LUZ ESPÍRITA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Médiuns, mediunidade e mediunismo

Página 1 de 2 1, 2  Seguinte

Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 22, 2011 9:42 am

Médiuns, mediunidade e mediunismo
Robson Gonçalves

Etimologicamente, a palavra médium significa meio.
Em uma tradução menos literal, instrumento ou veículo.

Em outros termos, a adopção dessa palavra pelo Espiritismo justifica-se em face da constatação, feita desde os tempos do Codificador Allan Kardec, de que as pessoas que nos transmitem as mensagens do plano espiritual são apenas parte de um mecanismo de ligação entre os dois mundos ­ o material e o espiritual.

Nesse sentido, o termo médium encontra-se perfeitamente contextualizado:
numa visão metafórica, sem o instrumento musical, a melodia não pode sair do mundo das ideias do músico em direcção aos ouvidos e à própria sensibilidade artística dos ouvintes.

Ainda assim, como também já foi extensamente discutido desde as primeiras obras da Codificação Espírita, não se deve menosprezar a importância das qualidades morais e psíquicas dos médiuns.

Uma mente povoada pela desordem emocional ou por pensamentos e sentimentos moralmente inferiores, certamente interfere na qualidade das transmissões vindas do plano espiritual assim como um instrumento em estado inadequado ou simplesmente desafinado não pode reproduzir fielmente a melodia que surgiu na mente do compositor.

Em resumo, muito embora seja tão somente um meio, o médium é grandemente responsável pela fidelidade e mesmo pelo nível moral das mensagens que veicula, haja vista que não seria concebível, pela princípio das afinidades, que alguém de baixo padrão moral pudesse ter companhias de carácter angélico em suas actividades mediúnicas.

Até aqui, nosso argumento não acrescenta muito ao que já foi extensamente discutido na literatura espírita.

O papel relativamente passivo do médium, sua responsabilidade e o princípio das afinidades são os elementos centrais do estudo da mediunidade.
Nesse ponto, porém, devemos passar ao tema da pessoa do médium.

Todos aqueles que dispõem de uma percepção um pouco mais aguçada sabem descrever as características básicas da pessoa dos médiuns.

Antes de mais nada, eles têm grande sensibilidade emocional, com muita facilidade para o reconhecimento de sentimentos que encontram-se no íntimo daqueles que os cercam, elevados ou não.

Quando iniciados nos valores do Evangelho e, sobretudo, na Doutrina Espírita, os médiuns revelam grande equilíbrio emocional e senso de oportunidade para expressarem suas opiniões e firmarem suas atitudes.

No mais das vezes, essa sensibilidade se explica pelo facto de que os médiuns reconhecem o atmosfera espiritual em que vive cada um daqueles que o cercam.

Nossa mente, que também participa dos elos de ligação entre o corpo e o espírito, recebe sempre, a cada momento, a influência interna de nosso padrão moral e emocional de pensamentos e, ao mesmo tempo, é continuamente bombardeada pela influência externa das energias espirituais que nos envolvem.

Essa troca constante de emanações compõe o que se poderia chamar de atmosfera espiritual pessoal de cada um de nós.
E o médium possui grande habilidade em percebê-la e interpretá-la.

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 22, 2011 9:43 am

Continua...

Daí se pode afirmar que os bons médiuns são sempre grandes psicólogos amadores ou, ao revés, que os bons psicólogos são sempre grandes médiuns em potencial.

Essa caracterização da figura pessoal do médium traz consigo um resultado de muita importância para nosso argumento.
O médium, muitas vezes, atrai para si a simpatia e a gratidão de quantos podem beneficiar-se de sua actuação.

Sequer é necessário referir-mo-nos aos casos mais dramáticos, como as mensagens veiculadas por médiuns que trazem aos corações aflitos de familiares as palavras dos entes queridos que já retornaram à vida espiritual.

Podemos nos limitar à referência aos médiuns que, nas suas actividades mais corriqueiras do dia-a-dia, cativam os colegas, amigos e vizinhos com sua presença marcante, seus conselhos serenos e sua palavra de conforto, consolação e esclarecimento, por vezes nas conversas mais despretensiosas.

Isso porque, o fenómeno mediúnico não possui somente o carácter ostensivo das sessões espíritas, mas também reveste-se de um aspecto extremamente subtil e dioturno:
o médium dispõe das faculdades mediúnicas continuamente.

Mas um tema que, em geral, gera grande inquietação e que pode tornar-se autêntica pedra de tropeço na actividade mediúnica ­ para usar uma expressão emprestada ao Evangelho ­ refere-se à sobrevalorização da pessoa do médium.

É necessário convir que, como seres humanos que somos, não podemos nos furtar a um sentimento de grande admiração por figuras como Bezerra de Menezes, Waldo Vieira ou Chico Xavier.
O trabalho de cada um deles é imenso, suas virtudes são inspiradoras e seu comportamento ético, um exemplo.

No entanto, não podemos nos esquecer que, dentre tantas qualidades, esses médiuns carregam uma que é absolutamente essencial: a humildade.

Certa vez, Chico Xavier respondeu de forma exemplar à afirmação de uma entrevistadora, vivamente impressionada por sua figura veneranda.

Ela dizia que, diante de todos os seus anos de trabalho em prol dos sofredores ­ dentre as quais a própria entrevistadora se colocava ­ Chico só poderia ter uma ligação directa e muito especial com Jesus.

Diante disso, revestido de uma indignação muito calma e condescendente, o médium respondeu mais ou menos com as seguintes palavras:
- Eu não poderia ter a presunção de ter tal ligação com o Mestre!
Ainda estamos muito distantes d'Ele, embora a sua luz nos alcance todos os dias...

Ainda nos resta muito mais trabalho a fazer para que possamos ter condições de um contacto directo com Jesus.
Eu apenas me esforço para trazer aos sofredores um pouco da consolação que Ele nos oferece a todos, sem distinção...


Ao reproduzir essa resposta do médium, talvez eu mesmo não esteja sendo totalmente fiel à forma, mas o conteúdo é preciso e muito claro.

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 22, 2011 9:45 am

Continua...

É indiscutível o facto de que Chico Xavier representa um exemplo e um verdadeiro arquétipo para o espírita dedicado à Doutrina.

Ele merece reconhecimento e gratidão, não apenas da parte de nossa geração, mas de todas as que vierem no futuro, as quais certamente ouvirão falar dele.

Mas ele se furta a qualquer tipo de idolatria de sua pessoa, e é essa uma grande lição.

O Espiritismo se distingue de praticamente todas as demais práticas religiosas por não aceitar, em absoluto, que nenhuma figura humana seja alvo de culto.
Nesse sentido, o Livro dos Espíritos é muito claro quando reserva a Lei de Adoração tão somente a Deus, nosso criador.

O médium, que carrega o peso de grande responsabilidade, é nosso companheiro de jornada evolutiva, semelhante a seus irmãos em tudo e, portanto, em essência.

Não possui vínculos privilegiados com o mundo espiritual, mas apenas utiliza, de forma mais ou menos responsável e elevada, os dons que desenvolveu em vidas passadas.

O exemplo de Chico encontra, ademais, raízes no ensinamento de outro grande médium, relatado no Novo Testamento.

Em Os Atos dos Apóstolos, como também no livro de Emmanuel, Paulo e Estêvão, encontramos uma narrativa em que alguns gregos da Ásia Menor quiseram adorar a Paulo de Tarso e a Barnabé como os deuses mitológicos Zeus e Mercúrio.

A indignação de ambos não se deve apenas ao facto de tratarem-se de entidades pagãs;
deve-se, igualmente, ao facto de que eles vinham anunciar uma mensagem muito superior a eles mesmos e se consideravam meros emissários de Jesus e de seus ensinamentos renovadores.

Sabemos que a prática da missão mediúnica não é privilégio do Espiritismo.
Muitos dos sacerdotes de outras crenças religiosas, conscientes ou não, são portadores das mensagens do plano espiritual.

É famosa a representação católica do papa Gregório Magno, recebendo ao ouvido o sussurro do Espírito Santo, em forma de pomba branca, a inspirá-lo na criação dos cantos gregorianos.

Como não reconhecer isso como uma representação de autêntica prática mediúnica!
Ocorre que, ao contrário de tantas outras crenças, o Espiritismo não se presta ao culto do médium ou mediunismo.

Por esses termos, queremos designar a colocação da figura do médium acima da mensagem que ele traz, algumas vezes através da prática do acto mediúnico de modo espectacular, como se fora o ponto central da actividade religiosa.

Essas práticas são verdadeiramente anti-evangélicas e não devem ser admitidas com complacência pelos seguidores da autêntica Doutrina Espírita.

O próprio Jesus não aceitou ser chamado de bom mestre, em exemplo indiscutível de humildade em sua missão, a qual não pode ser comparada a de nenhum outro médium na Terra!

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Ago 22, 2011 9:45 am

Continua...

E mesmo a transfiguração no Monte Tabor, com a materialização de figuras espirituais, foi realizada de forma discreta, unicamente na presença de uns poucos discípulos, e não de forma espectacular, em meio à multidão.

Aos que abraçam a Doutrina Espírita e, em especial, àqueles que estão travando seus primeiros contactos com ela, ficam aqui essas observações.

O desenvolvimento de práticas mediúnicas sempre foi um dos pilares de nossa religião.

Ao mesmo tempo, porém, o Espiritismo nem comporta personalismos nem valoriza os fenómenos espíritas mais que os ensinamentos que recebe através deles.

Acreditamos que, em mundos mais elevados que o nosso, o intercâmbio entre os planos espiritual e material é muito mais intenso mas também muito mais subtil e discreto, não permitindo que ninguém se sinta em condições especiais de elevação moral ou intelectual por ser médium.

Em resumo: o Espiritismo tem como essencial os médiuns e a mediunidade, mas não comporta o mediunismo.

(Publicado no Boletim GEAE Número 384 de 15 de fevereiro de 2000)

§.§.§- O-canto-da-ave
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Jesus, O Pai Espiritual da Medicina

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 23, 2011 10:08 am

Entre os gregos, salienta a Dra. Jeanne Pontius Rindge, do "Human Dimension Institute", de Nova Iorque, existia uma divisão crescente entre a mente (nous) e o corpo (physis), notavelmente criticada por Platão, cujas instituições transcendiam os limites sensoriais:
- Se a cabeça e o corpo devem andar bem, deveis começar por curar a alma;
esta é a primeira coisa...

O grande erro da nossa época, no tratamento do corpo humano, é que os médicos separam a alma e o corpo.

Jesus tratou de desarticular essa dicotomia, emprestando novas e magníficas dimensões ao processo de cura.
Sua preocupação pela saúde física e espiritual representou, sem embargo, um ponto de partida revolucionário.

Embora tenha sido chamado de xamã, admite a Dra. Rindge, devido a sua função de mediador entre Deus e os homens, isso não foi, em absoluto, para abrandar os ímpetos de uma divindade vingativa e arbitrária (Agora que eu sou, Eu somente, e mais nenhum Deus além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem possa livrar alguém de minha mão. Deuteronômio, 32-39), mas, antes, para canalizar o amor, como uma energia curativa que emana da fonte de todos os seres, descrita por ele como Pai Amoroso.

O Mestre pregou a necessidade de se efectivar a harmonia do ser com essa fonte de amor, evidenciando, entretanto, que a energia para curar pode ser ministrada através dele próprio e de outrem:
- "O que eu faço - disse ele aos homens de sua época e de todas as épocas – podeis fazer e melhor!".

Os Evangelhos registam 26 curas individuais e 27 em grupo, por Jesus, e 9 curas múltiplas por seus apóstolos.
Os métodos empregados eram, realmente, notáveis.

O toque, as exortações, as preces, a desobsessão, a fé íntima ou da família e dos amigos, o estranhíssimo emprego da saliva misturada à poeira do chão etc.

Em seu livro "Faith Healing and Cristian Faith", o Dr. Wade Boggs afirma que a Medicina negligenciou o extraordinário trabalho de cura levado a efeito por Jesus, em meios, diga-se de passagem, os mais diversos possíveis, e isentos de quaisquer procedimentos antis-sépticos.

"Sem o seu espírito – escreve Dr. Boggs – a Medicina degenera em uma metodologia despersonalizada e o seu código de ética num simples sistema legal.
Jesus induz a correcção do amor, sem a qual a verdadeira cura raramente é possível na realidade.
O pai espiritual da Medicina não foi Hipócrates, da ilha de Cos, porém, Jesus!"


O certo é que, com advento da chamada Idade da Razão e o avanço da ciência, a Medicina ortodoxa, cada vez mais familiarizada com o universo físico, investiu, com ênfase sempre crescente, contra a provável eficácia da magia.

"A medicina empreendeu – esclarece a Dra. Rindge – uma função cuidadosa baseada em factos científicos adequados ao mecanismo Newtoniano, às observações cada vez mais fisicistas, hipóteses agora reivindicadas pelos pensadores evoluídos, como descrições incompletas da Realidade."

Entre esses pensadores evoluídos apontados pela editora da revista "Human Dimensions", permitimo-nos destacar aqueles que, em 1882, iniciaram uma séria e pioneira investigação dos fenómenos paranormais, incluindo a telepatia, a clarividência, o contacto com desencarnados, as curas espirituais, fundando-se, então, a célebre "Society for Psychical Research – SPR".

O trabalho notável desses pesquisadores teria sua continuação, nas primeiras décadas do século XX, pelo Dr. Joseph Banks Rhine e sua esposa Louise, da Universidade de Duke (USA), e por outros actuais destemidos investigadores da fenomenologia supranormal, que ainda abrem caminho, nas florestas densas dos preconceitos e da ortodoxia, para a consolidação, em futuro ignoto, da Medicina Espiritual de que Jesus, de facto e de direito, é o Grande Pai!

Fonte: Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1998

Carlos Bernardo Loureiro

§.§.§- O-canto-da-ave


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:05 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty A Acção da Prece

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 23, 2011 10:08 am

Não resta dúvida de que, como nos ensinou a mediunidade de nosso saudoso Chico, a enxada que não trabalha enferruja.

Não resta dúvida, tampouco, que, em um país como o Brasil, em que a Doutrina Espírita está tão bem divulgada, onde existem tantas Casas Espíritas e tantas obras de caridade, onde há tantos desencantados e doentes do corpo e da alma, não faltam oportunidades de auxílio aos necessitados, encarnados e desencarnados.

Só não se envolve em actividades mediúnicas em nosso país quem não quer, é mal informado ou desconhece o fator mediúnico em nossas vidas, a mediunidade como ela realmente é.

Entretanto, situação bem diversa se dá em certos países ditos “de primeiro mundo”.

Minha experiência em websites espiritualistas estrangeiros deu-me a oportunidade de travar contacto com inúmeros médiuns perturbados habitando em países onde a mediunidade deles é incompreendida e as oportunidades de auxílio que abundam no Brasil simplesmente inexistem.

Em tais países desenvolvidos não existe pobreza material, a religião existente é dogmática e estagnada e ensinamentos esotéricos desencontrados são misturados de modo comercial e confuso, em um quadro de desamparo e desalento para tais médiuns sofredores, isolados em seus conflitos e simplesmente dados como loucos ou perturbados.

Como a Justiça Divina é perfeita, não há como supor que alguém reencarne com mediunidade em tal situação sem ter como utilizá-la com bom proveito.

Desse modo, parece-me evidente que a mediunidade possa ser exercida qualitativamente a contento e em intensidade satisfatória não só em actividades tradicionalmente entendidas como mediúnicas, mas, também e, até mesmo principalmente, nas simples actividades do dia-a-dia.

Logo, um abraço amoroso pode ser uma atividade mediúnica inconsciente.
Por que razão um Espírito bom não aproveitaria tal oportunidade para beneficiar a pessoa abraçada, utilizando-se do agente do abraço como médium?

Uma prece, um pensamento carinhoso, um aperto de mão, um olhar compassivo, são tantas as formas naturais de passe que podemos dar no dia-a-dia, com o concurso de nossos mentores e guias, em um inequívoco uso de nossa mediunidade.

Quando a mãe passa a mão suavemente no cabelo de seu querido filho ou filha, não poderá ela estar usando sua mediunidade e dando um passe, apesar de inconsciente de tal facto?

Não estou sendo meramente teórico em minhas considerações.
Observo e sinto em meu dia-a-dia que estou utilizando minha mediunidade a todo o instante.

Continua...


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:05 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Ago 23, 2011 10:09 am

Continua...

Sim, é verdade, conheço a Doutrina Espírita e isso me permite estar consciente do que faço.

No entanto, que diferença faz?
Um médium inconsciente pode ser muito eficiente como agente de cura em um abraço dado em uma pessoa doente na casa deste último.

Basta, para tanto, que, ao dar esse abraço, ele esteja em sintonia com os bons Espíritos e que encha seu coração de amor pela pessoa a quem abraça.

Concluindo minhas observações, quero dizer que é nessa linha que sempre procurei orientar os médiuns perturbados que escreviam nos websites espiritualistas estrangeiros que frequentava.

Dizia a eles que se esforçassem por ser pessoas melhores, um dia após o outro.
Que aprendessem a olhar para todos à sua volta como irmãos e irmãs.

Que, se lhes fosse difícil perdoar a quem os ofendesse, que, pelo menos, por eles não alimentassem rancor, procurando esquecer as ofensas recebidas;
que orassem por todos à sua volta;
que valorizassem os apertos de mão, os abraços, os olhares, e projectassem amor em tais comportamentos, de outra forma constituídos de simples formalidades sociais.


Dizia, finalmente, que procurassem aquele parente ou conhecido velho e doente e os visitassem, conversassem com ele, lhe trouxessem alento com sua simples presença.

É isso que queria dizer.
Costumo ler muitas vezes orientações de como usar a mediunidade que se aplicam somente no Brasil ou, no máximo, em alguns poucos lugares do planeta.

Gostaria que os irmãos e irmãs explorassem mais outras situações, mesmo porque, nada nos garante que venhamos a ter nossa próxima reencarnação neste querido País.

Que tal, então, começarmos desde agora a praticar?

O Movimento Espírita pode estar muito mais amplo e divulgado no Brasil que em outras partes do mundo, mas a Doutrina Espírita é para toda a humanidade, neste planeta e em outros mais.

É mister, portanto, que saibamos praticar os ensinamentos do Mestre, explicados com tanta clareza pelo Espiritismo, estejamos onde estejamos, quer conheçamos a Codificação de forma explícita, pela sua leitura e estudo na vida actual, quer de forma intuitiva, pelas lembranças de estudos sérios que tenhamos feito nas vidas que passaram.

João Demétrio Loricchio

§.§.§- O-canto-da-ave
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty A Música e a Mediunidade

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 24, 2011 9:17 am

Na Terra a sinfonia é a forma mais alada da música.

Quando ela se une às palavras, assemelha-se à Vitória áptera, que rastejava sem poder levantar voo e planar no alto.

A música, ligada a palavras, perde um pouco de sua atracção e de sua amplitude.

No entanto a melodia nos acalenta, nos deleita, nos encanta;
ela grava em nossa mente motivos que gostamos de repetir e que nos consolam das tristezas de cada dia.

Porém essa música parece bastante pobre se comparada às harmonias do espaço;
para compreendê-las e experimentá-las, é necessário que se possuam sentidos psíquicos bastante desenvolvidos.

Vimos mais de uma vez, nas sessões, lágrimas rolarem sobre a face de alguns médiuns, que percebiam os ecos da sinfonia eterna.

O médium G. Aubert, apesar de ignorante em música, em completo estado de automatismo toca no piano sonatas, árias inéditas e variadas, nas quais reconhecem-se Beethoven, Bach, Chopin, Berlioz, etc.

A maioria dos compositores afirma que ouve nas horas de recolhimento vozes, sons, que não provêm da Terra.

Durante as célebres sessões dirigidas por Jesse Schefard, médium escocês, em todas as grandes capitais e diante de várias cortes soberanas, da mesma forma que nas do dr. San Angelo, em Roma, ouviam-se coros celestes e acordes de numerosos instrumentos invisíveis.

Solos permitiam que se reconhecesse a voz de cantores ou cantoras, já falecidos.

A sra. de Koning-Nierstrass descreve uma de suas sessões nos seguintes termos:
"J. Schefard ficou hospedado em minha casa, em Haye, durante cerca de seis semanas.
Uma noite eu e alguns amigos estávamos reunidos.

Tendo o médium se levantado em meio-transe, pôs-se ao piano.
Rappings (batidas) ressoaram por todos os lados, luzes adejavam no cómodo como borboletas.
De repente vozes de homens e de mulheres encheram o ar.

Era um coro que cantava uma espécie de cântico;
a Hosana e Glória a Deus foram ouvidos por todos nós.

Ora era um coro, ora vozes de mulheres, o soprano dominando todo o canto.
Sentada próxima ao médium, constatei que ele não havia aberto a boca.

Dois dias após, uma de minhas vizinhas me diz:
– Ah! Desfrutei do lindo concerto que houve uma noite em sua casa;
que músicos, e que belo coral fizeram-se ouvir!


"Perguntei-lhe:
"– A senhora ouviu uma voz de cada vez ou um coro?
"– Um coro
– respondeu a senhora
eu distinguia bastante distintamente o soprano.
Quem é que cantava tão maravilhosamente?"


Continua...


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:06 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 24, 2011 9:18 am

Continua...

Esse testemunho espontâneo destruía qualquer hipótese de alucinação.

A respeito da música dos espíritos, lê-se na introdução de Ensinos Espiritualistas, de Stainton Moses, professor na Universidade de Oxford, a descrição de fenómenos obtidos numa sala desprovida de piano, violino ou qualquer outro instrumento.

"Um som se produzia, excessivamente difícil de ser descrito.

Assemelhava-se ao suave som de um clarinete, aumentando de intensidade e novamente diminuindo, descendo à primeira emissão abafada, às vezes também apagando-se em um longo lamento melancólico.

Não tendo jamais ouvido nada que se aproximasse desse som realmente extraordinário, não posso dele dar senão uma descrição bastante insuficiente:
é importante observar que obtemos apenas notas isoladas, e na melhor das hipóteses, cadências isoladas.

Os agentes invisíveis atribuíam esse facto à organização antimusical do médium."

Por outro lado, lê-se em Light, de 30 de abril, os seguintes relatos, que mostram outra modalidade dessas manifestações, obtidas à cabeceira de moribundos e percebidas por outros assistentes.

"Muitos livros foram escritos a respeito das visões dos moribundos e dos acontecimentos extranormais observados no momento da morte.

Dentre os mais interessantes casos, pode-se citar o do pequeno cativo do Templo: Luís XVII.

Beauchesne conta que poucos instantes antes da morte do jovem príncipe perguntaram-lhe se sofria muito.

"Ele respondeu:
"– Sim, sofro, mas não muito; a música é tão linda.

"Fizeram-lhe perguntas a respeito dessa música que ninguém ouvia, porém ele insistia em dizer:
"É linda, eu a ouço! – e admirou-se por ninguém mais a ouvir.

"Há também o caso de Jacob Boehme, cuja partida da Terra foi acompanhada da mais suave harmonia que ele apenas ouviu e proclamou sublime.

Para Goethe, ao contrários, os sons que percebia em seu leito de morte, quando ele exclamava:
“Luz, mais luz ainda!”, foram ouvidos por aqueles que se encontravam perto dele.

"Chegam-nos de toda parta da Inglaterra relatos dessas harmonias do Alto, ouvidas por moribundos e frequentemente por aqueles que os assistem.

"A sra. Leaning nos escreve:
“Quando Lily Sewell morreu, sons harmoniosos foram ouvidos, parecendo provirem de um canto do quarto, e isso durante os dois dias que precederam sua morte.

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 24, 2011 9:19 am

Continua...

A criança não ouvir nada, mas seus pais, sua irmã e a empregada os perceberam, e no terceiro dia, quando a criança morreu, o som tornou-se mais suave, tornou-se semelhante ao de uma harpa eólica, saiu do quarto, passou pela casa e afastou-se gradualmente”


"Um professor de Eton, na Inglaterra, em 1881, em um momento em que se encontrava perto da mãe, ouviu, alguns minutos após a morte desta, uma suave música de três vozes infantis cantando um hino de forma tão penetrante que nenhum ser humano teria podido fazê-lo.

Duas pessoas presentes, e o médico que lá se encontrava, ouviram-na igualmente e abriram uma janela para ver se descobriam de onde provinham aqueles sons maravilhosos.

"O dr. Kenealy conta assim a morte de seu jovem irmão:
“Seu quarto dava para uma grande e bonita vista, cercada por verdes colinas.

Perto de seu leito várias pessoas da família encontravam-se sentadas, assim como também o médico;
era uma voz melancólica e celeste de mulher, cujos tons não podem ser descritos.

Isto durou vários minutos;
em seguida, fundiu-se, como as sinuosidades das ondas sobre a areia, ora ainda ressoando, ora mal murmurando;
em seguida veio o silêncio.

Quando o canto começou, a criança entrou em agonia e no último murmúrio sua alma partiu!”


"Enfim anotamos o caso descrito por H. Rooske, de Guilford:
“Há alguns anos minha irmã e eu tivemos uma experiência que nos serviu de grande conforto na vida.

Nossa mãe encontrava-se perigosamente doente;
o médico e a governanta sabiam que seus sofrimentos chegavam ao fim.

Uma noite em que minha irmã velava por ela com a governanta, ouviu de repente o mais lindo, o mais majestoso dos coros, cantado por vozes tão celestes como ela jamais ouvira.

Virando-se em direcção à governanta, perguntou-lhe:
`A senhora está ouvindo?' `Não estou ouvindo nada', foi a resposta.

Eu havia me deitado em um cómodo contíguo, esgotado pelas longas vigílias e por cruéis inquietações;
os sons celestes despertaram-me de um sono profundo, saltei da cama e corri ao quarto de minha mãe perguntando:
`De onde vem essa música maravilhosa?'

Repentinamente os sons cessaram, e aproximando-nos do leito percebemos que a doce alma havia partido com a divina harmonia.”

Vê-se, através destes factos narrados, e como as lições do Esteta afirmam, que o poder das vibrações sonoras revela-se sob mil formas.

À medida que o homem vai penetrando no conhecimento do universo e de sua estrutura íntima, a lei que o rege, que é a da harmonia musical, aparece-lhe em seu princípio assim como em seus maravilhosos efeitos.

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Ago 24, 2011 9:20 am

Continua...

É através dela que é edificada e perpétuada toda a arquitectura dos mundos, todas as formas da vida universal.
Podemos perceber isto através de uma simples experiência.

Não é curioso, por exemplo, seguir sobre uma placa de vidro ou de metal salpicada de areia, e posta em contacto com um instrumento de corda, as formas geométricas, os delicados e complicados desenhos que resultam de cada nota e de cada acorde?

No estudo da arte não nos devemos deixar desgostar por causa de uma aridez aparente e superficial.
O exame atento, a firme análise de todo tema estético, revela-nos atractivos insuspeitáveis e contribui para nossa iniciação à lei geral do belo.

Pode-se comparar esse exercício mental à escalada de uma montanha de aspecto rude e íngreme, mas onde cada sinuosidade de terreno contém maravilhas ocultas e de cujo altaneiro cume descobrimos o conjunto harmónico das coisas que se descortinam ao nosso olhar.

Todo homem pode e deve interessar-se por essa questão, pois ela reserva alegrias intelectuais bastante superiores a tudo o que os falsos prazeres lhe dão.

O mais humilde operário possui em seu pensamento uma possível via em direcção à compreensão do belo, e lá encontrará recursos sempre novos para o aperfeiçoamento de sua própria obra.

A arte da profissão é uma preparação para uma arte superior.
Cada um trabalha um tipo particular de beleza, porém dentro de sua finalidade de ascensão todas as almas desabrocham numa radiosa concepção da universal e eterna beleza.

A dissociação da matéria, o jogo das forças intra-atôómicas fazem nasceu uma nova ciência que se desenvolvendo abre para o espírito humano mais amplas perspectivas sobre a obra do cosmo.

Reconhecer-se-á em breve o misterioso laço que une o pensamento, a vontade, à vibração, e que faz desta o agente daquelas a fim de se constituírem as formas inumeráveis que povoam a imensidão.

Em resumo, o som, o ritmo e a harmonia são forças criadoras.
Se pudéssemos calcular o poder das vibrações sonoras, medir sua acção sobre a matéria fluídica, seu modo de agrupar os turbilhões de átomos, penetraríamos em um dos segredos da energia espiritual.

No entanto, ao menos é preciso que observemos, na experiência que acabamos de citar, as figuras geométricas traçadas pela voz humana ou pelo arco de um violino sobre a placa de vidro encoberta por areia fina, para compreendermos, por comparação, como o pensamento divino, que é a vibração mestra e a suprema harmonia, pode agir sobre todos os planos da substância e construir as colossais formas das nebulosas, dos sóis, das esferas, e fixar-lhes a trajectória através dos espaços.

O espectáculo da vida universal mostra-nos por toda parte o esforço da inteligência para conquistar e realizar o belo.

Do fundo do abismo da vida o ser aspira e sobe em direcção ao infinito das concepções estéticas, à ciência divina, à perfeição eterna, onde reina a beleza perfeita.

O esplendor do universo revela a inteligência divina, assim como a beleza das obras de arte terrestres revela a inteligência humana!

Leon Denis

§.§.§- O-canto-da-ave
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty A Saúde Pode Ser Afectada pela Obsessão?

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 25, 2011 9:54 am

Uma interessante matéria publicada por Allan Kardec na Revista Espírita (1) utiliza a expressão loucura obsessional.

O texto, que recomendamos aos leitores, é um estudo sobre os Possessos de Morzine, uma localidade em determinada região francesa, alvo de carta endereçada ao Codificador pelo capitão B. (membro da Sociedade Espírita de Paris e naquele momento radicado na cidade de Anecy).

Allan Kardec publicou a carta na edição de abril (2), seguida de instruções dos espíritos Georges e Erasto e ainda acrescentou lúcido comentário sobre a questão.

Depois na edição de Dezembro (3) voltou ao assunto, desdobrando-o em bem argumentada análise.

Trata-se de uma obsessão colectiva que atingiu toda uma colectividade e Kardec usa nas duas edições referidas toda a lógica da Doutrina Espírita para explicar a questão da natureza dos espíritos e sua permanente influência junto à humanidade através do perispírito e da mediunidade.

Porém, abre importante caminho no entendimento da enfermidade classificada como loucura e acrescenta que “(...) Ao lado de todas as variedades de loucura patológica, convém, pois, acrescentar a loucura obsessional (...)”

E acrescenta:
“Mas como poderá um médico materialista estabelecer essa diferença ou, mesmo admiti-la? (...)” (1).

A questão suscita observações interessantes sobre a saúde mental.

Ocorre que é grande o número de pessoas consideradas como lesionadas no cérebro e portanto internadas em hospitais psiquiátricos ou em tratamento mental ou psicológico, quando na verdade estão apenas sob forte influência de espíritos que agem ainda com ódio premeditado ou mesmo actuam inconscientemente.

Claro que há, e isto ninguém contesta, os que podem ser considerados vítimas de lesões cerebrais irreversíveis com indicações claras de tratamentos ou internações inadiáveis.

Mas, a influência perniciosa de um espírito desequilibrado e “que não passou de acidental, por vezes toma um carácter de permanência quando o Espírito é mau, porque para ele o indivíduo se torna verdadeira vítima, à qual ele pode dar a aparência de verdadeira loucura.

Dizemos aparência, porque a loucura propriamente dita sempre resulta de uma alteração dos órgãos cerebrais (...)

Não há, pois, loucura real, mas aparente, contra a qual os remédios da terapêutica são inoperantes, como o prova a experiência (...)”
(1), conforme acentua o Codificador.

Como sabem os estudiosos da Doutrina Espírita, a obsessão é capítulo importante no relacionamento entre encarnados e desencarnados, tendo inclusive merecido capítulo específico em O Livro dos Médiuns (4) e como destacado pelo próprio Codificador o desafio está em enfrentar esta loucura aparente – pois não há lesões cerebrais –, causada pela presença e influência de espíritos maus e perversos, que constrange e/ou paralisa a vontade e a razão de sua vítima, fazendo-a pensar, falar e agir por ele, levando-a a actos e posturas extravagantes ou ridículas.

Continua...


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:06 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Ago 25, 2011 9:54 am

Continua...

Considere-se que estamos num planeta ainda dominado pelo egoísmo, onde a maioria das criaturas que o habitam – estejam encarnados ou desencarnados – estão envolvidas com interesses mesquinhos e sem finalidades educativas ou de aperfeiçoamento.

E fica fácil, então, imaginar o mundo invisível formando inumerável população que forma a atmosfera moral do planeta, caracterizado pela inferioridade das lutas mundanas e dos interesses que o egoísmo, a vaidade, o orgulho ou a inveja podem criar.

Para resistir a tudo isso, usando palavras do próprio Kardec, “são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor”. (5)

E é interessante notar que, conforme ponderações do próprio Kardec (6), “(...) a ignorância, a fraqueza das faculdades, a falta de cultura intelectual” oferecem mais condições de assédio aos espíritos imperfeitos que tentam e muitas vezes conseguem dominar as criaturas humanas através do real fenómeno da obsessão, tantas vezes confundido como loucura ou lesões no cérebro.

Diante desse quadro todo, percebe-se claramente a importância do estudo e da divulgação espírita perante todas as classes de indivíduos do planeta.

Nesta área da saúde, o Espiritismo vem esclarecer a obscura questão das doenças mentais, apresentando uma causa que não era considerada e constitui perigo real evidente, provado pela experiência e pela observação:
o da obsessão ou influência dos espíritos sobre os seres humanos.

(1) Dezembro de 1862, páginas 360, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(2) Abril de 1862, páginas 107/108, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(3) Dezembro de 1862, páginas 360 a 365, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

(4) Capítulo XXIII.
(5) página 356 da edição de Dezembro de 1862 da Revista Espírita, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.
(6) Abril de 1862 da Revista Espírita, página 111, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

Matéria publicada originariamente no jornal O CLARIM, edição de Dezembro de 2004.

Orson Carrara

§.§.§- O-canto-da-ave
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Alicerces da Obsessão

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 26, 2011 9:41 am

Imagine alguém que queira impor sua maneira de ser ou viver a determinada pessoa de seu relacionamento.

Usando pressão psicológica, emocional ou constrangendo outro alguém a agir e pensar pela “sua cabeça”, passa a determinar comportamentos, a tentar dominar a vontade, infelicitando o relacionamento.

Pois bem, isto é obsessão, que significa uma importunação constante, ideia fixa sugerida e aceita, pressão constrangedora de uma sobre outra pessoa.
Ocorre entre os seres humanos, normalmente em conflitos de quem deve e quem quer receber.

E isto não é exclusivo a dívidas monetárias e pode ocorrer também por implicância pessoal ou egoísmo, ciúme, orgulho, vingança e muitas vezes sem que a vítima deva mesmo algo ao seu algoz.

Sendo fruto dos relacionamentos marcados pela imaturidade ou por reflexos das causas citadas na última frase do parágrafo anterior, a obsessão também ocorre vinda dos espíritos (seres que já deixaram o planeta pelo chamado fenómeno da morte biológica), que continuam a viver com suas conquistas morais e intelectuais, mas também com suas angústias e sentimentos menos dignos, a serem futuramente extirpados.

Como também ocorre entre eles, mas este é assunto para outro dia.

Seja por vingança, sintonia moral não elevada ou mero capricho advindo do egoísmo e da inveja, a obsessão instala-se na mente humana por invigilância desta.

É a única visita ou companhia indesejável que só mantemos connosco por nossa única e exclusiva permissão.

Abrimos-lhes as portas mentais pelo desânimo, o medo, a vingança, o ciúme ou a inveja (notem que são os mesmos sentimentos alimentados pela vítima), mantemos sua companhia pela permanência na mesma postura e despedimo-la quando resolvemos por mudar o comportamento para a rectidão moral.

Toda a estrutura da obsessão está baseada na sintonia mental.
Pensando e agindo no bem estaremos protegidos e imunes à sua influência.

Para isso basta pensar que somos criaturas livres e responsáveis e não devemos nos permitir constrangimentos por quem quer que seja, sejam seres humanos ou espíritos.

E isto pede condutas que não gerem arrependimentos, remorsos ou dívidas morais.
Portanto, é mera questão de rectidão moral.

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec desenvolve capítulo específico sobre o assunto.

Breve estudo ao referido livro trará muitas informações ao leitor interessado.

Orson Carrara

§.§.§- O-canto-da-ave


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:07 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Armadilhas e Tácticas Obsessivas

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 26, 2011 9:42 am

Na apresentação do desconhecido e formidável livro Viagem Espírita em 1862, seu tradutor Wallace Leal V. Rodrigues escreveu:
"(...) Noite! 19 de setembro de 1860.

Kardec é recebido no Espírita'>Centro Espírita de Broteaux, o único existente em Lyon.
À porta esperam-no Dijou, operário, chefe de oficinas, e sua esposa.
Este é, na História, o primeiro encontro de dirigentes espíritas.

Dijou encontra-se à testa do grupo lionês, Kardec desempenha as funções maiores na "Societé" parisiense.
A mão do emérito pensador aperta vigorosamente os dedos calosos e ásperos do companheiro, a quem chama "irmão".

No olhar grave que trocam vê-se que mutuamente se entendem:
embora em planos diferentes, suas responsabilidades se equivalem (...)".

Há que se destacar, antes de mais nada, que referido livro é de autoria de Allan Kardec e foi traduzido por Wallace directamente do original francês.

Trata-se de relato da viagem realizada pelo Codificador no ano de 1862, que o levou a mais de vinte cidades diferentes, nas quais presidiu aproximadamente cinquenta reuniões, atendendo convite subscrito por quinhentas assinaturas, efectuado pelo grupo de Lyon.

E no decorrer de seis semanas daquele ano, vencendo frio, neve e chuva, o Codificador Allan Kardec se locomoveu pela província francesa com a finalidade de divulgar a Doutrina Espírita e esclarecer inúmeras dúvidas e questões que os grupos apresentavam.

Pela sua Revista Espírita, Kardec escreveu suas impressões sobre a viagem que se tornou realidade dois anos após aquele admirável encontro de entusiasmo entre os dois dirigentes, conforme acima descrito.

Mas o facto é que, na admirável obra dedicada aos grupos espíritas – e diga-se de passagem, de grande utilidade nos dias actuais –, temos valiosas instruções sobre a formação e manutenção das sociedades espíritas, onde o espírita Allan Kardec se revela com todo seu esplendor pelas noções de verdadeiro comportamento cristão na análise de cruciais questões do relacionamento entre os próprios adeptos.

Toda sua inteligência, prudência e bom senso demonstrados vivamente na análise e conceitos pessoais sobre o homem e a sociedade, seus prognósticos quanto ao Espiritismo no futuro, suas dores, alegrias e esperanças.

O livro divide-se em cinco capítulos:
os três primeiros reproduzindo discursos pronunciados pelo Codificador nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux, com valiosas considerações sobre os espíritas, as actividades dos grupos e análises de importantes temas que envolvem os adeptos;

o seguinte se compõe de instruções particulares dadas aos grupos em resposta a diversas questões propostas e o último deles reproduz um Projecto de Regulamento para o uso de grupos e pequenas Sociedades Espíritas.

Continua...


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:07 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 26, 2011 9:42 am

Continua...

Sobre as questões apresentadas e respondidas pelo Codificador estão:
sobre o uso de senha pelos espíritas;

porque a doutrina tem inimigos?;
ataques dos adversários;
formação de grupos e sociedades, entre outras questões.

Isto sem falar na utilidade do Projecto apresentado no último capítulo.

Porém, apresentemos o objectivo da presente matéria.

O Presidente da FEP – Federação Espírita do Paraná –, Maurício Silva, coordenando um seminário com o título Armadilhas e Táticas Obsessivas (com o objectivo de reflexão sobre os cuidados que deve ter o trabalhador espírita para não se deixar cair nas ciladas preparadas pelos espíritos contrários ao bem), citou vários alertas dos Benfeitores Espirituais e do próprio Codificador quanto à grave questão.

E entre tais alertas, em recente edição do jornal Mundo Espírita (editado pela mesma FEP), destacou O Livro dos Médiuns (em seu item 340, que deixo de reproduzir mas solicito ao leitor pesquisar, pela importância do assunto) e trecho do livro que ora estamos citando, o "Voyage Spirite en 1862" (do original francês), onde o Codificador escreveu na página 111 (da 2ª edição em língua portuguesa) e 86 (da 3ª edição em língua portuguesa, agora em nova edição e nova capa) a seguinte advertência:
"(...) os adversários tem outra táctica para alcançar seus fins:
consiste em procurar semear a desunião entre os adeptos, atiçando o fogo de pequenas paixões, de ciúmes e rancores, fazendo nascer os cismas, suscitando causas de antagonismos e de rivalidade entre os grupos
(...)".

Ora, pois somente este último trecho já nos indica os cuidados para o intercâmbio entre os espíritas.

O primeiro encontro de dirigentes espíritas, como acima destacado, marcou o início de realizações fecundas no campo do estudo, da divulgação, e demais actividades inspiradas pela Doutrina Espírita, onde mãos operosas se unem para objectivos comuns, através do tempo e da história espírita no Brasil e no mundo, procurando vencer as diferenças individuais para que o objectivo maior se sobreponha às questiúnculas pessoais, muitas vezes inspiradas por feroz egoísmo, fruto do orgulho que produz feridas e divisões lamentáveis.

Muitas vezes vivemos tais situações, deixando-nos dominar por sugestões infelizes que dividem, desunem, emperram o progresso do movimento e com diz o Codificador, atiçando fogo de pequenas paixões, de ciúmes e rancores, que fazem nascer os cismas e suscitando causas de antagonismos e de rivalidade entre os grupos.

É táctica inteligente dos inimigos do bem que, conhecendo as fraquezas humanas, usam-nas como instrumentos de perturbação e retardamento do progresso que se espera alcançar.

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Ago 26, 2011 9:43 am

Continua...

No livro O Evangelho de Chico Xavier, Carlos Bacelli destaca opinião do médium:
"(...) há que se notar que a Doutrina Espírita é essencialmente democrática e que as lutas – dentro da própria Doutrina, entre seus profitentes – são intensas, porque temos opiniões muito livres e estamos desalgemados de quaisquer dogmas, não temos caminhos traçados para nossas personalidades ou grupos que nos caracterizem as actividades na fé que o Espiritismo insufla em nosso espírito. (...)"

Por esta simples razão, como espíritas conscientes, cabe-nos o uso do bom senso, da razão, e principalmente do amor, como recomenda a Doutrina.

Vençamos tantas causas de antagonismos.

Eles, os antagonismos, são os instrumentos usados pelos espíritos contrários ao bem para impedir ou retardar o progresso que os grupos espíritas podem realizar em favor da sociedade, como um todo, ou em favor de cada criatura humana.

O ideal espírita deve pairar acima dos enfoques individuais.
A causa espírita há que nos inspirar para o trabalho solidário da fraternidade, ideal que deve nortear nossos caminhos.
Com ênfase, pois, recomendamos também o estudo da obra em referência nesta matéria.

Notas do autor:
a) O livro Viagem Espírita em 1862 é edição da Casa Editora O Clarim, editado desde 1968, com tradução de Wallace Leal V. Rodrigues;
b) A Revista Espírita é publicação fundada por Allan Kardec em 1858 e que ainda circula na França;
c) O item 340 de O Livro dos Médiuns é da edição do IDE, de Araras-SP;
d) Todos os destaques do artigo são de nossa autoria.

Orson Carrara

§.§.§- O-canto-da-ave
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Auxílio do Senhor

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 27, 2011 8:05 am

Na assembleia dedicada a estudos evangélicos, a parábola do bom samaritano fora a tema essencial.
Os companheiros, porém, traziam indagações variadas, em torno do desenvolvimento mediúnico.

Alguns se iniciaram nas experiências psíquicas, ignorando em que província de trabalho lhes competia mais dilatada fixação, ao passo que outros se queixavam do tempo despendido, nesse ou naquele sector, sem resultados práticos.

Asserenado o ambiente, inçado de interpelações, o irmão Calimério, amigo desencarnado extremamente afeiçoado ao círculo, controlou as faculdades psicofónicas de Dona Amanda, médium veterana da casa, e saudou os circunstantes, dispondo-se a conversar.

E as interrogações chegaram de improviso:
- Irmão Calimério, que será preciso para merecer mais ampla cobertura da Espiritualidade Superior nas tarefas medianímicas?
- De que maneira recolher patrocínio seguro em clarividência?

- Irmão, sei que devemos estudar sempre, se quisermos discernir;
entretanto, qual será o processo de granjear o concurso de mentores competentes no campo da intuição?

- E na mediunidade curativa?
- Calimério, como receber a protecção dos Missionários do Bem, que nos libertem da influência do mal?
- Irmão, há muito tempo enseio em efeitos físicos, sem frutos apreciáveis...
Que me cabe fazer para angariar mais decisivo ampara do Alto?


O comunicante, em tom despretensioso, falou sem afectação:
- Meus amigos, estou muito distante da posição de orientador;
no entanto, rogo perdido a Nosso Senhor Jesus Cristo se vou utilizar a parábola desta noite, no esclarecimento do assunto.

E, diante dos companheiros atentos, expressou-se com humildade:
- Segundo aprendi, o homem que descia de Jerusalém para Jericó, no episódio do bom samaritano, ao cair em poder dos ladrões, que o deixaram semimorto, apelou, em prece muda, para a bondade de Deus.

Compadecido, o Todo-misericordioso expediu, sem detença, um mensageiro, que naturalmente carecia de instrumento humano a fim de expressar-se.
O preposto da Providência colocou-se ao lado da vítima, aguardando, ansiosamente, a chegada de alguém que se dispusesse a colaborar com ele no piedoso mister.

Justamente um sacerdote de grande ciência nas Escrituras, educado nos princípios do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a sí mesmo, foi o primeiro a aproximar-se...

O encarregado da bênção tentou induzí-lo à benevolência;
todavia, o titular da Fé, receando atrapalhações, tratou de estugar o passo e seguiu adiante.

Logo em seguida, um levita, igualmente culto, apareceu no sítio e o benfeitor das Alturas rogou-lhe cooperação, debalde, porque o zelador da Lei, temendo complicar-se, negou-se a considerar o pedido mental, afastando-se, rápido.

Mas um samaritano desconhecido, que viajava sem qualquer rótulo que lhe honorificasse a presença, ao passar por ali assinalou no coração a rogativa que o Emissário Divino lhe endereçava e, deixando-se tomar por súbita compaixão, passou junto dele ao trabalho da assistência imediata.

Limpou o infeliz, estancou-lhe o sangue das feridas e, logo após, acomodando-o no cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele.

No dia seguinte, desembolsou o dinheiro necessário, pagou-lhe a estalagem e, antes de partir, responsabilizou-se, de modo espontâneo, por todas as despesas que viessem a ocorrer no tratamento exigido, correspondendo, eficientemente, à expectativa do enviado que viera praticar a beneficência em nome de Deus...

Calimério pausou, tranquilo, e perguntou:
- Qual dos três parece a vocês o mais digno de atenção no Plano Espiritual?

António Pires, o mais amadurecido da reunião, com ar de aluno que já chegara ao objectivo do ensinamento, replicou por todos:
- Decerto que é o samaritano, obediente ao convite da caridade.

O comunicante sorriu com brandura e encerrou:
- Então, meus amigos, façamos nós o mesmo.

Irmão X

§.§.§- O-canto-da-ave


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:04 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Chico Xavier: Psicografia de 1927 a 1931

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 27, 2011 8:05 am

De quando a quando líamos aqui e ali, anotações de escritores e jornalistas desfavoráveis ao Espiritismo, apresentando o médium Francisco Cândido Xavier à feição de pastichador, simplesmente porque a imprensa do Brasil e de Portugal lhe lançara o nome – F. Xavier – ao mundo das letras, em algumas páginas de prosa e poesia, entre 1929 e 1931, quando o médium de Emmanuel mal chegara aos vinte anos de idade.

Se Chico Xavier, desde a publicação de “Parnaso de Além-Túmulo”, em 1932, nunca mais compareceu nos jornais e revistas, na condição de autor de qualquer trabalho literário, por que não investigavam a razão desse procedimento diferente?

Entendendo-se que a produção extensa e preciosa que lhe assinala a bagagem mediúnica perdura, ininterrupta, no largo tempo de sete lustros consecutivos, não seria justo considerar as páginas de sua primeira juventude como ensaios dos próprios poetas desencarnados a lhe exercitarem as faculdades, através da inspiração?

Por que as diatribes dos inimigos do Espiritismo contra o médium, nesse sentido, se trinta e cinco anos de acção mediúnica, segura e constructiva, pesam sobre apenas dois anos de experimentos?


Tais perguntas vagavam em nossa mente, quando “Reformador” de Julho findo(*) nos ofereceu o notável artigo do – Professor Ismael Gomes Braga “Chico Xavier em 40 anos” – explicando como se verificou a publicação das páginas primitivas da psicografia de Chico Xavier.

Entusiasmados com os esclarecimentos trazidos à luz honrando-nos hoje com a amizade e confiança do médium que reside, ao nosso lado, em Uberaba, e de cujas faculdades mediúnicas temos provas exuberantes, resolvemos ouvi-lo sobre aquele recuado período de suas actividades.

De nossa conversação, que clareia ainda mais os informes do nosso caro Professor Ismael Gomes Braga, surgiu a presente entrevista que tomamos a liberdade de oferecer aos leitores amigos e confrades espíritas, isso com vistas não só a observações valiosas do presente, como também aos estudos que o futuro nos exija realizar, em torno do trabalho genuíno de nossos instrutores espirituais, através das obras medianímicas de nosso companheiro. (...).

Passemos, pois, ao nosso inquérito afectivo, cujas respostas recolhemos corretamente, atentos que estamos ao seu alto valor.

- Chico, estimaríamos ouvir Você com respeito às informações prestadas pelo nosso caro professor Ismael Gomes Braga, em artigo lançado pelo “Reformador” de Julho último.

É verdade que Você, a princípio, em seus trabalhos psicográficos, recebeu muitas páginas mediúnicas, sem assinatura dos Espíritos que as elaboravam?


Sim. O nosso querido confrade Ismael Gomes Braga está muito bem informado.

Tivemos nós ambos muitos contactos pessoais, quando me achava ainda em Pedro Leopoldo, e tive oportunidade de narrar a ele muitos factos curiosos do tempo em que me via com a mediunidade começante sob os princípios espíritas cristãos.

Continua...


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:03 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 27, 2011 8:06 am

Continua...

- Poderá dizer-nos como acontecia a recepção dessas páginas?

A pergunta me obriga a recordar os meus tempos de escola primária.
Desde muito cedo, na actual reencarnação, achei-me diante dos amigos desencarnados.

Muitas vezes em aula, quando criança, ouvia vozes dos Espíritos ou sentia mãos que eu sentia vivas, guiando meus movimentos na escrita, sem que os outros vissem.

Isso me criava muitos constrangimentos.
Lembrarei um episódio curioso.

Em 1922, eu contava doze anos de idade e frequentava o quarto ano do Grupo Escolar São José, em Pedro Leopoldo.
Era o ano de muitas comemorações do primeiro centenário da independência do nosso País.

O Governo do Estado de Minas Gerais instituiu prémios para os alunos de todas as classes de quarto ano das escolas primárias, que apresentassem as melhores páginas sobre a História do Brasil.

Era um concurso a que todos nós, as crianças de quarto ano, em Minas, devíamos comparecer.

Nossa professora, D. Rosária Laranjeira, abnegada educadora mineira, profundamente respeitada nos círculos do magistério em nosso Estado, desencarnada, há alguns anos, em Belo Horizonte, e que leccionava, nesse tempo, em Pedro Leopoldo, marcou data para a referida prova.

Abertos os trabalhos no dia indicado, quando começávamos os preparativos para a escrita, vi um homem, ao meu lado, ditando como eu deveria escrever.

Assustei-me, pois perguntei ao meu companheiro de banco, Alencar de Assis, se ele estava vendo essa pessoa, e ele me disse não ver ninguém, acrescentando que eu estava com medo da prova que era preciso sossegar-me.

O homem, contudo, disse-me o primeiro trecho que eu deveria escrever.
Tendo ouvido claramente, pedi licença para levantar-me e fui ao estrado no qual a professora estava sentada.

Então, disse a ela, em voz baixa:
“Dona Rosária, perto de mim, na carteira, eu vejo um homem ditando o que devo escrever”.

Apesar de ser ainda muito jovem, naquele tempo, era ela uma criatura de imensa bondade e de profunda compreensão, sempre me ouvindo com grande paciência.

Depois de escutar-me, perguntou igualmente, em voz baixa:
“Que é que esse homem está mandando você escrever?”

Eu repeti o que ouvira do Espírito, explicando:
“Ele me disse que eu devo começar a prova, contando assim:
“O Brasil, descoberto por Pedro Álvares Cabral, pode ser comparado ao mais precioso diamante do mundo que logo passou a ser engastado na Coroa Portuguesa...”

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 27, 2011 8:06 am

Continua...

Ela mostrou admiração no semblante, mas me falou em voz mais baixa ainda:
“Volte, meu filho, para sua carteira e escreva a sua prova.
A sala está repleta de pessoas que nos observam e agora não é o momento de você ver pessoas que ninguém vê.

Não acredite que esteja escutando estranhos.
Você está ouvindo a você mesmo.
Dê atenção ao seu pensamento.
Cuide de sua obrigação e não fale mais nisso.”


Voltei e escrevi o que o Espírito ditava, porque ou eu escrevia ou desobedeceria a ela, a quem respeitava e amava muito.
Nossas provas foram reunidas às outras de todo o Estado, na Secretaria da Educação, em Belo Horizonte.

Passados alguns dias, o nosso Grupo em Pedro Leopoldo recebeu a notícia de que as autoridades na Capital mineira me haviam distinguido entre os alunos classificados com Menção Honrosa, o que era demais para mim.

Dona Rosária Laranjeira ficou muito satisfeita, mas, de minha parte, sabia que as páginas não eram minhas.
Amigos de Pedro Leopoldo tomaram conhecimento do assunto e houve quem dissesse que eu havia copiado o trabalho de algum livro de História.

Dona Rosária acreditava em minha sinceridade, mas a nossa turma no Grupo ficou dividida.
Alguns colegas admitiam que eu falava a verdade, outros me consideravam mentiroso.

Muito me desgostavam as acusações que passei a sofrer na vida escolar, até que, um dia, em aula, um colega afirmou que eu vira um homem do outro mundo, ditando a prova pela qual fora premiado, era natural que eu visse esse homem, outra vez, ali mesmo e naquela hora, ao lado de todos, para escrever sobre algum assunto que a própria classe viesse a apresentar.

Nesse justo instante, tornei a ver o homem que os outros não viam e comuniquei à professora que ele me dizia estar pronto para escrever.

Dona Rosária Laranjeira hesitou em aceitar o oferecimento;
entretanto, os meus colegas pediram em voz alta para que eu atendesse.

A professora, então, me permitiu ir ao quadro-negro, a fim de escrever à vista de todos.
“Qual é o tema para o Chico?” – perguntou um dos meninos.

Uma nossa colega, de nome Ocarlina Leroy, lembrou:
“Gostaria que o tema fosse areia, porque tenho carregado muita areia para auxiliar uma pequena construção de meu pai.”

Todos os meninos presentes riram-se da lembrança e acharam que areia era uma coisa desprezível.
Alguns fizeram piadas, mas o pedido de Ocarlina foi sustentado.

Eu devia escrever uma composição usando giz no quadro-negro, sobre areia.
Lembro-me de que o Espírito amigo, ali, ao meu lado, começou ditando:
“Meus filhos, ninguém escarneça da criação.
O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina reflectindo o sol de Deus...”


Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 27, 2011 8:07 am

Continua...

A composição foi escrita com muitas ideias que eu seria incapaz de conceber nos meus doze anos de idade.
Os meninos ficaram em silêncio, por alguns instantes, e quando voltaram a conversar, a nossa professora determinou o encerramento do assunto.

Daí em diante, Dona Rosária proibiu qualquer comentário na classe sobre pessoas invisíveis.
Nem eu podia dar notícias de coisas estranhas que eu visse e nem os meus colegas deveriam perguntar-me qualquer coisa fora de nossos estudos.

Como é fácil de verificar, desde a infância estou no meio de quem acredita e de quem não acredita no Mundo Espiritual, e as mensagens do Mundo Espiritual vão surgindo comigo, dando-me, cada vez mais, o conforto da fé na vida além da morte...

- Dona Rosária Laranjeira, a professora, não procurou ouvir Você, em particular, sobre as suas observações na classe?

Sim, ela me ouvia sempre com muita bondade, mas orientou meu coração para atitude religiosa, dizendo que eu precisava de muita confiança em Deus para viver.
Muitas vezes, ela conversou a meu respeito com o padre Sebastião Scarzelli, que me confessava frequentemente, pedindo a ele para me ajudar.

- Dona Rosária era católica?

Era católica fervorosa.

- Como dirigia Você para a atitude religiosa?

Dava-me escritos católicos para ler, infundia-me profundo respeito aos ofícios da religião, arguia-me sobre o catecismo e me ensinava a orar.
Um dia perguntei a ela:
“Dona Rosária, para quem devo rezar mais?
Para Jesus ou para Nossa Senhora?”


Ela se compadeceu de minha confiança infantil e me respondeu:
- “Chico, nós todos precisamos rogar a protecção de Jesus, mas você ficou sem mãe muito cedo.
Reze todas as noites, pedindo a Nossa Mãe Santíssima para que te guarde e te proteja.”

- Dona Rosária Laranjeira teve muita influência em sua infância?

Muita. Ela era imensamente generosa.
Um dia propôs a meu pai levar-me com ela para Belo Horizonte, onde se encarregaria de minha educação, mas meu pai não pôde consentir, porque eu já trabalhava na Fábrica de Tecidos, em Pedro Leopoldo.

- Quer dizer que quando Você começou a receber páginas mediúnicas sem assinatura, entre 1927 a 1931, já estava familiarizado com dúvidas e discussões?

Sim.

- Como é que muitas dessas produções foram parar na imprensa não espírita?

Meu irmão José Cândido Xavier e alguns amigos de Pedro Leopoldo, como, por exemplo, Ataliba Ribeiro Vianna, achavam que as páginas deviam ser publicadas com meu nome, já que não traziam assinatura, e essas publicações começaram no jornal espírita “Aurora”, do Rio de Janeiro, que era dirigido, nessa época, pelo nosso confrade Inácio Bittencourt, a quem Ataliba escreveu perguntando se havia algum inconveniente em lançar as citadas páginas com meu nome.

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 27, 2011 8:07 am

Continua...

Inácio Bittencourt respondeu que não via inconveniente algum, desde que as produções escritas por minhas mãos não trouxessem assinatura.

Ninguém poderia afirmar se eram minhas ou não, e que ele as publicaria, não por meu nome, mas pelas ideias espíritas que elas continham.

Aí começaram nossos amigos de Pedro Leopoldo a enviar essas produções para diversos sectores, obedecendo ao entusiasmo pelos trabalhos nascentes da Doutrina Espírita, em nossa terra.

- Lembra-se de publicações não espíritas que divulgaram seus trabalhos mediúnicos?

O “Jornal das Moças” do Rio, o “Almanaque de Lembranças”, de Portugal, o Suplemento Literário de “O Jornal” foram dos órgãos não espíritas que publicaram muitas dessas páginas, entre 1927 a 1931.

- Tem no seu arquivo particular algumas delas?

Não tenho. A mediunidade com a Doutrina Espírita absorveu-me todas as atenções, desde o aparecimento de Emmanuel, em meu caminho, no ano de 1931, e perdi o contacto com os frutos de minhas actividades iniciais.

- Recorda, de modo particular, alguma produção que ficasse inesquecível em sua memória?

Sim, recordo-me de um soneto intitulado “Nossa Senhora da Amargura”, que, se não me engano quanto a data, foi publicado pelo “Almanaque de Lembranças”, de Lisboa, na sua edição de 1931.

Eu estava em oração, certa noite, quando se aproximou de mim o Espírito de uma jovem, irradiando intensa luz.
Pediu papel e lápis e escreveu o soneto a que me refiro.

Chorou tanto ao escrevê-lo que eu também comecei a chorar de emoção, sem saber, naqueles momentos, se meus olhos eram os dela ou se os olhos dela eram os meus.

Mais tarde, soube, por nosso caro Emmanuel, que se tratava de Auta de Souza, a admirável poetisa do Rio Grande do Norte, desencarnada em 1900.

O soneto foi enviado a Portugal por meu irmão José, em meu nome, tendo eu recebido de Lisboa uma carta de um dos colaboradores da formação do citado almanaque, com muitos elogios ao trabalho que não me pertencia.

- Como passou a sua mediunidade psicográfica dessa fase de indecisão para a segurança precisa?

Isso aconteceu em 1931, quando o Espírito Emmanuel assumiu o comando de minhas modestas faculdades.
Desde então, tudo ficou mais claro, mais firme.
Ele apareceu em minha vida mediúnica assim como alguém que viesse completar a minha visão real da vida.

Tenho a ideia de que, até a chegada de Emmanuel, minha tarefa mediúnica era semelhante a uma cerâmica em fase de experiências, sem um técnico eficiente na direcção.

Continua...
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Ago 27, 2011 8:08 am

Continua...

Depois dele, veio a orientação precisa, com o discernimento e a segurança de que eu necessitava e de que, aliás, todos nós precisávamos em Pedro Leopoldo.

- Chico, Você não julga que essas produções esparsas, psicografadas por Você, entre 1927 e 1931, devem ser reunidas num volume para nossos estudos espíritas?

Muitas vezes, penso nisso, mas o nosso abnegado Emmanuel afirma que aquela fase de trabalho era de experimentação necessária e que devemos trabalhar sempre e caminhar para diante.

E, nessa base do “trabalhar sempre e caminhar para diante”, estou procurando acompanhar o nosso querido orientador espiritual (...)

Desde 1931, Emmanuel me tolera e me utiliza para escrever, quase que diariamente, e isso não me permite ocasião de voltar à rectaguarda para reexaminar as páginas mediúnicas do princípio.

- Sabe Você que os adversários do Espiritismo se valem das produções lançadas, com seu nome, entre 1927 e 1931, tentando desacreditar os seus trabalhos psicográficos?

Sei disso. A princípio muito me afligi com essas críticas, mas o nosso Emmanuel acalmou-me dizendo que dar muita resposta sobre o caso, desde muito superado, seria perder tempo.

E acentuou que todos os inimigos do Espiritismo, quando sinceros, mudam de opinião depois de desencarnados.
Isso tem acontecido nestes meus pobres quarenta anos de mediunidade.

Muitos inimigos gratuitos de nossa Doutrina, que tantas vezes nos ridicularizaram, me visitam actualmente em Espírito e me encorajam a servir na obra de Emmanuel, fazendo-nos muitas vezes, chorar de reconhecimento e emoção.

- Como acredita Você devamos proceder com os escritores e jornalistas que nos perseguem?

Diz-nos Emmanuel que devemos ter paciência e bondade para com todos eles, explicando sempre que eles não nos injuriam porque sejam maus e sim por inexperiência, ante os assuntos da Vida Espiritual.

- Você, nestes quarenta anos de mediunidade, foi procurado por muitos escritores interessados na sobrevivência do Espírito?

Sim, por alguns.

- Pode dizer-nos algo de suas recordações junto deles?

Sim, mas pediria para que as minhas lembranças sobre escritores não espíritas fossem deixadas para outra ocasião, porque a hora está avançada.

Consultamos o relógio e concordamos.
Vinte minutos depois de zero hora.
Despedimo-nos de Chico Xavier e fixamos as presentes anotações para lembrar, estudar, raciocinar e discernir.

(*) (Refere-se o Autor a “Reformador” de Julho de 1967).

Elias Barbosa

§.§.§- O-canto-da-ave
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Como Tratar Médiuns

Mensagem  Ave sem Ninho Dom Ago 28, 2011 10:01 am

Você pergunta a mim, Espírito desencarnado, qual a maneira adequada de tratar os médiuns.
Alega que muitos passaram por seu clima individual, sem que pudesse compreendê-los.
Começam a tarefa, entusiásticos, e, lestos, abandonam a sementeira.

Alguns sustentam o serviço por algum tempo;
outros, contudo, não vão além de alguns meses.

Muitos se afastam, discretos, recuando deliberadamente, ao passo que outros tantos resvalam, monte abaixo, atraídos por fantasias tentadoras.

Afirmando seu amor à doutrina que nos irmana agora, você indaga com franqueza:
como tratar essa gente, para que o Espiritismo não sofra hiatos nas demonstrações da sobrevivência?

Não tenho pretensões a ensaísta de boas maneiras.
Malcriado quanto tenho sido, falece-me recurso para escrever códigos de civilidade, mesmo no "outro mundo".

Creio, todavia, que o médium deve receber tratamento análogo ao que proporcionamos a qualquer ser humano normal.

Trata-se de personalidade encarnada, com obrigações de render culto diário à refeição, ao banho e ao sono comum.
Deve atender à vida em família, trabalhar e repousar, respeitar e ser respeitado.

Não guardará o talento mediúnico, à maneira de enxada de luxo que a ferrugem carcome sempre, mas evitará a movimentação intempestiva de suas faculdades, tanto quanto o ferreiro preserva a bigorna.

Cooperará, com satisfação, no esclarecimento dos problemas da vida, junto aos estudiosos sinceros;
todavia, não entregará seus recursos psíquicos à curiosidade malsã dos investigadores sem consciência, detentores de leviandade incurável, a pretexto de colaborar com os cientistas do clube dançante, que vazam comentários académicos, entre um sorriso de mulher bela e uma dose de aguardente rotulada de uísque.

Esta é uma definição sintética que me cumpre fornecer, de passagem;
entretanto, já que você se refere ao amor que assegura consagrar ao Espiritismo edificante, conviria sondar a própria consciência.

Realmente, são inúmeros os companheiros que se precipitam da tarefa mediúnica ao resvaladouro do desencanto e do sofrimento, como andorinhas de voo alto, atiradas, semimortas, do firmamento ao bojo escuro do abismo.

Vemos, no entanto, que se os pássaros, algumas vezes, descem ao círculo tenebroso, sob o fascínio de perigosa ilusão, na maioria dos casos caem mutilados sob golpes de caçadores inconscientes.

Doloroso é dizer;
contudo, quase todos os médiuns são anulados pelos próprios amigos, sem maior consideração...

Continua...


Última edição por O_Canto_da_Ave em Dom Ago 28, 2011 10:03 am, editado 1 vez(es)
Ave sem Ninho
Ave sem Ninho

Mensagens : 122189
Data de inscrição : 07/11/2010
Idade : 68
Localização : Porto - Portugal

Ir para o topo Ir para baixo

Médiuns, mediunidade e mediunismo Empty Re: Médiuns, mediunidade e mediunismo

Mensagem  Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 1 de 2 1, 2  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos