LUZ ESPÍRITA
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ACTUALIDADE ESPÍRITA - Celso Martins

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:21 pm

ACTUALIDADE ESPÍRITA
Celso Martins

índice
Palavras iniciais

Materialismo e Espiritismo — Aureliano Alves Netto
Ecologia — Celso Martins
Do átomo primitivo ao arcanjo — Américo Domingos Nunes Filho
O conflito dos séculos — Aureliano Alves Netto
Um caso de desobsessão — Celso Martins
Um recado da Luz — Américo Domingos Nunes Filho
O egoísmo que se justifica — Aureliano Alves Netto
O suor da mosquinha — Celso Martins
Daniel, o profeta do Antigo Testamento e sua incrível previsão do futuro — Américo Domingos Nunes Filho
Pena de morte — Aureliano Alves Netto 60
Brasil, acorda e levanta! — Américo Domingos Nunes Filho '
Ainda pena de morte — Aureliano Alves Netto
Não matarás — Aureliano Alves Netto
Espiritismo e criminologia I — Aureliano Alves Netto
Espiritismo e criminologia II — Aureliano Alves Netto
Terceiro Milénio — Celso Martins
Os mortos vivem — Américo Domingos Nunes Filho
Encontro no ónibus — Celso Martins
A parábola dos talentos — Américo Domingos Nunes filho
Baptismo para salvar-se — Celso Martins
Desdobramento ou projecção da consciência — auto-revelação da eternidade — Américo Domingos Nunes Filho
Infalibilidade mediúnica — Celso Martins
Espiritismo já! — Américo Domingos Nunes Filho
Astronomia c Espiritismo — Celso Martins
Um conceito espírita c sua confirmação inicial pela ciência — Américo Domingos Nunes Filho
O que dizem os Espíritos — Celso Martins
Tem sexo os Espíritos? — Américo Domingos Nunes Filho
Comunicações com extra-terrenos — Celso Martins
Aborto criminoso — Aureliano Alves Netto
Ainda aborto criminoso — Aureliano Alves Netto
Jesus connosco — Américo Domingos Nunes Filho
O Evangelho segundo o Espiritismo — Aureliano Alves Netto
Perda de Entes Queridos — Celso Martins
Não à pena de morte — Celso Martins
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:21 pm

Palavras iniciais
Em "Actualidade Espírita“ três nomes de valor alicerçam seu conteúdo. O triunvirato espírita, constituído por Américo Nunes Filho, Aureliano Alves Netto e Celso Martins, oferece, de modo simples e ao mesmo tempo sintético, muitas elucidações e material para estudo e reflexões, acolitados pela Doutrina Espírita.
O nosso tempo é de muitos desencontros e incompreensões, causadores de desequilíbrios da esfera mental e física. De tudo resultam evasões, revoltas e buscas inaceitáveis como mecanismos reaccionais. Junte-se a tudo isso o passado de cada indivíduo eclodindo com suas reacções.
Os assuntos do presente livro representam explicações e como que bálsamos para os campos afectivos mentais. A maioria dos seres encontra-se despreparada para tomar um rumo adequado, achando que a felicidade está no imediatismo dos valores transitórios. Ainda não compreenderam que as reacções da vida são necessidades de equilíbrio exigindo entendimento<s para sua própria marcha. Os recursos do passado, jogados ao desprezo e esquecimento, reflectem-se no presente em faltas e dificuldades. O mundo afectivo do pretérito, inconsequentemente palmilhado, projecta-se no presente como um inexplicável vazio e falta de suporte psicológico.
No momento difícil que atravessamos aparecem estas páginas, maduras em conceitos, norteando trilhas a serem percorridas. É contribuição valorosa buscando harmonia e equilíbrio, de modo a concitar os que vagueiam ansiosos aguardando socorro.
O presente livro, com autores de bom quilate espiritual, representa chamamento de responsabilidade e, ao mesmo tempo, lenitivo para as horas difíceis, penumbrosas e amargas, preenchendo os necessitados momentos, de modo mais duradouro, com harmonia, iluminação e Paz.

Jorge Andréa dos Santos
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:21 pm

Materialismo e Espiritismo
Aureliano Alves Netto

O Espiritismo é o mais temível antagonista do materialismo. — Allan Kardec O Livro dos Espíritos, Conclusão, II)
Materialismo, em sentido restrito, é a doutrina que afirma ser a matéria a única realidade do Universo. Negando Deus, a existência da alma imaterial e sua imortalidade, constitui a própria antítese do Espiritismo.
É um ramo da Filosofia que remonta aos velhos tempos dos filósofos jónios. Leucipo, o criador do atomismo filosófico, seu discípulo Demócrito e Epicuro foram os verdadeiros elaboradores do sistema materialista.
O materialismo permaneceu estacionário na Idade Média, em virtude da predominância do Cristianismo, mas ressurgiu vigorosamente na Actualidade Espírita Renascença. O século XVIII distinguiu-se pelas suas acentuadas tendências materialistas.
No fim do século XIX, Karl Marx e Frederich Engels estatuíram as bases do chamado materialismo dialéctico.
E as ideias materialistas se propagaram intensamente pelo mundo, até que começaram a perder terreno na Idade Contemporânea, depois da Lei da Relatividade e da desintegração do átomo, eventos que valeram por uma nova revolução copérnica.
Assim que a Ciência provou a insustentabilidade de antigos preceitos dogmáticos e proclamou a unidade matéria-energia, fenderam-se os bastiões da cidadela materialista.
Einstein anunciou solenemente: “O materialismo morreu de asfixia por falta de matéria.”
Pietro Ubaldi sentenciou em A Grande Síntese: “A matéria é pura energia. Matéria, no sentido de corpo sólido, compacto, impenetrável, não existe.”
O astrónomo V. A. Firsoff assinala: a Física moderna mostra que, “no significado tradicional do termo, não existe matéria”.
O Espiritismo, por seu turno, ensina: “A solidificação da matéria, na realidade, não é senão um estado transitório do fluido universal, que pode retomar a seu estado primitivo, quando as condições de coesão deixam de existir.”
(A Génese, de Allan Kardec, Capítulo XIV, 6)
Para Demócrito, existe a alma humana, porém é constituída de átomos e está sujeita à decomposição e à morte. Poderíamos entrever aí uma longínqua perspectiva do átomo psicobiofísico, do Dr. G. B. Quaglia e da teoria corpuscular do Espírito, defendida por Hemani G. Andrade.
Entendia o filósofo árabe Averróis que a alma é inseparável do corpo, ou mais especificadamente, do cérebro e morre com ele.
La Mettrie, famoso materialista francês, condenou a dicotomia espírito-matéria de Descartes e censurou Leibniz por ter espiritualizado a matéria, ao invés de materializar a alma. Condenaria hoje o seu conterrâneo Jean Charon, autor de O Espírito, este Desconhecido, que sustenta a existência do eléctron “espiritual”, dotado de psiquismo.
E, em seu livro O Universo Misterioso, sir James Jeans chega a esta conclusão lógica: “O Universo começa a parecer mais um grande pensamento do que uma grande máquina.” Psiquismo e consciência em dimensão cósmica.
Materialismo e ateísmo se completam. Um é corolário do outro.
No seu niilismo inconsequente, o materialismo apregoa que a consciência é apenas uma aparência derivada da matéria. Argumenta, com apurado senso crítico, um colaborador da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira: “Quando considera a consciência como ilusória, o materialismo destrói-se a si próprio, porquanto o materialismo só pode ter sentido para um ser consciente; e se a consciência é tida como vã aparência, pode-se considerar o materialismo como uma das variedades dessa aparência.”
Em O que é o Espiritismo, Allan Kardec assegura: “O Espiritismo é a negação do materialismo, o qual depois dele perdeu sua razão de ser.”
Ao cogito ergo sum (Penso, logo existo) de Descartes, contrapõe o sábio lionês: Existo, logo o nada não existe.
E elucida: “Já não se apela ao raciocínio, à fé cega, para dizer ao materialista que nem tudo acaba com o corpo. Apela-se aos factos. Demonstra-se-lhe, permite-se-lhe que toque com o dedo e veja com os olhos. E não será de grande importância esse serviço que presta à humanidade e à religião? Isto, porém, não é tudo: a certeza da realidade da vida futura, o quadro pleno de vida que nos apresentam aqueles cujo ingresso nela precedeu ao nosso, comprovam a necessidade da prática do bem e as consequências inevitáveis do mal.”
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:21 pm

Com efeito. A bibliografia espírita regista uma imensa gama de fenómenos de efeitos físicos que resistem ao mais aferrado cepticismo: fotografia transcendental, escrita directa (pneumatografia), levitação, materialização de Espíritos, telecinesia (movimento de objectos sem contacto com o médium) etc.
No item III das Conclusões de O Livro dos Espíritos, observa Allan Kardec: “Demonstrando a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, reergue os ânimos abatidos, faz suportar com resignação as vicissitudes da vida. Duas doutrinas se enfrentam: uma, que nega o futuro, outra, que o proclama e o prova; uma que nada explica, outra que tudo explica e por isso mesmo se dirige à razão. Uma é a sanção do egoísmo, a outra oferece uma base à justiça, à caridade e ao amor ao próximo. A primeira não mostra mais do que o presente e aniquila toda a esperança; a segunda consola e mostra o vasto campo do futuro.”
Ao que ressalta J. Herculano Pires num de seus escritos, foi graças às provas espíritas da sobrevivência da alma e à explicação racional dos problemas espirituais que a onda materialista do século XIX pôde ser refreada.
Sem dúvida. A verdade por si mesma se evidencia. Sobre os escombros do materialismo, paira, providencialmente, a luz radiante do Espiritismo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:22 pm

Ecologia
Celso Martins

É o tema do momento porque o homem percebeu que está destruindo o ecúmena, os ecossistemas, ao devastar as florestas, ao exterminar as espécies que se fazem raras, ao exaurir descontroladamente os recursos naturais não- renováveis, tomando, no mesmo descompasso, muito estressante a vida nos aglomerados urbanos, inclusive sob a pressão da poluição atmosférica e sonora. Isto sem falarmos na poluição dos mares e dos oceanos.
O facto de sermos espíritas não nos coloca a salvo desta situação nem insensíveis a estes problemas atuais. Assim é que, tendo caído debaixo de meus olhos um boletim da Associação Mundial de Ecologia, com sede em Cotia, São Paulo, dele retiro, data vénia, este oportuno decálogo elaborado pelo Sr. W. Paioli, e o coloco à disposição dos leitores para que se faça uma reflexão a respeito. Afinal de contas, já é chegada a hora de existir uma harmonia entre o Homo sapiens e o meio do qual ele faz parte.
1ª) Ama a Natureza, fonte de Vida, honrando- a com dignidade, em todas as suas manifestações;
2ª) Defende o solo onde vives, mas também aquele das demais criaturas;
3ª) Protege a vida dos animais, consentindo no seu abate somente para suprir as necessidades alimentares, de vez que nem todos são vegetarianos;
4ª) Condena a produção que favorece unicamente o produtor, em detrimento da satisfação das necessidades do consumidor;
5ª) Condena a agricultura irracional, predatória, contaminante, que tanto “sustenta” como elimina vidas;
6ª) Não consumas alimentos suspeitos de incluírem componentes nocivos como aditivos, corantes e conservantes, danosos à saúde orgânica;
7ª) Não compartilhas do modismo vulgar de “desenvolvimento & progresso” que justifica tecnologias destruidoras do meio ambiental;
8ª) Denuncia corajosamente todos os crimes contra a Ecologia;
9ª) Analisa racionalmente o comportamento humano em relação ao avanço técnico e aos clichés políticos; indaga, pesquisa, reflecte, contesta, procura esclarecer-te à luz da ciência e da moral com respeito a todos os actos da existência, sem escravizar-te a conceitos e convenções;
10ª) Liberta tua mente e não aumentes as fileiras dos acomodados mentais ou dos servos da hipocrisia, pois eles pretendem tirar proveito do teu ideal.
Para finalizar este capítulo, diria que a chamada Revolução Industrial rompeu o equilíbrio que o homem mantinha com a Natureza, pois até o século XVIII a influência do homem sobre a biosfera era relativamente pequena. Usando de tecnologia adequada, é sempre possível conciliar desenvolvimento económico como a instalação de novas fábricas, a abertura de novas estradas, a delimitação de novos bairros populares com a protecção das reservas biológicas do Globo. Não é obrigatório disseminar a morte destruindo árvores, devastando áreas cultiváveis, dizimando animais, conspurcando o ar e as águas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:22 pm

Do átomo primitivo ao arcanjo
Américo Domingos Nunes Filho

A evolução das espécies, negada e combatida pelas religiões tradicionais, devido à má interpretação do Génesis, de Moisés, tem na Doutrina Espírita uma aliada, porquanto o Espiritismo a compreende e a propaga. No entanto, ele não está de maneira nenhuma de mãos dadas com a Biologia dos materialistas. Esta diz que no mecanismo evolutivo não há participação do factor espiritual, tudo sendo presidido pelo acaso.
A Embriologia mostra-nos uma prova segura da evolução do homem. Durante a formação do organismo físico no cadinho materno, o Espírito recorda as experiências que passou na filogénese: de início, o ovo correspondendo a uma ameba; depois as fases embriológicas comuns aos répteis e às aves. É a ontogénese repetindo a filogénese.
O Espiritismo nos ensina que a evolução se processa nos dois planos da Criação; o espiritual e o físico, havendo sempre interdependência de ambos.
Há na evolução a presença de um factor espiritual dinâmico e actuante, responsável pelas expressões morfogenéticas do seres e que orienta também os átomos dos minerais, dos vegetais e de todos os animais. Diz um poeta do Espiritismo: “A alma dorme na pedra. Sonha na planta. Espreguiça-se no animal. Acorda no homem”. Portanto, o princípio inteligente, potente chama divina, evolui em todos os reinos da Criação, em constantes experiências e embates milenários.
A respeito da evolução em toda a Criação nos diz a Espiritualidade: “... tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que começou também por ser átomo.” (“O Livro dos Espíritos”, questão 540)
No mineral, o princípio evolutivo é responsável pelo comando de forças de atracção e coesão; no vegetal, possibilita a sensibilidade, já do conhecimento da Ciência; no animal, gera os instintos e começa a exercitar sua individualização, iniciando seu desligamento gradativo da alma- grupal. Na alma-grupal, o animal executa os actos instintivos da espécie, sem possibilidade de análise. Temos o exemplo das formigas e abelhas, que desenvolvem um trabalho complexo e maravilhoso. Chegado à esfera humana, o princípio inteligente guarda, ainda, resquícios do passado distante. Temeroso e, ao mesmo tempo, ansioso por esse passo, em direcção ao futuro, o homem ainda claudica na sua individualidade, tanto que a solidão é o maior sofrimento que a alma nesse estágio experimenta. Daí, o homem ser no presente um ser gregário. Essa experiência é muito bem explanada neste trecho, de uma das obras do grande escritor português, Eça de Queiroz: "... E é impossível não sentir uma solidariedade perfeita entre esses imensos mundos e os nossos pobres corpos. Todos somos obra da mesma vontade. Todos vivemos da acção dessa vontade imanente. Todos, portanto,... constituímos modos diversos de um Ser único, e através das suas transformações somamos na mesma unidade. Não há ideia mais consoladora do que esta — que eu, e tu, e aquele monte, e o sol que agora se esconde, somos moléculas do mesmo todo, governadas pela mesma lei, rolando para o mesmo fim. Desde logo se somam as responsabilidades torturantes do individualismo. Que somos nós? Formas sem força, que uma força impele. E há um descanso delicioso nesta certeza, mesmo fugitiva, de que se é o grão de pó irresponsável e passivo que vai levado no grande vento, ou a gota perdida na torrente!” (“A Civilização”)
Conforme o homem vai subindo na escala evolutiva, vai aprofundando-se à procura da essência divina (Cristo Interno) que lhe dá a vida, tomando-se feliz, conquistando a paz, “a que o mundo não pode dar” (João 14:27). Goza da paz por excelência, que provém do âmago do Ser. A mesma vivida por Francisco de Assis, inteiramente harmonizado com as coisas da Natureza, que tanto amou.
Hoje, a não ser a oposição de grupos religiosos ortodoxos, todos aceitam a evolução e não combatem a crença de que o homem provém fisicamente do animal antropóide.
Em relação ao ponto de vista espiritual, Paulo nos diz que o espírito reencarnado (Adão) é alma vivente. Depois da evolução processada, transformar-se-á no último Adão, espírito já evoluído, portanto, espírito vivificante (1 Co. 15:45), não necessitando mais de reencarnação na Terra. E continua Paulo: “O primeiro homem, formado na Terra, é terreno; o segundo homem é do céu" (1 Co. 15:47).
Paulo, na mesma Epístola, afirma: “Porque é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade” (1 Co. 15:53). É a evolução que se processa na Carne através da reencarnação, espelhando a bondade e a justiça de Deus.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:22 pm

Jesus encerrou seu diálogo com Nicodemos, dizendo: “Ora, ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, a saber, o Filho do homem. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê, tenha a vida futura” (João 3:13-15).
Diz o querido e saudoso Pastorino: “Os ‘apocalipses’ ou ‘revelações’ dos judeus narram histórias de santos varões que haviam subido a mundos ‘mentais’ conscientemente: esses homens eram denominados ‘serpentes’. Nesse sentido é que Moisés ‘elevou a serpente’ no deserto. De fato, a serpente simboliza a inteligência racional ou intelecto (veja episódio de Adão, quando conquistou o intelecto por meio da serpente), mas quando a serpente é ‘elevada’ verticalmente, significa a mente espiritual. Sua elevação se dá na ‘cruz da matéria’ (horizontal sobre vertical) e só depois de elevada na cruz, pode essa serpente conquistar o Reino dos Céus. Todos os que acreditaram nele (que cumprirem seus ensinos) conseguirão a ‘vida futura’, isto é, a vida espiritual superior.
“Se conseguirmos vencer tudo aquilo que nos oprime, nos castiga e nos escraviza, na vida física, estaremos aptos a viver não mais no reino humano, e sim, no reino celestial. Também para consegui-lo, é preciso ter sido ‘suspenso’, como a serpente de Moisés; é indispensável passar por todas as crucificações da Terra, por todas as iniciações duras e difíceis, dando testemunho da fé em Cristo, ao VIVER seus ensinamentos”. (“Sabedoria do Evangelho”) (O grifo é do autor).
Que possamos, realmente, enfrentar o mundo fora e dentro de nós, tendo o Cristo ao nosso lado, vivenciando todos os Seus ensinamentos, e exortando-nos ao crescimento espiritual nos embates dolorosos da evolução do espírito. E que não nos maravilhemos apenas com as coisas espirituais; é necessário muito esforço e, também, renúncia para chegarmos até o cume da elevação espiritual, ao lado do Cristo, quando ouviremos em nosso íntimo as palavras do Pai: “...Este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado...” (Lucas 15:24).
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O conflito dos séculos
Aureliano Alves Netto

"A Religião será sempre a base das sociedades. — Balzac
A Civilização, evidentemente, está em crise. O homem afastou-se de Deus, ensimesmou-se no seu egocentrismo e se julga o dono do mundo. Só cuida do aqui e do agora. Do proveito pessoal imediato, das gloríolas efémeras, dos prazeres materiais. Na sua estreita visão materialista, não percebe que está cavando o poço lodoso e profundo em que há de, provavelmente, submergir-se e do qual só conseguirá vir à tona após um longo período de reajuste, pontilhado de dores e de lágrimas.
Em termos de imortalidade, o homem só entende a perpetuação do corpo físico. Espera conquistar a imortalidade biológica, embalado nos cantos de sereia da Ciência terrena, que lhe acena com os prodígios da Criologia e outros cerebrinos recursos de igual quilate.
Os governos, em regra geral, reflectem as tendências e os anseios dos seus governados. Daí porque é de certo modo compreensível o acomodamento das entidades governamentais ao status sociocultural vigente em suas áreas de actividade.
Compreensível, mas não convincente, de vez que esse comportamento acomodatício revela, muitas vezes, incúria e inaptidão dos dirigentes de massas, em quem se presume alto nível de capacidade administrativa. Negação do princípio de autoridade. Verdadeira anarquia de cegos guiando cegos.
Estas considerações refluíram-nos à mente após a leitura de O Conflito dos Séculos, do prof. Arnaldo S. Thiago — esse catarinense insigne cuja vida e cuja obra foram um atestado vigoroso de honradez e trabalho, de cultura e idealismo.
Louve-se, preliminarmente, o substancioso Prefácio, escrito por Nilton S. Thiago, neto do Autor. Trabalho de fôlego, uma espécie de aperitivo para o régio banquete que viria em seguida.
Diz o prof. Arnaldo S. Thiago que desejaria fosse O Conflito dos Séculos “considerado um apelo da Família Espirita, quiçá da Família Humana, às potências terrestres, em prol da Paz, a fim de que o Instituto da Família possa cumprir sua bendita acção educadora”.
É, na verdade, um apelo, mas também um brado de alerta e um roteiro.
Logo no início do livro, mostra-se o equívoco em que laboram muitos que não entendem o verdadeiro sentido da expressão “Civilização Cristã”.
Textualmente: “O homem espiritual não existe para os governos dos povos cristãos, como não existia para os dos pagãos. E chama-se à civilização que tal caminho segue, uma civilização cristã."
Uma impropriedade de conceituação, com efeito. Tal como o Cristianismo sem Cristo e a Psicologia sem alma que certos energúmenos insistem em impingir-nos.
Em sua análise sociológica do mundo actual, o eminente pensador espírita aponta a desídia dos estadistas que não se preocupam senão do homo-aeconomicus, como se o ser humano só precisasse de comer e um pouco de se divertir... “quando lhe é possível dar-se a esse luxo”. Reprova o aviltamento das artes, notadamente da Poesia, da Pintura, da Escultura e da Música. Condena a comercialização do desporto e sua prática insidiosa, “dando à canela uma incrível superioridade sobre o cérebro”. Insurge-se contra as guerras e a pena de morte. Discorda da ampla permissividade de certas leis que facultam (senão mesmo estimulam) os delitos, para depois, então, punir os culpados, porque o que importa não é punir, mas prevenir. E adverte com muito senso: “O de que precisamos urgentemente é de educar o povo”. O que faz lembrar a célebre frase de Miguel Couto: “No Brasil só há um problema social: a educação do povo”. Com o que concordamos plenamente. Conquanto não se entenda educação como “moralização”.
O prof. Arnaldo S. Thiago oferece tuna sugestão digna de todo apreço: que se reúnam, sob a égide da O.N.U., os chefes de todas as nações e constituam uma equipe de eruditos legisladores para a elaboração de uma Carta Magna da Humanidade, “com dispositivos peremptórios quanto à utilização de qualquer dos instrumentos, aparelhos ou processos criados pela ciência com objectivos superiores, fora das regras educacionais que lhes foram traçadas, proibindo-os, portanto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:22 pm

Por exemplo: Proibição absoluta de fabricar bombas atómicas ou de qualquer natureza idêntica que seja, proibição absoluta de filmes alheios a objectivos sérios de cultura científica, recreativa e educacional, o mesmo se fazendo com relação a programas de rádio e de televisão e à publicação de livros, revistas e jornais desonestos. Só o que é útil e bom é que merece divulgação”.
Numa das páginas finais do livro, indaga o Autor:
— Posto, assim, o problema da paz social em equação, tendo como um dos' termos essenciais a educação do homem, a quem cumpre resolvê-lo?
Ele próprio responde:
— Precipuamente, é claro, nem o assunto é mais susceptível de discussão: aos pais de família. Sem a família, organizada civil e religiosamente, em um mundo como o nosso, não há processo algum viável de educação. Fora do seu âmbito, haverá possibilidade de adaptação do indivíduo a regras e costumes de sociabilidade, a regimes de trabalho honesto e de aperfeiçoamento nas ciências, nas artes, nas letras, na própria filosofia, mas educação, nunca.
Claro como a luz meridiana. Já dizia Lacordaire: “A sociedade nada mais é do que o desenvolvimento da família; se o homem sai dela, entrará corrompido na sociedade”.
Hosanas ao pacifista prof. Arnaldo S. Thiago. O seu apelo de Paz, inspirado pelas Potências do Alto, precisa ecoar nos ouvidos dos potentados da Terra.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Out 18, 2022 8:23 pm

Um caso de desobsessão
Celso Martins

Determinada pessoa debaixo de terrível perturbação espiritual foi conduzida a um centro espírita na esperança de que ali a criatura pudesse ser atendida devidamente, esclarecendo- se o Espírito obsessor.
Com efeito, o presidente do centro à frente de um grupo de médiuns bem abnegados levou horas a fio atendendo aquele caso, na tentativa de doutrinar a entidade perturbadora. Tudo foi feito: preces, palavras amorosas, esclarecimentos fraternos, passes magnéticos. O obsessor, porém, se mantinha irredutível. Era um Espírito muito endurecido. Não se comovia, não queria de modo algum deixar de atormentar a vítima, que se debatia, urrava, ameaçava destruir tudo e todos.
Lá pelas tantas, já um tanto esfalfados os médiuns e o presidente, vendo que nada conseguiam, resolveram chamar em socorro da vitima uma senhora rezadeira, que morava ali por perto do centro. A pobre da benzedeira, que jamais transpusera aquela porta, veio meio acanhada, meio sem jeito. Veio porque fora convidada para fazer uma caridade. E, tendo vindo, viu o estado lastimável em que se encontrava a doente. Então proferiu um Pai Nosso com tanto sentimento, com tanta pureza de intenção, com o rosto banhado em lágrimas de viva emoção, que para logo o Espírito se aquietou, reconheceu seu erro e, tendo também chorado copiosamente, prometeu afastar-se da enferma que, de fato, passou a apresentar sensível melhora.
Quer dizer, a cura deu-se em questão de uns 15 minutos, se tanto.
Ao sair, a benzedeira se explicou com voz envergonhada:
Pois é, gente... quando foram me chamar, eu até fiquei com receio de vir. É que hoje de manhã, porque fizesse muito frio, eu tomei dois tragos de cachaça!”
É claro que, dizendo isto, não estou dizendo que se deva tomar cachaça para ter forças na hora de doutrinar um obsessor. Aguardente não faz bem a ninguém em circunstância alguma! Médium ou não — cada qual deve viver bem longe dos alcoólicos. E socorrer, na medida do possível, os alcoólatras. Também devo deixar claro que a mim me falecem condições de avaliar as qualidades morais do presidente do centro c dos médiuns que tentaram esclarecer a entidade obsidente. Não tenho a menor dúvida de que eles de fato deram o melhor que havia em seus corações nobres e voltados para o Bem! Tudo fizeram para ser úteis e isto não se pode de modo algum deixar de ser ressaltado! No entanto, aquela humilde rezadeira deu tanto amor, veio com tanta pureza, estava revestida de tanta força moral, que conseguiu, mercê de Deus, asserenar aquele Espírito sofredor que estava causando sofrimento. Extraia você, leitor amigo, deste caso as melhores conclusões!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:06 am

Um recado da Luz
Américo Domingos Nunes Filho

Estávamos em pleno trabalho mediúnico, em reunião do Grupo Espírita Dimas, quando uma de nossas companheiras se dirigiu ao Director Espiritual da sessão relatando-lhe que uma amiga estava em desespero, há alguns anos, por ter perdido seu marido, através de um câncer dizimador (Melanoma).
Que estranha “coincidência”! O desencarnado foi nosso colega e amigo, um cirurgião-infantil hábil e amável.
Para nossa surpresa, o generoso mentor espiritual, através da psicofonia, deixou-nos a seguinte mensagem:
“Minha querida irmã em Cristo, Sónia.
“Paz com Jesus!
“Sabemos que a irmã está passando por momentos muito difíceis. Com muita razão, já que o nosso querido Godoy é seu verdadeiro amor, VERDADEIRO mesmo.
“É preciso deixar bem claro que o amor não acaba em decorrência da morte, esta é apenas aparente.
“Seu amor está bem vivo, não o sentimento mas aquele que o vivifica, Godoy.
“Estou transmitindo-lhe estas palavras com permissão do seu Guia Espiritual, tendo à minha frente, sabe quem? O nosso querido Godoy. Ele está sorrindo e aproveita o ensejo (e nem sempre há esta oportunidade) de mandar-lhe um recado: ‘Precisava passar pela experiência da dor e como precisava!...
‘Meu amor, eu não tinha paz na consciência, durante o período que antecedeu o meu nascimento na carne. Estávamos sempre juntos; contudo, não compartilhávamos da felicidade, eram frequentes os períodos de lipotimia, minhas pernas fraquejavam, o suor tomava-se profuso e minha mente sempre se achava num labirinto de confusão e desalinho. Meu corpo espiritual, maculado, reflectia a desarmonia interior, intensa, que subjugava o meu ser. Muitas vezes falávamos a respeito do futuro, diante da eternidade a que todos nós estamos destinados e, de pronto, o desânimo assenhoreava-nos. O remorso era intenso e cruel. Minha invigilância fez com que arquitectasse e praticasse acções malévolas e a resultante de tudo isto foi a doença que, primordial e primeiramente, tomou conta da minha vestimenta espiritual.
‘Graças ao Pai Amado, Criador de todos os mundos, Amor por excelência, foi nos dada a oportunidade da reencarnação. Ao nos reencontrarmos, recebi e você também a flechada de cupido. Daí para frente você bem o sabe.
‘De repente, o céu, que estava limpo e azulado, foi ameaçado, em sua pureza, por um temporal com característica violenta e desagregadora. Eu, você, todos os familiares e amigos parecíamos nos encontrar, de imediato, dentro ou no âmago de um intenso vendaval, de um redemoinho avassalador, que trazia nuvens escuras e sombras marcantes. O desespero tomou conta de todos nós. Reconheço que, em alguns momentos, pensei ter perdido a fé. Quantas vezes olhando para as pessoas, aparentemente desventuradas, em locais pobres e sem higiene, senti certa revolta. Eles, ignorantes e desprovidos da arte de curar, traziam saúde em seus corpos físicos. Outros, encarcerados nos presídios, ostentando saúde perfeita. E eu? Por quê?
‘Após o meu despertamento na vida espiritual, quando me vi diante daqueles a quem tanto estimei na Terra, seres a quem amei intensamente, envolveu-me uma grande alegria e reparei que meu pensamento era fecundo, isto é, conseguia captar vozes que provinham de vários lugares diferentes e convergiam na minha mente. Estava deitado, em uma enfermaria, situada em uma colónia espiritual próxima a minha residência física, e me vi no meu próprio enterro, não entendendo o que estava acontecendo, mas me lembro da grande dor que acometia as entranhas do meu ser.
‘Agradeço a Deus, apesar de todo o sofrimento, pelos resultados que couberam a mim: a moléstia que acometia o corpo somático provinha do meu corpo espiritual. Agora estou curado de fato. Não tenho nenhum tumor dentro de mim, todas as células malignas foram materializadas na carne e levadas com o caixão para o interior da terra, para virar pó. Portanto, o que parecia ser uma catástrofe transubstanciou-se num mar sereno e manso, onde não mais ondas inquietantes e bravias se tomavam uma constante. Vivo, agora, a experiência de ser feliz, não tenho mais nenhuma mazela. Estou sarado de todos os males.
‘Porém, a felicidade total e absoluta só será vivenciada por mim quando você estiver em paz, conscientizada, agora, do estado em que me encontro. Estou cercado de amigos espirituais, benfeitores e amorosos; alguns deles, em consonância com o bem que fiz na Terra. Não trouxe para cá nenhum rancor, nem ódio. Quantos seres vejo, retomando à verdadeira vida, em completo desalinho espiritual, ostentando a maldade dentro de si, trazendo a rememoração de actos cruéis que engendraram na vida física.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:06 am

Comigo, o contrário, a dor purificou-me, depurou o meu interior e me tomou um ser venturoso, em paz. No momento em que você, amor para todo o sempre, canalizar a tristeza necessária, mas infrutífera, para um pensamento recheado de optimismo e de fé, tudo se modificará. Tenho a certeza que também encontrará a paz e gozará da mesma tranquilidade em que me encontro.
‘Minha querida, estamos parcialmente distantes; contudo, Deus é Amor e permite, durante o seu repouso nocturno, o nosso reencontro diuturno, em espírito. Na verdade você é um espírito encarnado e, obviamente, um espírito também. Quando dormimos na carne, acordamos em espírito. Como a consolo nesses momentos!! Então, o dia amanhece e você volta para o casulo terreno, esquecendo-se dos nossos encontros, iluminados pelas estrelas do amanhã, representando a divindade dentro de nós.
‘Somos espíritos eternos, viajando, pelo espaço sem fim, em busca da perfeição. Você, amor da minha vida, tem o ensejo de degustar estas palavras, saboreá-las com o paladar da fé, ao lado daqueles a quem o Pai concedeu a oportunidade da criação e educação. Eles precisam de você, agora, mais do que nunca. Quando estiverem bem crescidinhos, serei eu que precisarei de você e estarei esperando-lhe de braços abertos, recepcionando-a, em nome de Jesus. Estou incumbido de recebê-la na Vida Eterna e, sob a luz do Senhor, revelar-lhe-ei toda a beleza do Mundo Espiritual que circunda a Terra.
‘No momento, dedique-se aos nossos filhos e também lhe peço aos filhos da desventura e da solidão, porquanto todo trabalho de caridade que praticamos repercute em nós como uma dádiva dos céus, sacudindo e iluminando os refolhos mais íntimos de nosso interior. Dedique- se à caridade, vá ao encontro do sofredor, visite os doentes em meu nome. Ao dar ao sofredor a sua presença, mentalize-me que estarei ao seu lado, junto com os emissários do Senhor.
‘O maior bem que podemos transmitir a alguém já desencarnado é fazer com que o amor seja praticado movendo o pensamento, em direcção ao ser que já se foi. Então, sentimos todos os eflúvios de reconhecimento da vida, iluminando-nos intensamente, trazendo-nos o alento necessário para prosseguirmos em nossa jornada espiritual.
Sónia, querida, temos a eternidade diante de nós. Você sofre por mim e está vivendo um passado. O presente é outro. Lembre-se do sofrimento de Maria, perdendo Jesus. Contudo, o Mestre ressuscitou, a morte não existe. Digo morte como algo que leva ao fim de tudo. Muito pelo contrário, a separação do espírito da carne é libertação. É a borboleta que sai do casulo, alçando o voo da liberdade plena. Aguarde o nosso reencontro final. Vá vivendo como pode, com fé, com vontade, entregando-se de coração a todos que lhe cercam. Breve, com a permissão de Jesus, você atravessará o grande rio e, na outra margem, estarei a sua espera.
‘Que Jesus, agora e cada vez mais, o meu Senhor e Mestre, nos abençoe e a todos aqueles que, porventura, tomarem conhecimento dessa missiva de luz recebam do Cristo tudo aquilo que necessitam.
‘Um recado dou para todos: Façam o bem sempre! Esparjam a luz da caridade, desfraldem a bandeira da solidariedade e, quando chegarem aqui, sentirão os aplausos e o reconhecimento da grande Harmonia Cósmica, que preside a vida no universo’.
"Sónia, este foi, em realidade, o recado daquele que não somente foi, mas que é e será o seu amor para todo sempre, diante de Deus, sob as vistas da eternidade. Sou um trabalhador do Cristo e trouxe o seu Godoy com a permissão do nosso Mestre. Tenho a certeza de que um novo Sol raiará, banhando o seu renovado espírito. Guarde a fé, aquiete o coração, mantenha a serenidade e a confiança. Logo surgirá o amanhecer, despertando-a desse grande pesadelo que lhe acomete agora. Muita paz com Jesus, “Do seu irmão em Cristo,
André”.
(Mensagem publicada com a autorização da Sra. Sónia, que nos agradeceu emocionadíssima o Recado da Luz).
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:06 am

O egoísmo que se justifica
Aureliano Alves Netto

Em certos casos, o egoísmo constitui Mude sublime. — Honoré de Balzac
Não é uma afirmativa sem nexo: — Só a criatura que já se sublimou na vivência do Evangelho pratica o bem desinteressadamente, por amor ao próprio bem.
Os demais — que constituem a esmagadora maioria —, embora aparentemente se revelem, às vezes, de uma abnegação a toda prova e capazes de real sacrifício em favor do próximo, laboram em causa própria, pressurosos da recompensa a que fazem jus pela execução da tarefa meritória.
Os nossos irmãos católicos, com o dinheiro gasto em esmolas e obras pias, pretendem comprar um lugarzinho no céu.
Os protestantes nem se preocupam muito com a prática da caridade, porque acham que a salvação advém da fé e não das obras. Contudo, no próprio esforço pela solidificação da fé, visam ao interesse pessoal: à remissão de seus pecados, requisito essencial ao gozo das eternas bem- aventuranças.
Os espiritas, realmente cônscios de seus deveres, não se limitam a pregar as primícias do Reino e os objectivos finais da Criação. Acção conjugada à palavra, levam o auxílio material aos necessitados que não podem viver sem pão, conquanto nem só do pão possam viver. Serviço muito louvável, sem a menor dúvida, entretanto ainda não escoimado de uns tantos ressaibos de egoísmo. Sublime egoísmo, convenhamos. Mas egoísmo.
Sim. Porque, cientes e conscientes de que a Lei do Amor rege todos os seres e todos os mundos, estabelecendo a Harmonia Universal, não ignoram que amarmo-nos uns aos outros, em última análise, significa amarmo-nos a nós mesmos. Sabem que quem dá aos pobres, acumula talentos no mealheiro da Vida Eterna. Que o maior beneficiado não é o que recebe o benefício, mas aquele que o proporciona desinteressadamente e com sentimento fraterno.
É bem de ver que há egoísmo e “egoísmo”. Condenável, evidentemente, o egoísmo, na sua acepção genérica de excessivo apego ao interesse próprio, sem atentar para o dos outros. Porém, se surge outra pessoa a beneficiar-se do nosso egoísmo, então ele não deixa de assumir aspectos de benemerência e, portanto, passível de nova conceituação.
O amor é um egoísmo entre dois — sentenciou Madame de Staël.
“O egoísmo é o homem, ou melhor dito, o objectivo do homem” — escreve C. Bini em Manuscrito d’um Prisioneiro. E acrescenta: “Tirai o egoísmo do homem e fareis dele uma pedra: ele não terá mais razão para praticar o bem, nem o mal. O egoísmo é a única determinante da acção humana”.
Paul Gibier assegura: — O altruísmo é o egoísmo verdadeiro.
Em A Grande Síntese, Pietro Ubaldi defende, noutras palavras, o mesmo pensamento: — O altruísmo nada mais é do que um egoísmo mais amplo.
Prossegue Ubaldi: — Assim como no Direito, a força evolve para a justiça, também o egoísmo evolve para o altruísmo.
O egoísmo é uma propensão que o homem traz do berço. Algo assim como o instinto de conservação, que é inato no reino animal.
E como o que é natural tem a sua razão de ser, consoante os altos desígnios do Pai, seria temerário insurgirmo-nos contra aquilo que à primeira vista nos parece despropositado ou ilógico.
O que faz mal não é o uso: é o abuso. Que cultivemos, pois, o nosso egoísmo, todavia sempre atentos para sua outra face, o seu aspecto construtivo. Até que, como os alquimistas medievais, que pretendiam transmutar metais ordinários em ouro, possamos, atingidos os mais elevados graus de evolução, converter o egoísmo em genuíno altruísmo.
Então, haverá condições inequívocas para a aplicação do grande lema: Um por todos, todos por um.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:06 am

O suor da mosquinha
Celso Martins

Você deve estar estranhando o titulo acima. É... o suor da mosquinha. Desde quando mosca tem glândulas sudoríparas? Pois é... Na história criada pelo talento do escritor paulista Monteiro Lobato — mosca também sua, sim!...
Bem, a história eu a li em 1954, ao tempo de aluno de Língua Portuguesa, do professor Ciai Brito (já desencarnado) no então Ginásio Iguaçuano, num livro de autoria do Artur de Almeida Torres. Vamos sumariá-la:
Um carro de bois caiu num atoleiro e o carroceiro tudo fez para desembaraçá-lo da lama. Os bois puxavam para cá, puxavam para lá, esticavam os músculos, faziam força e — lá pelas tantas — aparece uma mosca. Sem nenhuma cerimónia, o ilustre díptero começou a sua participação na epopeia: pousa na testa do carroceiro. Como ele a espanta, pousa na perna de um boi. Enxotada pela cauda da alimária, pousa no cachaço de outro boi, mas por pouco tempo. Levanta voo e vai chatear - de novo a paciência do carroceiro. Sai dali e azucrina a paciência de um outro boi, que escoiceia. E prossegue aquela tal mosquinha a voejar daqui para ali, dali para acolá.
Finalmente, num arranco mais violento, os animais retiram o carro do atoleiro para alegria do homem do campo.
Foi quando a nossa impertinente mosquinha, enxugando a fronte orvalhada de suor, exclama exultante:
— “Puxa! Se não fosse eu...”
Caro leitor:
Em todos os departamentos da actividade humana, há sempre disto, sim! Enquanto uns poucos trabalham, e trabalham, dando o melhor de si mesmos, para o progresso geral, enquanto uns poucos são verdadeiros pés-de-boi, sustentando a obra, na tentativa de arredar o carro do progresso do atoleiro das acomodações e da preguiça generalizada — lá quando o sol está a pino, como se fosse uma enorme brasa a dardejar raios de fogo do céu azul sobre o lombo dos trabalhadores do Bem, eis que surge a mosquinha da fofoca, a mosquinha da intriga, da crítica demolidora e tome de picar a testa de um, o nariz de outro, o pescoço do terceiro, a todos irritando, perturbando, chateando. E quando a coisa vai para a frente, ela então enxuga a testa cheia de suor e exclama:
— “Puxa! Se não fosse eu...”
Não sei se o meu caro leitor está à frente de alguma actividade comunitária e se vê beijado' por uma mosquinha chata e inoportuna da critica maledicente. Se for o caso, não perca a paciência. A paciência é uma virtude tão difícil de se ter, que não vale a pena perdê-la por causa de meio litro de mel coado. Contra esta mosca existe o DDT que se chama Evangelho, um DDT cujos ingredientes são .silêncio, persistência e perdão!
Outras vezes a mosquinha não é da bisbilhotice, do mexerico, não! É a mosquinha do orgulho, da vaidade, da presunção. Dir-se-ia ter sido a criatura picada pela mosca azul. É óbvio que todos devemos ter alguma dose de auto- estima. Se não gostarmos de nós mesmos, quem mais haveremos de amar? No entanto, também neste caso precisamos cuidado para que este Amor próprio não descambe para o orgulho que é, segundo a Doutrina Espírita, um dos piores inimigos do progresso, não só do indivíduo como de toda a Humanidade.
Sócrates tinha por hábito educar o moço (e eventualmente o não lá não muito moço) fazendo perguntas embaraçosas. Não para humilhar o interlocutor, porém para mostrar o engano, o equívoco em que o outro laborava. Por meio de perguntas adredemente preparadas, obtinha dos seus discípulos informações sobre o seu modo de pensar. Depois, continuando a interrogar, os conduzia a rectificar eles mesmos os erros do pensamento que por acaso tivessem cometido. Assim, de pergunta em pergunta, acabava Sócrates por apanhar o outro em contradição e assim o ensinava. É o método maiêutico ou da parturição das ideias, numa alusão à sua mãe, que era parteira.
Vou dar ao leitor um exemplo disto.
Um dia, Alcebíades gabava-se, diante do filósofo, de suas imensas propriedades nos arredores de Atenas. O pensador, tendo pego de um mapa geográfico, estendeu-o diante do orgulhoso e indagou-lhe:
— Onde está aqui a Ásia?
Alcebíades indicou o vasto continente. O filósofo prosseguiu:
— Bem, agora indique onde está a Grécia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:07 am

O interpelado indicou a posição do território grego. Gomo era pequena em relação à Ásia! Mas o grande pensador continuou na sua maiêutica:
— E onde está o Peloponeso?
Alcebíades teve dificuldades em encontrar um pequeno ponto do mapa.
— E onde fica a Ática?
Era a Ática um ponto quase invisível.
E Sócrates, que pregava a filosofia “conhece- te a ti mesmo” encerra o bate-papo com a pergunta fulminante:
— Pois agora me mostre onde ficam as suas extensas propriedades.
Elas simplesmente não estavam em nenhuma parte do mapa.
Dirá algum leitor:
— Trata-se de uma questão de escala cartográfica.
Sim, eu sei, trata-se de uma questão de escala, sim. Porém, sem querer ser impertinente ou chato mesmo, que é o planeta Terra diante do Sol que lhe é apenas um milhão e quinhentas vezes maior? E seria por acaso o chamado astro- rei alguma estrela de destaque no seio da Via- Láctea? E a nossa própria galáxia faz grande figura no conjunto do Universo, onde existem bilhões de outras, às vezes muitíssimo maiores?
Que é da nossa contribuição para a construção de um mundo melhor diante do que muita gente tem feito neste sentido mesmo sem o valioso conhecimento espírita que já temos, heim?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:07 am

Daniel o profeta do Antigo Testamento e sua incrível previsão do futuro
Américo Domingos Nunes Filho

A presciência de alguns factos do futuro é tema relevante, ensejando aos que negam sua paternidade divina momentos de intensa reflexão. Algumas ocorrências previstas por médiuns de pressentimentos, uma variedade dos médiuns inspirados (“O Livro dos Médiuns”. Capítulo XV - n° 184), abalam fortemente as convicções materialistas.
É importante frisar, contudo, que a respeito da previsão do futuro, não devemos aceitar a possibilidade dos fenómenos da História estarem com antecedência programados, já que, nesse caso, estaríamos diante da fatalidade, ferindo abertamente nosso livre-arbítrio.
Acreditamos que entidades, situadas em degraus de alta hierarquia espiritual, dotadas de grande conhecimento psicológico, podem, pela experiência e pelo conhecimento, já adquiridos em milénios pela fieira das reencarnações, antever o futuro da humanidade terrestre, sem que os destinos estejam traçados, assim como um pai pode prever a reacção de alguns dos seus filhos.
Um espírito superior, afastado dos parâmetros do mundo físico, vivendo na Quinta Dimensão, dentro da eternidade, num tempo real que não existe, tem a capacidade de saber se determinada criatura será feliz em sua empreitada na vida somática. Daí poder prever o futuro dos que vivem na Terra, “se ele não o faz, é porque o conhecimento do futuro será nocivo para o homem; entravará seu livre-arbítrio; paralisará o homem em seu trabalho, que deve efectivar para seu progresso; o bem e o mal que espera, estando no desconhecido, são, para ele, a prova.” (“A Génese — Ed. Lake, pág. 307)
Allan Kardec, na mesma obra, diz que “o tempo não é senão uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é susceptível de nenhuma medida, do ponto de vista de sua duração; para ela, não há começo nem fim: para ela, tudo é o presente”. Continua o Codificador: “Se séculos e séculos são menos que um segundo em relação à eternidade, o que será então a duração da vida humana?!” (Capítulo VI pg. 90)
No mesmo livro básico da Doutrina Espírita, capítulo dezasseis, o mestre lionês faz uma comparação bem ilustrativa: “Suponhamos um homem colocado no alto de uma montanha, a observar a vasta extensão da planície. Nessa situação, o espaço de uma légua será pouca coisa para ele, e poderá facilmente abarcar num só golpe de vista todos os acidentes do terreno, desde o começo até o fim da estrada. O viajante que segue esta estrada pela primeira vez sabe que, caminhando, chegará ao fim dela; eis aí uma previsão simples da consequência de sua marcha; porém os acidentes do terreno, as subidas e as descidas, os rios a vencer, os bosques a atravessar, os precipícios nos quais poderá cair, os salteadores escondidos para lhe saquear as bagagens, as casas hospitaleiras nas quais poderá repousar, tudo isso é independente de sua pessoa; é para ele o desconhecido, o futuro, pois sua vista não se estende além do pequeno círculo que o rodeia. Quanto à duração, ele a mede pelo tempo que consome a percorrer o caminho; retirai-lhe os pontos de referência, e a duração se apaga. Para o homem que está no alto da montanha e que acompanha sua viagem, tudo isso é o presente. Suponhamos que o observador desça para perto do viajante e lhe digas “Em tal momento encontrareis tal coisa, sereis atacado e socorrido”; estará prevendo o futuro; o futuro existe para o viajante; para quem está no alto da montanha, esse futuro é o presente.
“Se sairmos do círculo das coisas puramente materiais, e se pelo pensamento entrarmos no domínio da vida espiritual, veremos esse fenómeno produzir-se numa escala maior. Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração se apagam para eles. Mas a extensão e a penetração de suas vistas são proporcionais à sua purificação e à sua elevação na hierarquia espiritual; em relação aos Espíritos inferiores, eles estão como o homem armado de um possante telescópio, ao lado daquele que apenas dispõe de seus olhos. Para estes últimos, a visão é circunscrita, não somente porque dificilmente poderão se afastar do globo, aos quais estão presos, mas porque a materialidade de seus perispíritos veda as coisas afastadas, como o faz a bruma para os olhos do corpo.” (págs. 306 e 307)
Embora os espíritos superiores possam tomar conhecimento do futuro, devido ao fato dos habitantes terrenos estarem subordinados ao seu livre-arbítrio, ignoram as datas precisas dos acontecimentos, desde que o homem exerce a liberdade da escolha e da execução de suas tarefas, adiantando-se ou atrasando-se nesse desiderato. O Mestre Jesus diz, a respeito de sua volta à Terra, que “a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai* (Mateus 24:36).
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:08 am

Na realidade, o futuro não está predeterminado, já que o fatalismo não existe. O homem é responsável pelo que pensa e faz. Através da liberdade de acção, ele representa, no palco da vida, o actor que desenvolve o tema de acordo com a sua vontade.
Com efeito, sabemos que seres dotados de grande potencial de liderança pedem, na vida espiritual, uma outra oportunidade, uma nova chance, para reencarnar e rectificar um grave erro cometido no pretérito. E, novamente, falham. Fracassam, apesar da missão bem significativa que lograram alcançar. Não houve fatalidade e, sim, respeito ao livre-arbítrio. É claro que espíritos elevadíssimos com facilidade podem prever o mau êxito dessas tarefas e sabem que “o escândalo é necessário” (Mateus 18:7), para servir como meio de crescimento espiritual para muitos outros seres.
O profeta Daniel, médium por excelência, cativo em Babilónia, fazia parte do grupo de magos e encantadores do rei Nabucodonosor. Este, no segundo ano de reinado, teve um sonho c chamou seus adivinhos caldeus. Ordenou-lhes o conto do sonho e sua interpretação. Não sendo atendido, mandou matar a todos os sábios de Babilónia, dos quais faziam parte Daniel e outros judeus.
Com efeito, o profeta dirigiu-se a Nabucodonosor e pediu-lhe um tempo para que pudesse tomar conhecimento do sonho e sua interpretação. Diz a Bíblia que “foi revelado o mistério a Daniel numa visão da noite” (Daniel 2:19). Sabemos através do estudo do Espiritismo que as Escrituras trazem a verdade, alegoricamente, isto é, oculta sob o véu da letra . É claro que, através da projecção da consciência ou desdobramento, ou seja, libertando-se à noite de seu corpo físico, Daniel, no plano espiritual, foi cientificado do sonho e de sua explicação.
Pois bem, através da mediunidade, Daniel tomou conhecimento de acontecimentos futuros de mais de dois mil e quinhentos anos e, em poucas palavras, revela o que os historiadores humanos referiram em vários compêndios didácticos.
O sonho foi o seguinte: “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
“A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze;
“as pernas de ferro, os pés em parte de ferro, em parte de barro.
“Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxilio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.
“Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande montanha que encheu toda a terra” (Daniel 2:31-35).
Prontamente, Daniel iniciou a interpretação do sonho que, na realidade, descreve um grande episódio da história da civilização:
1 - “... Tu és a cabeça de ouro” (Daniel 2:38), simbolizando o Império Babilónico, cuja capital era ornamentada de monumentos arquitectónicos de inexcedível beleza;
2 - “Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu...” (Daniel 2:39): Sete décadas após a revelação do profeta, medo-persas invadiram a Babilónia e estenderam a “monarquia de prata” até a índia. No entanto, o predomínio dos persas, embora mais extenso, não apresentava o magnificente poder dos assírios, assim como a prata é inferior ao ouro;
3 - E um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra (Daniel 2:39): Ele se refere ao domínio de Alexandre III, o Grande, o precursor do helenismo, que teve Aristóteles como preceptor. Venceu o império persa e apoderou-se de Babilónia. A partir de Alexandre, a civilização e língua gregas divulgaram-se por todo o mundo. Os soldados gregos utilizavam escudos, elmos, couraças e armaduras feitos de bronze;
4 - “O quarto reino será forte como o ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiuça” (Daniel 2:40): Ele prevê o surgimento da monarquia romana, muito mais poderosa que as citadas anteriormente pelo profeta. Um poderio colossal impõe com a força a utilização da língua latina e revela uma triunfante tecnologia: mais de 90.000 quilómetros de estradas cortando as províncias e um exército, equipado de técnicos, de arquitectos e de engenheiros, contendo um total de 300.000 soldados. Usavam o ferro para confecção de espadas e outros armamentos, como também na fabricação de rodas e charretes;
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:08 am

5 - “Quanto ao que viste dos pés e dos dedos em parte de barro e de ferro, isso será um reino dividido” (Daniel 2:41): o profeta prevê o desmoronamento do império romano. Um dos factores principais da decadência de Roma foram as invasões dos bárbaros, bem violentas no século V D.C., porquanto o exército romano achava-se em desagregação. Em 476 D.C., foi deposto o último imperador do Ocidente — Rómulo Augusto —, por Odoacro, chefe dos hérulos. Há sessenta e seis anos, em 410 D.C., os visigodos, liderados por Alarico, tomaram Roma. Em consequência das invasões, o Império Romano Ocidental deixou de existir, aparecendo então os reinos bárbaros: os francos, burgúndios, suevos, os anglo-saxões, os visigodos, os lombardos, dando formação a algumas nações europeias hodiernas;
6 - "... contudo haverá nele alguma cousa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo” (Daniel 2:41): O cristianismo ocupou papel preponderante na integração dos bárbaros, já que os mesmos foram convertidos à religião católica. Ao mesmo tempo os bárbaros respeitavam os romanos, porquanto desejavam ter vida semelhante à do Império Romano;
7 - “Quanto ao que viste do ferro misturado com barro, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro” (Daniel 2:43): Nem pela força, através de Carlos Magno, Carlos V, Luís XIV e Napoleão, se conseguiu amalgamar os reinos em um só império. Nem pela diplomacia e nem pelo casamento entre os nobres dos diferentes reinos houve a fusão dos reinos europeus. Interpretando a profecia de Daniel ao “pé da letra” — “mas não se ligarão um ao outro” — constatamos que o Mercado Comum Europeu, instalado oficialmente em 1958, não conseguirá suprir a grande disparidade económica que existe entre os membros da Comunidade Económica Europeia;
8 - “Mas, nos dias destes reis, o Deus do Céu suscitará um reino que não será jamais destruído...” (Daniel 2:44).
“Como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos...” (Daniel 2:45).
“A pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande montanha que encheu toda a terra” (Daniel 2:35).
Nosso Mestre Jesus é denominado de “á pedra angular” (Efésios 2:20, 1- Pedro 2:6) e, certamente, Daniel alude à nova Terra, transformada em mundo de regeneração, sob a égide do Cristo.
Que possamos agradecer a Deus, nosso Pai que é Amor (1 João 4:8), pela oportunidade dada a todos nós de tomarmos conhecimento de tão edificante profecia, que se finaliza, anunciando o reino de paz — “uma grande montanha que encheu toda a terra” —, que estará destinado aos que seguirem em espírito e em verdade o Cristo, praticando Seus ensinamentos c sendo recebido no mundo transformado, com o titulo de servidor do bem.

Nota do autor - Daniel previu a possível falta de unidade dos países europeus (“não se ligarão um ao outro"). Assistimos, perplexos, mais um dado comprobatório de confirmação dessa profecia: a intensa divisão que aconteceu na União Soviética, na Checoslováquia e de forma violenta, na Iugoslávia, em nossa época.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:08 am

Pena de morte
Aureliano Alves Netto

A pena de morte já existia entre os povos primitivos e, originalmente, restringia-se à prática da vingança privada.
A família constituía a única unidade social e o pai, arvorando-se em guia e chefe absoluto, exercia ab libitum o “direito” de punir os seus familiares, podendo ordenar a morte por qualquer motivo. Fora do ambiente familiar, imperava pura e simplesmente o princípio da vindicta. Olho por olho, dente por dente. Se alguém era assassinado, os parentes da vítima se apressavam em tirar a vida de um parente do assassino. Estabelecia-se, então, um círculo vicioso. Novos homicídios. Novas represálias entre as famílias dos ofensores e dos ofendidos. A morte rondando os lares, ceifando vidas, solapando as bases do edifício social em formação. Procedimento de bárbaros, imprudente e pueril. Incapaz, de resto, de deter a marcha natural da Civilização, de vez que “o homem é um animal social” e não pode viver fora do seu elemento — a Sociedade.
As famílias primitivas foram se aglomerando em clãs. Do conflito de interesses individuais nasceram as classes sociais e os clãs foram impelidos a arregimentar-se num organismo colectivo — a Nação. O meio nacional, no entanto, não podia prescindir de uma organização política como instrumento para a manutenção da ordem comunitária. Daí o surgimento de um novo elemento — o Estado, que mais não é senão “a própria nação encarada do ponto de vista de uma organização política”.
Já não predominava o arbítrio dos chefes grupais, via de regra escolhidos entre os guerreiros ou sacerdotes. O Direito passou a reger as relações humanas, disciplinando preceitos de obediência e estatuindo a aplicação de penalidades.
Mas a pena de morte sobreviveu a todo esse processo evolutivo, no tempo e no espaço.
E foram vítimas do “assassínio legal” Sócrates, Joana d’Arc, Giordano Bruno, Savonarola... Sem falar no mais odiento de todos os assassínios: o de Jesus Cristo.
O Código de Hamurabi, promulgado por volta do ano 2000 antes de Cristo (o mais remoto documento legislativo de que se tem notícia), já consignava a pena de morte. Prescreviam-se também as Leis Assírias (1500 A.C.) e o Código dos Hititas (meados do século XIV A.C.), o Código de Manu, datado provavelmente de 1300 ou 800 A.C., cominava a pena capital para as mulheres que não tivessem conduta virtuosa.
Sucederam-se séculos. Transcorreram milénios. Esboroaram-se impérios. Libertaram-se povos oprimidos. Transfigurou-se o panorama geográfico de vastas regiões. As páginas da História encheram-se de eventos sensacionais: a Renascença, pugnando pelo aprimoramento das artes plásticas e das letras e pela libertação das tendências medievais; a Revolução Industrial, inaugurando a era da tecnologia; os enciclopedistas, procurando consolidar e disseminar a cultura; a Revolução Francesa, pregando Liberdade, Igualdade e Fraternidade; a desintegração do átomo; a Cibernética; a moderna cirurgia dos transplantes de órgãos; a conquista dos espaços cósmicos. Todo um movimento colectivo visando ao progresso e à implantação da Justiça integral.
Todavia, se actualmente há imenso progresso tecnológico e a Ciência a cada passo vem revelando maravilhas nunca dantes suspeitadas, o homem ainda vê pairar sobre sua cabeça a “espada de Dâmocles” da penologia vigente aqui e alhures: a pena de morte.
Reza o artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela ONU, em 10-12-948, que “todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança de sua pessoa”.
Trata-se, é certo, apenas de uma recomendação, que não tem força de lei. Mas, se os legisladores e os líderes da Humanidade estivessem cônscios de suas responsabilidades e realmente integrados na Civilização de que tanto se orgulham, nem precisariam de recomendação nenhuma para assegurar a todos um direito natural — a vida.
Contudo, como prevê a sabedoria popular, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”.
Dia virá em que a pena de morte passará às calendas gregas.
— Incontestavelmente desaparecerá — lê-se no O Livro dos Espíritos — e a sua supressão assinalará um progresso da Humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a pena de morte será completamente abolida na Terra. Não mais precisarão os homens de ser julgados pelos homens. Refiro-me a uma época ainda muito distante de nós.
É pena que essa época esteja ainda muito longínqua. Porém a pena de morte será extinta pelos legisladores do futuro — disso não tenhamos dúvidas. Há de prevalecer a Lei de Deus: — Não matarás.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 9:09 am

Brasil, acorda e levanta!
Américo Domingos Nunes Filho

Diuturnamente, a sociedade brasileira encontra-se em comoção, sob o impacto da grande divulgação pela “mídia” de crimes hediondos. Como é de costume, vivenciando-se um momento de trauma emocional, infelizmente logo vem à baila a pena de morte como uma possível saída do labirinto do temor e da angústia.
Os sectores mais intelectualizados de nossa Pátria sabem que a pena capital não reduz de forma nenhuma a violência e, nos países que a adoptam, continuam acontecendo em grande número os crimes mais cruéis e sanguinários. Inclusive, nos Estados Unidos, a maioria dos sentenciados à morte corresponde aos criminosos de baixa renda, incluindo os marginalizados de cor negra e de origem hispânica, que não têm recursos para pagar bons advogados.
A pena de morte representa também um caminho sem volta, já que, depois de executada, a sentença se toma irrevogável. Muitos casos de erro judiciário ocorrem no Brasil devido ao fato de possuirmos uma policia com uma infra-estrutura técnica assaz deficiente. Ficou famoso o caso dos irmãos Naves, inocentados depois de terem cumprido 22 anos de prisão. É claro que não se pode dar à justiça humana, tão falha, o direito de matar a quem quer que seja e, ao assassinar o criminoso, não está o Estado igualando-se a ele?
É importante que os responsáveis por crimes horrendos recebam penas longas e sejam assistidos por uma equipe composta de psicólogos, educadores e religiosos, visando a uma regeneração que sabemos ser possível. Em nossa cidade (Rio de Janeiro), existe um magnífico trabalho, com os reeducandos penais, desempenhado pela Instituição Espírita Cooperadoras do Bem Amélie Boudet, sob a direcção da querida Idalinda de Aguiar Mattos, exortando-os à reforma moral. Muitos daqueles que se encontram encarcerados são beneficiados através do trabalho essencialmente evangélico realizado pelos espíritas, em todos os rincões do nosso país.
Enquanto há vida, há também a esperança do arrependimento e do desejo de melhorar-se moralmente. Até mesmo o criminoso mais contumaz deveria ter a oportunidade da recuperação.
Outro dado importante é dar condições, aos que se encontram na prisão, de trabalharem para o seu próprio sustento. Não deve o detento viver à custa dos cofres públicos; muito pelo contrário, deveria ter a obrigação de trabalhar na terra produzindo alimentos, ou mesmo, construindo moradias e estradas. Uma mão de obra, ociosa, que poderia ser utilizada para o bem comum.
Na realidade, a epidemia de insegurança que nos assola é fruto da lamentável condição em que se encontra o Brasil. A violência é resultante da miséria social e moral que grassa em nossa terra.
Enquanto somos pressionados a pagar uma dívida económica contraída nos bancos internacionais e já saldada moralmente através do pagamento de juros astronómicos, nossas crianças nascem, crescem e morrem nas ruas. Enquanto uma parte da nossa classe dominante, rica, injusta e egoísta, se locupleta, morando em luxuosas mansões, trafegando em carros importados, navegando em sumptuosos iates, uma grave desintegração social se verifica nas terras do Cruzeiro. Nosso país entrou na década de 1990 com um terço da população, cerca de 45 milhões de pessoas, abaixo da linha da pobreza, “vivendo” com uma renda mensal de até 1/4 do salário mínimo.
Herdamos um passado colonial escravocrata e formamos uma industrialização, com exclusão social, onde o trabalhador é pessimamente remunerado e impedido de ascender socialmente. Nossas escolas e hospitais, em completo abandono, reflectem a completa decadência social e moral em que se encontra o nosso Brasil.
Segundo dados do IBGE, 15,4% das crianças brasileiras, com menos de cinco anos, sofrem de desnutrição crónica, quando a taxa considerada normal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 3%. No Nordeste, 27,3% dessas crianças são desnutridas, convivendo com a fome desumana.
O crescimento das favelas não se dá mais por êxodo rural, mas pela reprodução da miséria. O poder aquisitivo do trabalhador cai de forma tão intensa que suas condições de moradia se tomam cada vez mais impróprias.
Pelo Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (Ipea), o Brasil tem 33,5 milhões de pessoas classificadas como indigentes.
De acordo com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a cidade de São Paulo tinha 1.152.000 desempregados em 1992. A taxa de desemprego passou de 9% em 1990 para 15% em 92.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 7:51 pm

Em pesquisa realizada pelo professor Fernando Pedrão, da Universidade Federal da Bahia, 60% dos moradores de Salvador vivem em estado de pobreza crítica, ou seja, 1,5 milhão dos cerca de 2,5 milhões de habitantes. A desnutrição atinge 54% das crianças de 0 a 7 anos da periferia da cidade e apenas 30% da população de Salvador moram em locais providos de esgotos sanitários.
Recife é considerada a quarta pior cidade do mundo pelo “American Population Crisis Comitee”. A falta de saneamento básico atinge 80% da população urbana de Pernambuco e há 600 mil famílias morando em favelas. Até no sul do Brasil a miséria também se alastra. Segundo a Fundação Metropolitana de Planeamento (Metroplan), em 1981, os favelados dos 22 municípios da região metropolitana de Porto Alegre representavam 8,6% do total de habitantes. Colectado em 1992, esse índice ascendeu para 13,6%, cerca de três milhões de pessoas.
Os dados a respeito da nossa Pátria divulgados na primeira Conferência Internacional sobre Nutrição, organizada pela OMS e realizada, em dezembro de 1992, em Roma, são assustadores:
1) Sessenta e sete por cento dos brasileiros não atingiram os níveis mínimos de consumo alimentar recomendados, de 2.400 calorias/dia, acarretando altos índices de desnutrição e mortalidade infantil;
2) A taxa de morte na infância (64 óbitos por mil nascimentos) só é inferior, na América Latina, aos de Honduras e Bolívia;
3) Trinta por cento da população de crianças e adolescentes (0 a 17 anos) vivem na pobreza absoluta;
4) 75 milhões de pessoas (71% da população) vivem na zona urbana sem esgoto sanitário. Cerca de 13 milhões não têm água potável e 34 milhões sem colecta de lixo;
5) No meio rural, 17 milhões de pessoas (44%) não têm água de boa qualidade;
6) Sessenta e cinco por cento das internações hospitalares são decorrentes de falta de saneamento básico;
7) Doenças, não mais verificadas nos países ricos e industrializados, engrossam as longas fileiras de doentes, como a malária, esquistossomose, doença de chagas, tuberculose, dengue, sarampo, tétano, etc.;
8) Na área rural nordestina, cerca de 40% dos jovens de 20 a 25 anos foram vítimas de nanismo. A média de incidência nacional é de 20%.
O Jornal do Brasil, edição de 20 de dezembro de 1992, traz estampada uma reportagem de grande importância para todos os brasileiros, conscientes do momento grave pelo qual passamos. No periódico está relatado que;
1) “Maceió é a capital das doenças da fome: 26% das crianças que morrem antes de completar um ano de idade são vítimas de diarreia, doenças infecto-contagiosas e respiratórias. Setenta por cento dos doentes mentais do Hospital Portugal Ramalho, único hospício estadual, são da zona canavieira. Quase todos são cortadores de cana entre 20 e 35 anos de idade e ganham menos de um salário mínimo, mas na entressafra (setembro a março) ficam desempregados. Sem meios de subsistência, tomam-se psicóticos ou alcoólatras. ‘Quase sempre é a polícia que os interna', conta a psicóloga Artémia Fátima, uma das coordenadoras de um projecto do hospital para alcoólatras”;
2) Em Fortaleza: “Mãe, não aguento mais dormir sem jantar e acordar sem tomar café. Vou roubar.” A frase, repetida pelo menino Eudes, 13 anos, custava sempre uma surra da mãe, Maria Joaquina Silva, moradora da favela do Pirambu.
“Sem saber o que fazer, Joaquina levou o filho ao advogado José Airton Barreto, que em 1984, seguindo sugestão do frei Leonardo Boff, fundou na favela — a segunda maior de Fortaleza, com 250 mil moradores — o Centro de Defesa dos Direitos Humanos.
“Airton ouve diariamente histórias como a de Eudes. Mas não esquece de Anselmo, de quatro anos, que no delírio da fome, na noite antes de morrer, perguntou à mãe, Joana Matias: ‘Mãe, no céu tem pão?”;
3) Na cidade de São Paulo: “Alegres como crianças num piquenique ou agressivos como animais na disputa por comida, 150 homens e algumas mulheres se reúnem no Viaduto Bresser, na zona Leste de São Paulo, para enganar a fome com a sopa que um grupo de voluntários cozinha para eles com restos de verduras e legumes catados nas feiras. Deveria ser uma sopa comunitária, cada um ajudando a seu modo, mas essa gente está tão derrubada que ninguém consegue fazer nada.
“Esses são os lascados, os mais miseráveis dos sofredores de rua”, explica Mariano Gaioski, coordenador da Casa de Convivência, um barracão onde os mendigos tomam banho, fazem curativos, lavam a roupa e se divertem. Quase todos são trecheiros, isto é, andarilhos que passam o dia rodando pela cidade, revirando as latas de lixo, rondando os restaurantes.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 7:52 pm

“Maria Helena Santos Vidal, 25 anos, viúva e mãe de três filhos, é uma “lascada”. Era atendente de enfermagem em Porto Alegre, onde nasceu, mas está há nove meses desempregada. Sobrevive com as sobras das pizzarias e lanchonetes, mas recorre também a outros expedientes. ‘Vendo meu corpo para não deixar as gurias passarem fome’, confessa Maria Helena que se entrega a Cr$ 50 mil por programa.
“O agente de segurança José Aroaldo Estêvão Nunes, que parece um velho aos 31 anos de idade, não consegue mais serviço e, por isso, vive na rua. ‘Quando a fome aperta, peço comida nas casas e restaurantes. Sempre tem alguém que dá.’
“A sopa de legumes é bem feita, mas os recém-chegados ao submundo dos “lascados” aderem com relutância. “Só vim aqui porque estou passando fome”,’ confessou António Carlos, um processador de dados que sabe falar alemão e trabalhou na Auto Latina. Humilhado, ele não revela seu sobrenome nem se deixa fotografar";
4) No Rio de Janeiro: “Rosângela Ferreira dos Santos, 28 anos, oito filhos e esperando o nono, vive embaixo do Minhocão, o viaduto que liga a Lagoa à Barra da Tijuca, com os dois cunhados (seu marido ‘sumiu’) e mais seis crianças além das suas. Rosângela convive com contradições como a vaidade e a imundície. As crianças, sem calças, engatinham na lama, mas, de vez em quando, a mãe as obriga a calçar um chinelo; numa bacia plástica, pelancas de carne doadas por alguém estão cuidadosamente cobertas com plástico; parte delas cozinha junto com o feijão num fogareiro improvisado; em colchões rasgados e muito sujos, algumas crianças cochilam; a filha Luzia lava a louça numa vasilha com água quase preta, mas água para beber, Rosângela faz questão de pegar no posto de saúde próximo.
“ Ao se preparar para ir ao médico — na Ilha do Fundão —, Rosângela não esquece de passar batom. ‘Tenho um mioma e tanto eu quanto o bebê na minha barriga temos problemas cardíacos’, diz ela, que leva duas horas para chegar ao hospital. 'Mas eu pego o ônibus aqui pertinho’, conforma-se”; 5) Em Recife: “Dona Maria de Lourdes da Silva, 44 anos, deixa o lixão de Olinda com cinco de seus dez filhos. É o momento de ir para casa — um barraco de tábua de nove metros quadrados —, almoçar arroz, feijão, farinha e descansar de mais um dia de trabalho. Ela e os meninos permaneceram 12 horas entre moscas e mau cheiro, catando papel, latas e garrafas, lixo que lhes rende por semana pouco mais de Cr$ 100 mil.
“A família de Dona Maria é apenas uma das milhares que, no Grande Recife, enfrentam a miséria 24 horas por dia. A vida dela, que está separada do marido, nunca foi das melhores, mas há cinco anos, quando trabalhava como empregada doméstica, a situação era menos ruim. Desde 87 ela cata lixo para sobreviver. Chega às cinco da madrugada ao lixão, às margens da rodovia perimetral que liga Recife a Olinda. Até o final da tarde, ela e os filhos (com idades entre 9 e 22 anos) conseguem encher 20 sacos, cada um com 12 quilos de papel ou garrafas e latas.
“O que ganho mal dá para comer. Na casa, por sinal, o cardápio não vai além do arroz, feijão e farinha. Carne? A gente só come carne de galinha e, mesmo assim, uma vez na vida, quando o caminhão da granja, que vem despejar as penas, descarrega no lixo restos de pescoço e pé”, conta.
“Além de garantir uma refeição diária, Maria tem a sorte de chegar ao quinto ano de trabalho no lixão sem qualquer doença. ‘De nada me queixo, não tenho coceira, cólera ou coisa pior’, diz, enquanto remexe o entulho com as mãos.
6) Em Petrolina (PE): “Há dois anos, o pedreiro António Carlos Velho, 44 anos, e sua mulher, Maria Antónia, deixaram a cidade de Ouricori, sertão de Pernambuco, para fugir da seca e tentar uma vida melhor. Desempregado há mais de seis meses, hoje ele mora em um dos bairros pobres de Petrolina, numa casa de quatro cómodos pequenos que divide com mais 13 pessoas. A comida, um dia feijão, no outro arroz, às vezes só dá para as quatro crianças da casa. Mesmo sem perspectiva de arrumar trabalho, ele não quer voltar para Ouricori.
“Se ainda estivesse lá estaria ganhando Cr$ 25 mil por dia trabalhando na roça e gastaria a metade comprando água, calcula António. Segundo ele, em Ouricori, uma lata com quatro litros de água custava Cr$ 2 mil, em novembro de 1992 e sua família consumia ate cinco latas por dia. Durante um ano, ele trabalhou na fábrica de gesso próxima da cidade e pegou uma infecção pulmonar por causa do pó. 'Aqui pelo menos não falta água, e de vez em quando arrumo um empreguinho’.
“Na procura de emprego, os retirantes que chegam às cidades de Juazeiro e Petrolina são atraídos para as lavouras de maconha e encerram sua viagem na cadeia. A região, conhecida no jargão policial como Polígono da Maconha e ponto do tráfico para o Sul do país, abrange 24 municípios baianos e quatro pernambucanos. O delegado José Olavo Farias Bonfim, da Polícia Federal, afirmou que os donos das lavouras contratam colonos para cuidar da plantação e a maioria sabe que é uma actividade ilegal.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 7:52 pm

“A alta rentabilidade, o solo próprio para a cultura e a impunidade fizeram com que vários proprietários de terras substituíssem as plantações de melão e tomate por maconha. A última operação realizada pela Polícia Federal aconteceu em outubro, quando 500 mil pés de maconha foram queimados”;
7) E Juazeiro (BA): “A miséria no Nordeste acompanha a rota dos retirantes. Um dos pontos de parada dessa viagem da pobreza rumo ao Sul do país são as cidades limítrofes de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. Atraídas pela imensidão do Rio São Francisco e a perspectiva de conseguir emprego nos projectos de irrigação, várias famílias chegam às duas cidades e montam seus barracos de madeira e papelão, formando bolsões de miséria. O pouco de dinheiro que tinham foi gasto na viagem e, além das roupas do corpo, trazem a esperança de um dia ter vida melhor. Com o tempo, o desemprego traz o desânimo e a incapacidade de tomar iniciativas, a não ser a de arrumar as malas novamente.
“O pernambucano Inácio Rodrigues, 40 anos, é um desses casos. Ele chegou a Juazeiro há quatro anos e seu último emprego foi de carregador em um dos armazéns da cidade. Inácio mora na Vila Papelão, um conjunto de 40 barracos com paredes de madeira e barro, cobertos de papelão, localizado atrás do cemitério da cidade. Ali as fezes se misturam com o lixo espalhado entre uma casa e outra. Durante o dia, Inácio perambula pelas ruas e encontra coragem num copo de cachaça. Sua mulher e os dois filhos estão na rodoviária esperando por ele e por uma carona para seguir viagem. ‘Estou indo para São Paulo. Lá tenho certeza que não me faltará trabalho’, disse ainda sob o efeito da cachaça.
“Um dos vizinhos de Inácio é o cearense Francisco José Gama. Há 12 anos ele saiu do Crato, no Ceará, trazendo na bagagem a imagem do Padre Cícero. ‘Aqui só tem tristeza. Minha mãe morreu do coração nesta semana e não temos nada para comer. Mesmo assim, não quero voltar para o Crato. Tenho fé que o meu santo padim Cícero vai nos ajudar’, disse. Ele dorme em uma espuma fina e cozinha no fogo aparado por dois tijolos. Na última eleição, não teve a mesma sorte de sua vizinha Iolanda Carvalho, que trocou seu voto por telhas. ‘Minha casa era de palha, papelão e barro’, conta, mostrando seu único documento, o título de eleitor.”
As causas primárias da criminalidade se encontram numa sociedade egoística, desumana e cruel, em que se exaltam os valores mundanos em detrimento do espírito, do altruísmo, da solidariedade e da fraternidade, calcados no Evangelho.
A querida mentora espiritual, através da abençoada mediunidade de Divaldo P. Franco, Joanna de Ângelis, na obra “Leis Morais”, página 65, nos corrobora, dizendo: “No fundo das desgraças humanas, o egoísmo sempre aparece como causa essencial”. Portanto, a pobreza é resultante do amor excessivo ao bem próprio, sem consideração aos interesses alheios, daqueles que muito possuem. Estes, em grande maioria, à guisa de montarem seus bens em abundância, alimentam as chagas sociais, desestimulam todos os programas de melhoria sócio-económicas e cultural, como também exploram o semelhante visando proveito material.
Sabemos que todos os que assim procedem colherão em próxima existência o que agora semeiam, desde que egoisticamente criaram a extrema riqueza e, consequentemente, a extrema pobreza. A “Lei de Causa e Efeito”, através do “nascer de novo”, aproveita a miséria criada pelo homem, rico e insensível, para que este retome, sofrendo o rigor da fome que ele mesmo engendrou, à custa do seu egoísmo, em vida passada. Contudo, de forma alguma, pode-se apresentar a reencarnação de espíritos, uns na miséria, outros na opulência, como pretexto para acobertamento de chagas sociais, já que o ser acossado pela pobreza deve lutar e superar a própria opressão. Sem esse processo dialéctico não haveria crescimento espiritual, nem tampouco progresso social.
O ser reencarnado na miséria precisa se elevar de sua condição pelo seu próprio esforço (a própria opressão leva os oprimidos a superá-la), entretanto necessita certamente de ajuda alheia, até que melhore sua situação, o que não é em absoluto a derrogação da “Lei de Causa e Efeito” e, sim, o uso do livre-arbítrio, em harmonia com a lei do progresso. A espiritualidade diz: “Numa sociedade organizada, segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome” (“O Livro dos Espíritos”, na 930). Jesus ensinou: “E assim, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; Porque esta é a lei, e os profetas" (Mateus 7:12).
Aquele que prejudica o semelhante, roubando, matando, ou mesmo fomentando tragédias e guerras, se conscientizará de que o mal produzido por ele, criado dentro de si, nele mesmo formará raízes. Em outra vida, desabrochará no corpo físico sua distonia ou deficiência, nascendo em veículo somático doente ou deformado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 7:52 pm

A pena de talião é exercida no âmbito espiritual. Portanto, um assassino terá de prestar contas a si mesmo e como espírito eterno receberá a devida justiça nesta existência ou em outra. Ninguém poderá arvorar-se no papel de justiceiro, tentando vigorar o “olho por olho, dente por dente” no plano físico, desde que o próprio Jesus, no Sermão da Montanha, revogou esta pena mosaica, explanando a prática da não-violência e do amor para com todas as criaturas (Mateus 5:38-42).
Quando se pensa em pena de morte, está a sociedade atestando completa ignorância, não sabendo distinguir a verdadeira causa da criminalidade, que, em realidade, se encontra dentro de todos nós, já que através da omissão e do egoísmo, não erradicamos as raízes da violência encontrada na miséria que nos cerca. Ao invés de lutar pela melhoria social de nosso povo, tão sofrido e marginalizado, tentando viabilizar projectos que visem melhores condições de habitação, saúde e educação, é mais fácil, mais cómodo, menos dispendioso, agir na consequência, tirando a vida daqueles que, em grande maioria, são vítimas de uma sociedade injusta e anticristã.
Brasil, ainda há tempo: acorda, levanta!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Out 19, 2022 7:52 pm

Ainda pena de morte
Aureliano Alves Netto

Na Idade Média, quando se discutia acaloradamente o sexo dos anjos, pontificava Tomás de Aquino que “é louvável e salutar a amputação de um membro gangrenado, causa de corrupção dos outros membros”.
— Ora — filosofava o “Doutor angélico” —, cada indivíduo está para toda a comunidade como a parte para o todo. Portanto, é louvável e salutar, para a conservação do bem comum, pôr à morte aquele que se tomar perigoso para a comunidade e causa de perdição para ela; pois, como diz o Apóstolo, um pouco de fermento corrompe toda a massa. (Suma Teológica, Questão LXIV, Art. II).
Esse é o principal argumento de que, ainda hoje, se servem os defensores da pena de morte, num esforço obstinado, posto que insensato, de justificá-la perante a opinião pública.
O argumento não deixa de ter a sua lógica, mas, em verdade, é puro paralogismo, em flagrante contradição com* os ensinamentos do Cristianismo e os sadios princípios do Direito Moderno.
— Não matarás — eis a determinação gravada nas Tábuas da Lei.
Segundo um velho princípio do Direito Romano, “o fim da pena é a emenda” — o que importa numa condenação da pena capital, de vez que ao criminoso executado não se lhe pode facultar a oportunidade de emendar-se.
— A pena de morte não se apoia em nenhum direito — diz Beccaria.
Em sua obra Dos delitos e das penas, ensina o eminente criminalista italiano:.
“Para que uma pena seja justa, deve ter apenas o grau de rigor bastante para desviar os homens do crime. (...) Assim, pois, a escravidão perpétua, substituindo a pena de morte, tem todo o rigor necessário para afastar do crime o espírito mais determinado. (...) Numa nação em que a pena de morte é empregada, é forçoso, para cada exemplo que se dá, um novo crime; ao passo que a escravidão perpétua de um único culpado põe sob os olhos do povo um exemplo que subsiste sempre e se repete”.
Instado a pronunciar-se sobre a pena capital, respondeu categoricamente o renomado jurisconsulto brasileiro Clóvis Beviláqua:
— Sou contra, pelo seu carácter definitivo e pela falibilidade dos julgamentos humanos.
A precariedade dos julgamentos humanos, com efeito, constitui um sério entrave à perfeita aplicação da justiça. A História regista, lamentavelmente, um número considerável de erros judiciários.
Em 1927 foram electrocutados nos Estados Unidos os emigrantes italianos Nicolau Sacco e Bartolomeu Vanzetti, acusados de assassínio e roubo. Antes da execução, um dos verdadeiros criminosos, Celestino Medeiros, confessou sua culpa e inocentou aqueles dois condenados, mas a “justiça”, inflexível, não quis reformular a sentença. Mandou matar os três...
Muito tempo depois, morria Carryl Chessman numa câmara de gás da Penitenciária de San Quentin, na Califórnia, sob a acusação de ser o terrível “bandido da luz vermelha”. Posteriormente descobriu-se a verdade: o “bandido da luz vermelha” era o gangster Charles Terranova, conforme declaração de sua própria viúva.
Outro caso: na prisão do Distrito de Colúmbia, Charles Bemstcin estava prestes a perder a vida na cadeira eléctrica, quando chegou, esbaforido, um mensageiro com a ordem da comutação da pena em prisão perpétua. Teria morrido se o mensageiro houvesse se atrasado alguns minutos. Curioso é que, dois anos após, surgiram provas irrefutáveis de que Bemstein era inocente do crime que lhe fora imputado. Foi posto em liberdade.
Não é raro ouvir dizer que a pena de morte evita o crime, por causar pavor à pessoa que intenta praticá-lo.
Nada menos exacto. Em quatro Estados norte- americanos que aboliram a pena de morte, decresceu o número de homicídios. O maior índice de crimes de morte ocorreu precisamente nos Estados em que prevalece a pena capital.
O capelão da prisão britânica de Bristol declara que, de 167 homens que ali aguardavam a execução, 164 já haviam presenciado um enforcamento.
O certo é que, como observa Beccaria, a experiência de todos os séculos prova que o “assassínio legal” nunca deteve celerados no caminho da delinquência.
Há quem alinhe, entre outras “vantagens” da pena de morte, uma de ordem estritamente económica. Fica mais barato matar o criminoso do que sustentá-lo anos a fio ou durante toda a vida numa penitenciária.
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