LUZ ESPÍRITA
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Série Psicológica Vol. 16 - Psicologia da Gratidão/Joanna de Angelis

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 Série Psicológica Vol. 16 - Psicologia da Gratidão/Joanna de Angelis - Página 4 Empty Re: Série Psicológica Vol. 16 - Psicologia da Gratidão/Joanna de Angelis

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 11:25 am

A ingratidão é síndrome de atraso moral e de perturbação emocional que infelizmente sempre grassou na sociedade de todos os tempos.
Herança perturbadora, que procede dos atavismos iniciais do processo evolutivo, mantém o indivíduo no estágio de predador, e está demonstrado que o ser humano é o maior dentre todos os outros, causando sempre prejuízos à natureza, à comunidade, à família e a si próprio...
Esse património infeliz faz parte do conjunto de outros vícios morais e espirituais que fixam as suas vítimas no atraso social. Sombra perversa, prejudica o discernimento do Self, demonstrando o estágio ancestral em que o indivíduo se detém. Ei-lo em pessoas que são muito simpáticas em relação aos estranhos, exclusivamente com o fim de os conquistar, enquanto são grosseiras com aqueles com os quais convivem, que as ajudam em silêncio e dignidade, e que os detestam, porque lhes reconhecem a superioridade. A ingratidão é descendente da inveja mórbida que não consegue perdoar quem se lhe apresenta com recursos superiores aos que porta. E rude de propósito, porque não podendo igualar-se, gera perturbação e desconfiança, a fim de atrair para baixo quem se lhe encontra em situação melhor.
Egotista, o ingrato somente sorri quando pretende lucro e unicamente demonstra gentileza quando espera projecção do ego.
Sob o ponto de vista psicológico, a ingratidão é síndrome de insegurança e de graves conflitos íntimos que aprisionam o ser atormentado.
A gratidão deve ser treinada, a fim de poder ser vivenciada.
Como as heranças perturbadoras predominam nos comportamentos humanos, pela duração do período em que se estabeleceram, é necessário que novos hábitos sejam fixados, substituindo aqueles negativos, até poderem transformar-se em condutas naturais.
A convivência social torna-se, não poucas vezes, muito difícil, exactamente por causa dessas heranças perversas do ego, que recalcitra em abandoná-las, comprazendo-se na censura, quando podia educar, na acusação, quando seria melhor socorrer, na maledicência, quando se torna perfeitamente viável a referência enobrecida, desculpando os acidentes morais do próximo.
O ser humano está em constante evolução como tudo no planeta, melhor dizendo, no Universo. Não existe uma lei de estancamento, pois que esta conspiraria com o fatalismo da evolução e do processo ininterruptos.
Tudo evolui, passando por inúmeras etapas do programa de crescimento.
Sob o ponto de vista moral, esse mecanismo proporciona sempre conquistas novas, enriquecimento interior se o indivíduo encontra-se lúcido para o registro de cada etapa, para a alegria e gratidão pelos novos passos que mais o aproximam da meta proposta, que almeja alcançar.
Transformar, portanto, essas heranças doentias em experiências renovadoras é uma das metas a que se deve dedicar todo aquele que aspira ao bem, ao belo, ao amor, à vida...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 11:25 am

Dignidade e gratidão
Na pirâmide demonstrativa da autor realização apresentada por Abraham Maslow, o eminente psicólogo tem o cuidado de estabelecer uma hierarquia das necessidades humanas, iniciando-as por aquelas de natureza fisiológica, portanto de preservação da vida (alimento, água, oxigénio).
O ser humano, segundo ele, lutará sempre para atender essas necessidades que são fundamentais, num processo de selecção em níveis diferenciados até alcançar o das experiências limites, que passa a ser o clímax do processo de amadurecimento psicológico saudável, portanto ideal.
Nesse grandioso afã, todas as experiências permitem conquistas novas, libertando-se de umas para outras necessidades que abandonam o plano físico para se transformarem em anseios emocionais e idealísticos superiores.
O Dr. Frankl, por sua vez, adoptou a proposta do significado existencial como de maior relevância, considerando que, atingido um patamar de autor realização em determinada área, o indivíduo pode permanecer incompleto noutra; quando, no entanto, se vincula a um sentido psicológico, mais fácil se lhe torna o crescimento interior rumando na conquista da individuação.
Asseverava Epicuro que as pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo.
Nessa atitude epicurista, o ser humano mantém a sua meta existencial, agradecendo tudo quanto lhe aconteceu no pretérito e tornou-se-lhe base para as alegrias da actualidade, dispondo de coragem para os futuros enfrentamentos, certo da conquista da beleza, da ética, da harmonia.
Preparando-se inicialmente para conseguir a vitória sobre as dores físicas, logo percorre o caminho da coragem ante os insucessos emocionais, morais e as demais vicissitudes, numa atitude hedonista que lhe faculta alegrias contínuas e antevisão do porvir abençoado pela superação das ocorrências que infelicitam.
Uma atitude de tal monta reveste-se, sem dúvida, de dignidade, desse valor moral que enriquece aqueles que permanecem fiéis aos postulados do dever e da honra.
Pode-se acrescentar que a dignidade é o resultado das aquisições éticas decorrentes dos comportamentos que se fixam na justiça, na honradez e na honestidade.
Essa conduta digna é sempre a mesma, vigorosa e forte, que suporta a zombaria dos pigmeus morais, não se submetendo ao desconhecimento proposital imposto pelos servos da ignorância e áulicos das situações deploráveis.
Grande número de desfrutadores das oportunidades mundanas, sem nenhuma responsabilidade de fomentar o progresso, sorrindo sempre e parecendo felizes nos carros alegóricos das fantasias, terminam vitimados pela síndrome da ansiedade esquiva, que os atira aos calabouços de conflitos muito graves, especialmente porque tentam disfarçar os medos e as angústias que lhes sitiam o Self, sem o carácter moral para o auto-enfrentamento, do que resultaria o equilíbrio emocional.
Pascal afirmava com sabedoria que a nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos, pois, pensar bem. Nisto reside o princípio da moral.
Evidente é, pois, que todas as construções têm início no pensamento, na elaboração das ideias, na área psicológica. Quando têm por finalidade o desenvolvimento dos tesouros morais, o pensamento enfloresce-se de corretas elaborações, daquelas que promovem o bem, abrindo espaço para a conduta moral.
Mediante esse comportamento que é psicoterapêutico preventivo em relação a muitos transtornos que são evitados, o ser amadurece emocionalmente, dispondo-se a enfrentar quaisquer situações desafiadoras com coragem e ética, jamais se utilizando de expedientes reprováveis para lograr as metas que almeja.
Definindo os rumos da arte de pensar, logo se desenham as avenidas do bem proceder, contribuindo decisivamente para o bem geral.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 11:26 am

Torna-se compreensível a necessidade do comportamento digno, elaborado mediante os pensamentos e as acções saudáveis, incluindo o sentimento de gratidão que se encarrega de envolver tudo nas vibrações da afectividade. Sem essa afectividade que discerne os significados existenciais e os bens decorrentes da experiência humana, desaparecia o sentido psicológico proposto para a jornada.
O homem e a mulher gratos são elementos decisivos na estrutura da sociedade, que mais se valoriza e engrandece, quando se compõe de seres que dignificam a própria condição de humanidade.
O ingrato, por sua vez, torna-se morbo no clã onde vive no conjunto social e em todos os grupos em que se movimenta.
A sua presunção e conflitos, somados com as tendências perturbadoras da inferioridade, estimulam a decomposição do organismo geral, no qual se encontra, na condição de planta parasita devastadora, que surge débil e culmina destruindo o cavalo no qual se hospeda...
A educação firmada em princípios de dignidade estatui a gratidão como norma de conduta saudável, sem a qual se torna difícil, senão impossível, a estruturação de um conjunto humano equilibrado.
Velho hábito vicioso, instala-se nos indivíduos desde a infância, que é o de receber dádivas e não as valorizar, sempre tendo em vista o preço, a grife, a aparência, como se fora credor de todos os sacrifícios dos outros, sem nenhuma consideração pelo que recebem, não demonstrando nenhuma gratidão. Essa conduta egotista trabalha em favor da indiferença afectiva dos demais, que passam a desconsiderar esses ingratos, deles afastando-se e vacinando-se contra o hábito superior da gratidão... Não são poucas as pessoas que, após a desconsideração dos insensatos rebeldes e cheios de si, desanimaram-se nos propósitos de bem servir e de ajudar, receando as recusas, os humores negativos, passando a cuidar dos próprios interesses.
Certamente, aquele que assim procede, dando validade à ingratidão dos enfermos espirituais, ainda não consolidou o sentimento nobre, estando em experiência, em exercício, aguardando resposta favorável ao seu gesto. Mas é natural que assim aconteça, porquanto ninguém atinge o acume de um monte sem iniciar a caminhada pelas suas baixadas...
A medida que ocorre o amadurecimento psicológico e a dignidade atinge alto nível de emoção, nada diminui o comportamento honorável nem o sentimento gratulatório.
Conta-se que certo executivo tinha o hábito de adquirir o jornal do dia, após o expediente, em uma banca fronteira ao edifício em que trabalhava. Sempre que solicitava ao responsável o periódico, este atirava-o com mau humor na sua direcção, e ele retribuía o gesto infeliz com palavras de gratidão.
Certo dia, um homem que trabalhava junto e que se cansara de ver a cena desagradável, perguntou ao cavalheiro:
— Por que o senhor volta sempre a adquirir o jornal na banca desse estúpido, que sempre o trata mal?
Depois de reflexionar um pouco, o gentil homem respondeu:
— Por uma questão de princípio. Eu me impus a tarefa de não permitir que a sua grosseria me fizesse fugir, ou me tornasse deseducado e igual a ele, já que sou muito grato à vida por tudo quanto me tem favorecido.
O mal não afecta o bem, que lhe é o antídoto.
Perseverar na conduta correta, mesmo quando ultrajado ou desconsiderado, transforma-se no desafio da saúde moral no comportamento social, a fim de o modificar, trabalhando em favor de uma nova mentalidade que se há-de estabelecer entre todos no futuro.

A gratidão ê combustível para a claridade da vida, assim como a cera para o pavio da vela manter-se aceso.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 11:26 am

10 - Técnicas da gratidão
Gratidão a curto e a longo prazo — Gratidão como norma de conduta — Gratidão e alegria de viver

A gratidão pode ser considerada como uma condição para se viver feliz, conforme a definiu Albert Schweitzer, informando que ela era o segredo da vida. Ele, mais do que qualquer outra pessoa, sempre bendizia a vida, apesar daqueles dias nem sempre confortáveis em Lambaréné, na África Equatorial Francesa, onde mantinha a sua obra de dignificação humana.
Europeu da cidade de Kaysersberg, na Alsácia, ao transferir-se com a esposa para aquela região hostil, experimentou o áspero clima tropical, a elevada umidade do ar na floresta densa, as condições quase inóspitas para alguém que sempre vivera em região fria e civilizada, a falta de recursos para qualquer tipo de comodidade, e, apesar de tudo, manteve o sentimento de gratidão viva em sua existência, cantando louvores a Deus.
Foi ali, em condições desafiadoras que ele escreveu duas obras monumentais: A busca do Jesus histórico e um tratado de ética dos mais belos do século XX.
A sua ética estava expressa no conceito: respeito pela vida, que ele defendia com sacrifícios até o máximo possível.
Uma análise das bênçãos que a existência física proporciona seria suficiente para se agradecer por se estar vivo no corpo; pelo ar que se respira; a água, o pão que a natureza fornece, ao lado das maravilhas de que se veste o Cosmo; as noites estreladas, a poderosa força mantenedora do Sol e a tranquilidade magnética da Lua, a brisa refrescante, a chuva generosa, a temperatura agradável... tudo que vibra e que merece gratidão.
E certo que existem os desastres sísmicos, as tormentas de vário porte, que também são dignos de reconhecimento, facultando a valorização do que é saudável e dignificante.
Fossem apenas agradáveis todos os fenómenos existenciais e não haveria mecanismo válido para se promover o progresso moral do ser assim como o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade.
Envolto no escafandro material, o Self é candidato à superação das circunstâncias, trabalhando-se com afinco para alcançar a plenitude da sua junção indestrutível.
Inspirando o ego a modificar a estrutura do comportamento, faculta-lhe, ao longo do tempo, a visão inspiradora do desenvolvimento interno, diluindo a sombra que também se lhe torna motivação para a conquista de novas experiências, proporcionando-se bem-estar, que é essencial para uma existência compensadora.
A busca dessa sensação de alegria e de satisfação transforma-se num motivo estimulante ao ego, mesmo que relutante, porque a ausência desses pequenos prazeres aumenta o sentimento de culpa, frustra a autor realização, empurram para transtornos complexos e mórbidos, que se transformam em enfermidades orgânicas por somatização.
É nesse embate que surge a necessidade da gratidão, não apenas em relação ao que se recebe, mas sobretudo pelo que é possível oferecer-se, participando do espectáculo da vida em sociedade na condição de membro actuante e não de parasita prejudicial.
Sempre há quem justifique não possuir muito para repartir, olvidando-se que a maior doação é aquela que nasce na grandeza do pouco, qual a referência evangélica em torno da oferenda da viúva pobre. Mesmo ela possuía algo para doar ao templo, cumprindo a lei que assim o estatuía.
Dádivas outras, não menos valiosas, consistiam na oferta do trabalho de limpeza do santuário, dos lugares em que os outros pisavam, na conservação dos objectos do culto, nos cuidados reservados a tudo que dizia respeito ao templo, em razão de não possuírem nem sequer a liberdade, ou porque rastejassem nas situações humilhantes do serviço detestado pelos vãos e orgulhosos sacerdotes, ricos de presunção e pobres de sentimentos...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 11:26 am

A gratidão pode também se expressar de forma especial, como respeito e apreço, consideração e amizade, singelos padrões de comportamento social que devem existir em todo grupo humano.
O hábito de retribuir dádivas restringiu o sentimento gratulatório, tirando-lhe a beleza emocional. Claro está que dividir o que se tem com quem também oferece representa um passo avançado na psicologia da gratidão. Entretanto, merece que seja considerada a oferta que nasce do coração, sem nenhuma outra motivação material que exija retribuição, transformando-se em oferta da gentileza, da alegria de viver, porque se faz parte da orquestra viva da sociedade.
Esses gestos espontâneos contribuem para a felicidade a que se aspira, gerando situações positivas na existência, por modificarem os sentimentos do gentil doador, que se aureola de harmonia, porquanto o doar é sempre acompanhado pela imensa satisfação de assim proceder.
Todo aquele que aspira a alcançar o planalto da saúde e da harmonia é convidado a exercitar-se na arte de oferecer e de oferecer-se.
Em Atos dos apóstolos, entre muitos outros, há um momento encantador, quando Pedro e João saem do Templo de Jerusalém, e os pobres, os enfermos, os aflitos distendem--lhes as mãos, suplicando auxílio monetário, especialmente um coxo que aguardava a esmola em forma de moeda.
Percebendo-se destituídos desses recursos, Pedro, com ênfase, olhando João, disse ao sofredor:
Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! (At 3:6)
Ante o assombro geral, o enfermo recuperou os movimentos, deslindou os membros paralisados e ergueu-se jubilosamente...
A partir daí, dessa dádiva de amor, as pessoas colocavam os seus pacientes por onde os dois passavam, a fim de que a sua sombra cobrisse alguns deles (At, 5:15), na expectativa de que os curasse.
Todas as coisas são boas e merecem respeito, no entanto aquelas que são conseguidas como dádivas do sentimento, que não são compradas, possuem um valor emocional muito maior.
Desse modo, ninguém se pode escusar de oferecer algo de si mesmo, contribuindo para o bem-estar geral, que começa no ato da oferta.
É sempre melhor doar do que receber, porquanto aquele que doa é possuidor, ocorrendo com quem recebe a situação de devedor, e uma das maiores dívidas que existem é a da gratidão, porque um socorro em momento especial define todo o rumo da existência, que passa a dignificar-se, a crescer, a produzir, após esse instante significativo.
Quando se mata a fome ou a sede, oferece-se segurança e trabalho a quem os necessita, doa-se paz e alegria de viver àquele que se encontra à borda do desespero suicida, tudo quanto lhe vem a suceder é fruto daquele gesto salvador.
A dívida, pois, ao que recebeu não pode ser resgatada senão por outra vida.
Narra-se que um indiano, que tivera o filho assassinado por um paquistanês, nos hórridos dias da guerra entre as duas nações, buscou o Mahatma Gandhi e contou-lhe a tragédia que se permitiu, rogando-lhe ajuda, orientação.
O sábio mestre meditou e respondeu-lhe:
— A única maneira de resgatar o seu crime é educar uma criança órfã paquistanesa como se fora seu filho.
O interrogante argumentou:
— Mas somos inimigos e um deles matou o meu filho.
Tranquilo, redarguiu o mestre:
— Tornamo-nos inimigos uns dos outros porque isso nos compraz.
Somente porque o alucinado matou o seu filho, você não tem nenhum direito de retribuir-lhe o crime, tornando-se igualmente homicida.
O homem, sensibilizado, adoptou uma criança paquistanesa e dela fez um cidadão de bem.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:36 pm

Gratidão a curto e a longo prazo
As emoções constituem reflexos do Self, exteriorizando as construções e ideações mentais.
Quanto mais diluída a sombra que se lhe integra ao longo da evolução, mais fortes emoções tornam-se factíveis.
Ressumando as fixações perturbadoras do inconsciente pessoal assim como do colectivo, mais imperioso faz-se administrá-las mediante a sua substituição por formulações opostas, que irão superando-as no transcurso do tempo, através da repetição. O exercício de qualquer função é sempre o meio mais hábil para que se faça a sua fixação valiosa, tornando-se um hábito novo que se insculpe no comportamento.
Nisso consiste a educação mental que proporciona a renovação moral.
A saúde emocional, desse modo, faz-se consequência do empenho do Self, quando se resolve pela mudança de atitude perante a vida, não mais aceitando os condicionamentos perniciosos, os vícios morais, as atitudes de agressividade e de perturbação.
Os conflitos, que são as heranças doentias do ego e da sombra, quando delinquiram, são psicoterapeuticamente transformados em segurança pessoal, em harmonia do comportamento - mente e emoção, graças ao empenho do Self dando lugar ao bem-estar que se expressa como saúde interior.
Eis por que os velhos refrões: pensa no bem e o bem te acontecerá, tanto quanto pensa no mal e pior te tomaras transformam-se em fenómenos da conduta do Self na manutenção dos equipamentos delicados da emoção.
O pensamento é desse modo um dínamo gerador de ondas que movimentam a maquinaria orgânica, exteriorizando-se dos neurónios cerebrais em direcção ao sistema nervoso central, que as envia às glândulas endócrinas, e, por fim, vibrando no sistema imunológico, por extensão, repercutindo no emocional e dando lugar a efeitos perfeitamente equivalentes.
Pensamento é força dinâmica e vital.
O que se fixa no pensamento, a vida responde em forma de ideoplastia ou concretiza-se inconscientemente, desde que o automatismo da repetição na mente faz-se responsável pela condução a que o indivíduo se entrega.
No que diz respeito aos fenómenos psicológicos de pequena ou de grande monta, ei-los que se traduzem como sentimentos de variada expressão, desde aqueles que consomem as energias, resultando em depressões, distúrbios do pânico, pavores diversos, síndromes de Parkinson e de Alzheimer ou esperança, alegria, equilíbrio, gratidão...
A gratidão moral é de suma importância para o engrandecimento do Self Isto é: a lúcida compreensão da conduta irregular de outrem, ao lado da tolerância e da humildade pessoal proporcionam o reconhecimento de que cada qual se comporta de acordo com o seu nível de consciência e o seu estágio intelecto-moral.
Compreende-se, desse modo, que um género de gratidão desconhecido é o perdão real.
Para que se expresse esse sentimento nobre - o perdão! -, é imprescindível maturidade emocional, compreensão da realidade da existência, respeito ético pelo próximo, cultura da compaixão, sem o que mui dificilmente pode ser exercido.
Quando o amor se expande, o perdão torna-se um fenómeno natural, porquanto ao espraiar-se, a afectividade supera qualquer limite imposto pelas convenções para se tornar um oceano de generosidade.
Quando alguém se permite a preservação do ressentimento em relação a outrem que lhe não haja correspondido à expectativa, acreditando-se em postura melhor, supondo--se merecedor de mais cuidadosa consideração, realmente se encontra no mesmo nível, porque a mágoa é escara moral de inferioridade e de presunção...
A diferença, portanto, entre aquele que perdoa e o que vai perdoado, é que o primeiro se encontra em superior patamar de evolução, podendo estar aberto ao retorno do ofensor, sem nenhuma censura ou reprimenda, o que corresponde ao legítimo esquecimento do mal para somente se recordar do bem edificante.
O perdão dignifica aquele que o favorece, como necessidade de conceder ao outro o pleno direito de caminhar conforme as próprias possibilidades.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:36 pm

A luz sempre dilui sem alarde a sombra da ignorância, da maldade, da perversidade...
A gratidão a curto prazo logo se faz um verdadeiro automatismo, no receber e no retribuir, no oferecer antes de conseguir, no ato de estar-se livre para a vida.
Quando, ao contrário, espera-se a retribuição, vive--se a síndrome de Peter Pan, mantendo-se interessado em coisas e negando-se ao amadurecimento, à reflexão, à auto-doação que dignificam.
A largo prazo, a gratidão irisa-se de sabedoria para enriquecer a sociedade com as bênçãos do conhecimento e do amor, como resultado de um grande esforço para atingir a meta que lhe faculte servir com abnegação e devotamento.
O profissional de qualquer área que aplica largo período da existência preparando-se para adquirir conhecimentos e habilidades específicas para serem aplicadas posteriormente, alcança o patamar da gratidão, que ajuda a satisfação pessoal, o progresso dos demais indivíduos e, por extensão, da Humanidade.
De maneira pessimista, alguém enunciou que a Terra é um grande hospital, sem dar-se conta de que essa conclusão é resultado de uma óptica moral distorcida a respeito da realidade, que é sempre promissora e rica de oportunidades felizes.
Pode-se, isso sim, afirmar de maneira correta que a Terra é uma escola de bênçãos, na qual ocorre o aprimoramento moral e espiritual do ser no rumo do estado numinoso que o aguarda.
Esse estado é o nível superior de integração do eixo ego self alcançando a sua plenitude.
Todo esforço, portanto, direccionado à conquista do padrão de equilíbrio emocional mediante os sentimentos edificantes deve ser tido em consideração para o encontro com o Si profundo, transmudando as experiências perturbadoras em aquisições relevantes, capazes de alterar toda a estrutura do comportamento.
O Self possui condições inatas para essa realização, porque procede de conquistas contínuas no larguíssimo processo de desenvolvimento das suas possibilidades de realização plena.
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Gratidão como norma de conduta
Do ponto de vista teológico, pode-se considerar a gratidão como uma virtude semelhante às demais, entre as quais a fé, a esperança e a caridade.
Uma observação cuidadosa perceberá que, para se ser grato, é necessário possuir fé, ter a certeza do significado da vida, dos seus valores e possibilidades; é indispensável acreditar no ser humano, considerando que, momentaneamente em transição para logros mais significativos, merece apoio e consideração que o ajudem a auto-superar-se, galgando mais elevado degrau da evolução. De igual maneira, no ato gratulatório encontra-se a esperança que aformoseia a vida, apresentando o futuro como meta a alcançar-se mediante a vivência dos sentimentos enobrecedores, a certeza de que vale a pena todo e qualquer investimento que dignifica. E, por fim, torna-se presente a essência da caridade, que é o significado do ato de agradecer, expressando o amor que é vital para quaisquer investimentos de natureza moral e espiritual. Sem essa presença, a gratidão é pobre de vigor e de enriquecimento emocional.
Cada experiência vivenciada no processo da evolução, qual ocorre com a gratidão, representa uma forma adequada de amadurecimento psicológico, capaz de produzir harmonia interior e estimular o esforço para o auto-crescimento.
Ainda não liberto dos atavismos, o Self investe esforços para a sublimação da sua sombra, ao mesmo tempo influenciando o ego a respeito da necessidade de autotransformação das metas próximas para aquelas de ordem transcendente. Desmaterializar as ambições egóicas para transcendê-las em forma de aspirações psicológicas profundas que dão significado à existência deve ser-lhe o constante esforço no seu relacionamento com a persona. Fixada por interesses imediatos de respostas agradáveis, mesmo que mentirosas, a persona compraz-se em manter-se vibrante, mesmo quando constata não mais poder ocultar as necessidades emocionais daqueles que se lhe submetem cativos ao seu encantamento. Vestir-se de realidade, desnudando--se das fantasias e dos mitos enganosos, deve sempre ser a proposta do Si profundo, por conhecer o que é legítimo e proporciona harmonia, em relação ao que é prazeroso, mas de sabor amargo e enfermiço para a emoção.
Ninguém pode viver ocultando a sua realidade, razão por que o tempo, na sua voragem inevitável, sempre retira os véus que disfarçam os contornos da existência e obscurecem a percepção da sua autenticidade.
É essa teimosa fuga de si mesmo que dá lugar nas criaturas a muitos conflitos e transtornos na área do comportamento, pelo consumo de energia emocional para parecer, em vez de aplicá-la no esforço natural criativo e renovador para ser.
Arquétipos novos podem, então, ser gerados, favorecendo a edificação dos significados da evolução, enquanto outros que são perturbadores irão cedendo lugar às novas formulações que proporcionam inefável alegria pelo seu cultivo.
Quando se é capaz do auto-enfrentamento sem receio e como fenómeno próprio do auto amor, inúmeros tesouros da emoção podem ser descobertos, e a alegria de viver deixa de ser através do consumismo e da troca de quinquilharias para adquirir conteúdos valiosos de amor, de intercâmbio, de paz e de gratidão.
A gratidão envolve-se em força estimuladora para todos os empreendimentos vitais, tornando-se uma forma, uma norma de conduta.
Quem é grato, naturalmente é abençoado pela felicidade, pela saúde, esparzindo as ondas de júbilo que o envolvem, contaminando todos aqueles que se lhe acercam. Habitualmente, as referências dizem respeito ao contágio do mal, das doenças, dos dissabores, da infelicidade, nada obstante também ocorre o que diz respeito à alegria, à esperança, à comunicação jubilosa, ao serviço edificante e à conquista da saúde.
A convivência com pessoas saudáveis permite impregnação de estímulos que já não funcionavam. Diante de alguém que sorri, abençoado pela conquista da harmonia pessoal, todos sentem um imenso desejo de alegrar-se também, de participar do festival do júbilo, como ocorre ao botão de rosa que desata as pétalas, exteriorizando o perfume que lhe é inerente, abrindo-se delicadamente à luz do Sol.
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Na etapa final da imaginação activa é necessário que cada qual realize a sua experiência para que as verdades profundas se transformem em realidade. É o caso da gratidão, que necessita ser vivenciada, já que ninguém pode defini-la por palavras, de modo que outrem a possa sentir ou mesmo entender.
Kierkegaard afirmava que ninguém pode dar a fé a outrem. Isso porque se trata de uma conquista pessoal, intransferível. É possível, desse modo, crer-se no inacreditável, e estão embutidos aí todos os tabus e superstições que afloram do inconsciente colectivo e assumem realidade na imaginação daqueles que crêem. Essas heranças arquetípicas de tal modo estão vivas no inconsciente que, ao ressumarem, modificam-se para realidades que impregnam aqueles que as vivenciam.
O mesmo pode-se dizer da gratidão. É uma experiência pessoal, embora possa também se expressar colectivamente, que não resulta de nenhuma herança arquetípica, sendo uma conquista do Self, expressando libertação do comportamento egoísta. Há conquistas que somente se originam na experiência, embora possam ser formuladas teoricamente, tornando-se válidas somente quando passam pela vivência.
Afirmava Jung que cada avanço, mesmo o menor, através deste caminho de realização consciente, acrescenta muito para o mundo.
A fim de que o indivíduo se liberte dos conflitos, especialmente daquele gerador da ingratidão, é necessário que tenha vida interior, que se organize internamente para expressar ao mundo aquilo que anela e alcançará. Não há por que ignorar-se o conflito, mas antes enfrentá-lo, envolvendo-o nos ideais e aspirações, reunindo a dualidade (gratidão e ingratidão) num todo harmónico, transformando-as em unidade (sentimento de gratidão) que passará a vigorar no dia a dia existencial.
Muitas vezes a gratidão se apresentará como um paradoxo. Por que se há-de agradecer, quando se pode prosseguir no prazer? Ocorre que o prazer cansa, perde o sentido, produz o tédio, exige renovação.
Ademais, nenhum prazer pode ter lugar no consciente sem que haja uma perfeita libertação do inconsciente, identificação dos factores que o produzem, entre os quais as pessoas, as circunstâncias envolvidas.
Ignorar todas essas condições é manter-se em delírio distante da realidade, que se impõe pela própria razão de ser. A gratidão, então, pode parecer paradoxal, pelo fato de manifestar-se também quando cessa o prazer, quando surgem a dor e a desdita, como sentido natural do processo da vida. Não fosse dessa maneira e se viveria em uma fantasia activa que sempre alcançará a realidade existencial.
Nenhum paradoxo, portanto, na gratidão em todas e quaisquer circunstâncias, como sentimento de júbilo pela presença da vida que estua triunfante.
Por fim, aplique-se o enunciado de Nietzsche, quando afirma:
Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisardes passar para atravessar o rio. Ninguém, excepto tu!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:39 pm

Gratidão e alegria de viver
Na busca da solução dos conflitos, a aplicação da imaginação activa é essencial, ao lado dos sonhos, para se encontrar a sua psicogénese. Na aplicação da imaginação activa é imprescindível encontrar-se um nível que penetre na fronteira da consciência com o inconsciente e faculte a vivência de muitas ocorrências que não foram realmente vividas.
Transferidas automaticamente umas e outras como mecanismo de fuga da realidade, permanecem adormecidas e ressumam, não poucas vezes, como expressões perturbadoras.
Cada indivíduo é o resumo complexo de energias, possibilidades e arquétipos que não foram utilizados, isso porque um grande número tem carácter prejudicial, conforme a conceituação do ego, que tenta seleccionar o que é positivo daquilo que lhe pode ser prejudicial, reprimindo-as imediatamente.
O devir, de alguma forma, fica vinculado a essas ocorrências que o impedem de realizar-se.
Considere-se alguém que dispõe de possibilidades para as artes, no entanto é atraído para uma profissão liberal através da qual adquire garantia financeira para manter a existência. É natural que essa tendência e todo o séquito de recursos fiquem reprimidos no inconsciente por falta de tempo, de ocasião para se expressar. O mesmo sucede com uma mulher que se dedica ao lar, embora sentisse imensa aptidão para actividades universitárias ou outras fora do ninho doméstico. Todas essas tendências irão permanecer--lhe no subsolo da consciência vibrando palidamente ou gerando desconforto no trato com a família, a sua escolhida realidade.
Certamente, um e outra poderão vivenciar essas tendências por intermédio da imaginação activa, de maneira simbólica ou mesmo real, quando surgirem momentos adequados, sem nenhum prejuízo para os deveres já assumidos.
Assim, é possível viver essas potencialidades de maneira consciente no mundo dos relacionamentos sociais, tanto quanto intimamente no prazer de as realizar de forma simbólica, aplicando os seus recursos na actividade elegida.
Provavelmente os sonhos proporcionarão essa realização, como se a pessoa houvesse encontrado o roteiro de harmonia que tanto desejava, havendo ficado frustrada pela correspondente falta de vivência.
Quando não se consegue a experiência vivida, podem surgir tons de amargura no comportamento feliz, assim como de incompletude, de traumas psicológicos...
E muito comum, numa vivência pela imaginação activa, sentir-se que teria sido ideal que a vida houvesse tomado outro rumo...
Muitas ocorrências dessas têm lugar no momento, por exemplo, da eleição dos vestibulares académicos, quando o jovem inexperiente luta entre o que gostaria de realizar e aquilo que é mais lucrativo. Ao eleger a segunda possibilidade, durante o curso, porque se sente incompleto e incapaz, abandona-o, e volta a iniciar aquilo que lhe dita o inconsciente mediante a tendência predominante no mundo interior.
Encontram-se pessoas que têm uma vida acomodada, abonada pelos recursos financeiros, uma família bem-estruturada, cumpridoras dos deveres, e apesar disso são sempre levadas a devaneios da imaginação, vivendo outras condutas que lhe dão alegrias. Nesses momentos em que estão a sós e dão largas à imaginação, sorriem, gesticulam, expressam felicidade, logo retornando à realidade com frustrações...
Naturalmente, o ego, identificando que tal e qual comportamentos não são convenientes ou podem produzir dissabores, reprime essas possibilidades, empurrando-as para os porões do inconsciente onde ficam aguardando...
É perfeitamente lícita e ética a vivência, mesmo que através da imaginação activa, dessas aspirações não realizadas. Não são prejudiciais - há, sem dúvida, excepção -, porquanto constituem estímulo para o prosseguimento da existência no labor eleito como mais produtivo. Depois de vivenciar pela imaginação o real significado existencial, pode-se manter o compromisso assumido e também experimentar viver alguns momentos reais daqueles desejos reprimidos sem que se esteja cometendo nenhum crime.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:40 pm

O executivo ou o profissional liberal bem situados na sociedade podem tentar a utilização da arte nos seus compromissos, pelo menos como hobby, como divertimento terapêutico.
De igual maneira, a mãe e esposa dedicada pode reservar-se o direito de administrar a família de maneira racional, aplicando os seus conhecimentos na empresa doméstica ou mesmo, simultaneamente, após utilizar o tempo de que dispõe de maneira equânime, dedicar-se a qualquer empreendimento que a enriqueça interiormente, completando-lhe as aspirações saudáveis.
Inúmeras vezes a gratidão insinua-se no comportamento dos indivíduos que, por falta de hábito, por timidez e constrangimento, não se encorajam a expressá-la, reprimindo-a injustificadamente.
Como a gratidão necessita do combustível do amor para poder atingir o seu grau de completude, a pessoa deve exercitar a imaginação activa, vivenciando-a em todas as situações da sua existência, expressando-a intimamente, oferecendo-a com sorrisos silenciosos, sendo útil à comunidade que começa na intimidade da família, mediante os esforços para manter a gentileza e o carinho em qualquer circunstância.
Também poderá fazê-lo através da oração direccionada ao seu próximo, em vibrações harmónicas de bondade e de desejos fervorosos em benefício dos outros.
A fé adquire expressão inesperada, capaz de emular o indivíduo a acções mais audaciosas e a atitudes mais eloquentes, nunca revidando mal por mal, porque descobre no aparente mal com que lhe desejam afligir um grande bem, pela possibilidade que se lhe desenha de superar a inferioridade moral que sempre reage, agindo com equilíbrio e compaixão pelo outro, o opositor.
Nesse capítulo, a fé deve ser sem dúvida racional, mas também momento chega em que ela ultrapassa o limite da lógica e entrega-se em totalidade. Assim procederam os mártires de todos os tempos e de todos os ideais... Doaram--se sem quaisquer excogitações.
Conta-se que um alpinista galgava um paredão desafiador à noite, quando derrapou no abismo e, durante a queda que seria fatal, foi salvo por um solavanco da corda de protecção cravada por grampos seguros na montanha.
Recuperando a calma e temendo morrer enregelado durante a madrugada, orou afervorado, suplicando o socorro de Deus.
Ouviu uma voz que lhe propôs que cortasse a corda que o prendia à altura.
Parecendo-lhe inusitado o auxílio, receou que, ao fazê-lo, cairia no despenhadeiro em morte certa. Não se encorajou a fazê-lo.
No dia seguinte, quando chegou o socorro e o encontrou congelado, os membros lamentaram que ele não tivesse cortado a corda, porquanto estava a menos de um metro do solo protector, quando teria salvado a vida...

Quem ê grato, naturalmente é abençoado pela felicidade, pela saúde, esparzindo as ondas de júbilo que o envolvem, contaminando todos aqueles que se lhe acercam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:40 pm

11 - Gratidão como caminho para a individuação
Experiências visionárias — Encontro com o self — Conquista da individuação e da gratidão

Toda a existência humana é uma jornada formosa que capacita o indivíduo para a conquista dos elevados objectivos psicológicos a que se propõe. Uma vida sem significado psicológico é uma existência destituída de sentido e de busca. Reduz-se ao amontoado de fenómenos fisiológicos, em que os automatismos funcionam com mais vigor do que os sentimentos e as expressões da razão, do discernimento, que, embora ainda adormecidos, surgem e desaparecem, não logrando ser aplicados pelo Self.
A predominância do ego é caracterizada pelos interesses mesquinhos, num estágio de consciência de sono, sem imediatos vislumbres da realidade.
Não havendo ideais relevantes, o sentido existencial é tímido, contentando-se com as satisfações orgânicas e os prazeres dos instintos, encarcerados nas sensações. Faltando a capacidade da estesia e da estética, da emotividade superior, a sombra mantém-se vigilante e activa, elegendo apenas aquilo que lhe basta, fazendo o ser humano transitar entre as alegrias sensoriais e os desencantos físicos. Enquanto, porém, consegue manter os gozos, tudo segue bem e lhe é suficiente até o instante em que outros fenómenos inevitáveis, aqueles que atingem o corpo no processo degenerativo, tais como as enfermidades, os transtornos emocionais, as dificuldades sociais e a perda daquilo em que se compraz, transformam a caminhada terrestre num martírio, num verdadeiro sofrimento em que a revolta e a queixa se instalam perversamente.
A Lei de Progresso, já referida, encarrega-se de impulsionar o Espírito, mesmo quando negligente e irresponsável, a outras experiências que o despertem para o vir a ser. O sofrimento de qualquer matiz é normalmente o instrumento de que a vida se utiliza para demonstrar ao inadvertido que a existência física não é uma viagem ao agradável exclusivamente, ao desfrutar dos contentamentos imediatos, sem nenhum respeito pelo esforço pessoal, pelas lutas e mesmo pelas reflexões afligentes que alteram a percepção da realidade.
Na claridade dos dias de júbilos, o discernimento ainda embrionário não consegue romper as algemas do primarismo para entender a necessidade do crescimento ético e da real conquista da saúde. Esse trânsito do adormecimento para o despertar sempre se apresenta quando se é obrigado a caminhar pela noite escura da alma, conforme acentuava São João da Cruz, que a viveu demoradamente até conseguir a crucificação do ego e das suas paixões, morrendo em holocausto pessoal, para ressuscitar em madrugada de bênçãos e de conhecimentos da verdade, perfeitamente lúcido e feliz.
Quase sempre, porém, quando se é convidado a transitar por essa noite, aqueles que ainda não se adaptaram aos processos de mudança dos estágios inferiores, nos quais as necessidades são fisiológicas em predominância, para outros menos orgânicos e mais emocionais e psíquicos, em vez do esforço pelo conseguir, esse paciente rebela-se, entrega-se aos queixumes, transforma as experiências em rosário de lamentações, de infelicidade.
Nele permanece a criança maltratada, sempre ansiosa por apoio e carinho, negando-se ao crescimento psicológico, ao desenvolvimento dos valores espirituais que existem no seu interior assim como em todos os seres humanos.
O amadurecimento psicológico exige não raro muita aflição e cansaço da situação de comodidade que perde o encantamento, na razão directa em que é vivenciada, produzindo saturação emocional no gozador.
Certo genitor laborioso e dedicado ao dever tinha um filho que, ao contrário, era fútil, vivendo como parasita explorador do pai. Aplicava o tempo nos gozos materiais e na consumpção das energias morais, mesmo que escassas.
O pai, maduro e sábio, sempre o advertia e lhe explicava que, pelo fenómeno natural da vida, seria o primeiro a morrer, e que os haveres, por mais abundantes, quando gastos sem renovação, tendiam para o desaparecimento, para a extinção.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:40 pm

Informava-o que os amigos que o cercavam não lhe tinham a menor estima, antes se interessavam pelos recursos de que dispunha e, quando esses escasseassem, também desapareceriam...
Os conselhos soavam como velha balada conhecida e recusada.
Oportunamente, o idoso trabalhador mandou construir nos fundos da propriedade um celeiro, colocando no seu interior uma forca, tendo fixada uma placa informativa com os seguintes dizeres: Eu jamais ouvi os conselhos do meu pai.
Posteriormente, quando tudo estava concluído, chamou o filho, levou-o ao celeiro e explicou-lhe:
— Filho, encontro-me velho, cansado e enfermo. Quando eu falecer, tudo que me pertence passará à sua propriedade. Caso você fracasse, porque atirará fora todos os bens que lhe transfiro, peço-lhe que me prometa que usará esta forca, como medida de reparação do mal que nos fez a ambos.
O moço, sem entender exactamente o que o pai desejava dizer-lhe, silenciou, a fim de o não contrariar.
O progenitor desencarnou tempos depois, e o jovem herdou-lhe os bens, passando a dissipá-los com mais extravagâncias e desperdícios. Pouco tempo transcorrido, deu-se conta de que havia malbaratado todos os negócios e recursos, e estava reduzido à miséria, à solidão, até mesmo porque os falsos amigos abandonaram-no.
Recordou-se do pai e chorou copiosamente. No pranto, recordou-se da promessa que lhe fizera, de que se enforcaria após o fracasso. Trémulo de emoção desordenada, dirigiu-se ao celeiro e lá encontrou a forca assim como os dizeres terríveis. Teve uma iluminação, concluindo que essa seria a única vez na sua existência em que poderia agradar ao homem nobre que fora seu pai e sempre vivera decepcionado com a sua conduta.
Subiu então na forca, colocou o laço no pescoço e atirou-se ao ar...
O braço da engenhoca era oco e partiu-se, caindo dele diversas joias:
diamantes, rubis, esmeraldas, uma verdadeira fortuna com um bilhete, que informava: Esta é a sua segunda chance. Eu o amo de verdade. Seu pai...
A partir dali a sua vida tomou novo rumo e ele mudou completamente a maneira de encarar a oportunidade.
Quando a existência é vá e inútil, sempre surge uma segunda chance, mas o melhor será que cada um cresça com o esforço pessoal e saiba aproveitar o processo de amadurecimento, a fim de que não se veja forçado à mudança após situações desesperadoras.
E inevitável o amadurecimento psicológico do ser humano, mesmo quando se imponha impedimentos momentâneos.
O filho, como é compreensível, poderia ter evitado o período de sofrimento e de amargura, caso houvesse atendido ao pai, agradecido a tudo quanto recebia sem crédito ou mérito e atirava ao desprezo.
Se houvesse cultivado o mínimo de gratidão, compreenderia que o esforço do progenitor, cansado e sempre trabalhador, merecia pelo menos respeito de sua parte.
A gratidão pode expressar-se como respeito e consideração pelo que os outros fazem, oferecem e a que se dedicam de enobrecedor.
A sua ausência dá lugar a um tipo de cupim emocional que devora interiormente o ser, qual ocorre com aquele insecto de vida social que se nutre da planta viva ou morta, alimentando-se com voracidade, enquanto a consome.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:41 pm

Experiências visionárias
No processo da aplicação da imaginação activa existe um período ou fase em que o indivíduo que aspira à individuação, havendo atingido um maior grau de interpretação das experiências e vivências não fruídas, após desfrutá-las, pode avançar com mais coragem e aguardar que se dêem as experiências visionárias.
A vivência dessas vidas não vividas consegue proporcionar uma ressignificação à existência terrena, eliminando do inconsciente as frustrações e inseguranças defluentes do não as haver experienciado, nem sequer pela imaginação criativa.
As experiências visionárias acontecem em duas etapas: a primeira, quando o aprendiz se encontra preparado, conforme a tradição esotérica, o mestre aparece; a segunda, quando fenómenos paranormais ocorrem, chamando-lhe a atenção para outra dimensão da vida que não é exclusiva da jornada material.
Em ambos os casos é certo que os mais notáveis psicólogos informam que podem tratar-se de delírio do inconsciente ou de fantasias místicas.
Nada obstante, são reais, demonstrando a indestrutibilidade do Espírito, expressando-se como o Self.
Certamente existem aquelas que têm carácter psicopatológico, englobadas como fenómenos mediúnicos de obsessão, e aqueloutras portadoras de iluminação para o sensitivo que se torna instrumento do mundo além da matéria, demonstrando que o significado da vida prossegue mesmo após o túmulo, onde não é consumida.
Na visão unilateral materialista da Psicologia, Deus - como figura mitológica ou transferência neurótica do pai fisiológico para o transcendental - utilizou-se de muitas representações humanas para encarnar a Sua criação, como é o caso da escada de Jacó no estado onírico, que a construiu para servir de acesso ao Céu e de descida na direcção da Terra. Assim sendo, o inconsciente colectivo da humanidade construiria essa escada em forma de visões humanas, atendendo assim à necessidade de entendimento dos mistérios da própria vida.
Sem nenhuma dúvida, ocorrem fenómenos dessa ordem, que são catalogados como de natureza anímica, por procederem do próprio sensitivo, outros, no entanto, transcendem-lhe a psique e revelam-se procedentes de outra dimensão, como nos casos da psicografia com duas mãos, das correspondências cruzadas, do profetismo, da xenoglossia - ou faculdade de comunicar-se em idioma totalmente desconhecido do paciente, incluindo línguas mortas e até extintas -, tanto quanto nas formidandas manifestações ectoplásmicas ou de materializações...
São portadoras de uma finalidade significativa que é despertar o ser humano para a sua imortalidade, para os deveres com a própria iluminação, para a aquisição da saúde integral, para a excelsa gratidão pela honra de viver no corpo e poder libertar-se dele, prosseguindo vivo.
Normalmente produzem grandes mudanças no comportamento para melhor, por libertar inicialmente o paciente de constrições espirituais danosas, como no caso dos transtornos obsessivos, da culpa, em razão de se pacificar com aquele a quem afligiu ou infelicitou em experiência anterior, facultando-lhe alegria de viver, após superar o fantasma da morte como aniquilamento da vida.
Essas experiências mediúnicas sucedem-se com a vontade ou não daquele que lhe é instrumento desde a infância ou surgem nos mais diferentes períodos da existência física.
Podem ter início durante um processo de enfermidade, tanto quanto em plena fase de saúde e de total harmonia psicofísica.
Dilatando a percepção psíquica constitui um sexto sentido conforme a definição abalizada do prof. Charles Richet, que se dedicou a estudá-las por mais de quarenta anos...
Irrompem às vezes suavemente, como delicada brisa emocional, ou se apresentam como tempestades que causam preocupação, merecendo cuidadosos comportamentos especializados, de modo que as torne portadoras de equilíbrio e de utilidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 19, 2024 8:41 pm

Allan Kardec estudou-as longamente, realizando observações práticas e cuidadosas com mais de mil portadores da peculiar faculdade, classificando todas as suas manifestações e catalogando-as como de natureza orgânica, por sediar-se no cérebro, tal como ocorre com a inteligência, a memória, as aptidões artísticas e culturais, religiosas e científicas...
O preconceito vigente no século XIX com tudo quanto transcendesse aos padrões estabelecidos e às superstições em que se alicerçavam algumas crenças religiosas castradoras e punitivas procurou erradicar dos seus estudos nas áreas académicas tudo quanto pudesse parecer místico, qual fez o severo Sigmund Freud. A sua intolerância foi tão extrema, ao abraçar a ditadura da libido, que interrompeu o relacionamento com Jung, a partir de quando este em visita à sua residência em Viena acompanhou os estalidos produzidos na estante de livros, procurando esclarecer que se tratava de uma emanação catalíptica e que se iriam repetir, conforme sucedeu...
O mestre, sempre receoso de que os misticismos pudessem incorporar-se à nascente psicanálise, procurou escoimá-la de qualquer remota confusão, mantendo-se adversário inclemente inclusive da religião, que considerava como uma neurose da sociedade.
Quando em Paris, participando das experiências hipnológicas realizadas pelo eminente anatomopatologista Jean-Martin Charcot, recebeu de Charles Richet, auxiliar do mestre, o Tratado de metapsíquica humana, que era a síntese das pesquisas do sábio fisiologista, não a examinando nem sequer superficialmente. Quarenta anos depois, ao fazê-lo, lamentou-se pelo tempo transcorrido, informando que, se o tivesse realizado antes, teria encontrado muito material para as próprias pesquisas e conclusões.
Apesar disso, os fenómenos foram estudados por outros não menos nobres cientistas que os confirmaram, após submeterem os médiuns aos mais rigorosos instrumentos de controle, a fim de os impedirem de fraudar, conseguindo comprovar a realidade das manifestações espirituais que ocorriam simultaneamente em diferentes países do mundo...
Garimpando todas as informações e observando as manifestações espirituais que ocorriam diante dele, Allan Kardec apresentou O Livro dos Médiuns,4 que é um tratado incomum sobre a imensa fenomenologia paranormal, partindo da possibilidade de existirem Espíritos até às conclusões vigorosas da sua realidade e da sua interferência na vida humana, no comportamento e na saúde, nos relacionamentos afectivos e nas animosidades, nos fenómenos da natureza, nos intrincados enigmas da psicometria, do profetismo e das aparições...
Graças a essa contribuição, diante da imensa gama de portadores de transtornos de variada génese, podem-se introduzir as perturbações de natureza obsessiva igualmente como desencadeadores de transtornos e problemas afligentes.
Desse modo, no quadro das experiências visionárias podem-se sem sombra de dúvida incluir os fenómenos anímicos e mediúnicos como responsáveis por um grande número delas, convidando o ser humano à conquista da individuação.
Ainda nesse particular, há lugar para a gratidão aos imortais, porque se preocupam com todos aqueles que ainda se encontram no envoltório material e não se recordam da procedência espiritual, auxiliando-os a preparar-se para o retorno ao grande lar que é sempre inevitável.

4 - Nesta oportunidade desejamos homenagear O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, publicado em Paris, no dia 15 de janeiro de 1861, que comemora em 2011 o seu sesquicentenário de surgimento, guiando milhões de vidas ao equilíbrio, à saúde e à paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 20, 2024 10:43 am

Encontro com o self
Jung definiu o Self como a representação do objectivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exactamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece, quer não.
Capitaneado pelo instinto, o experimenta a sua injunção, vivenciando um processo de transformação contínuo e sublimante no rumo da individuação.
Muitas vezes, experimentando a própria sombra, tem como finalidade precípua auxiliar o ego na sua integração plena durante a vigência do eixo que os vincula e os influencia reciprocamente.
Apesar da sombra ser geradora de muitos conflitos, deve-se considerar que em muitas situações ela responde por vários factores que produzem alegria, relacionamentos felizes, motivações para se viver, apresentando uma outra face oposta à sua constituição primitiva como arquétipo.
Na integração da anima com o animus, a fim de ser conseguida a harmonia, a sombra contribui com uma boa parcela de entendimento das suas finalidades, facultando a vivência de ambos sem perturbação da persona. Sendo ela o resultado da repressão de muitos sentimentos que não puderam ser vivenciados, emerge do inconsciente e expressa-se muitas vezes de maneira afligente.
Todos crêem, por exemplo, que a função do médico é sempre a de curar, para a qual deve estar sempre preparado, às ordens. Nada obstante, existem outros factores que o levam a mudanças dessa estrutura da persona, assumindo também o comportamento de esposo e pai, de cidadão e idealista com direito a outras actividades, significando essa alteração a presença da sombra que lhe emerge do inconsciente pessoal onde estão arquivadas, desde antes da concepção, as heranças do inconsciente colectivo.
Numa análise contemporânea, à luz dos ensinamentos espíritas, esses arquivos do inconsciente colectivo são o resultado de vivências que o Espírito realizou em reencarnações transactas através dos tempos, conduzindo essas heranças impressas no seu perispírito (na consciência, enquanto as vivenciando no seu período próprio). Em razão disso, não seja de estranhar que se tornem rejeições da consciência, que as mantém estáticas e uniformes, aguardando o momento para poderem expressar-se.
Desse modo, é certo que o indivíduo nasce com todas essas informações adormecidas, que vão ressumando através dos tempos, e tornando-se conscientes pelo Self.
A imagem apresentada por Jung a respeito do inconsciente é bem fundamentada, porquanto ele o imaginava como um iceberg, cuja parte visível são apenas 5 % do seu volume (consciência), estando os 95 % da sua massa submersos (o inconsciente). Assim se encontra a consciência no ser humano. Faz recordar também o mesmo conceito de Freud, quando o comparou a um oceano, e a consciência a uma casca de noz sobre ele.
Em realidade, os arquivos de todas as experiências pretéritas vivenciadas ao longo das sucessivas existências corporais é imenso, presentes no inconsciente e que vão sendo revividas pela consciência, nos momentos dos grandes transes de sofrimento, nos estados alterados (de consciência), durante os estágios oníricos, quando são liberados automaticamente, permitindo que o Espírito volte a vivê-los.
Em razão, portanto, desse imenso arsenal que se encontra no inconsciente e que pode flutuar na consciência, muitos conflitos e complexos da personalidade tomam corpo, conduzindo as pessoas a transtornos de variada denominação.
Quantos pacientes que se apresentam resignados na miséria, confiantes na escassez, nobres e honestos nas situações mais lamentáveis da existência sócio-económica em que se encontram!
Em tal situação prosseguem exercendo os caracteres morais de existência anterior, quando se encontravam em posição relevante, no poder, no conforto, na dignidade, e hoje experimentam o oposto, contribuindo em favor do Self harmónico, com o ego nele integrado, formando a unidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 20, 2024 10:43 am

De igual maneira, existem aqueles que se apresentam soberbos e malcriados na pobreza, agressivos e raivosos, ostentando recursos que realmente não possuem, revivendo situações anteriores que não puderam ser dignamente cumpridas, e voltaram ao proscénio terrestre em provas e expiações rigorosas. Tal ocorre a fim de poderem valorizar as oportunidades existenciais, especialmente os desafios ou provações da riqueza, do poder, da beleza, das situações invejáveis que invariavelmente são transformadas em sítios de escravidão para os quais o retorna quando sob o açodar das recordações inconscientes.
Os muitos complexos de inferioridade ou de superioridade em que expressivo número de pessoas estorcega, não conseguindo disfarçar as mágoas da situação em que se encontram, projectando o que se demora no inconsciente, na difícil condição em que transitam no mundo, têm a sua origem nas condutas mantidas em existências anteriores que não souberam utilizar ou aplicaram de maneira ignominiosa.
Essas pessoas - portadoras do complexo de inferioridade - são rudes, ingratas, exigentes, comprazendo-se em humilhar os servos e auxiliares, mantendo-se dominadoras e inacessíveis... De maneira idêntica, outras — portadoras do complexo de superioridade — nem sequer se permitem a convivência saudável no círculo familiar e social em que estagiam, não ocultando o conflito que as amargura...
Essas heranças marcantes das experiências passadas são muito mais comuns do que podem parecer, consumindo as suas vítimas, aquelas que os conservam.
Cabe ao Self diluir essas construções vigorosas impressas na persona pelo inconsciente pessoal desde quando a psique passou a animar a matéria na concepção fetal.
A adopção de condutas saudáveis com disciplina da sombra, que se apresenta como o instrumento de execução dessas frustrações do processo evolutivo, torna-se inevitável e de imediata aplicação.
Mediante a reflexão é possível ao Self a constatação do que é e de como se conduz, esforçando-se por alterar as emissões mentais para outras condutas mais equilibradas, dentro dos padrões da saúde que proporciona relacionamentos edificantes e compensadores.
Mantendo a postura referente às imagens reprimidas no inconsciente, esses pacientes não têm noção do quanto devem à vida, tornando-se ingratos e reaccionários, quando, ocorrendo uma mudança de atitude adquirida por intermédio da auto-análise que faculta a identificação das mazelas, poderá começar por bendizer a vida, por ascender na escala dos valores, por vencer a empáfia, passando a agradecer a oportunidade de crescimento real para a felicidade.
Será mediante esse esforço que o ego se integrará no Self, sem que desapareçam os seus valores de alta significação.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 20, 2024 10:44 am

Conquista da individuação e da gratidão
A individuação é a conquista mais expressiva do processo evolutivo do ser humano. Aparentemente se resume na vitória do Self em relação à sombra e ao ego, assim como à superação dos arquétipos responsáveis pelos transtornos emocionais e enfermidades de outra natureza que facultam ao ser humano a perfeita compreensão da vida e das suas finalidades.
E o momento quando a consciência toma conhecimento dos conteúdos inconscientes e prossegue realizando a sua superação, que consiste na integração dos arquétipos, a fim de que sejam evitados os conflitos habituais, ou surjam novos.
Pode parecer difícil de acontecer, por exigir o grande esforço de depuração da personalidade, elegendo-se os valores mais nobres do Espírito.
Em uma análise mais simplista, pode-se asseverar que a individuação é algo semelhante à auto iluminação dos místicos ou à conquista do Reino dos Céus proposta por Jesus, quando o indivíduo se liberta das exigências imediatistas do ego para se transformar em um oceano de amor e de tranquilidade, passando a vivenciar experiências emocionais superiores, sem tormentos nem ansiedades.
Os instintos permanecem como parte integrante do conjunto fisiológico, expressando-se nas necessidades primárias automaticamente sem os impulsos da violência ou os ditames das paixões asselvajadas.
Em diluindo-se a sombra, ocorre a harmonia do eixo egol Self, ao tempo em que outros arquétipos como a anima e o animus, a persona,
proporcionam equilíbrio psicológico, qual ocorre em Jesus, que é o modelo da verdadeira individuação.
É toda uma viagem realizada pelo self integrado, fulcro energético e central da personalidade.
Sendo o Self o desenhador de toda a trajectória da existência humana, desde o período infantil, que se manifesta nos períodos oníricos, nos quais se apresenta através de símbolos arquetípicos, é natural que haja uma grande ansiedade no paciente que deseja a integração no Self, a autoconsciência, podendo orientar os arquétipos perturbadores que antes geravam os conflitos e os transtornos de comportamento por falta de conhecimento da sua realidade.
Todos podem alcançar esse momento culminante da evolução psíquica mediante o esforço que realizem para interpretar os símbolos e as angústias que lhe precedem à ocorrência.
Santa Tereza d'Ávila alcançou-o mediante os momentosos êxtases que a conduziram ao estado de plenitude, de iluminação interior, assim como São Francisco de Assis, ou Michelangelo ao terminar de esculpir a estátua de Moisés, que o deslumbrou a tal ponto que exclamou emocionado:
— Parla!
Era tão viva a obra que faltava apenas falar, para se tornar um ser real...
Músicos e artistas de vária procedência, cientistas e mártires, filósofos éticos e místicos conseguiram essa integração perfeita, vivenciando o estado de plenitude que os acompanhou até o momento da desencarnação.
Normalmente, um psico-terapeuta experiente pode conduzir os seus pacientes ao momento culminante da libertação dos seus transtornos quando os leva à individuação, como estágio superior e culminante da saúde integral.
Jung logrou vivenciá-la, conseguindo individuar-se por meio dos métodos psico-terapêuticos por ele próprio elaborados.
O mestre suíço elucidou igualmente que é possível conseguir-se a individuação quando se logra a assimilação das quatro funções por ele descritas como sensação, pensamento, intuição e sentimento. Nos seus estudos alquímicos comparou a meta da individuação ao que sucede com a Opus ou Grande obra que os alquimistas tentaram vivenciar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 20, 2024 10:44 am

E, portanto, um processo lento, contínuo e de elevação emocional.
Pode-se alcançá-lo também mediante a oração, os fenómenos mediúnicos e paranormais, as regressões psicológicas que conduzem à fase infantil ou mesmo uterina, assim como às existências passadas, a meditação, de forma que todos os conteúdos inconscientes geradores do medo e da ansiedade, das angústias e inquietações possam ser diluídos por intermédio do enfrentamento consciente, nada deixando de enigmático nos painéis do inconsciente que possa ressurgir de forma assustadora...
Essa conquista formosa torna o ser diferenciado, libertando-o dos clichés e das imposições sociais que sempre o escravizam, exigindo-lhe condicionamento, quando aspira por liberdade. Com essa conquista, o ser humano torna-se consciente de si mesmo, das responsabilidades que lhe dizem respeito no concerto da sociedade, encorajando-o para os ideais relevantes, embora raciocinando que novas situações difíceis surgirão, mas que poderão ser vencidas naturalmente.
A individuação pode ser também denominada, no seu início, de alguma forma como a participation mystique, de Lévy-Bruhl. Na etapa final, situando-se o Self como a Imago Dei, numa conquista de unidade, que não isola o indivíduo, antes, pelo contrário, favorece o seu intercâmbio com as demais pessoas que passa a ver de maneira diferenciada de quando havia o predomínio do ego.
E tão complexa que se pode afirmar que tem início, mas nunca termina, porque se trata da busca da perfeição, no relativo do mundo em que se encontra o ser humano.
Pode-se, durante o processo de individuação, examinar o desenvolvimento da sociedade desde os seus primórdios e a maneira consciente como vem lidando com as suas projecções e superando-as, mediante as conquistas do conhecimento cultural nos seus vários aspectos, especialmente naqueles de natureza psicológica.
A perfeita identificação dos conflitos vem facultando que sempre se aspire pela aquisição do bom e do belo, como metas da saúde e do bem-estar.
Vencendo as diferentes etapas do desenvolvimento emocional, logo surgem os primeiros alvores da individuação, em decorrência da superação ou conscientização dos arquétipos que geram sofrimento.
As denominadas virtudes religiosas, que eram tidas como heranças místicas, no momento da individuação adquirem sentido de realização, quais o amor, que se transforma numa conquista relevante, indispensável para uma existência harmônica; a bondade, que multiplica os bens dos sentimentos elevados; a fé no futuro, como condição de estímulo — sentido e significado psicológico — para se prosseguir nas lutas naturais do processo evolutivo; a compaixão, em forma de solidariedade e de compreensão das aflições do próximo; a gratidão, como coroa de bênçãos por tudo quanto se conseguiu e pode realizar-se.
A gratidão, filha dilecta do amor sábio, enriquece a vida de beleza e de alegria porque com a sua presença tudo passa a ter significação enobrecida, ampliando os horizontes vivenciais daquele que a cultiva como recurso de promoção da vida em todos os sentidos.
Narra-se que certo dia, em Boston, nos Estados Unidos da América do Norte, um rebanho de carneiros era levado por uma das avenidas centrais da urbe. Um dos carneiros repentinamente caiu sem forças...
Uma criança muito pobre e malcuidada, observando a cena, deu-se conta que deveria ser por sede que o animalzinho perdera as resistências. Tomando do seu gorro, correu a uma bica próxima e colheu algum líquido, trazendo-o ao carneiro quase desfalecido e deu-lhe de beber.
Poucos minutos depois o animal correu e juntou-se ao grupo que seguia em frente.
Uma das pessoas que nada havia feito, num tom irónico, disse ao menino:
— Obrigado, titio!
E pôs-se a rir zombeteiramente. Um cavalheiro que havia observado a cena disse ao irónico:
— O carneirinho pediu-me para que agradecesse por ele, escusando-se de fazê-lo. Como eu sou dono de uma casa editora, sou conhecido como Eduardo Baer, e sempre estou procurando crianças dotadas de sentimentos nobres para cuidá-las, acabo de encontrar mais uma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 20, 2024 10:44 am

A partir deste momento, você estará sob a minha responsabilidade. .. - disse à criança aturdida.
Mais tarde, a sociedade acompanharia a trajectória do Dr. Carlos Mors, que se fez conhecido pela inalterável bondade com que tratava todas as criaturas.
A gratidão do carneiro havia alcançado a sua nobre finalidade, porque jamais esmaece ou perde o seu sentido.
Poder-se-ia incluir esse fato na extensa relação daqueles de natureza mitológica, da mesma forma que Hércules combateu o mal, vencendo todos os inimigos do bem pelo imenso prazer de ser grato à vida pelo seu poder.
O carneiro, que é símbolo da mansuetude, e o menino gentil, que pode ser considerado como um arquétipo de misericórdia e compaixão, unindo-se no mesmo sentimento de ajuda recíproca, produziram o missionário do amor e da bondade.
Isso porque a gratidão é um dos mais grandiosos momentos do desenvolvimento ético-moral do ser humano e está ínsita na individuação, quando tudo adquire beleza e significado.
A gratidão é, portanto, um momento de individuação, quando o ser humano recorda o passado com alegria, considerando os trechos do caminho mais difíceis que foram vencidos, alegrando-se com o presente e encarando o futuro sem nenhum receio, porque os arquétipos responsáveis pelas aflições foram diluídos na consciência, não restando vestígios da sua existência.
O ego, que os mantinha em acção, alargou a sua percepção psicológica da vida e tornou-se parte vibrante do Self, que ama sem distinção nem interesse de retribuição e é grato a Deus por existir, ao Cosmo por viver nele, à mãe-Terra por ser o seu habitat, a todas as cores e vibrações da Natureza, que lhe facultam contemplação e emotividade especial, aos sons maravilhosos que o fazem vibrar, ao oxigénio que o nutre e à psique responsável pelo seu pensamento e pela faculdade de discernir que a consciência alcançou.
Quando o ser humano se der conta de que necessita abandonar as faixas menos harmónicas por onde transita, aspirará pela conquista da individuação, exercitando-se na sublime arte do amor a Deus, ao próximo e, certamente, a si mesmo, abandonando o egotismo e vivenciando o altruísmo como forma segura de realização plena, no rumo da gratidão...
A gratidão abrange, num afectuoso abraço, os sentimentos que dignificam os seres humanos e os tornam merecedores de felicidade, quando estarão instalando no íntimo o decantado Reino dos Céus, conforme proposto por Jesus, o maior psicoterapeuta da Humanidade.

A gratidão abrange os sentimentos que dignificam os seres humanos e os tornam merecedores de felicidade, quando estarão instalando no íntimo o decantado Reino dos Céus, e conforme proposto por Jesus, o maior psicoterapeuta da Humanidade.


Joanna de Ângelis, que realiza uma experiência educativa e evangélica de altíssimo valor, tem sido nas suas diversas reencarnações, colaboradora de Jesus: a última ocorrida em Salvador (1761 - 1822), como Sóror Joana Angélica de Jesus, tornando-se Mártir da Independência do Brasil; na penúltima, vivida no México (1651 - 1695), como Sor Juana Inés de la Cruz, foi a maior poetisa da língua hispânica.
Vivera na época de São Francisco (século XIII), conforme se apresentou a Divaldo Franco, em Assis.
Também vivera no século I, como Joana de Cusa, piedosa mulher citada no Evangelho, que foi queimada viva ao lado do filho e de cristãos outros no Coliseu de Roma.
Até o momento, por intermédio da psicografia de Divaldo Franco, é autora de mais de 60 obras, 31 das quais traduzidas para oito idiomas e cinco transcritas em Braille. Além dessas obras, já escreveu milhares de belíssimas mensagens.

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