LUZ ESPÍRITA
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DOAÇÃO DE Órgãos - Celso Martins

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:51 am

DOAÇÃO DE Órgãos
O Espiritismo Esclarece

Índice

APRESENTAÇÃO
ALÉM DO CORPO
O QUE É NOSSO
VOLTANDO AO PASSADO
POR QUE EU ME ESQUECI DO PASSADO
LIVRANDO-SE DOS APEGOS
O PERISPÍRITO
O SUICÍDIO NÃO RESOLVE NADA
A MORTE ENCEFÁLICA
O QUE PENSA O POVO
RESPEITO AO CADÁVER
JOVENS DO ALÉM DEFENDEM A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
I - O JOVEM ROBERTO IGOR PORTO SILVEIRA
II - O JOVEM CHRISTIAN W. FREITAS CAMPOS
PALAVRAS FINAIS
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:51 am

Apresentação
Conheci o José Carlos de Carvalho1 durante a VII Bienal Internacional do Livro, realizada no Rio de Janeiro em agosto de 1997. Estava a DPL, Editora e Distribuidora de Livros, apresentando ao público e distribuindo a todo o Brasil alguns de meus livros. Conversamos durante algum tempo e ele, recebendo os originais de um livro de auto-ajuda, ficou de lê-lo para possível edição.
Antes do Natal o livro já estava em processo de revisão gráfica. No início de 1998 entrou no prelo. Pois bem, neste meio tempo, eis que um telefonema do José Carlos me convida a elaborar outro; livro, agora Sobre o assunto polémico da doação de órgãos compulsória através de lei assinada pelo Presidente de República Sr. Fernando Henrique Cardoso.
Embora não seja médico, sou apenas um simples professor de Biologia, aceitei o desafio no desejo de dar aos leitores a orientação do Espiritismo sobre esta matéria. Escrevi o que o leitor vai ler agora. Não sei se fiz o devido esclarecimento; tentei ser objectivo e se em algum trecho tratarei de outros temas (reencarnação, perispírito, desapego, suicídio), agi assim para fazer-me claro junto a quem não tem ainda conhecimento destes temas doutrinários. Afinal, espero que este ensaio seja lido também por pessoas que não conhecem os fundamentos científicos' e filosóficos da Doutrina Espírita. Estou escrevendo no carnaval (fins de fevereiro) de 1998.
E já que citarei amplamente Chico Xavier, figura de respeito em todo o território nacional, graças ao seu trabalho abnegado na mediunidade desde 1927, termino esta apresentação com o que ele deixou consignado no livro Lições de Sabedoria, lançado pela Folha Espírita Editora Jornalística Ltda., à cuja frente, dentre outros, está a dinâmica e querida amiga Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, exactamente naquele trecho onde este querido médium assim se expressou :
“Sempre que a pessoa cultiva o desinteresse absoluto por tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer remuneração, nem mesmo aquela que a pessoa humana habitualmente espera com o nome da compreensão, sem aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um ponto de evolução em que a noção da posse não mais a preocupa, esta criatura está em condições de doar, porque não vai afectar o perispírito em coisa alguma.”
(O outro livro a que me referi no começo desta apresentação se intitula "Respingos de Esperança")
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:55 am

Além do Corpo
Não é o homem apenas o corpo material. Há nele um elemento a que tradicionalmente damos o nome de alma ou Espírito. Como prova elementar desta verdade reside no fato de o sujeito (eu) apesar de experimentar os mais diversos fenómenos (dor, prazer, tristeza, alegria, amor, indiferença, saudade, até mesmo rancor e ódio), não desaparece este eu com o desaparecimento de cada um destes fenómenos para ceder o seu lugar a outro.
Não; dá-se justamente o contrário. Este elemento espiritual sobrevive a todas as experiências e mesmo a todas as modificações que o corpo sofre, à constante renovação orgânica a que está sujeito o organismo ao longo do tempo.
Entretanto, apesar de a alma estar unida ao corpo utilizando-se de órgãos materiais para manifestar suas faculdades sensitivas e motoras, até mesmo de certa forma para externar suas funções intelectuais, não podemos achar que a alma seria apenas uma produção do cérebro ou das glândulas internas (como a hipófise, a tiróide, as sexuais, dentre outras). Não. A alma utiliza-se, sim, do corpo, desde o nascimento até a morte, todavia, não se confunde com ele. Nem termina quando ele se decompõe pelo fenómeno da morte. Durante a existência física, a alma se liga ao corpo por um terceiro elemento do homem a que damos o nome de perispírito. Tal ligação começa exactamente no instante da concepção. Isto porque a alma já existe antes do corpo ser gerado no ventre materno. As modernas técnicas de regressão da memória, levadas a efeito por parapsicólogos e terapeutas, que não têm nenhum compromisso com esta ou aquela religião, atestam esta anterioridade da alma ou do espírito ao nascimento da criança.
A alma, como já admitia Platão, está aprisionada no corpo como um detento no presídio. A morte é a libertação; é o passarinho que foge do cativeiro. Aliás, esta comparação do pássaro foi sugerida pelo médium Francisco Cândido Xavier quando um médico, materialista, declarou ao Chico Xavier:
- Já realizei muitas necropsias e nunca encontrei o espírito naqueles corpos ?
Ao que respondeu o médium mineiro:
- Ora doutor, o senhor queria pegar o passarinho depois que ele fugiu da gaiola ?
Com efeito, é muito íntima a ligação existente entre um cavaleiro e o cavalo. Todavia, se este cidadão descer do animal, eles não diferirão do que eram antes. A alimária continuará a ser um quadrúpede e o cavaleiro continuará com seus sonhos, seus ideais, suas alegrias, suas decepções, seus problemas, enfim, ele será ele mesmo. De igual maneira, uma vez desembaraçado do corpo material, o Espírito continua com as suas qualidades positivas ou negativas, com suas ideias anteriores, suas manias e anseios, alargando a compreensão das coisas, tomando conhecimento de suas nova situação somente depois de algum tempo que é extremamente variável, porque depende de pessoa para pessoa, embora uma visão espiritualista desde agora sempre facilita o reingresso do espírito no mundo espiritual.
Resumindo o que temos a dizer neste começo de conversa é, então, o seguinte : além do corpo que vemos, que pesamos, que sentimos, formado de sangue e músculos, de ossos e nervos, de células e humores, tem o ser humano um elemento espiritual que antecede ao berço e sobrevive ao túmulo.
Estas noções são de fundamental importância para a discussão acerca do tema central deste nosso ensaio acerca da doação de órgãos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:55 am

O QUE É NOSSO
O sábio, o artista, o santo (quer dizer, o indivíduo que procura fazer todo o bem que estiver ao seu alcance), por mais progressos que fazem ou venham a fazer no conhecimento da verdade, no amor da beleza, na prática genuína da caridade, nunca se sentem plenamente realizados. Quanto mais progridem, mais altos se tornam os seus anseios e planos alcandorados.
Semelhante ânsia de mais e mais ainda é a prova de que a vida não termina na morte. O infinito se abre diante de nós após o último suspiro. Contudo, o que se leva da vida terrena quando chega a morte ? Nada; sequer o próprio corpo nós levamos connosco. Mãos piedosas o depositarão num caixão, pondo-o numa cova, cobrindo-o de terra quando não o conduzem a algum forno crematório ou mesmo não o abandonam em lugar indeterminado.
E se é este o destino que nos espera, valeria a pena ser bom ? Ou por outra, teria sentido o desejo de ser melhor ? Teriam valor os esforços do cientista, do literato, do artista, até mesmo do camponês, do operário, do administrador correto, do político honesto, do chefe de família honrado, do estudante diligente ? Ou não seria preferível vivermos todos na gandaia, na pândega, na pagodeira mandando às favas as convenções sociais, os compromissos profissionais, as pregações religiosas ?
Bem, o maior tesouro a que pode aspirar a criatura humana é a consciência tranquila! É poder reclinar a cabeça sobre o leito, no instante do sono, e então, ao fazer um retrospecto de suas acções, de suas palavras e até de seus pensamentos, sentir-se feliz porque não prejudicou a quem quer que seja. Este riqueza qualquer um de nós pode ter e dela desfrutar pela Eternidade inteira. Assim, não estamos nos referindo aos bens materiais e sim às qualidades, aos conhecimentos, à inteligência, atributos para o uso sobretudo da alma, bagagem que o espírito traz de existências anteriores e leva consigo além da morte. Ninguém lhe pode arrebatar isso jamais; são propriedades que têm muita utilidade agora e principalmente em nosso amanhã espiritual.
Todavia, não se pense que, com isto, iremos menosprezar, desmerecer ou desperdiçar os bens materiais. Não. A saúde, a beleza, o dinheiro, o poder, a fama, o raciocínio, tudo quanto possuímos, provisoriamente, sem dúvida tem o seu valor na medida que consideremos empréstimos de Deus os quais deveremos com prudência movimentar em prol do progresso não apenas nosso mas também dos que nos cercam. Um dia, a vida nos cobrará uma prestação de contas do seu uso. Será a nossa própria consciência que nos fará semelhante cobrança e, então, ninguém poderá enganar, iludir, subornar porque sabe perfeitamente onde é que acertou e onde é que se equivocou.
Desta maneira, o céu nada mais é do que a sensação de paz íntima por ter semeado o bem sem qualquer interesse escuso. Demais, propriedade legítima só é aquela que se adquiriu se prejudicar terceiros. Foi obtida com o suor do próprio rosto. Resultou do esforço pessoal sem sugar o sangue alheio nem o emprego de expedientes fraudulentos.
Num mundo onde ainda há tanta gente desonesta, que age de maneira escandalosamente corrupta, mediante subornos financeiros ou discursos emocionais demagógicos, é possível que quem nos leia não nos leve a sério, alegando que somos teóricos e ingénuos. Pouco importa se é este o juízo a respeito do que acabamos de expor. O tempo demonstrará a quem nos considere um visionário o quanto de verdade existe nisto tudo. Assim, sensato será aquele que por este caminhos seguir porque terá, como foi dito, o tesouro da consciência tranquila.
Dentro deste raciocínio, num ensaio sobre doação de órgãos, é bom que saibamos ser o corpo o primeiro empréstimo recebido pelo espírito quando trazido ao mundo material, organismo este que merece todo cuidado, toda atenção por ser valiosa ferramenta de trabalho e de progresso moral.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:56 am

Voltando ao passado
Dissemos anteriormente que modernas técnicas de regressão de. memória estão sendo levadas a efeitos por terapeutas que não têm nenhum compromisso com esta ou aquela religião. Forneçamos exemplos disto.
Um exemplo inicial a ser mencionado é o testemunho da Dra. Edith Fiore, PhD em psicologia pela Universidade de Miami, Flórida, Estados Unidos, que escreveu o livro You Have Been Here (quer dizer, Você esteve aqui antes), publicado em Nova Iorque em 1979. Para não nos alongarmos, diremos que certo dia quando cuidava de um paciente hipnotizado, portador de complexas inibições na área da sexualidade, ele falou muito naturalmente de duas ou três existências anteriores nas quais fora padre católico.
Narrou, em seguida, suas vivências como sacerdote italiano no século XVII. Porque este paciente, agora, fosse reencarnacionista, a Dra. Edith Flore atribuiu isto a mera fantasia; entretanto, o cidadão se livrou daquelas inibições sexuais e mais ainda, outros casos esta pesquisadora passou a conhecer em seus clientes, chegando a esta conclusão : “Meus pacientes e sujeitos mergulham em existências anteriores a fim de encontrar as origens de seus talentos, habilidades, interesses, forças e fraquezas, bem como sintomas e problemas específicos. A tapeçaria das nossas vidas é tecida com fios muito antigos e o desenho é complexo."
São também desta terapeuta estas palavras : “Em meu trabalho com a teoria da reencarnação, estou observando que não há um só aspecto do carácter ou do comportamento humano que não possa ser mais bem compreendida através do exame de acontecimentos em vidas anteriores."
Bem, vejamos outro exemplo. Agora focalizaremos o trabalho desenvolvido pelo Prof. Ian Stevenson, da Universidade-de Virgínia, também Estados Unidos da América. Reuniu ele um elevado número de fatos e publicou o livro Twenty Cases Suggestive of Reincamation (Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação), lançado igualmente em Nova Iorque em 1966. Tal obra já foi traduzida para o português e poderá ser lida por quem interesse tiver em maiores detalhes. Inclusive há citação de fatos ocorridos no Brasil.
Finalizando este capítulo, traremos â baila o depoimento da Dra. Helen Wambach, também portadora de PhD em psicologia, trabalhando no Monmouth Medicai Center, em Long Beach, Estada de Nova Jersey. Aliás, além do trabalho clínico, leccionava na faculdade local numa vida plena de actividade e lucidez. Pois bem, tendo ido visitar, certa ocasião, uma espécie de museu, vivenciou uma estradinha experiência que, conforme palavras assim se deu :
“À medida que subia as escadas que levavam ao segundo andar, começou a me invadir uma sensação de que eu estava em outro tempo e em outro local. Quando entrei na pequena biblioteca, vi-me caminhando automaticamente para a prateleira de livros e apanhando um deles. Parecia que eu sabia que aquele livro havia sido meu e ao contemplar as suas páginas, uma cena se projectou na minha visão interior. Estava eu no lombo de uma mula que me conduzia através de um campo e aquele livro estava aberto diante de mim, apoiado no arreio. O sol me queimava as costas e minhas roupas eram rústicas. Sentia o animal se movendo abaixo, enquanto eu estava ali, sentada no arreio, profundamente absorvida na leitura. O texto narrava a experiência de um sacerdote no estado intermediário entre a vida e a morte, num período em que ele estava em coma. Parecia que eu conhecia o conteúdo do livro antes mesmo de virar-lhe as páginas.
Tal depoimento consta do seu livro Reliving past lifes, quer dizer, Revivendo Vidas Passadas, publicado em 1978, em Nova Iorque, sendo que nesta mesma metrópole norte-americana a Dra. Helen Wambach lançou outro livro, contendo novos relatos com seus pacientes, com P título de Life before life (ou seja, Vida antes da Vida) no ano de 1979.
Fiquemos, por ora, aqui.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:56 am

Por que eu me esqueci do PASSADO?
Nesta altura é esta a pergunta que algum amigo leitor com toda razão estará se fazendo. Analisemos o assunto, então.
Léon Dennis, filósofo francês que deu continuação ao trabalho desenvolvido por Allan Kardec quando da Codificação do Espiritismo, no livro Depois da Morte, editado pela Federação Espírita Brasileira, declara dentre outras palavras, as seguintes :
“O nosso passado guarda manchas e nódoas. Percorrendo a série dos tempos, atravessando as idades de brutalidade, devemos ter cumulado bastantes faltas, bastantes iniquidades. Libertos apenas ontem da barbaria, o peso dessas recordações seria acabrunhador para nós. A vida terrestre é, algumas vezes, difícil de suportar; ainda mais o seria se, ao cortejo dos nossos males atuais, acrescesse a memória dos sofrimentos ou das vergonhas passadas.”
Aliás, o próprio Allan Kardec, na obra O Evangelho segundo o Espiritismo, discorrendo sobre a parentela corporal e a espiritual, declara:
“Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são o mais frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem durante a vida I terrena. Mas pode ainda acontecer que estes Espíritos sejam complemente estranhos I uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir prova.”
H Como estamos vendo, a recordação do, passado tomaria terrível esta nova convivência; seria árduo o processo de reconciliação entre antigos adversários, processo, este já recomendado por Jesus no sermão do monte, registrado em Mateus, capítulo. 5 versículo 25. A misericórdia divina deixa cair sobre a memória o véu do esquecimento para o nosso próprio bem.
Aliás, escrevendo pelo médium Chico Xavier, o Espírito Emmanuel em 30 de julho de 1991 escreveu esta advertência :
“Se fomos trazidos à Terra para esquecer o nosso passado, valorizar o presente e preparar em nosso beneficio o futuro melhor, por que provocar a regressão da memória do que fomos ou fizemos simplesmente por questões de mera curiosidade vazia, ou buscar aqueles que foram nosso companheiros, a fim de regressar aos desequilíbrios que hoje resgatamos ?
A nossa própria existência actual apresentará as tarefas e provas que, em si são a recapitulação de nosso passado em nossas diversas vidas, ou mesmo, somente de nossa última passagem na Terra fixada no mundo físico, curso de regeneração em que estamos integrados nas chamadas provações de cada dia.”
Diz mais Emmanuel: “Por que efectuar a regressão da memória, unicamente» para chorar a lembrança de pretéritos episódios infelizes, ou exibirmos a grandeza ilusória em situações em que por simples desejo de leviana retomada de acontecimentos, fomos protagonistas, se já sabemos, especialmente com Allan Kardec, que estamos eliminando gradativamente as nossas imperfeições naturais ou apagando o brilho falso de tantos descaminhos que apenas nos induzirão a erros que não mais desejamos repetir ?”
E encerra Emmanuel, declarando : “Sejamos sinceros e lancemos um olhar para as nossas tendências.”
Terminando este capítulo, diria que este esquecimento é temporário; dura apenas o tempo em que o Espírito passa aprisionado na matéria. A morte, simples despertar, restitui a memória que o nascimento nos tira - consoante nos ensina o Padre V. Marchai em O Espírito Consolador, obra editada pela FEB.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:56 am

Livrando-se dos apegos
É bem verdade que o objectivo deste ensaio despretensioso é analisar a legislação brasileira, posta em vigor a partir de Iº de janeiro de 1998 (Lei da Doação de Órgãos, sancionada pelo Presidente da República Sr. Fernando Henrique Cardoso em 4 de fevereiro do ano anterior), considerando todo brasileiro como um doador presumido, análise esta feita com as lentes da Doutrina Espírita. Mas para fazê-la precisamos de levar em conta uma série de factores correlatos anteriores como que fornecendo elementos básicos para orientar nosso pensamento neste tema tão delicado e actual.
. Um desses factores se chama apego aos bens terrenos. Como é sabido de todos, há pessoas apegadas às suas coisas, outras às suas ideias, tanto como há aquelas que são desprendidas de seus objectos pessoais e outras sequer têm opinião firmada sobre este ou aquele assunto.
Desnecessário lembrar a necessidade de zelarmos do corpo. Já foi dito ser ele ferramenta de trabalho indispensável para o progresso do Espírito. Ocioso outros sim recordar a obrigação de zelar pela família, cuidar da educação dos filhos, cultivar os vínculos familiares e mesmo tratar com carinho os relacionamentos com os amigos e conhecidos da vida social. Imprudência seria não valorizar estas coisas corriqueiras, comuns da vida diária de cada um de nós. Entretanto, que tudo isto seja feito com equilíbrio, sem excessos, não confundindo amor com «possessividade. Que ama dá ao ser amado condições de ele ser o que deseja ser sem escravizá-lo. Quem ama é capaz de renunciar, sem abespinhar-se nem também perder a sua auto-estima. Quem ama perdoa e entende. Auxilia e aprecia, estimula o progresso do seu amado.
Relativamente às coisas, manda a prudência que delas sejamos proprietários em regime provisório de vez que são todas elas apenas empréstimos temporários da vida. Jamais nos deixemos escravizar por sua posse ou ficarmos obcecados por seu uso, pelo seu abuso até !
Para a vida material precisamos de alimentos, vestes, às vezes remédios. Necessitamos de lazer e amizades. Para a vida espiritual, carecemos de paz, felicidade, alegria, segurança sentindo-nos como um pássaro que não é atraído pela beleza particular de nenhum arbusto ou jardim em especial. Na verdade, somos cidadãos do Universo e herdeiros de Deus.
O sentimento de apego nos faz sofrer quando cedemos aquilo que julgávamos nossa propriedade exclusiva a ponto de, inconscientes, às vezes fazermos determinadas acções ou assumirmos certas posturas com a finalidade de receber algo em troca. E quando não há este retomo, como nos sentimos infelizes, órfãos de ventura interior!... Aí surgem as cobranças descabidas : - Ora, por que é que fulano não me trata do modo como eu o trato ? Por que não me retribui toda estima que lhe ofereço ?
Trago da infância distante um fato correlato : Um amigo de meu pai, sendo vítima do mal de Hansen, foi desprezado pela família no hospital. Uma senhora que visitava aqueles doentes resolveu viver com ele, assim que ele saiu do leprosário. Compraram uma casa velha e puseram a reformá-la. Não é que aquela senhora via na forma de monstros os Espíritos que, em vida, foram donos daquele prédio ? Até que ponto chegam as consequências do apego aos bens terrenos sendo que, no que relatamos, só depois de reuniões de desobsessão é que o problema foi solucionado, com o esclarecimento daqueles Espíritos sofredores.
.Resumindo este capítulo, citemos outro fato concreto para ilustrar o que queremos dizer dos apegos. Certa ocasião na União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro (USEERJ) funcionou uma seção da Cruz Vermelha Internacional onde pessoas que desejassem doar as córneas pudessem fazer a devida ficha de autorização. Determinado senhor, ao preencher o formulário, pediu que constasse do documento esta exigência : fosse aplicada uma anestesia em seu corpo (já defunto) na hora da retirada das córneas. Imediatamente quem o atendia declarou-lhe que não aceitaria a sua proposta de doação porque aquele senhor ainda não estava em condições de doador; ainda tinha apego às coisas terrenas e este apego iria trazer-lhe sérias perturbações depois da morte caso o médico lhe extraísse um órgão, por menor que fosse, para salvar outro paciente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:56 am

O PERISPÍRITO
No capítulo Inicial deste ensaio dissemos rapidamente que a alma, durante ; a vida sobre a Terra, liga-se ao corpo por meio de um terceiro componente a que o Espiritismo dá o nome de perispírito, estrutura semi-material que nos dias atuais já é objecto de estudo por parte da ciência experimental. Esta estrutura altamente electromagnética molda o corpo, organiza, com o concurso da herança biológica (os clássicos ácidos nucleicos dos cromossomos das células sexuais reprodutoras), o organismo no ventre materno.
Trata-se do corpo do Espírito; este o leva consigo depois da morte nele guardando todas as suas aquisições anteriores de modo a formar, de igual maneira, o novo corpo em futura encarnação.
Apresenta este perispírito órgãos correspondentes aos físicos, conforme deduzimos das experiências efectuadas entre 1870 e 1873 pelo sábio inglês William Crookes, valendo-se da mediunidade de efeitos físicos da jovem Miss Florence Cook. Esta médium fornecia um material chamado de ectoplasma para que o Espírito de nome Katie King pudesse materializar-se na presença de várias testemunhas, deixando-se inclusive fotografar.
Pois bem, o sábio Crookes fazia o devido controle comparando dados do corpo da médium em transe com os dados do Espírito materializado. Senão vejamos: o fantasma tinha 75 pulsações por minuto enquanto a jovem medianeira um valor muito mais alto : 90 batidas por minuto! Os pulmões daquela aparição se mostravam muito mais sadios do que os da moça que, aliás, na época, sofria de um processo de forte bronquite.
Mais ainda : Cromwell Varley, engenheiro-assistente de William Crookes, acompanhando tais pesquisas, ao verificar a pulsação, os batimentos cardíacos e a respiração do Espírito materializado,, não se conteve e exclamou :
- Vocês, Espíritos, também respiram como nós ?
E obteve como resposta a explicação de que eles, Espíritos, com efeito, respiram a essência daquilo que, em nosso mundo material, damos o nome de atmosfera.
No livro Nosso Lar, escrito pelo Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier, é nos explicado que no mundo espiritual, depois da morte, os Espíritos ainda não muito evoluídos necessitam durante algum tempo de uma espécie de alimentação adequada de acordo com o grau evolutivo em que se encontram. Logo, é lícito admitir a existência de órgãos? etéreos no perispírito.
Quando lesionamos um órgão mediante o suicídio, ingerindo ou inalando algum tóxico como o álcool, o cigarro, sem falar nas drogas pesadas como a cocaína, a morfina, a heroína, etc., esta lesão atinge o órgão correspondente no perispírito para posterior corrigenda, nesta ou em outra encarnação. Desta maneira, por exemplo, explicam-se anomalias congénitas. Ê também do perispírito, que noutra vida, terá doenças graves nesta região. Um tiro disparado contra o coração leva o Espírito a reencarnar num corpo portador de uma cardiopatia desde a vida intra-uterina...
De igual modo, uma acção nobre poderá perfeitamente ter uma influência benfazeja sobre os órgãos perispirituais dando-nos saúde e alegria.
Para encerrar este capítulo, citaremos dois fatos que nos convidam à prática do Bem. Ei-los :
Uma vez de volta, ao mundo espiritual, uma enfermeira de um hospital do
Governo percebeu que os dedos de suas mãos estavam lindos! Muito bem conformados, deles se irradiava uma suave luminosidade. Porque mostrasse espanto, foi-lhe esclarecido ser aquela luz nada mais do que o resultado de seu amoroso trabalho junto aos doentes. É que ela, no hospital, com extremado carinho fazia curativos nos doentes no sincero desejo de minorar-lhes os sofrimentos. Conclusão : suas mãos perispirituais, agora, irradiavam luz!
O outro fato se relaciona mais de perto com o tema central deste nosso ensaio porque demonstra que o que lesa o perispírito não é a extracção de um ou outro órgão com a finalidade de salvar uma vida; o que lesa é a acção desastrosa, é a atitude desavisada, é o nosso procedimento inspirado no egoísmo ou no orgulho. Vamos a ele, pois.
O rapaz tivera morte instantânea quando em sua motocicleta sofreu acidente fatal contra um ónibus numa dada rodovia. Sofrera terrível fractura craniana. Os demais órgãos sequer sofreram qualquer demo. Para sua surpresa, o Espírito do moço se vê diante do avô, já desencarnado há anos. O velhinho bondosamente veio recolhê-lo de volta ao mundo da verdade, aparando-o amorosamente naquele trágico instante de transição.
Uma vez acolhido no seio do avô, o rapaz aos poucos se refez, entretanto, num dado momento, começou a sentir uma dor insuportável na região torácica.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:57 am

Não mais aguentando aquela situação, em prantos pediu explicação ao ancião. E o velhinho, afagando mais amorosamente o seu netinho recém-chegado, lhe diz :
- Meu querido, seus pais deram permissão aos médicos da terra para que extraíssem o seu coração a fim de salvar a vida de um doente que necessita de um transplante. Para você o órgão não tem mais valia porque a sua vida física cessou. Você não mais necessitará daquele corpo. Vamos, veja como você poderá ser útil a alguém que precisa de sua doação. Note quão nobre não será o seu gesto fazendo com que aquele paciente tenha prolongada a sua existência na Terra !...
Uma vez esclarecido, o Espírito do rapaz foi-se aquietando, foi-se asserenando, foi-se tranquilizando e, para seu próprio espanto, minutos depois nada mais sentia no tórax, a não ser uma grande paz, numa grande alegria. E maior foi o seu espanto quando, a convite ainda do avô, olha para o seu próprio peito, instantes antes esmagado pela dor. Agora, aquela região era um sol de raro esplendor. Pulsava ali o coração perispiritual intacto, nimbado de muita luz! Quer dizer, a extracção do órgão material de modo algum mutilou o perispírito! E o sincero desejo de ser útil ao semelhante deu ao rapaz, em Espírito, a mais agradável sensação de bem-estar!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 8:57 am

O SUICÍDIO NÃO RESOLVE NADA
Bem sei que na vida, às vezes, surgem situações extremamente dolorosas quando nos sentimos num lençol de sete varas, num mato sem cachorro, em palpos de aranha. E aí poderá surgir na tela mental a ideia macabra do suicídio. Lamentamos informar que a autodestruição do corpo de modo algum solucionará o nosso problema, aplacará a nossa dor; ao contrário, agravará as nossas dificuldades íntimas.
O livro Crónicas de um e do outro : de Kennedy ao homem artificial, escrito pode Hermínio Corrêa Miranda e Luciano dos Anjos, numa edição' da FEB, encontramos estas palavras de advertência oportuna :
“O suicida é a primeira e maior vítima do seu próprio engano. Mata-se para fugir dos seus problemas, das suas dores, das suas aflições e logo se recupera, do outro lado da vida, lucidez suficiente para compreender o seu novo estado, descobre, profundamente angustiado, que não conseguiu fugir de si mesmo em seus sofrimentos. Mudou a sua posição na vida, trocou uma série de. dores por outras mais aflitivas, mais terríveis, mais traumáticas. Na tentativa pueril de iludir algumas leis divinas, infringiu outras ainda mais graves que exigem reparações mais dolorosas.”
Transcrevemos estas palavras porque, infelizmente, tem sido elevado o número de pessoas desesperadas que apelam para esta solução que não soluciona nada; agrava tudo...
Escrevendo pelo médium Chico, Xavier, o Espírito Cornélio Pires ofereceu nos diversas trovas como as que se seguem para nossa meditação :
Suicídio - não pense nisso Nem mesmo por brincadeira... Um ato desses resulta Na dor de uma vida inteira...
Por paixão, Quim afogou-se Num poço de Guararema. Renasceu em provação Atolado no enfisema!...
Matou-se com tiro certo A menina Dilermanda.
Voltou em corpo doente,
Não fala, não vê nem anda!...
Suicidou-se a formicida Maricota da Trindade... Voltou... Mas morreu de câncer Aos quatro anos de idade!...
Não se pense, no entanto, que o Espírito do suicida fique órfão da protecção de Deus. O Criador jamais desampara seus filhos; sempre estende até ele o seu Imenso amor, a sua misericórdia infinita, embora a Lei nos dê sempre de acordo com as nossas obras, conforme ensinou Jesus.
O diálogo que se segue ocorreu na cidade de Mirassol, interior do Estado de São Paulo, numa terça-feira de carnaval, entre Francisco Cândido Xavier e o escritor Adelino da Silveira. Eram quase sete horas da noite quando ambos se dirigiram ao centro espírita onde, das 20 às 21 horas, o médium discorreu com simplicidade e sabedoria sobre várias virtudes.
Ao fim da palestra, Adelino convidou o palestrante a visitar as dependências da casa. Chico, nesse momento, olhou para o anfitrião e perguntou :
- Quem foi Arthur de Oliveira Andrade?
- Nunca ouvi falar, Chico - replicou Adelino. Chico completou :- Pergunte aos demais.
Ninguém, no entanto, soube dizer quem era a pessoa nomeada pelo médium mineiro. Então, levando a mão à testa, explicou :
- Ele está me dizendo que foi o primeiro farmacêutico de Mirassol e se suicidou.
Chico questiona de novo :
- Dr. Anísio «José Moreira, você conhece ?
- Conheço os filhos dele. Quando me mudei para Mirassol, ele já havia desencarnado. Fui prefeito, deputado...
- O Sr. Arthur se faz acompanhar do Dr. Anísio, da dona Senhorinha Goes, da dona Mariana, do Tufic Chauí e vieram socorrer um amigo seu que se suicidou há poucas horas.
O escritor Adelino da Silveira sentiu, nesse instante, um frio estranho percorrer ao longo de sua espinha. E às 22 horas a notícia chegou : Nélson Tanani, vigilante do Banco do Brasil S/A se matara às seis e meia da tarde!
Dois livros recomendamos a quem interessar possa: são eles O Martírio dos Suicidas, de Almerindo Martins de Castro e Memórias de um Suicida, do Espírito do escritor português Camilo Castelo Branco, pela psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, ambos os livros editados pela Federação Espírita Brasileira.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:54 pm

E para encerrar este capítulo, um fato que veio ao nosso conhecimento recentemente. O moço por uma questão de ordem sentimental deu cabo da vida. Cometeu o engano do suicídio. No mundo Espiritual sofreu muito vendo que seu gesto não solucionara coisa alguma! Muita gente, no 'entanto, por ele orou, suplicou as bênçãos de Deus, a fim de que fosse assistido pelos amigos benfazejos do Grande Além.
Após algum tempo, depois de algo refeito, o Espírito aquele desditoso jovem deu uma comunicação mediúnica agradecendo as preces que em seu beneficio forma proferidas. E adiantou declarando isto, para o que chamamos a atenção dos leitores deste ensaio sobre doação de órgãos: das preces que mais intensamente o fortaleceram estavam exactamente aquelas feitas por aquele paciente que, sem saber do suicídio, agradecia as córneas que recebera, com as quais teve a visão restituída.
Com efeito, antes do gesto tresloucado, aquele moço havia doado suas córneas. Uma vez cometido o suicídio, elas foram retiradas e levadas a um cego, que ignorava o que sucedera o doador e por ele orava com elevado sentimento de gratidão. Pois bem, foram justamente estas rogativas as que melhor repercutiram sobre ele em meio ao seu padecimento. Este facto reafirma a veracidade da frase bíblica segundo a qual o Amor cobre uma multidão de pecados... De certa forma aquele Espírito se beneficiava do que chamamos de consciência tranquila de ter sido útil, de ter feito sobre a Terra algum acto de verdadeiro amor.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:55 pm

A MORTE ENCEFÁLICA
É natural que se tenha medo da morte. Que tudo se faça para evitá-la. Tudo isso faz parte do Instinto de conservação.
Escrevendo pelo médium baiano Divaldo Pereira Franco, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda no livro Loucura e obsessão (editado pela FEB) anotou estas lições :
“A morte examinada do ponto de vista terrestre, prossegue sendo a grande destruidora da alegria e da esperança, que .gera dissabores e infortúnios entre os homens (...) do ponto de vista espiritual, a morte significa o retomo ao lar, donde se procede, antes de iniciada a viagem para o aprendizado na escola terrena, sempre de breve duração, considerando- se a perenidade da vida em si mesma.”*
Mesmo assim, o homem teme a morte; e quando se fala na doação de órgãos, duas perguntas se nos apresentam Será que morri mesmo? Não poderei ainda voltar à vida? Será que os médicos não irão tirar meu coração, os meus rins, ou outro órgão meu, para salvar um doente rico, antes de eu morrer mesmo?
São estas duas questões que fazem com que as pessoas de um modo geral Resistam à ideia de serem doadores presumidos de seus órgãos.
dentaremos neste capítulo esclarecer tais temas.
Comecemos pela morte encefálica.
Seu diagnóstico será confirmado segundo os critérios clínicos e tecnológicos definidos em resolução do Conselho Federal de Medicina baseando-se na ausência de actividade do tronco cerebral, ou seja dos hemisférios cerebrais, do tronco encefálico e do cerebelo compreendendo:
Iª) pupilas paralíticas, fixas e não reactivas frente a um estímulo luminoso energético;
2ª) ausência da actividade supra-medular;
3ª) ausência do reflexo córneo-palpebral e 4ª) parada respiratória (ou seja, apneia).
Poderão ser feitos exames complementares para comprová-la como por exemplo o electroencefalograma, a arteriografia e o exame de extracção do consumo do oxigénio atmosférico.
Fique bem claro que este atestado deverá ser feito por dois médicos, um deles com título de especialista em Neurologia, reconhecido no País, afastando-se a hipótese de que estaria sendo extraído um órgão de um corpo que ainda tivesse condição de voltar à vida física plena.
Esclarecemos ainda que não permite a lei a participação do processo de verificação de morte encefálica médicos integrantes das equipes especializadas e autorizadas a proceder à retirada, transplante ou enxerto de tecidos, órgãos ou partes destes.
Quer dizer, haverá sempre uma equipa para diagnosticar a morte e outra equipa para fazer á retirada da peça anatómica.
Quem não quiser doar seus órgãos depois da morte deverá declarar em documento (por exemplo, a carteira de identidade expedida por órgão oficial) sua condição de não-doador. Não tendo feito esta declaração em vida, será doador presumido, poderá ter seu corpo cortado para fins de extracção de uma ou outra víscera para salvar algum doente.
P Devemos esclarecer também que será admitida a presença de médicos de confiança da família do falecido para a comprovação e atestado da morte encefálica. E se a família for carente, poderá pedir a presença de um médico indicado pela direcção do hospital do SUS (Sis tema Unificado de Saúde).
Por outro lado, o simples reconhecimento da família não suprirá as exigências da doação, se nenhum documento do morto for encontrado e, neste caso, não haverá nenhuma retirada de órgãos, de tecidos ou de partes destes. No caso das pessoas chamadas incapazes, a retirada de peças anatómicas ficará na dependência da autorização por escrito de ambos os pais, se vivos, ou de quem lhes detinha, ao tempo da morte, o pátrio poder, a guarda judicial, a tutela ou a curatela.
Evidentemente que a extracção deverá ser feita com segurança, quer dizer, depois de feitos os exames necessários para saber se o morto teria ou não alguma doença contagiosa ou indício de alguma moléstia incurável ou letal para o receptor, o que é altamente importante nos dias atuais de tão alta incidência de doenças transmitidas pelo sangue como as diversas formas de hepatite, de doença de Chagas e mesmo da terrível AIDS! Bem, para finalizar este capítulo, diremos que tudo isto deve ser realizado muito depressa porque há um curto espaço de poucas horas entre a morte e a possibilidade deste ou daquele órgão servir a algum receptor de uma lista nacional elaborada pelo Ministério da Saúde, cuja ordem deverá ser observada à risca. Vê-se que envolve uma tecnologia muito avançada, o que de certa forma inviabiliza a aplicação da lei num país de dimensões continentais como o Brasil onde, por exemplo, um receptor de rim. A ordem de tal lista e esteja num hospital do Estado do Acre e o possível doador, que atenda a todos os requisitos, tenha morrido no Estado do Rio Grande do Sul!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:55 pm

O QUE PENSA O POVO
Vejamos as opiniões que o povo andou dando sobre o tema.
No dia 10 de janeiro de 1998, um médico da Universidade Estadual da Campinas (Unicamp), num programa de tevê, da Globo News, declarou que não retiraria um órgão de um cadáver se a família não consentisse ainda que no hospital alguém estivesse precisando deste órgão. Não faria este extracção porque a ética médica recomenda a defesa da vida e, além do mais, as pessoas não estavam bem informadas sobre a nova legislação.
Respeitamos a opinião deste médico, embora de certa forma não concordemos quando ele diz que a ética médica preconiza a defesa da vida. Sim, isto está fora de dúvida. Devemos lutar até o último instante na defesa da vida do paciente, mesmo porque é esta a razão de o Espiritismo se posicionar contra a eutanásia, ou seja, a prática da morte suave, »abreviando a vida de um doente terminal sob o pretexto de diminuir o seu padecimento. Todavia, no caso vertente, a vida que deverá ser definida é a do doente que precisa daquele órgão, é a vida do receptor, e não do possível doador porque ele já morreu. É retirar uma peça anatómica de um morto para salvar, ou pelo menos .tentar salvar, a vida de um paciente que ainda está vivo.
Quanto à desinformação do povo, com- efeito seria prudente da parte do Governo Federal, antes de implantar a lei, fizesse uma ampla campanha a nível nacional, inclusive nas empresas, nas escolas, pelos meios de comunicação de massa informando correctamente o povo em geral para que ninguém se julgasse assaltado caso, morto, seu corpo fosse aberto e dele retirado este ou aquele órgão para beneficiar terceiros.
O jornal O Estado de São Paulo, em sua edição de 11 de janeiro do mesmo ano informa que os especialistas dizem que anualmente das 9 mil pessoas com morte cerebral, somente 450 são doadoras. Quer dizer, apenas 5%! O mesmo jornal declara que a Associação Médica Brasileira (AMB) condena a lei por achar que ela não aumentará a quantidade de doadores; pelo contrário, afastará pessoas que simpatizavam com a ideia de ceder seus órgãos antes de vigência da doação presumida, assumindo esta legislação uma espécie de violência sobre o património da cada brasileiro no que ele tem de mais sagrado que é o próprio corpo. Diríamos nós, autores deste ensaio, que, numa hora em que o Governo Federal vai privatizando tudo estaria estatizando o nosso corpo somático!
Mas o Estadão saiu às ruas, foi indagar ao povo o que ele pensava sobre o assunto tão polémico, chegando às seguintes conclusões estatísticas : 79% da
população se manifestou a favor desta" doação, sendo que 57% concordam em que seja compulsória (isto é, obrigatória) Dos pesquisados, 86% afirmavam saber o que seja morte cerebral e apenas 23% 'consideravam a lei contrária à liberdade individual. Os dados revelam que a maioria está de acordo com a legislação, não havendo necessidade de consultar a família.
Ocorre que, opinião nossa, do autor deste ensaio, problema é muito mais ético do que médico. Com efeito, dos que si manifestaram a favor da doação, 88% responderam que esta medida ajuda outra pessoa a viver e 7% alegaram que, com isto, diminui a fila dos que estão aguardando ansiosamente um doador. Entre-( tanto, dos 21% que se insurgiram contra a lei, Observamos que, consoante a pesquisa do referido jornal, 23% acham que vai virar um comércio; também 23% é de opinião de que é um atentado contra a liberdade individual; 14% não confiam nos médicos; 13% acham que os médicos não iriam esperar instalar-se a morte cerebral para retirar os órgãos necessários a outros pacientes; 8% invocaram razões religiosas e 19% apresentaram outras razões.
Num adendo o autor deste ensaio diria que, paradoxalmente, os adeptos da seita Testemunhas de Jeová, que não aceitam a doação de sangue, alegando que a alma estaria, segundo o texto bíblico no sangue, estes adeptos desta seita admitem a doação de órgãos para salvar vidas, o que não deixa de ser curioso e ao mesmo tempo alentador!
O jornal buscou ouvir também o vice-governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, que, na entrevista, disse que as pesquisas mostram que, quando os parentes são correctamente abordados, eles concordam com a doação em 70% dos casos, porém a doação compulsória conforme institui a nova lei é inócua porque nenhum médico quererá assumir sozinho o ónus da responsabilidade; nenhum médico deixará de ouvir as famílias.
Talvez esta consulta à família, declara Durval Ciamponi em artigo estampado no mensário O Semeador, órgão da (Federação Espírita do Estado de São Paulo, na sua edição de fevereiro de 98, seja um jeito maneiro de escapar à responsabilidade legal, face à incerteza do que fazer ante a morte encefálica.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:55 pm

O autor deste ensaio concorda com Durval Ciamponi quando, no mesmo artigo teve estas palavras claras e oportunas :
Se falta melhor .esclarecimento para o público, que ele seja mais esclarecida se o povo tem medo de que algum órgão seu seja retirado, enquanto tivesse possibilidade de vida, que os médicos esclarecem ao povo que esta malandragem não tem perigo de ocorrer; se parte do povo acha que tudo vai virar um comércio, que os homens (governantes e médicos) tomem seus postos e mostrem ao povo que a lei vai ser cumprida fielmente e que há lisura nos procedimentos de transplantes; se o povo desconfia dos médicos, 27%, de conformidade com a pesquisa, que os médicos esclareçam que esta dúvida não tem fundamento.
Terminamos este capítulo com estas outras palavras de Durval Ciamponi no mensário da FEESP citado quando diz: O Espiritismo pode dizer às pessoas, espíritas ou não, que não tenham medo da doação de órgãos, porque depois da morte do corpo físico, sua alma terá um corpo espiritual (o perispírito, acrescentamos nós) com todos os órgãos necessários para a continuidade de sua vida. Assim, o coração, os olhos, os rins ou qualquer outra parte do corpo físico não farão falta alguma na nova vida.
E é justamente isto que veremos nos capítulos que se seguem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:55 pm

Respeito ao cadáver
Tomando compulsória a doação de órgãos, a lei nem por isso deixou de estabelecer penalidades para aquele médico ou equipe médica que após a extracção, não tenha o devido carinho, o respeites para com o, cadáver mutilado. O corpo deverá ser recomposto devolvendo-lhe aspecto condigno para sepultamento. Não poderá ser retardada a entrega dos despojos aos familiares. O desrespeito a estes quesitos implica pena de reclusão de dois a seis anos.
Caso haja precipitação e se mutile um indivíduo que volta à vida porque houve intervenção antes da morte encefálica, a lei é bem clara: Há severas penalidades na forma de reclusão e multa em dias defendendo da gravidade do crime cometido, em que resulte incapacidade para ocupações habitual sem carácter temporário ou permanente, perda ou inutilização da membro, sentido ou função ou algum procedimento que determine morte posterior.
Devemos deixar bem claro ainda que a legislação proíbe veicularem-se por meio de qualquer meio de comunicação social anúncios com a publicidade de estabelecimentos autorizados a realizar semelhantes transplantes e enxertos de tecidos ou contendo apelo público no sentido de doação de peças anatómicas (tecido, órgão ou parte do corpo) para pessoa determinada, identificada ou não.
Tais medidas preventivas contidas na lei evitam o comércio de que o povo com toda razão desconfia.
Na verdade, o assunto vem de longe. Talvez remonte aos anos 60 quando o Dr. Christian Barnard, na Cidade do Cabo, Sul da África, conseguiu realizar com êxito o primeiro transplante de coração entre humanos. De lá para cá a Medicina evoluiu muito, sobretudo desenvolvendo medicações que controlam a rejeição do receptor do órgão estranho nele implantado.
Aliás, já em 1971, Chico Xavier num programa transmitido pela extinta TV Tupi assim se pronunciava, sob a inspiração de Emmanuel :
“O problema dos transplantes merece o respeito e pedir para que a classe médica continue para frente, conquanto não deva desprezar os órgãos chamados plásticos, tanto quando possível, na substituição de órgãos no veículo físico, mas os transplantes merecem consideração e devem prosseguir.” Ver o livro Chico Xavier, dos Hippies aos Problemas do Mundo, edição da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Com efeito, hoje em dia os médicos convivem rotineiramente com os transplantes de órgãos ou tecidos, sem com isto nos afectarmos. Segundo o testemunho do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico geneticista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, também membro da Associação Médico- Espírita do mesmo Estado, quando há a boa intenção, o amor, a afeição, a fraternidade, todas essas condições têm somente beneficiado o homem em sua escala evolutiva.
Na opinião do autor deste ensaio, a questão da rejeição, que a medicação às vezes não controla, será resolvida com mais facilidade com a compreensão dos estados psico-espirituais, e as suas relações com o perispírito e o corpo físico. O controle mental do doador facilita o sistema imunológico. E se nos ocupamos deste escrito é no sentido de que sejamos fraternos. Uma vez morto o corpo material, não nos sendo mais necessário este ou aquele órgão, que possamos abrir mão deles em favor de quem dele necessite para prosseguir mais alguns anos à face da Terra em sua encarnação de progresso espiritual e moral.
A doação de órgão, seja de um vivo, seja de um morto, será sempre um ato de amor, praticado com desprendimento, com esclarecimento, com compreensão, com altruísmo, num genuíno procedimento de solidariedade humana.
Assim como doamos a um pobre algum roupa que não sirva mais para nós e que poderá ser de utilidade para ele, ajamos de igual maneira para com nossos órgãos físicos depois da instalada a morte encefálica. Terminando este capítulo, passamos a dar um exemplo um tanto correlato, de carácter pessoal. E bem sabemos que muitos leitores darão exemplos semelhantes.
Lutamos com muitas dificuldades para fazer nossos estudos.
Devemos o curso científico a uma bolsa de estudos obtida junto ao Governador Roberto Silveira (RJ), por meio da ajuda de uma querida professora primária (Aurélia de Souza Braga). Antes, nossa mãezinha carnal lavava roupas para fora a fim de custear nossas mensalidades numa escola particular. Pois bem, muitos de nossos livros do então curso científico (hoje corresponderia ao 2- grau) nos foram doados por seus fregueses. Foi assim que aprendemos Química, Biologia, Inglês, mediante a generosa doação de pessoas que sabiam das nossas dificuldades, às quais somos eternamente gratos. Que o mesmo ocorra com relação aos nossos despojos orgânicos. Não nos apeguemos aos órgãos, caso eles sirvam para manter vitalidade em outros organismos enfermiços. Afinal, tudo pertence a Deus!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:56 pm

JOVENS DO ALÉM DEFENDEM A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Constituição vigente, de outubro de 1988, garante a remoção de órgãos para fins de transplantes, vedando a sua comercialização. A lei sobre o, assunto com o nº.9 9.434 de 4 de fevereiro de 1997 regulamentada pelo decreto n.º Q 2.268, de 30 de junho do mesmo ano de 1997, entrando em vigor a partir de Iº de janeiro de 1998. Os brasileiros que não desejassem ser doadores tiveram seis meses a partir do decreto supracitado para fazerem constar em sua carteira de identidade a declaração de NÃO DOADOR.
O Procurador-Geral da República Geraldo Brindeiro, conforme publicação; do jornal Folha de São Paulo, de 10 de janeiro de 1998, disse que os familiares de pacientes mortos têm o direito de impedir a retirada dos órgãos para transplantes. Assim esta autoridade interpreta a lei : "É preciso observar a possibilidade de a pessoa não ter tido a oportunidade de manifestar-se contrariamente à doação de antes de seu falecimento."**!
Tudo isto já foi visto nos capítulos anteriores. Agora, vejamos o que disseram alguns Espíritos diante da situação concreta desta doação. Sim, uma coisa é a gente expor ideias, emitir opiniões, apresentar argumentações e outra bem diferente é ouvir o que diz alguém que encarou de frente a frente o problema em si.

I - O jovem Roberto Igor Porto Silveira
Abramos o livro Vozes da Outra Margem, editado pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, São Paulo, organizado por Hércio Marcos Arantes, na página 41. Encontraremos a mensagem psicográfica através de Chico Xavier do jovem Roberto Igor Porto Silva, cujo coração foi transplantado para o peito de Ari Vacari Zagar. Foi à primeira cirurgia de transplante cardíaco realizado no Rio Grande do Sul, justamente em Porto Alegre.
A mãe, dona Izar, manifestou compreensível preocupação. Agente entende: é um coração materno... Porém, generosamente a permissão foi feita pela irmã Magali. E então, do Grande Além, pelo lápis de Francisco Cândido Xavier, assim se manifestou o moço :
“Mãe, deixei o meu corpo, como quem se afastava de uma roupa que se fizera imprestáveis e logo de saída, conquanto me sentisse privado da visão, sentir uma dor muito grande no tórax. Os amigos de meu pai solicitaram esquecesse o vigor daquela agulhada que me transformara todo o ser; no entanto, eles se apressaram em me auxiliar com o magnetismo curativo e a dor desapareceu. Soube mais tarde que naquele momento eu tivera o coração do corpo físico arrancado para servir ao transplante que favoreceria um homem que se avizinhava da morte.
“Meu pai informou que a medida fora autorizada por minha irmã e deu-me a conhecer a utilidade da providência, de vez que eu não mais recuperaria o corpo quebrado até a medula. Explicou-me que era justo o trabalho que se fez, entregando-se o meu coração, que ainda pulsava, ao irmão doente, que, com isso, poderia f continuar vivendo, e esclarecendo-me com tanta lógica que acabei aderindo, reconhecendo que a Magali, vendo-me que morto do ponto de vista físico, permitira que o meu coração servisse para alguém que necessitava dele. Logo que me confessei agradecido e satisfeito com a medida, notei que o coração no meu peito espiritual pulsava forte e robusto.
, “Conto-lhe a minha experiência para que não se impressiona com o que aconteceu, porquanto da queda de que fora vítima não mais me levantaria. Estou, Mãezinha Izar, satisfeito por ter tido oportunidade de doar o coração, que se abeirava da imobilidade, a uma outra pessoa que, com isso, se beneficiaria. Segundo pode o seu generoso coração concluir, seu filho está feliz por ter encontrado o ensejo de cooperar em auxílio de alguém na hora da liberação que se achava prestes a consumar.
“Agradeça, mamãe, à Magali, por não haver vacilado no momento em que eu seria obrigado a largar o próprio coração ao endurecimento inútil, a praticar involuntariamente um ato que me fez mais confortado na Vida Maior, quando eu não mais teria oportunidade de revê- la junto a mim.
“Estou reconhecido e pode crer que, se viesse a repetir-se a provação de que fui objecto, eu próprio teria pedido com acenos para que retirasse de meu corpo todas as peças que se mostrassem susceptíveis de prestar auxílio a alguém.” (Carta recebida por Chico Xavier em Uberaba em 5 de abril de 1985, no recinto do Grupo Espírita da Prece)
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:56 pm

II - O jovem Christian W. Freitas Campos
Poremos um ponto final neste capítulo apresentando alguma coisa colhida no livro continuidade, editado pela IDEAL, organizado por Rubens S. Germinhas, onde diversos Espíritos deram comunicação através do mesmo médium Chico Xavier. Nas páginas 48 e seguinte encontramos o depoimento da senhora Regina Helena Freitas Kerr Amaral, residente em Santos, Estado de São Paulo.
Seu filho Christian, falecido aos 15 anos de idade, quando sua motocicleta foi atingida em cheio por um caminhão em alta Velocidade, enviou-lhe mensagem psicográfica. Ora, frequentadora assídua da Igreja Batista, dona Regina Helena com alguma relutância deslocou-se até Uberaba e lá teve este encontro com o referido médium:
Prevenida da maneira que eu estava contra a Doutrina Espírita, confesso que se tivesse conversado e comentado alguma coisa sobre o acidente - eu não acreditaria. Mas deu-se tudo ao contrário. As minhas únicas palavras foram para dar o meu nome e o nome do meu filho. Nada mais que isto. Nesse momento, Chico perguntou-me que era vovó Maximínia. Queria falar comigo. Dizia que o menino estava bem e feliz. Pedia que não me desesperasse. Sorrindo, disse ainda :
- O menino está aqui, é muita luz, ele está feliz por ter uma mãezinha que o auxiliou a ajudar duas pessoas que agora estão enxergando. Por sua vontade, doei as córneas.
Ao ouvir aquilo, chorei muito e agradeci a Deus por ter me aliviado a alma. À noite, voltei ao Culto do Evangelho do Grupo Espirita da Prece, achando já ter recebido minha dádiva, quando o Chico me chamou e leu a mensagem que meu filho havia enviado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 26, 2022 7:56 pm

Palavras Finais
Ensina-nos o Espiritismo ser o corpo aquele invólucro material que reveste o Espírito temporariamente para a realização de uma tarefa na Terra, qual seja, a execução do trabalho necessário ao seu adiamento em todos os sentidos, sobretudo moral e espiritual.
Desta maneira, a vida corpórea não deve jamais ser encarada como um castigo num vale de lágrimas. Seria uma visão derrotista e desalentadora. A Doutrina Espírita prega a alegria, o encanto de viver, apesar das dificuldades que se apresentam em nosso caminho. São dificuldades redentoras que nos dão experiências valiosas. Não fossem elas, o Espírito não avançaria. Há criaturas que progridem mais rapidamente, aproveitando o tempo; outras levam séculos e séculos para dar um passo adiante. Porém, a Lei de Deus não tem pressa e sempre oferece oportunidades a todos indistintamente, embora sob diferentes condições.
Então, a vida corporal é um empréstimo mediante o qual o Espírito não deverá repetir os erros do passado. Não; pelo contrário, deverá adquirir mais conhecimentos e aprimorar os seus sentimentos. Informam os Espíritos Superiores (ver página inserida no livro O Espírito da Verdade, psicografado pela dupla Waldo Vieira e Chico Xavier, edição da FEB), que o corpo é a máquina para a viagem do progresso e todo relaxamento corre por conta do maquinista.
É neste sentido que o Espírito Joanna de Ângelis, escrevendo por meio do Divaldo Pereira Franco, no livro Momentos, de Saúde, edição da Livraria Espírita Alvorada, deixou bem claro que há determinadas provações que são inevitáveis, porque procedem dos desmandos de outras existências que já tivemos. No entanto, estas mesmas dolorosas expiações podem ser alteradas, atenuadas e até mesmo liberadas do nosso programa reencarnatório, mediante construções mentais e humanas edificantes de vez que! os actos saudáveis granjeiam mérito para superar aqueles outros actos danosos que “praticamos por insensatez no passado.
Como estamos vendo, o corpo é admirável bênção de Deus, com seus tecidos e órgãos, com seus-aparelhos e sistemas, em equilíbrio com o ambiente. São perto de 100 quatrilhões de células, mais de 200 ossos, uma centena de articulações, perto de 350 músculos, 5 litros de •sangue, enfim, é todo um admiravelmente harmónico que merece cuidado na higiene do próprio corpo, dos alimentos, das vestimentas, da residência, do local de trabalho e sobretudo da mente na área dos pensamentos e das emoções.
praças ao organismo, o Espírito pode e deve dar um passo adiante na escala da sua evolução em obediência às leis de Deus. Um dia, cada um de nós, como já dissemos em capítulo anterior, i: prestará contas do que fez ou do que deixou de fazer no sentido de sua melhoria e do melhoramento do semelhante também...
E quando chega esta hora Inevitável, quando então o corpo não mais oferece condição de habitação para o Espírito, caso, um ou outro órgão ainda possa servir para a existência orgânica de outra criatura em Humanidade nossa irmã - deixemos que nossas córneas possibilitem a visão a terceiros; que o nosso coração bombeie sangue em peito de outrem; que os nossos rins filtrem o sangue de outro companheiro de romagem terrena; que o nosso fígado mantenha o metabolismo de outro irmão nosso que precise de um doador desta glândula hepática.
No mundo espiritual, para o qual estaremos regressando não nos fará falta aquela peça anatómica que doamos. Até porque ela estaria mesmo fadada a sofrer degradação* na enorme oficina da Natureza. Caso possa ser útil, melhor para nós e para quem a venha receber.
É assim, em síntese, que o espírita encara o assunto, ou seja, sendo de todo 'impossível a volta do Espírito àquele antigo corpo, e se alguma de suas partes possa servir a algum doente, ansioso pela doação de um órgão, que o espírita (e mesmo o não-espírita) de prova de amor ; ao próximo, cedendo-lhe o de que não mais precisa mas importante para outra alma ter mais anos de vida à face da Terra.
Encerrando este livro, transcreve a comovente ocorrência estampada na revista-Manchete, de 25 de, janeiro de 1986, relatada por Gualter Mathias Nettos.
Felipe Garza Júnior, de 15 anos de idade, morreu no Sábado, dia 4, de aneurisma cerebral. Namorado de Dorma Ashlock, de 14;anos, um mês antes ele soube que sua amada sofria de um problema cardíaco. Só um transplante poderia salvá-la. Porque Felipe gozasse de boa saúde, disse a seus pais que desejaria doar seu coração à namorada, caso morresse.
Pois bem, na manhã de sábado queixou-se de dores no lado esquerdo da cabeça. Depois, teve dificuldades de andar e respirar, perdendo os sentidos em seguida. Apesar de socorrido, os médicos não puderam fazer nada. Um vaso sanguíneo se rompeu no cérebro. Foi constatada sua morte clínica.
No domingo, dia 05, no Centro Médico Presbiteriano de Patterson, na Califórnia (Estados Unidos) foi feito o transplante. Tiraram-lhe os rins e as córneas para outros doentes, e o seu coração foi exactamente transplantado para o tórax de sua querida namorada Dorma.
Como se vê, não poderia haver no mundo melhor prova de amor.

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