LUZ ESPÍRITA
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PRAZER DE VIVER - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 24, 2018 8:07 pm

"Na verdade, é já realmente uma falta terdes demanda uns contra os outros.
Por que não sofreis antes a injustiça?
Por que não sofreis antes o dano?"13
A inveja é dos sentimentos que menos confessamos a nós mesmos.
É uma propriedade psicológica do sentimento de egoísmo, ou seja, não conhecemos e nem percebemos sua acção em nós.
É uma das várias artimanhas do ego para nos manter protegidos da terrível sensação de vulnerabilidade, impotência e pequenez.
Invejamos o que o outro tem ou é, quando não amamos ainda o que somos e temos.
Não nos amando, passamos a fazer comparações sistemáticas.
Somente nos comparando connosco mesmos, em relação ao nosso trajecto de aperfeiçoamento na vida, é que nos sentiremos valorosos e gratificados.
Se nada construímos de útil e bom, possivelmente só nos resta a humildade de assumir nossa condição e começar um caminho novo.
Invejar não resolverá o vazio que sentiremos de não galgar os degraus que já gostaríamos de ter logrado.
A solução é ouvir nossos sentimentos com lisura moral.
Permitir-nos sentir e estudar a inveja descobrindo suas nascentes e camuflagens.
Alguns pontos podem nos auxiliar:
• Assumir que competimos e descobrir as causas profundas desta atitude.
• Compreender que não fazemos isso propositadamente.
Não escolhemos ser invejosos, vivemos um processo resultante de milénios.
• Nossa intenção nobre está preservada independentemente de quaisquer descobertas dolorosas sobre nossas imperfeições.
Somos mais o que intencionamos que, propriamente, o que fazemos.
• Os erros decorrentes de nossas atitudes na inveja velada devem ser aferidos sem culpa, buscando reparação e olhar para o futuro.
Que eles sirvam de lições para não incorrermos naqueles mesmos desvios.
• Manter exames periódicos acerca das investidas da inveja em nossa conduta e tomar providências imediatas para sua erradicação.
• Guardar atenção com a ansiedade e a compulsão com as tarefas para não cair no automatismo ou na ausência de reflexão educativa.
Não confundamos sacrifício com ansiedade.
A verdadeira tarefa espírita não está fora, mas no íntimo.
Nas lições pessoais e intransferíveis que realizamos em Deus no átrio da consciência.
O princípio originário da inveja está assentado na Lei Natural de conservação.
"É natural o desejo do bem-estar.
Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação.
Ele não condena a procura do bem-estar, desde que não seja conseguido à custa de outrem e não venha a diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais".14
Aprender com o sucesso alheio, ter metas de progresso material, compreender as aptidões que admiramos em outrem, respeitar a experiência e alegrar-se com as vitórias
dos outros são caminhos da admiração, isto é, a direcção educativa para os sentimentos despertados, ante os valores que nos cercam na convivência.
São estímulos para crescer.
Somente os que se amam e conhecem seus potenciais, valores e aptidões olharão a vida e o próximo com alteridade, prezando as diferenças com louvor, reconhecendo que cada um deve florescer onde e como se encontra, descobrindo sua missão gloriosa perante a vida, distante do acto de invejar.
Ante essa descoberta, tecida nos fios do auto-amor, alcançaremos a condição superior exarada pelo senhor Allan Kardec:
O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoandose".15
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 24, 2018 8:07 pm

Capítulo 08 - Projectos de Religiosidade na Promoção Humana
"O objectivo da religião é conduzir a Deus o homem.
Ora, este não chega a Deus senão quando se torna perfeito.
Logo, toda religião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objectivo".

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo VIII - item 10.

A religiosidade é o conjunto das atitudes, ideias e sentimentos afinados com as directrizes das Leis Divinas ou Naturais.
Por analogia, assinalemos o sentimento como sendo o templo interno de nossa busca a Deus pelo coração, e as atitudes como o altar sagrado de nossa comunhão com o Pai.
Para o encontro com o Pai não nos bastará a permanência no templo sem a genuflexão no altar.
Se os bons sentimentos são fonte de equilíbrio, somente as atitudes são chaves libertadoras aos mais amplos voos nos rumos da conscientização.
Imprescindível resgatar essa conotação de religiosidade em detrimento de nosso indesejável religiosismo milenar, isto é, as atitudes que decorrem do apego a rígidas estruturas religiosas arquivadas nos profundos porões da mente.
A adesão voluntária à religião universal da caridade é a fonte de permanente revitalização do afecto e do amor.
Com ela adquirimos o espírito renovador que resgatará os ambientes de simplicidade e júbilos incontáveis para nossas casas espíritas, sob o influxo da convivência educativa.
O psiquismo religioso como natural formação cultural ainda é ostensivo no que tange a delinear as plataformas de acção do Centro Espírita.
Todavia, nossas casas de consolo são convocadas a se promover a centros educativos da alma.
A prolongada fixação no consolo sem descortinar os roteiros de libertação, oferece campo para a estagnação e o fanatismo.
A tarefa do Centro Espírita não deve se circunscrever a amenizar as lutas humanas.
A humanidade precisa de educação, tanto quanto de conforto afectuoso.
Não basta aliviar as dores, é indispensável ensinar a construir a felicidade.
Utilizando a advertência de Bezerra de Menezes, perguntemos:
"Como assumir esse compromisso de tornar a casa doutrinária uma escola capacitadora de virtudes e formadora do homem de bem?"
O benfeitor propõe um caminho:
"Elaboremos um programa educacional centrado em valores humanos para dirigentes, trabalhadores, médiuns, pais, mães, jovens, velhos e o apliquemos consentaneamente com as bases da Doutrina"}6
Em todos os tempos, os projectos de religião sempre compareceram organizando as comunidades e propondo metas, e foi por falta de projectos de religiosidade que as organizações se desviaram de seus sagrados objectivos educativos.
Igualmente, nossas agremiações espíritas, ainda que contabilizando conquistas apreciáveis no terreno da orientação e da promoção humana, podem avançar muito mais por meio da edificação de ambientes regenerativos ricos de humanismo e distante da padronização.
O contexto social da modernidade apela para directrizes mais claras de significado, com linguagem apropriada ao contexto e com práticas que sintonizem o homem com seus sentimentos.
Nenhum projecto educacional pode desconsiderar a singularidade humana, sendo, portanto, sob análise construtivista, contraproducente aderir a convenções que raiam para rigidez e estrangulam a criatividade, a alteridade.
Os núcleos doutrinários da actualidade têm como urgente e indeclinável tarefa auxiliar o ser humano na matriz de todas as suas doenças, a doença-mãe chamada doença do sentido, ou seja, a incapacidade de dar um significado útil e prazeroso a sua vida.
O tema fé deve constituir o centro desse curso de auto-amor e despertamento da sensibilidade.
A propósito, o que é a fé?
Como desenvolver a fé?
Fé é algo inato ou passível de desenvolvimento?
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 24, 2018 8:07 pm

Por que a fé é tão importante para dar um sentido à existência?
O que tem impedido o homem de utilizar sua fé?
Até onde a religião é útil para a fé?
Qual a relação entre fé e religiosidade?
Como entender a colocação:
"Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem?"17
O prazer de viver está intrinsecamente conectado a esse tema.
E o prazer de viver é a maior conquista das pessoas livres, felizes e conscientes.
Muitos corações queridos do Espiritismo estão exemplarmente integrados com aos projectos religiosos sob enfoque da doutrina, entretanto, ainda não amealharam a alegria de existir, o prazer de ser o que são, o sorriso de ternura e a vibração da paz.
O tempo passa.
A reencarnação se esvai.
Ainda assim permanece a proposta de fazer de cada um de nós o roteiro de luz e felicidade que irradiará para os homens, a mensagem excelsa da imortalidade e do amor.
Ergamos as trincheiras do desapego de conceitos e pontos de vista.
Acompanhemos a lufada renovadora de bênçãos que atinge a nossa seara, e vigiemos para não cair nas malhas do imobilismo.
Mais que purismo filosófico, atitudes humanizadoras.
Mais que amor à doutrina, laços de afecto com o próximo.
Nossas reflexões podem parecer um tanto fora da realidade para alguns, mas foram todas inspiradas na palavra e na acção de homens e mulheres que souberam materializá-las, em reencarnações vitoriosas na história do Espiritismo brasileiro, e que, segundo eles, constituirão o núcleo da plataforma do movimento espírita do século XXI, na preparação do milénio da regeneração humana.
Devemos lembrar que esse engano do coração de fantasiar onde existe a Verdade, foi o que nos levou a dois mil anos de desprezo à proposta de Jesus, a qual somente agora começamos a sentir o valor.
Portanto, não será demais afirmar que, quando não conseguimos plenificar o amor em atitudes, a tendência é escravizá-lo a belos raciocínios no intuito de aliviar a nossa consciência, e adiar um tanto mais nosso tempo de amar...
Nossa causa é o bem vivido e sentido.
Injustificável qualquer receio em inverter esta ordem e priorizar a defesa aos princípios doutrinários, que cada dia mais estão consolidados no inconsciente colectivo da humanidade.
Infelizmente, muitos substituíram a fraternidade em favor das convenções.
Eles próprios, contudo, pagam por si mesmos um severo preço.
Na intimidade amargam o frio das rudes provas por meio dos sentimentos de dúvida e adiam as suas chances pessoais de romper com as envelhecidas barreiras, entre o que pensam que são, e aquilo que realmente os esperam no país da Verdade Imortal.
Teremos de mencionar sempre o amor, já que ainda não o conseguimos plenificar em nossas atitudes, porque, se deixarmos de falar sobre ele, o esqueceremos de vez.
Recordemos com a própria Doutrina Espírita que o conhecimento será instrumento disciplinador do coração, mas somente a convivência edificada em legítimos gestos de amor será a nossa alforria perante a vida futura, que se nos aguarda logo mais.
Trabalhemos todos pela vitalidade de nossos ideais de aproximação e convivência salutar, ajustando-nos à transformação pelos princípios do Homem de Bem.
Laborar em atitudes Cristãs pelos ofícios da seara espírita é angariar créditos na expansão da luz da Boa Nova para toda a humanidade.
Edifiquemos espaços de legítima unificação nos núcleos espiritistas pelos vínculos sacrossantos de amizade e interesse renovador.
Deixemos definidos novos parâmetros que nos inspirem o projecto de religiosidade no carinho espontâneo, e que essas sejam as metas a ser perseguidas nos dias vindouros de nossa faina espiritual:
Unidade? Somente de sentimentos elevados.
Pureza? Sobretudo nas intenções.
Supremacia? Pelas vias dos consensos.
Coesão? Apenas nas atitudes.
Sem isso, será fazer do Espiritismo mais uma religião que poderá terminar enquadrada na alertiva do codificador:
"(...) toda religião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objectivo".
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 24, 2018 8:07 pm

Capítulo 09 - Significado da Caridade
A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola que dais, nem mesmo nas palavras de consolação que lhe aditeis.
Não, não é apenas isso o que Deus exige de vós.
A caridade sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para com o vosso próximo".

O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XI - item 14.

Caridade! Ela é a alma da vida na criação, porque alimenta o Engenho Divino e Universal pela cooperação e permuta.
Caridade é o movimento sublime da alma na construção do bem.
Entendê-la como mero ato compulsivo ou agendado de beneficiar alguém ou alguma obra será limitar seu conceito cósmico.
Caridade é acção educativa.
Nem sempre, no entanto, ela tem educado, reduzindo-se ao amparo amenizador de dores e necessidades, que não ultrapassa a conotação de simples dever social conferido a todos na humanidade.
A acção no bem, antes de tudo, é estímulo e experiência para quem a pratica.
Do contrário, restringe-se a exercícios de doação para desafrouxar" sentimentos, ato não menos meritório, mas distante do significado sagrado da palavra que foi descrita por Adolfo, bispo de Argel, na inspirada poesia que diz: "Caridade!
Sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás-de conduzir os povos à felicidade". 18
Constatam-se frequentemente nos nossos ambientes educativos do Espiritismo, várias almas distraídas quanto aos deveres mais profundos na aferição e no proveito pessoal nesse assunto.
Empenham-se em movimentos espectaculares de filantropia, asilando sonhos de grandeza espiritual para depois da morte, como se obtivessem garantia automática de redenção e paz interior.
Ninguém pode, em são juízo, afirmar que exista alguma acção no bem sem proveito.
Reflictamos, porém, que as expectativas e o entendimento de muitos corações iluminados pelas concepções doutrinárias, penetram o reino da ilusão por esperar "saltos evolutivos no além" em razão dos pequenos passos de altruísmo, que apenas começaram a dar.
A decepção, no entanto, estarrece tais corações quando libertos da matéria.
Constatam que fizeram luz para muitos, não conquistando sua luz pessoal e inalienável.
A luz que espalhamos aos outros sempre será avalista dos mais prestimosos créditos de amparo na carne ou fora dela. Entretanto, não constitui saldo defensivo contra as investidas do mal que ainda brota do próprio imo.
A transformação dos impulsos infelizes e o desenvolvimento de valores nobres são as únicas credenciais de autoridade e harmonia no trajecto da Terra para o mundo espiritual.
Milhões de almas, bem-intencionadas e solidárias, encontram-se em estágios de dor na imortalidade devido à negligência com a qual se portaram ante os mais singelos deveres morais de cidadania, saúde e conduta recta.
Entre esses, encontram-se muitos espíritas, devotos da actividade assistencial.
A caridade material é regime abençoado no exercício do afecto e da empatia, auxiliando o homem a se libertar dos grilhões do egoísmo.
Entretanto, em razão de nossas lutas interiores, essa conotação da caridade pode nos acostumar facilmente, ao automatismo, à compulsão, acrescidos das deformadas noções de quitação de carmas pelos serviços assistenciais, arruinando excelentes chances de crescimento, auto-avaliação e desenvolvimento de habilidades.
Assevera Isabel de França:
A caridade sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para com o vosso próximo".
Caridade em bom conceito é interesse emocional edificante pelo outro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 24, 2018 8:08 pm

O acto verdadeiro da caridade encerra em si a benevolência - o sentimento de amor ao semelhante no que há de mais puro e alteritário.
Somente nesse patamar de emoção nobre, igualmente nos beneficiamos da acção caritativa, atingindo, então a finalidade maior no exercício do bem, que é consolida-lo em nós, além daquilo que pudermos realizar pelo outro.
O bem tem de ser Dom e gerar valores, antes de tudo, para quem o faz.
Uma reflexão merece a atenção de todos nós, nas tarefas abençoadas de amor ao próximo, no seio de nossas agremiações espíritas:
acima das práticas devemos colocar o relacionamento.
A ilusão, infelizmente, tem dilatado e incentivado ideias de salvacionismo fácil por meio de práticas que algumas vezes não passam de mecanismos do ego Para aplacar a ansiedade de destaque e prestígio de criaturas em vivências personalistas.
Sem nenhum sentimento de menosprezo, e com todo o respeita e carinho filca nosso convite aos trabalhadores da seara para uma reavaliação com fins de melhoria em todas as nossas iniciativas doutrinárias em nome do bem.
Quem não admite a possibilidade de melhora e mudança nos roteiros de acção doutrinária, possivelmente terá estacionado no proveito individual perante as realizações que exerce, ainda podendo estimular outros à estagnação.
Repensemos com proveito nossas tarefas de amor.
Tomemos por base um dos conceitos mais completos nesse tema:
"Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?"
"Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:32 pm

Capítulo 10 - Auto-perdão: força para recomeçar
A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio".
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo V - item 14.

Temos uma ala edificada em plena natureza no Hospital Esperança, na qual são realizadas actividades de apoio a suicidas em recuperação.
Nesses círculos de amor, trabalhamos o valor da vida por meio de depoimentos e técnicas de sensibilização dos sentimentos nobres.
O objectivo é que todos aprendam a tratar com respeito os seus actos impensados, adquiram domínio interior e honestidade emocional.
- Meus irmãos, Maria Clara será nossa expositora nesta ocasião.
Vamos ouvir seu depoimento rico de lições para todos nós - falou dona Modesta acolhendo-a com um abraço carinhoso.
- Vou falar como sei, pois longe me encontro dessa condição de expositora.
Já disse isso a dona Modesta.
Não me sinto com a mínima autoridade para ensinar qualquer coisa, especialmente sobre o assunto que vou discorrer.
- Fale de seu coração, minha filha - atalhou a orientadora amiga.
- Dizem que os que se matam fazem isso para se livrar de um acontecimento infeliz.
Engano! Fazemos isso para nos livrar de nós mesmos.
O suicídio é apenas mais uma decepção que se soma ao conjunto de insatisfações que coleccionamos.
Livramo-nos realmente da vida física, dos problemas periféricos que consomem nosso pensamento.
No entanto, não nos livramos do que sentimos.
Quem se suicida não está se matando, já morreu há muito tempo.
Clara parou de falar, olhando para o chão, como que envergonhada de si mesma.
Dona Modesta imediatamente conclamou:
- Cabeça erguida, Clara! Fracasso, minha filha, só existe para quem nada aprende com seus próprios erros.
Não é o seu caso - disse dona Modesta com firmeza.
- Desculpem-me pela vergonha! Vou continuar.
O ato suicida apenas elimina o corpo de quem, na verdade, já decretou sua derrocada moral.
Somente estando na vida espiritual para se dimensionar com exactidão a dor dos que já morreram por dentro.
O pior dessa morte é querer deixar de existir e não ser possível.
O suicídio é a decisão desesperada da criatura que não está pulsando com a vida.
Não matamos a nós mesmos por covardia ou para pôr fim a algo; matamo-nos porque não sabemos como existir, como resgatar o sopro de vida dentro de nós.
Perambulei por centros e mais centros espíritas e só ouvi sentenças sobre carma e obsessão, doença e ruína.
Como garimpar o diamante da vida nesse lodo de incompreensões e negativismo?
Envergonhava-me quando em contacto com os amigos de doutrina, porque não conseguia esboçar sequer um sorriso de gratidão.
Hoje, um pouco mais refeita das dores acerbas que me fustigaram o coração, percebo com clareza a severidade do que significa essa morte interior.
Procurei quem pudesse ouvir minha dor com o coração, entretanto o que recebi foram doutrinações e reprimendas pelo que sentia.
Não encontrei em nossos ambientes de amor, quem me ajudasse a sustentar o perdão que não conseguia oferecer a mim mesma.
Quem tivesse respeito pelo que eu sentia e soubesse me tratar como doente e incapaz.
Procurando incentivar a explanadora, dona Modesta piscou e fez um aceno positivo no balançar da cabeça.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:32 pm

- Já encontrei pessoas que, mesmo se matando no corpo, gostariam de se matar novamente em Espírito. Entretanto, sentem-se totalmente incapazes...
No corpo basta uma lâmina, um corrosivo...
Mas como se mata o ser espiritual?
Por isso existem os vales da amargura e da perdição emocional.
Eu os conheço de perto.
Lá se juntam almas por pura afinidade, reunindo a miserável sobra de força para que, assim, aglomeradas, suportem a si mesmas.
Comparemos semelhantes locais a campos vergastados pela fome cruel em que todos se alimentam de pequenas migalhas de suprimento, sendo obrigadas a se desnutrir até que não tolerem mais as crises de loucura e passem a se agredir em busca do que lhes falta.
- Fale de seu drama pessoal, minha filha.
Quem se perdoa pode levantar em público as suas mazelas para que sirvam de lições imorredouras - exortou a benfeitora.
- Fui amante de um político famoso.
Engravidando-me, fui ameaçada de morte caso não praticasse o aborto.
Emaranhei-me nas ciladas que eu mesma criei.
Como espírita, neguei tudo que aprendi em nome de um amor fictício e interesseiro, porém, fascinante e encantador.
Por um falso amor ao outro, desamei a mim mesma.
Depois disso, viver para mim era doloroso.
Queria não existir, não ter de pensar.
Acreditei que poderia.
Já havia me matado pela culpa!
Dizia a mim mesma que, depois de tanta derrota na vida, ainda teria de suportar a rejeição, o desastre afectivo...
Clara, emocionada ao extremo, parou sua narrativa e falou:
- Com sinceridade, dona Modesta, não me vejo em condições de delongar mais acerca de meu drama.
- Está óptimo, Clara!
Não precisa dizer mais nada.
Seu nível de domínio e sinceridade são armaduras psicológicas de largo valor.
Vamos ver se temos perguntas na plateia.
- Eu tenho - levantou um cidadão que também experimentou o auto-extermínio.
Podemos perguntar o que quisermos, dona Modesta?
- Perfeitamente.
- Assim como você, Clara, não tenho a menor pretensão à autoridade, considerando minha pobre condição espiritual.
Mas intriga-me saber:
como pode uma espírita chegar a esse ponto?
- Confesso-lhe, cavalheiro, que não tenho resposta a tal questão.
Antes de utilizar o veneno letal, fiz uma prece.
Meu estado mental era tão confuso que cheguei a interpretar meus pensamentos como se Deus esperasse aquele ato de mim, tamanha a angústia e o desespero em que me encontrava.
- Mas como a senhora chegou a isso?
Com tanto conhecimento!
O conhecimento espírita não foi suficiente para evitar a derrapada moral?
- O conhecimento, meu senhor, é suficiente quando a criatura não está em estágios em que faltem outras nutrições mais essenciais e eficazes.
- De que espécie?
- Afectiva! Nutrição pelo sentimento.
A amizade sincera é sentida como pingos de vida na alma descrente, incentivando-a à busca da recuperação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:32 pm

Enquanto souber que alguém se interessa por ela, que alguém a quer bem, terá uma promissória de esperança com a qual, caso use de determinação e coragem de vencer, pode resgatar o desejo e a excelsitude de viver.
Repentinamente, uma moça recém-internada, manifestou:
- Sua narrativa deu asas ao meu pensamento.
Fico imaginando quanto temos a rever enquanto aprendizes do Consolador Prometido.
Conheci trabalhadores, reconhecidamente respeitados pela nossa comunidade, declarando inúmeras vezes que os espíritas não se sentem deprimidos.
Se assim se sentirem, é porque não estariam aplicando a contento os ensinos doutrinários.
Veja o seu caso e o meu, que é pior ainda.
Suicidei-me sem que ninguém soubesse que se tratava de um acidente planejado.
Amigos espíritas até hoje me têm como uma valorosa e exemplar trabalhadora que "queimou" seu carma no trágico acidente automobilístico.
Passei a vida triste por dentro e sorrindo por fora.
Espírita saudável na aparência e uma enferma na intimidade.
Os conflitos se agravaram e desisti de viver.
- Não sei o que dizer diante da colocação dela disse Clara.
Quer dizer algo, dona Modesta?
- Há muito despreparo entre os seareiros espíritas na vida física, para uma incursão mais segura e de bons resultados nos dramas humanos mais profundos.
As vivências do sentimento são as que exigem mais do entendimento e da caridade humana - completou a benfeitora.
Ouvindo a colocação da recém-internada, um integrante do grupo de recuperação falou:
- Você, então, planeou um acidente?!
Por que queria morrer?
- Planejei minha morte.
A questão não é o desejo de morrer, mas o desejo de não querer viver.
Em verdade, não tive motivos sérios para me matar.
Apenas achei a vida sem sentido por tempo longo demais...
Desencantei-me ou, como já fui instruída aqui mesmo em outra reunião, já renasci desencantada e sem vida por dentro.
- É possível isso, dona Modesta? - indagou outro participante da reunião.
- Muitos espíritos já renascem com total indisposição para viver.
A infância e a juventude permitem-lhes novos estímulos que poderão atenuar e até mesmo dissolver esses núcleos energéticos de apatia.
A grande maioria, entretanto, somente encontrará alívio e libertação pelas sendas seguras do amor e do trabalho, perseverantes nos roteiros da reeducação de si mesmos pelo esforço e disciplina.
Desejando saber mais, continuou o mesmo participante:
- Sempre achei os espíritas uma gente muito triste, a começar por mim mesmo.
Será possível que a nossa comunidade enfrente esse problema em larga escala?
- O Espiritismo é a Boa Nova dos tempos modernos.
Sua mensagem é de consolo, estímulo e alegria.
Os adeptos, entretanto, nem sempre, conseguem expressar esse clima de entusiasmo e vitalidade.
Até certo ponto, a questão é compreensível em face das lutas ingentes que travam com sua intimidade profunda.
Mas, sem dúvida, necessitam de um pouco mais de emoção e alegria cristã.
- Como mudar isso?
Se a senhora visse o centro que frequentei!
Mais parecia um templo de mudez.
Não havia um diálogo afectivo, aberto, sincero, nem troca de experiências que gerassem bem-estar, assim como tenho encontrado aqui no Hospital.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:33 pm

- Eurípedes e doutor Bezerra ensinaram-me que o foco essencial do Espiritismo é o homem, suas dores, sua busca.
Se os esforços do Centro Espírita não convergirem para auxiliá-lo na grande jornada existencial, tal instituição falirá em seus objectivos maiores, passando a atender questões de secundária importância.
O Centro Espírita com Jesus deve consolidar-se como um espaço de recuperação da dignidade humana e uma praça de convívio e alegria.
A causa da Doutrina Espírita é a espiritualização do homem por meio do amor.
Quando uma casa doutrinária orienta e oferece condições ao ser humano para viver de conformidade com a visão imortalista, ela cumpriu sua missão.
Ressalte-se que, tarefa dessa envergadura, só será possível com muita cumplicidade, porém, igualmente, com muita simplicidade.
Percebe a extensão dos laços entre a causa do Cristo e a causa espírita?
Interrompendo a sequência de reflexões, a orientadora indagou:
- Maria Clara, você não tem algo a acrescer?
- A senhora leu meu pensamento?
- Só um pouquinho - falou humoradamente.
- Quero ler uma pergunta de O Livro dos Espíritos que tem me sido guia e conforto:
"Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?"
"Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma."
- Quer comentar, Clara?
- Hoje sei que poderia ter me livrado do sofrimento moral que apliquei contra mim mesma.
- E estou me esforçando muito no serviço do bem nessa casa de amor, no intuito de esquecer um pouco as minhas próprias dores e pensar nos dramas alheios.
Somente dessa forma encontro coragem para dar este testemunho.
É incrível, mas na medida em que aplico essa medicação frutifica em meu ser um desejo intenso de renascer no corpo e recomeçar.
A energia da vida começa a jorrar filetes de vitalidade e esperança em minha alma.
Deus nunca me abandonou.
Farei por onde não abandoná-Lo novamente.
Como não logrei a resignação quando na carne, nada posso queixar de ninguém.
Trabalho dia após dia.
Um dia o Pai me chamará ao corpo.
Não tenho pressa.
Estou viva, sinto a vida.
Isso me basta por agora.
Estou serena.
Amigo querido da caminhada carnal,
Caíste no fosso da culpa ante os deslizes da conduta.
Tua sombra mais uma vez driblou teus propósitos de luz.
Não te martirizes com as cobranças desgastantes e busca te desculpar.
Lembra, nessa hora, dos valores e projectos nobres que erguestes ao peso de sacrifício e esforço.
Quanta beleza já descobristes que existe em ti por meio do trabalho no bem. Então por que supervalorizar o mal que, pouco a pouco, estás deixando?
Que adiantará recriminações e punições, quando a virtude é construída com amor e tempo?
Olha para a frente e valoriza tua condição de Filho de Deus.
Resgata agora, imediatamente, a tua paz.
Faz um acordo contigo: perdoa-te e recomeça no bem.
Eis uma grande prova de amor a ti.
Recorda: A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio".
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:33 pm

Capítulo 11 - Fé, combustível do acto de viver - Parte I
"A Terra, conseguimente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como carácter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus.
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo III - item 15.

Que traço poderia definir mais claramente a nossa condição moral na Terra?
Por vezes sucessivas, após o desenlace carnal, deparamos com o remorso e, mais recentemente, alguns de nós, com o arrependimento sincero.
Renascemos trazendo impresso na alma um ansioso desejo de recomeço.
Chegando à vida física, encontramos com as frustrações necessárias.
Caímos no desapontamento e, por fim, na rebeldia, negando-nos a aceitar nossas necessidades espirituais.
Surgem os conflitos com o corpo, a sociedade, a profissão e a família.
Em verdade, o maior adversário somos nós mesmos.
A resistência declarada em aceitar quem somos.
A rebeldia de ser, existir e viver.
Instala-se nesse passo um terrível estado de insatisfação crónica com a vida.
Sentimentos de culpa, tristeza e medo delineiam estados mentais doentios de punição, perfeccionismo e baixa auto-estima, conduzindo-nos aos dramas dolorosos da angústia e da depressão - um verdadeiro leque de mutações emocionais.
Posteriormente, esgotados pelos conflitos interiores ao longo do tempo, as criaturas ainda se aninham nas perturbadoras crises de descrença e vazio existencial, e vamos em direcção a novos ciclos de dor, que desabrocham a partir das atitudes e escolhas enfermiças.
Raríssimos escapam de semelhante "roda da vida".
Isso é o carma, a teia da existência tecida por nós mesmos nos roteiros da reencarnação.
Carma não é por fora, é por dentro de nós.
As insatisfações de fora espelham a rebeldia interior.
A vida por fora reflecte programações da vida mental.
Surge de dentro o que temos no exterior.
Velhos modelos mentais alicerçados em crenças e valores.
Pela forma como reagimos aos episódios da existência, determinamos o curso dos prazeres e desgostos de nossas vidas.
O rebelde, por exemplo, agrava seus passos em autênticos torvelinhos de emoções perturbadoras.
A rebeldia é apressada, inquieta, arrogante e revoltada.
É a feição comportamental de almas que não aceitam a realidade.
Daí tanta amargura, pois a vida é e será sempre o que tem de ser, considerando que tudo o que nos cerca reflecte o que somos ou seremos.
Rebeldia significa relutância, teimosia, inconformação.
Há quem nela veja uma virtude, conceituando-a como um ato de resistência, bravura e coragem em não se abater diante dos reveses.
Estreito limite existe entre o carácter patológico da rebeldia e esse aspecto que alguns tomam como qualidade.
Analisemos o tema.
O rebelde paralisa. O corajoso avança.
O rebelde sofre. O corajoso liberta-se.
A rebeldia torna a criatura apressada, agitada interiormente e com avançados níveis de ansiedade ou depressão.
Uma personalidade rebelde debate-se intimamente, tem baixíssimo nível de tolerância às frustrações e uma conduta irritável.
Uma personalidade corajosa avança com serenidade, ultrapassando sua zona mental de conforto com moderação e lucidez.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:33 pm

A rebeldia tira a condição de pessoa centrada em valores e metas para situá-la nos dois extremos do psiquismo revoltado:
ora na arrogância, ora na descrença.
A arrogância é a atitude daqueles que ainda encontram energia para expressar sua inconformação.
A descrença é o estado de quantos já se encontram exauridos de tanto reagir aos alvitres da existência.
Quando na arrogância, a alma se afoga nas vertigens da insensatez.
Quando na descrença, tomba nas armadilhas do medo.
Na arrogância, nossa maior ilusão é não aceitar o eu real em detrimento do eu ideal.
Romper com a imagem que o ego construiu sobre nós, para nos defender da angustiante realidade do que somos.
Na descrença, nossa maior dificuldade é aceitar que a vida jamais será como queremos.
Nisso reside nossa incapacidade em lidar com perdas e sonhos desfeitos ou não alcançados.
A arrogância traz a sofreguidão das metas que se desfazem como bolhas de sabão aos nossos olhos, levando-nos ao vício de sermos exímios fabricantes de sentidos para a vida pessoal e daqueles que nos cercam.
A descrença traz a paralisia da depressão que nos aprisiona no catre da ausência de sentido, subtraindo-nos a alegria do ato de viver.
O arrogante é um inveterado "criador de destinos", com os quais procura atender a sua inesgotável tendência de gerir a vida alheia, na condição de um semideus.
O descrente é um cultor da revolta que está atemorizado com a morte de sua vida idealizada e impossível.
Arrogância e descrença são extremos psicológicos e emocionais de um mesmo motivo:
a acção de não aceitar os processos necessários da vida e suas leis de progresso.
Ambos, arrogantes e descrentes, são pessoas que temem ardentemente a queda, o fracasso, o desacerto.
O arrogante, com medo de errar, tenta demais e tomba na prepotência.
O descrente, com medo do erro, evita arriscar e escolher.
O arrogante se vê além do que é.
O descrente foge de quem é.
Estar em quaisquer destas extremidades significa limite e nível patológico da vida mental.
Nesse clima da vida interior, a maior enfermidade dos dias atuais instala-se sorrateira e decisiva:
a ausência de sentido para os dias da nossa existência.
Arrogantes e descrentes caminham ao sabor de intermináveis combates íntimos que sugam as forças morais e minam os ideais possíveis.
Estabelece-se uma lastimável pressão sobre os pensamentos, causando um estado de confusão mental.
Um desgosto, abrupto e dominador, subtrai significativa parcela do afecto e da sensibilidade.
Cansadas, tais criaturas correm atrás do dever ao peso de dor e desânimo, cobrança e rigidez.
Rebeldia é resultante da ausência de habilidade em movimentar o mais sublime património conferido pelo Criador à criatura: a fé.
A fé é o combustível do ato de viver.
A energia interior que vem das profundezas inabordáveis da alma para equilibrar nossa mente e nos nutrir com a energia da vida, a energia de Deus, que sustenta o universo em profusão.
Fé é essa força que está no íntimo de nós mesmos qual uma pepita reluzente acomodada no lago pantanoso de nossa sombra.
A luz escondida que necessita ser colocada no velador, onde possa iluminar nossa vida consciente.
A sombra é também um centro de talentos e qualidades ocultas que solicitam manifestação.
O contacto com a energia da fé desperta o estado de optimismo, irradia a paciência, espalha a confiança e fortalece a resignação nas atitudes, levando-nos a aceitar a vida como ela é.
A fé mantém a mente em harmonia e domínio interior, por consequência, habituando-nos a agir com foco no presente, sem as agonias com o futuro ou os descontentamentos do passado.
Estar no presente significa viver, ter sentido para continuar um dia após o outro na busca consciente por metas e motivações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:33 pm

Uma de suas propriedades energéticas mais importantes é a função selectiva.
Como fosse uma bateia - recipiente para garimpar metais preciosos nos rios -, ela selecciona o que há de melhor em nosso campo psíquico.
É uma chave para abrir o Self divino que está adormecido em nosso íntimo.
Ela é a base da vida em toda parte.
É a alma da esperança, sem a qual não conseguimos enxergar a trilha excelsa traçada por Deus para nossa felicidade.
É a fonte do prazer de viver.
Sem esperança como viver?
Ela é o efeito no campo dos sentimentos quando encontramos o ritmo vibratório de Deus na vida.
Surge quando identificamos o fluxo de energias divinas que conspiram para a nossa ascensão.
Dizem os Sábios Instrutores:
"Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem.
É a base da regeneração.
Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar, que será do edifício que sobre ela construirdes?
Toda a nobreza espiritual da qual somos herdeiros de Deus somente poderá se expressar sob o influxo da fé.
Todos os instintos em nós colocados para o progresso, sob sua tutela são dirigidos para tornar a nossa vida um ato de dignidade repleto de alegria e prazer de viver.

(Esta página apresenta um quadro o qual, em função da disposição e da existência de muitas setas, não ficou totalmente explicável.
Convém solicitar o auxílio de alguém que enxergue para sua melhor compreensão)

Remorso: EGOÍSMO / ILUSÃO - DESILUSÃO NA ERRATICIDADE
QUEDA sensação de fracasso
REMORSO fixação crónica no sentimento de culpa

Dor - Resgate
REENCARNAÇÃO DESAJUSTE COM AS PROVAS PESSOAIS
DESAPONTAMENTO + FRUSTRAÇÃO = REBELDIA
INSATISFAÇÃO CRÓNICA COM A VIDA

(Esta página apresenta um quadro o qual, em função da disposição e da existência de muitas setas, não ficou totalmente explicável.
Convém solicitar o auxílio de alguém que enxergue para sua melhor compreensão)

Dor - resgate
INSATISFAÇÃO CRÓNICA COM A VIDA
leque emocional do remorso
MEDO (PERFECCIONISMO)
Culpa (Punição)
Tristeza (Baixa auto-estima)
Perfeccionismo: novos ciclos de dor
Angústia: ARROGÂNCIA; Descrença
Arrogância: adoecimento mental
Descrença: Adoecimento mental - Depressão / Tédio / Ausência de sentido para viver / Retomada da programação mental de queda e remorso
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:34 pm

Capítulo 12 - Fé, Combustível do acto de Viver - Parte II
"Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno à senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento".
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XVII - item 21.

Na década de 40 fizemos um resgate nas regiões sombrias da erraticidade que jamais sairá de nossa tela mental.
Uma alma querida do coração de Eurípedes Barsanulfo compunha as milícias nazistas que incendiaram o mundo de ódio e racismo ao findar dos anos 30.
O soldado Matias era um escritor das trevas, assessor de ideias nocivas sobre a psicologia da maldade.
Autor do livro "Porta Larga:
O Caminho da Perdição Humana" no qual desenvolveu um modelo de colonização do mundo mediante um estudo profundo da natureza humana.
Sua tese está resumida na Parte I desta mensagem.
O fundamento básico do livro é o remorso, a fixação prolongada no sentimento de culpa.
Com base nessa teoria, até hoje as sombras se arregimentam em suas acções, seja em que campo for do pensamento social.
Quando resgatado, Matias trouxe em seus pertences um exemplar do livro, que está arquivado na biblioteca do Hospital Esperança.
Na medida de sua conversão ao bem, o autor continuou seus estudos e passou a ser um colaborador activo na preparação de servidores que vão reencarnar com missões educativas.
Todos os que se preparam para essa finalidade fazem cursos com base no conhecimento desta obra.
Matias regressou ao corpo na década de 50 com o objectivo de levar ao mundo melhores noções sobre a substância enobrecedora de sua inteligência e de sua argúcia psicológica.
Na condição de médium, enfrenta os mais severos embates com seus vínculos das regiões abismais, onde deixou uma família extensa de laços sagrados.
Antes de seu regresso, deixou em nossa casa de amor, vários títulos com conteúdo moral e psicológico avançados.
Tomando por base alguns desses volumes educativos, vamos agora nesta Parte II registar a antítese da mensagem anterior.
Se o remorso é o núcleo do derrotismo, o arrependimento é a alavanca de motivação para a remissão da consciência.
O fundamento filosófico e psicológico de todas as plataformas intelectuais das organizações da maldade assenta-se em um só princípio:
travar a libertação da consciência.
Na consciência encontram-se as leis de Deus segundo O Livro dos Espíritos, questão 621.
No Self glorioso está a chama da alegria de viver.
Impedir o contacto com esta fonte permanente de luz e sabedoria é reprimir a pulsão da vida até que o homem venha a tombar na descrença, isto é a imantação mental sob os comandos do ego.
Muito antes de Freud, as teorias psicanalíticas já eram estudadas no século XIX nas esferas urbanas da semi-civilização.
O inconsciente, a parte menos conhecida da criatura, tornou-se alvo dos velhos alquimistas e magos que servem a essas hordas.
Conhecidos como magister um cargo de honra nas trevas, esses cultores do domínio psicológico das sociedades mundiais, só não previam que a ciência, a tecnologia e a própria noção de Deus, alargadas com as conquistas do século XX, viriam a balançar as estruturas mais secretas de suas teses.
Ainda assim, o contingente de almas atingidas no mundo pela doença do remorso é de estarrecer.
Diante disso, urge disseminar roteiros luminosos no desenvolvimento das soluções íntimas em busca de uma vida mais rica de prazeres da alma.
No remorso, a doença básica da ausência de sentido corrói os mais firmes propósitos de vitória e progresso do ser humano.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:34 pm

As sensações de medo, insegurança e incompletude podem gerar o surgimento da angústia patológica.
Sempre que os conteúdos velados do inconsciente forem ameaças ao nosso ego, surgirá a angústia necessária.
Os mecanismos de defesa intrapsíquicos decorrem da tentativa de protecção natural a essas ameaças.
Todavia, a fuga sistemática à interiorização ou à descoberta das origens destes avisos angustiantes, conduz ao adoecimento emocional e psicológico.
O remorso é exactamente o quadro mental da criatura aprisionada em suas próprias criações, que durante longo tempo usou para se proteger ou esconder.
Arrepender é o oposto.
Significa partir para um recomeço em bases novas.
E todo recomeço implica alguma perda.
Esse o maior receio de qualquer pessoa habituada a fugir.
Eis o maior medo que acomete a criatura diante das mudanças necessárias em sua vida.
A palavra mudança para quem se acha adoecido psiquicamente é um desastre de proporções incalculáveis.
Sem arrependimento legítimo, porém, não há cura, não há melhora.
Arrependimento quer dizer, antes de tudo, coragem para dar nova direcção à vida.
Remorso é ruminar culpas, algemar-se à dor.
Fazer-se de vítima da vida e fugir das responsabilidades pessoais.
No arrependido encontramos algumas características
marcantes que reflectem o estado íntimo de quem realmente quer recomeçar, tais como:
honestidade emocional, intensa capacidade produtiva, reconhecimento de seus limites humanos com vigorosa aceitação de si mesmo, auto-confiança e independência emotiva, distância do conformismo, orientação psicológica para a realidade.
O Espírito arrependido na vida espiritual reencarna com mais dilatada sensibilidade para realizar esse redireccionamento.
Ainda assim, não escapa ao caleidoscópio de sentimentos e emoções em céleres mutações mentais.
Culpa, medo e tristeza aqui também comparecem, com a diferença de que, neste clima psíquico, são vectores de orientação que criam estado de pressão íntima com fins educativos.
A culpa sob comando torna-se motivação para rever crenças e valores, inspirando novas condutas.
O medo, ao invés de paralisar, vai trazer um convite para a reflexão dos desafios e testes e como superá-los.
A tristeza é a introspecção, algo que centra a mente em si própria, tornando-se igualmente um convite a repensar caminhos e a buscar novas soluções diante de perdas ou situações imprevisíveis.
Esse quadro interior configura uma silenciosa expiação que, suportada com resistência mental, enrijece o poder de realização.
Porém, resistência sem auto-amor é caminho para a arrogância e a prepotência.
Com afecto a si mesmo, por meio de cuidadosos costumes de docilidade no tratamento a si próprio e honestidade emocional, a força de realização fortalece a fé - base segura e essencial para a liberdade íntima na aquisição do prazer de viver.
A análise sábia de Allan Kardec, em nossa referência de apoio acima, deixa claro:
dura pouco, se pronto é o arrependimento".
A sanção interior é relativa ao ato de arrepender-se.
E Jesus, Sábio Cuidador de Almas, deixou claro o valor do arrependimento ao esclarecer, em Lucas, capítulo quinze, versículo sete:
"Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento".
Somente nesse clima de íntima liberdade e conexão com o Self a criatura consegue qualidade de vida, fazendo do ato de viver um poema de gratidão diária à vida, guardando fé em tudo o que pense, sinta ou faça.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:34 pm

(Esta página apresenta um quadro o qual, em função da disposição e da existência de muitas setas, não ficou totalmente explicável.
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ARREPENDIMENTO / EXPIAÇÃO
EGOÍSMO / ILUSÃO
DESILUSÃO NA ERRATICIDADE

QUEDA sensação de fracasso
ARREPENDIMENTO consciência de culpa que impulsiona a reparação
REENCARNAÇÃO (expiação)
REAJUSTE / DESEJO DE MELHORA

TRISTEZA
ESTADO CRÔNICO DE PRESSÃO PSICOLÓGICA

(Esta página apresenta um quadro o qual, em função da disposição e da existência de muitas setas, não ficou totalmente explicável.
Convém solicitar o auxílio de alguém que enxergue para sua melhor compreensão)

EXPIAÇÃO - REPARAÇÃO

ESTADO CRÓNICO DE PRESSÃO PSICOLÓGICA
leque emocional do arrependimento
MEDO
CULPA
TRISTEZA
Medo: PREPARAÇÃO)
Culpa: REAVALIAÇÃO
Tristeza: ADAPTAÇÃO
RESISTÊNCIA MENTAL
SILENCIOSA EXPIAÇÃO
Auto-amor

FORTALECIMENTO DA FÉ
PRAZER DE VIVER a maior conquista das pessoas livres e felizes
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:04 pm

Capítulo 13 - Vitória sobre o ciúme
"Para o invejoso e o ciumento, não há repouso; estão perpetuamente febricitantes.
O que não têm e os outros possuem lhes causa insónias".

(Fénelon, Lião, 1860.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo -capítulo V - item 23.

Cada instante que nos distanciamos das Leis Naturais da vida é um passo para a enfermidade.
A doença é o resultado de um processo.
O ciúme - reflexo do afecto perturbado pelo instinto de posse -, quando cultivado em séculos de renitência no amor-próprio, fatalmente desarticulará o psiquismo, adoecendo-o com quadros de insegurança e medo, culminando em psicoses diversas que lotam nosocómios no orbe inteiro.
Quase sempre, por trás dessa virulência afectiva, encontramos o receio das perdas a constranger corações emocionalmente imaturos nas tormentas do despeito e da cautela excessiva.
Diante do medo da perda, a criatura se torna apegada, melindrosa e ressentida por pequenos senões, configurando um estado de incertezas fantasiosas nos domínios do raciocínio com "flashes psicóticos", oferecendo campo mental propício a obsessões.
Fruto de imaturidade emocional, o ciúme é uma manifestação de carência afectiva, culpas, complexo de inferioridade e falta de auto-confiança, adquiridos no processo educacional infantil, determinando larga ausência de gratificação com a vida.
Ele pode definir depressões brandas ou severas, dependendo da reacção de cada pessoa ante os trâmites da existência.
Além do que pode provocar o esmaecimento energético com variadas consequências para a saúde orgânica.
Onde comparece excita disputas silenciosas, desenvolve guerras mentais, incendeia pretensões personalistas, alimenta a inveja, estabelece incómodos íntimos com o êxito alheio, e, por fim, impinge à sua vítima uma profunda revolta com os acontecimentos que lhe escapam ao controle.
Costuma-se tomar o ciúme como sinónimo de inveja.
Ele, porém, é a possessividade que impede a partilha, cria o desrespeito e favorece o desequilíbrio, enquanto a inveja é o desejo enfermiço de possuir valores alheios, sejam eles morais, materiais, ou espirituais.
O primeiro é atitude de apropriação indébita de alguém ou de algum bem.
O segundo é a ausência do auto-amor em razão do desconhecimento de seus próprios valores.
Entre nós, que decidimos pelas lições do Espiritismo, deparamo-nos, frequentemente, com essa enfermidade costumeira nos relacionamentos entre co-idealistas.
"Compreende-se o ciúme entre pessoas que fazem concorrência umas às outras e podem ocasionar recíprocos prejuízos materiais.
Não havendo, porém, especulação, o ciúme só traduz mesquinha rivalidade de amor-próprio".
Como constata o notável codificador, é explicável o ciúme onde permeia o interesse material e depois ele acrescenta:
"Não havendo, porém, especulação, o ciúme só traduz mesquinha rivalidade de amor-próprio".
Nas relações entre espíritas, porém, é injustificável permitir-lhe a sanha multiplicadora de problemas e situações prejudiciais ao trabalho e ao bem-estar dos grupos.
O personalismo que ainda nos consome é a raiz enfermiça e dinamizadora dos motivos pelos quais nos infectamos com semelhante vírus da alma.
Porque ainda asilamos no imo a necessidade excessiva de prestígio e reconhecimento, facilmente nos enredamos em ciumeiras atormentadoras e desnecessárias, atirando-nos a provas voluntárias.
Os cargos e a vaidade em associar nossos nomes a obras e benfeitorias doutrinárias são outros tantos motivos que levedam a conduta das atitudes ciumentas, quando não somos bajulados ou incensados pelo enaltecimento público diante dos rótulos transitórios.
O Espiritismo, a casa espírita, o movimento espírita, não nos pertencem.
Nada disso deveria ser causa de inveja e possessividade.
O sucesso dos irmãos deveria nos alegrar e a humildade em retirar lições de suas vitórias é o melhor caminho para aprender, se, desejamos, igualmente, alcançar seus passos bem-sucedidos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:05 pm

O ciúme é tão cruel que, determinados corações na seara se sentem ameaçados de perder posições e ter seus feitos esquecidos, ante as habilidades dos que realizam com competência, em pouco tempo, os ofícios que eles levaram anos em aprendizagem.
Ciúme subtil esse, porque aqui a possessividade tenta comprar a capacidade alheia ou, pelo menos, reduzi-la a uma condição inexpressiva, recheando o futuro de pontos pessimistas, tentando impedir a sequência de acções do bom tarefeiro.
Nesse trâmite comparece a maledicência despeitosa dos que lhe observam as acções como atestado de um amplo complexo de inferioridade, seguido de medidas cautelares tomadas em surdina para cercear seus êxitos diante das previsões do que poderá suceder, se amanhã o bom servidor vier a "tomar-lhes" o espaço de serviço.
Eis aqui a dupla milenar do apego e do ciúme patrocinando crises morais de personalismo.
Esse vírus da alma acomete de dependência aqueles que ainda não conseguem caminhar sem escoras ou guias, adoptando relações simbióticas com esse ou aquele companheiro, ou grupo de seu interesse.
Nesse caso, passa a ser-lhe um proprietário emocional, sentindo-se, infantilmente, traído e melindrado quando seu objecto de autonomia divide com outros as experiências da vida ou toma decisões com as quais não concorda e que firam seus interesses.
Mais uma vez aqui comparece o medo de perder, diga-se de passagem, algo que não lhe pertence.
Sintoma eloquente da carência de afecto e do desejo de ser amado que se transmudou em um vil individualismo.
Na profundidade do psiquismo de outras vidas está a causa dessa dolorosa prova do medo das perdas.
São culpas criminosas, núcleos de matéria mental em processo de expurgo pelas fibras do sistema emocional. Doença que exige muita devoção à auto-educação.
Os ciumentos, de todos os níveis, desejosos de serem amados sem amar, demonstram o espectro narcisista fugindo de assumir seu papel nas estâncias em que são chamados.
Aqueles que padecem as injunções dessa enfermidade geratriz do ciúme deverão se internar no hospital da oração, do trabalho, do desprendimento, da renúncia e do altruísmo.
Medicações indispensáveis para drenar-lhes as impurezas e sanear o campo afectivo.
O trabalho, por si só, e o aprendizado que nos enriquece a existência devem nos bastar.
Esses nos pertencem, são as conquistas que, de facto, traremos para a imortalidade.
Sejamos zelosos, mas sem paixões.
No grupo espírita desprezemos os ressentimentos e as mágoas ante as expectativas não correspondidas naqueles em quem depositamos excessiva confiança e apreço.
Que o clima nos serviços doutrinários seja de júbilo ante os êxitos alheios, sempre pensando que todos temos o que merecemos por conquista ou necessitamos por prova.
Sendo assim, por que invejar e ter ciúme?
Além do que, estar na Obra do Cristo é uma bênção da qual poderemos desfrutar quando e onde quisermos.
Sociedades Espíritas fraternas são afectivas e, graças à abundante psicosfera de nobres emoções, seus discípulos são felizes e satisfeitos, não guardando frustrações que souberam superar nas fontes da reeducação e da amizade.
Esforçai-vos por desprender-te das tormentas fantasistas da comparação com o outro e faças o melhor, ciente de que, se queres tanto ser admirado pelos que vossos olhos enxergam na carne, nem imaginais, muitas vezes, quantos são os que vos avaliam e aferem a devoção na vida extra-física, contabilizando os créditos e débitos na rotina dos dias, amando-vos incondicionalmente sem exigência de espécie alguma...
Isso é o que importa!
Abdique da tormenta voluntária do ciúme e se ame.
Descubra seus valores.
"Para o invejoso e o ciumento, não há repouso; estão perpetuamente febricitantes".
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:05 pm

Capítulo 14 - Sentimentos: nossos verdadeiros guias
A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados".
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XIII - item 9.

A comunidade espírita é merecidamente reconhecida pela sociedade como exemplo de beneficência pública.
A caridade é, sem dúvida, a essência das ideias espíritas, porque constitui a didáctica da vida no processo de educação do homem em busca de seu ajustamento com a Lei Natural.
Importa-nos observar que, mesmo no clima da bondade de nossas fileiras de serviço, as iniciativas erguidas em nome do amor, muitas vezes, devido ao arraigado sentimento de egoísmo, podem obedecer a motivações de natureza individualista.
Joio e trigo convivem juntos nas movimentações sociais de benemerência e amparo.
Interesse pessoal e altruísmo, assim como a luz e a treva, alternam-se na natureza íntima de nossos sentimentos, mesmo quando agimos nas edificações em favor do próximo.
Ante esse quadro inevitável do coração, será oportuna a indagação:
como a caridade tem educado a mim mesmo?
Em que aspectos tenho melhorado a partir da acção social?
Reconheço os traços de personalismo na minha actividade de amparo?
O bem será bom para quem o recebe; será que está sendo também para mim que o faço?
Como? Quais são os sentimentos experimentados com a actividade do bem?
A reciclagem do conceito de caridade em nosso abençoado movimento carece de um enfoque sobre convivência.
Mais valor ao relacionamento humano e menos prática formalizada.
A prática é significativa pelo seu carácter disciplinador.
Acima dela, deve estar a interacção humana, a quebra de barreiras que nos desaproximam do próximo, de sua singularidade rica de lições, que podem ser absorvidas em regime de salutar intercâmbio de vivências.
Vigiemos o encantamento com o volume de recursos amealhados nas campanhas de amor.
Atentemos para os sentimentos de presunção em razão das paredes erguidas no acolhimento alheio.
Nem sempre tais iniciativas louváveis são suficientes para o despertamento da legítima cidadania no coração.
Tenhamos cautela com nossas velhas ilusões!
Ao erguermos casas de amor ao próximo, costumamos, simultaneamente, adoptar um processo psicológico de caridade com limites, restringindo o conceito de próximo aos que se beneficiam directamente das iniciativas que promovemos.
Saindo dos locais de caridade, muitos corações amantes do bem, tomados pela incoerência, dispensam tratamentos ríspidos a serviçais e familiares no lar ou ainda a funcionários e conhecidos no dia-a-dia.
É a caridade com hora marcada!
Atitude ainda distante do movimento sublime da alma na semeadura do bem sem condições - a aplicação da cidadania como dever universal de solidariedade.
A cidadania à luz da imortalidade significa a luta íntima na consolidação dos deveres perante a consciência.
Batalhamos pela cidadania de nosso semelhante, igualmente devemos talhar nas nossas atitudes os sentimentos que nos identifiquem como cidadãos com participação social consciente, onde quer que estejamos.
Haverá diferença entre o próximo que é beneficiado por nós nas actividades doutrinárias e aquele que conduz um veículo ao nosso lado, credor de nosso respeito no ato de trafegar com paciência?
Será que o condutor ao lado de teu veículo não estará mendigando um gesto de gentileza?
Cidadania à luz do ser imortal é educar.
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E educar-se para viver com proveito a grande oportunidade reencarnatória.
Essa a meta primordial da caridade com Jesus nos roteiros da Doutrina Espírita.
Centros espíritas, enquanto células dinamizadoras da mensagem do Cristo, preparem seus trabalhadores para aprender a conviver, a fim de não super-valorizarem técnicas e métodos que podem ritualizar as práticas e desdenhar o acolhimento humano espontâneo e educativo.
Jesus é o exemplo de espontaneidade e ternura no atendimento do ser humano integral.
Essa deve ser a nossa meta, mesmo nos valendo de métodos ou regimes disciplinares para amar.
Mais do que sistematizar acções sociais, cultivemos a arte de melhorar nossos hábitos no relacionamento, transformando a casa espírita em um oásis de refazimento e esperança aos corações desolados e aos cérebros sem norte.
Ao implantar práticas de acolhimento e recepção sem aprender a conviver, corre-se o risco da formalização de novas filantropias actualizadas pelos conhecimentos, mas não aperfeiçoadas pela doação íntima de si mesmos.
A única atitude que nos leva ao encontro da consciência é aquela, da qual, nossos sentimentos fazem parte.
Algumas posturas, entretanto, são movimentos do ego, que nos inclinam a pensar caridade, um treino que nos permitirá, pouco a pouco, escapar das armadilhas do egoísmo.
Essa a razão de inúmeras e graves desilusões na vida espiritual entre co-idealistas que deram coisas e não se deram ou se abriram, para a vida em abundante dinamismo de sentir o valor do bem a cada passo, para o outro e para si, no encontro do Self glorioso.
É lei universal: o que damos, temos.
Quando damos o que detemos, apenas agimos no dever.
Quando damos do que é nosso, inserimo-nos no amor.
Avaliemos nossas modestas acções nos rumos da caridade.
Será oportuno pensar e repensar em quais parâmetros se enquadram os esforços que fazemos pelo bem alheio.
Predomina entre nós a cultura de que o bem expandido, em qualquer forma que se apresente, é apólice de garantia de paz além-túmulo, aguardando os louros das bênçãos que semeamos.
Nem sempre! Nem sempre!
Não existe bem que não seja bom, o que não significa libertação definitiva do mal e consolidação de virtudes na intimidade.
A relação de amor com o próximo é a escola bendita para intermináveis viagens interiores.
A caridade é luz que se acende ao próximo, com a qual, igualmente, deveremos aprender a nos beneficiar no próprio ato de exercê-la.
Portanto, a paz esperada para além das fronteiras da desencarnação precisa ser fruída no agora, enquanto semeamos, porque senão podemos estar padecendo da "síndrome de além-túmulo", isto é, cultuando um futuro incerto mentalizado no país dos raciocínios, sem a educação dos sentimentos nossos verdadeiros guias aqui no além.
A nossa situação aqui na vida espiritual é um resultado natural de nossas acções, e não um plano recheado de sonhos fantasiosos do cálculo.
O que define nosso equilíbrio ou infelicidade é o estado íntimo que carreamos nos domínios da consciência.
Aliás, temos de convir que, na condição de usurários milenares das benesses da vida, somos devedores de soma quase insolvente.
Assim, o bem alheio, em nosso caso, é abatimento na contabilidade de nossas contas espirituais, não constituindo ainda créditos polpudos nos bancos da virtude.
Sem generalizações, costumamos amar muito o próximo e descuidarmos do auto-amor, do amor a si mesmo.
Levam-se água e pão ao próximo e fica-se, bastas vezes, à míngua dos alimentos essenciais.
A proposta do amor não é martirizar-se pelo bem alheio para conseguir a felicidade pessoal.
A caridade é um processo relacional, interactivo, de crescimento mútuo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:05 pm

Ela tem de ser boa, agradável e espontânea, para quem faz e quem recebe, nivelando ambos no ato de dar e receber, descaracterizando os papéis de doador e carente, porque carente e doador somos todos, dependendo do que se passa durante o magno intercâmbio solidário das relações.
Irmã Rosália alerta-nos para o ponto crucial da caridade moral:
A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas (...)".
Estudemos o sentido dessa fala, que nos descortinará um mundo de percepções sobre a cidadania nos sentimentos.
Caridade é um aprendizado de profundas lições que, pouco a pouco, lograremos no carreiro do crescimento pessoal, na convivência, dia após dia, estejamos onde estivermos, fora e dentro do corpo físico, na vida estuante do Amor de Nosso Pai em busca da cidadania cósmica, da qual todos fazemos parte, ainda que sem consciência dessa condição gloriosa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:06 pm

Capítulo 15 - Onde estão os espíritos superiores
"Com extrema sabedoria procedem os Espíritos superiores em suas revelações.
Não atacam as grandes questões da Doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência se mostra apta a compreender verdade de ordem mais elevada e quando as circunstâncias se revelam propícias à emissão de uma ideia nova.
Por isso é que logo de princípio não disseram tudo, e tudo ainda hoje não disseram".

O Evangelho Segundo o Espiritismo, introdução, Controle Universal do Ensino dos Espíritos

Antero Gomes, doutrinador esclarecido e dedicado, desencarnado em Minas Gerais, na década de 90, pediu-nos o obséquio de enviar sua experiência aos amigos domiciliados na Terra.
Conforta o saber que suas palavras poderão ser úteis a quantos dialogam com os desencarnados.
Após trinta dias no Hospital Esperança, foi encaminhado aos cuidados do doutor Inácio Ferreira, responsável pela ala de médiuns e doutrinadores.
Doutor Inácio fazia suas preces matinais, quando foi interrompido por batidas na porta de seu gabinete.
- O senhor é o doutor Inácio Ferreira?
- Em "carne e osso", digo, em espírito e perispírito - disse com muita espontaneidade.
- Meu nome é Antero Gomes.
- Já o esperava.
- Sempre desejei conhecê-lo na Terra, mas o tempo não permitiu.
- O senhor perderia seu tempo, posso lhe garantir.
Vamos, entre e sente-se aqui.
Vamos falar sobre planos de trabalho.
- Sim. Quero começar dizendo o que pretendo fazer, doutor Inácio.
- Não, o senhor me desculpe.
Aqui sou eu quem vai dizer o que fazer.
- Então não tenho livre-arbítrio? É isso?
- É!
- Explique melhor doutor Inácio!
Será que depois de uma encarnação servindo e trabalhando não terei direito a escolhas por aqui?
- Não. Sua ficha diz que o tutor de sua encarnação fez o que pôde.
- Fez o que pôde?! Para quê?
- Para ensinar-lhe a fraternidade pura e sem fronteiras.
Não poderá escolher muito por aqui.
- Mas...
- Eu sabia que logo apareceria esse "mas"...
Tenho estudado com cuidado a sua ficha há uma semana, senhor Antero.
Apenas posso lhe adiantar que seu tutor, diga-se de passagem, uma alma muito acima de nós, pediu-nos para não lhe satisfazer mais os gostos.
- Não entendo!
- O senhor entenderá.
- Muito estranho!
Jamais imaginei que algo semelhante poderia me ocorrer aqui.
- Esperava regalias?
- Não. Esperava no mínimo a amizade e o reconhecimento, como tinha dos companheiros no Centro Espírita.
Sempre me apoiando.
- Seus amigos te suportaram, Antero.
Com seu personalismo e conhecimento tiveram de se render à sua influência.
- Engano seu doutor Inácio!
Além de rude, não sabe o que fala!
Alias, vejo que, para um espírito superior, o senhor anda bem desinformado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:06 pm

- Espírito superior!
Bom, depende com relação a quem...
- Faça uma visita ao centro que dirigi e verá o quanto sou querido.
- Já fiz Antero, já fiz!
E sei o que estou falando.
Você verá com seus próprios olhos.
- Quero saber a razão dessa recomendação.
Virá mesmo de meu tutor ou é ideia sua doutor?
Terei deixado mesmo de aprender fraternidade?
Muito estranho!
- Tenho um palpite... - falou doutor Inácio, como a provocar uma pergunta.
- E qual é?
- Creio que os espíritos superiores andam meio "cansados" do senhor, e por isso o mandaram para mim.
Não fosse assim, o amigo não pararia aqui nesse nosocómio.
Estaria bem "acima".
- Chega de brincadeiras doutor Inácio!
O senhor brinca em excesso - falou Antero com irritação.
- E o senhor é sério demais.
Qual de nós terá razão?
Começaremos o trabalho hoje à noite mesmo.
Visitaremos um Centro Espírita.
Uma sessão mediúnica.
- Óptimo. Então quero voltar ao centro que dirigi e saber de tudo.
- Não.
- Não! Por quê?
- Porque foi exactamente essa a orientação que recebemos:
não lhe satisfazer gostos.
- Mas que mal há nisso?
Rever amigos, ampliar minha visão sobre a mediunidade.
- Esse é o problema.
- Novamente, não entendi!
- O senhor foi excelente doutrinador.
As notas de sua ficha, no entanto, falam em rigidez de conceitos e acusação.
Aquilo que escapulia do padrão de seu entendimento era alvo de suas críticas ou de sua atitude de indiferença.
- Um direito que me assiste.
Não tenho obrigação de aceitar as adulterações ao pensamento espírita.
O senhor não concorda?
- Quanto a isso, eu concordo.
Daí a ter de desprezar e mal dizer pessoas e tarefas...
- Apenas defendia a pureza de nossos princípios.
- É sempre assim! Os "puristas".
Amam a doutrina e deixam de amar o objecto moral de valor da própria doutrina que tanto amam, isto é, o próximo.
- Doutor Inácio, o senhor vai ficar me criticando também?
- Vou. Essa é minha tarefa.
- O senhor não acha que sua sinceridade é ofensiva demais?
Se vai me criticar, então o senhor está igual a mim.
- Engano seu.
Eu pelo menos faço isso olhando nos seus olhos.
O senhor, o que foi que fez?
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:06 pm

- Quer saber? Vou ser muito franco!
- Seja.
- Não estou gostando nem um pouco de nosso encontro.
Sua rudeza me incomoda.
- Óptimo, então está dando tudo certo.
- Então o que o senhor deseja é me incomodar?
- Não. Isso, porém, já lhe servirá para sentir o que muita gente sentia em relação a suas atitudes de soberba intelectual e desprezo subtil.
- É demais! Depois de tudo no corpo ainda encontrar essa espécie de tratamento neste plano.
- Não viu nada!
Como disse, sigo as orientações de sua ficha.
O senhor já teve gente demais para ser conivente e bajular.
Precisa mesmo é de um doutor Inácio na sua vida.
- Não sei como Eurípedes permite uma coisa dessas em uma casa de amor.
- Em verdade, o senhor não sabe muita coisa.
Mais do que imagina.
Vamos indo. Chega de lengalenga.
Vamos visitar o centro de António Crisóstomo - falou doutor Inácio usando toda sua influência magnética para "arrastar" Antero ao trabalho.
- O quê? Nem pensar, pois não entro lá!
- Posso saber a razão?
- Aquele lugar, de centro Kardecista só tem o nome.
É uma miscelânea de última qualidade.
- Então é esse que precisamos.
- Eu não quero ir.
- Se o senhor não for, só lhe resta uma alternativa: pegar uma vassoura e limpar o pátio do Hospital.
O que o senhor prefere?
Já passava das dezanove e trinta horas quando doutor Inácio, Antero e mais alguns auxiliares chegaram ao Centro Espírita Discípulo da Nova Luz.
As luzes foram apagadas e a sessão começou activamente sob orientação de António, experiente e amorável condutor da reunião no plano físico.
- O que você vê, Antero?
- Sinto-me mal com tantos excessos.
- Que excessos?
- Veja se os médiuns precisam grunhir como porcos!
Olhe aquele lá, babando a ponto de sujar a própria roupa.
E aquela senhora de idade rolando no chão?!
É muita deseducação mediúnica.
Nem usam mesa, assentam-se ao chão, não usam sapatos, e veja o dirigente!
Não pára de estalar os dedos e cantar hinos de umbanda.
É uma salada de doutrinas.
O Espiritismo passou longe disso aqui.
E ainda tem mais, o senhor, por acaso, está vendo alguma entidade?
Algum espírito superior?
E pior, quem será beneficiado com tanto ritual?
É pura falta de esclarecimento.
Certamente trata-se de uma sessão de descarrego anímica.
- Excelente crítica, Antero!
- Não é crítica, é a verdade.
É o que estou vendo ou será que o senhor, doutor Inácio, não enxerga?
- Meus óculos, amigo, ficaram na Terra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:06 pm

Depois que faleci enxergo mais que devia.
Enxergo, por exemplo, o que o preconceito fez com você.
A acusação é um grilhão mental infeliz.
Pesa muito nos ombros enquanto se tem corpo e tira a visão depois da morte.
Vamos voltar ao Hospital.
- Vamos mesmo, pois vou fazer uma queixa formal a Eurípedes sobre todas as suas atitudes doutor Inácio, desde hoje de manhã.
- Já esperava por isso.
É sempre assim. Voltemos.
O doutrinador expôs a Eurípedes suas queixas.
O benfeitor o ouviu com paciência e pediu-lhe que aguardasse nova tarefa.
Passaram-se três semanas e Antero começava um quadro de angústia e solidão preocupantes.
Procurando novamente o director do nosocómio Barsanulfo o orientou:
- Irmão Antero, essa angústia é pedido profundo da alma por trabalho e libertação.
Tenha força para superar seus conceitos e tendências.
Doutor Inácio é uma alma sincera, cumpre uma tarefa muito valorosa nesse nosocómio.
É tudo que você precisa por agora:
quem lhe diga o que pensa.
Na Terra, ninguém lhe dizia o que pensava.
Sabiam que não seriam ouvidos...
Após dois dias da conversa com Eurípedes, Antero Gomes procurou o gabinete do doutor Inácio.
- Estou de volta doutor Inácio.
Vamos retomar o labor.
- Retomar não, continuar.
Seu afastamento era previsível, portanto, é continuação com mais consciência.
- Desculpe minha atitude.
- Não fui ofendido.
Aliás, isso é algo bem difícil de acontecer a meu pobre ser.
- O senhor sempre foi tão directo assim?
- Quando no corpo era um pouco pior.
Aqui já melhorei bastante.
- Não compreendi ainda doutor Inácio, a razão de estar sob suas ordens.
- É simples!
- Simples?!
- Lei de merecimento.
- Explique melhor doutor!
- O senhor não foi um homem mal para merecer as regiões sombrias da dor, mas também não foi um homem que fez todo o bem que podia.
Não core de vergonha, a minha situação é a mesma.
Evitei o mal intencional, fiz o bem para os outros e para mim mesmo fiz muito pouco.
Fui atrevido e intolerante, centralizador e, muitas vezes, excessivamente divertido.
Para ser sincero, um zombeteiro.
- Não é o que dizem do senhor na Terra.
Seu nome é lembrado como um vulto do Espiritismo.
- Vulto ou assombração?! - falou com seu velho tom de humor.
- Um vulto respeitado.
- Esse o problema.
Os espíritas adoram canonizar quem fez algo para ser lembrado.
Não que tenha alguma coisa contra, mas daí a me ver como vulto, vai boa distância.
Quando chegarem por aqui, perceberão que, com raríssimas excepções, os vultos do Espiritismo são almas com necessidades comuns.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:06 pm

Se algo fizeram de especial, foi apenas trabalhar um pouco mais que os demais.
A grande maioria, e sei o que digo, "varreu suas necessidades para debaixo do tapete".
E agora a morte levanta os "tapetes", sacode a poeira e, com muita complacência, coloca-nos na mão uma "vassoura" para recomeçarmos o serviço nesse plano.
- Afinal de contas, quem são os espíritos superiores neste lugar?
- Os que toleraram nossas loucuras.
O que qualifica uma alma como superior é a compaixão.
- Desculpe a franqueza, mas até agora não distingui se a sua conduta é inteligência, mau-humor ou rispidez.
- Não tenha dúvidas, são os três!
Vamos fazer uma nova visita.
- Aonde vamos?
- Não é aonde.
É quem vamos ver.
- Quem?
- Quer conhecer seu tutor?
- Adoraria.
Mas como sei que meus gostos não vão ser...
- Engano seu!
Esse gosto vou lhe satisfazer a pedido dele.
- Em que região superior vamos encontrá-lo.
- Não é região superior.
Após os preparativos, partiram os dois em companhia de uma caravana socorrista às regiões abismais.
Antero sofreu os lances do caminho.
Amparado devidamente suportou o clima e as lutas do local.
Chegando a certo ponto:
- É aqui - disse doutor Inácio, em estado de profunda concentração.
- E onde está meu tutor? - atalhou o doutrinador.
- Venha. Vou lhe mostrar.
- O que isso?
- O que você vê, Antero.
- A mesma cena do Centro Espírita Discípulo da Nova Luz.
- Vá narrando.
- Espíritos babando.
Trabalhadores estalando dedos.
Almas rolando de dor no chão fétido.
Retirada de objectos do perispírito das entidades e...
Que é aquilo, doutor?
- Um rinoceronte-alma.
- Um espírito em forma de animal? - disse o aprendiz com indisfarçável mal-estar.
Achava que era fantasia dos livros mediúnicos! Meu Deus!
- Narre mais Antero.
Preciso de sua visão profunda.
- Aquele homem de guarda-pó verde-claro parece introduzir as mãos dentro da cabeça daquele rinoceronte.
Meu Deus! Que é aquilo?!
- Continue, Antero, não me pergunte nada.
- São excrementos vivos.
Espalham-se! Que nojo! Que fedor!
Quantos ruídos fazem essas coisas!
Estou me sentindo muito mal.
Parece que vou desfalecer Antero caiu literalmente ao chão.
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