LUZ ESPÍRITA
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PRAZER DE VIVER - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:08 pm

O doutrinador foi levado para a enfermaria do Hospital Esperança e cuidado com carinho. No dia seguinte:
- Antero! Antero! - chamava-lhe na cabeceira o doutor Inácio.
- Ah! O que aconteceu comigo? Tenho muita náusea.
Pesadelos sem conta me assaltaram.
- Está tudo bem!
É a crise de "já desencarnei".
- O senhor não tem jeito doutor! - falou com extrema dificuldade.
Que cena horrível!
Em todo meu tempo de doutrinação, mais de quarenta anos, nunca ouvi uma narrativa de tal lugar.
Quem são aquelas criaturas?
- São os espíritos assistidos no Centro Espírita de António Crisóstomo que o senhor sempre criticou pelos trejeitos adoptados.
- Então quer dizer que os médiuns não eram anímicos?
- Apegou-se tanto à forma que não viu os espíritos.
Os médiuns daquela casa amam.
Por isso fazem o que fazem.
Aquela casa realiza o trabalho que tem sido rejeitado pelos "preparados".
- Preparados?
- Os que julgam saber tudo sobre mediunidade e se atolam nos preconceitos e padrões.
- Mas doutor Inácio!
E a doutrina?! Como fica?
- Fica como deve ser.
- E como deve ser?
- Livre, criativa, responsável e universal.
- É muito para minha cabeça!
- Sua cabeça precisa mesmo ser cuidada.
Como psiquiatra do além, costumo chamar os quadros dos intelectuais da doutrina como loucos pacíficos e controlados.
Após a morte, porém, adoram desmaiar.
- Não zombe de mim, doutor Inácio!
- Nem comecei!
Va sé preparando...
- E aquele homem de guarda-pó com as mãos cheias de...
Ai, nem quero lembrar!
Quem é ele?
- Seu tutor.
- Fale sério, por favor!
- Seu nome é Anísio, o avalista de sua encarnação é mentor do centro que você acusava.
Trabalhador exemplar dos abismos.
Quando o enviou ao corpo, contava com seu enquadramento nos serviços de amor aos desencarnados.
Todavia, o senhor gostava mesmo era de bater papo e fazer catequese de espíritos.
Esse o motivo de minha chacota:
acho que ele está meio cansado de seu palavrório.
Antero não suportou.
Chorou como criança ante as revelações novas.
Doutor Inácio, afectuosamente, dispensou-lhe atenção, segurando suas mãos.
Depois do desabafo, falou:
- Falhei não é, doutor Inácio?
- Nada disso!
Perdeu oportunidades!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:08 pm

Seu trabalho é reconhecido por aqui.
Apenas o senhor tropeçou onde muitos têm tropeçado: cérebro congestionado, pouca acção.
- Explique melhor.
- Muito conhecimento, folha de serviço, tempo de experiência, cargo, tudo isso junto, quando a alma não tem vigilância e maturidade, desemboca em preconceito e presunção, os dois ingredientes de uma das mais típicas patologias da mente: a ilusão.
- Então não terei trabalho aqui?
- Pelo contrário, há muito serviço.
Anísio espera toda colaboração espontânea.
Você ajudará muito afastando os efeitos nocivos de suas ideias entre aqueles que foram influenciados por suas acusações de purismo filosófico.
- E Anísio?
Quando virá me ver.
- Talvez nunca.
Ele continua esperando o senhor no trabalho.
- Nos abismos?
- E também no centro espírita que o senhor criticou a vida inteira, pois ele é o Espírito Superior que zela por aquela casa e por António Crisóstomo, uma alma querida de seu coração.

Amigos pelo coração,
Reunindo toda a literatura mediúnica até hoje enviada à Terra, temos um tesouro incomensurável para levar a humanidade aos roteiros do amor.
Entretanto, todo esse volume de informes é apenas um grão de areia na praia cósmica da imortalidade.
O relacionamento interplanos apenas engatinha em explicações.
O cérebro físico, como é natural ocorrer, é uma máquina divina cujo fim é adequar a alma ao mundo dos sentidos físicos, impedindo-a de conceber e sentir as noções livres de espaço e tempo, onda e campo em suas variadas dimensões.
A exemplo do senhor Allan Kardec, será prudente que cada sessão seja um "laboratório de amor".
Amparo e caridade, investigação e pesquisa hão-de conjugar para melhor aprender e servir.
Não compreendendo, não acuse!
A acusação ou a indiferença aos serviços alheios será sempre uma sentença lavrada contra a consciência.
Assuma com humildade seus limites quando se julgar incapaz para avaliar.
Evite pareceres conclusivos ou triviais em assuntos da mediunidade.
O caso sucinto de Antero é um exemplo, entre inúmeros, do quanto a imortalidade amplia nossa visão.
Alguns desses casos têm custado muita dor e angústia, inclusive a companheiros de ideal doutrinário.
Verifica-se uma tendência a enquadrar as actividades da casa onde participamos como modelos para outras, deixando, com isso, de perceber o valor das vivências alheias.
O clima de diversidade operacional é a grande riqueza do Espiritismo, pois que em todas as expressões de serviço será capaz de demonstrar às criaturas os princípios de seus fundamentos filosóficos.
Não devemos esquecer que a tarefa mais importante é a que realizamos no íntimo, connosco mesmo.
Essa tendência de super-valorização daquilo que edificamos é o reflexo dos particularismos, um resultado inevitável do relaxamento com os cuidados que devemos ter para com os irmãos de ideal, aqueles que também estão em serviço de crescimento.
Rever conceitos, repensar caminhos, eis as únicas alternativas possíveis ao erguimento da obra regenerativa na humanidade.
Inspiremo-nos na atitude de Jesus na magnífica passagem evangélica narrada em João, capítulo três, versículo dez, no encontro com o doutor Nicodemos:
"Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?".
Desapeguemos de nossas crenças, tenhamos a coragem de experimentar o novo.
Façamo-nos como crianças em meio aos doutos e sábios.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:08 pm

Mister desaprender o aprendido.
Recomeçar quantas vezes se fizerem necessárias.
Isso não é um acto de irresponsabilidade.
Quando pautado no amor e sem interesses pessoais, é serviço valoroso na edificação do mundo regenerado, sobretudo, dentro de nós.
Reavaliando conceitos, relembremos a questão 111 de O Livro dos Espíritos sobre espíritos superiores.
Entre outras profundas anotações, diz Kardec:
"Afastam-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele, ou que, por influência da matéria, fogem à prática do bem".
Essa foi a atitude de Antero em razão da neurótica necessidade de preservar a pureza de princípios que dispensam nossos excessos.
O prazer de viver na casa terrena é o resultado de uma participação consciente em favor dessa família espiritual, que, muitas vezes, nos pátios da loucura, transformaram-se em "rinocerontes" e espécimes raros, mendigando amor e paciência nos roteiros da evolução.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:08 pm

Capítulo 16 - Convivência fraterna nos grupos
"Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade!
Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado".

(O Espírito de Verdade, Paris, 1862.) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XX - item 5.

Parafraseando o Espírito Verdade, é injustificável que sob a égide do Espiritismo doutrina de lucidez integral - os seus trabalhadores se mantenham sempre os mesmos no que tange às relações interpessoais, pois então de que lhes serve ser espírita se não se amam?
Se guardam distância uns dos outros?
Reunindo-se sem se conhecerem?
Trabalhando sem se descobrirem? Sofrendo sem terem alguém para dialogar e lograr uma rota?
Ajudando a outros sem se permitirem ser ajudados?
Observamos que os dias atuais têm subtraído o tempo que seria desejável para intensificar os relacionamentos nas sociedades espíritas.
E, enquanto essa alegação se torna um limite para muitos, por outro lado, muitos dispondo de largas medidas de tempo, não realizam a convivência fraterna que deveria nortear as relações em seus grupos.
Constatamos, então, que temos um problema a solucionar:
compartilham-se ideias, tarefas e deveres, e nem sempre afecto e amizade autêntica.
O estudo e o trabalho têm merecido a atenção de quantos usufruem das ambiências da casa espírita.
Contudo, destacamos que, além disso, o compartilhamento afectivo deve receber os cuidados de nossos condutores, considerando esse factor como de fundamental importância ao crescimento espiritual de seus trabalhadores, e mesmo ao equilíbrio das próprias actividades.
A boa convivência será sempre o reflexo das relações que travamos connosco mesmos, por isso cuidemos da nossa vida emocional e psicológica.
Que os directores se organizem para o investimento nesse sentido, junto aos frequentadores, trabalhadores e coordenadores de suas instituições.
Encetar uma campanha pela fraternidade entre os trabalhadores espíritas!
Onde o amor floresce, o perfume da fraternidade se espalha.
Sociedades espíritas fraternas são tecidas com relações afectuosas e amadurecidas pela vivência ética das lições cristãs, que, naturalmente, resultam em uma convivência sadia e motivadora.
Estamos habituados a construir paredes e reunir gente.
Chegou, porém, o instante esperado para nos estabelecer como grupos, nos quais as pessoas se reúnam e se unam, criando um entrelaçamento fraterno, fomentador das mais ricas experiências emocionais nos terrenos de nossa espiritualização.
E como o amor não é sentimento estagnado e circunstancial, devemos assinalar algumas acções-exercícios que o desabrocharão na intimidade, e canalizá-lo para as fibras subtis de nossa estrutura emocional, a fim de sedimentar hábitos e comportamentos plenos de sensibilidade e ternura.
Anotemos, então:
- A habilidade para saber discordar.
- A assertividade dos sentimentos.
- O espírito de equipa.
- O esforço no domínio das más inclinações.
- O cultivo da oração pelos integrantes do grupo.
- O aperfeiçoamento diário da convivência.
- A priorização do dever de cada dia.
- A delegação confiante de responsabilidades.
- A valorização incondicional dos participantes.
- A arte de comunicar.
- O diálogo.
- A alteridade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:09 pm

- O cativar dos laços de amor.
- O amor a si mesmo.
- As crenças optimistas.
- A cooperação espontânea.
- A vivência moral sadia.
A carência humana de afecto é uma tragédia de proporções incomparáveis na história.
Graças a ela assistimos ao ruir de lares, à fuga para os vícios, à depressão causticante, à inversão dos valores morais e ao engodo da ilusão que aprisiona o ser nas algemas da solidão.
Nesse contexto, a casa espírita deveria se constituir num oásis de esperança e refazimento, para os cidadãos sofridos com a ingratidão e o desvalor que a sociedade lhes impõe.
Outros tantos se enriquecem na abundância de bens, entretanto, são almas vazias do alimento da estima.
Para esses a casa de Jesus e Kardec deve ser o ambiente de renovação e acolhimento, no qual encontrarão o repasto do carinho, e as benesses de uma família espiritual.
O ser humano tem medo de amar.
Um dos motivos é por não saber como seu amor será acolhido.
Alguns, não tendo elaborado satisfatoriamente a sublimação de traumas e recalques, não sabem conviver bem com a intimidade dos relacionamentos.
Padecem com os monstros das fantasias e neuroses sem conta, que os levam a um colapso das forças internas e abrem campo fácil para as obsessões afectivas e sexuais.
Contudo, não podemos mais nos permitir viver por temor e fugir de amadurecer nossas emoções.
Quando constituirmos as sociedades espíritas fraternas, estaremos formando as bases para um tempo mais promissor quanto aos destinos de nossa seara bendita.
Ao mesmo tempo, criando o ambiente seguro para nossas manifestações iniciais na arte de amar.
O caminho é sem dúvida, dirigirmo-nos para o objectivo providencial a que se refere o Espírito Verdade, conduzindo-nos dentro da escola doutrinária como alunos em regime de aprendizado intensivo.
Buscando, sobretudo, a melhora de nós mesmos na superação de nossas mazelas morais.
Educar-se e espiritizar-se é a meta.
E quando aprendermos a viver fraternalmente nas nossas próprias casas espíritas, arregimentaremos melhores condições para o clima da bondade em campos mais amplos e responsabilidades mais ostensivas, na interligação de amor que a todos deve nos enlaçar nos serviços de restauração do Cristianismo.
Amar incondicionalmente é o caminho.
Sigamos Paulo, apóstolo de Jesus, que pronunciou uma inspirada poesia nascida nas fontes de seu exemplo de amor quando disse:
"Eu de muita boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado".
Da mesma forma, convém-nos recordar a excelência da recomendação do senhor Allan Kardec que propõe:
"Para o objectivo providencial, portanto, é que devem tender todas as Sociedades Espíritas sérias, agrupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos.
Então, haverá união entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nascido do amor-próprio, mais de palavras do que de factos; então, elas serão fortes e poderosas, porque assentarão em inabalável alicerce:
o bem para todos; então, serão respeitadas e imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica, que todos respeitam".
"Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade!"
O perfume da fraternidade se espalha onde existem canteiros de boa convivência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:09 pm

Capítulo 17 - Aos cuidadores de almas
"Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar, cumpre que as provas sigam seu curso.
Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar que, não só nada devem fazer para as atenuar, mas que, ao contrário, devem contribuir para que elas sejam mais proveitosas, tornando-as mais vivas.
Grande erro.
É certo que as vossas provas têm de seguir o curso que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém, conheçais esse curso?
Sabeis até onde têm elas de ir e se o vosso Pai misericordioso não terá dito ao sofrimento de tal ou tal dos vossos irmãos:
"Não irás mais longe?"
Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício para agravar os sofrimentos do culpado, mas como o bálsamo da consolação para fazer cicatrizar as chagas que a sua justiça abrira?"

(Bernardino, Espírito protector, Bordéus, 1863.) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo V - item 27.

Acordar todos os dias com a chama da esperança acesa.
Acreditar que merecemos ser felizes.
Saber escolher os caminhos para construir os nossos sonhos e desejos de modo digno.
Gostar do mundo e das pessoas como são.
Ter uma relação de amor consigo mesmo.
Saber sorrir nos momentos mais difíceis.
Ser grato e alegre em todas as situações.
Divertir no cumprimento do dever.
Alcançar leveza no ato de viver.
Quem não gostaria de experimentar esses prazeres na vida?
Prazer de viver: a maior conquista das pessoas livres, felizes e conscientes.
O foco do prazer de viver é este: a perda de quem achávamos que éramos - o falso eu - e o encontro com o eu real.
Só existe prazer de viver quando há inteireza.
Uma harmonia entre as partes que sufocamos, tudo aquilo que achávamos que éramos, e a busca do que somos em verdade, a singularidade.
Essa busca particular pela nossa individuação é permeada pelo medo do Auto enfrentamento.
Por esse motivo, bilhões de pessoas lutam para sobreviver sem existir.
Passam pela vida sem permitir que ela passe por sua alma.
Para quantos se encontram agraciados com a luz da Doutrina dos Espíritos, esse desafio de talhar sua identidade cósmica surge quando não usamos a inteligência para aplicar nossas intenções e aspirações sob a égide da dignidade.
Quantos desistem de seus sonhos e de suas vocações por não conseguir desenvolver uma acção responsável e conciliatória entre sua realidade pessoal em conflito com aquilo que seria ideal segundo o Espiritismo?
Alguns espiritistas, neste passo, arrolam a ideia do carma para justificar a acomodação por não lutarem por sua própria felicidade.
É mais fácil pensar assim que confrontar os próprios sentimentos e desejos, e aprender a lidar com todos eles de modo honroso.
Esse adiamento pelo nosso caminho pessoal, inevitavelmente nos conduzirá ao encontro de uma intrigante benfeitora da alma:
a angústia, o lamento sofrido da alma que suplica novos rumos.
A angústia é o sinal profundo da alma a dizer:
hora de decidir! Hora de ser feliz!
Chega de mentiras e ilusões!
Ninguém progride sob o manto da idealização!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:09 pm

Angústia é um sintoma de que algo necessita ser colocado no seu devido lugar na intimidade profunda de nós mesmos.
Mesmo a dor é estrada para a felicidade.
Em verdade ela é um convite da vida reclamando nossa integração com as Leis pródigas de Deus, criadas para o nosso próprio bem.
Quando muito protelada, essa angústia é o caminho da depressão e, consequentemente, da descrença, ou seja, o efeito culminante das dores da alma não resolvidas quando a vida nos chama para curá-las.
Descrença no ato de viver.
Descrença na própria existência.
A ausência total de um sentido para viver.
Um coração descrente é alguém sem esperança, sem alegria para viver, sem fé nos dias vindouros.
E como caminhar sem a energia da esperança?
Diante das provas da Terra, Bernardino, Espírito protector, dirige uma das mais sábias questões sobre nossa postura na condição de cuidadores da educação espiritual de almas:
"Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício para agravar os sofrimentos do culpado, mas como o bálsamo da consolação para fazer cicatrizar as chagas que a sua justiça abrira?"
Qual será, pois, a postura mais educativa dos cuidadores da alma nestes tempos de transição?
Cultivadores do suplício ou balsamizadores da consolação?
Nutridores da culpa ou educadores da responsabilidade?
Instrumentos do medo ou agentes da esperança?
Investigadores das imperfeições ou orientadores da vocação individual?
Terapeutas de feridas psicológicas ou promotores de valores morais?
Como se fazer um treinador emocional na aquisição de qualidade de vida?
Como se tornar um operador da felicidade em tempos de desorientação e crise?
Como alcançar a condição de artífice do prazer de viver?
Como o Centro Espírita poderá alcançar a condição de escola libertadora dos sentimentos?
Que roteiros poderão inspirar nossas actividades abençoadas na Doutrina Espírita, objectivando tornarem-se espaços de educação integral?
Que passos devemos dar para que a casa doutrinária seja um ambiente que nos favoreça a assumir nossa humanidade sem derrapar na fuga e na ilusão?
Como fazer para que a nossa existência seja uma obra de arte no esplendor da criação de Deus?
Prazer de viver, eis a meta que devemos todos mirar a cada dia da caminhada.
"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Esta pérola da poetisa Clarice Lispector é um tributo ao ato de viver.
Viver vai além de nossa compreensão imediata.
O ato de viver existe para depois surgir o sentido.
Quem quer raciocinar a vida em demasia deixa de viver.
A vida só existe na realidade e a realidade é o espelho do que sentimos no mais profundo de nosso ser.
Talvez por este motivo, Jesus, O Cuidador de Almas, afirmou em Lucas, capítulo dezassete, versículo vinte:
O reino de Deus não vem com aparência exterior".
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:09 pm

Capítulo 18 - Sensibilidade mediúnica
"Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência.
Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará.
As vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal.
Ela, então, se cala.
Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso.
Ouvi-a, interrogai-a e com frequência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido".

(Um Espírito protector, Lião, 1860.) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XIII - item 1.

Retornar ao corpo físico é assinar um "contracto" de responsabilidade individual ante o tribunal da consciência, que exara apelos de melhoria contínua.
É o objectivo maior de nosso retorno à escola terrena.
Desde o estágio nas faixas da evolução vegetal, o ser inteligente desperta para a sensibilidade preparando, paulatinamente, a conquista dos cinco sentidos humanos na percepção e interacção com a criação.
Agora, nas faixas da humanização, a criatura é convocada a inadiável compromisso na expansão da sensibilidade, para escalar os seus infinitos potenciais na esteira dos sentimentos.
Imperioso educar-nos para ouvir nossa consciência pela leitura das emoções - espelho vivo dos alvitres da intimidade profunda.
Sensibilidade é aprender a sentir, antes de tudo, a natureza das forças excelsas nas profundezas do reino íntimo.
O contacto com essa parcela-luz dilata e eleva nossas percepções para o mundo objectivo.
Pascal afirma:
"Estejam sempre as vossas acções de harmonia com a vossa consciência e tereis nisso um meio certo de centuplicardes a vossa felicidade nessa vida passageira e de preparardes para vós mesmos uma existência mil vezes ainda mais suave".26
A arte de escutar os apelos da consciência estabelece uma identificação com o Self, liberando o potencial criativo da mente, conectando-a com as correntes energéticas da Suprema Verdade.
Semelhante operação da vida interior é dinamizada no sagrado terreno dos sentimentos, promovendo o homem à condição de legatário legítimo da Herança Paternal.
Pulsando em sintonia afectiva com a Verdade, deciframos os "códigos ocultos" daquilo que nos cerca a marcha evolutiva.
Assim, habilitamo-nos a compreender melhor a vida, passando a agir e reagir alicerçados em uma visão rica de serenidade.
Tornamo-nos "senhores de si".
Os médiuns usufruem a sensibilidade-empréstimo que os capacita a ser decifradores da vida nas suas mais variadas formas de manifestações.
Como canais de sensitividade ampliada, encontram na faculdade mediúnica uma ponte entre a personalidade eivada de ilusões e a consciência.
Entre o que se pensa ser e entre o que se é realmente.
Mediunidade, portanto, é o bisturi eficiente para dilacerar as carapaças das ilusões - grilhões da mentira aduladora do orgulho.
A mediunidade, antes de dilatar a sensibilidade para fora, dilata-a para a intimidade, constrangendo docemente os medianeiros a sentir com mais honestidade suas irradiações subconscientes, ou ainda compelindo-os a descobrir os exuberantes tesouros na arca de sua super-consciência.
Quaisquer intercâmbios de ideias são antecedidos por complexo processo nas engrenagens do coração.
O processamento da ideia passa antes por uma decodificação afectiva.
É nesse campo da vida mental que os trabalhadores da mediunidade necessitam desenvolver melhores habilidades.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:09 pm

O trecho da codificação acima diz:
"as vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal.
Ela, então, se cala.
Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso".
Como somos capazes de entorpecera consciência?
Que mecanismo pode calá-la?
Como e quando é gerado o remorso?
Quanta investigação a fazer sobre a vida interior Sensibilidade será fruto de aprendizagem ou de maturidade espiritual?
O médium que melhor interpretar seus sentimentos e educá-los terá maiores possibilidades para recolher as ideias dos Bons Espíritos.
Educar a mediunidade é expandir os núcleos sensíveis do ser interior, aprendendo a sentir a vida em sintonia com Deus, com o próximo e a sua natureza singular.
Se o século XX foi a Era da Inteligência, o século XXI será o tempo da intuição livre, consagrando a arte de sentir como o sexto sentido do homem.
Sentimento é mediunidade.
Sensibilidade é a base da vida afectiva saudável.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:10 pm

Capítulo 19 - Traços do orgulho
O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar;"
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo IX - item 9.

Uma das necessidades mais naturais do ser humano é poder contar com a aprovação e a admiração alheia, na qual encontra o afecto, o carinho e o estímulo para a sua caminhada de cada dia.
Algumas pessoas, no entanto, são prejudicadas durante todas as fases da existência, devido a problemas traumáticos da infância.
Tornam-se pedintes viciados da atenção e reconhecimento dos outros, para preencher a carência de auto-valor que não conseguem encontrar em si mesmas.
Entre esses traumas lamentáveis a que são conduzidas muitas crianças, verificamos a presença da insensibilidade de muitos pais e mães no que tange à mais essencial atitude perante elas: amá-las e ajudá-las a construir um autoconceito centrado na realidade.
Alguns tutores, desavisados, negligentes ou mesmo maldosos vão mais além e ainda promovem escândalos de rejeição e leviandade com o rebento, deixando marcas emocionais profundas para o futuro.
Instaura-se, a partir desses delitos morais, uma fixação psicológica na órbita do ego que exigirá severo regime reeducativo para se libertar.
O que deveria constituir uma fase de desprendimento da egolatria acaba atingindo o nível de neurose e perturbação.
Evidentemente, se o espírito já renasce com uma baixa auto-estima, essas lutas da infância serão agravantes consideráveis na sua formação mental.
Por outro lado, se a alma já angariou autonomia e as diversas habilidades decorrentes do auto-amor, encontrará recursos para superar os dramas do lar e avançar em direcção à maturidade sem maiores dores.
Para compensar essa carência de estima e admiração, sejam quais forem suas raízes no tempo, a criatura recorre instintivamente ao orgulho - sentimento que dilata a sensação de importância pessoal -, com o qual tenta se proteger das ameaças que experimenta constantemente na vida inconsciente, em reacção ao meio no qual convive.
É tão eminente esse processo, que se desenvolve uma silenciosa competição com todos à sua volta, em crises de narcisismo subtil, porém, muitas vezes perceptíveis.
No fundo, a alma se protege inconscientemente das agressões sofridas no período infantil ou em vidas anteriores, que lhe renderam terríveis sentimentos de perda, insegurança e medo.
Quando alguém experimenta essas vivências egocêntricas, estabelece-se um quadro de atitudes que merece ponderada análise de todos nós, ante a gravidade que pode atingir o comportamento.
Actividades espirituais nesse contexto emocional ganham conotação de destaque pessoal, como se fossem grandiosas missões.
A cultura humana estimula tais posturas e premia os servidores adoecidos com status de pequenos deuses, sobre os quais recai incomparável poder.
Caso não utilizem os antídotos eficazes da oração e da vigilância, da modéstia e da abnegação, tais tarefeiros podem sucumbir sob pesadas responsabilidades que assumiram, sem encontrar-se em condições apropriadas para exercê-las harmónica e honestamente.
Os cooperadores orgulhosos tecem uma complexa rede de vibrações que lhes consomem energia na manutenção de tudo o que possa alimentar seu personalismo, sua auto-imagem exacerbada.
O vazio existencial que carregam é similar a um cruel exaustor de forças, absorvidas pelo circuito mental viciado na nutrição enfermiça do prestígio pessoal.
O orgulho, em tese, é um sistema que bloqueia ou perturba a sensibilidade, porque os orgulhosos não gostam de ouvir nem mesmo a própria consciência, que se expressa no espelho do coração.
Desembaciar esse espelho dos sentimentos é limpar a impureza da ilusão que distorce a auto-imagem.
Listemos, portanto, alguns traços pertinentes aos tarefeiros espíritas que caminham para essa ténue linha de condutas, em direcção aos despenhadeiros da "insanidade aceitável" nos leitos enfermiços do orgulho, no intuito de reexaminar condutas e reeducar hábitos enquanto é tempo:
Esperam ser aceitos em quaisquer situações e não convivem bem com a crítica.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:44 pm

Acreditam demasiadamente em sua experiência e conhecimento supondo que nada mais necessitam aprender.
Melindram-se e criam animosidade declarada ou oculta com quem lhes propõe corrigenda.
Sentem-se com direitos especiais nas comunidades de que participam.
São incapazes de analisar a si mesmos sem arrolarem a presença das interferências espirituais, criando um mundo de ideias e imaginações desconectado de seus verdadeiros sentimentos.
Estão sempre predestinados a fundarem grandes obras de caridade com as quais se autocondecoram em alucinações de grandeza.
Muitos chegam a achar justos os tributos materiais que se lhes oferecem para compensar os sacrifícios na tarefa.
Abusam da credulidade alheia com teorias espirituais no despertamento de paixões afectivas com as quais procuram preencher suas próprias carências.
Falam excessivamente de si mesmos e raramente valorizam as experiências alheias.
Só encontram explicações para os problemas humanos com base na fenomenologia mediúnica estimulando o misticismo e a ignorância.
Submetem suas escolhas mais singelas à opinião dos guias.
Adoptam rejeição sistemática a quem fuja dos padrões morais que nem eles ainda conseguiram viver para si mesmos, repetindo pela vida afora a atitude de seus educadores infantis.
Supõem-se serem indispensáveis aos projectos da causa espírita.
Façamos um exame sincero em tais condutas para não nos julgarmos ser mais do que realmente somos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:44 pm

Capítulo 20 - Sob a hipnose da vaidade
"Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo"
O Evangelho Segundo o Espiritismo capítulo Vil - item 4.

António experimentava a amargura das lutas no movimento doutrinário.
Líder consagrado e influente em sua região, via-se cercado por tricas, dissidências, calúnias e tormentas.
Os anos de experiência não lhe subtraíam a sensação de derrota ante os desafios.
Sustentava-se cultivando a ideia de que desempenhava importante papel em nome do Cristo.
Orava, pedia ajuda e prosseguia.
Certa vez, depois de sentida oração, bendita inspiração chegou-lhe ao cérebro.
Recordou-se do pequeno centro umbandista no qual, há mais de vinte anos, iniciou sua trajectória de espiritualização.
Pensou:
"Voltarei lá, não custa tentar, embora não creia que tenha muito a ajudar em meus testemunhos"...
Após a abertura dos trabalhos nocturnos, um preto-velho singelo o atendeu:
- Muzanfiota que nem enxame de abelha.
Todo picadinho.
Muzanfio tem que se alimpa.
Foge da mentira muzanfio, se não ela vai te arruína.
António saiu descrente.
Teceu críticas e asseguro" que não esperava mais do que isso;
- Falta de esclarecimento.
Umbanda realmente é para pessoas incultas.
Ao repousar, tomado de intensas pressões intimas, desligou-se do corpo.
Sob tutela do espírito protector, foi trazido ao consultório de doutor Inácio Ferreira no Hospital Esperança.
O médico uberabense, rico de humor, o recebeu nesses termos.
- António, António são duas horas da madrugada.
Veja se é hora de consultório estar aberto!
- Doutor Inácio, que bom revê-lo!
Ainda bem que está aberto!
- Sua ficha está em minha mesa.
- Que bom! Estou pedindo socorro.
- Já estou informado do que se trata.
Venha comigo, vamos ao pavilhão dos dirigentes.
Chegando ao local, explanou o médico:
- António, veja essas criaturas!
- Estão dormindo?
- Quase. Foram sedadas.
- Sedadas?! Hum!
Posso saber do que se trata?
- São dirigentes espíritas.
- Por que foram sedados?
- Passam por rigoroso tratamento.
- Essas feridas pelos seus corpos...
- Não são feridas.
São cristalizações psíquicas.
- Cristalizações?
- Esse é dos efeitos mais comuns dos conflitos não resolvidos, meu filho.
O conflito é a desarmonia entre pensar e sentir.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:44 pm

A luta evolutiva constitui o equilíbrio dessas potências da alma.
A mente humana aprendeu e acostumou-se ao mecanismo da negação, uma forma ilusória de fugir de si mesmo.
As pulsões inconscientes, no entanto, dinamizam-se involuntariamente convidando-nos à transformação.
Ao repudiá-las, estabelece-se o clima interno de angústia.
A angústia persistente gera camadas energéticas na mente, que são automaticamente expelidas para o corpo perispiritual para alívio da pressão mental.
Essas camadas, com o passar do tempo, tornam-se "canais de absorção" ou "plugs mento-electromagnéticos.
Assemelham-se a acnes de coloração amarelo-pálida.
São campos de imantação para o "parasitismo psíquico".
Ovóides e formas vivas não inteligentes acoplam-se em sua órbita com larga facilidade, agravando a saúde psicológica a caminho das perturbações.
- Mas nossos irmãos não foram dirigentes?
- Sim, e daí?
- Não deveriam estar em melhores condições espirituais?
- Disse bem: Deveriam!
Trabalharam muito para fora e quase nada realizaram na intimidade.
- Como classificar a doença de que padecem?
- Depressão por parasitismo.
- Difícil acreditar!
- Pois acredite.
Quem vê muitos espíritas na carne, escrevendo livros ou servindo na mediunidade, dirigindo centros ou fazendo palestras, nem sempre imagina a natureza dos dramas espirituais que os acompanham.
O corpo deles é como uma roupa limpa colocada em cima de feridas que, pouco a pouco, se alastram.
- Doutor Inácio, estou chocado! Inacreditável!
- Não queira saber quanto tempo passei em tratamento por aqui, apenas para tirar as "coisas" que se alojaram em meu pulmão de fumante!
Existe muita ingenuidade e desinformação entre os companheiros acerca dos efeitos de se envolver com interesses colectivos, sem retaguarda espiritual e humildade no coração.
- Agora estou ficando preocupado é comigo.
- Por que, António?
- Será que também possuo algum desses quadros?
- Vou sintetizar para você entender:
"Muzanfio ta que nem enxame de abelha.
Todo picadinho.
Muzanfio tem que se alimpá.
Foge da mentira muzanfio, se não ela vai te arruína.
- Doutor Inácio!
Então o senhor estava lá no centro umbandista?!
- Pior! Fui eu quem falou pelo médium umbandista.
Por que acha que o trouxemos aqui essa noite?
Veja sua "radiografia psíquica".
Após analisar a foto que assinalava a presença de formas esféricas em sua aura, António entristeceu-se e pediu orientação.
- Volte para o corpo e lembre-se que a vida é uma colheita de trabalho paciente.
A produção do mel é afanosa acção.
O que não exclui o mergulho nos favos.
Tenha coragem de abrir-se.
Tocar suas feridas emocionais, aceitar seus impulsos mais indignos e tratá-los com amor.
Rasgue sua "folha de experiências" e faça-se livre da pesada máscara das aparências.
Seja você e dê pouca "bola" para o que falam de você.
- Tentarei doutor Inácio!
No dia seguinte, António acordou no corpo.
Ao telefone com um amigo de lides, comentava o sonho da noite:
- Imagine você, agora tive a esperada confirmação.
Na colmeia de nosso movimento tenho uma enorme missão.
Fui esclarecido, esta noite, sobre os vários favos ou casas espíritas que tenho de ajudar.
Existem, no movimento espírita, muitos "furos" ou focos de infecção que eu posso curar.
Não tenho mais dúvidas, sou o zangão...
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:44 pm

Capítulo 21 - Descanso e refazimento
"Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela.
Desatender às necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus".

(Jorge, Espírito Protector, Paris, 1863.) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XVII - item 11.

O estágio espiritual da Terra é claramente caracterizado pela infância do homem, quando se trata dos cuidados com sua "máquina" física.
Os conceitos humanos de descanso e saúde estão demasiadamente viciados pelas ilusões.
Descanso, para a maioria dos encarnados, significa dilatação de prazeres e sensações corporais que levem ao relaxamento, enquanto saúde quase sempre está associada com beleza e sensualidade.
Com raras excepções, as criaturas passam suas semanas de trabalho profissional como escravos rebeldes do dever, para nos fins de semana tornarem-se proprietários relapsos da liberdade.
A ausência de prazer durante a semana de refregas é compensada nas folgas por meio de abusos, nos quais se tenta tornar intensamente proveitosos os momentos de "refazimento".
Comem, bebem e dormem em excesso, provocando sensações passageiras de bem-estar em variadas viciações de gozo fisiológico.
Chamam de diversão as viagens exaustivas a lugares neurotizantes onde se aglomeram multidões estressadas e dispostas à indisciplina.
Entorpecentes e sexo, mudança alimentar e temperaturas elevadas causam abusos inconsiderados ao organismo físico, enquanto afirmam que descansam mentalmente eliminando o desgaste.
Depois, retornam para casa com as típicas depressões domingueiras, aguardando uma segunda-feira trágica no retorno às obrigações, que cumprem extremamente mal-humorados.
Em boa lógica, se o tempo de folga foi usado no descanso, era de se esperar que retornassem felizes, exultantes e mais dispostos ao trabalho.
Nem sempre é o trabalho que causa o cansaço, mas a maneira de trabalhar.
A revolta com a profissão, a insatisfação com ofícios contrários aos pendores e o descanso mal conduzido provocam novas fadigas e depressões, que completam seu ciclo nas horas do relax inconsequente.
Nas formas habituais de relaxamento e descanso entre os homens reencarnados tem havido uma exaustão de reservas que precisa ser compreendida, em favor da melhor aplicação de seu património fisiológico e mental.
O corpo físico se alimenta de energias subtis, sem as quais padece dores e desgaste precoce.
A vitalização correta das células responde por uma vida harmoniosa, enquanto os abusos podem ceifar, pelo menos, uma terça parte do quantum energético que sustenta o corpo.
O que se tem chamado de entretenimento e refazimento na humanidade terrena, muitas vezes, não passa de acúmulo de lixo mental.
E esse "morbo" é resultante dos costumes mentais com os quais se lida com a máquina física, provocando sobrecarga de funções para alterar o cosmo hormonal, estimulado a expulsar intensa dose de endorfinas - a morfina natural - no alívio dessas exigências, causando, então, a passageira sensação de júbilo.
Passado o processo, experimentam-se as consequências em forma de dores variadas, sintomas que denunciam os excessos no estômago, na cabeça, nos músculos, no sistema nervoso, no estado psicológico e no afecto.
Renovemos os conceitos.
Se fizermos uma análise sensata, constataremos que expressiva parcela dos homens tem trabalhado dois terços da sua vida para arruinar a última terça parte de sua existência corporal, ficando à mercê de doenças e vazios existenciais.
Curtindo um remorso cruel e uma velhice penosa como resultados de sua má utilização da implementação corporal e de seus sentimentos.
Os costumes físicos humanos tornaram-se um problema social.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:44 pm

O homem, basicamente, da juventude à fase adulta, aprende a viciar seu corpo para depois ficar por conta do doloroso processo de mudança de hábitos na terceira idade, gastando o pouco tempo que lhe resta e o dinheiro que amealhou, para tentar corrigir os efeitos de seus abusos.
A interiorização dos valores espirituais vai renovando a mente e imprimindo energias saudáveis sobre as células que, por fim, habituam-se às novas formas de absorção dos conteúdos energéticos subtis de saúde e paz, que advêm de diversões e condutas íntegras e equilibradas.
As actividades esportivas, a música elevada, o hobby terapêutico da costura, a arte da pintura, a leitura edificante, um bom filme, o contacto com o sol e a natureza, um pouco mais de sono, uma viagem esporádica, uma breve reunião familiar para rever parentes, ou outras iniciativas que ensejem uma mudança na rotina constituem favores ao organismo físico em razão dos estados mentais e afectivos que decorrem dessas ocasiões.
Todavia, nós que estamos matriculados na Nova Escola de aprendizados da alma, sob as directrizes seguras da Doutrina Espírita, verificamos que a renovação dos hábitos perante a vida nos conduz a novas escolhas no que tange aos roteiros do lídimo repouso.
Os trabalhos assistenciais, os estudos e seminários, os bazares, as viagens doutrinárias, os encontros calorosos nas tarefas do quilo, as visitações a enfermos, enfim, o ambiente da casa espírita, constituem o refazimento indispensável que nenhuma outra forma de
entretenimento nos tem oferecido.
A oração e a meditação em torno dos novos ensinos auferidos nas realizações doutrinárias preenchem-nos com profundidade e louvor, em razão do contacto com as correntes mentais superiores do universo, proporcionando ao corpo material a recomposição subtil da qual necessita para sua durabilidade e defesa.
Uma noção mais lúcida de descanso e refazimento deve fazer parte da vida de todos os homens, especialmente daqueles que foram agraciados com a luz dos conhecimentos imortais.
A melhor noção de pausa e recuperação deveria ser trabalhar de outra forma, ou seja, ter uma ocupação útil em vez de se entregar às malhas da inércia e da ociosidade, que consomem e exaurem.
Actualmente, em face dos compromissos assumidos com as Leis Divinas, o trabalho humano assume feições provacionais para multidões de trabalhadores insatisfeitos, levando-os a separar a hora do trabalho da hora do descanso, conquanto o trabalho, em si mesmo, é descanso e alegria para muitas criaturas.
Sem sentir-se útil, o ser passa por uma das mais trágicas experiências da vida, o cansaço do espírito.
O sentimento de utilidade, de cooperação com a vida e a sociedade é dos mais nutrientes e nobres alimentos da alma, razão pela qual os Luminares Orientadores da codificação afirmaram:
(...) o Espírito trabalha, assim como o corpo.
Toda ocupação útil é trabalho".
Vejamos que não foi assinalado assim:
"Trabalho é toda ocupação útil", porque, então, nesse caso, se a criatura sentir como sendo útil tudo que realiza, a colocação daria margem para entronizar o mal como ocupação útil.
Disseram os Bons Espíritos assim:
"Toda ocupação útil é trabalho", resta-nos analisar o que seja ocupação útil.
E ainda temos de considerar que quem empresta utilidade ao trabalho que realiza, é o Espírito por meio de sua relação com a actividade que desenvolve.
Na Terra, com raríssimas excepções, a grande maioria dos homens não aprendeu o valor de servir, de ser útil ao outro ou à colectividade.
Frequentemente, inverte a ordem e quer ser sempre atendido e servido por se sentir carente e lesado, sentimento este que, na verdade, não surgiu por causa de problemas sociais ou educacionais, mas provém do egoísmo que o espírito já acalenta há longos anos.
A inércia de fora é doença na intimidade.
Sentir-se útil é essencial para a saúde.
É o descanso verdadeiro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:45 pm

Para almas como nós, que anseiam romper com os estágios primários da evolução, o prazer de viver constitui sinónimo de felicidade e plenitude.
Esforcemo-nos por edificar o prazer em bases rectas, calcado nas emoções nobres e refazedoras, a fim de que a ilusão dos sentidos físicos não entorpeça a razão a caminho da queda.
Saber viver em paz e descobrir nossos tesouros celestes
por meio da auto-conquista é o roteiro de elevação em favor desse almejado estado de ser.
Que haja muita sensatez entre nós, que cultivamos os propósitos de libertação espiritual, para não tratarmos o corpo como algo desprezível e de menor importância para nossa ascensão.
Assim manifestou uma alma querida na Sociedade Espírita de Estudos Parisienses:
"Deus tem Suas leis a regerem todas as vossas acções.
Se as violais, vossa é a culpa.
Indubitavelmente, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento, dizendo-lhe, por exemplo:
Foste guloso, vou punir-te.
Ele traçou um limite; as enfermidades e muitas vezes a morte são a consequência dos excessos.
Eis aí a punição; é o resultado da infracção da lei.
Assim em tudo".
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:45 pm

APÊNDICE - ENTREVISTA DO MÉDIUM WANDERLEY OLIVEIRA COM ERMANCE DUFAUX

SOBRE A IMPORTÂNCIA ESPIRITUAL DA MEIA-IDADE
1) A senhora confirma a visão da psicologia sobre a fase chamada meia-idade, na qual acontecem mudanças fundamentais para a vida?
A meia-idade, assim como qualquer dos ciclos de maturação humana, é revestida de importância decisiva aos projectos de êxito durante a reencarnação.
A grande contribuição ao tema por parte da psicologia junguiana é ter estudado com seriedade quais são os acontecimentos emocionais e psicológicos que cercam tal etapa da existência, tornando claras as suas expressões educativas nem sempre percebidas pela maioria das pessoas.
2) Nesta época há, de fato, uma maior erupção do inconsciente?
Exceptuando a infância, na qual o inconsciente se encontra em condição especialíssima, sob a hipnose da vida cerebral, todos os ciclos da vida humana são marcados pela contínua erupção da vida inconsciente.
A juventude é a retomada do património milenar do Espírito, a adultidade é o período das decisões cruciais e a terceira-idade é o preparo para conviver com a vida verdadeira em sua plenitude fora da matéria.
E a própria desencarnação é o ciclo definitivo de colheitas substanciais, quando nos vemos diante de nós próprios como somos.
3) Por que a meia-idade é crucial?
Nela se encerra a manhã da vida, convidando-nos para o entardecer das vivências.
O ego já não se encontra completamente absorto pelas conquistas perecíveis da vida sensorial, permitindo, então, um ebulir dos apelos profundos da alma em favor de nosso progresso.
O mapa de Deus para nosso destino está no Self, todavia, a rota para alcançarmos essa meta está no inconsciente.
De lá vem o curso a seguir.
São os assuntos pendentes da trajectória que solicitam solução e os talentos que suplicam manifestação.
Somente após as conquistas mais elementares da existência por meio da renúncia, da responsabilidade e da persistência é que surge a maturidade básica para o trato com as questões mais profundas do ser.
O jovem e a criança não pensam nem reagem como o adulto.
Cada ciclo tem seus desafios, e a meia-idade é o tempo da verdade lúcida no campo do Espírito.
Medos e culpas, desejos e aspirações, camuflados pela rotina dos dias, ressurgirão de forma abrupta diante dos acidentes da vida, ou gradativamente, obedecendo a um processo inestancável de amadurecimento da vida mental.
4) O que acontece de tão importante na vida mental nesta época da existência?
A perda da idealização e o convite para a realidade.
Em outras palavras, somos devolvidos a nós mesmos.
Raríssimas criaturas são detentoras de uma vida consciente que lhe permita viver sem idealizar.
A idealização é um mecanismo protector, cujo objectivo é levar-nos adiante acreditando no que queremos.
Esse querer, entretanto, raramente vai ao encontro de nossas reais necessidades de crescimento.
Idealizar é emprestar a um projecto de vida a nossa mais profunda crença de que ele significa o caminho certo para seguir.
A escolha pelo ideal implica em fazer trocas, renunciar objectivos, matar sonhos, tentar esquecer o que não gostaria de lembrar.
A vida mental, porém, tem suas leis que regem os ciclos do ato de existir.
O que não foi resolvido retornará, o oculto será revelado.
É impostergável realizar o Auto enfrentamento.
Do contrário, aquilo que durante décadas manteve-nos erectos moralmente através da idealização, poderá transformar-se em loucura e obsessão, tormenta e desequilíbrio, frustração e comodismo.
O que de mais importante acontece neste ciclo é, pois, a perda da ilusão de que podemos controlar a vida para que ela seja como gostaríamos, atitude típica de quem idealiza.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:45 pm

Em suma, na vida física, passa-se metade da vida voltado para as realizações que ultrapassam a esfera de nossos anseios mais subjectivos.
Família, profissão, cultura e religião absorvem-nos as motivações intelectivas.
Passado este estágio, somos devolvidos ao contacto com nossa realidade profunda, iniciando a autêntica preparação para o regresso ao mundo da realidade, fora das fronteiras da matéria.
5) Como fazer um bom proveito desta etapa da reencarnação?
Com coragem, paciência e dignidade.
Coragem para investigar e confrontar todos os anseios, desejos, fantasias, frustrações, hábitos, vícios, condutas e tudo que diga respeito aos mais secretos sentimentos da alma.
Paciência para fazer escolhas que não sejam apenas transferências de problemas com roupagem nova.
Dignidade para que tudo que signifique o novo na meia-idade seja fruto de tranquilidade consciencial.
Afora disso, a meia-idade pode não passar de uma fase de distracções consumindo o restante dos dias da vida física em mais tormenta e insatisfação.
6) Seria uma fase na qual vamos ao encontro do nosso projecto reencarnatório?
É a fase na qual a grande maioria das pessoas reencarnadas vai, pela primeira vez, ao encontro daquilo que quer realmente.
Passam a existência exercendo o papel de representantes dos desejos alheios, tolhidos pelo medo de escolher seu caminho divino de ascensão.
Raríssimos são aqueles que escapam da alienação da vontade pessoal na casa terrena.
Poucos renascem com larga fatia de autonomia e consciência de propósitos singulares na escala do progresso espiritual.
Primeiro ouvem os pais, depois os amigos e professores, mais tarde os grupos sociais, mais adiante a própria família que gerou e na meia-idade descobre-se escasso de escolhas pessoais e com apelos veementes por realizar sonhos que foram sufocados pelo tempo.
É necessário sabermos qual é a nossa real intenção diante da vida, se nela queremos viver com equilíbrio.
Não se trata de reviver antigas ilusões do querer egoístico, mas de saber com lucidez discernir o apelo profundo da alma na busca de sua estrada singular de libertação.
É, sem dúvida, o período no qual esmagadora parcela de almas se depara, no vasto terreno da intimidade subjectiva, com as motivações fundamentais que a trouxeram de regresso à matéria para a solução de velhos assuntos do Ser e o contacto com seus talentos pessoais à espera de desenvolvimento nos escaninhos do Self.
7) E buscando seus verdadeiros interesses, a criatura ajusta-se com seu projecto antes da vinda para o corpo físico, seria isto?
Para alguns sim, mas nem sempre.
8) Por que nem sempre?
Devido às ilusões.
9) Podemos confundir nosso mapa individual de evolução com as nossas ilusões?
Exactamente com este objectivo de conduzir nossos destinos aos rumos estabelecidos por Deus é que surge a pressão psicológica da meia-idade.
10) Do contrário, sem estas motivações, que seria do restante da reencarnação?
Acontece que somente conseguiremos a conexão com o tesouro de nossa trajectória celeste colocando-nos acima dos desvios que em outros tempos nos conduziram à miragem da satisfação egoística e perniciosa.
11) Parece-me que a grande maioria de nós não está atenta para a importância desse período da vida.
Falamos muito em juventude e velhice e saltamos a meia-idade.
Pode comentar?
Nessa época das experiências, duas são as posturas mais comuns:
a primeira é que multidões se acomodam e passam os seus dias enfurnados no medo de perder o que conquistaram.
A segunda é que muitos sentem que a vida acabou e, diante do pânico, procuram fugas enfermiças no intuito de se realizarem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:45 pm

Os primeiros cometem um descuido com relação ao ato de viver, isto é, a dificuldade de desapegar de uma das mais subtis e enraizadas ilusões:
a de que a vida pode permanecer do jeito que queremos.
Os segundos desistiram do ato de viver porque passaram idealizando a vida que nunca terão.
Entregam-se nos braços sórdidos da rebeldia e da revolta pelos caminhos do imediatismo.
Estes passam pela vida sem deixar que ela exista em seu mundo íntimo.
Poucos vislumbram que é o momento de começar a viver através da sensação meritória de liberdade interior e de constante impermanência.
12) Como o inconsciente aflora em cada um destes dois grupos?
Nos controladores-acomodados, o primeiro grupo, surge por meio de acontecimentos externos, que em muitas ocasiões é a única forma de sacudir a vida interior.
Isso, porém, não é uma regra.
Estes acontecimentos são: perdas, mortes, doenças e outras variedades provacionais.
Podem também ser acometidos por acidentes emocionais dolorosos, dependendo do que são chamados a elaborar em relação ao seu mundo mental.
Quanto aos que idealizam a vida, o maior chamado é a própria infelicidade, na qual se aprisionam.
São mais susceptíveis à depressão e a vários géneros de patologias mentais.
Em ambos os casos não existem regras e tudo será de conformidade com a posição espiritual de cada um.
13) Como fazer as melhores escolhas nessa fase da vida, diante de um mundo interior instável e abalado por provas diversas?
Fazer melhores escolhas é algo muito singular. Enquanto queremos definir melhores escolhas por meio de cardápios de conduta, quase sempre criados pela religião, estaremos fugindo da escolha consciencial pela qual devemos nos guiar.
Aprender a ouvir a consciência é a grande lição que nos espera.
Quem poderá, em são juízo, definir algo por nós, sendo que esta é a fase da solidão para escolher e definir nossos próprios caminhos?
A solidão necessária para nos conduzir à autenticidade.
O doutor Viktor Frankl abordou muito bem este tema da seguinte forma:
"Quando um homem descobre que seu destino lhe reservou um sofrimento, tem que ver neste sofrimento também uma tarefa sua, única e original.
Mesmo diante do sofrimento, a pessoa precisa conquistar a consciência de que ela é única e exclusiva em todo o cosmo dentro desse destino sofrido.
Ninguém pode assumir dela o destino, e ninguém pode substituir a pessoa no sofrimento.
Mas na maneira como ela própria suporta este sofrimento está também a possibilidade de uma realização única e singular".
Nem sempre faremos as melhores escolhas, mas o certo é que na meia-idade seremos chamados a fazer as nossas escolhas pessoais, íntimas, intransferíveis.
Qualificar escolhas é algo essencialmente consciencial.
Algo entre Deus e a criatura.
14) Como espíritas, como nos situar diante deste tema?
O Espiritismo é uma doutrina nova.
Poucos são aqueles que já reencarnaram pela segunda vez como espíritas.
A realidade da vida imortal e todas as suas implicações em nossa conduta na vida terrena ainda se encontram povoadas de princípios fantasistas da religião tradicional.
A cultura espírita no mundo ainda pende muito mais para convenções que para a educação dos potenciais da alma.
Ainda nos encontramos muito mais na cartilha do que não fazer, que na orientação para o que fazer e como fazer.
Esse caldo cultural serve de freio disciplinador e contenção das más tendências.
Todavia, a proposta educativa de Jesus é toda centrada em valores.
Desenvolvimento de qualidades.
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PRAZER DE VIVER - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira - Página 3 Empty Re: PRAZER DE VIVER - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:45 pm

Somente buscando o caminho pessoal e intrínseco das necessidades e merecimentos poderemos encontrar na existência o nosso projecto de ser.
Os espíritas são pessoas humanas como quaisquer outras.
Apenas sabem mais sobre a realidade da vida após a morte, mas mesmo assim são portadores das mesmas angústias de qualquer cidadão comum.
De fato, fica na acústica da memória o conhecido ensino do Mestre:
"Muito será pedido a quem muito for dado".30
Isso, porém, não significa que devemos deixar de fazer escolhas a título de acertar mais e errar menos, pois o simples facto de não escolher já pode ser um desvio na trajectória particular de nossa evolução.
15) O Espiritismo confere, por si só, um sentido à nossa existência?
O Espiritismo é uma ferramenta de progresso.
Seus ensinos despertam na alma uma atracção incontrolável para a adesão a um estilo de vida distinto e mais digno, que passa a consumir esforços em torno do ideal.
O Espiritismo, portanto, com sua qualidade inquestionável de conteúdos, é capaz de motivar o idealismo, passando automaticamente a ser o sentido da vida para expressiva parcela de adeptos.
Mesmo assim, o ideal pode não passar de um mecanismo de contenção que a vida encontrou para educar ímpetos e adiar o momento decisivo do auto-enfrentamento com nossa sombra pessoal.
Quantos companheiros motivados e com uma actuação impecável nas lides de serviço doutrinário, de hora para outra, tombam em crises sem precedentes.
É nesse momento que o ideal emprestado morre para
a conquista do mundo real que nos pertence.
É o momento de decisões e testemunhos de aferição.
Somente nesta ocasião saberemos se os ensinos que tomaram conta do cérebro estão descendo para o coração a reflectir as expressões mais profundas da consciência.
16) Que traço psicológico melhor definiria a meia-idade à luz do Espírito imortal?
A autenticidade.
O encontro com o eu real e suas aspirações mais nobres.
17) Somente nos enfrentando conseguiremos a autenticidade?
É o primeiro passo.
18) Quais são os outros passos?
A dissipação das trevas da culpa que, sob o facho luminoso da lucidez, conduz-nos aos braços da responsabilidade e do amor.
Para isso, somente renovando nossos modelos mentais ideais e vivendo sua realidade sem ser inimigo de si mesmo, procurando fazer-se um aliado nas experiências e escolhas.
19) Parar de nos culpar?
A culpa pode nos tornar hipócritas.
20) Como?
Quando não aceitamos nossas imperfeições, criamos os modelos ideais de Ser.
Vivemos na órbita deste modelo, repreendendo-nos com crueldade e maus-tratos toda vez que não o atendemos.
Nessa experiência, sufocamos o que há de mais rico em nossa trajectória para Deus, ou seja, a nossa humanidade, a criatura imperfeita que somos.
O fato de sermos humanos causa pânico nas criaturas mais rígidas.
A rigidez constitui uma defesa à própria humanidade da qual são também portadores.
A culpa, portanto, esconde nossas reais necessidades de crescimento espiritual, fazendo-nos ser o que não somos, para nos sentir bem com nosso modelo de Ser.
21) O que é a hipocrisia?
É adular uma criatura que não somos.
Alimentar uma personalidade que esconde a nossa realidade mais profunda, com a qual não queremos tomar contacto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 29, 2018 7:38 pm

A hipocrisia foi uma das doenças mais tratadas por Jesus em Sua celeste missão.
A senda para a autenticidade é permeada por etapas.
Quando se prolonga demasiadamente o auto-enfrentamento com nossa sombra, a hipocrisia passa a ser um resultado que ninguém tem como deter na marcha dos dias.
22) A culpa pode nos ajudar em alguma situação?
Usando-a como guia para rever valores e crenças ela pode nos ajudar.
Do contrário, ela será caminho para o estado de remorso - raiz das mais variadas psicopatologias.
23) O que existe em nossa sombra que é tão difícil de olhar?
Desejos, carências, medos, traumas, frustrações, mágoas, tendências, memórias de culpa, sonhos sufocados, talentos relegados.
Na sombra está todo o conteúdo evolutivo para o qual não quisemos ou demos conta de olhar, ao longo da peregrinação milenar do Espírito.
24) Como essa sombra nos prejudica?
De várias formas.
Listemos algumas:
- Fantasias dolorosas.
- Sustentação de crenças nocivas.
- Exaustão energética decorrente de conflitos.
- Campo mental para acção espiritual exploratória.
- Somatização de patologias orgânicas.
- Depressões e variados quadros de doença mental.
• Desprazer de viver.
Todas estas experiências, entretanto, sob a óptica da vida cósmica e suas leis, são mensagens do inconsciente manifestando que chegou o nosso instante de ser feliz, e de que não há mais como descuidar deste assunto na caminhada para a perfeição.
25) Gostaria de oferecer uma mensagem final sobre a meia-idade?
Nunca houve tanta proximidade entre a Terra visível e a invisível.
Em tempos de transição, até mesmo os acidentes naturais que varrem cidades e multidões têm implicações decisivas nas faixas do ecossistema espiritual.
Guerras, ciclones, maremotos, poluição, terrorismo, miséria e tsunamis são fenómenos sociais que trazem mudanças nessa inter-relação de mundos físico e espiritual.
O doutor Barry já fazia esta análise nos tempos da Codificação nos livros básicos do Espiritismo.
Ele teve a oportunidade de dizer:
"Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contra-choque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados.
Digo mesmo que aquele toma parte activa nessas comoções.
Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre os homens.
Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós.
Indizível efervescência entra a reinar na colectividade dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo e que aguardam o momento de a ele volver".31
Em tempo algum houve tão expressiva densidade populacional nas faixas invisíveis da humanidade terrena.
A resistência prolongada no mal durante milénios criou nas esferas inferiores da sub-crosta as mais desconfortáveis condições de habitat no império da maldade.
Em razão dessa asfixia nos porões da vida nas profundezas vibratórias do planeta, o inferno literalmente subiu para o solo terreno.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 29, 2018 7:39 pm

Dilatou como nunca o volume das reencarnações e, cada dia mais, se dilata o número daqueles que, largando o corpo físico, vivem como se nele ainda permanecessem.
Essa realidade ainda resultou em outra causa de aumento da densidade populacional da psicosfera terrena.
Os Tutores e Condutores dos continentes destacaram todos aqueles em condição de zelar pelo bem na humanidade para missões consagradas perante as instituições de socorro e amparo que velam pelos destinos do bem em nossa casa planetária.
Com uma gama de aproximadamente trinta biliões de almas envolvidas com as actividades e compromissos do planeta Terra, temos hoje pouco mais de seis biliões de criaturas envergando o corpo físico, isto é, um quinto do montante geral do censo populacional terreno.
Desse conjunto de vinte e quatro biliões de Espíritos fora da matéria, pelo menos a metade, segundo pesquisas realizadas nos últimos vinte anos em nosso plano de acção, carecem do retorno à escola das provas na vida corporal.
Consideremos, portanto, essa parcela de almas que regressou ao corpo como sendo os representantes de quantos se encontram guindados à condição de necessidades especiais na composição fora dele.
Estar no corpo carnal, mesmo com os severos limites impostos pela expiação, significa uma bênção de proporções incalculáveis diante deste quadro.
É um instante definitivo para nossa sociedade.
Se leis físicas, químicas e biológicas submetem-se a este princípio inter-dimensional, que se dirá das leis que regem o mundo íntimo dos seres humanos?
Fora da vida tangível prolonga-se a extensão de cada mente submetida aos cinco sentidos.
O reflexo de nós mesmos se faz ao redor de nossos passos em quaisquer expressões quânticas na ordem universal.
Agimos e reagimos sob imperativo de vínculos entre sociedades, física e espiritual.
Essa interacção, que nunca teve antecedentes tão expressivos quanto agora, faz-nos reflectir na força determinante da psicosfera do orbe sobre a vida mental das criaturas encarnadas.
Qual o estado emocional predominante na população terrena?
Que factores íntimos e externos são decisivos no teor de nossos sentimentos?
Qual o traço moral dominante nas relações humanas?
Que doenças podem surgir a partir da simbiose psíquica entre almas em diferentes planos de vida?
Qual o conceito de obsessão diante do quadro sócio-espiritual dos habitantes da nossa casa terrena?
Como encontrar prazer de viver diante de expressões de miséria e dor que contrastam com a marcha inestancável do progresso?
Não teremos regeneração da humanidade sem descobrir as respostas essenciais na conquista de nossa real condição evolutiva.
O prazer de viver está nessa arte sagrada de aprender a talhar nossa identidade espiritual perante os estatutos cósmicos gravados no átrio da consciência.
Somente com respostas lúcidas e individuais lograremos explorar o mundo desconhecido de nossas riquezas interiores.

FIM DO LIVRO

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