LUZ ESPÍRITA
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A cura da depressão pelo magnetismo: depressão tem cura sim / Jacob Melo

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:20 am

A cura da depressão pelo magnetismo: depressão tem cura sim
Jacob Melo

SUMÁRIO

Agradecimentos
Prefácio (A estrada - por Mackenzie Melo)
Introdução (Importa Ler...)


Fuga e mergulho no escuro
O início de minha história
O intraduzível sofrimento
Para onde o caos me levou
O fim de "minha" depressão
O genérico da depressão
Perispírito e Campo fluídico
Mecanismos de acção dos fluidos nas terapias
O que diz o tacto-magnético
Filtros: a queda das fichas
A obsessão na depressão
Roteiro utilizado nos Tratamentos de Depressão por Magnetismo — TDM. Técnicas e padrões
Quando dar alta
Correlação com a Acupunctura
Abordando a Esperança
Insignificância: não aceite
Esperança: a grande Esperança
Alguns mitos
E o suicídio?
Reflexões positivas
Alguns Depoimentos


Conclusão

Bibliografia
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:20 am

AGRADECIMENTOS

Aqui está mais um filho meu!
Como todo filho, também não o tive sozinho.
Nem posso ficar com ele só para mim.
Portanto, entrego-o a você, para que cuide dele tão bem como você gostaria de receber, do mundo, de todo mundo, a melhor compreensão.
Por ele rendo graças a Deus;
foi sua grandiosidade que me permitiu chegar aonde eu queria, ainda que por caminhos inesperados.
Agradeço também a Jesus, por seus exemplos de perseverança, seu poder de curar e de elevar homens e almas, me ajudando sempre a crescer e progredir.
Aos Maiores da Espiritualidade, pelas inspirações, e a Allan Kardec, pela sabedoria de seus escritos.
Mesmer, Swedenborg, Puysegur, Deleuze e tantos outros corajosos magnetizadores do passado, meus cumprimentos e minha gratidão.
Criaturas maravilhosas, que me permitiram investigar a cura da depressão através de suas dores e resignação, muito obrigado.
Minha mãe, exemplo grande para uma colectividade sem fim, obrigado por sua força, seu apoio, seu sorriso e pela vida.
Lu, anjo de minha vida, inspiração e suporte inoxidável de todos os climas, tempos, temperos e grandes navegações, porto onde ancoro minhas fortalezas e fraquezas, onde deito meu cansaço e recobro minha energia, onde tenho alento e não fico ao relento, agradeço-te por tudo, sempre renovando meu amor por ti.
Filhos amados, que me suportam, me conhecem e mesmo assim me amam, obrigadão.
Ana Cristina, Karla e Yonara, este trabalho não estaria completo sem a força de vocês.
Time, equipe, família LEAN, nunca trabalhei com pessoas tão maravilhosas, dedicadas, amigas e especiais como vocês.
Vale muito a pena trabalhar com uma turma como essa!
Revisoras Inês e Beth, da aguarela vocês foram os tons;
muito agradecido.
Amigos do exterior, do interior, de casa e da rua, não imaginam como vocês são importantes.
Não tem jeito, não sei mesmo dizer nada mais do que MUITO OBRIGADO.
E isso eu digo de todo coração e com muito amor.
Que nosso amor à Vida seja retribuído fazendo sempre o melhor, o algo mais, o diferenciado, o excelente, o grandioso, o Bem.

Jacob Melo, junho de 2006.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:20 am

PREFÁCIO

A ESTRADA

Mackenzie Melo

Certo dia ouvi que a felicidade não estava nem era um lugar específico.
Para o autor, felicidade era o trilhar, era o caminhar, era o mover-se em direcção a esse "lugar".
Então fica a pergunta:
"que lugar é esse que todos nós estamos em busca - nessa busca incessante?"
Não é o meu objectivo, neste prefácio, desvendar esse mistério que, de uma forma ou de outra, está no consciente — ou subconsciente — de todos nós.
Será então que o livro que você tem agora nas mãos dará essa resposta?
Também não!
Esse "lugar", igual ao horizonte, por mais que tentemos dele nos aproximar, sempre se mantém à mesma distância de nós.
E, por mais estranho que isso possa parecer, essa é sua grande virtude, pois nos fazer caminhar, na tentativa de lá chegar, ou de chegar mais perto.
Daí a frase do Rabi da Galileia, quando nos afirmou que "a felicidade não é desse mundo".
Como podemos compreender totalmente algo que não é desse mundo?
Caminhando rumo a ele.
Só que para chegar ao fim da jornada poderemos seguir diversos caminhos.
Alguns podem ser em linha recta — que na geometria é a menor distância entre dois pontos —, ou em ziguezague, em curvas, com paradas, muito acelerado, bem lentamente...
E então, o que determina o caminho que vamos percorrer?
Será que ele é fruto do acaso?
Colhemos aquilo que plantamos.
Analisada profundamente, essa oração nos faz perceber que — apesar de muitas vezes acharmos que o caminho que temos que trilhar foi-nos imposto pelos outros ou por uma força superior, que dita o que eu vou ter ou não que fazer — nós somos os principais, para não dizer os únicos responsáveis pela estrada que "plantamos", construímos, e que agora temos que "colher", ou melhor, percorrer.
Entretanto, apesar de termos sido nós que a construímos, isso significa que temos que carregar o fardo desse percurso sozinho ao trilhá-la?
Não! O próprio Jesus, em se aproximando do momento supremo, aceitou ajuda do Cireneu, que carregando um pouco Sua cruz deu oportunidade a Ele de se recuperar e retomá-la um pouco mais fortalecido para concluir sua missão.
"A Cura da Depressão pelo Magnetismo", décimo primeiro livro da safra de Jacob Melo, é não apenas um "Cireneu" em nossas vidas; é muito mais.
Ele nos traz luz com pontos de nossa jornada, onde as trevas apareceram por termos escolhido, nalguns momentos, caminhar por baixo da terra.
Ele remove, aplaina e reduz montanhas de desconhecimentos, nos ajudando a não mais precisarmos subir ladeiras íngremes e intermináveis.
E, com esse material removido das montanhas, ele tapa vários dos buracos mais perigosos de nosso caminho.
Jacob nos ajuda a recomeçar e a ter forças suficientes para fechar as depressões que encontramos em nossas estradas.
Ele vai ainda mais longe.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:21 am

Muito mais que simples sugestões ou "apenas" discussões filosóficas acerca do assunto — que são muito úteis e você encontrará várias aqui no livro — sua obra nos mostra o que fazer, na prática, para conseguir uma cura completa da depressão, sem misticismo, sem meias palavras e. que se diga em letras garrafais, sem desprezar as contribuições da Medicina, da meditação, da respiração e de todas as técnicas que possam ser bem empregadas para ajudar a curar esse mal imenso, a depressão.
Um livro não apenas para quem tem ou já teve depressão, mas também e principalmente para aqueles que querem ajudar aos irmãos do caminho que passam pelo problema que afecta milhões de pessoas no mundo inteiro.
Este livro deve ser lido com muita atenção e, se possível, combinado com os prévios livros sobre Passes e Magnetismo, também escritos por ele, para que a compreensão do tema seja bem absorvida e os efeitos dos tratamentos sejam os melhores e o mais duradouros possíveis.
Sigamos em mais essa jornada com Jacob Melo.
Com ele, com sua experiência e o seu conhecimento, o caminho fica mais tranquilo, mais cheio de esperança e nos faz ter vontade, mesmo os que, como eu, não têm prática nenhuma com passes e/ou magnetismo, de começar a estudar mais e poder, quem sabe, ajudar aqueles que precisam de mais amparo do que nós.
Vamos com ele pavimentando as depressões da nossa estrada para, quem sabe, dentro em breve, nos encontrarmos no que achamos ser o fim da jornada, apenas para percebermos que, quando lá chegarmos, o caminho foi tão prazeroso que não quereremos parar e continuaremos caminhando sempre, em direcção ao Amor Supremo.
Se não chegarmos à felicidade completa por esse caminho, certamente viveremos tantos bons e intensos momentos de felicidade que nossa colheita apresentará positivos saldos de alegria, saúde, paz e harmonia!

New York, 21 de junho de 2006.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:21 am

INTRODUÇÃO

IMPORTA LER...


" Se os médicos são mal sucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma.
Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem".

Allan Kardec, na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu item XIX.

Este livro é, entre outras coisas, o resultado de uma longa pesquisa, da qual o saldo positivo alcançado é o maior estimulante para que ele fosse escrito.
Tive um pouco de dificuldade para definir como o escreveria, pois embora muitos dados técnicos peçam, imperiosamente, para serem descritos, não gostaria que o resultado do trabalho deixasse de ser lido por quem é leigo, mas que, nem por isso, tenha menor interesse em contribuir para a solução de tão grave e enlouquecedora doença.
Apesar de os números oficiais ainda serem bastante imprecisos, calcula-se que cerca de 20% da população mundial enfrentará o problema da depressão em um dado momento da vida, eles são fortes.
Isso se torna mais grave quando sabemos que a doença atinge crianças, adolescentes, adultos e idosos, ricos e pobres, orientais e ocidentais, sendo verificada uma incidência duas vezes maior em mulheres na faixa dos 20 aos 40 anos.
Segundo Andrew Solomon (Demónio do meio-dia, 2002).
"A depressão ceifa mais anos do que a guerra, o câncer e a AIDS juntos.
Outras doenças, do alcoolismo aos males do coração, mascaram a depressão quando esta é a causa;
se levarmos isso em consideração, a depressão pode ser a maior assassina sobre a Terra".
Apesar disso, Solomon nos lembra, na mesma obra, que "A depressão é um estado quase inimaginável para alguém que não a conhece".
Assim, decidi por começar o livro numa espécie de thriller, onde uma imagem bastante comum na vida dos depressivos graves é pouco percebida por quem nunca viveu um episódio desses.
Na sequência relato o que comigo se passou quando sofri a violência desse mal.
Depois de descrever os principais e piores episódios que amarguei, adentro no mundo histórico da depressão.
Acto contínuo convido o leitor para juntos analisarmos os componentes subtis que envolvem e favorecem o entendimento de toda a pesquisa, bem como da percepção de novos horizontes de como lidar com a depressão.
Aspectos mais específicos, como a obsessão, os mitos e os cuidados são abordados de maneira directa e bastante conclusiva, sem falar na descrição, item por item, de toda a sequência do tratamento, sendo cada item longa e fartamente explicado e justificado, de forma a não deixar dúvidas sobre os procedimentos indicados e suas razões.
Antes da conclusão, ainda apresento algumas reflexões e partes de depoimentos enriquecendo tudo o que foi apresentado ao longo da obra, com especial destaque para a valorização de um grande sentimento, o qual tem sido seguidamente negligenciado por religiosos de todos os credos e seitas: a esperança.
Com muita propriedade se diz que a missão tradicional do médico é aliviar o sofrimento humano; se puder curar, cura;
se não puder curar, alivia; se não puder aliviar, consola.
Lamentavelmente, nem tudo, no terreno das curas, os médicos, com suas formações académicas, podem resolver.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:21 am

E por mais relutantes que sejam, terapias ditas alternativas têm sido muito eficientes em muitas situações e casos.
O Magnetismo é uma delas.
Portanto, creio que entre o alívio e o consolo, interpõe-se a necessidade de se considerar o que vem funcionando positivamente, mesmo que esteja fora dos chamados padrões académicos ou convencionais.
E isto não é discurso de entusiasta;
trata-se da força das evidências, quando se percebe o surgimento de novos ramos da Ciência, como, por exemplo, a Psiconeuroimunologia, através da qual se busca a compreensão da inter-relação entre os aspectos psíquicos, neurológicos e imunológicos, onde, quando e como um interfere no outro bem como quais mecanismos subtis se desenrolam por trás de tudo — coisas que o Magnetismo já realiza há séculos.
A Psicologia nos informa que a anedonia é a incapacidade de ter prazer ou divertir-se ou ainda uma forma especial de rigidez afectiva em consequência de experiências traumáticas de vida (por exemplo, a passagem do indivíduo por um campo de concentração ou a vivência de um sequestro).
Com este livro pretendo ajudar muita gente a readquirir suas capacidades de sorrir, agir, interagir, ter prazer na vida e com a vida, superando suas dificuldades e limitações emocionais, a vencer seus traumas, encontrar a "escada" e ter forças para escalá-la, subindo e saindo do poço escuro da depressão rumo à luminosidade do Amor e da Vida.
Mas quero também ajudar outras pessoas a ajudarem a "salvar" muitas mais, levando-as a desenvolverem seus potenciais magnéticos, mostrando-lhes que é sempre possível fazer o bem, literalmente ao alcance das próprias mãos.
Enfim, na alegria de quem já venceu essa grande tormenta, apresento ideias felizes para que nunca mais tenhamos motivos para nos precipitarmos nesse estado triste nem em nada de ruim e degradante que dele decorre: a depressão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:21 am

FUGA E MERGULHO NO ESCURO
"Escrever sobre depressão é doloroso, triste, solitário e stressante".
Andrew Solomon, in O Demónio do Meio-dia

Como acto de produção literária, ele (Andrew Solomon) tem razão, mas como profilaxia anti-depressiva esta escrita é profícua, iluminada e abençoada.
Jacob Melo, após um doloroso, triste, solitário e stressante dia na produção deste livro.
A vida daquela criatura, neurótica com a escuridão, era o retrato daquilo que ela tanto dizia temer.
De tão apavorada com o escuro, temia o dia por ele prenunciar a noite.
Por conta de seus sombrios pensamentos, costumava se imaginar metida numa sala escura, ou mesmo numa caixa, num caixão, num buraco, numa caverna, tudo sempre escuro, muito escuro.
Naquele ebâneo ambiente mental, o pavor era seu companheiro mais constante.
A conjugação de coisas como medo, escuridão, neurose, fobia e uma boa dose de irracionalidade, sempre geram monstros e demónios ferozes, agressivos, impiedosos e, o que é pior, sentidos à espreita, ao derredor.
O medo apavorante de sua alma alimentava toda espécie de monstros que pululavam ao seu derredor.
Como consequência, "seus" monstros a levavam a viver num incontrolável estado de ânsia, uma tormentosa expectativa de repentinamente se defrontar, cara a cara, com eles e simplesmente não saber o que Primeiro porque não os conhece de facto e, a partir daí, não sabe se os reconhecerá;
depois porque os imagina sempre grandes, poderosos, aniquiladores, travestidos de pessoas conhecidas e sorrateiros.
Pressupõe que eles a atacarão na surdina, disfarçadamente, a qualquer hora, especialmente aproveitando-se da escuridão.
De tanto imaginar, primeiro suas confusões mentais a levaram a pressenti-los nas pessoas desconhecidas da rua; depois passou a imaginá-los nos amigos, nos familiares, no trabalho, no estudo...
Enfim, eles estavam em todas as pessoas, em todos os lugares, inclusive em ninguém e em lugar algum.
Tudo isso toma um rumo crescente em sua vida, de forma impiedosa, embotando qualquer tipo de visão lógica.
Certo dia, quando anoitece, com o medo crescido e o pavor ensoberbecido sobre a razão, vem a tentativa de fuga;
é a busca por um lugar recluso, escondido, profundo, próprio.
Cone para casa e tranca-se no quarto escuro, verdadeira masmorra, um tipo de presídio, quase indevassável.
Sua lógica é quase ilógica:
se não se pode dali sair, tampouco não há como ali entrarem.
Por segundos, sente-se segura, distante do alcance dos monstros, da escuridão, de tudo, de todos...
Mas é tudo muito rápido.
O escuro de fora, que era apavorante, naquele quarto denso e estranho não permite que a coragem se demore.
Os temores e tremores não diminuíram; ao contrário disso, cresceram sobremaneira.
Pelas frestas da porta, onde colou o rosto tremendo dos pés à cabeça, do fígado ao coração, ela vê fantasmas! Identifica-os, mesmo não sabendo quem são nem como são.
Fica mais apavorada ainda, pois embora os vendo, não os reconhece, não lhes distingue as formas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:22 am

Numa tentativa suprema de interagir com o exterior de outro modo, cola os ouvidos, igualmente trémulos, à entrada, à parede, à porta e ouve passos desprovidos de cadência, passos cujos pisares não definem peso nem tamanho.
Coisas de monstros mesmo — pensa. Recua de imediato.
Não quer enfrentar os monstros.
Tampouco quer morrer ou ser morta por eles.
Pensou que havia corrido, todavia mal conseguira mover-se além de dois pequenos passos para trás.
De tanto pavor, considera a hipótese de abrir a janela.
Poderia pensar em abrir a porta e ver se eles chegaram de facto, se estavam por ali, pois já imagina estar apenas plasmando aquilo tudo.
Gostaria, quase que como último desejo, de saber se estão ali mesmo, mas não consegue raciocinar nem mover mais nada.
Volta a pensar na janela. Deduz que só mesmo através dela poderá alcançar sua salvação, resolver sua vida.
Consegue, a muito custo, aproximar-se da janela.
De lá, pelo menos não vêm sombras nem ruídos estranhos, apenas o silencioso convite de uma noite indefinida, que parece não abrigar luz nem sons.
Abre uma pequena fresta para ver o exterior e não vê nada: tudo está breu, escuro, o mesmo cenário dark do qual diz temer e que, de tanto terror, nele mergulha, cada vez mais, numa louca tentativa de escapar de suas profundezas.
Quer fugir para aquele lugar, não para o escuro ou o silêncio de lá, mas simplesmente para o outro lado, ainda que ele seja igualmente escuro, frio e silencioso.
Quem sabe aquela escuridão seja menos escura do que a escuridão que lhe persegue os dias e noites sem luz! — é tudo o que consegue raciocinar.
Quando pensa que não, quase foge.
Mas a reincidente ideia de que os monstros também podem residir por ali lhe faz estancar os movimentos.
Nossa! Que conflitos tormentosos!
Quão tenebroso é um mundo assim!
Enquanto escrevo isso, recordo-me de uma referência do Novo Testamento:
Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
A candeia do corpo são os olhos;
de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso.
Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas! (Mateus, 6, 21 a 23)
No meio disso tudo, uma luz! Dormir!
Sim, dormir! Provavelmente dormindo ela fugirá para lugares menos atormentados.
É uma boa ideia. Mas o quê!
Mal fechou os olhos, os monstros cresceram, ampliaram-se; seus gritos ficaram mais fortes e agudos, suas unhas cresceram em direcção ao seu coração, seus bafos quentes e húmidos fizeram com que ela transpirasse a cântaros, chegando mesmo a derramar-se em urina.
Nesse instante ouve alguém batendo à porta.
Sua impressão é de que os monstros agora vão se materializar de vez e derrubarão a porta.
Grita, a plenos pulmões, pedindo para que eles vão embora, mas de sua boca não sai qualquer ruído, nenhum soluço.
Encolhida num canto minúsculo da cama ela vê que a porta vai se abrindo lentamente.
Arriscando abrir - um olho descobre que o monstro vestiu-se de sua própria mãe.
Que pânico! Que pavor!
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:22 am

Mas ela não se engana, pois uma mãe jamais agride o filho amado e aquele monstro vestido de mãe a agride pedindo silêncio, pedindo que tenha fé, mostrando-lhe um crucifixo como quem quer exorcizar o mal que, para o monstro, está dentro dela. mas que para ela não passa de artifício para enganar a todos que saibam daquela história.
Oh! Quanta confusão!
Desconsolada, a mãe. após beijar-lhe a fronte — beijo assimilado como se fosse a inoculação de um veneno que a adormeceria para, enfim, os monstros a possuírem —, saiu de mansinho, com os olhos marejados.
E ela, que tanto queria o alvorecer, para que este espantasse de vez aquela escuridão inconciliável com o equilíbrio que se busca manter na vida, cerra os olhos com força para não ver os primeiros raios que ousam atravessar as pequenas frestas da janela.
Em sua cabeça, qualquer luz apenas destacará, de forma mais eloquente ainda, o lugar onde tanto busca se esconder dos monstros.
E, naquela nova claridade, eles, por fim, a possuirão.
A claridade, que seria uma bênção, faz revelar os monstros que se disfarçam nos que a cercam, o que a leva a ansiar novamente pela noite, onde se refugiará, à espera de alcançar algum tipo de sucesso.
E passa o dia ruminando a ideia de fugir pela janela, pois não pode ser o escuro desconhecido pior do que o desconhecido escuro em que vive e se atormenta, sempre mais, sempre mais...
Todo esse enredo pode parecer filme de ficção, história de perturbado mental ou ainda uma loucura de um escritor que não sabia sobre como descrever, de forma muito próxima da realidade, um dos tipos muito comuns de crises existenciais em que vive um enorme batalhão de depressivos.
A claridade das relações os apavora, pois os deixa desnudos, emocional e psiquicamente.
A escuridão que vai chegando ao final da tarde é o conjunto dos conflitos dos próprios sentimentos, onde amor vira desconfiança, carinho se transforma em interesse subalterno, abraços são beijos de Judas, adeuses se revertem em atitudes ameaçadoras e fé não passa de artigo jamais existente em qualquer prateleira da alma.
Como viver num mundo desses é se entregar para servir de alimento para os inimigos, procuram sustentar-se apenas do próprio eu, acreditando que pelo menos aí ainda resta alguma coisa de saudável e proveitosa.
Entretanto, não há como se extrair água de um poço que não foi cavado.
Esforços hercúleos são requeridos para se fazer da própria alma o próprio complemento, a base da própria estrutura.
Mas como ter uma base fixa e poderosa se a estrutura precisa mover-se?
Que articulações magistrais serão essas que faltam nessa construção para que ela dê certo?
Contudo, embora envolvidos na necessidade de progresso, não despendem muito tempo para que concluam acerca da impossibilidade de tal feito, pelo menos até que se tenha firmado posição na certeza do que se busca.
Sem isso, vão-se as esperanças.
Nessa hora, quem sabe do outro lado haja alguma coisa além de monstros e ofensores!
É quando o desespero recomenda a tentativa de buscar mais trevas para se fugir das próprias obscuridades.
E por aí seguem as reflexões acerca dos dramas íntimos de muitos depressivos graves.
É um jogo escuro, dantesco, thriller horrendo de uma tragédia sempre ímpar.
Não é sobre histórias como essa que quero abordar neste livro, mas, sobretudo, como ajudar, eficientemente, pessoas a saírem desse cubo de escuridão e trevas, desse mundo que não o conhece quem nunca nele esteve — mas, por favor, quem não o conhece faça todo o possível para dele não chegar sequer aos umbrais.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Fev 13, 2018 10:22 am

O INÍCIO DE MINHA HISTÓRIA
"Nunca diga:
dessa água não bebo, desse pão não como".

Ditado popular

Já faz um certo tempo. Alguns anos se passaram...
Era um domingo, final de tarde, quando comecei a me sentir estranho.
O clima estava ameno, mas uma súbita sensação de calor, acompanhada de uma sudorese estranhamente fria, foi me envolvendo, levando-me à correcta suspeição de que algo mais grave ocorria em meu organismo.
Como sempre, a cabeça parecia estar boa, mas o coração, este despencava...
Naquele dia havia almoçado muito pouco.
A comida estava "difícil de descer", mesmo com as pessoas afirmando, insistentemente, que estava saborosa.
Na verdade, aquela indisposição alimentar já fazia parte do conjunto de sensações de pequenos desconfortos pelos quais vinha passando.
Aquela era tão-somente a penúltima gota d'água, como a sinalizar que uma culminância chegaria em breve.
Sem nada comentar, fui ao meu quarto, peguei o tensiómetro que sempre tenho à mão e verifiquei minha pressão.
Estava elevada, muito elevada, apesar dos medicamentos, todos tomados correctamente como, aliás, sempre tive o cuidado de fazer.
Era isso: por conta da hipertensão, o coração reclamava mandando mensagens para todo o corpo.
Ressabiado por experiências anteriores, fui imediatamente para o hospital, fazendo um caminho que meu carro parecia conhecer, tantas foram as vezes para lá transitado.
Ali chegando perguntei quem era o médico de plantão.
Aquela pergunta parecia irrelevante, mas eu sempre achei que a primeira virtude do médico está na qualidade da relação que ele consegue estabelecer com seu paciente.
Ouvindo o nome do plantonista indaguei qual seria a hora da troca de plantão e quem seria o próximo médico.
Meia hora depois chegava ao hospital uma outra médica, a que entraria de serviço.
Vendo-me sentado num canto e um tanto quanto pálido perguntou o que eu estava fazendo naquela hora, num domingo, à porta de um hospital.
— Doutora — respondi —, minha pressão está naquelas alturas...
— Já sei — respondeu-me sorrindo e apertando minha mão.
Dá para perceber por sua cara...
Disse isso com um sorriso e foi entrando, pegando-me pelo braço.
Em seguida, ainda de costas enquanto caminhava, comentou:
— Quer dizer, então, que você veio tomar mais um pouquinho de veneno, não é?!
Embora eu tenha ficado espantado com aquela história de "tomar veneno" sorri e nada comentei.
Chegamos na enfermaria.
— 190 x 120. Está altíssima, Jacob.
O que você andou fazendo?
— Confesso que não cometi qualquer excesso nem deixei de tomar os medicamentos nas horas certas.
— E as emoções, Jacob, a quanto andam?
— A senhora sabe que quem vive de comércio não tem como evitá-las...
—Tá bom... — disse ela abanando negativamente a cabeça.
Vamos aqui!
Levou-me para a sala de emergência e tomou todas as providências.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:41 pm

Depois de medicado e ter-me demorado naquele pronto-socorro por quase quatro horas, retornei para casa, com a pressão normalizada e uma nova lista de "venenos" para tomar.
Uma semana depois estava eu, novamente, conversando com um médico.
Agora era um endocrinologista.
Havia reconhecido que não haveria como fugir daqueles "venenos" se não perdesse peso urgentemente.
Associei caminhadas a um regime bem balanceado, acompanhando tudo com exames periódicos, de tal forma que em tomo de seis meses eu havia chegado a um peso muito satisfatório e tinha adquirido uma resistência física muito boa.
Bem adaptado às mudanças de hábitos, minhas dosagens de "veneno" foram drasticamente reduzidas.
Paralelamente, a pressão arterial mantinha-se em patamares saudáveis e confortavelmente equilibrada.
Nisso apareceu um "bichinho de nada", quase insignificante, listradinho como uma zebra, dono de um nome muito sofisticado, aedes aegypti, transmissor de um vírus igualmente renomado, flaviviridae.
Sem que eu percebesse, ele resolveu me picar, prostrando-me dengoso, cheio de dengo, cheio de dengue.
Que coisa chata!
Como são desagradáveis os sintomas da dengue!
Lembro-me que à época imaginei que não poderia haver nada mais desagradável do que aquela virose prostrante, aniquilante, desconfortável ao extremo.
Passei quase duas semanas me alimentando muito mal e o resultado foi que 15 dias depois eu havia perdido mais cinco quilos.
Fiquei muito magro mesmo.
Lembro-me que até comemorei esse emagrecimento extra, pois no peso em que eu estava se quisesse perder mais cinco quilos isso corresponderia a um "sacrifício" de mais de três meses de quase fome.
De tão magro, as pessoas mais próximas olhavam para mim espantadas:
— Nossa, Jacob!
Como você está doente!
O que houve?! — era voz geral.
Teve até quem dissesse que eu estava com cara de aidético.
Hoje, revendo fotos da época, concordo que realmente fiquei com feições cadavéricas, já que sempre tive uma compleição mais para cheiinho do que para magricela.
Cerca de dois meses depois de recuperado da dengue, fui convidado para fazer uma palestra sobre depressão.
Preparei-me da melhor forma, lendo, pesquisando e estudando bastante.
Consultei vários livros e revistas, inclusive da área médica e psicológica, ampliando minhas anotações que, de há muito, compilava.
Afinal, desde muito jovem sempre estive muito voltado ao estudo do suicídio e da morte e, consequentemente, tinha que ler e estudar sobre a depressão.
Na noite da palestra, algo indefinível me inquietava.
Apesar de bem preparado para a exposição do tema sentia-me vazio, tremendo mais do que o normal, com uma terrível sensação de insegurança.
Comecei a palestra de forma vacilante, mas no desenrolar do tema fui-me acalmando e ao final já estava me sentindo completamente confortável.
Após o fim da conferência, várias pessoas vieram conversar comigo e então voltei a me sentir vacilante.
Se por um lado estava feliz por ter atingido os objectivos que o tema pedia, por outro sentia haver faltado algo muito importante, porém eu não identificava nem o que era nem do que se tratava.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:41 pm

Chegando em casa orei a Deus pedindo que Ele me ajudasse a descobrir o que havia faltado naquela palestra e o que estava me deixando tão inseguro.
Queria saber o que havia de tão importante e que, por mais que eu tentasse, não conseguia identificar.
Recordo-me hoje que quase chorei de inquietação, mas acomodei-me ao leito na certeza de que Deus ouviria minha rogativa.
E não é que Ele ouviu?
Não apenas ouviu como me mandou, de forma inexorável, o "texto" vivencial para que eu jamais me esquecesse do que se tratava.
Facto é que, dois dias depois dessa noite, após ter vivido um dia super normal dentro de minhas actividades rotineiras, acordei, pela manhã, em completo estado de depressão.
E depressão grave, profunda, tenebrosa.
A partir daí foram quarenta e dois dias.
Dias terríveis, os mais sombrios, estranhos, povoados de nadas e cheios de "nãos", dantescos, purgatoriais e umbralinos que eu vivi.
Dias de nulidade, apatia, de não-vida.
E eu só sei hoje que foram quarenta e dois dias porque minha mulher registou isso em sua agenda, pois a minha forma interior de registar o tempo não me permite, ainda hoje, ter certeza plena se foram tantos ou quantos dias.
Como expressou Andrew Solomon, no seu O Demónio do meio-dia (2002):
"O tempo devorado pela depressão está perdido para sempre".
Frase forte, instigante, geradora de reflexões.
Só não concordo plenamente com o enunciado dela porque, no final das contas — pelo menos no meu caso — sobraram lições impagáveis, aprendizado inesquecível, soberbo enriquecimento no saber acerca do sofrer da alma humana o qual, de outra forma, nenhum livro ou qualquer descrição jamais me daria.
E é sobre esse sofrimento que quero falar agora.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:41 pm

O INTRADUZÍVEL SOFRIMENTO
O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende.
Pascal

De início, não sei precisar quando cada passo do que relatarei de facto aconteceu, não sei a exacta ordem cronológica, nem posso dar certeza se tudo foi tal qual expressarei, pois a depressão parece obnubilar, de forma portentosa, nossa memória, misturando sensações e emoções com uma quase total ausência de razão.
E, envolvidos ou sob o efeito da depressão, quando a razão quer se manifestar parece enredar-se em fluxos e teias de pesadelos com confusas viagens oníricas alucinadas.
Mas várias dessas coisas foram confirmadas depois por parentes e amigos mais próximos, pelo que atribuo uma relativa exactidão dos factos.
Já no primeiro dia desse mergulho na depressão rejeitei todo e qualquer tipo de alimento, inclusive água.
Sentia que embora não fosse uma rejeição peremptória, não permitia que me impusessem qualquer coisa diferente daquilo que eu decidira.
Sem me alimentar fiquei o dia quase todo deitado, olhar vago, perdido, direccionado ao nada e embora alguns aparelhos fossem ligados e desligados de vez em quando, não ouvia, ou melhor, não registava o sentido de seus sons nem de suas imagens.
Lembro-me, não sei se foi no segundo dia, mas acredito que sim. que tentei ler um livro.
Num lampejo de lucidez pensei que poderia reagir mal à leitura, então, para evitar que tal se desse, busquei um interessante livro que estava lendo e do qual gostava muito.
Surpreendi-me com as náuseas que, de imediato, ele me causou.
A vista ficou turva e o esófago parecia transportar letras amarrotadas de cima para baixo e vice-versa, sem permitir que a "digestão" das poucas palavras lidas se completasse.
Era uma digressão sem zénite, sem razão em si mesma.
D'outras vezes, ficava nítida a sensação de que o aparelho digestivo havia se deslocado para o cérebro, pois era ali que a digestão queria fazer-se, ou melhor, não se processava, quer dizer, era acolá que a digestão deveria ser feita, mas não acontecia nada lá, nem mesmo ingestão ou congestão de palavras, ideias, sentimentos, luzes, o que quer que fosse... Mas...
Não era congestão, indigestão, má digestão ou ingurgitamento;
era isso tudo junto e não era nada parecido com quaisquer dessas desarmonias.
A essas alturas, alguns leitores pensarão que estou doido ou muito perturbado escrevendo um texto tão confuso e circular, caótico e vazio como este.
Na verdade, apenas tento reproduzir o confuso mundo íntimo de quem viveu uma violenta crise de depressão.
E estou me esforçando para descrever, ainda que de forma superficial, algumas das sensações daqueles primeiros dias...
Simplificando tudo, a cada noite eu acreditava que enfim chegava ao fim, chegaria o fim.
Queria dormir, pois pensava que assim tudo se acabaria e certamente o final dos tempos haveria de chegar galopante nos corcéis nocturnos das noites sombrias de coturnos enlameados — lembro que para o depressivo não há noite enluarada nem estrelas cintilantes;
não há vida que não seja sepulcral ou pantanosa nem risos que não tragam a marca do macabro;
tudo é funesto, pesado, infrutuoso...
Sendo assim, não criava qualquer expectativa positiva quanto à possibilidade de surgir um novo dia.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:41 pm

Era a ânsia pela noite, pelo escuro, pelo estorvo vital, pelo fim.
Porque aqui também há outra encruzilhada: o depressivo não sente nem quer nada novo, nenhuma novidade, nada que o leve a pensar ou descobrir o que quer que seja, passado, presente ou futuro.
Não quer saber de si tanto como não se interessa por ninguém.
Não quer luz... Embora odeie a treva em que vive.
Definitivamente, em seu derredor está estabelecido o caos.
E o caos é desestruturador. Era assim comigo.
Quer-se ver televisão, mas não se suporta vê-la ligada.
Busca-se música, todavia o som incomoda, inquieta, perturba.
De repente lembra-se de um paladar especial.
Pensa-se em comunicar isso, mas a opção não decidida leva-o a calar-se.
E se alguém, por algum meio paranormal, adivinha-lhe os pensamentos e lhe traz aquele prato, o sabor fica acre, azedo, passado, tudo se perde, como se o condão funcionasse ao contrário, desvirtuando tudo o que toca.
E assim o apetite se vai, se esvai, não morre, pois sequer nasceu.
As refeições só existem por obrigação imposta, daí não resultando qualquer prazer, quando não impera um asco igualmente inconcebível, pois ele é não-humano, é inexprimível.
Desejo de fazer sexo?
Nem pensar, Não há nojo tanto quanto não há querência.
Libido inexiste.
Se não tem prazer, se não existe emoção, se não há sequer perspectiva de êxtase, como imaginar excitação?
Para completar a complicação, uma pessoa como eu, que sempre esteve às turras contra a ideia de suicídio, repentinamente me surpreendo pensando em morrer, em sair daquela vida, em escapar desse labirinto inexpugnável.
Mas que fique muito claro um facto:
não havia em mim o desejo de me matar; era o desejo do não-viver.
É certo que para algumas pessoas isso não passa de eufemismo, tentativa de esconder ou simbolizar diferente o que os registos humanos apontam para uma só direcção: querer se matar.
Fica difícil, muito difícil mesmo, para quem nunca passou por isso, entender quão complexos ficam tais reflexões no íntimo de quem se debate nos braços da Dama do inexistir, simplesmente não tem como imaginar.
Quando essa ideia começou a crescer dentro de mim, num relance sublime de repentino raciocínio, morbidamente pedi para ser levado a um médico.
"Um médico!" Nunca esta expressão verbalizou tão bem a tentativa da fuga da morte.
Era, nada mais, nada menos, do que a busca não pronunciada pela salvação, pela vida.
— Prozac — disse, secamente, o médico.
Dois comprimidos por dia.
Procure alimentar-se melhor, pois você está muito magro, muito abatido e isso pode afectar suas defesas, criando complicações maiores depois.
Se possível, tome bastante água de coco...
Dessas recomendações me lembro perfeitamente bem.
Como me lembro de, na ocasião, não ter entendido a razão de tomar água de coco.
Ali, inclusive, até achei muito boa a ideia, pois sempre adorei esse líquido dos deuses.
Mas chegando em casa, só de ouvir o facão abrindo os cocos já me deu náuseas, acompanhadas da mudez que só gritava para dentro e que, apesar disso, não conseguia externar quase nada, num silêncio indecifrável.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:41 pm

Era como num pesadelo em que, estando perseguidos por ferozes bandidos ou animais, queremos gritar e reagir, mas percebemos, aterrorizados, que da garganta não sai qualquer som, qualquer palavra, nenhum grito, nenhum ruído;
das pernas, nenhum movimento, apenas tremores.
E nos apavoramos mais ainda na vivência dessas cenas, que parecem jamais pararem de se repetir, de se intensificar.
Apesar do prozac, a cada dia meus sentimentos eram mais obtusos, distantes e confusos.
Queria muito que os amigos fossem me visitar, mas ao saber que chegara alguém em casa, sinalizava para que trancassem a porta.
Era sempre um grande sacrifício dizer:
"Não quero ver ninguém".
E ao mesmo tempo em que me aborrecia por muitos não insistirem para me ver. me incomodava terrivelmente quando outros conseguiam entrar para me visitar.
Isso é o que eu chamo de paradoxo dos paradoxos, aberração da luta entre emoção louca e razão curta.
Durante o dia era comum o desejo de chorar, de jogar-me contra a parede, de arrancar os cabelos ou fazer loucuras parecidas, mas nada disso acontecia.
Era como se o corpo fosse de um ser e a alma de outro possuidor distinto.
Funcionava como uma mediunidade maluca:
no ser, o corpo estava dopado, quase inerte, futilmente, sem respostas;
na alma, o coração não conseguia estabelecer um ritmo cadenciado, não era possível sentir prazer com presenças nem se confortar com ausências.
Sempre difícil, muito difícil mesmo lidar, no dia-a-dia, com as dificuldades e impossibilidades que a depressão gera.
Ficamos lerdos, por dentro e por fora.
Fome e apetite desaparecem como por encanto, o mesmo se dando com a sede.
A libido até parece nunca ter existido.
Nenhum interesse sexual, nenhum atractivo, nenhuma sensualidade interessa, se aplica ou sequer é ponderada.
Abstracção total.
Não me lembro bem, mas parece que até o ritmo cardíaco fica insano, como se estivesse sob o efeito de fortes calmantes, parecendo bater num ritmo insuficiente ou ineficiente para as necessidades gerais do organismo.
Funções básicas, como micção, defecação, sudorese, salivação, lacrimação e mesmo o desejo de asseios e banhos parecem sumir.
Os odores perdem sentido e o tacto fica semi-sensível apenas.
É um transtorno de profundidade imenso.
Embora sem definição clara, eu vivi a mais tenebrosa solidão, ironicamente estando ao lado de parentes e amigos, dentro do próprio lar.
Experimentei a mais desconfortável fome, ainda quando não faltava nada à mesa. Contudo, insistia em nada querer comer.
Lar?! E o que era isso?
Uma casa? Companhias conhecidas?
Paredes nem pessoas faziam sentido, nada tinha significado em minha percepção.
Nenhum ser, nenhuma coisa fazia ressoar vida dentro do que sobrava desta em mim.
Vivia dias — manhãs e tardes — tão nocturnos quanto as noites mais trevosas.
Não havia sol nem clarões, apesar do verão sem nuvens.
Não vivia o verão, pois era como se em plena época de tórridos ventos do Nordeste brasileiro, conhecido, me sentisse saudoso do inverno norueguês, imaginado, no qual se busca o sol, nem que seja o da meia-noite, para derreter as glaciais e gélidas montanhas de enrijecidas neves.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:42 pm

Tratava-se de viver o verão dentro do frio que não esfria nem aquece, nem para mais nem para menos, aquela alma pétrea, insalubre, feito pão ázimo, sem miolo, prestes a se entregar ao bolor.
Eu me sentia a essência do caos.
Eu era o caos!
Mas... a Bíblia sugere que do nada o Pai criou o Universo...
E criou o homem também.
A Ciência, na sua visão mais pragmática, testifica que esse mesmo Universo surgiu do caos.
Bendito caos!
Se do caos surgiu o Universo, tão equilibrado, tão perfeito, certamente minha estrutura caótica estaria servindo de base para futuros e organizados universos.
Este pensamento surgiu como um raio observado por meteorologista ou um cometa na mira do telescópio de hábil cientista:
iluminando e ensinando mais do que assustando e fazendo temer.
Ele projectou-se no meio do escuro das soturnas trevas daquela noite interminável, na qual minh'alma mergulhara sem avaliar a profundidade.
Um mergulho realizado sem vontade, embora determinado a ir sempre mais ao fundo, sem considerar que precisaria de muito tempo e esforço para emergir depois...
E para isso seria necessário fôlego...
Onde buscá-lo?
Num átimo, aquele raio transformou-se num relâmpago prolongado e logo mudou sua aparência para ser um cometa no céu de minha embotada razão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:42 pm

PARA ONDE O CAOS ME LEVOU
Todo mundo é capaz de dominar uma dor, excepto quem a sente.
William Shakespeare

É muito provável que os leitores saibam que eu tenho formação espírita.
Sendo assim, logicamente me caberia fazer uso da profilaxia e da terapia do passe — também conhecido como "imposição de mãos", "magnetismo animal ou espiritual", "transferência fluídica", "doação e captação de energia subtil" etc.
Afinal — muitos dizem isso —, a depressão é problema de ordem obsessiva, ou seja, existe uma influência espiritual negativa envolvendo a pessoa em depressão e essa influência, dentre outras coisas, ataca o sistema nervoso e, consequentemente, leva o obsediado a um desequilíbrio mental e emocional.
Particularmente vejo a influência obsessiva, notadamente nos casos de depressão, de uma forma um pouco diferente da maioria, mas comentarei isso com mais detalhes em capítulo apropriado mais adiante.
Por ter nascido num lar espírita, desde cedo tive minha atenção voltada para certos fenómenos, especialmente os ligados a curas e milagres — termo que eu usava com frequência até minha adolescência.
Desde os quinze anos de idade me descobri magnetizador.
Os passes que eu costumava aplicar eram tidos como muito "fortes" e muitas pessoas que os recebiam se sentiam vivamente revigoradas e renovadas com um único desses passes.
Devo confessar que. pela pouca idade e menor experiência à época, aquilo me deixava um pouco vaidoso, mas também me convidava a tentar entender melhor tudo o que ocorria, pois sabia que se eu conseguia realizar coisas meio sem saber o porquê do que fazia, imagina o que eu conseguiria se conhecesse bem e dominasse as técnicas daquele Magnetismo!?
Esse instinto de querer saber o porquê das coisas me levou a, desde muito cedo, ocupar cargos de coordenação de estudos e, posteriormente, de direcção da Federação Espírita do Rio Grande do Norte, em Natal (RN).
Essa "coisa" de indagar e investigar os efeitos dos passes bem como sobre questões ligadas à morte e à mediunidade — relembro minha forte atracção que os temas morte e suicídio sempre exerceram em meus interesses de compreensão — posicionava-me, paradoxalmente, mais próximo da condição de orientador, expositor e palestrante do que da de aluno ou ouvinte.
Talvez porque os meus pares e orientadores da época não se dessem muito bem com aprofundamentos ou questionamentos intrigantes.
Por conta disso, a cada dia tinha que estudar mais, ler mais, experimentar e pesquisar mais e mais.
E como não contava com quem tivesse disposição de estudar comigo, de testar e experimentar aquilo que eu lia e deduzia, tive que viver, com intensidade, a experiência de ser autodidacta.
Para tanto, desobedeci algumas regras, do tipo:
"Não se pode conversar com os pacientes", "devemos deixar a Deus a solução", "não somos nada, pois os Espíritos são os únicos que fazem tudo", "não criem 'modismos' nem considerem 'coisas novas' em suas práticas", "não leiam livros esotéricos" etc.
Nessas "desobediências" pude estabelecer condições de pesquisas, comparações, avaliações e confirmar ou negar deduções, minhas e de outras pessoas e autores.
De posse de muitos testes e experiências, agora enriquecidos pela prática sempre aprimorada no esforço diário, alguns companheiros começaram a acreditai' que o Magnetismo era mais amplo e poderoso do que se supunha.
A consequência natural desse estado de coisas me levou a estar sempre preparando cursos, treinamentos e reciclagens na área do Magnetismo, elaborando muitas apostilas e resumos, o que gerava valiosas oportunidades de testar o que aprendia e permutar experiências e pontos de vista.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:42 pm

Assim foi que criei os primeiros grupos de estudos de aplicação de passes, adaptando as principais regras de magnetismo ao passe espírita — que não tem outra base senão o próprio Magnetismo.
A essa altura, eu já tinha bem sabido que as imposições de mãos, como técnicas ditas simples, puras e que deveriam ser únicas numa Casa equilibrada, por si sós não eram tão boas e inofensivas como sempre se apregoou.
Na outra vertente, os dispersivos já faziam parte de meu vocabulário com uma naturalidade que incomodava muita gente.
Um terceiro facto que não fazia muito sentido era o uso de "correntes magnéticas", facto já rechaçado por Allan Kardec (1985) logo no início de O Livro dos Médiuns (item 62).
De tantos cursos, treinamentos e seminários realizados, um dia todo material que eu usava estava resumido numa apostila com aproximadamente 110 páginas — o que, convenhamos, é muita coisa para ser chamada de apostila —, apostila essa que depois transformei em meu primeiro livro sobre o tema:
O passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática editado pela Federação Espírita Brasileira.
Quando alguns companheiros se deram conta da seriedade dos estudos e pesquisas que eu vinha desenvolvendo, antes mesmo da publicação do livro O Passe, tive "permissão" para estabelecer, de forma oficial, uma pesquisa dentro da própria FERN.
Assim, durante mais de três anos foram aplicados passes magnéticos naquela Casa pela equipe que eu dirigia.
Tudo era feito com acompanhamento de fichas, apuradas através de entrevistas junto aos pacientes e passistas, com avaliação semanal.
Por pouca felicidade, um dia alguém achou por bem destruir todo aquele acervo, deixando apenas o que tínhamos, eu e a equipe, gravado no livro das experiências pessoais de cada um.
Quando saí da FERN, por ocasião de mudança de directoria, transferi para o GEAK (Grupo Espírita Allan Kardec — de Natal/RN) o trabalho, ali permanecendo até o ano de 2001, oportunidade em que novamente transferi as pesquisas, dessa vez para o LEAN (Lar Espírita Alvorada Nova — Pamamirim/RN), onde continuamos até hoje.
No LEAN havia — como há — um grande campo para pesquisas, pois a Instituição lida com idosos carentes e também recebe a visita de muitos interessados nos benefícios do magnetismo, além de contarmos com o apoio irrestrito da directoria.
Nos dias actuais — primeiro semestre de 2006 — temos uma equipe de aproximadamente 25 companheiros e semanalmente prestamos atendimento a uma média de 80 pessoas, entre idosos do LEAN e pacientes externos.
Fiz toda esta digressão para ilustrar que, pela época da crise depressiva que vivi, eu não só conhecia o assunto do magnetismo com bastante experiência teórica e prática como também contava com a amizade de vários companheiros, os quais sabiam, com boa base, como aplicar e extrair bons proveitos dos passes.
Muitos desses amigos sempre estiveram em actividade conjuntamente comigo.
Portanto, além de se tratar de pessoas próximas e queridas, ainda pesava a favor o facto de eles conhecerem suficientemente bem a teoria e a prática do magnetismo.
E foi aí que se deu o nó.
Contando com tantos amigos experientes, seria mais do que óbvio que, estando eu em depressão, eles viriam me visitar e me facultar os benefícios dos passes — como, de facto, aconteceu praticamente todos os dias em que estive acometido desse mal.
Quer eu pedisse, quer eu não expressasse nada, eles sempre vieram.
Demonstração viva e pulsante da verdadeira amizade, do esforço para ajudar o amigo em prostração.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:42 pm

Hoje sei. reconheço e agradeço muito por isso, mas, à época, eu não tinha o menor registo da valia daquele esforço, não percebia neles qualquer sinal de amizade senão o de uma piedade que mais me amargurava e abatia do que me estimulava.
Eles vinham diariamente, mesmo quando, com cara de poucos amigos, eu deixava entrever que não estava gostando de nada daquilo: nem da visita, muito menos dos passes.
Não lembro se cheguei a agradecer alguma vez a presença deles — que tanto vinham um a um como em grupo — ou se expressei verbalmente meu desagrado. Só sei que eles não desistiram.
O bom era que todos eles tinham perfeita convicção de que os passes seriam fundamentais para o meu restabelecimento e a superação daquela incómoda e injustificada crise.
Mas, a despeito dessa expectativa, apesar de haver amizade, fé e trabalho perseverante, algo me torturava mais ainda.
Quando eles se iam do quarto, mesmo com tudo sendo iniciado com leituras de profundo valor moral e orações que criavam um clima de harmonia e paz e, após os passes, eram feitas preces extremamente envolventes, não era mais uma sensação e sim uma das poucas certezas que eu conseguia registar com nitidez:
nada daquilo havia adiantado para coisa alguma, ou, o que é pior, geralmente as sensações de piora eram inegáveis e dolorosas.
Só não chegava a chorar — e nem sei se chorei algumas vezes — porque as emoções do depressivo não se expressam tão relacionadas e imediatamente, não se extravasam, quase nunca chegam a se materializar.
Para mim era uma dureza insuportável constatar que o magnetismo não apenas não resolvia como ainda piorava meu estado.
Lembro-me, hoje, que um conflito enorme parecia reger meu mundo íntimo, todavia não conseguia identificar a razão.
Depois de passada a crise depressiva, rapidamente me dei conta do que me perturbava tanto.
Não era o fato dos passes não me ajudarem, pois, como ocorre à grande maioria dos depressivos, eu já me havia condenado a não mais sair daquilo.
A grande perturbação estava fundada na falta de eficiência dos passes para ajudar pessoas em depressão.
Como era que eu iria dizer, depois, que o passe ajuda a resolver a depressão se em mim não funcionava e até piorava meu estado?
E o que eu diria aos companheiros que, tendo estudado e aprendido comigo, seus passes não serviam para pessoas metidas numa depressão da dimensão da que eu me encontrava?
Seria possível eu dizer que o que eles tinham aprendido sobre passes não se aplicava no auxílio à depressão e, em contrapartida, não tinha qualquer sugestão de como funcionava ou mesmo se haveria algum meio que viesse a favorecer à superação daquele tipo de problema?
Será que aplicar passes seria não se saber aplicá-los?
De que jeito eu iria dizer que a fé é fundamental se ali a fé não funcionava, ou por outra, a fé não conseguia adentrar na mente nem no coração de quem está deprimido?
Haveria solução para aquilo ou aquilo não serviria nunca como solução para problema de tal envergadura?
Por fim, trazendo toda a responsabilidade para os meus ombros, seria eu o mais empedernido exemplar dos portadores de depressão, devidamente "castigado" pela "ira do Senhor" e que, por isso mesmo, não tinha como ser ajudado nem vir a ajudar mais ninguém?
Depois que saí da depressão não me restavam muitas opções a respeito dessas inquietações.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Fev 14, 2018 12:42 pm

Só vislumbrei três.
Uma:
não falaria nada e deixaria tudo no silêncio, desconversando se alguém viesse tratar do assunto;
outra:
assumiria, baseado no que vivera, que o magnetismo não está indicado para casos de depressão:
e a outra:
partiria para descobrir as razões dos passes não terem funcionado comigo e, entendendo melhor todos os aspectos configurados na depressão, detectar qual ou quais caminhos e técnicas seriam correctas para serem aplicadas nesses casos.
Do facto de você estar lendo este livro fica fácil deduzir que minha decisão foi exactamente essa terceira.
Foi para ela que o caos da depressão me levou.
Mas depois voltarei a este assunto, pois ainda tenho coisas para relatar acontecidas até que eu tivesse chegado a esse ponto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2018 11:32 am

O FIM DE "MINHA" DEPRESSÃO
Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade.
François de Genève, no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V

Começo chamando-a de "minha", devidamente aspeado, porque embora ela tenha se demorado em mim por um período intensamente complicado, mas suficiente para poder considerá-la como íntima, ela não tem nada meu, não tenho nada dela nem ela tem nada comigo, salvo pelo que aprendi com sua (dificílima) convivência. Mas...
Constatado que muitas vezes os passes me faziam sentir muito pior, tentei evitar recebê-los, todavia era impossível, pois os amigos agiam na certeza de que, no âmago de toda boa vontade que os movia, aquilo era o melhor remédio com o qual poderiam me beneficiar e com a ajuda do qual eu poderia superar, vencer, sobreviver.
E assim os passes se repetiam, diariamente, inclusive, em várias ocasiões, mais de uma vez por dia.
Além disso, ainda tinha a fluidificação da água, tomada religiosamente cinco vezes por dia.
Entretanto, quando a ingeria, devo confessar, várias vezes tive ânsias de vómito.
Outra coisa muito desconfortável de ser enfrentada, creiam-me:
era inimaginável: os olhares daqueles amigos me pareciam terríveis, percucientes demais, sádicamente perfurantes em direcção ao fundo de minha alma — a qual. mais do que nunca, eu a queria indevassável.
Vinham sempre transbordando piedade e anseios positivos, desarticiilando-me ainda mais, pois não era assim que eu os sentia.
O facto de eles terem pena de mim levava a me acreditar mais e mais depauperado e incapaz, e a ânsia, do tipo "não é possível que Jacob tenha se deixado abater tanto e não faça nada para reagir", torturava-me sobremaneira, já que, no fundo, tudo o que eu mais queria era ter forças para reagir, para lutar, para vencer, mas minha luta tinha por cenário um terreno de areia movediça, um pântano faminto de cadáveres, pois quanto mais esforço eu desenvolvia para sair daquele monstro que, dentro de mim, devorava minhas entranhas e minha vontade, mais eu me afundava naquele monturo, mais a ele eu me entregava, mais eu me perdia.
Inenarrável. Não há sinónimos que eu conheça que possam descrever, com mais detalhes e precisão, tanta crueza.
Os amigos eram por mim olhados, a princípio, como tais, mas o instável e indefinível mundo íntimo fazia-me percebê-los e recebê-los como se fossem inimigos cruéis, sádicos, desalmados.
Essa era mais uma das terríveis faces da depressão que eu vivia.
Um dia, após receber os passes, tomei uma decisão:
vou me internar, não fico mais em casa!
— Quero ir para o hospital! — repeti isso várias vezes para mim mesmo a fim de ganhar forças e poder verbalizar tal decisão com clareza.
Acho que pensei nisso por um ou dois dias até que consegui gritar...
E gritei... E pedi... E implorei...
No dia anterior havia acabado o "stock" de Prozac.
Assim, convenci-me a procurar o médico e, junto a ele, eu pediria para ser internado.
Meu estado físico e emocional guardavam a aparência de um prisioneiro de guerra.
Vencido, alquebrado, sem ânimo ou forças, sem lucidez sequer para entender o que se passava.
Enquanto seguia para o consultório, esforçava-me para não esquecer do motivo que para lá me levava.
Não podia esquecer de dizer que a única coisa que eu queria era ficar hospitalizado, senão, eu pensava, terminaria vencido, terminaria morrendo, pois a vida já não encontrava albergue em minha alma.
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A cura da depressão pelo magnetismo: depressão tem cura sim / Jacob Melo Empty Re: A cura da depressão pelo magnetismo: depressão tem cura sim / Jacob Melo

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2018 11:32 am

Não lembro do olhar do médico nem de quem me acompanhava, mas repetem-se até hoje em minha mente estas palavras:
"Nada de se internar!
Compre mais uma caixa de Prozac e continue. Uma hora dessas ele fará efeito".
Aquilo era para mim como uma sentença de morte.
Devo ter ficado patético, pois chorei e tentei convencer o médico de que era imprescindível eu ficar internado, mas creio que, naquelas condições, eu jamais conseguiria fazer com que qualquer pessoa pusesse crédito em minhas palavras.
Aliás, aí reside outro grande problema do depressivo:
o de não conseguir verbalizar muitas ideias nem muito menos convencer a quem quer que seja, do que quer que seja; e, se conseguir, será sempre sob o guante de inauditos esforços e numa espécie de troca de pedido de um miserável por uma resposta como mera compaixão.
Esses esforços são tão desgastantes que as palavras e expressões terminam perdendo sentido, ênfase e eco.
Quando em depressão profunda, não conseguimos falar o que precisamos nem dizer baixinho o que pretendemos gritar.
Nossa revolta não passa de um sussurro e nossos desejos não se traduzem além de um quase imperceptível movimento da cabeça ou dos olhos.
É o inexprimível querendo dizer o intraduzível, como quem com um gesto no ar quer definir as cores para um cego.
É o absurdo.
Não voltei para casa: trouxeram-me!
Não, não é redundante isso.
Eu simplesmente parecia estar no cano. meu corpo desceu em casa, novamente me via naquele quarto, não havia o eixo espaço-tempo em que eu me encontrasse.
Não sabia, mas vivi, naqueles momentos que intermediaram as palavras "condenatórias" do médico até o instante em que eu abri a caixa de Prozac e da carteia extraí uma pílula, a alucinante experiência de vagar pelo indefinido, rumo ao desconhecido, destino não-passado. não-presente, não-futuro.
rumo não ao nada e sim ao lugar chamado não-existir.
Mais do que nunca me senti entregue e, ao mesmo tempo, sendo entregue aos braços da Dama do Inexistir— melhor denominação que consegui compor para essa doença, a depressão.
Todas as vezes que a noite parece não mais acabar, um sorrateiro raio de luz num horizonte longínquo se faz presente, prenunciando uma alvorada profética dizendo que um novo dia está raiando.
Ocorreu, então, esse raio de luz, um verdadeiro instante "mágico", quando então senti uma força nova, uma coragem superlativa da qual eu não conseguia adivinhar-lhe o nome.
Relâmpago! Cometa!
Caos! Flashes! Raios!
Luz! Luzes! Acção!
Pensei tratar-se de fé, mas. pensando bem, esta eu nunca deixei de tê-la.
Pode até ser que nos dias em que estive mais distante da vida eu não tenha conseguido articular produtivamente a minha fé, mas não creio que a tenha abandonado ou mesmo duvidado de sua existência em mim.
Sei que houve momentos em que descri de minha capacidade de suportar ou de resolver o problema cm que estava metido.
Noutros cheguei a pensar que o nada era o manobrador dos destinos ou então nada do que eu aprendera estaria correcto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2018 11:32 am

Mas sabia que aquilo que tanto me embaralhava não era nem podia ser tão forte a ponto de me roubar esse sentido.
Sobretudo, a fé prevalecera.
O que seria então aquilo que eu sentia?
Seria a chamada "mão de Deus"?
Talvez fosse, mas esse nome não soava bem.
já que a mim ele me passa a ideia de que se tem horas que existe essa mão, horas outras ela desaparece, como se ficássemos, de tempos em tempos, no pior sentido da expressão, "ao deus dará".
Facto é que até hoje não me acostumo com essa forma que muitos querem dar a Deus, que é a de um Deus tinhoso, cheio de "hora disso, hora daquilo, hora daquilo outro".
Sei sim do Deus que é perfeição e que nessa perfeição, criou tudo, inclusive códigos e lei naturais, através das quais Ele se manifesta.
Lembrando da canção de Gonzaguinha, fiquei com a frase na cabeça:
"E a pergunta roda"...
E rodava mesmo, pois eu queria saber que sensação de certeza era aquela que eu tinha absorvido de forma tão intensa e integral naquele momento.
Por fim, descobri: era a esperança.
E eu, que já tinha falado algumas vezes sobre ela em minhas palestras, só agora descobria, verdadeiramente, o que é esperança.
Inclusive, por se tratar de assunto extremamente relevante na estrutura da busca de saídas para a depressão, deixarei para escrever adiante um capítulo exclusivo sobre ela, onde procurarei transmitir a força que tive ao albergá-la, bem como algumas coisas significativas sobre esse tema tão pouco comentado.
Retomando a narrativa do ponto em que eu me debatia contra a insistência do médico por tão-somente me medicar, posso garantir que quando se vai a esse ponto, ou acorda-se ou enlouquece-se.
Graças a Deus a loucura foi derrotada; acordei!
Acordei e já fui começando a tomar decisões e a falar.
O caos iria criar novamente o Universo...
Ou um universo novo brotaria do caos, do caótico que habitava em minhas entranhas, do inimaginável.
Do fundo do poço se extrairia a vida, a água da vida.
Afinal, de tanta luta, dor e sofrimento eu conseguira cavar o poço.
Já tinha em mãos o comprimido de Prozac, pronto para ingeri-lo.
Em vez de engoli-lo, fiquei olhando fixamente para ele, como quem queria descobrir-lhe os ouvidos, e lhe falei, alto e bom som:
— Você não vai resolver meu problema, portanto, não preciso de você!
Não. Não pensem que foi insanidade, pois nunca tinha estado tão são, tão lúcido, tão decidido.
Conversei mesmo com o remédio.
E falei com total convicção.
Ele era o primeiro que eu venceria, pois, acordado, decidira, com aquela força, chamada esperança, da qual eu jamais me imaginei possuidor, que sairia daquela crise sem fim, que havia chegado a hora de seu fim.
Faço uma ressalva importante: embora tenha funcionado comigo, não aconselho a quem esteja fazendo uso de medicamentos contra a depressão a simplesmente ignorá-los ou "falarem" com eles na espera de que tudo se resolva.
Perceba que o remédio que eu tomava não vinha fazendo qualquer efeito em mim nem aliviando a crise em nada e que, na ocasião em que o ingeria, eu também não tinha disposição para enfrentar o que viria, o que se configurava totalmente diferente quando tomei essa decisão.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2018 11:33 am

Então, joguei o comprimido no lixo e bebi a água.
Procurei, conscientemente, descobrir o sabor da água e ali mergulhei em reflexões as quais, não sei como, levaram-me à mais cristalina certeza, uma invulgar esperança, lúcida visão da vitória, da luz.
Não sei se com raiva ou por puro mecanismo amassei a caixa de Prozac e arremessei-a para longe.
Nem pensei que estava jogando fora algo que certamente seria útil para uma infinidade de pessoas.
Só sei que naquela hora aquele medicamento simbolizava prisão, no máximo meia-liberdade, dependência visceral, desânimo perene.
E era disso que eu fugia e fugiria para sempre.
Era isso o que eu estava jogando para longe, para onde seria impossível regressar.
Chorando lágrimas de dentro da alma, orando do fundo do espírito, tremendo com todo o mecanismo que um sistema nervoso saturado pode tremer, chamei por Deus, clamei por Ele e comecei louvando-O:
— Oh Senhor! Quanta glória há em Ti!
E eu, como um cego enlouquecido, tacteava pelos infernos dos desesperados, esquecendo-me de que Tu és a Luz que me deu vida!
Como Te saúdo. Senhor, pois contigo retornarei à Vida.
E orei, orei, orei...
E chorei, sorri, dormi, acordei...
E orei, orei, orei...
Tive fome e comi.
Não foi fácil, porém.
No início regurgitava, queria vomitar, tinha azias violentas, mas não deixava sair.
Sempre engolia um pouco mais e mais um pouco, até readaptar o organismo a ingerir alimentos.
E bebi água.
Também houve dificuldades para isso, mas não desisti.
Insisti, repeti, bebi aos poucos, mas bebi.
— Água! Que bênção!
Fui para a sala e ali sentei-me.
No início senti-me incomodado, mas não poderia deixar que aquilo, agora, fosse mais poderoso do que eu mesmo.
Assim fiquei, assisti um pouco de televisão, fechei os olhos por algumas vezes, mas sempre voltava a abri-los, encarando o mundo da tela de forma decidida, como quem veste as armaduras para ir ao combate final, pois muito em breve eu teria que encarar o mundo real.
Assistir televisão, portanto, era um desafio muito grande, era uma verdadeira preparação para as lutas certamente vitoriosas que se avizinhavam.
Depois fui me deitar.
Disse para mim mesmo que só me levantaria da cama depois que conseguisse dormir de verdade, sem medicamentos, sem qualquer tipo de mimo, simplesmente dormiria, pois precisava dominar-me e dominar meu corpo.
Alguém veio me chamar antes mesmo que eu tivesse dormido o tanto que me satisfizesse e eu, agora com firmeza, pedi que voltasse depois, pois eu estava tentando dormir.
Essa foi uma vitória espectacular: falei, recusei, argumentei, deitei, dormi e acordei quando achei que tinha feito o que me prometera.
Naquele dia, os passes dos amigos não me fizeram mal nem a água fluidificada provocou enjoos.
E, o melhor, os amigos me abraçaram, felizes pelo que viam e eu me felicitava com o brilho de seus olhares.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Fev 15, 2018 11:33 am

Desajeitadamente brinquei com os meus filhos menores, mas, devido ao longo período acamado, logo cansei e fui me deitar — dessa vez apenas para recobrar energias, pois me sentia muito fraco fisicamente.
Gostaria de ter conversado mais, brincado mais, assistido mais tv, mas temi pelas consequências dos excessos.
Preferi tentar relaxar e, quem sabe, até dormir mais um pouco, afinal, aquele era mais um problema a ser conquistado plenamente: ter prazer em deitar e dormir.
Claro! Mas é claro que fiz mais uma prece, mais uma louvação, conversei mais uma vez com o Pai Celestial, agora também agradecendo e pedindo.
Agradeci pela vida, pela força, pelas lições, embora nem tão bem aprendidas, e pedi para que aquela força continuasse em mim, pois aproveitaria melhor a vida.
Mesmo sem perceber profundamente, já reconhecia que vivera a maior de todas as lições de minha vida.
Dormi como uma criança bem acomodada, devidamente amamentada, sem sentir frio ou calor.
Acordei ainda deprimido, mas não desanimei: aquela era a minha batalha final, aquele era o momento da vitória.
Vivi mais um dia de difíceis conquistas, pequenas, milimétricas, porém todas eram saborosas, todas infundiam em minha alma um prazer diferente, real, eloquente.
Ao anoitecer, já me via subindo ao pódium.
E finalmente, no dia seguinte, acordei não depressivo, não doente, ressurgi para a vida são e salvo, sem qualquer resquício danoso de todo o tormentoso período do qual acabara de sair ileso.
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