LUZ ESPÍRITA
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Criticando Kardec

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 13, 2014 9:38 pm

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Diante de informações bem embaçadas a respeito do estado actual das pesquisas em parapsicologia, não há céptico honesto que não "se cale":
Sólidas demonstrações em "percepção extra-sensorial" e em "psicocinese";

pesquisas intrigantes e bem conduzidas
(ainda que longe de satisfatórias) sobre lembranças de "vidas passadas" em crianças entre 3 e 8 anos de idade;

alguns resultados interessantes na área de "Experiências Fora do Corpo"
(apesar de inconclusivos e, também, talvez bastante contraditórios);

relatos de estudos de casos extraordinários (ainda que pouco numerosos) em "Experiências de Quase-Morte";
estudos interessantes sobre "cirurgia espiritual";

e alguns poucos
("poucos" pelo menos que eu, em minhas limitadas informações, saiba) trabalhos aparentemente bem promissores na área de estudo da "mediunidade".

Basicamente, há quatro posturas possíveis diante dos fenómenos "espíritas" e "mediúnicos":

1- Toda interpretação espiritualista desses fenómenos é falsa, e a verdade é o mundo dos materialistas.

2- Tais fenómenos estão além da nossa ciência actual, são "sobrenaturais", ou "paranormais", mas sem que haja espíritos, e sem que haja a sobrevivência de nossa consciência à morte de nossos corpos físicos.

3- Há espíritos, há sobrevivência pós-morte, e há "mediunidade".

Mas as "interferências" nas comunicações entre os "vivos" e os "mortos" são enormes, a ponto de tornar extremamente difícil, mas talvez não impossível, um conhecimento a respeito do mundo "além da vida".

4- Há espíritos, vida após a morte, e mediunidade.
E há também "interferências" nas comunicações dos espíritos.

Mas os procedimentos preconizados por Kardec minimizam tais interferências a um nível tal que é possível conhecer-se bastante bem a situação do mundo pós-morte.

Minha posição pessoal dentre essas quatro listadas acima é a de número 3.

E, além disso, acho que (e nisso concordando com os auto-proclamados "cépticos" - nacionais e internacionais - a despeito da minha crença na vida após a morte e na reencarnação) a afirmação de que "Há Vida após a Morte" é uma afirmação que ainda carece de arcar com o "ónus da prova" que lhe é devido, científica e socialmente.

Uma posição de menor "certeza" com relação aos postulados clássicos kardecistas poderia trazer muitos benefícios em termos de abertura para pesquisas e investigações diversas.

E esse é, sem dúvida, o maior objectivo meu em apresentar "erros" nas obras kardequianas.

Há, provavelmente, muito material (livros espíritas do século XIX, manuscritos de Kardec, etc.) na Federação Espírita Brasileira e em outras instituições similares, que poderia fornecer insumos muito ricos a respeito da real dimensão tantos dos "erros" como dos "acertos" do espiritismo kardecista.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 14, 2014 9:40 pm

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E poderia também haver um aumento (em número e em qualidade) de pesquisas experimentais a respeito da mediunidade, principalmente se tais pesquisas atendessem ao que penso haver de mais rico na metodologia de Kardec: O Respeito aos Espíritos.

O interesse dos espíritos em contactar-nos pode ser pequeno ou até mesmo nulo.

É o nosso interesse no contacto (ou, no caso de alguns materialistas, no "não contacto") que é, por motivos que nem "Freud" e talvez nem "Darwin" expliquem, visceral.

Portanto, ver os espíritos como "cobaias de laboratório" pode não ser um bom começo!
Mas há de facto muitos erros no espiritismo kardecista, em especial erros científicos...

No Livro dos Espíritos há, logo no início (nos "Prolegómenos"), um desenho curioso que teria sido publicado por "ordem" dos "Espíritos Superiores" como uma metáfora do "Trabalho do Criador".

É o desenho de uma videira, ou de uma parte de uma videira, contendo uma "cepa" (caule) com um cacho carregado de "bagos" (uvas).

Os "espíritos" assim explicaram o desenho:
"Porás no cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos, porque é o emblema do trabalho do Criador.
Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representarem o corpo e o espírito.

O corpo é a cepa;
o espírito é o licor;
a alma ou espírito ligado à matéria é o bago.


O homem quintessência o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos."

http://www.criticandokardec.com.br/cepa.gif

Kardec ainda explica essa metáfora mais a fundo na página 132-133 do Livro dos Espíritos, em nota após a resposta dada à pergunta número 196:
"O suco da vide nos oferece um símile material dos diferentes graus da depuração da alma.

Ele contém o licor que se chama espírito ou álcool, mas enfraquecido por uma imensidade de matérias estranhas, que lhe alteram a essência.

Esta só chega à pureza absoluta depois de múltiplas destilações, em cada uma das quais se despoja de algumas impurezas.

O corpo é o alambique em que a alma tem que entrar para se purificar.

As matérias estranhas se assemelha o perispírito, que também se depura, à medida que o Espírito se aproxima da perfeição."

Poderia haver algo de errado em uma metáfora tão singela?

Infelizmente, ou, felizmente, há!

Não há licor no desenho acima.
O álcool ainda não está, aí, presente!

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 14, 2014 9:43 pm

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Só depois, quando as uvas (bagos) forem rompidas e determinadas espécies de fungos iniciarem a metabolização do açúcar contido no interior da uva, é que o álcool será criado.

Por uma estranha ironia do destino, o único símbolo que uma doutrina altamente não-simbólica como o kardecismo aceitou colocar em um de seus livros, "abrindo" por assim dizer a obra mais importante da Doutrina Espírita, o Livro dos Espíritos, símbolo este aí colocado por "ordem" dos "Espíritos Superiores" e com a supervisão e revisão do "Espírito de Verdade", não é um símbolo espírita, e nem sequer um símbolo espiritualista:

É um símbolo materialista!

(Clique Neste Link http://www.criticandokardec.com.br/textos.htm para ler os trechos originais em francês relativos a esse comentário meu acima).

Isso sem dúvida dá margem a muitas reflexões.

Uma lição que talvez esteja contida nisso seja a de que, na verdade, devemos valorizar todas as opiniões (no caso, mesmo as opiniões materialistas), pois fragmentos da verdade podem se esconder nos locais mais inesperados.

Mas talvez mais do que isso, haja também aí uma estranha mensagem: a de que, se não houver espíritos, nada impede que eles sejam... criados!
Afinal, é isso o que fazem os fungos com as uvas: criam o licor.

Vivemos em um Universo muito, muito antigo, e ninguém tem a menor ideia do que isso pode potencialmente representar.

Civilizações tecnológicas altamente avançadas podem vir a dominar as "leis da natureza" de um modo tão completo ao ponto de se transformarem em verdadeiros Deuses, criadores e destruidores de Universos.

E talvez mesmo, criadores de almas.

Mesmo há uns cinco biliões de anos atrás, quando a Terra ainda nem existia, já havia, possivelmente, Civilizações Divinas com centenas de milhões de anos.
Ou não.

Talvez "Deuses" tenham acompanhado, e até interferido, no aparecimento e no desenvolvimento da vida na Terra. Ou não.

Independente de se a metáfora da videira representa o "mundo kardecista", o "mundo materialista", ou um "mundo alternativo" onde Deus e Espíritos são filhos da matéria (e não os pais dela), uma única certeza parece emergir disso tudo.

Podemos ir tão longe a ponto de questionarmos mesmo o "primeiro" dos Mandamentos:
"Amai a Deus acima de todas as coisas".

Mas nada, absolutamente nada, poderá jamais contestar a riqueza e a solidez do "segundo":
Amai ao Próximo Como a Ti Mesmo!
________________________________________

Júlio César de Siqueira Barros - Biólogo.
Rio de Janeiro,
11 de agosto de 2003.


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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 14, 2014 9:43 pm

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Bibliografia:

1- O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec.
Tradução de Guillon Ribeiro. 79a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1997.

2- O Primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec, 1857 - Texto em Fac-Simile Versão em Face, Primeiro Centenário, 1957.
tradução de Canuto Abreu. 1a edição. Companhia Editora Ismael. São Paulo. 1957.

3- Livro dos Espíritos segunda edição original em francês de 1860, Centre D'Etudes Spirites Leon Denis, http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/Livres/LE6.pdf

4- O Que é o Espiritismo - Contendo a Biografia de Allan Kardec por Henri Sausse. Allan Kardec. 38a edição.
Federação Espírita Brasileira. 1997.

5- O Livro dos Médiuns. Allan Kardec.
Tradução de Guillon Ribeiro. 62a edição. Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1996.

6- O Livro dos Médiuns. Allan Kardec.
Tradução por José Herculano Pires da segunda edição francesa de 1862. 8a edição.
Livraria Allan Kardec Editora. São Paulo. 1978.

7- Livro dos Médiuns de 1869 décima primeira edição em francês. Centre D'Etudes Spirites Leon Denis. http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/Livres/LM6.pdf

8- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec.
Tradução de Guillon Ribeiro da terceira edição francesa. 113a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1997.

9- Imitation de l'Évangile Selon le Spiritisme. Allan Kardec.
Edição brasileira da primeira edição do original francês de abril de 1864.
Federação Espírita Brasileira. 1979.

10- O Céu e o Inferno. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. 42a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1998.

11- Obras Póstumas (de Allan Kardec). Tradução de Guillon Ribeiro da primeira edição francesa de 1890 - Paris. 27a edição.
Federação Espírita Brasileira. 1995.

12- Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos.
Fascículos de janeiro de 1858 a junho de 1869. Publicada sob a direção de Allan Kardec.
Tradução de Salvador Gentile. Revisão de Elias Barbosa. Instituto de Difusão Espírita. 1993.

13- O Problema do Ser, do Destino, e da Dor. Léon Denis. 23a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 2000.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 14, 2014 9:44 pm

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14- As Mesas Girantes e o Espiritismo. Zêus Wantuil. 3a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1994.

15- Allan Kardec - Meticulosa Pesquisa Bibliográfica. Volume 1. Zêus Wantuil e Francisco Thiesen. 1a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1979.

16- Allan Kardec - Pesquisa Bibliográfica e Ensaios de Interpretação. Volume 2. Zêus Wantuil e Francisco Thiesen. 1a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1980.

17- Allan Kardec - Pesquisa Bibliográfica e Ensaios de Interpretação. Volume 3. Zêus Wantuil e Francisco Thiesen. 1a edição.
Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 1980.

18- O Tao da Física. Fritjof Capra. Tradução da 2a edição em inglês por José Fernandes Dias.
Editora Cultrix. São Paulo. 1984.

19- Biologia Evolutiva. Douglas J. Futuyma. 2a edição.
Sociedade Brasileira de Genética. Ribeirão Preto. 1992.

20- Reincarnation: a Critical Examination. Paul Edwards. Prometheus Books. Amherst, New York. 1996.

21- O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
Tradução de Evandro Noleto Bezerra a partir da 2a, 4a, 5a, 6a, 10a e 12a edições francesas. Primeira edição comemorativa do sesquicentenário do Livro dos Espíritos. Federação Espírita Brasileira. Rio de Janeiro. 2006.

§.§.§- O-canto-da-ave
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 15, 2014 9:32 pm

Copyright © Júlio César de Siqueira Barros.
Agosto, 2005.
Primeira actualização em 18 de outubro de 2005.


"Erros" em Kardec 2:

Análise e Comentários Críticos das Obras de Kardec:
seus Livros e sua "Revue Spirite" durante o período em que Kardec estava vivo

ATENÇÃO:
Os textos contendo exposição de "erros científicos" do kardecismo, ou contendo críticas ao aspecto científico do mesmo, serão precedidos sempre de três breves secções:

1- Uma chamada à reflexão com relação a se esta abordagem é ou não adequada ao leitor.

2- Uma explicação resumida de como vejo o aspecto científico do kardecismo.

3- Uma avaliação inicial de como devem ser interpretados os "erros" ou os "acertos" do kardecismo.

1- Este texto se destina exclusivamente à avaliação e crítica do aspecto científico do espiritismo kardecista e dos fenómenos mediúnicos de uma maneira geral.

Se a sua relação com o espiritismo-kardecismo for eminentemente religiosa, e não científica, talvez o conteúdo deste texto não lhe seja recomendável.

Vivemos em uma época em que a ciência é vista como a verdadeira "dona da verdade", a única ferramenta capaz de nos dar um conhecimento válido a respeito da realidade do mundo, de dizer o que é verdadeiro e o que é falso.

No meu entender, isso é um grande equívoco.

Vejo a ciência apenas como uma maneira a mais de olhar a realidade.

O olhar da religião, o olhar da Fé, também é, creio, uma maneira válida de entender o mundo, sendo talvez capaz de penetrar mistérios e compreender facetas do Universo que a ciência jamais será capaz de entender.

Críticas "científicas" podem, às vezes, enfraquecer injustificadamente a fé de certas pessoas.

Acredito firmemente que uma teoria científica, ou uma revisão crítica sob uma óptica científica, tem um valor que não deve ser colocado acima do valor das visões e intuições da Fé.
São talvez apenas maneiras diferentes de acessar a realidade, com características (erros e acertos; potenciais e limitações) diferentes.

Se você tem certeza que a abordagem que farei aqui lhe é apropriada, sua leitura deste texto será para mim um prazer e uma honra.

E suas eventuais críticas e comentários serão bem vindos e, com toda a certeza, enriquecedores.
(Júlio Siqueira. juliocbsiqueira@terra.com.br)

2- O objectivo deste texto é discutir de forma crítica o aspecto científico de uma das vertentes do espiritismo em especial: o espiritismo "kardecista".

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 15, 2014 9:32 pm

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Os conteúdos incluídos neste texto partem dos seguintes pressupostos:

A- O espiritismo é uma fonte válida de acesso ao conhecimento da realidade objectiva.
Contudo, há que se ver com grande cautela aquilo que é tido como "informações a nós transmitidas pelos espíritos".


B- Há, na verdade, várias "correntes" dentro do que se poderia, com alguma precisão, chamar de "espiritismo" (mesmo havendo elementos apontando para o facto do termo "espiritismo" em si ter, de facto, sido criado por Allan Kardec na França em meados do século XIX), justificando a identificação da existência de um "espiritismo kardecista".

C- O espiritismo kardecista possui, mesmo em seus postulados mais básicos, aspectos mal avaliados, e conclusões equivocadas.

Na verdade, este texto busca, tomando por modelo a tentativa de uma abordagem crítica à faceta científica do espiritismo kardecista, contribuir para o esforço de entendimento e de interpretação do conjunto de fenómenos "mediúnicos" de um modo mais geral:
suas características, potencialidades, e limitações.

3- Há uma enorme diferença entre, de um lado, identificar erros no kardecismo e, de outro lado, interpretar o significado de tais erros.

De modo similar, é também difícil, e complexo, interpretar os acertos do kardecismo.

Os erros podem ser interpretados como uma indicação de que o kardecismo (ou o espiritismo e o "mediunismo") é falso?
Os acertos podem ser interpretados como uma indicação de que o kardecismo é verdadeiro?

Ou seriam os erros, ao contrário, indicadores de que há inúmeras complexidades e "interferências" actuando nas comunicações mediúnicas, sem necessariamente invalidá-las?

Ou, também ao contrário, seriam os acertos
(mesmo se algum espírito tiver dito no século XIX que "Em uma das luas de Júpiter há vulcões activos como na Terra") apenas golpes de sorte?

E para complicar este quadro, será que o que identificamos
(à luz do nosso falho conhecimento, e à luz do falho conhecimento da "ciência" actual) como "erros", ou como "acertos", são realmente erros e acertos?

Todas essas questões nos levam, forçosamente, a uma posição de grande cautela com relação a como nos posicionarmos diante da identificação de "erros no kardecismo".

A única coisa que parece claramente certa nisso tudo é que "a pressa em tirar conclusões taxativas é, também, um erro".

No texto abaixo, incluí diversos trechos dos livros de Allan Kardec, e também alguns da Revue Spirite (a "Revista Espírita", da qual Kardec foi fundador e dono, tendo sido ela iniciada em janeiro de 1858, com fascículos mensais, e tendo Kardec presidido à confecção dos fascículos até o mês seguinte ao da sua morte; Kardec faleceu em março de 1869, e deixou pronto o fascículo de abril de 1869).

São trechos que me parecem interessante de serem comentados, ou por possuírem erros mais ou menos graves, ou por possuírem características (por vezes mesmo virtudes) notáveis, etc.

Os meus comentários virão sempre após os trechos pertinentes, e virão dentro de caixas para mais clara separação.

Antes de entrar nos comentários das obras de Kardec, contudo, é forçoso indicar um site que surgiu meio que ao mesmo tempo do meu (por volta do ano de 2002).

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Jan 15, 2014 9:33 pm

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O nome deste outro site é "Falhas do Espiritismo", e pode ser acessado neste link. http://geocities.yahoo.com.br/falhasespiritismo/index_int_2.html

O Livro dos Espíritos. 79a Edição. 1997. Rio de Janeiro.
Federação Espírita Brasileira.

Nota Importante:
o Livro dos Espíritos
é arranjado no modo "perguntas-respostas-comentários".

Kardec faz perguntas aos espíritos, esses respondem, e ele comenta.

Na verdade, as respostas que constam da edição definitiva, que é a segunda edição francesa de 1860 (a primeira é de 1857), não são exactamente as respostas dadas pelos espíritos.

Kardec as modificou um pouco.

As que constam da primeira edição (que quase ninguém possui no Brasil, e que eu possuo em pdf para os estudiosos interessados) possuem um estilo mais "cru", menos "bonito".

Uma questão interessante é se mesmo a primeira edição não conteria embelezamentos questionáveis por parte de Kardec...

Em todo o caso, é necessário eu alertar ao leitor que do modo como eu expus os trechos abaixo pode ser por vezes (poucas vezes) difícil distinguir o que é dito por Kardec ou pelos espíritos (isso também acontece com algumas das demais obras que cito abaixo).

Contudo, para os fins da análise a que me proponho, esse ponto não é importante.
E caso alguém necessite de tal informação, facilmente poderá localizar por si só e identificar tais pormenores.

Inclusive, a FEB (Federação Espírita Brasileira), em seu site na internet, tem disponibilizados diversos dos livros de Kardec, o que facilitaria tal tarefa aos interessados.

Página 23
Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objecções.

"Deus é eterno, imutável, imaterial, único, omnipotente, soberanamente justo e bom.
"Criou o Universo, que abrange todos os seres animados, e inanimados, materiais e imateriais.

"Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.

"O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
"O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.


Basicamente, eu acho que do ponto de vista científico o kardecismo possui afirmações demais para evidências de menos.

Também acho que as exigências com relação a Deus são demasiadas.
Deus tem que ser imutável, omnipotente, etc., senão não é Deus.
Acho tal exigência exagerada.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 16, 2014 9:29 pm

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Ademais, do meu ponto de vista, a omnipotência é uma impossibilidade lógica, por ser internamente incoerente.
Algo que é todo-poderoso não pode vivenciar a fraqueza, e isso já é uma falta de poder.
Também, se tal Deus é de facto todo-poderoso, então ele pode criar um ser mais poderoso que ele, com todos os problemas lógicos que isso implica.

Página 25
"As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós;
assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.

"O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria;
o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará.

Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal.

Em diversos pontos, a doutrina espírita kardecista afirma, ou dá a entender, que o procedimento de um homem é fruto de seu espírito, e não de seu corpo.

É a supremacia do espírito sobre a matéria.
Afirmam que não há arrastamentos irresistíveis, a menos em situações patológicas.
A meu ver isso é altamente questionável, e mesmo perigoso.

Página 26
"Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil.

Os Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior;
a mais pura sabedoria lhes transparece dos conselhos, que objectivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade.

A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, amiúde trivial e até grosseira.
Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância.

Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com falazes esperanças.

Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde reine íntima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.


Esse é a meu ver um grande problema na abordagem de Kardec.
Ele parecia de facto acreditar que é extremamente fácil distinguir os bons dos maus espíritos.

Página 33
Que respondem a essa evidência os antagonistas?
— Sois vítimas do charlatanismo ou joguete de uma ilusão.

Diremos, primeiramente, que a palavra charlatanismo não cabe onde não há proveito.
Os charlatães não fazem grátis o seu ofício.


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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 16, 2014 9:29 pm

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Penso ser ingénuo achar que não há charlatanismo onde não há proveito.
O charlatão pode ser psicótico, ou gostar de iludir simplesmente.

Página 43
Em segundo lugar, se todos os fenómenos promanassem do médium, seriam sempre idênticos num determinado indivíduo;
jamais se veria a mesma pessoa usar de uma linguagem disparatada, nem exprimir alternativamente as coisas mais contraditórias.

Esta falta de unidade nas manifestações obtidas pelo mesmo médium prova a diversidade das fontes.
Ora, desde que não as podemos encontrar todas nele, forçoso é que as procuremos fora dele.


Esse ponto acima é um onde Kardec expõe sua fraqueza de conhecimentos a respeito da psique humana.
Freud, e estudiosos posteriores, nos levam a rejeitar o que é dito acima por Kardec.

Página 44
Ainda uma vez, e este é ponto capital sobre que nunca insistiremos bastante:
a teoria sonambúlica e a que se poderia chamar reflectiva foram imaginadas por alguns homens;
são opiniões individuais, criadas para explicar um facto, ao passo que a Doutrina dos Espíritos não é de concepção humana.

Foi ditada pelas próprias inteligências que se manifestam, quando ninguém disso cogitava, quando até a opinião geral a repelia.

Ora, perguntamos, onde foram os médiuns beber uma doutrina que não passava pelo pensamento de ninguém na Terra?

Perguntamos ainda mais:
por que estranha coincidência milhares de médiuns espalhados por todos os pontos do globo terráqueo, e que jamais se viram, acordaram em dizer a mesma coisa?

Kardec insiste: "não passou pelo pensamento de ninguém".
O desconhecimento que ele tinha a respeito do inconsciente (ou subconsciente) foi a meu ver indutor de diversos erros no trabalho dele.

Página 49
Este livro é o repositório de seus ensinos.

Foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema.

Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido por eles examinado.

Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redacção constituem obra daquele que recebeu a missão de os publicar.


Esse trecho acima afirma a autoridade do Livro dos Espíritos.
E ao mesmo tempo a credulidade de Kardec...

Página 49-50
O homem quintessência o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Jan 16, 2014 9:30 pm

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Esse é um ponto interessante.
Apesar de tanto dizerem que o espírito é o que é importante, que o mundo material poderia mesmo nem existir, etc., os espíritos afirmam que só pelo trabalho do corpo o espírito progride.

Contraditório.

Página 52-53
Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
"Num axioma que aplicais às vossas ciências.
Não há efeito sem causa.
Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá."

Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação.
O Universo existe, logo tem uma causa.
Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.


Se fossemos de facto seguir à risca tal raciocínio, então o facto de encontrarmos Deus tornaria obrigatório haver um Deus anterior, inclusive mais forte, que o houvesse criado também.

Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
"Tendes um provérbio que diz:
Pela obra se reconhece o autor.

Pois bem! Vede a obra e procurai o autor.
O orgulho é que gera a incredulidade.
O homem orgulhoso nada admite acima de si.

Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte.
Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!"

Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras.
Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humanidade.

Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária.

Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem.[/i]

Idem ao comentário anterior.

Página 54
Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, omnipotente, soberanamente justo e bom, temos ideia completa de seus atributos?

"Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 17, 2014 9:52 pm

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Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas ideias e sensações, não tem meios de exprimir.

A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus.

Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber."


Novamente a questão da exigência exagerada com relação a Deus.
Será que se um dia descobrirmos que Deus existe de fato mas tem alguns defeitos, o rejeitaremos?
Rejeitaremos o Pai? Que vergonha...

Página 65
Serão os cometas, como agora se pensa, um começo de condensação da matéria, mundos em via de formação?

"Isso está certo; absurdo, porém, é acreditar-se na influência deles.
Refiro-me à influência que vulgarmente lhes atribuem, porquanto todos os corpos celestes influem de algum modo em certos fenómenos físicos."

Poder-se-á conhecer o tempo que dura a formação dos mundos: da Terra, por exemplo?

"Nada te posso dizer a respeito, porque só o Criador o sabe e bem louco será quem pretenda sabê-lo, ou conhecer que número de séculos dura essa formação."

Donde vieram para a Terra os seres vivos?

"A Terra lhes continha os germens, que aguardavam momento favorável para se desenvolverem. Os princípios orgânicos se congregaram, desde que cessou a actuação da força que os mantinha afastados, e formaram os germens de todos os seres vivos.

Estes germens permaneceram em estado latente de inércia, como a crisálida e as sementes das plantas, até o momento propício ao surto de cada espécie.
Os seres de cada uma destas se reuniram, então, e se multiplicaram."


Vejam, os cometas não são necessariamente começo de formação de nada.
Podem, a princípio, ficar vagando "ad infinitum".

O tempo de criação dos mundos actualmente é bem conhecido, donde concluo ser um erro o dito acima pelos "espíritos superiores".

Igualmente, sobre a origem das espécies, o que é dito acima (e abaixo) é a teoria da geração espontânea.
Novamente os espíritos parecem ter errado.

Página 66
Ainda há seres que nasçam espontaneamente?

"Sim, mas o gérmen primitivo já existia em estado latente.
Sois todos os dias testemunhas desse fenómeno.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 17, 2014 9:53 pm

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Os tecidos do corpo humano e do dos animais não encerram os germens de uma multidão de vermes que só esperam, para desabrochar, a fermentação pútrida que lhes é necessária à existência?

É um mundo minúsculo que dormita e se cria."


Esse erro acima é deveras grave. Espíritos Superiores estão afirmando que as larvas que aparecem na carne apodrecendo são fruto da própria carne, e não de ovos de moscas, etc.

Tais "vermes", ou melhor, larvas, são na verdade oriundos dos ovos deixados pelos insectos, de acordo com o actual conhecimento científico.

Cabe ressaltar também que os vermes que de facto existem (por vezes) dentro de nós, que são os vermes intestinais, na verdade morrem quando nós morremos.

A ciência actual não admite sequer que organismos tão simples quanto células surjam por geração espontânea (apesar de em algum momento no passado isso ter forçosamente ocorrido, quando da origem das primeiras células há uns três biliões de anos atrás).

Página 67
A espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos contidos no globo terrestre?
"Sim, e veio a seu tempo.
Foi o que deu lugar a que se dissesse que o homem se formou do limo da terra."

Poderemos conhecer a época do aparecimento do homem e dos outros seres vivos na Terra?
"Não; todos os vossos cálculos são quiméricos."


Novamente os erros já cometidos acima.

Página 68
O homem surgiu em muitos pontos do globo?

"Sim e em épocas várias, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças. Depois, dispersando-se os homens por climas diversos e aliando-se os de uma aos de outras raças, novos tipos se formaram."


Não houve fusão de espécies no caso humano (e nem eu conheço nenhum caso assim, salvo em endossimbiose de organismos unicelulares).
E a origem das diversas raças humanas difere do que é exposto acima.

Página 69
São habitados todos os globos que se movem no espaço?
"Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição.

Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o privilégio de conter seres racionais.
Orgulho e vaidade! Julgam que só para eles criou Deus o Universo."

Vejam: "Todos os globos são habitados"! Esse é o grande problema, e o claro erro, desse trecho.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Jan 17, 2014 9:54 pm

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Página 72-73
O cruzamento das raças dá origem aos tipos intermediários.
Ele tende a apagar os caracteres extremos, mas não os cria; apenas produz variedades.

Ora, para que tenha havido cruzamento de raças, preciso era que houvesse raças distintas.
Como, porém, se explicará a existência delas, atribuindo-se-lhes uma origem comum e, sobretudo, tão pouco afastada?

Como se há de admitir que, em poucos séculos, alguns descendentes de Noé se tenham transformado ao ponto de produzirem a raça etíope, por exemplo?

Tão pouco admissível é semelhante metamorfose, quanto a hipótese de uma origem comum para o lobo e o cordeiro, para o elefante e o pulgão, para o pássaro e o peixe.

Ainda uma vez: nada pode prevalecer contra a evidência dos factos.


É interessante que justamente Kardec, que defendia a ideia de que o espírito humano provinha de encarnações anteriores em espíritos de animais, tenha demorado tanto a aceitar a evolução darwinista (espécies se originando de espécies anteriores).

Ele contudo aceitou isso mais claramente no livro A Génese, conforme veremos mais à frente.

Página 80
Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?
"Meu Deus! São obra de Deus, exactamente qual a máquina o é do homem que a fabrica.

A máquina é obra do homem, não é o próprio homem.
Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua.

Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos seus filhos, pois que somos obra sua."

Horror ao panteísmo...
O kardecismo incorria em aceitações não devidamente embaçadas, e em rejeições igualmente não devidamente embaçadas.

Página 81
Os Espíritos tiveram princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?

"Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação sua e se acham submetidos à sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável.

Quanto, porém, ao modo por que nos criou e em que momento o fez, nada sabemos.

Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente.
Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério."

Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?
"Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente?
Pode um cego de nascença definir a luz?

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 18, 2014 9:13 pm

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Imaterial não é bem o termo; [/i]incorpóreo seria mais exacto, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa.
É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos."

Esse é um ponto interessantíssimo.
Afirmam que o espírito é matéria, só que de um tipo diferente, diferente inclusive do perispírito (mesmo do mais subtil deles).

Penso que o kardecismo rumava para o monismo, e provavelmente talvez mesmo para o panteísmo (ou melhor: o pampsiquismo).
Mas mesmo se Kardec tivesse vivido bem mais, creio que teria sido difícil ele chegar a aceitar o monismo e o pampsiquismo.

Página 83
Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas?
"O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo."

O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?
"Decerto. Eles são independentes;
contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem."


Novamente a questão da supremacia do mundo espiritual.

Página 89
Com o auxílio desse quadro, fácil será determinar-se a ordem, assim como o grau de superioridade ou de inferioridade dos que possam entrar em relações connosco e, por conseguinte, o grau de confiança ou de estima que mereçam.

De novo, a questão da confiança excessiva na capacidade de identificarmos os bons e os maus espíritos.

Página 90
Na linguagem de que usam se lhes revela o carácter.
Todo Espírito que, em suas comunicações, trai um mau pensamento, pode ser classificado na terceira ordem.


No texto do arquivo kardec1.htm, eu usei tal critério acima para classificar São Luís e Erasto como espíritos inferiores.

Página 96
Haverá Espíritos que se conservem eternamente nas ordens inferiores?

"Não; todos se tornarão perfeitos.

Mudam de ordem, mas demoradamente, porquanto, como já doutra vez dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir seus filhos para sempre.
Pretenderias que Deus, tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que vós mesmos?"


Na verdade, se de facto há o livre arbítrio defendido por Kardec, deveríamos esperar que alguns espíritos permanecessem por muitos biliões de anos na condição de espíritos inferiores.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 18, 2014 9:13 pm

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Página 97
Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?

"Não têm eles o livre-arbítrio?
Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal.
Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria."


Esse é um dos pontos mais estranhos e mal avaliados da doutrina kardecista.

Deus deve mesmo ficar bem confuso com sua obra...
Ele cria os espíritos exactamente iguais, submete eles exactamente às mesmas condições, e cada um faz uma coisa diferente!

Parece até haver algum grave erro no "Departamento de Controlo de Qualidade"
(imaginem quem deve ser o director desse departamento...).

O problema com o livre arbítrio é que nós sabemos que duas pessoas extremamente parecidas em duas situações extremamente parecidas tomarão decisões relativamente parecidas, mesmo dispondo de livre arbítrio.

Como podem duas pessoas absolutamente idênticas tomarem diante de duas situações absolutamente idênticas atitudes diferentes?

Isso equivale a dizer que a mesma pessoa, se ela viver exactamente a mesma situação (se Deus fizer ela voltar no tempo ou se Deus pôr o Universo para funcionar desde o início de novo), tomará atitudes diferentes.

Isso torna nossas acções fruto da aleatoriedade máxima.
Nosso único mérito é o acaso...

Página 99
Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades intelectuais?

"São criados iguais, porém, não sabendo donde vêm, preciso é que o livre-arbítrio siga seu curso.
Eles progridem mais ou menos rapidamente em inteligência como em moralidade."

Os Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem nem por isso são Espíritos perfeitos.

Não têm, é certo, maus pendores, mas precisam adquirir a experiência e os conhecimentos indispensáveis para alcançar a perfeição.

Podemos compará-los a crianças que, seja qual for a bondade de seus instintos naturais, necessitam de se desenvolver e esclarecer e que não passam, sem transição, da infância à madureza.

Simplesmente, assim como há homens que são bons e outros que são maus desde a infância, também há Espíritos que são bons ou maus desde a origem, com a diferença capital de que a criança tem instintos já inteiramente formados, enquanto que o Espírito, ao formar-se, não é nem bom, nem mau;
tem todas as tendências e toma uma ou outra direcção, por efeito do seu livre-arbítrio.


Kardec quer explicar os diferentes caminhos tomados pelos espíritos recorrendo à comparação com o que ocorre com as crianças.

Acontece que as crianças são, de acordo com o kardecismo, diferentes entre si.
A comparação é indevida.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Jan 18, 2014 9:13 pm

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Página 128
Segundo os Espíritos, de todos os mundos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente.
Marte lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a todos os respeitos.

O Sol não seria mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos Espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que eles dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por meio do fluido universal.

Considerado do ponto de vista da sua constituição física, o Sol seria um foco de electricidade.
Todos os sóis como que estariam em situação análoga.


Esse também parece ser um ponto muito errado na revelação kardecista.
Falam inclusive em detalhes, na Revue Spirite, sobre como é a vida dos espíritos nos outros planetas, etc.
(Marte, Vénus, Júpiter).

Tudo aparentemente errado.

Página 132
Não podendo os Espíritos aperfeiçoar-se, a não ser por meio das tribulações da existência corpórea, segue-se que a vida material seja uma espécie de crisol ou de depurador, por onde têm que passar todos os seres do mundo espírita para alcançarem a perfeição?

"Sim, é exactamente isso.

Eles se melhoram nessas provas, evitando o mal e praticando o bem;
porém, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, conforme os esforços que empreguem;
somente após muitas encarnações ou depurações sucessivas, atingem a finalidade para que tendem."


a)É o corpo que influi sobre o Espírito para que este se melhore, ou o Espírito que influi sobre o corpo?
"Teu Espírito é tudo; teu corpo é simples veste que apodrece: eis tudo."

O corpo é necessário, mas o espírito é tudo...
Um tudo que sem o corpo não é nada (não pode se aperfeiçoar).
Estranho...

Página 169
Todos, porém, assim os inferiores como os superiores, não ouvem, nem sentem, senão o que queiram ouvir ou sentir.
Não possuindo órgãos sensitivos, eles podem, livremente, tornar activas ou nulas suas percepções.


Ponto interessante.
Para decidir não ouvir, o espírito tem que saber do que se trata.
E nisso já está ouvindo (especialmente os superiores...).

A meu ver contraditório.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 19, 2014 9:06 pm

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Página 203
Qual a origem das qualidades morais, boas ou más, do homem?

"São as do Espírito nele encarnado.
Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem."


a)Seguir-se-á daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau?

"Sim, mas, diz antes que o homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais demónios."

Novamente a ideia de minimizar a importância do corpo sobre a moral do homem.

Página 207
Que objectivo visa a Providência criando seres desgraçados, como os cretinos e os idiotas?

"Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma punição.
Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados."


a)Não há, pois, fundamento para dizer-se que os órgãos nada influem sobre as faculdades?
"Nunca dissemos que os órgãos não têm influência.
Têm-na muito grande sobre a manifestação das faculdades, mas não são eles a origem destas.

Aqui está a diferença.
Um músico excelente, com um instrumento defeituoso, não dará a ouvir boa música, o que não fará que deixe de ser bom músico."

Importa se distinga o estado normal do estado patológico.
No primeiro, o moral vence os obstáculos que a matéria lhe opõe.

Há, porém, casos em que a matéria oferece tal resistência que as manifestações anímicas ficam obstadas ou desnaturadas, como nos de idiotismo e de loucura.

São casos patológicos e, não gozando nesse estado a alma de toda a sua liberdade, a própria lei humana a isenta da responsabilidade de seus actos.


Acima eles ressaltam a diferença entre os estados normais e patológicos.
A mim isso parece estranho.

O maior problema do dito acima é a estigmatização dos idiotas, que estariam sendo punidos por erros em vidas anteriores.
Me parece uma doutrina temerária.

Página 210
Há um facto de observação, que apoia esta resposta.
Os sonhos, numa criança, não apresentam o carácter dos de um adulto.
Quase sempre pueril é o objecto dos sonhos infantis, o que indica de que natureza são a s preocupações do respectivo Espírito.


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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 19, 2014 9:07 pm

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Kardec, por não conhecer crianças (não tinha filhos), julga que os sonhos delas são pueris, enquanto os sonhos do homem adulto seriam sonhos maduros...

Não há diferença (que eu saiba) entre os sonhos das crianças e dos adultos.
Ambos são igualmente pueris ou não.

Página 272
b) Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto como em tudo;
porém, sabendo que os Espíritos exercem acção sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?

"Mas, evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce acção directa sobre a matéria.
Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos."


Os espíritos actuando sobre a matéria, como uma das potências do mundo físico.

Página 274
"Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material.

Depois, poderão dirigir as do mundo moral.
É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.

Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!"


Esse trecho estende um pouco o trecho mais acima.

Página 289
De que natureza será a missão do conquistador que apenas visa satisfazer à sua ambição e que, para alcançar esse objectivo, não vacila ante nenhuma das calamidades que vai espalhando?

"As mais das vezes não passa de um instrumento de que se serve Deus para cumprimento de seus desígnios, representando essas calamidades um meio de que ele se utiliza para fazer que um povo progrida mais rapidamente."


O invasor de uma nação, que dizima povos, está ajudando na evolução de tais povos! A meu ver, erro.

Página 310
Estando sujeito ao erro, não pode o homem enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que pratica o bem quando em realidade pratica o mal?

"Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem.
Tudo se resume nisso. Não vos enganareis."


Essa é a chamada "Regra de Ouro".
Contudo, até ela possui problemas. Um masoquista vai querer para os outros o sofrimento que o faz feliz.
Nem sempre o que é bom para nós é bom para os outros.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Jan 19, 2014 9:09 pm

Continua...

Página 332
Indo sempre a população na progressão crescente que vemos, chegará tempo em que seja excessiva na Terra?
"Não, Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio.
Ele coisa alguma inútil faz.

O homem, que apenas vê um canto do quadro da Natureza, não pode julgar da harmonia do conjunto."

A meu ver, grave erro.

Página 334
São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução?
"Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral."

Que se deve pensar dos usos, cujo efeito consiste em obstar à reprodução, para satisfação da sensualidade?
"Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material."

Tais "espíritos" (aliás, se manifestando através de moças virgens, ainda solteiras e jovens) parecem pouco saber sobre o quanto o amor sensual é emocionalmente construtivo.
Muito Superiores...

Página 348
Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?

"Para fazê-la progredir mais depressa.
Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento?

Preciso é que se veja o objectivo, para que os resultados possam ser apreciados.
Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais;
daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam.

Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos."
(744)

Evolução Espiritual na Base da Chibata.

Página 351
Que objectivou a Providência, tornando necessária a guerra?
"A liberdade e o progresso."


a) Desde que a guerra deve ter por efeito produzir o advento da liberdade, como pode frequentemente ter por objectivo e resultado a escravização?
"Escravização temporária, para esmagar os povos, a fim de fazê-los progredir mais depressa."

A meu ver, erro gravíssimo dos Espíritos Superiores acima.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 20, 2014 9:23 pm

Continua...

Página 372
O Espiritismo se tornará crença comum, ou ficará sendo partilhado, como crença, apenas por algumas pessoas?

"Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos.


[/i]Estamos esperando por isso ainda...

[preto]Página 373
De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?

"Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses.

Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro.

Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos."


Coitados dos materialistas.
Em todo o caso, por vezes o kardecismo é mais fraterno com os materialistas.
Pessoalmente, tenho grande respeito e admiração mesmo pelo materialismo.
(Apesar de não ser "a minha praia").

Página 388
Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?

"As predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar.

Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-lo à prática de actos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições.
Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir.
Lembrai-vos de que querer é poder."
(361)

Vejam: não há arrastamento irresistível.
Essa é uma questão muito complicada e temerária.

]Página 391
Algumas pessoas só escapam de um perigo mortal para cair em outro.
Parece que não podiam escapar da morte. Não há nisso fatalidade?

"Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é.
Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos."


a)Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos?

"Não, não perecerás e tens disso milhares de exemplos.
Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 20, 2014 9:23 pm

Continua...

Deus sabe de antemão de que género será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência."

A doutrina kardecista está dizendo o seguinte: entre na frente do trem que, se não for tua hora, tu não vai morrer.
Atire na cabeça do teu pai, que, se não for a hora dele, ele não morrerá.
Se ninguém morre na hora errada, então por quê somos criminosos ao matar alguém? Só por causa da intenção?
Mas a intenção por vezes temos até em sonhos, ou em pensamentos.
Será igual o karma de quem mata e o de quem pensou uma vez em matar?

Página 397
Pois que Deus tudo sabe, não ignora se um homem sucumbirá ou não em determinada prova.
Assim sendo, qual a necessidade dessa prova, uma vez que nada acrescentará ao que Deus já sabe a respeito desse homem?

"Isso equivale a perguntar por que não criou Deus o homem perfeito e acabado (119);
por que passa o homem pela infância, antes de chegar à condição de adulto (379).

A prova não tem por fim dar a Deus esclarecimentos sobre o homem, pois que Deus sabe perfeitamente o que ele vale, mas dar ao homem toda a responsabilidade de sua acção, uma vez que tem a liberdade de fazer ou não fazer.

Dotado da faculdade de escolher entre o bem e o mal, a prova tem por efeito pô-lo em luta com as tentações do mal e conferir-lhe todo o mérito da resistência.

Ora, conquanto saiba de antemão se ele se sairá bem ou não, Deus não o pode, em sua justiça, punir, nem recompensar, por um ato ainda não praticado."
(258)

A visão kardecista é de que Deus sabe exactamente tudo que acontecerá connosco, e todas as decisões que tomaremos.

E isso apesar dos seres totalmente idênticos por ele criados (ou seja, nós) tomarem decisões totalmente diferentes diante das mesmíssimas situações...

Página 415
Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?

"Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com a caridade.
Se o fizer, para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade.

Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade.
Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo.

Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante.


Esse trecho acima é para mim...
No caso pró Kardec também, porque ele estava buscando sondar os defeitos alheios.
Tentemos então, eu e Kardec, fazer isso com o máximo de respeito, humildade, e espírito construtivo.

Continua...
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Jan 20, 2014 9:23 pm

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Página 418
Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?

"Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade.
Ah! quão poucos dentre vós fazem esforços!"

Não haverá paixões tão vivas e irresistíveis, que a vontade seja impotente para dominá-las?
"Há muitas pessoas que dizem:
Quero, mas a vontade só lhes está nos lábios.

Querem, porém muito satisfeitas ficam que não seja como ‘querem’.
Quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em consequência da sua inferioridade.

Compreende a sua natureza espiritual aquele que as procura reprimir.
Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a matéria."


Querer é poder...
Acho que o kardecismo estava muitíssimo mais longe de um bom entendimento da psique humana do que estamos actualmente.

Página 439
Donde nasce o desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de certos indivíduos?
"Efeito da ociosidade, da falta de fé e, também, da saciedade.

Que se deve pensar do suicídio que tem como causa o desgosto da vida?
"Insensatos! Porque não trabalhavam? A existência não lhes teria sido tão pesada."

E do suicídio cujo fim é fugir, aquele que o comete, às misérias e às decepções deste mundo?

"Pobres Espíritos, que não têm a coragem de suportar as misérias da existência!
Deus ajuda aos que sofrem e não aos que carecem de energia e de coragem.


"Porque não trabalhavam?".
Esse trecho me lembra até a Maria Antonieta se referindo aos pobres da França:
"Como têm fome? Se falta pão, porque não comem bolo?".
O facto é que quase todos nós temos horror não só ao suicídio como aos suicidas.

Página 442

Comete suicídio o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar o fim, porém a que já não podia resistir, por havê-las o hábito mudado em verdadeiras necessidades físicas?

"É um suicídio moral.
Não percebeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado?
Há nele então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus."

Será condenável uma imprudência que compromete a vida sem necessidade?
"Não há culpabilidade, em não havendo intenção, ou consciência perfeita da prática do mal."


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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 21, 2014 9:19 pm

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Se ao participar de um "racha" (corrida de carro nas ruas da cidade) ilegal você matar alguém, não há culpa.

Nem há culpa no filho bêbado do ministro dos transportes que atropelou e matou, nem talvez aqueles rapazes que atearam fogo ao índio Gaudino.
Nada de culpa.

Página 451
As comunicações espíritas tiveram como resultado mostrar o estado futuro da alma, não mais em teoria, porém na realidade.
Põem-nos diante dos olhos todas as peripécias da vida de além-túmulo.


Atestado da credulidade de Kardec na veracidade incontestável do que lhe era "revelado".

Página 464
Poderão durar eternamente os sofrimentos do Espírito?

"Poderiam, se ele pudesse ser eternamente mau, isto é, se jamais se arrependesse e melhorasse, sofreria eternamente.
Mas, Deus não criou seres tendo por destino permanecerem votados perpetuamente ao mal.


Novamente a mesma questão citada mais acima.
Se de facto há livre arbítrio como defendido por Kardec, então seria de se esperar que alguns espíritos permanecessem muitos biliões de anos nas fieiras do mal.

Página 469
Outra contradição. Pois que Deus tudo sabe, sabia, ao criar uma alma, se esta viria a falir ou não.
Ela, pois, desde a sua formação, foi destinada à desgraça eterna.

Será isto possível, racional?
Com a doutrina das penas relativas, tudo se justifica.
Deus sabia, sem dúvida, que ela faliria, mas lhe deu meios de se instruir pela sua própria experiência, mediante suas próprias faltas.


Como Deus sabia disso se a alma era igualzinha às outras?

Página 477
Assim como a solução dos problemas que nenhuma filosofia pudera ainda resolver.
Apelo para todos os adversários de boa-fé e os adjuro a que digam se se deram ao trabalho de estudar o que criticam.

Porque, em boa lógica, a crítica só tem valor quando o crítico é conhecedor daquilo de que fala.


[/i]Infelizmente Kardec carecia de bons críticos.
Contudo ele também por vezes deixou de ouvir a boas críticas e questionamentos.

Página 484
Longe de se opor à difusão da luz, deseja-a para todo o mundo.
Não reclama crença cega; quer que o homem saiba por que crê.


Melhor seria dizer que "Em nossa Doutrina, o homem crê porque sabe".
Mas, no kardecismo, não se conseguiu ir além do "saber porque se crê"...

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Jan 21, 2014 9:20 pm

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O Que é O Espiritismo. 38.ª Edição, 1997, Rio de Janeiro,
Federação Espírita Brasileira.

Página 17
(Da biografia de allan kardec, de Henri Sausse)

"um dos primeiros resultados das minhas observações foi que os Espíritos, não sendo senão a alma dos homens, não tinham nem a soberana sabedoria, nem a soberana ciência;
Eu, pois, agi com os Espíritos como o teria feito com os homens:
eles foram, para mim, desde o menor até o mais elevado, meios de colher informações e não reveladores predestinados".

Isso é de facto uma característica marcante.
Kardec não se mostrou submisso aos espíritos, não podou seu raciocínio.
Muitas das luzes lógicas do kardecismo se devem a isso.

Página 21
- Lê da terceira à trigésima linha e reconhecerás um grave erro.

É uma pena que Kardec não tenha relatado que erro era esse, e mais, que não tenha exposto todo o texto para que pudéssemos avaliar até que ponto isso foi de facto uma revelação extraordinária ou, ao invés, apenas uma validação subjectiva da parte dele (ele pode ter identificado uma parte nesse trecho que julgou ser o erro que o espírito falava, quando na verdade o espírito teria apenas chutado o palpite).

Página 78
Deixai passar esta geração, levando os prejuízos do seu obstinado amor-próprio, e vereis que se há de dar com o Espiritismo o mesmo que se deu com outras tantas verdades, tão combatidas e de que hoje seria ridículo duvidar.

Estamos esperando...

Página 83
"Se todo efeito tem uma causa, o efeito inteligente tem uma causa inteligente."

Então, Deus foi feito por outro Deus ainda mais poderoso (ou pelo menos tão poderoso quanto).

Página 85
Será por efeito sonambúlico que certo médium desenhou, um dia, em minha casa e na presença de vinte testemunhas, o retrato de uma jovem, morta havia dezoito meses e a quem ele não conhecera, retrato reconhecido pelo próprio pai da jovem, presente à esta sessão?

Isso pode de facto ter sido um facto extraordinário, até mesmo sugestivo de vida pós morte.
Infelizmente, Kardec não relata tais coisas a fundo.

Ele é muito pobre ao fornecer detalhes observacionais.
Talvez o jovem de facto conhecesse a moça.

Será que o jovem e o pai da moça não se conheciam?
Eles eram de facto bem conhecidos de Kardec?

Detalhes importantes que não são passados.

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