LUZ ESPÍRITA
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Reavaliando verdades distorcidas / Jacob Melo

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:07 pm

Reavaliando verdades distorcidas
Jacob Melo

O que diz Allan Kardec sobre o Magnetismo

Agradecimento

Kardec, pelo pouco que já enfrentei — por estar buscando apenas aprimorar o que nos deixaste — e pelo muito que ainda falta para que seja dada uma contribuição mais efectiva em favor da humanidade, imagino, com muita segurança, o que deves ter passado para nos entregar a Doutrina Espírita em sua feição tão lúcida e definitiva como é.

Agradeço a ti pela oportunidade de trilhar parte do caminho que percorreste, pois embora esteja longe de possuir tua visão e perspicácia, andar pela mesma senda que rumaste, orientado pela bússola que deixaste, torna-me confiante quanto ao destino final dessa jornada, que será coroada pelo mais sagrado prémio, que é ter feito o que deveria ser feito.

Se falhei, procurarei me corrigir, mas neste momento só me resta dizer: obrigado, meu mestre!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:08 pm

Palavra dos editores

Um dos aspectos mais importantes na vida do ser humano é a nossa capacidade de comunicação.
A possibilidade de haver a transmissão de ideias entre nós é um dos factores primordiais para o facto de termos atingido tal nível de desenvolvimento e de percebermos que ainda podemos evoluir quase indefinidamente, quase infinitamente.
Quando o ser humano aprende a se comunicar e percebe que é capaz de compreender e ser compreendido, estabelece-se, nesse exacto e preciso momento, um facto que jamais será esquecido pela criatura que o vivência.
Essa lembrança, como muitas outras, não fica necessariamente registada no consciente, mas é no momento que essa comunicação se dá que nos damos conta de que temos um poder extraordinário:
o de influenciar e o de ser influenciado pelas pessoas.
Dentre todas as partes da comunicação, a que sempre me chama mais a atenção é a palavra.
Entretanto, quando falo da palavra não estou falando apenas da escrita ou da falada, mas da ideia palavra, do que está por trás dela.
Palavra que atemoriza... Lúcifer.
Palavra que ilumina... Lúcifer.
Lúcifer, que vem do latim lux - luz e ferre - trazer, carregar, significa, literalmente, o carregador de luz, ou, em palavras mais adequadas, portador de luz.
Entretanto, devido a uma imensa utilização de forma negativa, com um sentido pejorativo, utilizar essa palavra perto de determinadas pessoas é o mesmo que estar "conjurando o demónio", literalmente.
Mas, pensando-se bem, a partir da primeira explicação acima, não seria Lúcifer um bom nome para se dar a um animal de estimação ou mesmo a um filho?
Alguém se habilita?
Creio ser pouco provável.
Porquê? Por causa do sentido que a palavra tomou com base no seu uso e no seu emprego, ou seja, na ideia que a palavra Lúcifer encerra.

"Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa, conforme o sentido que empresteis às palavras.
As maiores verdades estão sujeitas aparecer absurdos, uma vez que se atenda apenas à forma, ou que se considere como realidade a alegoria.
Compreendei bem isto e não o esqueçais nunca, pois que se presta a uma aplicação geral."

Allan Kardec

Este é um conselho mais que precioso deixado para nós pelos Espíritos Superiores que responderam a Allan Kardec na obra inicial da codificação espírita, "O Livro dos Espíritos".
Neste livro destemido e encorajador, Jacob Melo mais uma vez consegue entregar ao leitor uma obra de inestimável valor no campo em que ele se tornou mais conhecido: Magnetismo e Passes.
Esse valor não está vinculado apenas ao preço que se pagou pela aquisição da obra, mas principalmente pela impressionante colecção de palavras unidas, jungidas e entretecidas de tal modo que o sentido colocado a elas nos faz descortinar o que não mais deveria ser um novo mundo para os Espíritas de longa data.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:08 pm

Utilizando-se de seu raciocínio sempre lúcido, de uma análise primorosa e com um distanciamento da paixão que o Espiritismo e o Magnetismo lhe despertam, Jacob nos traz uma pesquisa profunda e detalhada em todos os livros, artigos e periódicos que Allan Kardec escreveu e/ou fez parte integral de suas edições sobre esse assunto.
Essa busca investigativa é comprometida apenas com o descortinamento da vinculação que o codificador e os Espíritos Superiores da Codificação fizeram entre essas duas ciências: Espiritismo e Magnetismo.
Nesse exame das obras, muitas portas e janelas se nos vão abrindo, muita luz nos vem sendo dada como quando, por exemplo, da "descoberta" que apesar de muitos espíritas passistas e magnetizadores acreditarem nisso piamente, os Espíritos nem sempre estão presentes e quando estão não necessariamente são apenas bons espíritos que os acompanham;
também, por exemplo, quando ele nos mostra o quanto a Fé está vinculada com a Vontade e o quão distante está esta última da boa vontade tão falada nestes dias;
ou ainda quando ele nos mostra a ligação íntima e inseparável entre o Magnetismo e o Espiritismo, como ciências.
Entretanto, o mais importante de tudo isso é que ficamos sabendo de algo muito mais grandioso para nós que temos vontade de nos modificar através do conhecimento da Doutrina Espírita.
Quer dizer, não é que ficamos sabendo, já que disso já sabemos, mas Jacob nos faz ver isso de forma ainda mais profunda e clara:
nós ainda temos muito que aprender e descobrir acerca da Doutrina Espírita.
Percebemos, aqueles que têm "ouvido para ouvir", o quanto ainda é necessário estudar e praticar o que estudamos para bem cumprirmos o nosso papel no mundo.
Que essa jornada através da comunicação entre Jacob e vocês seja tão prazerosa quanto o foi para nós que já nos deliciamos com as suas palavras e todas as reflexões geradas por elas.
Pois, de que realmente servem as palavras se não para comunicar as boas ideias capazes de nos conscientizar e de nos fazer mudar para poder, em seguida e concomitantemente, mudar o mundo ao nosso redor?
Por enquanto, chega de nossas palavras e demos boas vindas às abençoadas e iluminadas palavras de Jacob Melo que, para os bons entendedores, nada mais é que um Lúcifer.

Que venha a luz!
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:08 pm

Prefácio

Jacob Melo, autor desta importante obra, evidencia que Allan Kardec defendia que o Espiritismo e o Magnetismo "são duas partes de um mesmo todo, dois ramos de uma mesma Ciência que se completam e se explicam um pelo outro".
Evidencia, também, que a união entre a Fé e a Vontade é uma verdadeira força atractiva;
aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a acção.
Defende que a vontade actua como uma força decisiva por meio da força de vontade que potencializa o poder magnético e sua transfusão.
Aliada à força de vontade, a prece torna a vontade mais forte e actua como acção magnética provocando a desagregação mais rápida do fluido perispiritual, funcionando como o veículo de fluidos espirituais mais poderosos que são como um bálsamo salutar para as feridas da alma e do corpo.
Em "Obras Póstumas", Allan Kardec, no capítulo sobre a Introdução ao Estudo da Fotografia e da Telegrafia do Pensamento, diz que o fluido cósmico, conquanto emane de uma fonte universal, individualiza-se, por assim dizer, em cada ser e adquire propriedades características que permitem distingui-lo de todos os outros.
Cada pessoa tem o seu fluido próprio, que o envolve e acompanha em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta.
É muito variável a extensão da irradiação dessas atmosferas individuais.
Achando-se o Espírito em estado de absoluto repouso, pode essa irradiação ficar circunscrita nos limites de algumas pessoas, mas, actuando a vontade, pode alcançar distâncias infinitas.
A vontade dilata o fluido magnético, do mesmo modo que o calor dilata os gases.
Cada pessoa é o centro de uma onda fluídica, cuja extensão se acha em relação com a força de vontade, do mesmo modo que cada ponto vibrante é o centro de uma onda sonora, cuja extensão está na razão propulsora do fluido, como o choque é a causa de vibração do ar e propulsora das ondas sonoras.
No decorrer da obra, o autor apresenta o estudo feito por Kardec constante das obras da Codificação Espírita e da Revista Espírita, demonstrando, assim, a ligação existente entre o ensino dos Espíritos e o Magnetismo.
A Ciência do Magnetismo foi criada pelo alemão Franz Anton Mesmer, nascido em Iznang, no dia 23/5/1734 e desencarnado em 5/3/1815, na cidade de Meesburg.
Na dissertação de doutorado "Dissertado Phisico-medica de planetarum influsu", Mesmer, sob a influência de Newton e talvez de Paracelso, ao tratar da influência dos planetas sobre o corpo humano, usa pela primeira vez o conceito de fluido universal, mais tarde utilizado pelos Espíritos que actuaram no advento da Codificação do Espiritismo e por Allan Kardec, dando o significado de matéria ou energia elementar primitiva que dá origem a tudo que existe no Universo.
Mesmer utilizou a terapia do Magnetismo animal ou fluido vital, em 1773, pela primeira vez numa paciente, parenta de sua esposa e amiga da família Mozart, Srta. Franziska Esterlina, de 29 anos, que se encontrava muito debilitada fisicamente.
Teve a sua tese da existência do magnetismo animal rejeitada pela Academia de Ciências de Paris, em 1784, pela Sociedade Real de Medicina.
Para divulgar a sua descoberta, Mesmer chegou a Paris, em fevereiro de 1778 e apresentou as suas descobertas para os sábios e os médicos, sem sucesso.
Apresentou, também, junto a todas as Universidades que o rejeitaram, então publicou, em Paris, um relato analítico da nova Ciência com o título "Memória sobre a descoberta do Magnetismo Animal".
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:09 pm

Em 1781, publicou outro estudo:
Resumo histórico dos fatos relativos ao Magnetismo Animal, que trata de uma descrição histórica da Ciência do Magnetismo Animal.
Em 1799, Mesmer publicou Memória de F.A. Mesmer, doutor em medicina, sobre suas descobertas, contendo o modelo teórico da terapia do magnetismo animal, sonambulismo provocado e lucidez sonambúlica.
A partir de 1821, seis anos após sua desencarnação, Mesmer foi reabilitado, com a realização de notórias experiências de magnetismo animal por meio dos magnetizadores Du Potet e Robouan, sob a direcção dos doutores Bertrand, Husson e Récmier, com a participação de três dezenas de médicos.
A mesma Academia de Medicina de Paris que o rejeitou, reabriu o debate e expediu um parecer favorável após cinco anos de pesquisas e numerosas experimentações devidamente repetidas, como exige uma experimentação científica.
Declarava Mesmer que "só a experiência vai dissipar as nuvens e lançar luz sobre esta importante verdade:
que a Natureza oferece meios universais de cura e preservação do homem".
Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, professou a Ciência do Magnetismo por 35 anos.
O Espiritismo surgiu a partir da publicação, em Paris - França, de "O Livro dos Espíritos", no dia 18 de abril de 1857.
Jacob Melo, autor deste importante livro de abordagens sobre o Magnetismo e o Espiritismo, é um pesquisador e estudioso do Espiritismo, autor de mais de uma dezena de livros publicados, entre eles o conhecidíssimo "O Passe - seu estudo, suas técnicas e sua prática", "Cure-se e Cure pelos Passes", "A cura da Depressão pelo Magnetismo" e "Manual do Passista".
O livro "O Passe", editado pela Federação Espírita Brasileira, desde 1992 é um verdadeiro best-seller, hoje mundialmente conhecido.
Além de livros de pesquisa e de estudo, Jacob publicou livros de contos, crónicas, auto-conhecimento e três CDs de músicas, intitulados "A Maior História de Amor", "Vitórias esperam por você" e "Deus em Tudo".
O autor dispensa qualquer apresentação de nossa parte, pois ele é por si mesmo, pelo seu excelente trabalho literário reconhecido escritor espírita, de longa data.
Temos a certeza de que este livro, como os demais, trará óptimos frutos e contribuirá muito para a cultura espírita.
Felizes são os que semeiam livros a mancheias, dizia Monteiro Lobato.
É o caso do nosso estimado confrade e amigo Jacob.

Que Deus o abençoe!

Julia Nezu

São Paulo (SP), primavera de 2007
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:09 pm

Sumário
Introdução

Abordagem 1 - O Espiritismo e o Magnetismo, como ciências, são praticamente uma só
Abordagem 2 - Fé e vontade: elementos do mesmo ramo
Abordagem 3 - Vontade difere de boa vontade
Abordagem 4 - Preces e orações são formas de magnetismo
Abordagem 5 - O fluido vital é vida
Abordagem 6 - Nem sempre os Espíritos estão presentes
Abordagem 7 - O espírito actuante é o do magnetizador
Abordagem 8 - É cruel, mas nem sempre o Magnetismo funciona
Abordagem 9 - Para ser lido, relido, revisto, repensado e recolocado

Imposição de mãos
Os bons Espíritos precisam
Magnetismo e relacionamento
Tratamentos diferenciados
O tratamento magnético
Kardec e o Magnetismo
Não instantaneidade do Magnetismo
Sonambulismo, Magnetismo, mediunidade e Espiritismo; tudo junto
O sonambulismo - este desconhecido
A dupla vista - esta desconhecida
Rápida vista sobre a obsessão
A subjugação pede entendimento
Correntes magnéticas
Pagamento ao magnetizador
Água magnetizada - seu poder

Conclusão
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:09 pm

Introdução
Olá, tudo bem?
Que tal fazermos uma interessante leitura de algumas partes de um conjunto de obras extremamente significativas?
Este convite se deve ao facto de muito se falar e se ouvir acerca da necessidade de se ler, estudar e conhecer a obra de Allan Kardec.
Se isto é válido até para os detractores do Espiritismo, a fim de que tenham base e não se limitem aos "ouvi dizer", "acho que", "a bíblia disse ou deixou de dizer" ou ainda "desde criança que eu aprendi isso", para todo e qualquer espírita se torna providencial e, até certo ponto, obrigatório.
Bem sei que nem todo mundo tem tempo para ler tudo o que gosta, quer ou precisa, mas para quem actua nalguma área específica, seja do que for, é imperioso que conheça pelo menos a base teórica dessa área, senão passará por situação desagradáveis, sendo muitas delas incontornáveis, além de ter que experimentar, nalgum momento futuro, uma dor de arrependimento muito incomodativa e, quiçá, por demais embaraçosa.
Sendo o Espiritismo apresentado como uma Doutrina que se fundamenta e oferece um claro tríplice aspecto em sua estrutura — a saber: científico, filosófico e religioso ou moral —, quem queira penetrar-lhe a essência não pode se limitar a apenas um desses ramos, pois mesmo se sentindo bem acompanhado, caminhará de forma arrastada, manquejante.
O conhecimento espírita, entretanto, por abranger tão largos quão profundos ramos do conhecimento humano — abstracção feita à essência do ser espiritual que está e estará por ser desvendado —, seguramente não será absorvido inteiramente no lapso de uma existência apenas.
Se, por um lado, isso pode parecer frustrante, por outro se apresenta tremendamente instigante e convidativo, pois nos oferece um horizonte ilimitado, numa ampla direcção progressiva, muito rica e promissora.
Não tendo, portanto, quem possua toda essa visão, tão larga quanto alcança o Espiritismo em si, sempre fica em aberto o espaço para as possibilidades de equívocos, enganos, erros ou dúbia interpretação de alguns pontos.
Correndo por fora, surgem as deduções equivocadas, baseadas no achismo ou assentadas no que disseram "certos guias", assim como interesses subalternos — desconfortavelmente, estes ainda existem, mesmo nos meios religiosos —, com os quais se pretende ocultar informações ou impor opiniões pessoais.
No que diz respeito ao Magnetismo, teoricamente não era para haver tanto desencontro de opinião no meio espírita. Isto porque Allan Kardec foi exemplarmente claro nas suas colocações e proposições acerca do assunto.
E, se não bastasse, os Espíritos da Codificação reafirmaram e ratificaram quase todas as suas opiniões, corrigindo muito pouco do que ele disse e escreveu e jamais deixaram que enganos de sua parte dessem brechas para interpretações discrepantes ou que viessem a toldar o oceano de bênçãos que o Espiritismo trouxe.
Viajando muito, como tenho viajado nestes últimos vinte anos, conhecendo e convivendo com um sem-número de pessoas e Casas espíritas, no Brasil e no exterior, talvez já devesse ter-me acostumado com tantas palavras ditas, em nome do Espiritismo, contra o magnetismo.
Ao contrário disso, cada vez mais me compenetro de que é preciso seja feito um veemente resgate da opinião de Allan Kardec e dos Espíritos da Codificação acerca desse assunto.
Sem qualquer sentido de superioridade de minha parte, mas posicionando-me como alguém que, por fidelidade a Allan Kardec, não se satisfaz com várias das opiniões apresentadas — muitas vezes em Congressos e livros, revistas e artigos na internet, jornais e mensagens avulsas, palestras e orientações — desvinculadas dessa base primorosa que é a Codificação e suas extensões — como a Revista Espírita, Obras Póstumas e O Que é o Espiritismo —, venho tratar, neste livro, do que não pode mais ficar calado.


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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:10 pm

Embora tenha me sentido forçado a fazer algumas transcrições relativamente longas neste livro — isto porque tenho em vista preservar o contexto e não apenas apresentar trechos pelos quais o leitor não tivesse como deduzir, só por este livro, em que bases foram escritos — procurarei tratar tudo de forma clara, directa, sintética, porém não restringente, pois se tenho em mente que o seu tempo é precioso e que o preço de livro está muito elevado, também sei que é fundamental que contemos com uma boa base, lógica, racional e bem fundamentada.
Comentando acerca da ligação das duas grandes ciências, após a resposta dos Espíritos à questão de O Livro dos Espíritos de número 555, Allan Kardec afirmou que o Espiritismo e o magnetismo são uma única e só ciência.
Posso garantir que isto tem alto significado para todos os que estudamos a abordagem científica do Espiritismo ou operamos nela ou, ainda, mesmo para aqueles que não pretendam entrar nessa área um tanto quanto particular desse estudo, por qualquer que seja o motivo, mas que, a despeito disso, movimentam-se no terreno, por suas práticas.
É o que vou destacar ao longo do livro.

Jacob Melo
Setembro de 2007

(*) Chamarei os capítulos deste livro de "abordagens", pois é no que, de facto, eles se constituirão.


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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:10 pm

Abordagem 1
O Espiritismo e o Magnetismo, como ciências, são praticamente uma só

Tendo surgido primeiro, o magnetismo forneceu vigorosa base para a fundamentação do Espiritismo, especialmente em sua vertente científica.
Como lidava com o então chamado sonambulismo magnético, por ser magneticamente induzido — tratarei desse tema na abordagem 9 desta obra —, tão logo surgiram as primeiras manifestações espíritas e, com elas, um novo tipo de manifestação sonambúlica, totalmente natural, essa variante passou a ser melhor analisada.
Logo foi percebido se tratar de um sonambulismo mediúnico, muitas vezes oriundo de indução espiritual.
Criteriosos estudos, então, averiguaram suas causas e aplicabilidades, quando se percebeu que as semelhanças entre esses fenómenos sonambúlicos traziam convergências fundamentais para o entendimento enriquecido de um sem número de fenómenos mediúnicos e magnéticos até então mal compreendidos.
Entretanto, para quem, mesmo nos dias actuais, tenha se detido na superficialidade da ciência magnética, tal como se dá com todo aquele que, de forma imperfeita, vê de longe e quer julgar como se estivesse perto, crendo formar perfeito juízo, muito dificilmente perceberá a extensão, a profundidade e a força da ligação entre o magnetismo e o Espiritismo.
Contando com sua larga experiência de 35 anos de aprofundados estudos teóricos, práticos e comparados da acção e dos efeitos do magnetismo, Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, soube reconhecer a importância dessa unidade.

Antes de apresentar como ele expressou seu entendimento acerca dessa ligação entre tão singulares ciências, destaco o momento em que o senhor Allan Kardec afirmou sua vinculação pessoal com o magnetismo:
"Em nossa opinião, a ciência magnética, ciência que nós mesmos professamos há 35 anos, deveria ser inseparável da compostura...".
- In: Revista Espírita, edição junho 1858, item "Variedades", no artigo-anotação, de próprio punho, "Os banquetes magnéticos".

Aproveitando o parêntese, quem já tenha lido quaisquer das biografias existentes sobre Allan Kardec, sabe da seriedade com que ele sempre se portou na vida, bem como do seu vínculo, respeitável e reconhecido, com a moral, a ética e o saber.
Nunca se colocou como um estudante qualquer, senão como o mais interessado e responsável dentre seus pares, sendo sempre além de um mero espectador ou anotador de matérias, vivendo como o próprio protagonista das graves experiências em tudo o que aprendia, assim seguindo pela vida inteira.
Não seria, pois, com o magnetismo, em 35 anos de proficiência, que ele claudicaria ou faria estudos precipitados e infelizes.
Sua palavra, portanto, especialmente quando se referindo ao Magnetismo, sempre há de ser considerada como um "peso pesado", da maior e da melhor qualidade, pois se algo havia, desde o nascedouro do Espiritismo, sobre o qual ele detinha grande sabedoria, era exactamente o magnetismo.
Pegando carona na mesma citação, adite-se uma outra observação por ele apontada: a ciência magnética não deve se afastar da compostura.
Isto só reforça sua visão moral acerca da aplicação dessa ciência.
Retornando ao ponto em que paramos, a questão 555 de O Livro do Espíritos merece uma análise bem detalhada, até mesmo por conter vários aspectos que pedem destaque a fim de obtermos um melhor aprofundamento do que pretendemos assimilar das ligações entre as ciências magnética e espírita.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Mar 26, 2018 7:12 pm

Que sentido se deve dar ao qualificativo de feiticeiro?
'Aqueles a quem chamais feiticeiros são pessoas que, quando de boa-fé, gozam de certas faculdades, como sejam a força magnética ou a dupla vista.
Então, como fazem coisas geralmente incompreensíveis, são tidas por dotadas de um poder sobrenatural.
Os vossos sábios não têm passado muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes?"
O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenómenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação.
O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de ridícula crendice, (grifei).

Da resposta dada pelos Espíritos até os comentários adicionais do senhor Kardec, algumas reflexões são bastante pertinentes.

1 - Allan Kardec e os Espíritos aceitam o termo feiticeiros e atribuem a eles um certo poder, o qual, quando exercido de boa-fé, possibilita faculdades além das consideradas normais. Isto indica que devemos ter em mente que ao refutarmos a ideia da existência de criaturas com poderes diferenciados estaremos, formalmente, contrariando esta concordância da Codificação com sua existência.
Por mais irrelevante que isso possa parecer, uma atenção ao caso evitará que se diga, como é comum se dizer, quase sempre de forma um tanto quanto debochada, que acções vinculadas a magias negras ou similares, por exemplo, não existem ou que seus efeitos não passam de sugestões absorvidas por mentes frágeis.

2 - Ainda na mesma afirmativa, por trás de um "feiticeiro" fica destacado que existe uma força magnética ou uma dupla vista.
Este assunto também será comentado na última abordagem deste livro.
Ou seja, para os Espíritos codificadores o magnetismo é uma força real e presente, mesmo quando considera apenas uma situação tão genérica como a proposta pela pergunta de Kardec.

3 - Eles, os feiticeiros, fazem coisas incompreensíveis; é o que afirmam os Espíritos da Codificação.
Não dizem eles, com isso, que façam coisas impossíveis.
E, para que não haja dúvidas a respeito do que pretendem dizer, aditam, como vimos, um exemplo prático envolvendo a atitude dos sábios em relação aos ignorantes.

4 - Tomemos agora os comentários do senhor Allan Kardec.
Além do exemplo dado na resposta dos Espíritos, ele considerou uma outra vertente da questão: o miraculoso e o exagerado que surgem das muitas deduções que o ignorante faz.
Implica dizer que o desconhecimento de algumas leis precipita deduções;
isto tanto vale para quem está iniciando seus estudos como para quem, embora tendo estudado muito, não perceba como aplicar seus conhecimentos.
Portanto, o termo ignorante tomado acima não se limita a quem não tem estudo algum, mas se estende a quem não tem estudo específico sobre o que está sob sua análise, assim como sobre quem não sabe como aplicar o que sabe, ou julga conhecer.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:10 pm

5 - O consórcio entre Espiritismo e Magnetismo, por ele apresentado — e também sendo ponto chave da abordagem deste livro —, foi revestido de uma forma muito enfática.
Senão vejamos:
"O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única...".
Na verdade, esta é uma afirmação muito vigorosa!
Por ela, somos arremetidos à lucidez, que nada mais é do que "clareza de ideias e de expressão; acuidade para o que é relevante;
perspicácia, precisão", tudo conforme nos ensina o Houaiss.
E essa lucidez Kardec recomenda para termos em relação não apenas ao Espiritismo, mas às duas ciências:
Espiritismo e magnetismo.
Além de afirmar, categoricamente, que as duas, "a bem dizer", são uma só ciência, afiança a necessidade de termos lucidez sobre elas, o que, neste caso, significa ter conhecimento e ciência de suas bases e estruturas, sua essência e alcances.
Como esta incisiva afirmação se encontra na primeira obra espírita, O Livro dos Espíritos, surge em mim uma inquietante pergunta: será que nós, os espíritas, temos desenvolvido tamanha lucidez em cima dessas duas ciências, Espiritismo e magnetismo, para podermos tratar do mundo dos fluidos e da interacção mundo espiritual-mundo físico, tal como recomendado naquela obra basilar?
E se não o fazemos ainda, o que estamos esperando?

6 - Com sua colocação, Kardec deixou claro que só mesmo o conhecimento lúcido dessas duas ciências dará suporte para se enfrentar as ideias supersticiosas, o ridículo das crendices e permitirá se conheça e distinga o que é possível e o que não o é em a Natureza.
Daí ficar em maus lençóis quem queira destacar o Magnetismo do bojo do Espiritismo, seja o Magnetismo ciência, seja ele em suas manifestações.

7 - Nas reflexões naturais que surgiram seria de se perguntar, especialmente a quem não acredita que o magnetismo esteja no cerne do Espiritismo, o porquê de Allan Kardec ter afirmado que essas duas ciências são uma só.
Para que não pairem dúvidas sobre se ele quis dizer isso mesmo ou se apenas expressou mal seu ponto de vista, vou fazer uma série relativamente longa de transcrições nas quais ele reafirma seu ponto de vista e sua convicção sobre essa verdade incontestável.
Antes de prosseguir, quero informar que os destaques (grifos) em negrito que surgirão nas transcrições são meus.

(15) ... Do mesmo modo que o magnetismo, ele (o Espiritismo) nos revela uma lei, se não desconhecida, pelo menos mal compreendida;
ou, mais acertadamente, de uma lei que se desconhecia, embora se lhe conhecessem os efeitos, visto que estes sempre se produziram em todos os tempos, tendo a ignorância da lei gerado a superstição.
Conhecida ela, desaparece o maravilhoso e os fenómenos entram na ordem das coisas naturais.
Eis por que, fazendo que uma mesa se mova, ou que os mortos escrevam, os espíritas não operam maior milagre do que opera o médico que restitui à vida um moribundo, ou o físico que faz cair o raio.
Aquele que pretendesse, por meio desta ciência, realizar milagres, seria ou ignorante do assunto, ou embusteiro.

(16) Os fenómenos espíritas, assim como os fenómenos magnéticos, antes que se lhes conhecesse a causa, tiveram que passar por prodígios.
Ora, como os cépticos, os espíritos fortes, isto é, os que gozam do privilégio exclusivo da razão e do bom-senso, não admitem que uma coisa seja possível, desde que não a compreendam, de todos os factos considerados prodigiosos fazem objecto de suas zombarias...
- In: O Livro dos Médiuns - Cap. II - "Do maravilhoso e do sobrenatural", itens 15 e 16.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:10 pm

Muito embora nos itens acima não esteja tão explícita a ligação íntima entre as ciências em questão, o facto de Kardec sempre se referir a uma para esclarecer ou confirmar a outra deixa evidente que ele não economizou no uso dessa intercessão.
Na verdade, não poderia ser de outra forma, posto que esta é sua sugestão básica, que uma se apoie na outra para, juntas, seguirem mais fortalecidas ainda.
Outrossim, Allan Kardec deu tanta importância à primeira parte — item 15 — desta transcrição que ele a repetiu, quase integralmente, em A Génese, no seu Cap. XIII
- Caracteres dos milagres, item 13; em O Céu e o Inferno, na sua 1a parte, Cap. X, item 10;
e em sua Revista Espírita, nas edições de outubro -1859, no artigo "Os milagres" e na de setembro-1860, no artigo "O Maravilhoso e o Sobrenatural".

Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?
— In: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XIX - "A fé transporta montanhas", mensagem A fé humana e a divina", item 12.

Seguramente, no Evangelho, quando Kardec faz as referências à fé, fica muito evidente o poder do magnetismo em acção.
Praticamente em todos os momentos que ele fala da fé recorre ao magnetismo para explicar os efeitos ou para dar base ao bom entendimento dos factos.
Nessa passagem parece só ter faltado mesmo a palavra lucidez, mas a imperiosidade do verbo estudar, em relação às duas ciências em foco, se faz porta-estandarte de quem queira entender todo o conjunto que se segue na esteira da fé.

A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da acção fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece.
— In: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XXVIII - "Preces Espíritas", item 77.

No mesmo Evangelho, Kardec relaciona, de forma não tão directa, mas igualmente sob vínculos muito fortes, a presença do Magnetismo e do Espiritismo como luzes que não permitem desconhecimento ou sobressaltos em relação a um mundo de ocorrências, antes tidas como milagrosas ou sobrenaturais.

Nada apresentam de surpreendentes estes factos, desde que se conheça o poder da dupla vista e a causa, muito natural, dessa faculdade.
Jesus a possuía em grau elevado e pode dizer-se que ela constituía o seu estado normal, conforme o atesta grande número de actos da sua vida, os quais, hoje, têm a explicá-los os fenómenos magnéticos e o Espiritismo.
- In: A Génese - Cap. XV - "Os milagres do Evangelho", item 9.

Nesta anotação de Kardec, algo maior do que a simples ligação entre Magnetismo e Espiritismo foi feito:
estas ciências, segundo ele, podem explicar o poderoso magnetismo que envolvia toda acção de Jesus, quando ele, com um singelo convite, convenceu Pedro, André, Tiago, João e Mateus a segui-Lo.
Destaquemos que referindo-se a esse poder de Jesus, Kardec o coloca no campo da dupla vista.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:10 pm

(...) Em diferentes outros centros do Sul, ouvi discutir esta opinião, emitida por alguns magnetizadores, de que muitos dos fenómenos, ditos espíritas, são simplesmente efeitos de sonambulismo, e que o Espiritismo não faz senão substituir o magnetismo, ou antes, vestir-se com o seu nome.
É, como vedes, um novo ataque dirigido contra a mediunidade.
Assim, segundo essas pessoas, tudo o que os médiuns escrevem é o resultado das faculdades da alma encarnada;
é ela que, libertando-se momentaneamente pode ler no pensamento das pessoas presentes;
é ela que vê à distância e prevê os acontecimentos;
é ela que, por um fluido magnéctico-espiritual, agita, levanta, tomba as mesas, percebe os sons, etc., tudo, em uma palavra repousaria sobre a essência anímica sem a intervenção de seres puramente espirituais.
Isso não é uma novidade que vos ensino, dir-me-eis.
Com efeito, eu mesmo ouvi, há alguns anos, certos magnetizadores sustentarem essa tese;
mas hoje procura-se implantar essas ideias que, a meu ver, são contrária, à verdade.
É sempre um erro cair nos extremos, e há tanto exagero em tudo reportar ao sonambulismo como haveria, da parte dos espíritas, em negar as leis do magnetismo.
Não se poderia roubar à matéria as leis magnéticas, do mesmo modo que, ao Espírito, as leis puramente espirituais.
- In: Obra Póstumas, item 61 - "Dos homens duplos".


A necessidade da longa transcrição se deveu ao valor dado a que o leitor saiba em que tom o mestre lionês levava a consideração da distinção intrínseca entre magnetismo e Espiritismo, sem, contudo, deixar evidente que as duas ciências se complementam.
O mais valioso a ser apontado, entretanto, é o que ele consideraria fora de qualquer propósito, ou seja, que haveria exagero "da parte dos espíritas, em negar as leis do magnetismo".
Estaremos concordantes com ele? Eu estou!

A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como tendo sido realizados por Jesus, está hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo, enquanto fenómenos naturais.
Uma vez que se produzem sob os nossos olhos, seja espontaneamente, seja por provocação, não há nada de anormal em que Jesus possuísse faculdades idênticas às de nossos magnetizadores, curadores, sonâmbulos, videntes, médiuns etc.
- In: Obras Póstumas, item II - A divindade do Cristo está provada pelos milagres?"

Eis outro eloquente conjunto de afirmações do codificador, tanto relacionando essas duas abençoadas ciências como apontando Jesus como um magnetizador, um grande magnetizador, além de outras faculdades por Ele possuídas e comuns aos nossos irmãos encarnados.
Ressalte-se que Jesus possuía essas qualidades em potência e qualidades maiores, as quais, reconheçamos, ainda estamos longe de conseguir.

Quando apareceram os primeiros fenómenos espíritas, algumas pessoas pensaram que esta descoberta, se assim a podemos chamar, iria desferir um golpe de morte no magnetismo e que aconteceria como nas invenções: a mais aperfeiçoada faz esquecer sua predecessora.
Tal erro não tardou a se dissipar e prontamente se reconheceu o parentesco próximo das duas Ciências.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:11 pm

Com efeito, baseando-se ambas na existência e na manifestação da alma, longe de se combaterem, podem e devem se prestar mútuo apoio: elas se completam e se explicam mutuamente.
Entretanto, seus respectivos adeptos discordam nalguns pontos: certos magnetistas ainda não admitem a existência ou, pelo menos, a manifestação dos Espíritos;
pensam que podem tudo explicar só pela acção do fluido magnético, opinião que nos limitamos a constatar, reservando-nos para a discutir mais tarde.
Nós mesmos a partilhávamos (referindo-se à ideia do parágrafo anterior) a princípio, mas, como tantos outros, tivemos que nos renderá evidência dos factos.
Ao contrário, os adeptos do Espiritismo são todos concordes com o magnetismo, todos admitem sua acção e reconhecem nos fenómenos sonambúlicos uma manifestação da alma.
Esta oposição, aliás, se enfraquece dia a dia, e é fácil prever que não está longe o dia em que cessará qualquer distinção.
Tal divergência nada tem de surpreendente.
- In: Revista Espírita, edição março-1858, artigo "Magnetismo e Espiritismo".

O artigo do qual esta citação foi extraída é ímpar.
Se observarmos bem a data de sua edição, março de 1858, perceberemos que àquela altura ainda não fazia um ano do lançamento de O Livro dos Espíritos, todavia Kardec mantinha sua opinião bem formada a respeito deste assunto.
E olhe que no início ele pensava diferente, pois imaginava que o Espiritismo iria destronar o Magnetismo.
Rigorosamente, toda esta citação, todo esse artigo deveriam ser esmiuçados, trecho a trecho, palavra a palavra, pois apresentam reflexões e conclusões enfáticas e irretorquíveis.
O parentesco próximo entre as duas ciências, conforme ele disse, não tardou a ser percebido, motivo pelo qual nem o magnetismo destruiu o Espiritismo nem este engendrou complexidades para aquele.
Apenas alguns seguidores de um, o magnetismo, demoraram um pouco mais para aproveitarem todo o reforço e embasamento que o outro, o Espiritismo, lhes daria, tal como, mais tarde — entenda-se, nos dias actuais —, alguns espíritas tentariam afastar o magnetismo da base doutrinária espírita.
Destaco, ainda, a expectativa que ele tinha acerca da relação dos espíritas com o Magnetismo, lamentavelmente ainda não alcançada.
Sua ênfase: "os adeptos do Espiritismo são todos concordes com o magnetismo, todos admitem sua acção e reconhecem nos fenómenos sonambúlicos uma manifestação da alma.
Esta oposição, aliás, se enfraquece dia a dia, e é fácil prever que não está longe o dia em que cessará qualquer distinção" deveria pelo menos ecoar mais vivamente em todos nós, ainda que fosse apenas por dever de gratidão a quem tanto fez em prol dessas duas magnânimas ciências.

O magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e os rápidos progressos desta última doutrina são incontestavelmente devidos à vulgarização das ideias sobre a primeira.
Dos fenómenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas há apenas um passo;
sua conexão ê tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar do outro.
Se tivermos que ficar fora da Ciência do magnetismo, nosso quadro ficará incompleto e poderemos ser comparados a um professor de Física que se abstivesse de falar da luz.
Contudo, como o magnetismo já possui entre nós órgãos especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto tratado com superioridade de talento e de experiência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:11 pm

A ele (o magnetismo) não nos referiremos, pois, senão acessoriamente, mas de maneira suficiente para mostraras relações íntimas das duas Ciências que, na verdade, não passam de uma.
— In: Revista Espírita, edição março-1858, artigo "Magnetismo e Espiritismo".

Ainda naquele mesmo precioso artigo, Allan Kardec apresenta a ligação do Espiritismo com o Magnetismo de forma tão exuberante que uma dessas ciências estará sempre incompleta sem a presença da outra.
Afinal, "o magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e os rápidos progressos desta última doutrina são incontestavelmente devidos à vulgarização das ideias sobre a primeira".
De tal sorte que, por suas relações íntimas, essas duas Ciências não passam de uma.
Fico, aqui, me perguntando: será que as pessoas que não se fundamentam no magnetismo para suas práticas magnéticas terão conhecimento deste artigo?
Terão ao menos como compor um raciocínio acerca do quanto estão perdendo ou comprometendo suas acções fluídicas?
Será que poderão seguir dizendo que o magnetismo é "intromissão indevida" no Espiritismo?
Eu, particularmente, reveria meus conceitos se soubesse que o codificador tinha escrito isso, reforçado pelo facto de que, ao longo de sua existência nesta encarnação, nunca negou ou diminuiu o valor dessas afirmações assim como os Espíritos da Codificação não o negaram ou o rectificaram a respeito.
Quero destacar ainda o fato de ele enfatizar que apenas trataria do magnetismo de forma tão-só acessória, pois aquela ciência já tinha toda sua codificação e todos os órgãos devidos para dela cuidar.
Dá para imaginar o que não teia escrito ele se tivesse realizado seu desejo de escrever uma obra unindo as abordagens dessas duas ciências!

O Espiritismo liga-se ao Magnetismo por laços íntimos (essas duas ciências são solidárias uma com a outra); e todavia, quem o teria acreditado?
Ele encontra adversários obstinados mesmo entre certos magnetizadores que eles não os contam entre os espiritistas.
Os Espíritas sempre preconizaram o magnetismo, seja como meio curativo, seja como causa primeira de uma multidão de coisas; eles defendem sua causa e vêm prestar-lhe apoio contra seus inimigos.
Os fenómenos espíritas abriram os olhos a muitas pessoas, que ao mesmo tempo se juntaram ao Magnetismo.
- In: Revista Espírita, edição outubro-1858, artigo "Emprego oficial do magnetismo animal - A doença do rei da Suécia".

Para quem achou que a citação anterior foi muito forte ou que eu me excedi no meu comentário, esta deve ter calado mais fundo ainda.
Por ela, Allan Kardec novamente realça os laços íntimos que ligam as duas ciências e vai um pouco mais longe.
Ele afirma que os Espíritos, com "E" maiúsculo, sempre preconizaram o magnetismo e que o Espiritismo levou muita gente ao magnetismo.
Nada mais eloquente do que isso.

-Se o magnetismo fosse uma utopia, há muito tempo não estaria mais em evidência, ao passo que, como o seu irmão, o Espiritismo, ele lança raízes por todos os lados;
lutai, pois, contra as ideias que invadem o mundo inteiro:
o alto e a base da escala social!
-In: Revista Espírita, edição outubro-1859, artigo "O magnetismo reconhecido pelo poder judiciário".
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:11 pm

Não vou ser repetitivo: Magnetismo e Espiritismo são irmãos.
Palavras de Kardec.
No mais, a citação, por si só, basta!

-Hoje, que as academias admitem, enfim, o magnetismo e o sonambulismo, primos-irmãos do Espiritismo, é necessário que seus partidários se animem a assinar com todas as letras.
— In: Revista Espírita, edição janeiro-1860, artigo "Carta do Sr. Jobard sobre as qualidades do Espírito depois da morte".

Aqui, um grande amigo de Kardec, o Sr. Jobard, preferiu dizer que as duas ciências são primos-irmãos, o que em nada diminui o carácter de fortes vínculos a uni-las.
Todavia, para quem pergunte quem é o Sr. Jobard, ao final da transcrição de sua carta na Revista Espírita acima citada, Allan Kardec ratifica todos esses termos escritos por ele, o que corresponde a um aval precioso.

-Esses casos de possessão, igualmente, vão abrir ao magnetismo horizontes totalmente novos e levá-lo a dar grande passo adiante pelo estudo, até o presente tão imperfeito, dos fluidos;
com a ajuda desses novos conhecimentos, e pela sua aliança íntima com o Espiritismo, obterá as maiores coisas;
infelizmente, no magnetismo, como na medicina, haverá por muito tempo ainda homens que crerão não terem mais nada a aprender.
- In: Revista Espírita, edição janeiro-1864, artigo "Um caso de possessão. Senhorita Julie", 2º artigo - Mensagem do Espírito Hahnemann, psicografada pelo senhor Albert.

Creio que você, leitor, sabe quem foi Hahnemann;
exactamente, ele é o pai da homeopatia, ramo da Medicina que tem um dos mais estreitos laços de união com o Magnetismo e as terapias fluídicas.
Allan Kardec também endossou todas as palavras que ele escreveu nessa mensagem.
Mais uma coisa: será que sobre sua própria previsão, acerca dos que crêem não terem mais o que aprender, Hahnemann teria ideia de que a humanidade, um século e meio após, ainda estaria desse mesmo jeito, desacreditando o Magnetismo, mormente quando esteja deu provas e mais provas de ser uma das grandes bênçãos da Divindade ao homem?

Saberia ele que uma enormidade de "autoridades" continua acreditando não mais precisar estudar, pois já sabe tudo?
É incrível como, nesse terreno, temos progredido tão pouco!

Fazendo conhecer a magnetização espiritual, que não se conhecia, abre um novo caminho ao magnetismo, e lhe traz um novo e poderoso elemento de cura.
- In: Revista Espírita, edição agosto -1865, artigo "O que o Espiritismo ensina".

Esta é só uma pequena parte, na 10ª anotação de Kardec nesse artigo-síntese, a qual expõe os propósitos do Espiritismo em relação com o Magnetismo.
Fica, também aí, bastante visível o nível de relação entre as duas ciências.

-O conhecimento da mediunidade curadora é uma das conquistas que devemos ao Espiritismo;
mas o Espiritismo, que começa, não pode ainda haver dito tudo;
não pode, de um só golpe, nos mostrar todos os factos que ele abarca;
cada dia deles desenvolve novos, de onde decorrem novos princípios que vêm corroborar ou completar aqueles que já se conheciam, mas é preciso o tempo material para tudo;
qualquer parte integrante do Espiritismo é, por si mesma, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e abarca não só as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades, tão numerosas e tão complicadas de obsessões que, elas mesmas, influem sobre o organismo.
- In: Revista Espírita, edição setembro-1865, artigo "Da mediunidade curadora".
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:11 pm

Desta vez, Allan Kardec cria um liame bastante genérico, porém muito consistente, quando diz que o Espiritismo, como ciência, se liga ao Magnetismo.
Isto, só para chamar bem sua atenção, foi escrito em setembro de 1865, portanto, mais de sete anos após o lançamento da primeira obra espírita, o que mostra que sua visão acerca da ligação entre as duas ciências em questão não só não mudou, como foi se refinando.

"Nossos bons Espíritos, que se devotaram à propagação do Espiritismo, tomaram também a tarefa de vulgarizar o magnetismo.
Em quase todas as consultas, para os diversos casos de doenças, eles pedem o concurso dos parentes: um pai, uma mãe, um irmão ou uma irmã, um vizinho, um amigo, são requeridos para fazer passes..."
- In: Revista Espírita, edição junho-1861, artigo "Grupo curador de Marmande - Intervenção dos parentes nas curas".

Estas palavras não foram escritas por Kardec, mas extraídas de uma carta, publicada na Revista Espírita, de autoria do Sr. Dombre, sobre quem ele teceu excelentes comentários, além de não ter refutado nem corrigido quaisquer de suas palavras.
Nelas, fica evidente que em um grupo espírita muito sério, no qual muitos fenómenos ocorriam com alta qualidade, os Espíritos guias trabalhavam pela difusão do Espiritismo e do Magnetismo, sem qualquer distinção entre essas ciências.

"Em definitivo, o que é o Espiritismo, ou antes, o que é a mediunidade, esta faculdade incompreendida até aqui, e cuja extensão considerável estabeleceu sobre bases incontestáveis os princípios fundamentais da nova revelação?
É puramente e simplesmente uma variedade da acção magnética exercida por um ou por vários magnetizadores desencarnados, sobre um sujeito humano agindo no estado de vigília ou no estado extático, conscientemente ou inconscientemente".
"O que é, de outra parte, o magnetismo?
Uma variedade do Espiritismo na qual os Espíritos encarnados agem sobre outros Espíritos encarnados".
"Existe, enfim, uma terceira variedade do magnetismo ou do Espiritismo, segundo se o tome por ponto de partida da acção de encarnados sobre desencarnados, ou a de Espíritos relativamente livres sobre Espíritos aprisionados num corpo; essa terceira variedade, que tem por princípio a acção dos encarnados sobre os Espíritos, se revela no tratamento e na moralização dos Espíritos obsessores".
"O Espiritismo não é, pois, senão do magnetismo espiritual, e o magnetismo não é outra coisa senão do Espiritismo humano".
- In: Revista Espírita, edição junho-1867, artigo "O Magnetismo e o Espiritismo comparados" - Ditado pelo espírito magnetizador E. Quinemant e psicografado pelo médium sr. Desliens.

Essa transcrição foi um pouco mais longa, mas, convenhamos, não haveria como reduzi-la.
Trata-se de um trecho de uma mensagem psicografada, de autoria de um grande magnetizador contemporâneo de Kardec, sobre cuja mensagem o codificador abre seus comentários com a seguinte frase:
"A justeza das apreciações e as profundezas do novo ponto de vista que esta comunicação encerra, não escaparão a ninguém...".
Acredito ser desnecessário aditar comentários, entretanto sugiro sua releitura a fim de ser bem absorvido o quanto estão implicados o Espiritismo e o Magnetismo entre si.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:11 pm

Nos factos concernentes ao Sr. Jacob, por assim dizer, ele não fez menção do Espiritismo, ao passo que toda atenção se concentrou sobre o magnetismo; isto tinha sua razão de ser e sua utilidade.
Se bem que o concurso de Espíritos desencarnados nessas espécies de fenómenos seja uma fato constatado, sua acção não é aqui evidente, é porque disso fazemos abstracção.
Pouco importa que os factos sejam explicados com ou sem a intervenção de Espíritos estranhos;
o magnetismo e o Espiritismo se dão as mãos;
são duas partes de um mesmo todo, dois ramos de uma mesma ciência que se completam e se explicam um pelo outro.
Acreditar o magnetismo é abrir o caminho ao Espiritismo, e reciprocamente.
- In: Revista Espírita, edição novembro-1867, artigo "O zuavo Jacob" - 2° artigo.

Creio que, a essas alturas, você já deve estar se perguntando se haveria mesmo necessidade de tanta transcrições.
De certa forma posso até concordar que não precisaria.
Mas elas são tão fortes e concordantes entre si, que preferi pecar mais pelo excesso do que pela omissão.
Afinal busco deixar bem evidenciado que Allan Kardec sabia que o Espiritismo e o Magnetismo usam duas partes de um mesmo todo, dois ramos de uma mesma ciência que se completam e se explicam um pelo outro".
A despeito disso, pode ser que alguém, apesar de tão claros posicionamentos, ainda queira contestar, pelo que prefiro dispor do máximo de citações concordantes.
Nos argumentos seguintes do livro procurarei ser mais económico nas transcrições, embora lembrando que a linha base em que me firmo seja a de evitar espaços para más interpretações ou se dizer que Allan Kardec não disse o que disse ou quis dizer algo diferente.

O magnetismo e o Espiritismo são, com efeito, duas ciências gémeas, que se completam e se explicam uma pela outra, e das quais aquela das duas que não quer se imobilizar, não pode chegar a seu complemento sem se apoiar sobre a sua congénere;
isoladas uma da outra, elas se detêm num impasse;
elas são reciprocamente como a física e a química, a anatomia e a fisiologia.
- In: Revista Espírita, edição janeiro-1869, artigo "Estatística do Espiritismo".

O leitor bem observador terá notado que as transcrições dispostas ao longo deste argumento seguiram uma ordem cronológica, a começar pelas obras básicas
— "O Livro dos Espíritos"; "O Livro dos Médiuns";
"O Evangelho Segundo o Espiritismo"; "O Céu e O Inferno"; e "A Génese";
—, seguindo-se de "Obras Póstumas" e depois da "Revista Espírita".
Fiz assim não por acaso.
Queria deixar bem evidenciado que a opinião de Allan Kardec acerca da primeira abordagem foi coerente, persistente e segura, até seus últimos dias nesta encarnação.
O estudioso espírita que, apesar de tanta evidência não se aperceber dessa verdade, ficará embaraçado um dia, pois abrir mão do Magnetismo, como um indispensável auxiliar da ciência espírita, é diminuir esta, usurpando-lhe um dos braços, um dos parentes mais próximos, seu próprio coração.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:12 pm

Abordagem 2
Fé e vontade: elementos do mesmo ramo

A fé, abstracção feita ao sentido de crença, tal como a compreendemos sob a óptica espírita, relaciona-se com a vontade de uma forma tão íntima e intrínseca que podemos dizer, sem qualquer exagero ou desvio:
uma não existe sem a outra.
Fé e vontade são, com total segurança, elementos primordiais de uma mesma direcção e sentido, de uma mesma virtude.
No Livro dos Médiuns — capítulo 25, item 282, 12ª questão —, quando trata das evocações, Allan Kardec pergunta sobre as disposições especiais para as evocações, ao que recebe por resposta que "com fé e com o desejo do bem tem-se mais força" para realizar as evocações dos Espíritos superiores.
Fé e desejo;
um formando par com o outro para se obter bons resultados.
Mas o que é o desejo senão a própria vontade?
No prosseguimento desse diálogo com os Espíritos, a questão seguinte — 13a — é bastante objectiva:

-Para as evocações, é preciso fé?
"A fé em Deus, sim; para o mais, a fé virá, se desejardes o bem e tiverdes o propósito de instruir-vos."

Bastante enfática a resposta.
O desejo trará a fé, desde que exista o propósito da instrução — ressalto que este diálogo visava às questões pertinentes às evocações.
Mas é nos capítulos 11, 13 e 19 de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" que a palavra de Kardec e dos Espíritos acerca da relação entre a fé e a vontade fica muito mais eloquente ainda.
Como não pretendo fazer muitas transcrições nesta abordagem, dos dois primeiros capítulos indicados recomendo a leitura de pelo menos duas mensagens: do capítulo 11 a mensagem 13, e do capítulo 13 a de número 12.
Isto anotado, vamos nos deter em parte do que está registado no capítulo 19.
Ali ele trata do poder da fé, tendo como partida a seguinte passagem evangélica:

...Por que não pudemos nós outros expulsar esse demónio?
Respondeu-lhes Jesus:
Por causa da vossa incredulidade.
Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha:
Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.
— In: Mateus, XVII, 19 e 20.

Antes de trazer o comentário de Kardec sobre esta passagem, que tal uma rápida reflexão?
Você já procurou saber qual o tamanho de um grão de mostarda?
Em Mateus 13:31 (numa Bíblia católica) tem-se que o grão de mostarda "... é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos".
Numa Bíblia protestante pode-se ler:
"A mostarda é a menor das sementes, no entanto, quando plantada, cresce e torna-se na maior das plantas dum jardim com ramos tão grandes que os pássaros podem empoleirar-se neles ou abrigar-se na sua sombra".
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Mar 27, 2018 8:12 pm

Ao contrário dessas afirmativas, o grão da mostarda não é a menor das sementes nem a mostardeira a maior das hortaliças nem, muito menos, atinge o tamanho de uma árvore, nem mesmo nos tempos bíblicos.
Apesar disso, essa semente é muito pequena e, proporcionalmente, sua árvore é enorme.
Portanto, fazendo uso de uma imagem forte pelo seu contraste, Jesus imprimiu grande enfoque à força da fé.
A exemplo da semente que, por vontade da Natureza e aproveitando o inverno, rompe o solo e cresce para ser árvore e produzir sementes em elevada quantidade, aquele que, por vontade inabalável, deixa frutificar sua fé, removerá todas as montanhas que se interpuserem entre si e seus objectivos.
Portanto, Jesus, proporcionando a fé a um reduzido tamanho e gerando, por resposta, uma acção eloquente e exuberante, embute a força da vontade, com a ajuda da qual tudo é possível.
Mas vejamos o que o senhor Allan Kardec escreveu a propósito dessa passagem.

No item 2 desse capítulo 19, ele iniciou seus comentários assim:

No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si.
Aqui, porém, unicamente no sentido moral se devem entender essas palavras.
(...) A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem com que se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas como nas grandes.
Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se têm de combater;
essa fé não procura os meios de vencer, porque não acredita que possa vencer.

Parece estar bem evidenciado que a fé fornece elementos fundamentais para qualquer acção que se pretenda desenvolver, desde que ela seja robusta, pois a vacilante funciona em sentido contrário, diminuindo a força e apontando para as derrotas.

Seguindo com o mesmo capítulo, no item seguinte Allan Kardec faz novas e preciosas considerações.

Noutra acepção, entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim.
Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança.
Tanto num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma;
faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objectivo visado.
A fé vacilante sente a sua própria fraqueza;
quando a estimula o interesse, torna-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece.
A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo.

A fé, tornando lúcido seu vivenciador, permite que ele veja adiante, longe, profundo, enchendo-o de segurança e certeza.
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Reavaliando verdades distorcidas / Jacob Melo Empty Re: Reavaliando verdades distorcidas / Jacob Melo

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 28, 2018 7:49 pm

Tudo isso porque a fé sincera e verdadeira encontra apoio na inteligência e na compreensão das coisas.
Mas, onde terá sido que Allan Kardec tirou tamanha certeza?
Em que ramo ele se firmou para deduzir tão lucidamente essa questão?
Ainda no mesmo capítulo, agora no item 5, ele nos responde:

O poder da fé se demonstra, de modo directo e especial, na acção magnética; por seu intermédio, o homem actua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer irresistível.
Daí decorre que aquele que a um grande poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenómenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural.
Tal o motivo por que Jesus disse a seus apóstolos:
Se não o curastes, foi porque não tínheis fé.

Eis aí a união entre a fé e a vontade. Toda a segurança de Kardec em tirar deduções tão firmes e lúcidas vem do facto de que o poder da fé, esse poder divino que repousa no ser humano, melhor se demonstra através do magnetismo.
Ou seja, Kardec se valeu, mais uma vez, dessa ciência para tratar e demonstrar algo que sempre foi tocado de forma misteriosa, mística, distante...
Como a receber um aval da Espiritualidade, ainda no mesmo capítulo 19, item 12, a mensagem "A fé humana e a divina", de "Um Espírito protector", não apenas reforçou o aspecto da vontade na fé como ainda trouxe a união do Espiritismo com o Magnetismo, questão tratada na primeira abordagem deste livro.

No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela acção da sua vontade.
(...) o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação.
Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo?
Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?

No primeiro parágrafo, o convite reflexivo acerca de uma fé prenhe de vontade, indemne, que propicia a consciência de seus poderes íntimos a serem desabrochados e, com ela, uma mobilização activa e produtiva, tudo se resumindo na questão colocada ao final do segundo parágrafo, onde as duas grandes ciências esclarecerão a todos o que seriam, em essência, os milagres, os verdadeiros milagres!
Mas, me pergunto, de que valeria esse saber, essa consciência, essa fé, se não movermos nossa vontade em direcção a esses objectivos?
No meu modo de ver, o assunto ficou tão evidente que só me resta ir à Génese para mais uma referência, com a qual encerrarei as transcrições desta abordagem.

Razão, pois, tinha Jesus para dizer: "Tua fé te salvou."
Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude mística, qual a entendem, muitas pessoas, mas uma verdadeira força atractiva, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a acção.
Assim sendo, também se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não.
É este um dos mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes uma causa muito natural.
—In: A Génese - Cap. XV item "Curas - Perda de sangue", título 11.

Não poderia ser outra a conclusão de Kardec.
A fé é o precioso elemento que possibilita as movimentações fluídicas das curas.
Não há, pois, como imaginar uma fé sem vontade, tanto quando se movimenta para auxiliar, interceder, aliviar e curar, como quando se dispõe a receber ajuda e também se curar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 28, 2018 7:49 pm

Abordagem 3
Vontade difere de boa vontade

Nem sempre pensamos com o devido cuidado sobre as palavras e expressões que pronunciamos ou escrevemos.
Muitas vezes temos delas um entendimento íntimo e, baseado nele, as usamos na crença de que os que nos ouvem entenderão nosso sentido.
Quantos equívocos e situações engraçadas ou embaraçosas surgem em cima disso!
Esta questão fica mais complicada ainda quando nos deparamos com as traduções ou a necessidade de uma convivência repentina numa outra cultura.
Tanto tememos como trememos nas bases, pois as gafes, os desconfortos e os inconvenientes surgem de forma quase inevitável.
Particularmente, tenho pouca versatilidade no inglês, mas, devido a repetidas viagens aos Estados Unidos, de vez em quando preciso falar e me expressar naquele idioma e o ridículo, vez por outra, causa espanto.
Dou um exemplo.
Fui a um restaurante com um amigo e ele me indicou um prato que eu não conhecia.
Perguntou-me se eu gostava daquela iguaria e eu, na maior convicção, disse que iria provar.
Para tanto, usei o verbo "to prove", o qual significa provar, só que no sentido de demonstrar, evidenciar.
O espanto dele gerou o meu pavor:
"o que eu disse de errado? — pensei".
Na realidade, eu deveria ter usado o verbo "to taste", que é aquele que indica experimentar.
Depois de refeitos sorrimos um pouco e pude degustar o saboroso petisco — e não mais esquecendo o aprendizado.
Até aí é compreensível, apesar das gafes.
Agora, quando usamos palavras ou expressões na certeza de estarmos definindo, com segurança, o que temos na mente e na emoção e, ao contrário disso, dizemos algo bem distante ou mesmo que, em essência, não traduz o que de facto se pretende, é uma lástima terrível.
Em nosso meio falamos muito de "boa vontade".
Achamos que esta expressão define uma "vontade boa" quando, de facto, apenas exprime uma índole amena, acessível, um gesto humilde, uma boa intenção.
Segundo o Houaiss, vontade pode ser:

1- faculdade que tem o ser humano de querer, de escolher, de livremente praticar ou deixar de praticar certos actos
2 - força interior que impulsiona o indivíduo a realizar aquilo a que se propôs, a atingir seus fins ou desejos;
ânimo, determinação, firmeza
2.1- grande disposição em realizar algo por outrem;
empenho, interesse, zelo
3 - capacidade de escolher, de decidir entre alternativas possíveis; volição
4 - sentimento de desejo ou aspiração motivado por um apelo físico, fisiológico, psicológico ou moral; querer...

A boa vontade pode até inspirar algumas dessas variantes da vontade, mas dificilmente, sozinha, conseguirá ir muito longe.
Costumo dizer algo do tipo: num auditório não lotado, nas cadeiras ocupadas estão sentadas as pessoas que tiveram vontade de ir assistir ao evento; as vazias são as dos que só ficaram na boa vontade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 28, 2018 7:49 pm

Enquanto a vontade nos leva a decisões firmes, superações, a ter aumentada a resistência, a perseverança, a determinação e o tirocínio para bem estudar o que deve ser feito e fazer, a boa vontade usualmente nos leva a uma atitude acomodada, do tipo:
se eu tiver tempo; se eu puder;
se não chover; se meu companheiro não me impedir;
se eu não adoecer; se tudo der certo...

A vontade diz sim ou não; a boa vontade fica no talvez...
A vontade pergunta: quando? Onde?... e vai; a boa vontade limita-se ao se...
A vontade afirma: conte comigo; a boa vontade é não sei...
A vontade diz vou, não vou; a boa vontade sempre tem um depende...
A vontade alegra-se por fazer; a boa vontade pede muitas desculpas...
A vontade age e reage; a boa vontade raramente interage...
A vontade movimenta o veículo; a boa vontade é só motor de arranco...
A relação entre essas duas pode crescer indefinidamente.

Na verdade, não se trata de a boa vontade ser uma coisa ruim, não, não é;
apenas ela é pouco produtiva e gera desistências nos primeiros entraves de qualquer luta ou busca.
Allan Kardec dedicou uma especial atenção à vontade, a ela se referindo inumeráveis vezes.
Tão grande foi sua atenção, bem como o destaque que deu a essa verdadeira alavanca, e tão raramente se referiu à boa vontade que não deixa de haver, no mínimo, uma séria desatenção no uso da segunda em substituição à primeira.
Quem de nós não ouviu, diversas vezes e por diversas pessoas, frases enfatizadas do tipo:
"basta ter boa vontade e tudo será possível"?
Em termos de passes e magnetismo, então, isso chega a ser axiomático ou, quando não, um corolário deduzido do que os "antigos" sempre professaram e ensinaram.
Vejamos algumas colocações de Kardec acerca da vontade.
Lógico que, dentro da linha objectiva deste livro, destacarei as relacionadas com o magnetismo.

A mesma matéria elementar é susceptível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades?
"Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!" (1)
(...) (1) Este princípio explica o fenómeno conhecido de todos os magnetizadores e que consiste em dar-se, pela acção da vontade, a uma substancia qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito diversas: um gosto determinado e até as qualidades activas de outras substâncias.
Desde que não há mais de um elemento primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos são apenas modificações desse elemento, o que se segue ê que a mais inofensiva substância tem o mesmo princípio que a mais deletéria.
Assim, a água, que se compõe de uma parte de oxigénio e de duas de hidrogénio, se torna corrosiva, duplicando-se a proporção do oxigénio.
Transformação análoga se pode produzir por meio de acção magnética dirigida pela vontade.
- In: O Livro dos Espíritos, questão 33.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 28, 2018 7:49 pm

A partir desta questão podemos fazer uma abertura de leque para aproveitarmos ao máximo o que, a meu ver, está bem visível, mas nem sempre tão perceptível para quem lê os livros básicos de forma rápida.
Além de Kardec ter aposto um comentário adicional à resposta dada pelos Espíritos e, em seguida, acrescido uma sub-pergunta que atendia à proposta da questão anterior, ele pôs, em nota de rodapé, a referência acima, para debulhar o princípio "tudo está em tudo".
De início, então, já aponta que a mudança das propriedades de uma substância qualquer, como a água, por exemplo, é fenómeno conhecido de todos os magnetizadores.
O que se destaca com vivacidade é que tal se dá "pela acção da vontade".
Tamanha é a ênfase com a qual ele pretendeu destacar a acção da vontade que a colocou entre vírgulas.
No seguimento, fez uma comparação com um exemplo da química para que não haja dúvidas quanto ao entendimento das mudanças das propriedades das substâncias.
Nesse ponto, seria lícito se pensar assim:
mas o que ele falou se referia à acção magnética sobre uma substância qualquer e não sobre os corpos orgânicos, os seres humanos.
Seguramente retornaremos a esse aspecto mais adiante.
Por hora pontuemos claramente o que ele nos ofertou com sua conclusão:
"Transformação análoga se pode produzir por meio de acção magnética dirigida pela vontade".
Não há, aí, qualquer espaço para se inserir a boa vontade no lugar da vontade ou se deduzir que o magnetismo não seja a força actuante do processo de mudança dessas propriedades a que ele aludiu.
Ademais, uma acção dirigida é uma acção que está sob comando, sob controle, e isso só se dá com qualidade, se quem dirige sabe o que faz; para tanto, por mais redundante que seja dizê-lo, é preciso que quem dirija conheça os mecanismos dessa direcção e se submeta a seus princípios.
Certamente todos sabemos que para dirigir uma vontade em sentido magnético é preciso que se conheça o magnetismo, assim como para se dirigir qualquer coisa é preciso que se conheça seus mecanismos. Prossigamos.

Esta teoria nos fornece a solução de um facto bem conhecido em magnetismo, mas inexplicado até hoje:
o da mudança das propriedades da água, por obra da vontade.
O Espírito actuante é o do magnetizador, quase sempre assistido por outro Espírito.
Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético que, como atrás dissemos, é a substância que mais se aproxima da matéria cósmica, ou elemento universal.
Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também produzir um fenómeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da acção magnética, convenientemente dirigida.
Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em todos os fenómenos do magnetismo.
Porém, como se há de explicar a acção material de tão subtil agente?
A vontade não é um ser, uma substância qualquer; não é, sequer, uma propriedade da matéria mais etérea que exista.
A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante.
Com o auxílio dessa alavanca, ele actua sobre a matéria elementar e, por uma acção consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim a ficar transformadas.
Tanto quanto do Espírito errante, a vontade é igualmente atributo do Espírito encarnado; daí o poder do magnetizador, poder que se sabe estar na razão directa da força de vontade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Mar 28, 2018 7:50 pm

Podendo o Espírito encarnado actuar sobre a matéria elementar, pode do mesmo modo mudar-lhe as propriedades, dentro de certos limites.
Assim se explica a faculdade de cura pelo contacto e pela imposição das mãos, faculdade que algumas pessoas possuem em grau mais ou menos elevado.
- In: O Livro dos Médiuns - Cap. VIII - "Do laboratório do mundo invisível" — Item 131.

Aí está o senhor Allan Kardec apresentando o complemento da citação anterior e também expandindo-a, dando à vontade todo o destaque que ela mereceu de suas observações.
Sobre as leis que vigoram no mundo espiritual, com base nos factos analisados ao longo do capítulo 8 de "O Livro dos Médiuns", Kardec inicia ratificando que é a acção da vontade, actuando através do magnetismo, que provoca as mudanças das propriedades da água.
E conclui o primeiro parágrafo com essa pérola:
"Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também produzir um fenómeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da acção magnética, convenientemente dirigida".

Ou seja:
ele já tinha explicado, desde "O Livro dos Espíritos", como se processam as mudanças elementares na matéria inerte, de onde ele tomou a água por referência básica.
Agora extrapola e confirma que o mesmo princípio, por analogia, também produz modificações no fluido orgânico, assim surgindo o efeito curativo da acção magnética.
Só que não se trata de uma acção magnética qualquer, senão uma acção magnética convenientemente dirigida.
Teria ele acrescido essas palavras finais só para compor uma frase de melhor efeito?
Se sim, ele teria exagerado na dose; se não, qual a razão então?
O que ele, realmente, quis dizer com elas?
Parece estar claro que era exactamente isso que ele queria dizer:
que o magnetismo que actua, que repercute, que funciona mesmo, sempre pede vontade e direcção conveniente.
A vontade é o desejo sincero, firme e profundo de fazer; a direcção é o foco, o objectivo, o cerne do tratamento;
o conveniente é o uso correcto, equilibrado, apropriado, o mais perfeito possível, dos conhecimentos da ciência envolvida, portanto do magnetismo.
Dentro dessa análise é necessário se perceba que, de início, Kardec não está falando de virtudes ou simplicidade no agir; fala de fluido magnético, vontade e direcção conveniente.
E quando, nos parágrafos seguintes, disseca a vontade, faz reflexões muito graves, conectando-a a "todos os fenómenos do magnetismo" e apresentando-a como uma poderosa alavanca.
A propósito, lembra o leitor qual o papel da alavanca tanto na física como na vida comum?
Segundo a enciclopédia Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki) "na física, a alavanca é um objecto rígido que é usado com um ponto fixo apropriado (fulcro) para multiplicar a força mecânica que pode ser aplicada a um outro objecto (resistência)".
De uma maneira mais simples, a alavanca tem a função básica de exigir menor esforço para se vencer a resistência ou a inércia de algo muito pesado.
Sua importância é tamanha que Arquimedes, antigo cientista grego, é muito lembrado por sua frase:
"Dê-me um lugar para me firmar e um ponto de apoio para minha alavanca que eu deslocarei a Terra".
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