LUZ ESPÍRITA
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Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO

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Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO - Página 13 Empty Re: Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:51 am

— Então só pode ter sido sequestro.
É dinheiro que eles querem
Iriam levar o menino a troco de quê?
Fique sossegado, sei o que estou dizendo.

Antero não insistiu e foi para casa.
Não podia contar ao delegado o que os espíritos haviam dito.
Passava da uma quando chegou à casa de seus pais.
Foi logo informado de que não havia nenhuma notícia.

— Estávamos esperando você para almoçar.
Vou mandar servir — disse Olívia.
— E Glória? — indagou Antero.
— Está lá em cima no quarto do menino.
Disse que ia arrumar as coisas dele.
— Vou falar com ela.

Antero subiu ao quarto de Eriberto, onde Glória estava colocando as roupas de Eriberto em uma mala.
Ao entrar ali ele sentiu-se emocionado e seus olhos encheram-se de lágrimas.

Vendo-o, Glória abraçou-o dizendo:
— Vamos levar tudo que é dele para nossa casa.
Quero deixar tudo pronto para quando ele voltar.
Assim, não precisará ficar aqui nem mais um dia.
— Não sei quando será isso.
Não tivemos ainda nenhuma notícia.

— Estive conversando com Josefa.
Ela vai morar connosco.
— Temos que falar com mamãe sobre isso.
— Sua mãe vai dar graças a Deus por ela ir embora.
Josefa me contou que D. Olívia não a suporta e implica com o menino.
Ele não tem sido feliz aqui.

— Não diga isso. Meu pai o adora.
— Mas passa muito tempo fora trabalhando.
Ela aproveita para maltratar o menino.

Antero sentiu um aperto no peito.
Ia retrucar mas mudou de ideia.
Muitas vezes ele surpreendera a mãe maltratando não apenas os empregados mas Antónia, que era da família, e sendo áspera com Eriberto, referindo-se a ele de modo ofensivo.

De boa índole, ele não queria aceitar que sua mãe era uma mulher arrogante e má.
Pela primeira vez começou a pensar que sua tolerância com as atitudes dela poderiam ter prejudicado Antónia.
Se sua mãe fosse diferente, talvez ela não houvesse saído de casa e tudo teria se arranjado de outra forma.

Ela não parecia preocupada com o destino de Eriberto.
Glória tinha razão.
Quando o encontrassem, eles o levariam directo para sua casa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:51 am

Olívia apareceu na porta do quarto dizendo:
— O almoço está servido.
Arrumar as coisas dele é perda de tempo.

— Por que está dizendo isso?
Sabe de alguma coisa? — indagou Glória olhando-a fixamente.
— Claro que não.
Eu disse isso porque não sabemos quando ele vai aparecer, se aparecer.

— A senhora parece feliz por ele ter desaparecido — respondeu Glória nervosa.
— O que está acontecendo com você?
Nunca falou assim comigo!
É claro que estou preocupada com o menino.
Mas sou controlada.

— Vamos parar com isso.
Estamos todos nervosos.
É melhor irmos almoçar - interveio Antero.

Olívia saiu dali pensando em Josefa.
Ela havia ido com Glória arrumar as roupas do menino.
Com certeza falara mal dela para sua nora.
Essa era outra que ela queria ver longe de sua casa.
Quanto antes, melhor.

— Eu já terminei mesmo — disse Glória.
Vamos descer.
Gostaria que o motorista colocasse essas malas em nosso carro.

Antero concordou e eles desceram.
Almoçaram em silêncio.
Depois foram para a sala esperar as notícias.

Antero ligou o rádio para ouvir os anúncios enquanto Artur ligou a televisão.
Vendo o retrato de Eriberto no noticiário das duas horas, Artur se emocionou.
Seu menino! Onde estaria? Pensou em Antónia.
Que destino triste o deles!

Glória aproximou-se dele colocando a mão em seu ombro:
— Ele vai voltar, Dr. Artur.
Deus é grande. Estou certa disso.
— Quisera ter a sua fé.
— Ele vai ser o filho que eu não tive.
Vou cuidar dele com muito amor.
— Você é muito boa, minha filha.
— Não é bondade. Ele vai me dar muito mais do que eu a ele.
— Estou certo de que será uma boa mãe.

Antero aproximou-se:
— Já estão anunciando na rádio.
— Passou agora na televisão — disse Artur.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:51 am

— Agora só nos resta esperar.
Vou ligar para o escritório.
Ver como estão as coisas e saber se alguém ligou — tornou Antero.

Começou para eles a angustiante espera.
Haviam tomado todas as providências e não lhes restava senão esperar.
Passava das quatro quando o telefone tocou.
Antero atendeu ao primeiro toque.

— Quero falar com o Sr. Antero.
— Sou eu, pode falar.
— Aqui fala da rádio Tupi, acho que encontraram seu filho.
— Ele está bem?

— Parece que sim.
— Onde está ele?
— Na cidade de Santos.
Uma senhora o encontrou vagando na rua e o recolheu.
Ouviu nossa rádio e ligou dando o endereço.
Nossos repórteres já estão a caminho.

— Irei imediatamente. Me dê o endereço.

Glória estendeu a ele papel e caneta.

As mãos dele tremiam e Glória disse:
— Eu anoto. Pode falar.

Ele foi repetindo o endereço e ela anotou tudo.
Artur, emocionado, estava junto deles.

— Graças a Deus. Eriberto foi encontrado.
Parece que está bem.
— Eu vou com você — disse Artur.
— Eu também — disse Glória.
— Não, você vai para casa arrumar tudo.
Leve Josefa. Nós vamos com o carro do papai.

Olívia, pálida, ouvia tudo na porta da sala.
Procurou dissimular a contrariedade.
Não podia despertar suspeitas.
Tratou de fingir contentamento.

Aproximou-se dizendo:
— Finalmente!
Que bom que o encontraram.
Ele está bem?
— Está — respondeu Artur satisfeito.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:52 am

Vendo Josefa mais atrás tremendo de emoção, ele continuou, dizendo a ela:
-Arrume suas coisas.
Você vai para a casa de Antero esperar Eriberto.

Ela concordou com a cabeça.
Estava emocionada demais para falar.
Correu para acabar de arrumar sua mala.

Artur foi se vestir e Antero, enquanto verificava se estava com documentos, dinheiro, disse à mãe:
— Vamos levá-lo directamente para nossa casa.
Josefa vai junto para cuidar dele.

— Vou sentir falta dele — disse ela.
— Você já fez o bastante por ele.
É meu filho e minha responsabilidade.
Se eu soubesse antes, já o teria levado.

Artur já estava pronto e eles saíram apressados.
Queriam chegar em Santos antes de anoitecer.
Josefa rapidamente arrumou seus pertences e foi com Glória para casa.

Olívia, quando se viu sozinha, deu livre curso à irritação.
Toninho havia fracassado. Isso não podia ficar assim.
Dera-lhe muito dinheiro e já havia preparado o restante para dali a alguns dias.

Iria falar com ele. Teria que devolver o dinheiro.
Planeou ir procurá-lo imediatamente mas pensou melhor e resolveu esperar alguns dias até que o caso estivesse esquecido.
A polícia fora chamada e ela não podia despertar suspeitas.

Eram quase seis horas quando o carro de Artur estacionou em frente à padaria do seu Manuel, que fora dada como referência.
A rua estava movimentada e as pessoas aglomeravam-se um pouco adiante.

Antes que Antero descesse do carro, um rapaz aproximou-se:
— O senhor é o pai do menino?
A casa de D. Eunice é ali em frente.
Os repórteres já chegaram.

Antero agradeceu e levou o carro até a casa indicada.
Os dois desceram ansiosos, abrindo espaço entre as pessoas, um fotógrafo tirou algumas fotos fazendo perguntas mas eles nem prestaram atenção.

Queriam ver Eriberto. Entraram.
O menino brincava com os dois filhos de Eunice, olhando admirado para as pessoas curiosas que estavam em volta.

Vendo Artur, correu para ele dizendo:
— Tio Artur! Tio Artur!

Artur abriu os braços, Eriberto atirou-se neles.
Artur o abraçou com alegria.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:52 am

Quando conseguiu dominar a emoção perguntou:
— Você está bem?
— Estou. D. Eunice é muito boa.
Só então viu Antero ao lado, sorriu para ele:
— Você também veio!

Antero estendeu os braços e o menino mergulhou neles contente.
Por alguns instantes Antero não conseguiu falar.
Era seu filho e estava em seus braços!

Os dois repórteres aproximaram-se querendo entrevistá-los mas Artur tomou:
— Mais tarde.
Antes queremos conhecer a dona da casa e saber o que aconteceu.
Eriberto, já no chão, segurou a mão de Artur dizendo contente:
— Venham, vamos falar com ela.

Eunice, olhos cheios de lágrimas, estava muito emocionada.
Seus dois filhos foram ficar ao lado dela.

— Esta é D. Eunice — disse Eriberto - estes são meus amigos João e António.
Eles me ensinaram a jogar bola.
Artur estendeu a mão para Eunice dizendo emocionado:
— Obrigado por ter cuidado tão bem do nosso menino.
Seremos gratos pelo resto da vida.
Este é meu filho Antero.

— A senhora não sabe o bem que nos fez.
Que Deus a abençoe.
— Ele é um menino educado e gentil.
Nós gostamos muito dele.

Depois ela contou como o encontrara correndo, assustado, e ele lhe contara sobre o sequestro.

— Meu marido está trabalhando e só vai chegar às sete.
Eu ia esperar ele chegar para ir comigo à polícia.
Então ouvi a rádio e fiquei tão nervosa que não anotei o telefone que eles deram.
Não temos telefone, fui à padaria falar com seu Manuel.
Ele é muito nosso amigo, foi ele quem ligou para a rádio e deu nosso endereço.

Antero e Artur abraçaram seu Manuel agradecidos.

— Ele deu uma bandeja de doces para nós — disse Eriberto sorrindo.
Eu já comi dois.

Todos riram e seu Manuel procurou disfarçar a emoção.
Depois pediram a Eriberto para contar novamente tudo desde que Josefa o pegou na saída da escola.
Em poucas palavras ele contou e Antero perguntou onde ficava a casa em que ele estivera dormindo.

— Eu não quero ir lá.
Tenho medo — reagiu ele.
Você não vai mais lá — garantiu Artur.
Nós vamos mandar a polícia.
— Esta história não está clara — disse Antero.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:52 am

— Concordo — interveio seu Manuel.
Por que eles iam roubar o menino e depois ir embora sem pedir resgate nem nada?
Se quiserem, vou telefonar à polícia.
O delegado daqui é meu amigo.
— É bom mesmo — respondeu Antero.

Ele saiu e os repórteres queriam informações sobre a família e Artur olhou para Antero sem saber o que dizer.
Ele não queria chocar Eriberto revelando que Antero era seu pai.

Por isso, desconversou:
— Estamos cansados.
Passamos a noite em claro e o dia não foi nada fácil.
Temos que esperar a polícia e obedecer aos quesitos legais.
Mais tarde eu prometo que conto tudo.

— É que o meu jornal quer publicar esta matéria na edição de amanhã cedo.
Eu preciso fechar ainda hoje.
— Prometo que antes de ir embora eu anoto tudo para você.

O marido de Eunice entrou assustado.
Ela o apresentou a todos e contou o que tinha acontecido.
Ele estava acanhado mas satisfeito.
Sua esposa fizera uma boa acção.

Artur, observando o rosto dele cansado, notando o barulho que as pessoas estavam fazendo, tomou uma decisão.

Escreveu as informações sobre a família, revelando a paternidade de Antónia e Antero, entregou aos repórteres dizendo:
— Eis o que prometi.
Agora peço que saiam, nos deixem sozinhos.
— Queremos esperar a polícia, ver a casa — disse um deles.

— O Sr. Mário chegou cansado do trabalho e tem o direito de jantar em paz.
Saiam todos, só vou trocar algumas palavras com eles e sairemos em seguida.
Vamos esperar o delegado lá fora.

Mário quis protestar mas Antero o impediu:
— Papai tem razão.
Estamos invadindo sua casa.

— Estou contente por vocês estarem aqui, terem encontrado seu filho.
Se acontecesse comigo, acho que ficaria louco.
— Vão esperar lá fora — pediu Artur escancarando a porta e todos foram saindo.

Assim que ficaram sozinhos ele a fechou dizendo:
— Eu queria ficar a sós com vocês para cumprir o que prometi.
— O que foi?— indagou Mário.
— Uma gratificação a quem desse notícias do nosso menino.
— Nós não queremos nada!
Eu fiz isso por ele e faria por qualquer outro — disse Eunice.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:52 am

— Eu sei, D. Eunice. A senhora é uma pessoa boa.
Além de cuidar dele, deu carinho, amor.
Isso não tem preço — tornou Antero.

— Não mesmo. Não há no mundo dinheiro que pague o que a senhora fez.
Mas nó estamos gratos, comovidos com sua atitude, queremos retribuir de alguma forma — disse Artur.
— A que horas você sai para o trabalho? — indagou Antero.
— Às seis.

— E volta às sete da noite.
— É verdade. Trabalho longe de casa.
Tenho que sair cedo.

— Esta casa é alugada?
— Sim. É para onde vai boa parte do meu salário.
— Têm dois filhos na escola — continuou Antero.
Você é um trabalhador muito esforçado.

— Faço com gosto, minha riqueza é minha família.
Sou um homem feliz.

Artur sorriu, tirou o talão de cheques do bolso, sentou-se, preencheu um cheque, dobrou-o entregando-o a Mário dizendo:
— De hoje em diante você não vai mais pagar aluguel.
Compre uma casa.

Ele abriu o cheque com mãos trémulas e quis falar mas não conseguiu.

Eunice olhou o cheque e não se conteve:
— Tudo isso?
Meu Deus, estamos ricos!
— Quero que saibam que somos seus amigos de verdade.
Não queremos perder vocês de vista.
Deixaremos aqui nosso endereço mas dentro em breve voltaremos para visitá-los.
Quero trazer Glória, minha esposa.
Ela ficará feliz em conhecê-los.

Seu Manuel abriu a porta e espiou.

— Não quero interromper, mas o delegado está vindo.
Quer cuidar do caso pessoalmente.
— Entre, seu Manuel — disse Eunice.
- Quando eu contei tudo, ele também achou ocaso estranho.
Quer investigar porque acha que eles podem querer pegar o menino de novo.

— Deus nos livre! — exclamou Eunice.
— Isso não vai acontecer — garantiu Antero.
Cuidaremos muito bem dele.
— É bom mesmo investigar.
Só descansarei quando prenderem os raptores e descobrirmos a verdade — reforçou Artur.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:53 am

A polícia chegou logo e eles pediram que levassem Eriberto para indicar a casa.
Apesar de a noite já haver escurecido as ruas, Eriberto localizou a casa e a polícia entrou, permitindo apenas a presença de um investigador.

Eles ficaram esperando do lado de fora.
Sob a fraca luz do quarto, eles examinaram tudo, não encontrando nenhuma prova significativa, apenas os documentos falsos.
Fecharam a casa, pregando a porta e a janela para que ninguém entrasse, e prometeram continuar a investigação na manhã seguinte.

Apesar de cansados, eles tiveram que ir até a delegacia registrar a ocorrência.
Passava da meia noite quando iniciaram a viagem de volta.
Eriberto dormia no banco de trás enquanto Antero dirigia o carro ao lado de Artur.

Apesar de cansados, eles estavam satisfeitos.
Conforme os amigos espirituais haviam dito, tudo acabara bem.
O que eles não perceberam é que o espírito de Antónia estivera ao lado de Eriberto o tempo todo, protegendo-o com amor, e ainda estava lá, velando seu sono, acariciando sua cabeça de quando em quando.

Eram quase duas horas da manhã quando o carro de Artur entrou na garagem na casa de Antero.
As luzes ainda estavam acesas indicando que Glória e Josefa esperavam acordadas.
Ouvindo o ruído do carro, elas desceram imediatamente.

Vendo a ansiedade delas, Antero disse logo:
— Ele está dormindo no carro. Está muito bem.
— Graças a Deus! — exclamou Glória emocionada.

Josefa abriu a porta do carro, segurou a mão de Eriberto, que dormia profundamente, beijando-a com carinho.
Sua emoção a impedia de falar.

Vendo que ela se preparava para carregá-lo, Antero interveio:
— Deixe comigo, Josefa.
Vou colocá-lo na cama.

Ele entrou com Eriberto no colo e levou-o para o quarto, colocando-o na cama.
Josefa aproximou-se colocando a mão sobre a testa dele.

— Ele está muito bem.
A mulher que o recolheu cuidou dele.
Está alimentado e limpo — informou Antero.
— Mas esta roupa não é dele — respondeu Josefa.

— É de um dos filhos de D. Eunice.
As dele estavam sujas.
— Vamos deixá-lo dormir — tomou Artur.
Ele precisa descansar. Vou para casa.
Amanhã virei para conversarmos.

Ele despediu-se satisfeito.
Notou o carinho com o qual Glória arrumara o quarto e ficou contente.
Agora ele estava onde sempre deveria ter estado.
Pensou em Antónia.
De agora em diante, ela poderia descansar em paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:53 am

Contudo, Antónia não pensava em ir embora.
Sentia-se feliz velando por ele.
Era como se ela estivesse fazendo agora o que não tivera coragem de fazer quando ele nasceu.

Ela não viu que um casal de espíritos iluminados a observavam emocionados.
Eles haviam ido lá dispostos a levá-la de volta.
Contudo, perceberam que a energia dela havia melhorado muito.
Exercendo sua função de mãe, vibrara tanto amor que as feridas que ainda trazia no corpo astral por causa do suicídio haviam diminuído muito.

— Vamos dar-lhe um pouco mais de tempo — pediu a mulher.
Ao que ele respondeu:
— Está bem. Só um pouco mais.

Eles continuaram observando em silêncio enquanto o espírito de Antónia notava com satisfação o carinho com que Josefa ajeitava Eriberto na cama.

Vencido pelo cansaço, ele continuava dormindo.
Glória colocara a cama de Josefa no quarto de vestir conjugado com o de Eriberto.
Ela pretendia reformar a casa, para dar mais conforto a ambos.

Antero, segurando a mão de Glória, aproximou-se do leito de Eriberto dizendo:
— Venha, Josefa.
Vamos agradecer a Deus por haver nos trazido Eriberto de volta.

Eles ajoelharam-se ao lado da cama e com voz trémula Antero fez emocionada prece de agradecimento, por Deus haver lhes dado esse filho e devolvê-lo são e salvo.

A um canto, Antónia emocionada acompanhava a oração.
Os dois espíritos de luz haviam se aproximado do grupo, e mãos estendidas oravam com eles.
Uma luz muito clara desceu do alto e os envolveu.

Quando eles deixaram o quarto, Glória comentou:
— Estou tão feliz que todo o meu cansaço foi embora.
— Eu nunca me senti tão bem.

— Ele já sabe que você é o pai?
— Ainda não.
Amanhã conversaremos com ele, contando.
Papai ficou de vir assim que acordar para nos ajudar.

Abraçados, eles foram para o quarto, e logo estavam dormindo em paz.
Josefa deitou-se e logo adormeceu.
Antónia ficou ali, tomando conta do corpo dele adormecido.

O dia estava amanhecendo quando ela viu que o espírito de Eriberto, de mãos dadas com Josefa, entrava no quarto.
Vendo-a, eles pararam curiosos.

Feliz por poder falar com ele, Antónia aproximou-se abraçando-o enquanto dizia emocionada:
— Quem é você? indagou o menino.
— Antónia, sua mãe.
— Você morreu — disse ele assustado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:53 am

— Meu corpo morreu.
Mas eu continuo viva em outro lugar.
Quero dizer que eu o amo muito e vou ficar do seu lado para protegê-lo.
Nada de mau vai mais acontecer.

- Eu queria muito conhecer você.
— Agora você já conhece.
Josefa os olhava espantada.
— Sou muito grata a você pelo que tem feito pelo meu filho.
Deus a abençoe.
E voltando-se para Eriberto continuou:
— Lembre-se de que eu o amo e sempre amarei.

Beijou-o na testa com carinho e Josefa lembrou que a mãe de Eriberto estava morta.
Ficou com muito medo.

Segurou a mão dele dizendo:
— Venha, temos que voltar.

Eriberto acomodou-se em seu corpo adormecido enquanto ela foi para o quarto próximo e acordou em seguida.
Ainda assustada, levantou-se e foi ter com Eriberto.

Vendo que ele dormia em paz, ela considerou:
— Foi só um sonho.
Não tenho com que me preocupar.

E voltou a deitar para tentar dormir mais um pouco.

A notícia correu célere.
O noticiário da noite anterior e da manhã seguinte falava do caso de Eriberto.
Olívia leu os jornais logo cedo.
Pelo noticiário, a polícia não tinha nenhuma pista.
Que ideia idiota a deles, abandonando o menino tão perto.

Por que teriam feito isso?
Toninho garantira que o casal era de confiança.
Mas ele não perdia por esperar.
Teria que devolver parte do dinheiro.

Artur acordou às dez e meia, vestiu-se e desceu para o café.

Vendo-o, Olívia disse contente:
— Ainda bem que tudo voltou ao normal.
Ele contou como foi?
— Contou.
— Eu li no jornal. Foi assim mesmo?
— Ainda não vi o noticiário, mas deve ter sido.
— Acabei nem vendo o menino.
Vocês o levaram directo para a casa de Antero.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:53 am

— Eles acharam melhor.
Afinal, Eriberto deveria estar com eles desde o começo.
Quero tomar um café. Preciso sair.
— A mesa ainda está posta. Vou mandar servir.
— Se demorar, tomo qualquer coisa na rua.
— Pode sentar-se que já vai ser servido.

Ele foi à copa, sentou-se.
O café estava na térmica e ele se serviu.
Olívia sentou-se ao lado dele querendo puxar conversa.

— Não vai me contar os detalhes?
— Os jornais já devem ter dito tudo.
Ela remexeu-se na cadeira, hesitou um pouco e depois considerou:
— Você acredita que Glória esteja sendo sincera?
Que está satisfeita de recolher em sua casa o filho do marido com outra mulher?
Ninguém gosta de ser traída.

Artur procurou controlar a irritação.
— Glória é uma boa moça.
Deseja muito ser mãe.

Olívia meneou a cabeça negativamente.

Antes que ela continuasse, Artur disse sério:
— Não julgue os outros por si.
Eles estão felizes e tudo está certo do jeito que está.
Agora preciso sair.

Antes que ela protestasse por ele não haver comido nada, ele levantou-se e se afastou.
Durante o trajecto para a casa de Antero ele pensava que a cada dia estava ficando mais difícil suportar a maldade de Olívia.
Seus comentários faziam-lhe mal. Até quando suportaria?

Quando chegou à casa de Antero, eles já haviam tomado café e Eriberto sentado no colo de Glória ouvia atento uma história que ela estava lendo em um livro de figuras coloridas.
A cena carinhosa comoveu Artur.
Vendo-o entrar, ela parou de ler e o menino correu a abraçá-lo.

Antero entrou na sala dizendo:
— Estávamos a sua espera.
— Eu sei. Temos que conversar com Eriberto.
Ele precisa saber de tudo.

Segurando a mão de Eriberto, Artur fê-lo sentar-se no sofá e sentou-se a seu lado.
Antero e Glória acomodaram-se nas poltronas na frente deles.

Artur tirou do bolso uma foto de Antónia, mostrou-a ao menino dizendo:
— Esta é sua mãe, que morreu quando você era muito pequeno.

O menino apanhou a fotografia, olhando-a ansioso por alguns instantes.
Depois algumas lágrimas rolaram pelo seu rosto.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:54 am

— Ela era bonita, não acha? — continuou Artur sorrindo.
— Muito — respondeu Eriberto sem desviar os olhos da foto.
Eu queria muito que ela não tivesse morrido.

— Nós também.
— Então era ela mesmo.
Eu sabia que era ela.

Antero interessou-se:
— Era ela quando?
— Esta noite, eu sonhei que ela estava no meu quarto.
Ela disse que está me protegendo.

Artur olhou-o preocupado:
— Você não a conhecia, como sabe que era ela?
— Porque ela disse que era minha mãe e é igual ao retrato.
Pergunte a Josefa.
Ela estava comigo e também viu.

— Está bem — concordou Artur e continuou:
— Nós vamos contar a história dela, que é também a sua e de Antero.
Não contei antes porque você era ainda pequeno e não ia entender.
Agora, está crescido e é hora de saber.
— Eu já fiz seis anos! — disse o menino levantando a cabeça com altivez.

— Isso mesmo.
Sua mãe era filha de minha irmã Bernardete, que morreu quando Antónia estava com catorze anos e ficou sozinha no mundo.
— E o pai dela?

— Também havia morrido quando ela era pequena.
Então, eu era seu tio e a levei para morar em nossa casa.
Naquele tempo, Antero não havia se casado com Glória.

Sem contar para ninguém, Antónia começou a namorar Antero.
Mas o namoro não deu certo.
Antónia não se dava muito bem com Olívia e resolveu morar em outro lugar.
Antero, que conhecia Glória desde criança, começou a namorá-la e se casaram.

Eriberto ouvia atento.
O assunto era delicado e Artur escolhia as palavras com cuidado.

— Eu ia sempre visitar Antónia e fiquei sabendo que ela ia ter um filho e que Antero era o pai.

Artur calou-se e Eriberto olhou para Antero admirado.

Antero não se conteve, aproximou-se do menino, abraçou-o dizendo:
— Eu sou seu pai, Eriberto!
— Você nunca me disse! — exclamou ele admirado.
— É que eu não sabia.
Mas sempre gostei de você e fiquei muito feliz ao descobrir que é meu filho.
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Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO - Página 13 Empty Re: Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:54 am

Artur interveio:
— Quando você nasceu, Antero já havia se casado e sua mãe não queria que ele soubesse.
Ela pensava que Glória não ia gostar.
Glória aproximou-se:

— Mas ela estava enganada.
Eu estou muito feliz em saber disso.
— Depois que ela morreu, levei você para nossa casa mas não contei nada a Antero porque eu tinha prometido a Antónia que nunca contaria.

— Uma pessoa que conhecia a história me procurou para me contar que você era meu filho.
Eu e Glória ficamos felizes e queremos que você nos aceite como pais e fique morando aqui — disse Antero.
Eu e Glória vamos cuidar de você e fazer tudo para que seja feliz. Você quer?

Eriberto sorriu contente:
— Eu quero.
Mas tio Artur também vem?
— Eu sou seu avô.
Não vou morar aqui mas virei vê-lo sempre.

Eriberto ficou pensativo por alguns instantes, depois exclamou alegre:
— Que bom! Agora eu já tenho pai, mãe, e até avô!
Preciso contar a Josefa.
Ela, que observava tudo parada na porta da sala, entrou sorrindo:
— Estou sabendo. Que coisa boa!

Ele correu para ela, abraçando-a com carinho.

— Eu tenho você!
Agora não falta mais nada.
— Isso mesmo.
Venha, vou lhe mostrar uma coisa que descobri.
— O que é?
— Um trenzinho que anda, apita e solta fumaça.
— Oba! Eu quero ver.

Ele saiu com Josefa e Artur tornou:
— Ele está feliz. Graças a Deus.
Agora vamos cuidar da vida.
Preciso ir para o consultório.
— Eu para a empresa.
Mas antes ainda tenho que tomar algumas providências.

— O que pensa fazer?
— Vou tirar Eriberto do colégio.
Receio que os raptores queiram tentar novamente.

— De facto.
É estranho que tenham levado o menino para abandoná-lo em seguida.
— Talvez tenham se confundido e levado o menino errado.
Seja como for, eles podem querer completar o que não conseguiram.
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Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO - Página 13 Empty Re: Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:54 am

— Seria bom falar com o delegado.
— O daqui? Nem pensar.
Não se mostrou nem um pouco preocupado com o caso.
É perda de tempo. Já o de Santos ficou de investigar.

— Na delegacia eles têm muitas ocorrências e pouco tempo para atender a todas.
Para nossa tranquilidade eu gostaria muito de descobrir os culpados e vê-los na cadeia.
— Eu também.

Glória havia saído da sala.

Vendo que estavam apenas os dois, Antero continuou:
— Vamos investigar por conta própria.
Como assim?
— Vou contratar um detective.
Mas fica entre nós dois.

— Faça isso. Agora preciso ir.
Qualquer coisa, estarei no consultório.
— Eriberto aceitou bem a situação.
— Ele nunca se queixou, mas gostou de descobrir que tem pais.

Artur despediu-se e Antero foi para o escritório.
Havia alguns recados de amigos, mas ele ligou primeiro para Nina.
Ela era responsável por tudo de bom que estava acontecendo em sua vida.

Contou-lhe tudo e finalizou:
— Agora vou ligar para D. Mercedes.
Informe o Dr. Dantas como estão as coisas.
Diga-lhe que estou muito grato a todos.
Estou certo de que tudo ficou bem graças à ajuda espiritual.
Hoje à noite irei com Glória à sessão.

— Estou feliz por vocês.
— Espero que seu caso também se resolva e que todos fiquem felizes, como nós estamos.
— Obrigada, Antero.

— Eu estava preocupado em contar a verdade a Eriberto.
Não sabia como ele iria reagir ao saber que tinha um pai que durante tantos anos se omitiu.
Eu lhe disse que não sabia de nada, mas mesmo assim temia que me cobrasse.
Mas não foi o que aconteceu.

— Não? Como ele reagiu?
— Ficou feliz por ter mãe, pai e até avô.
Meu pai chegou a conclusão que, embora ele nunca houvesse se queixado, sentia falta da presença dos pais.
— Seu caso é diferente do meu.

— Você me disse que ia contar tudo a Marcos.
— Eu vou. Mas tenho medo. Eu menti pra ele.
— Coragem. Ele vai ficar feliz e você aliviada.
Acabe logo com esse tormento.
— Vamos ver.
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Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO - Página 13 Empty Re: Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 21, 2013 9:54 am

Nina desligou o telefone pensativa.
Não acreditava que seu caso tivesse boa solução.
Sabia que teria de ceder, uma vez que André tinha direito de se relacionar com Marcos.
Mas jamais ficaria feliz em dividir seu afecto com André.
Durante o resto da tarde Nina não conseguia esquecer as palavras de Antero.

“Coragem. Ele vai ficar feliz e você aliviada.
Acabe logo com esse tormento”.

De facto, ela se atormentava com esse assunto, sabia que precisava conversar com Marcos, mas continuava adiando.
Quando acabou o expediente, Nina foi para casa.

Ao entrar, Marcos correu para ela dizendo:
— Mãe, eu vi o Eriberto na televisão.
O pai e o avô dele também.
Eu sabia que ele seria encontrado logo.
Marta me contou que ele pensava que era órfão e que o pai dele não sabia que tinha esse filho.
Será que ele já sabe que Antero é seu pai?

Nina sentiu um aperto e ficou angustiada.

Procurou tomar a voz natural ao responder:
— Antero me ligou dizendo que ele já sabe de tudo.
— Puxa! Ele deve estar muito feliz!

— Você acha?
— Claro. Antes ele não tinha ninguém.
Agora tem pai, mãe, avô, uma família.
— É verdade. Agora vou tomar um banho e me arrumar para ir .
— Eu também vou. Você prometeu.
— Está bem.

Pouco antes das sete, Nina chegou com Marcos à casa do Dr. Dantas.
Ela relutara em ir por causa de André, mas por outro lado sentia que precisava muito da ajuda espiritual.

Estava angustiada, insegura, inquieta.
Aquele ambiente de paz e harmonia iria serenar seu coração.
Quando eles entraram, André e Milena já estavam.
Eles se levantaram para cumprimentá-los e Nina notou o prazer com que Marcos os abraçou.

Todos comentavam alegres o caso de Eriberto e, quando Antero entrou com Glória, foi rodeado por todos desejosos de abraçá-los.
Ambos estavam sensibilizados com o carinho deles e principalmente com a lembrança de que há apenas dois dias eles haviam estado lá, angustiados, desesperados, temendo pela vida de Eriberto.

Era hora de agradecer.
Antero relatou os detalhes do caso e verificaram que todas as informações dos médiuns se confirmaram.

Marcos, ao saber que o menino havia sido encontrado em Santos, exclamou:
— Eu vi que a terra era arenosa.
Devia ter concluído que ele estava no litoral.
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Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO - Página 13 Empty Re: Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:48 am

Marta abraçou-o dizendo séria:
— Quando você tiver uma vidência, deve relatar apenas a cena que viu.
Não deve interpretar ou querer ir além, porque pode se enganar.
Bons médiuns se perdem fazendo isso e acabam desacreditados.

Estava na hora de começar a sessão e todos se sentaram em seus lugares.
Mercedes fez comovida prece de agradecimento pelo regresso de Eriberto são e salvo.
Depois da leitura do tema e os estudos da noite, as luzes foram apagadas novamente e o espírito de Bernardete se comunicou através de Milena.

— Desejo agradecer a ajuda que nos deram permanecendo em vigília naquela noite.
Assim, conseguimos influenciar as pessoas que estavam com o menino.
Devo dizer que o espírito de Antónia estava ao lado dele todo o tempo, tentando protegê-lo.
Ela estava disposta a tudo para impedir que eles fizessem o que pretendiam.

Havia na casa uma mulher que queríamos influenciar.
Como ela é muito materialista, precisávamos das energias dos encarnados, que somadas às nossas conseguiriam sensibilizá-la.
Por isso pedimos que em dado momento todos se juntassem para vibrar.
Unindo nossas forças, com a ajuda de nossos maiores, conseguimos que Antónia em sonho se encontrasse com essa mulher, conscientizando-a de seus erros.

Ela ficou muito assustada e quando acordou convenceu o companheiro a desistir do menino.
Eles o abandonaram e foram embora com o dinheiro, que afinal era o que eles queriam.

— Dinheiro? — tomou Antero.
Nós não demos nada.
— Pode nos dizer alguma coisa sobre isso? — indagou Mercedes.

— Ainda não.
Acompanhamos à distância e agora o menino está salvo, permitimos que Antónia nos visse e a convencemos a voltar para seu tratamento.
Ela está mais calma, nos pediu mais um ou dois dias para ficar com o filho e prometeu que depois voltará connosco.

Devo dizer que a encontramos melhor, apesar de haver fugido do hospital.
Segundo observamos, durante o tempo em que ficou ao lado do filho, sem saber o que iria acontecer, temendo por sua vida, o envolveu com tanto amor, que todo o sentimento que havia represado desde o seu nascimento fluiu, envolvendo-os.
E o sentimento desse amor puro e intenso a permitiu ligar-se com os seres mais elevados, o que mudou completamente sua situação espiritual.

— O amor cobre a multidão de pecados — sentenciou Mercedes emocionada.
— É verdade. Esse contacto com vibrações superiores a fez sentir que pode ser feliz.
Arrependeu-se do que fez e está disposta a assumir os resultados de suas atitudes.
Sabe que o sentimento de amor que carrega no coração lhe dará forças para aprender o que precisa e seguir em frente.
Serei eternamente grata por tudo quanto fizeram por minha filha.
Deus os abençoe.

Milena calou-se e eles continuaram orando em silêncio.
Pouco depois um rapaz começou a falar sobre os benefícios do perdão incondicional, afirmando que quem perdoa recebe mais graça do que quem é perdoado.
Mercedes fez ligeira prece de agradecimento e encerrou a reunião.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:49 am

Depois de comentarem as mensagens, tomarem a água que estava sobre a mesa, foram se despedindo.
André conversava com Marcos animadamente enquanto Nina os observava com certa preocupação.

Antero aproximou-se de Nina, que conversava com Mercedes, dizendo:
— Esperei porque desejo fazer-lhe um convite.
No sábado vamos fazer um jantar para celebrar a vinda de Eriberto.
Gostaríamos que estivessem connosco.

— Iremos com prazer — respondeu Mercedes sorrindo.
Voltando-se para Nina ele perguntou:
— Você irá com Marcos, não é?
— Iremos, sim.

Marcos, que estava se aproximando, exclamou:
— Oba! Eu quero muito conhecer Eriberto.

Atrás dele estavam André, Marta e Milena.
Antero reiterou o convite dizendo que fazia questão de que todos fossem.
Depois se despediram e Nina foi com Marcos para o carro.

André aproximou-se com Milena e antes que ela entrasse no carro ele convidou:
— Nós vamos comer alguma coisa e gostaríamos que fossem connosco.
— Obrigada, mas temos que ir embora.
Preciso acordar cedo amanhã.
Marcos interveio:
— Eu também estou com fome. Vamos, mãe.

Nina olhou para o filho, para André, os dois esperavam com olhar súplice.

— Está bem. Mas não vamos demorar.
— Eu conheço um lugar muito bom.
Vamos no meu carro — disse André satisfeito.

— Não. Iremos atrás de você.
No carro ao lado de Marcos, Nina tornou:
— Vamos ver se está com fome mesmo.

— Estou, sim.
Mas eu gosto mesmo é de conversar com eles.
Sinto que somos amigos.
— Vocês se conheceram há pouco tempo.
— Acho que somos amigos de outras vidas.

Nina não respondeu.
As coisas estavam acontecendo e o cerco estava se apertando cada vez mais.
Ia chegar um momento em que não poderia mais esconder a verdade.

No restaurante, André mostrou-se alegre, falando sobre os países que havia visitado, seus costumes, e Marcos ouvia com entusiasmo.
Como sempre, Nina teve de reconhecer que André era um conversador brilhante.
Tão envolvente em suas narrativas que por algum tempo Nina chegou a esquecer a situação deles.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:49 am

Passava da meia-noite quando ela consultou o relógio e decidiu ir embora.
— É tarde! Temos que ir.
— Que pena, mãe! A conversa está tão boa!
— Você nunca se contenta. É hora de ir.

André pediu a conta e saíram.

Ao se despedir, Marcos disse a André:
— Você bem que podia continuar o assunto amanhã lá em casa.
Apanhada de surpresa, Nina estremeceu mas interveio:
— O Dr. André é um homem ocupado.
Vamos nos ver sábado na casa de Antero. Esqueceu?

— Vai demorar a chegar o sábado — reclamou o menino.
— Vai passar bem depressa — garantiu Milena sorrindo e beijando Marcos na testa.
Se sentir saudades, tem meu telefone. Pode ligar.

— Você vai se arrepender de dizer isso — tornou Nina sorrindo.
Ele vai abusar.
— Será um prazer falar com ele.
Temos muitos assuntos em comum.

Nina abraçou Milena se despedindo e estendeu a mão a André, que a segurou levando-a aos lábios com delicadeza.

Depois disse:
— Durma bem, Nina.

Ela sentiu o rosto queimar e imediatamente entrou no carro.
Marcos sentou-se a seu lado olhando-a com ar divertido.

Durante o trajecto, vendo que ela não dizia nada, ele tornou:
— Mãe, acho que o André está interessado em você.
Nina tentou dissimular o embaraço.

— De onde você tirou essa ideia?
— Eu vi como ele olha para você e como ele beijou sua mão.
— O Dr. André é um homem bem-educado.
Em sociedade é moda beijar a mão de uma mulher ao se despedir.

— Eu sinto que ele gosta de você.
— Mas eu não gosto dele.
Nunca mais diga isso.
Ele olhou-a admirado:
— Está bem. Não direi mais nada.
Mas que ele gosta de você, isso gosta.

Nina não respondeu.
Uma vez em casa, deitada para dormir, Nina recordou-se de tudo quanto acontecera naquela noite.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:49 am

Marcos tinha razão.
Os olhos de André brilhavam quando a fixavam.
Onde quer que estivesse, surpreendia o olhar dele sobre ela.

Esforçou-se para esquecer esse assunto e dormir.
Contudo as cenas de momentos antes se repetiam diante de seus olhos e era muito tarde quando ela, vencida pelo cansaço conseguiu adormecer.

Na manhã seguinte, assim que Antero chegou à empresa, fechou-se em sua sala e ligou para Octávio, um amigo desde os tempos de colégio.
Embora houvessem seguido carreiras diferentes, a amizade permaneceu.
Octávio tornara-se juiz de direito muito conceituado.

Atendeu imediatamente, e depois dos cumprimentos disse:
— Eu ia mesmo ligar.
Que história foi aquela de filho, rapto, que eu vi nos jornais?
Nunca soube que você tivesse um filho. Aconteceu mesmo?

— Sim. É uma longa e triste história cujos detalhes vou lhe contar depois.
Eu também não sabia que tinha esse filho.
Descobri há poucos dias que o menino adoptado por meu pai era meu filho com Antónia.

— Eu me lembro de sua paixão por ela.
— Pois foi. Eu quis assumir, contei tudo a Glória, que concordou.
No dia em que íamos buscá-lo, ele foi raptado na saída da escola.
Você deve ter lido nos jornais.

— Eu li. Mas achei aquela história muito esquisita.
Quem sequestra visa obter dinheiro.
Tem alguma coisa errada nesse caso.

— Foi o que pensei.
Por isso estou ligando.
Preciso da sua ajuda.
Pretendo continuar investigando por conta própria.
Pode indicar-me alguém que possa fazer isso por mim?

— Posso. Mas não por telefone.
Você pode dar um pulo aqui?
— Irei imediatamente.
Dentro de quinze minutos estarei aí.

Antes de sair, telefonou para o delegado em Santos para saber como estavam as investigações e descobriu que ele havia conversado com o dono das diversas casinhas entre as quais estava a que Eriberto estivera.

Ele as alugava para temporada.
Descreveu o homem que a alugara por uma semana, pagara adiantado, como era praxe, dizendo que era para um casal amigo e seu filho.
O delegado deu a descrição do homem, que Antero anotou, e prometeu continuar investigando.
De posse desses dados, Antero desligou e foi imediatamente ao escritório do amigo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:49 am

Lá, contou tudo nos mínimos detalhes e finalizou:
— Dá para notar que alguma coisa está errada.
Não posso deixar as coisas como estão.
— Concordo. Você tem de descobrir quem foi, mandar para a cadeia.
Eles podem voltar.

— É o que eu penso.
Não creio que a polícia tenha interesse em continuar com as investigações.
Eles têm outros casos mais urgentes para atender.
Eriberto foi encontrado e está bem.

— Eu tenho um amigo que pode oferecer o que precisa.
É discreto e eficiente. É bom agir logo.
Quando eles pegaram o menino, já deviam saber tudo sobre vocês.
Pode se tratar de pessoas próximas, conhecidas, e estarem observando todos os passos da família.
Eu recomendo sigilo absoluto.
Ninguém pode saber o que você pretende fazer.

— Apenas meu pai sabe e combinamos não contar a ninguém mais.
— Está certo. Vou ligar para ele.

Meia hora depois ele chegou e depois das apresentações Antero colocou-o a par de todos os detalhes e o contratou.
Marcelo Ribeiro era um rapaz de trinta anos, alto, claro, que inspirava confiança, olhando nos olhos da pessoa com quem conversava.
Anotou tudo, os nomes das pessoas da família, dos amigos próximos, dos empregados, e a descrição do homem que alugara a casa de Santos.

— Você se lembra de mais alguma coisa?
Às vezes um pequeno detalhe esquecido pode solucionar um caso.

Antero hesitou um pouco, depois declarou:
— Bem, há um detalhe que não mencionei porque se trata de uma crença íntima na qual até há pouco tempo eu não acreditava, mas que precisei aceitar diante das provas que tive.
— Conte, o que foi? — indagou Octávio.

Antero, que em sua narrativa havia omitido a parte espiritual, relatou tudo, inclusive como Nina ficara sabendo que o menino era seu filho até a ajuda durante o sequestro.

E finalizou:
— Até agora tudo que os espíritos disseram se confirmou, mas ontem eles mencionaram uma coisa que não consigo entender.
- O que foi? — indagou Marcelo.
— Que o casal abandonou o menino porque tinham o dinheiro, que era o que eles realmente queriam.
Mas nós não pagamos nada.
Seria a primeira vez que eles se enganaram.

— É caso para pensar — disse Marcelo.
— Se eles acertaram em tudo, isso também pode ser verdade.
— Se for verdade, muda completamente o caso — comentou Marcelo.

— Como assim?
— Alguém pode ter pago a eles para levarem o menino.
Quem faria uma maldade dessas com uma criança? — perguntou Antero assustado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:50 am

— Alguém que não goste de vocês.
Alguma vingança.
- Nós não temos inimigos.
Meu pai é médico muito estimado e eu nunca tive inimigos.

- Nesse caso, alguém que não goste do menino e queira afastá-lo da família.
A única pessoa que implicava com Eriberto era sua mãe.
Esse pensamento passou rapidamente pela cabeça de Antero mas ele o repudiou horrorizado.
Ela nunca seria capaz disso.

— Eu gostaria de conhecer o resto da família e seus amigos mais próximos — disse Marcelo.
— Seria bom. Você pode apresentá-lo como um amigo.
Marcelo é muito bom na análise das pessoas.
— Posso. Mas garanto que lá não vai encontrar nada.
— Mesmo assim, eu gostaria de tentar.

Antero concordou e combinaram que no fim da tarde o levaria para casa e apresentaria a todos como um amigo de passagem pela cidade.

— Esse detalhe do dinheiro é importante.
— A médium pode ter se enganado.
Isso pode acontecer.

— Eu sei que pode.
Mas por outro lado esse detalhe torna o caso mais lógico.
Se não pediram resgate é porque alguém já havia lhes dado dinheiro.

— Eu não havia pensado nisso.
Acha que conseguirá encontrar os raptores?
Não temos muitos elementos.

— Acho que os espíritos estão interessados em que eles sejam localizados.
E isso me deixa quase certo de que vão nos ajudar a encontrá-los.
— Não sabia que você acreditava em espíritos — comentou Octávio.

— Acredito e acho que você também deveria acreditar.
Eles existem e à sua maneira interferem nos factos.
Eu, quando preciso, tenho uma amiga médium que me ajuda.

Antero sorriu satisfeito.
Marcelo era a pessoa certa para cuidar do caso.
Combinaram que no fim da tarde ele passaria pela empresa e Antero o levaria à sua casa.

Eram seis e meia quando ele entrou com Marcelo em sua casa e apresentou-o a Glória como um velho amigo residente no Rio de Janeiro, que, de passagem pela cidade, ficaria durante alguns dias.

Eles conversavam na sala quando Josefa entrou com Eriberto.
Marcelo mostrou-se encantado com o menino, afirmando que tinha um filho da idade dele.
Conforme haviam combinado, Antero pediu licença a ele dizendo que ia tomar um banho e chamou Glória para acompanhá-lo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:50 am

Marcelo apanhou um livro de história infantil que havia sobre a mesinha e perguntou:
— Você gosta desta história?
— Muito. Glória está lendo para mim.

Eriberto apanhou um carrinho que estava em um canto e continuou:
— Meu pai comprou esse carro.
Ele anda, acende os faróis e tem buzina.
— Que beleza! — exclamou Marcelo.

Eriberto, entusiasmado, começou a brincar com o carrinho enquanto Josefa acompanhava discretamente.
Marcelo aproveitou o momento e aproximou-se dela.

— Você está com ele há muito tempo?
— Desde que nasceu, isto é, desde que o Dr. Artur o levou para casa.
— Deve gostar muito dele.
— Adoro. Fiquei quase louca quando o levaram, mas nada pude fazer.
— Estou curioso, como foi?

Josefa relatou o que havia acontecido.

Depois de ouvir com atenção, Marcelo tomou:
— Avalio o desespero dos pais de Antero.
— O Dr. Artur ficou mesmo desesperado, já D. Olívia.
— O que tem ela?
— Bem, ela não gosta de crianças.
Não se importou muito.
— Era o neto deles.

— A gente não sabia que ele era filho do Dr. Antero.
Era segredo. Ficamos sabendo depois.
Mas mesmo assim ela não ligou. O menino tinha medo dela.
O senhor precisava ver o que ela fazia com ele.

Desculpe, eu não deveria estar falando isso.
O Dr. Antero pode não gostar.
Eu adoro o Dr. Artur e aqui, então, D. Glória é um amor.
Eu e Eriberto estamos felizes aqui.
Por favor, não diga nada a eles.

— Não se preocupe. Não direi nada.
Pelo jeito você não gosta dela.

Josefa olhou em volta e vendo que estavam sozinhos disse baixinho:
— Ela tratava o menino com desprezo, não o deixava comer na mesa, nem tolerava a presença dele.
Na frente do Dr. Artur, ela disfarçava.
Eu sofria muito com isso. Eu adoro esse menino.
Ele é meigo, amoroso, isso me doía.
— Você é uma boa moça, Josefa.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:50 am

Glória voltou à sala dizendo a Marcelo:
— Desculpe deixá-lo sozinho, mas Antero parece criança, quer tudo na mão.
— Não se incomode. Sou de casa.

A pedido de Glória, Josefa levou Eriberto para lavar as mãos porque o jantar ia ser servido assim que Antero descesse.
Marcelo conversou com ela, que lhe contou sobre seu desejo de ser mãe, sua frustração e a alegria que a presença de Eriberto lhe trouxera.

— Admiro sua atitude.
Afinal ele é filho de Antero com outra mulher.
— Eu sei. A mãe dele era prima de Antero.
Apesar de amá-lo muito e estar grávida, renunciou a tudo para não atrapalhar nosso casamento.
No lugar dela, eu não sei se seria capaz disso.
Ela morreu e eu quero esquecer o que passou e ser uma boa mãe para ele, que não tem culpa de nada.

— Você foi generosa.
— Nada disso. Eu recebi muito mais do que dei.
Eu estava triste, pensando que não merecia ser mãe.
Então a vida me trouxe Eriberto, provando que me considera capaz de assumir essa responsabilidade.
Me sinto valorizada e feliz.

Antero apareceu na sala e a conversa generalizou-se.
Em seguida o jantar foi servido.
Uma hora depois Marcelo despediu-se.
Antero ofereceu-se para levá-lo ao hotel.

Uma vez no carro, Marcelo tomou:
— Meu carro ficou no estacionamento de Octávio.
— Eu o deixarei lá.
Dei tempo para conversar com todos, mas penso que ainda não tem nada para me dizer.

— Não. Mas a conversa foi bastante proveitosa.
Amanhã gostaria de conhecer seus pais.
— Posso levá-lo ao consultório dele.
— Eu prefiro ir à casa deles.
Quero conhecer os criados.

Antero concordou.
Deixou-o no estacionamento depois de combinarem um horário para a noite seguinte.
Marcelo chegou em casa e pouco depois o telefone tocou.

Era Octávio:
— E então, como foi?
— Bem. Seu amigo tem uma família invejável.
Amanhã vou conhecer os pais dele.
O que pode dizer-me sobre eles?

— Dr. Artur é um encanto. Não posso dizer o mesmo de D. Olívia.
É uma mulher esnobe, implicante, manipuladora.
Mas socialmente é muito respeitada.
Acho que está perdendo tempo com eles.
Não seria melhor investigar o homem que alugou a casa em Santos?
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Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO - Página 13 Empty Re: Série Lúcius - ´Um amor de Verdade / ZÍBIA GASPARETTO

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:50 am

— Confie em mim, Octávio.
— Eu confio. Se tiver alguma novidade, me ligue.

Marcelo desligou o telefone pensativo.
Pegou a lista onde anotara os nomes de todos e foi riscando os de Glória e Josefa.
Elas estavam acima de qualquer suspeita.

No dia seguinte, assim que André chegou ao escritório, encontrou Breno.

— Você já leu os jornais de hoje?
— Não.
— A lei do divórcio foi aprovada. Leia.

André interessou-se, apanhou o jornal e leu.

Depois perguntou:
— O que achou?
— Boa, muito boa.
Tenho certeza de que com o tempo será aperfeiçoada.

— Eu preferia que o divórcio fosse imediato.
Dessa forma teremos de esperar dois anos para obtê-lo.
— Eu vou entrar imediatamente com um pedido de separação judicial.
O tempo passa depressa e logo estarei divorciado e poderei me casar legalmente com Lúcia.

André ficou pensativo durante alguns minutos.
Ele também estava separado mas não tinha esperanças de Nina o aceitar de volta.
Mas, ainda assim, queria ver-se livre de Janete o quanto antes.

— Acho que farei a mesma coisa.
— Tenho certeza de que Anabela vai concordar, foi ela quem resolveu se separar.
Mas Janete não vai aceitar.

— Ela não pode fazer nada.
Estamos separados e não pretendo voltar, terá que aceitar.
Vou entrar na justiça.

— Acho que o melhor seria ir conversar com ela e conseguir que ela concorde.
— Preferia não vê-la, nem discutir esse assunto de novo.
— Resolver de comum acordo sempre será mais fácil e menos penoso.

André pensou um pouco e decidiu:
— Vou conversar com meus pais.
Eu me separei, eles ficaram cobrando explicações.
Chegou o momento de fazer isso.

— Sua mãe vai tentar demovê-lo.
— Eu sei. Mas agora não sou mais aquele jovem inexperiente.
Sei o que quero fazer de minha vida e não vou me deixar influenciar por ninguém.
Vou procurá-los por uma questão de respeito.
Sei que, no fundo, ambos desejam que eu seja feliz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 22, 2013 9:50 am

Naquela manhã, o Dr. Dantas chegou cedo ao escritório e reuniu-se com Nina para falar sobre o divórcio.

Depois de estudarem o corpo da lei, o Dr. Dantas disse:
— É melhor contratarmos uma ou duas pessoas.
Já imaginou quantos casais desquitados, separados há anos, vivendo uma situação marginal perante a sociedade, vão querer legalizar sua situação?
— De facto. Eu mesma conheço alguns — respondeu Nina sorrindo.

O Dr. Dantas ficou calado durante alguns instantes olhando fixamente para Nina, depois disse:
— André está separado de Janete.
— Lúcia me contou.
— Tenho observado como ele olha para você.
Acho que ele ainda a ama.

Nina corou e desviou os olhos.

— Não creio. O que ele quer é se aproximar de Marcos.
Depois, não está habituado a ser contrariado.
Sempre teve tudo que quis.
Quer derrubar minha resistência, me vencer.

— Não pense assim, Nina.
Não deixe que o orgulho continue destruindo sua vida.
Vocês são jovens, têm muitos anos pela frente.
Eu sei que você nunca deixou de amá-lo.

— André não é confiável.
— Tenho conversado muito com ele, que me abriu o coração.
André mudou, Nina. Não é mais aquele jovem inexperiente.
Agora sabe o que deseja da vida e eu sei que ele quer você e o Marcos.

— Ele disse isso?
— Falou da vontade de ser verdadeiro, assumindo o que sente, de dar um rumo melhor à sua vida, do amor que sente por Marcos e de como gostaria que você o perdoasse.
Eu estou habituado a lidar com as pessoas e garanto que André está sendo sincero, cheio de pensamentos elevados.

— Antigamente eu acreditava que ele fosse assim. Bom, nobre, sincero.
Mas quando menos esperava ele me abandonou deixando sobre meus ombros a responsabilidade de uma criança.

— Ele se arrepende amargamente.
Várias vezes me garantiu que, se pudesse voltar atrás, não faria mais isso.
— Quem me garante que se eu o aceitar ele um dia não fará de novo?
— Ninguém pode garantir nada.
Não sabemos o que nos reserva o amanhã.
Quem pode garantir que você também não vai mudar e pensar diferente do que pensa hoje?

Nina baixou a cabeça pensativa, O Dr. Dantas continuou:
— Ele merece uma nova oportunidade.
Quer reparar o mal que lhes fez.
Eu nunca lhe disse nada porque conheço seus princípios e sei que não quer se relacionar com um homem casado.
Mas agora tudo mudou. Ele será livre.
Aliás, a meu ver, ele já está livre.
Separou-se mesmo sabendo que você não o aceitaria.
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