LUZ ESPÍRITA
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 10:12 am








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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:02 pm

— Sim, Mafalda, vim em visita e estou muito feliz pela pequena Margarida!
— Então já sabe dela?
— Sim, já sei, e tenho presenciado que você não gostou que sua filha tivesse o meu nome!
— Deve saber por quê!
Foi ele quem quis colocá-lo, porque era a você que amava!
— Mas ele a escolheu, pense somente nisso!
A Margarida não irá atrapalhar o seu relacionamento com ele, como nunca o fez!
Quis retirar-me daqui, justamente para nunca lhe ocasionar nenhum transtorno, mas tenho um conselho a dar-lhe:
— Quer me dar conselhos?
— Sim, por tudo o que tenho visto e ouvido!
— Há quanto tempo está aqui em casa?
— Desde antes da chegada da notícia da minha partida!
Sofri muito Mafalda, não pelo que pensa, mas porque não encontrei, no convento, o que esperava, e nunca mais quis voltar para que você fosse feliz com o príncipe.
— Mas ele a amava e até quis colocar seu nome na nossa filhinha.
— Procure aceitar com naturalidade!
Esse nome deixou papai e mamãe felizes!
Tente vê-lo também como eles, sem ficar a toda hora acusando ou repreendendo o príncipe por isso.
Faça-o sentir a sua presença, transmita-lhe o seu amor e não o seu ciúme!
Eu nada represento entre vocês.
Aproveite os momentos que tem, sem estragá-los com lembranças minhas, da forma como o faz!
Se a minha pessoa, de algum modo, fizer parte do assunto que conversam e das lembranças que trazem, procure aceitar com compreensão, sem rancor nem ciúmes!
Da forma como a tenho visto proceder, você mesma está contribuindo para que a minha pessoa esteja sempre entre vocês, e sabe que não é isso que desejo, nem o que fará com que ele a ame mais.
Saiba, Mafalda, aproveitar as ocasiões, para fazê-lo amá-la mais, não criando problemas para afastá-lo de você!
— Como pode me dizer tudo isso, Margarida?
— Porque a amo, minha querida irmã, e quero vê-la feliz!
Quero ver a pequena Margarida num ambiente de amor, paz e entendimento, como nós próprias tivemos.
Espelhe-se em papai e mamãe, no quanto são felizes, no quanto nos fizeram felizes, e procure viver o amor e a tranquilidade, para transmitir esses mesmos sentimentos à pequena Margarida!
Se não gosta do nome que ela traz, esqueça-se de que também me pertenceu, ou então, comece por chamá-la por algum cognome que lhe agrade e que passe a pertencer somente a ela, sem que se lembre de mim!
— Como pode, Margarida, querer me ajudar a ser feliz?
— Eu sempre quis ajudá-la!
Agora não é o momento, mas lembra-se de um pacto que fizemos?
Eu o mantive quando desejei sair daqui, e quero ajudá-la agora, para que seja feliz completamente, sem que nenhuma lembrança minha interfira na sua felicidade.
— Compreendo, pelas suas palavras, que também o amou!
— Isto não vem ao caso!
Não falamos dos meus sentimentos que hoje já se modificaram.
Quero vê-los, ambos felizes, com a pequena!
Prometa-me, Mafalda, que se esforçará para ser feliz e também fazê-lo feliz!
Imponha a ele, com serenidade, ternura e astúcia, a sua presença!
Seja terna e compreensiva, que nenhuma dúvida mais terá do seu amor!
Tente e verá o resultado!
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:03 pm

Capítulo 32 - EM CONTACTO COM A NATUREZA
O diálogo entre Margarida e a irmã prolongou-se ainda por alguns instantes, e quando Mafalda retomou ao corpo, levou aconselhamentos, orientações, que, se seu Espírito tivesse conseguido reter, ser-lhe-iam muito úteis.
Aquilino ficou satisfeito pelo trabalho de Margarida, estimulando-a:
— E assim mesmo que deve fazer!
Terá de trabalhar intensamente o Espírito de sua irmã e não ficará apenas no que fez hoje.
Por todos estes dias que aqui permanecermos, fará esse trabalho, que será muito mais eficiente do que se ela recebesse conselhos de um encarnado.
— Já aprendi bastante, Aquilino, e sei que algum proveito terá, mas não sei exactamente como influenciará o seu Espírito, nem por que lhe será mais eficiente que o aconselhamento de um encarnado!
— Nesse caso, em especial, há o efeito natural que sabemos, ocorre, porque tudo o que ela ouviu, ficou impregnado no seu Espírito.
Ao retomar ao corpo, ela terá as lembranças, sem ter noção do que se passou.
Não saberá que foi você que a aconselhou, mas terá a sensação de que algo está mudando no seu coração e aceitará melhor.
Pensará que é o resultado de suas próprias convicções, da transformação de seus próprios sentimentos, que partiu somente de si mesma, muito diferente de um aconselhamento nas bases que lhe falei, que sempre lhe pareceria imposto por outrem.
— Esse é o efeito natural, mas entendi que ainda há outro!
— Sim, pelo fato de ter sido feito por você!
Quando ela acordar, não saberá, não se lembrará, mas o seu Espírito registrou com muito mais intensidade, justamente por ter partido de você, a quem ela julga, está interferindo em sua felicidade, estando ausente.
— Compreendo, irmão, e vejo que, sem o corpo, temos muito mais possibilidades de ajudar.
— Isto é fora de dúvidas!
Penetramos ambientes, penetramos o imo do ser de cada um e sabemos exactamente os pontos que precisam ser fortalecidos e os pontos vulneráveis para serem trabalhados.
É muito louvável a sua presença entre os seus com as intenções que a envolvem!
— Deve ser por isso que me foi permitido, e ainda tenho você para me auxiliar e orientar!
— Bem, o dia já está surgindo, o nosso trabalho, por ora, pode ser suspenso!
Suponho que mais tarde, hoje mesmo, já poderemos sentir se deu algum fruto.
— Aguardarei ansiosamente!
— Margarida, como agora nada faremos, convido-a para um passeio nos arredores do palácio, onde a Natureza é muito bela! Far-nos-á bem!
— Eu aceito, mas primeiro quero mostrar-lhe um recanto muito aprazível que temos em nosso jardim! Era onde eu descansava dos passeios que fazia cintes de ir-me daqui!
— Disponho-me a visitar esse recanto, mas depois.
Agora vamos fora dos domínios do palácio, na Natureza aberta e agreste ainda, e na volta pararemos no seu jardim, no seu recanto!
Vamos aonde as mãos do homem ainda não chegaram, e lá estaremos em contacto mais directo com Deus, apreciando a beleza da Sua criação.
— Acompanho-o, pois você é mais sensato que eu!
Deixar-me-ei levar e, talvez, em sua companhia, descubra recantos que, mesmo vivendo aqui, nunca conheci.
Auxiliando Margarida que ainda não tinha condições de fazê-lo por si só, num instante eles se viram num local muito aprazível, onde o verde de muitas tonalidades, misturando-se às flores delicadas, oferecia ao observador, sempre um espectáculo novo.
O céu, pela Natureza da vegetação, mostrava-se apenas nos espaços que os galhos das árvores deixavam entrever.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:03 pm

— Fiquemos um pouco aqui, Margarida!
Olhe aquele riacho de águas tão cristalinas! Não conhece ainda a mão do homem, que o aguarda apenas mais perto da cidade, para dele utilizar-se em suas necessidades.
Lá ele é diferente!
Senhoras servem-se de suas águas para a lavagem de roupas, mas aqui ele é puro.
Veja nele a criação de Deus, que tudo provê para que Seus filhos tenham, na Natureza maravilhosa, a suavidade de sua beleza e um meio de favorecer-lhes a vida.
— Estou encantada!
Às vezes saíamos a passeio, mas papai, cioso, enviava muitos guardas para nos acompanharem, e nunca chegamos a este local!
Aqui a Natureza é linda, e muito mais que a sua beleza, é a liberdade que sentimos para apreciá-la!
— Lembre-se de Deus, nesses momentos, e eleve seu pensamento a Ele, agradecendo tudo o que tem nos proporcionado em alegria, em beleza e em oportunidade de auxílio!
— Houve um momento em minha vida, Aquilino, que o meu sofrimento era tão grande, que eu supunha que Deus havia me esquecido.
— Deus nunca esquece os Seus filhos, mas, às vezes, o sofrimento é necessário.
Um dia compreenderá bem isso!
É pelo sofrimento que passou, que lhe adveio a capacidade de ajudar, e essa liberdade que proclama.
Ambos desfrutaram daqueles momentos tão agradáveis de beleza e paz, acrescidos em seu valor pelos conhecimentos que Aquilino transmitia a Margarida.
Depois de algum tempo, ele lhe falou:
— Este local estará à nossa disposição quando desejarmos!
A sua paz e a sua beleza serão todas nossas, quando aqui pudermos vir.
Por isso, penso que, por agora, já nos refizemos, o nosso Espírito se agradou deste contacto tão salutar com a criação mais pura de Deus, ainda intocada pelo homem, e devemos nos retirar!
— i uma pena, Aquilino, mas já tivemos bastante!
— Agradeçamos a Deus esta oportunidade e partamos!
Quando nos for permitido, aqui estaremos outra vez!
— Estou a seu dispor para acompanhá-lo, mas já sabe que, ao retomar, vamos à pérgula de que lhe falei!
Aquilino pronunciou algumas palavras de agradecimento ao Pai, por aqueles momentos, e partiram.
Rapidamente chegaram ao jardim do palácio, num ponto próximo ao recanto que Margarida queria lhe mostrar.
— Veja como é belo o nosso jardim!
Aquela é a pérgula a que me referi.
Vamos até lá e continuaremos a nossa conversa por mais um pouco.
— Sei por que quer ir lá!
— Diga-me, então, por quê?
— Já o sabe e não é preciso que lhe diga!
— Foi naquele local que tomei a decisão de afastar-me do palácio, porque vi o perigo para a felicidade de Mafalda!
Aqui o príncipe me assediou de forma mais intensa, e tive que sair correndo para fugir da sua presença.
— Tudo o que fez, Margarida, foi muito nobre.
Por essa atitude de renúncia, muito você angariou aos olhos do Pai!
— Fiz com a melhor das intenções!
Mas a minha ida ao encontro do repouso de Espírito e da paz, levou-me à infelicidade.
— Hoje estávamos alegres, você estava feliz pela liberdade de que goza.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:03 pm

E só nisso que deve pensar!
Esqueça os sofrimentos como dores, mas lembre-se deles apenas no que lhe serviram de libertação.
No interior da pérgula, sentaram-se e permaneceram em conversas instrutivas, até que ele achou que deveriam voltar.
— Todos já estão despertos e em pé!
Aproximemo-nos, que das converseis e de seus pensamentos, extrairemos muito para trabalharmos depois.
— Sempre estou às ordens de suas orientações, mas quero fazer-lhe um pedido, se puder atender-me!
— Estou aqui para auxiliá-la!
— Não é auxílio que desejo pedir!
— Pois então faça-o!
— Hoje, durante todo o nosso passeio, falei muito de mim, trouxe muitas recordações e você ensinou-me bastante.
Prometa-me que, no próximo passeio, me falará de você, de quem nada sei!
Quero conhecê-lo também, como me conhece, porque já o considero um amigo.
— Nada do que eu tenha vivido, minha querida Margarida, pode lhe interessar, porque, de sofrimentos, bastam os seus!
Apenas lhe digo que, graças a eles, graças à forma como me foi dado suportá-los, pude granjear para o meu Espírito um pouco de luz, mas, falta-me muito ainda!
Terei que retomar à Terra, como encarnado, ainda algumas vezes, para ressarcir passado longínquo, nem sempre digno diante de Deus.
— Vejo que, além da nossa tarefa, tenho muito a aprender com você, e quero aproveitar todas as oportunidades para isso.
Eu ainda não sei o que já fiz nesta minha caminhada de Espírito imortal, mas muito mal devo ter feito, pelo que sofri, há não tanto tempo assim!
— Todos nós temos passado infeliz, mas, graças ao modo como aceitamos o sofrimento que nos é imposto, pelas nossas próprias imperfeições, vamos progredindo e nos purificando a cada oportunidade que o Pai nos oferece.
Entremos, Margarida, que hoje temos muito a fazer!
— Deixemos, então, os nossos momentos para os passeios e vamos em busca do trabalho!
Agradeço-lhe pela companhia que me faz, pela ajuda que me presta e pelos ensinamentos que me transmite!
— Agradeça a Deus o ter permitido que eu aqui estivesse, porque eu já Lhe agradeci por tê-la encontrado nesta tarefa de auxílio!
Terminando esse diálogo, retomaram ao palácio e surpreenderam Mafalda conversando com a mãe.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:03 pm

Capítulo 33 - PERIGO
— Não sei o que houve, mamãe, mas trago em mim, hoje, a presença muito intensa de Margarida.
Tenho a impressão de que sonhei com ela, porém não me lembro, nem de sua presença nem do que me disse, mas acordei mais fortificada e sinto mais alegria e esperança no meu coração.
— Deve ter sido algum sonho, filha!
Margarida lhe queria muito, por isso ficou em você essa sensação de alegria.
— Talvez tenha sido isso!
Enquanto conversavam, chegou o príncipe dizendo à esposa que precisava sair numa empreitada pedida pelo rei, e que se ausentaria do palácio por algumas horas.
— Quando retomar, Fernando, gostaria também de fazer um passeio, se você me aceitar em sua companhia!
— Conversaremos na minha volta!
Se houver tempo, sairemos como deseja, e poderemos levar a nossa pequena Margarida!
Far-lhe-á bem!
— Eu o espero!
O príncipe saiu, e a rainha ficou surpresa pela conversa que mantiveram, sem que nenhuma palavra tivesse sido pronunciada de forma mais agressiva, como era hábito entre ambos, ultimamente, sobretudo quando ele falava da "nossa pequena Margarida"!
Aquilino e Margarida, presentes a esta cena, ficaram felizes por perceber que o trabalho começava a surtir algum resultado.
Os conselhos da irmã deixaram em Mafalda a sensação de alegria, a disposição de ficar bem com o príncipe, desfrutar de sua companhia em paz e até ansiar por ela.
Entretanto, enquanto observavam, alegres, Aquilino chamou a atenção de Margarida para a saída do príncipe:
— Não podemos perder esta oportunidade de acompanhá-lo.
Vamos, e, quem sabe, alguma coisa que nos interesse nos seja dado observar.
Não foi difícil alcançá-lo.
Impulsionados pela força do pensamento, chegaram à carruagem em que ele se encontrava, mesmo antes de ela deixar os portões do palácio.
Um guarda a cavalo o acompanhava para dar- lhe protecção, e o cocheiro, as únicas pessoas que estavam do lado de fora.
Dentro, comodamente sentados, iam o príncipe e aquele seu criado de confiança, trazido dos domínios de seu pai.
— Fiquemos atentos! — recomendou Aquilino à Margarida.
Até uma simples conversa entre ambos, pode nos ser útil, pelo que vimos esta noite.
Nada demorou e o príncipe, em voz baixa, para que nenhuma de suas palavras pudessem ser ouvidas do lado de fora, disse ao criado:
— Está chegando a hora de realizarmos o nosso trabalho!
— Sim, Alteza, quando o desejar, que vim para isso!
Sua Majestade, o rei, seu pai, quando eu o acompanhei em sua visita, há poucos dias, falou-me a esse respeito.
Pediu-me que estivesse atento e soubesse trabalhar bem, que a hora já se fazia demorada e ele não desejava esperar mais.
— Eu compreendo a pressa de papai, mas tenho os meus receios!
— Nada receie do meu trabalho, Alteza!
Confie em mim!
E só ordenar e me dizer como deseja que eu o faça.
Margarida estava surpresa.
Preparavam algo terrível para seu pai, que poderia até ser a sua morte.
Aquilino também estava atento e, diante do silêncio que se fez entre ambos, começou, logo a seguir, a trabalhar a mente do príncipe para que ele continuasse, passando-lhe uma força que o impelia a falar:
— Convidei-o para acompanhar-me nesta empreitada, a fim de que pudéssemos conversar sem que ninguém nos ouvisse.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:04 pm

— Fale, Alteza, que eu obedecerei!
— Deverá ser bem feito, do contrário a guarda do palácio o pegará, e eu também serei implicado!
— Nós o faremos suavemente, se me permite sugerir!
Faremos de tal forma que a todos parecerá muito natural!...
— Fale o que pretende!
O que tem em mente?
— Já que esperamos tanto, não haverá prejuízo se esperarmos mais um pouco, e realizarmos o trabalho em pequenas porções, até que o rei caia doente e não se levante mais...
— Em que pensa?
— Deixe comigo!
Lembre-se de que sempre lhe sirvo um licor, Alteza, quando estão reunidos, e sirvo também ao rei, sabe disso!
— E daí?...
— Daí que colocarei na taça que lhe pertence, uma dose pequena, mas de muita eficácia, de um pó que o levará ao leito, de onde nunca mais sairá, sem que nenhuma suspeita se levante, porque parecerá muito natural que o rei tenha adquirido uma enfermidade.
— É muito inteligente e vou aceitar esse oferecimento!
Mas que pó é esse?
— Precisamos comprar e poderemos aproveitar esta saída de agora!
Se me permitir, quando estivermos na cidade, eu descerei num estabelecimento comercial e pedirei o que desejo, dando uma desculpa qualquer, se me perguntarem...
— Gerará suspeitas!
— De forma alguma!
Ninguém me conhece, e, enquanto Vossa Alteza realiza o seu trabalho, eu me ausentarei e farei a compra.
Ninguém saberá, nunca!
— Pois que o faça, e depois resolveremos a outra parte com mais detalhes!
— Deixe comigo, Alteza!
Sua Majestade, o rei, seu pai, ficará feliz!
Margarida e Aquilino não trocaram mais nenhuma palavra, tanta atenção prestavam ao que se conversava.
Quando a carruagem chegou ao seu destino, o príncipe desceu e foi tratar da incumbência que o rei lhe outorgara.
Deveria demorar, para dar tempo ao criado de fazer o que desejava.
Enquanto o guarda que o acompanhara, entrou com o príncipe para protegê-lo de possíveis ataques, o criado, tomando um rumo contrário ao da frente da carruagem, para que o cocheiro de nada suspeitasse, deu a volta por outra rua e retomou minutos mais tarde com o que desejava.
Comprara dois tipos de pós que, juntos, fariam o que era preciso.
Chegando à carruagem, o príncipe ainda não havia retomado e o cocheiro cochilava no seu posto.
Ele, para não gerar nenhuma suspeita, bateu a porta como se a tivesse deixando naquele instante, e tocou no cocheiro, querendo começar uma conversa:
— Estão demorando muito!
Quase dormi no interior da carruagem e não sei quanto tempo já passou!
— Logo estarão de volta!
Logo mais o príncipe surgiu, acompanhado do guarda que o seguia.
O criado, solícito, abriu a porta, o príncipe entrou, e ele entrou após.
Não trocaram nenhuma palavra, porém, quando afastados da cidade, o criado disse-lhe:
— Já está comigo!
Nem o cocheiro me viu deixar a carruagem! Tudo está a nosso favor, e agora é só começar quando desejar...
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:04 pm

A carruagem continuava afastando-se da cidade e mais se aproximava do palácio, onde situação terrível se formaria.
Margarida e Aquilino não precisavam ouvir mais nada.
Como tinham já todo o panorama do que se desenrolaria contra a integridade física de sua Majestade, o rei,
deveriam voltar para esperar a chegada do príncipe e do criado, depois planejar e agir.
Nenhuma palavra, nenhum pensamento lhes passaria despercebido, para, no momento da execução do plano, estarem atentos, se não conseguissem demovê-los antes.
O problema era bastante delicado, e todas as diligências teriam, a partir daquele momento, um direccionamento.
— Estou muito assustada, Aquilino! — manifestou- se Margarida.
A vida de papai está em perigo, como também o seu reino!
— Nós estamos aqui, e temos a possibilidade de ajudar.
Estaremos presentes em todos os instantes, junto do príncipe e do criado, e saberemos exactamente para quando planejarão.
— Não podemos ir tomando alguma providência em favor de papai?
— Tudo terá o seu tempo certo e estamos atentos.
Não se preocupe demais, para não perder a ocasião de ajudar!
— Estou preocupada, papai não merece! O que ele pretende com isso?
— Certamente a união efectiva deste reino com o do seu pai, aumentando, assim, em muito, os seus domínios!
— Foi para isso que veio e escolheu Mafalda!
Já a tinha escolhido, mesmo antes de nos conhecer!...
— Esqueça, agora, o que passou e cuidemos apenas de salvar o reinado de seu pai, salvando-lhe a vida!
— Não sei como o faremos!
Já pensou em como agir?
— Precisamos arquitectar planos, mas devemos esperar para agir em conformidade com o que estabelecerem.
— E se começarem hoje mesmo?
— Não se esqueça de que, da forma como pretendem, precisarão de muitos dias, e nós estamos aqui!
Enquanto conversavam, um barulho de carruagem fez- se ouvir, parando defronte do palácio.
O príncipe, feliz da empreitada bem realizada em favor do rei, conquistando- lhe assim cada vez mais a sua confiança, deixou a carruagem e entrou.
O criado entrou atrás e, gentilmente perguntando se o príncipe ainda precisava dele, pediu licença e retirou-se, após ter sido dispensado.
Mafalda foi ao encontro do marido, perguntando pelo passeio prometido, mas ele, esquecido já, e alegando cansaço, furtou-se de ir.
Ela aborreceu-se, mas procurou compreender, conseguindo-lhe a promessa de saírem na manhã seguinte.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:04 pm

Capítulo 34 - EM ACÇÃO
Aquele resto de dia foi tranquilo.
O príncipe não se avistou mais com o criado, e nada pôde ser planeado.
Entretanto, como tudo estava sereno, Aquilino resolveu visitar o criado, e perscrutar-lhe as mais íntimas intenções em relação aos pós que havia adquirido.
Mas nada apurou, apenas observou, em seu aposento, os pequenos pacotinhos displicentemente deixados sobre um móvel.
Era uma hora favorável para fazê-los sumir, retirando-os de lá, protelando por mais um pouco a sua tarefa.
Mas como? Não possuía mais o corpo para o contacto com substâncias materiais, fazendo-as deslocarem-se de lugar e até sumirem...
Poderia, contudo, providenciar recursos que lhe possibilitassem o seu desaparecimento dos olhos do criado, sem que nem mesmo fossem retiradas do lugar, mas pensando melhor, receou precipitar outras providências mais drásticas e definitivas, e achou melhor deixar como estava.
Ficaria atento e impediria o que quer que fosse arquitectado contra o rei.
Moveria recursos, mas não permitiria que crime tão hediondo fosse praticado, apenas em nome do orgulho e da cobiça.
O rei possuía méritos próprios para receber a ajuda necessária e, conforme bem sabia, a missão do monarca, em seu reino, ainda não podia ser encerrada.
Deixando o quarto onde o criado repousava, foi ao encontro de Margarida contar-lhe o que vira.
Ela não o acompanhara, preferira ficar com os pais que se distraíam com a pequena Margarida enquanto Mafalda estava em companhia do príncipe.
A noite chegou trazendo as melhores oportunidades de ajuda, e quando os Espíritos dos seus queridos se desprenderam do corpo, pelo sono, Margarida mostrou-se a todos, conversando com cada um, transmitindo-lhes palavras de encorajamento e de afecto, sobretudo aos pais saudosos.
Com Mafalda, continuou seu trabalho em relação ao príncipe, mas não quis mostrar-se a ele.
Seria pior, e talvez o que já havia iniciado, caísse por terra.
Nada impedia que, enquanto Margarida estivesse na sua tarefa, Aquilino seguisse o príncipe, após o seu desprendimento, e mesmo se achegasse a ele com a intenção de demovê-lo de seus propósitos.
Não só o trabalho a distância, de mente a mente, mas até dirigir-lhe-ia a palavra, iniciando um diálogo que poderia ser profícuo.
Assim que o viu tomar a direcção dos aposentos do criado, chegou mais rapidamente à porta e interpelou-o amigavelmente, antes que entrasse:
— Aonde vai, irmão?
O que deseja com seu criado?
Ele também está repousando!
— Quem é você que assim se dirige a mim?
— Um amigo que quer ajudá-lo!
— E em que eu estou precisando de ajuda?
— Talvez nem mesmo saiba, mas está à beira de se atirar num abismo!
— Não sabe o que diz!
Por que me atiraria num abismo?
— Não me entendeu!
Não falo de abismos materiais dos quais até poderia sair ileso, mas falo do abismo que está procurando para o seu Espírito!
— Não estou entendendo!
— Veja! Por que veio procurar seu criado neste instante? De que precisa?
Como o príncipe nada respondesse, Aquilino continuou:
— Cala-se, mas eu sei o que trama!
O abismo a que me refiro é este que planeja contra o rei, seu sogro.
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:04 pm

Que lhe fez ele para que arquitecte a sua morte?
Apenas porque tem um reino que agrada a seu pai?
Nada justifica o que pretende!
Sei de tudo e trabalharei intensamente para demovê-lo de tal empreitada!
— Quem é você?
Por que me fala assim?
— Já lhe disse, um amigo que quer ajudá-lo!
Desejo impedir que pratique ato tão desumano, apenas para satisfazer o orgulho de seu pai e a sua ambição!
Já não basta o ter feito Margarida e a si mesmo tão infelizes, quando a amava?
Por que continua?
Quer trazer mais desgraça à sua vida?
Imagina que ninguém saberá, e que ficará impune, mas, e diante do Pai Etemo, que cria todos os Seus filhos para tê-los felizes, procurando o progresso para seus próprios Espíritos, como ficará?
Só Ele tem o direito de decidir sobre as vidas humanas!
Pense bem, príncipe! Eu estou observando e impedirei o que deseja, o mais que puder!
No entanto, se mesmo assim o fizer, as suas responsabilidades serão imensas e chorará muito pelo sofrimento que granjeará para seu Espírito!
O príncipe Espírito não tinha lembranças de algum dia ter se deparado com situação semelhante.
Quem era aquele ser tão bem informado dos seus planos?
Qual o seu interesse em impedir-lhe as atitudes, dizendo-se um amigo, chamando-o de irmão, se nem o conhecia?
Quem era ele que dizia querer ajudá-lo a não cair em precipícios tão profundos, sem volta, onde as lágrimas e o sofrimento seriam seus companheiros?
Reflexões muito rápidas enquanto ouvia as palavras de Aquilino, que prosseguia:
— Já lhe disse, estarei atento!
Não me verá quando retomar ao corpo, não se recordará de todas as minhas palavras nem que me encontrou, mas ficará em seu Espírito uma sensação muito forte de que está sendo observado.
Não saberá como, mas tenha a certeza de que estará.
Cuidado, pois, com suas atitudes e seus passos, que serão todos muito bem seguidos!
Impedi-lo-ei, por ele que não merece, e por você mesmo para que não se perca.
Fernando nada mais disse, apenas ouvia e o observava.
Começava a sentir um certo desconforto diante daquela presença que julgou acusadora e quis afastar-se, mas, sem saber como, não o conseguiu, e Aquilino continuou:
— Valorize o que já conquistou, que é o bastante!
Arquitectando planos, você realizou a sua união com Mafalda, mesmo amando Margarida.
Valorize pois, a sua escolha, e dê à sua esposa um pouco do amor que ela sempre lhe dedicou!
Considere-a, que ela é a mãe de sua pequena Margarida, como chama sua filha, e lembre-se da alegria que o avô sente à sua simples presença.
Pense no amor que ele lhe dedica, no respeito e confiança que tem pela sua pessoa e, por consideração à sua esposa, filha dele, poupe-lhe a vida!
Seu pai compreenderá!
Pense, príncipe, como agiria, se situação semelhante fosse levada à sua casa de nascimento, e cilada tão terrível se preparasse contra seu pai?
Os seus o amam, e o rei, aqui, também é amado e nada fez para você tramar de forma tão traiçoeira a sua morte, ele que o recebeu como a um verdadeiro filho e espera muito de você.
Não tenha pressa! Sabe que, mais dia, menos dia, este trono será seu, mas não precipite nada, para não se arrepender depois.
Agora pode ir!
Volte ao corpo e pense muito!
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Abr 12, 2018 8:04 pm

Terá em seu Espírito apenas sensações que o protegerão, se realmente é uma pessoa de bem!
Do contrário, continuará tentando, mas saiba que o observo e o impedirei no que me for possível!
Sem nada responder, Fernando retomou rapidamente ao corpo, como que procurando um refúgio.
Não compreendia nada do que houve, mas teria, armazenadas no Espírito, não as palavras, mas o significado mais profundo que elas poderiam ter, como um alerta, um censor a lhe impedir as acções.
Aquilino não contava com tal oportunidade e ficou satisfeito.
Deus o inspirara a dizer palavras tão adequadas para um momento de tanto perigo.
Confiava que havia feito o possível e, na manhã seguinte, estaria atento nas atitudes e até nos pensamentos do príncipe, para verificar o que restara em seu Espírito de encontro tão providencial.
Margarida também, tendo trabalhado com Mafalda, tinha já concluído a tarefa da noite, quando Aquilino foi ter com ela e contar o ocorrido:
— Estou satisfeito do que pudemos realizar!
Preciso contar-lhe o que fiz, como desejo saber o que fez.
Para isso, porém, nada melhor que um passeio naquele recanto tão aprazível, lembra-se?
— Como esquecê-lo, se anseio por retomar!
— Pois então vamos, que merecemos, por todo o trabalho realizado!
— Não será perigoso nos afastarmos, deixando-os aqui, livres da nossa presença?
• — Agora nada farão!
O príncipe está em seu corpo, desperto, mas traz muito em que pensar e não precisamos ter cuidados.
Vamos, querida Margarida, armazenar mais energias emanadas de Deus e colocadas na perfeição desta Natureza, a fim de nos prepararmos para o que ainda poderá vir!
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:50 pm

CAPITULO 35 - PRIMEIROS RESULTADOS
Aquilino e Margarida retiraram-se, e logo estavam naquele local onde já haviam estado
e desfrutado das delícias que a Natureza pura lhes oferecia, tanto pela sua beleza quanto pelas energias que lhes proporcionava.
— Veja, Margarida, o dia já começa a despontar, as claridades estão retomando!
Ouça a alegria dos pássaros, expressa pelo seu canto, porque agora poderão voar felizes à procura do alimento!
— Como a Natureza é sábia, Aquilino, provê todas as suas espécies!
— São as mãos de Deus, não se esqueça!
Enquanto o homem não chega para destruí-la, os seus habitantes têm tudo o de que necessitam — o abrigo, a água, o alimento...
— Bem, amigo, você disse que queria contar-me o que fez e eu estou ansiosa.
— Nesta noite, penso que dei um passo muito importante em auxílio ao príncipe e a seu pai!
— O que fez?
— Assim que percebi que ele se desprendia do corpo, eu o segui, e...
Detalhadamente, transmitiu-lhe tudo o que havia falado, e também a sua impressão de que o príncipe se sentira meio temeroso.
Reconhecia ter sido um encontro importante, mas tinha que observá-lo atentamente durante o dia, para sentir o que havia restado em seu Espírito, de conversa tão salutar.
— Agradeço-lhe a ajuda que me tem dado!
Eu, por mim, embora deseje muito, nunca teria capacidade para realizar tal trabalho sozinha.
— Foi para isso que vim!
Um dia também você o fará.
Continue ajudando como tem feito com sua irmã, que já é bastante!
— Com ela, penso que somente eu conseguirei!
Tenho reforçado sempre as minhas palavras, a fim de que Mafalda veja no príncipe alguém que a ama, estimulando nela a compreensão e a paciência, e até que lhe demonstre, sem perder nenhuma oportunidade, o seu amor.
— O nosso trabalho será frutífero!
— Quando sentirmos que tudo está bem, sem que nenhum perigo mais haja, deveremos partir?
— Não é para permanecermos sempre no mesmo lugar, que somos Espíritos livres!
Precisamos partir em busca do nosso progresso, auxiliando a muitos e aprendendo também, cada vez mais, a trazer em nós todas as virtudes ensinadas por Jesus.
— Tenho uma preocupação, Aquilino!
— Deve tê-las, agora, somente quanto ao nosso trabalho e nada mais!
— Mas preocupo-me!
Acostumei-me à sua companhia, ao seu auxílio e aos seus ensinamentos, e não gostaria de afastar-me de você.
O meu receio é esse — que, ao partirmos, tenhamos de nos separar.
— Entreguemos nas mãos de Deus que sabe o que nos convém, e não nos preocupemos com isso agora!
Apliquemo-nos à nossa tarefa, depois pedir-Lhe-emos que nos deixe juntos,
para melhor trabalharmos em Seu nome, em auxílio aos outros e a nós próprios!
Se lhe contenta, também lhe direi — não gostaria de afastar-me de você, com quem tenho estado muito feliz por tudo de bom que vejo em seu Espírito, e pelo muito que terá a transmitir aos outros.
Por mais alguns instantes eles ainda permaneceram naquele local, haurindo de Deus as energias salutares a seus Espíritos, completadas com a companhia tão feliz que um fazia ao outro.
— Devemos retomar! — manifestou-se Aquilino.
Este lugar tão aprazível estará à nossa disposição todas as vezes que o desejarmos e pudermos.
O sol já está brilhante e precisamos continuar o nosso trabalho.
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:50 pm

— É uma pena que precisemos nos retirar, mas compreendo que não estamos para passear.
A missão que nos foi permitido realizar é muito mais importante.
— Tem razão, mas a bondade de Deus permite que, mesmo em trabalho, possamos ter esses momentos tão benéficos!
Em pouco tempo, adentravam no palácio.
Todos à mesa, tomavam a primeira refeição, e a harmonia parecia reinar entre eles.
A pequena Margarida estava em seu quarto, aos cuidados de uma criada que velava por seu sono.
Os dois aproximaram-se para ouvir o que conversavam, pois, é no momento da reunião para a primeira refeição matinal, que os comentários quanto aos acontecimentos nocturnos, são feitos.
— Se dormiram bem ou não, se sonharam, com quem sonharam...
Mafalda falava, naquele momento, e puderam ouvi-la perguntar ao marido:
— Lembra-se, Fernando, de que temos um passeio para esta manhã?
— Sim, lembro-me, e o realizaremos, se Sua Majestade, seu pai, não tiver nenhuma incumbência a me delegar.
O rei, ouvindo a sua resposta à filha, completou:
— Mesmo que tivesse, querido filho!
Para deixar Mafalda feliz, eu retiraria qualquer encargo que pudesse ter lhe dado.
Vá, leve-a passear, que lhes fará bem!
— Obrigada, papai!
Hoje, Fernando é todo meu!
Lembra-se quando lhe pedia para realizar meus passeios em liberdade, sem que nenhuma guarda me acompanhasse?
— É verdade, mas nunca permiti pelo perigo que oferecia!
Agora, quem decide é seu marido, e fará o passeio como ele desejar.
— Que tal, Fernando, sairmos a cavalo, só nos dois, sem guardas, sem pompas, como duas pessoas comuns do povo?
— Seu pai tem razão, nunca se sabe o que nos preparam e devemos ter cuidado!
— Iremos de tal forma que não nos reconhecerão!
Ficaremos à vontade, só nos dois, sem ninguém nos observando.
Usaremos roupas bem simples, como qualquer morador do reino, e não haverá perigo!
— Se lhe agrada assim, eu concordo!
Mafalda, demonstrando toda a sua alegria, virou-se e beijou o príncipe sentado a seu lado.
— Estou precisando mesmo sair um pouco, com mais liberdade!
Não sei o que houve esta noite, mas trago uma sensação desagradável em mim! — expressou-se ele.
— Talvez tenha sido algum sonho! Eu também... — Mafalda começou a dizer, mas conteve-se a tempo.
Lembrava-se de ter sonhado com Margarida, sem se recordar do sonho, mas achou conveniente não citar seu nome naquela hora.
— O que ia dizendo? — perguntou-lhe a mãe.
— Nada de importante!
Estava me lembrando de um sonho, e, de repente, fugiu da minha memória!
Bem, podemos nos arrumar, Fernando?
— Mandarei preparar os animais, mas, sem a carruagem, não poderemos levar a nossa pequena Margarida!
— Não é conveniente ainda que ela saia a passeios mais demorados, mesmo na carruagem!
Podem ir tranquilos que eu estou aqui e cuidarei dela! — disse a rainha.
— Vamos, então!
Aquilino e Margarida, que a tudo presenciaram, estavam felizes dos resultados.
— Deveremos acompanhá-los? — perguntou Margarida.
— Poderíamos deixá-los tranquilos e sós, mas precisamos ouvir o que conversarão, pelo menos por um pouco!
Enquanto eles se preparam, quero ir ao encontro do criado.
Ele estava fora do palácio, recebendo as ordens do príncipe quanto aos animais, mas pôde ouvir quando lhe perguntou:
— Então, senhor, quando começaremos o nosso trabalho?
— Nada faça ainda!
Precisamos combinar melhor!
Aguarde as minhas ordens e nada execute por si próprio, sem minha autorização, se não quiser se arrepender depois!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:50 pm

Capítulo 36 - ENTENDIMENTO
Aquilino sentiu que aquela resposta e até advertência do príncipe ao criado, já eram os primeiros resultados da sua conversa durante a noite.
Estava feliz e confiante.
Não sabia ainda como, mas conseguiria demovê-lo completamente daquela empreitada, enviando até o criado de volta ao seu reino de origem.
Retirando-se para preparar os animais que lhe foram recomendados, o criado ia aborrecido com o príncipe.
Esforçara-se para arquitectar planos, para conseguir o pó, e agora o príncipe parecia fraquejar.
Em que mais quereria pensar?
Já não haviam combinado, faltando apenas estabelecer o momento em que começariam?
Cumprindo as ordens recebidas, e seguido por um empregado da cavalariça, ele levou os animais à saída do palácio, pelo lado interno do jardim, onde Fernando e Mafalda os montariam para o passeio.
Vestidos simplesmente, aparentando até desleixo, o príncipe e a esposa logo surgiram e, montando os animais, partiram.
Margarida e Aquilino acompanharam-nos.
Os dois cavalgaram por muitos recantos retirados da cidade, lugares aprazíveis e belos, até que Mafalda, fazendo um sinal ao príncipe, reteve o seu animal.
— O que houve?
— Vamos descansar um pouco!
Aqui ninguém nos perturbará!
— Como quiser!
É bom que fiquemos mais à vontade, esquecidos de cerimónias e de palácios.
Desmontando, eles prenderam as rédeas dos animais num tronco de árvore e caminharam alguns passos.
Mafalda, aproximando-se mais de Fernando, disse-lhe:
— Quero sentar-me aqui!
Fique comigo e vamos nos esquecer de tudo!
Só nós dois agora interessa.
Quero dizer que o amo e que estou muito feliz, aqui, sozinha com você!
— Eu também estou feliz, Mafalda!
Sabe que também a amo, à minha maneira, do modo como sei amar, mas lhe quero muito.
— Então abrace-me bem apertado, para eu sentir a verdade do que me diz, e voltar deste passeio mais feliz!
Aquilino e Margarida observavam-nos felizes.
Os dois sentaram-se na relva fresca e ficaram esquecidos de si mesmos, contemplando o ambiente salutar e desfrutando intensamente da companhia um do outro.
Num dado momento, Mafalda perguntou-lhe:
— Fernando, você nos disse à mesa, hoje, que algo o preocupava, provocando-lhe uma sensação estranha e desagradável! O que era?
— Não sei, mas não quero falar sobre isso!
Vamos aproveitar do momento, esquecendo-nos de toda e qualquer preocupação.
— Oxalá, Fernando, quando retornarmos, você continue tão cordial e amável comigo, como está sendo agora!
— Sinto-me sempre o mesmo, mas percebo que você tem mudado!
O que houve que tem me tratado com mais amabilidade, sem me recriminar nem desconfiar até dos meus pensamentos?
— Estou compreendendo que tinha receios infundados e que devo ser feliz com você a quem amo, e que é o meu marido querido, pai da nossa pequena Margarida...
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:50 pm

— Alegra-me que assim pense, e mais ainda porque é a primeira vez que a ouço dizer — nossa pequena Margarida.
— Esqueçamo-nos de tudo e aproveitemos a vida que temos, sem criarmos problemas para nós próprios!
O tempo passa tão rápido e, se deixarmos perder os momentos felizes que se nos oferecem, vamos lamentar muito no futuro.
Veja papai e mamãe, há quanto tempo estão unidos e felizes!
Quero que aconteça connosco também.
Quero ser feliz em sua companhia, na de nossa filha, e na dos outros filhos que ainda virão!
— Ah, querida Mafalda, se soubesse que era para ouvir tudo isso, tê-la-ia convidado muito antes para este passeio!
— Se tivéssemos vindo antes, talvez até brigasse com você!
Mas agora, sinto-me transformada e não quero mais criar problemas entre nós.
Fernando mais uma vez abraçou-a ternamente, depositando um beijo muito respeitoso em sua face.
Margarida exultava de alegria.
— Penso que já vimos tudo o que nos interessava, Aquilino!
Estou feliz do trabalho que estamos realizando.
Falta-nos agora conseguir a outra parte.
— Nós a conseguiremos, mas não acho ainda conveniente que já dê o seu trabalho, junto de Mafalda, por encerrado.
Aqui o ambiente é favorável, estão sós, porém, quando regressarem, muitas coisas poderão mudar.
Enquanto estivermos no palácio, não deverá perder nenhuma oportunidade.
Penso que podemos retornar.
O que queríamos, observamos!
— E o que faremos lá, agora?
Por que não aproveitamos também do local?
— Já fizemos o nosso passeio hoje, e num lugar muito mais puro que este! Voltemos!
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:50 pm

Capítulo 37 - REFLEXÕES INDUZIDAS
Mafalda e o príncipe ainda permaneceram algum tempo fora, mas Aquilino e Margarida voltaram logo.
Seria melhor esperá-los, verificar como chegariam e como se portariam a seguir.
Durante a espera, Aquilino resolveu aproximar-se do criado do príncipe, para sondar-lhe a mente e passar-lhe também algumas ideias, se a ocasião permitisse.
Quando o encontrou, ele desempenhava as actividades que lhe eram habituais, diariamente, para justificar a sua presença no palácio, e Aquilino pôde captar alguns de seus pensamentos:
— O príncipe parece estar com medo!
Se foi para isso que vim, por que esperar tanto?
Cada vez ele me dá um motivo para a demora.
Primeiro era o nascimento do bebé, para não abalar a esposa e prejudicar o filho que esperava.
Depois a viagem para o reino de seu pai, onde talvez pudesse receber novas ordens.
Mais tarde, a notícia da morte da princesa Margarida, deixando-o sem capacidade de raciocínio e acção.
E agora, o que o prende?
Vive protelando...
Gostaria de realizar logo o serviço e voltar para o palácio onde sempre vivi, servindo aquele soberano que nada teme.
Diante desses pensamentos, Aquilino, perscrutando- lhe o íntimo, averiguou que ele guardava lembranças dos pais, dos familiares, e não deixou de aproveitar ocasião tão propícia.
Tomando conta de suas ideias, fazendo-o como se o que lhe passaria, fosse o resultado de seus próprios raciocínios, falou-lhe:
— Tenho saudades de meu pai, da vida em família com os meus, dos quais já estou afastado há tanto tempo e desejo retomar.
À lembrança do pai, mais ainda Aquilino aproveitou-se da ocasião, e continuou:
— Mas como me portaria se soubesse que alguém trama contra meu pai que amo, exactamente o que arquitecto contra Sua Majestade, o rei?
Como me portaria se soubesse quem o fez e por quê, e como seria a nossa vida — a de mamãe, dos irmãos menores e mesmo a minha — sem a sua companhia, ainda mais sabendo que o perdemos em razão de alguma trama?
Querendo reagir, indagava-se, ainda estimulado por Aquilino:
— Por que me vêm esses pensamentos agora, e por que sinto essa saudade tão grande de papai?
Serão os remorsos pelo que devo fazer, antes mesmo de realizá-lo?
É muito estranho!
Nunca, nenhum desses pensamentos acudiram-me à mente antes!
O que está acontecendo comigo?
Aquilino, como querendo satisfazer as suas indagações, falou-lhe:
— É o seu coração que não foi feito para o crime!
Já pensou em Deus, nosso Pai Criador, aquele que vê todas as nossas acções e sentimentos?
Pensar em Deus, nunca o havia feito!
A mãe lhe ensinara sobre Deus, mas ele nunca se importara.
O que acontecia consigo, então?
Aquilino estava esperançoso. Conseguira atingir o âmago de seus sentimentos bons,
adormecidos. Conseguira despertar alguns deles e tudo faria para mantê-los despertos e atentos, como ponto de censura aos outros que porventura quisessem aflorar e fazê-lo agir contra o rei.
Trabalharia com ele também, e muito.
Iniciara e continuaria, a exemplo do que fazia com o príncipe, durante a noite, quando o trabalho é muito mais eficiente.
A primeira sementinha fora lançada e se o terreno fosse bem amanhado, ela certamente germinaria.
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:51 pm

As intenções de Aquilino, em ajuda aos propósitos de Margarida, estavam caminhando bem.
Apenas há poucos dias haviam se instalado no palácio, sondado o ambiente, levantando as suas necessidades e iniciado o trabalho...
Ah, mas quantos resultados já podiam perceber!
O que é realizado com amor, para o bem, tem a ajuda de Deus que facilita a chegada aos fins colimados, e tudo lhes indicava que atingiriam os propósitos desejados.
Quando deixassem o palácio em busca de suas verdadeiras moradas, como Espíritos libertos aguardando novas oportunidades de servir, aprimorando os conhecimentos e adquirindo virtudes, desejavam ir tranquilos e felizes.
Pretendiam deixar Mafalda e o príncipe unidos pelo verdadeiro amor que traz o respeito e a compreensão, e o rei sem mais perigo de vida.
É assim que se deve proceder, quando fins tão nobres se têm em mente.
Eles poderiam, de forma muito mais simples e rápida, promover a segurança do rei, até pelo desaparecimento da substância que provocaria a sua morte, ou mesmo promovendo o afastamento, por alguma razão que não lhes seria difícil, daquele criado que ajudaria o príncipe na execução do plano de seu pai.
No entanto, seria isso segurança?
O simples desaparecimento do elemento que causaria a morte do rei, não impediria que providenciassem outro.
Do mesmo modo, se aquele criado partisse, outro poderia ser enviado para o mesmo fim.
O trabalho teria que ser mais profundo, mais intenso e, por isso mesmo, mais demorado.
Não deveria partir de elementos materiais e exteriores a ele ligado, mas da modificação do íntimo de cada um, para que nunca mais houvesse nenhum perigo.
Os primeiros resultados já se evidenciavam, por algumas atitudes que percebiam e por reflexões que captavam, mas ainda era pouco, precisava muito mais.
Solidificar em cada coração, aquelas convicções que estavam começando a adentrar neles.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:51 pm

Capítulo 38 - CONTRA-ORDEM
Quando se realiza um trabalho e, mesmo antes Ida sua conclusão, começa-se a perceber os resultados, mais vontade ainda advém de se aplicar nele.
Aquilino estava feliz e Margarida também.
Ele viera de sua sede no Mundo Espiritual, de onde sempre partia em empreitadas de auxílio, às quais estava habituado.
Sabia exactamente o que encontraria quando a tarefa estivesse concluída e precisasse retomar, mas Margarida era ainda novata e inexperiente, como Espírito liberto há tão pouco tempo, embora com tantas condições para o auxílio.
Soubera como conduzir sua vida, mesmo em sofrimentos atrozes, e granjeara muito progresso para o seu Espírito, pela liberação de débitos; mas, para ela, o Mundo Espiritual, após a recente encarnação, era desconhecido.
Conhecia-o apenas no pequeno círculo do palácio em companhia de Aquilino, mas tinha curiosidades.
Desejava saber como seria a sua vida quando deixasse aquele local, pela tarefa concluída; para onde seria enviada, o que faria, e — o que lhe era mais importante: continuaria a contar com a presença tema e amiga de Aquilino?
A medida que o trabalho avançava e os primeiros resultados foram sendo notados, todas essas preocupações começaram a fazer parte do seu Espírito.
Muitas vezes inquiria Aquilino que, ponderado e aplicado na sua actividade, apenas lhe respondia:
— Aqui estamos com uma tarefa muito importante que lhe foi permitido realizar!
Atenhamo-nos, pois, a ela somente, e deixemos essas preocupações para quando chegar a hora.
— No entanto, você podia adiantar-me alguma coisa. Tenho a certeza de que sabe exactamente o que acontecerá comigo e não quer me dizer.
— Nada sei do que deseja!
Porém, pelo que tenho notado-e conhecido de suas atitudes, Deus só pode lhe reservar um lugar agradável, onde estará feliz em auxiliar e aprender cada vez mais.
— Sabe que não é só isso que desejo saber!
— Sim, eu sei! Mas o que gostaria de saber, minha querida, eu também o gostaria!
Não devemos nos preocupar com isso, e entreguemo-nos à vontade de Deus!
Assim como se acostumou comigo, acostumar-se-á com outros, se não pudermos ficar juntos. Não se preocupe!
Margarida ouviu as palavras de Aquilino, aquietou- se, tentou compreender, mas não se satisfez totalmente.
Tão bom seria se já tivesse uma ideia do lugar para onde iria e com quem ficaria, mas era obrigada a aguardar.
Mafalda e o príncipe, passadas algumas horas, chegaram alegres, despreocupados, mais unidos e felizes.
Procuraram logo a pequena Margarida que se encontrava com a avó, viram-na, e foram preparar-se para o almoço, mas recomendaram que aquelas vestimentas deveriam ser cuidadas e novamente guardadas para outras oportunidades.
Diante disso, ficava patente que o passeio lhes agradara e que pretendiam repeti-lo.
A mesa da refeição, demonstravam alegria e falaram bastante.
O criado do príncipe, meio a distância, aguardando qualquer ordem mais directa, esperava o pedido de um licor, após a refeição, e estaria pronto para servi-lo.
Nada lhe foi pedido e, quando ofereceu, o príncipe o dispensou dizendo:
— O passeio de hoje trouxe-me muitas energias novas e vou dispensar o licor!
Decepcionado, voltou ao seu posto, mas aguardaria outras oportunidades.
O resto do dia foi tranquilo.
O príncipe esteve com o rei em reunião de providências para o reino, e nada foi percebido, nem em atitudes nem em pensamentos, quanto ao que planeavam.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:51 pm

Entretanto, mais no fim da tarde, o príncipe procurou o criado, fazendo-lhe um pedido e dando-lhe uma explicação:
— Hoje, quando me ofereceu o licor, recusei com receios, e não lhe ordenei que o servisse ao rei, temendo que entendesse como tendo chegado o momento, e, por isso, só ele o tomaria.
Quero, pois, adverti-lo de que nada faremos por enquanto!
E para a minha total segurança, desejo guardar comigo os pós que você adquiriu para esse fim.
— Vossa Alteza mudou de ideia, alterou os planos?
— Por enquanto, sim! Estou preocupado!
Não sei o que está acontecendo, mas sinto-me vigiado, e alguma coisa está mudando em mim.
— Se Vossa Alteza me permitir dizer, hoje também tive pensamentos estranhos, como se o que planejamos, estivéssemos tramando contra o meu próprio pai!
Por que estamos fraquejando, Alteza?
— Não saberia explicar!
Vamos aguardar mais um pouco! Por isso temo que o realize sem minha autorização, e, comigo, aquela substância estará mais em segurança...
— Nada tema, Alteza!
Eu não o faria sem autorização.
Quando servir o licor, mesmo ao rei, nada colocarei sem me autorizar.
— De qualquer forma, dê-mo!
O criado entregou os pacotinhos ao príncipe que os levou consigo, escondendo-os em suas vestes e, logo a seguir, colocou-os em lugar seguro, longe das vistas de todos.
Aquilino ficou muito satisfeito e, juntamente com Margarida, essa alegria se completou:
— Hoje, querida Margarida, precisamos agradecer mais intensamente a Deus, nos ter permitido essa missão e nos ter inspirado como conduzi-la, pois os resultados já estão se fazendo muito visíveis!
Logo teremos a decisão deles, para a desistência definitiva!
— Aí iremos embora?
— Assim que tudo estiver bem consolidado, nada mais nos restará a fazer aqui!
— Deixo o agradecimento a Deus por sua conta, e eu o acompanharei!
— Nós o faremos, pedindo-Lhe que continue a nos inspirar e auxiliar, para que também, nesta noite, o nosso trabalho seja profícuo!
— Devo continuar a trabalhar Mafalda?
— Não só ela, mas também o príncipe!
— Todavia, não devo aparecer para ele em nenhum momento.
— Isso não a impede de influenciar-lhe a mente como já o fez tuna vez!
Fique atenta e aproveite todas as ocasiões, de modo que ele não se lembre de você, fazendo-o entender que as suas sugestões partem dele próprio, pelo observar mais atento à esposa.
Induza-o até a fazer alguma reflexão quanto ao passeio de hoje, com base no que você mesma observou!
— Farei isso, e, à noite, continuarei com Mafalda!
— E eu trabalharei duplamente esta noite!
Além do príncipe, continuarei o que já iniciei hoje com o criado, fazendo crescer muito, dentro dele, a figura do pai, ao ponto de cada vez que vir o rei, o faça como se estivesse vendo o próprio pai.
— Isso é útil aos dois!
Meu querido pai sendo visto como o soberano do reinado dos Continis, aos olhos do príncipe, e como um soberano seu!
E muito inteligente, Aquilino!
— Trabalhamos sob a inspiração de Deus, não se esqueça!
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Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti - Página 4 Empty Re: Amor e Sacrifício - Eça de Queiroz/Wanda A. Canutti

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:51 pm

Capítulo 39 - ENCORAJAMENTO
O trabalho estava em franco desenvolvimento, e aproximava-se o dia em que o veriam concluído.
Desde que aquele ser angelical partira, enviando Aquilino, nunca mais Margarida o vira nem sentira a sua presença.
Estava aos cuidados, agora, de seu grande amigo e irmão em Deus, e não mais pensava naquele ser, tão imbuídos estavam no trabalho que realizavam.
Naquele fim de tarde, Margarida conseguiu prosseguir seus propósitos com o príncipe, e percebeu-lhe o íntimo bastante modificado.
Acreditava que não devia somente ao que ela lhe dissera e sugerira há dias, mas muito mais às atitudes de Mafalda, que haviam se modificado em relação a ele.
Era mais tema e mostrava-se compreensiva, demonstrando o seu amor e carinho e, com isso, reconquistava-o a cada momento.
Assim, aguardavam apenas que todos se desprendessem pelo sono, para que as actividades tivessem prosseguimento.
Mas qual não foi a surpresa de ambos, quando os habitantes do palácio se encaminhavam para o repouso, ao verem, diante de si, deslumbrante de luz, aquele ser angelical.
Margarida surpreendeu-se, Aquilino agradeceu a Deus.
— Deus os abençoe, irmãos queridos!
— Você veio, irmã! — exclamou Margarida.
Estou feliz com a sua presença, mas receio que tenha vindo buscar-me!
— Como está o trabalho, Aquilino? — perguntou-lhe, mesmo antes de responder a Margarida.
— Em grande progresso, com expectativas promissoras!
— E tempo já de você voltar!
— Não o poderia ainda!
Se permitido me foi ajudar Margarida, como deixá-la só, agora que quase conseguimos o nosso desejo!
— Margarida não ficará só, acompanhá-lo-á, também!
— Sem que o trabalho fique concluído!
Rogue a Deus nos permita ainda permanecer por mais alguns dias!
Uns dias mais, apenas, e teremos grandes resultados.
Margarida não partirá tranquila deixando aqui, entre os seus, problemas tão sérios.
— Compreendemos!
Vim apenas avisá-los de que sabemos de tudo o que realizam aqui, e que estamos felizes da aplicação que têm dado ao tempo.
Falei que os levaria, para testemunhar o amor com que se dedicam a essa tarefa!
— Agora sinto-me tranquila! — aventurou-se a dizer Margarida.
— Estamos felizes, mas sabem que aqui não podem ficar por muito mais tempo!
Margarida precisa ainda de muito reconforte e até repouso.
Esse trabalho não poderá se alongar muito!
— Já conseguimos bastante em poucos dias!
Logo o teremos concluído e partiremos!
— Para onde me leva, após? — perguntou Margarida.
— Ela está preocupada em saber para onde irá! — explicou Aquilino.
— Todas as moradas do Pai estão à disposição de Seus filhos!
Cada um escolhe a que deseja, pelos actos praticados como encarnado.
— Não compreendo! — tomou Margarida.
— Quando chegar o momento, entenderá!
Você conseguiu muito para seu Espírito, na sua última encarnação, e muito também lhe será proporcionado agora!
Não em repouso nem em vida contemplativa, que isso não existe entre nós, mas lhe será oferecido um lugar, onde mais ainda se aprimorará em conhecimentos e em oportunidades de auxílio aos mais necessitados.
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Abr 13, 2018 7:51 pm

Se a tudo isso se adaptar, aceitando com amor as tarefas que o Pai lhe designar, muito mais obterá em progresso para o seu Espírito.
— Estou ansiosa!
Gostaria de saber se continuarei com Aquilino, que tem me ensinado e auxiliado bastante! Pode dizer-me?
— Isto só ao Pai compete!
Ele sabe o que nos convém, mesmo que às vezes não venha ao encontro dos nossos desejos.
— Então não pode me dizer?
— Para onde quer que seja levada, terá sempre muitos amigos a recebê-la, a lhe ensinarem, e também muitos mais necessitados que você, esperando auxílio.
Realize o seu trabalho aqui, conclua-o, e depois irá para onde o Pai lhe reserva.
Margarida continuou com a sua preocupação, conquanto nada mais dissesse, mas Aquilino prosseguiu com as indagações:
— Quanto mais nos dá, para concluirmos a tarefa?
— Não podemos precisar em dias nem em horas, mas que todas sejam bem utilizadas, a fim de que façam, de cada uma, um degrau para os seus Espíritos, pelo compreender, pelo ajudar, pelo ensinar...
— Compreendo!
Nunca estamos ociosos! — esclareceu Aquilino.
Aproveitamos todas os ensejos, e mesmo criamos outros para que nosso trabalho seja mais profícuo.
Apenas nos afastamos do palácio, ao amanhecer, quando a tarefa da noite fica concluída, para haurirmos da Natureza virgem, energias e forças novas ao nosso Espírito.
— Devem fazê-lo sempre, que é salutar!
Agora me retiro porque vocês têm trabalho!
Todos já dormem e sei que é nesses momentos que atuam mais intensamente.
Se derem a tarefa por terminada, antes do meu regresso, é só chamar-me pelo pensamento em prece, que imediatamente virei buscá-los.
Que as bênçãos de Deus os envolvam em todos os momentos, para que todos eles sejam dedicados a trabalhos de amor!
Concluindo estas palavras, desapareceu dos olhos dos dois.
Quando Aquilino percebeu que estavam sós, sentindo-se mais fortalecidos e encorajados, convidou Margarida para a continuidade do trabalho.
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