LUZ ESPÍRITA
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ARTIGOS DIVERSOS III

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Como os espíritos socorristas agem para fazer um resgate espiritual no Umbral?

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 23, 2018 8:07 pm

Não existe uma regra específica na literatura sobre como são feitos os resgates espirituais, mas na literatura existem inúmeros relatos de operações de resgate e de como os espíritos socorristas agem no Umbral para socorrer um espírito infeliz.
Aqui citaremos uma:
Os humanos desencarnados que escolheram residir na Zona Inferior – uma região de escuridão relativa – onde eles existem até começarem a ter sede de luz e amor… não são deixados à própria sorte para encontrar o caminho para o céu.
Eles são ajudados e guiados.
Um grupo de espíritos comunicou-se com o Rev. G. Vale Owen como eles propositadamente desceram de sua posição de luz e amor para a Zona Inferior (chamada Umbral na literatura espírita) no Livro Três, da obra A Vida Além do Véu.
O valente grupo de espíritos cruzou a fronteira entre o primeiro nível do céu e a Zona Inferior.
Onde almas sofredoras residem na ignorância e abnegação até que determinem que a vida em um ambiente de amor e bondade é superior a uma vivida submersa em nossas emoções mais básicas de ódio, egoísmo e ciúme.
Comummente, desencarnados nas Zonas Inferiores não seriam capazes de ver, tocar ou sentir um espírito superior, já que os espíritos superiores são menos densos.
Quando um espírito superior deseja ser notado, ele mesmo poderá se tornar visível – mesmo assim um espírito superior parecerá irradiar luz, o mesmo efeito quando pessoas que viveram em experiências de quase morte ou tiveram visões, vêem seres de luz que eles chamam de anjos.
Esse grupo de espíritos sacrificadores queria descer e ser visto.
Eles disseram ao médium G. Vale Owen que seu objectivo era ser percebido e não se mover invisível:
Assim, tendo passado através daquela área onde as pessoas passam ao sair da terra, e da qual já falamos resumidamente, passamos aos reinos mais escuros.
Agora sentimos a pressão na alma aumentando, sendo necessário um coração forte e cautela nos passos para o combate.
Porque você notará que nós não estávamos procurando aquele método pelo qual os mais elevados podem sustentar seu contacto com aqueles da escuridão, sendo invisíveis a eles.
Estávamos nos condicionando, como até aqui, ao ambiente das esferas inferiores à nossa, assim como a esta, de estado ainda mais baixo, para que ganhássemos corpo, ainda que sem dúvida não tão denso e bruto como os dos habitantes propriamente, mas mesmo assim bem próximo disso para, de vez em quando, sermos visíveis a eles se desejarmos, e rapidamente, e mesmo para que pudessem, em algumas ocasiões, estar conscientes do nosso contacto com eles e que eles mesmos possam nos tocar.
Então fomos bem vagarosamente e andando, e o tempo inteiro inspirando a condição que nos era ambiente para este mesmo fim e propósito.
Em 1949, em um livro psicografado pelo falecido grande médium brasileiro Francisco (Chico) C. Xavier, o espírito André Luiz descreveu o que ele, como membro de um grupo de espíritos, experimentados como eles também, desceram profundamente nas esferas inferiores da terra.
“Podemos não estar em cavernas infernais, mas chegamos ao grande império das inteligências perversas e atrasadas que habitam perto da superfície do planeta, onde os encarnados sofrem sua contínua influência.
Chegou a hora de fazermos um pequeno testemunho.
Uma grande capacidade de abnegação é crucial para que possamos alcançar nossos propósitos.
Podemos falhar por falta de paciência ou falta de sacrifício.
Para a maioria dos irmãos e irmãs atrasados que encontramos, não seremos mais do que desencarnados inconscientes de nossos próprios destinos.
Começamos a inalar as substâncias espessas que flutuam ao nosso redor, como se o ar fosse composto de fluidos viscosos.
Eloi ofegou e, apesar do meu sentimento de opressão asfixiante, tentei copiar a abordagem de nosso instrutor, que, silencioso e extremamente pálido, estava se ajustando à metamorfose.
Eu estava desorientado e percebi que nossa integração intencional com os elementos daquele plano inferior nos desfigurava enormemente.
Pouco a pouco, nos sentimos mais pesados.
Senti como se tivesse repentinamente me reconectado ao meu corpo físico porque, embora ainda estivesse no controle de minha própria individualidade, encontrei-me coberto de matéria densa, como se tivesse sido inesperadamente forçado a usar armaduras pesadas”.
O resgate espiritual no Umbral não é uma coisa tão simples, pois segundo os relatos, os espíritos socorristas precisam diminuir a sua vibração, tornando-se mais densos, podendo sofrer algumas influências do ambiente umbralino.

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty De quem é a culpa afinal?

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 24, 2018 8:06 pm

Enquanto seres em evolução todos passa e passará por experiências diversas, desde as provocadas pelo livre arbítrio e curiosidade até as preferenciais de nossos semelhantes.
Por vezes estaremos envolvidos em situações de grande provação como de fartas abundâncias.
A vida é um grande laboratório por onde se vive as experiências dos dois lados da vida e ao qual temos a liberdade de escolher o rumo que mais se identifica.
E compreendendo que todos os resultados têm a sua consequência.
E lembrando que o cientista, conforme a sua consciência, pode criar algo para o bem quanto para o mal.
Vivemos experiências ao qual provocamos todo o seu contexto, seja por questões culturais tão quanto arbitral.
E a realidade do irrefutável presente é o fruto inegável do passado.
Agora, para os frutos do amanhã podemos cultivar e procurar modificar desde já todo o processo edificativo para que tenhamos colheitas fartas e sadias em um importante e permanente expurgo das ervas daninhas do pecado de actos e pensamentos.
É notório que indiscutivelmente conheceremos as duas faces da vida, ou seja, o bem e o mal enquanto seres em franco processo evolutivo, pois não há como se furtar ou evitar determinadas experiências.
Pois nesta ordem modificativa não há quem não pratique o bem quanto o mal, afinal até o mais evoluído espírito tem as suas fraquezas.
Entretanto, não poderemos jamais questionar a rigorosidade do nosso presente quanto às provas e expiações, porque Deus nosso Pai a todo o momento nos oferta as oportunidades para a depuração ao merecimento do que esperamos.
E por teimosia muitas vezes insistimos em algo que vá contra os princípios do bem por conta da zona de conforto que por vezes nos acostumamos, mesmo que possa causar perturbações.
E no contexto existencial particular ocorrem experiências das mais diversas, como é comum nos momentos de alegria achar-nos merecedores, mas em relação às dificuldades achar-nos injustiçados, revoltados e até mesmo castigados pelo Criador.
E conforme o peso dos desafios é comum culparmos o outro, seja um irmão encarnado tão quanto desencarnado das nossas complicações, e na maioria das vezes não reconhecemos as próprias fraquezas e as inevitáveis colheitas.
Pois acredite, nenhuma acção da criatura humana é esquecida ou desprezada tudo esta marcado em nosso histórico do qual até o ultimo centavo haveremos de saldar para merecer os méritos mais elevados deste infinito mistério de Deus.
E, no entanto, conforme explanado, por vezes o homem será vitima e injustiçado por conta dos actos alheios, mas aquele que no Senhor pousa e vive sabe que Dele nada se esconde e que a verdadeira justiça lhe será feita.
Por isto a desnecessidade pessoal da vingança.
É preciso saber e viver em confiança máxima no Criador, e tendo a certeza de suas promessas, acredite, podem até lhe machucar a carne, mas o teu espírito estará intacto mesmo diante as fraquezas, as dores, as dificuldades, as provações e toda e qualquer injustiça.
Agora, para que tudo venha a prover conforme o desejo pessoal é primordial cada um fazer a sua parte e o mais importante, ter o habito de fazer uma profunda reflexão intima, a saber, se as provações da vida realmente são por culpa do outro ou de facto nossa responsabilidade.
E independente disso, viva o melhor de si em respeito a tudo e a todos.
Porventura é claro, haverá sempre conflitos de ideias, ideais, culturas, gostos, desejos, posições, preferências e outros quesitos mais, por isto aprendamos a ouvir, a falar, a respeitar e filtrar tudo que for possível a melhor edificação moral e existencial.

Autor: espírito de Itamar
Escrito: médium Marcelo Passos

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Viver ou Existir?

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 11:22 am

(…) não vos preocupeis com vossa vida, pelo que haveis de comer ou beber, nem com vosso corpo, pelo que haveis de vestir:
não é a vida mais que o alimento e o corpo mais que a roupa?
”(Mateus 6; 25)

O professor J. Herculano Pires comenta em seu livro A evolução espiritual do homem (Ed. Paidéia) que, segundo as filosofias da existência, viver é diferente de existir.
O filósofo de Avaré coloca luzes da doutrina espírita sobre esta afirmativa, explicando que os seres viventes são aqueles que se ocupam exclusivamente com as exigências do corpo, enquanto que os seres existentes transcendem estes anseios e buscam a satisfação da alma.
Muitos vivem unicamente para atender às satisfações da matéria, em especial, comer, beber, relações sexuais, dinheiro e poder.
Não se dão conta de que o corpo físico nada mais é do que um instrumento de trabalho do espírito rumo à perfeição.
Mas chega o dia em que aqueles que assim agem, percebem que não são felizes, que falta “alguma coisa”… Inicia-se, então, a escalada rumo ao ser existencial.
Continuarão atendendo às necessidades da matéria citadas acima, mas investirão parte de seu tempo ao imprescindível para a alma.
O ser existente é aquele que se ocupa com seu próximo.
Ao ver o incêndio das dores invadindo os corações de seus irmãos, tem compaixão e leva sua gota d’água para amenizá-lo.
Compreende melhor os erros alheios e exercita o perdão.
Distribui o bem que é possível e descobre que fazer o bem lhe faz feliz.
Jesus, como registado em epígrafe, aborda este tema no Sermão da Montanha.
Ensina a não nos preocuparmos com as coisas do corpo.
Isto não significa relaxamento com elas, mas sim trabalho para conquistar o básico, confiante em Deus e sem preocupações e ansiedades.
Ora, se Deus alimenta as aves do céu, veste magnificamente os lírios do campo e nos dá o bem maior que é a vida, certamente nos proverá com o bem menor (alimento, roupa etc.).
Conclui o Mestre o seu raciocínio lógico afirmando que devemos primeiramente buscar o Reino de Deus (necessidades do ser existente) e todas as coisas serão acrescentadas (necessidades do ser vivente).
Dediquemos, pois, parte de nosso dia ao estudo, à meditação das verdades eternas e à prática do bem, sintetizada na questão 886 de O livro dos espíritos, como benevolência, indulgência e perdão.
Certamente este é o caminho do existir e, consequentemente, da felicidade!

Alberto Leitão Rosa

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty A ilusão do poder

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 25, 2018 7:31 pm

Na obra “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita (ou Espiritismo – uma filosofia de vida, que não é mais uma religião ou seita) questiona os bons Espíritos acerca da medida da felicidade na Terra, e estes esclarecem que é possuir o necessário para viver, consciência tranquila e fé no futuro.
Desde há 2 mil anos que Jesus de Nazaré deixou à Humanidade um roteiro de paz e felicidade:
“Não fazer ao próximo o que não desejaríamos que nos fizessem”.
Pode parecer inconcebível, mas, 2 mil anos depois, o ser humano, apesar da imensa evolução tecnológica, mantém os padrões ético-morais similares desde sempre: o egoísmo como a grande chaga da Humanidade.
Na ilusão do poder, o Homem escraviza outros homens, explora-os, engana-os.
Na ilusão do poder, o Homem cria armas nucleares, vítima do medo que transporta no imo do ser.
Na ilusão do poder, o Homem almeja conquistar território a outros países, esquecendo-se de que, minutos depois, pode estar fora do corpo de carne, pelo fenómeno natural da morte física.
Na ilusão do poder, o Homem amealha para si tesouros sem fim, sem que os possa fruir, pois a vida é demasiado curta para os milhões conseguidos em negócios escuros, no agiotismo financeiro, nas bolsas, nos mercados.
Na ilusão do poder, os políticos dilapidam o suor do povo, esbanjando o dinheiro dos impostos.
Na ilusão do poder, o tráfico de droga, de pessoas, de armamento, de interesses leva o Homem a crimes inconcebíveis, abrindo portas para dolorosas expiações em vidas futuras.
Na ilusão do poder, a China, a Rússia e outros países almejam aumentar a sua zona de influência, esquecendo-se de que estamos todos na Terra sem podermos sair daqui definitivamente.
Na ilusão do poder os EUA, a maior potência nuclear e bélica do mundo, dá-se ao luxo de se auto-proclamar polícia do mundo, bombardeando aqui, invadindo acolá, para repentinamente demonstrar toda a sua impotência perante o furacão Harvey, de categoria 4, que devastou o Texas e outros locais nos EUA.
O verdadeiro poder é o poder interior, o poder do Amor, da serenidade, do entendimento, da compreensão, da aceitação mútua, do bem-estar interior
A maior potência do mundo foi humilhada pelo furacão Katrina há mais de 10 anos, e a Natureza parece querer relembrar que nem o seu arsenal pode contornar a própria Natureza, que os EUA tanto têm desprezado, poluindo-a sem limite nem piedade.
A Doutrina Espírita, nas suas vertentes científica, filosófica e moral, demonstra experimentalmente, ao Homem, a imortalidade, a reencarnação e a lei de Causa e Efeito.
Assente nos seus 5 princípios básicos – Deus, imortalidade do Espírito, comunicabilidade dos Espíritos, reencarnação e pluralidade dos mundos habitados – o seu estudo, entendimento e vivência, traz ao Homem consequências de ordem moral, levando o ser Humano a verificar que o racismo, xenofobia, diferença de género, diferença social, poluição da Natureza são paradigmas ultrapassados, e que o verdadeiro poder é o poder interior, o poder do Amor, da serenidade, do entendimento, da compreensão, da aceitação mútua, do bem-estar interior.
Esse é o desiderato da Humanidade, a bem ou a mal, na certeza de que cada um só colhe aquilo que semeia (nesta vida ou em vidas anteriores) ao nível dos sentimentos, pensamentos e atitudes.
Relembrando Jesus de Nazaré, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Relembrando Mohandas Gandhi, não há um caminho para a paz, a Paz é o caminho.
A vida na Terra podia ser um mar de rosas, não fosse o egoísmo feroz e o desconhecimento do ser humano da sua condição de ser espiritual.
Que possamos ter o poder de nos sentirmos em paz interior, pois esse é o único que jamais nos será retirado, dado que é conquista milenar do Espírito imortal.

José Lucas

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty REVOLTADO COM DEUS

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 10:36 am

J. Raul Teixeira fazia uma palestra na cidade de Nova York, cujo tema era: DEUS.
No final, pessoas fizeram perguntas.
Uma delas foi um homem, brasileiro, de Juiz de Fora, onde ele e a esposa foram para lá trabalhar.
Ele não fez perguntas, apenas afirmou que não concordou com nada que Raul havia falado.
Raul disse:
- O senhor tem todo direito de não concordar.
Mas eu gostaria de saber por quê?
Respondeu o homem:
- Eu vim para cá para organizar minha vida.
Eu, minha esposa e minha filha recém nascida.
Mas, com 3 anos de idade minha filha morreu.
O senhor acha que eu posso crer em Deus?
Agora minha mulher voltou para Juiz de Fora e eu fiquei aqui porque minha filha está enterrada aqui.
- Desde quando o senhor está brigado com Deus?
- Desde que minha filha morreu.
Como é que Deus faz isso comigo?
- Com que idade o senhor está?
- Com 43 anos.
- Me desculpe, mas o senhor é egoísta.
Nestes 43 anos quantas crianças o senhor Já viu morrer?
- Não sei! Muitas...
- Então, nesses 43 anos, quando Deus matava os filhos dos outros o senhor adorava Ele?
E quando foi a vez da sua filha Ele já não presta?
Reflicta meu amigo.
O senhor está causando um problema à sua filha, que veio à Terra e resgatou o que devia e já voltou.
Sua mulher fez o que devia e voltou para a cidade dela e continua trabalhando como médica e o senhor fica aqui agarrado aos despojos que não são sua filha, são os elementos que sua filha se utilizou para avançar.
O senhor vai ficar cada vez mais longe de sua filha, porque ela deve estar acompanhando a mãe que foi trabalhar no bem.
E o senhor aqui revoltado com Deus vai adoecer, enlouquecer numa cidade que ninguém o ama e conhece.
O homem começou a chorar copiosamente.
Todos no salão ficaram calados.
Depois que ele chorou bastante disse:
- É verdade. A minha filha, antes de ser minha filha é filha de Deus.
E se Deus já levou tantas filhas e filhos Dele, por que não levaria a que veio aos meus braços?
Mais tarde, Raul soube que o homem havia voltado para o Brasil.
Quando Cristo disse:
“Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus”, não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam num trono ou na miséria, mas ah!, poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus.
Ficar reclamando, lamentando, choramingando, revoltado, “culpar Deus e o mundo”, não lutar e desanimar, descontando a dor nos outros não é uma boa forma de sofrer.
Além do nosso sofrimento fazemos quem amamos sofrer também.
Deus é Justo e bom, se Ele permite dores e sofrimentos é porque existe uma razão ou uma causa justa.
Quando aceitamos as aflições sem ódio, mágoa ou revolta, ainda que choremos por desabafo, este é o bem sofrer.
É preciso ter coragem para enfrentar os problemas quaisquer que eles sejam, pois, na realidade, são consequências de nossas atitudes menos felizes nas vidas passadas, ou então são necessárias á nossa própria evolução.
A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que nos apoiemos numa fé ardente na bondade de Deus.
Temos ouvido frequentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis.
O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem.
A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição.
Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
Dizer que amamos Deus quando tudo corre bem em nossa vida é fácil.

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Morte e desligamento do corpo físico

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 26, 2018 8:04 pm

Morte física e desencarne não ocorrem simultaneamente.
O indivíduo morre quando o coração deixa de funcionar.
O Espírito desencarna quando se completa o desligamento, o que demanda algumas horas ou alguns dias.
Basicamente o Espírito permanece ligado ao corpo enquanto são muito fortes nele as impressões da existência física.
Indivíduos materialistas, que fazem da jornada humana um fim em si, que não cogitam de objectivos superiores, que cultivam vícios e paixões, ficam retidos por mais tempo, até que a impregnação fluídica animalizada de que se revestem seja reduzida a níveis compatíveis com o desligamento.
Certamente os benfeitores espirituais podem fazê-lo de imediato, tão logo se dê o colapso do corpo.
No entanto, não é aconselhável, porquanto o desencarnante teria dificuldades maiores para ajustar-se às realidades espirituais.
O que aparentemente sugere um castigo para o indivíduo que não viveu existência condizente com os princípios da moral e da virtude, é apenas manifestação de misericórdia.
Não obstante o constrangimento e as sensações desagradáveis que venha a enfrentar, na contemplação de seus despojes carnais em decomposição, tal circunstância é menos traumatizante do que o desligamento extemporâneo.
Há, a respeito da morte, concepções totalmente distanciadas da realidade.
Quando alguém morre fulminado por um enfarte violento, costuma-se dizer:
"Que morte maravilhosa! Não sofreu nada!"
No entanto, é uma morte indesejável.
Falecendo em plena vitalidade, salvo se altamente espiritualizado, ele terá problemas de desligamento e adaptação, pois serão muito fortes nele as impressões e interesses relacionados com a existência física.
Se a causa da morte é o câncer, após prolongados sofrimentos, em dores atrozes, com o paciente definhando lentamente, decompondo-se em vida, fala-se:
"Que morte horrível! Quanto sofrimento!"
Paradoxalmente, é uma boa morte.
Doença prolongada é tratamento de beleza para o Espírito.
As dores físicas actuam como inestimável recurso terapêutico, ajudando-o a superar as ilusões do Mundo, além de depurá-lo como válvulas de escoamento das impurezas morais.
Destaque-se que o progressivo agravamento de sua condição torna o doente mais receptivo aos apelos da religião, aos benefícios da prece, às meditações sobre o destino humano.
Por isso, quando a morte chega, ele está preparado e até a espera, sem apegos, sem temores.
Algo semelhante ocorre com as pessoas que desencarnam em idade avançada, cumpridos os prazos concedidos pela Providência Divina, e que mantiveram um comportamento disciplinado e virtuoso.
Nelas a vida física extingue-se mansamente, como uma vela que bruxuleia e apaga, inteiramente gasta, proporcionando-lhes um retomo tranquilo, sem maiores percalços.

Livro: Quem tem medo da Morte – Richard Simonetti

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Palestrantes ou comerciantes?

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 11:40 am

Um Centro Espírita deve ser um amplo espaço cultural, onde se estuda, pratica e divulga a Doutrina dos Espíritos.
Numa perspectiva de fraternidade, essa actividade deve ter como objectivo o auxílio mútuo desinteressado, procurando vivenciar a caridade dos sentimentos fraternos, a caridade do estudo, da prática espírita, e dos bens materiais junto dos necessitados.
Felizmente em Portugal, actualmente existem mais de 100 centros espíritas, num movimento muito dinâmico de crescimento, não só de espaços físicos, mas também de crescimento interior e doutrinário.
Desde sempre, Portugal contou com alguns conferencistas espíritas brasileiros que fizeram a diferença (Divaldo Franco, Raul Teixeira, Heloísa Pires etc.) e que muito contribuíram para o crescimento do Espiritismo em Portugal, bem como para a sua credibilidade pública.
O movimento espírita em Portugal, amarfanhado pelo regime salazarista, começou a sair das cinzas da opressão ditatorial após o 25 de Abril de 1974.
Divaldo Franco, Raul Teixeira e mais um ou outro conferencista brasileiro de qualidade começaram a visitar Portugal, em missão de divulgação e com objectivos doutrinários.
O Portugal espírita começava a dar cartas, e os outrora jovens começaram a aparecer.
Para além de múltiplos centros espíritas que iam desabrochando, palestrantes espíritas portugueses iam aparecendo, havendo, inclusive, intercâmbio de palestrantes entre centros espíritas, o que ainda hoje acontece.
Portugal espírita aparentemente foi amadurecendo e, hoje, aparentemente mais maduro, começa a acontecer um fenómeno inquietante.
Alguns espíritas brasileiros encontraram em Portugal um verdadeiro filão de ouro, fazendo lembrar a febre do ouro nas Américas.
Palestrantes brasileiros aparecem quase em doses industriais, ora em passeio, ora com objectivos de ordem pessoal, ora ainda com outros objectivos difusos, mas sempre com algo em comum:
vêm a Portugal e regressam com muito dinheiro ao Brasil, vendendo livros de qualidade duvidosa e/ou muito duvidosa, entre outras vendas, sempre lucrativas.
A justificação é sempre a mesma: é para ajudar a nossa obra social!!!
Palestrantes brasileiros vêm a Portugal 2 e 3 vezes por ano (!!!), outros tentam projectar os filhos, como se falar de Espiritismo fosse um estatuto passado de pais para filhos.
O comércio de todo o tipo de artefactos (livros, quadros, CD’s etc.) parece ter tomado o lugar da simplicidade do Espiritismo, de uma conversa amiga, de um debate doutrinário sereno, sem qualquer objectivo pessoal de qualquer tipo, conforme nos ensina Allan Kardec na codificação espírita.
Supostamente vêm divulgar o Espiritismo em Portugal, como se Portugal não tivesse palestrantes mais que preparados para tal desiderato.
Outros atrevem-se mesmo em público, como aconteceu numa TV portuguesa, a dizerem que vêm espiritizar os portugueses.
Basta que o palestrante tenha um “Dr.” antes do nome, ou seja médico, para ter as portas abertas dos centros espíritas portugueses que, sem espírito crítico nenhum, aceitam qualquer palestrante, sem cogitar da sua moral, qualidade doutrinária, e se é uma mais-valia ou não.
Outros vêm oferecer uma pomadinha com nomes do médium Francisco Cândido Xavier ou do Vovô Pedro, prática esta que nada tem a ver com o Espiritismo na sua essência, além de se usurpar o nome do médium mineiro que tantos exemplos de humildade deixou à Humanidade.
O slogan parece ter virado moda: “É brasileiro?
Então é bom…”, quando a realidade mostra o contrário.
É claro que tudo isto acontece por invigilância e boa vontade exagerada, sem o crivo da razão, de muitos dirigentes espíritas portugueses, que ainda não se aperceberam de que uma palestra espírita é de suma importância, e que devem ser os mesmos dirigentes a organizar a sua associação espírita.
Se o intercâmbio de palestrantes, esporádico, escolhendo a dedo, pessoas de boa índole e que tragam uma mais-valia é desejável e saudável, já o tentar a todo o custo arranjar um palestrante que nos livre desse “trabalho” semanal, a fim de ficarmos mais livres, é um mau serviço que estamos a prestar à Doutrina dos Espíritos.
Um assunto para meditar, sem qualquer tipo de xenofobia, pois, como português, sinto e amo o povo brasileiro tanto como o povo onde nasci, nesta reencarnação.
Temos um tesouro nas mãos (a Doutrina Espírita) e estamos a vendê-la ao desbarato…

Assim, não!


José Lucas

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty O Melindre na Casa Espírita

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:05 pm

Todos os círculos da vida humana onde se convive com pessoas sofrem com peculiaridades que nascem do orgulho e do egoísmo de seus participantes.
Não seria diferente na Casa Espírita nossa de cada dia.
Os dicionários trazem a definição de melindre como sendo a delicadeza no trato, cuidado para não magoar ou ofender por meio de palavras ou obras.
Entretanto, no dia-a-dia, esse significado varia em decorrência de quem o visualiza.
Se quem o olha é aquele que provocou o melindre, conceitua-o como uma susceptibilidade exagerada; já se for aquele que se melindrou, a definição incorre no sentimento de uma justa indignação, de uma injustiça e de auto-piedade.
Não, o presente artigo não é um meio para tecer críticas às Casas Espíritas nem aos seus trabalhadores, mas apenas um alerta:
Abel Glaser, pelo Espírito Cairbar Schutel, no livro “Fundamentos da Reforma Íntima”, demonstram que o egoísmo e o orgulho são as bases de todas as imperfeições do ser humano.
Representam o princípio elementar de toda doença sentimental, emocional e psicológica.
São fontes dos males que abraçam a humanidade.
E como o melindre se faz presente na Casa Espírita?
Exemplifica Francisco Aranda Gabilan, no artigo “Melindre:
A Síndrome do Orgulho Ferido que:
É o médium que não se conforma com a análise directa feita por companheiros estudiosos, quando ele, ao receber os Espíritos, bate os pés, as mãos, fala alto demais, repetitivamente, com linguagem às vezes inadequada, etc.
Melindra-se e não aceita as observações e conselhos, retirando-se do trabalho ou isolando-se na crítica à Casa e seus dirigentes.
É o expositor que não cumpre os horários, nem o programa, que desvia sempre do assunto da palestra ou da aula, descambando para análises outras, não raro pessoais ou sem importância doutrinária, e que não aceita as recomendações da direcção de manter-se fiel ao programa ou à conduta em classe ou na tribuna, melindrando-se com facilidade, afirmando que “nessa etapa da vida” não está mais para ouvir críticas “especialmente de quem sabe menor e é muito mais moço”...
É o dirigente de área da Casa que se julga auto-suficiente em tudo e não aceita conselhos e recomendações para melhoria do sector, ameaçando retirar-se, entregar o cargo, exigindo se promova reunião de Directoria para ouvir suas reclamações.
É o director que tem sua proposição refugada e se sente desprestigiado, desaparecendo das reuniões e das assembleias.
E até mesmo o doador de donativos, cujo nome foi omitido nos agradecimentos, magoando-se e fugindo a novas colaborações”.
São muitas as situações dentro da Casa Espírita que podem suscitar o melindre.
Na maior parte das vezes, ela nasce da divergência de opiniões, dos nãos que se recebe ou se dá...
É orgulho... É egoísmo.
Mais uma vez Cairbar Schutel, no livro citado anteriormente, demonstra que:
“Outro ponto fundamental para a renovação do âmago é cada um controlar com isenção de ânimo o natural desequilíbrio que rege as relações humanas.
O homem é um ser que tende ao proteccionismo e, consequentemente, à injustiça [...].
O mesmo critério que utiliza para avaliar a acção do seu semelhante deve o encarnado usar para consigo [...].
Quanto à reforma íntima, precisa a pessoa exercitar o equilíbrio dos seus julgamentos.
O indivíduo deve saber avaliar: se o critério – e o rigor – utilizado, ainda que exagerado ou não ideal, for equânime (para si e para o outro), já é um bom começo [...].
Não se nega a ninguém o valor de um conselho bem dado nem de uma observação bem feita, na hora certa, com a devida pertinência e de forma fraterna.
Quer-se, no entanto, que essa mesma sugestão ou crítica – quando lhe é dirigida – seja bem recebida e criteriosamente analisada”.
Sendo assim, entende-se, de forma resumida, que da mesma forma que se emite opiniões e sente-se propenso a tecer críticas e comentários, deve-se estar abertos para receber opiniões, críticas e comentários.
Se quem recebe, ou se nós mesmos, ao recebermos, reagirmos de forma negativa, aí se verifica o melindre.
Saber conviver com as diferenças em todas as suas nuances é exercitar a reforma íntima, é evoluir, é se amar e amar ao próximo.
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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS III

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:06 pm

Por fim, para concluir de forma esclarecedora e rica, aduz O Livro dos Espíritos:
Questão 917 – Qual o meio de se destruir o egoísmo?
Resposta – De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar-se é o egoísmo, porque ele se prende à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode se libertar, e essa influência concorre para o sustentar:
suas leis, sua organização social, sua educação.
O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material e, sobretudo, com a inteligência que o Espiritismo vos dá de vosso estado futuro real e não desnaturado pelas ficções alegóricas.
O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, os usos e as relações sociais.
O egoísmo se funda sobre a importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, eu o repito, faz ver as coisas de tão alto, que o sentimento da personalidade desaparece, de alguma forma, diante da imensidade.
Destruindo essa importância, ou tudo ou pelo menos fazendo vê-la como ela é, combate necessariamente o egoísmo.
É o choque que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna, frequentemente, egoísta, porque sente a necessidade de se colocar na defensiva.
Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é conduzido a se ocupar de si mais do que dos outros.
Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo a povo, e de homem a homem, e o homem pensará menos em sua pessoa quando verificar que os outros nele pensam.
Ele sofrerá a influência moralizadora do exemplo e do contacto.
Em presença desse transbordamento do egoísmo, é preciso uma verdadeira virtude para esquecer-se em benefício dos outros que, frequentemente, não são agradecidos.
É, sobretudo, àqueles que possuem esta virtude que o reino dos céus está aberto; àqueles, sobretudo, está reservada a felicidade dos eleitos, porque eu vos digo em verdade, que no dia da justiça, quem não pensou senão em si mesmo, será colocado e lado e sofrerá no abandono (FÉNELON).
Comentários de Kardec:
Empregam-se, sem dúvida, louváveis esforços para fazer avançar a Humanidade; encorajam-se, estimulam-se; honram-se os bons sentimentos mais do que em nenhuma outra época e, todavia, o verme roedor do egoísmo é sempre a chaga social.
É um mal que recai sobre todo o mundo e do qual cada um é, mais ou menos, vítima.
Para isso, é preciso, pois, combate-lo como se combate uma doença epidérmica.
Para isso, é preciso proceder à maneira dos médicos: ir à fonte.
Que se procure, pois, em todas as partes do organismo social, desde a família até os povos, desde a cabana até o palácio, todas as causas, todas as influências patentes ou ocultas, que excitam, entretêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo.
Uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si mesmo.
Não se tratará senão de as combater, senão, todos de uma vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será extirpado.
A cura poderá ser demorada, porque as causas são numerosas, mas não é impossível.
A isso não se chegará, de resto, senão tomando o mal em sua raiz, quer dizer, pela educação; não essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem.
A educação, se bem entendida, é a chave do progresso moral.
Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireita-los, como se endireitam as plantas jovens.
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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS III

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 27, 2018 8:07 pm

Todavia, essa arte exige muito tacto, muita experiência e uma profunda observação.
É um grave erro crer que basta ter a ciência para exercê-la com proveito.
Todo aquele que segue o filho do rico, assim como o do pobre, desde o instante do seu nascimento e observa todas as influências perniciosas que reagem sobre ele em consequência da fraqueza, da incúria e da ignorância daqueles que o dirigem, quando frequentemente, os meios que se empregam para moralizá-los falham, não pode se espantar de encontrar no mundo tantos defeitos.
Que se faça pelo moral quanto se faz pela inteligência e se verá que, se há naturezas refractárias, há, mais do que se crê, as que pedem apenas uma boa cultura para produzir bons frutos.
O homem quer ser feliz e esse sentimento está na Natureza.
Por isso, ele trabalha sem cessar para melhorar sua posição sobre a Terra, e procura a causas dos seus males, a fim de os remediar.
Quando compreender bem que o egoísmo é uma dessas causas, a que engendra o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que o magoam a cada instante, que leva a perturbação em todas as relações sociais, provoca as dissensões, destrói a confiança, obriga a se colocar constantemente na defensiva contra seu vizinho, a que, enfim, do amigo faz um inimigo, então ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua própria felicidade e mesmo com a sua própria segurança.
Quando mais ele o tenha sofrido, mais sentirá necessidade de combatê-lo, como combate a peste, os animais nocivos e todos os outros flagelos.
Ele o será solicitado pelo seu próprio interesse.

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes.
Destruir um e desenvolver o outro, tal deve ser o objectivo de todos os esforços do homem, se quer assegurar sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.
Irmãos, que tenhamos sempre a consciência de que conviver com o diferente é a chave do sucesso dessa missão terrena.
Que entendamos que somos diferentes uns dos outros, e que cada um só faz connosco aquilo que permitimos que façam.
Sendo assim, melindrar-se é deixar que o outro nos incomode, é permitir que as críticas (muitas vezes bem intencionadas) nos firam e nos afastem daqueles que nos querem bem.
A Casa Espírita é lugar de reflexão, estudo, aprendizado e irmandade.
Que adentremos sempre às suas portas com o coração aberto, sem deixar que os olhos do orgulho e do egoísmo ceguem a visão dos nossos corações.

Paz a todos.

Rafaela Paes

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Como cuidar dos doentes próximos do desencarne

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 9:57 am

A jornada na Terra sempre chega ao fim.
Algumas vezes é necessário que o processo da velhice, doença e morte seja acompanhada de perto por alguém.
Esta pessoa pode ser você, que terá a responsabilidade de garantir o respeito, a dignidade e o conforto físico de seu parente amado.
Acredito eu que não exista gesto mais nobre de amor.
Tenho a certeza que também não existe momento mais oportuno para o aprendizado e para a vivência espiritual.
Muitas pessoas sentem-se desconfortáveis frente à morte.
Mas, acredite, para o espírito é um momento belo e grandioso.
Este texto tem a missão de desmistificar a morte, facilitar sua vida ao lado da pessoa que se prepara para partir e te ajudar a viver plenamente o amor que existe dentro de você (sem medo e sem receio).

"A separação da alma e do corpo é dolorosa?
— Não; o corpo, frequentemente, sofre mais durante a vida que no momento da morte; neste, a alma nada sente.
Os sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.

No momento da morte, a alma tem, às vezes, uma aspiração ou êxtase, que lhe faz entrever o mundo para o qual regressa?
— A alma sente, muitas vezes, que se quebram os liames que a prendem ao corpo, e então emprega todos os seus esforços para os romper de uma vez.
Já parcialmente separada da matéria, vê o futuro desenrolar-se ante ela e goza por antecipação do estado de Espírito."
Allan Kardec - O Livro dos Espíritos

Ajudar alguém nos últimos meses ou anos é uma das maiores responsabilidades que alguém pode ter. Sob certos aspectos é bem mais difícil que criar uma criança.
A criança colecciona conquistas, o idoso ou o doente colecciona dificuldades.
Mas, porém, virão conquistas; conquistas para o espírito e para o amadurecimento pessoal.
Nesta fase os grandes ganhos não são exteriores, são interiores.
Tenha claro esta realidade: há muito aprendizado nos últimos anos de vida.
E mais, são alguns dos aprendizados mais importantes para o futuro do espírito.
Uma criança nasce e aprende a falar e a andar.
São ganhos que parecem grandes, mas que se perdem com o falecimento.
Já os aprendizados dos últimos anos são realmente centrais para o espírito.
Por exemplo: uma pessoa muito orgulhosa, ao se ver necessitada de ajuda, descobriu na humildade a paz que lhe faltou por toda a vida.
Ela dizia: "Meu Deus, porque não aprendi a viver assim antes?"
Não aprendeu antes, mas aprendeu quando as limitações físicas se fizeram mais fortes.
Alguém poderia dizer; "antes tarde do que nunca".
Quem conhece a vida espiritual sabe que NUNCA é tarde para esta transformação positiva.
Esta transformação será muito importante por décadas e séculos.
Por isto, não fique tão triste com as perdas que acompanham a velhice e as doenças.
São oportunidades únicas.
São oportunidades importantíssimas.
Primeiro porque "tira de cima da pessoa" o peso da sociedade.
A sociedade é uma prisão brutal para grande parte das pessoas.
Somos orgulhosos, esta é a verdade.
São raríssimos os seres humanos que não são orgulhosos.
A doença e as limitações da idade jogam por terra grande parte das vaidades, orgulho e desejo de ser aceito (os místicos dizem: tudo desaba).
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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS III

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 9:58 am

É um choque que coloca o ego da pessoa lá embaixo; algumas até deprimem.
Mas, a queda do ego é a porta aberta para a emersão do que é realmente importante para o espírito.
São biliões de pessoas que tem na velhice e nas doenças as últimas oportunidades para realizar seu progresso espiritual.
Importante: aprenda a olhar para a pessoa amada como um espírito que dá os últimos passos e que tem as últimas oportunidades de realizar conquistas nesta vida (nesta encarnação).
O corpo perde, mas o espírito pode ganhar.
O corpo vai finalizar, mas a vida espiritual ainda é longa.
Por isto, tranquilize-se com as perdas.
Tenha serenidade para acompanhar estas perdas.
Cuide com carinho, mas treine-se para o desligamento.
Aceite cada passo que a natureza der; traga conforto e use sempre um diálogo espiritualizado para facilitar o entendimento e a superação das dificuldades.
Treine com a mensagem de Jesus:
"seja feita a Sua vontade".
Nada é perda, tudo é transformação.
Tenha paciência, porque você é apenas alguém que acompanha uma trajectória que é muito pessoal e especial - a trajectória do seu ente querido até a libertação do corpo.
Veja a morte como saudade para quem fica e liberdade para quem vai.
É uma libertação, porque chegará um momento em que os aprendizados serão pequenos; este é o momento de voltar para a vida espiritual.

Regis Mesquita – Blog Nascer Várias Vezes

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty O Autismo explicado pelo Espiritismo

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 28, 2018 8:43 pm

Inicialmente, cabe inserir como uma primeira informação acerca do tema, o que demonstra o Capítulo VIII do livro A Génese, no item intitulado “Alma da Terra”:
“O desenvolvimento orgânico está sempre em relação com o desenvolvimento do princípio intelectual; o organismo se completa à medida que as faculdades da alma se multiplicam; a escala orgânica segue, constantemente, em todos os seres, a progressão da inteligência, desde o pólipo até o homem; e isso não poderia ser de outro modo, uma vez que é necessário, à alma, um instrumento apropriado à inteligência das funções que ela deve cumprir”.
Acerca do autismo, conceitualmente pode-se explicar que se trata de um transtorno cujos sintomas são os mais variados, podendo, dependendo de seu grau, inferir em dificuldades de desenvolvimento das capacidades físicas, sociais e linguísticas; a visão, audição, sensação de dor, equilíbrio, olfacto, gustação e sustentação do corpo podem ser afectadas, a fala pode sofrer atraso, bem como eles podem ter uma percepção diferente dos objectos, pessoas e situações.
Diante de tais lições, pode-se compreender que as razões que ensejam que um espírito encarne como uma pessoa autista são as mais variadas.
Pode-se citar, como um primeiro exemplo, um espírito que encarne em uma determinada família espiritual, tendo previamente combinado ser portador de uma deficiência, seja ela qual for, a fim de, pura e simplesmente, ensinar àqueles que precisam aprender e praticar as leis do amor.
Há também razões tidas como internas, como por exemplo, um espírito que antes de conectar-se ao seu novo corpo físico, seja acometido por medo e desista da experiência reencarnatória. Ou seja, ele não entrou de forma efectiva no mundo físico.
Externamente, podem ocorrer dificuldades no momento do parto, sejam elas por parte da mãe ou de factores ambientais, o que o leva a também não conectar-se de forma efectiva à sua nova realidade.
Para ilustrar tais colocações, o médium Carlos Baccelli, em seu livro “Chico Xavier, à sombra do abacateiro”, conta a seguinte história:
“Certa vez, um casou aproximou-se de Chico, o pai sustentando uma criança de um ano e meio nos braços, acompanhado por distinto médico espírita de Uberaba.
A mãe permaneceu a meia distância, em mutismo total, embora com alguma aflição no semblante.
O médico, adiantando-se, explicou o caso ao Chico:
- A criança, desde que nasceu, sofre sucessivas convulsões, tendo que ficar sob o controle de medicamente, permanecendo dormindo a maior parte do tempo.
Em consequência, mal consegue engatinhar e não fala.
Após dialogarem durante alguns minutos, Chico perguntou ao nosso confrade a que diagnóstico havia chegado.
- Para mim, trata-se de um caso de AUTISMO – respondeu ele.
O Chico disse que o diagnóstico lhe parecia bastante acertado, mas que convinha diminuir o anti-convulsivo mesmo que tal medida, a princípio, intensificasse os ataques.
Explicou, detalhadamente, as contra-indicações do medicamento no organismo infantil.
Recomendou passes.
- Vamos orar – concluiu.
O casal saiu visivelmente mais confortado, mas, segurando o braço do médico nosso confrade, Chico explicou a todos que estávamos ali mais próximos:
- O autismo, é um caso muito sério, podendo ser considerado uma verdadeira calamidade.
Tanto envolve crianças quanto adultos...
E o Chico falou ao médico
- É preciso que os pais dessa criança conversem muito com ela, principalmente a mãe.
É necessário chamar o espírito para o corpo.
Se não agirmos assim, muitos espíritos não permanecerão na carne, porque a reencarnação para eles é muito dolorosa.
O espírito daquela criança sacudia o corpo que convulsionava, na ânsia de libertar-se (desencarnar)...
Sem dúvida, era preciso convencer o Espírito a ficar.
Tentar dizer-lhe que a Terra não é cruel assim...
Que precisamos trabalhar pela melhoria do homem”.
A história ilustra de forma delicada a visão espiritual do autismo, mas diante da narrativa, cabe inserir um alerta de que aqui não se faz a afirmação de que devem ser suspendidos os medicamente receitados pelos médicos aos portadores de tal transtorno.
A história serve como uma reflexão deixada por Chico, a fim de se entender o porquê ela pode ocorrer.
Sendo assim, a lição que se pode aprender com ela, é o amor.
Quando diante da mencionada dificuldade, deve-se exercitar a amor, seja porque precisamos nós mesmos aprendê-lo, ou seja para ensiná-lo ao espírito que ali encontra-se.
De toda adversidade aprende-se uma lição, e se há lição, há sempre um propósito maior, vindo de Deus, a fim de que a caminhada rumo à melhoria seja trilhada e alcançada.

Rafaela Paes

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Esquecimento do Passado

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 29, 2018 9:54 am

O artigo de hoje constitui-se mais como um estudo do Livro II, Capítulo VII, questões 392 a 399 do Livro dos Espíritos, que trata sobre o esquecimento do passado, ou seja, das encarnações pretéritas dos ora encarnados.

Questão 392 – Por que o Espírito perde a lembrança do seu passado?
Resposta – O homem não pode nem deve tudo saber; Deus o quer assim em sua sabedoria.
Sem o véu que lhe cobre certas coisas, ficaria deslumbrado, como aquele que passa, sem transição, da obscuridade à luz.
Pelo esquecimento do passado, ele é mais ele mesmo.
Inicialmente, entende-se que o esquecimento do passado é uma decisão de Deus, para que os encarnados não se tornem deslumbrados com posições de vidas anteriores, o que possibilita que ele viva o presente de forma mais plena.

Questão 393 – De que maneira pode o homem ser responsável por actos e resgatar faltas de que não se lembra?
Como pode aproveitar a experiência adquirida nas existências caídas no esquecimento?
Conceber-se-ia que as tribulações da vida fossem uma lição para ele, se se lembrasse do que as originou; mas do momento que não se lembra, cada existência é para ele como se fosse a primeira, e está, assim, sempre a recomeçar.
Como conciliar isso com a justiça de Deus?

Resposta – A cada nova existência, o homem tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem e o mal.
Onde estaria o mérito se ele se lembrasse de todo o passado?
Quando o Espírito volta à sua vida primitiva (a vida espírita) toda a sua vida passada se desenrola diante dele; ele vê as faltas que cometeu e que são causa do seu sofrimento, e o que poderia impedir de as cometer.
Compreende que a posição que lhe é dada é justa e procura, então, a existência que poderá reparar aquele que vem de se escoar.
Procura provas análogas àquelas pelas quais passou, ou lutas que crê adequadas ao seu adiantamento, pedindo aos Espíritos que lhe são superiores para ajuda-lo nessa nova tarefa que empreende, porque sabe que o Espírito que lhe será dado por guia nessa nova existência procurará fazê-lo reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das que cometeu.
Essa mesma intuição é o pensamento, o desejo criminoso que vos vem, frequentemente, e ao qual resistis instintivamente, atribuindo, no mais das vezes, vossa resistência aos princípios que recebestes de vossos pais, enquanto que é a voz da consciência que vos fala, e essa voz é a lembrança do passado; voz que vos adverte para não recaírdes nas faltas que já cometestes.
O Espírito, entrado nessa nova existência, se suporta essas provas com coragem, e se resiste, eleva-se e ascende na hierarquia dos Espíritos, quando volta entre eles.

Explica, em nota, Kardec:
Se não temos, durante a vida corporal, uma lembrança precisa do que fomos e do que fizemos, de bem ou de mal, nas nossas existências anteriores, temos a intuição, e nossas tendências instintivas são uma reminiscência do nosso passado. Aquela nossa consciência, que é o desejo que abrigamos de não mais cometer as mesmas faltas, nos previne a resistência.

Questão 394 – Nos mundos mais avançados que o nosso, onde os homens não estão premidos por todas as nossas necessidades físicas e nossas enfermidades, eles compreendem que são mais felizes do que nós?
A felicidade, em geral é relativa, sentimo-la por comparação com um estado menos venturoso.
Visto que, em definitivo, alguns desses mundos, ainda que melhores do que o nosso, não estão no estado de perfeição, os homens que os habitam devem ter seu género de motivos de aborrecimentos.
Entre nós, o rico, que não tem as angústias das necessidades materiais como o pobre, não tem menos tribulações que tornam sua vida amarga.
Ora, eu pergunto se, na sua posição, os habitantes desses mundos não se crêem mais infelizes do que nós e não se lamentam de sua sorte, não tendo a lembrança de uma existência anterior para comparação?

Resposta – A isso é preciso dar duas respostas diferentes.
Há mundos entre aqueles de que falas, cujos habitantes têm uma lembrança muito clara e muito precisa de suas existências passadas.
Esses, tu o compreendes, podem e sabem apreciar a felicidade que Deus lhes permite saborear.
Mas existem outros onde os habitantes, como tu o dissestes, colocados em melhores condições do que vós, não têm menos aborrecimentos, infelicidade mesmo; esses não apreciam sua felicidade pelo facto mesmo de que não têm lembrança de um estado ainda mais infeliz.
Se eles não a apreciam como homens, apreciam-na como Espíritos.
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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS III

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 29, 2018 9:56 am

Mais uma vez Kardec aduz em nota:
Não há, no esquecimento dessas existências passadas, sobretudo naquelas que foram penosas, alguma coisa de providencial e na qual se revela a sabedoria divina?
É nos mundos superiores, quando a lembrança das existências infelizes não é mais do que um sonho mau, que elas afloram à memória.
Nos mundos inferiores, as infelicidades actuais não seriam agravadas pela lembrança de tudo aquilo que se suportou?
Concluamos daí, então, que tudo que Deus fez está bem feito e não nos cabe criticar-lhe as obras e dizer como deveria regular o Universo.
A lembrança de nossas individualidades anteriores teria inconvenientes muito graves; poderia, em certos casos, nos humilhar extraordinariamente e, em outros, exaltar o nosso orgulho e, por isso mesmo, entravar o nosso livre-arbítrio. Deus nos deu, para nos melhorarmos, o que nos é necessário e nos basta:
a voz da consciência e nossas tendências instintivas, privando-nos do que nos poderia prejudicar.
Acrescentemos, ainda, que se tivéssemos a lembrança de nossos actos pessoais anteriores, teríamos igualmente dos actos dos outros e esse conhecimento poderia ter os mais deploráveis efeitos sobre as relações sociais.
Não havendo sempre motivos para nos glorificarmos do nosso passado, ele é quase sempre feliz quando um véu lhe seja lançado.
Isso concorda perfeitamente com a doutrina dos Espíritos sobre os mundos superiores ao nosso.
Nesses mundos, onde não reina senão o bem, a lembrança do passado não tem nada de penosa; eis porque sabem aí de sua existência precedente, como nós sabemos o que fizemos na véspera.
Quando à estada que fizeram nos mundos inferiores, como dissemos, não é mais que um sonho mau.
As questões prosseguem acerca do tema, mas cabe salientar que até aqui pode-se entender que o esquecimento do passado tem a ver com a questão de não permitir que sejamos regiamente humilhados ou então, que deixemos que o orgulho e vaidade, raízes das maiores mazelas humanas, tomem conta de nós.
Se aqui estamos para quitar débitos, não há como saber o que o próximo nos fez no passado, já que sempre, de alguma forma, isso iria influenciar sobremaneira a nossa forma de lidar com ele.

Questão 395 – Podemos ter algumas revelações sobre nossas existências anteriores?
Resposta – Nem sempre.
Muitos sabem, entretanto, o que foram e o que fizeram; se lhes fosse permitido dizê-lo abertamente, fariam singulares revelações sobre o passado.

Questão 396 – Certas pessoas crêem ter uma vaga lembrança de um passado desconhecido que se lhes apresenta como a imagem fugidia de um sonho que se procura em vão reter.
Essa ideia não é uma ilusão?

Resposta – Algumas vezes é real; mas, frequentemente, é uma ilusão contra a qual é preciso se colocar em guarda, porque pode ser o efeito de uma imaginação superexcitada.
Nessas questões, entende-se que muito dificilmente pode-se ter revelações acerca do passado, e quem as têm, não podem falar abertamente sobre o assunto.
Além disso, aqueles que crêem ter lembranças de seu passado, na maioria das vezes sofrem com ilusões e é preciso que se tenha cuidado com isso.

Questão 397 – Nas existências corporais de uma natureza mais elevada que a nossa, a lembrança das existências anteriores é mais precisa?
Resposta – Sim, à medida que o corpo é menos material, lembra-se melhor.
A lembrança do passado é mais clara para aqueles que habitam mundos de uma ordem superior.
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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS III

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 29, 2018 9:57 am

Questão 398 – As tendências instintivas do homem, sendo uma reminiscência do seu passado, segue-se que pelo estudo dessas tendências pode conhecer as faltas que cometeu?
Resposta – Sem dúvida, até um certo ponto; mas é preciso ter em conta o progresso que pode ter-se operado no Espírito e as resoluções que tomou no estado errante.
A existência actual pode ser muito melhor do que a precedente.
Nessa questão verifica-se que, apesar de nossas tendências mais primitivas poderem ser sinais do passado, muitas vezes o progresso do Espírito já se operou e a existência presente pode ser muito melhor que a anterior, o que leva esse critério a ser falho.
Segue a pergunta:
- Pode ser pior?
O homem pode cometer em uma existência faltas que não cometeu na precedente?

Isso depende de sua elevação.
Se não sabe resistir às provas, ele pode ser arrastado a novas faltas, que são a consequência da posição que escolheu.
Mas, em geral, essas faltas acusam mais um estado estacionário que um estado retrógrado, porque o Espírito pode avançar ou parar, mas não recua.
Interessante colocação na continuação da referida questão, onde pode-se aprender que muito dificilmente um Espírito recua, ou seja, tem uma encarnação presente pior do que a anterior, visto que geralmente, a regra é que ele estacione, ou seja, mantenha-se no mesmo grau de evolução, ou avance.

Por fim, encontra-se a derradeira questão:
Questão 399 – As vicissitudes da vida corporal, sendo ao mesmo tempo uma expiação pelas faltas passadas e provas para o futuro, segue-se que da natureza dessas vicissitudes pode-se induzir o género da existência anterior?
Resposta – Muito frequentemente, pois, cada um é punido por aquilo que pecou; entretanto, não é preciso fazer disso uma regra absoluta.
As tendências instintivas são um índice mais certo, porque as provas que o Espírito suporta são tanto pelo futuro como pelo passado.

Por fim, Kardec complementa em nota, resumindo as questões trabalhadas:
Alcançado o termo marcado pela Providência para sua vida errante, o próprio Espírito escolhe as provas às quais quer se submeter para acelerar o seu progresso, quer dizer, o género de existência que ele crê mais apropriado para lhe fornecer os meios, e essas provas estão sempre em relação com as faltas que deve expiar.
Se triunfa, se ela; se sucumbe, está por recomeçar.
O Espírito goza sempre do seu livre-arbítrio e é em virtude dessa liberdade que, no estado de espírito, escolhe as provas da vida corporal e que, no estado de encarnado, delibera se as cumpre ou não, escolhendo entre o bem e o mal. Denegar ao homem o seu livre-arbítrio, será reduzi-lo à condição de máquina.
Entrando na vida corporal, o Espírito perde momentaneamente a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as ocultasse.
Todavia, ele tem algumas vezes uma vaga consciência e elas podem mesmo lhe serem reveladas em certas circunstancias; mas é apenas pela vontade dos Espíritos superiores que o fazem espontaneamente, com um fim útil e jamais para satisfazer uma vã curiosidade.
As existências futuras não podem ser reveladas em nenhum caso, pela razão de que elas dependem da maneira que se cumpra a existência presente e da escolha ulterior do Espírito.
O esquecimento das faltas cometidas não é um obstáculo ao progresso do Espírito, porque, se não tem uma lembrança precisa, o conhecimento que teve no estado errante e o desejo que tomou de as reparar guiam-no pela intuição e lhe dão o pensamento de resistir ao mal.
Esse pensamento é a voz da consciência, que é secundada pelos Espíritos que o assistem, se escuta as boas inspirações que sugerem.
Se o homem não conhece os actos que cometeu nas suas existências anteriores, ele pode sempre saber de que género de faltas se tornou culpado e qual era seu carácter dominante.
Basta estudar-se e pode julgar do que foi, não pelo que é, mas por suas tendências.
As vicissitudes da vida corporal são, ao mesmo, uma expiação pelas faltas do passado e provas para o futuro.
Elas nos depuram e nos elevam segundo as suportemos com resignação e sem murmurar.
A natureza das vicissitudes e das provas que suportamos pode, também, nos esclarecer sobre o que fomos e o que fizemos, como neste mundo julgamos os fatos de um culpado pelos castigos que lhe inflige a lei.
Assim, alguém será castigado no seu orgulho pela humilhação de uma existência subalterna; o mau rico e o avaro, pela miséria; o que foi duro para com os outros, pela dureza que suportará; o tirano, pela escravidão; o mau filho, pela ingratidão dos seus filhos; o preguiçoso, por um trabalho forçado, etc.

Por fim, para pensarmos acerca do assunto, fica a frase de Harold Macmillian:
“O passado deve ser usado como um trampolim e não como um sofá”.
Vivamos o hoje, sejamos bons hoje, façamos o bem e levemos o amor por onde passarmos... só assim o passado fará sentido e o futuro será luminoso.

Paz a todos!


Rafaela Paes

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Tranquilidade ou intranquilidade?

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 29, 2018 7:37 pm

por Bruno Abreu

No tempo em que vivemos, a velocidade a que se dá o nosso movimento é estonteante.
Levantamo-nos de manhã a correr para poder arranjar-nos, e quem tem filhos fica com as tarefas redobradas para que possam orientar estes pequenos para a sua labuta diária.
Nossa vida é feita a correr atrás dos ponteiros do relógio de tal forma que apelidamos de qualidade de vida o termos um pouco mais deste precioso bem.
Mal temos tempo seja para o que for, e com a interiorização deste movimento, que faz a nossa cabeça andar a 150 por cento, tentamos organizar o dia que teremos e perturbamo-nos com os problemas de ontem, sem conseguirmos nos preocupar uns com os outros.
Tranquilidade é um estado de espírito que por vezes alcançamos, na nossa maioria, muito poucas vezes.
O correto seria o contrário, já que deveríamos mantê-la constante e, de vez em quando, perdê-la.
Será possível viver tranquilamente da forma que vivemos hoje em dia?
Jesus Cristo desencarnou de forma tranquila no meio de um “inferno” causado pelo povo.
Estêvão impressionou Paulo ao se manter tão sereno e tranquilo na hora de seu violento desencarne.
Mandela geriu o problema do apartheid de forma tranquila após um encarceramento violento de 28 anos em meio de uma guerra.
Estes irmãos de sabedoria impressionante conseguiram conviver de forma tranquila em situações extremamente adversas.
Claro que não nos podemos comparar a eles, somos seus irmãos mais novos a aprender a viver de forma serena, mas podemos tentar perceber como é possível algo que nos parece impossível, e se conseguiram viver tranquilos em um mar tão revoltoso, por que não conseguimos nós alguma tranquilidade em uma vida acelerada?
A tranquilidade é um estado de espírito natural quando não se dão alterações emocionais em nós.
O que é que isto nos quer dizer?
Quando me deparo com um problema que me deixa preocupado, minha tranquilidade vai embora.
Na verdade ela não foi embora, o problema é que a fez desaparecer como as nuvens escondem o sol quando tapam completamente o céu.
Outro exemplo, vou no trânsito e alguém, para entrar à frente de mim, quase que bate no meu carro...
Fico enervado com aquela situação e a minha tranquilidade vai embora.
Parece-nos que foram as situações externas que nos tiraram a tranquilidade, eu digo para comigo:
aquele condutor roubou a minha tranquilidade com o seu acto, mas não foi ele que me roubou a tranquilidade; eu que a joguei fora com a permissão dada ao crescimento das emoções negativas e alimentação destas dentro de mim.
Nossos irmãos acima citados mostraram-nos na prática que a tranquilidade pode ser mantida em situações de muita adversidade.
Então, devemos buscar a tranquilidade ou lidar com a intranquilidade?
O que nos é possível é lidar com a intranquilidade, porque esta é que é latente e existente em nós.
A tranquilidade é um estado de espírito natural, emergente da ausência da intranquilidade.
Quando esta última aparece, a serenidade desaparece.
Posto desta forma e pensando que as pessoas buscam a tranquilidade, mostra-se que lidamos com uma pescada de rabo na boca.
A busca pela tranquilidade é a intranquilidade em si, ou seja, ninguém busca aquilo que já tem, mas, quando buscamos a tranquilidade, esse desejo deixa-nos extremamente intranquilos, dizemos para nós próprios:
“gostaria tanto de ter alguma tranquilidade” e causamos a ansiedade em nós.
Então qual será a solução?
Como o Mestre nos indicou: Vigiai e Orai.
O vigiai ultrapassa o estado de alerta quando vamos cometer um erro, mas este próprio ato nos ajuda a nos conhecermos e compreendermos o que se passa connosco.
Ao estarmos atentos ao que nos tira a paz, nós vamos conhecer estes mecanismos mentais de reacção negativa que nos encaminham a uma vida intranquila.
Quando mais atenção e dedicação tivermos com estas más emoções, em vez de fugirmos delas, melhor é irmos penetrar e conhecê-las intimamente, que é o mesmo que dizer: conhecer nossa parte obscura de forma profunda.
Este conhecimento só por si fará estas emoções se tornarem mais fracas ao percebermos o mal que nos fazem, chegando ao ponto de um dia não nos incomodarem, ajudando-nos a manter nosso estado natural ou a nossa pureza de coração.
Chegará o dia em que verei nascer em mim a irritação pelo outro condutor fazer tal asneira ou meu filho ter um problema, dizendo para comigo próprio “conheço profundamente este caminho, e não o quero tomar” e a irritação não terá abrigo em meu ser e minha intranquilidade não irá florescer, mantendo assim meu estado natural de serenidade e paz.
Muita tranquilidade para vocês.

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Nuances da lei do trabalho

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 30, 2018 9:32 am

por Anselmo Ferreira Vasconcelos

As cenas pungentes e correspondentes consequências referentes à recente tragédia ocorrida no Largo do Paissandu, em São Paulo, na qual um prédio público (invadido por pessoas sem-tecto) em chamas desabou, requer mais profundas considerações em termos de aspectos humanos, sociais e espirituais.
Assim sendo, é preciso lembrar que a maioria das pessoas que ali viviam estava desempregada, e isso também ocorre com outras que enfrentam as mesmas condições em várias partes do país.
Como bem reportou um programa jornalístico, os indivíduos perdem o seu emprego, os minguados recursos são logo exauridos e aí as alternativas de vida tornam-se minimalistas.
Em suma, milhares de seres humanos estão vivendo penosamente porque lhes falta o básico, isto é, um trabalho digno que lhes permita ter uma existência decente.
Com efeito, a situação laboral no planeta é preocupante não apenas pela sua magnitude – calcula-se que cerca de 1 bilião de pessoas ou 33% da força de trabalho mundial estejam desempregadas na actualidade.
Tais estimativas fornecidas pelo Instituto Galluplevam também em conta os autónomos, particularmente aqueles que se assemelham aos autênticos desempregados dada a insignificância da renda por eles auferida (menos de US$ 2,00 por dia).
Por isso, as cifras do instituto são muito maiores do que as divulgadas pela Organização Internacional do Trabalho (5,6%).
Além disso, quando se considera a força de trabalho mundial – cerca de 3,3 biliões de pessoas, isto é, os que estão empregados ou procurando por uma ocupação com vínculos legais – apenas 7% ou 214 milhões de trabalhadores têm um bom emprego (medido aqui pelo nível de engajamento com as organizações).
Em outras palavras, não há um trabalho que possa ser classificado de bom para espantosamente 3 biliões de pessoas que aspiram e desejam um.
Por isso, se nada de sólido for feito, talvez nunca venham a ter um na presente existência.
Portanto, por qualquer ângulo que se observe, é patente que a dimensão do trabalho está sob considerável turbulência no planeta.
Há, obviamente, analistas que defendem que o importante é a possibilidade de ter um trabalho em si.
Todavia, isso não é suficiente, pois os seres humanos consideram a actividade laboral como algo muito mais profundo, muito além do salário e dos benefícios.
Ou seja, uma boa parte das pessoas almeja obter significado no que fazem para viver.
De modo geral, essa sensação preenche-lhes a alma, bem como lhes dá forças e inspiração para acordar todos os dias dispostas a fazer a diferença por meio do seu trabalho.
Assim sendo, a receita do referido instituto é inegavelmente providencial:
os líderes globais precisam priorizar a criação de bons empregos.
Na sua seminal obra, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec identificou a proeminência do trabalho na obra divina.
Com efeito, os Espíritos lhe informaram tratar-se de assunto da mais alta relevância (ver Terceira Parte, Capítulo III da citada obra).
Nesse sentido, nos comentários referentes à questão nº 685, o Codificador argumentou que:
“Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de trabalhar.
É preciso que aquele que tem de prover a sua existência por meio do trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece.
Quando se generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a miséria.
A ciência económica procura remédio para isso no equilíbrio entre a produção e o consumo.
Esse equilíbrio, porém, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver.
Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência económica não passa de simples teoria.
Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. [...]”.
Com efeito, o factor moral tem pesado muito pouco na percepção dos poderosos do mundo.
Refiro-me especialmente aos que se julgam acima do bem e do mal.
Ou seja, àqueles que acreditam que a sua riqueza e interesses egoísticos devem prevalecer acima de todas as misérias humanas, àqueles, enfim, que podem encetar o progresso geral, mas se deixam prender à indiferença e ausência de compaixão pelo sofrimento alheio.
Daí a pertinente observação formulada pelo Espírito Emmanuel, no livro Vinha de Luz (psicografia de Francisco Cândido Xavier), “Lembremo-nos de que há serviço divino dentro e fora de nós.
A favor de nossa própria redenção, é justo indagar se estamos cooperando com o espírito inferior que nos dominava até ontem ou se já nos afeiçoamos ao espírito renovador do Eterno Pai”.
Emmanuel frisa ainda (na obra Fonte Viva, também psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier), que “Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus”.
Aliás, o Mestre inesquecível deixou-nos muito claro que o Pai Celestial trabalha, assim como ele (ver João, 5: 17).
Então, pode-se inferir que o trabalho é um imperativo na Criação Divina.
Desse modo, o desafio planetário de melhorar substancialmente a empregabilidade, e, por extensão, as condições de vida para a humanidade, está colocado.
Sob a égide de Jesus e seus ensinamentos podemos vencer esse atraso moral e proporcionar o trabalho abençoado para todos os indivíduos que desejam ser úteis e produtivos na seara divina.

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty A arte de falar, o dom de escutar e a beleza de praticar

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 30, 2018 8:16 pm

O nosso activo mais precioso é o tempo.
E como temos nos comportado em relação ao “falar e escutar” em nosso dia a dia?
Será que já aprendemos a escutar?
Se não for um “dom” mesmo, saber ouvir as pessoas é certamente uma arte.
Partilhar também é muito bom.
Você fala dos próprios sentimentos e ouve o outro falar dos seus.
É uma via de mão dupla:
passamos e também recebemos ajuda e espiritualidade.
Há 2 mil anos, numa epístola, o apóstolo Tiago já assinalava:
“Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros para que sareis...”.
A moderna psicologia recomenda, igualmente, partilhar sentimentos, assim como a medicina faz recomendações nesse sentido:
se você não quiser adoecer interiormente, procure falar, conversar com alguém sobre seus sentimentos.
Muitas vezes, em vez da boca, o remédio entra pelo ouvido, substituindo a angústia ou aflição pela paz e esperança.
Nessa arte de bem ouvir é necessário ter generosidade e complacência, além da disponibilidade para escutar.
É necessário ainda despir-se de preconceitos, não julgando o interlocutor por sua aparência, linguagem, género ou posição social.
Quem escuta não deve ter pressa em dar solução ou oferecer proposta, porque, muitas vezes, aquele que partilha quer apenas encontrar alguém que o escute e o entenda no momento que passa.
Relato aqui duas histórias sobre o cuidado que se deve ter também no falar, porque somos senhores de tudo o que pensamos e não dizemos, mas nos tornamos escravos daquilo que falamos.
Vieira era um aprendiz na espiritualidade.
Enquanto o corpo dormia, comparecia a reuniões na Vida Maior.
E certa noite foi surpreendido.
Estava sonhando com o velho Barbosa, que insistia em dar-lhe explicações sobre sua vida, já que Vieira durante o jantar havia falado muito da vida do velho para seus familiares.
Como não sabia da história completa do amigo, agora desencarnado, e fizera comentários desairosos na opinião do morto, Barbosa veio tomar satisfação.
E Vieira, acordado por amigos espirituais, comenta consigo:
— Será possível que o velho Barbosa morto veio irritado conversar comigo por aquilo que eu disse?
Não é verdade!
Alguma coisa que comi no jantar deve ter provocado este pesadelo...
Conta-se também de famoso orador, notabilizado pelas belas dissertações que fazia em palestras emocionadas, diante de numerosa plateia.
No meio dos espectadores, destacava-se um velho frequentador, sempre atento ao orador e reconhecido pelas mensagens que recebia.
Como todos estamos de passagem nesta escola, retornando depois à vida espiritual, eis que o consagrado orador e o velhinho também retornaram ao mundo maior.
O orador, depois de um período de sofrimento, foi socorrido pelo velhinho, que o escutara com atenção, mas de quem nunca soubera o nome.
Vendo que seu fã de cadeira vinha em seu socorro, envolto em suave claridade, não resistiu ao desejo de perguntar:
— Qual o segredo para irradiar tamanha luz e encontrar-se tão bem?
— Segredo, não sei se existe.
Só sei que eu praticava tudo o que você dizia.

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor da Editora EME.

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty A filosofia do ser e o Espiritismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 31, 2018 10:28 am

por Almir Del Prette

A filosofia do ser se assenta em uma questão básica: quem sou eu?
Em diferentes momentos da história da filosofia, a digressão sobre essa pergunta buscou resposta sobre o fenómeno da existência:
o que é a vida, quem sou eu, por que existo e para onde vou.
Apresentamos, no primeiro item, algumas considerações sobre a filosofia do ser, embasadas em Descartes e Ortega y Gasset; no segundo, discorremos sobre o Criador na perspectiva da filosofia espírita e no terceiro buscamos uma síntese, também embasada na filosofia espírita.

1. A Filosofia do ser
Essa filosofia parte da questão “quem sou eu”, que impõe uma reflexão para além de dados biográficos pontuais.
Essa é a pergunta que os filósofos têm feito a si mesmos, resultando no aparecimento de diferentes vertentes de filosofia, pois exige o pensar e a busca de transcendência da identidade imediata da existência.
A questão impulsionou a filosofia de Descartes (1596-1650):
“Je pense, je suis”.
Para Descartes, a consciência do existir depende do pensar, do reflectir, o que o tornou famoso quando suas palavras foram traduzidas para o latim, resumidas no “Cogito ergo sum”, posteriormente idealizadas na conhecida expressão “penso, logo existo”.
Impossível a consciência do existir sem o pensamento e sem a questão primeira: “quem sou eu”.
A pergunta, iniciada pelo pronome “quem” supõe uma definição para o ser (sou), eu (aquele que pergunta).
A reflexão de Descartes diz respeito, não a um indivíduo, mas a todos os indivíduos que são semelhantes neste atributo.
O humano se reconhece como tal porque desfruta da capacidade de pensar.
Entre vários pensadores que reflectiram sobre essa questão “quem sou eu”, José Ortega y Gasset (1883-1955), filósofo espanhol também desenvolveu uma filosofia do ser.
A frase que o tornou conhecido foi:
“Eu sou eu e minha circunstância”.
Embora muito citada, a frase não se encerra assim.
Há um complemento que deve ser lembrado.
A frase total diz:
“Eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não me salvo a mim”.
Enquanto a filosofia de Descartes priorizava o indivíduo pensante, assim reconhecido porque responde à questão, quem sou eu, Gasset parte da suposição de que o indivíduo não existe no vácuo, ou seja, sua vida é circunstanciada.
O eu e a circunstância estão intrinsecamente relacionados, ainda que se diferenciem.
Mais ainda, essa noção do eu identifica um comprometimento moral.
Se o eu não salva a circunstância, ele não salva a si mesmo.
E o que é a circunstância?
A resposta considera que a vida ocorre no mundo e viver é lidar com o mundo, estar e ser nele, ocupar-se dele sendo, portanto, impossível negá-lo.
Dito de outra maneira, a circunstância é a base e o complemento do ser como pessoa.
A circunstância inclui o eu(indivíduo) e os outros eus (demais indivíduos), que realizam um encontro.
Pensar e ser, existir e estar no mundo...

2. A Filosofia sobre o Criador
Mesmo entre os pré-socráticos, pode-se observar uma vertente filosófica preocupada em dar conta dos problemas do ser, sua origem e seu destino.
Essa perspectiva inclui a ideia de um Criador.
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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Re: ARTIGOS DIVERSOS III

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 31, 2018 10:28 am

Platão (428-347 a.C.), um dos principais discípulos de Sócrates, no mito da caverna expõe sobre o destino da alma humana.
Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1868), educador e pedagogo, discípulo na juventude de Pestalozzi, na maturidade, com vasto currículo e excelentes serviços prestados à educação escolar na França, utilizando o pseudónimo Allan Kardec nas tarefas da codificação do Espiritismo, também se atém a essas questões filosóficas.
Dispondo de dados de observação sobre o ser e seu destino, em uma perspectiva que transcende a existência corpórea imediata, toma a decisão, inspirado pelos Espíritos superiores, de iniciar o livro de exposição da nova filosofia espiritualista com uma questão sobre o Criador.
Kardec entendeu que a nova filosofia deveria discutir a vida em uma perspectiva que transcendesse a existência imediata.
Então, visando alargar a compreensão do homem sobre Deus, excluiu, na primeira pergunta seleccionada para O Livro dos Espíritos, qualquer possibilidade de uma visão antropomórfica, utilizando o pronome que.
A pergunta “Que é Deus” pressupõe que o Criador não é um ente humano ou sobre-humano.
Os Espíritos responsáveis pela revelação espírita não poderiam falar de algo que escapa à compreensão do homem, sem utilizar um termo designativo de um atributo conhecido, ainda que não uniforme na espécie.
Então ofereceram uma resposta sintética, simples e ao mesmo tempo notável.
Tomaram como elemento definidor o termo inteligência.
E complementaram: “suprema”, acrescentando “causa primeira de todas as coisas”.
Conclui-se, o que pode ser confirmado pela observação, que todos os elementos do universo, inclusive a vida, não fizeram a si mesmos.
Tudo teve uma causa primária e, como o universo incomensurável se revela de maneira absolutamente perfeita, sua causa é igualmente perfeita.

3. À guisa de síntese
A criatura possui alguns, mas não todos os atributos do Criador.
Por exemplo, Deus é eterno, ou seja, sempre existiu. Já a criatura teve um começo, porém é imortal.
Deus é perfeito, por isso infalível, seus filhos são falíveis, contudo, podem se aproximar da perfeição.
Jesus, que atingiu alto grau de perfectibilidade nos apresentou Deus como pai e se designou e a nós, por filhos de Deus.
E assim considerando recomendou:
“Sê-de perfeitos como vosso pai o é” (Mt, 5:48).
Na filosofia do ser dos filósofos, como Descartes e Ortega y Gasset, o eu humano é o ser pensante.
Para o filósofo espanhol, o eu está em si e na circunstância.
Acrescentando a filosofia espírita a essas proposições teríamos:
(a) o ser evolui pelo pensar (conhecimento), mas também pelo sentimento (amor);
(b) não se salva por intercessão, mas evolui pelo esforço em muitas existências;
(c) se não “salvar” a sua circunstância, ou seja, comprometer-se com a evolução dos demais, não avança.
Conforme o Espiritismo, ninguém evolui na solidão.
Se um membro do grupo fica à deriva (estaciona), alguém ou alguns o localizam, procurando ajudá-lo a encontrar o caminho do equilíbrio.
A filosofia espírita faz uma síntese da filosofia do Ser e do Criador na perspectiva de um código de ética.
Entre muitos filósofos espíritas que se ocuparam do tema, podemos citar Léon Denis (1846-1924) e, no Brasil, José Herculano Pires (1914-1979).
Ambos destacados seguidores de Allan Kardec com contribuições importantes no avanço da doutrina espírita, especialmente na transformação do homem e do mundo.

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Fraternidade e progresso

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 31, 2018 9:09 pm

por Altamirando Carneiro

O item 13 (Missão do Homem Inteligente na Terra) do capítulo VII (Bem-Aventurados os Pobres de Espírito) de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec (Edições FEESP), apresenta-nos mensagem de Ferdinando - Espírito protector, Bordéus, 1862 - sobre o procedimento daqueles que estão em nosso Planeta, acima das conveniências e das paixões humanas.
Nestas condições, o homem não se orgulha por aquilo que sabe, pois tem consciência de que esse saber tem limites estreitos, mesmo que se trate de alguém considerado um poço de cultura e sabedoria.
Não há, pelas razões expostas na mensagem, nenhuma razão para o envaidecimento.
Conforme os desígnios divinos, nascemos num meio onde temos sempre que desenvolver a nossa inteligência, utilizando-a em benefício do semelhante.
Com a nossa inteligência, podemos desenvolver (e conduzir a Deus) as inteligências retardatárias.
No entanto, muitos sãos os que abusam da inteligência e das outras faculdades, transformando-as em instrumentos de orgulho e de perdição.
Por isso, a moral do homem deixa sempre a desejar.
Diz Ferdinando:
"A inteligência é rica em méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada.
Se todos os homens bem-dotados se servissem dela segundo os desígnios de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil, ao fazerem progredir a humanidade.
Muitos, infelizmente, a transformaram em instrumento de orgulho e de perdição para si mesmos.
O homem abusa de sua inteligência, como de todas as suas faculdades, mas não lhe faltam lições, advertindo-o de que uma poderosa mão pode retirar-lhe o que ela mesma lhe deu".
Compete-nos fazer sempre a nossa parte no caminho do bem, exercendo sempre o sentimento de fraternidade.
A nossa acção, somada à acção de tantos outros que estão imbuídos do mesmo propósito, contribuirá para que o progresso da humanidade se faça, num tempo cada vez mais crescente.
Atentemos para o item 27 (A Nova Geração) do capítulo XVIII (Sinais dos Tempos - A Geração Nova) do livro A Génese, de Allan Kardec (edição LAKE):
"Para que os homens sejam felizes sobre a Terra, é necessário que ela seja povoada apenas por bons Espíritos encarnados e desencarnados, que apenas queiram o bem.
Tendo chegado tal tempo, uma grande emigração se realiza neste momento entre os que a habitam; aqueles que praticam o mal pelo mal, e que o sentimento do bem não atinge, não sendo mais dignos da Terra transformada, dela serão excluídos, porque eles lhe trariam novamente perturbações e confusão, e seriam um obstáculo ao progresso.
Irão expiar seu endurecimento, uns nos mundos inferiores, outros, em raças terrestres atrasadas, que serão equivalentes a mundos inferiores, onde levarão seus conhecimentos adquiridos, e onde irão com a missão de as fazer progredir.
Serão substituídos por Espíritos melhores, que farão reinar entre si a justiça, a paz, a fraternidade".

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Em qual escola?

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 9:52 am

– Orson Peter Carrara

Imagine uma família que se mudou há pouco para uma nova cidade e resolveu visitar as duas únicas escolas existentes no lugar para decidir em qual delas matricularia seu filho.
Na primeira visitada, o director explicou que lá, a criança estuda durante todo o ano e, no final do período, fará um teste de avaliação.
Se for aprovada, irá, no ano seguinte, para uma classe especial, com todos os alunos que se dedicaram, formando uma classe de elite.
Se for reprovada, a escola manterá a criança trancada em uma sala, para sempre, com os demais reprovados.
E nem os pais jamais poderão ver os filhos.
Eles nunca mais terão outra chance.
Na segunda escola visitada, os pais verificam que o sistema é diferente.
Ao final do ano, as crianças aprovadas também irão para uma classe mais avançada, prosseguindo os estudos.
As que forem reprovadas repetirão o ano, tendo que se submeter novamente aos ensinos e aos testes nos quais fracassaram, tantas vezes quantas forem necessárias.
Agora é fácil raciocinar em qual escola os pais matriculariam seu filho.
É de se duvidar que possa existir algum pai ou qualquer pessoa no mundo que optasse pelo ridículo da primeira escola.
Como alguém teria coragem de expor o próprio filho a regime tão cruel?
Ora, se nós, os pais humanos, não aceitaríamos tal método absurdo de avaliação e punição,
será que Deus, que é infinitamente superior a nós, bondoso e justo, omnipotente, inteligência
suprema do Universo e causa de tudo, usaria esse método injusto e cruel?
Isso é inadmissível!
Como podemos comparar Deus às nossas mediocridades e supô-lo cruel e injusto?
Sim, porque uma única chance é inviável e pequena demais, considerando os extremos da vida humana e as oportunidades tão variadas e distantes entre todos.
Objectivo da escola é ensinar e não punir.
O método da segunda escola é, sem dúvida nenhuma, superior.
A primeira escola demonstra um perfil intolerante, vingativo, punitivo; a segunda escola apresenta uma didáctica tolerante, sábia, educadora e, ao mesmo tempo,
infinitamente justa, abrindo e renovando contínuas oportunidades de aprendizado, reparação
e continuidade do progresso.
Pensando nos extremos humanos, nas dificuldades e diferenças tão gritantes, nas oportunidades tão variadas, nas capacidades e deficiências de toda ordem, como pensar num Deus parcial, intolerante e injusto diante de quadros que tanto fazem pensar?
E, considere-se ainda, que nos casos dos aprovados na primeira fase, poderão sofrer reprovação em fase posterior.
E aí como consertamos isso?
Esta pequena reflexão, retirada de livro ainda inédito nos contos do amigo Felinto Elízio, de Maceió-AL, deve ser muito bem analisada.
Nada mais acrescentamos, deixando o leitor reflectir sobre o que foi exposto.
Ninguém é obrigado a aceitar a ideia aqui exposta, mas também ninguém pode desprezar, em sã consciência, a lógica de tais comparações e argumentos.
Basta pensar um pouco…

A escola é a própria vida.
Qual a destinação depois?

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ARTIGOS DIVERSOS III - Página 10 Empty Não te afastes

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 8:01 pm

por Leda Maria Flaborea

No Evangelho de Mateus encontramos a seguinte frase de Jesus: “Mas, livra-nos do mal” ¹.
Quantos já não pronunciaram essas palavras, seja em estado de preocupação verdadeira, seja pedindo ao Pai para nos colocar a salvo de perigos e tentações, na vida diária.
Em dois momentos, mostra-nos o Evangelho, Jesus faz essa solicitação a Deus:
primeiro, na oração que nos ensinou, ao encerrar o Sermão da Montanha, dizendo “não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”; e, depois, no Sermão do Cenáculo ou última ceia como é conhecida essa passagem, quando, despedindo-se dos discípulos, o faz em voz alta, para que ficasse gravada na mente dos amigos queridos a Oração dos Discípulos, na qual diz:
“não peço que os tireis do mundo, mas, sim, que os guardeis do mal”.
Nas duas ocasiões, Jesus roga o amparo e a sustentação a nós e aos discípulos e não o nosso afastamento do mundo. E por que Ele age assim?
Para entender isso é necessário compreender o homem no meio em que ele vive.
O homem é um ser biológico, enquanto matéria; um ser psíquico, enquanto Espírito; e um ser social, enquanto relacionado com outros.
Assim, quanto mais o homem evolui, mais aumenta a interdependência dele com as outras pessoas.
Por isso, o progresso só acontece quando há trabalho em grupo, ajuda mútua.
Sozinhos nos embrutecemos e nos debilitamos, porque somos seres gregários, criados para viver em sociedade, equipados com todos os instrumentos que possibilitam tal convivência.
Dessa forma, vamos ajudando e sendo ajudados, aprendendo e ensinando, amando e sendo amados.
Com isto em mente, é fácil perceber que só seremos úteis vivendo em grupo.
Então, quando Jesus nos ensina, no Pai Nosso, para que Deus nos livre do mal, e pede a Ele que não afaste os seus discípulos do mundo, mas que também os proteja do mal, deixa claro que os homens não precisam isolar-se a pretexto de melhor servirem a Deus.
Se antigamente o isolamento de homens, que até hoje são reverenciados, era para despertar esse mesmo homem para os problemas da alma, hoje esse comportamento “sem finalidade prática, sem proveito para os semelhantes, expressaria egoísmo e acomodação à boa vida.
Significaria fuga ao trabalho”. ²
O mundo é, sem sombra de dúvida, a grande escola dos Espíritos encarnados.
Diante disso, podemos entender que é “impossível o ensinamento, fugindo à lição.
Ninguém sabe, sem aprender”³.
Para tanto, citando judiciosa afirmação de Emmanuel, estimado benfeitor espiritual, é importante observarmos ao nosso redor para reconhecer “onde, como e quando Deus nos chama, em silêncio, para colaborar com ele no desenvolvimento das boas obras, na sustentação da paciência, na intervenção caridosa em assuntos inquietantes para que o mal não interrompa a construção do bem, na palavra iluminativa ou na seara do conhecimento superior, habitualmente ameaçada pelo assalto das trevas”.
Todavia, o que encontramos, ainda, é um grande número de discípulos do Evangelho que, ao entenderem, ainda que de forma incipiente, a luz espiritual, recusam-se a continuar aprendendo, tendo em vista a ideia enganosa de que já sabem o suficiente.
Mas, se não aprenderam, não vivenciaram; e, se não vivenciaram, não podem dar testemunhos da sua evolução.
Não aceitam as tarefas para as quais foram encaminhados e recuam, assim, diante do esforço que os levará à frente.
Declaram-se desejosos da união com o Cristo, mas abandonam os irmãos necessitados de amparo, esquecidos de que o Mestre amado, em momento algum, afastou-se da humanidade terrena.
Estimam a oração que ele ensinou, mas esquecem de que Jesus rogou ao Pai que nos libertasse do mal, e não que nos afastasse da luta.
Lembra-nos Emmanuel de que a sabedoria do Cristianismo não consiste em isolar o aprendiz na santidade artificialista, e, sim, em fazê-lo no campo de luta ativa de transformação do mal em bem, da treva em luz e da dor em bênção.
A fidelidade que muitos dizemos ter ao Cristo não significa adoração eterna em sentido literal; significa, sim, espírito de serviço até o último momento das nossas forças físicas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 01, 2018 8:01 pm

Em relação aos discípulos, no Sermão do Cenáculo, Jesus diz a Deus que Ele não pede que sejam tirados do mundo, mas, sim, que sejam guardados do mal, pois sabia das dificuldades pelas quais passariam, das lutas que enfrentariam, após sua morte, e que poderiam impedir os discípulos de darem continuidade à Sua tarefa.
Tudo isso poderia criar um precedente perigoso para as futuras realizações do Evangelho.
Tanto eles, ontem, quanto nós próprios, hoje, não prescindimos das lutas terrenas, porque elas corrigem, aperfeiçoam e iluminam os Espíritos necessitados, que retornam ao corpo físico para prosseguirem sua jornada iluminativa.
O certo é que “ninguém pode dar testemunho de valor espiritual se não vive provas difíceis, dramas intensos, complicados problemas...
Ninguém pode dar testemunho de resistência moral se não sentiu o impacto de fortes tentações, sobrepondo-se, no entanto, a todas elas, pela inabalável determinação de vencer, pelo desejo de realizar-se”4, ao menos aqueles que ainda estão atrelados à vida material grosseira, como é o caso da humanidade que vive sobre este planeta.
É prova difícil viver no mundo, sabemos; mas não impossível.
Por essa razão o pedido de Jesus, tanto em uma quanto na outra oração, é exortação à vigilância, para que não venhamos a sucumbir ante o mal, nas suas mais diferentes manifestações, pois o mal, em qualquer circunstância, é desarmonia à frente da Lei, e todo desequilíbrio tem como consequência a dificuldade e o sofrimento.
Mas, independentemente de tudo isso, fortalecidos pelas eternas lições do Excelso amigo, nós nos converteremos, como muitos já o fizeram, em exemplos vivos e actuantes de amor e trabalho no bem.
O Apóstolo Paulo de Tarso, na Carta aos Romanos, capítulo 12, versículo 21, pede que não nos deixemos vencer pelo mal, mas que vençamos o mal com o bem, pois, passada a tempestade, tudo se encaminha para o reajustamento e a harmonia.
Sem dúvida, em lugar algum e em tempo algum, nada conseguiremos planear, organizar, conduzir, instituir ou fazer sem Deus; no entanto, em actividade alguma, não nos é lícito esquecer de que Deus, igualmente, espera por nós.

Bibliografia:
1 - MATEUS, 6:13.
2 - PERALVA, Martins. Estudando o Evangelho, 6ª ed., Edições FEB – RIO DE JANEIRO/RJ - 1992 - cap. 5 – “O Cristão e o Mundo”, p. 40.
3 – EMMANUEL (Espírito). Vinha de Luz, [psicografado por] F. C. Xavier, 14ª ed., Edições FEB – RIO DE JANEIRO/RJ - 1996 - lição 57.
4 – PERALVA, Martins. Estudando o Evangelho, 6ª ed., Edições FEB – RIO DE JANEIRO/RJ - 1992 - cap. 5 – “O Cristão e o Mundo”, p. 41.

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