LUZ ESPÍRITA
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 7 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:44 pm

Em casa, no entanto, a dor do afastamento fustigava o coração dos pais.
Durante as noites, Cornélia e o marido se angustiavam nas horas de oração, meditando no destino do filho, que sabiam não ser dos melhores.
Tinham a convicção de que o rapaz era orgulhoso demais para voltar ao seu lar com a cabeça baixa, além do fato de se presumir senhor de si mesmo, para chegar derrotado.
Lauro, o genitor, possuía mais extensa a ferida no coração, porquanto doía-lhe a postura de repúdio de Marcelo perante tudo o que ele e a esposa haviam feito para ajudá-lo.
A ausência, o sofrimento que seu egoísmo produzia em seus corações, a distância deliberada, as más companhias, eram estiletes no coração do pai que, apesar disso tudo, ainda o amava como antes.
Por isso, incontáveis vezes o pai perambulava pela cidade, sempre pensando poder encontrar o filho por acaso.
Toda procura, no entanto, redundava num grande fracasso.
Marcelo tivera o cuidado de mentir sobre seu endereço para que não fosse encontrado, evitando ser perturbado.
Haviam, pois, perdido totalmente o contacto, e só quando o filho os procurava é que se reviam.
Mas já se haviam passado quatro anos de silêncio.
Cornélia, indo ao centro espírita para as reuniões regulares, em todas elas colocava o nome do filho na lista de orações, rogando a ajuda espiritual para a protecção do rapaz.
Suas preces eram recolhidas pelos mentores da casa com a emoção dos que admiram o amor puro que brota do coração materno ou paterno, ainda que por aqueles que não se fizeram dignos de serem amados.
Equiparado ao Amor de Deus por seus filhos transviados, o amor de Cornélia era exemplo para os próprios espíritos, que tudo faziam para acalmá-la tanto quanto ao esposo que, em casa, não havia amadurecido para o interesse espiritual, apesar de acompanhar Cornélia eventualmente, como ouvinte de palestras e recebedor de passes.
Ao longo dos anos, a preocupação acerca dos destinos de Marcelo haviam avassalado os pensamentos e desejos de Cornélia de tal forma que, durante a noite, seu espírito, ao invés de ir aos trabalhos da instituição onde era esperada para o desempenho das tarefas que lhe eram próprias, saía pelas ruas na busca do filho perdido.
Entidades nobres que velavam seus passos a seguiam controlando-a e protegendo-a de ataques de espíritos agressores, uma vez que desejavam impedir que, mesmo em espírito, Cornélia vislumbrasse a real condição do filho amado.
Então, as noites eram infindáveis caminhadas de becos em becos, expondo-se aos encontros mais assustadores.
Nada disso, entretanto, diminuía nela a determinação de encontrar o pobre e infeliz Marcelo.
O regresso ao corpo no dia seguinte era carregado de um sentimento de tristeza, apesar do amparo que seu protector espiritual lhe estendia incessantemente.
O Amor de Cornélia e a protecção dos Amigos Invisíveis era o escudo de sua alma contra os ataques das vibrações trevosas dos lugares onde se metia.
Algumas vezes, durante o sono, os amigos a procuravam, convocando-a para voltar ao trabalho.
Apesar de aceder ao convite por alguns dias, eis que, logo depois, voltava Cornélia a ausentar-se dos deveres, demandando continuar as buscas infrutíferas.
Tudo ia nesse passo, quando um telefonema do hospital trouxe a notícia do paradeiro de Marcelo.
Ninguém se apresentava para retirar aquele trapo de gente, nem o sector de assistência social sabia do paradeiro dos amigos a quem Marcelo, insistentemente, pedia que fossem chamados para retirá-lo daquele lugar.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:44 pm

Não queria que os pais o vissem nem que recebessem qualquer solicitação.
Aquilo seria a maior vergonha de sua vida, no orgulho gigantesco ferido pela derrocada total.
No entanto, mesmo proibidos pelo enfermo de procurarem a família, não restou outra alternativa à direcção hospitalar do que comunicar-se com os pais para informá-los da condição do filho doente.
Marcelo, nessa época, já era homem feito, com seus vinte e cinco anos corroídos pelo “estilo de vida” que adoptara.
Porém, o destino que o esperava – A MORTE FÍSICA – iria encontrá-lo em qualquer parte em poucos meses.
As dores e feridas estavam controladas com medicamentos, mas a fraqueza persistia, e a falta de forças físicas impedia as suas reacções nervosas.
Então, não protestou contra o hospital quando lhe disseram que seus pais haviam sido informados tanto de seu paradeiro quanto de sua situação.
Cornélia e seu marido imediatamente correram para a casa de saúde, com o coração apertado pela dor de quem ama e pela notícia trágica do fim das forças do rapaz,
Lauro carregava no coração uma ansiedade mesclada com revolta por tudo o que o filho ingrato fizera sua mãe e ele próprio sofrerem.
- Por que ficou tanto tempo longe, sem dar qualquer notícia?
Somos nós quem mais o amamos na Terra.
Por que fez isso connosco? – eram os pensamentos do pai que, nesse momento, procurava calar a insatisfação para que não perturbasse o reencontro que os esperava no hospital.
Aquele momento, fatalmente, seria muito difícil para as partes, mas, tanto ela quanto Lauro estavam amparados pelo amor de Ribeiro que, acompanhando o caso desde o princípio, sabia que Marcelo precisava do sofrimento a fim de que recomeçasse o trajecto da subida espiritual.
Muitas vezes se faz necessário esgotar todo o combustível de insanidades para que a alma se declare, finalmente, cansada das leviandades, tendo bebido todo o fel do cálice de desgostos com o qual se desilude das ilusões cultivadas e das facilidades buscadas com avidez.
O quarto colectivo já intimidava os visitantes pelo volume de dor ali acumulada tanto quanto pelas condições dolorosas dos ali abrigados, todos em estado terminal.
Marcelo não sabia como se dirigir aos seus pais.
Tinha consciência de que era um farrapo humano.
Apesar disso, orgulho ainda existia como vestimenta defeituosa da alma, a lutar contra a renovação do espírito.
Porém, chegara a hora das verdades e estava encerrado o tempo das fantasias.
Cornélia dirigiu-se ao leito do filho, no encontro doloroso do Amor com a Imaturidade.
- Marcelo, meu filho – foram as únicas palavras que conseguiu dizer, enquanto tentava conter na garganta o choro convulsivo diante do estado aflitivo do rapaz.
- Mãe... – falou a voz fraca do rapaz -, não parece, mas sou eu mesmo...
Pai... estou morrendo...
As frases curtas do enfermo eram estiletes no coração dos que o amavam.
Ali estava a família verdadeira.
Aquela que não fugia dos compromissos do Bem e que receberia os seus membros derrotados para ajudá-los a se reerguerem.
A presença de Lauro e Cornélia ao seu lado, depois que todos os seus amigos o abandonaram sem qualquer explicação, teve o condão de trazer Marcelo ao entendimento do quanto estivera errado em seus conceitos sobre o lar, ao longo de tantos anos de loucuras.
Sua carência física e emocional fizeram brotar, pela primeira vez em muito tempo, as lágrimas do arrependimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:44 pm

E sem palavras e nem discursos, pai e mãe se inclinaram sobre o corpo do filho, juntando suas lágrimas às do moço desditoso.
Não lhes incomodava nem o mau cheiro de suas feridas, nem o risco de contágio, nem a sua aparência de cadáver.
Seus pais o amavam, mesmo depois de quatro anos de fuga e indiferença, de arrogância e erros.
Nenhum dos dois recordava o passado.
Não era mais necessário voltar ao ontem para saber quem havia acertado e quem havia errado.
Essa era a certeza mais importante desse reencontro.
Marcelo estava necessitando deles e isso era tudo. Então, depois de se recomporem e de transformar em felicidade aquele momento doloroso, Lauro saiu em busca da direcção médica, responsável pelo rapaz.
Assim que o médico chegou no quarto, Lauro lhe disse:
- Doutor, eu e minha esposa desejamos autorização para levar Marcelo de volta à sua casa, à nossa casa.
Ouvindo aquelas palavras, o próprio doente se sentiu no dever de protestar:
- Mas meu pai, eu não tenho casa.
Estou este trapo de gente, apodrecendo vivo.
Não é justo que vocês me levem para lá...
Chorava de vergonha.
Soluçava, no esforço de resgatar um mínimo de decência.
- Não, meu filho, este bendito hospital que tem cuidado de você é uma casa abençoada, mas, lar é lar, não é mesmo, doutor? – perguntou Cornélia, emocionada com a reacção do próprio marido, reacção que ela mesma não esperava, diante das manifestações de contrariedade que Lauro sempre demonstrava ao falar de Marcelo.
- Bem... sim... – disse o médico, um pouco relutante – a casa dos pais é o porto seguro que todos nós jamais esqueceremos.
O problema são os cuidados que Marcelo exige.
- Não importa, doutor.
O senhor nos explica o que é preciso fazer e a gente cuida dele como se fosse no hospital – falou Lauro, decidido.
Sabendo que o rapaz não teria muito tempo de vida mesmo, e que o hospital necessitava daquele leito para atender um outro paciente que, como Marcelo, também não teria muitos amigos para acolhê-lo, o médico se prontificou a explicar como deveriam proceder.
Para isto, pediu licença ao doente, afastando-se na companhia dos visitantes para fora do quarto, onde poderia falar com franqueza.
Marcelo, por sua vez, não estava iludido quanto ao que o esperava.
Havia visto aquela enfermidade vitimar o corpo de muitos rapazes e moças.
Visitara alguns deles antes da morte e, por isso, sabia que seu tempo se esgotava.
No entanto, jamais imaginara que poderia, um dia, morrer em casa, ao invés de perecer isolado e anónimo, no meio de estranhos num hospital qualquer do mundo.
Seu coração, emocionado, continuava a produzir as lágrimas de arrependimento.
Ribeiro, em espírito ao seu lado, alisava seus poucos e desgrenhados cabelos, infundindo-lhe novas energias para o aproveitamento máximo daquele final de estágio reencarnatório.
Ao influxo do amigo espiritual, Marcelo acomodou-se em sereno repouso, como se a esperança viesse a acender a luz da paz no coração.
Certamente morreria pelas próprias culpas e excessos.
No entanto, morreria nos braços de sua família verdadeira.
Poderia pedir desculpas, conseguiria redimir-se ao menos pelas palavras e, quem sabe, servir de exemplo para os que, jovens e irresponsáveis, se iludiam com uma falsa liberdade, aquela que era usada como arma e não como instrumento de crescimento.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:44 pm

Mais do que nunca, agora, sonhava em voltar para casa.
Mesmo que fosse para aguentar as acusações de seus irmãos, de ouvir os juízos maus e condenadores de todos quantos não fossem capazes de perdoar-lhe a insânia.
Não se importaria com nada.
Procuraria amar a todos, mesmo àqueles que não o aceitassem.
Sabia que tinha culpa nisso tudo e, portanto, compreenderia com humildade e aguentaria que tivesse de suportar.
Todo sacrifício valeria a pena para poder estar, novamente, sob os cuidados de Cornélia e Lauro.
Lá fora, o diálogo com o médico foi aberto:
- Preciso informá-los de que Marcelo não deverá viver mais do que um ou dois meses.
As crises serão maiores, seu corpo frágil se ressentirá de diversas infecções e, por isso, quanto menos exposição externa, menores riscos para a sua precária saúde.
Poderemos colocar à disposição de vocês aparelhos que monitorem algumas funções de Marcelo e, em qualquer emergência, a ambulância poderá trazê-lo para cá.
Será necessário realizar sua higiene íntima com muito cuidado para que as fezes não contaminem as feridas abertas.
- Doutor, nós faremos tudo o que for necessário, conforme as suas orientações de que, aliás, muito necessitamos também.
Queremos, sim, levar nosso Marcelo para casa.
- Pois bem, senhor Lauro e dona Cornélia.
Vamos providenciar a remoção.
Acho que um de vocês precisará ir com ele na ambulância enquanto seria bom que o outro fosse embora, providenciar um lugar adequado para receber o doente.
Seria importante que ele ficasse em um quarto com banheiro próximo para facilitar as coisas.
Cornélia olhou para Lauro, como a lhe dizer que era no quarto do casal que o filho ficaria.
A cama mais larga e o banheiro acoplado facilitariam todos os cuidados, realmente.
Ela e Lauro se revezariam, um dormindo no quarto, em uma poltrona, e outro no sofá da sala ou no outro quarto da casa, ocupado pelo irmão mais novo, o único que ainda morava com os pais.
Cornélia resolveu dirigir-se para casa a fim de organizar as coisas, preparando o ambiente e os membros da família para o retorno do filho perdido.
Lauro permaneceria no hospital assinando os documentos finais e acompanhando o translado daquele tesouro de amor que recuperaram do lodo, ainda que fosse para tê-lo em suas mãos por apenas mais trinta ou sessenta dias.
A disposição dos dois enchia o coração do filho de esperança e paz.
- Por fim, uma família de verdade – pensava o doente -, a família que eu sempre tive, mas não sabia que tinha.
Obrigado, meu Deus, obrigado por essa bênção que eu não mereço.
Era a oração que o jovem, descrente inveterado, agora ensaiava com o pensamento, descobrindo o poder do amor como mecanismo de recuperação da alma perdida.
Ali começava para Marcelo o reerguimento longamente planeado pelo mundo espiritual.
E para Cornélia, Lauro e seus familiares, o testemunho mais importante de suas vidas também era guardado neste período de atendimento às dores daquele infeliz, que recuperava a sanidade mental graças às tragédias materiais e morais.
A partir daquele dia, todos se sacrificaram para acolher o filho pródigo que regressava ao lar.
Na casa espírita, a notícia do reencontro do filho causou alegria, possibilitando a organização da visita fraterna com a aplicação de passes magnéticos e a conversação amiga a benefício do doente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:45 pm

Jurandir e Alberto, acompanhado às vezes por Alfredo ou por Dalva, semanalmente se dirigiam ao lar de Cornélia para fazerem a prece e envolver Marcelo nos banhos vibratórios de esperança e força.
As primeiras semanas foram um pouco conturbadas pela dificuldade dos cuidados que seu estado de saúde exigia.
No entanto, segundo as próprias orientações do mundo espiritual, Marcelo estabilizaria as funções orgânicas pelo tempo necessário ao aproveitamento das lições que lhe chegavam para limpar as chagas de sua alma.
Realmente, as coisas se passaram daquela forma prevista por Ribeiro, com a acção de Bezerra de Menezes auxiliando no reequilíbrio biológico, visando o aproveitamento das novas oportunidades.
A conversa amiga e alegre dos visitantes enchia Marcelo de bom humor.
Ele sempre costumava dizer, ao final do encontro:
- Olha, gente, de um jeito ou de outro eu vou acabar baixando um dia lá nesse centro espírita de vocês, hein!
Vocês é que se preparem para me receber.
Quando é que voltam aqui?
- Ora, Marcelo, se você está tão decidido, a gente vai esperar você chegar lá primeiro – respondiam os amigos, sorrindo.
- Ah!, não... isso vai demorar um pouco ainda.
Preciso da energia de vocês para me recuperar.
E como é que pensam que vão conseguir entrar no céu se não for fazendo a caridade para com um miserável como eu?
- A gente não vem aqui por caridade não, Marcelo.
A gente vem porque gosta muito de você.
Todos sorriam para disfarçar a emoção e a vontade de chorar, enquanto o doente não conseguia guardar as lágrimas no cofre dos olhos, pensando em quanta coisa boa havia perdido em sua vida.
Os passes magnéticos e o carinho dos que o circundavam fizeram o vaticínio dos médicos cair por terra.
Marcelo ganhara peso, se reequilibrara fisicamente, já conseguia sair da cama e andar até a sala.
Olhava o sofá onde seu pai dormia todas as noites para lhe deixar a própria cama. Sentia o calor humano dos irmãos, que vinham lhe trazer presentinhos todos os dias, lembranças, fotografias, cds com músicas agradáveis, docinhos e alguns outros agrados.
Nenhum deles lhe dirigiu qualquer palavra de censura ou reprimenda, sobretudo porque se deixaram tocar pela compaixão que o seu estado de saúde impunha por si mesmo.
Era o próprio Marcelo quem tomara a iniciativa de usar-se como exemplo para que os sobrinhos e o irmão mais novo nunca fizessem o que ele havia feito.
Quando se reuniam à sua volta, Marcelo recomendava, como quem ensina com suas próprias quedas:
- Não se iludam com as coisas do mundo, por mais sedutoras que possam parecer.
Vejam meu estado. Tenho vinte e cinco anos e pareço um velho.
Vou viver mais alguns meses quando, em verdade, se tivesse escutado o pai e a mãe, estaria aqui com vocês, sem dar tanto trabalho, por muito tempo.
Que a vida que me resta possa servir para alguma coisa.
Estou como estou por minha culpa, minha leviandade, porque pensava que a família era a prisão de minha liberdade, castradora de minha personalidade.
Precisei chegar a isso para entender que a família é o único lugar onde se encontra quem ama a gente de verdade.
E suas palavras eram tão sinceras, que não havia quem o escutasse e não se emocionasse até o mais profundo de sua alma.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:45 pm

Ali estava um derrotado moral que se esforçava para erguer os outros, tomando a si mesmo como demonstração de equívoco a não ser imitado.
Era um exemplo, não palavras ou teorias.
Marcelo estava refundindo os próprios valores.
Jerónimo e Adelino acompanharam atentos todo o processo de reencontro do filho perdido, sua volta para a casa e os meses que levaram o tratamento de seu espírito com vistas ao aproveitamento da experiência final, a mais importante de sua vida, encaminhando-se para a desencarnação.
Assim, no dia em que o falecimento ocorreu, na serenidade do lar, Marcelo e os membros de sua família estavam reunidos.
Nos momentos que antecederam o desenlace, pressentindo a chegada da hora final, o rapaz pediu que todos estivessem com ele naquele quarto que se fizera pequeno e, com lágrimas de emoção, pediu que o perdoassem não só pelo sofrimento do passado, mas pelas dificuldades que criara no presente, pelos transtornos que causara na família, pelos gastos que impusera, sem nunca ter cooperado com nada.
Suas palavras, nascidas de um coração agora humilde, eram o atestado da transformação daquele ser, que deixara para trás o charco lodoso da queda moral e se reconstruíra passo a passo, no rumo da auto-libertação.
Descobrira, por fim, no que consistia a verdadeira liberdade.
- Orem por mim, meus irmãos, orem quem ora por um insano que acordou a tempo de reconhecer suas loucuras.
No entanto, estejam certos de que eu só consegui reconhecê-las porque recebi o Amor de vocês.
Se não fosse isso, talvez ainda restasse em meu interior alucinado a ideia de que o egoísmo e o orgulho são capazes de fazer algo de bom por alguém.
Graças a vocês e ao pessoal do centro, vou partir da vida como um devedor feliz, um condenado que se arrependeu sinceramente de seus crimes e que sabe que deverá responder por cada um deles.
Emocionando a todos os que lá se encontravam, pelo esforço com que buscava proferir as derradeiras palavras, por fim, completou:
- Não sei... para onde vou... mas, quando estiver bem,... quero que saibam que... trabalharei muito... para... um dia... poder recebê-los... do lado de lá... de uma forma que... vocês tenham orgulho de mim... tanto quanto... hoje, eu tenho orgulho de pertencer à família...
E encerrando o desligamento definitivo, encontrou forças para dizer:
-Desculpa, mãe, desculpa, pai... obrigado... por tudo...
E, sob a comoção geral, entregou a alma aos amigos espirituais que o estavam sustentando até aquele momento, nos ajustes finais do desenlace do pobre rapaz que se recuperava como espírito.
No dia de sua desencarnação, completavam-se onze meses que Marcelo havia deixado o hospital.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:46 pm

30 - ATITUDES LIVRES E DESTINOS ESCOLHIDOS
- Doutor Bezerra, nosso Marcelo será levado para o grande transportador? – perguntou Adelino, interessado nas condições evolutivas
do filho de Cornélia e Lauro.
- Não, meu filho.
O grande navio tem outro destino e está sendo abastecido de espíritos que não guardam mais condições de permanência no presente educandário terrestre.
Marcelo teria se tornado um de seus passageiros caso não houvesse modificado verdadeiramente a sua atitude mental no período mais importante de sua vida.
Se houvesse resvalado para a revolta, para o orgulho altivo que não aceita ajuda de ninguém, que não se conforma com as humilhantes condições impostas pelas circunstâncias criadas por ele próprio, teria demonstrado incompatibilidade com as novas vibrações da Terra e da nova Humanidade.
Seria, então, encaminhado para o mesmo destino daqueles que não se modificam, que continuam entrincheirados nos velhos refúgios do mal, da fraqueza moral, da violência e do vício.
Agora que escolheu outra estrada, os Departamentos da Justiça e da Misericórdia do Universo consideram seu caso como o dos criminosos sinceramente arrependidos, como aconteceu guardadas as devidas proporções, - com Saulo de Tarso na estrada de Damasco.
A palavra do ancião venerável era ouvida com imensa atenção por todos os espíritos que acompanhavam o diálogo, na Casa Espírita.
- Marcelo foi considerado um aluno rebelde que, arrependido dos equívocos e suportando com resignação a dor dos meses finais de seu corpo, pôde ser, finalmente, resgatado de si mesmo e encaminhado à recuperação.
Seus sofrimentos finais foram consideradas como etapas depuradoras, uma espécie de depuração dos males praticados e, apesar de não terem tido o mesmo volume de seus erros pretéritos, foram aceitos com paciência e humildade e, graças a isso, foram tão produtivos e vantajosos que lhe facultaram a permanência na Terra, ainda que em situação de enfermo do mal sob observação da enfermagem do Bem, a caminho da saúde plena.
Ficará em nosso orbe, como um aluno que, ainda que com notas baixas, atingiu o limite mínimo para a aprovação.
Certamente que não contará com regalias reservadas aos alunos aplicados.
No entanto, poderá continuar seu crescimento espiritual em reencarnações de aprendizado em disciplina em ambientes menos favoráveis, no seio de povos menos desenvolvidos, onde a carência de recursos e meios o auxilie a não mais se iludir com facilidades materiais, valorizando cada conquista como um recurso de crescimento e não como arma de destruição.
E se estas novas experiências forem bem aproveitadas por um Marcelo renovado, quem sabe venha a renascer um dia no seio da família que o ajudou nesta hora tão amarga de seu destino, graças a cujo apoio e carinho reordenou a trajectória evolutiva ao invés de seguir para o triste exílio em planeta inferior à Terra.
Nesta etapa evolutiva, Lauro e Cornélia foram os seus maiores benfeitores.
Pela forma como ambos se conduziram nesse transe doloroso, demonstraram ser bons alunos, capacitados para o entendimento das directrizes planetárias, construtores de uma nova humanidade e enfermeiros do Bem.
Apesar de lutarem contra as próprias deficiências, souberam vencer os obstáculos que carregavam no coração e, pela força de suas deliberações amorosas vividas na forma de renúncia, compreensão, tolerância, compaixão, passaram no exame com louvores dignos de excelentes e aplicados estudantes.
O mesmo, infelizmente, não acontece em outros casos que temos estudado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:46 pm

Vejamos nosso irmão Alberto e seu drama pessoal.
Com excepção do próprio médium, os que com ele se relacionaram como parentes, patrões e familiares, todos devedores da vida pelos erros do passado, estão garantindo o ingresso na grande embarcação.
Leda não viverá mais do que cinco anos nessa ciranda de vibrações inferiores que, abastecendo-a de fluídos enfermiços, desencadeará a tumoração cancerosa que ceifará sua vida sem que demonstre qualquer arrependimento eficaz.
O destino de Robson e Romeu, seus filhos, não será muito diferente, candidatando-se à morte prematura nas aventuras a que se entregarão para manterem as mesmas facilidades.
Moacir e Valda, sem transformações de vulto, padecerão a decepção e as consequências da vida sem o glamour do passado, além de receberem as cargas vibratórias negativas de todos os seus empregados, infelicitados em decorrência da desonestidade com que os donos conduziram o negócio.
Juliano e Sabrina escolherão o caminho doloroso do ganhar a vida destruindo outras vidas, ele com a droga e ela com o sexo.
Alice, esposa de seu sócio, perdida nos sonhos de grandeza, perceberá que a fuga só a fará afundar mais depressa na miséria, enquanto o filho que a acompanha, iludido e sem personalidade, se apegará ainda mais ao carácter dominante da mãe, submetendo sua vida às ordens dela, engajando-se em gangues e perdendo-se em delitos a fim de conseguir dinheiro para agradá-la ou para conseguir o pão de cada dia.
Cairá na clandestinidade e, para não serem expulsos, precisarão fugir de um lugar para outro.
As revelações feitas pelo experiente espírito acerca do futuro de todos os envolvidos na trama do destino surpreendiam os ouvintes.
- Quanto a Fernando, o ex-namorado de Ludmila – a filha de Rafael e Alice, que permaneceu na frente da luta, ao abandonar injustamente a pobre jovem na hora mais dura de seu destino, demonstrou-se tão frio e cruel, que não deixou alternativa para si mesmo senão a de ser excluído da Nova Humanidade e do Novo Mundo, com a aquisição do passaporte para o exílio.
Já Ludmila, demonstrando força de vontade e fibra de carácter, enquanto não se deixar arrastar pelo ódio contra o ex-noivo, pelo desânimo ou pela revolta diante das dores que está enfrentando, estará recebendo nosso apoio directo e, se permanecer firme, suportando as investidas do mundo sem vacilar, é a única que ainda detém, além de Alberto, a direcção do próprio destino sob seu controle, demonstrando condições de integrar a Nova Humanidade.
Com relação ao seu pai, Rafael, ele tentará ser feliz ao lado de Lia.
No início, tudo será muito bom porque estarão relembrando a euforia dos encontros da intimidade como dois pombinhos apaixonados.
No entanto, os dois se transformarão em espinho, um para o outro, uma vez que, já livres para viverem uma união legítima, o desaparecimento da atmosfera proibitiva de antes, que tornava mais quente e prazerosa a ligação entre ambos, fará enfraquecer a paixão.
Sem as facilidades financeiras, Lia se desencantará com o novo companheiro ao mesmo tempo em que Rafael, desacostumado ao trabalho duro, terá muita dificuldade em se adaptar à nova rotina de esforços contínuos para ganhar a vida honestamente.
Logo estarão esgotados os seus recursos e, no decorrer de menos de cinco anos, todo o encanto terá acabado.
Se aproveitarem as espinhosas estradas que terão pela frente sem se comprometerem com novas quedas, talvez ainda possam ser admitidos na experiência terrena, renascendo, no futuro, em ambientes difíceis e hostis junto a comunidades menos avançadas.
No entanto, pelo grau de egoísmo e orgulho que há em suas vibrações pessoais, se candidatam mais à repetição dos velhos comportamentos do que da própria transformação, o que impedirá a permanência de ambos nas dependências do planeta renovado.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:46 pm

Recordando-se dos amigos encarnados que, iludidos com as questões da mediunidade, haviam se afastado dos trabalhos da instituição, Jerónimo indagou, respeitoso:
- Prezado Doutor, e quanto aos nossos irmãos desertores?
Por já terem conhecimentos espirituais isso poderá ajudá-los a permanecer junto aos construtores da Nova Humanidade?
- Bem, meu filho, o conhecimento é uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo.
Traz discernimento para ajudar nas tarefas do crescimento ao mesmo tempo em que confere mais responsabilidade aos seus detentores.
O caso deles é dos que se tornaram médicos e, ao invés de se dedicarem a salvar vidas, passaram a cometer abortos ou eutanásias.
Ou dos químicos que, ao invés de usarem de seus conhecimentos para acelerar o progresso científico da humanidade, se tornaram fabricantes de bombas, usando a combinação de substâncias para destruir seus semelhantes.
Peixoto, Cássio, Moreira e Geralda escolheram a estrada do mundo, mesmo conhecendo os ditames da Lei Divina.
Na verdade, pretendiam viver as coisas de Deus com a mesma sem-cerimónia e superficialidade com que vivem para as coisas do mundo.
Para eles, então, meus filhos, a estrada será mais áspera do que para os demais.
Peixoto usava da mediunidade para atrair simpatias e recursos que resolvessem o problema de sua ambição.
Cássio está brincando de viver, perdido nas aventuras da euforia imaginando que pode servir à luz e à escuridão ao mesmo tempo.
Moreira, viciando as forças genésicas no exercício desbragado da sexualidade junto às irmãs infelizes, está de tal forma comprometido com entidades inferiores, que não conseguirá sair desse cipoal sem sofrer terrivelmente.
Geralda, por sua vez, amesquinhada pela carência de afecto, está empenhada em fazer o mal para suprir-se de carinho, roubando-o de outra.
Esses defeitos demonstram graves distorções em suas almas, mesmo depois de tudo o que escutaram e aprenderam aqui, do que leram em obras esclarecedoras, do que conseguiram sentir através da própria mediunidade.
Na verdade, são companheiros equivocados que não desejam corrigir seus comportamentos, rebeldes à disciplina espiritual que julgam tola ou excessiva.
Então, apoiando-se mutuamente, encontraram forças para romper compromissos de trabalho livremente assumidos na instituição.
Esse é o tipo de trabalhador menos qualificado para as tarefas da construção da nova ordem de vibrações no planeta.
Dizem querer servir ao Cristo, mas são rebeldes aos seus pedidos e avessos ao trabalho.
Isso porque, ao invés de se compenetrarem da seriedade e, autenticidade do Cristianismo, apenas se fantasiaram com seus princípios, corrompendo-os com as condutas íntimas, com as atitudes ocultas, com os sentimentos deturpados.
Não poderão ser admitidos na escola se, ao invés de se tornarem auxiliares dos professores, são os primeiros a fraudar as disciplinas escolares, explorando a ignorância dos outros alunos.
E fazendo um gesto de lamento, terminou:
- Eles não poderão permanecer aqui.
Padecem da pior enfermidade:
A falsidade e a mentira que os contaminou, profundamente.
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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Nov 19, 2018 7:46 pm

Escolheram o afastamento do caminho sério e precisarão aprender em outras lutas a não mais o fazerem.
Por isso, perderão a concessão terrena, para migrar a mundo inferior no qual, certamente, alicerçados nas experiências mediúnicas e na recordação dos princípios que não levaram a sério, recomeçarão a construção da estrada da fé viva, ajudando os outros a se esclarecerem nas coisas da alma.
Infelizmente, nossos amigos estagiam aqui neste mundo pela última vez, sobretudo porque, no caso deles, detentores da tarefa mediúnica, eram o devedor a quem se empresta um pouco mais a fim de que se recupere, coisa que não se empenharam em fazer.
E como é um trabalho de última hora, os maus empregados não poderão voltar à mesma seara.
Relembrando o Divino Mestre, terminou a lição:
- Recordemos as palavras de Lucas, no capítulo 12 de seu Evangelho:
47 E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
48 Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado.
E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.
Não são, pois, novidades, para nenhum de nós, as palavras de Jesus, que ensinam que muito se pediria a quem muito houvesse recebido e que, os que não souberam a vontade do Pai, mas cometeram graves delitos, seriam menos punidos do que aqueles que, tendo sabido a vontade do Pai, houvessem cometido infracções simples.
Nessa situação eles se encontram e a seus casos específicos se aplicarão as palavras do Mestre.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:38 pm

31 - HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO PAI
Nas infindáveis constelações de sóis e galáxias que flutuam sobre as cabeças dos homens, reflecte-se o incomensurável Amor de Deus, garantindo às criaturas ao oportunidade do aprendizado e a construção da evolução segundo suas opções livres diante das leis inderrogáveis que regem a Vida de Seus filhos.
Muitas moradas representando as muitas chances de evolução contrastam com a velha fórmula do Céu e do Inferno apregoado até hoje por muitas religiões, que resumem o Universo a um paraíso de beatitudes ou a uma fornalha de crueldades.
Incompatíveis com o senso de evolução gradual e permanente, tais religiões não sabem como vencer as contradições existentes entre a Bondade e a Justiça de Deus quando ensinam que, vivendo uma única vez, a alma tem seu destino fixado de forma definitiva no venturoso Éden de delícias ou no terrível Tártaro de sofrimento.
Algo mais semelhante a uma escola que só possuísse uma única classe de primário e que, observando o desempenho dos alunos durante um ano, ao final do curso conferisse o diploma universitário aos aprovados, enviando os reprovados para um forno crematório.
As concepções do Paraíso e do Inferno, como resultante da experiência de uma única vida, aviltam a ideia de um Deus Bom, de um Pai, tanto quanto revoltaria a qualquer um a conduta de um genitor que cozinhasse seu filho em azeite fervente porque teve nota baixa em uma prova da escola.
Com Jesus, o ser humano pôde aprender sobre a existência do reino do mundo e do Reino de Deus.
Dessa forma, o Divino Mestre ensinou sobre a necessidade de compreenderem as modificações interiores indispensáveis para que aqueles que viviam atrelados ao reino do mundo conseguissem se preparar para ingressar no Reino de Deus, o único verdadeiro e adequado aos que são os Filhos de Deus.
A vida na Terra se apresenta, então, como o período de desenvolvimento e avaliação de condutas, pensamentos e sentimentos, visando credenciar cada filho para o ingresso em outras fases evolutivas, vencendo suas fraquezas e debilidades, como se fosse um estágio de depuração da alma para suas futuras trajectórias em lugares melhores.
A capacitação do pré-primário seria, apenas, o pré-requisito para o ingresso no primeiro ano através da alfabetização mínima que facilitasse ao estudante compreender as lições que viriam, um pouco mais complexas, mas que se construíram com base no abecedário.
O primário era o adestramento da criança no código da linguagem para que compreendesse os demais ensinamentos.
Desse modo, os estágios iniciais não representavam a integralidade da Escola nem esgotavam todo o conteúdo da aprendizagem a ser assimilada pelo aluno ao longo de uma vida inteira de estudos.
O Reino de Deus abarca, pois, todas as séries gradualmente superpostas que são salas de aula nas quais os alunos vão sendo modelados e melhor preparados em suas capacidades espirituais.
O reino do mundo é a sala do pré-primário.
Jesus, como o professor responsável por ela, orienta seus alunos iniciantes sobre o código da alfabetização espiritual, relatando que a aprovação para os próximos estágios depende, fundamentalmente, do entendimento dos mecanismos das leis do Espírito.
Com essa lição bem entendida e colocada em prática, os alunos poderão ingressar em estágios mais adiantados, nas outras salas de aula da grande Escola do Universo.
Então, a todos ensina a necessidade de serem simples, pacíficos, brandos e humildes de coração, solidários, fraternos, sinceros e verdadeiros.
De se apartarem do mal, do orgulho e do egoísmo para que tenham a base firme sobre a qual serão edificadas as outras lições do porvir.
As muitas moradas são as outras esferas que servem, em diferentes níveis, como planos evolutivos para a imensidão das almas existentes, essas sim, contadas ao infinito, e que povoam os rincões do Universo sem limites.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:38 pm

Daí estarem os Espíritos Amigos, acompanhando o destino das criaturas para ampará-las nos exercícios diários através dos quais cada um conseguirá juntar as letrinhas, compreender a construção das palavras e, por conseguinte, entender a estrutura das frases.
Com isso a criatura se inserirá no contexto dos que compreendem o Alfabeto Divino e podem ocupar o seu lugar na ordem da Vida como novos Agentes de Deus, Ajudantes do Criador, Cooperadores do progresso, Administradores da Justiça, Servidores do Amor, Instrutores de Almas, Engenheiros de novas Civilizações, tudo isto como tarefa missionária desempenhada na grande escola universal.
Bezerra, Jerónimo, Adelino e outros irmãos aqui vistos como cooperadores responsáveis eram e são os ajudantes em tarefa.
As igrejas da Terra desempenhariam a função de aglutinadoras da Luz através dos ensinamentos espirituais, decifrando-os aos seus frequentadores através da explicação dos detalhes de funcionamento desse mecanismo aos que procurassem compreendê-los.
No entanto, fruto das distorções evolutivas e dos defeitos humanos, boa parte das religiões vilipendiariam o tesouro espiritual e, ao invés de oferecerem aos seus rebanhos o Verdadeiro Alimento, canalizaram seus interesses para as conquistas de vantagens imediatas, falando de Jesus, mas cultuando o Bezerro de Ouro.
Aos que procuram seu abrigo e ensinamento em seus templos, reduziram as lições à multiplicação de cerimónias ou rituais herméticos ou místicos, sem aprofundarem as coisas, impondo-lhes a crença cega em dogmas ilógicos de uma teologia confusa e balofa, de olho nas carteiras e valores de seus fiéis.
Deixando-se arrastar pelo canto das sereias, inúmeras instituições religiosas não têm-se demonstrado firmes o suficiente para manterem a nau cristã no caminho recto do desinteresse material alfabetizando seus alunos humanos com a lógica das leis espirituais, preferindo confundir seus adeptos com a troca de favores ou de interesses, à custa dos quais, conseguirão ingresso nas vantagens do Céu.
Jesus deixara muito claro essa questão falando sobre as dificuldades dos ricos ingressarem no Reino de Deus, através da história do Jovem Rico relatada em Mateus, capítulo 19, versículos 16 a 24:
16 E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe; Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
17 E ele disse-lhe:
Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus.
Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 Disse-lhe ele: Quais?
E Jesus disse:
Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;
19 Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
20 Disse-lhe o jovem:
Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?
21 Disse-lhe Jesus:
Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.
22 E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.
23 Disse então Jesus aos seus discípulos:
Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.
24 E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.
Obviamente, querido (a) leitor (a), não se pode atribuir ao Cristo qualquer tipo de preconceito contra este ou aquele, notadamente porque, em suas condutas, Jesus jamais deixou de se acercar de pobres e ricos, virtuosos e pecadores.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:39 pm

O que se entende dessas palavras, no entanto, é que aqueles que já se entregaram ao reino do mundo desfrutando suas benesses e facilidades, raramente estão dispostos a abdicar de tudo o que lhes garante superioridade, respeito, admiração ou inveja alheia para, por vontade própria, caminhar na direcção oposta, enfileirando-se com os desprezados, com os derrotados, com os que não são admirados.
As lutas que o reino do mundo impõem aos seus adeptos ou seguidores são demasiadamente atrozes para que alguém que já tenha conquistado algumas de suas regalias se disponha a se desfazer delas.
Observem-se as condutas das personagens dessa história.
A derrocada material pelo insucesso do negócio, a perda da fonte de abastecimento fácil, a necessidade de procurar trabalho digno para a conquista do salário decente, a perda do luxo representaram para a maioria deles um retrocesso inconcebível.
Boa parte preferiu embrenhar-se no cipoal do crime ou mergulhar no lodo da depravação para garantir as aparências do mundo.
Fugir da vergonha, aliar-se com outros poderosos, procurar favores à sombra dos endinheirados, agredir aqueles que já não lhes podem sustentar os prazeres, são comportamentos comuns à maioria dos que já se vestiram das púrpuras ilusórias, nas opulência levianas de um mundo ostentação e superficialidades, aparências e mentiras.
Como aceitarão uma mudança tão radical em seu estilo de vida?
A evolução coloca os alunos diante das provas necessárias, tanto para a avaliação de suas conquistas quanto para a demonstração de suas fragilidades.
No primeiro caso, o acerto e a correcção de condutas revelam um aprendiz capacitado, que assimilou as lições que lhe foram ministradas.
No segundo caso, a reacção rebelde, agressiva ou leviana se incumbe de demonstrar o despreparo do aluno e, então, sua urgente necessidade de lições mais eficazes na construção do abecedário divino dentro da alma.
Exemplo de aluno na primeira situação, encontramos Alberto e Marcelo que, suportando o peso de seus erros, se conduziram de maneira correta, aceitando as duras lições do destino como experiência de crescimento.
Não importa o que fizeram de errado.
O essencial era como se conduziam na transformação para melhora do próprio carácter.
Marcelo se afundou na libertinagem e colheu os frutos amargos dessas escolhas.
No entanto, mesmo no final da vida, arrependeu-se sinceramente e converteu-se em exemplo para os membros de sua família.
Suportando as dores e a vergonha de suas atitudes, seria visto pelo mundo como um derrotado, um perdedor.
No entanto, para o Reino de Deus, Marcelo surgia como um vitorioso de si próprio, mesmo que ainda fosse um enfermo da alma, a caminho da melhora definitiva.
Cornélia e Lauro também exemplificam os bons alunos que, podendo fugir da prova, poderiam ter deixado de atender às necessidades do filho rebelde e indiferente.
Afinal, como pensa o mundo imediatista, por todo o bem que lhe fizeram, foram pagos com a ingratidão e o esquecimento.
No entanto, colocados no teste do Amor Verdadeiro, foram capazes de sacrificar o orgulho e o amor próprio, a indignação e o ego ferido para actuarem como educadores reais, auxiliando o filho perdido e reconduzindo-o ao caminho novamente. Sobretudo em relação a Lauro, que nunca se dedicou a qualquer caminho religioso e que estava mais inclinado a atitudes mesquinhas, sua vitória foi a de um herói verdadeiro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:39 pm

A compaixão em sua alma foi tão gigantesca, que neutralizou todos os pruridos do amor-próprio, do orgulho de pai, fazendo com que Lauro esquecesse de imediato qualquer reacção de indignação para, ao contrário, sair em defesa daquele ser tão desditoso que tinha sob seus cuidados.
Com isso, demonstrou ser um espírito nobre, capaz de vencer o egoísmo e o orgulho destruidores, esquecendo tudo o que suportara por causa do filho perdido.
Quanto aos personagens que se encontram na segunda condição, na de maus alunos, de alunos rebeldes, levianos ou agressivos, não será difícil enumerar aqueles que não merecerão conquistar a aprovação final.
Observe sua vida, querido (a) leitor (a) porque estas são circunstâncias que acontecem na vida de todas as pessoas, todos os dias de todos os meses de todos os anos.
A decepção amorosa, o desejo de ser feliz à custa da infelicidade dos outros, a falta do emprego aconselhando a prática do delito, a calúnia descoberta na boca do melhor amigo, a ingratidão dos filhos, a traição dos afectos, a humilhação pública, a injustiça das leis humanas, são situações dolorosas que aferirão a conduta do filho de Deus que você é, de maneira que sua alma possa brilhar com uma grande nota de aprovação ou ver-se enevoada pelo fracasso diante da oportunidade, exigindo nova prova que, no futuro, venha aferir sua modificação nas mesmas áreas onde já fracassou anteriormente.
A terra, portanto, como sala de alfabetização do Espírito, está na hora do exame final de seus alunos, testando-os para seleccionar os que poderão nela permanecer, matriculados para cursos mais avançados, apartando os que precisarão dela ser retirados, a fim de irem habitar outras moradas na casa do Pai, nas quais o ensinamento também é muito eficiente, mas os métodos de ensino são bem mais exigentes e rigorosos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:39 pm

32 - EM BUSCA DOS ELEITOS
Compreendendo as palavras de Bezerra, os espíritos que o ouviam naquele ambiente meditavam sobre conceitos que valiam tanto para os vivos da carne quanto para os próprios desencarnados, uma vez que eles também estariam submetidos à aprovação ou reprovação nos cursos da Terra.
Então, para ampliar o campo de reflexões, Jerónimo indagou:
- Amado paizinho, a maioria dos casos sob nossa observação é de irmãos que estão se condenando ao exílio, incapazes de fazer parte da Nova Humanidade.
Relembrando a pergunta que os apóstolos dirigiram a Jesus certa ocasião, ouso indagar:
Porventura, haverá os que se salvam?
Bezerra acenou em sentido afirmativo, completando o ensinamento:
- Ora, filhos do coração, se é grande o número dos temporariamente indisciplinados a imporem-se o degredo transitório para núcleos de aprendizado mais difíceis, certamente que a escola terrena não será esvaziada de alunos.
Bons alunos existem que poderão, apesar de seus defeitos variados, continuar a frequentar suas aulas, porque demonstraram aproveitamento compatível com as expectativas pedagógicas do currículo divino, tendo demonstrado sincera disposição para a superação de suas limitações.
Certamente que, num primeiro momento, vocês poderão dizer que se trata da minoria dos habitantes da Terra aqueles que estarão em condições de permanência no planeta.
Realmente, será assim.
Porém, para a nova sala de aula já estão chegando outros alunos, atraídos pelas melhores estruturas escolares geradas pela purificação da atmosfera vibratória da Terra com o afastamento dos renitentes e obstinados no Mal.
Essas medidas profilácticas permitirão que seus futuros habitantes se identifiquem numa mesma sintonia de aspirações e inclinações para boas coisas.
Para identificarmos aqueles que se qualificaram para a permanência no mundo, caso, desejem aprender mais, poderemos excursionar pela superfície da Terra, aqui nas proximidades, para observarmos os critérios de selecção vibratória em acção.
Com todos demonstrando interesse em tão importante oportunidade de aprendizado, Bezerra continuou explicando:
- Se vamos sair a campo, é sempre bom que preparemos adequadamente a observação.
Tenho aqui um exemplar de O Evangelho Segundo o Espiritismo para que ele nos sirva de roteiro de estudos.
Tirando do bolso de seu alvinitente avental de médico um igualmente luminoso livro, abriu-o no capítulo terceiro, na parte destinada por Kardec à explicação sobre MUNDOS REGENERADORES.
Seleccionando parte do texto que guardava essencial ligação com a experiência que se propunha realizar, Bezerra considerou:
- Encontramos no Evangelho as seguras indicações dos critérios espirituais que possibilitarão a qualquer interessado possam promover a chamada “SALVAÇÃO”, objecto de pergunta de Jerónimo e das preocupações de grande parte dos seres humanos. Uma vez que a Terra caminha na direcção da regeneração, o Evangelho oferece as indicações qualificadoras dos que poderão habitar um mundo dessa categoria.
Tomando o exemplar, iniciou a leitura de pequeno trecho:
“- 17. Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes.
A alma QUE SE ARREPENDE encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se.
Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos; NELES NÃO MAIS DE ORGULHO QUE FAZ CALAR O CORAÇÃO; DE INVEJA QUE O TORTURA, DE ÓDIO QUE O SUFOCA.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:39 pm

Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos SE REVELANDO a Deus e tentando ir a Ele, seguindo as suas leis.”
- Basta atenção na leitura para começarmos a observar onde estão as importantes indicações dos critérios de selecção na avaliação dos candidatos, tomando-os pelo modo de proceder nas menores coisas.
Como podem observar o mundo regenerador é um orbe habitado por espíritos que se arrependeram.
O ARREPENDIMENTO sincero é a primeira condição essencial para nele ter assento, porque é a expressão da consciência que reconhece o erro cometido – ao invés de atribuí-lo a outrem – demonstrando a responsabilidade pelos próprios actos.
Ao mesmo tempo, é o primeiro passo para a correcção do erro, como consequência da culpa e do desejo de melhorar.
Sairemos em busca dos verdadeiramente arrependido, os que estarão revestidos da primeira condição para a salvação.
Não se trata, porém, do arrependimento mentiroso, daqueles que se arrependem de não terem roubado mais, de não terem sido tão cruéis quanto poderia ter sido, de não terem prejudicado os outros como seria possível fazer.
Não estamos falando aqui de arremedos de arrependimento nem dos que se lastimam por ter perdido a chance de serem melhores do que foram.
Estaremos em busca do arrependimento que significa reconhecimento da própria culpa em grau amplo e absoluto.
É a posição da alma em relação ao juízo que faça sobre si.
Não se trata do sentimento vinculado apenas a um âmbito da vida, como alguém que se arrepende de ter falado uma palavra torpe, mas que continua a agir de maneira indigna.
Temos muitos que se arrependem no varejo, mas que continuam agentes do mal no atacado. Compreenderam?
- Sim, doutor, respondeu Adelino.
Estaremos procurando os que fazem do arrependimento o resultado de um profundo exame de consciência sobre seu modo de ser e viver, e não sobre pequenos comportamentos do dia-a-dia.
- Perfeitamente, meu filho.
Os estudiosos das estrelas sabem que, através da luz que elas emitem, podem descrever os diversos materiais de que são formadas, porque cada elemento químico produz uma coloração em determinada faixa de onda do espectro.
Decodificando o raio luminoso que esses focos estelares emitem desde os profundos rincões do Espaço, sem saírem da Terra, os Astrónomos sabem dizer quais são os elementos químicos de que são compostos.
Isso também ocorre em relação à luminosidade ou ao campo de energias que cada criatura produz.
Observando as emanações que circundam cada pessoa, economizaremos tempo e encontraremos mais rapidamente aqueles que buscamos.
Cada pessoa possui um padrão de sentimentos.
Nesta etapa de nossas buscas, fixemos nossa atenção na questão do arrependimento.
Sua luminosidade específica se projectará ao redor daquele que estiver sob a sua influência, evitando que percamos tempo com outros estados interiores, ao mesmo tempo em que a intensidade dessa luz indicará se é um arrependimento fugaz ou se, realmente, atingiu as fibras mais profundas da Alma.
Terminada a explanação, Bezerra se voltou para o grupo e convidou:
- Podemos ir?
Além do querido médico, o grupo expedicionário era composto pelos experientes espíritos Ribeiro, Jerónimo e Adelino, que apoiaram os demais nos deslocamentos, além de Alberto, Alfredo, Horácio, Plínio, Lorena, Dalva, Cornélia e Meire, os trabalhadores desdobrados durante o sono de seus corpos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:40 pm

- Nosso primeiro destino será um dos cárceres de nossa cidade.
Não há melhor lugar para entendermos o peso da culpa e a acção do arrependimento do que esse, no qual os homens têm de enfrentar o peso dos equívocos na própria carne, recordando que não importa se a Justiça terrena cometa erros ao aprisionar inocentes.
O importante é que nos lembremos que a cada pessoa só acontece aquilo que está dentro de suas necessidades evolutivas, inclusive as injustiças decorrentes dos equívocos legais, fazendo cada um suportar os males que, um dia, tenham igualmente provocado.
Poderia não merecer o cárcere segundo a exactidão dos cânones jurídicos, mas, em realidade, estava em débito com os Códigos Divinos, que o conduziram ao ambiente onde permaneceria com a finalidade pedagógica e expiatória.
Impulsionados pela vontade firme do condutor do grupo que os organizou, Ribeiro, Jerónimo e Adelino, nos vértices de um quadrado, Bezerra localizou os outros no seu centro, criando um campo de forças que os circundava, protegendo os que eram menos experientes, ajudando-os nos processos de volitação até o destino.
Vista do alto, a cadeia era uma grande mancha escura na qual a revolta, violência, ódio e conflito davam o tom, não importando se observassem o local das celas onde ficavam os presos ou o lugar onde se localizavam os escritórios administrativos.
Soldados, agentes, funcionários, tanto quanto os detentos, todos pareciam prisioneiros de inferioridades morais e mentiras que os mantinham jungidos ao sistema repressivo para os aprendizados evolutivos indispensáveis.
Fosse como cumpridores da sentença dentro dos cárceres ou como seus guardadores, todos estavam lá para que aprendessem que as quedas geram consequências para os que se projectam nos delitos.
Os primeiros precisariam arrepender-se e procurar melhorar ao contacto com o isolamento enquanto que os guardas, funcionários, autoridades deveriam ocupar o lugar de auxiliares do reerguimento moral de seus semelhantes infractores, servindo-os com o desejo de ajudá-los na retomada da dignidade aviltada.
No entanto, os condenados se perdiam na escola de crimes e violências enquanto que os não condenados se esmeravam na conduta promíscua, no explorar as necessidades dos encarcerados, através da concessão de favores ou facilidades mediante o comércio espúrio e vil de vantagens materiais ou outras, facilitando ou dificultando a vida dos apenados, segundo os ganhos conseguidos ao contacto com os familiares que os visitavam.
Extorsões e ameaças eram práticas consideradas normais naquele meio, fosse entre os presos, fosse entre os que deveriam fiscalizá-los.
- Não se incomodem na observação dos equivocados. Eles já assinaram a dupla condenação, que lhes garante, além da permanência neste ambiente infeliz, a partida para outra penitenciária mais distante.
Nosso foco será encontrarmos os que estiverem tocados pelo ARREPENDIMENTO – advertiu Bezerra.
Caminharam por pavilhões escuros, onde só se observava o conjunto de emanações pestilentas como moldura escura e densa revelando a natureza espiritual de seus ocupantes.
No amontoado de corpos em sistema de promiscuidade, não havia como encontrar, segundo os critérios aprendidos, onde pulsassem as ondas do mais ínfimo arrependimento. Foi então que, ampliando a sua capacidade de penetração, Bezerra exclamou:
- Vamos ao outro lado. La ao fundo, diviso a emissão de um campo de energias luminosas compatível com o que buscamos.
Chegaram ao fundo onde, em cárcere abarrotado, homens se amontoavam na tentativa de dormir, enquanto outros não conciliavam o sono, ainda que a noite já fosse alta.
Sem se prenderem na observância dos que se entregavam às necessidades do sexo animalesco em ambiente tão impróprio, fosse com a anuência de seus companheiros ou através da violência do mais forte sobre o mais fraco, o grupo pôde encontrar um homem infeliz, entregue à oração.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:40 pm

Tratava-se de um rapaz que ali se achava já havia alguns meses e se entregara ao furto pelo desejo de obter ganhos mais rápidos para sustentar os filhos.
Prejudicara o estabelecimento onde trabalhava e, depois de longos furtos, levantou a suspeita do proprietário que, cansado dos inúmeros prejuízos, flagrara o ladrão em pleno ato, surpreendendo-se ao constatar que se tratava do próprio funcionário. O benfeitor, que lhe garantira o emprego, era a sua vítima.
Levado ao cárcere pela prisão em flagrante, não conseguiu liberdade por já ostentar a situação de reincidente.
Naquele dia, o pobre havia recebido uma cartinha escrita pelos filhos, sob a guarda da esposa.
O papel vinha grafado desordenadamente, já que cada filho queria fazer um desenho mais bonito do que o outro, como um presente ao genitor.
Espalhadas pelas linhas, frases puras que diziam: “papai, eu te amo”...
“tamo cum saudade”... “volte logo”... “um beijão... pai”.
A mãe lhes havia contado que o pai precisara viajar a trabalho e que demoraria voltar, mas que iria colocar a cartinha deles no correio para que ele a recebesse.
Naquele dia de visitas, então, a mulher havia ido à cadeia ao encontro do marido e colocara em suas mãos o pequeno documento junto com amorosa carta escrita por ela mesma e que, pesar da precariedade de seus conhecimentos, vinha cheia do verdadeiro afecto, dizendo:
“Meu bem... ti amo.
Quiero que saiba que as coisa tá tudo bem.
Os menino tá bão... só a Michele qui chora pidino o pai.
Eu sei que ocê é um home bão i qui si feiz isso é pruquê quiria dá coisas boas pra nois.
Mas quero ti dizê qui a gente prefere passá fome cum ocê do nosso lado do que tê coisas boa cocê longe de casa.
Fui prucura um devorgado do estado pra vê se ele fais as coisa andá mais rápido.
Num fais ninhuma bestera aí drento não, hein?
Nossos fio tão esperano a vorta do pai e eu a do meu cumpanheiro.
Ti quero... to cum sodade.
Bejo, Juana.”
A lembrança dos filhos, o carinho de seus pequenos, o amor e o sacrifício de Joana era alimento para o espírito de Benedito, o preso envergonhado que, naquele momento, segurando os pedaços de papel que lhe valiam mais que pepitas de ouro, chorava silenciosamente, improvisando uma prece a Deus, na qual pedia perdão por seus erros.
Lembrava-se de seu ex-patrão a quem vinha furtando sistematicamente e a vergonha aumentava ainda mais o seu pranto.
No entanto, a recordação do lar distante, do carinho dos filhos e da simplicidade ingénua e amorosa da esposa aprofundavam em sua alma o arrependimento por tudo o que já havia feito de errado na vida.
E a oração que sua alma elevava ao Criador, do interior medonho daquele antro, era a marca pura do ARREPENDIMENTO verdadeiro.
Nunca mais, jurava ele, iria realizar qualquer ato que prejudicasse os outros.
Havia se iludido com o sucesso dos primeiros furtos, conseguindo bens sem esforço e se sentindo um bom pai por trazer para casa o que os filhos lhe pediam.
Comprometia-se a suportar a cadeia além de jurar que, quando saísse, procuraria pelo ex-patrão e lhe pediria perdão pela atitude infeliz, pela fraqueza de carácter.
Não sabia quanto tempo ainda permaneceria naquela situação tão dolorosa, mas, pela saúde dos próprios filhos, jurava que se emendaria, que superaria qualquer dificuldade através do trabalho honesto, ainda que fosse pedindo esmola.
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Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz - Página 7 Empty Re: Série Lúcius - HERDEIROS DO NOVO MUNDO / André Luiz Ruiz

Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:40 pm

Lembrava-se da primeira vez que fora preso, em uma época na qual não era pai, nem tinha família para criar.
Era um irresponsável, que queria fazer as coisas da sua maneira e pensava que poderia afrontar a vida sem consequências. Todavia, agora que sentia o amor dos que contavam com seus exemplos, que se fizera responsável por outras criaturas e era querido com carinho verdadeiro, sentia que estava perdendo muito mais que poderia ter ganho com as práticas delituosas.
- Estão vendo, meus filhos.
Benedito está se abrindo para uma conscientização completa sobre os deveres de um chefe de família.
As vibrações luminosas que partem de sua mente e do seu coração são tão intensas, que vencem a atmosfera densa deste cárcere e podem ser captadas por espíritos amigos, que estarão se empenhando em ajudar o esforço de Joana para apressar-lhe a libertação, liberdade essa que deverá vir no tempo justo, visando a cristalização dos ensinamentos, marcando seu espírito para sempre com o selo do dever, depurando-o no cadinho do sofrimento.
Benedito é um doente que está em processo de tratamento eficaz, aceitando a medicação representada pela restrição dos direitos como alguém que aproveita a dificuldade para crescer com ela.
Se, quando deixar essa cadeia, cumprir com estas palavras tão sinceras, se não se permitir voltar à desonestidade, se procurar o irmão lesado para desculpar-se, certamente contará com merecimento que o autorize a permanecer neste mundo.
Todos os espíritos do grupo identificaram as emanações luminescentes que brotavam do pobre preso e, unindo-se às expressões de sinceridade que emitia, juntaram à dele as próprias orações, avalizando a solicitação de socorro e amparo aos Céus, que certamente responderia em favor de um Benedito melhorado, graças à aceitação de suas culpas, ao remorso pelos actos praticados e ao ARREPENDIMENTO a que chegara, propiciado pelo carinho semeado pelos seus entes mais queridos em um pobre pedaço de papel.
Ao redor, a escuridão física e moral campeava, inalterada.
Mas no coração do pobre Benedito luzia a esperança de uma nova vida, como um possível integrante da Nova Humanidade, que seria composta não de seres purificados, mas, ao contrário, de espíritos desejosos de melhoria, a partir do reconhecimento dos próprios equívocos e do esforço na reedificação da existência.
Naquele lugar não havia mais ninguém em cujo coração esse tipo de reacção se encontrasse tão patente e verdadeiro.
Somente Benedito poderia ser enquadrado no conceito de arrependimento efectivo a lhe permitir o direito de aqui permanecer, como um aluno preparado para as lições que a terra forneceria aos que haviam se empenhado na mudança e que, por isso, conseguido a própria SALVAÇÃO.
Deixando aquele ambiente de dor e aprendizado, Bezerra alçou voo com o grupo, agora levando-os á outra parte da cidade onde, segundo suas palavras, poderiam encontrar outros exemplos de ARREPENDIDOS VERDADEIROS.
Iam na direcção de um dos Hospitais existentes na comunidade.
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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Nov 20, 2018 8:40 pm

33 - DOENTES DO CORPO E ENFERMOS DA ALMA
A chegada do grupo ao hospital foi rápida.
Todavia, diferentemente do cárcere, o ambiente vibratório era muito distinto. Trabalho em todas as direcções e nos dois lados da vida.
Naturalmente que a presença do Doutor Bezerra naquela Casa de Esperança era motivo de alegria para todos, especialmente aos dirigentes desencarnados da instituição, previamente informados da chegada do grupo de estudos que o acompanhava.
Para ganharem tempo aproveitando os minutos, após as rápidas saudações entre todos, foram deixados à vontade pelos anfitriões.
Tomando a palavra, explicou Bezerra:
- Observem, meus filhos, que aqui, as vibrações favoráveis tornarão menos penosa a nossa pesquisa uma vez que, quando se defrontam com o sofrimento na área da saúde física, em geral, as pessoas se tornam mais inclinadas aos estados introspectivos.
Quando a dor visita a carne, fazendo cada um recordar-se de que não passa de singelo passageiro do ônibus da vida, as reflexões naturalmente explodem nos pensamentos.
Aqui, isolados em leitos ou convivendo com diversas dores simultâneas, não lhes falta tempo para fazer aquilo que em outras condições orgânicas, geralmente, não gostam muito: PENSAR!
Encaminhou-se com o grupo, então, para o corredor principal daquele vasto nosocómio.
Aproveitando a oportunidade, Adelino comentou, desejando facilitar o aprendizado dos encarnados que, interessados, obteriam importantes informações:
- Quando de minhas experiências nesta área, querido Doutor, sempre me admirei do poder da enfermidade para abrir a mente e o coração a novas ideias, como se a dor fosse o bisturi da fé.
-Não resta dúvida, meus filhos, que a dor é uma importante aliada dos seres humanos como ferramenta por eles mesmos manipulada, uma vez que das suas atitudes decorrem as necessárias consequências e, por isso, as dores são sempre escolhas evolutivas.
Mesmo quando a alma as solicite para acelerar seu crescimento através de provas variadas, são alavancas a serviço da vontade ou do desejo do próprio interessado.
No entanto, observaremos sempre uma coisa interessante:
Quanto mais grave é o estado ou o problema, mais profunda costuma ser a entrega do enfermo aos estados de arrependimento.
Doentes existem que, estagiando neste hospital por motivos banais, perdem a oportunidade de meditar na transitoriedade da vida e na leviandade de suas condutas porque não se sentem ameaçados, naquele momento, pela possibilidade da Morte.
Então, almeja tão somente o regresso às suas moradias o mais rápido possível, para que continuem levando o mesmo estilo de vida de antes.
Mas quando a dor se torna incisiva, quando as causas geram efeitos danosos através de incómodos mais terríveis, cada encarnado é levado a aprofundar-se no raciocínio do porquê daquele estado e qual a sua efectiva participação naquele evento.
O isolamento hospitalar, a dependência da ajuda alheia, a convivência com outros doentes, a visão de outros sofrimentos quase totalmente desconhecidos da maioria, fora daqui, facilita aos que caíram no estado de isolamento meditativo que procurem abrir-se para Deus através da prece pessoalmente realizada ou solicitada como intercessão de terceiros a seu benefício pessoal.
A ausência de familiares às suas ordens, com a respectiva falta que lhes faz aquela companhia que nunca valorizara, a dependência emocional e material para as mínimas coisas e necessidades fustigam o orgulho, a arrogância, despertando o sentimento de solidariedade e admiração pelas pequenas coisas.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 21, 2018 8:44 pm

O medo da morte como um ponto final de seu período na Terra, a perda dos bens que juntaram com avidez e egoísmo, sentindo-os esvaírem-se pelos dedos, a derrocada de seus negócios, o fim de seus planos mirabolantes, a dúvida sobre o destino desconhecido, a falta de vivência espiritual ou de conhecimentos que os ajudem a encontrar calma, tudo isso e muito mais vai esculpindo a alma no silêncio das horas vividas em um leito hospitalar.
Todos acompanhavam a palavra inspirada daquele que conhecia profundamente os efeitos benéficos de tais circunstâncias na vida das criaturas.
- Então, meus filhos, surpreendem-nos as orações aflitas nascidas no pensamento de homens indiferentes, de mulheres amesquinhadas pela superficialidade, de pessoas sem qualquer ligação com Deus.
A maioria dessas preces, é verdade, fruto do medo, das angústias e do receio do desconhecido.
No entanto, muitas vezes divisamos a dor física desatar a dor da consciência e, nas manifestações de fervoroso arrependimento, aqueles que começam a despertar para um outro tipo de entendimento se beneficiarão tanto pela certeza da despedida que se acerca quanto pela convicção de que nunca vão morrer, o que faz os diques do remorso darem vazão ao rio de lágrimas da culpa que lavam o espírito, ao menos no sentido de aliviar o peso da consciência no regresso à vida indestrutível e verdadeira.
Todos sabem que precisarão assumir seus delitos e superar suas faltas de forma que suas experiências em um leito hospitalar, para os que saibam aproveitar os conselhos da dor e do silêncio, da solidão e da necessidade, são advertências celestes para que não se perca mais tempo.
Dirigindo-se ao interior de um quarto colectivo, Bezerra indicou aos alunos que o seguiam:
- Neste ambiente, perceberão que vários seres estarão usando a oração de alguma forma e, se não estiverem atentos, poderão imaginar que são todos convertidos aos novos rumos.
No entanto, se é normal que a debilidade física faça os lobos guardarem as garras, amoitando-se nas tocas, isso não quer dizer que eles deixaram de ser lobos. Daí deveremos observar, com objectividade, o estado de vibrações ligadas ao arrependimento verdadeiro, não somente aquele que faz todos desejarem vencer os obstáculos e regressar às suas vidas, porque não há nenhum dos internados em um hospital que não sonhe em retomar suas actividades cotidianas.
Todos querem sarar e se confessam a Deus como anjos injustiçados à espera do socorro do Pai. No entanto, não será muito grande o número dos que desejarão superar seus estágios inferiores com a autenticidade daqueles que aceitaram a beleza da lição.
Abeiraram-se, então, do primeiro doente:
- Observem seus pensamentos – disse o médico amigo – antes de accionar avançado aparelho representado por uma maleável tela que, flutuando à frente do acamado, facilitaria a visualização do conteúdo de suas ideias.
- Alberto, meu filho, diga-nos o que sua visão observa ao redor de nosso primeiro irmãozinho.
Procurando corresponder à expectativa do professor e de seus amigos de lição, o médium fixou-se atentamente sobre o encarnado que, em vão, tentava dormir.
- Observo, doutor, que este irmão vive um intenso conflito mental.
Parece misturar as palavras de uma oração com os pensamentos confusos, como se estivesse falando e respondendo ao mesmo tempo.
Escuto que diz:
“Ah! Meu Pai amado, tire-me daqui.
Preciso voltar para casa porque tenho quem necessite de mim.”
No entanto, logo depois, exclama:
“Que será que aconteceu com Francisca, a maldita que não veio me ver mais uma vez?
Será que já não arrumou outro?
Enquanto estou na pior, deve estar bem feliz com a minha ausência.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 21, 2018 8:44 pm

Terá que ter uma boa desculpa para me dar quando resolver vir aqui novamente.”
E depois recomeça:
“Ah! Meu Deus, veja como sou infeliz. Já não bastam minhas dores?
O que fiz para merecer os tormentos da traição dentro da própria casa?
Sou um desgraçado...
Mas a infeliz há de me pagar, vai ver só...”.
Acenando com a cabeça, Bezerra concluiu a observação, estendendo a tela sobre a cabeça do doente para facilitar a visualização para todos do grupo:
- Vejam as imagens do condensador de pensamentos.
Trata-se de um irmão fustigado pelo ciúme atroz, que o tem perseguido como fantasma a rodar-lhe a casa mental, encaminhando-o ao sanatório.
Todavia, acumpliciando-se nessa teia de perseguições, nosso doente se afinizou com espíritos inferiores com tal precisão, que reage às ideias que lhe sugerem sem qualquer oposição do pensamento lógico.
Sua esposa está à frente das responsabilidades do lar, precisando acolher os três filhos pequenos que exigem dela atenção e cuidados.
Mas o marido não reflexiona a respeito dos compromissos da companheira, ainda mais assoberbada com a sua ausência.
Desajustando o centro mental e, na falta de maturidade afectiva, envenenou-se de tal forma com tais suposições que, como consequência, destrambelhou o fígado com os dardos agressivos de pensamentos e sentimentos aflitos, assimilando ainda mais as emissões tóxicas das entidades que se conjugaram à sua leviandade.
Não sabem o que é orar de maneira verdadeira e mesmo quando, como agora, poderia meditar mais profundamente, seus pedidos de ajuda são entremeados pelo controle mental dos sócios desencarnados, que continuam a puxar as cordinhas do pensamento fazendo com que mescle os pedidos de socorro ao juízo condenatório e ideias agressivas contra a esposa, mulher que o vem tolerando por amor às crianças.
Não será aqui que encontraremos o que estamos buscando.
Este irmão continua doente e prosseguirá enfermo mesmo que o fígado, à custa de tratamento e remédio, se recomponha, o que será muito improvável que aconteça, infelizmente.
Deixando aquele leito, caminharam para o seguinte, onde outro homem idoso dormia um sono agitado.
Chamando Dalva, Bezerra fez o mesmo pedido que fizera antes a Alberto.
- Bem, doutor, o que consigo observar é que este irmão está lutando em vão para sair do corpo físico, angustiado pela preocupação com alguma coisa que se passa longe daqui.
Esta dificuldade é motivada pelo medo gerado no doente porque, ao lado do leito, há um espectro negro que o apavora, fazendo-o regressar à fortaleza física como alguém que retorna à trincheira assim que vislumbra o inimigo a espreitá-lo.
- Muito bem, Dalva, isso mesmo.
Vamos avaliar o motivo desse comportamento.
Estendendo novamente a tela sobre o tronco do agitado ancião, ela imediatamente iluminou-se com a cena que se desdobrava:
- Vejam só o que se passa neste caso.
O nosso amigo está agoniado com o destino dos bens que juntou, mas que, agora, jazem longe de seu controle.
Vivendo para a vida material e tendo nela o foco de suas preocupações durante todo o seu transcurso, está impedido de fiscalizar seu património porque a doença o afastou do controle do cofre.
Sofre com a perspectiva de ver diminuídos os ganhos, de não obter as polpudas remunerações dos que tomaram empréstimos de suas mãos e que, neste momento, segundo imagina o pobre homem, estariam se locupletando às suas custas, sem efectivarem as quitações a que se comprometeram.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 21, 2018 8:44 pm

Por não confiar em ninguém, adoptou a vida solitária de quem só se relaciona com quem está em idêntico padrão de vida.
Só que, agora, sem afectos mais dedicados, percebeu-se no centro de terrível armadilha.
O espectro sombrio que o ronda é composto dos inúmeros espíritos vingadores, aqueles que foram por ele muito prejudicados, que deixaram a Terra prometendo vingança e dos outros companheiros avarentos que o inspiram na sovinice desmedida, desequilibrando sua lucidez.
Nosso amigo, infelizmente, está perdendo oportunidade de aprender com a doença a meditar no que o espera.
Não conseguirá sair deste hospital a não ser para ver levarem seu corpo ao necrotério.
No entanto, isso só vai tornar mais desesperadora a situação, uma vez que se recusará a deixar o envoltório físico e, para ocultar-se dos perseguidores, ver-se-á obrigado a se esconder em um organismo apodrecido ou precisará encará-los.
Não encontraremos aqui, também, o arrependimento que buscamos.
Observando do outro lado um dos doentes no qual a visão espiritual identificava um halo de luzes, Bezerra levou o grupo até a sua cama.
- Observem este irmão.
O que você consegue divisar, Cornélia?
- Bem, Doutor Bezerra, observo-o em profunda oração.
Está pensando na dor que o conduziu ao leito.
Está dizendo:
“Meu Pai, você sabe que meu sofrimento existe e que fiz por merecê-lo.
Sempre abusei da comida e da bebida e agora estou pagando o preço por isso.
Ajude-me a sair desta, Senhor.
Tenho sido um bom filho de Deus.
Cumpro meus deveres na igreja e pago o dízimo de tudo quanto recebo. O próprio pastor me admira pela fidelidade aos cultos e já foi até minha casa por duas vezes, almoçar com minha família.
Valha-me, Senhor.
Estou seguro de que o sangue de Jesus tem poder.
Prometo que, saindo daqui, vou controlar a boca para que meu colesterol não me traia novamente...”
Realizando o mesmo procedimento já adoptado nos anteriores, Bezerra abriu a tela flexível sobre o doente que orava com a unção dos crentes e perguntou:
- Este irmão está envolto por um halo de luzes e realiza uma oração na qual reconhece seus desajustes e faltas como a origem deste problema físico.
Para vocês, ele demonstra estar vibrando no padrão do arrependimento que buscamos?
Apesar das emissões luminosas à sua volta, todos foram unânimes em negar que ele estivesse nas condições procuradas.
- Parece que seu estado interior não se encontra vinculado à modificação mais profunda.
Observem a tela.
Vemos que nosso companheiro tem uma vida boa, agradável e sem maiores dificuldades graças à fé que o sustenta.
Frequentador de igreja, conseguiu agregar-se aos que auferem as vantagens materiais da prática religiosa e, com a justificativa de ser fiel a Deus, granjeando-lhe os favores para as facilidades do mundo, passou a comer e desfrutar da vida, ajuntando recursos na área do conforto que se lhe depositaram nas artérias, comprometendo o funcionamento do coração.
Motivado apenas pela palavra bíblica e adepto de uma fé sem obras, tem um negócio comercial que serve à instituição religiosa e sua clientela é composta, em sua maioria, dos outros fiéis, fazendo com que esteja constantemente dependendo do culto na defesa de seus equívocos para a manutenção de seus ganhos.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 21, 2018 8:44 pm

Vida fácil, com a abundância do garfo e do conforto, contaminou-se no egoísmo e na indiferença para com os sofrimentos do mundo.
Acostumou-se a pedir coisas a Deus baseando-se nas doações feitas à igreja, mesmo quando reconhece sua culpa pelas condições deterioradas em que seu corpo se apresenta.
É um irmão como outro qualquer, vivendo pelos padrões da maioria para a qual a fé é apenas um meio para se conquistar o reino do mundo.
Tem um sentimento sincero e acredita em Deus, o que o faz rodear-se dessas claras emanações.
Teve uma vida sem crimes graves, mas sua fé não o transforma nem o qualifica para representar o ARREPENDIMENTO que estamos procurando.
Nosso irmão não é mau, como grande parte dos religiosos de todos os tipos em todas as religiões.
Mas é um profissional da crença, vivendo envolvido por interesses e vantagens almejadas, não se aprofundando no Verdadeiro Amor de Jesus pela miséria dos seus semelhantes, o que o faria menos obeso ao dividir alimentos, menos amolecido por exercitar-se no amparo aos doentes, menos acomodado por exercer a compaixão perante os irmãos de Humanidade.
Ao redor, outros doentes adormecidos não apresentavam condições de avaliação, ausentes que se encontravam graças à libertação do sono do corpo físico.
Mudaram de quarto para que a experiência prosseguisse.
Com sobeja experiência nas dores humanas, Bezerra conhecia cada qual pelas emanações que visualizava sem necessidade de qualquer aparelho.
Então, conduzindo o grupo que o seguia, atento, foi directo ao leito de uma jovem que padecia dores terríveis na região ventral.
Sua condição física não permitia que dormisse.
No entanto, seu sofrimento não impedia que intensas luzes fossem emitidas pelo coração e pela mente vigilante.
Observando-a, Bezerra exclamou:
- Creio que encontramos nossa tão esperada paciente.
E indicando-a para Dalva, solicitou a anamnese rápida das condições da infeliz:
- Bem, doutor, nossa irmãzinha está nestas condições dolorosíssimas por acabar de praticar um aborto.
Um foco infeccioso domina o centro genésico na área onde a violência foi cometida, alimentado pelo seu sentimento de culpa e pela dor moral daquela que, agora, não sabe o que fazer para consertar aquilo que, em seu íntimo, sabe ter sido um crime contra um inocente.
Vejo o espírito que chora à sua cabeceira, ainda preso ao calor de seu corpo, suplicando socorro àquela que ainda chama de “mãezinha”.
A cena é de uma tristeza sem conta.
Preciso me controlar para não me entregar à dor de ambos, doutor.
Aprovando o controle da experiente médium, Bezerra afagou-lhe a fronte e disse:
- Isso mesmo, minha filha.
A responsabilidade mediúnica deve sempre administrar com seriedade para que não comprometa o equilíbrio da tarefa nem a limpidez da informação.
E repetindo as experiência anteriores, explicou:
- Esta é Valquíria.
Trata-se de uma moça que, às portas do matrimónio com Daniel, reencontrou-se casualmente com Pedro, o antigo namorado da juventude que, naqueles idos tempos, a trocara por outra mais interessante.
O tempo passou para ambos e, assim que Pedro soube que a ex-namorada estava com os pés no altar para desposar Daniel, procurou-a com a ideia de retomar a influência sobre o sentimento da infeliz, que jamais esquecera o rapaz nem abdicara da paixão que por ele ainda nutria, mesmo casando-se com outro.
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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Nov 21, 2018 8:44 pm

Pedro não se imaginava substituído nas atenções de Valquíria nem aceitaria, no seu orgulho e imaturidade, perder o posto para um desconhecido.
Assim, fez porque fez, até conseguir fazer parecer casual um encontro bem urdido por sua astúcia masculina.
Valquíria, que nunca o havia esquecido, apesar da proximidade do casamento, viu renovar a velha paixão, a requeimar-lhe o peito.
A princípio manteve-se firme, afirmando seu compromisso com Daniel.
No entanto, o antigo amor se fez mais incisivo e, com a desculpa de uma “despedida”, conseguiu a complacência da jovem para as intimidades sexuais que por ela também eram tão sonhadas.
Valquíria acabou se entregando a Pedro como a moça apaixonada, enquanto que o rapaz dela se valia apenas para se reafirmar como o dominador de seu coração feminino, comprovando a fascinação que ainda exercia sobre ela.
Em questão de uma semana, o primeiro encontro se multiplicou em mais quatro, nas tórridas aventuras onde os hormônios dominam os raciocínios.
Depois de ter se saciado com a jovem, o astuto Pedro afastou-se sem dar notícia, deixando-a às portas do desespero.
Convivendo com a culpa pela traição desconhecida pelo noivo, Valquíria já pensava em romper com Daniel, acreditando nas promessas de união do antigo namorado.
A inexplicável ausência do rapaz, no entanto, coincidiu com a constatação infeliz de que seu corpo começava a gestar uma nova vida.
Era a desgraça sobre a desgraça.
Temendo os resultados desastrosos de uma gravidez de outro homem, Valquíria não teve coragem para escolher o caminho da responsabilidade moral.
Preferiu a solução simplicista da extinção da gravidez no silêncio e no anonimato.
Procurou pessoa despreparada para esse procedimento motivada pelo baixo custo compatível com suas posses e entregou-se àquilo que, julgava ela, seria a solução para suas angústias.
A desgraça, porém, se patenteou com o processo infeccioso que, surpreendendo a todos, inclusive o próprio noivo, trouxe-a ao leito hospitalar no qual, sob os cuidados gerais dos médicos encarnados e dos seus amigos invisíveis, enfrenta os efeitos danosos de sua atitude enquanto luta para não ver sua vida ceifada tão cedo.
Fazendo breve pausa para que todos pudessem meditar na situação triste da infeliz criatura, Bezerra continuou:
- O que faz o caso de Valquíria ser promissor é que, a seu favor, temos observado uma transformação verdadeira, que brota de seu coração arrependido.
Sentindo-se suja e indigna, Valquíria voltou-se para a fé em Deus, agarrando-se aos seus santos de devoção juvenil.
Sobretudo à nossa Mãe Santíssima tem ela recorrido.
Ninguém melhor do que a Mãe para entender a dor da mulher que não desejou a maternidade, envolvida pelo cipoal da afectividade descontrolada e pelas ilusões do coração, manipuladas por um outro infeliz e indiferente.
A essa altura, todos se emocionavam com o valor daquela mirrada criatura.
- Tão intensas têm sido as suas orações, que encontramos nela mesma o material adequado para auxiliar a recomposição das defesas do organismo, estimulando suas vibrações de auto perdão, fazendo-a recordar-se de que os infelizes são aqueles sobre os quais Jesus se debruça com maior carinho.
Quando algum visitante vem trazer o bálsamo da oração neste ambiente de sofrimentos, ela o recebe independentemente da religião e, emocionada, agradece o carinho da prece sincera.
Em seus pensamentos mais decididos, já solicitou a Jesus que ajude a ser mãe desse mesmo espírito, ainda que tenha que padecer muito para que isso aconteça.
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