LUZ ESPÍRITA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Página 3 de 3 Anterior  1, 2, 3

Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb maio 19, 2012 10:01 am

EM PREPARO
Irmão Jacob

Depois de prolongadas meditações, alcançáramos o dia em que eu seria recebido no grande templo.

Marta e os amigos providenciaram todas as medidas susceptíveis de me intensificarem a felicidade.

Crianças do parque transportaram enormes braçadas de flores, alvas como neve, e, em nossa ditosa casa, música elevada se fez ouvir, por várias horas, advertindo-me a filha querida no sentido de manter a mente distanciada de todas as preocupações alusivas à experiência física.

Seria abraçado por muitos amigos, traçaria novas directrizes para a luta e a preparação adequada constituía-me dever – informou a filha bondosa.

Antes da hora prevista, Andrade veio até nós, avisando-me que à noite, efectivamente, solucionaria meu problema de trabalho.

Reencontraria muitos companheiros, mas eu longe estava de imaginar que reveria a maior parte dos próprios Espíritos com os quais havia convivido pessoalmente nas sessões e serviços realizados na Terra.


EM PLENO SANTUÁRIO
Irmão Jacob

À noite, quando as constelações se derramavam no céu muito azul, todos nós, em alva roupagem, tomamos o caminho do santuário.

No átrio fulgurante, esperavam-me muitos amigos do Espiritismo brasileiro.
Estenderam-me os braços e, não obstante envergonhado por não possuir um halo brilhante, enquanto eles todos se mostravam envolvidos em auréolas luminescentes, penetrei o interior.

Subimos, subimos, até que, num salão adornado e amplo, vários irmãos que eu não conhecia e receberam generosamente.

Talvez inspirado por Marta, admirável grupo orquestral executou a owverture de “La Gazza Ladra”, de Rossini.

Com que emoção acompanhei a peça vazada em suave encantamento!
Saudades do meu antigo lar terrestre!

A esposa e as filhinhas, educadas na elevada compreensão da arte divina, estavam vivas, dentro de mim...
Que imenso o desejo de reuni-las de encontro ao peito e demorar-nos, assim, unidos em espírito, eternamente!

Não contive as lágrimas copiosas.

Cessada a melodia, extenso grupo coral de meninos-orientadores entoou formoso hino intitulado:
“O Irmão que volta de longe”.

Apesar da palavra amorosa de Bezerra, de Guillon, de Cirne e de Marta, eu nada podia responder.

Alguma coisa me entravava a garganta.
Sentia-me criança, de novo.
Na tela da memória, revia minha abnegada e valorosa mãe, como se estivéssemos na Europa distante.

Sentia-lhe o abraço carinhoso e ouvia-lhe a voz, às despedidas:
-Vai, meu filho!
Trabalha dignamente, sê bom para Deus e para os homens!
Um dia, ver-nos-emos, de novo, no lar...

Fitava as crianças e a me sorrirem cantando, escutava os companheiros estimulando-me ao bom ânimo, reparava o ambiente doce e festivo, emoldurado em filigrana radiosa, e perguntava a mim mesmo se aquele não era o lar divino a que minha mãe se referia em meus dias de infância...

Centenas de entidades congregavam-se em torno, respeitosas, e, ao fundo, uma centena de Espíritos singularmente iluminados se mantinham em profunda concentração. Andrade mostrou-nos e esclareceu:
_Aqueles são vanguardeiros da pureza e da sabedoria, que fornecem fluidos para materializações de ordem sublime.

Não consegui enunciar a impressão que me causavam, em vista do pranto a embargar-me a voz.

Entretanto, notei que, ao lado deles, vasta câmara lirial se prolongava, além, na parte da torre que ocupávamos.

Das janelas próximas, dominava grande parte da cidade como olhar, maravilhando-me a contemplação da noite pacífica e formosa, repleta de harmonia e de luz.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:43 am

NOVA FAMÍLIA DE SERVIÇO
Irmão Jacob

Possivelmente com o objectivo de arrebatar-me à extrema emotividade em que me envolvera, o Irmão Andrade conduziu-me a largo recanto do recinto, apresentou-me algumas dezenas de companheiros tão obscuros quanto eu mesmo e explicou:
-Aqui Jacob, se alinham os cooperadores do seu trabalho edificante, que prosseguirá mais activo.

Choveram abraços de alegria e camaradagem.
Reconheci muitos deles, que haviam partido anos antes de mim.

Surgiu a conversação jubilosa e discreta.
Alguns indagavam de meus derradeiros serviços doutrinários.
Muitos se reportavam aos nossos encontros e reuniões em variados pontos do Rio.

Diversos médiuns de meu conhecimento aí apareciam.
A nota predominante na palestra era a esperança no futuro.
Lastimavam todos, qual ocorria a mim mesmo, não haverem aproveitado as horas no corpo físico, dentro da eficiência desejável.

Poderíamos ter concretizado muito mais o nosso idealismo cristão na causa que abraçáramos, se tivéssemos usado a aplicação com o mesmo ímpeto com que procurávamos conforto no campo do ensinamento.

Enfermos em cujo tratamento cooperara, através de passes, enalteciam a fé com que se haviam separado da carne e exprimiam o júbilo com que aguardavam a possibilidade de auxiliarem ou entes queridos, ainda presos aos círculos terrestres.

Dentro de meu ser vibravam incentivos novos.
Não merecia semelhantes demonstrações de confiança e apreço, mas reaprenderia as lições e, se as autoridades superiores nos permitissem a congregação para o serviço útil, poderiam contar com as minhas energias apagadas e humildes.

Certo velhinho, que se afirmava assistente de meus trabalhos em Botafogo, informou-me de que muitos dos presentes eram elementos evangelizados em nossas próprias reuniões e preces.

A maioria fôra trazida de múltiplos lugares, depois de longas tarefas e provas de reajustamento, a fim de juntos recomeçarmos o trabalho.

Elucidou Andrade que eu poderia continuar repousando, ao lado de Marta, por mais tempo, e que, no instante oportuno, mobilizaria o grupo na assistência fraterna;
a que me dedicara nos últimos anos da experiência carnal, para que a desencarnação não me impusesse intervalo ruinoso às actividades.

Abracei os companheiros um a um;
extremamente comovido, e expliquei que não iriam trabalhar comigo e, sim, eu próprio é que seria colaborador deles.

Seríamos um conjunto de servos do bem, procuradores da luz no serviço digno.

Constituiríamos uma só família, em nome do Eterno Amigo e Nosso Senhor Jesus.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:43 am

MOMENTOS DIVINOS
Irmão Jacob

Voltando à presença de Guillon e de outros amigos, reparei que o silêncio se fez profundo e indefinível.

Bezerra, nimbado de intensa luz, tomou lugar entre a grande assembleia e o conjunto de irmãos que oravam extáticos, e alçou ao Mestre Divino; sentida prece.

As palavras dele caíam-me na concha do coração quais fagulhas dum fogo celeste a sacudir-me as fibras mais íntimas, sem destruí-las.

Rogava, magnânimo, a Jesus me fortalecesse e me inspirasse, dentro do novo ministério.
Tão excelsas eram as expressões da súplica que estranho fenómeno se produziu ante meus olhos assombrados.

Ao toque da oração, os amigos iluminados se fizeram mais radiantes e mais belos e as flores do recinto, como que nimbadas de oculto esplendor, passaram a irradiar maior brilho.

As lâmpadas, ali, eram as almas inflamadas de amor e a claridade a derramar-se, intensificada e divina, não alarmava o coração.

Pétalas de fluidificação substância azul começaram a cair sobre nós, portadoras de delicado aroma, e se desfaziam, de leve, em nossa fronte, como se obedecessem ao amoroso apelo formulado pelo sublime irmão.

Marta amparava-me, porque as lágrimas de ventura, embora tranquilas, me faziam vergar, abatido e trémulo...

Quando Bezerra terminou, oh! Intraduzível maravilha!
Na câmara alva surgiu, de repente, uma estrela cujos raios tocavam o chão.

Tão comovedoras vibrações se espalharam no recinto que não suportei a companhia dos iluminados.
Afastei-me instintivamente para a faixa a que se recolhiam os companheiros de organização opaca.

Marta seguiu-me, simbolizando um anjo guardião pressuroso e terno, e, lembrando a hora em que a vi, carinhosa e linda, nos serviços de materialização do Pará, em 1921, enquanto eu ainda vestia a carne física, ajoelhei-me, humilde, no que fui por ela acompanhado.

Guillon e os outros me fitavam com lágrimas e, contemplando a estrela que começava quase imperceptivelmente a tomar forma humana, gritei, em pranto, que eu não era digno daquelas manifestações de apreço e nem merecia a visita divina que principiava a revelar-se.

Fortalecido por sobre-humana coragem, confessei minhas faltas e salientei meus defeitos, em alta voz, abertamente, sem omitir erro algum.

Declarei que, por mim, falava a sombra em que me envolvia e afirmei que não devia ser examinado por amigo e, sim, julgado na qualidade de réu, passível de justa condenação.

Comovidos talvez pela exaltação a que me entregara, Guillon, Sayão, Cirne e Schutel deixaram a posição que ocupavam, vieram ter connosco, e reerguendo a mim e Marta, emocionados, sustentaram-nos, de pé, nos braços desvelados e amigos.


A PALAVRA DO COMPANHEIRO
Irmão Jacob

Por mais que tentem os mensageiros espirituais descrever a grandeza das demonstrações da alma eterna aos ouvidos do homem que se demora no mundo, jamais encontrarão recursos com que expressem a realidade.

Submetido a salutares limitações, o Espírito encarnado é incapaz de traduzir a beleza celeste.

A sensibilidade educada na ciência ou na virtude percebe-a qual relâmpago fugaz, tentando aprisiona-la no verbo, no som ou na cor, acessíveis à apreciação humana;
todavia, os artifícios da inteligência não bastam para a fixação da claridade divina.

Entre o êxtase e o assombro, notei que a estrela se transformava lentamente.

Da nebulosa radiante alguém se destacou, nítido e reconhecível para mim.
Era o magnânimo Bittencourt Sampaio, cuja expressão resplandecente constituía o que imagino num ser angélico.

Cercavam-no vastas auréolas rutilantes.
Surpreendido e envergonhado, busquei recuar, mas não consegui.

Tentei ajoelhar-me, mas Guillon sustentou-me nos braços.

Sem gestos convencionais, sem qualquer atitude que denotasse afectação, saudou a assembleia e encaminhou-se para mim, pronunciando frases que não merecia...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:44 am

O JULGAMENTO EM NÓS MESMOS
Irmão Jacob

Pousando a destra sobre a minha fronte, continuou, com nobreza e sinceridade:
-Jacob, fez bem anunciando as próprias faltas neste plenário fraterno!

A Infinita Sabedoria instala tribunais para julgar aqueles que não a conhecem, porque a ignorância reclama lições, às vezes rudes, dos planos exteriores, mas os filhos do conhecimento santificante condenam ou salvam a si mesmos.

Os surdos voluntários exigem fenómenos ruidosos, no terreno da expiação, para que se lhes desenvolva a acústica;
e os cegos desse jaez pedem medidas espectaculares, nos círculos da dor, a fim de que se lhes dilate a visão...

Para nós, porém, que aceitamos a graça da Revelação Divina;
semelhantes providências se fazem inúteis.

A própria consciência lavra em nós irrevogáveis arestos.
Somos o fruto de nossa sementeira.
Erramos e acertamos, aprendendo, corrigindo e aprimorando sempre, até à conquista do Supremo Equilíbrio.

Não te prendas, pois, às sombras destrutivas do remorso ou da queixa.
Quem terá passado incólume nos precipícios das paixões humanas, senão o Mestre Amado e Senhor Nosso?

Que aprendiz terá alcançado todos os ensinamentos de uma só vez?
Acalma o coração de discípulo e concentra as tuas esperanças nos dias abençoados do futuro!

A morte para todos nós, que ainda não atingimos os mais altos padrões de Humanidade, é uma pausa bendita na qual é possível abrir-nos à prosperidade nos princípios mais nobres.

Entesouraremos aqui para distribuir mais tarde bênçãos de vida imortal nas obscuras esferas da reencarnação.

Respiraremos agora a harmonia e a paz a que fomos arrebatados, a fim de conduzirmos, depois, o seu sublime estandarte entre os companheiros que, ainda presos à carne, dormem nas trevas da discórdia e da ilusão.

Somos células da humanidade militante em busca da Humanidade redimida.
Herdeiros de muitos séculos de experiência carnal, é impraticável a definitiva ascensão dum dia para outro.

É indispensável planejar o bem e realiza-lo, semear a felicidade e colhe-la, à custa de trabalho pessoal no suor e no sacrifício.

Descerra o pensamento ao orvalho do bom ânimo!
Não te detenhas na aflição vazia!

Regressaremos à escola da aplicação, na carne distante, e faz-se preciso amealhar energias novas para as recapitulações imprescindíveis.


ANTE AS BÊNÇÃOS DO SERVIÇO
Irmão Jacob

Verificando-se ligeiro intervalo na palavra amorosa e venerável, desejei perguntar-lhe quanto à continuidade de meus trabalhos, em vista dos informes que ali recebera do Irmão Andrade;
todavia, antes que me expressasse verbalmente, confirmou, generoso:
-Desdobrar-se-á o serviço doravante em companhia dos mesmos associados de abençoada luta.

Os círculos de vida que povoamos, agora, são de prosseguimento.
Na experiência humana, temos a semeadura.
Na vida espiritual que nos é acessível começa a colheita.

O favoritismo não existe para o Governo Universal.
A Infinita Sabedoria somente nos assinala, através da Lei.

-Há Espíritos que se preparam no mundo para a bendita primavera de trabalho pacífico na esfera superior e há outros que se encaminha, voluntariamente, para o inverso de angústias e trevas, em seguida à perda do corpo.

Todos aqueles que, de alguma sorte, estiveram em tia companhia na fraterna comunhão de interesses espirituais, constituem a legião afectiva, junto da qual seguirás caminho afora, na distribuição de amor, luz e verdade.

Nossa acção mental nas estreitas linhas da existência física é simples ensaio para os serviços que nos aguardam a cooperação, depois da morte.

Sobressaem, ao redor de nós, multidões necessitadas de iluminação redentora.

É imprescindível não desanimar e nem estacionar.
Conquistastes valiosas possibilidades de servir pelos conhecimentos que adquiriste, e, se os negócios materiais terminaram com o atestado de óbito passado ao velho corpo, as tarefas edificantes prosseguem activas, reclamando-te dedicação.

Somos a caravana que jamais se dissolve.
Mãos entrelaçadas no labor do bem; não repousaremos senão no Mestre que, de perto, nos segue a boa-vontade.

É necessário, Jacob, encontrar a paz, dentro de nós mesmos, na batalha pela vitória da luz, quanto o Senhor a demonstrou, perseguido e crucificado.

Longe de nós o descanso destrutivo dos que procuram o Céu sem as credenciais do Reino Divino em si mesmos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:44 am

AS ESQUECIDAS VIRTUDES DA ILUMINAÇÃO INTERIOR
Irmão Jacob

Compadecendo-se de minhas lágrimas copiosas, ergueu-me o rosto com a destra e, fitando-me bondosamente, continuou:
-Lamentamos não possuir, por enquanto, mais amplo desenvolvimento da luz interna; contudo, qualquer desalento de nossa parte, no esforço salvador, significa reacção indébita de nossa vontade caprichosa contra os soberanos e justos desígnios de Cima.

Não nos detenhamos para examinar a exigibilidade dos nossos recursos.
Dilatemo-los, utilizando-as possibilidades que Jesus nos confiou.

Nas tropelias da agitação carnal, quase sempre nos esquecemos das virtudes susceptíveis de ser encontradas nos trilhos apagados e anónimos do vale.

Nossa visão, em tais circunstâncias, jaz concentrada sobre o cume da organização social provisória a que servimos e da imaginária montanha das terrestres honrarias, coroada embora de vantagens respeitáveis, e esperamos o bem-estar e o prazer, a sagacidade e o domínio, as facilidades temporárias e as considerações fantasiosas ao nosso personalismo menos digno, olvidando completamente, às vezes, os dons sagrados dos deveres humildes e desconhecidos.

Cedendo à impulsividade que nos preside aos instintos primitivistas, despreocupam-nos de adquirir simplicidade e amor, paciência e renúncia, resignação e esperança, dádivas de vida eterna que o Herói Celestial nos ofertou aos pés da cruz!

Impressionamo-nos com o Salvador, nas claridades sublimes da Ressurreição, mas ignoramos o Mestre Crucificado.

Agrada-nos dispor, aborrece-nos obedecer.
Buscamos a autoridade, desdenhamos a disciplina.
Exercemos severo exame sobre os actos alheios, sem qualquer vigilância ao próprio coração.

Entendemo-nos perfeitamente com o ruído e com a leviandade do mundo que nos cerca os sentidos inferiores, mas raramente nos comunicamos com o Espírito Sublime do Cristo, na própria consciência.

Sabemos cair depressa, contudo, dificilmente nos decidimos a levantar.
Adornamo-nos com as flores de um dia e perdemos os frutos da eternidade.

Habituamo-nos a pedir as bênçãos do Eterno e, quando as recebemos, dispomo-nos a dormir indefinidamente.

Enchemos a Terra de palavras brilhantes, esquecidos de que a vitória no bem é mais concreta naqueles que ouvem o conselho sábio e o aplicam.

É por isto, meu amigo, que chegamos sem lâmpada própria às eminências da vida, incapazes de contemplar o brilho solar pela nossa deficiência de luz.

Todavia, o Todo-Misericordioso jamais nos cerca as portas do serviço de elevação.
Aqui também encontrarás as bênçãos do atrito, no aproveitamento das quais acenderás a própria lanterna para a jornada.

Sem as qualidades que nos santifiquem o carácter, dignifiquem a personalidade, espiritualizem o raciocínio e iluminem o coração, é impraticável a felicidade nos mais gloriosos mundos.

A lâmpada pode ser acanhada e pobre;
no entanto, se possui material equilibrado e perfeito para sintonizar-se com a Sede da Força, produzirá luz e beleza, em silêncio.

Renovemo-nos, assim aprimorando as nossas possibilidades interiores para que nos comuniquemos com o Supremo Doador da Vida, através dos fios invisíveis de amor que o ligam com o Universo Infinito.

Deixa, Jacob, que rujam tempestades do mundo, esquece as recordações violentas do passado, emerge do “homem velho” e caminha para o Alto!

Irradiar-se-á, então, tua luz brilhante e pura!
Amemos o trabalho transformador!
‘A vida nada deve aos inúteis.

Somos ramos da Videira Divina e a nossa felicidade exige a seiva imortal que procede das raízes profundas.

Sem esse alimento, convertemo-nos em galhos secos e improdutivos.
Atravessa, corajoso, esta hora de transição. Reanima-te, no Senhor, e não desfaleças!...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:44 am

AO FIM DA REUNIÃO
Irmão Jacob

Em seguida, como se desejara subtrair-nos à ideia de cerimonial, passou a conversar naturalmente connosco.

Referiu-se aos companheiros que lhe compartilham as actividades na esfera em que se encontra e entabulou particular palestra com Guillon sobre o evangelismo no Brasil e as angústias do mundo moderno.

Mais quatro entidades ligadas ao fraternal mensageiro se materializaram em figura harmoniosa e fulgurante.

Abraçaram-me com carinho e cantaram com os meninos-orientadores um hino suave consagrado a Jesus.
Em torno de mim, os doces entusiasmos da Boa Nova traçavam planos de sagrada cooperação com o Cristo.

Reportavam-se os amigos presentes às multidões de espíritos fanatizados no mal e aos sofredores desencarnados de todos os matizes, examinando recursos para esclarece-los, ampara-los e auxilia-los;
mas, apesar do interesse com que lhes registavam os projectos de renovação redentora;
não tinha comigo senão lágrimas de compunção e reconhecimento.

Outros cânticos se fizeram ouvir comoventes e formosos e, quando Bittencourt Sampaio e os dele se despediram mim deslumbramento de júbilo, senti a princípio de uma revolução interior, de profundas consequências em meu futuro.

Perdera, momentaneamente, a curiosidade doentia que me orientara até ali.
A claridade dos outros me acentuara a obscuridade. Minha inquietação característica centralizara-se.

– Por que avançar no conhecimento cerebral, de alma às escuras? Cabia-me mudar de rumo.

Na realidade, fôra agraciado pela benevolência de muitos amigos que me rodeavam o espírito de atenção e ternura, mas, nos recessos de meu ser jaziam os sinais de minha inadaptação ao Reino do Senhor que eu ambicionava servir;
antes de estende-lo aos outros, tornava-se indispensável construí-lo dentro de mim.

Embora a beleza inesquecível daquela noite de amor, as graças recebidas confirmavam-me, no fundo, as primeiras impressões de que eu não passava de um mendigo de luz.


NA ESCOLA DA ILUMINAÇÃO
Irmão Jacob

Infinita é a bondade do Senhor que não força a criatura e espera sempre!

Se fosse fustigado pelos amigos com palavras rudes, logo após a desencarnação;
se me relembrasse descaridosamente os erros, talvez me refugiasse na própria resistência, acentuando as sombras que me dominavam a alma.

Provavelmente inventaria recursos contra o serviço da luz.
As advertências, todavia, alcançavam-me, silenciosas.

A assistência de minha filha, os cuidados do Irmão Andrade, as palestras de Guillon e o devotamento de Bittencourt Sampaio transbordavam amor que renova e eleva sem alarde.

Ninguém me humilhava.
Ao invés disso, de todos recebia incentivo à melhoria própria.
Salutares modificações me alegravam, penetrando-me o coração, sem ruído.

Em razão de tudo isso, no dia imediato ao entendimento com Bitencourt, no grande santuário trazia o espírito mergulhado em reflexões graves e profundas.

Como receber companheiros para o trabalho se me sentia inapto e obscuro?

No íntimo, pretendia, absorver-me em preocupações esmagadoras, ganhar tempo aprendendo e servindo;
no entanto, nos recessos da consciência perseverava a lembrança daquele ensinamento evangélico alusivo ao “cego guiando cegos”.

Não. Não deveria precipitar-me.
Convinha meditar em oração, suplicando ao Senhor acréscimo de viabilidade espiritual.

Era inadiável o meu reajustamento, antes de entregar-me a novas empresas.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:45 am

INSTITUIÇÃO RENOVADORA
Irmão Jacob

Nesse estado dalma;
recebi a visita intencional de Guillon, que me asseverou não ignorar quanto me ocorria.

Atribuiu-se-me as dificuldades à transitória inadaptação à vida espiritual e aconselhou-me um curso rápido numa das escolas de iluminação existentes ali.

E como eu lhe pedisse ajuda, explicou-me, sorridente, que encaminharia a solução do problema com o Irmão Andrade, esclarecendo, leal.

-Nesse serviço novo, Jacob, procure ser menino outra vez.
Não guarde ideias preconcebidas.

Esqueça o homem de negócios que foi, olvide a sua posição de comandante com subordinados e pessoas agradecidas à sua disposição.

Chega sempre o momento em que nos cabe devolver ao Senhor as dádivas que nos empresta, a título precário.

De mente lavada e fresca, você aprenderá melhor o sentido da vida real.
Saber recomeçar aqui é uma ciência agradável e ao mesmo tempo complexa.

Ouvi-lhe atentamente o conselho e, depois de breve combinação com a filha, fui conduzido pelo Irmão Andrade a uma das dependências do mesmo templo que visitáramos na véspera.

Algumas dezenas de Espíritos aí se achavam em contacto com os instrutores.
Notei que as aulas iam animadas;
todavia, não se revestiam de carácter solene e, por esse motivo, tornava-se difícil destacar professores e aprendizes.

Tudo simples e cordial.
Primavera o ambiente pela expressão acolhedora.
Dissertações graves, em fraternidade envolvente.

Andrade; me confio à protecção do gabinete administrativo e afastou-se, depois de explicar que me dedicaria ao aprendizado de apenas algumas semanas, por ser detentor de certa bagagem de conhecimentos elevados, recolhidos na esfera carnal, considerando-se que as maiorias dos companheiros, ali estacionados nas lições diuturnas, disputavam, por enquanto, alguns recursos rudimentares da espiritualidade superior.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:45 am

INFORMAÇÕES ÚTEIS
Irmão Jacob

Vendo-me a sós com o instrutor que me atendia, surpreendido gravei suas palavras estimulantes e afáveis.

Revelava-se sinceramente interessado em auxiliar-me.

Conduzindo-me a extenso recinto da organização, falou-me, alegre e franco:
-Você apreciará ensinamentos e valer-se-á das possibilidades da escola, com a eficiência precisa, em meio de Espíritos que lhe são desconhecidos até agora.

Em matéria de aprendizado iluminativo, as afeições terrestres nem sempre ajudam.

Comummente perturbam, aliás.
A conquista de luz interior demanda certa violência aos interesses do “eu” e os parentes ou afins, por vezes, tocados de afeição exclusivista, de amor-próprio ferido.

Isto, na maior parte das ocorrências, envolve a alma numa redoma de perigosa ilusão, tal como se um material isolante nos afastasse do clima real da vida.

Cada qual se nós é um problema particular na Criação Divina.
Enfrentemos corajosamente os nossos enigmas.

Se for preciso libertar das zonas inferiores o coração, para religa-lo aos planos mais elevados, tenhamos suficiente valor para faze-lo.

Em tarefa como a que se vai iniciar, a demora da mente nas fórmulas mais respeitáveis de retenção pode ser ruinosa.

Fitei o interlocutor, esperançoso e contente, e, talvez porque me observasse o juvenil anseio de aprender com proveito, bateu-me paternalmente nos ombros e rematou, sorrindo:
-Seja feliz! Lembre-se de sua necessidade de transformação salutar e prossiga fortalecido e sereno.

Daí a instantes tomava lugar entre os assistentes.
Nenhum conhecido. Nenhum laço que me fizesse retomar mentalmente o passado.
Soube, aliás, mais tarde, que esse característico da instituição é providencial.

Ainda não nos achamos num campo de amor equilibrado.
A herança do “círculo consanguíneo”, da “simpatia incondicional”, do “grupo sectário” ou do “impulso preferencial” ainda nos acompanha intensamente à esfera em que me reajusto.

A autoridade superior nos permite conservar semelhante património em sua feição venerável de inclinação construtiva, durante o tempo que disputamos;
todavia, no regime de aclaramento espiritual, é prudente agir contra qualquer situação exclusivista.

Saí a conveniência da congregação de elementos neutros entre si, porque a amizade que aí se estabelece não tem os resquícios a paixão terrena que, mesmo em seu aspecto formoso e nobre, dentro do qual é aproveitada na elevação de nível cultural e sentimental do mundo, funciona contra a harmonia da mente, sem a qual é impossível acender a própria luz.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:45 am

EM APRENDIZADO
Irmão Jacob

Dentro em pouco, familiarizara-me no curso.

Destina-se a organização ao suprimento de valores educativos aos Espíritos procedentes da esfera carnal, mas sem grandes compromissos no desvio do bem.

É curioso notar que a maioria dos alunos se encontra na posição do homem necessitado de metal precioso, que houvesse demorado muito tempo, junto ao filão aurífero, esquecendo o próprio objectivo.

Os professores são incansáveis em esclarecer que na reencarnação temos o mais valioso instituto iluminativo, acentuando que, na realidade, todas as lutas, terrestres objectivam redimir o Espírito e inflama-lo de virtudes celestiais.

Acrescentam, no entanto, que, chegado ao santuário do corpo físico, o homem olvida os imperativos de sua permanência nos vários degraus da preparação e passa a perseguir inutilidades ou vantagens efémeras, quando se não arvora em observador tirânico, ou impiedoso crítico dos próprios irmãos de luta.

Vicia a mente na ociosidade, em face da gloriosa bênção recebida, e, muita vez, abandona a escola da carne, em deploráveis condições morais, pelos débitos assumidos nos maus usos do livre-arbítrio perante as leis inelutáveis que governam a vida.

Ao invés de respeitar o material de serviço redentor e mobiliza-lo em benefício de si mesmos, os aprendizes da sabedoria, na experiência terrena, inutilizam-no com indiferença, em prejuízo próprio, quando o não aproveita, lastimavelmente, na perpetração de faltas criminosas.

Porém, quando a alma se afasta do plano carnal seguida de valores intercessores do devotamento fraterno, pela boa-vontade que demonstrou no serviço aos semelhantes, é-lhe permitido frequentar as instituições iluminativas, além da morte, com possibilidades na acção prática, entre os núcleos de entidades inferiores.

Compreende-se, então, que todos os conflitos da luta carnal se revestem de sublimes finalidades.

Na vida real do Espírito, o sofrimento perde o aspecto sombrio.
Não é entendido tão-somente por recurso expiatório ou regenerativo, mas também por bênção salvadora que aprimora e ilumina sempre.

O homem agarrado ao prazer fácil de um minuto perde a bendita sementeira da eternidade.
Somente por isso é que não extrai do obstáculo, da dor e da dificuldade o conteúdo de alegria imperecível que oferecem à alma.

Algo surpreendido;
vim, a saber, que, se o solo bruto ajuda o lavrador e educa-o, através do trabalho que o melhora e enriquece, assim também as inteligências inferiores e rudes beneficiam os Espíritos superiores em conhecimento ou virtude, quando estes se interessam na dilatação de seus próprios poderes, tanto quanto numa agremiação escolar o lucro legítimo pertence àquele que ensina e se dedica à preparação de alunos distraídos ou ingratos.

Os casos agrupados na escola são dignos de menção especial.
Os companheiros contam os mais interessantes episódios em matéria de fuga ao ensejo da felicidade definitiva.

Escaparam ao tesouro da santificação íntima, deliberadamente, por infantil receio de sofrimentos e humilhações.

Grandes e abençoadas oportunidades de subida, a luminosas culminâncias, foram perdidas;
e agora, qual me ocorre, reparam o tempo menosprezado por intermédio de mais intenso labor.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Dom maio 20, 2012 9:45 am

CONCEITOS DE UMA CARTILHA PREPARATÓRIA
Irmão Jacob

De acervo de primorosos livros, cuja existência me foi permitido observar, um dos instrutores retirou certa cartilha de afirmações sintéticas destinadas a despertar a mente, recomendando-me acurada meditação na leitura.

Dentre o conjunto, posso destacar algumas que interessam, de perto, aos companheiros que se dispuserem a receber minhas despretensiosas notícias.

“Cada Espírito é um mundo vivo com movimento próprio, atendendo às causas que o criou para si mesmo, no curso do Tempo, gravitando em torno da Lei Eterna que rege a Vida Cósmica”.

“Dois terços das criaturas humanas encarnadas na Crosta da Terra demoram-se em jornada evolutiva da Irracionalidade para a Inteligência ou da Inteligência para a Razão;
a terça parte restante acha-se em trânsito da Razão para a Humanidade.

Fora do corpo terrestre, mas ligados ao mesmo plano, evolutem bilhões de seres pensantes nas mesmas condições”.

“Em esferas mais elevadas do Planeta, outros bilhões de almas caminham da Humanidade para a Angelitude”.

“O processo de educação do Ser para a Divindade tem sua base no reencarnacionismo e no trabalho incessante”.

“O instituto das compensações funciona igualmente para todos”.

“Ninguém ilude as leis universais”.
“Os recursos de dignificação da individualidade permanece ao dispor da comunidade planetária nas diversas escolas religiosas da Terra, escolas que se diferenciam no culto externo, de acordo com os impositivos de espaço e tempo, mas que, no fundo e em essência, se irmanam na Fonte da Eterna Verdade, em que a integração da Alma coma Luz Divina se realiza por intermédio do Supremo Bem”.

“Jesus é o Ministro do Absoluto, junto às colectividades que progridem nos círculos terrestres;
os grandes instrutores do mundo, fundadores de variados sistemas de fé, representam mensageiros dEle, que nos governa desde o princípio”.

“Toda criatura humana possui consigo as sementes da Sabedoria e do Amor;
quando ambientar esses divinos germes, dentro de si mesma, e desenvolve-los amplamente, através dos séculos incessantes, conquistará as qualidades do Sábio e do Anjo, que se revelam na sublime personalidade dos Filhos de Deus, em maioridade divina”.

Enquanto no corpo de carne, muitas vezes – apressadamente, como se devorasse qualquer alimento sem mastiga-lo – tomei conhecimento das instruções de ordem superior.

Entretanto, ali, à vista das circunstâncias em que me encontrava, a leitura me obrigou a sérios pensamentos.


ENSINAMENTO INESPERADO
Irmão Jacob

Pessoa alguma escapará aos imperativos do próprio melhoramento.

A criatura ignorante poderá refugiar-se na intemperança dos sentidos físicos, acreditando ser a morte o fim de toda a luta, e o homem instruído folheará páginas preciosas, imaginando-se exonerado da obrigação de ser útil ao próximo, no devotamento fraternal.

Entretanto, para todos aqueles que se demoraram longe da acção edificante e renovadora, a vida espiritual reabre as portas do esforço pessoal imprescindível.

Os Espíritos preguiçosos atrasarão sua marcha, detendo-se na revolta, na inércia ou na rebeldia e serão aproveitados na obra regeneradora ou evolutiva, à maneira dos corrosivos que servem às tarefas de limpeza, utilizados por mãos hábeis;
todavia, os filhos do arrependimento e da boa-vontade encontrarão mil meios de agir e servir, no extenso campo do bem.

Assembleias veneráveis de benfeitores congregar-se-ão nos altos cimos em favor de milhões de seres, mas Espírito algum se sentará num trono que não edificou, nem brilhará com alheia lâmpada.

Apelos e consolos do campo mais nobre não devem ser interpretados exclusivamente como simples reconforto da protecção afectiva, mas, acima de tudo, por valiosas ferramentas de serviço redentor.

Este é um ensinamento que estou aprendendo à custa de muito esforço e que os amigos esclarecidos da Terra possivelmente evitarão, valendo-se das oportunidades de elevação e aprimoramento que o mundo lhes oferece.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:38 am

EXPERIMENTAÇÃO
Irmão Jacob

Certo companheiro de aprendizado convidou-me a experimentar praticamente as lições da escola iluminativa em que nos reajustávamos.

Iríamos ao Rio, onde recebêramos valiosas bênçãos da fé.
Procuraríamos alguns dos casos de doutrinação e socorro, junto aos quantos funcionáramos, e aplicaríamos, então os princípios recebidos.

O orientador a quem expusemos o projecto aprovou-o, com evidente satisfação, mas considerou que deveríamos seguir em companhia de alguém mais apto que nós, de modo a não perdermos a semeadura.

Indagou sobre as particularidades do empreendimento, e, depois de ouvir-me o colega, quanto ao que intentava efectuar, comentei o meu objectivo.

Lutara durante muito tempo com perigoso obsessor de um alcoólatra inveterado.

Não conseguira demove-lo, renova-lo.
Gostaria de observar o caso “in loco” e, com as preocupações a que me compelisse, extrairia certa amostra do serviço maior que me aguardava.

O director ouviu pacientemente e não apresentou qualquer embargo, recomendando-me, em seguida, à custódia do Irmão Ornelas, veterano em trabalhos da espécie que pretendíamos atacar.

Em breve, achávamo-nos na cidade, à noitinha.
O companheiro que nos seguia de perto explicou que inúmeros irmãos de outros círculos, impossibilitados, por longos decénios, de retomar o corpo terreno, se dedicam a tarefas obscuras e sacrificais, entre as almas endurecidas ou sofredoras, a fim de conquistarem, pela abnegação e pelo heroísmo silencioso, a irradiação luminosa que lhes falta.

Vastos anos despendem no esforço de renúncia, adquirindo humildade no trato de almas rebeldes e ásperas, quais semeadores buscando a dádiva da flor e do fruto ao contacto do chão bruto.

Em geral, são homens e mulheres que se desmandaram na autoridade e no dinheiro, na inteligência ou na beleza, assumindo graves compromissos morais, que se consagram, depois do sepulcro, por extenso prazo, ao género de actividade que íamos tentar, em benditas peregrinações de auxílio aos semelhantes, ostentando aflitiva posição de servos apagados e anónimos para melhor atingirem os fins a que se propõem.


ANTE UM ESPÍRITO PERSEGUIDOR
Irmão Jacob

O alcoólatra, cuja situação me levara a diversos serviços de preces e doutrinações nos últimos tempos de minha experiência no corpo, achava-se num bar suburbano a encharcar-se.

Ao lado dele, o temível perseguidor dava expansão a impulsos menos dignos.
Cada copo cheio era nova taça de venenoso fluido que ele aspirava com estranha volúpia.

Aproximamo-nos sem perda de tempo.
Antes de qualquer entendimento, Ornelas advertiu-me que, fôra dos laços físicos, o socorro dos Espíritos transviados exige outros recursos, além das armas verbais.

Achávamo-nos, ali, esclareceu prestimoso, sem o elemento controlador da mediunidade..
Quando o instrumento encarnado jaz nas trevas da ignorância, a entidade em desequilíbrio absorve-lhe o aparelho completamente, raiando pela possessão absoluta e, então, verificamos nos círculos terrestres a exacta reprodução da alma desorientada e desguarnecida de razão, oferecendo extensas mostras de loucura.

A maioria dos médiuns, porém, ainda mesmo quando sonâmbulos puros, de algum modo controlam os comunicantes irrequietos ou infelizes, exercendo determinada censura sobre as palavras rudes ou inconvenientes que desejam pronunciar.

Estaria naquele instante com um obsessor, frente a frente.
Deveria preparar-me para demonstrar-lhe os melhores sentimentos do meu coração, porque, da parte dele, me daria a conhecer as notas mais íntimas da própria consciência.

Abeiramo-nos da dupla lastimável.
O verdugo fitava um copo vizinho, ao jeito do magnetizador interessado na presa.

Era uma triste figura de vampiro que provocaria gestos de pavor nas pessoas em redor, se lhe pudessem fixar a máscara diabólica.

Voltando-se para nós e sentindo-nos a observação calma, ao que me pareceu concentrou-se para melhor resistir-nos, sorriu escarninho e, detendo-se de modo especial sobre mim, gargalhou franco.

A princípio, molestei-me.
Experimentei mal-estar intraduzível.
O Espírito endurecido a envolver-se em sombria nebulosa arremessava contra mim forças envolventes e perturbantes.

Ornelas sacudiu-nos os ombros vigorosamente e disse:
-Vejo-lhe a inexperiência. Não tema.
Centralize a vontade e reaja com todas as energias de que dispõe.

Prepare-se para ouvir e falar com serenidade.
Suas condições psíquicas virão à superfície do rosto e do verbo.
Não se deixe abater. Ajudá-lo-ei.

A advertência calou-me consoladoramente no íntimo, embora, na realidade, não conseguisse sofrear, o receio, em face da agressividade do perseguidor, que se unia a mim com expressões provocadoras.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:39 am

DIÁLOGO SURPREEDENTE
Irmão Jacob

Diante do temível algoz e sob a sua zona de influência sem o concurso de um médium, qual se verificava nas doutrinações de outro tempo, tive o impulso de adiar a experiência.

Não seria melhor que eu me fortalecesse mais?
Ornelas, no entanto, com o olhar severo, impediu-me o recuo, e, pousando a destra sobre minha fronte, aconselhou-me a prosseguir, prometendo inspirar-me nas observações convenientes.

Mantive-me seguro e fixei destemerosamente o obsessor.
Percebendo-me a decisão, o infeliz recolheu os punhos cerrados com que me afrontava; colérico.

Entrementes, a colaboração magnética de Ornelas me alimentava, causando-me grande reconforto.

Foi assim o meu primeiro diálogo, após a morte, com um Espírito desviado do bem:
-Meu irmão – disse-lhe emocionado -, não se resolve a libertar nosso amigo doente, já de si mesmo tão miserável?

-E você, nem mesmo depois de “morto” desiste de me apoquentar? – revidou o obsessor, raivoso.
-Sim, não desisto porque quero ser seu amigo e desejo trazer-lhe o espírito para a luz.

-Mas não lhe vejo luz alguma.
Como quer você me dar o que não tem?...

A alegação chocou-me e, por pouco, não fugi ao entendimento;
contudo, a mão vigorosa de Ornelas me amparava e respondi:
-Trabalharei sinceramente no bem até que a Vontade do Senhor me ilumine e alma.

O perverso interlocutor riu-se, desrespeitoso, e prosseguiu:
-Por que insiste? Não adiantará nada...

-Fora da caridade não há salvação – retruquei, confiante.
Não julga ser nosso dever auxiliar o companheiro de mente enfermiça, ainda ligado ao corpo terrestre?
Não lhe conhece a família respeitável e sofredora?

-Ora, Jacob – falou-me, contundente -, você se refere à caridade com tanta segurança...

-Como não?
Que será de nós sem a prática do bem?

-Ao que me consta – exclamou sarcasticamente -, você na Terra dava grande preferência ao dinheiro, estimava profundamente a própria fortuna...

Nas minhas reacções de “homem velho” quis dizer-lhe que era mais justo o próprio dinheiro que os bens alheios;
todavia, a expressão fisionómica de Ornelas me susteve a frase de auto-defesa e, ao invés de proferi-la, acentuei com serenidade:
-Recebi as vantagens materiais hauridas no esforço digno, tal como o mordomo que detém consigo, transitoriamente, as dádivas do Senhor.

O que o Todo-Poderoso me confiou já restitui, de consciência feliz, aos seus sábios desígnios.

O verdugo fez um esgar de ódio e voltou a comentar:
-Não lhe reconheço autoridade para conselhos,.
Você foi sempre um homem áspero, indisciplinado, voluntarioso.

Muita vez, acabava de apontar-nos o bom caminho para seguir estrada contrária.
Agora que ser apóstolo...

Marcou um gesto ridículo, a fim de torturar-me e continuou:
-Frequentemente, após deixar os aparelhos mediúnicos através dos quais trocávamos ideias, eu lhe seguia os passos, discreto, e notava que você não agia de conformidade com os próprios ensinos.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:39 am

Semelhantes frases, ditas à queima-roupa, desconcertavam-me.

Ruborizei-me, envergonhado;
todavia, Ornelas garantiu-me a firmeza de ânimo.
-Sim – concordei -, reconheço as minhas fraquezas.
Entretanto, sincero é o meu desejo de renovação e melhoria.

Não nos santificamos de uma vez e, se todos os pecadores se negarem ao trabalho do bem sob a alegação de se sentirem maus e ingratos, como poderíamos aguardar vida melhor para o mundo?

Se os espíritos comprometidos com a Lei não se resolverem a colaborar no resgate dos próprios débitos, por se reconhecerem endividados, jamais atingiremos a necessária liquidação das contas humanas.

Compreendo que não sou um padrão vivo dos conhecimentos evangélicos, confiados à minha alma pela Compaixão Divina.

No entanto, creia que não repousarei enquanto não afinar minhas actividades com os ideais redentores que abracei.

O interlocutor não se alegrou com a argumentação.
A lealdade de minhas declarações esfriava-lhe a cólera.

Escutou, amuado, e, assim que o intervalo surgiu espontâneo, considerou menos irónico:
-Seu caso, então, será o do médico que deverá restaurar primeiramente a si mesmo...

-Não nego semelhante necessidade – acrescentei, sincero -, tudo farei pelo meu próprio restabelecimento espiritual.
No serviço bem sentido e aplicado encontramos a corrigenda de nossos erros e a redenção do passado, por mais deplorável e delituoso.

Acredite que o doente menos egoísta providenciará remédio e recurso para si e para os outros.
Persistindo em sua actividade você prejudicará a si mesmo...

O desditoso, em crise de desespero, lembrou-me acremente certas falhas da experiência humana, em voz alta.

Mas, auxiliado por Ornelas, eu ia encontrando meios de responder sem irritação, construtivamente.

Terminado o longo e desagradável diálogo em que me vi inesperadamente envolvido, aplicamos passes de socorro ao irmão encarnado, que se mantinha em aflitivas condições de enfermidade e embriaguez.

Após enorme relutância, o terrível perseguidor consentiu em que eu orasse, colocando-lhe a cabeça entre as minhas mãos.

Supliquei ao Senhor fervorosamente que nos amparasse, a ele e a mim, para que ambos pudessem melhorar o coração e subir no conhecimento e na prática do bem.

Finda minha primeira observação pessoal de serviço, o obsessor fitou-me de maneira diferente.

Pareceu-me não tanto agressivo.
Revelava-se disposto a me entender a disposição fraterna.

Porque eu esperasse maior soerguimento, habituado ao imediatismo da luta terrestre, Ornelas despertou-me, exclamando:
-Não aguarde um reajustamento apressado.
Se a semente exige tempo, com o frio e o calor, a chuva e o Sol, para germinar e produzir, por que motivo reclamar a realização de espiritualidade superior, de minuto para outro, no ser eterno?

Plantemos e trabalhemos.
Os resultados da boa iniciativa pertencem a Deus.
Sobra-nos, meu caro, o prazer de servir.
Tornaremos à questão na primeira oportunidade.

Admirado com a paciência do companheiro, segui-o sem hesitar.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:39 am

APONTAMENTO SALUTAR
Irmão Jacob

Quando o colega que nos seguia atendeu à tarefa a que se reservara.

Ornelas percebeu a tristeza que me acometera de súbito.
Efectivamente, graves reflexões acudiam-me ao pensamento.

Afinal, quem doutrinara no caso?
Seria eu o portador de socorro ao Espírito infeliz ou fôra o Espírito sofredor quem me beneficiara coma verdade?

Sombrio véu de preocupações descera sobre mim.
Como prosseguir? Não ignorava que um grupo de cooperadores decidido e fiel me esperava o concurso.

O companheiro mais experiente, compreendendo quanto se passava dentro de mim, aproximou-se enquanto regressávamos ao domicílio, em plena noite, e falou com cativante inflexão de bondade:
-Jacob; em toda parte seremos defrontados pela própria consciência.

Se louvarmos nossos amigos pelo incentivo e pelo júbilo que nos proporcionam, agradeçamos aos nossos adversários gratuitos a ousadia com que nos demonstram as nossos necessidades.

Os que nos amam destacam-nos as qualidades excelentes do serviço já feito, na individualidade imperecível, e aqueles que nos desestimam indicam, com franqueza rude, as imperfeições que ainda conservamos connosco.

Os afeiçoados e simpatizantes silenciam a respeito das sombras que nos rodeiam, mas os contendores e desafectos as desvendam em nosso proveito, quando encontramos suficiente serenidade para buscar os interesses do Senhor e não os nossos.

Na sua capacidade de tolerar as observações amargas reside a base da própria iluminação.

O progresso é obra de esforço mútuo.
O irmão perturbado beneficiou-se extensamente com o seu concurso valioso e, gradativamente, fixará nele mesmo a esmola recebida.

Porém, não é razoável que você venha a perder sua parte.
Guarde o ensinamento, medite-o e conserve-lhe o valor.

É provável que você agora se sinta afrontado e ferido;
todavia, os dias correrão sobre os dias e concluirá, mais tarde, que não lhe falo sem razão sólida.

O conselho refrigerou-me a alma dilacerada.

Pela primeira vez, compreendi que assim como chega um momento em que os juízes do mundo são julgados pelas obras que realizaram, surge também o minuto em que os doutrinadores da Terra são doutrinados pelos serviços que deixaram de fazer.


A SURPRESA SUBLIME
Irmão Jacob

Aprender será sempre valioso trabalho para o coração.

Logo após minha vinda, observando que o combate pela extensão do bem se desdobra em todas as direcções, acreditei na possibilidade de prosseguir no mesmo diapasão de actividade intensiva a que me consagra na Terra.

A luz interior revelada por vários amigos, sem que a mínima réstia de claridade me assinalasse a presença, constituía a primeira evidência a sugerir a modificação de minha atitude mental.

De que me valeria o demasiado movimento, sem probabilidades de realização benéfica?

Ali, o serviço pautava-se em linhas diferentes.
Dentro do novo plano, a garantia do êxito permanece exclusivamente no indivíduo.

Tal como o veículo precisa de combustível para se locomover, necessitava eu do factor qualidade para a nova luta em que ingressara.

Semelhante impressão jazia mal esboçada em mim, quando o encontro com o infeliz perseguidor ma impôs violentamente.

Dele ouvira referências amargas que me dilaceraram o ser;
entretanto, reconheci tamanho proveito nas reprimendas recebidas, que julguei precioso serviço continuar registando as impressões das almas perturbadas, a meu respeito.

Não seria esse o recurso de realizações vindouras?
Depois da morte, o julgamento, por mais desagradável, é uma bênção.
Pouco a pouco entendi que era necessário ouvir com humildade, a fim de agir com proveito.

O contacto directo com um obsessor vulgar aclarara-me a consciência.
Salientara ele as sombras que ainda me envolviam e que os abnegados amigos da primeira hora velavam, movidos de piedade evangélica.

É imprescindível evitar a precipitação, e meditar antes de atacar novas obras.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:39 am

REAJUSTAMENTO
Irmão Jacob

Desejando preparar-me convenientemente, a fim de servir, passei a visitar, sozinho ou acompanhado de outros colegas, as mais diversas associações de Espíritos endurecidos e sofredores.

O Irmão Andrade, Marta e outros amigos que me prestavam contínua assistência, atentando agora para as minhas necessidades de reajustamento, deixaram-me sob o exclusivo cuidado da escola de iluminação, que passei a requentar carinhosamente.

Cada lição era nova página de sabedoria reveladora, concitando-me ao desejável aprimoramento.

Procurava, pois, nas demonstrações práticas, despertar minhas energias superiores, com a juvenil atenção do universitário dedicado aos livros, interessado em organizar conscienciosamente o próprio futuro.

Era preciso buscar humildade no autoconhecimento, através das acusações merecidas ou imerecidas?

Não me faltaria coragem para faze-lo.
Sempre que os intervalos naturais dos estudos e tarefas do instituto iluminativo me favoreciam, dirigia-me incontinenti para as zonas de Espíritos transviados, exercitando a minha capacidade de suportação.

Da boca de inúmeros infelizes e ignorantes, ouvi longas recordações demais actos.

Criticavam-me acerbamente, discutiam-me propósitos e intenções.
Antigas faltas de épocas recuadas, que eu supunha esquecidas, eram trazidas à tona dos remoques verbais.

Erros da mocidade, omissões da idade madura, gestos eventuais de aspereza, pequenas promessas não cumpridas, problemas de sentimento não liquidados, tudo, enfim, era resolvido pelos inimigos do bem, dos quais me aproximei nas melhores disposições de entendimento fraterno.

Consoante as lições novas, armazenava semelhante material, com o cuidado do homem prevenido que guarda lanternas adequadas para as horas escuras.

Em muitas ocasiões, afastei-me do campo de luta, em lágrimas, considerando as alegações que me eram atiradas em rosto.

Mas... Que fazer?
Esse, sem dúvida, era o melhor caminho para identificar os próprios defeitos e extirpa-los.

Há companheiros que se não resignam a esse género de esforço;
no entanto, para ganhar tempo observei, desde o primeiro instante, que nesse processo de esclarecimento é possível abreviar a própria renovação para o bem e limitar grandes lutas.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:40 am

VIVENDO AS LIÇÕES
Irmão Jacob

Por mais de duzentos dias, consagrava-me à teoria de iluminação na escola e à prática intensiva dos ensinamentos, junto aos irmãos desventurados, quando, certa noite, de volta ao lar espiritual, sozinho;
fui assaltado por furioso grupo de clérigos desencarnados, os quais evidenciavam, nas palavras e nos gestos, profunda ignorância e lastimável insensatez.

Ao que me pareceu, vinham intencionalmente em meu encalço, tentando infundir-me desequilíbrio e terror.

Embuçados em capuzes de trevas, contei-os um a um.
Eram dezasseis figuras de aspecto sinistro.
Acercaram-se de mim; violentos e sarcásticos.

Rememoravam os ataques que, por vezes, impensadamente, desfechara eu sobre os padres.

Cobriam-me de insultos e ameaçaram-me sem compaixão.
Relembrei a antipatia que indevidamente lhes dedicara à classe respeitável, e, satisfeito, reconheci-me transformado, diferente.

Aqueles punhos errados e erguidos contra mim não me intimidavam e nem me sugeriam reacção.

Achava-me tranquilo, não obstante surpreso.
Trouxe, contudo, à memória as lições evangélicas de que me achava em pleno curso e, isolando a mente da gritaria infernal, pus-me em meditação.

Não nos aconselhara o Senhor a orar pelos que nos perseguem?
Não exemplificara a permuta do bem pelo mal?

Não nos pedia Ele ajudar os inimigos e amparar os que nos caluniam e odeiam?
Além disso, não seriam aquelas almas dignas de ajuda e piedade?

Possivelmente, várias circunstâncias haviam conspirado na existência terrestre contra os seus ideais de melhor sorte.

Se a Providência Divina não me oferecesse recursos de mais amplo conhecimento da vida;
se fosse obrigado, no princípio da luta humana, a demorar-me nas fórmulas de fanatismo religioso, teria alcançado suficiente energia para libertar-me?

E se o padre houvera sido eu?
Como toleraria as disciplinas?
Teria bastante coragem para arrostar os obstáculos impostos pelas vaidades da posição, decorrentes dos compromissos eclesiásticos?

Solucionaria sem perturbações os problemas do partidarismo dogmático?
Afinal, por que se achavam na desventura de ignorarem o Cristo da bondade e do entendimento, ou eu, que já compreendia de algum modo à necessidade de trabalhar, lutar e sofrer pela redenção própria?

Tocado por sincero desejo de auxilia-los, entreguei-me à prece, não como de outras vezes em que emitia palavras de louvor e súplica com bases menos profundas no sentimento.

Intentava, com toda a alma, ser útil àquela falange de entidades inconscientes.
Em verdade, não possuía algo de bom em mim mesmo;
entretanto, Jesus permanece rico de bondade e ternura em todos os dias da vida.

Atender-nos-ia o apelo, viria em socorro de nossas necessidades...
Decorridos alguns minutos, observei que, ao me contemplarem em oração, os circunstantes se afastaram um tanto, embora continuassem a crivar-me de doestos e zombarias.

Quando me detive na rogativa ao Divino Amigo, reportando-me às aflições que aquelas almas infelizes naturalmente deveriam experimentar ao longo do caminho regenerador, e reflectindo quanto às angústias de que se vêm acometidas, impressionante silêncio se fez em torno.

Nunca talvez como naqueles momentos me senti tão fortemente interessado por alguém, qual se estivesse disputando auxílio para irmãos ou filhas de meu próprio ser.

Quando descerrei as pálpebras húmidas pelo pranto de emotividade a que a prece me conduzira, notei que os adversários se afastavam cabisbaixos e vencidos.

Procurei invocar-lhes o regresso, a fim de conversarmos fraternalmente, mas a voz jazia sepultada na garganta.

Sobrevivera o imprevisto.
Tomado de assombro, verifiquei que branda luz de um roxo carregado brilhava em torno de mim.

Oh! Senhor, como pintar a comoção da alma livre aos companheiros que ainda se encontram jungidos às limitações da carne?
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:40 am

NOVO DESPERTAR
Irmão Jacob

Surpreendido com semelhante luminosidade, senti-me chumbado ao solo.

Quem a estaria irradiando a meu lado?
Cerrei os olhos novamente para agradecer a presença do benfeitor que, por certo, ali se encontrava junto de mim;
no entanto, apesar de recolher-me à intimidade do próprio “eu”, via ainda os raios a se renovarem no meu íntimo.

Intrigado, refugiei-me de novo na prece, em silêncio, quando em meio da massa luminescente lobriguei o vulto de alguém que procurava evidenciar-se.

Era Bittencourt Sampaio a estimular-me o coração para o bem.
Não se revelava tão nítido quanto na noite inolvidável de nosso encontro no santuário, mas não tive qualquer dificuldade para reconhece-lo.

- “Jacob” – disse ele, depois de algumas palavras de encorajamento e saudação -, não te admires da claridade que te rodeia.

Ela pertence a ti mesmo.
Nasce de tuas energias internas, orientadas agora para a Bondade Suprema.
A concentração de amor verdadeiro produz bendita claridade na alma.

A luz é substância divina gerada nas fontes superiores do Espírito Eterno.
Feliz de ti, que compreendeste sem tibieza a necessidade de alijar os próprios caprichos para que a Vontade do Senhor te favorecesse o santuário da consciência.

A mente que atira para fora de si o obscuro e pesado material dos interesses menos dignos prepara-se valorosamente para o celeste sinal da irradiação espontânea.

As preocupações indesejáveis passaram.
Principiaste a renunciar com sinceridade ao “homem velho” e a “criatura nova em Cristo” se vai formando em teu coração.

Bendita seja a tua esperança!
Não te esqueças de que o amor dá sempre, principalmente de si mesmo, de suas próprias forças e alegrias.

Por agora, os raios de tua boa-vontade brilharão nas horas culminantes da fé, pela concentração de poderes espirituais na prece;
todavia, à medida que te recolhas no exercício legítimo do amor cristão, em demonstrações genuínas de entendimento do Evangelho sentido, vivido e aplicado, controlarás tua capacidade irradiante, segundo os ditames da própria alma!

Ama sem paixão, espera sem angústia, trabalha sem expectativa de recompensa, serve a todos sem perguntar, aprende as lições da vida sem revolta, humilha-te sem ruído ante os desígnios superiores, renuncia aos teus próprios desejos, sem lágrimas tempestuosas, e a vontade justa e compassiva do Pai iluminar-te-á constantemente o coração fraterno e o caminho redentor!

Ora, vigia, movimenta-te no esforço digno e seja feliz, meu amigo, “A tua luz crescerá com a dilatação de teu devotamento ao Bem Infinito”.

Que expressões terrenas poderiam dizer da sublime surpresa que me ofuscava o espírito?
Não conseguiria responder.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:40 am

SABIO AVISO
Irmão Jacob

Doce e indefinível emoção fazia-me vergar sob o peso de lágrimas de reconhecimento e júbilo.

Reparando que o mensageiro se conservava em silêncio ao meu lado, esperando que me pronunciasse, recordei o ensinamento evangélico e repeti as sagradas palavras.

-Faça-se no escravo a vontade do Senhor.

E porque vibrasse no desejo de relacionar minhas experiências novas para os companheiros da retaguarda, supliquei lealmente:
-Bittencourt, meu amigo, no plano de carne, nossos irmãos em maioria guardam errado conceito de elevação e salvação.

Muitos se acreditam de crença religiosa e outros supõem que basta o dever de assistência caridosa e mecânica ao próximo necessitado e sofredor para que subam inconscientemente aos mundos felizes.

Poucos se previnem quanto à exigência de aprimorarem a si mesmos, a fim de irradiarem somente o amor que o Mestre nos legou.

Ser-me-á permitido dar-lhes notícias da esfera nova?

Talvez minha humilde experiência pessoal aproveite a alguns deles para que se decidam a praticar o Evangelho e a servi-lo acima de si mesmos;
com esquecimento da vaidade e do orgulho, do egoísmo e da discórdia, que, muitas vezes, nos requeimam o coração!

-Sim, Jacob – concordou atencioso -, será autorizado a faze-lo;
entretanto, contém os impulsos que te sugerem a iniciativa.
Evita as referências pessoais em teu correio fraterno.

Em muitas circunstâncias, a citação de um simples nome provoca enormes perturbações mentais em torno da criatura a quem nos referimos.

Não tentes impor convicções a Espírito algum, ainda mesmo em se tratando dos mais profundamente amados.
Conta o teu caso tranquilamente aos que te puderem ouvir longe da curiosidade enfermiça que nunca se anima ao trabalho sério, sem olvidares a função do tempo na sementeira da fé.

Aprende a esperar nos serviço edificante, impessoalizando as boas obras.
Guarda-te dos maus desejos de tudo dizer indiscriminadamente a um só minuto.
Há ocasião de plantar e cultivar, colher e seleccionar.

A verdade é como a luz que, não convenientemente dosada, pode cegar os olhos ao invés de ilumina-los.

Transmite, pois, as tuas notícias, prudentemente, sem a presunção de seres aproveitados e aceito no imediatismo da luta humana, e acalma-te sem demora, convencido de que toda criatura, tanto quanto aconteceu connosco, deixará, um dia, o património da carne, com tudo o que lhe diz respeito no campo da ilusão educativa ou na sombra devastadora.

Ajuda a planta a desenvolver0se e florir, mas não lhe violente o germe a fim de que o fruto apareça no momento preciso.

Em seguida, Bittencourt despediu-se com palavras reconfortantes e amigas, deixando-me na consoladora certeza de que me seria possível esclarecer os irmãos de luta e de ideal, quanto às surpresas que me haviam aguardado além da morte.

Que alegria maior poderia felicitar-me o coração de lutador?
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:40 am

RETORNO À TAREFA
Irmão Jacob

O trabalho é das maiores bênçãos de Deus no campo das horas.

Em suas dádivas de realização para o bem, o triste se reconforta, o ignorante aprende, o doente se refaz, o criminoso se regenera.

Agora que alguns raios de luz se faziam sentir dentro de mim, buscava penetrar a grandeza do ato de orar e meditar.

Pouco a pouco, perdi o interesse pelas indagações de toda sorte e, quando em palestra com os amigos do meu novo círculo, sabia guardar as conveniências da palavra oportuna.

Entendi que receber distinções é acrescentar a responsabilidade individual e, por isso, aprendi a louvar o Supremo Poder sem solicitações particulares em meu benefício.

Compreendi que praticar o bem, dando alguma coisa de nós mesmos, nas aquisições de alegria e felicidade para os outros, é o dom sublime por excelência e, em razão disso, preparava-me para ser mais espontâneo e desinteressado no concurso fraterno, mas eficiente e pronto na acção de servir.

Longas conversações sem vantagens fundamentais para a vida do espírito perderam o saber com que se me apresentavam, a princípio, quando interpelava Marta e o Irmão Andrade a propósito de mil assuntos diferentes.

Suportava; sereno as compridas palestras com entidades sofredoras, necessitadas de desabafo, valendo-me de tais ocasiões para a ministração de ensinamentos redentores; aos quais se mostrassem inclinadas, mas, sentia-me incapaz de tomar tempo aos companheiros de serviço com interrogações ociosas ou prematuras.

Asseverou-me Bezerra, certo dia, que o entendimento da alma é qual lente minúscula no seio da Infinita Obra Universal e que o problema primário da consciência interessada na aquisição de Amor e Sabedoria não é o de perscrutar, com infantilidade ou desespero, os patrimónios da Vida, e, sim, o de enriquecer a lente da própria compreensão, aprimorando-a e dilatando-lhe o poder, a fim de que possa refranger e disseminar a Eterna Grandeza do Senhor, aproveitando-a para si e para os outros.

Aceitei, feliz, portanto, o imperativo de recolhimento espiritual e quanto mais buscava entender a pequenez de minha alma e as minhas gigantescas necessidades de auto-renovação, mais reconforto e paz recolhiam da prece que para meu pensamento constituía agora vigoroso manancial de recursos, de cujas forças irradiantes recebia dobrado possibilidades de atacar os novos serviços.


CONSELHO FRATERNO
Irmão Jacob

Sentindo-me incapaz de reiniciar a tarefa, procurei Bezerra para aconselhar-me.

O grande orientador recebeu-me com a bondade habitual e explicou, gentil:
-Jacob, se os nossos irmãos ignorantes, depois da morte do corpo, na maioria das vezes prosseguem algemados às acções ruinosas a que se dedicaram, continuamos, por nossa vez, nos serviços de espiritualização a que nos devotamos.

Sentimo-nos abrasados na sede de conquistar gloriosos cumes, pretendemos adquirir mais luz, mais alegria e vida abundante, de modo a enriquecer a estrada que trilhamos;
entretanto, o milagre de nossas antigas concepções terrestres não existe.

O Céu é suficientemente iluminado e jubiloso para cogitar os véus de sombra e eliminar os espinhos do sofrimento que decorrem do nosso desacordo com a Lei e conquista-lo, começando semelhante serviço em nossa própria alma. O seu trabalho, pois, é de prosseguimento.

Organize um entendimento com os amigos de sua boa luta e retorne aos processos de auxílio.

Cada sector de actividade cristã, junto de irmãos obsidiados, doentes, desorientados, ignorantes, criminosos ou infelizes;
encarnados ou desencarnados, representa um ângulo da construção de seu próprio paraíso.

O espírito vale pelas expressões divinas que pode traduzir no próprio caminho, porque o Criador atende a criatura, através da criatura.

Regresse, contente, aos seus casos de socorro.
Representam eles a sua melhor oportunidade de servir ao Senhor.
Ajudando, libertando e iluminando os outros, você auxiliará, melhorará e engrandecerá a si mesmo.

Porque lhe endereçasse algumas palavras com referência ao recomeço, sugeriu me concentrasse atencioso para recordar todos os serviços dos últimos dez anos, de modo a estabelecer um programa criterioso e metódico.

Findo o nosso entendimento, isolei-me para a rememoração necessária.
Com que imensa clareza lembrava os incidentes!

Tive a ideia de que maravilhoso disco de imagens era accionado dentro da minha imaginação, projectando, devagar, sobre a minha retentiva, todos os quadros vividos no último decénio.

Anotei quanto me era preciso para a volta ao ministério que encetara, ao abraçar os princípios evangélicos na esfera carnal.

Logo após, com a colaboração do irmão Andrade, providenciei um encontro com todos os cooperadores, junto dos quais meus humildes esforços doravante se desdobrariam.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:41 am

ANTE OS SERVIÇOS NOVOS
Irmão Jacob

A reunião com os amigos fôra confortadora e interessante.

Três quartas partes das entidades presentes ligavam-se a mim, através dos trabalhos de doutrinação que efectuara nos círculos terrestres.

Remanescentes renovados de antigas agremiações de Espíritos obsessores, ainda incapaz de sintonia com os planos mais elevados, buscavam em mim protecção e arrimo, receando a influência de malfeitores cruéis que os tiranizavam.

Guardava comigo a responsabilidade de lhes haver descortinado os horizontes da vida superior, mas eles continuavam necessitando o concurso de alguém que os ajudasse na movimentação dos recursos não muito complexos de que eram detentores, tanto quanto minha situação reclamava companheiros para as obrigações que me cabia desempenhar.

Permanecíamos todos na posição dos discípulos de boa-vontade que, não obstante os devotamentos às lições, não conseguem agir sozinhos.

A palavra dos colaboradores expunha-lhes as esperanças no futuro, compelindo-me a reflectir nos graves deveres que assumia.

Aguardavam a alegria de laborar no próprio aperfeiçoamento.
Disputavam forças para a melhora de si mesmos.
Traçavam planos de serviços, com entusiasmo confiante.
Dirigiam-se a mim, qual se lhe fora um chefe seguro.

As noções de responsabilidade penetravam-me o âmago.
Não registava as confidências dos amigos, com o optimismo fácil de outro tempo.

Recebia as observações e pareceres;
ponderando as dificuldades que sobreviriam. Achava-me realmente confortado, ante a possibilidade de absorver-me na acção edificante;
todavia, pesadas reflexões dominavam-me por dentro.

Examinamos e discutimos variados casos de obsessões, perseguições e enfermidades, em cuja zona sombria deveríamos penetrar.

Recordamos o imperativo de incentivar a cooperação de diversos companheiros, ameaçados pela treva do desânimo e da discórdia, a fim de não imobilizarem a mente e os braços entre os sofredores do mundo.

O amigo Andrade, presente à reunião, asseverou sensatamente que é tão difícil modificar as disposições de um Espírito perseguidor e vingativo, quanto reerguer um irmão entregue ao desalento.

Nesses minutos de sadia fraternidade, recebi notícias directas de todos os processos de socorro, nos quais tivera a alegria de funcionar nos últimos anos e, resumindo longas demonstrações verbais, concluímos que era imprescindível atacar o trabalho, semeando o bem.

A morte não interrompe o bom combate da luz contra as sombras;
intensifica-o, aliás, dilatando o conhecimento divino em redor do servo operoso e fiel.

Constituiríamos, pois, um conjunto de servidores do Evangelho da Redenção, interessados em estende-los, dentro de mais amplo dinamismo espiritual.

Estaríamos sediados, ali mesmo, no pequeno burgo onde Marta me aguardara, cheia de carinho e dedicação.

Com os recursos intercessores de Bezerra, todos os nossos problemas de localização e movimento de serviço foram solucionados satisfatoriamente.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:41 am

ASSEMBLEIA DE FRATERNIDADE
Irmão Jacob

Foi assim que designamos nova data para as bases definitivas da fase diferente de trabalho.

No dia marcado, para essa assembleia de fraternidade, as árvores acolhedoras que nos cercavam a moradia mostravam-se também mais formosas e mais serenas, oferecendo flores abertas que pareciam proclamar-nos a esperança nos frutos do porvir.

Pássaros alegres cantavam nos ramos, augurando-os sublime alegria...
Desde as horas da manhã, grupos de amigos começaram a chegar.

Os minutos deslizaram encantadores e de mim não saberia expressar o júbilo que me dominavam as fibras mais íntimas.

À noitinha, Bezerra, Sayão, Guillon, Cirne, Inácio Bittencourt, Rosenburg, Frederico Júnior, Ulisses, Tosta, Casimiro Cunha, Batuíra, Romualdo de Seixas, Petintinga, Emmanuel, Ande Luiz e muitos outros trabalhadores do Cristianismo redivivo, no Brasil, permaneciam, connosco, encorajando-nos os corações.

Iniciados os trabalhos de comunhão fraternal;
diversos orientadores presentes exortaram-nos ao ministério da acção evangélica;
e Bezerra de Menezes, conduzindo a parte final, comentou a grandeza da vida que se desdobra, infinita, em todos os ângulos do Universo e a divindade do trabalho edificante que nomeou por escada iluminativa sujos degraus nos conduzem até à Fonte Augusta da Criação.

Explanou sabiamente, com referência aos serviços que nos competiriam de ora em diante e reportou-se aos tesouros da boa-vontade, arrancando-nos lágrimas de esperança e contentamento.

Por fim, num gesto que provocou alegria geral, convidou André Luiz a fazer a prece de encerramento, aludindo aos seus trabalhos informativo da nossa esfera de acção.

O estimado médico da espiritualidade ergueu-se e orou comovidamente:
“Senhor Jesus!
Dá-nos o poder de operar a própria conversão,
Para que o teu Reino de Amor seja irradiado Do centro de nós mesmos!...”“.

Contigo em nós,
Converteremos
A treva em claridade,
A dor em alegria,
O ódio em amor,
A descrença em fé viva,
A dúvida em certeza,
A maldade em bondade,
A ignorância em compreensão e sabedoria,
A dureza em ternura,
A fraqueza em força,
O egoísmo em cântico fraterno.
O orgulho em humildade,
O torvo mal em infinito bem!

Sabemos Senhor,
Que de nós mesmos
Somente possuímos a inferioridade
De que nos devemos desenvencilhar...

Mas, unidos a Ti,
Somos galhos frutíferos
Na árvore dos séculos
Que as tempestades da experiência jamais deceparão!...

Assim, pois, Mestre Amoroso,
Digna-te amparar-nos
A fim de que nos elevemos
Ao encontro de tuas mãos sábias e compassivas,
Que nos erguendo da inutilidade
Para o serviço da Cooperação Divina,
Agora e para sempre, Assim seja!...””.
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Ave sem Ninho Seg maio 21, 2012 9:41 am

RECOMEÇO
Irmão Jacob

A oração terminou num deslumbramento de luminosidade e alegria, a estender-se além de nós...

Que poderia dizer, em sinal de reconhecimento?
De meu júbilo falavam as lágrimas copiosas a me borbulharem dos olhos.

Fizeram-se as despedidas e, em breve, enquanto os companheiros de minha nova luta repousavam no domicílio que nos abrigaria o pensamento orientador, vi-me sozinho, sob o arvoredo banhado de luar.

Nos céus, brilhavam aquelas mesmas estrelas que, de quando em quando, me habituara a contemplar da Crosta da Terra e, meditando, de alma feliz, sobre o dia seguinte, em que retomaria o mesmo abençoado trabalho que encetara entre os homens, roguei, em silêncio, a bênção do Eterno, para que me não faltassem a luz e a paz, o equilíbrio e a coragem na tarefa bendita do recomeço.


NÓTULAS DA EDITORA

Nótulas da editora, relativas a algumas das personagens citadas neste livro:
BATUIRA, cognome de António Gonçalves da Silva – Pioneiro do Espiritismo em terras de Piratininga (desencarnou em 1909).
BEZERRA DE MENEZES – Adolfo (Dr) – Presidente da FEB, de 1895 a 1899 (Desencarnou em 1900).

BITTENCOURT SAMPAIO – Francisco Leite (Dr) – Poeta, escritor, médium receitista e membro do “Grupo Confúcio” e do “Grupo Ismael” (Desencarnou em 1895).

CASIMIRO CUNHA Poeta, cego desde a idade de dezasseis anos, colaborava em “Reformador” (desencarnou em 1914).
CIRNE, Leopoldo – Presidente da FEB, de 1900 a 1913 (Desencarnou em 1941).
FREDERICO Pereira da silva JÚNIOR – Médium do “Grupo Ismael” durante 34 anos (Desencarnou em 1914).

GUILLON RIBEIRO, Luís Olímpio (Dr) – Presidente da FEB em 1920 e 21 e de 1930 até à época de sua desencarnação em 1943.
INÁCIO BITTENCOURTVice-Presidente da FEB, em 1915, médium receitista (Desencarnou em 1943).
ORNELAS, Adolfo Oscar do Amaral – Secretário do “Reformador”, médium, dramaturgo e poeta de valor (Desencarnou em 1923).

PETINTINGA, pseudónimo de José Florentino de Sena – Presidente da União Espírita Bahiana.
Poeta ilustre (Desencarnou em 1939).
ROMUALDO António de SEIXAS – Arcebispo da Bahia, desencarnado em 1860.
É um dos Guias do “Grupo Ismael”.


ROSENBURG, Artur (Cel) – Director da FEB, por muitos anos (Desencarnou em 1930).
SAYÃO, António Luís (Dr) – Director do “Grupo Ismael”, escritor e evangelizador (Desencarnou em 1903).

SCHUTEL, Cairbar (Farmacêutico) – Abnegado espírita, escritor e jornalista (Desencarnou em 1938).
SPINOLA, Aristides (Dr) – Presidente da FEB, em vários anos (Desencarnou em 1925).

TOSTA, José Machado – Jornalista espírita, esforçado professor de Esperanto na FEB (desencarnou em 1929).

ULISSES de Mendonça – Médium do “Grupo Ismael” (Desencarnou no Estado de Mato Grosso).
Vale OWEN, Ver. G. – Vigário de Oxford, Lancashire, Inglaterra, médium que recebeu uma série de livros semelhantes aos de André Luiz.

Digitado por: Lúcia Aydir

§.§.§- O-canto-da-ave
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122481
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - Página 3 Empty Re: VOLTEI - IRMÃO JACOB / FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Mensagem  Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 3 de 3 Anterior  1, 2, 3

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos