LUZ ESPÍRITA
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ARTIGOS DIVERSOS IV

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Ano novo: o recomeço do começo

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 02, 2021 7:46 pm

por Juan Carlos Orozco

Mais um ano começará.
Começará para recomeçar.
Será uma nova oportunidade para recomeçar o que já foi começado.
Um recomeço para se fazer diferente.
Pelos inúmeros recomeços, retornamos e evoluímos moral e espiritualmente.
Passado, presente e futuro se conectam em recomeços na busca da felicidade bem-aventurada.
Nova oportunidade, nova chance, novos planos, novos motivos...
Para ser diferente, o combustível do recomeço deverá ser amar como Jesus amou.
Do começo ao recomeço, lembremos que Deus é amor.
Por amor, o Criador nos dá nova oportunidade de recomeçar no caminho da verdade e da vida na busca da perfeição.
A semente é a Palavra, com os ensinamentos e os exemplos do Mestre Jesus.
Contudo, para recomeçar e renovar, é preciso querer fazer diferente.
O “querer”, porque depende do livre-arbítrio; da vontade que rompe a inércia.
Pois que: “Querer é poder!
O poder da vontade é ilimitado.
O homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços” (Léon Denis. O problema do ser, do destino e da dor.)
Logo, o querer com consciência é perceber o sentimento que temos de viver, agir e pensar.
O fazer diferente é ter consciência de que o que fazíamos precisa ser mudado.
É viver conduzindo uma ação transformadora no caminho da verdade que liberta a alma.
Mas não esqueçamos da perseverança e da vigilância.
Perseverança, porquanto recomeço e renovação são longos processos de preparação, de amadurecimento, de florescimento e de produção dos bons frutos. Ademais, seremos julgados pelas obras ao final de cada recomeço.
Vigilância para não cair em tentação.
Para tanto, vigie os pensamentos como esclarece Léon Denis:
“A fiscalização dos pensamentos implica a fiscalização dos atos, porque, se uns são bons, os outros sê-lo-ão igualmente, e todo o nosso procedimento achar-se-á regulado por uma concatenação harmónica.
Todavia, se nossos atos são bons e nossos pensamentos maus, apenas haverá uma falsa aparência do bem e continuaremos a trazer em nós um foco malfazejo, cujas influências, mais cedo ou mais tarde, derramar-se-ão fatalmente sobre nossa vida”.
Nesse contexto, uma mensagem de Léon Denis para as nossas reflexões:
“Todo o poder da alma resume-se em três palavras: querer, saber, amar!
Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvolver a vontade e aprender a dirigi-la.
Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a que aspiram governar.
Acima de tudo, porém, é preciso amar, porque sem o amor, a vontade e a ciência, seriam incompletas e muitas vezes estéreis.
O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos.
Não se trata aqui do amor que contempla sem agir, mas do que se aplica a espalhar o bem e a verdade pelo mundo.
A vida terrestre é um conflito entre as forças do mal e as do bem.
O dever de toda alma viril é tomar parte no combate, trazer-lhe todos os seus impulsos, todos os seus meios de acção, lutar pelos outros, por todos aqueles que se agitam ainda na via escura”.

Um feliz ano novo, um feliz recomeço e uma feliz renovação!

Bibliografia:
DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 32ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Uma questão de Justiça

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 03, 2021 7:50 pm

por Lillian Rosendo

A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram.1

Podemos entender por justiça a qualidade ou caráter do que é justo e direito, e importa identificar a compreensão humana sobre esse caráter, se ele se molda aos seus interesses próprios, ou respeita as directrizes morais que as Leis divinas e humanas demonstram.
A justiça adotada há alguns milénios era o olho por olho e dente por dente, a Lei de Talião, ainda hoje arraigada no senso de justiça de muitas pessoas que ignoram, aqui em nosso País, o artigo 5° da constituição:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)”2.
Ainda assim o senso de justiça se confunde com a cruenta vingança, que age em julgamentos melindrosos e em actos de violência.
Lemos ou ouvimos notícias de que o povo fez justiça com as próprias mãos, que desconsidera os meios jurídicos oriundos do Estado, que clama, que urge imediatamente que a punição seja aplicada; o infrator tem que sofrer.
Precisa pagar pelo crime que cometeu.
O estuprador, o assassino ou o ladrão precisam aprender que suas acções são criminosas, como se ignorassem, e, então, quando as pessoas, em um sentimento de justiça mesclado com outras emoções como raiva, indignação, asco, frustração e vingança, descarregam toda a violência contra o criminoso, espancando-o, torturando-o, apedrejando-o como em épocas remotas, e algumas vezes até à morte, então esses “justiceiros” entram no rol deplorável das torpezas humanas.
Incontestavelmente somos regidos pela lei de causa e consequência: os actos criminosos de cada ser serão contabilizados no débito automático, pela lei humana, bem como pela Lei divina.
Ainda com as dificuldades que atravessamos atualmente, estamos melhores do que em séculos passados.
Conquistas como o estado democrático de direito, a dignidade da pessoa humana, a presunção da inocência, o fim de regimes imperiais absolutistas nos induzem a esperançar que vamos progredir muito nesse sentido, mesmo que não tomemos parte dos que fazem justiça com as próprias mãos, muito menos que secretamente em nossos pensamentos não nos sintamos satisfeitos quando vemos ou sabemos que um criminoso foi espancado ou mesmo assassinado, e ir, além, interceder em preces por eles.
No capítulo de preces em O Evangelho segundo o Espiritismo, aprendemos que os culpados têm mais necessidades do que aqueles mais virtuosos.
Se assim não o entender e cumprir, é faltar com a caridade e desconhecer a misericórdia de Deus.
Os instrutores arrematam:
“Pensar que são inúteis, porque um homem cometeu faltas muito graves, seria prejulgar a justiça do Altíssimo”.3
Deus não pune, apenas recebemos de nós mesmos o saldo de nossas dívidas, uma questão de justiça da própria consciência.
Os benfeitores da vida Maior nos esclarecem na codificação:
“O limite do direito que, com relação a si mesmo, reconhecer ao seu semelhante, em idênticas circunstâncias e reciprocamente”.4
Em se tratando de existências anteriores, bem como uma visão geral de progresso, se hoje não cometemos crimes graves, há de se considerar que em outra circunstância seja provável que tenhamos trilhado tal caminho.
E o que dizer se hoje um filho ou um irmão nosso cai na malha do erro e é condenado e torturado sem ter um julgamento e uma punição apropriada?
O sangue justifica, mas a verdade não, a verdade se une à misericórdia e para isso não existe parcialidade.
Os Espíritos superiores asseveram:
“Os direitos naturais são os mesmos para todos os homens, desde os de condição mais humilde até os de posição mais elevada.
Deus não fez uns de limo mais puro do que aquele de que se serviu para fazer os outros, e todos, aos seus olhos, são iguais.
Esses direitos são eternos”.5

Conquistar a paz íntima identificando como os pensamentos respondem aos acontecimentos à nossa volta é ensejar o encontro no qual a paz beije a justiça, como os salmistas cantaram.

Referências bibliográficas:
1 BIBLIA. Salmos, 85:10.
2 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
3 Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. Coletânea de preces espíritas. Por um criminoso. Cap. XXVIII. Item 69.
4 Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Da Lei de Justiça, de Amor e de Caridade; questão 878.
5 Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Da Lei de Justiça, de Amor e de Caridade, questão 878-ª.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Ainda sobre o bom espírita e o espiritão

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 04, 2021 8:16 pm

por Marcelo Teixeira

No artigo anterior – O bom espírita e o espiritão – falei sobre os espiritões, seres que pululam pelo movimento espírita.
Eles, em geral, se julgam modelos de espíritas a serem seguidos e vivem se comparando com os demais companheiros do movimento espírita.
Principalmente com aqueles que, na visão dos espiritões, não se encaixam no modelo por eles criado.
Para tanto, inventei um personagem chamado João, o espiritão.
Quando cheguei ao final, disse que, no artigo seguinte, contaria uma história muito boa envolvendo um espiritão.
Trata-se de um episódio que me foi narrado por um antigo trabalhador do movimento espírita aqui de Petrópolis (RJ), minha cidade natal.
Estávamos em meados da década de 80 do século passado.
Eu tinha pouco tempo de mocidade espírita e era todo empolgado, cheio de ideais (sou até hoje).
Num evento, esse trabalhador, já de idade avançada, me passou essa história que nunca mais saiu da minha memória e que, pela primeira vez, transcreverei.
Não sei onde o fato ocorreu e não faço ideia de quais seriam os protagonistas.
Aliás, não lembro sequer da fisionomia do homem que me fez a narrativa.
Era uma vez um centro espírita como outro qualquer.
Tarefas, trabalhadores, atividades e reuniões públicas doutrinárias semanais, nas quais comparecia toda sorte de público, incluindo um homem a quem chamarei de Arnaldo.
Bonachão, simpático e bem-apessoado, Arnaldo tinha uma particularidade: gostava de beber conhaque de vez em quando.
Por causa disso, volta e meia chegava ao centro com cara de quem havia tomado uns tragos.
Ele não chegava trocando as pernas, muito menos caindo pelas tabelas, tampouco bêbado como um gambá, como se diz por aí.
Chegava na boa, mas dava para notar que havia colocado uma ou duas (quem sabe três) doses da bebida para dentro.
Arnaldo não era trabalhador do centro espírita; somente um frequentador de reuniões públicas.
Gostava sempre de sentar na última fila do salão de palestras.
E toda vez que chegava exalando conhaque, dormia durante a preleção, o que provocava a indignação de alguns trabalhadores do centro.
Entre eles, aquele a quem me referirei como Sebastião, o outro espiritão.
Era comum o Sebastião e vários outros tarefeiros comentarem entre si, com censura e desdém:
– Mas que absurdo!
Onde já se viu um espírita chegar ao centro cheirando a conhaque e ainda por cima dormir na palestra, na cara de todo mundo!
Que mau exemplo!
Certo dia, Arnaldo não apareceu mais no centro.
Como era apenas um frequentador de palestras, demoraram algumas semanas para dar pela falta dele.
Até que chegou a notícia de que Arnaldo havia desencarnado devido a uma doença súbita.
O facto não causou muita comoção e em pouco tempo ninguém mais se lembrava daquele sujeito.
Principalmente Sebastião, que nunca vira com bons olhos aquele ser que às vezes chegava ao centro recendendo a álcool e dormia na cadeira no decorrer das palestras.
Seis anos depois, Sebastião, devido a uma moléstia que o acometera meses antes, também desencarnou.
E para sua felicidade, despertou numa aprazível e bucólica colónia espiritual.
Por ser espírita, entendeu perfeitamente o que lhe acontecera, recebeu a visita de amigos e parentes já desencarnados e se adaptou com facilidade ao local.
Em pouco tempo, lá estava Sebastião trabalhando alegremente na colónia que o acolhera com tanto carinho.
Tempos depois, o administrador do local reuniu os presentes para avisar que a colónia seria visitada por um Espírito de escol, habitante de esferas mais elevadas.
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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS IV

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 04, 2021 8:17 pm

Essa entidade faria uma palestra com ensinamentos que seriam bastante proveitosos para todos.
Sebastião se encheu de contentamento e expectativa, já que seria o primeiro contacto dele com um Espírito elevado.
No dia e horário aprazados, os habitantes da colônia se reuniram.
Foi feita uma sentida prece e, em segundos, adentrou o recinto a tão esperada presença.
Tratava-se de uma senhora de aspecto sereno e sorriso jovial.
Uma entidade veneranda, vamos assim dizer, que irradiava uma intensa luz que emocionou a todos.
Essa senhora, no entanto, não veio sozinha.
Trouxe consigo alguns de seus colaboradores mais diretos.
Entre eles, Arnaldo!
Sebastião não conseguiu esconder a estupefação ao ver Arnaldo integrando aquela equipe de trabalhadores espirituais elevados.
Como um reles biriteiro podia fazer parte daquela plêiade?
Não seria mais justo, Sebastião, trabalhador espírita com décadas de serviços prestados, estar junto àquela entidade no lugar de Arnaldo?
Quando terminou a preleção e a caravana liderada pela senhora partiu, Sebastião pediu para falar com o administrador da colônia e expôs suas inquietações, no que foi ouvido com atenção e carinho.
Falou que havia nascido em berço espírita, que fora presidente do centro por duas vezes, que exercera as funções de expositor, doutrinador de Espíritos, responsável pelo bazar, entre outras atribuições.
Por isso, não entendia como Arnaldo, que nunca havia tido tarefa no centro e ainda por cima aparecia alcoolizado de vez em quando, estava em situação mais favorável que a dele, que, inclusive, era abstêmio.
Nosso caríssimo espiritão, então, ouviu o seguinte do administrador:
- Entendo perfeitamente o seu assombro, Sebastião.
Tanto que já esperava que você me procurasse para conversar.
Ninguém nega quão significativa foi sua contribuição para o bom funcionamento do centro espírita do qual você fez parte.
No entanto, a balança da vida não leva em consideração somente o que fazemos de bom dentro das instituições religiosas às quais somos vinculados.
No quesito colectividade, Arnaldo saiu na frente, meu amigo.
Tudo o que ele ouvia nas palestras, praticava na vida de relação.
Ele sempre foi uma boa pessoa, apesar do hábito de tomar uns conhaques de vez em quando.
A partir do momento em que travou contacto com o Espiritismo, Arnaldo se aprimorou como filho, esposo, pai, colega de trabalho e cidadão.
Atendia a todos com um sorriso, amava a esposa com extrema dedicação, apoiava os filhos em todos os momentos bons e ruins.
Além disso, era um excelente colega de trabalho, e quando galgou postos mais elevados na empresa, soube ser um excelente chefe.
Implantou, inclusive, várias iniciativas que aumentaram a produtividade e também trouxeram inúmeros benefícios aos funcionários.
Na via pública, era também um exemplo.
Implantou a colecta selectiva de lixo no bairro em que morava, incentivando os vizinhos a manterem as ruas sempre limpas e o lixo embalado adequadamente.
Para você ter uma ideia, até casca de banana ele recolhia da calçada e jogava na lixeira mais próxima, com receio de que alguém escorregasse e se machucasse.
Arnaldo, contudo, não parou por aí.
Foram dele várias iniciativas que resultaram em actividades culturais e desportivas para os jovens do bairro onde morava.
Por tudo isso e muito mais, Arnaldo conquistou o lugar que hoje ocupa.
E convém ressaltar que ele jamais cogitou estar onde está.
Ele serviu pelo simples prazer de ser útil.
O facto de ele gostar de tomar umas doses de conhaque de vez em quando pesou muito pouco contra ele.
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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS IV

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 04, 2021 8:18 pm

Ante o silêncio revelador de Sebastião – que não conseguia esconder o assombro pelo revelado, o incómodo por ter desdenhado de Arnaldo por tantos anos e a vergonha diante de uma folha corrida tão magnífica –, o administrador perguntou:
– Você está insatisfeito na nossa colônia?
Algo te incomoda?
– Não! – rebateu Sebastião.
Eu estou muito feliz aqui!
As tarefas que exerço são óptimas!
Idem as pessoas que aqui encontrei.
O administrador, então, finalizou:
– Então, meu amigo!
Volte para os seus afazeres e deixe à Providência Divina a tarefa de dar “a cada um segundo suas obras”, conforme ensinado por Jesus, nosso modelo e guia.
Sebastião voltou bem mais leve e animado à lida depois do ocorrido.
A lição fora inesquecível!

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Diferenças e diferentes

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 05, 2021 7:55 pm

por Martha Triandafelides Capelotto

O objectivo deste texto é levantar, de maneira despretensiosa, algumas questões de ordem moral e espiritual que permitam melhorar os nossos relacionamentos, a partir de um processo reflexivo sobre elas.
Em O Livro dos Espíritos, na questão 804, temos um ensinamento que assim nos diz:
”Necessária é a variedade das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais”.
O que poderíamos extrair desse ensinamento?
Em primeiro lugar, que as diferenças sempre existiram, existem e existirão pela simples razão de termos sido criados em tempos diferentes e com aproveitamento das experiências de maneira desigual.
Mais uma vez aqui, se faz necessária a compreensão do princípio reencarnatório para que possamos admitir essas diferenças e, até mesmo, compreender a Justiça Divina.
Filosoficamente falando, as diferenças têm conotações de rara beleza e profundidade, como nos ensina Ermance Dufaux, no seu livro “Mereça Ser Feliz”.
No entanto, na maioria das vezes, acabam por gerar uma série de conflitos e adversidades.
Não só nas nossas relações familiares ou profissionais, mas também nos núcleos espiritualistas, sejam eles de que ordem forem, observa-se o desafio de se estabelecer uma relação harmoniosa e fraterna, quando nos deparamos com aqueles que não pensam e agem como nós.
Assim, não escapam desse comportamento nem aqueles que já estão no caminho da busca espiritual.
E agora, reportando-nos a esses, incluindo-nos, obviamente, é importante salientarmos que o respeito por todos aqueles que são diferentes, diríamos, distintos, únicos, é atitude da maior relevância para o nosso crescimento espiritual, pois a não aceitação dos outros pelas diferenças que se estabelecem, leva-nos a tratá-los com a indiferença.
Por sua vez, a indiferença gera algo mais grave que é a exclusão afetiva como solução para as dificuldades nos relacionamentos.
Inegavelmente, conviver é difícil, chega a ser mesmo um desafio.
Porém, como em todas as coisas, necessitamos “aprender a conviver” para que a indiferença gerada pelo descaso não acabe gerando em nós, ausência de solidariedade.
O terceiro milénio, no qual já adentramos, promete ser o milénio do homem interiorizado, lembrando que as grandes transformações, tanto no campo das ideias como também na própria estrutura do planeta, já se iniciaram e elevarão o nosso orbe à condição de mundo de regeneração, no qual só habitarão Espíritos que já tiverem desenvolvido os sentimentos de solidariedade e fraternidade.
Desse modo, não mais se justifica olharmos de maneira negativa as diferenças, mas, sim, buscarmos nelas condições de aprendizado construtivo, tanto para aprendermos como disponibilizarmos os nossos próprios talentos e aptidões.
Diferenças não são defeitos, tampouco os diferentes são nossos oponentes.
Quando abdicamos do afecto, caímos invariavelmente nas masmorras do desamor.
Assim, tenhamos atitudes positivas de combate ao nosso personalismo, que ainda é o grande obstáculo para o nosso crescimento espiritual.
Jesus, na Parábola do Semeador, ao se reportar aos vários terrenos em que foram distribuídas as sementes, deixa-nos um tratado sobre as diferenças e suas etapas.
Os solos da narrativa correspondem aos níveis evolutivos em que cada qual dará frutos conforme suas possibilidades.
Benditos sejam os diferentes com suas diferenças!

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Auto-desobsessão

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 06, 2021 7:47 pm

por Vladimir Polízio

Temos aqui uma lição interessante, onde somos colocados na condição de responsáveis por tudo o que nos acontece.
Pode, num primeiro momento, parecer estranho uma afirmativa dessa natureza, colocando-nos a responsabilidade quando cedemos às pressões externas sobre nossos pensamentos.
Com plena e total liberdade, a mente humana é um poderoso centro criativo.
Pelo pensamento é possível erguer e no mesmo instante fazer desmoronar o que estiver sendo idealizado.
Assim sendo, cuidados são necessários para que a mente, na velocidade de suas vibrações, não ceda às influências maléficas de outras mentes aqui encarnadas e nem das que se acham no outro lado da vida, procurando conquistar os que ainda vacilam ou perverter aqueles cujos pensamentos são tendenciosos e voltados aos conflitos de ordem moral...
Mas, somente será exatamente dessa maneira e sem qualquer controle, se você quiser, pois o titular de seus pensamentos é você mesmo, mais ninguém.
Enquanto quisermos, enquanto for de nossa vontade, ninguém, nenhuma mente encarnada ou desencarnada terá condições de invadir nossa privacidade mental e impor o seu domínio.
Somos levados a compreender que temos a necessidade imperiosa de manter uma disciplina mental rígida de maneira a não permitir que nossos pensamentos comecem a dar mostras da intenção de extravasar os seus limites de segurança dentro da conduta natural estabelecida a si próprio.
Quando a defesa espiritual estiver em nível baixo, a exemplo dos riscos referentes à fraca imunidade física, o acesso de agentes nocivos é franqueado naquela esfera, desencadeando processos que a medicina convencional não cura.
Porém, para que essa segurança seja constante durante a vida, deve-se manter a vigilância de maneira que as pressões de toda espécie não tenham efeito sobre nossa mente, especialmente nos momentos em que a fragilidade emocional se faça presente.
Não se esquecer nunca de um facto de fundamental importância:
se a mente é o cavalo, você é o cavaleiro e deve estar sempre atento a esses sinais de rebeldia mental, se esforçando até em não permitir que o alimento da desarmonia se instale, buscando o controle por meio de orações, a fim de afastar esse momento irracional.
Energias negativas trazem temporadas tristes e inseguras.
Enfim, ao sentir-se nessas condições, não espere, procure por um Centro Espírita onde lhe será esclarecido cientificamente o assunto e onde você encontrará o caminho da retomada do necessário equilíbrio.
Não é necessária a queda para que esta ensine a ser cauteloso.
André Luiz, respeitável instrutor do Além, enviou a Chico Xavier, através da psicografia, esta mensagem específica que trata de um assunto quotidiano e que leva muita gente ao estado de submissão.
'Auto-desobsessão':
"Se você já pode dominar a intemperança mental...
Se esquece os próprios constrangimentos, a fim de cultivar o prazer de servir...
Se sabe absorver o comentário infeliz, sem passá-lo adiante...
Se vence a indisposição contra o estudo e continua, tanto quanto possível, em contacto com a leitura construtiva...
Se esquece mágoas sinceramente, mantendo um espírito compreensivo e cordial, à frente dos ofensores...
Se você se aceita como é, com as dificuldades e conflitos que tem, trabalhando com tudo aquilo que não pode modificar...
Se persevera na execução dos seus propósitos enobrecedores, apesar de tudo que se faça ou fale contra você...
Se compreende que os outros têm o direito de experimentar o tipo de felicidade a que se inclinem, como nos acontece...
Se crê e pratica o princípio de que somente auxiliando o próximo é que seremos auxiliados...
Se é capaz de sofrer e lutar na seara do bem, sem trazer o coração amargoso e intolerante...
Então, você estará dando passos largos para libertar-se da sombra, entrando, em definitivo, no trabalho da auto-desobsessão."

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Motivos para sorrir

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 07, 2021 8:05 pm

por Waldenir A. Cuin

Quando plantares a alegria de viver nos corações que te cercam, em breve as flores e os frutos de tua sementeira te enriquecerão o caminho.
(Emmanuel, no livro “Fonte Viva”, capítulo 73, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

Conta-nos Chico Xavier, em um de seus depoimentos, que visitando, certa feita, uma penitenciária, deparou-se com um reeducando que lhe disse, mais ou menos assim:
“o coração é nosso, podemos sofrer, mas o rosto é do próximo, devemos sorrir”.
Sem dúvida, fantástico e profundo ensinamento.
Estando nosso coração na intimidade do corpo e sendo o órgão das emoções, nossos sofrimentos não são visíveis pelos olhares humanos, no entanto, as expressões faciais são plenamente identificáveis por qualquer criatura, daí, evidentemente, a preocupação em não deixar transparecer os sintomas da dor que por ventura carregamos.
Todos nós, indistintamente, temos problemas e somos portadores de enormes aflições, isso porque ainda somos Espíritos um tanto distanciados da perfeição, da sublimidade e da nobreza dos verdadeiros sentimentos.
Criados por Deus, na simplicidade e na ignorância, em realidade, caminhamos pouco em ascensão evolutiva.
Assim, é próprio de cada um ainda trilhar por veredas incertas ou seguir por caminhos duvidosos que, via de regra, nos apresentam grandes doses de sofrimentos.
Mesmo assim, não se tem notícias que a tristeza, o abatimento e a apatia tenham nos proporcionado qualquer tipo de benefício, antes, geram ainda mais insatisfações e desencadeiam quadros aflitivos e indesejados.
Portanto, seguindo os ensinamentos do Espírito Emmanuel, na abertura deste artigo, temos, se desejarmos, o roteiro seguro para que, com esforço, ao longo do tempo tenhamos a oportunidade de conhecer a alegria, isso, naturalmente promovendo a alegria nos corações alheios.
Basta então que olhemos ao redor para de imediato vislumbrar notáveis oportunidades de promover a felicidade no âmago daqueles que seguem connosco.
Aqui é uma palavra de incentivo ao irmão vacilante, estimulando-o na caminhada que enceta.
Ali é o abraço carinhoso e terno na criança abandonada que, mesmo contando com pais vivos, permanece na solidão, carente de um toque de amor e de um gesto de fraternidade.
Mais além é o prato de comida oferecido ao irmão caído no desespero, ou mesmo a gota de remédio que possa lenir a dor de um coração torturado pela enfermidade.
Em outro sector é a instituição socorrista erguida pelo amor de pessoas sensíveis e dedicadas a receber o idoso sem lar que, tiritando de frio, muitas vezes vaga pelas vielas da indiferença a colher os espinhos agudos da ingratidão.
À frente é o emprego oferecido ao chefe de família que, na expectativa, via o seu celeiro exaurindo; satisfeito novamente, após o calor humano da generosidade ter-lhe visitado o casebre arruinado.
É a palavra amiga, o colo confortador, a lição ministrada, a oportunidade oferecida, a gentileza expressada... o amor entre os homens.
Agindo assim, em nome de paz, em função da caridade, estaremos esparramando a alegria nos semblantes alheios, e a expressão do sorriso do irmão feliz irradiará vibração de profundo teor, e mesmo que estejamos com o coração ferido, nosso rosto refletirá o sorriso da alegria de servir, pois Jesus, o Amigo de sempre, nos informou:
O filho do homem não veio para ser servido mas para servir” ... e quem aprendeu a ciência do amor terá sempre motivos para sorrir.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Um imprescindível esclarecimento feito por Léon Denis e Paul Singer

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 08, 2021 7:31 pm

por André Ricardo de Souza

Após a desencarnação de Allan Kardec, em 1869, Léon Denis (1846-1927) se tornou talvez o maior propagador do Espiritismo, tendo sido este francês da aldeia de Foug, próxima à cidade de Tours, fiel à codificação do grande compatriota de Lyon.
Por sua vez, o economista Paul Singer (1932-2018), judeu austríaco de Viena e emigrado ao Brasil com sua mãe aos oito anos de idade, devido à perseguição nazista, foi docente da Universidade de São Paulo e também gestor de relevantes políticas públicas.
Tendo sido meu professor e amigo próximo, Singer foi a pessoa mais espiritualizada que conheci nesta existência.
Foi também o grande ideólogo e incentivador de um amplo conjunto de experiências de produção, consumo e crédito pautadas por princípios igualitários e democráticos.
Tal conjunto tem o nome de economia solidária.
Uma experiência desse tipo é relatada no principal livro psicografado por Francisco Cândido Xavier, de 1941, conforme apontado por ele próprio: Paulo e Estêvão[1].
Ambos, Denis e Singer, nasceram em famílias materialmente pobres, trabalharam ainda muito jovens, como operários, antes de se tornarem intelectuais.
Também se dedicaram à causa do cooperativismo auto-gestionário, marcado pela distribuição tão equitativa quanto possível dos ganhos entre todos os membros (Nobre, 1982; Soares, 1984; Souza, 2018; Santos; Nascimento, 2018).
Contudo, não creio que este tenha sido reencarnação daquele.
Outra semelhança entre eles é a crítica ao pensador e activista alemão Karl Marx (1818-1883).
Léon Denis rejeitou peremptoriamente a ideia marxista do “ódio entre classes sociais”, enfatizando a educação, em vez do conflito, como caminho para a positiva transformação da sociedade.
Por seu turno, Paul Singer - que estudou profundamente, junto com outros pesquisadores uspianos, os textos de Marx - veio a apontar, já em sua maturidade, que eles não davam conta das condições necessárias para a equilibrada e perene transformação social.
Abro aqui um fundamental parêntese para dizer que a palavra Cristianismo ainda causa temor e ojeriza em pessoas de determinados lugares do planeta devido às terríveis ocorrências históricas:
Cruzadas e Inquisição, além do intolerante fundamentalismo que subsiste. Continua, portanto, representando algo destruidor nesse imaginário. Todavia, como bem sabemos, o cristianismo - tal como iniciado pelo Nosso Senhor Jesus Cristo e revivido por grandes missionários como Francisco de Assis, Matinho Lutero, Allan Kardec, Bezerra de Menezes, Martin Luther King Jr., Teresa de Calcutá, Chico Xavier e Papa Francisco - nada tem de destruidor, muito pelo contrário.
É preciso também dizer com todas as letras que tanto Léon Denis quanto Paul Singer dedicaram seus escritos e, mais que isso, suas vidas, à busca de algo que também gera, ainda hoje, grande confusão interpretativa: o socialismo.
Cada qual a seu modo escreveu a respeito e buscou efetivamente o socialismo fraterno, aquele que prima pela liberdade e é necessariamente democrático.
Isso está presente no livro de Denis, decorrente de artigos editados na Revista Espírita em 1824:
Socialismo e Espiritismo, publicado em 1982 no Brasil[2].
Trata-se de uma obra realmente importante e bela que ainda é negligenciada por parte do movimento espírita devido ao enviesado conhecimento do tema.
E está presente também no principal livro de Paul Singer:
Utopia militante: repensando o socialismo, de 1998.
Nesta obra, com base em dados históricos bem documentados, ele rejeita a ideia de socialismo centralmente planeado e autoritário, que é implantado mediante revoluções políticas.
Como alternativa, Singer delineia o processo de ‘revolução social’ que levou à passagem do feudalismo ao capitalismo industrial.
E aponta para a possibilidade de um caminho de transformação lenta - com base em mudanças culturais - para o socialismo democrático, que ainda não existe e no qual o mercado seguirá tendo papel social importante, mas, não, tirânico e excludente, dado seu equilíbrio com o Estado e havendo nele destaque para a economia solidária.
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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS IV

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 08, 2021 7:32 pm

É preciso dizer que, tanto no pensamento de Denis quanto no de Singer, não está presente a ideia de igualdade absoluta entre todos os indivíduos e tampouco a privação da liberdade de nenhum deles.
Em consonância ainda, cabe lembrar que Emmanuel, o mentor espiritual de Chico Xavier, também tratou desse tema em quatro importantes obras, chegando a usar a expressão “socialismo cristão do porvir”[3].
Danosas distorções, práticas infelizes e o decorrente medo, como visto, tornaram o Cristianismo erroneamente interpretado, sendo que o mesmo - guardadas as devidas proporções - ocorreu em relação ao Socialismo, termo, equivocadamente, abominado ainda por grande parte da população.
Tal medo, muitas vezes, gera hostilidade e, grosso modo, prossegue sendo instrumentalizado politicamente.
Mas, graças a Deus, os também missionários Léon Denis e Paul Singer, além de Emmanuel, nos auxiliam decisivamente na desmistificação e no esclarecimento a respeito.

Referências bibliográficas:
DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo. Matão, O Clarim, 1982.
NOBRE, Freitas. Prefácio. In: DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo. Matão, O Clarim, 1982.
SANTOS, Aline Mendonça; NASCIMENTO, Claudio. Paul Singer: democracia, economia e autogestão. Marília, Lutas Anticapital, 2018.
SINGER, Paul. Uma utopia militante: repensando o socialismo. Petrópolis, Vozes, 1998.
SOARES, Sylvio Brito. Páginas de Léon Denis. 2ª edição. Brasília, FEB, 1984.
SOUZA, André Ricardo de. Professor Paul Singer e a economia solidária. P2P & Inovação, v. 5, p. 43-52, 2018.

André Ricardo de Souza é professor de sociologia da UFSCar, colaborador do paulistano Núcleo Espírita Coração de Jesus e organizador, com Pedro Simões, dos livros: Espiritualidade e Espiritismo (Porto de Ideias, 2017) e Dimensões identitárias e assistenciais do Espiritismo (Appris, 2020).

[2] Vale destacar um trecho do prefácio por quem foi marido de médica Marlene Nobre (1937-2015) e eminente deputado federal José Freitas Nobre (1921-1990): “Espiritismo e Socialismo estão unidos por laços estreitos, visto que o primeiro oferece ao segundo o que lhe falta a mais, isto é, o elemento de sabedoria, de justiça, de ponderação, as altas verdades e o nobre ideal sem o qual este último corre o risco de permanecer impotente ou de mergulhar na escuridão da anarquia”.
[3] Livros: Emmanuel, de 1938 (capítulo 21, terceiro parágrafo); A caminho da luz, de 1939 (capítulo 24, segundo item); O Consolador, de 1941 (questões: 55 a 57); Caminho, verdade e vida, de 1949 (lição 61).

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Viver bem, com ética e aproveitando o hoje

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 09, 2021 8:02 pm

por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

A liberdade e a saúde se parecem:
não lhe conhecemos o valor senão quando nos falta
. - Henrique Bergue

Muitas pessoas pensam que viver bem é usufruir dos bens materiais.
Quando o jovem mensageiro nos disse que "nem só de pão vive o homem", Jesus se referia aos valores espirituais.
É preciso pensar como espírito que habita temporariamente um corpo, e viver a mensagem que Jesus nos trouxe, com os ideais de fraternidade e esperança.
Viver é aprender.
Diz Santo Agostinho que, quando não se pode fazer tudo o que se deve, deve-se fazer tudo o que se pode.
Vivemos o tempo do terceiro milénio sabendo que é necessário refletir.
Chega de acomodação.
Já dizia Henry Ford:
"Pensar é o trabalho mais difícil que existe, talvez por isso tão poucos se dediquem a ele"; e o poeta Fernando Pessoa, vivendo essa experiência confirmava:
"Pensar dói".
Meditemos agora com esses novos valores da alma que Emmanuel nos traz:
“A vaidade enlouquece; a revolta dificulta; a dor regenera; a facilidade perturba; o trabalho educa; a humildade eleva”.
Assim, diante da vida e das lutas necessárias para nosso progresso moral e espiritual, procuremos manter a calma e servir, lembrando que Deus está permanentemente connosco, conforme orienta o mesmo instrutor:
“Não fizeste o sol que te ilumina, não fabricaste o ar que respiras, não criaste o solo em que te apoias, não teceste a vestimenta das flores que te rodeiam.
Não pares de trabalhar.
A vida te pede o bem que se te faça possível.
O impossível virá de Deus”.
Perguntaram, certa vez, ao já velho Galileu Galilei (1564-1642), importantíssimo homem de ciências italiano:
“Quantos anos você tem?”.
Ele respondeu:
“Oito ou talvez dez”, em evidente contradição com a barba branca que trazia no rosto.
Logo em seguida, ele explicou sua resposta:
“Tenho, na verdade, apenas os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais, do mesmo modo que também não tenho as moedas que já gastei”.
Na vida material, podemos estar com os dias contados, por outro lado, sabemos que hoje é sempre o começo de tudo.
Se errar é aprendizado e tem consequências, ainda teremos tempo de nos corrigir e nos aperfeiçoar.
Como seres imortais, o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos; temos que aproveitar que hoje é o melhor dia, o dia de decidirmos pela ética, pelo amor e pela sabedoria.

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é director da Editora EME

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Dez verdades e uma mentira

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 10, 2021 8:02 pm

por Cláudio Bueno da Silva

Não nos preocupemos obsessivamente com a verdade.
A verdade, em nosso plano, é múltipla, diversa, dinâmica, flexível, versátil.
Mas apesar de tudo isso, indispensável e fundamental.
Diz-se que há tantas verdades quanto os seres na Terra.
Seria erro afirmar que cada um tem a sua verdade?
Creio que não, do ponto de vista dos interesses e necessidades materiais de cada indivíduo, e do estágio do seu progresso.
Já sob as vistas de Deus, a verdade é una, como todas as Suas Perfeições.
Na Terra a verdade é fluida, variável, e nem sempre se estabelece entre os homens um consenso sobre a distância que a separa da mentira.
Apesar destas incertezas, podemos garantir que a verdade, sendo o oposto da mentira, está próxima do amor e da justiça.
O Espírito Erasto (¹) afirmou que “mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa”.
Embora tratasse de assunto específico relacionado à conduta dos homens em relação às informações enviadas por Espíritos, entendo que o seu pensamento possa se aplicar às circunstâncias gerais da vida. Compactuar com uma mentira gera comprometimento muito mais grave do que rejeitar dez verdades.
Isso porque a mentira desequilibra, corrompe, infelicita.
A rejeição, como propõe Erasto figuradamente, não inviabiliza a verdade, só adia a sua adoção.
Mesmo rejeitada, ela estará “lá”, esperando ser adotada.
Num mundo de verdades relativas como o nosso, o momento e a oportunidade contam muito.
A verdade como um princípio me parece ser neutra, porque vinculada a leis universais imutáveis ainda pouco compreendidas por nós humanos.
Já a mentira, não.
A mentira é ardil humano incompatível com a perfeição universal.
A mentira é energia densa que nasce dos porões escuros da alma que ainda não foram iluminados.
Aceitar a mentira é agir no campo negativo e se predispor às consequências da sua gravidade.
Por outro lado, rejeitar a verdade pode ser um ato provisório que possivelmente terá também suas consequências, mas que estarão bem longe de se igualar aos danos causados pela mentira.
A busca pela verdade é instintiva e natural no homem inteligente, e ele a perseguirá sempre.
Mas será bom que ele comece também a se preocupar em combater a mentira, esse vício moral tão feio, prejudicial e que tanta desgraça causa à humanidade.

(¹) Erasto, Espírito, ditou várias instruções inseridas por Allan Kardec em suas obras.
A frase citada encontra-se em “O Livro dos Médiuns”, capítulo XX, “Influência moral dos médiuns”, LAKE, 1978, tradução de J. Herculano Pires.
As orientações de Erasto são muito respeitadas no meio espírita esclarecido.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Alterações das traduções bíblicas novas

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 11, 2021 7:44 pm

por José Reis Chaves

As alterações da Bíblia sempre ocorreram, principalmente com as traduções adaptáveis às novas doutrinas criadas.
Escrevendo ou falando sobre a Bíblia, por mais de meio século, em meus livros (dois lançados em inglês nos Estados Unidos), em rádio, tv, palestras pelo Brasil e Portugal, escrevendo uma coluna em O TEMPO desde 2000, tendo eu, inclusive, estudado para padre Redentorista e traduzido o Novo Testamento, daí que venho notando que as traduções bíblicas novas têm alterado os textos de ideias espíritas e da reencarnação, o que, aliás, não é surpreendente, pois os tradutores, geralmente, são padres e pastores.
Vejamos um exemplo numa Bíblia antiga de 1930, entre outros, de João de Almeida, em Êxodo 20: 5, que diz:
“... eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, ‘na’ terceira e ‘na’ quarta geração daqueles que me aborrecem”.
Esse texto demonstra que o próprio Espírito que pecou no passado, agora, reencarnado em um dos seus descendentes: neto (terceira geração) e bisneto (quarta geração) é que paga seus pecados.
(Ver esse texto citado numa Bíblia).
E é comum um Espírito reencarnar num de seus familiares, o que reforça a ideia da reencarnação no texto.
Mas os tradutores novos trocaram a preposição ‘em’ com seu artigo ‘a’ (‘na’) pela preposição ‘até’, preposição essa que, além de ocultar a ideia da reencarnação, complica a justiça divina (lei de causa e efeito), pois, coloca Espíritos pagando pecados de outro Espírito, o que a Bíblia condena (Ezequiel 18: 4).
Também a Vulgata Latina de são Jerónimo está de acordo com as traduções antigas:
“In tertiam et in quartam generationem” (‘Na terceira e quarta geração).
A FEB publicou uma colecção de comentários bíblicos de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, adoptando as ideias da Bíblia de Jerusalém, provavelmente, querendo dar àquela sua coleção uma característica ecuménica, o que é louvável.
Porém, algumas dessas ideias são confusas e que, pois, deveriam ser evitadas.
Por exemplo: o texto de 1 Coríntios 15: 44:
“Semeia-se (sepulta-se) corpo material ou animal, ressuscita corpo espiritual”.
Por que a Bíblia de Jerusalém e a citada coleção da FEB colocam no lugar de corpo animal ‘corpo psíquico’?
Esse corpo psíquico é “vencido”, pois tinha uma “psique” nele somente enquanto era vivo!
Essa mudança não confere com a expressão em grego “soma fuxikov” (corpo animal, material) e está trazendo muita confusão para os que têm a Bíblia como um livro que contém muitas verdades importantes para os católicos, ortodoxos, protestantes, evangélicos e espíritas, que querem saber o porquê das alterações!

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty O talento da coragem

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 12, 2021 7:43 pm

por Leda Maria Flaborea

E, tendo medo, escondi na terra o teu talento...” – (Mateus, 25:25)

Essa referência evangélica faz parte de uma das parábolas mais conhecidas que encontramos no Novo Testamento:
A Parábola dos Talentos, como aparece designada no Evangelho de Mateus ou a Parábola das Minas, como está no Evangelho de Lucas.
Independentemente do título que tenha, o conteúdo é o mesmo, ou seja, a nossa responsabilidade moral, espiritual e material diante da vida.
Ela se divide em duas, tendo a segunda parte servido de alvo para que Emmanuel nos trouxesse a mensagem desta lição.
Para entendermos essa parte, vamos procurar reflectir um pouco sobre toda ela, a fim de não perdermos a oportunidade de tão precioso estudo.
A parábola – história que Jesus contava usando os costumes do dia a dia do povo como exemplo para fazer-se compreender – narra a história de um senhor de grande fortuna que, precisando ausentar-se por longo tempo, chamou três servos e entregou a cada um deles uma quantia diferente em moedas que deveriam ser devolvidas a ele quando regressasse.
Assim, entregou, ao primeiro, cinco moedas; ao segundo, duas e, ao terceiro, uma.
Tempos depois retornou, e pediu aos três a devolução dos bens que havia deixado sob seus cuidados.
O primeiro apresentou-se trazendo as cinco moedas e mais outras cinco que havia ganhado, por aplicar com critério o que lhe havia confiado.
Contente com o lucro que o servo obtivera para si, disse-lhe que, por haver se saído bem em tarefa pequena, daria a ele agora maiores tarefas.
O segundo, a quem ficara encargo de guardar duas moedas, também se apresentou diante do senhor com o valor dobrado daquilo do qual fora depositário.
Feliz com o desempenho do segundo servo, entregou a ele tarefa muito maior que a anterior, pois sabia que ele tinha condição de executá-la, já que havia sido diligente na pequena.
O terceiro servo, aquele que ficou encarregado de zelar por uma moeda, apresentou-se diante do senhor e lhe disse que, tendo medo de perder o que lhe havia sido confiado, escondeu-a na terra até que ele voltasse e estava naquele momento devolvendo-lhe a única moeda que lhe fora entregue.
Apesar de contar com apenas uma moeda, foi incapaz de fazê-la dar lucros, pois, temeroso, não tivera coragem de lutar para valorizá-la.
Evidentemente, o senhor, aborrecido com o insucesso do servo, expulsou-o dos seus domínios, deixando-o à mercê de seus próprios medos e temores, para que aprendesse a valorizar o pouco que tinha, transformando esse pouco em muito.
A lição de Jesus não deixa dúvidas com relação às nossas atitudes diante das possibilidades que temos de trabalhar em benefício nosso e dos que nos cercam.
Melhorar para progredir é a senha do Pai Criador para nossa evolução.
Para que esse progresso se realize através do nosso trabalho, Deus distribui Seus bens para que todos, segundo suas capacidades de percebê-los e captá-los, possam multiplicá-los em benefício de muitos.
Assim, alguns adquirem talentos que outros não possuem, para que cada um, dentro das suas possibilidades, faça com que se multipliquem e que quando compartilhados, também uns com os outros, gerem o progresso a todos.
Na questão 804 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos Espíritos superiores por qual razão Deus não deu as mesmas aptidões para todos os homens, que é necessária a variedade das aptidões para que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento das suas forças físicas e intelectuais.
Torna-se fácil, portanto, imaginar, para efeito de exemplo, que aqueles que receberem como talento recursos materiais poderão permutar seus valores com outros que sejam dotados de talentos que lhes faltem, tais como uma aptidão artística, ou intelectual, ou ainda um dom moral, necessários todos eles ao bem-estar da própria vida.
Verdadeiramente, quando dizemos que nem todos recebem os bens divinos na mesma quantidade, não é porque Deus privilegia uns em detrimento de outros, mas, sim, porque ainda não conseguimos recebê-los da mesma maneira.
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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS IV

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 12, 2021 7:43 pm

Pela nossa própria evolução moral, não temos condições, muitas vezes, ainda, de perceber a presença desses recursos em nossas vidas
E por essa razão, acreditamos que Ele seja injusto porque dá muito a uns e pouco a outros.
O Pai coloca todos os bens à nossa disposição para que possamos usufruir deles, mas como cada um tem capacidade diferente para recebê-los, independentemente da quantidade, como fala a parábola, teremos de prestar contas daquilo que tivermos captado.
Se é pouco ou muito não fará nenhuma diferença na balança divina.
O que vai contar será sempre a maneira como empregarmos esses valores.
Por causa do nosso egoísmo, culpamos Deus pela nossa pouca “sorte” sem percebermos que cada um de nós só consegue captar esses bens segundo a sua capacidade individual.
Assim, acusamos os que nos cercam, porque nos perseguem; lamentamos a vida que temos porque não nos dá maiores oportunidades e em tempo algum admitimos a nossa indolência, a nossa preguiça ou o nosso medo de lutar para melhorar o que já conseguimos conquistar.
Desejamos maiores recursos materiais quando, na verdade, não conseguimos sequer administrar o pouco que temos.
Lamentamos não sermos chamados para executar tarefas de maiores responsabilidades quando, na realidade, mal conseguimos realizar com zelo as obrigações mais simples do dia a dia.
Almejamos tarefas de maior destaque e culpamos os outros por não sermos designados para trabalhos mais relevantes nos setores espirituais.
Mas, se não alcançamos a harmonia no nosso lar, porque não sabemos consegui-la, ou porque temos medo de enfrentar a luta doméstica para conquistá-la, de que modo teremos condições de dizer ao outro como alcançá-la?
Vamos examinar as nossas consciências e procurarmos descobrir que tipo de servos somos, ou mais importante ainda, que tipo desejamos ser.
Emmanuel nos lembra na lição que “existem muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no mundo como desejaria.
E recolhem-se à ociosidade, alegando medo da ação”.
Tem, assim, “medo de trabalhar, medo de servir, medo de fazer amigos, medo de desapontar, medo de sofrer, medo da incompreensão, medo da alegria, medo da dor”, e alcançam o fim da vida terrena como seres que apenas tiveram as sensações físicas do corpo, mas que nada fizeram para enriquecer a existência.
Quase sempre, essas criaturas tornam-se campeãs da preguiça e da inutilidade, pois sob o pretexto de serem menos favorecidas ignoram até as condições básicas de higiene de seus corpos, da limpeza do local onde moram, permanecem debruçadas na janela da ociosidade, mais preocupadas em ter medo ou culpar os outros, a se queixarem indefinidamente de suas mazelas, sem vontade de se reergueram e iniciarem um processo de faxina física e mental.
Estamos colocados no lugar certo, no tempo certo, com as pessoas que podem nos ensinar se quisermos aprender e realizando a melhor tarefa para nosso crescimento.
Desse modo, por mais rude que possa nos parecer, a tarefa que nos coube no mundo, não temamos e façamos dela o nosso caminho de progresso e renovação.
O querido instrutor espiritual Emmanuel nos esclarece na lição que “por mais sombria seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias, enriqueça-a com a luz do teu esforço no bem, porque o medo não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor”.
Somos usufrutuários de patrimônios que pertencem ao Pai, e nos encontramos, no presente momento, no campo das oportunidades negociando com os valores Dele.
Fiquemos, pois, mais atentos aos negócios que estamos realizando com os recursos que nos foram confiados no mundo, por algum tempo.

Bibliografia:
XAVIER, F. C. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel – 8ª edição – RJ: FEB – lição 132.
____________ Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel – 14 ed. RJ: EB. Lição 2. 1996.
____________ Seara dos Médiuns. Pelo Espírito Emmanuel – 8 ed. Brasília: FEB. P. 147. 1993.
SCHUTEL, C. Parábolas e Ensinos de Jesus. 14. ed. Matão: Editora Casa O Clarim. P. 56. 1997.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Reencarnação é oportunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Fev 13, 2021 7:55 pm

por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Arnaldo era um famoso fisioterapeuta.
Com seus exercícios, é facto, alguns deles dolorosos na execução, trazia alívio aos seus pacientes para os problemas da época moderna, em especial, as famosas dores de coluna.
As mãos mágicas de Arnaldo eram procuradas por idosos, e este, pacientemente, inclusive fins de semana e feriados, alongava e tratava de seus pacientes, que após o sofrimento para colocar tudo no lugar, se sentiam bem melhor.
Frequentador da reunião mediúnica da casa espírita, Arnaldo certa vez teve uma revelação, na qual os mentores da casa lhe disseram que ele tinha sido um exímio torturador, passando pela inquisição, pela escravidão e ainda, pelos regimes ditatoriais, produzindo sofrimento às pessoas para interrogá-las, ou apenas por prazer.
Mas se sentiam muito felizes os mentores da casa por verificar que as suas habilidades de lidar com os corpos encarnados haviam encontrado uma forma de auxiliar aos mais necessitados.
Chocado com essa revelação, Arnaldo volta para casa cabisbaixo, de consciência pesada, pensando se depois de tanto mal feito, se ele não deveria ser castigado.
Na lotação sacudindo até a sua humilde residência, ele abre aleatoriamente “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Cap. VII, Item 10:
“(...) Ele não deixa ao abandono aqueles de seus filhos que se acham perdidos, porquanto sabe que cedo ou tarde os olhos se lhes abrirão.
Quer, porém, que isso se dê de moto-próprio, quando, vencidos pelos tormentos da incredulidade, eles venham de si mesmos lançar-se-lhe nos braços e pedir-lhe perdão, quais filhos pródigos”.
Entende então o nosso estimado Arnaldo que a reencarnação é uma oportunidade de reconstrução, e não um castigo.
Que as ideias de pagar, de uma contabilidade divina radical, e outras coisas que ouvimos por aí, são resquícios de um Deus impiedoso, dos exércitos, que se compraz com sacrifícios, ideia que já foi abandonada pela visão teológica trazida por Jesus faz dois mil anos, reforçada pelo Espiritismo, mas que insistimos em trazer, pela dureza de nossos corações.
No Espiritismo, aprendemos que a Lei é de amor.
O reencarnar é a oportunidade de refazer.
Uma empreitada de sucesso, e não um projeto fadado ao sofrimento, à feição de um purgatório cristão.
A visão espírita não é só libertadora, mas também uma abordagem promotora do amor, da fraternidade entre os homens, para que todos se auxiliem mutuamente na tarefa de crescer espiritualmente nesta encarnação, contrariando uma visão determinista da reencarnação, de castas, de isolamento.
Na lógica da reencarnação, aquele mais vil Espírito, cruel e desumano, tem as suas múltiplas chances de reconstrução, pelo amor desse pai retratado pela enigmática parábola do Filho pródigo, até hoje incompreendida, por trazer uma visão transcendente da justiça, na qual todos podem (e precisam) se regenerar.
E que não temos inimigos, apenas irmãos.
Por fim, já que se falou de castas, o texto actual termina relembrando uma figura histórica, o imperador indiano da dinastia Máuria, chamado de Asoka (304 a.C.-232 a.C.), conhecido por sua sede insaciável por guerras, o que lhe deu a alcunha de “O terrível”.
Após a invasão de Kalinga, na qual o exército por ele comandado matou cerca de 100 000 pessoas, por volta de 260 a.C., ao ver o resultado de sua destruição, ele se converte ao Budismo e muda toda a sua forma de proceder, fazendo um governo com avanços sociais invejados até hoje.
Na dança das reencarnações, a revolução que se espera é a mudança de atitudes íntimas, uma coisa complexa, e que demanda muito do espírito encarnado.
Assim, a reencarnação é uma oportunidade, uma escada de subida, e não um buraco escuro e húmido de sofrimento.
Uma visão sintonizada ao conceito de Deus que propagamos, mas que temos grande dificuldade de interiorizar.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Corpo, santuário do Espírito

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 14, 2021 7:58 pm

por Maria de Lurdes Duarte

“Mens sana in corpore sano”, diz a expressão latina que o poeta romano Juvenal usou num dos seus poemas.
Apesar de tão antiga, esta expressão adequa-se completamente ao que se entende por saúde, nos dias de hoje.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), trata-se de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.
Embora, de certa forma contestável esta definição, porque pressupõe um estado de perfeição que, sabemos bem, não se adequa ao estado evolutivo da humanidade atual, o que importa, para esta nossa reflexão, é realçar a importância inegável da relação entre corpo/mente/ser social, para a harmonia e o equilíbrio do Ser.
Do ponto de vista apresentado pela Doutrina dos Espíritos, e muito bem desenvolvida por Allan Kardec na Codificação, este conceito de saúde/equilíbrio é de suprema importância, quer para a vida física, quer em termos de continuidade na vida além-túmulo.
Senão, vejamos.
Em cada reencarnação, traçamos para nós mesmos, com a ajuda dos Benfeitores Espirituais, planos bem delineados, com um conjunto de tarefas a cumprir, sejam elas provas, expiações, lições a aprendizagens, quer morais, quer sociais, quer intelectuais.
Cada existência física é uma oportunidade valiosíssima que a Misericórdia Divina nos concede, pois objetiva uma subida na escalada evolutiva, já de si longa, em que não nos interessa estacionar, sob pena de permanecermos indefinidamente como retardatários, situação que sempre acarreta maior dose de sofrimento.
Cada oportunidade de regresso à vida material visa ao combate a vícios e defeitos bem concretos que ainda possuímos e que, mais uma vez, temos a chance de afastar da nossa personalidade, aprendendo mais um pouco e preparando-nos para seguir adiante mais libertos do que nos pesa na consciência.
Somos caminheiros milenares e já perdemos muito tempo em reencarnações que não soubemos aproveitar devidamente.
Em muitas delas, debilitámos o nosso corpo; noutras, até, partimos antes da hora prevista, qual cavaleiro que desistiu do combate ou simplesmente não se conseguiu precaver contra o inimigo e se entregou desregradamente à luta.
Em todos esses casos, o regresso à Pátria Espiritual acabou por se dar em circunstância de grande debilidade espiritual.
Não saímos vencedores, mas sim vencidos por um inimigo que somos nós e apenas nós, com todos os defeitos e vícios e erros a que permanecemos acorrentados.
O nosso corpo físico, em cada uma dessas reencarnações foi projetado ao pormenor, de modo a que cumprisse na perfeição tudo aquilo a que voluntariamente nos propusemos.
Se era um corpo “perfeito” ou detentor de alguma possível “deficiência”, “belo” ou “feio” etc., sempre teve como molde o corpo espiritual que leva e traz em si impressas todas as marcas da forma como a nossa personalidade se apresenta.
Os genes dos nossos progenitores foram escolhidos escrupulosamente, por forma a imprimir ao corpo físico as caraterísticas que lhe eram necessárias.
Jamais poderemos culpar a pobre habitação do insucesso do mau inquilino.
O corpo é a vestimenta, a habitação do Espírito, nós somos o Ser, o habitante que dele se serve bem ou mal.
Podemos ler na epístola de Paulo aos Coríntios o seguinte “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” – Coríntios, 6:19-20.
Devemos entender o “Espírito Santo”, das versões modernas da Bíblia, como o “Espírito” das versões originais.
Paulo foi bem claro: o corpo é a habitação do Espírito, devemos glorificar (agradecer, bendizer) a Deus, não só em espírito, mas também no corpo.
A Deus pertencem ambos.
Mas como poderemos glorificar a Deus no corpo?
Nisto reside um grave engano, incutido pelas religiões ritualistas de que temos feito parte pelos séculos afora.
Achámos, durante muito tempo, que a Deus agradariam sacrifícios corporais, ideia esta que nos vem dos remotos tempos da adoração aos deuses do politeísmo, que se considerava que assim o exigiam.
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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS IV

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Fev 14, 2021 7:58 pm

Nessa ideia, usamos mal o corpo, oferecemo-lo em sacrifício a um Deus que de nada necessita porque tudo Lhe pertence, infligimos dores, doenças, martírios, atrocidades de toda a espécie, a essa vestimenta física, como se fosse ela a culpada da pequenez evolutiva que nos impele ao mal, ao egoísmo, ao orgulho.
Atormentámos o corpo, pensando elevar o espírito, em vez de o tomarmos como aliado dos nossos objetivos.
Tudo isto pensando homenagear um Deus de Amor, de Misericórdia, que apenas quer a nossa felicidade e para isso nos criou.
Falamos destas atitudes como pertencendo ao passado, mas, sem querer ferir seja quem for nas suas crenças, apenas ajudar a refletir na conveniência dos nossos hábitos, somos forçados a reconhecer que não estamos muito longe da adoção de ritos que ainda têm como base a flagelação do corpo.
Eles permanecem em algumas religiões tradicionais.
Se, por um lado, os condutores espirituais das religiões em geral já não aconselham a sua prática, também é verdade que nada fazem pelo esclarecimento das almas que os procuram.
E que lugares e santuários próprios para o efeito continuam a ser aproveitados e frequentados por tantos e tantos que, ao fazê-lo, continuam a achar que estão cumprido o seu dever religioso.
O que deseja Deus, afinal, de nós, em termos de sacrifício?
Sim, porque, dizem os adeptos desses rituais, o céu não se conquista sem sacrifícios.
Sem dúvida.
E os sacrifícios que nos são pedidos são bem mais difíceis do que isso.
É o sacrifício de lutarmos para pôr de lado as imperfeições que fazem de nós seres atrasados do ponto de vista espiritual.
O sacrifício do egoísmo, do orgulho, da ganância, da preguiça, da maledicência, e tantos outros defeitos humanos de que não nos libertamos ainda.
São esses os verdadeiros sacrifícios.
E para o conseguir, precisamos dessa bênção que é o corpo, sem o qual não podemos operar na vida física.
Reflitamos ainda na questão sob outro aspecto: o suicídio, seja ele consciente ou inconsciente.
Como diz Paulo, o corpo não nos pertence, é de Deus.
A Ele teremos de dar contas, assim como perante a nossa consciência culpada, se abandonarmos a vida física antes do que estava programado.
(Reforcemos a ideia de que essa programação foi feita por nós, ou pelo menos, com o nosso conhecimento e aquiescência.)
Se partirmos pelo suicídio por desistirmos das lutas e destruirmos o corpo voluntária e conscientemente, tendo isso como ato de coragem (ignorância), grave será o débito que decorrerá dessa má decisão.
A vida é eterna, somos Seres imortais, nada pode, realmente, destruí-la, apenas destruímos a vestimenta.
Tomaremos outra, oportunamente, para retomar o trabalho de que desistimos.
O suicídio, nessas circunstâncias, é, pois, um acto perfeitamente inútil, que só agrava a situação que o provocou.
Se partirmos antecipadamente por termos contribuído para a degeneração do corpo, contraindo doenças decorrentes de comportamentos desregrados, tratar-se-á de um suicídio inconsciente, mas igualmente gravoso e com consequências danosas no outro lado da vida.
Resumindo, não devemos de modo nenhum fazer do corpo um santuário de todos os prazeres, descurando a vida do Espírito.
A ideia não é viver em função do corpo.
É usar o corpo como esse santuário que permite ao Espírito (que somos nós) todo o género de vivências e aprendizagens enriquecedoras que contribuirão para sairmos de cada existência física mais fortalecidos no bem, detentores de maior dose de conhecimento, mais moralizados, mais aptos a viver a nossa espiritualidade em toda a plenitude.
Da harmonia que conquistarmos hoje depende em muito as boas oportunidades de crescimento futuro, quer no Plano Espiritual, quer nas próximas reencarnações.
Corpo e Espírito em sintonia, auxiliando-se mutuamente no grandioso trabalho de aperfeiçoamento, contribuindo para o equilíbrio da Vida.
É isso que Deus quer de nós.

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos: 68 a 70, 136, 348 a 350, 367 a 385, 730.
O Evangelho segundo o Espiritismo: Cap. 5, item 26. Cap. 17, item 11.
O Céu e o Inferno: Cap. 7, item 1.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty A empatia em tempos de crises

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Fev 15, 2021 7:29 pm

por Yé Gonçalves

A vivência da empatia é de fundamental importância nestes tempos de crises, pelos quais estamos passando, quando urge a necessidade de buscarmos respostas que justifiquem o porquê e o para quê dos acontecimentos atuais e do nosso envolvimento neste contexto, não apenas no tocante às crises existenciais e à pandemia da covid-19, mas também aos preconceitos alusivos à desigualdade social, ao género, à sexualidade, à etnia etc.
Embora para muitos de nós, à primeira vista, se trate de tempos de dores e de sofrimentos, na verdade o fundo da questão nos remete às oportunidades de aprendizagem moral, chamando-nos para que, através da força do auto-conhecimento, do resultado dos momentos de reflexão e da vivência de maneira resignada, nos libertemos das amarras que nos impedem do avanço na senda evolutiva, e que possamos, através desses exercícios, promover a nossa transformação moral.
Como já sabemos, a empatia é a palavra-chave para o momento em que estamos vivendo e convivendo, como se estivéssemos nos abarcando no mesmo barco, em plena tempestade, unindo forças para o enfrentamento de desafios, a fim de vencermos estes tempos de pandemia e demais tipos de crises que envolvem a sociedade como um todo.
O mestre Jesus, através dos evangelhos, nos ensina a empatia, que se praticada em tempos de normalidade, na aprendizagem das lições, na lida do dia a dia, servirá de base para a aplicação em tempos de crises, assim vejamos o seguinte exemplo:
“Fazei ao outro somente aquilo que gostaríamos que nos fosse feito”. (Mateus 7:12)
Dessa recomendação do mestre Jesus, podemos extrair para todos nós o ensinamento de que se trata do maior senso de justiça, equilíbrio das relações interpessoais.
Fazer ao outro somente o que gostaríamos que nos fosse feito é nos colocarmos no lugar do outro, fazendo ao outro as coisas que desejamos que o outro faça por nós.
Esse ensinamento é, também, ministrado pelo Espírito de Verdade, na questão 876 de O Livro dos Espíritos, sendo a sua aplicação a base da justiça, segundo a lei natural.
Portanto, temos no mestre Jesus, o exemplo maior da empatia, sendo Ele o tipo mais perfeito oferecido por Deus à Humanidade, para lhe servir de guia e modelo, conforme nos ensina a questão 625 de O Livro dos Espíritos.
Que nestes tempos de crises diversas, possamos nos colocar no lugar do outro, fazendo-lhe somente aquilo que gostaríamos que nos fosse feito, a fim de auxiliá-lo nestes momentos difíceis pelos quais todos estamos vivenciando, quando passamos a desenvolver a virtude da misericórdia, externando a pureza do coração em favor um do outro.
Dessa forma, juntos entenderemos o porquê e o para quê destes tempos de crises, e venceremos o mundo, ou seja, começando, cada qual, pelo seu próprio “mundinho” íntimo.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty O trabalho incessante do homem de bem

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 16, 2021 8:13 pm

por Altamirando Carneiro

A julgar pela data em que surgiu o Espiritismo - 18 de abril de 1857 -, muitos de nós, como Espíritos, na nossa jornada evolutiva, estamos entrando em contacto com o Espiritismo pela primeira vez.
Somos os primeiros Espíritos espíritas!
Isto nos confere uma responsabilidade muito grande.
Os ensinamentos da Doutrina Espírita - o Consolador prometido por Jesus - são claros no que dizem respeito à nossa conduta ética e moral, que deve sempre se nortear pela conduta do Cristo, nosso maior modelo.
Jesus pregou e exemplificou.
Devemos também seguir o Mestre, neste sentido.
Ainda mais nós espíritas, que tanto lemos, que tanto recebemos.
Nossa responsabilidade é sentida inclusive pelos que não são espíritas.
Acham que devemos ser modelos de perfeição.
Mas se não podemos sê-lo, no mínimo devemos ter uma conduta exemplar.
O espírita consciente de seu papel deve ter a consciência de que é o trabalhador da última hora, classificado como os poucos que foram escolhidos, dentre os muitos que foram chamados.
Atribuições a desempenhar devem ser consideradas como instrumentos, através das quais forjamos o progresso do nosso Espírito.
O espírita inteligente sabe que somente uma coisa é permanente, duradoura: a própria Doutrina Espírita. Atribuições são situações passageiras, auferidas a cada um por méritos próprios.
Não somos donos de nada.
Nossos talentos individuais são como empréstimos, que a Providência Divina nos concede, para através deles, evoluirmos.
Em O Livro dos Espíritos, livro terceiro:
As Leis Morais, capítulo XII:
Perfeição Moral, item Caracteres do Homem de Bem, Allan Kardec pergunta aos Espíritos (pergunta 918):
"Por que sinais se pode reconhecer no homem o progresso real que deve elevar o seu Espírito na hierarquia espírita?"
Resposta:
"O Espírito prova a sua elevação quando todos os atos da sua vida corpórea constituem a prática da lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual".
A seguir, os comentários sobre a questão:
"O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua mais completa pureza.
Se interroga sua consciência sobre os actos praticados, perguntará se não violou essa lei, se não cometeu nenhum mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém teve que se queixar dele, enfim, se fez para os outros tudo o que queria que os outros lhe fizessem.
Se a ordem social colocou homens sob a sua dependência, trata-os com bondade e benevolência porque são seus iguais perante Deus; usa de sua autoridade para lhes erguer a moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
O homem de bem não é vingativo.
Respeita, nos seus semelhantes, todos os direitos decorrentes da lei natural, como desejaria que respeitassem os seus".
Para o homem de bem, todo dia, toda hora, todo instante é tempo de socorrer o semelhante.
Como fez Jesus, que foi perseguido pelo fato de ter curado um paralítico num sábado.
Em resposta, Jesus disse que o Pai trabalha todos os dias, sem cessar.
Na verdade, a divisão do tempo do jeito que o homem a fez, serve apenas para a sua orientação; todavia o tempo, da forma que o vemos, não passa da modificação das coisas à nossa volta e nada mais.
Gira a Terra em torno de seu eixo gerando os dias e as noites em torno do Sol, dando origem aos anos.
Ainda hoje a Humanidade não chegou a um consenso de medir o tempo, pois há calendários diferentes em diferentes pontos da Terra.
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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS IV

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 16, 2021 8:14 pm

Perguntemos a um cego de nascença o que é o tempo e ele, por certo, terá dificuldade em explicar.
Na verdade, o que existe é movimento.
Desde o pequenino átomo, passando pela energia e chegando ao Espírito, tudo é acção, seja sábado ou domingo.
A permuta de energia entre os astros não cessa.
Não há dia nem lugar para que algo fique parado.
Toda a Obra Divina se baseia na Lei do Movimento a que podemos chamar de Trabalho.
Eleger um dia da semana para reverenciar-se a Deus é mostrar gratidão para quem nos criou, mas, transformar essa reverência em dogma a ponto de não se ajudar a quem precisa, é ir-se longe demais.
Foi esse exagero que Jesus quis desfazer ao dizer que o Pai, desde sempre, trabalha sem cessar.
Sendo Deus perfeito, de nada necessita.
Aceita a nossa reverência, como aceitamos a doação espontânea de um pedaço de bolo oferecido por uma criancinha, porém, enviou seu Filho para nos dizer que a sua vontade é a de nos fazer evoluir para que um dia alcancemos a felicidade e que nos sintamos inebriados por ela.
Jesus é o grande libertador das almas.
Veio para nos abrir novos caminhos.
"Aquele que tenha ouvidos de ouvir que ouça", dizia, e toda a orientação foi para que nos amássemos uns aos outros, durante todo o tempo.
Jesus curou o paralítico no sábado como o teria curado em qualquer outro dia que o tivesse encontrado. Importante para o nosso aprendizado é o ensinamento que nos deixou, ao dizer:
"Vai e não peques mais..."
Evoluir é tarefa a que somos convidados em todos os momentos de nossa vida e somente doando-nos é que o conseguimos.
Estamos num mundo em que as necessidades e os necessitados são muitos e por isso somos permanentemente convidados à tarefa.
"A seara é grande e os trabalhadores são poucos", disse-nos o Mestre.
Ouçamos-lhe o convite e administremos o nosso tempo de tal forma que, mesmo sendo sábado, possa ele contar com nosso concurso.
Afinal, estaremos na verdade trabalhando em prol de nós mesmos.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty O artifício da meditação não pode engessar as mãos do trabalho

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 17, 2021 8:34 pm

por Jorge Hessen

Uma singular prática de reeducação de presos tem sido adotada na Índia.
O Complexo Penitenciário de Tihar, em Nova Delhi, conquanto abrigue o dobro de sua capacidade oficial de encarcerados, conseguiu implantar o exercício do vipassana (“visão interior"), ideário adoptado por Sidarta Gautama, o popular Buda.
A técnica consiste em exercícios de meditação bem complexos.
Os presos (voluntários) devem ficar algumas vezes por mês completamente em silêncio e meditar por 8 horas diárias - inteiramente inertes, sem mover nenhum músculo do corpo em busca de paz e “ascensão espiritual”.
Na concepção de Satya Narayan Goenka, idealizador da prática no presídio, a meditação ajuda a maior compreensão da realidade.
Por essa razão, auxilia os presos a distinguir a clausura como uma etapa, uma jornada para se tornarem pessoas melhores e verdadeiramente livres.
Segundo Goenka, os presos praticantes se tornaram mais “equilibrados”, motivo pelo qual a penitenciária passou a registar menos incidentes violentos, a reincidência criminal dos praticantes que são libertados igualmente diminuiu.(1)
A proposta de Satya Narayan é desafiadora sem dúvida, considerando o ambiente hostil de um presídio.
Não deve ser nada simples a disciplina do corpo e da mente para introspecções (meditações) nas atmosferas de uma penitenciária.
A rigor, ao exercitarmos uma oração experimentamos alguma forma de meditação.
Obviamente, com o exercício disciplinado dos pensamentos se pode chegar aos melhores resultados de uma prece.
É quando se consubstanciam energias harmónicas em níveis de autoconsciência.
Mas o domínio dos pensamentos, considerando a cultura ocidental, é de extraordinária dificuldade.
Quase sempre nós ocidentais lançamos ideias vagas, pueris, sensuais, projetamos censuras, mantemos anseios utilitaristas, entulhamos as descargas neurológicas que geram amplo consumo de energia física e mental.
Seguramente a concentração (meditação) no ambiente adequado pode aliviar a tensão emocional e patrocinar um nível de estabilização e alívio psíquico que tende a refletir no bem-estar físico e espiritual.
Obviamente, a prática meditativa aplicada por Narayan Goenka no presídio de Tihar não contém vínculos diretos com as finalidades espíritas.
Não constam nos cânones das Obras Básicas as técnicas para meditação esotérica, embora não haja rigorosa incompatibilidade com os mandamentos doutrinários, até porque todo e qualquer exercício que favoreça o equilíbrio espiritual deve ou pode ser estimulado.
Entretanto, nesse caso específico, urge muita cautela; lembremos que não se deve confundir as irradiações mentais através da prece com a meditação mística, mormente aplicada pelo budismo.
Em razão disso, a Doutrina dos Espíritos recomenda que não se instale nos centros espíritas salas específicas para meditações esotéricas.
Há instituições espíritas que promovem cursos para técnicas de meditação com base na cultura oriental, todavia, é necessário ajuizar a inoportunidade de tais práticas.
É preciso ter cuidado para que esses métodos não descaracterizem a proposta dos Benfeitores Espirituais, até porque as doutrinas vinculadas às práticas de meditações místicas têm suas próprias instituições destinadas ao exercício de meditação, e certamente nada impede que os “espíritas” ajustados com essas propostas busquem os núcleos não espíritas adequados e aí meditem quando, como e quanto desejarem.
Seja como for, é de bom alvitre que os “meditadores” não se esqueçam que qualquer exercício de meditação não deve ser inoperante, pois o ideal de concentração mais nobre, sem trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba prática improdutiva.
Conservar, pois, a meditação transcendente no coração, sem nenhuma atividade nas obras de ampliação da caridade, da sabedoria e do amor, consubstanciados no emprego do amor e da fraternidade, consistirá em manter na terra viva do sentimento um ídolo morto, enterrado entre as flores agrestes nos jardins da ilusão.
Jamais olvidemos que enquanto diferentes doutrinas ensinavam a meditação (recolhimento contemplativo), o insulamento social completo, na busca do EU “profundo”, o Cristo elegeu peregrinar por entre a multidão, confortando uns, auxiliando outros, situando sua doutrina não através de vocábulos vazios ou artifícios místicos, todavia, fundamentando-a no exercício da acção do amor, a exemplo da metáfora do samaritano que socorreu seu próximo na estrada de Jericó.
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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS IV

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 17, 2021 8:34 pm

O Codificador, confessando Jesus, igualmente não se isolou numa atitude meditativa (contemplativa); sua meditação foi o exercício do Espiritismo através da caridade, na medida em que confortou numerosos necessitados, estimulou doações a desabrigados por meio da Revista Espírita, e junto de sua amada Amélie Gabrielle Boudet fez visitas a diversas famílias carentes.
Justamente por sentir essa necessidade, Kardec lançou O Evangelho segundo o Espiritismo, para mim a Carta Magna da Codificação, que se tornou imprescindível ao entendimento da angústia humana, assim como do desígnio da existência terrena, ensinando que a beneficência é o mais perfeito caminho a dar sentido e significado à nossa vida social.
Aliás, Chico Xavier percebeu bem essa dimensão de Jesus e Kardec, uma vez que poderia ter ficado embevecido, em meditações e êxtases, deslumbrado ou arrebatado com as interligações diretas com mundo espiritual; contudo, praticando o EVANGELHO se consagrou a amar o próximo incondicionalmente.
Em suma, cremos que meditar é importante, desde que não paralise nossas mãos, nem nos faça abdicar dos convites dos Benfeitores Espirituais, uma vez que eles apontam a rota segura de uma meditação produtiva, que não nos hipnotiza com técnicas que centram atenções exclusivas em nós mesmos, até porque O Meigo Rabi nos conclamou a amar o próximo como a nós mesmos e não o oposto, ou seja, todo o amor, júbilo, contentamento que ansiamos para nós, devemos em condição de equidade aos nossos iguais.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Jesus: a luz do mundo

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 18, 2021 8:37 pm

por Luiz Guimarães Gomes de Sá

“Eu sou a luz que veio ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.” (João, 12:46)

Como Governador da Terra, Jesus, desde os primórdios de sua criação, já actuava no Orbe terrestre para que a vida nele se manifestasse.
Sua magnanimidade sempre presente oportunizou através do Seu amor o crescimento das civilizações através dos tempos.
Nesse processo recebeu os exilados de Capela, estrela mais brilhante da Constelação de Cocheiro, que atingira um novo estágio de evolução moral.
Aqueles Espíritos recalcitrantes não se conduziam de forma coerente aos demais que ali habitavam.
Destarte, não podiam ali permanecer por conta das suas condições vibratórias incompatíveis com a psicosfera local.
Foi assim que Jesus acolheu aqueles irmãos sofredores para que pudessem evoluir em benefício próprio, e ainda servissem às civilizações em desenvolvimento na Terra com os seus elevados conhecimentos.
Era necessário esse “estágio”, considerando a pertinácia dos mesmos em continuar direcionando suas inteligências para a prática do mal.
A reencarnação chega-nos como dádiva Divina, para que busquemos, pelo aperfeiçoamento através das existências, a devida reparação.
Deus com sua misericórdia infinita perdoa as nossas faltas como Pai justo e bom.
Jesus trouxe-nos o pensamento do Criador e a forma de como devemos nos conduzir com Sua luz fulgurante e conduta exemplar.
A nossa caminhada não teria essas condições favoráveis caso não tivéssemos o amor do Cristo sempre presente para nos ajudar.
Em todos os tempos essa chama infinita de benevolência estará disponível na eternidade das gerações, e nós, beneficiados que somos, deveremos sempre atestar a nossa gratidão como memória do coração.
Jesus conviveu connosco e vivenciou as nossas fraquezas, mas como Espírito Puro, ofereceu-nos o auxílio necessário à nossa redenção.
Em Mateus 24:35, encontramos:
”O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”.
Nessa afirmativa, inclui-se o Seu “exemplo”, que justifica na prática tudo o que ele disse.
As Suas verdades, que são as únicas inquestionáveis, fortalecem o nosso Espírito, dando-nos a convicção e o consolo que nos foram ofertados nas Bem-Aventuranças, que são palavras de Fé e Esperança.
Jesus é a bússola e a luz do nosso caminho. Seguindo as suas pegadas, chegaremos sem as tormentas dos mares da vida ao porto seguro que nos aguarda repleto de Luz e Paz.
Nesse Natal, procuremos relembrar daqueles sábios ensinamentos, para que possamos no dia a dia convertê-los em prática e servirmos de exemplo, corroborando a nossa condição de cocriadores do Pai no Plano Menor, conforme consta no livro “Evolução em Dois Mundos, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelo Espírito André Luiz, pág. 15”. (1)

(1) Este artigo foi escrito às vésperas do Natal de 2020.

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ARTIGOS DIVERSOS IV - Página 40 Empty Ano novo e uma nova vida

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Fev 19, 2021 8:09 pm

por Nilton Moreira

Chegamos ao final de mais um ano.
Parece que pouco significa, mas na realidade muita importância tem, pois estamos atrelados a datas e horários que significam tempo passado e tempo disponível ainda.
O ano é referencial para tudo, pois desde que chegamos ao Planeta já passamos a possuir uma data de nascimento que nos insere no contexto.
Podem até escolher o nosso nome, a roupa que vamos vestir, mas a data é aquela que damos o primeiro suspiro, muito embora pessoas ainda existam que se registam com datas diferentes, mas mesmo assim ficarão atreladas a que forem registadas.
No Plano Espiritual temos uma ficha de atividades e acontecimentos que regista exactamente nossa nova trajetória aqui a partir de nosso nascimento e tudo é colocado nesta ficha, que é claro tem uma tecnologia própria de inserção.
Mas entrar num novo ano tem muita semelhança com entrar em uma nova vida, pois quando estamos no Plano Espiritual planeamos para a próxima vida e escolhemos muitas coisas que vamos vivenciar ou almejar que aconteça, além de compromissos que deveremos cumprir ao longo do tempo.
Também não sabemos se vamos obter êxito, pois na realidade estamos sempre falando de futuro, e este na maioria das situações pode ser modificado ao longo do tempo.
Comprometemo-nos com coisas básicas, pois que ao longo da vida vamos encontrando pessoas que também têm seus objetivos e acabam entrando em confluência com os nossos, e de antemão sabemos que vamos enfrentar dificuldades que se tivermos a ajuda do Criador certamente transpassaremos.
Da mesma forma acontece quando estamos prestes a adentrar um novo ano.
Fazemos planos, promessas, e se tivermos a ajuda de Deus e formos merecedores de tudo que idealizarmos, certamente conseguiremos.
Mas não adianta a gente planear ou pedir coisas difíceis de serem realizadas, pois Deus nos permitirá o que for para que evoluamos, e muitos de nossos pedidos, às vezes mesmo que nos parecendo viáveis, não acontecerão.
É importante que nos planeemos a fim de atingir metas, pois isso fará com que lutemos o tempo todo para chegar lá, mas tenhamos cuidado com nossas metas, para que não nos tornemos escravos em persegui-las, e para que ao final do próximo ano não fiquemos frustrados por não termos conseguido atingir.
Será que as idealizações para 2020 foram atingidas?
Quem sabe, se não foram, possamos renová-las como metas para 2021?
Certo é que tanto na iminência de um novo ano como numa nova vida, é difícil conseguirmos cumprir os objetivos e promessas, mas tentemos sempre, pois o que vale é o esforço que demonstramos a Deus.

Feliz novo ano a todos, com o amparo do Criador.

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