente, os Espíritos necessitados que precisam ser atendidos dentro da nossa programação.
Não quer a felicidade do servo que cultiva o campo com as ferramentas concedidas pelo Senhor.
Está sempre à espera de novas e primorosas faculdades e esquece de educar as que já possui.
Traz a vaidade no coração e desconhece as consequências morais destas atitudes.
Muitos Espíritos pseudo-sábios já o encontraram e desejam, por seu intermédio, imprimir inverdades, confusões e relatos repetitivos sobre o mundo espiritual, querendo, na realidade, confundir os iniciantes e polemizar as mentes despreparadas.
Temos envolvido os dirigentes encarnados, intuindo-os na devida orientação; mas Armelindo tem recusado conscientemente, guardando, no pensamento enganado, a certeza de que os companheiros são portadores de poderosa obsessão e querem abafar sua grandiosa missão.
As obras de Allan Kardec foram relegadas, as palestras doutrinárias desprezadas, de forma que todos os nossos esforços, para tentar ajudá-lo, se esgotaram.
O mentor amigo ouviu atenciosamente e finalizou:
— Teu protegido ficará entregue aos próprios pensamentos; aprenderá sobre responsabilidade mediúnica da forma mais penosa!
Não compreendeu que o exercício mediúnico deve ser despretensioso, e que as grandes missões exigem grandes renúncias e inúmeros testemunhos:
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:10 pm

Não entendeu que, para alcançarmos tarefas maiores, precisamos trabalhar pacientemente nas menores, estruturando-nos, consolidando no coração a fé inabalável e o desejo sincero de servir à causa cristã sem querer ser servido por ela.
Pensa que o mundo espiritual é um repositório de grandes escritores e oradores, desprezando os trabalhadores anónimos e os Espíritos carentes de ajuda.
A fenomenologia mediúnica exige respeito e compreensão dos factos.
O intérprete dos Espíritos que não luta contra as próprias imperfeições e não se afasta da vaidade é vítima fácil dos Espíritos fascinadores e, certamente, percorrerá o longo e doloroso corredor do fanatismo.
Acalma teu coração e serena tua mente.
Armelindo, doravante, até que atente para as verdades espirituais, estará entregue às próprias experiências.
Naquela mesma noite, o tutor espiritual do medianeiro fez prece fervorosa. Os olhos húmidos já vislumbravam a estrada de dor escolhida pelo tutelado. Envolveu-o mentalmente como que num abraço de despedida e esperanças, solicitando a Deus não tardasse o despertar.

****
Tempos depois, o médium se perdia em comunicações fantasiosas.
Os companheiros do Centro Espírita já lhe conheciam a personalidade vaidosa.
Afastou-se do grupo estruturado, sentindo-se traído; e, “abandonado”, entregou-se às seitas espiritualistas, formando pequena turba de seguidores fanáticos.

****
Os anos correram e certo dia, doente, triste e desolado, Armelindo voltou à velha e boa Casa Espírita.
Transfigurado, não foi reconhecido; pediu assistência espiritual.
Enquanto recebia o passe, lembrou-se dos tempos antigos, dos companheiros dedicados, da movimentação fraterna do Centro, tempos em que recebia o concurso dos bons Espíritos.
E quando sua alma, em lágrimas, atingiu o zénite dos sentimentos superiores, seu protector lhe apareceu:
— Sê bem-vindo, Armelindo!
As rugas demonstram longa vivência, os cabelos brancos te trouxeram seriedade e os sofrimentos amadureceram tua alma.
A tarefa foi interrompida, mas o trabalhador da última hora sabe aproveitar o tempo.
Desejas recuperar os anos e rectificar os passos?
— Com quais Condições? Perguntou o arrependido.
— Com as condições dá simplicidade, da renúncia e do testemunho.
Não me tenhas, filho, na condição de julgador, mas na mão amiga que nunca te abandonou; somos todos devedores espirituais e precisamos, nos ajudar, subindo degrau a degrau a longa escala evolutiva.
Serás matriculado novamente no trabalho de Jesus, desde que queiras percorrer a estrada pedregosa, fazendo um regime moral, esforçando-te por entrar pela porta estreita.
Fica tranquilo, filho meu. Retorna às actividades, apresenta-te aos companheiros da velha guarda, fala das tuas experiências dolorosas, assume o teu equívoco, reinicia a jornada esforçando-te, primeiramente, na reciclagem dos estudos doutrinários.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:10 pm

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Os anos passaram lentamente, e Armelindo sorvia os ensinos espíritas. A vaidade se foi com o sofrimento e o fanatismo se transformou em fé raciocinada.
De posse dessas novas armas, trabalhou anos a fio, apagou-se para o mundo, mas produziu luminosamente no campo do espírito, fazendo jus, com a ferramenta mediúnica agora adestrada e disciplinada, ao salário do bom e discreto médium espírita.

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Apagou-se para o mundo, mas produziu luminosamente no campo do espírito, fazendo jus ao salário do bom e discreto médium espírita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:11 pm

Bastidor VII - Tentativa de fascinação
A noite descia fria.
Nas entranhas da escuridão, movimentava-se um grupo de espíritos obsessores, imantados à Terra pela sensualidade.
Rompendo a “alegria”, uma voz forte e grave chamou a atenção:
— Camaradas! Camaradas!
Era o amargo perseguidor, que interrompeu a conversação, alertando os comparsas.
— Até que enfim os encontrei! A diversão acabou, trago ordens das regiões inferiores. É trabalho, e dos grandes!
— Qual é a nota? inquiriu o responsável.
— É uma missão de fascinação, respondeu o porta-voz, suscitando animação no grupo.
O Chefe, pensativo, solicitou:
— Deixe-me ver as anotações. De quem se trata? O adversário do bem puxou da ficha e relatou:
— A actuação é no campo da mediunidade. A médium é a Sra... Ana... Maria Torres. Casada, mãe de dois filhos, dedicadíssima ao lar, estudiosa do Espiritismo, faculdades medianímicas primorosas e educação admirável das potencialidades psíquicas.
— E quais as acusações? Perguntou o principal dos obsessores.
— Possui débitos de outras encarnações com os nossos encarregados e é acusada de ser instrumento enganador. Já perdemos experientes camaradas que, por meio dela, caíram nas teias do Cristo. Além disso, está nas reuniões de desobsessão há vinte anos. São duas décadas atrapalhando nosso trabalho. Parece uma rocha!
Traz no coração a piedade, na alma o desejo de servir. Leva este ideal com tal firmeza que todas as tentativas para derrubá-la, até o momento, foram fracassadas.
— Que mais diz à ficha?
— Na enfermidade, suportou pacientemente; na desarmonia do lar, foi a pacificadora; no desemprego, não desanimou; perturbamos os seus filhos e o marido, mas fomos afastados pelo Evangelho no Lar.
Como vêem, o caso não é simples. É preciso usar nossa última arma. Haveremos de derrubá-la, humilhando-a, fazendo com que caia em desgraça. Ditaremos mensagens ridículas, assinadas por grandes personalidades. Ficará fascinada com os nomes importantes. Usaremos de ilusão, fazendo com que sonhe em ser famosa escritora, oradora, médium de cura, de pintura... Os vinte anos de exercícios mediúnicos nem serão lembrados.
Ela se afastará de todos que tentarem orientá-la, caindo no abismo das próprias imperfeições.
No final, haverá de sentir-se sozinha, abandonada e, finalmente, enlouquecida.
Destruiremos mais uma porta de comunicação entre os dois planos. Não se atreverá a converter mais nenhum dos nossos colegas. O descrédito será total!
É um plano infalível, pois por mais santa que seja a criatura, sempre há uma ponta de orgulho e de vaidade que pode ser explorada. Dificilmente perceberá que será envolvida.
A fascinação tem essa excelente vantagem: a queda é lenta e trabalhosa, mas é eficiente.
A vitória já é nossa!
Nem os Espíritos superiores conseguirão livrá-la, não poderão interferir em seu livre-arbítrio.
Terminada a improvisada reunião, o coordenador da turba trazia um olhar melancólico. No fundo, estava cansado de trabalhar na escuridão, mas faltava-lhe coragem para mudar de lado.
Refeito do torpor que as reflexões lhe haviam causado, deu ordem de comando:
— Adiante, precisamos nos organizar. O tempo urge, e não queremos desapontar o tribunal que nos concedeu o título de vingadores. Vejamos as armas que possuímos.
E, do pequeno exército, começaram a bradar:
— Minha arma é o melindre! Disse uma voz irritante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:12 pm

— A minha, o desânimo! Gritou outra, em tom de combate.
O coordenador quis saber:
— E onde estão os fascinadores, já foram contratados?
— Estamos aqui! Gritaram em uníssono, entre gargalhadas e caretas.
— Veja, disse um deles, apresento-lhe o “Sr. Allan Kardec”, este é o “Léon Denis”, aquele é “Francisco de Assis”, o outro “João Evangelista”, o “apóstolo Paulo”...
— E eu, interrompeu o mandante, sou “o próprio Jesus”.
Traçadas as linhas gerais, perderam-se na obscuridade, tecendo os detalhes.
Enquanto isso, dona Ana, após prece de agradecimento, recolhia-se na intimidade do lar.
Desprendida do corpo pelo fenómeno do sono, exercia trabalhos edificantes no plano espiritual, quando foi abordada pelos orientadores:
— Ana, minha irmã, chamou o protector entre terno e afável. A hora dos testemunhos chegou.
Teus adversários do passado organizaram grupo de perseguidores, e estão prestes a te encontrar.
Consideram-se irritados com tua produção no campo do bem. Não entendem que e pelo teu próprio esforço que conquistas companhias espirituais superiores. Incomodam-se com os santos recursos mediúnicos que Deus te facultou para corrigires os passos. Não suportam a ideia de estares progredindo.
Como não te venceram em vezes anteriores, agora pretendem aumentar a carga de influenciação. Haverão de tentar-te no campo das emoções e dos sentimentos, embriagando-te vaidosamente o intelecto.
Prevemos dias difíceis para tua existência! Chegou a hora de demonstrares o idealismo e a fé no Cristo.
Estes são os escolhos no caminho da mediunidade a que se referiu Allan Kardec, mas, o médium dedicado, ciente da tarefa, saberá superar. Como qualquer actividade, a mediunidade não está livre das dificuldades e problemas.
Não guardes sentimento de auto-piedade, não te sintas vítima, sabes que teu passado culposo é que te colocará diante dos adversários.
Para ti, será oportunidade de reconciliação, de mostrares definitivamente, aos que te perseguem, que de fato mudaste.
Não queiras vencê-los, mas transformá-los. Nesta área, não será o muito falar que os convencerá, mas o muito viver os ensinos do Cristo.
Nossos irmãos infelizes estão muito distantes da realidade que cultivamos. No fundo, têm consciência de que, continuando nesta marcha, se complicam espiritualmente e não fugirão à Lei de Causa e Efeito.
Se corajosa, haveremos de sustentar-te. A providência divina permitirá esta perseguição, considerando que podes aproveitá-la, também, como prova para tua existência. Deus sabe fazer nascer flores nos charcos.
Estás madura na carne, tens conhecimento sólido do Espiritismo, és dedicada companheira, tens méritos espirituais e contas com a simpatia de vários amigos do nosso plano. Por isso, não temas segue adiante, ainda que te sintas sozinha na caminhada.
Se suportares resignada, vivendo o Cristianismo, o bem que fizeres neutralizará os efeitos da Lei de Acção e Reacção, recompondo-te ante as leis universais, imunizando-te, naturalmente, dos assédios das mentes perversas.
Ampara-te na prece e conta com a nossa retaguarda. Sabes que tens condições de vencer. Será a luta da vaidade contra a humildade.
Os adversários bradarão que a hora é das trevas, nós, porém, cantaremos o hino dos testemunhos, da reconciliação e da libertação!
Lembra-te da condição essencial de permaneceres com Jesus e Kardec.
Não guardarás nossa conversa na memória física, mas conservarás na alma a confiança nos desígnios superiores que, deste nosso diálogo, é o mais importante.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:15 pm

Semanas depois, os adversários espirituais a visitavam na Instituição Espírita, acreditando estarem burlando a protecção espiritual.
Contudo, eram monitorados pelo Mais Alto.
Minutos antes do transe mediúnico, que objectivava socorrer os necessitados, a mente da médium era invadida por pensamentos contrários:
— Ana, não estão dando valor à tua mediunidade. És muito superior, tuas faculdades são primorosas. Foste escolhida para intercambiar Allan Kardec! O pai do Espiritismo! Ele quer completar a Doutrina Espírita, serás a médium da quarta revelação!
A servidora, no campo das provas, foi torturada durante meses. Supostos personagens ilustres a visitavam, accionavam-lhe a Vidência, com propostas missionárias, quase a convencendo.
Foi neste período que os instrutores espirituais, sem que os obsessores pudessem vê-los, a intuíram.
A tarefeira tomou dos livros da Codificação e conseguiu se recompor, identificando, pela leitura, que os Espíritos superiores são discretos, humildes, não fazem propaganda de si mesmos, não elogiam, falam somente o que sabem, não costumam fazer profecias prescrevendo datas e acontecimentos nos mínimos detalhes, zelam pela simplicidade, seriedade, e não costumam dar tanto valor aos nomes.
Orou fervorosamente, reconheceu-se como criatura falível, que tem como verdadeira missão a reforma interior. Voltou-se para dentro de si mesma e identificou que, nesta existência, jamais poderia ser uma missionária, pois, conquanto dedicada, trazia na alma sentimentos a sublimar.
Nos meses seguintes, não cultivou os pensamentos que lhe chegavam, sorrateiros. Era estudiosa da Doutrina. Observou as características dos Espíritos superiores, preveniu-se reciclando os conhecimentos sobre a obsessão. Redobrou a vigilância, orou o quanto pôde, envolveu-se com trabalhos assistenciais. Solicitou ajuda aos companheiros de grupo, humilhou-se, reconhecendo-se necessitada de amparo espiritual. Apagou-se diante do mundo, trabalhou com mais discrição. Chorou sozinha muitas vezes, por se ver atormentada por pensamentos inferiores. Lutou intimamente e, sintonizando com esferas maiores, conseguiu sair da sintonia dos fascinadores.
Do outro lado, os obsessores reclamavam:
— O que houve?! Estávamos quase conseguindo... De que forças ela dispõe para mudar os pensamentos que embutimos em sua mente?
Impossível que a vaidade não lhe tenha sobre-excitado. Será esta mulher portadora de forças que desconhecemos?
— Não é isso, disse o chefe, que se sentia profundamente admirado. É que Ana, simplesmente, se esforça no Cristianismo.
Neste instante, espiritualmente a rua se iluminou, instrutor resplandecente se apresentou, cegando-os momentaneamente.
— Afasta-te, mensageiro da luz! ordenou um dos vingadores. Vieste ao lugar errado, este é o reino das sombras.
A voz do benfeitor ecoou firme:
— Paz a todos! O Cristo é o sol da esperança, mostrando-nos o caminho da salvação.
É necessário parar de errar na jornada. O coração de vocês clama, por misericórdia. Acordem do sono da ignorância que embebe a alma!
Vejam o firmamento! Nosso destino são as estrelas, o universo infinito nos aguarda, estamos destinados à perfeição.
Abandonem o pântano dos sentimentos inferiores! Jesus não nos solicita perfeição, convida-nos a abandonar as trevas cultivando a luz.
Quem nos autorizou a julgar os actos alheios? É preciso sermos juízes severos com nós mesmos.
Cresçamos juntos, amparando-nos mutuamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:18 pm

Esta é a estrada de Damasco. Chega de perseguições, convertam o coração!
Jesus nos convida a construirmos um caminho recto para o progresso!
Nesse momento, o sisudo dirigente das trevas prostrou-se ante tanta bondade.
Sentiu vibrar as entranhas do coração e, de olhos lúcidos, clamou:
— Emissário da paz, trago alma sofredora, a melancolia me envolveu. Acredito que, inconscientemente, esperava por este dia há séculos. Agora entendo a força que provinha daquela que perseguíamos. Nós é que estávamos enganados. Quantos erros, quanta dor, quanta revolta!... Tornamo-nos escravos da maldade, somos monstros de perversidade. Poderá o Criador nos perdoar?
— Não te preocupes com o passado, apaziguou o mentor. Através das reencarnações, haverás de recompor com o bem o mal que proporcionaste. Não tenhas no Criador a imagem de um Juiz vingativo. Jesus nos ensinou a chamá-lo de Pai. E é assim que Ele nos acolhe. Sê bem-vindo, irmão, hoje alcançaste a própria libertação!
Ante o facto inusitado, os comparsas obsessores fugiram espantadiços e o ex-mandante, envolto em luzes, abraçou de maneira filial o preposto do Cristo, libertando-se de anos de amarguras e sofrimentos.
A mediunidade com Jesus e Kardec não se deixa vencer pelas tentativas da fascinação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 17, 2024 8:19 pm

Bastidor VIII - Despreparo ante a mediunidade
Vinte horas.
O dirigente encarnado fez prece comovente, unindo-nos em vibrações sublimes.
Em seguida, solicitou fossem lidos os nomes dos assistidos para o trabalho de desobsessão.
O orientador espiritual do grupo ligou-se mentalmente ao companheiro responsável pelas vibrações e, à medida que os nomes e endereços eram pronunciados, o benfeitor os registava para o devido socorro.
Quando o último pedido foi feito, entidade discreta e simpática aproximou-se, esclarecendo:
— Sou Antonieta e este caso é referente ao meu filho Albertino.
Desculpa ocupante o tempo, mas meu coração solicita amparo. Albertino não dispõe de méritos espirituais, mas eu tenho alguns créditos e, se me for permitido, gostaria de utilizados em benefício dele.
Meu filho guarda profundo compromisso com a mediunidade, mas não quer exercitá-la com as orientações espíritas.
Desviou-se para o mediunismo, o folclore, os condicionamentos e a leviandade, esquecendo-se das orientações que lhe leguei.
Por conta disto, angariou falsos orientadores. Estes o estão seduzindo com ideias de riqueza, incentivando-o ao atendimento domiciliar, a fim de promover “trabalhos” para “abrir caminhos”, fazendo da mediunidade uma profissão.
Uma pessoa caridosa encaminhou o nome dele para esta reunião.
Se puderes, irmão, ouve minhas rogativas e, ainda que eu não disponha de méritos, pelo menos por misericórdia, ajude-me a evitar que o meu “menino” se perca na obsessão.
Cândido, o orientador, fortemente sensibilizado, prometeu atenção ao caso. O coração materno, um pouco mais aliviado, aguardou respeitosamente o desenvolver da reunião.

****
Vinte horas e cinquenta minutos.
Um dos companheiros fez prece respeitosa, encerrando, no plano físico, as actividades da desobsessão.
Cândido, porém, permanecia em intensas actividades. A mente lúcida e experiente organizava os tarefeiros, valorizando o tempo.

***
Três horas da madrugada.
O orientador dava as últimas instruções. Antonieta lançou um olhar interrogativo ao benfeitor que, sem demonstrar o menor desânimo, como que lendo o pensamento da mãe sofredora, colocou-se à disposição para o amparo.
Mobilizada a equipe de trabalhadores espirituais, dona Antonieta mostrou o caminho e, com os recursos que possuíamos, nos dirigimos à casa do assediado.

****
O rapaz aparentava 30 anos de idade. O corpo em repouso manifestava, de tempos em tempos, uma agitação. Era o reflexo das vivências espirituais negativas de que participava.
A casa mantinha amplo trânsito de Espíritos inferiores. Espiritualmente, o cenário era de dor.
Espíritos zombeteiros gargalhavam, outros gritavam, alguns se diziam magos, feiticeiros, profetas, guias, santos...
Os consulentes que, periodicamente, lhe pediam ajuda e pagavam pelas “orientações”, traziam consigo seus adversários espirituais, os quais, simpatizando com o ambiente do lar, disputavam o médium com outras mentes perversas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:25 am

Todos os adversários viam em Albertino o canal da desarmonia e das paixões. Facilmente poderia ser induzido à vida sensual, saciando a sede das mentes desequilibradas.
Cândido fez prece ardente, todos irradiamos com intensidade.
Os Espíritos inferiores, observando a mudança do ambiente e verificando a luminosidade que se fez, correram, atropelando-se, e um dos adversários, numa crise de cólera, advertiu:
— Venceram, por enquanto. Antonieta, gritou o obsessor cruel, sei que é obra tua, tens amigos iluminados, mas nós somos muitos. Teu filho já é nosso!... nosso!...
O filho de Antonieta saía, momentaneamente, da influência dos obsessores.
Albertino retornou abruptamente ao corpo e, sentado na cama, tentava organizar as ideias.
Antonieta aproximou-se, enlaçou-o em vibrações ternas e, ajudada pelo mentor, direccionou ao primogénito estas palavras:
— Que aconteceu contigo, filho meu? Onde guardaste os santos ensinamentos de nossa Doutrinai? Que fizeste com os livros da Codificação?
Não sabes que perdes tempo? As companhias espirituais que cultivas atrasam teu crescimento. Ajuda-nos a ajudar-te.
Vendo que a emoção a dominava, Cândido solicitou encerrar a visita.
Enquanto nos retirávamos, o mentor orientava a mãe sofredora:
— Acalma-te, Antonieta, confia no Criador. Não nos faltarão recursos para o auxílio. Mas, é preciso lembrar, Albertino está exercendo o livre-arbítrio.
Acredito já esteja no limite da ilusão. Nossa visita hoje foi providencial, certamente ele se sentiu tocado com tuas vibrações. O tutor espiritual do teu filho nos informou que, agora, com novo reforço, poderá aumentar a ajuda.
Unindo nossos recursos e sob as bênçãos de Deus, as chances de libertação serão maiores.
Certamente, ele engrossará as fileiras dos que vêm ao Espiritismo pela dor. É uma pena que assim seja, mas dos males o menor.
Muitos desconhecem a alegria de trabalhar na seara cristã.
Segundo nos informou o protector, teu filho será convidado por valorosa colega, na empresa que trabalha, a visitar um bom Centro Espírita.
Ali, passará pelo atendimento fraterno, assistência com a fluidoterapia e, finalmente, os cursos.de Doutrina Espírita.
Alegará estar perturbado pela mediunidade, mas sabemos que o verdadeiro responsável pelo desequilíbrio são as atitudes impróprias, e não a faculdade mediúnica, propriamente dita.
Os ensinos evangélicos o fortalecerão.
Está submisso aos Espíritos inferiores por despreparo, empolgação, falta de seriedade na mediunidade e por ausência de acção no bem.
Será convidado para colaborar nas obras assistenciais e, ao ocupar a mente com atitudes úteis, os obsessores se afastarão.
Aprenderá que a mediunidade é coisa santa, que a tarefa mediúnica é sempre muito delicada, demandando respeito, estudo e prática cristã. Que o local apropriado para o intercâmbio mediúnico é o Centro Espírita, por dispor de companheiros especializados, experientes na área, sendo preciso contar com o amparo do Mais Alto.
Os verdadeiros caminhos que o Espiritismo abre são os do conhecimento espiritual, ensejando a reforma íntima e o progresso.
Agora, só nos cabe orar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:25 am

****
No dia seguinte, o medianeiro desviado do bem acordou tranquilo, com a sensação de ter convivido com sua mãezinha. Isso lhe trouxe doces lembranças e agradáveis recordações dos primeiros anos de orientação espírita.
Contou a experiência para uma sua colega de serviço que, inspirada pelo protector do médium, acrescentou:
— Albertino, conheci sua mãe, me impressiona como você se desviou da estrada.
Acaso, não sabe que os amigos espirituais fazem o bem pelo desejo de servir? Desde que você começou a comercializar suas forças psíquicas, carrega na alma profunda angústia.
Já existem comentários aqui na empresa. Estão vendo em você a figura de um charlatão.
Nenhum dos seus “trabalhos” funciona. Os Espíritos amigos não são nossos empregados e não têm interesses materiais.
Assim, você está prestando um desfavor à mediunidade, desacreditando-a publicamente.
Vamos, meu amigo, volte aos círculos espíritas! Tenho certeza, sua mãe é quem está se esforçando. Sabe como é, coração de mãe “pulsa” até mesmo do lado de lá.
Chega de tormenta! Vamos, eu o acompanho, vou lhe fazer companhia. O que me diz?
O protector do médium entendeu que os segundos eram cruciais. Ligando-se a ele, emanou os melhores pensamentos. De nossa parte, reforçamos as vibrações emitindo nossas mais salutares influências, imprimindo novo ânimo, aguardando ansiosamente a resposta do medianeiro perturbado.
Instantes depois, enchemo-nos de alegria quando, em seu livre-arbítrio, Albertino decidiu:
— Está certo, chega de ilusão. O orgulho já me legou muita dor e arrependimento. Aceito sua companhia, hoje mesmo iremos ao Centro.
Antonieta, a mãezinha desencarnada, chorava discretamente.
Todos rendemos graças a Deus pela oportunidade de socorro, e só demos o caso por encerrado, quando os acompanhamos à respeitável Instituição Espírita, desejando perseverança aos recém-matriculados no Espiritismo.

****
Albertino fez os anos básicos de estudos, disciplinou a mediunidade, ocupou o pensamento e aprendeu, empiricamente, que ao explorarmos as faculdades espirituais, não estudando os mecanismos da mediunidade, não produzindo o bem, tornamo-nos vulneráveis ao assédio dos adversários espirituais, mostrando despreparo ante a mediunidade, promovendo, com isso, um escolho no caminho do próprio progresso.

***
Os verdadeiros caminhos que o Espiritismo abre são os do conhecimento espiritual, ensejando a reforma íntima e o progresso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:26 am

Bastidor IX - Salvo pelo elemento de sustentação
O relógio apontava o horário do início da reunião.
Enquanto se processava a leitura do texto evangélico, o responsável espiritual pela tarefa da noite alertava, preocupado, os companheiros espirituais:
— Não sei se darão conta do trabalho. Trouxemos, com muitas dificuldades, Agenor Silva, que está tresloucado. Não fossem nossos recursos magnéticos, estaria gritando e agredindo fluidicamente os participantes.
Repararam como os médiuns conversaram animadamente? Como não guardaram recolhimento espiritual? Temo que não obteremos êxito; no entanto, é preciso experimentá-los.
O grupo era bem reduzido, mas continha médiuns interessantes no campo da Vidência, da audição mediúnica e da psicofonia.
Feita a prece de início, não conseguíamos efectuar, o intercâmbio, haja vista a mente despreparada dos intermediários.
As vibrações que continham Silva foram propositadamente suspensas e este, ao ver-se em local desconhecido e identificando a possibilidade de ligação espiritual, fez-se sentir intensamente.
O vidente captou-o com as características dos obsessores que desejam amedrontar, e tamanho era o seu despreparo que ficou preso à imagem, sem oferecer recursos de ajuda.
O audiente apavorou-se com os urros frenéticos.
O psicofónico, sentindo os fluidos inferiores e percebendo-lhe o mundo íntimo, entregou-se ao medo improdutivo.
Silva encontrou vasto campo de actuação e domínio, contudo, quando nos preparávamos para interferir, almejando a harmonia do trabalho, notamos que dona Nair, que não era médium vidente, audiente nem psicofónica, consciente da importância da sustentação na reunião com vibrações amorosas, começou a irradiar poderosamente em benefício do agrupamento mediúnico.
Unimo-nos a ela, colocando nosso coração em prece e recrutando outros tarefeiros do nosso plano.
A psicosfera da sala mudava pouco a pouco.
Os socorristas espirituais estavam prontos a recolher Silva, agora numa crise aguda de cólera e loucura.
O dirigente encarnado, accionado intuitivamente por um dos nossos, solicitou aos companheiros do grupo elevação do pensamento.
Em segundos, o tresloucado, envolvido por pensamentos fraternos, sentiu o contraste das vibrações; fraco, cessou os gritos e, sob a voz firme e enérgica do orientador, entregou-se aos socorristas como um doente mental.
Tranquilizado o ambiente, o orientador, visivelmente frustrado, recordou rapidamente do processo de socorro a Agenor Silva: a visita às zonas inferiores, a dificuldade para libertá-lo dos obsessores, que o aproveitaram como mecanismo desequilibrante às suas vítimas, os longos meses de tentativas de aproximação sem sucesso e, finalmente, a alegria de ter conseguido trazê-lo, sem que tivesse plena consciência do que estava acontecendo, às portas da mediunidade.
Lembrou, intimamente, que aquele momento foi muito esperado, pois através do intercâmbio, o campo íntimo de Agenor poderia começar a modificar-se oferecendo condições para que percebesse os benfeitores ao seu lado. Cenas reflexivas sobre o seu passado culposo estavam programadas para serem projectadas, durante o diálogo, visando a despertar o necessitado para a vida maior, o dialogador seria fortemente envolvido para expor com clareza as orientações. Espíritos amorosos ligados a Agenor, por vínculos do passado, contavam com o “choque” mediúnico para se tornarem visíveis.
Toda uma equipe de tarefeiros esperançosos e com inúmeras ocupações foi mobilizada, mas não conseguiram atingir o objectivo desejado.
Agora só restava aguardar nova oportunidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:26 am

Ao final da reunião, os membros se queixavam da protecção espiritual que o Centro, ao qual prestavam serviço, não oferecia!
Reclamavam de não ter ocorrido uma interferência drástica para afastar o obsessor (e o objectivo era socorrê-lo!).
Do nosso plano, resolvemos calar, sabíamos que, posteriormente, reflectindo sobre os acontecimentos, identificariam a falha.
Os participantes da reunião mediúnica não devem trabalhar isoladamente e, neste caso, o grupo não funcionou como uma equipe, em que medianeiros, elementos de apoio, dialogadores e dirigentes devem se assemelhar a amorosa engrenagem, cujo mecanismo se dirige à sublime tarefa de amparar.
Concluímos, portanto, que, nesta noite, o trabalho foi salvo pelo abençoado, consciente e anónimo elemento de sustentação.

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O trabalho foi salvo pelo abençoado, consciente e anónimo elemento de sustentação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 18, 2024 11:26 am

Bastidor X - Médiuns caídos
O cenário era de dor. Em região escura e gelada do plano espiritual, debatia-se grande massa de Espíritos sofredores. As mentes perturbadas construíram, na matéria fluídica, uma atmosfera densa, difícil de suportar.
No ambiente de trevas, onde se ouviam prantos e ranger de dentes, surge uma entidade hostil trajando impecável terno preto.
Na mão direita, a Bíblia aberta no Velho Testamento. A mão esquerda trazia o indicador em posição de censura, enquanto ele proclamava, orgulhosamente, discurso acusador baseado na velha lei mosaica.
O delator chamava-se Gilberto. Carregava na bagagem espiritual a experiência astuta dos fariseus de outrora e, em sua última existência corporal, revestiu-se da intransigência de alguns pastores protestantes. Julgava-se “ministro” de Deus, cujo dever era punir os que desrespeitavam as leis.
O “pregador” fez pequena pausa, perpassou o olhar de desprezo pela multidão dos desditosos e retomou o discurso com voz severa e impiedosa:
— Não leram o que dizia a lei?
Por acaso desconhecem as orientações do grande legislador israelita?
Nunca foram advertidos de que Moisés proibiu a prática da mediunidade; invocar os mortos, ainda que familiares, conduzir os filhos e as filhas ao fogo?
Certamente que sim. Foram contra as sagradas escrituras e, agora, pagam o preço.
Eu, gritou o ex-fariseu, haverei de fazer justiça, honrarei os ensinos de Moisés, cumprirei o mandamento, fazendo com que permaneçam eternamente nas trevas.
Não há misericórdia para os que ferem o sagrado.
A turba agitava-se apavorada, o medo transfigurava o semblante dos infelizes.
— Das sibilas aos médiuns espíritas, continuou o acusador, todos serão condenados.
Verificando que o “pastor” já havia ido longe demais, nossa equipe se fez notar.
Respeitável instrutor espiritual, que há anos laborava naquela região socorrendo as almas desejosas de se recuperarem, apareceu no ambiente com todo o seu esplendor. Quase não o reconhecíamos. Transfigurou-se de tal forma que, para nós, era como se o Sol viesse nos ver. Instintivamente, os Espíritos sofredores cobriram o rosto, murmurando palavras de espanto e admiração.
O instrutor aproximou-se de Gilberto, que entrou em estado de choque, fitou-o profundamente e, com a capacidade dos Espíritos superiores, tocou, com raios mentais, o perispírito do censurador, promovendo-lhe a regressão de memória. O “defensor” da lei tentava fugir, quando forte magnetismo, partindo de nossa equipe, lhe tirou a lucidez.
Gilberto foi conduzido a uma reunião mediúnica, para que o processo da regressão e a prova da comunicabilidade dos Espíritos, aliados à argumentação inspirada dos dialogadores, pudessem lhe despertar a consciência endurecida.
António, o mentor resplandecente, tomou da palavra e, amorosamente, tranquilizou os necessitados, dizendo-lhes:
— Caros irmãos em Cristo, paz a todos. Não há condenação eterna.
O Senhor da vida, revelado por Jesus como Pai, irradia misericórdia, desejando que os seus filhos se voltem para a paz e o amor.
É certo que todos vocês são médiuns caídos.
Aqui encontramos intermediários que militaram em muitos segmentos religiosos, da crença grega aos profetas israelitas, dos cultos africanos aos médiuns espíritas.
Todos que aqui estão em sofrimentos morais são a personificação do abuso das faculdades espirituais.
As palavras verdadeiras de António produziram, em muitos deles, uma introspecção. Podíamos ver, plasmada sobre suas mentes, a recordação viva da exploração mediúnica.
Alguns mergulharam em lembranças íntimas de participação em rituais macabros.
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