LUZ ESPÍRITA
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Ninguém Domina o Coração - Saulo / Maurício de Castro

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Ninguém Domina o Coração - Saulo / Maurício de Castro - Página 9 Empty Re: Ninguém Domina o Coração - Saulo / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:31 pm

Eles passavam mais tempo se revezando entre a delegacia e o hospital do que no escritório.
*
Mais de um mês se passou.
Fabiano finalmente estava se recuperando.
Arthur, ao seu lado, preparava-se para a difícil missão de lhe contar sobre Luciana.
E foi o próprio Fabiano quem puxou o assunto:
- Pai, sei que fiquei desacordado por muito tempo, mas já estou lúcido há alguns dias.
Por que Luciana ainda não veio me ver?
Ela esteve aqui antes?
Arthur deu um suspiro e permaneceu calado.
Temia que a notícia abalasse a saúde ainda frágil do filho.
Fabiano insistiu desconfiado:
- O que está acontecendo?
Eu o conheço muito bem, e vejo que algo está errado.
O que aconteceu com Luciana?
Por favor, não minta para mim.
Nós estávamos começando a nos entender.
Se ela estivesse bem com certeza viria me ver...
- Meu filho, tenha calma; você não pode ficar nervoso, o médico disse que deve repousar.
- Agora tenho certeza de que tem coisa muito errada acontecendo - disse Fabiano aflito.
- Luciana está passando por sérias dificuldades.
Laís contou algumas mentiras por aí sobre o dia em que você foi atingido e...
- Que mentiras?
Laís de novo?
O que ela fez?
Arthur passou a mão na testa e falou com dificuldade:
- Luciana está presa, meu filho, acusada por Laís de tentar matá-lo!
Fabiano apertou os olhos e franziu o cenho em desespero.
Meneava a cabeça negativamente sem parar.
Até que falou:
- Como ela está?
Como Laís conseguiu fazer isso?
- As únicas digitais encontradas na arma foram de Luciana.
- Mas agora eu estou bem e vou poder ajudar; afinal, eu fui a vítima e vou depor a favor de Luciana.
- Meu filho, não entendo muito disso, mas pelo que Augusto falou, claro que você e seu depoimento serão fundamentais, mas a acusação foi formalizada e o inquérito instaurado, e o processo vai seguir em frente.
- Mas mesmo com o meu depoimento?
- Mesmo assim.
Mas você pode ajudar com que ela seja solta e responda em liberdade.
- Meu Deus, que horror.
Essa Laís deveria estar presa ou internada.
Porquê meu pai?
Porque ela fez tudo isso?
Arthur deu um suspiro e revelou:
- Conversando com Suzanne uma vez, chegamos à mesma conclusão, baseados em diversas observações:
Laís sempre quis você!
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:31 pm

Fabiano olhou chocado para o pai:
- Não pode ser.
Não diga uma coisa dessas!
- É verdade, Suzanne apenas confirmou uma suspeita que eu já vinha trazendo comigo havia muitos anos.
Mas não vamos nos preocupar com Laís agora.
Temos de ajudar Luciana e tirá-lo logo daqui.
Essas são nossas prioridades.
- Meu pai, perdoe-me!
- Perdoar de quê?
Você não tem culpa de nada.
É mais uma vítima, como todos nós.
- E onde está essa mulher agora?
- Eu a expulsei de casa e ela sumiu.
Não tive mais notícias.
Mas ainda a veremos com certeza.
*
Fabiano recebeu alta e pediu ao pai que o levasse directamente à delegacia onde Luciana estava presa.
Quando lá chegaram, Augusto os esperava para conversarem sobre o depoimento que Fabiano insistia em dar.
Ele estava ansioso.
- Augusto, eu como vítima, tenho condições de tirar Luciana daqui inocentando-a, não é?
- Calma, Fabiano, não é bem assim.
O processo já está correndo e seu depoimento pode ajudar, mas vai depender da decisão do juiz.
- O delegado vai me receber agora?
Esse meu depoimento será oficial?
- Vai recebê-lo em poucos minutos.
Sim, seu depoimento será incluído no processo.
- Poderei ver Luciana depois?
- Vou explicar a situação ao delegado e com certeza ele não fará nenhuma objecção.
O escrivão chamou Fabiano, que diante do delegado relatou tudo o que aconteceu naquele dia.
Assim que terminou o depoimento, foi emitida uma solicitação ao juiz para a prisão preventiva de Laís.
Com tantos anos de experiência em seu ofício, o oficial já estava praticamente convencido de que Luciana era inocente, mas não podia fazer nada a não ser encaminhar os dados para serem inseridos no processo e aguardar a decisão judicial.
Mas por ter sua opinião formada, ele resolveu facilitar as coisas para Luciana liberando as visitas sempre que possível, mesmo que isso rompesse ocasionalmente algumas regras e normas do departamento.
Assim que o depoimento foi encerrado, Fabiano foi levado até a sala onde Luciana o aguardava.
Ao se olharem pela primeira vez após o ocorrido, uma forte emoção tomou conta do casal.
Com lágrimas nos olhos, eles se abraçaram em silêncio.
Depois se sentaram para conversar.
Fabiano disse comovido:
- Fique tranquila, Luciana.
Contei toda a verdade para o delegado e ele vai cuidar da documentação para que você seja solta.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:31 pm

Augusto está tomando as providências.
Ela sorriu aliviada:
- Então acabou?
Estou livre desse pesadelo?
- Não, querida, calma!
Ainda precisa ser liberado o alvará de soltura.
A prisão de Laís já foi pedida.
Agora é questão de tempo para vê-la pagar pelo que fez.
- Só tem uma coisa que não entendi até agora:
como não havia digitais dela na arma?
Fabiano estava seguro quando disse:
- Na hora do tumulto quase não reparei, mas depois consegui ver que ela estava usando aquelas luvas muito finas, tipo luva cirúrgica.
Como elas são finas e transparentes, você não deve nem ter notado.
- Então ela não agiu por impulso; já devia ter em mente fazer algo parecido.
Meu Deus! Essa mulher tornou-se muito perigosa.
Mas o que será que a levou a chegar a esse ponto?
Fabiano ficou sem graça, mas repetiu a história que ouviu do pai:
- Meu pai e Suzanne têm certeza de que Laís é apaixonada por mim.
No início eu achei a ideia tão repugnante que não quis acreditar, mas, depois, analisando com calma, cheguei à conclusão de que pode ser que eles tenham razão.
Luciana ficou horrorizada:
- Que coisa absurda!
Como ela pôde fazer isso com Arthur?
Mas faz sentido.
Nunca dei nenhum motivo para que ela me odiasse tanto.
Isso que você me contou explica tudo.
- Luciana, está na hora de sabermos a verdade sobre o que aconteceu naquela época.
Temos de deixar tudo muito claro.
Mesmo porque, acho que qualquer informação será importante no processo.
Ele mesmo começou o relato de sua versão para os acontecimentos da época em que namoravam.
Contou tudo com detalhes e a cada novo dado, Luciana chorava de tristeza e raiva.
Quando chegou sua vez de contar a ele o que aconteceu, ele esmurrou a mesa algumas vezes, demonstrando toda a sua indignação com as atitudes de Laís e por sua ingenuidade e de seu pai de não terem, na época, se dado conta do real carácter dela.
Quando a esposa finalizou seu relato, ele fez um carinho em seu rosto dizendo:
- Minha querida, quanto sofrimento!
Eu fui um estúpido por agir daquela forma preconceituosa e ainda me deixando levar pelo veneno de Laís.
Todo o rancor de Luciana pelo marido, todas as mágoas estavam se dissipando naquele momento.
- Não se culpe, meu querido.
Eu também tive culpa por acreditar em tudo o que ela nos disse e por não compreender seu lado e ter paciência para mostrar que você estava errado.
Nós éramos muito imaturos e inseguros, e ela se aproveitou de nossa fraqueza.
Isso me lembra de algo que sempre ouço de Júlia:
"Os outros, quando nos fazem mal, aproveitam-se de nossas fraquezas, nossos vícios e nossas paixões".
Ninguém pode nos fazer mal quando não damos brechas para sermos atingidos.
Eu sempre discordei de muitas coisas que ouvia de Júlia e de sua crença, mas agora percebo que tudo estava certo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:31 pm

E quando alguém nos faz algum mal, não devemos sentir raiva, porque essa pessoa está nos dando a oportunidade de corrigirmos nossas falhas e evoluirmos; isto é, se estivermos atentos e soubermos aproveitar as oportunidades.
Mas ainda não consigo ter essa maturidade para não sentir raiva.
Eu odeio Laís com todas as minhas forças e ela vai pagar por tudo o que fez e ainda está fazendo.
- Acho que isso que você disse está certo, mas assim como você, não consigo pensar em outra coisa a não ser acabar com Laís e fazê-la pagar por tudo.
De repente, Fabiano se calou e ficou com o olhar perdido.
Com a voz muito baixa perguntou:
- E nosso filho, Luciana?
O que aconteceu?
Luciana desabou em lágrimas novamente e começou a tremer.
Lembrou-se dos conselhos de Suzanne, mas faltava-lhe coragem para contar tudo.
Fabiano percebeu seu estado e foi o mais carinhoso possível com ela, encorajando-a a falar:
- Talvez você jamais me perdoe, mas fiz uma coisa terrível.
Ele imaginou que ela havia tirado a criança, mas agora tinham de estar unidos para recomeçar e corrigir os erros do passado.
- Eu não tenho de perdoar nada.
Agora sabemos que tudo foi um terrível engano e fizemos o que podíamos na época diante de nossa capacidade limitada de entendimento da vida e seu mecanismo.
Seja lá o que você tenha feito, não vou julgá-la, muito menos condená-la, portanto, não tenho o que perdoá-la.
Ela o abraçou buscando o aconchego que ele lhe oferecia e criou coragem para lhe contar:
- Meu amor, nós tivemos uma filha!
Uma menininha linda, a quem dei o nome de Leila.
Fabiano sentiu um profundo nó na garganta e não conteve também as lágrimas.
- Então temos uma filha? Leila? - disse ele entre lágrimas e um sorriso que iluminou o coração de Luciana.
- Sim. Deve estar uma moça, agora.
Ele não entendeu:
- Como deve estar?
Você não a vê?
Luciana, com muita dificuldade, contou-lhe sobre a fuga dela e da mãe para o interior, os problemas pelos quais passaram durante a gravidez, a morte da mãe e o abandono de Leila em circunstâncias extremamente dolorosas e que ela jamais conseguiu esquecer.
Fabiano sentiu seu peito arder pelo sofrimento de Luciana e ao pensar na filha, cujo paradeiro agora ninguém sabia.
Depois de se acalmar ele afirmou:
- Você vai conseguir sair daqui logo.
Vamos em busca de nossa filha!
Está decidido.
Ela o olhou com os olhos arregalados:
- Como faremos isso?
Já se passaram vinte anos e ninguém sabe que fui eu quem a deixou lá.
Foi colocada no meio da rua, não a deixei em nenhuma instituição.
- Nós daremos um jeito.
Vamos até aquela cidade e pegaremos todas as informações que conseguirmos.
Vamos encontrá-la.
- Você sabe o quanto isso vai ser difícil; acho até impossível.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:31 pm

- Não! Nós vamos conseguir.
Vamos reconstruir nossa vida, eu, você e nossa filha.
Já sofremos muito e está na hora de esquecermos tudo de ruim que nos aconteceu.
- Vamos supor que a encontremos.
Será que ela vai me aceitar?
Perdoar-me pelo que fiz?
Ele acariciou os cabelos da mulher e disse carinhosamente:
- Vou estar ao seu lado.
Explicaremos tudo e ela vai entender.
Fique tranquila.
Primeiro, vamos traçar um plano de acção para encontrá-la.
O resto vemos depois.
Selaram esse momento de paz e reconciliação com um beijo, agora carregado de amor, compreensão e esperança.
Augusto entrou com a boa nova:
Luciana conseguira, seria solta imediatamente.
Os três vibraram muito, e ela foi até sua cela se preparar para ir embora com o marido e o advogado.
No caminho pensava:
"Vou matar Laís!
Ela não merece ser presa; é pouco.
Assim que tiver uma oportunidade, vou matá-la".
Rita, que acompanhava a filha, orava para que esse sentimento abandonasse o coração dela.
Com a ajuda dos seus amigos no plano espiritual, fizeram uma corrente de oração tão intensa que conseguiram rapidamente atingir a alma de Luciana, que parou de pensar em Laís e só conseguia pensar nos planos com Fabiano e na possibilidade de reencontrar a filha, seu maior sonho durante aqueles vinte anos.
Há tempos não se sentia tão feliz!
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:32 pm

vinte e nove - Uma esperança
Já em casa, Luciana e Fabiano começaram os preparativos para a viagem à cidade onde Luciana havia deixado Leila.
Não sabiam nem por onde começar a busca, mas quando chegassem lá resolveriam o que fazer.
Augusto havia avisado Luciana de que ela não poderia sair do país e caso fosse se ausentar para algum outro lugar, deveria deixar sempre um telefone de contacto e passar para ele todas as coordenadas de cada passo que desse.
Certa da importância de suas atitudes para um parecer favorável no processo, Luciana fazia tudo como o advogado determinara e até mais um pouco.
Quando estavam saindo, ela chamou a empregada e lhe deixou um papel onde estava anotado o nome da cidade para onde iam, os números dos celulares, dela e de Fabiano, e o nome e endereço do hotel que se hospedariam.
Também deixou um envelope com os mesmos dados para que ela entregasse a Augusto.
Despediram-se e saíram cheios de esperança ao encontro do paradeiro da filha.
Quando deixaram a garagem do prédio, conversavam distraidamente, nem perceberam que Laís, escondida atrás de um coqueiro, observava o carro partir rumo à estrada.
Ela não sabia para onde estavam indo, nem que se dirigiam a uma cidade no interior de São Paulo.
Ficou parada por uns instantes pensando em como agiria.
Ela queria voltar ao apartamento e ver se conseguia mais algum objecto de valor.
Sabia que durante o dia Arthur nunca estava em casa.
Surpreendeu-se ao ver Luciana com Fabiano.
Não sabia que ela havia sido solta, muito menos que Fabiano tivera alta.
Mas depois cuidaria de saber mais detalhes; agora teria de pensar em uma boa desculpa para a empregada deixá-la entrar no apartamento.
Com certeza, recebera ordens de não permitir sua entrada.
Tomou coragem e entrou no prédio.
O porteiro a cumprimentou e sem saber de nada do que ocorrera, deixou-a subir.
Ao tocar a campainha, esperava o olhar de surpresa da empregada ao abrir a porta, mas em vez disso, deparou com uma expressão indiferente da mulher que a atendeu:
- Boa tarde, dona Laís.
Que bom que veio, eu estava esperando a senhora.
Laís foi quem ficou tomada pela surpresa:
- Estava me esperando?
- Pois não é!
O sr. Arthur deixou umas sacolas com umas coisas suas e avisou que a qualquer momento a senhora viria buscar.
Que bom que está tudo pronto.
- Que gentileza de meu marido - respondeu aliviada - posso entrar?
A empregada ficou sem jeito e respondeu de forma quase inaudível:
- A senhora pode entrar sim, senhora, mas desculpe, tem de me aguardar na sala enquanto vou ao quarto buscar suas coisas.
Desculpe, viu, mas cumpro ordens.
Laís se fez de compreensiva:
- Não fique assim; está certíssima em obedecer às ordens de seus patrões.
Só queria aproveitar e descansar um pouco enquanto aguardo você pegar as sacolas.
Não me importo de aguardar na sala.
Você poderia só me dar um pouco de água?
- Claro, entre.
Nesse momento, o interfone tocou.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:32 pm

- É sempre assim!
Quando estamos ocupadas tudo resolve chamar na mesma hora - reclamou a moça concluindo:
por favor, desculpe, já volto.
- Não se apresse por mim - respondeu Laís gentilmente.
Sozinha na sala, ela começou a olhar em volta tentando detectar o que poderia levar sem que a empregada percebesse.
Ao passar os olhos pelo aparador que ficava no hall de entrada, viu o papel e o envelope com o nome de Augusto.
Certificou-se de que a outra ainda estava na cozinha, aproximou-se e pegou o envelope abrindo-o rapidamente.
Após ler cada palavra escrita por Luciana, pensou:
"Então eles viajaram!
Mas o que foram fazer nessa cidade?
É um lugarzinho sem graça, uma cidadezinha de interior e tão longe...
Alguma coisa está acontecendo e vou descobrir o que é".
Guardou o papel no bolso e recolocou o envelope vazio no lugar onde o encontrara.
Logo depois, a empregada lhe trouxe a água e foi buscar as sacolas.
Aproveitando a oportunidade, instruída por Arthur, ligou para a polícia para avisar que Laís estava no apartamento.
Voltou para a sala e tentou manter a visitante entretida numa conversa, mas Laís agradeceu e foi embora, e sem levar nenhum objecto; o que encontrara poderia valer muito mais.
Isso ela iria tratar de investigar.
Quando a polícia chegou, ela já não estava mais lá e não sabiam que rumo tomara.
Laís continuava foragida.
Quando Augusto enviou um mensageiro para buscar o papel que Luciana deixara e constatou que o envelope estava vazio, ligou para lá.
A empregada se desculpou dizendo que devia ter feito alguma confusão e lhe passou todas as informações por telefone.
Laís estava hospedada em um hotel muito simples, próximo ao centro da cidade.
Tinha de guardar o dinheiro que conseguira vendendo o que roubara do apartamento, e, naquele lugar, estava protegida de encontrar pessoas da sociedade.
Ela não sabia que havia um mandado de prisão contra ela, mas mesmo assim vivia reclusa a fim de alcançar seus objectivos.
Não queria ter de explicar tudo o que estava acontecendo.
Só reapareceria quando estivesse novamente em uma posição de superioridade.
Em seu quarto, ela leu e releu aquele papel várias vezes, mas não conseguia imaginar o que Luciana e Fabiano teriam ido fazer lá.
Só havia uma maneira de descobrir:
pegou uma pequena maleta de viagem, colocou algumas roupas e saiu em direcção à rodoviária.
Estava horrorizada por ter de se misturar com os passageiros do ônibus, transporte que ela considerava de classes inferiores, mas era o que podia pagar.
Naquele momento estava mais preocupada em desvendar o mistério.
Teve sorte de conseguir uma passagem, e o ônibus partiria em 3 horas.
Era muito tempo, mas valeria a pena esperar.
Sentou-se em uma lanchonete e pediu apenas um sanduíche e um refrigerante.
Aguardou o momento do embarque.
*
Já havia anoitecido quando Luciana e Fabiano chegaram.
Estavam tão ansiosos que pararam apenas uma vez na estrada para descansar um pouco.
O ambiente do hotel era agradável e relativamente simples.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:32 pm

Eles foram bem atendidos, com muita simpatia pelo recepcionista que os encaminhou para a suíte.
Quando estavam sozinhos, Fabiano abraçou a mulher e afirmou:
- Pronto, querida.
Aqui estamos.
Está feliz?
- Estou, claro.
Mas apreensiva também.
Não sei como será possível descobrir o paradeiro de Leila; já se passaram tantos anos!
- Vamos conseguir.
Em cidades pequenas assim existem moradores que passam a vida inteira no mesmo lugar, na mesma casa, isso é muito comum.
Com certeza encontraremos vários que viviam aqui naquela época.
Você se lembra da pensão onde morou com Rita?
- Não tenho mais o endereço.
Acho que até por uma questão de defesa, para não sofrer me lembrando de Leila e do que eu havia feito, anulei essa parte de minha vida e sequer lembro o nome da dona do estabelecimento.
Coitada, era uma boa senhora, que me ajudou muito.
Que ingratidão a minha.
- Não fique assim, daremos um jeito.
- A cidade também está muito diferente; não reconheci nenhum lugar pelos quais passamos.
- Você me disse que o local onde deixou Leila era ao lado de um hospital.
Lembra-se pelo menos o nome dele?
Seus olhos se encheram de lágrimas quando falou:
- Isso eu jamais poderia esquecer:
Maternidade Lar do Amparo.
Foi onde nossa filha nasceu.
Mas não lembro o endereço...
- Será fácil encontrarmos.
Amanhã bem cedo vamos até lá.
Tomaram um banho e foram se deitar.
Estavam exaustos, mas inquietos pela expectativa do dia seguinte.
Ao amanhecer, Fabiano levantou-se muito cedo, providenciou o café da manhã e, na recepção, conseguiu o endereço da maternidade.
Quando Luciana acordou ele estava ao seu lado com uma bandeja bem servida de café, leite, pães, frutas e geleia.
Ela ficou encantada com o gesto do marido e mais feliz quando ele informou que já poderiam ir até a maternidade porque ele sabia onde era.
Apressaram-se em sair.
Não tinham certeza do sucesso da missão, mas agarravam-se a todas as esperanças.
O prédio do hospital era muito antigo e parecia não ter sido muito bem conservado nos últimos anos.
Dirigiram-se ao balcão de atendimento no saguão principal e foram atendidos por uma jovem.
Entreolharam-se desanimados.
Pela idade da moça, ela com certeza não saberia dizer-lhes nada.
Mas resolveram arriscar assim mesmo.
Fabiano perguntou:
- Boa tarde, por favor, nós somos jornalistas e estamos escrevendo um livro sobre crianças desaparecidas, tráfico de recém-nascidos etc.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:32 pm

Esse é um trabalho investigativo e gostaríamos de saber se você poderia nos ajudar com alguma informação.
Tem acontecido casos de desaparecimento assim aqui na cidade?
A jovem olhou-os desconfiada, mas curiosa e satisfeita:
era a primeira vez que conversava ou via de perto jornalistas de verdade.
Sentiu-se muito importante e respondeu solícita:
- Ah, eu gostaria muito de ajudar.
Meu nome vai sair no livro?
E, acho que não; não sei nada sobre isso e nunca soube de nenhum caso assim.
Leio nos jornais que isso acontece, mas aqui nunca aconteceu.
Nunca roubaram nenhuma criança aqui na cidade.
Luciana olhou para Fabiano desanimada.
Ele piscou para ela e insistiu com a moça:
- Mas, e as crianças abandonadas?
Isso acontece com frequência, infelizmente.
Para onde são levadas?
Você sabe algo sobre isso?
Ela coçou a cabeça:
- Bem, a gente ouve falar de um caso ou outro, mas acho que vão para a delegacia, não é?
Dessa vez foi Fabiano quem mostrou o desânimo estampado na face.
Luciana pegou na mão do marido, agradeceu à moça e o puxou em direcção à porta.
- É, a mocinha não ajudou muito - disse Luciana com o olhar perdido.
- Realmente foi perda de tempo.
Mas acharemos alguém que saiba nos dizer algo mais concreto.
Não vamos desanimar.
Venha, vamos dar uma volta pela cidade; quem sabe você se lembra de algo que possa nos ajudar.
Quando estavam quase chegando ao carro, uma voz chamou a atenção dos dois:
- Senhor, senhora, esperem, por favor.
Ao olharem para trás, uma enfermeira acenava para eles.
Era uma senhora já de meia-idade que caminhava com certa dificuldade devido ao nítido sobrepeso.
Ela estava ofegante, e ambos, sentindo pena dela, foram em sua direcção para poupar-lhe o esforço de alcançá-los.
Quando se aproximaram, ela disse respirando fundo:
- Obrigada por não me fazerem sair correndo atrás de vocês.
Nunca consigo levar meu regime adiante; também pudera, com as empadinhas da Mazé...
Vocês não são daqui, não é?
Ah, precisam conhecer as empadinhas da Mazé; já lhes dou o endereço.
O casal gostou do jeito simpático da enfermeira, mas ficou curioso para saber o que ela queria.
- Vamos adorar conhecer as empadinhas da Mazé, obrigada - disse Luciana também com simpatia.
Mas a senhora veio até nós para falar das empadinhas?
A mulher deu uma risada e foi directo ao ponto:
- Não, claro que não.
Embora elas valham muito a pena.
Olha, antes de mais nada gostaria de esclarecer que não costumo ficar ouvindo a conversa alheia, mas eu estava na maternidade e sem querer ouvi o que vocês estavam investigando.
São jornalistas... acho essa profissão linda e muito importante, e esse trabalho que estão fazendo é muito sério.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 20, 2018 9:32 pm

Essa história triste de roubo e abandono de crianças tem de acabar, e o trabalho de vocês pode ajudar muito.
Aqui na cidade tem um convento para onde são levadas crianças abandonadas; elas acolhem essas crianças há muitos anos.
Talvez possam ajudá-los; devem ter muitas histórias para contar.
Olha, vou lhes passar o endereço do convento e de Mazé.
Vocês têm papel e caneta?
Ambos sorriram e passaram o que ela pedia.
Ela anotou tudo e foi embora.
Luciana e Fabiano se abraçaram.
- Nossa, que sorte essa senhora ter ouvido a conversa - disse Fabiano retomando o ânimo.
Luciana respondeu feliz, lembrando-se da amiga:
- Júlia sempre diz que quando nossas atitudes são tomadas baseadas no bem e no amor, Deus e o plano espiritual nos auxiliam a alcançarmos nossos objectivos facilmente.
Agora vejo que ela mais uma vez tem razão.
Caminharam novamente em direcção ao carro, agora com rumo definido:
o convento e a possibilidade cada vez mais próxima de saber o paradeiro de Leila.
*
Laís chegou à cidade exausta e mal-humorada.
Não se conformava por ter de andar naquele meio de transporte deprimente.
Mas em vez de ficar esbracejando como tinha vontade, voltou a focar sua atenção na razão de estar passando por tantas situações desagradáveis:
descobrir o que Fabiano e Luciana haviam ido fazer naquela cidade.
Dirigiu-se imediatamente ao hotel onde os dois estavam hospedados.
Ao chegar lá, tomou muito cuidado para não ser vista, e logo constatou que além de não poder pagar o valor provável da diária, seria um risco permanecer ali sem saber por onde o casal andava.
Foi se informar e acabou descobrindo que na mesma rua, a cerca de quatro quarteirões do hotel, existia um hotel mais simples e mais barato, mas muito limpo e de boa frequência.
Seguiu para o endereço indicado.
Tinha pressa; não sabia o que encontraria pela frente e não queria perder tempo.
Foi tomar um banho e comer alguma coisa.
Seu objectivo era ficar de tocaia no outro hotel até descobrir alguma coisa que lhe valesse o sacrifício.
Enquanto isso, Fabiano e Luciana chegaram ao convento, onde foram recebidos com muito carinho pela madre superiora, que os atendeu prontamente levando-os até sua sala.
Eles falaram a mesma coisa que haviam contado no hotel e a madre se interessou muito pelo tema e disse que de facto muitas histórias de abandono de menores ocorreram naquela cidade.
Luciana apertou a mão de Fabiano emocionada por estar chegando cada vez mais perto de Leila.
Passaram mais de uma hora com a madre e ela os convidou para conhecerem o convento e lancharem com as irmãs, que com certeza adorariam conversar com eles.
Levou o casal para ver as crianças abrigadas por elas, e eles ficaram comovidos.
Luciana emocionou-se demais, vendo em cada rostinho, o rosto de sua filha, e não conteve as lágrimas ao pensar que muito provavelmente, Leila tivesse passado por ali, exactamente nas mesmas circunstâncias das crianças que via agora.
Já era fim de tarde quando Luciana criou coragem e quase na hora da despedida perguntou:
- Desculpe, madre, mas existe um caso que nos interessa particularmente.
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Ninguém Domina o Coração - Saulo / Maurício de Castro - Página 9 Empty Re: Ninguém Domina o Coração - Saulo / Maurício de Castro

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:48 pm

Sobre uma menina que foi abandonada ainda bebé, nessa cidade, vinte anos atrás.
A senhora sabe de algo a esse respeito?
A madre indagou curiosa:
- Porque esse caso os interessa?
Já se passaram tantos anos!
Fabiano interveio:
- Na nossa pesquisa conhecemos muitas pessoas, ouvimos muitas histórias, e essa em especial nos comoveu bastante.
A mãe dessa criança está internada em São Paulo, parece que ela abandonou a filha por não possuir alternativa.
Mas os anos passaram e ela nunca se livrou do remorso, e acabou sofrendo de alguns distúrbios mentais.
Mas os médicos acham que se ela descobrir que a filha está bem, que foi bem cuidada, ficará curada - completou Fabiano.
Falou tão rápido que quase perdeu o fôlego.
Luciana estava admirada com a criatividade do marido.
O olhar da madre denunciava sua desconfiança sobre a veracidade daquela história, mas os dois pareciam pessoas de bem, e não cabia a ela questionar nada.
Então respondeu:
- Sei que houve um caso sim, mais ou menos nessa época que vocês falam.
Mas nesse período eu era apenas uma freira que havia acabado de fazer os votos, então esses assuntos não chegavam ao meu conhecimento.
O casal sentiu um sopro de desânimo diante dessas palavras, mas então ela continuou:
- Mas lembro que na época, quem cuidava dos detalhes de adopção era irmã Florência.
Ela, com certeza, sabe de algo.
- E ela está?
Podemos falar com ela? - perguntou Luciana aflita.
- Infelizmente ela não se encontra mais entre nós.
Fabiano assustou-se:
- Ela morreu?
- Não - respondeu a madre calmamente - ela deixou a vida na irmandade por amor e casou-se.
- E seria possível encontrá-la?
Está na cidade ainda?
A senhora tem o endereço dela?
A madre deu um sorriso:
- Todos na cidade a conhecem.
Deixou o convento, mas sua alma caridosa permanece a mesma.
Está sempre ajudando os pobres, oferecendo-lhes o que pode de melhor, que é o alimento do corpo e do espírito.
Ela dá aulas de catecismo nas horas de folga e tem seu próprio negócio.
É uma pessoa muito querida e simpática.
Nem preciso dar endereço algum; basta chegarem à cidade e perguntarem pela Mazé!
Não há ninguém que ainda não tenha cometido o pecado da gula diante de suas empadinhas.
Fabiano e Luciana se olharam e esboçaram um largo sorriso.
Deus estava de facto abrindo-lhes todas as portas, e Luciana agradecia e rezava pedindo protecção e auxílio para que tudo continuasse dando certo.
Lembrando-se de Júlia começou a perceber que estava cada vez mais envolvida pela crença da amiga, e tudo de que desconfiava no passado se mostrava como uma bela descoberta de sua própria espiritualidade.
Laís havia arriscado a ir até o hotel onde o casal estava hospedado e recebeu a informação de que eles haviam saído.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:48 pm

Resolveu aguardá-los na recepção, mas em um lugar que poderia vê-los quando entrassem, mas eles dificilmente a veriam.
E quando eles cruzaram a porta principal, abraçados e sorrindo, Laís sentiu o ódio dominá-la completamente.
Em vez de irem para o quarto, dirigiram-se ao restaurante para jantar.
Cuidadosamente, Laís esgueirou-se por entre vasos de plantas e conseguiu chegar perto o suficiente para ouvi-los sem ser vista, protegida por uma coluna atrás da mesa onde se sentaram.
Logo pôde escutar o início da conversa:
- Querido, que maravilha a história da Mazé.
Quando poderíamos imaginar isso tudo?
- É verdade!
Estou ansioso para falar com ela, mas é melhor deixarmos isso para amanhã cedo.
Hoje o dia foi cansativo e ela também trabalha muito, não é conveniente incomodá-la agora à noite.
- Tem razão, querido; se já esperamos até agora, aguardemos até amanhã.
Iremos à loja dela assim que acordarmos.
Sei que abre bem cedo.
Todos querem as empadinhas da Mazé até no café da manhã!
Ambos riram e seguiram com a refeição sentindo a alma bem mais aliviada.
Laís levantou-se e se retirou tomando cuidado para não ser vista.
Ao passar pela recepção, dirigiu-se à recepcionista:
- Boa noite, por favor, você conhece a Mazé, que vende empadinhas?
- Quem não a conhece? - respondeu a moça com um sorriso.
- Poderia me indicar onde fica a loja dela?
Depois de pegar o endereço, Laís saiu rapidamente.
Já abusara muito da sorte e estava muito perto de descobrir tudo.
Na manhã seguinte, quando Luciana e Fabiano chegaram para encontrar Mazé, Laís já estava novamente de tocaia.
Mal havia conseguido dormir de tanta ansiedade.
Queria chegar ao local antes deles e conseguira.
Ela os viu entrar e ficou aguardando.
Passados cerca de trinta minutos, eles saíram e Luciana já não apresentava o mesmo ar de felicidade de antes.
Laís ficou pensando em como chegar à loja e descobrir o que havia se passado lá dentro.
Não tinha muito a perder e decidiu entrar e deixar as coisas fluírem naturalmente, aí resolveria como agir.
Assim que cruzou a porta, conseguiu identificar a figura de Mazé, que lhe fez um sinal de boas-vindas.
A casa já estava movimentada mesmo àquela hora da manhã e Mazé procurava dar atenção a todos, mesmo que isso, em alguns momentos, fosse um tanto complicado.
Laís se aproximou e, aproveitando que a mulher estava atarefada, falou:
- Bom dia, por favor, acabei de ver um casal de amigos saindo daqui, mas não consegui alcançá-los antes que partissem no carro.
Minha amiga parecia triste; não sabia que estavam na cidade.
A senhora os conhece?
Mazé procurou ser gentil, mas estava muito ocupada com suas duas funcionárias providenciando os pedidos dos fregueses:
- Ah, sim, aquele casal simpático e bonito.
Pobrezinha da moça.
Ficou tão abalada com a notícia.
- Que notícia?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:48 pm

- Eles estão em busca de uma menininha que foi abandonada aqui na cidade ainda bebé.
Acho que é para uns amigos, não sei, foi chato, mas nem pude dar-lhes muita atenção.
Depois vou procurá-los e me desculpar.
A curiosidade estava chegando ao seu auge:
- Ah, sim.
Sei dessa busca deles, mas não sabia que tinha sido exactamente aqui.
E o que aconteceu para minha amiga ficar tão triste?
- É que eu contei que a menina, que se chamava Leila, eu acho, foi levada para o exterior por um casal já maduro e sem filhos.
A tristeza dela é porque não consegui de jeito nenhum me lembrar do país de onde eram.
Laís sentiu um arrepio subir-lhe pelo pescoço até a nuca.
Era isso! Eles estavam atrás da filha que tiveram.
Então Luciana a abandonara!
E agora Fabiano a estava ajudando a procurá-la.
Ela teria de agir rápido:
- Vou lhe pedir um favor:
se a senhora se lembrar de algo mais, contacte-me neste número de celular.
Realmente minha amiga está muito empenhada nessa busca e vou confessar-lhe uma coisa:
essa menina era filha dela.
Mazé parecia alheia ao que Laís dizia e só fazia que sim com a cabeça.
Laís insistiu:
- Tudo o que quero é ajudá-los.
Por favor, antes de falar qualquer coisa para eles, ligue-me.
Sou amiga do casal há muitos anos, e saberei dar a notícia com cuidado.
Só quero o bem-estar de Luciana.
A dona da loja pegou o papel com o número de Laís, assentiu novamente com a cabeça, que só foi embora depois que Mazé lhe prometeu só contar a ela.
De volta ao hotel, Luciana demonstrou seu desânimo:
- Eu estava tão feliz!
Agora sei que nunca mais veremos Leila.
- Não fique assim, meu amor.
Tudo vai dar certo.
Mazé vai se lembrar do país e por meio dos conhecimentos de meu pai, não será difícil descobrirmos tudo.
- Nós vamos embora amanhã?
- Sim, vamos.
Aguardaremos ainda a tarde de hoje para ver se ela nos telefona.
Caso contrário, iremos embora.
Ela sabe onde nos encontrar caso precise, e não é bom neste momento você ficar tanto tempo fora do Rio de Janeiro.
Luciana assentiu com a cabeça e abraçou o marido buscando o conforto que tanto precisava naquele momento, e que ele oferecia com sincero amor.
Laís voltou para o hotel convencida de que não havia mais nada para fazer ali.
Arrumou suas coisas e decidiu voltar para o Rio também.
A mulher tinha seu número, e ela estava certa de que em pouco tempo receberia a ligação tão esperada, principalmente porque Mazé jamais esqueceria a enorme quantidade de empadinhas que ela comprou alegando que levaria para uma reunião de amigas.
O que faria com os salgados?
Os pobres no ônibus iriam vibrar com o lanche e ela, quem sabe, até conseguiria ficar com duas poltronas só para ela, sem ter de aguentar um desconhecido qualquer dormindo quase por cima dela.
Em pouco tempo, Laís já estava a caminho de casa e planeando a volta por cima que daria em sua vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:49 pm

trinta - Chantagem
Duas semanas haviam se passado sem que Luciana e Fabiano tivessem qualquer notícia de Mazé.
A angústia tomava conta do coração deles, mas o trabalho e a preocupação com o processo que estava correndo distraíam os pensamentos do casal.
Embora com o testemunho de Fabiano Luciana tenha sido inocentada, ela ainda precisava prestar alguns depoimentos.
Laís continuava sua vida visando a um único objectivo:
tirar Fabiano de Luciana.
Pensava em Mazé e já estava acreditando que a mulher havia mentido quando dissera que entraria em contacto.
Ou decerto já havia se esquecido da história e ela jamais saberia para onde levaram a filha de Luciana.
Mas, para sua surpresa, seu celular tocou e mal ela atendeu ouviu do outro lado da linha:
- Olá, bom dia.
Finalmente me lembrei:
o casal era da Alemanha.
Foi para lá que levaram a menina.
Laís sentiu-se exultante:
- Perfeito.
Você fez muito bem em me avisar.
Mas não esqueça:
não fale sobre isso com mais ninguém.
Eu mesma quero dar a boa notícia à minha querida amiga.
Imediatamente, após desligar, Laís buscou sua antiga agenda com os números de telefones de contactos importantes articulados na época que conhecera Arthur e trabalhava supostamente como relações públicas.
Estava agitada e fez várias ligações.
Até o entardecer provavelmente teria a resposta esperada.
Suas economias estavam sendo gastas com muita prudência, coisa com a qual ela não estava acostumada, mas sentia-se tão feliz que resolveu sair e comprar um vestido novo.
Queria estar linda quando o momento de ter novamente Fabiano por perto chegasse.
Já estava anoitecendo quando o celular de Laís tocou com a notícia que tanto aguardava.
Não queria esperar nem mais um minuto.
De posse de nomes e endereços, ligou para o escritório de Luciana.
Suzanne quase não acreditou quando ouviu a voz de Laís:
- É incrível que você tenha a audácia de ligar para cá.
Falta-lhe mesmo muita vergonha na cara - disse Suzanne, não fazendo questão de disfarçar sua indignação.
Laís sentia-se poderosa.
Nem se abalou com a agressividade da outra:
- Sua opinião de facto não me interessa nem um pouco.
Pessoas como você são insignificantes demais para me afectar.
- Eu não sou obrigada a aguentar sua arrogância!
- Problema seu!
Já disse, você para mim é um nada!
Onde está sua chefe?
É com ela que quero falar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:49 pm

- Você acha mesmo que vou transferir essa ligação para Luciana?
Esqueça; você já fez mal demais a ela.
Laís continuou impassível, e disse com segurança:
- Pode apostar que ela mesma vai querer me atender.
Caso contrário, jamais obterá a informação que mais deseja na vida.
Houve um silêncio do outro lado da linha e Suzanne perguntou:
- O que você quer dizer?
O que quer com ela?
- O assunto é entre mim e ela; mas saiba que Luciana jamais vai perdoá-la se você não passar a ligação.
Após alguns segundos, Suzanne mandou-a aguardar e ligou para a amiga:
- Luciana, tentei evitar, mas Laís está ao telefone e insiste em falar com você.
- Mas que abuso.
Diga que não irei atender e que ela não ligue novamente para cá.
Temos de avisar a polícia.
Suzanne falou com cautela:
- Ela disse que tem a informação que você espera.
Luciana ficou surpresa e não acreditou no que ouvira, mas raciocinou rapidamente e decidiu atendê-la:
- Está certo; transfira a ligação.
Apreensiva, Luciana atendeu:
- Realmente é uma grande surpresa!
O que você quer?
Não tenho muito tempo.
Laís respondeu:
- Você terá o tempo que eu achar que é necessário.
Luciana reconheceu aquele tom maldoso e arrogante de anos atrás, e as lembranças fizeram-na sentir-se mal.
Chegou a ter uma vertigem.
- Diga logo o que quer.
- Você vai encontrar-me no restaurante que vou lhe indicar.
Irá sozinha e em hipótese alguma Fabiano deve saber desse nosso encontro.
- E porque eu faria isso?
- Porque se não fizer, jamais saberá o paradeiro de sua filhinha.
Ao ouvir a menção referente à Leila, Luciana perdeu todo o controle que estava conseguindo manter.
- O que você está dizendo?
O que sabe sobre isso?
Está blefando!
Laís deu uma risada:
- Você sabe que não estou blefando!
Como eu poderia saber que você teve uma filha e que a está procurando?
Luciana não conseguia reagir.
Percebendo sua vulnerabilidade, Laís arrematou:
- Pegue papel e caneta para anotar o endereço.
E não esqueça:
Fabiano jamais poderá saber desse encontro.
Após fazer as anotações necessárias e terminar a ligação, Luciana sentou-se em sua cadeira e percebeu o quanto estava trémula.
Não conseguia parar de pensar:
"Como ela conseguiu essa informação?
Como soube a respeito de Leila?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:49 pm

O que estará pretendendo?
Meu Deus, com certeza ela vai aprontar alguma coisa.
E por que Fabiano não pode saber?
Preciso estar preparada para tudo; não vou permitir que ela continue me ameaçando e nos fazendo mal.
Mas, por enquanto, até ter certeza do que quer, é melhor fazer as coisas do jeito que ela pedir".
Sentiu um impulso de ligar para a polícia e avisar do encontro, mas teve receio de que com isso perdesse a chance de saber onde estava a filha.
Daria um jeito depois de descobrir onde Laís se escondia.
Luciana não gostava de mentir, principalmente agora que estava conseguindo se acertar com Fabiano.
Para evitar ter de dar maiores explicações, avisou à Suzanne que precisava sair e foi embora sem nenhuma justificativa.
Apenas pediu que a assistente avisasse ao marido que o encontraria em casa à noite, o que deixou Suzanne bastante preocupada.
Ao chegar ao lugar do encontro, sentiu suas pernas fraquejarem diante da certeza de que em minutos estaria frente a frente com Laís.
Mas teria de ser forte para enfrentar a situação.
Não demorou para que a avistasse em uma mesa à sua espera.
Aproximou-se vacilante e de imediato percebeu o ar arrogante que tanto conhecia.
Laís começou a falar:
- Você não demorou, o que prova que possui de facto bom senso.
- Acho que não estamos aqui para ficar de conversinhas.
Diga logo o que quer; não é prudente que você fique se expondo assim.
Laís fez uma cara de descaso:
- Não vejo problema nenhum.
Quem esteve presa foi você, não eu.
Luciana percebeu que a mulher não estava a par dos últimos acontecimentos, e queria ao menos sentir o prazer de dar a má notícia:
- Você tem razão, realmente eu estive presa injustamente, mas minha liberdade me foi devolvida após provar que sou inocente.
Já você...
- Eu o quê?
- Você é uma foragida da justiça, por essa razão eu disse que deveria tomar cuidado ao se expor - explicou Luciana sentindo grande satisfação ao ver a cara de espanto de Laís.
- O que você está dizendo?
É sua palavra contra a minha.
Vou esclarecer tudo para a polícia.
Luciana riu:
- É a palavra da vítima contra a sua.
Acho que é mais do que suficiente.
Laís arregalou os olhos e Luciana continuou:
- Assim que Fabiano saiu do hospital, foi até o delegado e a acusou formalmente de tentar nos matar.
Ele inclusive mencionou que suas digitais não estavam na arma porque você usava luvas... e eu nem reparei nisso, mas ele sim.
O juiz já expediu seu mandado de prisão.
Você é uma fugitiva.
Então, fale logo o que tem a falar antes que eu resolva ligar para a polícia e avisar onde você está.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:49 pm

A outra estremeceu de pavor e raiva, mas tinha um trunfo e o usaria:
- Você não vai fazer nada; caso chame alguém, jamais saberá onde está sua filha.
- Você é um monstro; vamos, diga logo o que sabe.
- Claro que não!
Antes tenho de impor uma condição para só depois lhe passar a informação.
Luciana sabia que algo muito ruim estava por vir.
Continuou ouvindo em silêncio:
- Você vai se separar definitivamente de Fabiano!
- O quê?
- Isso mesmo.
Você vai se separar dele, mandá-lo embora de sua casa, e quando eu tiver certeza de que fez tudo direitinho, entrarei em contacto para dizer onde está sua filha.
- Eu não vou ceder à sua chantagem; se você descobriu, eu também posso descobrir.
- Posso lhe garantir que não foi fácil, e se você não tiver os contactos certos, talvez nem consiga.
Deixe de ser teimosa... a informação já está aqui, em minhas mãos, você não terá trabalho nenhum, basta fazer o que mandei.
- Eu não vou fazer isso!
Laís começou a pegar sua bolsa simulando ir embora:
- Que pena!
Bem se vê que você jamais seria uma boa mãe.
Está renegando mais uma vez sua filha por causa de um homem - concluiu começando a se levantar.
Luciana agitou-se:
- Espere!
Laís se voltou para ela vagarosamente:
- Tem algo a me dizer? - seus olhos faiscavam!
- Nós nos reconciliamos.
O que direi a ele?
- Diga que se enganou, que você não o ama mais.
- Ele não irá acreditar.
- Você saberá ser convincente, tenho certeza.
Eu a procuro em dois dias, nem um dia a mais.
Se não tiver feito o que mandei, não ouvirá mais falar de mim... nem de sua filha!
Luciana deixou o restaurante completamente perturbada pelos últimos acontecimentos.
Saiu vagando pela cidade, tentando imaginar o que diria a Fabiano, se é que o faria.
Se cedesse à chantagem de Laís uma vez, outras poderiam vir depois.
Ela deveria ir à polícia imediatamente, mas em seguida pensou na filha e desistiu.
Não tinha noção de quanto tempo ficou rodando sem direcção, mas acabou inconscientemente chegando à casa de Júlia.
Hesitou por alguns instantes e tocou a campainha.
Júlia a recebeu como se já soubesse de sua vinda.
Carinhosamente, convidou-a para entrar.
Sabia que a amiga estava muito angustiada e ofereceu-lhe um chá calmante.
Sentaram-se na sala e Júlia permaneceu em silêncio dando, dessa forma, a oportunidade para Luciana se abrir e desabafar seus problemas.
Ainda vacilante, sem saber o que poderia ou deveria falar, Luciana começou timidamente a expor seus sentimentos.
Conforme ia falando, a emoção tornou-se cada vez mais forte e culminou na narrativa para Júlia de tudo o que acontecera em sua vida e as consequências que sofria agora pela insanidade de Laís.
Concluiu seu relato dizendo:
- Júlia, eu deveria matar essa Laís agora.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:49 pm

Tenho de impedi-la de continuar destilando seu veneno e espalhando sua maldade.
Júlia a olhou com serenidade:
- Se você alimentar esses pensamentos, estará simplesmente sendo uma pessoa exactamente igual a ela.
- Só falta você dizer que devo perdoá-la.
- É a lei do "olho por olho", não é?
É nisso que você acredita, como a maioria das pessoas.
- Isso é, sem dúvida, o mais certo.
- Quem determinou o que é certo?
Os primeiros homens que duelavam em nome da honra?
- Sim.
- Você, neste exacto momento precisa muito da informação que ela tem para lhe dar.
Não lhe restam muitas opções, a não ser fazer o que ela quer.
Tudo vai acontecer como deve acontecer.
Você não tem com que se preocupar.
Faça o que tem de fazer e tenha fé.
Se for para seu bem e de Fabiano, vocês logo estarão juntos novamente.
- Jamais vou perdoá-la.
- O tempo é o senhor da razão.
Ele vai lhe mostrar o caminho.
Mas não a odeie.
Concordo que você deva se precaver para que ela não possa atingi-la novamente no futuro, e a polícia acabará por cumprir seu dever.
Mas não a odeie.
Vocês devem ter uma longa história de raiva e inveja em sua vida, e, pelo que me contou, essa relação conturbada irá continuar até que alguém desista de alimentar essa disputa.
Você me parece mais evoluída do que ela, e ao espírito mais evoluído cabe encerrar esse ciclo criado e revivido durante várias encarnações, porque vocês duas não utilizaram a sabedoria divina adquirida com os acontecimentos para entender e resolver a situação sem dor ou sofrimento.
E você não sabe qual a sua parcela de responsabilidade em tudo isso.
- Você disse que devo agir como se nada tivesse acontecido?
Isso é impossível!
- Não estou dizendo isso.
Você deve observar, sim, tudo o que está acontecendo e tirar disso o ensinamento que a vida está querendo mostrar-lhe.
Utilize a situação em seu benefício, já que nesse caso, ela jamais aceitaria que você a ajudasse a compreender também.
Faça sua parte.
Eu lhe garanto que os sentimentos de alívio e felicidade tomarão conta de você.
Nós devemos sempre nos ajudar e ajudar ao outro também, mesmo que ele seja nosso adversário, mas isso só é possível se o outro quiser compartilhar dessa busca.
Caso contrário, proteja-se.
Nesta vida, é importante ser amado e perdoado, porém, mais importante é nós amarmos e nos perdoarmos primeiro.
Luciana estava bastante confusa e seus sentimentos eram um turbilhão de contradições.
Ficou pensativa enquanto Júlia prosseguiu:
- No momento você deve resolver esse impasse de sua filha.
E a única maneira é fazendo o que Laís quer.
Vá, converse com Fabiano, consiga as informações sobre o paradeiro de sua filha e confie em Deus.
Ele, com certeza, colocará tudo em sua devida ordem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:50 pm

Nada está errado no universo.
Luciana agradeceu a ajuda de Júlia e foi para sua casa decidida a seguir seus conselhos.
Ela ainda não tinha convicção de que estava fazendo o certo, mas algo a impulsionava a prosseguir:
"Talvez seja meu anjo da guarda me orientando", pensou realmente mais aliviada.
Sem saber, Luciana estava sendo orientada não só pelo seu mentor espiritual, mas também por sua mãe Rita, que nunca a abandonou.
Chegando a casa, Fabiano a esperava aflito pelo seu desaparecimento e a forma como saiu do escritório.
Recebeu-a cheio de perguntas para as quais não conseguiu respostas.
Luciana buscava forças em seu íntimo para fazer o que precisava, por mais doloroso que fosse.
Pediu que Fabiano a acompanhasse até o quarto, e entrou no assunto sem mais demoras, porque corria o risco de vacilar e desistir de tudo.
- Fabiano, acho que cometemos um terrível engano.
Ou melhor, eu com certeza, cometi.
- Do que você está falando?
- De tudo o que está acontecendo agora.
Foi um erro tentarmos reaver um amor do passado, sentimentos de adolescentes sonhadores.
Muita coisa aconteceu durante todos esses anos e não somos mais os mesmos, portanto, essa relação não pode dar certo.
Estamos maduros e querendo sentir o que sentíamos há mais de vinte anos.
Acho que devemos parar por aqui antes que machuquemos um ao outro.
Fabiano não entendia e começou a demonstrar nervosismo:
- O que você está dizendo?
Isso não é verdade.
Nós amadurecemos sim, naturalmente, mas nossos sentimentos também amadureceram e hoje podemos viver nosso amor de outra forma, muito mais intenso e verdadeiro.
Luciana sentia um nó apertando-lhe a garganta, mas continuou firme:
- Isso é inviável.
Estaríamos alimentando uma ilusão baseada em lembranças de um tempo que, de certa forma, foi muito marcante para nós.
E descobri que o que sinto não é amor; é um apego ao que se foi, apenas isso.
Ele a olhava incrédulo:
- Você está mentindo, vejo isso nos seus olhos.
Luciana perturbou-se e desviou o olhar dizendo:
- Desculpe se o fiz entender de outra forma, mas essa é a verdade!
Eu não o amo e gostaria que você e seu pai arrumassem suas coisas para deixarem o meu apartamento.
- Luciana, pelo amor de Deus, o que está acontecendo? - inquiriu Fabiano arrasado.
Ela manteve-se impassível:
- Nada além do que lhe falei.
Quero que fique tranquilo e tranquilize Arthur.
Comprometi-me em ajudá-lo nessa fase de recuperação e não vou deixá-lo na mão.
Vocês podem procurar um bom hotel que arcarei com as despesas.
E acho que seria mais conveniente que você buscasse outro trabalho; quem sabe ajudando seu pai.
- Quer que eu saia do escritório também?
- Melhor assim.
Acho que não seria bom estarmos juntos todos os dias.
- Mas, Luciana...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:50 pm

- Por favor, Fabiano, estou exausta e com dor de cabeça.
Vou me deitar no outro quarto para que você fique à vontade para arrumar seus pertences.
Gostaria que vocês saíssem ainda hoje.
Não existe razão para adiarmos o inevitável.
Fabiano percebeu que não adiantava insistir, pelo menos naquele momento.
Conhecia a mulher o suficiente para saber quando era hora de recuar.
Mas não desistiria dela assim tão fácil.
Em outra ocasião voltariam a conversar.
Luciana saiu e quando chegou ao corredor não conteve o pranto.
Estava feito e agora não sabia como suportaria viver longe de seu grande amor mais uma vez.
Quando Fabiano deu a notícia a Arthur, este ficou arrasado e temeroso pelo futuro, mas foi tranquilizado pelo filho que lhe contou que tinha certeza de que Luciana cumpriria sua promessa.
Naquela mesma noite eles se foram, deixando Luciana desconsolada.
Assim que se viu sozinha, ligou para Laís e disse que havia feito tudo como ela queria.
A outra não perdeu a chance de lançar seu sarcasmo:
- Finalmente você agiu de forma sensata. Parabéns!
Isso mostra que a empregadinha de facto evoluiu um pouco.
Luciana estava sofrendo muito e lembrou-se das palavras de Júlia.
Seu sofrimento pela perda de Fabiano novamente era muito maior e mais intenso do que o sentimento que Laís lhe causava.
Começava a entender o que Júlia tentou lhe dizer.
- Bem, Laís, fiz o que você mandou.
Agora me passe os dados.
- Ainda não.
Primeiro quero ter certeza de que você não está querendo me enganar.
Mas não se preocupe, vou cumprir nosso acordo.
Amanhã ou depois a procuro.
E não esqueça, nada de avisar a polícia.
Luciana se desesperou:
- Chega, Laís!
Já fiz o que queria, o que quer mais?
Passe-me logo o endereço de minha filha...
Não havia mais ninguém do outro lado da linha.
Laís desligou, deixando Luciana insegura e apreensiva.
Os dias seguintes seriam os mais longos de sua vida.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:50 pm

trinta e um - O encontro
Laís cumpriu o combinado e dois dias depois ligou para Luciana informando os dados de Leila.
Suzanne estava entrando no escritório da amiga quando esta desligou o telefone.
Luciana estava lívida, e Suzanne perguntou:
- Meu Deus!
O que aconteceu?
Você está pálida!
- Era Laís.
Ela acabou de me passar o endereço de Leila.
Ela disse que a menina foi levada para a Alemanha, mas voltou há alguns anos e está aqui no Brasil, no Rio de Janeiro!
Suzanne ficou pasma imaginando a ansiedade pela qual Luciana estava passando.
- O que você vai fazer?
Vai ligar agora?
Luciana, com o olhar perdido, respondeu:
- Não sei.
O que vou dizer a ela?
Como será que foi criada?
Não sei se sabe que foi abandonada.
Talvez quem a levou a tratasse como filha e ela nem saiba de nada.
Estou com medo.
Suzanne não sabia o que dizer.
Luciana continuou:
- Se ela souber de alguma coisa, será que vai me perdoar?
E se não souber, como vou chegar até ela e dizer:
"Sou sua mãe"?
Esperei tanto por esse momento e agora não tenho coragem de prosseguir.
- Você vai ter de buscar essa coragem de qualquer jeito.
Há anos você sonha em reencontrar sua filha, não pode desistir agora.
Seja lá o que for que venha a acontecer, é melhor do que ficar em dúvida.
Se ela não a aceitar de imediato, com o tempo você conseguirá mostrar-lhe a verdade dos factos e ela entenderá.
Tenha fé de que será assim.
Não acredito que ela tenha se tornado uma pessoa fria e insensível.
Ela tem "sangue bom" - completou com um sorriso tentando animar a amiga.
- Obrigada, Suzanne.
Acho que você tem razão; não vou suportar saber que ela está tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim.
- Preciso lhe fazer uma pergunta:
Fabiano esteve aqui há dois dias pegando tudo o que era dele.
Não falou com ninguém e foi embora.
O que está acontecendo?
Luciana hesitou, mas acabou se abrindo:
- O que vou lhe contar é sigiloso e confio na sua discrição.
Em hipótese alguma Fabiano poderá saber.
Essa foi a condição que Laís me impôs para me falar onde está Leila.
Eu teria de romper com Fabiano definitivamente.
Caso contrário, jamais encontraria minha filha.
Suzanne expressou sua revolta:
- Então eu e Arthur estávamos certos.
Ela sempre foi apaixonada por Fabiano, essa era a razão de tanto ódio por você.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:50 pm

Como não poderia tê-lo, fez de tudo para impedir que vocês fossem felizes.
- No início achei essa história muito absurda, mas agora sou obrigada a concordar.
É a única coisa que faz sentido.
- Miserável! Ela merece pagar por tudo o que fez.
Não podemos avisar a polícia?
- De nada vai adiantar.
Eu não sei onde ela está se escondendo.
- Se você me autorizar, procuro o delegado e relato tudo o que ela está fazendo.
- Não me oponho, mesmo porque, no momento quero focar minha atenção em minha filha.
Veja, ficou gravado aqui no meu celular o número do celular que ela usou.
Anote aí.
Como não é telefone fixo acho que não vai adiantar muito, mas passe para o delegado assim mesmo.
- Qualquer informação é fundamental agora.
Acho melhor você avisar a polícia também sobre seu encontro com Leila.
Luciana foi taxativa:
- Não, isso não.
Ninguém pode saber dessa história.
Não sei o que Laís será capaz de fazer.
Ela pode procurar Leila e inventar alguma mentira colocando-a contra mim.
A polícia já vai saber sobre a chantagem, mas ninguém pode saber o paradeiro de Leila e isso não pode chegar aos ouvidos de Fabiano.
Laís pode ficar com raiva.
Aliás, é melhor avisar a polícia só depois do meu encontro com minha filha.
Não quero que nada interfira negativamente.
A situação que vou enfrentar já é bastante delicada.
- Ao menos, passe-me o endereço e o telefone de Leila.
Não acho certo você ir encontrá-la sem que ninguém saiba onde você está.
- Mas nem sei onde vou encontrá-la.
Não sei se é sua casa.
Se mora no Alto Leblon deve estar muito bem de vida, Graças a Deus! - disse Luciana sorrindo.
- Você está muito insegura.
Já vi que vai precisar de ajuda.
Dê-me o número que eu mesma ligo para ela e marco um encontro, se possível para hoje ainda.
Luciana entrou em pânico:
- Não, calma!
Não pode ser assim...
O que vai dizer?
- Tem de ser assim - disse Suzanne de forma enérgica.
Desse encontro dependem muitas coisas.
Quanto antes você resolver isso, mais rápido poderá agir contra Laís e esclarecer tudo com Fabiano.
Ande, não discuta e me dê o número.
O espírito luminoso de Rita influenciava directamente Suzanne.
Luciana espantou-se com os modos autoritários da amiga; ninguém se dirigia a ela daquela forma, porém ela sabia que Suzanne estava querendo ajudá-la, e também que estava com a razão.
Pela primeira vez Luciana estava sem coragem para agir, e realmente precisava de ajuda.
Estendeu o papel com os dados.
Suzanne o pegou rapidamente e fez a ligação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:50 pm

Parecia estar falando com alguma assistente de Leila e não teve de lhe dar explicações detalhadas.
Disse apenas que a grande estilista gostaria de conversar com ela.
Talvez a fama de Luciana tenha lhe aberto essa porta, e foi com facilidade que depois de alguns segundos a moça voltou ao telefone e confirmou o encontro ainda para aquela tarde.
Luciana ficou imensamente feliz, mas ao mesmo tempo muito preocupada, contudo não tinha como recuar.
Avisou à Suzanne que iria para casa relaxar e se preparar para o encontro, deixando todos os contactos de Leila com Suzanne, que anotou tudo em sua agenda, inclusive a hora marcada.
Quando Luciana saiu, Suzanne, que estava inconformada com tudo o que estava acontecendo, não aguentou e ligou para Fabiano.
Luciana sempre fez questão de não depender de ninguém e de resolver as coisas à sua maneira.
Mas desta vez estava muito fragilizada por tudo e precisava de ajuda, gostasse disso ou não.
Quando Fabiano atendeu ela disse:
- Encontre-me naquele restaurante aqui perto onde gostamos de ir.
Preciso falar com você. É urgente!
Fabiano nada questionou ao sentir a determinação de Suzanne.
Em menos de uma hora estavam juntos e Suzanne começou a falar decidida:
- Laís está chantageando Luciana.
Foi por essa razão que ela rompeu com você.
Fabiano se revoltou e deu um murro na mesa.
- Eu sabia que existia algo muito errado.
Eu e Luciana estávamos bem, unidos, e, de repente, do nada, ela rompeu comigo.
Essa Laís é uma louca, totalmente desequilibrada.
Temos de acabar com ela.
Que chantagem é essa?
Como está ameaçando Luciana?
Suzanne contou tudo em detalhes e a cada palavra, Fabiano sentia crescer a cólera em seu peito.
Ela contou inclusive sobre o encontro das duas naquela tarde.
- Vou nesse encontro também - falou Fabiano impulsivamente.
- Não faça isso.
Luciana não vai me perdoar se souber que lhe contei tudo.
- Chega, Suzanne!
Não vou permitir que Laís continue definindo nossa vida.
Vou para casa conversar com Luciana; está decidido.
Suzanne não tentou impedi-lo porque concordava com ele e estava mesmo torcendo para que os dois se acertassem e ele fosse com Luciana encontrar Leila para protegê-la e apoiá-la.
Enquanto Suzanne estava na rua com Fabiano, Laís apareceu na empresa de Luciana.
Quando chegou, apenas uma funcionária nova, muito jovem, estava na recepção e não a conhecia.
Laís olhou para todos os lados atentamente, e, certificando-se de que não havia mais ninguém conhecido, entrou e dirigiu-se à moça:
- Olá, eu gostaria de falar com Suzanne ou Luciana.
- Ah, sinto muito.
Nenhuma das duas está neste momento.
Posso ajudá-la?
- Que pena!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:51 pm

Não, é só com elas mesmo.
Estou montando meu escritório aqui perto e pedi que Luciana criasse os modelos dos uniformes dos funcionários.
Ela ficou de me dar uma posição e como está demorando resolvi passar aqui - ao dizer isso, sem querer bateu os olhos na agenda aberta em cima da mesa e pôde identificar o nome de Leila numa anotação.
Você poderia, por favor, conseguir um copo com água?
- Pois não.
A senhora aceita um cafezinho também?
- Pode ser.
Assim que a moça saiu, Laís virou a agenda e viu o horário marcado.
Fechou de qualquer jeito a agenda e saiu em seguida.
Quando a moça trouxe a água e o café, não havia mais para quem entregar.
Luciana estava na varanda, pensativa, olhando o mar, quando a empregada se aproximou dizendo:
- Desculpe, senhora, mas tem alguém que deseja vê-la.
- Eu lhe disse que não queria ser incomodada em hipótese alguma.
- É o sr. Fabiano!
Luciana arregalou os olhos, sentiu a respiração e o coração acelerarem, e conseguiu apenas dizer:
- Faça-o entrar e vir até a varanda.
Luciana vivia uma tensão após a outra.
O que a esperava agora?
O que o destino iria lhe exigir mais?
Luciana não entendeu a forma como Fabiano se aproximou dela ao chegar à varanda.
Ele vinha com uma expressão serena e o olhar repleto de amor.
Ela levantou-se e quando ele chegou bem perto, puxou-a para seus braços dando-lhe um beijo ardente e apaixonado, ao qual ela não conseguiu resistir.
Mas, de repente, a imagem de Laís veio à sua cabeça e Luciana afastou-se nervosa.
Fabiano afirmou:
- Meu amor, já sei de tudo, não precisa ficar nervosa.
Já fui informado sobre a chantagem que Laís fez com você, mas desta vez as armações dela não darão certo.
Está acabado.
Vamos encontrar nossa filha e mais cedo ou mais tarde Laís vai parar atrás das grades.
Luciana não aguentou tanta tensão acumulada e começou a chorar, sendo confortada pelo marido.
- Você não podia saber!
Suzanne não tinha o direito de lhe contar, eu pedi tanto!
Se Laís souber, não sei do que será capaz.
- Ela não pode mais nada contra você, contra nós.
Você já sabe onde está nossa filha, estamos aqui, juntos, a polícia está atrás dela.
Não fique com medo, ela não poderá nos afectar mais.
Você não deveria ter mentido para mim escondendo a chantagem dela, mas eu entendo sua angústia.
Agora, vamos esquecer tudo isso e pensar no futuro.
Quero ir com você conhecer nossa filha.
Luciana fez um gesto carinhoso nos cabelos do marido:
- Eu compreendo sua ansiedade em conhecê-la, mas gostaria de pedir que me deixe ir sozinha.
Quando eu a abandonei estava sozinha, e é assim que quero reencontrá-la. Por favor!
- Você tem certeza de que ficará bem?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 21, 2018 9:51 pm

Eu preferia ir junto, mas se quer assim, eu respeito sua decisão.
Mas me prometa que se precisar de qualquer coisa, vai me ligar e irei encontrá-la imediatamente.
- Eu lhe prometo.
Fique aqui em casa - e ela deu um sorriso -, na nossa casa, e me espere.
Tenho a impressão de que voltarei com grandes alegrias para nós todos.
Sua presença me fortaleceu e me mostrou que podemos vencer as maldades daquela mulher se nos mantivermos unidos.
Aproveite e ligue para Arthur.
Conte-lhe tudo e diga que volte para casa.
Com certeza, ele vai querer conhecer a neta o mais breve possível também.
Selaram aquele momento com mais um beijo e Luciana foi se aprontar para o tão esperado reencontro.
Assim que saiu do prédio, foi seguida por Laís em um táxi.
Ao chegar ao prédio de Leila, Luciana foi recebida pelo porteiro, que lhe indicou a entrada do estacionamento para visitantes dentro do condomínio.
Laís dispensou o táxi e ficou observando do outro lado da rua.
A empregada anunciou a chegada de Luciana, que estava tão nervosa que temia que Leila percebesse.
Quando a moça apareceu, Luciana ficou encantada com a filha, que era uma jovem linda, saudável e de aparência elegante.
Possuía os cabelos da mesma cor dos seus quando jovem, e a pele clarinha como a de Fabiano.
Era encantadora e foi muito difícil ficar diante dela sem correr para abraçá-la.
Leila se aproximou com educação, mas muito reservadamente:
- Boa tarde, senhora.
Eu a conheço muito de nome e é um prazer tê-la em minha casa.
Só não entendi o motivo da visita.
Mas seja bem-vinda.
Luciana não conseguia falar, e quanto mais tentava, mais nervosa ficava.
Leila, como era de se esperar, não pôde deixar de perceber e achou aquilo muito estranho:
- A senhora está bem?
Com dificuldade, Luciana respondeu:
- Desculpe, no caminho para cá passei um grande susto no trânsito e ainda estou abalada.
Vi que seu condomínio tem um belo e grande jardim.
Poderíamos descer e caminhar um pouco?
Vai me fazer bem e, com certeza, ficarei mais relaxada.
Leila estava achando tudo muito esquisito, mas como Luciana era uma pessoa muito conhecida, sabia que não havia o que temer.
Ambas pegaram o elevador e se dirigiram ao jardim, onde Leila perguntou já bastante curiosa:
- Pronto, aqui vai se sentir melhor.
Mas desculpe, ainda não entendi a razão de sua visita e como me conhece.
Luciana percebeu que não pensara em nenhuma desculpa para justificar sua ida até conseguir descobrir mais sobre Leila.
Ficou sem jeito, sem saber o que fazer; nem parecia a Luciana que conquistou tanta coisa na vida, com tantas lutas vencidas por meio de muita determinação.
Leila já estava ficando impaciente e perguntou mais uma vez:
- Minha senhora, estou ficando incomodada com sua atitude, desculpe.
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