LUZ ESPÍRITA
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Psi x Sobrevivência

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 16, 2012 9:59 am

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BVPP: Os cépticos afirmam que a Parapsicologia não pode demonstrar a existência de psi e que, portanto, é uma área que deveria desaparecer.
Como responderia a essa crítica?


Creio que esta posição é exagerada.

Ainda que existam problemas na replicação de estudos experimentais, há certa consistência, como se pode verificar em algumas revisões de literatura, especialmente nas meta-análises.

O que eu digo aos críticos é que a ciência precisa manter perspectivas amplas e precisa continuar a pesquisa.

Com tão poucos recursos, a Parapsicologia não tem tido a mesma oportunidade que a Psicologia e a Psiquiatria para resolver problemas.

Por outro lado, a existência de psi não é o único tema de interesse da Parapsicologia.
Essa disciplina também estuda experiências sem procurar demonstrar que estas são verídicas ou "paranormais".

Meus estudos de experiências fora-do-corpo são um exemplo disso.
Também é possível trabalhar neste campo seguindo hipóteses convencionais.

Em outras palavras, a Parapsicologia é mais que um "sim" ou um "não" em relação à realidade da experiência investigada.

Desde esse ponto de vista, têm-se feito importantes contribuições em termos da prevalência, das características fenomenológicas e das relações com variáveis psicológicas com alguns dos fenómenos, o que mostra que a posição do crítico aludido na pergunta não é suficiente para acabar com a pesquisa.

BVPP: Os religiosos alegam que psi demonstra a existência da alma.
O que poderia dizer a esse respeito?

Isto não é apenas defendido por religiosos, mas por outras pessoas também. Exemplos são os pesquisadores do passado, como Myers e Bozzano, e pesquisadores como J. B. Rhine e J. G. Pratt.

Apesar de os argumentos dessas pessoas e de outras, creio que essa posição não esta demonstrada.

Ainda que existam argumentos em seu favor, não me parece que no estado limitado de nossos conhecimentos possamos afirmar com segurança que a existência da alma ou do espírito tenha sido demonstrada.

O que parece importante é manter uma mente aberta a explicações diferentes das convencionais.

É possível que algum dia, possamos documentar a existência de um princípio ou um processo alternativo que modifique nossas ideias de funcionamento do sistema nervoso (por exemplo).

Isso poderia mudar o paradigma ou poderia interactuar com esse.
Até agora apenas podemos dizer que alguns resultados sugerem que nossa visão de funcionamento sensório-motor é incompleta.

É prematuro invocar o espírito como explicação, especialmente na forma contundente como alguns costumam fazer.

BVPP: Há quem defenda o uso de psi em terapias.
Há conhecimento suficiente para recomendar a aplicação de psi em psicoterapias ou terapias orgânicas?


Não creio que tenhamos os conhecimentos suficientes nem o controle do fenómeno necessário para proceder a uma aplicação confiável em matéria de terapia.

Quem sabe isso possa ser de ajuda em alguns casos, mas não creio que alguém deva depender exclusivamente de fenómenos parapsicológicos para fazer psicoterapia ou outra forma de terapia.

BVPP: Quais suas esperanças para a Pesquisa Psi no futuro?

Minha esperança é que venhamos a fazer pesquisas e o trabalho teórico suficientes para aumentar significativamente a compreensão dos fenómenos que estudamos.

Para mim isto significa a expansão do potencial humano.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 17, 2012 9:46 am

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Mas temos que ser realistas.
Isto não apenas tomará muito tempo, senão que, como todo o estudo realizado com seres humanos, a tarefa é sumamente difícil.

Apesar do progresso relativo em Psicologia e em Psiquiatria no estudo de muitos fenómenos, como os sonhos, as imagens mentais, a esquizofrenia, a dissociação, as alucinações, a criatividade, as emoções, ainda não conhecemos plenamente a natureza desses fenómenos não-parapsicológicos.

Ainda se discute na literatura sobre sonhos porque sonhamos.
Os modelos apresentados muitas vezes se contradizem.

Nem mesmo compreendemos exactamente como um trauma pode causar amnésia ou a relação exacta entre saúde mental e criatividade.

A realidade é que desconhecemos muito dos aspectos da mente humana que são básicos para nossa compreensão dos fenómenos parapsicológicos.

É muito difícil dar sentido aos fenómenos parapsicológicos quando não entendemos em detalhes as variáveis que tratamos de relacionar às experiências fora-do-corpo ou à percepção extra-sensorial.

Como podemos compreender a relação entre percepção extra-sensorial e a extroversão e os estados alterados de consciência quando ainda não conhecemos muitas coisas básicas sobre a psicologia e a psicofisiologia desses últimos fenómenos?

Os limites do conhecimento actual sobre a natureza e o funcionamento da mente humana limitam muito a Parapsicologia.

Mas temos que viver com essa incerteza.
Isto é parte do processo científico em áreas fronteiriças como a nossa.

Saiba mais:

Contacto com o Dr. Carlos S. Alvarado: alvarado@parapsychology.org

Recientes Estudios y tendencias en la Investigación de las Experiencias Fuera del Cuerpo, Carlos S. Alvarado, Ph.D.
http://www.pesquisapsi.com/content/view/2263

Estudos Científicos das Experiências Fora-do-Corpo
http://www.pesquisapsi.com/topico37.html

Estudos Científicos das Experiências Próximas da Morte
http://www.pesquisapsi.com/topico32.html

Alejandro Parra
http://www.alipsi.com.ar/cvparra.asp

Experimento realizado por Fábio Eduardo da Silva, Sibele Pilato e Reginaldo Hiraoka
Ganzfeld vs. No Ganzfeld: An Exploratory Study of the Effects of Ganzfeld Conditions on ESP.

http://www.pesquisapsi.com/artigo77.html

Resumo da Tese de Doutorado de Wellington Zangari.
http://www.pesquisapsi.com/artigo2114.html

Resumo da tese de Doutorado de Fátima Regina Machado
http://www.pesquisapsi.com/artigo2113.html

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Psi x Sobrevivência - Página 4 Empty Introdução ao Conceito de Psi

Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 17, 2012 9:47 am

Leonardo Stern

Inter Psi / CENEP / COS / PUC-SP
lstern@pesquisapsi.com

Resumo

Neste texto é feita uma pequena reflexão sobre o uso do conceito de paranormal dentro do contexto científico avaliando seu significado, sua neutralidade e suas implicações teóricas.

O termo psi é introduzido e proposto como substituto mais adequada do termo paranormal para utilização em ambiente académico-científico.

Sobrenatural

Uma vez que estamos avaliando o conceito de paranormal apenas do ponto de vista científico e que existem outras formas de conhecimento alternativas ao conhecimento científico que são igualmente válidas dentre eles:

* O conhecimento popular é baseado nas experiências do dia-a-dia, experiências pessoais e relatos de pessoas próximas.

Podemos saber, por e que veneno mata sem conhecermos os mecanismos envolvidos no processo de envenenamento.

Isso não quer dizer que o conhecimento científico seja superior ao popular.
É comum a indústria farmacêutica criar remédios baseados em ervas popularmente utilizados para combater determinada doença.

Neste caso, podemos afirmar que o conhecimento popular estava à frente do científico;
* O conhecimento religioso é revelado por inspiração divina e é incontestável.

Não podendo pode ser verificado cientificamente;
* O conhecimento filosófico se baseia na lógica e razão mas não pode ser verificado experimentalmente.

A ciência, por sua vez é definida por Ander-Egg como:

A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objectos de uma mesma natureza.

Isto é, não é obtido ao acaso, mas através de regras lógicas e procedimentos técnicos, é falível e verificável.

Percebemos, então, que todo campo de pesquisa científica deve definir o seu objecto de estudo de modo neutro e preciso eliminando qualquer tipo subjectividade que a definição possa conter.

É neste âmbito que analisaremos o conceito de paranormal.

Antes de analisarmos o conceito propriamente dito, é necessário atentar para as incompatibilidades entre conceitos populares e conceitos científicos.

Na antiguidade, o ser humano não conhecia os mecanismos responsáveis por fenómenos naturais como a chuva, relâmpagos, vulcões, arco-íris, eclipses e uma infinidade de fenómenos eram frequentemente associados a divindades ou ao sobrenatural.

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Mensagem  Ave sem Ninho Seg Set 17, 2012 9:47 am

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Com o avanço da ciência a causa destes fenómenos passou a ser conhecida e o tratamento místico dado a eles perdeu o sentido, praticamente desaparecendo.
Hoje chuvas, relâmpagos e vulcões são tratados como fenómenos corriqueiros e naturais.

Devemos então avaliar se os fenómenos paranormais são naturais e corriqueiros e se o conceito popular de paranormal apresenta as mesmas características das antigas mistificações de fenómenos naturais.

O termo sobrenatural na língua portuguesa possui os seguintes significados (LUFT, 1995):

1. Que está fora ou acima do natural, das leis naturais.
2. (Rel.) Que pertence ao campo da fé.

Percebemos, então, que se os fenómenos forem sobrenaturais, não seguem as leis naturais ou necessitam de fé para serem percebidos, em ambos os casos não seriam fenómenos verificáveis cientificamente.

Sendo assim, a ciência não pode tratar de fenómenos sobrenaturais.

Se os fenómenos paranormais são sobrenaturais, a parapsicologia não é ciência!


Raridade e natureza do fenómeno

Se o fenómeno é raro ou anormal significa que esta característica está presente em poucas pessoas ou que ocorram raramente em muitas pessoas.

Inicialmente pensamos que esta característica esta em acordo com a definição que queremos construir uma vez que desconsiderando a quantidade de charlatanismo que existe nesta área, o número de pessoas que supostamente movimentam objectos com o poder da mente, curam com um simples toque ou possuem o conhecimento do futuro e do passado representa uma parcela extremamente pequena ou nula da população.

Existe uma falha neste raciocínio.

Estamos partindo de uma pré-definição do que sejam os fenómenos paranormais, estamos considerando que eles se resumem a eventos de grandes proporções e de fácil observação, como os citados acima.

Talvez a falha seja provocada pela mídia, que costuma intensificar e colorir conceitos para torna-los mais interessantes e promover o sensacionalismo, o espectáculo ou pela nossa vontade de crer em algo mágico ou fantástico.

Torna-se complicado conceituar o fenómeno sem recorrer a nenhuma definição prévia do que sejam, para resolver este problema, assumiremos que estamos conceituando os fenómenos paranormais a partir da aceitação de algumas hipóteses como verdadeiras e, posteriormente, avaliaremos a auto-consistencia da definição e partirmos para alterações e refinamentos.

Esta conceituação inicial seria um esboço mental do que categorizaríamos como evento paranormal.

Uma das primeiras imagens que me vem à cabeça é de que os eventos paranormais são constituídos por fenómenos mágicos ou sobrenaturais, forças desconhecidas ou ocultas, impressão que converge para a definição passada pela mídia e já criticada no texto.

Uma reflexão mais ponderada sobre o assunto nos leva a concluir que as palavras "mágico", "sobrenatural" e "oculto" são fruto da mistificação ou empolgação em relação ao assunto.

O termo "desconhecido" substitui os termos criticados com muito mais propriedade e os dá uma roupagem muito mais sóbria, contida e flexível.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 18, 2012 9:07 am

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Podemos então imaginar fenómenos paranormais simplesmente como fenómenos desconhecidos.

Assuntos como matéria escura ou a antigravidade são tratados com grande controvérsia, sabe-se pouca coisa ou nada sobre seus supostos e sua existência é hipotética e controversa.

Apesar de concordarem com a definição aqui exposta para fenómenos paranormais estes parecem não ser os fenómenos que buscamos estudar dentro da parapsicologia.

A definição mostra-se incompleta.

Da mesma forma, cabe a ciência o papel de investigar os fenómenos paranormais.

Se é a parapsicologia que estuda este fenómenos, ela deve utilizar das mesmas ferramentas que propiciaram o avanço da ciência até então:
a observação e o método científico.

Caso estas ferramentas venham a se mostrar inadequadas para a pesquisa do paranormal, elas devem ser adaptadas ao invés de descartadas pois se baseiam exclusivamente na lógica e na racionalidade e são frutos de séculos de desenvolvimento.

Devemos então nos preocupar em tratar os fenómenos paranormais dentro dos moldes da ciência convencional e para que nosso esboço inicial tenha qualquer utilidade necessitamos de algum refinamento pois sabemos que os fenómenos paranormais são fenómenos desconhecidos mas vimos também que nem todos os fenómenos desconhecidos se enquadram como fenómenos paranormais e a primeira exigência do método científico é definirmos com clareza o nosso objecto de estudo.

Avaliando os fenómenos que consideramos paranormais podemos perceber que estes sempre estão relacionados com a presença de algum ser vivo.

Apesar de normalmente pensarmos em fenómenos paranormais causados por pessoas, muitos acreditam possuir animais com capacidades paranormais (BURTON, 1973).

Deste modo é mais prudente definirmos os fenómenos paranormais da seguinte forma:
Interacções desconhecidas envolvendo organismos e o meio.

De facto, uma das definições para parapsicologia aceitas pela Parapsychological Association é "o estudo das SUPOSTAS novas formas de comunicação ou troca de influências entre os organismos e o meio".

Após uma breve reflexão sobre esta definição, vemos que esta não pressupõe características do fenómeno e está de acordo com nosso esboço.

Não podemos afirmar se é uma nova forma de comunicação antes de estudar o assunto.

O termo "supostas novas formas" traduz a situação de desconhecimento dos mecanismos enquanto afere a impressão inicial de que tais mecanismos são desconhecidos.

Quanto à questão da definição impor a presença de seres vivos no processo, não há nenhum inconveniente nisto.

Se há comunicação existe a presença de algum organismo vivo e, as influências mencionadas não são do tipo que podem ser causadas por fenómenos abióticos.

Visto que não há nenhum problema com a definição, podemos utiliza-la sem nenhum prejuízo para o desenvolvimento da questão da anormalidade do fenómeno.

A definição exposta consegue englobar todos exemplos de fenómenos "paranormais" citados anteriormente, mas engloba muitos outros eventos subtis que talvez passem desapercebidos como "paranormais" e agora são formalmente categorizados como tal.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 18, 2012 9:08 am

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Obviamente, é possível nos depararmos com situações onde a definição de fenómeno paranormal precise de novos refinamentos mas, é impossível prever todas estas situações aprioristicamente.

Devemos, então seguir com nossa definição actual.

Justamente por incluir fenómenos subtis e por SUPORMOS ser uma nova forma de comunicação, esta área de estudos assume um papel investigativo.

Sendo ou não um fenómeno paranormal legítimo, este estará dentro do campo de investigação da parapsicologia.

Voltando para a questão sobre a frequência e normalidade destes eventos, devemos analisar todos os relatos que se enquadrem nesta definição.

Percebemos que alguns fenómenos relatados não são tão raros assim.

Alguns factos comuns, relatados por grande parte da população atendem a esta definição e constituem-se *candidatos* a eventos paranormais.

Entre eles:
*saber* quando uma pessoa querida está ligando; querer falar com uma pessoa com quem não fala há muito tempo e perdeu o telefone e, LOGO DEPOIS, esta pessoa telefonar;
oferecerem alguma coisa que você precisava muito, justamente na hora em que mais precisava e tinha vergonha de pedir.


Tudo isto aparenta ser uma forma de comunicação desconhecida entre os seres mesmo que estes não tenham plena consciência de que ela esta ocorrendo. (SHELDRAKE, 2000)

Cabe ao investigador do paranormal estudar estes casos para avaliar se há fraudes, enganos ou não passam de coincidências ou casualidades.

O pesquisador desta área é a pessoa mais indicada para avalia-los.
Sendo genuínos ou não, estes fenómenos constituem-se como alvo de estudo da parapsicologia.

Não há qualquer parâmetro que determine que o fenómeno paranormal seja consciente ou aconteça por vontade dos entes participantes.

Tais pressuposições derivam de imagens pré-concebidas do que seja "paranormal" e pré-definem características sobre os mecanismos destes fenómenos.

Poderíamos estender os exemplos citados para uma longa lista apenas parando para pensar em eventos desta natureza que ocorreram em nossa própria vida.

Desta forma, se torna mais próprio que *inicialmente* consideremos os fenómenos paranormais como sendo comuns, não esquecendo que a investigação dos *supostos* fenómenos paranormais pode nos mostrar que eles são atípicos ou até mesmo inexistentes.

Neutralidade da definição.

Torna-se impróprio chamarmos esta classe de eventos de fenómenos paranormais justamente por se tratarem (a principio) de fenómenos habituais.

Usaremos um termo mais neutro para designar tais fenómenos.

Chamaremos tais fenómenos de fenómenos psi e, analogamente, o estudo destes fenómenos de pesquisa psi ou estudo do psi.

Antes de seguirmos adiante, é necessário desfazer um engano muito comum em relação ao uso da palavra psi quando presente no termo "pesquisa psi".

Um engano que aqui deve ser desfeito se refere ao uso da palavra psi.

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Mensagem  Ave sem Ninho Ter Set 18, 2012 9:08 am

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Psi normalmente é associado à palavra grega psique, que significa alma, tal uso foi adoptado em "psicologia" (estudo da alma) e por extensão em "parapsicologia".

"Parapsicologia" não é um termo adequado para nomear o estudo dos fenómenos psi por pressupor alguma característica deste fenómeno.

"Pesquisa psi" é um termo mais adequado e nele, o uso da letra &psi(psi), serve apenas para classificar um conjunto de fenómenos, tendo significado totalmente neutro tal como ocorre com a letra &pi (pi) usada na matemática para descrever a relação entre o comprimento e o diâmetro de um circulo, da letra &gamma (gama), na física, para designar um tipo de radiação ou o A, B, C ,D, ...que identifica as vitaminas.

Sendo um termo neutro, o psi está adequado a nomear a classe de eventos aqui tratados.
Todas as *suposições iniciais* devem considerar o psi como fenómeno comum, natural portanto.

Somente a investigação psi nos dará um posicionamento mais sólido quanto à natureza do mesmo (existem algumas discordâncias quanto à neutralidade do termo psi, entretanto uma vez exposta a nossa intenção de uso do termo como neutro torna-se desnecessária qualquer discussão mais aprofundada sobre o assunto).

Percebemos então que o tratamento popular dado aos chamados fenómenos paranormais é o mesmo que chuvas, relâmpagos e trovões receberam na antiguidade.

A nomenclatura e definição de fenómeno psi expostos neste artigo visam resolver este problema.

Bibliografia

ANDER-EGG, Ezequiel (1978) Introducción a las técnicas de investigación social: para trabajadoes sociales. 7. ed. Buenos Aires : Humanitas

BURTON, M. (1973). The sixth sense of animals. New York, NY: Taplinger.
LUFT, Celso Pedro (1995) Minidicionário Luft 10. ed. São Paulo : Editora Ática

SHELDRAKE, Rupert (2000).Telepathic telephone calls; Two surveys. Journal of the Society for Psychical Research, 64 (pp. 224-232)

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Psi x Sobrevivência - Página 4 Empty Pesquisa Psi é Ciência?

Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 19, 2012 9:44 am

Péricles Moraes

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pmoraesf@uol.com.br

Resumo

Apresentamos os elementos básicos e características da Pesquisa Psi, objecções à sua consideração como ciência e posicionamento dos pesquisadores.

São descritas as bases do pensamento científico clássico e como se processam as revoluções científicas.

Finalmente, são verificadas as consequências nas Pesquisas Psi.

Introdução

Ao longo de toda a história da humanidade sempre foram encontradas descrições de fenómenos anómalos, fora do comum e aparentemente não explicáveis pela ciência estabelecida.

O questionamento que dá nome a este trabalho tem por objectivo verificar se os critérios adoptados em Pesquisa Psi estão amparados pela ciência.

Em outras palavras, se Pesquisa Psi é Ciência?

Definições e classificação

Embora não seja escopo deste trabalho a apresentação de definições exactas e classificações exaustivas do conjunto de fenómenos abrangidos pela Pesquisa Psi, apresentamos a seguir, apenas com o objectivo de orientação, uma singela definição e classificação dos fenómenos Psi.

A Pesquisa Psi estuda as interacções aparentemente extra-sensório-motoras entre seres humanos e entre seres humanos e o meio ambiente.

Essas interacções são aqui tratadas por fenómenos Psi.

Consequentemente, não estão inclusas outras análises tais como, ufologia, quiromancia ou estudos sobre pirâmides.

De uma forma geral os fenómenos Psi podem ser classificados, quanto à forma de apresentação, em extra-sensoriais e psicocinéticos.

Os extra-sensoriais, identificados pela sigla ESP (extrasensory perception) são os fenómenos que envolvem conhecimento.

Podem ainda classificados quanto ao tipo, em telepatia, quando fonte e receptor forem seres humanos e em clarividência, quando a fonte é o meio ambiente.

Quanto ao tempo, esses fenómenos podem ser classificados em retrocognição, simulcognição e precognição, quando estiverem relacionados, respectivamente, ao passado, ao presente e ao futuro.

Os fenómenos psicocinéticos, identificados por PK (psychokinesis) são caracterizados pela acção sobre o meio ambiente.

Quando esta acção for directamente observável será dita macro-PK, e quando microscópica, micro-PK.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 19, 2012 9:44 am

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Objecções à consideração da Pesquisa Psi como ciência

A primeira objecção clássica é obtida a partir da própria definição de Psi.

Esta indica o estudo de fenómenos aparentemente extra-sensório-motores.

A definição não apresenta exactamente o que Psi estuda, mas o que aparenta ser.

Como estudar algo que não se sabe o que é?

Outras objecções podem ser apontadas.

* As evidências de ocorrência destes fenómenos são suficientes para se constituir uma ciência?

* Estas evidências respeitam os parâmetros e critérios utilizados nas diversas ciências?

* Se não se sabe exactamente o que se está estudando, porque e como constituir uma ciência para investigar o assunto?


Resposta dos pesquisadores psi

O primeiro passo em uma análise de fenómenos Psi é determinar se o processo é extra-sensório-motor.

A inclusão do aparentemente na definição de Psi, deve-se a necessidade de que não seja feito pré julgamento, ou seja, todos os aparentes fenómenos devem ser analisados, sejam eles verdadeiros ou não.

Sempre se deve ter em mente a possibilidade de fraude, voluntária ou involuntária.

Se as pesquisas evidenciam a ocorrência de interacções extra-sensório-motoras, por que não investigá-las cientificamente?

Bases do pensamento científico

Para verificarmos a cientificidade da Pesquisa Psi, vamos apontar as bases nas quais o pensamento científico desenvolveu-se.

Ciência significa conhecimento, saber, informação.
Pode também ser definida como o conhecimento exacto e racional de coisa determinada.

E em que está baseado o pensamento científico?
Nas premissas newtoniano-cartesianas.

Isaac Newton afirma que tudo no universo é composto por partículas materiais indivisíveis e regidas por leis precisas.

E ainda que o tempo é independente do mundo material.

René Descartes instaura a premissa da objectividade, da autonomia entre o observador e a realidade.

Em consequência, a reprodução experimental tornou-se um importante instrumento de compreensão da natureza e um valioso parâmetro para se verificar a cientificidade de uma disciplina.

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Mensagem  Ave sem Ninho Qua Set 19, 2012 9:44 am

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Já no séc. XVII, a observação seria considerada uma espécie de espelhamento da realidade e um método eficaz e suficiente para apreender a realidade como ela é.

A matéria teria qualidades primárias e qualidades secundárias, quer estas fossem, respectivamente, directamente mensuráveis ou percebidas pela mente.

Com base nas premissas apontadas desenvolveu-se o pensamento científico moderno que em resumo tem as seguintes características.

* Dicotomia entre o sujeito e o objecto.
* Distinção entre qualidades mensuráveis e não mensuráveis.
* A observação como espelhamento da realidade.

* Leis determinísticas absolutas, baseadas no atomismo e ratificadas pela replicação.
* Tempo absoluto independente do mundo material.


Estas características estão presentes nas ciências modernas e com base nestes conceitos estão formados os cientistas das diversas áreas.

Características da Pesquisa Psi

Com base nas directrizes do pensamento científico moderno, são as seguintes as características da Pesquisa Psi.

* Estuda experiências humanas, não directamente observáveis.
* Os fenómenos são subjectivos e não permitem medição.
* Implicam na interacção entre mentes e entre mente e matéria.

* Não respeitam a independência espaço/tempo e a continuidade do fluxo de tempo, do passado para o futuro.
* Não podem ser reproduzidos.


Observamos que todas as características estão fora do escopo abrangido pelo pensamento científico clássico e nestas condições os fenómenos não poderiam ser estudados cientificamente.

De qualquer forma, consideramos que a Pesquisa Psi nasceu formalmente com a fundação em Londres da SPR - Society for Psychical Research, em 1882.

Esta era formada por renomados cientistas da época e teve por objecto o estudo, em bases científicas, dos alegados fenómenos inexplicáveis na óptica da ciência constituída.

Aqui podemos nos perguntar, até que ponto os conceitos científicos e em consequência, as concepções científicas dos cientistas devem ser mantidas imutáveis?

Não estariam estas concepções impermeáveis à consideração de novas condicionantes?

Ou simplesmente deveríamos ignorar o extenso rol de fenómenos Psi registados, porque com base na ciência clássica não poderiam existir?


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Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2012 9:42 am

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A evolução das bases da ciência

O físico e filósofo Thomas Kuhn, em seu livro A Estrutura das Revoluções Científicas (1962), nos indica a solução para as questões acima.

Segundo Kuhn, para um dado estágio de evolução científica, tem-se os fenómenos considerados normais e com base nestes estão formadas as teorias científicas.

Quando ocorre alguma anomalia, ou seja, fenómeno para o qual não há teoria científica aceita, a ciência, dita, normal, rejeita as anomalias como legítimas.

Com a presença contínua das anomalias, as teorias vigentes sofrem certa transformação ou acomodação para justificá-las.

Com a identificação de novas anomalias, as teorias vigentes tornam-se insustentáveis e forçosamente novas teorias surgem, em um processo identificado como revolução científica, onde estas novas teorias permitem a eclosão de ciências emergentes.

No que diz respeito ao princípio da observação como um perfeito espelhamento da realidade, ainda no séc. XVIII o filósofo Immanuel Kant questionou-o.

Para Kant a mente (observador) está sempre activa e influencia o que percebemos.

Ainda contrariando a visão clássica da ciência, as teorias de Mecânica Quântica de Max Planck e Geral da Relatividade de Albert Einstein, revolucionaram, conforme definido por Kuhn, os conceitos de atomismo e de independência tempo/espaço/matéria.

Estes conceitos demonstram que embora as ciências constituídas possuam uma inércia natural e protectora contra novas teorias, somente o estudo e a pesquisa adequados permitiram a evolução do conhecimento.

Conclusões

A visão que normalmente temos de ciência, cientistas e leigos, utilizou como base o desenvolvimento da Física Clássica.

A Física Moderna introduziu conceitos de relatividade entre tempo e espaço e da consciência como factor na observação.

Análises e métodos, matemáticos e laboratoriais, com todo o rigor da ciência clássica são modernamente utilizados nos desenvolvimentos de Pesquisa Psi.


Entretanto, estas alterações não foram suficientes para que muitos cientistas aceitassem os fenómenos anómalos estudados pela Pesquisa Psi.

Segundo o sociólogo James McClenon esta rejeição está baseada em factores sociais, culturais e políticos e não efectivamente em elementos técnico-científicos.

Finalmente cumpre ressaltar que a PA (Parapsychological Association), associação estadunidense de Pesquisa Psi, foi admitida em 1969 membro da AAAS (American Association for Advancement of Science), o que demonstra de forma inequívoca a aceitação pelo meio científico internacional da Pesquisa Psi como Ciência.

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Psi x Sobrevivência - Página 4 Empty Breve introdução aos conceitos de Poltergeist e Haunting*

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2012 9:43 am

Prof.ª Dra. Fátima Regina Machado

Inter Psi - CENEP - COS - PUC/SP
Faculdade de Comunicação e Filosofia - PUC/SP
Instituto de Psicologia - USP
fatimaregina@pesquisapsi.com

Poltergeist, do alemão polter = barulhento e geist = espírito ("espírito barulhento") era o termo utilizado por Martinho Lutero durante a Reforma Protestante para designar e, ao mesmo tempo, explicar determinados eventos que, segundo acreditava-se religiosa e popularmente - e ainda acredita-se - seriam provocados por espíritos desencarnados ou até mesmo por demónios.
(Roll, 1977: 382)

Assim, apesar de geist também significar "mente" ou "espírito" no sentido filosófico, popularizou-se a tradução com conotação sobre naturalista.

O termo Poltergeist foi reintroduzido na Inglaterra pela escritora inglesa Catherine Crowe, com a publicação de sua obra clássica The Nightside of Nature, em 1848, e passou a ter uso corrente dentre os(as) pesquisadores(as) psíquicos(as) no final do século XIX, quando o termo foi popularizado pelo pesquisador Frank Podmore.
(Goss, 1979: ix)

Ironicamente, Podmore divulgou o uso termo Poltergeist por meio de seus trabalhos a respeito do assunto, nos quais deixava claro que não acreditava que esses eventos fossem sobrenaturais ou de origem extra-motora, mas sim frutos de fraudes, erros de interpretação ou alucinações.
(Podmore, 1896a, 1986b)

Segundo as investigações realizadas, os eventos Poltergeist se correlacionam com o contexto grupal e ambiental em que ocorrem, ligando-se principalmente a uma determinada pessoa, à qual chamo de "protagonista" do caso.

Essa denominação é mais "amena", se a compararmos com os termos "endemoninhado", "possuído", "epicentro" e "agente" utilizados comumente para referir-se ao personagem central de casos Poltergeist.

Esses casos caracterizam-se principalmente por ocorrências físicas, tais como:
movimentação e/ou ruptura de objectos;
chuva de pedras ou tijolos sobre uma casa ou em um determinado ambiente fechado;

aparecimento espontâneo de água e/ou fogo;
aparecimento de dejectos nos alimentos;
correntes de ar;

acender e apagar de luzes, tudo isto de forma misteriosa aos olhos do observador, ou seja, sem que, à primeira vista, tenha havido alguma causa natural ou conhecida para que esses eventos acontecessem.

(Carrington & Fodor, 1953; Gauld & Cornell, 1979; Goss, 1979; Michelet, 1994)

Cada grupo social/cultural pode utilizar denominações e explicações populares e particulares para esses eventos.

No Brasil, por exemplo, os locais que servem de cenários para os casos Poltergeist são comummente chamados de "casas mal-assombradas".

Principalmente na zona rural, essas ocorrências podem ser atribuídas a figuras folclóricas.

É comum atribuir ocorrências de tipo Poltergeist à acção principalmente do Saci-Pererê, um tipo de duende brasileiro negro, que usa uma carapuça vermelha, tem apenas uma perna e supostamente vive pelas florestas e fazendas fazendo traquinagens com animais e pessoas.

Na zona urbana, as interpretações tendem mais para uma suposta acção entidades espirituais, embaladas pelas crenças dos adeptos das religiões afro-brasileiras e do espiritismo kardecista.

Representantes da chamada ciência clássica comummente encaram esses eventos como fruto de ficção, de delírios de origem psicopatológica ou de interpretações erróneas devidas ao desconhecimento científico de fenómenos psicológicos, físicos e/ou químicos.

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Psi x Sobrevivência - Página 4 Empty Re: Psi x Sobrevivência

Mensagem  Ave sem Ninho Qui Set 20, 2012 9:44 am

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Em resumo, pode-se dizer que as tentativas de explicação consistem em afirmar ou hipotetizar que os Poltergeists seriam fruto de:

* fraudes (os relatos Poltergeists resultariam de invenção ou de situações que realmente ocorreram, mas que foram deliberadamente forjadas com o intuito de assustar alguém por brincadeira ou para conseguir algum benefício próprio - ex.: Kurtz, 1985; Randi, 1995);

* erros de interpretação (pessoas interpretariam eventos absolutamente normais como sendo sobrenaturais, emprestando a eles interpretações influenciadas pela cultura - ex.: Gardner, 1985);

* instabilidade mental (pessoas que dizem ter vivenciado essas experiências sofreriam de algum tipo de problema psicológico ou neuropsicológico, portanto seus relatos seriam fruto de alucinação ou de algum outro sintoma psicopatológico - ex.: Zusne & Jones, 1982);

* causas sobrenaturais (de acordo com determinadas religiões e/ou crenças esotéricas, os Poltergeists resultariam da intervenção do demónio, de espíritos de mortos, de entidades espirituais ou de supostas "energias negativas" advindas de seres elementais que actuariam em determinado local - ex.: Andrade, 1988; Kardec, 1857/1944a);

* interacções ambientais anómalas cuja natureza e modo de funcionamento físico ainda não são conhecidos e cujos(as) pesquisadores(as) denominam, psicocinésia ou PK (do inglês, psychokinesis, popularmente traduzido como "poder da mente sobre a matéria"), referindo-se à possibilidade de acção mental directa sobre o ambiente em determinadas circunstâncias (ex.: Bender, 1976; Rogo, 1986; Roll, 1978);
haveria ainda a possibilidade da telergia, uma espécie de força física que emanaria do corpo humano e provocaria os efeitos poltergeists
(ex.: Quevedo, 1968/1983).

Há dificuldades de distinção entre Poltergeists e hauntings (assombrações).

Muitas bibliotecas, como a da Society for Psychical Research e a do College of Psychic Studies, tratam ambos os casos como um mesmo tópico.

Na verdade, não há um consenso entre os(as) pesquisadores(as) sobre essa diferenciação.

A palavra haunting está etimologicamente ligada à ideia de lugar.

Sua raiz haunt significa:
"aparecer repetidamente em um lugar (relacionado a um fantasma);
causar sofrimento repetitivo ou ansiedade;
um local visitado frequentemente",
segundo o Cambridge International Dictionary of English (1995: 651).

Essas definições da palavra haunt correspondem às ocorrências que se sucedem nos casos comummente identificados como hauntings:
diferentes pessoas, até mesmo de diferentes épocas, dizem ter visto espectros, ouvido sons e sentido aromas estranhos ou sido tocadas por "mãos invisíveis" ao se encontrarem em um determinado local, coincidindo o relato dessas testemunhas, mesmo sem se conhecerem.

É típico dos hauntings que os fenómenos persistam por um longo período de tempo (anos, décadas, séculos!), enquanto que a incidência de fenómenos Poltergeist se dá por períodos geralmente mais curtos (dias, semanas, meses).

É comum considerar-se os Poltergeists como um tipo de haunting devido ao facto de ter-se começado a utilizar o termo Poltergeist para denominar eventos interpretados como fruto da presença de algum espírito.

O termo "infestação" também é utilizado para designar ambos os fenómenos, aludindo à interpretação de que o local onde os eventos "assombrosos" ocorrem estariam infestados de espíritos e/ou entidades incorpóreas responsáveis pelas ocorrências.

As hipóteses de explicação para os hauntings correspondem quase que totalmente às tentativas de explicação dos Poltergeists (fraudes, erros interpretativos, instabilidade mental, intervenções sobrenaturais), incluindo também a hipótese de captação de informações do passado por percepção extra-sensorial.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 21, 2012 9:15 am

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Há pesquisadores, como Carrington e Fodor (1953), que apontam como a principal diferença entre hauntings e Poltergeists o facto de, nos hauntings, a suposta assombração ou fantasma parecer estar ligada ao local e não costumar acompanhar as pessoas que a vêem para onde quer que elas vão;
já as ocorrências Poltergeists estariam aparentemente ligadas a uma pessoa ou a um grupo específicos, uma vez que os fenómenos podem "acompanhar" essa(s) pessoa(s) se ela(s) se mudar(em) para outro local.

Uma outra diferenciação que me parece mais frágil é a que leva em conta os tipos de fenómenos que ocorrem:
movimentação de objectos, chuvas de pedras, fogo espontâneo, enfim, os chamados "fenómenos físicos", sem o envolvimento de aparições, constituiriam os Poltergeists;
havendo aparições, tratar-se-iam de hauntings.


Por isso, há casos que são chamados de haunt-RSPK type, pois, desse ponto de vista, seriam compostos de supostas aparições e eventos físicos.

De acordo com as perspectivas que se abrem diante dos estudos de casos já realizados, um outro caminho para a diferenciação é aquele apontado pelo psicólogo norte-americano Charles Tart:

Casos de haunting e Poltergeist são de particular interesse, considerando-se que eles parecem compartilhar desses aparentes (e espectaculares) fenómenos PK [psicocinéticos].

Mas os hauntings estão tradicionalmente associados à crença de que algum aspecto da personalidade humana que sobreviva à morte seja responsável por eles, enquanto que os Poltergeists parecem ser geralmente associados com o agente vivo. (Tart, 1965:190)

De acordo com a controversa hipótese da sobrevivência, os hauntings diriam respeito a algo que sobreviveria à morte física e revelaria informações visuais ou sonoras de eventos passados.

Uma outra hipótese seria a de que os seres humanos poderiam usufruir da capacidade de captar informações do passado, materializando-as por meio de alguma "manobra" psicobiofísica, a fim de trazer essa informação à consciência.

Qual dessas duas hipóteses estaria correcta?
Haveria uma possibilidade de conjunção das duas?


Questões em aberto.

Possivelmente, casos indicados como resultantes da acção de supostos espíritos ou de outras entidades incorpóreas tenham sido assim interpretados devido ao viés da visão do(a) pesquisador(a).

Nos relatos de casos encontrados na literatura, muitos não trazem o contexto dos ocupantes do local e não há preocupação em verificar se há alguma ligação das ocorrências com suas vidas, nem tentativa de testar se os eventos se ligam ao local, não à pessoa.

Se isto não for levado em conta, como descartar a hipótese de psicocinésia (acção da mente sobre a matéria)?

E como testar isso de modo satisfatório se ainda não conhecemos o modus operandi físico desses fenómenos?


Diferenciações controvertidas à parte, considero como fenómenos Poltergeist as ocorrências que se relacionam com determinados indivíduos e parecem ter íntima ligação com o momento/problema vivenciado pelas pessoas que compõem o elenco dos envolvidos no caso, independentemente da natureza (física, mental, sobrenatural ou o que quer que seja) dos fenómenos.

Do meu ponto de vista, à categoria dos hauntings pertencem os fenómenos que, após investigação minuciosa, se mostrarem correlacionados com a história do local onde ocorrem.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 21, 2012 9:16 am

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Assim, na concepção por mim adoptada, hauntings e Poltergeists podem apresentar fenómenos muito parecidos ou idênticos.

O que dá o tom de sua diferença é, em princípio, o facto de haver evidências de as ocorrências estarem relacionadas à presença de uma determinada pessoa viva - Poltergeists - ou ao local - hauntings.

Talvez esta diferenciação que assumo não seja a mais correcta e se mostre falha no futuro.

Levando-se em conta que a "verdade insiste", ainda que eu esteja "macroscopizando" apenas aspectos de uma das possíveis facetas dos chamados fenómenos Poltergeist e dos hauntings, esse posicionamento vale como ponto de partida para a realização de estudos que podem vir a esclarecer aspectos ainda obscuros dessas ocorrências extraordinárias e, em última instância, de aspectos ainda desconhecidos de nossas capacidades humanas.

* Este artigo foi elaborado a partir de trechos da tese de doutorado intitulada "A Acção dos Signos nos Poltergeists.

Estudo do processo de comunicação dos fenómenos Poltergeist a partir de seus relatos", defendida pela autora no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC/SP em março/2003.

Referências bibliográficas

ANDRADE, H.G. (1988) Poltergeist. Algumas de suas Ocorrências no Brasil. São Paulo: Pensamento.
BENDER, H. (1976) A Pesquisa Moderna do "Poltergeist": A necessidade de uma Abordagem sem Preconceito. In J. Beloff. (Org.) Parapsicologia Hoje, pp. (143-164) Rio de Janeiro: Arte Nova.

CARRINGTON, H. & FODOR, N. (1953) Haunted People: The Story of Poltergeists Down the Centuries. London: Rider.
GARDNER, M. (1985) Magicians in the psi lab: many misperceptions. Em P. Kurtz (Ed.) A Skeptics Handbook of Parapsychology. Buffalo, NJ: Prometheus Books.

GAULD, A. & CORNELL, A.D. (1979) Poltergeist. London: Routledge & Keagan Paul.
GOSS, M. (1979) (Comp.) Poltergeists: An Annotated Bibliography of Works in English, circa 1880 - 1975. Metuchen, NJ: Scarecrow Press.

KARDEC, A. (1857/1944a) O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira.
KURTZ, P. (1985) Spiritualists, mediums, and psychics: Some evidence of fraud. Em P. Kurtz (Ed.) A Skeptics Handbook of Parapsychology. Buffalo: Prometheus Books.

MICHELET, S. (1994) Lorsque la maison crie: Tensions familiales et phénomènes paranormaux. Paris: Robert Laffont.
PODMORE, F. (1896a) Poltergeists. Proceedings of the Society for Psychical Research, 12:30, 45-115.

PODMORE, F. (1896b) Correspondence on Mr. Podmore's Poltergeists. Journal of the Society for Psychical Research, 7:133, 323-324.
QUEVEDO, O.G. (1968/1983) As Forças Físicas da Mente . São Paulo: Loyola. Vols. 1 e 2.

RANDI, J. (1995) An Enciclopedia of Claims, Frauds and Houses of the Occult and Supernatural. New York: St. Martin's Press.
ROGO, D.S. (1986) On the Track of the Poltergeist. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.

ROLL, W.G. (1977) Poltergeists. In Wolman, B.B. (Ed.) Handbook of Parapsychology, pp. 382-413, North Carolina: McFarland and Company, Inc. Publishers.
ROLL, W.G. (1978) Towards a Theory for the Poltergeist. European Journal of Parapsychology, 2, 167-200.

TART, C.T. (1965) Applications of instrumentation in the investigation of haunting and poltergeist cases. Journal of the American Society for Psychical Research, 59, 3, 190-201.

ZUSNE, L. & JONES, W.H. (1982) Anomalistic Psychology. Hillsdale, NJ: Erlbaum.

Dicionário: Cambridge International Dictionary of English (1995)

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Psi x Sobrevivência - Página 4 Empty Pistas para o Estudo Académico de Psi no Brasil

Mensagem  Ave sem Ninho Sex Set 21, 2012 9:16 am

Prof. Dr. Wellington Zangari

Inter Psi/CENEP/COS/PUC-SP
Instituto de Psicologia - USP
wz@pesquisapsi.com

A maior parte dos interessados em Pesquisa Psi (Parapsicologia) são apenas pessoas curiosas no "poder da mente".

Querem saber o que a ciência tem a dizer sobre telepatia, precognição, casas mal-assombradas.
Buscam por informações rápidas, objectivas, claras.

Mas há uma minoria de interessados que querem ir além das informações superficiais.

Querem conhecer as publicações especializadas, ter acesso aos sites mais bem informados, falar com os pesquisadores mais importantes e, sobretudo, querem produzir conhecimento novo nesse campo.

Essa tarefa não é fácil... mas não é impossível!
Faço um testemunho.

Ao definir meu próprio caminho, ao me dispor a ser um pesquisador psi, ouvi coisas como:
"a universidade está fechada para esses temas", "os cientistas torcem o nariz para a Parapsicologia", "não há dinheiro para a pesquisa séria nessa área".

Minha experiência pessoal nega, terminantemente, todas essas afirmações!

É claro que em meu caminho encontrei dificuldades.
Não há sequer professores universitários que possam ajudar os alunos que pretendem se aprofundar no tema.

Não há tradição no Brasil de que os cursos de pós-graduação aceitem que os alunos apresentem estudos psi.
Mas, esse panorama, realmente desfavorável ao interessado em Pesquisa Psi, não significa que o caminho não possa ser trilhado.

Mais: tal panorama pode estar mudando muito rapidamente!

Vamos às dicas que eu poderia dar a quem tem interesse de manter-se na academia, na universidade, tendo psi como seu tema de estudo.

1. Conclua um curso de graduação em alguma área convencional.
Não existem cursos de graduação em Pesquisa Psi (Parapsicologia) nem no Brasil, nem fora dele.

É fundamental que você se forme em uma área de seu interesse não apenas para que você possa se manter financeiramente - uma vez que poucas pessoas conseguem "viver de" Pesquisa Psi - mas também porque tal formação lhe dará informações básicas a respeito do que já há de conhecimento disponível pela ciência e outros saberes.

Mas, a principal razão para se formar em um curso convencional é que é possível conseguir realizar estudos em nível de pós-graduação na área de Pesquisa Psi.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 22, 2012 9:38 am

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2. Enquanto estiver na faculdade, não deixe de ler material de qualidade em Pesquisa Psi.

Leia as principais revistas especializadas, como o Journal of Parapsychology, o International Journal of Parapsychology, o Journal of Society for Psychical Research, o Journal of American Society for Psychical Research e o Journal for Scientific Exploration.

Acompanhe listas de discussão especializadas disponíveis na internet.
Leia os livros básicos da área, como o Introduction to Parapsychology, de Harvey J. Irwin, e o The Consciouss Universe, de Dean Radin.

Essa informação constante o ajudará a se decidir, lentamente, a que área pretende se dedicar mais profundamente.

3. Uma vez formado, procure um programa de pós-graduação que possa dar guarida ao seu projecto de pesquisa.

Sim, você precisará escrever um bom projecto de pesquisa. Para isso, é fundamental que você tenha clareza do que quer estudar.

Suas leituras na área serão fundamentais nesse momento.

Um projecto de pesquisa é composto, basicamente, pela descrição do objecto de estudo (o que você pretende estudar, especificamente), da problematização (as perguntas que você gostaria de ver respondidas pela pesquisa), das hipóteses (as respostas provisórias que você dará às suas perguntas iniciais), o método (o meio pelo qual você tentará obter as respostas que persegue) e o referencial teórico (basicamente, a teoria que você empregará para interpretar os dados.

Fundamentalmente, dependerá da qualidade de seu projecto para que você seja ou não aceito em um programa de pós-graduação, como um mestrado ou um doutorado.

Nesse momento, sua formação académica prévia, seu conhecimento científico, de métodos e também de Pesquisa Psi pesarão muito.

Seu tema deverá ser novo e deverá ter relação com a temática geral do programa de pós-graduação que você escolheu.

Por exemplo, em meu mestrado, escolhi estudar a relação entre Pesquisa Psi e a Religião.
Procurei o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-SP e meu projecto foi aceito sem qualquer restrição.

Fátima Regina Machado, em seu doutorado, propôs-se a estudar os fenómenos Poltergeist como uma linguagem.

Para tanto, procurou o Programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP.
Apresentou o projecto e não teve qualquer problema.

4. Para que a comunidade académico-científica aceite seu projecto é importante lembrar alguns princípios que devemos seguir em Pesquisa Psi, e que devem ficar claros para seus professores e no projecto.

Em primeiro lugar: psi é uma hipótese de pesquisa ainda em avaliação científica.
Não apresente jamais, portanto, psi como um fato científico, como algo "provado".

Psi, no máximo, deve ser apresentado como uma hipótese para a qual já temos boas evidências científicas a seu favor.

Em segundo lugar, tenha claro que estudar psi não significa, necessariamente, assumir a existência de psi.

Podemos estudar experiências humanas, como as experiências telepáticas, as experiências precognitivas, as experiências Poltergeist, as experiências fora do corpo, as experiências próximas da morte... sem interpretar tais experiências como sendo o resultado de algum processo "paranormal".

Podemos estudar cada uma dessas experiências, por exemplo, interessados exclusivamente em como seus vivenciadores as interpretam, procurando saber a significação que têm em suas vidas, compreendendo sua importância nas relações inter-pessoais.

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Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 22, 2012 9:38 am

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Mesmo se estivermos interessados em realizar uma avaliação experimental de psi, devemos ter claro - novamente - que psi é uma hipótese.

Por último, não caia na tentação de confundir Pesquisa Psi nem com Religião, nem com "Terapia Alternativa".
A Pesquisa Psi é uma ciência, não uma visão de mundo.

Pesquisa Psi estuda fenómenos alegadamente anómalos, não os assume com verdadeiros aprioristicamente e, menos ainda, como sendo fruto de espíritos, almas penadas e nem de qualquer divindade.

Como não há conhecimento suficiente para qualquer aplicação prática de psi, a Pesquisa Psi não propõe nem apoia qualquer "terapia parapsicológica", nem mesmo qualquer "técnica de desenvolvimento da paranormalidade".

Ainda que essas áreas sejam importantes para estudo, não devem ser aceitas como "práticas" da Pesquisa Psi.

5. Minha outra dica é sobre recursos.
Se seu projecto foi aceito por um programa de pós-graduação, não hesite em enviá-lo para as agências de fomento à pesquisa.

Eu e outros colegas já obtivemos bolsas de pesquisa para essa finalidade, o que significa que é possível consegui-las.

Há, ainda, a possibilidade de conseguir recursos em fundações internacionais.

É importante lembrar que nunca houve tantos recursos para a Pesquisa Psi em países latino-americanos quanto nos últimos anos.

Grupos e pesquisadores argentinos e brasileiros têm recebido recorrentemente verbas para novas pesquisas.
A principal instituição estrangeira que oferece bolsas de pesquisa na área é a Fundação Bial (http://www.bial.pt/).

A cada 2 anos a Bial abre novas inscrições para avaliar novas solicitações.
Os projectos são financiados com bolsas que vão de 5 a 50.000 Euros para dois anos de pesquisa.

Leia as informações específicas para as candidaturas para este ano: http://www.bial.pt/gca/?id=17

6. Uma das maiores dificuldades dos interessados em Pesquisa Psi é a falta de interlocutores com quem se possa dialogar e aprender sobre o tema.

Alia-se a isso a falta de material impresso de qualidade e actualizado, temos uma situação bastante difícil, sobretudo para quem deseja, seriamente, comprometer-se com a Pesquisa Psi como temática de pesquisa académica.

Assim, minha última dica é para que você use dos recursos que a internet propicia.

Explico, o Mega-Portal Pesquisa Psi (http://www.pesquisapsi.com/) está repleto de textos, informações (indicações de leitura, FAQ de Fenómenos Psi, listas de discussão, links...).

Estude esse material e, preferencialmente, o faça em grupo!
Reúna algumas pessoas com interesse sério e científico em Pesquisa Psi e programa reuniões semanais.

Saiba que o Inter Psi/PUC-SP tem programas especiais para dar suporte para grupos desse tipo (leia mais em: http://www.pesquisapsi.com/interpsi).

Para pessoas e grupos que já possuam conhecimentos avançados, o Mega-Portal Pesquisa Psi também oferece a possibilidade de publicar artigos (desde introdutórios até a técnicos), com o auxílio do processo de revisão por pares.

Essas foram minhas dicas.

Mas, antes de me despedir, gostaria de fazer a mais importante de todas as recomendações:
não acredite na palavra daqueles que dizem que a academia está fechada para a Pesquisa Psi.

Eles nunca tentaram nada sério!

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Psi x Sobrevivência - Página 4 Empty Ganzfeld e Psi: Um guia de leitura - Parte I

Mensagem  Ave sem Ninho Sáb Set 22, 2012 9:39 am

Prof. Dr. Wellington Zangari

Inter Psi/CENEP/COS/PUC-SP
Instituto de Psicologia - USP
wz@pesquisapsi.com

Os interessados em Pesquisa Psi devem estar familiarizados com o debate a respeito das possíveis evidências de psi obtidas por meio do procedimento experimental psi-ganzlfeld.

Àqueles que não tiveram contacto com a literatura especializada sobre o tema, sugerimos a leitura do artigo "O Fenómeno Ganzfeld", que pode ser lido on-line, em: www.pesquisapsi.com/content/view/2193.

Esse texto introdutório foi escrito por um dos líderes actuais da Pesquisa Psi, o Dr. Daryl J. Bem, um respeitado psicólogo norte-americano.

Bem começou ingressou na Pesquisa Psi como céptico.

Após participar como avaliador da metodologia e como especialista em ilusionismo dos estudos ganzfeld, convenceu-se de que essa técnica oferecia evidências favoráveis à existência de psi.

A leitura do texto, no entanto, não é suficiente para que se tenha uma avaliação actualizada do debate em torno dos resultados ganzfeld e do estado de evidência produzido pelo emprego dessa técnica.

Muita "água correu por debaixo da ponte" desde que foi publicado, em 1996.
Para uma actualização, o leitor deverá ler artigos mais recentes e técnicos.

Para os não-iniciados nos estudos ganzfeld, após a leitura do artigo introdutório de Bem, sugerimos o acompanhamento do roteiro básico de artigos sobre o tema que apresentamos abaixo.

Ao mesmo tempo em que apresentemos a bibliografia, fornecemos a contextualização do debate realizado até o momento.

Sabemos, no entanto, que muitos interessados em Pesquisa Psi não têm acesso à literatura internacional por uma simples razão:
não dominam suficientemente a língua inglesa!

Por isso, decidimos oferecer alguns resumos de artigos importantes nessa área de estudo traduzidos à nossa língua.

Dessa forma, esperamos estar diminuindo as barreiras de linguagem existente na área.

Aqueles(as) que tiverem interesse em ler os artigos originais, infelizmente disponíveis apenas em inglês, poderão fazê-lo clicando sobre o nome dos artigos que apresentam link.

O primeiro momento do debate

Após cerca de 10 anos do uso da técnica psi-ganzfeld, o psicólogo e crítico dos estudos parapsicológicos, Ray Hayman apresenta um primeiro estudo meta-analítico, ou seja, um estudo matemático que levou em conta a maioria do experimentos com a finalidade de verificar se, no geral, os estudos indicavam a presença de um efeito positivo, indicativo de psi.

Hyman não encontrou resultados favoráveis:
Hyman, Ray (1985).

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 23, 2012 9:33 am

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O experimento psi-ganzfeld: Uma avaliação crítica.
Journal of Parapsychology, 49(1), (pp. 3-49)

Resumo

Descreve uma avaliação de 42 estudos retirados de 34 relatórios de estudos escritos ou publicados entre 1974 e 1981.

Alegadamente, 55% desses estudos alcançaram significância estatística para psi.

Levando-se em conta as ambiguidades e as inconsistências naquilo que é relatado com sendo um estudo ganzfeld independente e o aquilo que é citado como evidência sugestiva de problemas nos relatos dos estudos, sustenta-se que a real taxa de sucesso foi de, no máximo, 30%.

O autor calcula que, em decorrência da utilização de testes múltiplos, o verdadeiro nível de significância foi muito maior que o assumido nível de .05, talvez .25 ou maior.

O autor ainda relata a existência de várias falhas no procedimento experimental, como a aleatorização inadequada, potenciais vazamentos sensoriais e erros estatísticos.

Apresenta-se um estudo meta-analítico baseado em índices de significância e no tamanho dos efeitos relacionados às várias categorias de falhas.

As falhas de segurança inadequada, de possíveis vazamentos sensoriais e do emprego de testes múltiplos não se correlacionam com a significância e com o tamanho do efeito.

No entanto, as falhas envolvendo a aleatorização inadequada e à apresentação insuficiente de documentação nos estudos, correlacionam-se com esses índices.

Notou-se que tanto o tamanho do efeito quanto o score Z tornam-se praticamente zero quando as equações de regressão são usadas para predizer seus valores para o caso em que posteriores tipos de falhas é zero.

Conclui-se que essa base de dados é muito fraca para apoiar qualquer afirmação sobre a existência de psi.
Uma lista de estudos examinados é apresentada em um apêndice.

No entanto, um dos líderes da pesquisa psi-ganzfeld, Charles Honorton, avaliou o estudo de Hyman e concluiu que sua análise estava incorrecta.

Honorton avaliou estatisticamente o banco de dados tomado por Hyman para análise e concluiu que os resultados eram significativos e que as críticas de Hyman eram improcedentes:

Honorton, Charles(1985).

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 23, 2012 9:33 am

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Meta-análise da pesquisa psi-ganzfeld: Uma resposta a Hyman.
Journal of Parapsychology, 49(1), (pp. 51-91)

Resumo

Responde às críticas feitas por R. Hyman aos estudos psi-ganzfeld e relata uma avaliação que elimina os problemas de análises múltiplas.

Usando um teste uniforme, aplicado a um índice uniforme, um score Z composto (Stouffer), 28 dos 42 estudos considerados por Hyman obtiveram 6.6 (p < 10-super(-9), e 43% dos estudos foram significantes independentemente a um nível de 5%.

Seis dos 10 grupos de investigadores relataram resultados significantes e a acumulação por investigador apresentou um Z composto de 6.16.

São relatadas várias considerações que diminuem a possibilidade de que o relato selectivo seja uma explicação viável para esses resultados.

A análise de "falhas de procedimento" feita por Hyman é discutida, ambiguidades nos critérios de falha e exemplos de inconsistência ou inapropriada designação das taxas das falhas são apresentados.

Hyman e Honorton decidiram escrever um artigo conjunto, em que apresentam as concordâncias, as discordâncias e apresentam avanços metodológicos a serem seguidos nas pesquisas futuras.

Basicamente oferecem um novo procedimento, totalmente automático, de controlo, de aleatorização dos alvos, de avaliação estatística:

Hyman, Ray & Honorton, Charles(1986).

Uma comunicação conjunta: A controvérsia psi-ganzfeld.
Journal of Parapsychology, 50(4), (pp. 351-364)

Resumo

Os autores enfatizam seus pontos de concordância a respeito da pesquisa parapsicológica.

Concordam que há um efeito significante global nesse banco de dados e que esse não pode ser explicado pela publicação selectiva ou pela análise múltipla.
O grau em que tal efeito se constitui evidência para psi ainda é uma área de desacordo entre eles.

Concordam, no entanto, que o veredicto final aguarda os resultados de experimentos realizados por um amplo número de pesquisadores e de acordo com padrões mais rigorosos a serem realizados no futuro.

São feitas recomendações de como tais experimentos devam ser realizados e relatados.

Recomendações específicas são feitas em áreas de aleatorização, dos procedimentos de julgamento e feedback, das análises múltiplas e do emprego estatístico e da documentação.

Discutem, ainda o desenvolvimento do papel dos estudos meta-analíticos para a avaliação da pesquisa de qualidade e das variáveis intervenientes.

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 23, 2012 9:33 am

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O Segundo Momento do Debate

Levando em conta as orientações propostas na comunicação conjunta, Honorton construiu um novo procedimento experimental, ao qual chamou de "auto-ganzfeld".

Realizou centenas de secções experimentais e fez nova meta-análise, com Daryl J. Bem, em meados da década de 90, cerca de 10 anos depois da primeira meta-análise.

O resultado favorável à hipótese psi continuava significativa do ponto de vista estatístico, mesmo com o emprego de uma metodologia mais rigorosa que a utilizada anteriormente.

É importante notar que essa fase do debate é travada em artigos publicados em uma das mais prestigiosos periódicos psicológicos dos Estados Unidos, o Psychological Bulletim, o que ofereceu aos cientistas um elemento de interesse redobrado na discussão:

Bem, D. J. & Honorton, C. (1994).

Psi existe? Evidência replicável de um processo anómalo de transferência de informação.
Psychological Bulletin, 115, (pp. 4-18).

Resumo

A maioria dos psicólogos académicos, em contraste com outros professores universitários de outras disciplinas, ainda não aceitam a existência de psi.

Este artigo, publicado em uma das principais publicações da Psicologia, sustenta que as taxas de replicação e o tamanho dos efeitos alcançados usando-se o procedimento experimental ganzfeld são agora suficientes para garantir a atenção da comunidade psicológica como um todo.

São revisadas duas meta-análises do banco de dados de estudos ganzfeld que apresentaram resultados distintos, uma feita por R. Hyman, um dos principais críticos da pesquisa psi, e outra feita por C. Honorton, um dos principais pesquisadores ganzfeld.

São resumidos onze estudos auto-ganzfeld que adoptaram as directrizes feitas por Hyman e Honorton.

São discutidas questões relacionadas à replicação e às explicações teóricas de psi.

Hyman apresentou, então, uma crítica a esse estudo meta-analítico, em que sustentou que os resultados favoráveis a psi poderiam ter sido produzidos por possíveis falhas experimentais (como o processo de aleatorização de alvos) e que Bem e Honorton deveriam aguardar por novos estudos para concluir que psi-ganzfeld se constituía, de facto, uma técnica de replicação de efeitos psi:

Hyman, R. (1994).

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Mensagem  Ave sem Ninho Dom Set 23, 2012 9:34 am

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Anomalia ou artificialidade? Comentários do artigo de Bem e Hononrton.
Psychological Bulletin, 115, 19-24.

Resumo

D. J. Bem e C. Honorton sustentam que 11 experimentos auto-ganzfeld demonstram a existência de psi, um anomalia comunicacional.

Alegam que os resultados das pesquisas auto-ganzfeld são consistentes com resultados parapsicológicos realizados anteriormente e que se constituem em evidência replicável do efeito psi.

Apesar de os experimentos auto-ganzfeld serem metodologicamente superiores aos experimentos parapsicológicos prévios, os testes de seus processos de aleatorização foram inadequados.

Os experimentos auto-ganzfeld produziram consistentemente taxas de sucesso positivo, cujo efeito combinado foi altamente significativo.

Entretanto, esses experimentos produziram importantes inconsistências com os experimentos ganzfeld realizados anteriormente.

Eles também mostraram um padrão único nos dados que pode reflectir um efeito artificial sistemático.

Em razão dessas características únicas, os autores têm que esperar por replicações independentes desses experimentos antes de poderem concluir que uma anomalia replicável de psi foi demonstrada.

Bem responde às críticas de Hyman, afirmando que essas eram infundadas:

Bem, D. J. (1994).

Response to Hyman.
Psychological Bulletin, 115, (pp. 25-27).

R. Hyman (1994) levanta duas críticas principais ao considerar o artigo sobre os experimentos psi-ganzfeld de D. J. Bem e C. Honorton (1994).

Primeiro, ele desafia a alegação de que os resultados dos experimentos auto-ganzfeld sejam consistentes com a do banco de dados avaliado anteriormente.

Segundo, expressa preocupação sobre a adequação dos procedimentos de aleatorização.

Em resposta ao primeiro ponto, eu discordo que nossa alegação de consistência dos resultados auto-ganzfeld com o banco de dados anterior seja modesta e desafio a contra-alegação feita por ele de que os resultados sejam inconsistentes entre os bancos de dados.

Em resposta à crítica metodológica feita por ele, apresento novos dados que permitirão uma melhor apreensão a respeito da adequação dos procedimentos de aleatorização.

Na próxima edição deste Boletim Virtual de Pesquisa Psi, você terá acesso à segunda parte deste guia, quando será apresentado o desenvolvimento da discussão sobre ganzfeld e as últimas meta-análises realizadas nesse campo.

§.§.§- O-canto-da-ave
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