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Colecção Momentos - Momentos de Consciência-Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:01 am

Momentos de Consciência
Divaldo Pereira Franco

Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis

Colecção Momentos
2 - Momentos de Consciência (1991)

Índice
Momentos de Consciência

Capítulo 1 - Aquisição da Consciência
Capítulo 2 - Conhecimento e Consciência
Capítulo 3 - Comportamento e Consciência
Capítulo 4 - Conflitos e Consciência
Capítulo 5 - Saúde e Consciência
Capítulo 6 - Culpa e Consciência
Capítulo 7 - Maturidade e Consciência
Capítulo 8 - Carma e Consciência
Capítulo 9 - Morte e Consciência
Capítulo 10 - Reencarnação e Consciência
Capítulo 11 - Consciência e Evolução
Capítulo 12 - Consciência e Hábitos
Capítulo 13 - Consciência e Discernimento
Capítulo 14 - Consciência e Dever
Capítulo 15 - Consciência e Carácter
Capítulo 16 - Consciência e Responsabilidade
Capítulo 17 - Consciência e Integridade
Capítulo 18 - Consciência e Alienações Mentais
Capítulo 19 - Consciência e Mediunidade
Capítulo 20 - Consciência e Plenitude


Última edição por Ave sem Ninho em Seg Set 11, 2023 7:45 pm, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:01 am

Momentos de Consciência
Como se pode distinguir o bem do mal?
O bem é tudo o que é conforme a lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.
(O livro dos Espíritos, de Allan Kardec).
O jovem imaturo deslumbrava-se com as constelações cintilantes no firmamento e planeava conquistá-las.
Quando os primeiros momentos de compreensão mais ampla lhe afloraram à mente, percebeu a impossibilidade de conseguir as galáxias, e achou possível conquistar a terra que lhe servia de mãe gentil. As lutas amadurecerem-no e as dificuldades aumentaram-lhe a visão da realidade, facultando-lhe a impossibilidade de lograr o anelado e, amando a pátria onde nascera, acreditou que a poderia conquistar. Empenhou-se no embate arriscado, ganhou posição social e poder, porém, a soma de decepções e amarguras fê-lo desistir do intento e ele pensou em conquistar a comunidade na qual se movimentava.
Injunções políticas favoreceram-no com os cargos elevados, e, quando o destaque parecia havê-lo premiado, as artimanhas da hostilidade dos grupos beligerantes derrubaram-no.
Mais amadurecido ainda e pensativo, voltou-se para a família, e, enquanto a velhice se acercava, ele se empenhou em conquistar o clã.
Os interesses díspares no lar e na prole expulsaram-no, porque ele já pesava na economia doméstica, superado, no conceito dos jovens sonhadores e ambiciosos quanto ele próprio o fora um dia...
Nesse momento ele teve consciência da sua realidade e, só então, entendeu a importância da conquistar-se a si mesmo.
Momentos de consciência!
Volúpia do prazer domina as massas, e as criaturas ansiosas tumultuam-se e agridem-se, precipitando-se inermes nos gozos exaustivos sem que saciem os desejos.
A onda de vulgaridade se avoluma e ameaça levar de roldão as construções enobrecedoras da sociedade.
Uma violenta quebra de valores favorece o receio da experiência honrada, abrindo espaço para o campeonato da insensatez e do crime.
A mudança de comportamento moral altera a escala do discernimento, ombreado com a sordidez e a promiscuidade.
Nesse sentido, há um receio pela eleição da existência saudável, da conduta moral. Exótico e agressivo substituem o belo e o pacífico, dificultando o discernimento em torno do real e do imaginário, do justo e do ignóbil.
Há carência de grandeza, de amor, de abnegação, nestes momentos da terra.
As grandes nações encontram-se conturbadas e os seus membros aturdidos.
Os povos de médio desenvolvimento apresentam-se ansiosos, inseguros.
Os países em crescimento, vitimados pela miséria económica, experimentam a fome, as doenças calamitosas, o desemprego, a loucura, que se generalizam.
Em todos eles, no entanto, sobressaem a violência, a luxúria e a dissolução dos costumes.
A criatura agoniada, todavia, busca outros rumos de afirmação.
Está, porém, em a natureza humana, a necessidade da paz e o anelo pelo bem-estar.
Essa busca surge nos momentos de consciência, quando descobre as necessidades legítimas e sabe distingui-las no meio dos despautérios, do supérfluo e da desilusão.
Pensando nesses acontecimentos, que predominam nos vários segmentos da sociedade contemporânea, resolvemos escrever a presente obra.
Inspiramo-nos em “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, que é um manancial de inexaurível sabedoria, repositório de lições libertadoras, de que necessitamos para o auto-encontro, a auto-iluminação.
O amadurecimento intelecto-moral faculta a consciência e esta propele para a verdade e a vida.
Selecionamos vinte temas e os examinamos sob a óptica da consciência que se apoia nos estudos do mestre lionês, propondo rotas de segurança a quem se disponha reflexionar neles.
Não tivemos a preocupação de seguir as questões em ordem crescente, antes seleccionamos os temas e demos-lhes uma classificação especial, de modo a facultar mais amplas observações em torno da vida, da conduta e das experiências humanas.
Certamente não guardamos a presunção de crer que estamos acrescentando algo de novo aos estudiosos da criatura humana e do seu comportamento moral.
Alegra-nos a satisfação de oferecer um pouco do que temos em favor do homem novo, esforçado, consciente de que, empenhado na construção de um mundo mais feliz, a sua ambição deve ser a de conquistar-se a si mesmo e não aos outros.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:02 am

Capítulo 1 - Aquisição da Consciência
No momento da conscientização, isto é, no instante a partir do qual consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano.
Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar factores profundos como bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem.
Trabalhando dados não palpáveis, saberás seleccionar os fenómenos existenciais e as ocorrências, tornando tuas directrizes de segurança aquelas que proporcionam bem-estar, harmonia, progresso moral, tranquilidade.
Essa consciência não é de natureza intelectual, actividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascidas nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de acções.
Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos académicos.
Se analisarmos a conduta de um especialista em problemas respiratórios, que conhece intelectualmente os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas aditivas, e que, apesar disso, usa, ele próprio, qualquer um desses flagelos, eis que ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispõem de valor para fomentar uma conduta saudável.
Por extensão, a pessoa que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de direitos que se faculta, assim como todos aqueles que o estimulam ou o executam, incidem na mesma ausência de consciência, comportando-se sob a acção do instinto e, às vezes, da astúcia, da acomodação, mascaradas de inteligência.
Outros indivíduos, não obstante sem conhecimento intelectual, possuem lucidez para agir diante dos desafios da existência, elegendo o comportamento não agressivo e digno, mesmo que a contributo de sacrifício.
A consciência pode ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objectivam o bem do próximo, por consequência, o próprio bem.
O esforço para adquirir hábitos saudáveis conduz à conscientização dos deveres e às responsabilidades pertinentes à vida.
Herdeiro de si mesmo, das experiências transactas, o ser evolui por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas.
Jamais retrocede nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna dentro das paredes de enfermidades limitadoras, que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando tormentos.
Os logros evolutivos permanecem adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos.
A aquisição da consciência é desafio da vida, que merece exame, consideração e trabalho.
A tua existência terrena pode ser considerada uma empresa que deves dirigir de forma segura, a mais cuidadosa possível.
Terás que trabalhar dados concretos e outros mais abstractos, na área da programação das actividades, a fim de conseguires êxito. Todo empenho e devotamento se transformarão em mecanismos de lucro, a que sempre poderás recorrer durante as situações difíceis.
Algumas breves regras ajudar-te-ão no desempenho do empreendimento, tais:
- administra os teus conflitos. O conflito psicológico é inerente à natureza humana e todos o sofrem;
- evita eleger homens-modelos para seguires. Eles também são vulneráveis às injunções que experimentas e, às vezes, comprometem-se, o que, de maneira alguma deve constituir desestimulo;
- concede-te maior dose de confiança nos teus valores, honrando-te com o esforço para melhorar sempre e sem desânimo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:02 am

Se erras, repete a acção, e se acertas, segue adiante;
- não te evadas ao enfrentamento de problemas usando expedientes falsos, comprometedores, que te surpreenderão mais tarde com dependências infelizes;
- reage à depressão, trabalhando sem auto-piedade nem acomodação preguiçosa;
- tem em mente que os teus não são os piores problemas, eles pesam o volume que lhes emprestas;
- libera-te da queixa pessimista e medita mais nas fórmulas para perseverar e produzir;
- nunca cedas espaço à hora vazia, que se preenche de tédio, mal-estar ou perturbação;
- o que faças, faz-lo bem, com dedicação; lembra-te que és humano e o processo de conscientização é lento, que adquirirás segurança e lucidez através da acção contínua.
Interessado em decifrar os enigmas do comportamento humano, Allan Kardec indagou aos benfeitores e guias da Humanidade, conforme se lê em “O Livro dos Espíritos”, na questão número 621:
– Onde está escrita a lei de Deus ?
– Na consciência. - Responderam com sabedoria.
A consciência é o estágio elevado que deves adquirir, a fim de seguires no rumo da angelitude.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:02 am

Capítulo 2 - Conhecimento e Consciência
Através de uma análise cuidadosa do comportamento humano, Jung constatou que em todos os povos há uma predominância de crença em três factores essenciais à vida: Deus, a sobrevivência da alma e a acção benfazeja pelo próximo tanto quanto a si mesmo.
Variando de denominação e forma de aceitação, de filosofia e fé religiosa, esses três princípios são fundamentais à sustentação do grupo social e à felicidade individual.
São esses conceitos básicos que serviram de suporte à ética e ao pensamento filosófico, abrindo perspectivas mais amplas à integração do ser no grupo social.
Essas manifestações procedem, originalmente, do “eu” espiritual e são trazidas da Erraticidade onde ele se encontrava antes da reencarnação.
Por tal razão, o conceito do arquétipo colectivo do mesmo Jung, que tentaria explicar a crença, ao invés de haver surgido no indivíduo e transmitido às gerações sucessivas, tem a sua causalidade na origem espiritual da vida, que permanece em germe no processo da evolução, até o momento quando assume forma e expressão na consciência actual.
Necessariamente, através dos tempos, os espíritos missionários, portanto, mais evoluídos, tomaram esses princípios e os desdobraram, apresentando-se nas várias formas de crenças e religiões, com os cultos compatíveis ao estágio cultural de cada época, povo e raça. À medida que são aprendidos os seus profundos significados, revestem-se das fórmulas desnecessárias e passam à posição ética de comportamento em relação à vida, a si mesmo e ao próximo. Eles permitem uma plena integração da criatura com o seu Criador, consigo mesma e com outro ser, sem cuja identificação a felicidade se lhe torna impossível.
Ninguém é realmente feliz a sós. O exílio voluntário, a solidão, constituem método para disciplina mental, moral e comportamental.
Realizado, porém, o curso de domínio da vontade, a sua aplicação no quotidiano, no relacionamento humano, dirá da sua eficácia e dos resultados do tentame.
Experiência não testada é adorno que não merece confiança.
Conhecimento não aplicado é informação que ignora a finalidade. O ser humano é sociável, portador do instinto gregário para crescer no relacionamento com os demais onde quer que se encontrem. Sem tal enfrentamento, os seus valores são desconhecidos e suas resistências certamente são fracas.
O conhecimento da imortalidade conscientiza o ser para um comportamento ético elevado em relação ao seu próximo, tudo lhe fazendo conforme o padrão que lhe constitui ideal e que, por sua vez, gostaria de receber. Nesse sentimento de solidariedade se encontra a meta desafiadora que deve alcançar no processo evolutivo e de auto-iluminação. Todo um esquema de projectos para tornar realidade se apresenta a partir do momento em que a sua existência física adquire sentido, significado e finalidade, que não se interrompem com a morte orgânica, no seu incessante fenómeno de transformações moleculares. A visão imortalista enseja uma dilatação de objectos em relação à vida, pois que, logrado um patamar de valores e realizações, outro surge atraente, propiciando novos esforços que facultam o contínuo crescimento intelecto moral do candidato decidido.
Questões e circunstâncias afligentes, que se apresentam no contexto social como relevantes e que respondem por incontáveis conflitos geradores de infelicidade cedem espaço a legítimas aspirações de plenitude, que se colocam acima das questiúnculas cuja importância é-lhes atribuída, em razão de não passarem de frivolidades, desperdícios de tempo e de emoção. Isto porque, a certeza da causalidade divina e da sua justiça faculta uma real conscientização de conteúdos em favor do próprio futuro, que tem começo desde então.
O conhecimento, portanto, racional, lógico e emocional, sobre Deus, sobrevivência e função do amor ao próximo, conscientiza o ser a respeito da sua humanidade e da destinação gloriosa que logrará no futuro.
Allan Kardec, preocupado com a questão em torno da felicidade, indagou aos nobres mentores qual a forma de enfocá-la, e eles responderam, conforme está em “O Livro dos Espíritos”, na questão de numero 919:
– Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atracção do mal?
– Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:03 am

Capítulo 3 - Comportamento e Consciência
Estudos cuidadosos a respeito do comportamento humano demonstraram que há três biótipos representativos de criaturas na sociedade.
O primeiro pode ser denominado como co-dependente, constituído por pessoas condicionadas, aquelas que estabelecem as suas metas através de circunstâncias alheias à sua vontade, não adquirindo uma consciência pessoal de satisfação como esforço individual auto-realizador. As suas aspirações estão fundamentadas nas possibilidades de outrem, nos factores ocasionais, e afirmam que somente serão felizes se amadas, se realizarem tal viagem ou qual negócio, etc. A falta de confiança em si mesmas proporciona-lhes o desequilíbrio desagregador da saúde e, mais facilmente, em média, são acessíveis ao câncer, atingindo um obituário maior do que aqueles que se demoram nas outras áreas.
O segundo é constituído por indivíduos insatisfeitos: os que têm raiva da vida, que estão contra: instáveis e irritadiços por natureza, são auto-destrutivos, vivendo sob a constrição permanente da irascibilidade. Afirmam que se sentem incompletos, que nada lhes sai bem, portanto, agridem-se e agridem todos e tudo.
Facilmente se tornam presa de distúrbios nervosos que mais os desgastam e infelicitam, atirando-se aos porões da exaltação, da depressão, do autocídio, directo ou não...
Entre eles surgem os déspotas, os guerreiros, os criminosos...
O terceiro grupo é formado por criaturas ajustadas, auto-realizadas, tranquilas, confiantes.
Certamente, o seu é um número reduzido, diferindo grandemente dos membros que se encontram nas faixas comportamentais anteriores. Essas pessoas ajustadas são candidatas ao triunfo nas actividades às quais se dedicam, tornando-se agradáveis, sociáveis, estimuladoras. Os seus empenhos são positivos, visando sempre o bem-estar geral, o progresso de todos. As suas lideranças são enriquecedoras, criativas e dignas.
Desse grupo saem os fomentadores do desenvolvimento da sociedade, os exemplos de sacrifício, os génios criadores, os buscadores da verdade.
As investigações aprofundam as suas sondas nas causas próximas desses comportamentos e encontraram, na raiz deles, o grupo familiar como responsável.
Com ligeiras variações daqueles que superam os factores negativos e se ajustam, bem como outros que apesar da sustentação dignificadora derrapam para as áreas de inquietação, o lar responde pela felicidade ou desdita futura da prole, gerando criaturas de bem, assim como servos da perturbação.
Quem não recebe amor, não sabe dar amor e não o possui para repartir.
Na infância do corpo, o espírito encarnado plasma na consciência a escala de valores que lhe orientará a existência. Conforme seja tratado criará estímulo naquela direcção, retribuindo-os na mesma ordem.
A auto estima aí se desenvolve, quando orientado ao descobrimento apreciável da vida, das próprias possibilidades, dos valores latentes que lhe cumpre desenvolver. Os desafios tornam-se-lhe convites ao esforço, à luta pelo progresso, à conquista de metas. O insucesso não o aturde nem o desestimula, pois que o conscientiza de como não fazer o que deseja. O carinho na infância, o amor e a ternura, ao lado do respeito à criança, são fundamentais para uma vida saudável, plenificadora.
Todos têm necessidade de segurança na jornada carnal de instabilidades e transitoriedades. E os pais, os educadores, os adultos em geral, são os modelos para a criança, que os amará, copiando-os, ou os detestará, incorporando-os inconscientemente.
É verdade que cada espírito reencarna no lar de que tem necessidade para evoluir, o que não credencia os progenitores ao uso e abuso das arbitrariedades que pratiquem, de que terão, por sua vez, de dar conta à própria e à consciência cósmica.
O espírito reencarna para progredir, desdobrando e aprimorando as aptidões que lhe dormem na consciência profunda. A educação na infância desempenha um papel de fundamental importância para o seu comportamento durante a existência. Os estímulos ao amor ajudam-no a lapidar as arestas que lhe remanescem do passado, mediante as acções de enobrecimento, de solidariedade, de abnegação, de caridade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:03 am

Com raras excepções, os grandes vultos da Humanidade possuíram uma superior consciência de comportamento e apoiavam-na nas reminiscências do lar, no carinho dos pais, dos avós, dos mestres, que lhes constituíram exemplo digno de ser imitados. As suas reminiscências foram ricas de beleza, de bondade, de amor, com que se equiparam para os grandes lances da existência, e, aqueles que foram vítimas de holocaustos, possuíam pacificada a consciência por sacrificaram-se em favor da posteridade.
Respondendo a Allan Kardec, à indagação de número 918, de “O Livro dos Espíritos”, asseveraram os condutores da terra:
O espírito prova a sua elevação quando todos os actos de sua vida corporal representam a prática da lei de Deus e quando, antecipadamente, compreende a vida espiritual.
O comportamento é, pois, resultado do nível individual de consciência de cada ser.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:03 am

Capítulo 4 - Conflitos e Consciência
Nos alicerces do inconsciente dormem todos os processos da evolução antropológica e as aquisições psicológicas do ser em forma de experiências vividas.
Toda vez que uma delas não pôde ser assimilada e passou aos arquivos profundos, permanecerá como possibilidade de emergir do arcabouço onde dorme, reaparecendo na feição de conflito.
Os conflitos resultam igualmente das ambições insatisfeitas, dos desejos frustrados e das manifestações íntimas que ficaram recalcadas sem o concurso da razão.
O ser humano, libertando-se das heranças do primarismo, estagia na fronteira dos hábitos instintivos e do discernimento do que lhe é factível realizar.
Adaptado aos fenómenos automáticos, nem sempre dispõe de forças para superar a limitação, de onde nascem as incertezas e dúvidas que se transformam em complexos conflitos emocionais.
Comportamentos arraigados e insegurança escamoteiam-se nos painéis dos impulsos tormentosos, complexos perturbadores, tendendo a infelicitar a criatura que lhe experimenta a constrição.
O conflito é o claro-escuro do que fazer ou não realizar, tendendo sempre para o desequilíbrio e a aflição.
Não digerido, transforma-se em expressão emocional de desajuste, somatizando distonias orgânicas que abrem espaço para a instalação de várias doenças.
Parasito vigoroso, o conflito deve ser identificado para posterior eliminação.
Toda vez que algo se apresente sombrio na área da emoção, por medo, ignorância, pressão ou fraqueza, pode tornar-se conflito mais tarde.
Só há, no entanto, conflito, quando a consciência não luz discernimento e, ainda obliterada, deixa-se conduzir apenas pela inteligência ou pelos instintos, permanecendo sem direccionamento.
A existência humana é um desafio.
Todo desafio propõe esforço para a luta.
Quando o ser recua num tentame, eis que perde a oportunidade de afinar os seus valores, a prejuízo do crescimento pessoal.
Desenvolvendo as aptidões, cada vez que tem coarctada uma acção ou não entendendo uma situação, o ser bloqueia a faculdade de produzir, perdendo-se no emaranhado dos receios e das incertezas.
Cabe-lhe, portanto, logicar para agir, medir as possibilidades e produzir, trabalhando pelo aprimoramento interior, que responde pela harmonia psicofísica do seu processo evolutivo.
A consciência alarga os horizontes do pensamento, facultando a saúde real, que se expressa como equilíbrio perante o cosmo. Sendo a criatura um cosmo em miniatura, é regida pelas mesmas leis do grande Universo.
Desse perfeito entrosamento entre os pequenos e o grande Foco, surge a harmonia que é a sua mais nobre manifestação.
Os fenómenos conflitivos que se manifestam na conduta e na emoção da criatura são efeitos do estágio em que se encontra o espírito reencarnado.
O organismo, amoldando-se aos subtis equipamentos espirituais, reflecte a necessidade de progresso que o caracteriza, impelindo-o à incessante transformação intelecto-moral: sua meta, sua busca.
Ademais, face à historiografia do seu passado, o ser ainda padece conflitos que lhe são sugeridos e transmitidos por sequazes ou vítimas espirituais de jornadas transactas, que a morte não aniquilou.
Diante da palpitante e frequente manifestação dos conflitos nas vidas humanas, Allan Kardec solicitou esclarecimentos aos Numes Tutelares, conforme se lê na pergunta 361 de “O Livro dos Espíritos”:
– Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?
– São as do espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem. O que equivale dizer, sem conflitos.
Desse modo, a superação dos conflitos se dará mediante o esforço ingente oferecido pelo ser em evolução que se deixe plenificar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:04 am

Capítulo 5 - Saúde e Consciência
A fim de que a pessoa adquira ou preserve a saúde, é imprescindível a conscientização de si mesmo, da sua maneira de ser.
Normalmente, por hábito vicioso, prefere e aceita os estados negativos e alterados de comportamento com os quais a consciência anseia, abrindo espaço para as doenças. Permite-se, desse modo, a raiva, o ciúme, a queixa, a ansiedade, e tomba em depressões injustificáveis que são as portas de acesso a enfermidades variadas.
Justificando sempre os pensamentos perturbadores e as acções perniciosas, recusa-se à renovação da paisagem mental, com a consequente mudança de atitudes, mais se predispondo ao desequilíbrio.
Os sinais de alarme em torno da situação surgem quando se deseja:
- pedir desculpas por uma reacção infeliz e não logra fazê-lo;
- recomeçar uma tarefa que a ira interrompeu e sente dificuldade;
- abraçar alguém inamistoso e vê-se impedido;
- discutir um assunto desagradável e é tomado por um silêncio constrangedor;
- iniciar uma conversação e sente-se incapaz ou desinteressado;
- permanecer acordado sem libertar-se de uma ideia intranquilizadora;
- continuar ansioso, mesmo quando não há razão que o justifique;
- não conseguir dirigir palavras gentis a uma pessoa querida;
- sentir-se trémulo ou deprimido, diante de alguém que lhe parece superior;
- considerar-se diminuído no meio social no qual se movimenta...
Esses sintomas, e outros mais, caracterizam estados predisponentes às doenças.
A aceitação dessas circunstâncias significa preferência de infelicidade à harmonia.
Cultivando esses estados, bloqueia-se a consciência, que se entorpece, volvendo a um estágio inferior, no caso, à sensação que ainda lhe predomina no processo evolutivo.
Sendo a pessoa livre para preferir ser saudável ou enferma, cabe à consciência agir com liberdade profunda, isto é, a opção de ser feliz.
Começa por te desfazeres dos padrões mentais antigos, negativos, que te condicionaram à aceitação dos comportamentos doentios.
O treinamento de novas maneiras de pensar, baseadas na ordem, no bem geral, na superação das próprias possibilidades, criará automatismos e reflexos que trabalharão pela tua harmonia e saúde.
É necessário assumir o controlo de ti mesmo, o que equivale dizer, à conscientização, esse estágio superior no qual a emoção conduz a sensação.
Infinitas mensagens são dirigidas da mente ao corpo, produzindo hábitos que se arraigarão, substituindo aqueles que se responsabilizam pela desordem e doença. O teu cérebro, com os seus extraordinários arquivos, está sempre armazenando dados com a
capacidade de fixar dez novos fatos por segundo.
Pode parecer difícil saíres de uma situação desgastante para uma outra agradável. E é, realmente. No entanto, toda aprendizagem exige a repetição da experiência até a sua fixação em definitivo. Do mesmo modo, a aquisição de valores e padrões de felicidade vai além do simples querer, deambulando pelos caminhos do conseguir.
A tecnologia deu o seu mais expressivo salto nos tempos modernos, quando três jovens cientistas americanos descobriram o transístor, miniaturizando peças e equipamentos que aceleraram o progresso da civilização.
Não medir esforços para a aquisição da saúde, mediante a consciência do dever para consigo mesmo, é o desafio a enfrentar e vencer, através das pequenas peças do sacrifício, da perseverança e do trabalho.
Na questão número 912 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec interrogou:
– Qual o meio mais eficiente de combater-se o predomínio da natureza corpórea?
– Pratica a abnegação.
Com este esforço desfrutar-se-á de consciência, saúde e paz.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 11:04 am

Capítulo 6 - Culpa e Consciência
A culpa surge como forma de catarse necessária para a libertação de conflitos.
Encontra-se insculpida nos alicerces do espírito e manifesta-se em expressão consciente ou através de complexos mecanismos de auto-punição inconsciente.
Suas raízes podem estar fixadas no pretérito - erros e crimes ocultos que não foram justiçados - ou em passado próximo, nas acções da extravagância ou da delinquência.
Geradora de graves distúrbios, a culpa deve ser liberada a fim de que os seus danos desapareçam.
Arrepender-se de comportamentos equivocados, de práticas mesquinhas, egoístas e arbitrárias é perfeitamente normal. A sustentação, porem, do arrependimento, além de ser inoperante, apenas proporciona prejuízos que respondem por numerosos conflitos da personalidade.
O arrependimento tem como finalidade dar a perceber a dimensão do delito, do gravame, de modo que o indivíduo se conscientize do que praticou, formulando propósitos de não reincidência.
A permanência na sua análise, a discussão íntima em torno do que deveria, ou não, ter feito naquela ocasião, transforma-se em cravo fincado no painel da consciência.
Há pessoas que se atormentam com a culpa do que não fizeram, lamentando não haverem fruído tudo quanto o momento passado lhes proporcionou.
Outras amarguram-se pela utilização indevida ou pelo uso inadequado da oportunidade, todas, no entanto, prosseguindo em acção negativa.
Seja o que for que fizeste, ou deixaste de fazer, a recordação, em culpa, daquele instante, de maneira alguma te ajudará.
Não poderás apagar o erro lamentando-o, por mais te demores nesta atitude, tampouco experimentarás recompensa reter-te na lembrança do que poderias ter feito e deixaste de realizar.
A aparente compensação que experimentes, enquanto assim permaneças, é neurótica, pois que voltarás às mesmas reminiscências que se transformarão em cáustico mental no futuro.
Tudo quanto invistas para anular o passado, removê-lo ou deixá-lo à margem, será inútil.
O que está feito ou aquilo que ficou para realizar, constituem experiências para futuras condutas.
Águas passadas não movem moinhos - afirma o brocardo popular, com sabedoria.
As lembranças negativas entorpecem o entusiasmo para as acções edificantes, únicas portadoras de esperança para a libertação da culpa.
Há pequenas culpas que resultam da educação deficiente, neurótica, do lar, igualmente perturbadoras, mas de pequena monta.
A existência terrena é toda uma oportunidade para enriquecimento contínuo.
Cada instante é ensejo de nova acção propiciadora de crescimento, de conhecimento, de conquista. Saber utilizá-lo é desafio para a criatura que anela por novas realizações.
Desse modo, quem se detém nas sombrias paisagens da culpa ainda não descobriu a consciência da própria responsabilidade perante a vida, negando-se a bênção da libertação.
De alguma forma, quem cultiva culpa não deseja libertar-se, em tal postura comprazendo-se irresponsavelmente.
Sai da forma do arrependimento e age de maneira correta, edificante.
Reabilita-te do erro, através de acções novas que representem o teu actual estado de alma.
Detém a onda dos efeitos perniciosos com a diluição deles nas novas fronteiras do bem.
A soma das tuas acções positivas quitará o débito moral que contraíste perante a Divina Consciência, porquanto o importante não é a quem se faz o bem ou o mal, e sim, a acção em si mesma em relação à harmonia universal.
Allan Kardec, interessado na questão, interrogou os Embaixadores Espirituais e recebeu deles a segura resposta, conforme o numero 835 de “O Livro dos Espíritos”:
– Será a liberdade de consciência uma consequência da de pensar?
– A consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como os outros pensamentos.
Como consequência, a culpa deve ser superada mediante acções positivas, reabilitadoras, que resultarão dos pensamentos íntimos enobrecedores.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:34 pm

Capítulo 7 - [b]Maturidade e Consciência/b]
A consciência atinge a plena conquista, quando o ser amadurece no seu processo psicológico de evolução. Esse amadurecimento é o resultado de um contínuo esforço em favor do auto-conhecimento e da coragem para enfrentar-se, trabalhando com
esforço íntimo as limitações e os processos infantis que nele ainda predominam.
Não sabendo superar as frustrações, fixa-as no inconsciente e torna-se sua vítima, fugindo para os mecanismos da irresponsabilidade toda vez que se vê a braços com dificuldades e enfrentamentos.
A maturidade psicológica não se restringe ao período de desenvolvimento da infância, e sim, às várias fases da vida, considerando-se que a aprendizagem e o crescimento não cessam nunca, tornando-se uma constante até o momento da individualização, no qual o espírito comanda a matéria e o estado mental mantém-se em harmonia com o físico.
Não seja de estranhar que indivíduos adultos mantenham comportamentos infantis e que jovens se apresentem com equilibrada maturidade.
Naturalmente, o espírito é o agente da vida e dele procedem os valores que são ou não considerados durante a existência corporal.
O mecanismo para o amadurecimento psicológico do ser expressa-se de maneira natural, aguardando que a vontade e o contínuo esforço para o reconhecimento das debilidades físicas, emocionais e outras, facultem o ânimo para corrigi-las e superá-las.
As funções psíquicas, que Jung classificou em número de quatro - sensorial, sentimental, intelectual e intuitiva - devem constituir um todo harmónico, sem predominância de alguma em detrimento de outra, proporcionando o amadurecimento, portanto, a plena realização da consciência.
O amadurecimento psicológico se exterioriza quando se ama, quando se alcança esse sentimento ablativo, demonstrando a libertação da idade infantil.
Egocêntrica e ambiciosa, a criança apega-se à posse e não doa, exigindo ser protegida e jamais protegendo, amada sem saber amar, nem como expressá-lo. O seu amor é possessivo e sempre se revela no receber, no tomar.
O seu tempo é presente total.
O adulto, diferindo dela, compreende que o amor é a ciência e arte de doar, de proporcionar felicidade a outrem.
O seu tempo é o futuro, que o momento constrói etapa a etapa, à medida que lhe amadurecem a afectividade e o psiquismo.
Enquanto o amor não sente prazer em doar, experimenta o período infantil, caracterizando-se pelo ciúme, pela insegurança, pelas exigências descabidas, portanto, egocêntrico, impróprio.
Quem ama com amadurecimento, plenifica-se com a felicidade do ser amado e beneficia-se pelo prazer de amar.
Há nele uma compreensão de liberdade que alcança os patamares elevados da renúncia pessoal, em favor da ampla movimentação e alegria do ser amado.
O que hoje não consegue, semeia em esperança para o amanhã.
O idoso amadurecido realiza-se em constantes experiências de amor e vivência culturais, emocionais, sociais beneficentes, livres do passado, das reminiscências que lhe constituem prazer fruído, no entanto, sem sentido.
Como o crescimento do homem maduro não termina, a sua consciência promove-o à certeza de que, desvestido do corpo, ele prosseguirá evoluindo.
Sintetizando toda a sabedoria de que era portador, Jesus, na condição de Psicólogo Excelente, prescreveu para as criaturas humanas a necessidade de se amarem umas às outras.
Com esta lição ímpar, não somente reformulou as propostas egocêntricas da Lei Antiga, de reacções cruéis, portanto, infantis, como abriu perspectivas extraordinárias para a integração da criatura com o seu Criador, o Amor Supremo.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:34 pm

Posteriormente, buscando propiciar o amadurecimento das criaturas, Allan Kardec indagou aos Mensageiros da Luz, na pergunta de número 893 de “O Livro dos Espíritos”:
– Qual a mais meritória de todas as virtudes?
E eles responderam:
– Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade. Porquanto através do auto-conhecimento, o ser pensante descobre as próprias imperfeições, trabalha-as e, levado pela necessidade gregária, sai da solidão e ama.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:34 pm

Capítulo 8 - Carma e Consciência
O carma é efeito das acções praticadas nas deferentes etapas da existência actual como da pregressa.
Fruto da árvore plantada e cultivada, tem o sabor da espécie que tipifica o vegetal.
Quando os actos são positivos, os seus resultados caracterizam-se pela excelência da qualidade, favorecendo o ser com momentos felizes, afectividade, lucidez, progresso e novos ensejos de crescimento moral, espiritual, intelectual e humano, promovendo a sociedade, na qual se encontra.
Quando atua com insensatez, vulgaridade, perversão, rebeldia, odiosidade, recolhe padecimentos ultrizes, que propiciam provas e expiações reparadoras de complexos mecanismos de aflições, que respondem como necessidade iluminativa.
O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da criatura.
A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade rigorosa que alucina, a limitação que perturba, a solidão que asfixia, o desar que amargura, podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os experimenta resolve mudar as atitudes,
aprimorando-as e desdobrando-as em prol do bem geral, no que resulta em bem próprio.
Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.
O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do que Deus lhe faz, como apraz aos pessimistas, aos derrotistas e cómodos afirmar.
Refazes, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus actos saudáveis.
Constrói e elabora novos carmas, liberando-te dos penosos que te pesam na economia moral.
A consciência não é inteligência no sentido mental, mas a capacidade de estabelecer parâmetros para entender o bem e o mal, optando pelo primeiro e seguindo a directriz do equilíbrio, das possibilidades latentes, desenvolvendo os recursos atuais em favor do seu vir-a-ser.
Essas possibilidades que se encontram adormecidas são a presença a de Deus em todos, aguardando o momento de desabrochar e crescer.
A consciência, nos seus variados níveis, consubstancia a programação das ocorrências futuras, através das quais conquista os patamares da evolução.
Enquanto adormecida, a consciência funciona por automatismo que se ampliam do instinto à conquista da razão. Quando a lucidez faculta o discernimento, mais se favorecem os valores divinos que se manifestam, aumentando a capacidade de amar e servir.
O carma, que se deriva da conduta consciente, tem a qualidade do nível de percepção que a tipifica.
Amplia, desse modo, os tesouros da tua consciência, e o teu carma se aureolará de luz e paz, que te ensejarão plenitude.
Enquanto na ignorância, Maria de Magdala, com a consciência adormecida, vivia em promiscuidade moral. Ao defrontar Jesus, despertou, alterando o comportamento de tal forma, que elaborou o abençoado carma de ser a primeira pessoa a vê-lo ressuscitado.
Judas Iscariotes, consciente da missão do Mestre, intoxicou-se pelos vapores da ambição descabida e, despertando depois, ao enforcar-se estabeleceu o lúgubre carma de reencarnações infelizes para reparar os erros tenebrosos e recuperar-se.
O carma e a consciência seguem juntos, o primeiro como decorrência do outro.
Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, na questão de número 132, interrogou:
– Qual o objectivo da encarnação dos espíritos?
E os Mensageiros responderam:
– Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de por o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.(...)
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Capítulo 9 - Morte e Consciência
A perfeita identificação da transitoriedade do corpo físico expressa o superior estágio de consciência do homem. Esse discernimento lúcido, a respeito da fragilidade orgânica, é de alto significado no processo da evolução, constituindo patamar superior de
conquista que promove o ser do instinto à razão, e desta à intuição espiritual.
Repugna ao homem-instinto a lembrança da morte, bem como da sua convivência no cotidiano. Para ele, o estágio corporal tem o sentido de permanência, entorpecendo-lhe o conhecimento da realidade, que se recusa aceitar, embora o fenómeno biológico das transformações celulares e moleculares dê-se a cada instante.
A segurança do edifício orgânico apoia-se na fragilidade da sua própria constituição.
Engrenagens delicadas são susceptíveis de se desorganizarem, seja por acidentes da sua estrutura, ou por invasões microbianas, ou traumatismos físicos e emocionais, ou, ainda, por desgaste natural que decorre do uso na sucessão do tempo.
Agrada, ao homem inconsciente, pensar apenas no imediatismo do aparelho físico e no desfrutar dos aparentes benefícios que propicia, na área dos prazeres e das sensações mais agressivas, que frui com sofreguidão insaciável.
Esse engano leva-o ao apego das formas que se diluem e alteram; dos objectos de que se apropria e passam de mãos; das aspirações que transforma em metas de vida e às quais se entrega, expressando-as em poder, destaque, abastança, que não pode deter por tempo indefinido.
Como efeito dessa acção sem apoio na realidade da vida, surgem os quadros da ansiedade, do medo, da insegurança, da irritabilidade, degenerando em mecanismos de infelicidade, porque a vida física torna-se-lhe a razão única pela qual luta e se empenha em preservar.
Experimentando o desgaste da enfermidade, a velhice, sente-se próximo do fim e desequilibra-se.
Ignorando ou teimando por desconhecer a inevitável transformação que encerra um ciclo, para dar lugar ao surgimento de um outro, do qual procede, rebela-se e envenena-se com a ira, apressando aquilo que pretende postergar.
A consciência libera a realidade do ser em profundidade, que compreende as naturais alterações dos fenómenos biológicos, que são instrumentos para o seu progresso espiritual.
Desentorpecida dos anestésicos atávicos do instinto de conservação, que remanescem do primarismo animal, penetra na estrutura da vida, descobrindo a causalidade existencial que é o espírito, independente dos mecanismos orgânicos, que usa com finalidade específicas e abandona quando encerrada a actividade que se lhe faz necessária.
Graças a tal entendimento, desenvolve recursos preciosos e desvela atributos que lhe dormem nos refolhos, abrindo-se a valores imperecíveis que o fascinam, em detrimento daqueloutros que são necessários ao trânsito carnal e devem permanecer no teatro terrestre onde se originam.
A consciência da morte, com as consequentes acções preparatórias para o traspasse, favorece o ser com harmonia interior e segurança pessoal.
A lucidez em torno dos deveres propele a criatura ao burilamento íntimo e, ao fazê-lo descobre que o amor é a fonte inexaurível de recursos para facultar-lhe o tentame.
O amor que se expande liberta-o das paixões escravizadoras que perturbam e infelicitam.
Se já podes conscientizar-te da proximidade do fenómeno da morte, que é transformação em tua existência, estás em condições de crescer e planar acima das vicissitudes.
Vive então o périplo orgânico, conscientemente, usando o corpo com finalidade elevada, porquanto ao chegar o momento da tua morte deixarás a massa material como borboleta ditosa que, após a histogénese, voa feliz nos rios suaves do infinito.
Na questão 155 de “O Livro dos Espíritos” pode-se ler:
– Como se opera a separação da alma e do corpo?
– Rotos os laços que a retinham, ela se desprende. Com a consciência da realidade, a vida esplende no corpo e fora dele.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:35 pm

Capítulo 10 - Reencarnação e Consciência
A conquista lúcida da consciência abre espaços para o entendimento das leis que regem a vida, facultando o progresso do ser, que se entrega à tarefa de educação pessoal e, por consequência, da sociedade na qual se encontra situado.
Não mais lhe atendem as aspirações, os conceitos utópicos e as afirmações pueris destituídas de razão, com os quais no passado se anestesiava o discernimento dos indivíduos e das massas.
Com ela a ideia de Deus e da sua justiça evolui, arrancando-o do antropomorfismo a que esteve algemado pela ignorância, para uma realidade mais consentânea com a própria grandeza.
Os velhos tabus, como efeito, cedem lugar aos fatos que podem ser considerados e examinados pela investigação, produzindo amplas percepções de conteúdos que enriquecem a compreensão.
O crescimento interior elucida a justiça, que já não se aferra aos limites das paixões humanas que a padronizaram conforme os próprios interesses, agraciando uns e punindo outros, em lamentável aberração ética e de equanimidade discutível, senão absurda.
A consciência conquistada favorece a penetração nas causas da vida mediante os processos de intuição, de dedução e de análise decorrente da experiência vívida dos factores que constituem o Universo.
Engrandecem-se o homem e a mulher que se despojam do temor ou da incredulidade, do beatismo ou da negação, assumindo uma postura digna, portanto coerente com seu estado da evolução.
Somente a consciência favorece a perfeita identificação com a realidade das vidas sucessivas, concepção-lei única a corresponder à grandeza da vida.
Sem a consciência, a inteligência lógica crê, mas não se submete; a emoção aceita, porém, receia os impositivos do estatuto da evolução, no qual está o mecanismo reencarnacionista.
A consciência abre as comportas da inteligência e do sentimento para a natural aceitação das experiências sucessivas e inevitáveis, que promovem a criatura.
A reencarnação é instrumento do progresso do ser espiritual.
Ora ele expia, quando são graves os seus delitos, submetendo-se às aflições que constituem disciplinas educativas mediante as quais se fixam nos painéis profundos da consciência os deveres a cumprir. Noutras vezes são provações que enrijecem as fibras morais responsáveis pela acção dignificadora.
Longe de ser uma punição, a dádiva do renascimento corporal é bênção do amor, auxiliando o espírito a desenvolver os recursos que lhe jazem latentes, qual terra arroteada e adubada em condições de transformar a semente diminuta no vegetal exuberante que nela dorme.
Diante dessa realidade, amplia a tua consciência pela meditação e age com segurança ética, entregando-te ao compromisso de iluminação desde agora.
Nunca postergues os deveres a pretexto de que terás futuras oportunidades.
A tua consciência dirá que hoje e aqui estão o momento e o lugar para a construção do teu ser espiritual, que se deve elevar, libertando-te dos atavismos primitivos e das paixões perturbadoras.
A consciência da reencarnação impulsionar-te-á ao progresso através do amor e do bem sem alternativas de fracasso, porque a luz da felicidade brilhando à frente será o estimulo para que alcances a meta.
Sem a reencarnação a vida inteligente retornaria ao caos e a lógica do progresso ficaria reduzida à estupidez, à ignorância.
A consciência da reencarnação explica Sócrates e o homem bárbaro do seu tempo, Gandhi e o selvagem da actualidade, a civilização e o primitivismo nesta mesma época.
Lentamente o ser avança e, de etapa em etapa, adquire experiência, conhecimento, sentimento, sabedoria, consciência.
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 170, encontramos o seguinte diálogo:
– O que fica sendo o espírito depois da sua última reencarnação?
– Espírito bem-aventurado; puro espírito. Para esse desiderato final, a consciência das reencarnações é indispensável.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:35 pm

Capítulo 11 - Consciência e Evolução
O despertar da consciência faculta a responsabilidade a respeito dos actos, face ao desabrochar dos códigos divinos que jazem em germe no ser.
Criado simples e ignorante, o espírito tem como fatalidade a perfeição que lhe está destinada. Alcançá-la com rapidez ou demorar-se por consegui-la depende da sua vontade, do seu livre-arbítrio.
Passando pela fieira da ignorância, adquiriu experiências mediante as quais pode discernir entre o que deve e o que lhe não é lícito realizar, optando pelas acções que lhe proporcionem ventura, bem-estar, sem os efeitos perniciosos, aqueles que se tornam desgastantes, afligentes.
Desse modo, torna-se responsável pelo seu destino, que está a construir, modificar, por meio das decisões e atitudes que se permita.
O bem é-lhe o fanal e este se constitui de tudo aquilo que é conforme as leis de Deus, que são naturais, vigentes em toda parte.
A herança da ignorância primitiva prende-o no mal, que é contrário à lei de progresso, não, porém, retendo-o indefinidamente e impossibilitando-o de ser feliz.
Cumpre-lhe, portanto, envidar esforços e romper os elos com a retaguarda, avançando nas experiências iluminativas, a princípio com dificuldade, face à viciação instalada, para depois acelerar os mecanismos de desenvolvimento, por força mesmo do prazer e alegria fruídos.
Lentamente, em razão da própria consciência, descobre os tesouros preciosos que lhe estão à disposição e dos quais pode utilizar-se com infinitos benefícios.
Saúde e doença, paz e conflito, alegria e tristeza podem ser elegidos através do discernimento que guia as acções. Sem essa claridade, os estados negativos tornam-se-lhe habituais e, mesmo quando estabelecidos, podem alterar-se através do empenho empregado para vencê-los.
Nunca te entregues à desesperança, ao abandono. Não és uma pedra solta, no leito do rio do destino, a rolar incessantemente. Tens uma meta, que te aguarda e que alcançarás.
Penetra-te, mediante a reflexão, e descobre as tuas incalculáveis possibilidades de realização.
Afirma-te o bem, a fim de que o seu germe em ti fecunde e cresça.
Serás o que penses e planejes, pois que da tua mente e do sentimento procedem os valores que são cultivados.
O teu estado natural é saúde. As enfermidades são os acidentes de trânsito das acções negativas, propiciando-te reabilitação. É indispensável manteres atenção e cuidado na conduta do veículo carnal.
Assim, pensa no bem-estar, anela-o, estimulando-o com realizações corretas.
A tua constituição é harmônica. Os desequilíbrios são ocorrências, na corrente eléctrica do teu sistema nervoso, por distorção de carga que as sensações cultivadas proporcionam. Mantém os interruptores da vigilância ligados, a fim de que impeçam as altas voltagens que os produzem.
Em tua origem és luz avançando para a grande luz. Só há sombras porque ainda não te dispuseste a movimentar os poderosos geradores de energia adormecida no teu interior. Faz claridade, iniciando com a chispa da boa vontade e deixando-a crescer até alcançar toda a potência de que dispõe.
O amor é o teu caminho, porque procede de Deus, que te criou.
Desse modo, verticaliza as tuas aspirações e agiganta os teus sentimentos na direcção da causalidade primeira.
Tudo podes, se quiseres.
Tudo lograrás se te dispuseres.
Buscando penetrar na ordem das divinas leis que propiciam o entendimento da vida, Allan Kardec interrogou as venerandas entidades, conforme registrou na questão 117 de “O Livro dos Espíritos”:
– Depende dos espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente para a perfeição?
– Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:35 pm

Capítulo 12 - Consciência e Hábitos
São João da Cruz afirmava que "Deus é encontrado nas trevas" do ser humano.
Ínsito na criatura, permanece no seu lado escuro, aquele “Eu” profundo da sua realidade ainda por detectar.
Enquanto essa área de sombras não seja clareada pala razão, a ignorância predomina e os instintos governam, mesmo que o raciocínio pareça comandar-lhe os hábitos e as acções. O tentame deve ser continuamente exercitado em todos os períodos da existência terrestre, porquanto as experiências realizadas elevam-no a patamares mais significativos, abrindo-lhe possibilidades mais amplas de Auto penetração.
As raízes do ser são divinas, constituindo-lhe o corpo um instrumento ou solo fértil para a fecundação, o desabrochar dos tesouros latentes.
Naturalmente pesam-lhe sobre os ombros na larga jornada humana os factores endógenos, como a hereditariedade, as glândulas de secreção endócrina e outros, e exógenos, quais os contributos da educação, da sociedade, da economia, geradores de hábitos.
É todavia, o espírito que, herdeiro das próprias realizações, transfere de uma para outra existência as aquisições que o promovem, retêm ou aprisionam em estados perturbadores.
Face aos hábitos do imediatismo, ocorreu, através dos tempos, nos seres humanos, uma fissura entre a consciência superficial e a profunda, desenvolvendo mais as áreas da personalidade, em detrimento daquelas que dizem respeito à individualidade.
Essa separação gerou neles o desinteresse pelas conquistas transcendentais, que lhes parecem difíceis de lograr ou se apresentam desmotivadoras, tal a preocupação com o lado concreto da vida.
Confirmando esta colocação, a ciência constatou que o hemisfério cerebral esquerdo dos seres humanos, encarregado dos reflexos no lado direito do corpo, é verbal, relativo, angular, individual, desenvolvido; enquanto o direito, que responde pelo lado esquerdo do corpo, é global, intuitivo, silencioso, selectivo, pouco utilizado, em consequência, sem desenvolvimento, aguardando que a mente, na sua função legítima, propicie-lhe o enriquecimento da faculdades e realizações.
A mente em si mesma, o espírito, através do cérebro, manifesta-se em duas formas diferentes: ora como razão - intuitiva, metafísica, abstracta - ora como inteligência - concreta, analista, imediata.
O uso da razão proporciona o discernimento, que faculta a eleição dos hábitos saudáveis favoráveis à felicidade, emuladores à evolução.
A função da mente é pensar.
O hábito de pensar amplia as possibilidades de discernir.
A mente é capaz de reconhecer pela razão os próprios erros nos quais se apoia e corrigi-los.
A preguiça de pensar é a responsável pela limitação do discernimento, da razão.
Adaptando-se às análises estreitas e superficiais da vida e das suas manifestações, o ser permanece em estágio inferior, malbaratando o tempo e a oportunidade.
O empenho de manter a atenção - que observa - a concentração - que fixa - e a meditação - que completa o equilíbrio psicofísico - tornam-se a ponte de união entre a consciência superficial e o “Eu” profundo, unificando, desse modo, a acção dos dois hemisférios cerebrais que se harmonizarão e se desenvolverão em equilíbrio.
A repetição dos actos gera hábitos e estes tornam-se memórias, que passam a funcionar automaticamente.
Se eleges hábitos mentais de discernimento para o correto, agirás com segurança e essas memórias funcionarão automaticamente, amadurecendo-te intelectiva e afectivamente, com este comportamento oferecendo-te consciência de ti mesmo, identificação com o teu “Eu” profundo.
O reino dos Céus está dentro de vós - acentuou Jesus com infinita sabedoria, em um tempo de grande ignorância e com um conteúdo de extraordinária actualidade.
A psicologia profunda de hoje desvela este lado escuro da criatura, iluminando-o com a presença do espírito no corpo, qual a contribuição proposta por Viktor Frankl, na sua constatação noética, palavra derivado do termo grego nous ou espírito.
E Allan Kardec, o missionário da Era Nova, aclarando os escuros patamares humanos da consciência adormecida, após interrogar os instrutores da humanidade, a respeito do progresso, deles recebeu a confortadora e segura resposta, conforme a questão numero 779, de “O Livro dos Espíritos”:
– O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas, nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contacto social.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:35 pm

Capítulo 13 - Consciência e Discernimento
Na antiguidade clássica os gregos elucidavam que o homem é um animal racional e que para alcançar o pleno desenvolvimento deve utilizar-se da razão.
A conquista da razão, no entanto, dá-se mediante o esforço desenvolvido pelo uso da mente, por um método ordenador.
A mente pode tornar-se o céu ou o inferno de cada criatura, conforme o direccionamento que dê ao seu pensamento.
O cultivo das ideias que se derivam das paixões induz a distúrbios que alienam e brutalizam, dificultando o predomínio do discernimento.
O discernimento resulta do exercício da arte de pensar, que deve crescer de forma adequada, favorecendo o homem com a percepção do ser e do não-ser, do correto e do errado, do justo e do abominável.
Duas proposições surgem como metodologia correta para o desenvolvimento da razão, para o uso do discernimento: pensar sempre e o que se deve pensar.
No primeiro caso, educação através do pensar constante, já que a sua função desenvolve os próprios centros pelos quais se manifesta, dilatando a capacidade para fazê-lo sempre.
Indispensável lutar contra a preguiça mental, geradora da desatenção, da sonolência, da dificuldade de concentrar-se.
Eleger o tipo de pensamento a cultivar, constitui passo de alta importância para que o discernimento manifeste a consciência, na eleição dos códigos de comportamento que se incorporarão à existência...
Diz-se que ninguém vive sem pensar e a afirmação é equivocada. Todos os que transitam nas faixas primárias da evolução pensam pouco ou quase nada.
Vítimas dos impulsos da sua natureza animal, deixam-se arrastar pelas tendências e instintos até o momento compulsório em que lhes luz a razão, propelindo-os ao exame dos acontecimentos e da conduta.
Outros, que já alcançaram essa fase, por falta de hábito de pensar, deixam-se anestesiar e acomodam-se aos fatos e fenómenos existenciais, sem os estímulos inteligentes para galgarem patamares mais elevados.
O discernimento propicia ao ser pensante o amadurecimento psicológico e, por extensão, de natureza afectiva. Descobre, então, a própria importância no grupo social, no qual se movimenta, empenhando-se para dar conta dos deveres que lhe cumpre desenvolver.
Alarga-se-lhe o horizonte da compreensão humana e o amor abrangente por tudo e todos assoma-lhe e predomina nos seus sentimentos, responsável pela conduta saudável, promotora da felicidade.
Essa consciência que discerne, faculta a intuição da transcendência da vida, ampliando as possibilidades de desenvolvimento intelecto-moral, que se direccionam ao infinito da perfeição relativa.
Desse modo, a conquista do discernimento e da consciência brinda a criatura humana com a plenitude, que espera e tem sido decantada pelos mártires e apóstolos, pelos santos e sábios de todos os tempos, de todas as culturas, de todas as épocas.
Passando pela fieira das reencarnações, o espírito desenvolve os conteúdos superiores que nele jazem em germe e, ao contacto com as experiências da razão, faculta as condições para que se desenvolvam, dignificando o seu possuidor e promovendo-o à realização plenificadora, meta dos renascimentos, objectivo para o qual todos fomos criados.
Allan Kardec reflexiona sobre o assunto, conforme a questão de número 189, que se encontra em “O Livro dos Espíritos”, a saber:
– Desde o início da sua formação, goza o espírito da plenitude de suas faculdades ?
– Não, pois que para o espírito, como para o homem, também há infância. Em sua origem, a vida do espírito é apenas instintiva. Ele mal tem consciência de si mesmo e de seus actos. A inteligência só pouco a pouco se desenvolve. O desenvolvimento da inteligência e do sentimento dá origem à consciência, ao discernimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:36 pm

Capítulo 14 - Consciência e Dever
Em razão dos projectos fantasistas que se propõe, a criatura humana estabelece, normalmente, sua escala de valores prioritários, longe da realidade espiritual. Os impositivos imediatos prevalecem nos seus conteúdos eleitos como aqueles que devem ser conquistados, fixando as bases do seu comportamento na busca dessas realizações.
Embora reconheça a impermanência da vida física e de tudo quanto lhe diz respeito, agarra-se à transitoriedade dos acontecimentos e fenómenos, buscando eternizá-los, no tempo que se transfere e nos espaços emocionais que se consomem, em razão
das transformações inevitáveis do corpo somático.
Como consequência, esvai-se na luta constante pela preservação do perecível, assim como no afã de manter-se em novas buscas, esquecendo-se da realização plena, que decorre da sua consciência lúcida constatando a conquista de si mesma.
Por atavismo, acredita que a preservação da espécie e a necessidade de manter os provimentos necessários para tal fim constituem os objectivos da existência na terra. E sem mais amplas reflexões, automaticamente, entrega-se à conquista de coisas e valores amoedados, de projecção social e gozo pessoal. As suas áreas de movimentação emocional são restritas, o que gera, com o tempo e a repetição, as graves neuroses que propelem às fugas espectaculares, aos conflitos, aos sofrimentos mais acerbos...
O ser humano é aquilo que pensa, que de si mesmo elabora, construindo, mediante o pensamento, a realidade da qual não logra evadir-se.
As sus aspirações íntimas, com o tempo, concretizam-se e surpreendem-no, às vezes quando já não as acalenta, pois que há um período para semear e outro que corresponde à colheita.
O êxito de um empreendimento depende, por certo, do empenho que alguém se aplica para a sua execução. Todavia, o projecto, a programação e o método de trabalho são indispensáveis para o tentame e a realização.
A ideia, pura e simples, necessita de indumentária para ser expressa, e a forma como se apresenta responde pelas conquistas que produz.
Assim, as palavras enunciadas não podem ser silenciadas, prosseguindo na sua marcha. O que realizam, torna-se património daquele que as endereçou.
A consciência lúcida mantém-se vigilante, a fim de não gerar conflitos e sofrimentos para si mesma através dos conceitos infelizes emitidos e das acções perniciosas praticadas.
Conhecendo os deveres que lhe dizem respeito, amadurece as responsabilidades, porquanto se utiliza das ocasiões propiciatórias para desenvolver mais os potenciais que lhe jazem inatos, ampliando a área de percepção.
A consciência do dever não é resultado dos arquétipos mitológicos, e sim, das conquistas morais que promovem a criatura, libertando-a dos instintos agressivos, da libido, das paixões asselvajadas.
Pode-se medir o estágio de evolução do ser pela sua consciência de dever. A ausência dela indica-lhe o primarismo, mesmo que haja realizado conquistas intelectuais, enquanto que a sua manifestação revela todo o processo de armazenamento de valores ético-morais.
Faz da tua existência terrestre um património de eternas bênçãos.
A morigeração, a equanimidade, o dever lúcido, marcharão contigo, proporcionando-te estímulo e mais conquistas, sem que o cansaço, o tédio e a amargura encontrem pouso em teus sentimentos e disposições.
Cada dificuldade e problema se te revelarão desafios e, se por acaso malograres, toma a atitude de Santo Agostinho, conforme declara em bela comunicação em “O Livro dos Espíritos”, nos comentários à questão 919:
– Fazei o que eu fazia, quando vivi na terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:36 pm

Capítulo 15 - Consciência e Carácter
A eleição dos valores ético-morais e a identificação dos objectivos da vida, bem como a selecção das qualidades que estabelecem os critérios formadores do ser, caracterizam o surgimento da consciência. A sua vigência e desenvolvimento decorrem dos episódios que se repetem, produzindo a fixação das conquistas encarregadas de incrementar o progresso do espírito, sem demorados estágios nas províncias do sofrimento, que é legado da ignorância.
Toda realização pensada, sentida e cultivada, dá surgimento à memória, que imprime as impressões mais fortemente experimentadas.
A criatura humana deve preocupar-se, no bom sentido, com as emoções e acontecimentos positivos, de forma a guardar memórias que contribuam, por estímulos, para o próprio engrandecimento, para a harmonia pessoal.
Acossada, porém, pelo medo e pelo costumeiro pessimismo, que se atribui contínuas desventuras, passa com ligeireza emocional pelas alegrias, enquanto se detém nos desencantos.
Convidada aos padrões de bem-estar, busca com sofreguidão o autoflagelo, utilizando-se de mecanismos masoquistas para inspirar compaixão, quando possui equipamentos preciosos que fomentam e despertam o amor.
Nega-se, por sistemática ausência de consciência, a empolgar-se com a luz, a beleza, o sentido da vida, entregando-se aos caprichos da rebeldia, filha dilecta do egoísmo insatisfeito.
Acreditando tudo merecer, atribui-se méritos que não possui e recusa-se a conquistá-los.
Compara-se com aqueloutras que vê em diferentes patamares, sem dar-se ao cuidado de examinar os sacrifícios que foram investidos, ou o que sentem, quem lá se encontra, estabelecendo conceitos de felicidade conforme pensa que as outras usufruem.
Este é um estágio que remanesce do primitivismo do instinto, antes da fixação da consciência.
Aprisiona-se aos atavismos dos quais se deveria libertar e cerra as possibilidades que lhe facultam os voos mais altos do sentimento e da razão. A alternativa da desdita e a perturbação da consciência tornam-se inevitáveis, gerando um comportamento que conduz à alienação.
A consciência é uma conquista iluminativa. A sua preservação resulta do esforço que estabelece o carácter do ser.
Todos os seres passam pelos mesmos caminhos e experimentam equivalentes desafios. O comportamento, em cada teste, oferece a promoção ou o estacionamento indispensável à fixação da aprendizagem. A conquista, portanto, do progresso, é pessoal e intransferível, o que é lei de justiça e de equanimidade.
Cada um ascende através dos impulsos sacrificiais que desenvolva. Fixa, nos painéis da memória, os teus momentos de júbilo, por mais insignificantes sejam. A sucessão deles dar-te-á uma vasta cópia de emoções estimuladoras para o bem.
Esquece os insucessos, após considerares os resultados proveitosos que podes haurir.
Quando algo de bom, de positivo te aconteça, comenta sem estardalhaço, revive e deixa-te penetrar pelo seu significado edificante.
Quando fores visitado pela amargura, o desencanto, a dor ou a decepção, procura superar a vicissitude e avança na busca de novos relacionamentos, evitando conservar ressentimentos e detalhes infelizes.
Não persistas nos comentários desagradáveis, que sempre ressumam infelicidade.
Por hábito doentio, as pessoas se fixam nas ocorrências malsãs, abandonando as lembranças saudáveis. Perdem, assim, as memórias superiores e acumulam as reminiscências perturbadoras, que ocupam os espaços mentais e emocionais, bloqueando as amplas áreas de desenvolvimento da consciência.
Os episódios de consciência, de pequeno ou grande porte, formam o carácter que é a linha mestra de conduta para a vida.
A consciência consegue descobrir os valores mais insignificantes e torná-los estímulos positivos para outras conquistas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 07, 2023 8:36 pm

A decisão e o esforço empregados para alcançar novas metas evolutivas desenvolvem o carácter moral, sem o qual falham os mais bem elaborados planos de triunfo.
O carácter saudável, disciplinado e responsável define o homem de bem, verdadeiro protótipo, que não se detém nem desiste quando lhe surgem obstáculos tentando dificultar-lhe o avanço.
Necessitas levar adiante os planos bons, de desenvolvimento moral e espiritual, já registados pela tua consciência.
Não dês trégua à indolência, nem te apoies em evasivas ou justificativas irrelevantes.
Identificado o dever, acorre a ele e executa-o.
Realmente preocupado com o progresso do espírito, Allan Kardec indagou aos Mentores Elevados, segundo consta da questão numero 674 de “O Livro dos Espíritos”:
– A necessidade do trabalho é lei da natureza?
– O trabalho é lei da natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 08, 2023 9:27 am

Capítulo 16 - Consciência e Responsabilidade
A responsabilidade é manifestação evidente da aquisição de consciência.
O ato de pensar, nem sempre faculta a visão correta, necessária à responsabilidade. Esta se alicerça no discernimento dos objectivos da existência terrestre, propelindo o ser às acções enobrecedoras em clima de dignificação.
A responsabilidade faculta o direccionamento dos deveres, elegendo aqueles que são essenciais, em detrimento dos que aparentam benefícios e não passam de suporte para mascarar a ilusão e o gozo.
A criatura responsável discerne o que realizar e como executá-lo.
A tendência para o bem é inata no ser humano, face à sua procedência divina. O entorpecimento carnal, às vezes, bloqueia a faculdade de direccionamento que a consciência proporciona.
A pessoa lúcida, como consequência, age com prudência, confiando nos resultados que advirão, sem preocupar-se com o imediatismo, sabendo que a semente de luz sempre se converte em claridade.
A inconsciência em que estagiam muitas criaturas responde pela agressividade e ignorância que nelas predominam.
A responsabilidade, advinda da consciência, promove o ser ao estágio de lucidez, que o leva a aspirar pelas cumeadas da evolução que passa a buscar, com acendrado devotamento.
A consciência da responsabilidade te conduzirá:
- a nunca maldizeres o charco, e sim, a drená-lo;
- a não cultivares problemas, antes, a solucioná-los;
- a não ergueres barreiras que dificultem o progresso, porém, a te tornares ponte que facilite o trânsito;
- a não aguardares o êxito antes do trabalho, pois que, o primeiro somente precede ao último na ordem alfabética dos dicionários;
- a não olhares para baixo, emocionalmente, onde repousam o pó e a lama, entretanto, a fitares o alto onde fulguram os astros;
- a não desistires da luta, perdendo a batalha não travada, todavia, perseverando até o fim, pois que a esperança é a luz que brilha à frente, apontando a trilha da vitória;
- a não falares mal do próximo, considerando as tuas próprias deficiências, ao invés disso, brindar-lhe palavras de estímulo;
- a não te perturbares ante as incompreensões, porém a te sentires vivo e, portanto, vulnerável aos fenómenos do trânsito humano;
- a nunca pretenderes a paz sem os requisitos para cultuá-la no íntimo, não obstante, a irradiares a alegria do bem, que fomenta a harmonia.
A responsabilidade não favorece a auto-piedade nem a presunção, a debilidade moral, nem a violência, a volúpia dos desejos vis, nem os gozos entorpecedores.
É criativa e enriquecedora, porque sabe encontrar-se em processo de elevação e de crescimento.
Louis Pasteur, combatido pelos académicos do seu tempo, com responsabilidade, prosseguiu até culminar na descoberta dos micróbios, da profilaxia da raiva, do carbúnculo e, em geral, de todas as doenças contagiosas...
Kepler, perseguido, mas consciente dos mapas celestes, insistiu até apresentar uma admirável teoria do planeta Marte e formular outras leis que passaram a honrar-lhe o nome. Hansen, com responsabilidade, aprofundou a sonda da pesquisa, até isolar o bacilo da lepra e salvar milhões de vidas.
Copérnico, anatematizado, com responsabilidade, demonstrou o duplo movimento dos planetas sobre si mesmos e o sistema heliocêntrico, pagando com alto preço a audácia da consciência.
O casal Curie, responsável, entregou-se às experiências fatigantes, que abriram novos horizontes para o conhecimento dos materiais radioactivos.
A responsabilidade é degrau de elevação da consciência, que plenifica o homem e a mulher em todas as situações.
Diante desta realidade, Allan Kardec indagou aos Benfeitores Espirituais, conforme se lê em “O Livro dos Espíritos”, na questão de número 780:
– O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
– Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente, dependendo, certamente, da consciência de responsabilidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 08, 2023 9:27 am

Capítulo 17 - Consciência e Integridade
A criatura que busca a integridade, o estado de equilíbrio moral em toda sua amplitude, já adquiriu a consciência de si mesma, havendo logrado o amadurecimento psicológico resultante da observância correta das Leis da Vida.
A Vida são as sucessivas etapas do processo evolutivo graças às quais o espírito avança, de experiência em experiência, modelando o anjo que lhe dorme em latência, manifestação do psiquismo divino, sua origem, sua causalidade.
Na trajectória que enceta, normalmente o ser se vincula às comodidades da conjuntura carnal, seja pelos atavismos animais que nele predominam, ou porque se acomoda à situação em que estagia, sem dar-se conta da imperiosa necessidade de crescimento.
Todo desenvolvimento rompe amarras, facultando libertação e, às vezes, gerando dor.
Buscando fugir às dores, normalmente engendra mecanismos de transferência de que se utiliza para o prazer, passando a depender deste, assim programando os inevitáveis futuros sofrimentos.
Somente a consciência dos objectivos da vida, em seu conjunto, favorece a visão correta para uma conduta existencial preparadora da etapa futura, e sucessivamente.
Porque a morte não interrompe a vida, antes abre a porta na sua direcção, é imprescindível que a escalada corporal seja uma preparação para a espiritual e, por consequência, para a futura reencarnação.
Decorrem disso os fenómenos que se apresentam na área do comportamento e, com eles, as tendências, inclinações, aspirações, temperamento...
A integridade resulta da disciplina das tendências negativas, das aspirações superficiais a favor dos valores de expressão profunda e da plena consciência de objectivo e significado existencial.
Se desejas possuir a integridade da criatura de bem, treina os pequenos deveres, as realizações de significado modestos. É muito fácil tornar-se gigante nas grandes e expressivas realizações.
Os verdadeiros triunfadores, no entanto, agigantam-se nas pequenas coisas, enobrecendo-se nos labores de significado inexpressivo, sem os quais, ruem as grandiosas construções e tornam-se prejudicados e impraticáveis os complexos projectos.
Apaga-se, esse trabalhador, nas situações de alta projecção, toma a responsabilidade nos serviços das horas sem aparente significação.
Não é notado quando presente, pois que todos se acostumaram ao seu equilíbrio, à harmonia do conjunto no qual labora, no entanto, quando não se encontra, todos lhe notam a ausência e compreendem-lhe o valor.
O homem integro é fiel ao dever e nunca deserta. Ele tem consciência da sua utilidade, que constrói e, por consequência, é responsável, discreto e operoso.
Quando se buscam sensações novas de agradar o ego, ainda não se adquiriu a consciência da integridade.
Difícil o triunfo do ser humano sobre si mesmo, porquanto essa conquista se deriva da vivência do bem e da ordem, após o tirocínio da consciência lúcida.
Allan Kardec, com extraordinária capacidade de discernimento, trabalhou a própria consciência, aplicando-se as lições recebidas dos espíritos no comportamento e, estabelecendo as linhas básicas da integridade, definiu-as no homem de bem, como sendo o portador das excelentes qualidades do coração, da mente e do carácter, tomando como símbolo a figura de Jesus, conforme a questão 625, de “O Livro dos Espíritos”:
– Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de guia e modelo?
– Jesus. - Responderam os Sábios Instrutores do Mundo Maior, deixando-nos o exemplo máximo de consciência e integridade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 08, 2023 9:27 am

Capítulo 18 - Consciência e Alienações Mentais
A consciência encontra-se no homem em todos os estágios do seu processo evolutivo.
Nas faixas primarias manifesta-se como lampejos de discernimento, que o propelem para a conquista de degraus e patamares mais elevados.
Não obstante a predominância dos instintos agressivos, vez que outra ela surge e clareia a noite tormentosa dos impulsos imediatistas, ampliando os horizontes de percepção do ser.
Mais tarde, à medida que a razão se desenvolve, a capacidade de consciência se dilata, podendo ser vítima dos mecanismos escapistas da astúcia e do intelecto, que a adormecem, lesam-na ou intoxicam-na com os vapores perniciosos da frieza emocional.
Assim mesmo, ela rompe as dificuldades e lucila, abrindo espaços para o discernimento e os conflitos que decorrem da sua percepção ante os actos incorrectos.
Somente quando o indivíduo vence as etapas primárias e as experiências se fazem mais significativas, mediante a compreensão do sentido elevado da vida, é que ela se manifesta com plenitude e passa a comandar o direccionamento da existência, revelando-se vitoriosa.
A consciência é o árbitro interno, que se encarrega de estabelecer as directrizes de segurança para a vida.
Variando a sua lucidez conforme o estágio de desenvolvimento alcançado, somente quando se torna equânime, pode conduzir o ser com sabedoria.
Enquanto é severa, exigindo rudes reparações em relação ao erro praticado, detém-se no primarismo do desforço.
Se, por outro lado, apresenta-se benigna em relação aos enganos, falta-lhe a maturidade que a capacita para a superior finalidade.
A consciência estua, quando, reflectindo as leis de Deus, direcciona a criatura para o bem, a ventura, o avanço tranquilo em clima de fé e esperança.
A consciência enobrecida estabelece o programa de reparação com fundamento nas leis do amor e o de evolução nos mesmos códigos, sempre apoiada à justiça e à verdade.
Na psicogénese profunda das alienações mentais encontra-se a consciência de culpa, geradora dos tormentos que se apresentam como processos de reedificação, recompondo os painéis do dever mediante os dolorosos mecanismos da desordem mental.
O desarranjo dos equipamentos psíquicos proporciona ao espírito sofrimentos insuspeitáveis, como forma rigorosa de apaziguamento da consciência.
Sendo o homem o autor da sua realidade moral, através da conduta que se permite no curso das existências corporais, em cada etapa elabora o método de crescimento interior pelo que realiza.
Quando delinqúe, insculpe a fogo no seu arcabouço profundo os meios reparadores, particularmente na área mental.
Ignoradas as acções infelizes que a justiça humana não alcança, a consciência, que sabe, desarticula os complexos mecanismos da razão em desequilíbrio, que somente a dor expungitiva recomporá.
No quadro das alienações mentais, seja nas psicopatológicas conhecidas e academicamente estudadas ou nas graves obsessões, é a Consciência culpada que faculta a instalação do mal, que se exterioriza de maneira rigorosa em processo de reajustamento e reequilíbrio.
A consciência equânime se mantém com os recursos dos bons pensamentos e das reflexões, que são os meios valiosos ao alcance do ser para a sua plena edificação.
A consciência lúcida e tranquila é a terapeuta segura para as alienações mentais, razão pela qual todo paciente que requeira a saúde, não se deve escusar ao trabalho hercúleo de pacificar-se, usando a oração, a meditação, o autoconhecimento e as acções enobrecedoras, equipamentos esses propiciatórios para uma consciência de paz, responsável pela conquista do progresso.
Na questão de número 834, de O Livros dos Espíritos, Allan Kardec indaga:
– É responsável o homem pelo seu pensamento?
– Perante Deus, é. Somente a Deus sendo possível conhecê-lo, ele o condena ou absolve, segundo a sua justiça. As alienações mentais são, pois, a condenação de Deus aos pensamentos e actos incorrectos da consciência primária e equivocada.
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Capítulo 19 - Consciência e Mediunidade
No complexo mecanismo da consciência humana, a paranormalidade desabrocha, alargando os horizontes da percepção em torno das realidades profundas do ser e da vida.
Explodindo com relativa violência em determinados indivíduos, graças a cuja manifestação surgem perturbações de vária ordem, noutros aparece sutilmente, favorecendo a penetração em mais amplas faixas vibratórias, aquelas de onde se procede antes do corpo e para cujo círculo se retorna depois do desgaste carnal.
Irradiando-se como apercebimento da própria alma em torno do mundo que a rodeia, capta e transmite impressões que propõem mais equilíbrio aos quadros da vida.
Além das manifestações peculiares aos seus atributos, enseja o intercâmbio mediúnico com os seres desencarnados, que propiciam a perfeita visão e o pleno entendimento dos mecanismos da existência corporal e da realidade eterna.
A princípio, surge como sensações estranhas de presenças psíquicas ou físicas algo perturbadoras, gerando medo ou ansiedade, inquietação ou incerteza. Em alguns momentos, turba-se a lucidez, para, noutros, abrirem-se brechas luminosas na mente, apercebendo-se de um outro tipo mais subtil de realidade.
À medida que se desdobram as capacidades de silêncio interior e captação das delicadas interferências, mais se afirma a soberania para física, demonstrando ser ela o agente das ocorrências no plano sensorial.
A mediunidade que vige latente no organismo humano aprimora-se com o contributo da consciência de responsabilidade e mediante a atenção que o exercício da sua função bem direccionada lhe conceda.
Faculdade da consciência superior ou espírito imortal, reveste-se dos órgãos físicos que lhe exteriorizam os fenómenos no mundo das manifestações concretas.
Não é sintomática de evolução, às vezes constituindo-se carreiro de aflições purgadoras, que se apresenta com a finalidade específica de convidar a criatura ao reajuste moral perante os códigos das soberanas leis de Deus.
Quando a consciência lhe identifica a finalidade superior e resolve-se por incorporá-lo ao seu quotidiano, esplendem-se possibilidades imensas de realização e crescimento insuspeitados.
A mediunidade é ponte valiosa unindo os hemisférios da vida e da morte físicas, eliminando distâncias e preenchendo o fosso separatista entre ambos existente.
Por ela transitam as energias libertadoras do conhecimento, do amor, da razão. Quando, porém, desgovernada, faculta a passagem dos rancores, dos desforços, da aflição.
A consciência da realidade espiritual do ser humano proporciona-lhe campo de desdobramento infindável, que todos podem alcançar.
Se registras a presença psíquica de seres desencarnados ou se te sentes presa de aflições emocionais destituídas de fundamentos, silencia a inquietação e penetra-te através da meditação.
Ora, de início, e ausculta a consciência.
Procura desdobrar a percepção psíquica sem qualquer receio e ouvirás palavras alentadoras, verás pessoas queridas acercando-se de ti. Não és uma realidade estática, terminada.
No processo da tua evolução, a mediunidade é campo novo de acção a joeirar, aguardando o arado da tua atenção.
Sem constituir-se um privilégio, é conquista que se te apresenta fascinante, para que mais cresças e melhor desempenhes as tuas tarefas no mundo.
Por ela terás acesso a paisagens felizes, a intercâmbios plenificadores, a momentos de reflexão profunda. Talvez, em algumas ocasiões, te conduza aos sítios do sofrimento e às pessoas angustiadas que também fazem parte do contexto da evolução.
Sintonizarás com a dor, no entanto, para que despertem os teus valores socorristas e ajudes, compreendendo melhor as leis de causa e efeito que regem o universo.
Nos outros, os momentos de elevação, adquirirás sabedoria e iluminação para o crescimento eterno, conduzindo contigo aqueles que ainda não lograram caminhar sem apoio.
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