LUZ ESPÍRITA
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INSTRUÇÕES PSICOFÓNICAS - Diversos Espíritos/FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:06 pm

25 - ROGATIVA

Findas as nossas tarefas de socorro espiritual, na noite de 26 de agosto de 1954, foi Emmanuel, o nosso amigo de sempre, quem se utilizou das faculdades psicofónicas do médium, pronunciando a oração que transcrevemos.


Senhor Jesus!
Associa-se a nossa voz a todas as súplicas que te rogam a bênção de amor, a fim de que possamos trabalhar em harmonia com os teus superiores desígnios.

Dá-nos consciência de nossas responsabilidades e infunde-nos a noção do dever.

Reveste-nos com a dignidade da resistência pacífica, diante do mal que nos conclama à perturbação, e faz-nos despertos na construção espiritual que fomos chamados a realizar contigo, dentro da renunciação que nos ensinaste.

Apaga em nosso pensamento as labaredas da discórdia e ajuda-nos a responder com silêncio, serenidade e diligência no bem toda ofensiva da leviandade, da violência e do ódio.

Instila-nos a coragem de esquecer tudo o que expresse inutilidade e aviva-nos a memória no cultivo dos valores morais indispensáveis à edificação do nosso futuro.

Mestre, não nos deixes hipnotizados pela indiferença que tantas vezes tem sido o nosso clima de invigilância pessoal em tua obra de luz.

Que a fraternidade e a ordem, a compreensão humana e o respeito recíproco nos presidam à tarefa de cada dia, em teu nome, na execução de tua divina vontade, são os votos que repetimos com todo o coração, hoje e sempre.

Emmanuel
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:06 pm

26 - UMA LIÇÃO

Na reunião da noite de 2 de setembro de 1954, no momento habitual das instruções, fomos surpreendidos com a visita de Joaquim, um irmão cuja identidade não nos é possível fornecer.


Apreciando-lhe o comunicado, será Interessante recordar que, algum tempo antes, fora socorrido em nossa agremiação.
Surgira revoltado e infeliz.

Dizia-se molestado por fortes jactos de água fria e alegava estar sendo dissecado vivo numa aula de medicina anatómica.

Afirmava sentir pavoroso sofrimento e lembramo-nos perfeitamente de que repetia, a cada passo, entre lágrimas:
— “Como é possível aplicar semelhante procedimento a um homem vivo? Não há justiça na Terra?”

Regressando ao nosso Grupo na noite referida, Joaquim esclareceu-nos por que sofrera a pena de talião em toda a sua dureza de “olho por olho e dente por dente”, fazendo-nos sentir que nos reencarnamos para crescer em virtude e entendimento, cabendo-nos a obrigação de praticar o bem, dentro de todas as possibilidades ao nosso alcance, para renovarmos as causas que preponderam em nosso destino, segundo a Lei de Causa e Efeito.

Realmente, a palestra de Joaquim é uma preciosa lição para nós todos, convidando-nos a aproveitar, com o máximo de nossa boa-vontade e de nossas forças, a presente romagem que desfrutamos na Terra.

Há meses, abrigastes meu Espírito em vossa estação de pronto-socorro espiritual.

E volto para trazer-vos notícias.
Simples é o meu caso.

Entretanto, é uma lição e todas as lições que falam de perto aos vivos acordados depois da morte certamente interessam aos que jazem, por enquanto, adormecidos na carne.

Minha derradeira máscara física era a de um pobre homem, que tombou na via pública, num insulto cataléptico.

Tão pobre que ninguém lhe reclamou o suposto cadáver.

Conduzido à laje húmida, não consegui falar e nem ver, contudo, não obstante a inércia, meus sentidos da audição e do olfacto, tanto quanto a noção de mim mesmo, estavam vigilantes.

Impossível para mim descrever-vos o que significa o pavor de um morto-vivo.
Depois de muitas horas de expectação e agonia moral, carregaram-me seminu para a câmara fria.

Suportei o ar gelado, gritando intimamente sem que a minha boca hirta obedecesse.
Não posso enumerar as horas de aflição que me pareceram intermináveis.

Após algum tempo, fui transportado para certo recinto, em que grande turma de jovens me cercou, em animada conversação que primava pela indiferença à minha dor.

Inutilmente procurei reagir.
Achava-me cego, mudo e paralítico...

Assinalava, porém, as frases irreverentes em torno e conseguia ajuizar, quanto à posição dos grupos a se dispersarem junto de mim...

Mais alguns minutos de espera ansiosa e senti que lâmina afiada me rasgava o abdómen.
Protestei, com mais força, no imo de minhalma, no entanto, minha língua jazia imóvel.
Tolerando padecimentos inenarráveis, observei que me abriam o tórax e me arrebatavam o coração para estudo.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:07 pm

Continua...

Em seguida, um choque no crânio para a trepanação fez-me perder a noção de mim mesmo e desprendi-me, enfim, daquele fardo de carne viva e inerte, fugindo horrorizado qual se fora um cão hidrófobo, sem rumo...

Não tenho palavras para expressar a perturbação a que me reduzira.
E, até agora, não sou capaz de imaginar, com exactidão, as horas que despendi na correria martirizante.

Trazido, porém, à vossa casa, suave calor me regenerou o corpo frio.
Escutei as vossas advertências e orações...

E braços piedosos de enfermeiros abnegados conduziram-me de maca a um hospital que funciona como santa retaguarda, além do campo em que sustentais abençoada luta.

Banhado em águas balsâmicas, aliviaram-se-me as dores.

Transcorridos alguns dias, implorei o favor de vir ao vosso núcleo de prece, solicitando-vos cooperação para que todos os cadáveres, constrangidos aos tormentos da autópsia, recebessem, por misericórdia, o socorro de injecções anestésicas, antes das intervenções cirúrgicas, para que as almas, ainda não desligadas, conseguissem superar o «pavor cadavérico» que, depois da morte, é muito mais aflitivo que a própria morte em si.

Em resposta, porém, à minha alegação, um de vossos amigos — que considero agora também por meus amigos e benfeitores —, numa simples operação magnética, mergulhou-me no conhecimento da realidade e vi-me, em tempo recuado, envergando o chapéu de um mandarim principal...

O rubi simbólico investia-me na posse de larga autoridade.

Revi-me, numa noite de festa, determinando que um de meus companheiros, por mero capricho de meu orgulho, fosse lançado em plena nudez num pátio gelado...
Ao amanhecer, recomendei lhe furtassem os olhos.

Mandei algemá-lo qual se fora um potro selvagem, embora clamasse compaixão...
Impassível, ordenei fosse ele esfolado vivo...

Depois, quando o infeliz se debatia nas vascas da morte, decidi fosse o seu crânio aberto, antes de entregue aos abutres, em pleno campo...

Exigi, ainda, lhe abrissem o abdómen e o tórax...
Reclamei-lhe o coração numa bandeja de prata...
O toque magnético impusera-me o conhecimento de minha dívida.

As reminiscências de sucessos tão tristes confortavam-me e humilhavam-me ao mesmo tempo.

Em pranto, nas fibras mais íntimas, indaguei dos mentores que me cercavam:
— Será, então, a justiça assim tão implacável? Onde o amor nos fundamentos da vida?

Alguém que para vós aqui se movimenta, à feição de generosa mãe de todos (1), explicou-me com bondade:
— Amigo, viveste na indiferença e a ociosidade atrai sobre nós, com mais pressa, as consequências de nossas faltas.

É por essa razão que a justiça funciona matematicamente para contigo, já que não chamaste a luz do amor ao campo de teu destino.

Compreendi, então, que se houvesse amado, cultivando a árvore da fraternidade, decerto que outras sementes, outras energias e outros recursos teriam interferido em minha grande tragédia, atenuando-me o sofrimento indescritível.

É por isso que, como lembrança, trago-vos a lição do meu passado-presente com a afirmação de que tudo farei para aproveitar os favores que estou recolhendo, recordando a vós outros — e talvez seja este o único ponto valioso de minha humilde visitação — a palavra do Evangelho, quando nos deixa entrever que só o amor é capaz de cobrir a multidão de nossos pecados.

Que a humildade e o serviço, a boa-vontade e as boas obras nos orientem o caminho, porque, com semelhante material, edificaremos o elevado destino que nos aguarda no grande porvir, para exaltar a justiça consoladora — a justiça que é também misericórdia de Nosso Pai.

Joaquim

(1) O comunicante refere-se a Meimei. — Nota do organizador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:07 pm

27 - BOM AVISO

Rematando as nossas tarefas, na noite de 9 de se¬tembro de 1954, José Xavier, nosso amigo espiritual, senhoreou as faculdades psicofónicas do médium, passando a conversar connosco em versos.


Alguns de nossos companheiros, antes da reunião, haviam encaminhado a palavra, em nosso templo de preces, para assuntos menos edificantes, relacionando queixumes e reprovações com apontamentos picantes de permeio.

José Xavier, contudo, veio ao nosso encontro, e, alertando-nos para os nossos deveres, deixou-nos a excelente advertência que ficou intitulada “Bom Aviso”.

Meus irmãos, em benefício
De nossas reuniões,
Preparando as nossas preces,
Lavemos os corações.

Já que na Terra é difícil
Viver sem o «leva-e-traz»,
Pelo menos, por minutos,
Preservemos nossa paz.

Alcançando as seis da tarde,
Para que o mal nos esqueça,
Desinfectemos a boca
E arejemos a cabeça.

Se a discussão nos procura
Com razão ou sem razão,
Pronunciemos palavras
De bondade e de perdão.

Se a política exigir-nos
Opiniões e contactos,
Oremos na paz de Deus
Por todos os candidatos.

Risinhos e anedotários
Com pimenta malagueta,
Situemos, sem alarde,
No silêncio da sarjeta.

Aflições da parentela
E chagas do pensamento
Resguardemos, apressados,
No cesto do esquecimento.

Censuras, reprovações,
Orgulho, mágoa e capricho,
Conservemos, com cuidado,
No depósito de lixo.

Ante as doenças e as provas
Guardemos conformação,
Tratando-as, sem desespero,
Na farmácia da oração.

Finda a tarefa, porém,
Na jornada costumeira,
Cada qual lavre o seu campo
E viva à sua maneira.

Entretanto, relembremos,
Em nossas lutas e tratos,
Que sempre receberemos
De acordo com os nossos actos.

Quanto ao mais, Deus nos perdoe,
Socorrendo a nossa fé.
É a bênção que vos deseja
O vosso mano José.

José Xavier
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:07 pm

28 - PALAVRAS DE AMIGO

Na fase terminal da nossa reunião, na noite de 16 de setembro de 1954, os recursos psicofónicos do médium foram ocupados pelo nosso amigo Queiroz, que foi abnegado médico em Belo Horizonte e cuja personalidade não podemos identificar, de todo, por motivos justos.


Conhecemo-lo pessoalmente.
Homem probo e digno, fizera da Medicina verdadeiro sacerdócio.

Dedicava-se aos clientes e partilhava-lhes as dificuldades e sofrimentos, qual se lhe fossem irmãos na ordem familiar.

Apenas 28 dias depois de desencarnado, com o amparo de Amigos Espirituais viera pela primeira vez ao nosso Grupo.

Parecia despertar de longo sono e sentia-se ainda no corpo de carne.

Reconhecia-se consciencialmente, mas julgava-se ainda em estado comatoso e, por isso, orava com encantadora fé e em voz alta pelos enfermos que lhe recebiam cuidados, confiando-os a Deus.

Passando a conversar connosco e assistido magneticamente pelos Benfeitores Espirituais de nosso templo, despertou para a verdade em comovente transporte de alegria.

Lembramo-nos, perfeitamente, de ouvi-lo dizer, tão logo se observou redivivo:
- “Então, a morte é Isto?
Uma porta que se fecha ao passado e outra que se abre ao futuro?”


Passou, de imediato, a ver junto de si antigos clientes desencarnados que lhe vinham demonstrar gratidão e, com inesquecíveis expressões de amor a Jesus, despediu-se, contente, deixando-nos agradecidos e emocionados.

Voltando ao nosso círculo de acção, felicitou-nos com a presente mensagem que bem lhe caracteriza o elevado grau de entendimento evangélico.

Sou daqueles que precisaram morrer para enxergar com mais segurança.
A experiência terrestre é comparável a espessa cortina de sombra, restringindo-nos a visão.

E, em mim, o dever do médico eclipsava a liberdade do homem, limitando observações e digressões.

Contudo, vivi no meu círculo de trabalho com bastante discernimento para identificar os profundos antagonismos de nossa época.

Insulado nas reflexões dos derradeiros dias no corpo, anotava as vicissitudes e conflitos do espírito humano, entre avançadas conquistas científico-sociais e os impositivos da própria recuperação.

Empavesado na hiper estrutura da inteligência, nosso século sofre aflitiva sede de valores morais para não descer a extremos desequilíbrios, e a existência do homem de hoje assemelha-se a luxuoso transatlântico, navegando sem bússola.

Por toda parte, a fome de lucros ilusórios, a indústria do prazer, a desgovernada ambição, o apetite insaciável de emoções inferiores e a fuga da responsabilidade exibem tristes espectáculos de perturbação, obrigando-nos a reconhecer a necessidade de fé renovadora para o cérebro das elites e para o coração das massas sem rumo.

Daqui, portanto, é fácil para nós confirmar agora que o mundo moderno está doente.

E o clínico menos atilado perceberá sem esforço que o diagnóstico deve ser interpretado como sendo carência de Deus no pensamento da Humanidade, estabelecendo crises de carácter e confiança.

Apagando o personalismo que eu trouxe da Terra, descobri, estudando em vossa companhia, que somente o Cristo é o médico adequado à cura do grande enfermo e que só o Espiritismo, revivendo-lhe as lições divinas, é-lhe a medicação providencial.

Segundo vedes, sou apenas modesto aprendiz da grande transformação. Entretanto, quanto mais se me consolidam as energias, mais vivo é o meu deslumbramento, diante da verdade.

A luz que o Senhor vos deu e que destes a mim alterou-me visceralmente a feição pessoal.

Sou, presentemente, um médico tentando curar a si mesmo.
Minhas aquisições culturais estão reduzidas a chama bruxuleante que me compete reavivar.

Meus préstimos, por agora, são nulos.
Mas, revive-se-me a esperança e, abraçando-vos, reconhecido, entrego-me ao trabalho do recomeço...

Glória ao Senhor que nos ilumina o caminho espiritual!

É assim, reanimado e fortalecido, que aceito, agora, o serviço e a solidariedade sob novo prisma, rogando a Jesus nos abençoe e caminhando convosco na antevisão do glorioso futuro.

Queiroz
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:08 pm

29 - CONSCIÊNCIA FERIDA

Na noite de 23 de setembro de 1954, recebemos pela segunda vez a presença de Maria da Glória, uma entidade sofredora que se devota agora à nossa casa.


Regressando ao nosso círculo de orações com a palavra falada, trouxe-nos, nessa noite, a sua história comovente, que passamos a transcrever.

Meus amigos.
Deus nos ampare.

Depois de minha primeira visita, eis que torno à vossa casa, que funcionou para mim como um ninho de socorro e um tribunal de justiça.

Mulher padecente, trazia enlaçado a mim, qual se fora erva sufocante sobre árvore ferida, o espírito revoltado de meu próprio filho, cuja reencarnação impedi, num processo de aborto, no qual, por minha vez, perdi a existência.

Leviana e surda ao dever, adquiri compromissos com a maternidade, detestando-a.

E, por odiar o rebento que me palpitava no seio, procurei destruí-lo, usando venenosa beberagem que igualmente me furtou a vida corpórea.

Entretanto, se supunha que a morte fosse um ponto final à minha tragédia íntima, estava profundamente enganada, porque da poça de sangue a que se me reduziram os despojos, levantou-se, diante de mim, uma sombra acusadora.

A princípio, dessa nuvem amorfa nascia o choro incessante de uma criança recém-nata.

Tentando emudecer aqueles vagidos angustiosos, inutilmente rezei, usando orações decoradas na infância...

A nuvem, porém, jazia algemada ao meu próprio peito, através de laços cuja consistência ainda hoje não posso definir.

Abandonei, amedrontada, o meu aposento de mulher solteira e, esquecendo o culto do prazer a que me dedicara, procurei fugir, como se eu pudesse escapar de mim mesma.

Perdi a ideia de rumo...
Esqueci o calendário.
De minha memória desapareceu a noção de tempo. Guardava a consciência de que a nuvem e eu corríamos sem cessar...

Houve, contudo, um momento em que a sombra se converteu na forma de um homem, que me perseguia, amaldiçoando:
— Desnaturada! Assassina!... Assassina!...

Anelei, assim, depois da morte, a vinda de outra morte que me afundasse no esquecimento.

Sentindo sede, debruçava-me no charco...
Torturada de fome, atirava-me aos detritos dos animais mortos no campo...

Ah! como será possível alguém adivinhar na Terra, enquanto a bênção do corpo físico é uma graça para o Espírito que opera entre os homens, o tormento da consciência que edificou em si mesma o inferno que a envolve?

Minha existência passou a ser um suplício constante, terrível, inominável...
Chegou, todavia, a noite em que, à maneira de náufrago fatigado, vim dar à praia de vosso templo.

Mãos amigas apartaram-me da sombra agressiva a que me prendia, agoniada...

O alívio surgiu, por fim...
Entretanto, de alma conturbada, roguei esclarecimento para o meu desvario, embora conhecendo a minha culpa de pecadora penitente.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:08 pm

Continua...

Recebi, de imediato, a resposta.

Um de vossos amigos (1) — justamente aquele que me acompanha aqui, nesta noite, com fins educativos — submeteu-me a longa intervenção magnética e, fazendo com que minhas reminiscências recuassem no tempo, vi-me no Rio, menina malnascida, amparada por nobre mulher.

Para ser mais explícita, devo adiantar que essa criatura era Dona Mariana Carlota, a Condessa de Belmonte, aia do Imperador Dom Pedro 2º, ainda criança.

Fui conduzida ao leito de pálida menina enferma, que morria pouco a pouco...
Essa menina era a Princesa Dona Paula, que se afeiçoou a mim, com natural carinho.

Mas, por morte dela, eu ficava aos treze anos novamente desamparada.
No entanto, benfeitores do palácio estenderam-me braços generosos e fui mantida em São Cristóvão, na posição de criada humilde.

Aos vinte de idade, desposei um artesão da Casa Real.
Miguel era o nome de meu marido.
Duas filhas vieram ao nosso encontro.

A tentação dos prazeres carnais, porém, fascinava-me o espírito inferior.
Foi assim que aceitei a proposta indigna de um homem que me arrancou do lar para delituosa aventura.

Na tela de minhas recordações, surgiu então a noite do dia 4 de setembro de 1843, noite festiva que consagrou o casamento daquele que era o Imperador do Brasil.

Mulher moça, esposa e mãe, olvidei minhas obrigações e fui à procura de quem passara a ser o adversário de minha felicidade, a fim de receber-lhe a companhia, na rua Direita, junto ao Arco do Triunfo, com o qual se comemorava a grande cerimónia.

O Rio, nessa data, acolhia a nova imperatriz dos brasileiros.

É necessário me detenha nesses fatos — esclarece o benfeitor que me auxilia —, para marcar em nossa lição que o tempo não desaparece com o passado, continuando vivo em nosso presente, como estará também vivo para nós, no grande futuro...

Na noite a que me reporto, fui surpreendida por meu esposo, numa atitude de desconsideração aos compromissos que abraçara.

Miguel não resistiu.
Respondeu-me à loucura com o suicídio.
Transformou-se-me, então, a vida.

Dificuldades sobrevieram.
Enjeitei minhas filhas.

Partilhei o destino do aventureiro que, em seguida à minha irreflexão, me atirou ao resvaladouro das mulheres de ninguém...

Entretanto, a sombra de meu companheiro suicida nunca mais se apagou de meus passos.

Seguiu-me, não obstante desencarnado, agravou-me as provações e reuniu-se a mim, quando me desliguei do corpo de carne, num asilo de alienados mentais, depois de atribulada peregrinação pelo meretrício.

Escuros tempos assomaram-me à lembrança.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:09 pm

Continua...

O caminho expiatório é um trilho de sofrimentos e reparações, e nós éramos dois condenados, respirando a escuridão de noite profunda...

Uma noite imensa, povoada de gemidos, de blasfémias, de dor... até que renasci na carne, novamente em corpo de mulher.

Amando-me e odiando-me ao mesmo tempo, Miguel intentara ser meu filho, contudo, arruinei-lhe os propósitos, recusando a maternidade menos feliz, retornando nós dois, desse modo, às trevas de onde vínhamos.

Agora, tudo de novo a recomeçar...
Um século, meus amigos...
Um século de um erro a outro erro...

Vede o martírio da mulher que em cem anos nada mais fez senão transviar-se por invigilância!

De 1943 até o ano findo, padecimentos novos me exacerbaram a luta, até que a prece e o amor me socorreram.

Venho, pois, compartilhar-vos a oração, a fim de que me renove, de modo a partir dignamente ao encontro do esposo que buscou reaproximar-se de mim, na condição de filho, para, de alguma sorte, ensaiarmos juntos a jornada reparadora.

Com a presente narrativa, não tenho outro intuito senão dizer-vos que a vida está continuando...

Que o trabalho não cessa...
Que o tempo não morre...
E que ai daqueles que caem, porque o soerguimento, muitas vezes, constitui fogo e fel no coração.

Sou um Espírito em reajuste.
Alguém que vos bate à porta, rogando amparo.

Pobre mulher que fala às outras, avisando-as quanto ao flagelo que nos aguarda, cada vez que o nosso coração foge aos princípios superiores da senda de elevação...

Expresso-me, assim, porque os homens, até certo ponto, são produto de nossa influência e domínio.

Os homens que nos partilham o leito, que se nutrem do pão que amassamos, que nos absorvem os pensamentos e que nos ouvem as palavras são nossos filhos e nossos irmãos, dependendo de nós para a vitória da Justiça e do Bem.

Que o Senhor nos dê consciência de nosso mandato!

Que as companheiras presentes me ajudem com as suas preces, aproveitando igualmente a experiência aflitiva da mísera irmã que, em se perdendo, há tanto tempo, ainda não conseguiu recuperar-se...

Que Deus nos ilumine!...

Maria da Glória

(1) Refere-se a entidade a um dos Benfeitores Espirituais que nos assistem as tarefas. — Nota do organizador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:33 pm

30 - CORAÇÃO E CÉREBRO

No encerramento das nossas actividades, na reunião da noite de 2 de outubro de 1954, foi Meimei quem tomou as faculdades psicofónicas do médium, alertando-nos para a cultura do coração.


Imaginemos um castelo de prodigiosa beleza, no cimo da montanha, talhado em ouro maciço, ostentando torres de cristal, ameias incrustadas de pérolas e pátios pavimentados de brilhantes, entre ogivas refulgentes, mas sem água que lhe garanta a habitabilidade e alegria.

Ao clarão diurno, faísca de cintilações e, à noite, assemelha-se a santuário sublime vestido de prateada luz.

Entretanto, na aridez em que se encrava, reduz-se a solitário retiro, no qual somente as aranhas e as serpes da sombra se amontoam, rebeldes e envenenadas.

Eis, porém, que surge um dia em que de fonte oculta aflora no palácio um fio dágua humilde.

E onde havia abandono aparece o pouso agasalhante, cercado de jardins, substituindo a secura que se enfeitava de pó.

Escorpiões e víboras fogem apressados, ante os hinos do trabalho e as vozes das crianças.

Temos nesses símbolos o cérebro super mentalizado e o coração regenerador.

O raciocínio erguido às culminâncias da cultura, mas sem a compreensão e sem a bondade que fluem do entendimento fraterno, pode ser um espectáculo de grandeza, mas estará distante do progresso e povoado pelos monstros das indagações esterilizantes ou inúteis.

Enriqueçamo-lo, porém, com o manancial do sentimento puro e a inteligência converter-se-á, para nós e para os outros, num templo de sublimação e paz, consolo e esperança.

Cultivemos o cérebro sem olvidar o coração.

Sentir, para saber com amor;
e saber, para sentir com sabedoria, porque o amor e a sabedoria são as asas dos anjos que já comungam a glória de Deus.

Meimei
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:33 pm

31 - UM IRMÃO DE REGRESSO

Os ensinamentos por nós recolhidos, na reunião da noite de 7 de outubro de 1954, constituem, a nosso ver, informações de grande interesse para todos os companheiros que militam no socorro aos desencarnados.


O mensageiro espiritual que nos visitou foi o nosso confrade Efigénio S. Vítor, antigo trabalhador do Espiritismo em Belo Horizonte, onde, por largos anos, emprestou as melhores forças à Doutrina que nos reconforta.

Sua palestra psicofónica demonstra com detalhes a carinhosa atenção prodigalizada por nossos Benfeitores Espirituais aos nossos agrupamentos doutrinários, porquanto o que se dá, em nossa agremiação simples e sincera, acontece em todas as casas espíritas onde o escopo essencial seja o serviço ao próximo, sob o amparo de nosso Divino Mestre.

Leiamos-lhe a mensagem consoladora e instrutiva.

Espírita militante que fui, muitas vezes, dirigindo sessões mediúnicas, desejei que algum dos companheiros desencarnados me trouxesse notícias do Além, tão precisas e claras quanto possível, a começar do ambiente das reuniões que eu presidia ou das quais partilhava.

Desembaraçado agora do corpo físico, não obstante carregar ainda muitas velhas imperfeições morais, tentarei comentar nossa paisagem de serviço, no intuito de fortalecê-los, na edificação que fomos chamados a levantar.

Como não ignoram, operamos aqui em bases de matéria noutra modalidade vibratória.

Por mercê de Deus, possuímos nossa sede de trabalho em cidade espiritual que se localiza nas regiões superiores da Terra ou, mais propriamente, nas regiões inferiores do Céu.

Gradativamente, a Humanidade compreenderá, com dados científicos e positivos, que há no Planeta outras faixas de vida.

E assim como existe, por exemplo, para o serviço humano o solo formado de argila, areia, calcário e elementos orgânicos, temos para as nossas actividades o solo etéreo, em esfera mais elevada, com as suas propriedades químicas especiais e obedecendo a leis de plasticidade e densidade características.

É de lá, de onde se erguem organizações mais nobres para a sublimação do espírito e onde a Natureza estua em manifestações mais amplas de sabedoria e grandeza, que tornamos ao convívio de nossos irmãos encarnados para a continuação da tarefa que abraçamos no mundo.

Satisfazendo, porém, ao nosso objectivo essencial, aproveitaremos os minutos de que dispomos para falar-lhes, de algum modo, acerca da tela de nossas actividades.

Qual ocorre aos demais santuários de nossa fé, orientados pelo devotamento ao bem, junto aos quais o Plano Superior mantém operosas e abnegadas equipes de assistência, nossa casa, consagrada à Espiritualidade, é hoje um pequeno mas expressivo posto de auxílio, erigido à feição de pronto-socorro.

Com a supervisão e cooperação de vasto corpo de colaboradores em que se integram médicos e religiosos, inclusive sacerdotes católicos, ministros evangélicos e médiuns espíritas já desencarnados, além de magnetizadores, enfermeiros, guardas e padioleiros, temos aqui diversificadas tarefas de natureza permanente.

Nossa reunião está garantida por três faixas magnéticas protectoras.

A primeira guarda a assembleia constituída e aqueles desencarnados que se lhes conjugam à tarefa da noite.

A segunda faixa encerra um círculo maior, no qual se aglomeram algumas dezenas de companheiros daqui, ainda em posição de necessidade, à cata de socorro e esclarecimento.

A terceira, mais vasta, circunda o edifício, com a vigilância de sentinelas eficientes, porque, além dela, temos uma turba compacta — a turba dos irmãos que ainda não podem partilhar, de maneira mais íntima, o nosso esforço no aprendizado evangélico.

Essa multidão assemelha-se à que vemos, frequentemente, diante dos templos católicos, espíritas ou protestantes com incapacidade provisória de participação no culto da fé.

Bem junto à direcção de nossas actividades, está reunida grande parte da equipe de funcionários espirituais que nos preservam as linhas magnéticas defensivas.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:34 pm

Continua...

À frente da mesa orientadora, congregam-se os companheiros em luta a que nos referimos.

E em contraposição com a porta de acesso ao recinto, dispomos em acção de dois gabinetes, com leitos de socorro, nos quais se alonga o serviço assistencial.

Entre os dois, instala-se grande rede electrónica de contenção, destinada ao amparo e controle dos desencarnados rebeldes ou recalcitrantes, rede essa que é um exemplar das muitas que, da vida espiritual, inspiraram a medicina moderna no tratamento pelo electro-choque.

E assim organiza-se nossa casa para desenvolver a obra fraterna em que se empenha, a favor dos companheiros que não encontraram, depois da morte, senão as suas próprias perturbações.

Assinalando, de maneira fugacíssima, o sector de nossa movimentação, devemos recordar que, acima da crosta terrestre comum, temos uma cinta atmosférica que classificamos por «cinta densa», com a profundidade aproximada de 50 quilómetros, e, além dela, possuímos a «cinta leve», com a profundidade aproximada de 950 quilómetros, somando 1.000 quilómetros acima da esfera em que vocês presentemente respiram.

Nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos exemplares de almas desencarnadas, junto de variadas espécies de criaturas sub-humanas, em desenvolvimento mental no rumo da Humanidade.

Milhões de Espíritos alimentam-se da atmosfera terrestre, demorando-se, por vezes, muito tempo, na contemplação íntima de suas próprias visões e criações, nas quais habitualmente se imobilizam, à maneira da alga marinha que nutre a si mesma, absorvendo os princípios do mar.

Meus amigos, para o espírita a surpresa da desencarnação pode ser muito grande, porque além-túmulo continuamos nas criações mentais que nos inspiravam a existência do mundo.

O Espiritismo é uma concessão nova do Senhor à nossa evolução multimilenária.

Surpreendemos em nossa Doutrina vastíssimo campo de libertação, mas também de responsabilidade profunda, e o maior trabalho que nos compete efectuar é o de nosso próprio burilamento interior, para que não estejamos vagueando nas trevas das horas inúteis, pois somente aqueles que demandam a morte, sustentando maiores valores de aperfeiçoamento próprio, é que se ajustam sem sacrifício à própria elevação.

Reportando-nos à experiência religiosa, poucos padres aqui continuam padres, poucos pastores prosseguem pastores e raros médiuns de nossas formações doutrinárias continuam médiuns, porquanto os títulos de serviço na Terra envolvem deveres de realização dos quais quase sempre vivemos em fuga pelo vício de pretender a santificação do vizinho, antes de nossa própria melhoria, em nos referindo à construção moral da virtude.

A morte é simplesmente um passo além da experiência física, simplesmente um passo.

Nada de deslumbramento espectacular, nada de transformação imediata, nada de milagre e, sim, nós mesmos, com as nossas deficiências e defecções, esperanças e sonhos.

Por isso, propunha-me a falar-lhes, de algum modo, nesta primeira visita psicofónica, do compromisso que assumimos, aceitando a nossa fé pura e livre...
porque num movimento renovador tão grande, tão iluminativo e tão reconfortante quanto o nosso, é muito fácil começar, muito difícil prosseguir e, apenas em circunstâncias muito raras, somos capazes de conquistar a coroa da vitória para a tarefa que encetamos.

Somos espíritas encarnados e desencarnados.

À nossa frente, desdobra-se a vida — a vida que precisamos compreender com mais largueza de pensamento, com mais altura de ideal e com mais sadio interesse no estudo e na prática da Doutrina que vale em nossa peregrinação por sublime empréstimo de Deus.

Não se esqueçam de que se é grande a significação de nossa fé, enquanto viajamos no mundo, a importância dela é muito mais ampla depois de perdermos a veste fisiológica.

Em outra oportunidade, tornaremos ao intercâmbio.
Nossos assuntos são fascinantes e, em outro ensejo, nossa amizade voltará.

Jesus nos ilumine e abençoe.

Efigénio S. Vítor
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:34 pm

32 - PALAVRAS DE LUZ

Grande júbilo marcou para nós a noite de 14 de outubro de 1954.


Na fase terminal de nossas tarefas, o Espírito José Xavier, através dos canais psicofónicos, avisou-nos fraternalmente:
— “Esforcemo-nos por entrelaçar pensamentos e preces, por alguns minutos, pois receberemos, na noite de hoje, a palavra, distanciada embora, de quem há sido, para muitos de nós, um anjo e uma benfeitora.

Nosso grupo, em sua feição espiritual, deve permanecer atento.

Neste instante, aproximar-se-á de nós, tanto quanto possível, a grande Teresa d’Ávila e, assim como um grão de areia pode, em certas situações, reflectir a luz de uma estrela, nosso conjunto receber-lhe-á a mensagem de carinho e encorajamento, através de fluidos teledinâmicos.

A mente do Chico está preparada agora, qual se fosse um receptor radiofónico.

Repetirá, automaticamente, com certa zona cerebral mergulhada em absoluta amnésia, as palavras de luz da grande alma, cujo nome não ousarei repetir.

Rogamos aos companheiros se mantenham em oração e silêncio, por mais dois a três minutos.”

Preparado o grupo, tivemos a felicidade de ouvir a nossa abnegada benfeitora espiritual, cuja mensagem falada nos atingiu os corações, como sendo sublime projecção de amor e luz.

Por muito se adiante a alma no tempo, há sempre tempo para que a alma reconsidere a estrada percorrida, abastecendo-se de esperança no amor daqueles a quem ama, assim como o viajante no mar provê a si mesmo de água doce, a fim de seguir à frente.

«Há tempo de semear e tempo de colher» — diz-nos a experiência da Escritura.
E, se juntos partilhamos a promessa, não seria justo olvidarmo-nos uns aos outros no dia da realização.

«Deixai crescer reunidos o trigo e o joio, até que venha a ceifa» recomendou por sua vez o Senhor.

Entretanto, a palavra de sua Sabedoria não nos inclina à indiferença.

E, lembrando-a, não curamos de ser o trigo porque hoje nos vejamos fora do escuro sedimento da carne e nem insinuamos sejais vós o joio por permanecerdes dentro dela.

Recordamos simplesmente que todos trazemos ainda no campo das próprias almas o joio da ilusão e o trigo da verdade, necessitados da mercê do Celeste Cultivador.

Irmãos, não é apenas por regalar-se o espírito na confiança que se lhe descortinarão as portas da vida glorificada, mas sim por se lhe acendrarem o conhecimento e a virtude, através do trabalho bem sofrido e da caridade bem exercitada.

Outrora, buscávamos a paz na quietude do claustro, na suposição de que a vitória pudesse brilhar a distância da guerra contra as nossas próprias faltas, e disputávamos a posse do santo sepulcro do Excelso Rei, ao preço de sangue e lágrimas dos semelhantes, como se lhe não devêssemos o próprio coração por escabelo aos pés divinos.

Hoje, porém, dispomos de suficiente luz para o caminho e não seria lícito permutar o pão da sabedoria pelo fel da loucura.

Enquanto os séculos de sombra e impertinência se escoam no pó do mundo, preparai nesse mesmo pó, erigido em tabernáculo de carne, os séculos futuros, em que nos reuniremos de novo para a exaltação do triunfo eterno.

Enalteçamos o sacrifício, aprendendo a renunciar para possuir, a perder para ganhar e a morrer para viver.

Por algum tempo ainda padeceremos o cativeiro das nossas culpas e transgressões, mas, em breve, aceitando o trilho escabroso e bendito da cruz, exalçaremos, diante da Majestade Divina, a nossa libertação para sempre.

Que o Senhor seja louvado.

Teresa d’Ávila
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:35 pm

33 - UM ANTIGO LIDADOR

Encerrando as nossas actividades socorristas na reunião de 21 de outubro de 1954, fomos reconfortados com a visita do Irmão Ernesto Senra, antigo lidador dos arraiais espiritistas de Minas Gerais.


Foi ele um dos fundadores do “Centro Espírita Amor e Luz”, a primeira organização doutrinária de Pedro Leopoldo, instalada em 5 de fevereiro de 1903, emprestando, anos mais tarde, sua valiosa colaboração às casas espíritas de Belo Horizonte.

Sua palavra de companheiro esclarecido e perspicaz denota grande conhecimento de nossa vida mental e de nossas necessidades doutrinárias, merecendo, por Isso, a nossa justa atenção.

Imaginai pequena bandeja de papel sobre um ímã.

As partículas de ferro organizar-se-ão, segundo as linhas de força do campo magnético por ele estabelecido.

Mentalizemos as radiações gravitantes que arremessamos de nós, em torno do próprio veículo que nos exterioriza.

Os órgãos vivos que o constituem reproduzir-lhes-ão o impulso e a natureza, inclinando-nos ao equilíbrio ou ao desequilíbrio, à saúde ou à enfermidade.

Nossa mente pode ser comparada a vigorosa usina electromagnética de emissão e recepção e o nosso corpo espiritual, seja no círculo da carne ou em nosso presente estágio evolutivo fora dela, é um condensador em que os centros de força desempenham a função de baterias e em que os nervos servem por fios condutores, transmitindo-nos as emanações mentais e absorvendo-as, em primeira mão, de conformidade com a lei de correspondência ou de fluxo e refluxo.

No exame de quaisquer perturbações, é indispensável o serviço de auto-análise para conhecer a onda vibratória em que nos situamos e a fim de ponderar quanto aos elementos que estamos atraindo.

Isso é de fundamental importância no estudo de nossas impressões orgânicas, porque, provocando os eflúvios mórbidos das entidades enfermas que se nos associam ao mundo psíquico, já estamos consumindo esses mesmos eflúvios, originariamente produzidos por nosso próprio pensamento, colocando-nos em ligação indesejável com os habitantes da sombra.

Através de nossas radiações, favorecemos a eclosão ou o desenvolvimento de moléstias aflitivas, como sejam a neurastenia e a debilidade, a epilepsia e a loucura, a paralisia e a angina, a tuberculose e o câncer, sem nos reportarmos às doenças menores, catalogadas nos quadros da sintomatologia comum.

Referimo-nos, porém, ao assunto, não para pesquisar os raios da treva, de cuja intimidade precisamos distância.

Tangemos a questão, destacando o impositivo de trabalho para os nossos sectores doutrinários, no campo do Espiritismo, de modo a cunharmos novos padrões para nossas atitudes e actividades, criando um estado de consciência individual e colectiva, em que preponderem a saúde e a harmonia, a compreensão e a tolerância, a bondade e o optimismo, o altruísmo e a fortaleza moral.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:35 pm

Continua...

A cada passo, somos defrontados por grupos de nossa Doutrina que mais se assemelham a muros de lamentação, repletos de petitórios e necessidades, quando possuímos em nosso movimento toda uma fonte de bênçãos renovadoras e dons divinos, à feição de ricos potenciais, mobilizáveis na concretização de nosso idealismo com Jesus.

Compete-nos, dessa forma, accionar as energias ao nosso alcance para que a nossa tarefa não se converta em graciosa colheita de conforto particularista, mas sim numa campanha viva e activa de valores educacionais, porquanto o Espiritismo envolve em si mesmo o mais vasto empreendimento de espiritualização até agora surgido no mundo.

Valioso é o nosso património doutrinário.

Mas, se o tesouro permanece aferrolhado no cofre das teorias inoperantes, em verdade perderemos no século oportunidade das mais preciosas, expressa no ensejo de nossa própria edificação ao sol do Cristianismo redivivo.

Em nossa posição de associados de luta, encontramos também doutrinadores sempre ágeis na ministração do ensinamento, com imensa dificuldade de assimilá-los a si mesmos;
companheiros que exaltam a paciência, conservando o coração à maneira dum poço de irascibilidade e de orgulho; irmãs que se reportam à humildade, transformando o lar que o Senhor lhes confia em trincheira de guerra contra os próprios familiares, e amigos que glorificam a lição do Mestre, salientando o impositivo da bondade e do perdão, com absoluta incapacidade de suportar os irmãos da retaguarda.

Cabe-nos, assim, modelar recursos e iniciativas que aperfeiçoem não apenas os nossos corações, mas também nossas casas de trabalho, a se fundamentarem nas nossas próprias almas.

Para esse fim, é indispensável a coragem de aceitar os princípios, incorporando-os à nossa existência.

Os velhos homens do mar abandonaram a vela que lhes dificultava a navegação;
entretanto, para atingir esse resultado, investigaram o vapor e dispuseram-se a receber-lhe os benefícios.

As antigas cidades aboliram o serviço deficiente do gás, contudo, para isso, estudaram a electricidade e adoptaram a lâmpada.

Reclamamos um Espiritismo, não somente sentido, crido e ensinado, mas substancialmente vivido, porque amanhã seremos congregados pela Vida Eterna e o trabalho na Vida Eterna brilhará nas mãos daqueles servidores que, desde agora, procurem realizar a sua própria renovação para o bem.

Amigos, cremos não estar usando a palavra de maneira ociosa.

Desejamos fazer em vossa companhia essa mesma cruzada em que empenhais o coração, de vez que nós outros, os vossos companheiros desencarnados, também somos caminheiros da libertação, decididos a estabelecer novos rumos em nós mesmos, a fim de que a nossa fé seja tanto aí, quanto aqui, trabalho vivo e santificante.

Ernesto Senra
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:35 pm

34 - PARASITOSE MENTAL

Na reunião da noite de 28 de outubro de 1954, fomos novamente felicitados com a palavra do nosso Instrutor Espiritual Doutor Francisco de Menezes Dias da Cruz, que nos enriqueceu os estudos, palestrando em torno do tema que ele próprio definiu por “parasitose mental”.


Observações claras e precisas, estabelecendo um paralelo entre o parasitismo no campo físico e o vampirismo no campo espiritual, o Doutor Dias da Cruz, na condição de médico que é, no-las fornece, aconselhando-nos os elementos curativos do Divino Médico, através do Evangelho, a fim de que estejamos em guarda contra a exploração da sombra.

Avançando em nossos ligeiros apontamentos acerca da obsessão, cremos seja de nosso interesse apreciar o vampirismo, ainda mesmo superficialmente, para figurá-lo como sendo inquietante fenómeno de parasitose mental.

Sabemos que a parasitogenia abarca em si todas as ocorrências fisiopatológicas, dentro das quais os organismos vivos, quando negligenciados ou desnutridos, se habilitam à hospedagem e à reprodução dos helmintos e dos ácaros que escravizam homens e animais.

Não ignoramos também que o parasitismo pode ser externo ou interno.

Nas manifestações do primeiro, temos o assalto de elementos carnívoros, como por exemplo as variadas espécies do aracnídeo acarino sobre o campo epidérmico e, nas expressões do segundo, encontramos a infestação de elementos saprófagos, como, por exemplo, as diversas classes de platielmíntios, em que se destacam os cestóides no equipamento intestinal.

E, para evitar as múltiplas formas de degradação orgânica, que o parasitismo impõe às suas vítimas, mobiliza o homem largamente os vermífugos, as pastas sulfuradas, as loções mercuriais, o pó de estafiságria e recursos outros, susceptíveis de atenuar-lhe os efeitos e extinguir-lhe as causas.

No vampirismo, devemos considerar igualmente os factores externos e internos, compreendendo, porém, que, na esfera da alma, os primeiros dependem dos segundos, porquanto não há influenciação exterior deprimente para a criatura, quando a própria criatura não se deprime.

É que pelo ímã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzi-lo à escabiose e à ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinquência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogénicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte.

Imprescindível, assim, viver em guarda contra as ideias fixas, opressivas ou aviltantes, que estabelecem, ao redor de nós, maiores ou menores perturbações, sentenciando-nos à vala comum da frustração.

Toda forma de vampirismo está vinculada à mente deficitária, ociosa ou inerte, que se rende, desajustada, às sugestões inferiores que a exploram sem defensiva.

Usemos, desse modo, na garantia de nossa higiene mento-psíquica, os antissépticos do Evangelho.

Bondade para com todos, trabalho incansável no bem, optimismo operante, dever irrepreensivelmente cumprido, sinceridade, boa-vontade, esquecimento integral das ofensas recebidas e fraternidade simples e pura, constituem sustentáculo de nossa saúde espiritual.

«Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» recomendou o Divino Mestre.
«Caminhai como filhos da luz» — ensinou o apóstolo da gentilidade.

Procurando, pois, o Senhor e aqueles que o seguem valorosamente, pela recta conduta de cristãos leais ao Cristo, vacinemos nossas almas contra as flagelações externas ou internas da parasitose mental.

Dias da Cruz
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:36 pm

35 - CARIDADE

No momento preciso das instruções, na noite de 4 de novembro de 1954, foi nosso amigo espiritual José Silvério Horta, mais conhecido por “Monsenhor Horta”, quem ocupou os recursos psicofónicos do médium, dirigindo-nos a sua palavra cristã.


Sacerdote católico na última romagem terrestre, Monsenhor Horta deixou em Minas formosas tradições de humildade, simplicidade e amor cristão, destacando-se por fiel servidor de Jesus, e. confirmando as notícias que lhe exornam o nome, teceu, para a nossa edificação espiritual, significativas considerações em torno da caridade, que transcrevemos a seguir.

Filhos, em verdade, outra virtude não existe mais bela.
Todos os dons da vida, emoldurando-a, empalidecem como os lumes terrenos quando o sol aparece vitorioso.

Desde a antiguidade, a ciência e a filosofia erigem à própria exaltação gloriosos monumentos que se transformam em cinza, a fim de que elas mesmas se renovem.

Em todos os tempos, a autoridade e o poder fazem guerras que esbarram no sepulcro, entre sombra e lamentação.

Só a Caridade, filha do Amor Celeste, é invariável.

Com ela, desceu Nosso Senhor Jesus-Cristo à treva humana e, abraçando os fracos e enfermos, os vencidos e desprezados, levantou os alicerces do Reino de Deus que as Forças do Bem na Terra ainda estão construindo.

Vinde, pois, à Seara do Evangelho, trazendo no coração a piedade fraternal que tudo compreende e tudo perdoa!...

Acendamos a flama da caridade quando orarmos!

Em nossas casas de socorro espiritual, achamo-nos cercados por todos os tipos de sofrimento, enquanto nos devotamos à prece... que decorrem de tristes almas desencarnadas a carregarem consigo as escuras raízes de ilusão e delinquência, com que se prendem à retaguarda...

São as filas atormentadas daqueles que traficaram com o altar, que venderam a consciência nos tribunais da justiça, que mercadejaram com os títulos respeitáveis, que menosprezaram a bênção do lar, que tripudiaram sobre o amor puro, que fizeram do corpo físico uma porta à viciação, que se renderam às sugestões das trevas alimentando-se de vingança, que fizeram da violência cartilha habitual de conduta, que acreditaram na força sobre o direito, que se desmandaram no crime, que sepultaram a mente em pântanos de usura e que se abandonaram, inermes, à ociosidade, à perturbação, à perversidade e à morte moral...

Para todos esses corações encarcerados na sombra expiatória, é indispensável saibamos trazer, em nome do Cristo, a chama do sacrossanto amor que ilumina e salva, esclarece e aprimora...

Inegavelmente, enquanto na carne, não conseguis analisar a extensão das consciências em desequilíbrio que se nos abeiram das preces, como sedentos em torno à fonte...

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:36 pm

Continua...

Viveis, provisoriamente, a condição do manancial incapaz de saber quão longo é o caminho da própria corrente na regeneração do deserto.

Cabe-nos, assim, o mais amplo esforço para que a caridade persista em nossos pensamentos, palavras e acções, porquanto é imprescindível avivá-la também quando agimos.

No círculo doméstico e na vida pública, tanto quanto em todos os domínios de vossa actuação nas lides terrestres, sois igualmente defrontados pelos companheiros em desajuste que, como nos acontece a todos, anseiam por reerguimento e restauração.

Guardemos caridade para com todos aqueles que nos rodeiam...

Para com os felizes que não sabem medir a própria ventura e para com os infortunados que não podem ainda compreender o valor da provação que os vergasta, para com jovens e velhos, crianças e doentes, amigos e adversários!...

Cultivemo-la em toda parte...
Caridade que saiba renunciar a favor de outrem, que se cale ajudando em silêncio, e que se humilhe, sobretudo, a fim de que o desespero não domine os corações que pretendemos amar...

Todos na Terra suspiram pelo melhor.
A mulher que vedes, excessivamente adornada, muita vez traz o coração chagado de angústia.

O homem que surge, assinalado pela riqueza terrestre, quase sempre é portador de um vulcão no crânio entontecido.

A juventude espera orientação, a velhice pede amparo.

Onde estiverdes, não condeneis!
O lodo da miséria nasce no charco da ignorância em cujos laços viscosos a leviandade ainda se enleia.

Nós, porém, que já conhecemos a lição do Senhor, quinhoados que fomos por sua bênção, podemos abreviar o caminho para a grande libertação, desde que a caridade brilhe connosco, dissipando a sombra e lenindo o sofrimento.

É assim que vos concitamos à mais intensa procura do Cristo para que o Cristo esteja em nós, de vez que somente no Espírito Divino de Jesus é que conseguiremos vencer a dominação das trevas, estendendo no mundo o império silencioso da caridade, por vitoriosa luz do Céu.

José Silvério Horta
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:37 pm

36 - A ORAÇÃO CURATIVA

A reunião da noite de 11 de novembro de 1954 trouxe-nos a confortadora visita do Espírito de Padre Eustáquio.


Sacerdote extremamente consagrado ao bem, nosso amigo residiu, por alguns anos, em Belo Horizonte, onde, através de seu nobre coração e de sua mediunidade curadora, inúmeros sofredores encontraram alívio.

Sempre rodeado por verdadeira multidão de Infelizes, Padre Eustáquio foi o apóstolo das curas, das quais se ocuparam largamente os jornais de nosso País.

E, continuando, além-túmulo, o seu ministério sublime, conforme a observação dos médiuns clarividentes de nosso grupo, compareceu às nossas preces acompanhado por uma pequena multidão de Espíritos conturbados e infelizes a lhe pedirem socorro.

O prezado visitante senhoreou as faculdades psicofónicas do médium com todas as características de sua personalidade, inclusive a mímica oratória e a voz que lhe eram peculiares quando encarnado.

Sua alocução, de grande beleza para nós, em vista da simplicidade em que foi vazada, é portadora de expressivos apontamentos com respeito à oração.

Meus amigos.
Que a paz do Cristo permaneça em nossos corações, conduzindo-nos para a luz.

Fui padre católico romano, naturalmente limitado às concepções do meu ambiente, mas não tanto que não pudesse compreender todos os homens como tutelados de Nosso Senhor.

A morte do corpo veio dilatar os horizontes de meu entendimento e agora vejo com mais clareza a necessidade do esforço conjunto de todas as nossas escolas de interpretação do Evangelho, para que nos confraternizemos com fervor e sinceridade, à frente do Eterno Amigo.

Com esse novo discernimento, visito-vos o núcleo de acção cristianizante, tomando por tema a oração como poder curativo e definindo a nossa fé como dom providencial.

O mundo permanece coberto de males de toda a sorte.

Há epidemias de ódio, desequilíbrio, perversidade e ignorância, como em outro tempo conhecíamos a infestação de peste bubónica e febre-amarela.

Em toda parte, vemos enfermidades, aflições, descontentamentos, desarmonias...

Tudo é doença do corpo e da alma.
Tudo é ausência do Espírito do Senhor.
Não ignoramos, porém, que todos temos a prece à nossa disposição como força de recuperação e de cura.

É necessário orientar as nossas actividades, no sentido de adaptar-nos à Lei do Bem, acalmando nossos sentimentos e sossegando nossos impulsos, para, em seguida, elevar o pensamento ao manancial de todas as bênçãos, colocando a nossa vida em ligação com a Divina Vontade.

Sabemos hoje que outras vibrações escapam à ciência terrestre, além do ultravioleta e aquém do infravermelho.

À medida que se desenvolve nos domínios da inteligência, compreende o homem com mais força que toda matéria é condensação de energia.

Disse o Senhor: — «Brilhe vossa luz» — e, actualmente, a experimentação positiva revela que o próprio corpo humano é um gerador de forças dinâmicas, constituído assim como um feixe de energias radiantes, em que a consciência fragmentária da criatura evolui ao impacto dos mais diversos raios, a fim de entesourar a Luz Divina e crescer para a Consciência Cósmica.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:37 pm

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Vibra a luz em todos os lugares e, por ela, estamos informados de que o Universo é percorrido pelo fluxo divino do Amor Infinito, em frequência muitíssimo elevada, através de ondas ultracurtas que podem ser transmitidas de espírito a espírito, mais facilmente assimiláveis por intermédio da oração.

Cada aprendiz do Evangelho necessita, assim, afeiçoar-se ao culto da prece, no próprio mundo íntimo, valorizando a oportunidade que lhe é concedida para a comunhão com o Infinito Poder.

Para isso, contudo, é indispensável que a mente e o coração da criatura estejam em sintonia com o amor que domina todos os ângulos da vida, porque a lei do amor é tão matemática como a lei da gravitação.

Mentalizemos a electricidade, por exemplo, na rede iluminativa.

Caso apareça qualquer hiato na corrente, ninguém se lembrará de acusar a usina, como se o fluxo eléctrico deixasse de existir.

Certificar-nos-emos sem dificuldade de que há um defeito na lâmpada ou na tomada de força.

Derrama-se o amor de Nosso Senhor Jesus-Cristo para todos os corações, no entanto, é imprescindível que a lâmpada de nossa alma se mostre em condições de receber-lhe o Toque Sublime.

Os materiais que constituem a lâmpada são apetrechos de exteriorização da luz, mas a electricidade é invisível.

Assim também, nós vemos o Amor de Deus em nossas vidas, por intermédio do Grande Mediador, Jesus-Cristo, em forma de alegria, paz, saúde, concórdia, progresso e felicidade;
entretanto, acima de todas essas manifestações, abordáveis ao nosso exame, permanece o invisível manancial do Ilimitado Amor e da Ilimitada Sabedoria.

Usando imagens mais simples, recordemos o serviço da água no abrigo doméstico.

Logicamente, as fontes são alimentadas por vivas reservas da Natureza, mas, para que a água atinja os recessos do lar, não prescindiremos da instalação adequada.

A canalização deve estar bem disposta e bem limpa.

Em vista disso, é necessário que todas as atitudes em desacordo com a Lei do Amor sejam extirpadas de nossa existência, para que o Inesgotável Poder penetre através de nossos humildes recursos.

O canal de nossa mente e de nosso coração deve estar desimpedido de todos os raciocínios e sentimentos que não se harmonizem com os padrões de Nosso Senhor.

Alcançada essa fase preparatória, é possível utilizar a oração por medida de reajuste para nós e para os outros, incluindo quantos se encontram perto ou longe de nós.

Ninguém pode calcular no mundo o valor de uma prece nascida do coração humilde e sincero diante do Todo-Misericordioso.

Certamente as tinturas e os sais, as vitaminas e a radioactividade são elementos que a Providência Divina colocou a serviço dos homens na Terra.

É também compreensível que o médico seja indispensável, muitas vezes, à cabeceira dos doentes, porque, em muitas situações, assim como o professor precisa do discípulo e o discípulo do professor, o enfermo precisa do médico, tanto quanto o médico necessita do enfermo, na permuta de experiência.

Isso, porém, não nos impede usar os recursos de que dispomos em nós mesmos. E estejamos convictos de que, ligando o fio de nossa fé à usina do Infinito Bem, as fontes vivas do Amor Eterno derramar-se-ão através de nós, espalhando saúde e alegria.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:37 pm

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Assim como há lâmpadas para voltagens diversas, cada criatura tem a sua capacidade própria nas tarefas do auxílio.

Há quem receba mais, ou menos força.
Desse modo, conduzamos nossa boa-vontade aos companheiros que sofrem, suplicando a Infinita Bondade em favor de nós mesmos.

É indispensável compreender que a oração opera uma verdadeira transfusão de plasma espiritual, no levantamento de nossas energias.

Se nos sentimos fracos, peçamos o concurso de um companheiro, de dois companheiros ou mais irmãos, porque as forças reunidas multiplicam as forças e, dessa forma, teremos maiores possibilidades para a eclosão do Amparo Divino que está simplesmente esperando que a nossa capacidade de transmissão e de sintonia se amplie e se eleve, em nosso próprio favor.

Mentalizemos o órgão enfermo, a pessoa necessitada ou a situação difícil, à maneira de campos em que o Divino Amor se manifestará, oferecendo-lhes nosso coração e nossas mãos, por veículos de socorro, e veremos fluir, por nós, os mananciais da Vida Eterna, porque o Pai Todo-Compassivo e Jesus Nosso Senhor nunca se empobrecem de bondade.

A indigência é sempre nossa.
Muitos dizem «não posso ajudar porque não sou bom», mas, se já fôssemos senhores da virtude, estaríamos noutras condições e noutras esferas.

Consola-nos saber que somos discípulos do bem e, nessa posição, devemos exercitá-lo.

Movimentemos a boa-vontade.
Não temos ainda as árvores da generosidade e da compreensão, da fé irrepreensível e da perfeita caridade, mas possuímos as sementes que lhes correspondem.

E toda semente bem plantada recolhe do Alto a graça do crescimento.

Assim, pois, para que tenhamos assegurado o êxito da nossa plantação de qualidades superiores, é preciso nos disponhamos a fazer da própria vida um canal de manifestação do Constante Auxílio.

Todos temos provas, dificuldades, moléstias, aflições e impedimentos, contudo, dia a dia, colocando nosso espírito à disposição do Divino Amor que flui do centro do Universo para todos os recantos da vida, desenvolver-nos-emos em entendimento, elevação e santificação.

Trabalhemos, portanto, estendendo a oração curativa.

A vossa assembleia de socorro aos irmãos conturbados na sombra é uma exaltação da prece desse teor, porque trazeis ao vosso círculo de serviço aquilo que guardais de melhor e contais simplesmente com o Divino Poder, já que nós, de nós mesmos, nada detemos ainda de bom senão a migalha de nossa confiança e de nossa boa-vontade.

Em nome do Evangelho, sirvamos e ajudemos.
E que Nosso Senhor Jesus-Cristo nos assista e abençoe.

Eustáquio
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:38 pm

37 - MENSAGEM DE UM SACERDOTE

Em nossa reunião da noite de 18 de novembro de 1954, os recursos psicofónicos do médium foram ocupados pelo nosso Irmão C. T., que fora, algum tempo antes, assistido em nossa agremiação.


Nosso amigo C. T., que não podemos designar senão pelas iniciais, por motivos facilmente compreensíveis, trouxe-nos Interessante relato de suas próprias experiências, do qual salientamos o trecho em que se reporta à emoção de que se viu possuído, quando, ao fitar, compungido, um velho crucifixo, escutou a voz de um Amigo Espiritual, acordando-lhe a consciência para a verdadeira compreensão de Jesus; consideramos de Indizível beleza semelhante tópico da presente mensagem por referir-se ao Cristo Vivo, fora dos santuários de pedra, servindo incessantemente em favor do mundo.

Irmãos.
A experiência dos mais velhos é auxílio para os mais jovens.

Quem atravessou o vale da morte pode ajudar aos que ainda transitam nos trilhos obscuros da existência carnal...

A gratidão, por isso, impele-me a trazer-vos algo de mim.
Quando de meu primeiro contacto convosco, saí vencido, não convencido...
Acreditei fôsseis magnetizadores socorrendo um enfermo difícil.

E eu despertava de um pesadelo horrível...
Acordava, identificando a mim próprio e, reconhecendo-me o sacerdote categorizado que eu era, ressurgia, revoltado e impenitente.

Debalde benfeitores espirituais estenderam-me os braços.
Em vão, consoladoras vozes se me fizeram ouvir. As ordenações e convencionalismos da Terra jaziam petrificados em minha cabeça-dura.

Fizera da autoridade a minha expressão de força. Usara a mitra com o orgulho do padre invigilante que se eleva nas funções hierárquicas, com o propósito de dominar o pensamento dos próprios irmãos.

E por mais que a piedade me dirigisse cativantes exortações, recalcitrei, desesperado...

Não supunha fosse a morte aquele fenómeno de reavivamento.
Minhas impressões do corpo físico mostravam-se intactas e minhas faculdades, intangíveis...

Reclamei meus títulos e exigi minha casa e, naturalmente, para se não delongarem através de conversação inútil, companheiros espirituais tomaram-me as mãos.
Num átimo, vi-me à porta selada de meu domicílio, mas, agora, sem ninguém...

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:38 pm

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Decerto, meus caridosos condutores entregavam-me à própria consciência.
Aflito, gritei por meus servidores, contudo, minhas vozes morreram sem eco.

A noite avançara...
Desrespeitosa algazarra alcançou-me os ouvidos.

Desafectos gratuitos pronunciavam sarcasticamente o meu nome, em meio da sombra espessa:
«Abram a porta ao senhor bispo ! »
— «Assistência para o dono da casa!..
— «Atendam ao visitante ilustre...»
— «Lugar para Sua Eminência!..


Isso tudo de permeio com irreverentes gargalhadas.
Receando o ridículo, busquei a igreja que me era familiar.
Sacerdotes amigos vigiavam em oração.

Contudo, por mais que apelasse para a minha condição de chefe, ninguém me assinalou as súplicas aflitivas.

Ajoelhei-me diante das imagens a que rendia culto, no entanto, jamais como naquela hora havia reparado com tanta segurança a frieza dos ídolos que representavam objectos sagrados de minha fé.

Desejava fazer-me sentido, ouvido, tocado...
Então, como se um ímã me provocasse, retrocedi apressadamente...
Em passos ligeiros, desci à pequena câmara escura.

Fora atraído por meus próprios restos.
Ali descansava, na escuridão silenciosa, o corpo que me servira.
O bafio repelente do túmulo obrigava-me a recuar...

Algo, porém, me constrangia a compulsória aproximação.
Toquei as vestes rotas e senti que minhalma se justapunha aos ossos desnudados...

Queria reassumir a posição vertical entre os homens.
Mas apenas vermes e mais vermes eram, ali, a única nota de vida.
Dominado de terrível pavor, tornei ao altar para as orações mais íntimas...

Orações que brotassem de mim, diferentes daquelas que decorara para iludir o tempo.

Procurei um velho crucifixo.
Ali, estava a cruz do Senhor.
Não era um ídolo, era um símbolo.

Via-me sozinho, desanimado, e orei, compungidamente.
Rememorei os ensinamentos do Mestre Divino, que recolhia as almas desarvoradas e enfermas para restituir-lhes o alento...

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 28, 2011 10:38 pm

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E uma voz à retaguarda, cuja inflexão de energia e brandura não conseguiria traduzir, exclamou para meu espírito fatigado:
— Amigo, tua casa na Terra cerrou-se com teus olhos!...
Teus poderes eclesiásticos estão agora reduzidos a um punhado de cinzas...

E de todas as actividades sacerdotais que exerceste, permanece tão-só esta de agora — a de tua própria fé ressuscitada na humildade do coração!

Cristo não permanece crucificado nos altares de pedra, disputando a reverência daqueles que supõem prestigiar-lhe a memória, a preço de incenso e ouro...

Jesus está lá fora!
Com as mães que se sentem desamparadas, com os discípulos que sustentam em si mesmos duro combate!...

O Senhor caminha ao longo da velha senda que o homem palmilha, há milénios, procurando aqueles que anelam amealhar fraternidade e luz, serviço e renovação...

Avança ao encontro das almas fiéis que repartem o tempo entre a lição que educa e o trabalho que santifica...

Busca as crianças sem ninho, asilando-as nos braços daqueles que lhe recordam a amorosa exortação...

Respira nas fábricas, onde o suor dos humildes pede socorro...

Ora nos círculos atormentados da luta redentora, onde corações restaurados no Evangelho intentam a construção de nova estrada para o futuro...

Cristo vive lá fora, reconfortando os caluniados e enxugando as lágrimas de quantos se sentem morrer na solidão dos vencidos...

O Senhor, ainda e sempre, é o Celeste Peregrino do mundo...
Nas noites frias, é o agasalho dos que não receberam a graça do lar...

Junto ao fogão sem lume, é o calor que regenera as energias dos que não puderam adquirir uma côdea de pão....

Enfermeiros nos hospitais, aconchegam de encontro ao peito os doentes em abandono...
Amigo infatigável dos cegos e dos leprosos, dos cansados e dos tristes, instila-lhes, generoso, a bênção da esperança...

O Mestre jamais envergou a túnica da ociosidade que lhe quadraria ao coração como um sudário de morte...

Vamos! Vamos em busca do Senhor Ressuscitado!
Procuremos o Cristo, além da cruz, tomando a cruz que nos é própria, a fim de encontrá-lo na grande ressurreição!...

Aflito, mas devolvido a mim mesmo, senti frio...

Minha igreja estava gelada, mas, ao calor da prece, roguei ao Céu permissão para esposar novo roteiro, sob a luz viva do Evangelho restaurado, na religião do esforço humanitário e social, com o templo guardando a fé por base e a caridade por teto...

E abraçando convosco a senda renovada, tento agora avançar para o futuro sublime ....

Que o Senhor nos ampare.

C. T.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 29, 2011 9:40 pm

38 - PENSAMENTO

Em nossa reunião de 25 de novembro de 1954, felicitou-se nosso Grupo com a presença do Espírito Lourenço Prado que, pelos canais psicofónicos, nos ofertou expressiva palestra, acerca do pensamento.


Escritor largamente conhecido nos arraiais do Espiritualismo em nosso País e autor de vários livros de grande mérito, sua palavra, na alocução que transcrevemos, versa sobre sintonia, equilíbrio e colaboração em nossa vida mental.

Depois da morte física, empolgante é o quadro de surpresas que se nos descortina à visão, contudo, para nós, cultores do Espiritualismo, uma das maiores dentre todas é a confirmação do poder mental como força criadora e renovadora, em todas as linhas do Universo.

O Céu, como domicílio espacial da beleza, existe realmente, porque não podemos imaginar o Paraíso erguido sobre um pântano, todavia, acima de tudo, o Céu é a faixa de pensamentos glorificados a que nos ajustamos, com todas as criaturas de nosso degrau evolutivo.

O Inferno, como sítio de sofrimento expiatório, igualmente não pode ser contestado, porque não será justo idear a existência do charco num templo vivo, mas, acima de qualquer noção de lugar, o Inferno é a rede de pensamentos torturados, em que nos deixamos prender, com todos aqueles que nos comungam os problemas ou as aflições de baixo nível.

É preciso acordar para as realidades do mentalismo, a fim de nos desembaraçarmos dos grilhões do pretérito, criando um amanhã que não seja reflexo condicionado de ontem.

A Lei concede-nos, em nome de Deus, na actualidade, o património de revelações do moderno Espiritualismo para aprendermos a pensar, ajudando a mente do mundo nesse mesmo sentido.

O pensamento reside na base de todas as nossas manifestações.
Evoluímos no curso das correntes mentais, assim como os peixes se desenvolvem nas correntes marinhas.

Reflectimos, por isso, todas as inteligências que se afinam connosco no mesmo tom.

Na alegria ou na dor, no equilíbrio ou no desequilíbrio, agimos com todos os espíritos, encarnados ou desencarnados, que, em nossa vizinhança, se nos agregam ao modo de sentir e de ser.

Saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus. Doença é o processo de rectificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje, diante dela.

Obsessão é a ideia fixa em situações deprimentes, provocando, em nosso desfavor, os eflúvios enfermiços das almas que se fixaram nas mesmas situações.

Tentação é a força viciada que exteriorizamos, atraindo a escura influência que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia com a ignorância, ou com a perversidade, começa invariavelmente da perversidade ou da ignorância que acalentamos connosco.

Um prato de brilhantes não estimulará a fome natural de um cavalo, mas excitará a cobiça do homem, cujos pensamentos estejam desvairados até o crime.

Lembremo-nos, assim, da necessidade de pensar irrepreensivelmente, educando-nos, de maneira a avançarmos para diante, errando menos.

A matéria, que nos obedece ao impulso mental, é o conjunto das vidas inferiores que vibram e sentem, a serviço das vidas superiores que vibram, sentem e pensam.

O pensamento raciocinado é a maior conquista que já alcançamos na Terra.
Procuremos, desse modo, aperfeiçoar nossa mente e sublimá-la, através do estudo e do trabalho que nos enobreçam a vida.

Felicidade, pois, é o pensamento correcto.
Infortúnio é o pensamento deformado.

Um santuário terrestre é o fruto mental do arquitecto que o idealizou, com a cooperação dos servidores que lhe assimilaram as ideias.

O mundo novo que estamos aguardando é construção divina, mentalizada por Cristo, na exaltação da Humanidade.

Trabalhadores que somos, contratados por nosso Divino Mestre, saibamos pensar com ele para com ele vencermos.

Lourenço Prado
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 29, 2011 9:41 pm

39 - PROVAÇÃO

Complementando-nos as tarefas, na noite de 2 de de¬zembro de 1954 fomos surpreendidos com a presença do Irmão Mozart, desencarnado há tempos, e que, através do médium, nos relatou sua triste história.


Foi pessoalmente conhecido de alguns dos nossos companheiros de agremiação e seu comunicado faz-nos lembrar as palavras do Divino Mestre:
“Muito se pedirá de quem muito recebeu.”

Meus irmãos.
Sou um mendigo de consolação, batendo-vos à porta.

Lembro-me da seara espírita com a tortura do exilado, chorando o paraíso perdido, e recordo a mediunidade com a aflição do lavrador, carregado de remorsos por haver sentenciado a enxada que lhe era própria ao desvalimento e à ferrugem.

Noutro tempo, partilhei o pão que vos nutre a mesa, no entanto, envenenei-o com a lama da vaidade e sofro as consequências.

Benfeitores espirituais auxiliaram-me na obtenção das preciosas oportunidades que desfrutei em minha última existência na Terra, contudo, apesar de desligado agora do veículo físico, ainda não consegui amealhar suficiente luz para reaver o caminho de retorno a eles.

Tenho os horizontes mentais sob o fumo do incêndio que ateei no meu próprio destino.
Amparado por recursos da Vida Superior, sob a flama de ardente entusiasmo, comecei a missão da cura...

Utilizando a prece, via fluir por meus dedos a energia radiante e restauradora, extasiando-me ante as feridas que se fechavam, ante as dores que desapareciam e ante os membros semimortos que readquiriam movimento.

Com o trabalho veio o êxito e com o êxito chegaram as considerações públicas e os caprichos individuais satisfeitos que me fizeram estremecer...

Não consegui suportar a coroa de responsabilidade que me ornava a cabeça, resvalando na perturbação e na inconsciência.

Asseverando-me espiritualista, recolhi do Espiritismo e do Esoterismo conhecimentos e princípios que me favoreceram a extensão da influência pessoal.

Cego para as lições claras da vida e surdo aos apelos de ordem moral, intentei dominar as mentes alheias e explorá-las a meu bel-prazer.

Manejando a força magnética, encastelei-me no poder oculto...

Tarde, porém, reconheci que o poder oculto, sem o poder do recto pensamento, é tão perigoso para a alma quanto o dinheiro mal conduzido ou a ciência mal aplicada, que esbarram, invariavelmente, na extravagância ou no arrependimento, na loucura ou na morte.

Em minha insensatez, acreditando-me dono da luz, pretendi substituir os Instrutores Espirituais que se expressavam por intermédio de minhas mãos, entretanto, ai de mim!... A candeia sem combustível confunde-se com as trevas...

E eu que desejava escravizar, acabei escravizado, que sonhava honrarias, adquiria a vergonha, que me propunha deter a fortuna, terminei possuído pela indigência, que admitia vencer, vi-me derrotado, em pavorosa humilhação...

E, atravessando a grande fronteira, sou ainda um enfermo em dolorosa experiência.

É por isso que, em me reconfortando ao contacto de vossa casa simples e de vossas orações sinceras, deixo-vos, com o meu reconhecimento, os meus pobres apelos:
— Espiritualistas, Espiritistas e Esoteristas, orai e vigiai!

Não vos interesseis simplesmente por vosso bem-estar, olvidando o bem-estar dos outros!...

Não fujais ao trabalho.
Não vos furteis ao estudo.
Não olvideis a simplicidade!
Não eviteis a luz!...


E, sobretudo, para que aflitivas surpresas não vos povoem a estrada futura, tende por norma, além dos apontamentos, avisos e directrizes dos orientadores que se responsabilizam por nossos campos de actividade, o roteiro do Mestre dos mestres, que nos ensinou para a conquista real da felicidade o extremo sacrifício a favor do próximo e que nos legou a cruz da renunciação, como sublime talismã, capaz de garantir-nos a vitória na vida eterna!...

Mozart
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