LUZ ESPÍRITA
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ESCUTANDO SENTIMENTOS - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 8:03 pm

O receio do estrelato e das manifestações individualistas tem culminado em autênticas "fobias éticas", que não educam nossas tendências.
A luz foi feita para iluminar, brilhar.
E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz. (Lucas 8:16).
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; (Mateus 5:14).
Que os tarefeiros da causa estejam atentos à fala inspirada do codificador:
Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.
Olhemos uns pelos outros com olhos de ver.
Muita vez onde supomos existir um doente pertinaz em busca de realce, encontra-se um coração ferido e cansado, confuso e amedrontado mendigando amizade autêntica e compreensão.
Possivelmente quando sentir a força do amor que lhes votamos será tocado.
Sentindo-se amado, pouco a pouco, terá motivos para abandonar as expressões de inferioridade que lhe tortura.
Por fim, descobrirá o quanto somos amados, incondicionalmente, pelo Criador que, em Sua Generosidade Excelsa, nos aguarda no espírito glorioso de Filhos de Sua Obra.
Oremos juntos por esse instante de luz:
Senhor,
Tem piedade das nossas necessidades!
Auxilia-nos a sustentar o perdão com as imperfeições que ainda carregamos na intimidade.
Ensina-nos a nos amar, Senhor!
A aceitar-nos como somos e a buscar a melhora gradativa.
Fortalece nossa capacidade de amar a fim de estendermos a luz da compaixão em relação às falhas que cometemos.
Estende-nos Tuas mãos compassivas!
Unge-nos com misericórdia as dores da angústia de viver trazendo por dentro as sombras do passado!
Ampara-nos, Divino Pastor; para jamais esquecermos as vitórias já alcançadas.
Que elas nos sirvam de estímulo!
Ante as lutas e conflitos da alma, abençoe-nos sempre, Senhor, para que nunca desistamos de combater-nos.
Obrigada, Jesus, por nos incluir em Teu amor infinito, sem a qual não teríamos forças para nos suportar.
Obrigada, Senhor! Hoje e sempre, obrigada!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 8:03 pm

CAPÍTULO 05 - ESTUFAS PSÍQUICAS DA DEPRESSÃO
"Apenas Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência.
Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará.
As vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala."

Um Espírito protector, (Lião, 1860). O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XIII - item 1.

Depressão é uma intimação das Leis da Vida convocando a alma a mudanças inadiáveis.
É a "doença-prisão" que caça a liberdade da criatura, rebelde, viciada em ter seus caprichos atendidos.
Vício sedimentado em milénios de orgulho e rebeldia por não aceitar as frustrações do ato de viver.
Em tese, depressão é a reacção da alma que não aceitou sua realidade pessoal como ela é estabelecendo um desajuste interior que a incapacita para viver plenamente.
Desde as crises ocasionais da depressão reactiva até os quadros mais severos que avançam aos sombrios labirintos da psicose, encontramos no cerne da enfermidade o Espírito, recusando os alvitres da vida.
Através das reacções demonstra sua insatisfação em concordar com a Vontade Divina, acerca de Seus Desígnios, em flagrante desajuste.
Rebela-se ante a morte e a perda, a mudança e o desgosto, a decepção e os desafios do caminho, criando um litígio com Deus, lançando a si mesmo nos leitos amargos da inconformação e da revolta, do ódio e da insanidade, da apatia e do sofrimento moral.
Neste momento de transição em que os avanços científicos a classificam dentro de limites e códigos, é necessário ampliar a lente das investigações para analisá-la como estado interior de inadequação com a vida, que limita o Espírito para plenificar-se, existir, ser em plenitude.
Seu traço psíquico predominante é a diminuição ou ausência de prazer em quaisquer níveis que se manifeste.
Portanto, dilatando as classificações dos respeitáveis códigos humanos, vamos conceituá-la como sendo o sofrimento moral capaz de reduzir ou retirar a alegria de viver.
Sob enfoque espiritual, estar deprimido é um estado de insatisfação crónica, não necessariamente incapacitante.
As mais graves psicoses nasceram através de "filetes de loucura controlada" que roubam do ser humano a alegria de continuar sua marcha, de cultivar sonhos e lutas pelos ideais de sobrevivência básica.
Nessa óptica, tomemos alguns exemplos para ilustrar nosso enfoque de depressão à luz do Espírito imortal em condutas rotineiras:
. O desânimo no cumprimento do dever.
. A insegurança obsessiva.
. A ansiedade inexplicável.
. A solidão em grupo.
. A impotência perante o convite das escolhas.
. A angústia da melhora.
. A aterrorizante sensação de abandono.
. Sentir-se inútil.
. Baixa tolerância às frustrações.
. O desencanto com os amigos.
. Medo da vulnerabilidade.
. A descrença no ato de viver.
. O hábito sistemático da queixa improdutiva.
. A revolta com normas colectivas para o bem de todos.
. A indisposição de conviver com os diferentes.
. A relação de insatisfação com o corpo.
. O apego aos fatos passados.
. O sentimento de menos-valia perante o mundo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 8:04 pm

. O descaso com os conflitos, a negação dos sentimentos.
. A inveja do sucesso alheio.
. A desistência de ser feliz.
. A decisão de não perdoar.
. A inconformação perante as perdas.
. Fixação obstinada nos pontos de vista.
. O desamor aos que nos prejudicam.
. O cultivo do personalismo - a exacerbada importância pessoal.
. O gerenciamento ineficaz da culpa.
. As aflições-fantasma com o futuro.
. A tormenta de ser rejeitado.
. As agruras perante as críticas.
. Rigidez nas atitudes e nos objectivos.
. Conduta perfeccionista.
. Sinergia com o pessimismo.
. Impulso para desistir dos compromissos.
. Pulsão para controlar a vida.
. Irritabilidade sem causas conhecidas.

Todas essas acções ou sentimentos são sinais de depressão na alma, porque criam ou reflectem um desajuste da criatura com a existência, levando-a, paulatinamente, a roubar de si mesma a energia da vida.
São rejeições à Sábia e Justa Vontade Divina - Excelsa expressão do bem em nosso favor nas ocorrências de cada dia.
Bilhões e bilhões de homens, na vida física e extrafísica, estão deprimidos ou constroem "estufas psíquicas" para futuras depressões reconhecidas pela óptica clínica.
Arrastam-se entre a animalidade e o mundo racional.
Lutam para se livrar da pesada crisálida magnética dos instintos e assumir sua gloriosa condição de filhos de Deus e co-criadores na Obra Paternal.
Vivem, mas não sabem existir.
Perambulam, quase sempre, na alegria de possuir e raramente alcançam o prazer de ser.
Ora escravos das lembranças do passado, ora atormentados pelo medo do futuro.
Jornadeiam sob os grilhões do ego recusando os apelos do self.
Esse conceito maleável da doença explica o lamentável estado de inquietude interior que assola a humanidade.
É a "algazarra do ego" criando mecanismos para continuar seu reinado de ilusões, obstruindo os clarões de serenidade e saúde imanentes do self - a vontade lúcida do Espírito em busca da liberdade.
Devido aos programas colectivos de saneamento psíquico da Terra orientados pelo Mais Alto, vivendo o momento histórico.
Nunca foram alcançados índices tão significativos de resgate e socorro nos atoleiros morais da erraticidade. Consequentemente, eleva-se o número de corações que regressam ao corpo carnal sob custódia do remorso.
Esse estado psíquico responde pelo crescimento dos episódios depressivos.
Seria trágico esse fenómeno social se deixássemos de considerá-lo como indício de mudança nos refolhos da alma. Conquanto não signifiquem libertação e paz, coloca a criatura a caminho dos primeiros lampejos de consciência lúcida.
O planeta em todas as latitudes experimentará uma longa noite de dores psicológicas, em cujo bojo despontará um homem novo e melhorado em busca dos Tesouros Sublimes, ainda desconhecidos em sua intimidade.
Ao formularmos esse foco para a depressão, nossa intenção é estimular a medicina preventiva centrada no Espírito imortal e na educação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 8:04 pm

É assustador o índice de deprimidos segundo a sintomatologia oficial, no entanto, infinitamente maior é o número daqueles que cultivam, em regime de cultura mental, os embriões de futuros episódios psiquiátricos depressivos.
A solução vem da própria mente.
A terapêutica está no imo da criatura.
Aprender a ouvir os ditames da consciência:
eis o que pouco fazem quando se encontram sob sansão da depressão.
Esse é o estado denominado "consciência tranquila", ou seja, quando o self supera as tormentas da culpa e do medo, da ansiedade e do instinto de posse.
Aprendendo a arte de ouvir esse guia infalível, a criatura caminha para o sossego íntimo, a serenidade, a plenitude, a alegria.
A saúde decorre de uma relação sinérgica com o self.
Dele partem as forças capazes de estabelecer o clima da alegria de ser.
Do self procede a energia da vida, o tónus que permite a criatura ampliar seu raio de interacção com a natureza - outra fonte de vida -, expressão celeste de Deus no universo.
A depressão é ausência dessa energia de base, dessa força de vitalidade e saúde, ensejando a desfasagem, o esgotamento.
A ausência de contacto com o amor - Lei universal de vida e saúde integral - responde pelos reflexos da "morte interior".
Nos apelos da consciência encontraremos o receituário para a liberdade e a paz, o equilíbrio e o progresso.
A ingestão dessa medicação amarga será a batalha sem tréguas, porque aderir aos ditames conscienciais significa, antes de tudo, deixar de desejar o que se quer para fazer o que se deve.
Nessa escola de novas aprendizagens, a alma fará cursos intensivos de novos costumes emoções através do aprendizado de olhar para si.
A ausência de uma percepção muito nítida das nossas reais necessidades interiores leva-nos à busca do prazer estereotipado, aquele que a maioria procura para preencher o "vazio", e não viver criativamente em paz.
Depois vem a culpa e outras manifestações de dor.
O prazer real é somente aquele que nos equilibra e preenche sem sofrimentos posteriores.
Somente estando identificados com os "recados do self", construiremos uma vida criativa, adequada ao caminho individual.
Jung chamou esse processo de individuação.
Descobrir nossa singularidade, saber vivê-la sem afronta ao meio e colocá-la a serviço do bem, essas as etapas do crescimento sistémico, integrado com o próximo, a vida e a natureza.
Individuação só será possível acolhendo a sombra do inconsciente através dos "braços do ego", entregando-a à "inteligência espiritual" do self, para transformá-la em luz e erguimento conforme as aspirações do Espírito.
Depressão - condição mental da alma que começa a resgatar o encontro com a verdade sobre si mesma depois de milénios nos labirintos da ilusão.
"A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um.
O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?"
"Com relação à vida material, é a posse do necessário.
Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.".
Consciência tranquila e prazer de viver, a maior conquista das pessoas livres e felizes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 8:04 pm

CAPÍTULO 06 - IDENTIDADE CÓSMICA
"E aqui está o segundo que é semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo, como a ti mesmo."
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XV - item 4

Chamamos de atitude amorosa o tratamento benevolente com nosso íntimo através da criação de um relacionamento pacífico com as imperfeições.
Desenvolver habilidades benevolentes para consigo é a base da vida saudável e o ponto de partida para o crescimento em harmonia.
Amar a si mesmo é o cerne da proposta educativa do Ser na fieira das reencarnações.
O aprendizado do auto-amor tem como requisito essencial a descoberta de nossa "identidade cósmica", ou seja, a realidade do que somos na Obra Incomensurável do Pai, nossa singularidade.
A singularidade é a "Marca de Deus" que define nossa história real no trajecto da evolução.
É como o Pai nos "conclama" ser na Sua Criação.
Importante frisar que a singularidade é o conjunto de caracteres morais e espirituais peculiares à criatura única que somos.
Nela se incluem também as mazelas cujos princípios foram colocados no homem para o bem, conforme acentuam os Sábios e Orientadores da codificação.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo X - item 10)
Quando rejeitamos alguns aspectos dessa "identidade exclusiva", nasce o conflito, que é a tormenta interior da alma convocada a transformar para melhor sua condição individual.
O Doutor Carl Gustav Jung definiu esse movimento da vida mental como sendo individuação, isto é, viver em busca da individualidade, do Si Mesmo.
Não se trata de viver o individualismo, o personalismo, mas aprender a ser, permitindo a expressão de suas características divinas latentes e de sua sombra sem as máscaras sociais.
Individuação vem do latim indivíduos cujo sentido é "indiviso", "inteiro".
O progresso pessoal de cada um de nós é a arte de saber integrar os "fragmentos" da vida íntima, harmonizando-os para que reflictam as leis naturais de cooperação, trabalho e liberdade.
Somente vibrando na frequência do amor, esse movimento educativo da alma plenifica-se sem a angústia e o martírio - patrocinadores de longas e dolorosas crises nesse caminhar evolutivo.
A convivência compassiva com nossa sombra só será possível com aceitação de nossa "identidade cósmica".
Aceitar os nossos sentimentos, desejos, acções, impulsos e pensamentos.
Aceitar é entrar em contacto sem reprimir.
Criar uma conexão sem julgamento e condenação.
A aceitação não significa acomodação ou adesão passiva, mas entender, investigar e redireccionar esse património sem rigidez e desamor.
É cuidar bem de si mesmo com ternura e respeito ao património adquirido, incluindo os maus pendores.
Aceitação é a maneira carinhosa de tratar nossa intimidade, sem rivalidade.
Aceitar-se é confundido com passividade, irresponsabilidade.
O conceito é exactamente o inverso, pois quando eu aceito as coisas como são, resgato minha força e poder transformador.
Se nós não nos aceitamos, magoamos a nós mesmos, por isso o auto-amor é também auto-perdão.
Perdoar é ter uma atitude de compaixão que nos distancie dos julgamentos e críticas severas e inflexíveis.
O remédio será aprender a amar a vida que temos, o que somos, o que detemos e viver um dia após o outro, cultivando na intimidade a certeza de que o percurso que fizemos deve ser visto como o melhor e mais proveitoso às necessidades que carregamos.
É a nossa "marca personalizada" na Obra da Criação pela qual devemos responder com siso moral.
Certamente as Leis Divinas, a todo instante, conspiram para que afinemos essa singularidade com a "Frequência de Deus", sempre elevando-nos e progredindo.
A proposta do auto-amor, impele-nos, sobretudo, a conhecer nosso ritmo evolutivo, nossa capacidade pessoal de ajustarmo-nos a essa melodia universal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:35 pm

Ninguém consegue ultrapassar seus limites pessoais de uma para outra hora.
A palavra limite quer dizer o "ponto máximo".
Em termos espirituais, só daremos conta daquilo que podemos.
Nem mais nem menos.
O martírio representa alguém querendo dar além do que consegue, idealizando caminhos, cobrando de si o impossível.
Uma postura de inaceitação de sua condição íntima, gerando insatisfações e desequilíbrios.
Quando não amamos a nós mesmos, vivemos à mercê da influência dos palpites e reprimendas.
A aprovação alheia é mais importante que a aprovação interior.
Nessa situação escasseiam estima e confiança a si próprio, que impossibilitam a expressão da condição particular.
Assim sentimo-nos prisioneiros adoptando máscaras com as quais procuramos evitar a rejeição social, fazendo-nos infelizes e revoltados.
Ninguém pode definir para nós "o quanto ou o como deveríamos".
Podemos ouvir opiniões e conselhos, correctivos e advertências, porém, o exercício do auto-amor nos ensinará a tirar de cada situação aquilo que, de facto, nos será útil ao crescimento.
Cada pessoa ou situação de nossas vidas é como o cinzel que auxiliará a esculpir a obra incomparável da ascensão particular.
Mas recordemos: apenas um cinzel!
Apenas instrumentos!
Pois a tarefa intransferível de talhar é com cada um de nós, escultores da individuação.
Quem se ama, imuniza-se contra as mágoas, guarda serenidade perante acusações, desapega-se da exterioridade como condição para o bem-estar, foca as soluções e valores, cultiva indulgências com o semelhante,, tem prazer de viver e colabora espontaneamente com o bem de todos e de tudo.
Por longo tempo ainda exercitaremos esse amor a nós mesmos, alfabetizando nossas habilidades emocionais para um relacionamento intrapessoal fraterno, equilibrado.
A primeira condição para nos engajarmos na Lei do Amor é essa caridade connosco, o encontro do self divino, sem o qual ficaremos desnorteados no labirinto das experiências diárias, à mercê de pessoas e factos, adiando o Instante Celeste de sintonizar nossos passos com a paz interior que todos, afanosamente, estamos perseguindo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:35 pm

CAPÍTULO 07 - CARTA DE MISERICÓRDIA
"Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho?
- Ou, como é que dizeis ao vosso irmão:
Deixa-me tirar um argueiro ao teu olho, vós que tendes no vosso uma trave?
- Hipócritas, tirai primeiro a trave ao vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão.

(S. Mateus, cap. VII, vv. 3 a 5). O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo X - item 14.

Um dos efeitos mais inconfessáveis da arrogância em nossos relacionamentos é a nossa falta de habilidade para conviver com honestidade emocional perante o brilho dos êxitos alheios.
Com rara facilidade, sob acção fascinadora da arrogância, julgamo-nos os melhores naquilo que fazemos.
Esse é um efeito dos mais perceptíveis do estado orgulhoso de ser, isto é, a propriedade mental de luz toldar a visão para enxergar o quanto nos iludimos com as fantasias do ego.
O senhor Allan Kardec teve ensejo de destacar:
"Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que poderia realçá-lo?"
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo X - item 10).
Na maioria das vezes, o mérito alheio ainda é recebido no nosso coração como uma ameaça ou até mesmo uma afronta.
Raramente, admitimos tal verdade.
O hábito milenar de racionalizar nossos sentimentos constitui uma couraça psicológica enrijecida pelo orgulho.
"O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece."
Um espírito protector. (Bordéus, 1863.)
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo IX - item 9).
A educação dos sentimentos depende de abundante honestidade emocional para conduzir-nos à verdade sobre nós mesmos.
Sem consciência de suas raízes, jamais admitiremos a presença do ciúme e da inveja - monstros roedores da paz interior.
Combalidos por antigas frustrações, desgostosos connosco mesmo, sentimo-nos desvalorizados, tomados por uma sensação de inutilidade e abandono que tentamos mascarar com alegrias fictícias e conquistas perecíveis.
Nesse clima psicológico, como cultivar empatia e entusiasmo com as virtudes alheias?
Os relacionamentos a todo instante sofre os efeitos indesejáveis da carga vibratória dessas desconhecidas sombras íntimas, criando estados de desconforto que estipulam a antipatia ou mesmo a aversão, sem que haja, de nossa parte, qualquer intenção nesse sentido.
São reflexos automáticos que trazemos na vida mental, com enorme poder de acção sobre as atitudes, sem que disso tenhamos consciência.
E o que é mais grave: por desconhecer a natureza dessas emoções, vemos o argueiro no olho alheio, sendo que temos uma trave em nossa visão espiritual, conforme a assertiva evangélica.
Sentimos que as relações não vão bem, mas por incapacidade ou falta de habilidade em analisar a nós próprios, instintivamente fazemos uma projecção na tentativa de descobrir do lado de fora, aquilo que, em verdade, está dentro de nós.
Que nenhum discípulo de Jesus, perante os fracassos e perdas na vida interpessoal, julgue-se derrotado ou mal-intencionado.
Nos serviços da Obra Cristã nos quais somos colaboradores iniciantes, jamais devemos nos permitir desacreditar nas intenções sinceras que sustentam nossos ideais de ascensão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:36 pm

Quase sempre, elas constituem nossa única garantia legítima em direcção aos projectos de iluminação espiritual que abraçamos.
Se assim nos pronunciamos é porque, mesmo entre os discípulos da Boa Nova, a nobreza de intenções não é suficiente para impedir os efeitos lamentáveis da altivez que carregamos em nossos corações.
Por muito tempo ainda, lutaremos tenazmente na colheita infeliz dos reflexos de prepotência e competição, que assinalam nossos impulsos uns perante os outros.
É um processo natural da evolução.
Nada há de errado em sentir o que sentimos.
O problema surge quando rebelamos em aceitar e investigar a existência de semelhantes atitudes de cada hora.
Não agimos assim por mal deliberadamente.
São as compulsões morais que geramos nas experiências sucessivas da ambição e da loucura nas vitórias perecíveis.
Perdoar e nos perdoar sempre será a solução.
Olhemos para nós com lealdade, mas, igualmente, com carinho e misericórdia.
Somos alma recém egressas das fileiras do mal.
Estamos, a exemplo do Filho Pródigo da passagem evangélica, retomando nossos caminhos após as atitudes enfermiças do esbanjamento psicológico e emocional, que nos aprisionaram nas refregas do vazio existencial.
Segundo o benfeitor Calderaro, o capítulo X de o Evangelho Segundo o Espiritismo, "Os Que São Misericordiosos", deveria ser um dos textos mais estudados entre nós, os seguidores da Doutrina Espírita.
Os ambientes educativos dos centros espíritas que não cultivarem a misericórdia terão enormes obstáculos com o conflito improdutivo - resultado da maledicência e da hipocrisia, da severidade e da intolerância.
Tolerância, indulgência, perdão, compaixão e benevolência são algumas das expressões morais imprescindíveis no trato de uns para com os outros.
Sem essas atitudes de amor, como nos suportaremos?
A comunidade doutrinária espírita avizinha o momento de seu desabrochar para a maior idade.
A consciência da extensão de nossas enfermidades nos levará a concluirmos que nosso movimento libertador é um hospital de vastas proporções e especificidade.
Como doentes em busca da cura, reconheceremos as necessidades do amor, sem o qual adiaremos nossa alta médica.
E que manifestação de amor aplicado mais palpável pode existir que a misericórdia?
Nada dói tanto aos seguidores sinceros de Jesus quanto a ofensa não intencional, as rusgas não desejadas, as perdas afectivas, as reacções inesperadas de ingratidão, o vício em coleccionar certezas irremovíveis que traduzem prepotência, a indiferença e o menosprezo.
São os frutos da ausência de misericórdia no coração humano.
Enquanto procurarmos as causas das decepções de nossas relações no estudo das imperfeições, não encontraremos respostas satisfatórias às nossas indagações e nem consolo para nossa alma.
Somente compreendendo sinceramente quais lições evangélicas deixamos de aplicar em cada passo do caminho, obteremos alento, orientação e estímulo.
Misericórdia para com as imperfeições alheias, piedade para com nossas faltas!
Portanto, as casas espíritas orientadas pelas atitudes de amor adoptem sem demora o projecto da misericórdia fraternal.
Grupos que se reúnam em vivências de honestidade emocional.
Que tenham bondade para tratar de seus sentimentos e discuti-los em equipa.
Sinceros, porém, acolhedores.
Grupos que possam olhar de frente para a arrogância que ainda nos domina, e que tenham coragem de confrontá-la em público.
Grupos que saibam pedir perdão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:36 pm

Conjuntos doutrinários dispostos a estimular o brilho das qualidades uns dos outros e dispostos à compaixão com os defeitos e motivados pela abolição da rigidez mórbida.
No Hospital Esperança, Dona Modesta desenvolve uma actividade de fidelidade aos sentimentos.
Chama-se Tribuna da Humildade.
É um recurso terapêutico em pacientes depois de certo tempo de tratamento emocional.
Depoimentos, cartas, pedidos de perdão, histórias de vida, fracassos e vitórias são apresentados como forma de cuidar dos sentimentos secretos, não admitidos durante a vida física.
Gostaríamos de passar aos amigos de ideal na carne a síntese de uma carta que foi lida por destacado líder espírita ao ocupar, oportunamente, a Tribuna.
Não importa o que se passou ou o que virá, nosso intuito é pensarmos, a todo instante, que a aplicação da misericórdia é a virtude que abranda nossos corações e o testemunho da leveza em nossas almas.
Senhores e senhoras, irmãos de doutrina, paz na alma.
Vir aqui falar de meus sentimentos é uma honra.
Só lamento que tenha descoberto tão tarde o bem que me faz falar do que sinto.
A vida física brindou-me com a bênção de ser espírita.
Três décadas e meia em ininterrupta e afanosa actividade doutrinária.
Sou uma vítima de mim mesmo.
É incrível como ouvi tantas e tantas vezes, assim como acredito que tenha ocorrido igualmente com muitos aqui presentes, sobre a importância de perdoar e, no entanto, tal esclarecimento ficou apenas no cérebro.
Impermeável ao coração.
Tenho aprendido sobre custódia de Dona Modesta que, quando a lembrança de alguém vem em nossa mente e desperta maus sentimentos, estamos magoados.
Segundo ela, a mágoa que permanece por mais de uma hora em nossa cabeça, desce para o coração.
E só Deus sabe quando sairá daí...
É o meu caso! Deixei a mágoa por mais de uma hora na cabeça!
Talvez alguém possa perguntar: por que apenas sessenta minutos de mágoa na cabeça?
Segundo Dona Modesta, os sessenta minutos são suficientes para perguntar a nós mesmos por que nos magoamos, e descobrir em nós próprios os remédios para curar-nos.
Livrar-nos das algemas da ofensa.
A princípio, pode parecer uma atitude ingénua e desproposital, mas somente quem já sofreu o bastante com as mágoas sabe da importância de exonerá-las o quanto antes da intimidade.
Ao adquirir coincidência dos males que ela nos traz, temos mais motivos ainda para extirpá-las.
Eu trouxe durante décadas a lembrança desagradável de pessoas e situações que permiti morarem em meu pensamento por mais de uma hora na condição de opositores.
Olhei demais para fora e a doença desceu da cabeça para o coração.
Pois bem! Isso me custou um câncer, o desencarne prematuro, perdas afectivas muito caras, lágrimas sem conta, angústia interminável e isolamento.
Aqui estou eu diante de mim mesmo.
E os meus supostos inimigos, aqueles que me feriram, onde e como estão?
Certamente seguem seus caminhos e não levam más lembranças, especialmente de minha pessoa.
Meus amigos, o drama é um só!
Tivesse lucidez suficiente e bastariam sessenta minutos para descobri-lo!
Faltou-me honestidade emocional para admitir que fosse invejoso, ciumento, competitivo, avesso a críticas e melindroso.
Meu orgulho impediu-me de admitir que outras pessoas fossem tão boas quanto eu naquilo que eu fazia.
Fracassei em um dos testes mais difíceis da jornada humana:
exaltar a importância do outro com legítima alegria no coração e "diminuir para que o Cristo crescesse".
(João, 3:30).
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:36 pm

Em meu favor, apenas tenho as minhas intenções.
Em nenhum momento, conscientemente, calculei conflitos ou interesses pessoais.
Sou vítima de mim mesmo, do meu passado de semeadura na arrogância.
Tudo passou no tempo, mas ainda trago a mente presa ao passado.
Isso é a mágoa no coração.
Permiti-me adoecer.
Magoar é admitir ser ferido, machucado.
A cicatrização pode demorar.
A minha está se processando somente depois da morte.
Como? Como cicatrizar essas úlceras que eu mesmo provoquei?
Como esquecer?
Foram as perguntas que fiz desesperadamente ao tomar maior consciência do quanto me faziam sofrer.
Dona Modesta, aqui presente, é testemunha da minha dor.
Como religiosos, raramente escapamos de uma velha armadilha: a presunção.
Eu não escapei.
Por presunção tornei-me um exímio juiz dos actos alheios, recheado de certezas sobre a conduta dos outros, um psicólogo implacável do comportamento do próximo.
Tinha nos lábios as explicações perfeitas para a atitude de todos que me ofenderam.
Quanto a mim, sempre me desculpava.
Como pude ser tão descuidado!
Olhei demais para o argueiro do próximo e não vi minha própria trave.
É preciso muita coragem para nos confrontar!
Admitir a presença da inveja.
Reconhecer que todos os nossos dissabores começam em nós mesmos.
Conscientizar que somos os únicos responsáveis pelo que sentimos.
Que podemos a qualquer momento retomar nossa alegria, nossas metas, nosso processo de crescimento, conforme a orientação evangélica que já possuímos.
Foi então que surgiu uma palavra fundamental na minha recuperação.
Misericórdia. Compaixão.
Permitam-me a leitura de um parágrafo que se tornou a fonte de inspiração para minha recuperação:
'"Espíritas, jamais vos esqueçais de que, tanto por palavras, como por actos, o perdão das injúrias não deve ser um termo vão.
Pois que vos dizeis espíritas, sede-o.
Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer.
Aquele que enveredou por esse caminho não tem que se afastar daí, ainda que por pensamento, uma vez que sois responsáveis pelos vossos pensamentos, os quais todos Deus conhece.
Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor:
Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos.
Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo:
Nada tenho contra o meu próximo.
Simeão (Bordéus, 1862).
(O Evangelho Segundo o Espiritismo -capítulo X - item 14).
Misericórdia!
Ao invés de estudar as razões das ofensas, passei a pensar e aplicar a atitude de misericórdia.
Mentalizei meus supostos adversários que me traziam más recordações e os envolvia em luzes de cores calmantes.
Orei com sinceridade pedindo a Deus por eles.
Lamentavelmente não pude fazer o que faria hoje se estivesse no corpo: os procuraria para um abraço sincero.
Misericórdia, inclusive para mim, foi o que pratiquei, pois perdi, além de tudo, a minha paz.
Auto-perdão, admitir a minha participação em tudo aquilo que tinha motivo para queixar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:36 pm

Como é doloroso tomar contacto com as nossas ilusões.
Incrível! Hoje tenho conhecido dramas terríveis de pessoas que foram efectivamente feridas e dilaceradas na vida física, e que se encontram aqui nessa casa de amor em estados melhores que o meu.
Como nós espíritas nos ferimos sem motivos reais para tanto!
Somente quando conseguirmos rir das atitudes que nos feriram, estaremos nos curando.
Quanta arrogância totalmente necessária em uma obra que nem nos pertence!
Que vergonha a minha!
Como eu gostaria que tudo tivesse sido diferente!
Sem dissensões, inimizades, perdas.
Só tenho uma virtude em toda a minha história.
Não desisti de refazer meus caminhos.
Talvez por isso sofra tanto.
Por isso estou aplicando a misericórdia comigo também.
Não existe para mim conceito mais claro de misericórdia que acolher com afecto e carinho, estímulo e alegria o valor alheio, ceder da minha importância pessoal em favor da motivação de outrem para a sua caminhada.
Hoje, creio sinceramente que se concedermos apenas uma hora para analisarmos as imperfeições e usarmos o restante do tempo para nos amar, a vida nos presenteará com mais motivos para ser feliz.
Penso muito em Jesus.
Sabendo de todas as nossas mazelas, mesmo hoje como espíritas, continua contando connosco.
Essa tem sido a minha força.
Saber que o Mestre ainda conta comigo tem sido meu descanso, minha motivação.
Obrigado a todos por me ouvirem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:36 pm

CAPÍTULO 08 - ESTUDANDO A ARROGÂNCIA I
"Assim não deve ser entre vós, ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo."
(S. Mateus, capítulo XX, vv. 20 a 28.) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo VII - item 4

Arrogância, eis um tema de extrema importância para ser meditado em nossos núcleos de amor cristão.
Tenho arrogância?
Como descobri-la?
O que é arrogância?
Um sentimento ou uma atitude?
Qual a sua origem?
Como se manifesta?
Como perceber a atitude arrogante?
Que fazer para superar essa doença moral?
Como espíritas somos arrogantes?
Como? Por que existe ainda a arrogância em nossa conduta, apesar do conhecimento doutrinário?


Os Sábios Guias da Verdade oportunamente responderam ao senhor Allan Kardec:
"De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre:
suas leis, sua organização social, sua educação".
O estudo do sentimento de egoísmo constitui elemento fundamental no entendimento de nossas necessidades espirituais.
Significa estudar nossa própria história evolutiva.
A subtil diferença entre pensar excessivamente em si e pensar em si com benevolência pode determinar a natureza de todos os sentimentos humanos.
O excesso de interesse por si mesmo é um ciclo de ilusões que se repete sustentando o auto-desamor em milénios de perturbação.
A benevolência é a bondade efectiva que caminha de braços dados com a edificação da paz interior.
O codificador ponderou:
"Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas.
O abuso que delas se faz é que causa o mal."
(O Livro dos Espíritos - questão 907- comentário de Allan Kardec).
Na fieira do tempo o egoísmo sofreu mutações infinitas que compõem a versatilidade de toda a estrutura sentimental do Ser.
O abuso desses "gérmens de luz" tem constituído entrave ao longo dos tempos.
A paixão - ausência de domínio sob gerência da vontade - ensejou reflexos perniciosos, cujas raízes encontram-se no egocentrismo - o estado mental de fechamento das nossas próprias criações.
Nessas linhas de evolução, o instinto de conservação desenvolveu a posse como sinónimo de protecção, vindo a constituir o núcleo da tormenta humana como asseveram acima os Sábios Orientadores da Verdade:
"(...) o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria (...)."
Alicerçados na necessidade apaixonada de protecção material, enlouquecemos através da posse e a conduta arrogante ensejou-nos a concretização dessa atitude de egoísmo.
O princípio que gera a arrogância foi colocado no homem para o bem.
É a ânsia de crescer e realizar-se.
O impulso para progredir.
O instinto de conservação que prevê a protecção, a defesa.
Tais princípios são os factores de motivação para a coragem, a ousadia, o encanto com os desafios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:37 pm

Graças a eles surgem os líderes, o idealismo e as grandes realizações inspiradas em visões ampliadas do futuro.
O excesso de tudo isso, no entanto, criou a paixão.
A paixão gerou o vício.
O vício patrocinou o desequilíbrio.
Comparemos o egoísmo como sendo o vírus e a arrogância a doença, seus efeitos nocivos e destruidores.
Arrogância, "qualidade ou carácter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; orgulho ostensivo, altivez".
Esse o conceito dos dicionários humanos. (Dicionário Houaiss).
No sentido espiritual podemos inferir vários conceitos para o sentimento de arrogar.
Vejamos alguns: exacerbada estima a si mesmo.
Supervalorização de si.
Autoconceito super dimensionado.
Desejo compulsivo de se impor aos demais.
O egoísmo é o sentimento básico.
Arrogância é a atitude íntima derivada desse alicerce de sensações nascidas no coração ocupado, exclusivamente, com seu ego.
Uma compulsiva necessidade de ser o primeiro, o melhor, manifestada através de um cortejo de pensamentos, emoções, sensações e condutas que determinam o raio espiritual no qual a criatura transita.
Asseveram os Sábios Guias:
"(...) a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas.
O abuso que delas se faz é que causa o mal".
Façamos um pequeno gráfico *.
Escreva a palavra arrogância e a circule.
Agora faça quatro traços nos pontos cardeais e escreva:
rigidez, competição, imprudência, prepotência.
Novamente faça um círculo em torno desses pontos e escreva: estado orgulhoso de ser.
Feche um novo círculo.
Essas são as quatro acções mais perceptíveis em decorrência do ato de arrogar que estruturam expressiva maioria dos estados psicológicos e emocionais do Ser.
A partir desse estado orgulhoso de ser, podemos perceber um quadro mental de rígida auto-suficiência, do qual nascem as ilusões e os equívocos da caminhada humana, arrojando-nos aos despenhadeiros da insanidade aceitável e da rivalidade envernizada.
O traço predominante na personalidade arrogante é a não conformidade.
Usada com equilíbrio, é fonte de crescimento e progresso.
Todavia, sob acção dos reflexos da posse e do interesse pessoal, que marcaram, acentuadamente, nossas reencarnações, esse traço atingiu o patamar de rebeldia e obstinação enfermiça.
A rebeldia tornou-se um condicionamento psicológico que dilata as acções da arrogância.
Uma lente de aumento que decuplica e acelera as mutações da auto-suficiência.
Estudemos, portanto, as atitudes pilares da arrogância sob as lentes da rebeldia.
A rigidez é a raiz das condutas autoritárias e da teimosia que, frequentemente, desaguam nos comportamentos de intolerância.
Sob acção da rebeldia, patrocina o desrespeito ao Livre-arbítrio alheio e alimentam constantemente o melindre por a vida não ser como ele gostaria que fosse.
A competição não existe sem a comparação e o impulso de disputa.
Quando tomado pela paixão, a força motriz de semelhante acção é o sentimento de inveja.
Na mira da rebeldia, causa o menosprezo e a indiferença que tenta empanar o brilho de outrem.
A competição é o alimento do sentimento de superioridade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:37 pm

A imprudência é marcada pela ousadia transgressora que não teme e nem respeita os limites.
Quase sempre, essa inquietude da alma alcança o perfeccionismo e a ansiedade que, frequentemente, desaguam na necessidade de controlo e domínio.
Consubstanciam modos rebeldes de ser.
Desejo de hegemonia.
Sentimento de poder.
A prepotência é um efeito natural da perspicácia que pode insuflar a megalomania, a presunção.
Juntos formam o piso da vaidade.
A rebeldia, nesse passo, conduz a uma desmedida necessidade de fixar-se em certezas que adornam posturas de infalibilidade.
Conforme o temperamento e a história espiritual particular, a arrogância manifesta-se com maior ou menor ênfase em uma das quatro acções descritas, criando efeitos variados no comportamento.
Apesar disso, a cadeia de reflexos íntimos é muito similar.
Egoísmo que na sua mutação transforma-se em arrogância; essa, por sua vez, deriva um cortejo de outros sentimentos sob acção do orgulho e da rebeldia.
A arrogância retira-nos o "senso de realidade".
Acreditamos mais naquilo que pensamos sobre o mundo e as pessoas do que naquilo que são realmente.
Por essa razão, esse processo da vida mental consolida-se como piso de inumeráveis psicopatologias da classificação humana.
A alteração da percepção do pensamento é o factor gerador dos mais severos transtornos psiquiátricos.
São as manifestações enfermiças do eu na direcção do narcisismo.
Na rigidez, eu controlo.
Na competição, eu sou maior.
Na imprudência, eu quero.
Na prepotência, eu posso.
A arrogância pensa a vida e ao pensá-la, afasta-nos dos nossos sentimentos.
Essa desconexão com a realidade estabelece a presença contínua das fantasias no funcionamento mental, isto é, a "interpretação ou imagem desvirtuada" que a pessoa alimenta acerca de fatos, pessoas e coisas.
Nesse passo existem dois tipos psicológicos mais comuns.
A arrogância voltada para o passado, quando há uma fixação em mágoas decorrentes da inaceitação de ocorrências que na sua excessiva auto-valorização, o arrogante acredita não merecê-las.
O outro tipo é a arrogância dirigida ao futuro, quando a criatura vive de ideais, no mundo das ideias, acreditando-se mais capaz e valorosa que realmente o é.
Passível de realizar grandes e importantes missões, tais "deslocamentos da mente" são formas de evadir de algo difícil de aceitar no presente.
De alguma maneira, constituem mecanismos protectores, todavia, quando se prolongam demasiadamente, podem gerar enfermidades psíquicas.
A depressão é resultado da arrogância voltada ao passado.
E a psicose em relação ao futuro.
Interessante observar que uma das propriedades psicológicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrogância é a incapacidade para percebê-la.
O efeito mais habitual de sua acção na mente humana.
Basta destacar que dificilmente aceitamos ser adjectivados de arrogantes.
Entretanto, um estudo minucioso nos levará a concluir que, raríssimas vezes na Terra, encontraremos condutas livres dessa velha patologia moral.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 02, 2018 8:37 pm

Relacionemos outros efeitos dessa doença:
01. Perda do auto-domínio.
02. Apego a convicções pessoais.
03. Gosto por julgar e rotular a conduta alheia.
04. Necessidade de exercício do poder.
05. Rejeição a críticas ou questionamentos.
06. Negação de sentimentos.
07. Ter resposta para tudo.
08. Desprezo aos esforços alheios.
09. Imponência nas expressões corporais.
10. Personalismo.
11. Auto-suficiência nas decisões.
12. Bloqueio na habilidade na empatia.
13. Incapacita para a alteridade.
14. Turva o afecto.
15. Acredita que pode mais do que realmente é capaz.
16. Buscar mais do que necessita.
17. Querer ir além de seus limites.
18. Exigir mais do que consegue.
19. Sentir que somos especiais pelo bem que fazemos.
20. Supor que temos a capacidade de dizer o que é certo e errado para os outros.
21. Sentir-se com direitos e qualidades em função do tempo de doutrina e da folha de serviços.
22. Acreditar que temos a melhor percepção sobre as responsabilidades que nos são entregues em nome do Cristo.
23. Julgar-se apto a conhecer o que se passa no íntimo de nosso próximo.
24. Desprezar o valor alheio.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:43 pm

A ausência de consciência sobre esse sentimento e suas manifestações de rebeldia tem sido responsável por inúmeros acidentes da vida inter-pessoal.
Mesmo entre os seguidores das orientações do Evangelho, solapam as mais caras afeições, levando muita vez a tomar os amigos como autênticos adversários como destaca a questão 917 de O Livro dos Espíritos:
"Quando compreender bem que no egoísmo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que a cada momento o magoam, a que perturba todas as relações sociais, provoca as dissensões, aniquila a confiança, a que obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho, enfim a que do amigo faz inimigo, ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar, com a sua própria segurança".
Ter autoconsciência é uma das habilidades da inteligência emocional.
Saber dar nome aos nossos sentimentos é fundamental no processo de crescimento e reforma interior.
A arrogância que costumamos rejeitar como característica de nossa personalidade é responsável por uma dinâmica metamorfose dos sentimentos.
A ignorância de seus efeitos em nossa vida é explorada pelos génios astutos da perversidade no planeta.
Necessário registar que os apontamentos sobre a arrogância aqui transcritos foram embasados no livro "Porta Larga, o Caminho da Perdição Humana".
Um exemplar utilizado nas escolas da maldade em núcleos organizados da erraticidade, arquivado na biblioteca do Hospital Esperança quando seu próprio autor foi resgatado e socorrido por Eurípedes Barsanulfo há algumas décadas.
Hoje reencarnado no seio do Espiritismo, esse escritor das penas vãs busca sua redenção na luta contra sua própria arrogância.
O gráfico que sugerimos, o Hospital Esperança também da autoria de nosso irmão, é usado em inúmeras plataformas de estudos com finalidades hegemónicas em clãs a perversidade.
O livro, que ainda permanece arquivado em nosso centro de estudos, é um exemplar de inteligência psicológica cujo propósito é combater a mensagem evangélica do Cristo embasada na humildade.
Segundo o autor, a arrogância é a porta larga para implantação do caos no orbe terreno.
"Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; - e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo".
Por que essa compulsão por ser o maior em uma obra que não nos pertence?
Se a obra é do Cristo, por que a ante-fraternidade?
Considerando tais reflexões acerca dessa doença dos costumes, teçamos algumas ponderações que nos motivem a algumas auto-aferições à luz da claridade espírita.

Arrogância - Intolerância, inveja, poder, vaidade.
Intolerância - autoritarismo e teimosia.
Inveja - impulso de disputa e comparação.
Poder - perfeccionismo e ansiedade.
Vaidade - Megalomania e presunção.

(Nota do médium: gráfico proposto pela autora espiritual).
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:43 pm

CAPÍTULO 09 - ESTUDANDO A ARROGÂNCIA II
"Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer.
Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no Céu, se o merecerdes."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo VII - item 6

"E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes:
Que estáveis vós discutindo pelo caminho?
Mas eles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o maior."
(Marcos 9:33 e 34)
Esse cenário da época do Cristo ainda se repete entre nós até hoje.
De forma velada, subtil, sob indução do reflexo da arrogância e suas consequentes máscaras, ainda disputamos a maior idade em relação a quem partilha connosco o trabalho do bem.
O reflexo mais saliente do ato de arrogar é a disputa pela apropriação da Verdade.
Nossa necessidade compulsiva d estarmos sempre com a razão demonstra a acção egoísta pela posse da Verdade, isto é, daquilo que chancelamos como sendo a Verdade.
De posse dessa sensação orgulhosa de possuir o "certo" em nosso ponto de vista, há milénios adoptamos condutas que nos causam a agradável ilusão de possuirmos autoridade suficiente para julgar com precisão a vida alheia.
É com base nesse estado orgulhoso de ser que sustentamos o velho processo psíquico de auto-fascinação com o qual nutrimos exacerbada convicção nas opiniões pessoais, especialmente em se tratando das intenções e atitudes do próximo.
Na raiz desse mecanismo psicológico encontra-se a neurótica necessidade de sentirmos superiores uns em relação aos outros, a disputa.
O orgulho é o sentimento de superioridade pessoal e a arrogância é a expressão doentia desse traço moral.
Iluminados pela Doutrina Espírita, não desejamos mais o mal de outrem.
Enobrecidos pelas boas intenções, já nos qualificamos para operar algo de útil em favor do bem alheio, contudo, os reflexos mentais do orgulho ainda não nos permitem vencer o sentimento de importância pessoal.
Reconhecer pelo coração o valor alheio na Obra do Cristo ainda constitui um enorme desafio educativo para nossas almas.
A mais destruidora atitude na convivência humana é nossa arrogância de acreditar convictamente no julgamento que fazemos acerca de nosso próximo.
Mesmo imbuídos de intenções solidárias, somos néscios em matéria de limites nas relações humanas.
Quase sempre somos assaltados por velhos ímpetos arquivados na bagagem da vida afectiva que nos inclinam a atitudes de invasão e desrespeito para com o semelhante.
"Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo;"
O que faz uma pessoa importante é a sua capacidade de servir, realizar.
O impulso para ser útil, edificar, superar limites, alcançar novos patamares de conquistas.
É o mesmo princípio originário da arrogância.
Entretanto, invertendo a ordem, desenvolvemos a destrutiva acomodação em ser servido.
"Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.
Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também."
(João, 13:14 e 15).
Jesus é o grande exemplo de servidor.
Para Ele, lavar os pés dos discípulos não era diminuir, mas avançar.
Ele naquele episódio, demonstra possuir consciência lúcida de Sua real condição íntima, portanto, não Se sentiu menor com o ato de servir.
Nossa grande dificuldade reside em desconhecer nosso real "tamanho evolutivo".
Não sabemos quem somos e partimos para adoptar referências para fora de nós.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:43 pm

Por isso não discutamos quem é o maior connosco e sim o próximo.
E para que essa disputa seja '"legítima", criamos o hábito de julgar através da apropriação da verdade.
Diminuindo o outro, sentimo-nos maiores.
Humildade é saber quem se é.
Nem mais, nem menos.
É o estado da mente que se despe das comparações para fora e passa a comparar-se consigo própria, mensurando a realidade de si mesma.
Quem se compara com o outro cria a tormenta e não descobriu sua singularidade, seu valor pessoal.
Não se ama e, por isso mesmo, necessita compulsivamente estabelecer disputas, incendiando-se de inveja e coleccionando rótulos inspirados em irretorquíveis certezas pessoais.
Quando nos abrimos para legitimar a humildade em nossas vidas, adoptamo-nos como somos, aceitamos nossas imperfeições.
Aprendendo a gostar de nós, eliminamos a ansiedade de competir para denegrir ou excluir.
Quando nos amamos, a ânsia de progredir transforma-se em fornalha crepitante de entusiasmo, distanciando-nos da atitude patológica de prestígio ou reconhecimento.
Somente no clima do auto-amor elencamos condições essenciais para analisar as tarefas doutrinárias como campo de oportunidade e aprendizado, crescimento e libertação.
Sem auto-amor e respeito aos semelhantes, vamos repetir a velha cena do Evangelho para saber quem é o maior.
"Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer.
Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, por quando Deus saberá dar-vos um mais elevado no Céu, se o merecerdes."
Porque essa compulsão por ser o primeiro em uma obra que não nos pertence?
Na Obra de nosso Mestre há tarefas e lugares para todos.
"(...) Deus saberá dar-vos um mais elevado no Céu, se o merecerdes."
Tarefas maiores, à luz da mensagem do Cristo, não significam prerrogativas para adopção de privilégios ou garantia de autoridade.
A expressividade da responsabilidade na Obra do Cristo obedece a dois factores:
necessidade de remissão perante a consciência e merecimento adquirido pela preparação.
Em ambas as situações predomina uma só receita para o aproveitamento da oportunidade:
o esforço, sacrifício, renúncia e humildade.
Sobre os ombros daqueles que realçam e brilham no movimento doutrinário pesam severos compromissos interiores perante suas consciências.
Compromissos que, certamente, não daríamos conta por agora.
Portanto, repensemos nosso foco sobre quantos estejam assoberbados com tarefas de realce, analisando seus caminhos como espinhosa senda correctiva, repleta de desafios e inquietantes angústias da alma.
Quem se impressiona com o brilho de suas acções se surpreenderia ao conhecer a intensidade dos incómodos e cobranças íntimas que lhos absorvem a consciência ante a grandeza de suas realizações.
Ninguém imagina a natureza das tormentas que experimentam os corações sinceros para aprenderem a lidar com o assédio das multidões, atribuindo-lhes virtudes ou qualidades que eles sabem ainda não possuírem.
Quanta angústia verte entre o aplauso de fora e as lutas a vencer na sua intimidade.
Não existem pessoas mais ou menos valiosas no serviço de implantação do bem na Terra.
Existem resultados mais abrangentes e expressivos que outros, no entanto, não conferem privilégios ou são sinónimos de sossego interior aos seus autores.
Existem inúmeros trabalhadores da Doutrina que exercem excelente actuação com invejável rendimento e sentem-se de alma oprimida.
Realizam a preço de sacrifícios hercúleos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:43 pm

Outros tantos, com menor expressividade na sua produtividade espiritual, alcançam níveis incomuns de alegria e bem-estar com a vida.
Ainda existem aqueles que muito realizam e experimentam uma sensação de grandeza e importância pessoal.
A obra é importante.
Nossa participação, por mais significativa, é como destaca Constantino, Espírito Protector:
"Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora."
(O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XX - item 2.)
Uma das mais graves angústias dos espíritas internados no Hospital Esperança é revolta que nutrem contra si mesmos quando conscientizam não serem tão essenciais e importantes quanto supunham no plano físico.
Vários se entorpeceram com os efeitos subtis e envernizados da arrogância, acreditando-se indispensáveis, missionários e credores de vantagens em razão das realizações espirituais.
Acalentaram expectativas fantasiosas com o desencarne e tombaram na enfermidade do personalismo.
Quase sempre, constituem pesado ónus na rotina do Hospital, pois, mesmo aqui, ainda continuam suas disputas inglórias e exigências descabidas com base em suas supostas credenciais de elevação moral, obrigando-nos, algumas vezes, a tomar medidas austeras para tratar-lhes a insolência viciada...
Por mais nobre que seja a tarefa a nós entregue na ceara, recordemos:
os méritos devem ser transferidos para a causa do nosso Mestre.
Lutamos todos pela causa do amor, a humanidade redimida.
Deveremos periodicamente nos perguntar:
que tenho feito dos bens celestes a mim confiados?
Cargos, mediunidade, recursos financeiros, influência pelo verbo, a arte de escrever, o talento de administrar, a força física, a saúde, a inteligência, enfim todos os bens com os quais podemos enriquecer nossa caminhada de espiritualização.
Estarei os utilizando para o crescimento pessoal e de outros?
Consigo perceber minha melhora no uso desses recursos?
A diluição dos efeitos da arrogância em nós depende dessa atitude honesta em lidar com os sentimentos que orbitam na esfera desse reflexo cristalizado no campo mental.
Essa honestidade emocional inicia-se com as perguntas:
Por que estou sentindo o que estou sentindo?
Qual o nome desse sentimento?
Qual a mensagem meu coração está me indicando?
Estarei disputando com alguém nas actividades?
O que penso sobre meu semelhante será realmente a verdade?
Por qual razão alguém me causa o sentimento de inveja?
Por que me sinto diminuído perante uma determinada criatura?
A outra faceta da arrogância é a baixa auto-estima.
O desgaste das forças íntimas ao longo desse trajecto de ilusões na supervalorização de si trouxe como efeito o vazio existencial.
Após o esbanjamento da Herança Sagrada, o Filho Pródigo da passagem evangélica assevera:
"Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faz-me como um dos teus jornaleiros."
(Lucas 15:19)
O sentimento de indignidade é o reverso da arrogância.
O complexo de inferioridade é a resultante dos desvios clamorosos nesta longa caminhada evolutiva.
Por essa razão aprender o auto-amor é fundamental.
"A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral.
Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas.
Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação."
(Livro dos Espíritos - questão 917.)
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:43 pm

Que nossos apontamentos sobre a arrogância sejam apenas o estímulo inicial para a continuidade dos estudos em torno do tema.
A complexidade desse sentimento em nossas vidas merece uma investigação mais detalhada que fugiria à nossa tarefa desta hora.
Como mensagem inspiradora para o nosso futuro ante a batalha ingente a ser travada contra nosso egoísmo destruidor, recolhamos nossas meditações na fala do Espírito Verdade:
"Os homens, quando se houverem despojado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, sem se fazerem mal algum, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mútuo da solidariedade.
Então, o forte será o amparo e não o opressor do fraco e não mais serão vistos homens a quem falte o indispensável, porque todos praticarão a lei da justiça.
Esse o reinado do bem, que os Espíritos estão incumbidos de preparar."
(O Livro dos Espíritos - questão 916).
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:43 pm

CAPÍTULO 10 - SOMBRA AMIGÁVEL
"Pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente.
(S. Lucas, cap. VIII, vv. 16 e 17.) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XXIV - item 2.

A sombra designa "o outro lado" do ser humano, aquele em que vige a escuridão.
Comumente destacamos a sombra negativa nos ambientes educativos da doutrina.
Convém, porém, uma atenção à sombra positiva, que são nossos potenciais e talentos ainda não expressados ou descobertos.
Em meio a essa escuridão da vida inconsciente existe muita sabedoria e riqueza ainda não exploradas.
Escutando nossos sentimentos e o que eles têm a nos ensinar sobre nós mesmos, estaremos entrando em contacto com esse "material" reprimido no inconsciente, com todas as habilidades instintivas que nos asseguram a Herança inalienável de Filhos do Altíssimo em Sua Obra magnânima.
Escutar sentimentos é aceitá-los.
Aceitação quer dizer pensar sobre eles.
Habitualmente exaramos e colocação:
"Não quero nem pensar nisso!", referindo-nos a questões desagradáveis do mundo íntimo.
Os sentimentos são os principais canais de conexão emitindo constantes mensagens do inconsciente.
Quando usamos a expressão sentimentos mal resolvidos, estamos tratando de sentimentos não aceitos ou negados pela consciência e reprimidos para o inconsciente por alguma razão particular.
A sombra originou-se basicamente em função dessa relação insatisfatória com nosso poder de sentir e os arquivou em forma de culpas, desejos estagnados, bloqueios, traumas, medos, criando todo um complexo psíquico que, em muitos lances, são factores geradores das psicopatologias, desde as mais toleráveis até as mais severas.
Ao longo dos últimos milénios (aproximadamente quarenta mil anos, dependendo da história individual), o que mais fizemos foi negar e temer nossos sentimentos - um facto natural na trajectória evolutiva da animalidade para a hominalidade. O medo de sentir e do que sentimos acompanha-nos desde o momento em que começamos a tomar consciência desse mecanismo bio-psíquico-emocional-espiritual.
Ainda hoje, esconder o que se sente, é uma conduta social comum e até necessária para a maioria das pessoas.
O mundo, no entanto, prepara-se para o século do amor vivido e sentido.
A pergunta mais formulada em todas as latitudes neste momento é: como está você?
E o interesse por uma resposta que fale de sentimentos é eminente; tende a tornar-se um hábito.
Estamos com enorme necessidade de falar do que sentimos e saber com mais clareza sobre o mundo das emoções, embora ainda temerosos de suas consequências.
Quando digo "sou minha sombra" não significa que tenha que viver conforme sua orientação.
Apenas admiti-la, entender suas mensagens.
A sombra só é ameaça quando não é reconhecida.
Só pode ser prejudicial quando negligenciamos identificá-la com atenção, respeito e afabilidade.
"É importante para a meta da individuação, isto é, da realização do si mesmo, que o indivíduo aprenda a distinguir entre o que parece ser para si mesmo e o que é para os outros.
É igualmente necessário que conscientize seu invisível sistema de relações com o inconsciente, ou seja, com anima, a fim de poder diferenciar-se dela.
No entanto, é impossível que alguém se diferencie de algo que não conheça."
(The collected works of GG Jung (CW) - 17 vol. VII par. 28).
Essa colocação do Doutor Jung é clara.
Escutar sentimentos é a primeira lição na nossa educação espiritual para o auto-amor.
Amaremos a nós mesmos somente quando deixarmos de culpar os outros pelas nossas dores e desacertos e tivermos a coragem de perscrutar o íntimo, interrompendo o fluxo das projeções e fugas ainda ignoradas nas nossas atitudes.
Recebemos contínuos "chamados" do inconsciente através do que sentimos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:44 pm

Uma análise atenta de nossos impulsos emotivos e da nossa "reacção afectiva" a tudo que nos cerca levar-nos-á a entender com exactidão as "reclamações" do psiquismo profundo.
Nessa investigação da alma encontraremos indicativas seguras no entendimento das mais ocultas raízes de nossos conflitos.
Percorreremos caminhos mentais até então incognoscíveis.
Igualmente, descobriremos valores adormecidos que solicitam nossa criatividade para desenvolvê-los a contento.
Entretanto, somente daremos importância às mensagens da sombra quando nos relacionarmos amigavelmente com ela.
O processo de ouvir a voz do inconsciente através dos sentimentos passa por algumas etapas na alfabetização do sentir:

* Imprescindível o auto-respeito.
O que sentimos é indiscutível, individual, é a nossa forma de viver a vida.
Com isso não devemos admitir que os apelos do coração devam ser seguidos como brotam.
Muito menos supô-los a expressão da Verdade.
Apenas tenhamos respeito por nós sem reprimendas e condenações, procurando compreender os recados do coração.
* Havendo respeito, instaura-se o clima da serenidade, da ausência de conflitos e batalhas interiores.
Somente serenos vamos conseguir uma comunicação sem interferências.
É o silêncio interior.
O fio que nos leva ao intercâmbio produtivo.
* Aprender a linguagem dos sentimentos exige meditação, atenção.
Separar a "imagem programada" pela educação social da "imagem idealizada" é um trabalho lento.
Diferenciar o que pensam que sou daquilo que penso que sou é o caminho para se chegar ao que sou verdadeiramente.
* Utilizar indagações.
A sombra adora dar respostas.
Nossa tarefa será discernir no tempo a natureza dessas respostas.
No início elas serão confusas, enganosas, talvez decepcionantes.
Na medida que se dilata esse exercício, a intuição vai aclarando a capacidade de perceber e sentir o que nos convém.
Teremos a sensação do melhor caminho, das melhoras escolhas, do que queremos.
É o início da identificação com o projecto singular do Criador a nosso respeito.
O Doutor Jung estipulou:
"As pessoas, quando educadas para enxergarem claramente o lado sombrio de sua própria natureza, aprendem ao mesmo tempo a compreender e amar seus semelhantes."
(The Collected Works of CG Jung (CW) - 16 vol. VII par. 310)
Ao conquistarmos a sombra de maneira amigável, criaremos uma relação de paz com a vida íntima e, nesse ponto, as projeções não serão mecanismos defensivos contra nossas imperfeições, mas reflexos da bondade e harmonia que habitarão a vida mental.
Nessa postura mental amaremos a vida com mais ardor.
Será muito mais interessante olhar o nosso próximo, senti-lo e perceber a grandeza da vida que nos cerca.
A Lei Divina contida na fala de Jesus é determinante:
Pois nada há secreto que não haja de ser descoberto.
O crescimento pessoal e a felicidade incluem a missão de explorar as riquezas do inconsciente.
Escutar sentimentos é a arte de mergulhar na vida profunda e descobrir o manancial de força e beleza que possuímos.
Amigo querido das lides espiritistas, nos instantes de tormenta ocasionados pelos efeitos de tuas imperfeições, busca Deus na oração e escuta tua alma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:44 pm

Ouve os ditames suaves que ela te envia.
Não os julgue agora e enquanto meditas.
Indaga-te: que fazer ante os impulsos menos felizes?
Como agir para mudar?
Ouve! Ouve a resposta em ti mesmo!
Escuta teus sentimentos!
Ora novamente, aquieta os raciocínios e escuta os "sons" dos sentimentos nobres que te arrimam.
Estás agora em estado alterado de consciência.
Tua sombra avizinha.
Teu self permanece em vigília.
Tonifica-te com as energias revigorantes.
Agora agradece o dom da vida...
O corpo... A beleza de pertencer a ti mesmo.
A presente existência é a tua oportunidade.
É a tua ocasião de libertar.
Recomeça quantas vezes se fizerem necessárias.
Perdoa-te pelos insucessos.
Recorda as muitas vitórias e preenche-te com o labor.
Algumas respostas para serem compreendidas solicitam o concurso do tempo.
Prossegue sem ilusões de conforto.
Deseja o sossego interior e acredita merecê-lo, mas não o confunda com facilidades transitórias.
Teus sentimentos: a realidade de tua posição espiritual.
Por eles sabes de teu valor e de tuas necessidades.
Não te agrida quando sentires o que não gostarias.
Ama-te ainda mais nesses momentos. Aceita-te.
Diz: eu aceito minha imperfeição.
Senti-la não quer dizer que eu seja menor.
Eu aceito minhas particularidades.
Eu me amo como sou e não me abandonarei porque somente eu posso me resgatar.
Agora vai cumprir teu dever - esse sublime "analgésico mental".
Em outros instantes, fora da tormenta mental, medita sobre aquilo que te incomodou.
Medita sempre sobre tuas imperfeições e Teu Pai, secretamente, na acústica do ser, providenciar-te-á os recursos abundantes para tua cura.
Deus jamais te esquece.
Acredite nisso e sente o amparo em teu favor.
O universo está a teu favor. Acredita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:44 pm

CAPÍTULO 11 - UMA LEITURA PARA O CORAÇÃO
"Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar.
Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos predilectos".

O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861.) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo VI - item 7.

Afastemos um pouco das reflexões mais densas e façamos uma pausa para meditação.
Dilata tua sensibilidade e lê com o sentimento as anotações a seguir.
Depois escuta os recados do teu coração.
***
A Doutrina Espírita é a medicação recuperativa das nossas vidas.
Sua "substância activa" é o Evangelho.
Sua "bula" é estritamente individual.
Para cada um haverá uma dosagem e forma de aplicação.
O movimento espírita é a nossa enfermaria abençoada onde encontramo-nos internados na busca de nossa alta médica.
Tarefa e estudo, provas e oportunidades são terapêuticas necessárias na solução de nossas enfermidades.
Perante esse quadro de experiências da nossa trajectória de aprendizado, listemos algumas prescrições indispensáveis para a cura:
* Onde se reúnem doentes, torna-se dispensável realçar imperfeições e deslizes.
Todos sabemos de nossa condição. Falemos de saúde e aproveitamento.
* Esqueçamos as vivências dolorosas e examinemos as conquistas.
Indaguemos: em que melhorei?
O que aprendi?
* Somos doentes graves, mas temos o melhor médico, Jesus.
* Perdoemos incondicionalmente o companheiro de enfermaria.
Ele também é alguém em busca de si mesmo.
* Trazemos na intimidade todos os antídotos para nossas imperfeições.
Resta-nos descobri-los.
* De facto, alguns doentes esquecem suas necessidades.
O melhor a fazer para auxiliá-los é a oração.
* Alguns enfermos carecem de tratamentos específicos.
Por não entendermos tais medidas, evitemos julgá-los.
* Uma única certeza: todos nós teremos alta médica e alcançaremos a saúde.
* As raras criaturas sadias foram chamadas a Postos Maiores.
Cuidam de nós.
* Uma pergunta diária:
que farei pela minha recuperação?
* Uma atitude diária:
doses elevadas de preces e trabalho.
* O caminho seguro para fortalecimento e alegria: a amizade sincera, leal e fraterna.
* O que nunca devemos esquecer:
antes repudiávamos a ideia de internação. Hoje desejamos tratar.
* Esqueçamos a noção de tempo e sejamos gratos pela oportunidade de uma vaga nessa benfazeja enfermaria.
* Nos momentos de crise, evitemos projectar decepções e revolta nos outros ou reclamar do ambiente que nos acolheu para refazimento e orientação.
Crises são indícios oportunos para exames e diagnósticos mais apurados sobre nossas dores.
* Saber que estamos enfermos não basta.
É preciso sentir.
Nossa cura virá do coração.
Recordemos a frase confortadora do Espírito Verdade:
Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos predilectos.
Agora vá e escuta os recados do teu coração e Deus te abençoe com paz íntima.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 03, 2018 8:44 pm

CAPÍTULO 12 - SANTIDADE DOS MÉDIUNS
"Aquele que, médium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, religiosamente o desempenha."
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XXVIII - item 9

As actividades no Sanatório Esperança prosseguiam intensas.
Médiuns e doutrinadores, escritores e líderes da doutrina abarrotavam os leitos do pavilhão destinado aos misteres da recuperação mental.
Dona Maria Modesto e Eurípedes Barsanufo chegavam a passar dias sem um repasto momentâneo.
A dor e as mais diversas expressões de insanidade procuravam-lhes rogando amor e misericórdia.
O tempo era escasso para tantas necessidades.
Chegando a noite, desprendidos pelo sono físico, engrossavam ainda mais as expressões de socorro e alívio.
Diversos lidadores do Espiritismo suplicavam respostas e orientação.
Muita vez faltava energia suficiente ao labor, entretanto, tínhamos o coração rico em plenitude ante tanto a fazer.
Acompanhando Dona Modesta às enfermarias dos pavilhões inferiores, reservadas aos tratamentos mais demorados e graves, deparamos com Laura, valorosa tarefeira da mediunidade, recém-chegada ao Sanatório.
- Laura, minha amiga, Deus seja louvado com esperança!
- Assim seja! Com quem tenho a honra de falar?
- Nada de honra, Laura.
Sou servidora desta casa.
Meu nome é Maria Modesto Cravo.
Pode chamar-me por Dona Modesta.
- A senhor a é a amiga de que Doutor Inácio havia me falado?
- Sou eu mesma.
- Então é de Uberaba?
- Fui? Não sou mais - e demos uma sonora gargalhada.
- É que às vezes me esqueço que já estou no "além".
Ainda falo como se estivesse na Terra.
- Não pode ser diferente.
A adaptação requer tempo.
Fale-me de você, Laura.
- Ah, Dona Modesta!
Não sei se estou bem!
Aliás, acho mesmo que nunca estive bem!
Se Deus permitir nunca mais quero voltar como médium.
É muito doloroso!
- Sei bem como é, minha filha!
Também fui médium.
- É mesmo?! Então a senhora me entenderá.
Só não sei se devo falar o que sinto e penso.
- É o que mais quero ouvir, amiga querida.
Estou aqui para isso.
- Minhas lutas no lar foram muito árduas.
Se não fui melhor médium é porque não contei com o apoio dos familiares.
Eles não queriam nada com reforma, sabe como é?
- Sei.
- Meu marido... - Quando se preparava para falar, foi interrompida por Dona Modesta.
- Laura, esqueça a família por um instante.
Vamos falar de você.
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