LUZ ESPÍRITA
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INSTRUÇÕES PSICOFÓNICAS - Diversos Espíritos/FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 25, 2011 10:34 pm

12 - ANTE A REENCARNAÇÃO

Nas tarefas da noite de 27 de maio de 1954, consoante as informações dos nossos Benfeitores Espirituais, e, segundo deduzimos das diversas comunicações obtidas de entidades sofredoras, nosso Grupo achava-se repleto de companheiros desencarnados, sequiosos de reencarnação, muitos deles implorando a volta à carne como único recurso de solução aos problemas que lhes torturavam a alma.


Primeiramente Emmanuel, o nosso instrutor de sempre, incorporou-se ao médium e transmitiu-nos o apontamento que passamos a transcrever:

Meus amigos, a paz do Senhor seja connosco.

Enquanto a Escola Espiritual na Terra prepara as criaturas reencarnadas para o fenómeno da morte, em nosso plano de acção essa mesma Escola prepara as criaturas desencarnadas para o aprendizado da existência no corpo físico.

Atento a este programa, nosso irmão Cornélio tomará hoje o equipamento mediúnico a fim de dirigir-se, por alguns momentos, à grande assembleia de companheiros que se achegam ao nosso recinto, suspirando pelo retorno ao templo de luta na matéria mais densa.

Passemos, desse modo, a palavra ao nosso amigo e que Jesus nos abençoe.

Emmanuel

Logo após, o irmão Cornélio Mylward, que foi generoso médico em Minas Gerais e que frequentemente nos assiste com a sua dedicação fraterna, tomou o campo mediúnico e, em voz grave e pausada, dirigiu aos desencarnados presentes o apelo a seguir:

Sim, disputais novos recursos de esclarecimento e redenção no precioso santuário da carne...

Muitos de vós aguardais para breve essa dádiva, através de petições que não nos é lícito examinar.

Indubitavelmente, na maioria das vezes, nosso regresso ao trabalho no mundo físico exprime verdadeiro prémio de luz...

Para que obtenhamos tal concessão, porém, é indispensável nosso concurso com a Lei Divina, obedecendo-lhe aos regulamentos que definem o Bem Infinito, em todas as suas manifestações.

É preciso modificar os nossos «clichés» mentais para que a nossa volta à escola terrestre signifique recomposição e refazimento.

Essa transformação, contudo, não será levada a efeito apenas à força de preces, meditações e conclusões em torno do passado.

Faz-se imprescindível a dinâmica da acção.
O serviço será sempre o grande renovador de nossa vida consciencial, habilitando-nos à experiência reconstrutiva, sob a inspiração de nosso Divino Mestre e Senhor.

Não conquistaremos o vestuário carnal entre os homens sem aquisição de simpatia entre eles.

É necessário gerar no espírito daqueles nossos associados do pretérito, que se encontram no educandário humano, a atitude favorável à solução dos nossos problemas.

Templos religiosos, estabelecimentos hospitalares, círculos de assistência moral, domicílios angustiados, cárceres de sofrimento, palcos de tortura expiatória... eis nosso vasto sector de concurso fraterno!

Nessas esferas de regeneração e corrigenda, companheiros encarnados e desencarnados, padecentes e aflitos, expressam o material de nossa preparação.

A fim de esquecer velhas provas, aliviemos as provas alheias.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Mar 25, 2011 10:34 pm

Continua...

Para desobstruir o caminho de nossa consciência culpada, devemos favorecer a libertação dos que suportam fardos mais pesados que os nossos, porque ajudando aos nossos semelhantes angariaremos o auxílio deles, fazendo-nos, ao mesmo tempo, credores do amparo daqueles Irmãos Maiores que nos estendem providos braços da Vida Superior.

Pacifiquemos o espírito, oferecendo mãos amigas aos que peregrinam connosco, e construiremos o trilho de acesso à preciosa luta de que carecemos na própria reabilitação.

Somente a actividade em socorro ao próximo conseguirá renovar-nos a fonte do pensamento, traçando-nos seguras directrizes, pois sob o guante de nossas lembranças constringentes o esforço da reencarnação redundará impraticável, de vez que nossas reminiscências infelizes são factores desequilibrantes de nosso mundo vibratório, impedindo-nos a formação de novo instrumento fisiológico susceptível de conduzir-nos à reorganização do próprio destino.

Expurguemos a mente, apagando recordações indesejáveis e elevando o nível de nossas esperanças, porque, na realidade, somos arquitectos de nossa ascensão.

Somente ao preço de uma vontade vigorosa e pertinaz, situada no bem comum, é que lograremos conquistar o interesse dos Grandes Instrutores em prol da concretização de nossas aspirações mais nobres.

Regenerando a química de nossos sentimentos, o que decerto nos custará renunciação e sacrifício, atingiremos mais clara visão para reencontrar os laços de nosso pretérito, e, então, segundo os dispositivos da hereditariedade, que traduz parentesco de inclinações e compromissos, seremos requisitados pelas criaturas que se afinam connosco, tanto quanto, desde agora, estão elas sendo requisitadas por nossos anseios.

Reaproximar-nos-emos, desse modo, de quantos se harmonizam com a experiência em que nos demoramos, e, aderindo-lhes à existência, seremos defrontados pelas provas condizentes com a nossa natureza inferior, comungando-lhes o pão de luta, indispensável à recuperação de nossa felicidade.

Mas, se nos abeiramos de nossos futuros pais e de nossos futuros lares, envoltos na tempestade da incompreensão e da indisciplina, apenas espalharemos, ao redor de nós, desarmonia e frustração, porquanto, em verdade, o nosso caminho na vida será sempre a projecção de nós mesmos.

Purifiquemo-nos por dentro quanto seja possível, olvidando todo o mal!

Lançar sobre os elementos genésicos a energia viciada dos lamentáveis enganos que nos precipitaram à sombra, será prejudicar o corpo que a herança terrena nos reserva, reduzindo-nos as possibilidades de vitória no combate de amanhã.

Só existe, portanto, para nós um remédio eficaz:
— O trabalho digno com que possamos erguer o espírito ao plano superior que presentemente buscamos.

Trabalho que nos corrija e nos aproxime de Deus.

Cornélio Mylward
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:09 pm

13 - ELEVAÇÃO

Na reunião da noite de 3 de junho de 1954, nosso Instrutor Emmanuel ocupou, de novo, o instrumento mediúnico, transmitindo-nos valioso apelo à acção constante no bem.


Meus amigos:
É preciso lembrar que a Providência Divina nos oferece degraus de ascensão em todas as circunstâncias da existência.

Devemos, todavia, sustentar a disposição de subir a fim de encontrá-los.

Tudo nos domínios do Universo é sagrada elevação. Desentranha-se o verme, fugindo às trevas do subsolo, para buscar na superfície da Terra o beijo fecundante da luz.

Desenfaixa-se o princípio germinativo da semente, despojando-se dos pesados envoltórios que o enleiam, para enriquecer a espiga farta, ante a música do vento, ao esplendor festivo do sol.

Não vos detenhais na indiferença ou na expectação.
Escalai pacificamente a senda preparatória do imenso futuro!

Não percais o Sublime Presente com os fantasmas da noite, a se expressarem nas palavras vazias ou nos pensamentos inúteis.

Todos somos chamados à exaltação do Eterno Dia!
Amai, aprendei, servi, crede e esperai!...

Cultivemos, sobretudo, a alegria e a bondade, para que a paz laboriosa, em nossa estrada, se exprima em trabalho frutífero e incessante.

Acordai, cada manhã, procurando os degraus do aperfeiçoamento que nos impelem à harmonia e à vitória!...

Ei-los que surgem, conduzindo-nos à grande superação...
É a dificuldade gerando experiência, a dor argamassando alegria, o mal desafiando-nos ao bem e o ódio reclamando-nos amor.

Ouçamos o apelo silencioso das horas e dirijamo-nos para o Mais Alto, porque a vida é o carro triunfante do progresso, avançando sobre as rodas do tempo, e quando não nos firmamos, no lugar que nos cabe dentro dele, arremessamo-nos à sombra da retaguarda ou somos lamentavelmente acidentados por sua marcha incoercível.

Que o Senhor nos abençoe.

Emmanuel
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:10 pm

14 - A MELODIA DO SILÊNCIO

Na fase terminal de nossas tarefas na noite de 10 de junho de 1954, tivemos a afectuosa visita de Meimei, a nossa companheira de sempre, que, utilizando os recursos psicofónicos do médium, falou-nos sobre os méritos do silêncio, em nossa construção espiritual.


Repara a melodia do silêncio nas criações divinas.
No Céu, tudo é harmonia sem ostentação de força.

O Sol brilhando sem ruído...
Os mundos em movimento sem desordem...

As constelações refulgindo sem ofuscar-nos...
E, na Terra, tudo assinala a música do silêncio, exaltando o amor infinito de Deus.

A semente germinando sem bulício...
A árvore ferida preparando sem revolta o fruto que te alimenta...

A água que hoje se oculta no coração da fonte, para dessedentar-te amanhã...

O metal que se deixa plasmar no fogo vivo, para ser-te mais útil.

O vaso que te obedece sem refutar-te as ordens...
Que palavras articuladas lhes definiriam a grandeza?

É por isso que o Senhor também nos socorre, através das circunstâncias que não falam, por intermédio do tempo, o sábio mudo.

Não quebres a melodia do silêncio, onde tua frase soaria em desacordo com a Lei de Amor que nos governa o caminho!

Admira cada estrela na luz que lhe é própria...
Aproveita cada ribeiro em seu nível...

Estende os braços a cada criatura dentro da verdade que lhe corresponda à compreensão...

Discute aprendendo, mas, porque desejes aprender, não precisas ferir.

Fala auxiliando, mas não te antecipes ao juízo superior, veiculando o verbo à maneira do azorrague inconsciente e impiedoso.

«Não saiba tua mão esquerda o que deu a direita» — disse-nos o Senhor.

Auxilia sem barulho onde passes.

Recorda a ilimitada paciência do Pai Celestial para com as nossas próprias faltas e ajudemos, sem alarde, ao companheiro da romagem terrestre que, muitas vezes, apenas aguarda o socorro de nosso silêncio, a fim de elevar-se à comunhão com Deus.

Meimei
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:10 pm

15 - ADVERTÊNCIA

Em nossas actividades da noite de 17 de junho de 1954, antes do socorro habitual aos irmãos conturbados e sofredores, havíamos efectuado breve leitura acerca da mediunidade e do amor cristão, preparando ambiente adequado às nossas tarefas.


E, ao término da reunião, fomos agradavelmente surpreendidos com a visita de um novo amigo que não conhecíamos pessoalmente, em nossas lides de intercâmbio — Argeu Pinto dos Santos —, logo identificado por um de nossos companheiros que lhe foi filho na experiência física.

Espírita convicto, Argeu militou na mediunidade, em Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo, trazendo-nos na presente mensagem o resultado de seus próprios estudos.

Meus amigos, vossa leitura desta noite abordou, com oportunos ensinamentos, a mediunidade e o amor fraterno.

Dois temas vivos que se conjugam, encarecendo a excelência do serviço que repousa em nossas mãos.

É importante lembrar que o Espiritismo é o Evangelho redivivo e puro, actuando, de novo, entre os homens, a fim de que não sejamos inclinados ao vampirismo, admiravelmente rotulado de preciosidade doutrinal.

De nossa parte, usufruímos também o privilégio de partilhar a tarefa espírita, no sector mediúnico, em passado próximo.

E, agora, cremo-nos habilitados a declarar que espiritista algum, enquanto na carne, consegue avaliar em toda a sua extensão o tesouro de bênçãos que lhe enriquece a alma, porque semelhantes bênçãos exprimem o trabalho e a responsabilidade com que devemos assimilar a nossa Doutrina, venerável escultora do carácter cristão em nossa própria vida.

O nosso Ênio (1) dará testemunho das notícias que vos trazemos.
Depois do regresso à Pátria Espiritual, reconhecemos que a mediunidade não basta só por si.

Espíritos que se graduam na esfera do sentimento, nos mais diversos tons evolutivos, acompanham de perto a marcha humana e é preciso evitar a companhia daqueles irmãos que, embora exonerados do corpo denso, jazem ainda profundamente vinculados às sensações inferiores do campo físico, a fim de que não venhamos a transformar o nosso movimento de elevação moral em descida às zonas escuras de subnivel.

É fácil observar que muitos companheiros começam abraçando a fé e acabam esposando preocupações subalternas.

Muitos iniciam o apostolado, assinalando a grandeza dos compromissos que assumem, entretanto, por vezes, olvidam, apressados, que Espiritismo é ascensão com Jesus ao calvário de nosso acrisolamento para a Luz Divina e confiam-se a entidades que ainda sofrem o fascínio do comércio malsão, metamorfoseando-se em caçadores do êxito mundano, no qual tantos nos barateiam o estandarte de princípios sagrados, convertendo-o na bandeira cinzenta do desânimo para todos os que nos batem à porta, suspirando por socorro espiritual e terminando, desapontados, diante do nosso exemplo desencorajador.

A mediunidade, para triunfar, precisa reconhecer que o amor fraterno é a chama capaz de purificá-la.

Compete-nos hipotecar nossas forças à obra de redenção das nossas actividades, porquanto não é justo oferecer pão ao faminto e agasalho aos nus, relegando-lhes o espírito à sombra da ignorância.

É louvável dar o que temos nas mãos; contudo, é mais importante dar nossas mãos para que o ajudado aprenda a ajudar-se.

Consideramos indispensável uma campanha de boa-vontade, susceptível de alijar da nossa luta benemérita tudo aquilo que represente acomodação com o menor esforço, para que o nosso ideal traduza lição de Nosso Senhor Jesus-Cristo em nossas atitudes de cada hora.

Para isso, porém, é inadiável o esforço ingente de nossa própria regeneração, de modo a não perdermos tanta esperança na música das palavras vazias.

Devemos estabelecer a competência mediúnica em base de solidariedade humana, a expressar-se em serviço aos semelhantes, entendendo, no entanto, que ninguém pode servir, ignorando como servir.

Disso decorre o impositivo de luz em nosso cérebro e em nosso coração, para que o serviço espiritista Seja realização do Divino Mestre connosco e por nós.

Arejemos, pois, o mundo íntimo no santuário da educação, para que a mediunidade e o amor não se escravizem à sombra, e roguemos ao Pai Celestial nos conceda a precisa coragem de viver o Evangelho de Jesus, hoje e sempre.

Argeu Pinto dos Santos

(1) O comunicante se refere ao nosso irmão Ênio Santos, companheiro do Grupo, que lhe foi filho na vida material.
- Nota do organizador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:11 pm

16 - AMARGA EXPERIÊNCIA

Na noite de 24 de junho de 1954, tivemos a agradável e comovente surpresa da visita de um companheiro que, tempos atrás, fora assistido pelos Instrutores Espirituais, por intermédio de nosso Grupo.


Lembramo-nos de que, em seu primeiro contacto connosco, trazia a mente obcecada por visões de ouro.

Regressando às nossas tarefas, na noite mencionada, deixou-nos a sua “amarga experiência”, que constitui, em verdade, uma grande lição para nós todos.

Através dela, podemos observar como as Ideias inferiores, com o tempo, se cristalizam em nossa alma, Impondo-nos aflitiva fixação mental, decorrente de nossas próprias criações íntimas.

O irmão “F” nome pelo qual passaremos a designar o companheiro, cuja mensagem vamos transcrever, foi na Terra grande banqueiro.

Certamente não foi um criminoso, na acepção comum do termo, mas, pelo conteúdo espiritual de suas manifestações, parece haver sido um desses homens “nem frios, nem quentes”, do símbolo evangélico, que, trazendo a mente amornada na ideia do ouro, durante a existência na carne, ficou por ela dominado em seus primeiros tempos, além da morte.

Senhores!
Perdoai-me o tratamento, entretanto, não me sinto ainda à altura de chamar-vos «amigos» ou «irmãos».

Sou apenas um mendigo de retorno ao vosso templo de caridade, a fim de agradecer, ou simplesmente um homem desencarnado, em tremenda guerra consigo mesmo, para não se arrojar ao abismo da loucura, porquanto a loucura, quase sempre, resulta de nossa inconformação ante a realidade das situações e das coisas.

Com aprovação de vossos orientadores, venho trazer-vos o meu reconhecimento e algo de minha amarga experiência, como aviso de um náufrago aos viajantes do mundo.

Quantas vezes afirmei que o dinheiro era a solução da felicidade!..
Quanto tempo despendi, acreditando que a dominação financeira fosse o triunfo real na Terra!...

No entanto, a morte me assaltou em plena vida, assim como o tiro do caçador surpreende o pássaro desprevenido no mato inculto...

Como foi o meu desligamento do corpo físico e quantos dias dormi na sombra, por agora, nada sei dizer.
Sei hoje apenas que acordei no espaço estreito do sepulcro, com o pavor de um homem que se visse repentinamente enjaulado.

Sufocava-me a treva espessa.
Horrível dispneia agitava-me todo.
Queria o ar puro...
Respirar... respirar...
E gritei por socorro.

Meus brados, contudo, se perdiam sem eco.
Ao cabo de alguns instantes, notei que duas mãos vigorosas me soergueram e vi-me, depois de estranha sensação, na paz do campo, sorvendo o ar fresco da noite.

Que lugar era aquele?
Uma casa sem teto?
De repente, a cambalear, reconheci-me rodeado de grandes caixas fortes...

Ao frouxo clarão da Lua, reparei que essas caixas fortes surgiam milagrosamente douradas...
Tacteei-as com dificuldade, percebi palavras em alto-relevo e verifiquei que eram túmulos...

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:11 pm

Continua...

Espavorido, transpus apressado as grades daquela inesperada prisão.
Vi-me, semilouco, na via pública.
Devia ser noite alta.

Na rua, quase ninguém...
Um bonde retardado apareceu.
Achava-me doente, inquieto e exausto, mas ainda encontrei forças para clamar:
— Condutor!... condutor!...

O homem, porém, não me ouviu.
Caminhei mais depressa.
Tomei o veículo em movimento e consegui a situação do pingente anónimo;
todavia, com espanto, observei que o bonde era todo talhado em ouro...

As pessoas que o lotavam vestiam-se de ouro puro.
O motorneiro envergava uniforme metálico.
Intrigado, sentia medo de mim mesmo.

E, para distrair-me, tentei estabelecer uma conversação com vizinhos.
Os circunstantes, porém, pareciam surdos.

Ninguém me ouvia.
Vencendo embaraços indefiníveis, alcancei minha residência.
As portas, no entanto, jaziam cerradas.

Esmurrei, chamei, supliquei...
Mas tudo era silêncio e quietação.
E quando fitei o frontispício do prédio, o ouro me cercava por todos os lados.

Acomodei-me no chão de ouro e tentei conciliar, debalde, o sono, até que, manhãzinha, a porta semi-aberta permitiu-me a entrada franca.

Tudo, porém, alterara-se em minha ausência.
Ninguém me reconheceu.
Fatigado, avancei para meu leito...

Mas o velho móvel apresentava-se-me agora em ouro maciço.
Senti sede e procurei a água simples, entretanto, o liquido que jorrava era ouro, ouro puro...

Faminto, busquei nosso antigo depósito de pão.
O pão, todavia, transformara-se.

Era precioso bloco de ouro, de cuja existência, até então, não tinha qualquer conhecimento em nossa casa.

Meditei... meditei...
Todos os meus afeiçoados como que conspiravam contra mim...
Não passava de intruso em minha própria moradia.

Dia terrível aquele em que reassumia ou tentava reassumir o meu contacto com os seres amados que, naturalmente, me deviam assistência e carinho!.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:11 pm

Continua...

Depois de vastas reflexões julguei-me dementado.
Assinalei, dentro de mim, a necessidade do amparo religioso.
Iniciei dolorido exame de consciência. Seria eu católico?

Em verdade, se eu me houvesse consagrado à religião, não teria outra escola de fé.
Colaborara no erguimento de instituições pias.
Conhecia pessoalmente o Senhor Arcebispo.

Convivera com sacerdotes.
Frequentava, de quando em quando, as igrejas, por imperativos da vida social.
Conhecia as obrigações do culto exterior.

Ai de mim!... por que não obtinha o repouso necessário?

Passou o dia e veio a noite.
Alta madrugada, tornei à via pública e nela perambulei, vacilante, procurando, através dos templos, alguma porta que se me descerrasse, acolhedora.

As igrejas, no entanto, estavam repletas.
Movimento enorme.
Mais tarde, vim a saber que outros desencarnados como eu imploravam socorro...

Vagueei... vagueei... até que atingi um santuário de bairro humilde.
Amanhecia...
Vários grupos de crentes chegavam para a missa.

Gente simples, gente pobre.
Entrei.
Conturbado e aflito, senti necessidade da confissão.
Afinal, eu era um católico que relaxara a própria fé.

Sem que ninguém me escutasse os apelos, pedi a presença de um padre.
Avancei para o confessionário e pus-me de joelhos, mas, em poucos momentos, o confessionário convertia-se para mim num guiché de banco.

Sobressaltado, ergui meus olhos para o altar.
O altar, porém, transformara-se em cofre-forte.

Intentei consolar-me com a visão do missal, mas o livro do culto, de repente, surgiu metamorfoseado num velho livro de minha propriedade, em que eu lançava, às ocultas, as minhas notas de rendimento real.

Diligenciei isolar-me.
Temia a loucura completa.
Ainda assim, levantei meu olhar para a imagem da Virgem Maria.

Naturalmente, ela teria pena de mim, contudo, ante a minha atenção, a imagem reduziu-se a uma joia de alto preço...

Fez-se toda de ouro, de ouro puro...
Voltei-me para dentro de mim.
Busquei orar, orar, orar... sem poder.

A missa começara e tive a esperança de que o momento reservado à Comunhão Eucarística seria aquele da visitação do Santíssimo Sacramento.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:12 pm

Continua...

O Santíssimo purificaria o lugar em que eu, pecador, me encontrava...
Todavia, quando alcei meus olhos para o sacerdote, que empunhava, então, o cálice sagrado, notei que as hóstias eram moedas tilintantes.

Horrorizado, tentei reconfortar-me com a visão da cruz...
Procurei-a, acima do altar que se havia erigido em cofre-forte, mas a cruz transformou-se também num grande cifrão...

Ó Deus! que restava, então, de mim, senão o usurário vencido!...

Apavorado, tornei à rua.
Sentia agora mais sede, muita sede...
Voltei-me para o corpo da igreja, como um filho expulso do próprio lar; contudo, não mais a vi.

Apenas, estranha voz no alto gritou aos meus ouvidos, ensurdecedoramente:
— Amigo, os filhos de Deus encontram nas casas de Deus aquilo que procuram...
Procuravas o ouro... Ouro encontraste...

Qual mendigo desamparado, fugi sem destino.
Queria agora apenas água, água pura que me dessedentasse.
Conhecia a cidade.

Demandei uma caixa dágua que me era familiar no alto do bairro de Santo António. (1)
A água, ali, corria em jorros.
Podia debruçar-me...

Podia beber como se eu fora um animal e, prostrado, não mais de joelhos, mas de rastros, imploraria a graça de Deus.

Achei a água corrente, a água límpida visitada pela luz do sol e estirei-me no chão...
Mas, no momento preciso em que meus lábios sequiosos tocaram o líquido puro, apenas o ouro, o ouro apareceu...

Reconheci haver descido à condição de um alienado mental.
Lembrei-me, então, de velho amigo... Cícero Pereira... (2)

Cícero era espírita e, por esse motivo, tornou-se para mim alguém que eu supunha, em minha triste cegueira, haver deixado na retaguarda da loucura.

Bastou a recordação para que a voz dele se me fizesse ouvida.
Acudia-me ao chamado.
Amparou-me.
Conversou comigo.

Depois de algumas horas de esclarecimento, que eu não pude aquilatar com segurança, trouxe-me para junto de vós.

Sobre a mesa que vos serve, depararam-se-me folhas impressas que me pareceram cédulas valiosas.

Esforcei-me por fixar o Evangelho que compulsáveis no estudo, mas, contemplando o Livro Divino, nele identifiquei apenas um livro de cheques...

Não obstante atordoado, registei-vos a palavra consoladora.
Fui socorrido.
De imediato, quase nada pude reter de vossos apelos e ensinamentos.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:12 pm

Continua...

Contudo, depois de alguns dias, o benefício das exortações recebidas renovou-me o íntimo e, de amigos espirituais que presentemente me ajudam a recuperação, aceitei a incumbência de lidar com os associados de meu pretérito, velhos conhecidos e amigos que manejam o dinheiro do mundo, para, através deles, algo realizar que me possa refazer a esperança..

Desde então, tenho falado em espírito, com mais de mil pessoas, com mais de mil depositantes de ouro e preciosidades, suplicando atenção para a caridade...

Entretanto, qual aconteceu com as sentinelas da vida espiritual que me buscavam noutro tempo, tenho visto apenas ouvidos de mármore, cabeças de pedra e corações de gelo.

Somente agora, nesta semana, atingi um grande resultado.
Aproximei-me, com êxito, de um homem que guardava algumas economias.

Pude abeirar-me dele e dar-lhe um pensamento:
— «Oferecer um cobertor a uma viúva pobre.»
Ele acatou a sugestão.

Comprou o cobertor e, em minha companhia, ele mesmo entregou essa esmola de agasalho a quem tinha frio!...
Então, pela primeira vez, depois da morte, uma nova alegria brotou de minhalma!...
Tenho hoje a ventura de crer que as visões do ouro terrestre ficarão para trás...

Doravante, espalharei, de coração erguido a Jesus, o ouro do trabalho, o ouro do pão, o ouro da água, o ouro da prece...

O Senhor, que esses fios de algodão, dados de boa-vontade, me envolvam também agora!...

Sejam eles o primeiro sinal de minha definitiva renovação, a luz da prece de reconhecimento que venho, feliz, partilhar convosco!...

Senhores, muito obrigado!
Que Deus vos recompense ....

F.

(1) Refere-se o comunicante a um dos bairros da cidade de Belo Horizonte. — Nota do organizador.
(2) Reporta-se a Cícero Pereira, batalhador da Causa Espírita, em Minas Gerais, cuja palavra figura também neste livro. — Nota do organizador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:12 pm

17 - NA VIAGEM DO MUNDO

Na noite de 1º de julho de 1954, o Grupo recebeu a visita de Dalva de Assis, abnegada orientadora espiritual das tarefas doutrinárias de alguns dos componentes de nossa agremiação.


Com a sua palavra encantadora e simples, mostrou-nos como a sombra lança mão de vários subterfúgios para embaraçar-nos o passo, na conquista do aprimoramento espiritual, despertando-nos, ao mesmo tempo, para a rota cristã, a fim de que não nos falte a bússola da bondade e da fé, com a qual encontraremos o porto da Luz e da Verdade.

«Quem me segue não anda em trevas...» — prometeu-nos o Eterno Amigo.

Se avanças, assim, em companhia do Mestre, sob o nevoeiro do mundo, muitas vezes serás interpelado pela sombra, através daqueles que te palmilham a senda.

Em plena estrada, dir-te-á pelo rebelde!
- Perdão é covardia.
O ódio alimenta.
Incendeia o caminho.
Oprime e passa.

Dir-te-á pelo ambicioso:
— Não cogites dos meios para alcançar os fins.
Dar é tolice.
O interesse acima de tudo.
Mais vale um vintém na Terra que um tesouro nos Céus.

Exclamará para os teus ouvidos pela boca dos viciosos:
— Nada além da carne.
Come e bebe.
Goza o dia.
Embriaga-te e esquece.

Exortar-te-á pelo usurário:
— Não desdenhes a bolsa farta.
Serviço é privilégio da ignorância.
Migalha bem furtada, riqueza justa.
Ajuda a ti mesmo, antes que os outros te desajudem.

Dir-te-á pelo pessimista:
— Nada mais a fazer.
Que te importa o destino?
Não vale a pena...
Tudo é ilusão.

Exortar-te-á pelos filhos do orgulho:
— Jamais te humilhes.
O mundo é teu.
Nada além de ti mesmo.
Vence e domina.

Em teu santuário de serviço, dir-te-á pelo chefe:
— Não reclames.
Obedece e cala-te.
Estou fatigado...
Não me perturbes.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:13 pm

Continua...

Pela voz do subordinado, gritará, inquietante:
— Não te aproximes.
Não te suporto.
Pagar-me-ás a injustiça.
Maldito sejas.

E acentuará pela boca do companheiro:
— Desaparece.
Não me aborreças.
Estou farto.
A culpa é tua...

Em casa, dir-te-á pelos mais amados:
— És a nossa vergonha.
Enlouqueceste...
Que fizeste de nós?
Não passas de um fraco...

Mas, no imo dalma, escutarás a palavra do Senhor, na acústica do coração:
— Brilhe tua luz.
Ama sem exigência.
Serve a todos.
Ampara indistintamente.

Não desesperes.
Tem bom ânimo.
Ora pelos adversários.
Ajuda a quem te calunia.
Perdoa setenta vezes sete.

A quem te pedir a túnica, oferece também a capa.
Ao que te pedir a jornada de mil passos, caminha com ele dois mil.
Renúncia é conquista.

A dor é bênção.
Sacrifício é glória.
O trabalho é superação.
A luta é pão da vida.
A cruz é triunfo.
A morte é ressurreição.

Se souberes ouvir o Celeste Orientador, aprenderás servindo e servirás amando...

E, reconhecendo a tua condição de simples viajante no mundo, usarás, cada dia, a bússola da bondade e da fé, no divino silêncio, nutrindo a certeza de que aportarás, amanhã, sob a inspiração de Jesus, na grande praia da verdade, onde encontrarás, enfim, a tua Vitória Eterna.

Dalva de Assis
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:13 pm

18 - DRAMA NA SOMBRA

No encerramento de nossas actividades na noite de 9 de julho de 1954, tivemos a presença de Jorge, um irmão que nos era desconhecido e com quem tomáramos o primeiro contacto um ano antes.


Mobilizando as faculdades psicofónicas do médium, relatou-nos o seu “drama na sombra”, oferecendo-nos com ele preciosos elementos de estudo.

Ouvindo-o, lembramos-lhe a primeira manifestação, em julho de 1953, quando foi auxiliado por nossos Benfeitores Espirituais, através de nosso Grupo.

Apresentara-se como um louco.
Sustentava a cabeça entre as mãos, queixando-se desesperadamente, e alegando que trazia o crânio estilhaçado pela bala de revólver com que exterminara o próprio corpo e cujo estampido parecia eternizar-se dentro de seu cérebro.

Regressando ao nosso Grupo com o presente relato, mostra como age sobre nós a Lei de Causa e Efeito.

Homicida directa e indirectamente e suicida, torna-se obsediado pelas suas vítimas, após o crime em que se comprometeu na existência da carne, fazendo-se presa de Espíritos infernais nas regiões inferiores a que desceu pelo suicídio e somente consegue reequilibrar-se, assimilando com boa-vontade o auxílio que lhe foi prestado pelos Espíritos Benevolentes e Amigos.

Importante notar que as suas vítimas, com delitos menores, voltam à reencarnação antes dele e ser-lhe-ão pais terrestres, em futuro próximo, para que, dentro do “carma” elaborado pelo trio, possam os três caminhar unidos nas provações expiatórias com que se redimirão diante da Lei.

Quem agradece com sinceridade traz aos benfeitores aquilo de melhor que possui.

Sou pobre vítima do crime e do suicídio que vem depositar em vossas preces uma singela flor de gratidão.

No entanto, para comentar o favor recebido, peço permissão para que minhas lembranças recuem no tempo.

Corria o ano de 1917 e sentia-me um homem feliz entre os mais felizes.
Era moço, optimista e robusto.
Avizinhava-me dos trinta anos e sonhava a organização de meu próprio santuário doméstico.

Anita era minha noiva.
Aqueles que amaram profundamente, guardando, inalteráveis, no peito, a primavera das primeiras aspirações, poderão compreender a floração de esperança que brilhava em minhalma.

A escolhida de minha mocidade encarnava para mim o ideal da perfeita mulher.

Preparávamos o futuro, quando um primo, de nome Cláudio, veio viver em nossa casa no Rio, à caça de estabilidade profissional para a juventude, necessitada de maiores experiências.

Acolhido carinhosamente por meus pais e por mim, e mais moço que eu próprio, passou a ser meu companheiro e meu irmão.

O infortúnio, porém, como que me espreitava de perto, porque Cláudio e Anita, ao primeiro contacto, pareceram-me transfundidos na ventura de velho conhecimento.

Pouco a pouco, reconheci que a criatura querida me escapava dos braços e, mais que isso, notei que o amigo se erguia em meu adversário, porque blasonava de minha perda, ironizando-me a inferioridade física.

No decurso de alguns meses, por mais tentasse distanciá-los discretamente, Cláudio e Anita estreitavam os laços da intimidade afectiva, até que fui apeado de meu projecto risonho — tudo quanto a Terra e a vida me ofereciam de melhor.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:13 pm

Continua...

Instado para entendimento pela antiga noiva, dela recolhi observações inesperadas.

Nosso compromisso era apenas ilusão...
Andara mal inspirada...
Eu não representava para ela, em verdade, o tipo ideal do companheiro...

Não seríamos felizes...
Melhor desfazer a aliança amorosa, enquanto o tempo nos favorecia visão justa...
Senti-me desfalecer.
Preferia a morte à renúncia.

Entretanto, era preciso sufocar o brio humilhado, asfixiar o coração e viver...

Para vós outros, semelhantes confidências podem constituir uma confissão demasiado infantil, todavia, dela necessito para salientar o benefício recolhido em nossas preces.

Recalquei o sofrimento moral.
Escoaram-se os dias.
Cláudio era filho adoptivo de nossa casa, comensal de nossa mesa.

Sentindo-se meu irmão, não suspeitava que um ódio terrível se me desenvolvia no coração invigilante.

Meses transcorreram e a gripe, em 1918, castigava a cidade.
Estendera-se a epidemia e Cláudio não lhe resistiu ao assalto.

Caiu sob invencível abatimento.
Fui-lhe o enfermeiro desvelado, no entanto, mal podia suportar o devotamento de que o via objecto, por parte da mulher que eu amava.

Não compreendia porque se confiara ela a tamanha versatilidade, e, observando-a, firme e abnegada, em torno do rapaz, entreguei-me gradativamente à ideia do crime.

Numa noite de febre alta, em que o doente reclamava maiores demonstrações de paciência e carinho e em que Anita, fatigada, obtivera, enfim, alguns momentos de sono, eliminei todas as dúvidas.

Á guisa de remédio, administrei ao enfermo o veneno que o afastaria para sempre de nós.

Na manhã imediata, um cadáver representava a resposta de meu despeito às esperanças da mulher que me preterira.

A morte, contudo, não conseguiu desuni-los, porque Anita, embora afagada por mim, fez-se arredia e desconfiada.

Parecia procurar em meus olhos a sombra do remorso que passara a flagelar-me o coração.

E, apática, desalentada, renunciando ao porvir, rendeu-se à depressão orgânica, que, aos poucos, lhe abriu caminho para o sepulcro.

Revelava-se contente por entregar ao polvo invisível da tuberculose a taça do próprio corpo.

Quando me vi sozinho, sem os dois, mergulhei no desânimo e no arrependimento.

E entre a silenciosa interrogação de meus pais e a tortura interior que passou a possuir-me, escutava-lhes a voz, desafiando-me em cada canto:
— Jorge! Jorge! que fizeste? que fizeste de nós? Jorge! Jorge! Pagarás, pagarás!...

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:14 pm

Continua...

Os dois fantasmas inexoráveis impeliam-me à morte.
Inútil tentar resistência.
Percebia-os em toda parte, fosse em casa, na via pública ou dentro de mim...

E o desejo de minha própria exterminação começou a empolgar-me...
Em dado instante, resolvi não mais me opor à tentação.
Meus pais eram bons, carinhosos e devotados.

Não lhes podia dar o espectáculo de um suicídio aberto.
Na manhã fatídica, porém, notifiquei à minha mãe que faria a limpeza na arma de um amigo.

Ela pediu-me cuidado.
Contemplei-a enternecidamente pela última vez.
Aqueles cabelos brancos rogavam-me que eu vivesse!.

Fixei a mesa de escritório em que meu pai, ausente, costumava trabalhar, e a figura dele visitou-me a imaginação, induzindo-me à calma e ao respeito à vida...

Hesitei.
Não seria mais justo continuar sofrendo no mundo para, com mais segurança, reparar meus erros?
Entretanto, as acusações, em voz inarticulada, martelavam-me o cérebro.

— Jorge, covarde! que fizeste de nós?...
Decidi-me sem detença.
Demandei o quarto de dormir e com o revólver emprestado espatifei meu crânio.

Ah! desde então suspirei por morar no inferno de fogo terrestre que seria benigno comparado ao tormento que passei a experimentar!...

Creio hoje que as grandes culpas nos transformam o espírito numa esfera impermeável, em cujo bojo de trevas sofremos irremediável soledade, punidos por nossa própria desesperação.

Tenho a ideia de que todos os padecimentos se congregavam em mim.
Desejava ver, possuía olhos, e não via. Propunha-me ouvir qualquer voz familiar, identificava meus ouvidos, e não ouvia.

Queria movimentar as mãos e, sentindo-as embora, não conseguia accioná-las.

Meus pés! Possuía-os, intactos, entretanto, não podia movê-los.
Achava-me na condição dos mutilados que prosseguem assinalando a presença dos membros que a cirurgia lhes arrancou.

Comigo uma vida nova de fome, sede, amargura e remorso passou a desdobrar-se...

O estampido não tinha fim.
Sempre a bala aniquilando-me a cabeça...
Depois de largo tempo, cuja duração não me é possível precisar, notei que vozes sinistras imprecavam contra mim...

Pareciam nascer de furnas sombrias situadas em minhalma...
E sempre envolto na sombra sibilante, sentia um fogo diferente daquele que conhecemos na Terra, uma espécie de lava comburente e incessante, vertendo chamas vivas, a se entornarem de minha cabeça sobre o corpo...

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:14 pm

Continua...

Debalde acariciava o anseio de dormir.
Torturava-me a fome, sem que eu pudesse alimentar-me.
Algumas vezes, pressentia que nuvens do céu se transformavam em temporal...

Guardava a impressão de arrastar-me dificilmente sobre o pó, tentando recolher algumas gotas de chuva que me pudessem dessedentar...

Mas, como se eu estivesse vivendo num cárcere inteiriço, sabia que a chuva rumorejava por fora sem que eu lograsse uma gota sequer do precioso líquido.

E, em meio aos tormentos inomináveis, sofria mordidelas e alfinetadas, quais se vermes devoradores me atingissem o crânio, carcomendo-me todo o corpo, a partir da planta dos pés.

Em muitas ocasiões, monstros horripilantes descerravam-me as pálpebras que eu não conseguia reerguer e, como se me falassem através de pavorosas janelas, gritavam sarcasmos e palavrões, deixando-me mais desesperado e abatido.

Sempre aquela sensação da cabeça a esmigalhar-se, dos ossos a se desconjuntarem e da mente a obstruir-se, sob o império de forças tremendas que, nem de leve, até hoje, minha inteligência poderia definir ou compreender...

De nada me valiam lágrimas, petitórios, lamentação...
Ansiava pela felicidade de tocar algum móvel de substância material...

Clamava pela bênção de poder transformar as mãos numa concha simples, a fim de recolher algo do pó terrestre e localizar-me por fim...

Assim vivi na condição de um peregrino enovelado nas trevas, até que alguém me trouxe ao vosso templo de orações.

Agora que recuperei a noção do tempo, digo-vos que isso aconteceu precisamente há um ano...

Pude conversar convosco, ouvir-vos a voz.
O médium que me acolheu, à maneira de mãe asilando um filho, era um ímã refrigerante.

Transfundir-me nas sensações de um corpo físico, de que me utilizava transitoriamente embora, deu-me a ideia de que eu era uma lâmpada apagada, buscando reanimar-me na chama viva da existência que me fora habitual e cujo calor buscava reaver desesperadamente.

Depois de semelhante transfusão de forças, observei que energias novas fixavam-se-me no espírito, refazendo-me os sentidos normais e, então, pude gemer...

Tive a felicidade de gemer como antigamente, de chorar como se chora no mundo...

Conduzido a um hospital, recebi tratamento.
Decorridos dois meses, passei a frequentar-vos o ambiente.
Aprendi a encontrar o socorro da oração e, mais consciente de mim, indaguei por Cláudio e Anita.

Obtive a permissão de revê-los.
Oh! prodígio! reencontrei-os enlaçados num lar feliz, tão jovens quanto antes...
Recém-casados, desfrutavam a ventura merecida...

Marido e mulher, haviam reconstituído a união que eu furtara...
Aproximei-me deles com imensa emoção.
A noite avançava plena...

Extático, rememorando o pretérito, reconheci que os dois haviam entrado nas vibrações radiosas da prece, passando, logo após, ao sono doce e tranquilo.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Mar 26, 2011 10:14 pm

Continua...

Minha surpresa fez-se mais bela.
Afastando-se suavemente do corpo físico, ambos estenderam-me os braços, em sinal de perdão e de amor...

E, enquanto me entregava ao pranto de gratidão, alguém que está convosco (1), e é para todos nós uma irmã devotada e infatigável, anunciou-me aos ouvidos:
— Jorge, o novo dia espera por você.
Cláudio e Anita, hoje reencarnados, oferecem-lhe ao coração a bênção de novo abrigo...

Em verdade, você receberá um corpo castigado, um instrumento experimental em que se lançará à recuperação da harmonia...

A fim de restaurar-se, sofrerá você como é justo, mas todos nós, na ascensão para Deus, não prescindiremos do concurso da dor, a divina instrutora das almas...

Regozije-se, ainda assim, porque, neste santuário de esperança e ternura, será você amanhã o filho abençoado e querido!...

Despedi-me, radiante.
E agora, tomado de fé viva, trago-vos a mensagem de meu reconhecimento.

Oxalá possa eu merecer a graça de um corpo torturado e doente, em que, padecendo, me refaça e em que, chorando, me reconforte...

Sei que, para as minhas vítimas do passado e benfeitores do presente, serei ainda um fardo de incerteza e lágrimas, contudo, pelo trabalho e pela oração, encontraremos, enfim, o manancial do amor puro que nos guardará em sublime comunhão para sempre.

Amigos, recebei minha ventura!
Para exprimir-vos gratidão nada tenho...

Mas, um dia, estaremos todos juntos na Vida Eterna e, com o amparo divino, repetirei convosco a inesquecível invocação desta hora:
«Que Deus nos abençoe!. .

Jorge

(1) O comunicante refere-se ao Espírito Meimei. — Nota do organizador.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:03 pm

19 - ALERGIA E OBSESSÃO

A noite de 15 de julho de 1954 trouxe-nos a alegria do primeiro contacto com o Espírito do Doutor Francisco de Menezes Dias da Cruz, distinto médico e denodado batalhador do Espiritismo, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira, no período de 1889 a 1895, desencarnado em 1937.


Tomando as faculdades psicofónicas do médium, pronunciou a palestra aqui transcrita, que consideramos precioso estudo em torno da obsessão.

Subordinando o assunto ao tema “alergia e obsessão”, elucida-nos sobre a maneira pela qual facilitamos a influenciação das entidades Infelizes ou inferiores em nosso campo físico, desde as mais simples perturbações epidérmicas aos casos dolorosos de avassalamento psíquico.

Quem se consagra aos trabalhos de socorro espiritual há de convir, por certo, em que a obsessão é um processo alérgico, interessando o equilíbrio da mente.

Sabemos que a palavra «alergia» foi criada, neste século, pelo médico vienense Von Pirquet, significando a reacção modificada nas ocorrências da hipersensibilidade humana.

Semelhante alteração pode ser provocada no campo orgânico pelos agentes mais diversos, quais sejam os alimentos, a poeira doméstica, os pólens das plantas, os parasitas da pele, do intestino e do ar, tanto quanto as bactérias que se multiplicam em núcleos infecciosos.

As drogas largamente usadas, quando em associação com factores proteicos, podem suscitar igualmente a constituição de alérgenos alarmantes.

Como vemos, os elementos dessa ordem são exógenos ou endógenos, isto é, procedem do meio externo ou interno, em nos reportando ao mundo complexo do organismo.

A medicina moderna, analisando a engrenagem do fenómeno, admite que a acção do anticorpo sobre o antígeno, na intimidade da célula, liberta uma substância semelhante à histamina, vulgarmente chamada substância «H», que agindo sobre os vasos capilares, sobre as fibras e sobre o sangue, actua desastrosamente, ocasionando variados desequilíbrios, a se expressarem, de modo particular, na dermatite atípica, na dermatite de contacto, na coriza espasmódica, na asma, no edema, na urticária, na enxaqueca e na alergia sérica, digestiva, nervosa ou cardiovascular.

Evitando, porém, qualquer preciosismo da técnica científica e relegando à medicina habitual o dever de assegurar os processos imunológicos da integridade física, recordemos que as radiações mentais, que podemos classificar por agentes «R», na maioria das vezes se apresentam, na base de formação da substância «H», desempenhando importante papel em quase todas as perturbações neuropsíquicas e usando o cérebro como órgão de choque.

Todos os nossos pensamentos definidos por vibrações, palavras ou actos, arrojam de nós raios específicos.

Assim sendo, é indispensável curar de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes, porquanto a cólera e a irritação, a leviandade e a maledicência, a crueldade e a calúnia, a irreflexão e a brutalidade, a tristeza e o desânimo, produzem elevada percentagem de agentes «R», de natureza destrutiva, em nós e em torno de nós, exógenos e endógenos, susceptíveis de fixar-nos, por tempo indeterminado, em deploráveis labirintos da desarmonia mental.

Em muitas ocasiões, nossa conduta pode ser a nossa enfermidade, tanto quanto o nosso comportamento pode representar a nossa restauração e a nossa cura.

Para sanar a obsessão nos outros ou em nós mesmos, é preciso cogitar dos agentes «R» que estamos emitindo.

O pensamento é força que determina, estabelece, transforma, edifica, destrói e reconstrói.
Nele, ao influxo divino, reside a génese de toda a Criação.

Respeitemos, assim, a dieta do Evangelho, procurando erguer um santuário de princípios morais respeitáveis para as nossas manifestações de cada dia.

E, garantindo-nos contra a alergia e a obsessão de qualquer procedência, atendamos ao sábio conselho de Paulo, o grande convertido, quando adverte aos cristãos da Igreja de Filipos:
«Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é nobre, tudo o que é puro, tudo o que é santo, seja, em cada hora da vida, a luz dos vossos pensamentos. »

Dias da Cruz
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:04 pm

20 - EM MARCHA

No encerramento das nossas actividades, na noite de 22 de julho de 1954, fomos brindados com a presença do Espírito do Doutor Geminiano Brazil de Oliveira Góis, notável e digno advogado e político sergipano, desencarnado no Rio de Janeiro, em 1904, que, em se consagrando ao Espiritismo, testemunhou a sua fé sem hesitações, transformando-se em valoroso lidador do Cristo, a serviço da Humanidade.


A mensagem psicofónica que nos deixou é uma bela advertência aos espíritos encarnados, notadamente a nós, os espiritistas, convidando-nos a considerar o valor do tempo em nossa romagem terrena, para que nos situemos em melhores condições no Plano Espiritual.

É justo não esquecermos que ainda somos seres em crescimento evolutivo, para retirarmos do tempo os valores e as vantagens imprescindíveis à nossa ascensão.

A romagem no campo físico é a vida espiritual noutro modo de ser, tanto quanto a luta, aquém da morte, é a continuação do aprendizado terrestre numa expressão diferente.

Analisando a imensidade infinita dos mundos, agrupamo-nos na Terra em singela faixa vibratória, assim como determinada colectividade de pássaros da mesma condição se congregam num trecho de floresta, ou como certa família de rãs, a reunir-se no fundo do mesmo poço.

Condicionados pelo nosso progresso reduzido, não assinalamos da gloriosa vida que nos cerca senão ínfima parte, adstritos que nos achamos às estreitas percepções do padrão sensorial que nos é próprio.

Com o corpo de carne, somos tarefeiros do mundo, matriculados na escola da experiência predominantemente objectiva, desfrutando um instrumento precioso, qual seja o veículo denso, em que o cérebro, com todos os implementos das redes nervosas, pode ser comparado a um aparelho radiofónico de emissão e recepção, funcionando no tipo de onda inferior ou superior a que nos ajustamos, e em que os olhos, os ouvidos, a língua, as mãos e os pés representam acessórios de trabalho, subordinados ao comando da mente.

Além da morte, sem o vaso carnal, ainda somos tarefeiros do mundo, fichados no educandário da experiência predominantemente subjectiva, registando os resultados das acções boas ou más, que nos decidimos a mentalizar e estender.

Aprisionando-nos à carne ou libertando-nos dela, nascendo, morrendo, ressurgindo ao esplendor da imortalidade ou reaparecendo na sombra do Planeta, segundo a conceituação humana, vivemos em marcha incessante para os arquétipos que a Eternidade nos traçou e que nos cabe atingir.

Vós, que tendes encontrado em nossa companhia tantos problemas dolorosos de fixação mental nos Espíritos conturbados e sofredores, considerai connosco a importância do dia que foge.

Temos da vida tão-somente aquilo que recolhemos das horas.

O tempo é a sublimação do santo, a beleza do herói, a grandeza do sábio, a crueldade do malfeitor, a angústia do penitente e a provação do companheiro que preferiu acomodar-se com as trevas.

Dele surgem o céu para o coração feliz do bom trabalhador e o inferno para a consciência intranquila do servidor infiel.

Façamos de nossa tarefa, qualquer que ela seja, um cântico de louvor ao trabalho, à fraternidade e ao estudo.

Sirvamos, amemos e aprendamos!
Dilatemos o horizonte de nossa compreensão, arejando nossas almas e filtrando apenas a luz para que a luz nos favoreça.

E quanto a vós, em particular, vós que ainda detendes a valiosa oportunidade de contacto com o indumento físico, evitai, ainda hoje, a ingestão do mal, para não digerirdes lodo e fel amanhã.

Geminiano Brazil
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:04 pm

21 - ORAÇÃO

A noite de 29 de julho de 1954 foi para nós de gratidão e júbilo.


Antevéspera do segundo aniversário de nossa fundação, foi a escolhida para a inauguração da sede definitiva do nosso Grupo, em Pedro Leopoldo.

Instalados então em nossa casa simples, entregamo-nos à alegria íntima, através do serviço habitual, sem qualquer manifestação festiva de ordem exterior.

No término de nossas tarefas, Emmanuel, o nosso benfeitor de sempre, ocupou os recursos psicofónicos do médium e pronunciou a presente oração de agradecimento, que acompanhamos com toda a alma.

Senhor Jesus, vimos de longe para agradecer-te a bondade.
Viajantes no tempo, procedemos de Tebas, da Babilónia, de Heliópolis, de Atenas, de Esparta, de Roma...

Tantas vezes, respiramos na grandeza terrestre!.

Petrificados na ilusão, povoamos palácios de orgulho, castelos de soberba, casas solarengas da vaidade e dominamos cruelmente os fracos, desconhecendo a bênção do amor...

Reunidos aqui, hoje, em nosso pouso de fraternidade e oração, rogamos-te força para converter a existência em colaboração contigo!

Nós que temos guerreado e ferido a outrem, imploramos-te, agora, recursos para guerrear as nossas fraquezas e ferir, de rijo, nossas antigas viciações, a fim de que nos transformemos, afinal, em teus servos...

Ajuda-nos a regenerar o coração pela tua Doutrina de Luz, para que estejamos conscientes de nosso mandato.
Para isso, porém, Senhor, faz-nos pequeninos, simples e humildes...

Oleiro Divino, toma em tuas mãos o barro de nossas possibilidades singelas e plasma a nossa individualidade nova, ao calor de tua inspiração, para que, como a fonte, possamos estender sem alarde os dons de tua misericórdia, na gleba de acção em que nos convidas a servir.

Sem tuas mãos, estaremos relegados às nossas próprias deficiências; sem teu amor, peregrinaremos, abandonados à miséria de nós mesmos...

Mestre, cujos ouvidos vigilantes escutam no grande silêncio e cujo coração pulsa, invariável, com todas as necessidades e esperanças, dores e alegrias da Terra, nós te agradecemos pelo muito que nos tens dado e, ainda uma vez, suplicamos-te acréscimo de forças para que não estejamos distraídos...

Senhor, cumpra-se em nós a tua vontade e que a nossa vida seja, enfim, colocada a teu serviço, agora e sempre...

Houve expressivo interregno na comunicação do amigo espiritual.

Em seguida, modificando a inflexão de voz, como se estivesse retirando o próprio sentimento da invocação a Jesus para entrar em familiaridade connosco, passou a dirigir-nos a palavra, em tom mais íntimo, continuando:
E a vós, meus amigos, com quem misturamos nossas lágrimas de regozijo e reconhecimento, dirigimos também nosso apelo!...

Achamo-nos em nova casa de trabalho...
Quantas vezes temos visto, no curso dos milénios, colunas aparentemente gloriosas transubstanciadas em pó, albergando ilusões que nos arremessaram ao charco das zonas inferiores!...

Nós que temos caminhado sobre os nossos próprios ídolos mortos, na insignificância da nossa condição de hoje, atentemos para a magnitude das nossas obrigações, aprendendo, por fim, a humildade, para não trairmos a confiança recebida...

Cessem para sempre em nós a impulsividade e a crítica, o egoísmo e a crueldade, porque toda a nossa grandeza terrena do pretérito foi bem miserável, restando-nos tão-somente a felicidade de estender mãos fervorosas ao Mestre Divino, para que ele nos ampare e renove...

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:04 pm

Continua...

Em nosso novo templo, sentimos a simplicidade reconquistada para que nos disponhamos ao espírito de serviço.

Prevaleça, então, em nós a compreensão fraternal cada vez mais ampla! que o amor do Cristo nos governe os actos de cada dia, através da bondade e da paciência incessantes.

Convosco temos aprendido a alegria de confiar e servir e, nas horas escuras ou claras, agradáveis ou difíceis, temos sido ao vosso lado, não o orientador que nunca fomos, mas sim o companheiro e o irmão que podemos ser...

Nessa posição, estaremos em vossa companhia, cultivando o ideal de nossa transformação em Cristo Jesus.

Aprendamos, enfim, a dar de nós mesmos, em esperança e boa-vontade, trabalho e suor, tudo aquilo que constitui nossa própria vida, a benefício dos outros, para entrarmos na posse da Vida Abundante, reservada aos que se rendem à cooperação com a Providência Divina...

Partilham-nos a prece deste momento não apenas aqueles que se constituíram associados de nossa presente tarefa espiritual, mas também velhos amigos, dentre os quais avultam sacerdotes, guerreiros, juízes, legisladores, legionários, combatentes, intérpretes de leis humanas e inúmeras almas queridas que, em outro tempo, vitimadas pelos próprios enganos, desceram connosco ao despenhadeiro de lutas expiatórias!...

Todos, de armas ensarilhadas, desejamos actualmente para nós a espada do Cristo, a cruz, cuja lâmina, em se voltando para baixo, nos ensina que o trilho de paz e renunciação é o único capaz de conduzir-nos à verdadeira ressurreição.

Convosco lutamos, contando com o vosso concurso no trabalho constante do bem, pelo qual, um dia, nascerá a nossa comunhão perfeita com a luz divina.

Meus amigos, em nome de quantos oram connosco e de quantos esperam por nós, reiteramos o nosso profundo reconhecimento ao Senhor, implorando-lhe auxílio em socorro de nossas necessidades e levando-lhe igualmente a certeza de que perseveraremos no esforço de nossa regeneração, até o fim.

Emmanuel
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:05 pm

22 - UM AMIGO QUE VOLTA

Finalizando as nossas actividades socorristas às entidades sofredoras, na noite de 5 de agosto de 1954, tivemos a visita de velho e conhecido amigo que, um ano antes, passara em Espírito por nossa casa.


Alberto, que assim se chamava, foi médico distinto em Belo Horizonte, de quem nos escusamos fornecer maiores elementos de identificação, por motivos óbvios.

Em sua primeira passagem por nosso templo, denotava a emoção e as preocupações peculiares ao Espírito recém-desencarnado, como que preso ainda ao esgotamento que lhe impôs o trespasse, mas na presente mensagem revela-se plenamente recuperado, dispondo da Inteligência, da vivacidade e da agudeza de espírito que lhe marcavam a personalidade brilhante.

Leiamos a sua palestra que ficou intitulada “Um amigo que volta’.

Enquanto nos escravizamos ao corpo de carne e sangue em que o homem mal se define, não é fácil apreender as realidades do espírito, porque, soterrados nos títulos e nas convenções superficiais, deambulamos no mundo, enfarpelados com as ilações provisórias da ciência ou encastelados em teorias que só a morte consegue modificar.

Indiscutivelmente, bastaria um exame mais acurado das maravilhas da mente para descortinarmos aí alguma coisa do sublime reino da alma, preparando com segurança o futuro; entretanto, caminhamos na Terra, em câmara lenta, cosendo-nos à vaidade pessoal, como a tartaruga se prende ao pesado estojo que lhe é próprio.

Com a técnica científica, interferimos no cérebro, usando harmónios e estupefacientes ou empregando ablações cirúrgicas;
todavia, presumindo descobrir nele o órgão secretor do pensamento, apenas tacteamos a sombra carente de luz, porque o cérebro surge, na essência, tão longe do Espírito que através dele se manifesta, como o violino se distancia do artista que o maneja, na execução da melodia em que se lhe expressa o génio musical.

Nossos enganos, porém, diante da vida eterna, guardam a frágil consistência da neblina perante o fulgor do sol.

Rege-se a Natureza por leis inelutáveis e o túmulo nos aguarda, impassível, restituindo-nos ao entendimento as verdades mais simples do coração.

E daqui, dos vastos horizontes que se nos desdobram à vista, reconhecemos agora o imperativo de libertação da consciência humana, vítima dos fósseis da ciência e da religião a lhe empeçarem a marcha.

A morte não nos regenera tão-somente a visão interior, purificando-nos o discernimento, mas também nos constrange a contemplar a glória nascente do novo dia, cujas realizações reclamam a mobilização de todos os nossos recursos de serviço, no socorro e no esclarecimento das criaturas.

A universidade possui a lógica.
O santuário retém a intuição.

É imprescindível trabalhar com desassombro para que a escola e o templo se reúnam no nível de mais elevada compreensão, a benefício da Humanidade.

Se hoje avançadas organizações compelem a inteligência à domesticação do átomo e da energia cósmica, concitemos o coração à fé racional sobre os princípios evolutivos, moldando os tempos novos nas concepções do progresso infinito e do amor universal.

Nesse sentido, o Espiritismo, redizendo o ensinamento de Jesus, é a força de restauração e equilíbrio que nos compete enobrecer e dilatar.

Sou daqueles que beberam em vossa fonte, reajustando o próprio coração.

E, agradecendo-vos o ingresso ao novo campo de conhecimento que comecei a lavrar, digo-vos, confiante:
— Fazei o bem a tudo e a todos.
Tolerai e perdoai!...
Acendei a esperança!
Não extingais a luz.
Ajudai, hoje e sempre!...

A floresta dominadora não procede do trovão que brame ou da ventania que arrasa, mas, sim, da semente humilde que aprendeu a esquecer-se, a calar, a ajudar, a produzir e a esperar.

Alberto
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:05 pm

23 - COMPANHEIRO EM LUTA

A fase terminal de nossas tarefas, na noite de 12 de agosto de 1954, trouxe-nos à presença antigo companheiro de lides espíritas em Belo Horizonte, que passaremos a nomear simplesmente por Irmão Lima, já que o respeito fraternal nos impede Identificá-lo plenamente.


Lima, que era pai de família exemplar, desfrutava excelente posição social e, por muitos anos, exerceu os dons mediúnicos de que era portador em ambientes íntimos. Em 1949, como que minado por invencível esgotamento, suicidou-se sem razões plausíveis, trazendo, com isso, dolorosa surpresa a todos os seus amigos.

Na noite a que nos referimos, naturalmente trazido por Amigos Espirituais, utilizou-se das faculdades psicofónicas do médium e ofertou-nos o relato de sua história comovente, que constitui para nós todos uma advertência preciosa.

Venho da escura região dos mortos-vivos, à maneira de muitos vivos-mortos que se agitam na Terra.

O Espiritismo foi minha grande oportunidade.
Fui médium.
Doutrinei.

Contribuí para que irmãos sofredores e transviados recebessem uma luz para o caminho.

Recolhi as instruções dos mestres da sabedoria e tentei acomodar-me com as verdades que são hoje o vosso mais alto património espiritual.

Fui consolado e consolei.
Doentes, enfraquecidos, desesperados, tristes, fracassados, desanimados, derrotados da sorte, muitas vezes se reuniam junto de nós e junto de mim...

Através da oração, colaborei para que se lhes efectivasse o reerguimento.

Mas, no círculo de minhas actividades, a dúvida era como que um nevoeiro a entontecer-me o espírito e, pouco a pouco, deixei-me enredar nas malhas de velhos inimigos a me acenarem do pretérito — do pretérito que guarda sobre o nosso presente uma actuação demasiado poderosa para que lhe possamos entender, de pronto, a evidência...

E esses adversários subtilmente me impuseram à lembrança o passado que se desenovelou, dentro de mim, fustigando-me os germes de boa-vontade e fé, assim como a ventania forte castiga a erva tenra.

Enquanto a vida foi árdua, sob provações aflitivas, o trabalho era meu refúgio. No entanto, à medida que o tempo funcionava como calmante celeste sobre as minhas feridas, adoçando-me as penas, o repouso conquistado como que se infiltrou em minha vida por venenoso anestésico, através do qual as forças perturbadoras me alcançaram o mundo íntimo.

E, desse modo, a ideia da autodestruição avassalou-me o pensamento.
Relutei muito, até que, em dado instante, minha fraqueza transformou-se em derrota.

Dizer o que foi o suicídio para um aprendiz da fé que abraçamos, ou relacionar o tormento de um espírito consciente da própria responsabilidade é tarefa que escapa aos meus recursos.

Sei somente que, desprezando o meu corpo de carne, senti-me sozinho e desventurado.
Perambulei nas sombras de mim mesmo, qual se estivera amarrado a madeiro de fogo, lambido pelas chamas do remorso.

Após muito tempo de agoniada contrição, percebi que o alívio celeste me visitava.
Senti-me mais sereno, mais lúcido...

Desde então, porém, estou na condição daquele rico da parábola evangélica, porque muitos dos encarnados e desencarnados que recebiam junto de mim as migalhas que nos sobravam à mesa surgem agora, ante a minha visão, vitoriosos e felizes, enquanto me sinto queimar na labareda invisível do arrependimento, ouvindo a própria consciência a execrar-me, gritando:
Resigna-te ao sofrimento expiatório!
Quando te regalavas no banquete da luz, os lázaros da sombra, hoje triunfantes, apenas conheceram amarguras e lágrimas!...


Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Mar 27, 2011 11:05 pm

Continua...

Imponho-me, assim, o dever de clamar a todos os companheiros quanto aos impositivos do serviço constante.

A acção infatigável no bem é semelhante à luz do Sol, a reflectir-se no espelho de nossa mente e a projectar-se de nós sobre a estrada alheia.

Contudo, no descanso além do necessário, nossa vida interior passa a retratar as imagens obscuras de nossas existências passadas, de que se aproveitam antigos desafectos, arruinando-nos os propósitos de regeneração.

Comunicando-me convosco, associo-me às vossas preces.
Sou o vosso Irmão Lima, companheiro de jornada, médium que, por vários anos, guardou nas mãos o archote da verdade, sem saber iluminar a si próprio.

Creio que um mendigo ulcerado e faminto à vossa porta não vos inspiraria maior compaixão.
Cortei o fio de minha responsabilidade...

Amigos generosos estendem-me aqui os braços, no entanto, vejo-me na posição do sentenciado que condena a si mesmo, porquanto a minha consciência não consegue perdoar-se.

Sinto-me intimado ao retorno...
A experiência carnal compele-me à volta.

Antes, porém, da provação necessária, visito, quanto possível, os ambientes familiares de nossa fé, buscando mostrar aos irmãos espiritistas que a nossa mesa de fraternidade e oração simboliza o altar do amor universal de Jesus-Cristo.

Temos connosco aquele cenáculo simples, em que o Senhor se reuniu aos companheiros de sublime apostolado...

De todas as religiões, o Espiritismo é a mais bela, por facultar-nos a prece pura e livre, em torno desse lenho sagrado, como sacerdotes de nós mesmos, à procura da inspiração divina que jamais é negada aos corações humildes, que aceitam a dor e a luta por elementos básicos da própria redenção.

Estou suplicando ao Senhor me conceda, oportunamente, a graça de reencarnar-me num bordel. Isso por haver desdenhado o lar que era meu templo...

Indispensável que eu sofra, para redimir-me, diante de mim mesmo.
Não mereço agora o sorriso e os braços abertos de nossos benfeitores, perante o libelo de meu próprio juízo.

Cabia-me aproveitar o tesouro da amizade, enquanto o dia era claro e quando o corpo carnal — enxada divina — estava jungido à minha existência como instrumento capaz de operar-me a renovação.

Ah! meus amigos, que as minhas lágrimas a todos sirvam de exemplo!...
Sou o trabalhador que abandonou o campo antes da hora justa...
O tormento da deserção dói muito mais que o martírio da derrota.

Devo regressar...
Reentrarei pela porta da angústia.
Serei enjeitado, porque enjeitei..

Serei desprezado, por haver desprezado sem consideração...
E, mais tarde, encadear-me-ei, de novo, aos velhos adversários.
Sem a forja da tentação, não chegaremos ao reajuste.

Rogo, pois, a Deus para que o trabalho não se afaste de minhas mãos e para que a aflição não me abandone...

Que a carência de tudo seja socorro espiritual em meu benefício e, se for necessário, que a lepra me cubra e proteja para que eu possa finalmente vencer.

Não me olvideis nas vibrações de amizade e que Jesus nos abençoe.

Lima
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24 - PÁGINA DE FÉ

Na reunião da noite de 19 de agosto de 1954, em rematando as nossas tarefas, tivemos a visita do Espírito Célia Xavier, que ocupou as faculdades psicofónicas do médium, oferecendo-nos expressiva página de fé.


Célia Xavier é abnegada servidora espiritual do Evangelho num dos templos espíritas de Belo Horizonte.

Á frente do ataúde ou perante o sepulcro aberto, clama o homem desesperado:
— Maldita seja a morte que nos impõe a separação para sempre...

Não suspeita de que os seus entes amados, na vanguarda do além, prosseguem evoluindo entre a alegria e a dor, compartilhando-lhe esperanças e ansiedades.

E não se apercebe de que ele mesmo atravessará, um dia, aflito e espantado, o portal de pó e cinza para colher o que semeou.

No entanto, somos hoje, os espíritas e os Espíritos, batedores da Era Nova e servos da Nova Luz.

Unidos, estamos construindo o túnel da grande revelação, pela qual se expressará, enfim, a vida plena e Vitoriosa.

Conhecemos de perto vosso combate, vossa tarefa, vossa fadiga...

A Verdade, que pediu outrora o martírio aos pioneiros da fé cristã, actualmente vos reclama o sacrifício por norma de triunfo.

Antigamente, era a perseguição exterior, através dos circos de sangue ou das fogueiras cruéis.

Agora, é a batalha íntima com os monstros da sombra a se aninharem, subtis, em nosso próprio coração, declarando oculta guerra ao nosso idealismo superior.

Ontem, poderia ser mais fácil morrer, de um átimo, sob o cutelo da flagelação física.

Hoje, porém, é muito difícil sofrer, pouco a pouco, o assalto das trevas, sustentando suprema fidelidade à glória do espírito.

Entretanto, não podemos trair a ex celsitude do mandato que nos foi confiado.

Somos lidadores da renovação e arautos da luz, a quem incumbe a obrigação de acendê-la na própria alma, para que o nosso mundo suba no céu para o esplendor de céus mais altos.

É preciso não temer as serpes do caminho, nem recear os fantasmas da noite.
Nosso programa essencial no aprimoramento próprio, a fim de que o mundo, em torno de nós, também se aperfeiçoe.

Aprendendo e ensinando, lembremo-nos, pois, de que o nosso amanhã será a projecção do nosso hoje e, elegendo no bem o sistema invariável de nosso recto pensamento e de nossa recta conduta, continuemos unidos na cruzada contra a morte, esforçando-nos para que o homem compreenda que o amor e a justiça regem a vida no Universo e que o trabalho e a fraternidade são as forças que geram na eternidade a alegria e a beleza imperecíveis.

Célia Xavier
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